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D I R E I T O C O M E R C I A L
F A L Ê N C I A E C O N C O R D A T A
Profª Maria Bernadete Miranda
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FALENCIA E CONCORDATA
DIREITO FALIMENTAR - É um ramo do Direito Empresarial, onde
encontramos normas jurídicas aplicáveis somente às empresas mercantis.
1) Origem Etimológica - Falência - Latim Fallentia - enganar, falsear.
Proveniente do verbo falir que se origina do verbo latino Fallere, significando faltar
com a palavra, com o prometido, esconder, encobrir, lograr, induzir em erro.
* Não ter com que pagar os credores, fracassar.
No Direito Positivo, encontramos várias acepções do vocábulo Falência,
tais como:
1) Falência - como situação do comerciante que não paga, engana ou tenta
enganar os credores;
2) Falência - como a situação do patrimônio da empresa impotente para a
satisfação dos débitos, que o agravam;
3) Falência - como cessação de pagamentos (índice de falência);
4) Falência - como quebra de um negociante reconhecida pelos tribunais;
5) Falência - como norma jurídica empresarial;
6) Falência - como norma, fato e relação jurídica;
7) Falência - como o conjunto de normas, que constituem particularmente o
assim chamado processo de falência.
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* Aspecto jurídico da falência - A falência é simplesmente um processo de
execução coletiva, instituído por lei, em benefício dos credores que constituem uma
“massa” imposta pela lei que tem por fim o interesse comum dos próprios credores,
impedindo que alguns dentre eles tenham a tentação de obter vantagens em
detrimento de outros.
A “massa falida”, não se constitui em uma pessoa jurídica (Art. 16 do Código
Civil), mas sim em uma universalidade de direito, que seria um complexo de coisas
destinadas a um fim pela vontade da lei. A lei não permite que ela se desfaça sem
que tenha satisfeito os direitos que lhe foram confiados.
* A falência como execução coletiva – A falência é um sistema de
liquidação do patrimônio do devedor, com a finalidade de dividi-lo em partes iguais
por todos aqueles que tenham direito (par conditio creditorum). Tal princípio significa
a igualdade de condições dos credores, onde são ressalvadas as preferências
impostas por lei, e todos os credores tem direitos iguais. Caracteriza-se, assim, como
um processo de execução coletiva ou extraordinária, diferente da execução ordinária
singular, exclusiva ou individual, na qual um ou mais bens determinados, móveis ou
imóveis, são penhorados em benefício de um ou mais credores que agem individual
e isoladamente.
Na falência, arrecada-se o patrimônio do devedor para garantia comum de
todos os seus credores, e também, o próprio devedor poderá provocar a declaração
judicial de sua própria falência (autofalência), o que não se verifica na execução
individual ou ordinária que só resulta da ação de um credor.
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2) ORIGEM HISTÓRICA
No Direito Romano os credores não faziam distinção entre devedores.
O devedor, não importando quem fosse, deveria saldar seu débito, caso
contrário, da data do vencimento contados 60 dias e não paga a dívida, se tornariam
escravos.
Esses indivíduos seriam vendidos, e o dinheiro arrecadado com a venda do
devedor seria pago aos seus credores, ou seja, seriam pagas suas dívidas.
Caso não conseguissem vender o escravo, o credor teria o direito de matá-lo,
e, se fossem vários credores, dividiriam o morto entre si, saldando assim a dívida
com todos os credores.
O que mais caracterizava este estado era o da infâmia, ou seja a má fama, a
perda da boa fama.
Os romanos não distinguiam o devedor civil do devedor comerciante, para
eles qualquer devedor era a bancarrota, banca quebrada.
ORDENAÇÕES DO REINO - Existia a Quebra, proveniente do latim -
Crepare - ato ou efeito de quebrar, separar em partes, perda, tombo.
Código Comercial de 1850 - Título Das Quebras (art.797, foi revogado pelo
Decreto-lei, nº 7.661/45).
BANCARROTA - “BANCA - ROTTA” - Itália - onde os credores tinham o
hábito de quebrar nas feiras ou nos mercados as bancas dos mercadores devedores.
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“BANQUE - ROUTE” - França - estaria ligado aos vestígios deixados na
estrada (route) pela carroça em que o comerciante insolvente, com sua banca de
mercado abandonava a cidade, fugindo dos credores.
“BANKRUPTICY” - Estados Unidos - manifesta-se sobre qualquer
natureza da falência.
FALÊNCIA - Brasil - Situação do comerciante que não paga, engana ou
tenta enganar seus credores.
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DIREITO BRASILEIRO
Com a revogação do Art. 797 do Código Comercial de 1.850, tivemos o
Decreto - lei nº 7.661/45, posteriormente o Anteprojeto de 24 de março de 1992, o
Anteprojeto de 28 de julho de 1993 e o Projeto de Lei - nº 4.376/93, revisto pelo
Substitutivo do Relator - Deputado Osvaldo Biolchi em 18/04/96.
DIREITO FALIMENTAR - Surge de um conflito de interesses entre credores
e devedores, buscando a decisão desses conflitos. Trata-se da equidade não
atingida.
Os advogados falencistas, encontram-se quase sempre ao lado dos
devedores.
No Direito Comparado, a preocupação é com a empresa.
O Direito Brasileiro ainda se preocupa com o comerciante individual, deixando
de lado a figura da empresa.
EMPRESA - Atividade econômica organizada para a produção de bens e
serviços com objetivo de lucro. A empresa não se confunde com o empresário.
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Pergunta-se, a Falência é um instituto de Direito Empresarial ou de
Direito Processual Civil ?
Falência é instituto de Direito Empresarial, porque temos a atividade
empresarial, e para se entender a falência é necessário conhecer os movimentos da
empresa “ Teoria da Empresa”.
* Decreto-lei nº 7.661/45 - Desconhece o Direito Empresarial, visualizando
somente o comerciante individual.
CRÍTICAS AO DECRETO-LEI nº 7.661/45
1) Desconformidade com nossa realidade;
2) Não reflete as consequências sócio-econômicas que a 2ª guerra trouxe
para a economia do mundo;
3) Dirige-se ao comerciante individual deixando de lado a empresa;
4) Não faz distinção entre a empresa e o empresário, trazendo consequências
graves as empresas, obs: Art.140, caput e inciso III;
5) Nossa lei tornou-se processual não atingindo a realização do direito dos
credores;
6) Leva em conta a impontualidade e não a insolvência, obs: Art.1º -
impontualidade; e Art.11, § 1º;
7) Falência utilizada como meio de cobrança forçada.
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Na prática é meio de cobrança, porque estabelece 24 horas para o devedor
depositar o dinheiro; é assim uma forma de cobrar. O objetivo é que o sujeito
deposite a importância da dívida dentro do prazo.
O advogado do credor requer a falência e torce para que ela não seja
decretada, porque senão o credor não receberá jamais.
Quando a falência é decretada é sinal de que o advogado do credor errou
algo, pois, o devedor não paga o fisco, os empregados etc., só não deixa de pagar
os fornecedores.
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DIREITO FRANCÊS
Na França a Ordenance 85-98, em seu Art.1º cuida do “REDRESSEMENT”
(Reerguimento) , que veio substituir o “Reglement Judiciaire” de 67.
O “Redressement” procura preservando a empresa manter o emprego ( pois
um não pode existir sem o outro).
Encontramos também a satisfação do passivo, pois mantendo-se a empresa,
mantém-se as operações de débito e crédito, cumprindo-se assim as obrigações, o
que é muito mais importante do que pagar-se o que deve.
O que é muito claro na França e que inexiste no Brasil é a separação da
empresa e do empresário. No Brasil a empresa sofre penas pela má gestão do
empresário, e, por via obliqua é atingida, quando se deveria punir o empresário.
SITUAÇÃO DO ADMINISTRADOR
No Direito Francês, o juiz-comissário irá nomear mandatários-judiciais, onde
um será o administrador (representante do devedor) e o outro representante dos
credores.
Existem também peritos para auxiliarem o administrador, fiscais e os credores.
PLANO
No Redressement tem-se um período de observação de 3 (três) meses,
prorrogados por mais 3 (três) meses e eventualmente por mais 6 (seis) meses.
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Após este período de observação será apresentado um balanço da empresa (
social e econômico), e em seguida será apresentado um plano.
* Apresentado o plano temos duas possibilidades:
1) REDRESSEMENT - a) continuação da empresa;
b) cessão da empresa (incorporação);
2) LIQUIDAÇÃO - É a própria falência.
PODER JUDICIÁRIO
Na França existem dois Tribunais:
a) TRIBUNAL DO COMÉRCIO - Trata do devedor comerciante;
b) TRIBUNAL DE GRANDE INSTÂNCIA - Devedor “pessoa jurídica”, não
comerciante, trabalhista, criminal, etc.
O juiz decide o tempo todo, decisões até sobre o mérito econômico, tem uma
amplitude total.
SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES
O trabalhador participa de todo o processo do “Redressement”.
Durante o período de observação a dispensa de empregados deve ser
autorizada pelo juiz-comissário e apresentar um caráter urgente. A dispensa dos
empregados, condiciona-se a autorização do Tribunal.
Criou-se o AGS - ASSURANCE POUR LA GARANTIES DES SALAIRES -
Trata-se de um seguro mantido pela contribuição do empregador, contra o risco de
não pagamento dos créditos trabalhistas.
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O risco é o não pagamento dos créditos e dos salários de um modo geral.
MASSA FALIDA
Não se fala em Massa Falida porque visa preservar a empresa, fala-se na
própria empresa preservada continuando no mercado competitivo.
DESCONSIDERAÇÃO
No Brasil uma vez pagos os credores sobram todas as obrigações não
solvidas que perseguem a empresa e o empresário.
Na França a visão é oposta, há uma desconsideração das obrigações
anteriores, porque em vista do plano são equacionadas.
O que se pagou de acordo com o plano muito bem, o que não se pagou
esquece-se.
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O PROJETO DA NOVA LEI FALIMENTAR
* Recuperação da Empresa , no lugar da antiga - Concordata;
* Liquidação Judicial , no lugar da antiga - Falência;
* Administrador Judicial, no lugar do antigo – Síndico. A escolha será a cargo
do Tribunal de Justiça de cada Estado;
* Comitê de Recuperação que terá a finalidade de fiscalizar os atos do
Administrador Judicial;
* Separação da sorte da empresa da sorte do empresário;
* Exigência de 03 (três) títulos protestados, para fundamentar o pedido de
Falência, ou;
* Executado que não paga e não deposita bens à penhora;
* Trabalhadores - Deverá ser efetuado o pagamento antecipado aos
empregados logo que haja recursos disponíveis;
* Recuperação Judicial - Deverá ser formado um Comitê de Recuperação,
onde deverão participar os representantes dos empregados (não se sabe ainda
como serão representados os empregados, se pelo sindicato ou não).
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FALÊNCIA – NOÇÕES GERAIS
Em um sentido etimológico, Insolvência significa - Falência, miséria,
pobreza – aquele que não pode pagar o que deve.
No Direito falimentar iremos encontrar: Insolvência ocasional; Insolvabilidade
(Insolvência presumida) e Inadimplemento.
INSOLVÊNCIA OCASIONAL - É um problema financeiro do devedor, onde o
ativo pode ser maior que o passivo, mas faltarem disponibilidades no momento.
Exemplo: Art.1º Decreto - lei nº 7.661/45.
INSOLVABILIDADE - É um estado econômico do devedor, onde o ativo é
menor que o passivo e manifesta-se assim a crise da empresa. Exemplo: Art. 2º
Decreto - lei nº 7.661/45.
INADIMPLEMENTO - Independe do patrimônio. O devedor poderá deixar de
pagar por qualquer outra razão. Exemplo: dúvida relevante quanto ao valor da dívida,
contrato não cumprido, falência do credor.
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No Direito Brasileiro a falência poderá ser declarada pela Impontualidade
(Insolvência Ocasional) do Art.1º (problema financeiro) ou pela Insolvabilidade
(Insolvência Presumida) caracterizada pelo Art. 2º ( problema econômico ).
* Insolvência é um estado de fato, enquanto a Falência é um estado de
direito.
* RUBENS REQUIÃO - Falência é a solução judicial da situação jurídica do
devedor comerciante que não paga no vencimento obrigação líquida.
* NEWTON DE LUCCA - Falência é a solução judicial do estado patológico
das finanças da empresa.
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA
1. Devedor comerciante - singular ou individual;
2. Insolvência ocasional, presumida ou autofalência (confessada);
3. Declaração Judicial - sentença
CARACTERÍSTICAS DA FALÊNCIA
1. Só se aplica a devedor comerciante (Art. 1º);
2. É decretada pela autoridade judiciária (Art. 7º);
3. Depende de requerimento de um ou mais credores ou do próprio devedor,
pois não há falência ex-officio (Arts. 8º e 9º);
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4. Compreende todo o patrimônio disponível do devedor (ativo e passivo) e,
determina o vencimento antecipado de suas dívidas (Art. 25);
5. Suspende todas as ações e execuções individuais dos credores contra o
devedor (Art. 24);
6. Instaura um juízo universal ao qual devem concorrer todos os credores
(comerciais e civis);
7. Consta de várias fases:
a) Requerimento da falência, recebimento e discussão (Arts. 1º e 2º);
b) Decretação, formalidades e efeitos (Arts. 14, 23, 34 e 43);
c) Arrecadação do ativo (Art. 70);
d) Habilitação dos credores (art. 102);
e) Verificação e classificação dos créditos (Arts. 80 e 102);
f) Liquidação do ativo (Art. 114);
g) Pagamento do passivo (Arts. 124 e 125);
h) Encerramento e extinção (Arts. 133 e 134).
ENTIDADES NÃO SUJEITAS À FALÊNCIA
1. Devedores civis;
2. Sociedades financeiras, sociedades de crédito rural, sociedades de
economia mista e sociedades de seguro;
3. Usinas de açúcar; Empresas públicas.
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LEGITIMIDADE PASSIVA
QUEM PODE SER DECLARADO FALIDO ? (Art. 3º)
1 -Devedor comerciante - Comerciante é aquele que pratica
profissionalmente o comércio, atuando com habitualidade e finalidade lucrativa. A
falência incide, sobre todos os comerciantes, sejam individuais (comerciantes sob
firma individual), sejam coletivos (as sociedades comerciais).
2 - Espólio do devedor comerciante – Espólio, como se sabe, são os bens
deixados pelo morto, via de regra designado pela expressão latina “de cujus”, isto é,
de cuja sucessão se trata, servindo, portanto, para indicar o falecido.
Na ocorrência de morte de uma pessoa, seus herdeiros irão sucede-la nos
direitos e obrigações, respondendo o espólio (os bens do “de cujus”) pelas dívidas
que este porventura tenha deixado, conforme dispõe o Art. 597 do CPC.
Art. 597 CPC - O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a
partilha, cada herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança lhe
couber.
A falência do espólio, poderá ser requerida pelo credor, pelo cônjuge
sobrevivente, pelos herdeiros e pelo inventariante, desde que não seja dativo.
Porém, a falência do espólio só pode ser requerida no decorrer de um ano da
morte do comerciante, conforme disposição do Art. 4º, § 2º do Decreto-lei nº
7.661/45.
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3 - Menor, com mais de 18 anos, que mantém estabelecimento
comercial, com economia própria – Os menores, ao adquirirem 18 (dezoito) anos,
poderão ser emancipados por ato do pai, ou se este for morto da mãe, e por
sentença do juiz ouvido o tutor, se este for o caso. Estabelecendo-se o menor com
economia própria , poderá tornar-se capaz, adquirindo a qualidade de empresário
comercial se se dedicar à prática de atos comerciais. Porém o Art. 3º, II do Decreto-
lei nº 7.661/45, determina que pode ser declarada a falência do menor, com mais de
dezoito anos, que mantenha estabelecimento comercial com economia própria. Há
uma divergência entre as normas do Código Civil e as da Lei de Falência, pois existe
uma período vazio, entre os 16 (dezesseis) e 18 (dezoito) anos de idade, durante o
qual o menor sendo empresário comercial não estará sujeito à falência.
4 - Mulher casada que sem autorização do marido exerce o comércio –
Antes de entrar em vigor a Lei nº 4.121/62, “Estatuto da Mulher Casada”, a mulher
casada era considerada relativamente incapaz e incluída, por isso, na relação
contida no Art. 6º do Código Civil (relativamente incapaz). Assim, somente poderia
comerciar quando autorizada pelo marido. Porém com a promulgação do Estatuto da
Mulher Casada, esta tornou-se plenamente capaz, cessando, assim as restrições
mencionadas, podendo, independentemente de autorização marital, exercer
profissão lucrativa, dentre as quais, o comércio, estando, como todo comerciante,
sujeita à falência, nada mais justificando atualmente o inciso III do Art. 3º da Lei
falimentar.
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5 - Dos que, expressamente proibidos exercem o comércio – Existem
determinadas pessoas, que em razão das profissões que exercem, estão proibidas
de comerciar. Esta proibição não decorre de uma incapacidade, pelo contrário, são
pessoas plenamente capazes, porém exercem funções que são consideradas
incompatíveis com a atividade mercantil. É o que ocorre com o magistrado, com o
funcionário público, com os militares, etc. Se. Apesar desta proibição, qualquer um
deles exercer o comércio, estará sujeito à falência, de nada valendo o impedimento
mencionado.
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LEGITIMIDADE ATIVA
QUEM PODE REQUERER A FALÊNCIA? (Art.8º e 9º)
A lei reconhece legitimidade para requere-la à várias pessoas:
1. O próprio devedor comerciante: (Art. 8º)
* Súmula 190 do S.T.F.: “O não pagamento de título vencido há mais de 30
dias, sem protesto, não impede a concordata preventiva”.
Os 30 dias que a lei determina para a autofalência conta-se do dia seguinte ao
do vencimento do título não pago. Não importa que não foi ainda protestado, menos
ainda pensar-se que o devedor deve protestar o título para requerimento, pois trata-
se de uma confissão.
* Os documentos que acompanham o pedido: Art. 8º, I à III
Em se tratando de comerciante individual, o requerimento pode ser assinado
pelo próprio (§ único do Art. 349 do C.P.C.), ou por advogado constituído
expressamente nos termos do Art. 38 do C.P.C.
C.P.C. – Art. 349 - § único – A confissão espontânea pode ser feita pela
própria parte, ou por mandatário com poderes especiais.
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C.P.C. – Art. 38 – A procuração geral para o foro, conferida por instrumento
público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os
atos do processo, salvo receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência
do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber,
dar quitação e firmar compromisso.
2 - Cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor ou inventariante - na
falência do espólio (art. 9º);
3 - Pelo sócio, ainda que comanditário, exibindo o contrato social, e pelo
acionista da sociedade por ações, apresentando suas ações;
4 - Pelo credor civil ou mercantil (não há mais o impedimento da Lei nº
5.746, de 09/12/29), que só aceitava o requerimento de falência ao credor civil
quando do insucesso da execução singular;
5 - Pelo credor com garantia real, se a esta renunciar ou provar sua
insuficiência, mediante exame pericial preparatório, se o pedido for baseado no Art.
1º, ou no prazo do Art. 12, § 3º ( 5 dias ), se o pedido tiver por fundamento os atos
ou fatos falimentares.
A lei estabelece que o credor com garantia real, tem que a esta renunciar.
6 - Pelo credor privilegiado ( notar a diferença entre credor privilegiado e
credor com garantia real );
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O credor privilegiado tem todo o interesse em requerer a falência porque o seu
privilégio só vai se manifestar na falência.
O credor com garantia real é o oposto já tem o seu crédito garantido, não
tendo interesse que a falência seja declarada.
7 - O credor quirografário - É a hipótese mais comum, pois trata-se de
credor que está de posse de um título de crédito (Art. 585, I do C.P.C., Títulos de
Crédito Extrajudiciais, Letra de Câmbio, Nota Promissória, Duplicata e Cheque).
As hipóteses mais comuns de crédito quirografário são as duplicatas vencidas
e não pagas.
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JUÍZO COMPETENTE PARA DECLARAR A FALÊNCIA
RAZÃO DA MATÉRIA
* Justiça Ordinária dos Estados, Distritos Federal e Territórios
* Juizes de Direito das Varas Cíveis
RAZÃO DO LUGAR – Art. 7º
* Estabelecimento Principal - Sede da Administração
* Filial no Brasil - Sociedades sediadas no estrangeiro
* Lugar onde se encontrem - Comerciantes ambulantes e empresários de
Espetáculos Públicos
PROTESTO - Falência fundamentada no Art. 1º, deve instruir o pedido com o
instrumento de protesto - impontualidade do devedor ( Art.11 )
TÍTULOS NÃO SUJEITOS A PROTESTO - Devem ser protestados - nos
cartórios de protestos de títulos e documentos, onde existe um livro especial para
registro ( art.10 )
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PEDIDO DE FALÊNCIA - IMPONTUALIDADE - Art.1º
* Para o credor pedir e obter a falência, são necessários os seguintes
elementos, retirados do Art.1º do Decreto-lei nº 7.661/45:
a) devedor comerciante - pessoa física ou jurídica;
b) não pagamento de obrigação líquida, vencida, protestada e constante de
título que legitime execução;
c) não tenha relevante razão de direito para deixar de efetuar o pagamento.
REFERÊNCIAS - Decreto-lei nº 7.661/45 - Arts. 1º; 7º; 8º; 9º; 11; 202 § 1º
PETIÇÃO INICIAL - Art. 282 CPC
1. O juiz ou tribunal a que é dirigida;
2. Qualificação das partes;
3. O fato e fundamentos jurídicos do pedido;
4. O pedido com suas especificações;
5. O valor da causa;
6. As provas com que o autor pretende demandar a verdade dos fatos;
7. O requerimento para a citação do réu.
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RELAÇÃO DE DOCUMENTOS QUE DEVERÃO ACOMPANHAR A INICIAL
PEDIDO DE FALÊNCIA COM BASE NA IMPONTUALIDADE - Art. 1º
1. Procuração “ad-judicia”, (especialmente para requerer a falência);
2. Título de crédito em que se funda o pedido - protestado;
3. Instrumento de protesto do título mencionado;
4. Prova de que o requerente é comerciante ( se o for);
5. Prova de que o requerido (devedor) é comerciante;
6. Guia de recolhimento das custas judiciais;
7. Guia de recolhimento da condução do oficial de justiça;
8. Guia de recolhimento do mandato judicial.
PEDIDO DE AUTOFALÊNCIA
1. Balanço do ativo e passivo com avaliação de todos os bens;
2. Relação nominal de todos os credores (civis e comerciais), endereço,
valores e natureza dos créditos;
3. Contrato social, ou, não havendo, a qualificação de todos os sócios, ou os
estatutos e ata de assembléia geral, no caso de sociedades anônimas, assinadas por
seus representantes legais;
* O devedor deverá apresentar em cartório seus livros obrigatórios.
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PEDIDO DE FALÊNCIA DO ESPÓLIO
Os requerentes deverão juntar, além dos documentos que caracterizam o
estado de falência, certidão que demonstre legitimidade ativa;
1. Certidão de casamento para o cônjuge sobrevivente;
2. Certidão de nascimento para os herdeiros;
3. Certidão do Juízo da Família e Sucessões para o inventariante.
PEDIDO DE FALÊNCIA COM BASE NA INSOLVÊNCIA - Art. 2º
* Credor deverá renunciar a execução singular, propondo em separado a
ação falimentar.
O Credor deverá juntar:
1. Certidão da sentença exequenda, transitada em julgado - título executivo
judicial - protestado - Art. 10;
2. Prova de que o requerente é comerciante (se o for);
3. Prova de que o requerido é comerciante;
4. Procuração “ad judicia”;
5. Guia de recolhimento das custas e oficial de justiça.
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RITO DO PEDIDO (Art. 1º)
Entregue a petição ao juiz, este despacha, na parte em branco da petição:
1 - D.R.A. ( distribuída, registrada e autuada), cite-se;
2 - Recebida a petição, o escrivão faz o registro, autua (petição e
documentos) e, logo em seguida, expede mandado de citação do devedor;
3 - Feita a citação, o escrivão certificará a hora da devolução do mandado,
para efeito de prazo. Citado o devedor, este tem 24 horas para apresentar a defesa
que tiver;
4 - Se não for encontrado, o Oficial de Justiça certificará a diligência, sendo
citado por edital, com o prazo de 3 dias para a defesa. Em caso de revelia do
devedor, o processo irá concluso para a sentença;
5 - Uma vez citado, no prazo para a defesa, pode o devedor depositar a
quantia correspondente ao crédito reclamado, para discussão da sua legitimidade ou
importância, elidindo a falência.
6. Feito o depósito a falência não será declarada;
7. Verificada a improcedência das alegações do devedor, o juiz ordenará em
favor do requerente o levantamento da quantia depositada ou aquela legitimamente
reconhecida.
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PEDIDO DE FALÊNCIA - INSOLVÊNCIA PRESUMIDA
* Os atos diversos da impontualidade, que revelam a insolvência presumida e
dão ensejo à decretação da falência estão contidos no Art.2º, inc. I a VII e § único do
Decreto-lei nº 7.661/45.
* Todos os atos dessa natureza provenientes dos diretores, gerentes ou
liquidantes são considerados praticados pelas sociedades.
* O requerente deverá especificar na petição os fatos que caracterizam a
falência, juntando as provas que tiver e as que pretenda aduzir.
RITO DO PEDIDO
1. O devedor será citado para defender-se em 24 horas, apresentando
embargos do devedor, juntamente com as provas que pretende aduzir;
2. Se não comparecer será julgado a revelia;
3. Se não for encontrado, o juiz nomeará curador que o defenderá (
possibilidade de crime falimentar);
4. Não havendo provas, o juiz proferirá sentença;
5. Havendo provas o juiz procederá instrução sumária no prazo de 5 dias;
6. Sentença.
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CAUSAS IMPEDITIVAS DA FALÊNCIA (Art.4º)
* Prazo de 24 horas para o devedor apresentar sua defesa, que poderá:
a) DEPOSITAR SEM CONTESTAR - A falência não será declarada. O juiz
determinará o levantamento da quantia depositada em favor do requerente, julgando
extinta a ação.
b) DEPOSITAR E CONTESTAR - A falência não será declarada,
deslocando-se a ação para a discussão da legitimidade do crédito.
c) CONTESTAR SEM DEPÓSITO - A falência será declarada, na
eventualidade das alegações da defesa não resultarem provadas.
* Na defesa sem depósito da quantia cobrada judicialmente, o devedor deverá
apresentar as suas Relevantes Razões de Direito, que será a Matéria de Defesa, ou
causas impeditivas da falência (Art.4º);
* Ao devedor que alegue matéria relevante, o juiz pode conceder a seu
pedido, 5 dias para provar a sua defesa, com intimação do requerente (Art.11, § 3º);
* 5 dias para prova denomina-se - Dilação Probatória - e a esta defesa diz-
se Oposição do Devedor;
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* A falência não será declarada, se a pessoa contra quem for requerida,
provar:
1 - FALSIDADE DO TÍTULO DA OBRIGAÇÃO - Alteração dolosa da
verdade - Falsidade material ou intelectual
* Material - aquela que se apresenta no texto, exemplo: vício de data,
assinaturas, etc.
* Intelectual - fatos inverídicos, não coincidindo com o que as partes
pactuaram, porém, sem alteração do texto ( Art.299 falsidade ideológica ) “Omitir
em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim
de prejudicar, criar obrigação ou alterar a verdade sobre o fato juridicamente
relevante “...
2 - PRESCRIÇÃO - Só prevalecerá o pedido de falência quando ao
requerimento for juntado título não prescrito e devidamente protestado.
* Prazos prescricionais são diversos e estão contidos nas normas específicas
de cada instituto.
* Prescrito o título, a falência não pode ser declarada
3 - NULIDADE DA OBRIGAÇÃO OU DO TÍTULO RESPECTIVO -
Obrigação nula quando praticada por pessoa absolutamente incapaz; quando o ato
jurídico não revestir-se da forma prescrita em lei; quando a lei taxativamente o
declarar nulo.
30
Nulidade do Título - Exemplo: uma letra de câmbio que falte a expressão
“Letra de Câmbio” - por faltar um dos requisitos fundamentais, será impraticável a
falência
4 - PAGAMENTO DA DÍVIDA, DEPOIS DO PROTESTO DO TÍTULO, ANTES
DE REQUERIDA A FALÊNCIA - É permitido pela lei que aquele que não efetuou o
pagamento da dívida no vencimento, poderá pagá-la mesmo que já tenha sido
protestada e alegar como matéria relevante de direito.
5 - REQUERIMENTO DE CONCORDATA PREVENTIVA ANTERIOR À
CITAÇÃO - O requerido deve provar quando citado, que já havia requerido
concordata anteriormente e que a mesma já havia sido distribuída e despachada
pelo juiz.
6 - DEPÓSITO JUDICIAL OPORTUNAMENTE FEITO - Ter feito o depósito
judicial antes do pedido de falência.
7 - CESSAÇÃO DO EXERCÍCIO DO COMÉRCIO HÁ MAIS DE DOIS ANOS
- Os dois anos conta-se da data do cancelamento de encerramento das atividades
na Junta Comercial.
8 - QUALQUER MOTIVO QUE EXTINGA OU SUSPENDA O
CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO - a) moratória - o credor concede prazo de
tolerância para o resgate do débito; b) prova de que o devedor faleceu a mais de
31
um ano; c) se o credor comerciante não provar que tem firma inscrita no Registro do
Comércio; d) nulidade do protesto; e) título furtado ou perdido; f) compensação; g)
novação; h) pedido de falência insuficientemente instruído.
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FORMA DE ELABORAÇÃO DA DEFESA
1. Cabeçalho;
2. Qualificação - Réu (completa) por seu advogado, ........ sendo citado para
se defender na Ação “X” movida perante esse Juízo e Cartório do ... Ofício, por
fulano, vem, no prazo legal, oferecer sua defesa expondo e requerendo à V.Exa, o
seguinte:
3. Resumo da Inicial;
4. Defesa Processual - Preliminares - Art. 301 CPC - O réu vai narrando
e arguirá todos os vícios e nulidades que tiverem ocorrido até o ponto da defesa.
5. Defesa do Mérito - Arts. 300 e 302 do CPC - O réu deverá alegar toda a
matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o
pedido do autor e especificará as provas que pretende produzir (Art. 4º,Decreto-lei nº
7.661/45);
6. Petitório - Réu pede a improcedência do pedido. Deve pedir a
condenação em honorários e custas.
* Cada ação terá argumentos especiais próprios e necessários;
* Seguir raciocínio lógico, conciso, objetivo, necessário para o verdadeiro e
seguro esclarecimento de cada caso, ilustrar com jurisprudência.
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* Observar Art. 301 do Código de Processo Civil:
1. Inexistência ou nulidade da citação - Citação é indispensável para a
validade do processo (Art. 214 do CPC), é o chamamento de alguém a juízo para
defender-se de ação contra si proposta.
No processo de falência há apenas duas modalidades de citação: a) citação
pessoal; b) citação por edital. Dadas as particularidades da falência, a ela se
aplicam, ainda que subsidiariamente, a citação com hora certa ou a citação postal.
Porém, deve ser levada a efeito na pessoa do devedor ou de seu
representante legal, se se tratar de comerciante coletivo, sociedade comercial,
pessoa jurídica, não tendo qualquer validade se levada a efeito na pessoa de
funcionário ou auxiliar (Art. 13).
2. Incompetência absoluta - Ocorre quando o juízo não tem competência
em razão da matéria, ou em razão da função, para conhecer e julgar a ação
ajuizada.
A competência em razão da matéria, em se tratando de falência, é da justiça
comum dos Estados e do Distrito Federal , perante o juiz de direito.
Em razão da função, a competência é do juiz de direito da Vara Cível e
Comercial.
3. Inépcia da inicial - Ocorre quando da narração do fato não se puder
constatar qual a causa da lide, ou quando inexistir direito aplicável para o fato
narrado, ou, também, quando o pedido for juridicamente impossível, ou, ainda,
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havendo cumulação de pedidos, forem eles incompatíveis entre si (Art. 295, § único,
do CPC).
4. Perempção - Significa extinção, e ocorre quando, por três vezes, o autor
da ação der motivo à extinção do processo, por abandono da causa por mais de
trinta dias, quando então não mais poderá acionar o réu com base no mesmo objeto.
Não é possível no processo falimentar, pois a declaração da falência transfere ao
síndico a responsabilidade pela administração dos bens, a tarefa de arrecadá-los e
consequentemente a liquidação do passivo. A sua inércia implicará a sua destituição
e designação de novo síndico.
5. Litispendência - É a inexistência simultânea de duas ações perante
juízes diversos, envolvendo o mesmo objeto e as mesmas partes, podendo ocorrer
no processo falimentar.
6. Coisa Julgada - Quando se repete uma ação já sentenciada e da qual já
não caiba qualquer recurso.
A coisa julgada é frequente nos diversos procedimentos que a ação falimentar
abriga, como, por exemplo: a ação revogatória.
7. Conexão - Quer dizer nexo, relação, dependência. Ocorre a conexão
quando, forem diversas causas e existir entre elas um nexo, um ponto de ligação,
exigindo, por via de conseqüência, um só julgamento, evitando-se decisões
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contraditórias. Não ocorre na ação falimentar, pois, não podemos ignorar a “vis
attractiva” do juízo universal.
8. Incapacidade da parte - Seria o defeito de representação ou a falta de
autorização, por exemplo: o incapaz, o louco, o menor de dezesseis anos, deve estar
legitimamente representado em juízo, o mesmo ocorrendo com a pessoa jurídica,
que se faz presente na pessoa de seu representante legal (Art. 11 a 13 do CPC).
Irregularidades na representação poderão ser arguidas como preliminar.
9. Compromisso arbitral - Também é chamado de juízo arbitral, é o
compromisso escrito, pelo qual as partes se obrigam a resolver seus problemas
judiciais e extrajudiciais através de árbitros, seriam pendências de qualquer valor,
concernentes a direitos patrimoniais, sobre os quais a lei admite transações (Art.
1.072 do CPC).
O compromisso arbitral seria estranho ao processo de falência, pois o mesmo
tem como pressuposto uma dívida líquida, certa e exigível.
10. Carência da ação - Quando estão ausentes o interesse e a legitimidade
para propô-la (Art. 3º CPC). Poderíamos considerar carente na ação falimentar
aquele credor que pretendesse a quebra do devedor sem estar munido de dívida
líquida, ou ainda aquele que requerer a falência de uma sociedade de economia
mista, quando se configuraria a impossibilidade jurídica do pedido, pois esta espécie
de sociedade não está sujeita a falência (Art. 242 da Lei nº 6.404/76).
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11. Caução - É um dos dispositivos, onde alguém para propor uma ação
está obrigado a prestar uma caução, como por exemplo, o autor que resida no
exterior ou pretenda ausentar-se do País (Arts. 835 e 836 do CPC).
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SENTENÇA DENEGATÓRIA DA FALÊNCIA
Art. 14 - Juiz proferirá sentença declaratória ou denegatória da falência
SENTENÇA DENEGATÓRIA
a) Não há falência;
b) Não instaura execução coletiva sobre os bens do devedor;
c) Não tem sentido de coisa julgada ( § único, art. 19 );
d) Qualquer credor pode reativar o dispositivo falimentar contra o mesmo
devedor;
e) O mesmo credor também, desde que com outra sustentação inicial;
f) O requerimento com dolo traz ao requerente graves consequências, pois o
juiz pode condená-lo na própria sentença denegatória, em perdas e danos ( art. 20 );
g) O requerimento com culpa ou abuso também, só que a indenização prevista
no § único do art. 20, deve ser reclamado em ação própria.
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SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
Natureza Jurídica - Falência é processo e se inicia com a sentença
declaratória
Estado de Fato ( subjetivo ) - Estado de Direito ( objetivo )
A Sentença da Falência é considerada declaratória, constitutiva e
condenatória:
* Declaratória , pois declara a falência
* Constitutiva, pois constitui o falido neste novo estado
* Condenatória, pois impõe pesados ônus ao falido, desde o
desapossamento de seus bens até medidas que restringem a sua liberdade.
A sentença que declarar a falência, deverá conter, § único do Art. 14:
1 - nome do devedor; endereço do principal estabelecimento; gênero do
comércio; nome dos sócios e seus domicílios; nome de seus diretores, gerentes;
hora da declaração ( caso de omissão será meio - dia );
2 - Termo legal da falência, com a data que caracterizou este estado(Art.14,
III);
3 - Nomeação do síndico ( art. 60 );
4 - Prazo marcado para os credores apresentarem a declaração de crédito (
art. 80 );
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5 - Diligências de interesse da massa;
6 - Se necessário ordenar a prisão do falido.
* Termo Legal da Falência - é o espaço de tempo anterior a falência,
período suspeito.
* Não pode retroagir por mais de 60 dias contados :
a) Do primeiro protesto por falta de pagamento;
b) Do despacho ao requerimento inicial da falência;
c) Da distribuição do requerimento de concordata preventiva.
O resumo da Sentença Declaratória da Falência, após 24 horas do
recebimento dos autos no cartório será, Art. 15:
* Afixada na porta do estabelecimento comercial do falido;
* Remetida pelo escrivão ao Ministério Público e a Junta Comercial;
* Após 3 horas o escrivão comunicará as estações telegráficas e postais
locais a falência do devedor, o nome do síndico e a quem deverá ser entregue a
correspondência;
* Na Junta Comercial em um livro especial, será lançado o nome do falido,
domicílio, juízo e cartório em que a falência se processa;
* Publicada por edital e em jornais de grande circulação.
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EFEITOS JURÍDICOS DA SENTENÇA
DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
DIREITOS DOS CREDORES
1. Formação da massa de credores - Juízo da falência é Universal, devem
concorrer todos os credores - comerciais ou civis (Art.23)
* a qualidade de credor deve ser provada
* crédito na falência somente o patrimonial
* NÃO podem ser reclamados na falência:
a) As obrigações a título gratuito, decorrentes de declaração unilateral de
vontade, sem intenção de receber uma contraprestação, Exemplo: Doação.
b) Prestações alimentícias, pois trata-se de encargo de cunho personalíssimo
e não patrimonial. O falido poderá através de pedido ao juiz exonerar-se da
obrigação devido a mudança de seu estado.
C.C. Art. 403 - Compete porém ao juiz, se as circunstâncias exigirem, fixar a
maneira da prestação devida.
C.C. Art. 401 - Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na fortuna de
quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz,
conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou agravação do encargo.
c) As despesas que os credores individualmente fizerem para tomar parte na
falência.
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Cada credor deve custear sua participação na falência. O que a Lei permite é
ao credor que tiver litígio com a massa e for vencedor receba os honorários e custas
(art. 124, § 1º, I).
Ajuizamento do pedido não se incluem pois são dívidas da massa e
ressarcíveis (art. 124, § 2º, I);
d) As penas pecuniárias por infrações das leis penais e administrativas:
* Multa fiscal - aplicada pela Fazenda;
* Multa administrativa - aplicada por infração às leis trabalhistas.
2. Suspensão das ações individuais (Art.24) - Os bens penhorados ou
apreendidos são arrecadados pela massa:
* Bens em praça com dia definitivo para arrematação: far-se-á a arrematação
entrando o produto para a massa (Art.24,§ 1º).
* Bens já arrematados na época da declaração da falência: somente entrará
para a massa a sobra depois de pago o exequente (Art.24, § 1º).
* Ações ou execuções que continuam com o síndico:
a) As ações ou execuções ajuizadas antes da falência por títulos não sujeitos
a rateio, continuam pelo síndico. Exemplo: créditos com garantia real, hipoteca,
penhor. Os bens ao serem vendidos atenderão primeiramente ao credor e o saldo se
houver irá para a massa falida (Art.24, § 2º, I);
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b) Credores que demandarem quantia ilíquida, coisa certa, prestação ou
abstenção de fato: São as ações possessórias, cominatórias, de responsabilidade
civil, renovatórias de locação, de despejo, de indenização (Art.24, § 2º, II).
3. Vencimento antecipado dos créditos (Art.25) - Objetiva igual tratamento
para todos os credores;
4. Suspensão da fluência de juros contra a massa falida (Art.26) - Em três
momentos o Decreto-lei nº 7.661/45, aborda o assunto juros: Arts.25, 26 e 129
* Conclui-se:
a) contra o falido não correm juros a partir da declaração falimentar;
b) não são cobráveis os juros não vencidos em decorrência da antecipação do
vencimento da dívida;
c) se a massa comportar, então os juros serão pagos, porém referentes às
dívidas vencidas antes da declaração falimentar (Art.129).
* Exceção: (§ único, Art.26)
a) as debêntures;
b) juros dos créditos com garantia real.
5. Credor de obrigação solidária (Art.27) - Havendo solidariedade, assiste
ao credor o exercício do seu direito contra um, alguns ou todos os devedores
solidários;
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6. As massas dos coobrigados falidos não tem ação regressiva umas
contra as outras (Art.28);
7. Os co-devedores solventes e os fiadores do falido (art.29) - Aquele que
é solvente e paga dívida do falido, poderá habilitar-se na falência por tudo que
houver pago;
8. Garantia de direitos aos credores: (art.30)
a) intervir, como assistentes;
b) fiscalizar a administração da massa;
c) examinar, os livros, papéis e administração da massa, independente de
autorização do juiz.
9. Procurador dos credores (art.31) - Uma só pessoa pode ser procurador
de diversos credores;
10. Representantes dos credores: (art.32)
a) administradores, gerentes ou liquidantes das sociedades;
b) procuradores ad negotia;
c) eleito por assembléia geral dos debenturistas;
d) representantes dos incapazes e o inventariante.
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DECLARAÇÃO DE CRÉDITO (ART.82)
OBSERVAÇÃO:
* As declarações de crédito serão apresentadas em cartório em duas vias;
* A primeira via terá que ter firma reconhecida;
* O credor juntará na primeira via o título ou títulos de crédito;
* A primeira via forma o auto de declaração;
* A segunda será entregue ao síndico para emitir o seu parecer;
* As declarações deverão ser entregues dentro do prazo marcado pelo Juiz;
* O escrivão dará recibo das declarações de crédito e documentos recebidos.
Credor - nome, qualificação e endereço
Falido - nome, qualificação, endereço
Valor - da dívida
Origem - venda de mercadoria
Classificação – Quirografário, privilegiado, garantia real, etc.
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IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO
* Síndico e falido darão informações sobre os créditos declarados - 5 dias
(Art. 85);
* Síndico também apresentará seus créditos e irá requerer ao juiz a
nomeação de dois credores para exame (Art. 85);
* 5 dias após o término do prazo marcado pelo juiz para a habilitação, o
síndico entregará em cartório em 2 vias, pareceres e documentação (Art. 86);
* Declarações poderão ser impugnadas nos próximos 5 dias - legitimidade,
importância ou classificação - credores, sócios ou acionistas (Art. 87);
* Impugnação - dirigida ao juiz e instruída com documentos ou outras provas
(Art. 88);
* Impugnação - autuada em separado com as segundas vias da declação de
crédito e documentos a ela relativos desentranhados dos autos da declaração (Art.
88, § 1º);
* Diversas impugnações ao mesmo crédito, terão uma só autuação (Art. 88, §
2º);
* Credores impugnados terão o prazo de 3 dias para contestar as
impugnações (Art. 90);
* Vista ao MP das declarações e impugnações - deverá em 5 dias dar
parecer (Art. 91);
* Voltando - Juiz em 5 dias julgará os créditos não impugnados;
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* Créditos impugnados - designará audiência de verificação de crédito - se
necessário nomeará perito e os interessados poderão apresentar quesitos (Art. 92 e
93);
* Audiência - depoimento dos impugnantes e do impugnado, declaração do
falido e inquirição de testemunhas - palavra ao impugnante, impugnado, Ministério
Público e sentença (Art. 95);
* Síndico organizará o quadro geral de credores (Art. 96);
* Sentença de verificação de crédito - Recurso de Apelação ao prejudicado,
síndico, falido e a qualquer credor mesmo não tendo sido impugnante (Art. 97);
* Credor retardatário - poderá habilitar seu crédito - intimação do falido e
síndico - publicação para impugnação - vista ao Ministério Público;
* Sentença - Apelação (Art. 98);
* Retardatário não têm direito aos rateios distribuídos anteriormente.
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PEDIDO DE IMPUGNAÇÃO - Observação
* Fundamento - Art. 88 Lei Falimentar
* Impugnante deverá requerer :
a) Impugnação do crédito;
b) Que seja julgada procedente a impugnação, excluindo o credor da massa
falida;
c) Intimação do pretenso credor;
d) Manifestação do Ministério Público e síndico;
e) Condenação do credor ao pagamento de custas, despesas processuais e
honorários advocatícios.
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CONSEQUÊNCIAS PARA O DEVEDOR
QUANTO A PESSOA DO FALIDO
* Obrigações legais do falido (Art.34)
1. Assinar nos autos, termo de comparecimento, declarando: a) as causas
determinantes da falência; b) a inscrição de sua firma; c) tratando-se de sociedade,
os nomes dos sócios; d) o nome do contador; e) os mandatos outorgados; f) os
bens imóveis e móveis que se encontram no estabelecimento; g) se faz parte de
outras sociedades;
2. Depositar em cartório seus livros obrigatórios;
3. Não se ausentar do lugar da falência;
4. Comparecer a todos os atos da falência;
5. Entregar todos os bens, livros, papéis e documentos ao síndico;
6. Prestar os esclarecimentos reclamados pelo Juiz, Síndico, Ministério
Público e credores, sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência;
7. Auxiliar o síndico;
8. Examinar as declarações de crédito apresentadas;
9. Assistir ao levantamento e balanço dos livros;
10. Examinar as contas do síndico;
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* Rigorosidade da lei (Art.35)
1. Se o falido faltar a qualquer de suas obrigações poderá ser preso por
ordem do Juiz de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do síndico ou de
qualquer credor;
2. A prisão será administrativa e não poderá exceder a 60 dias;
3. O recurso cabível do despacho que decretar a prisão será: a) Agravo de
Instrumento (Art.35, § único); b) Jurisprudência: entendimento que caberá também
Agravo de Instrumento e Habeas Corpus.
* Direitos do Falido (Art.36)
1. Fiscalizar a administração da massa;
2. Requerer medidas conservatórias com relação aos bens arrecadados;
3. Intervir como assistente, nos processos em que a massa seja parte ou
interessada;
4. Interpor recursos cabíveis;
5. Continuação do negócio (Art.74);
* O juiz poderá conceder a continuação do negócio do falido, pois em certos
casos é interessante. Exemplo: o empresário que trabalhe sobre encomendas e que
tenha, ao falir, em carteira, muitos pedidos confirmados. O falido continuando no
negócio será ótimo para a massa, que verá mais entrada de dinheiro.
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* Assistência é facultativa, porém se intimado ou avisado pela imprensa, não
comparecer ou deixar de intervir, os atos correrão a revelia, não podendo reclamar
em qualquer tempo (Art.36, § único).
* Representantes das Sociedades Falidas (Art.37)
a) Diretores, administradores, gerentes ou liquidantes;
* ficarão sujeitos a todas as obrigações que a lei impõe ao devedor falido;
* serão ouvidos nos casos em que a lei prescreve a audiência do falido;
* incorrerão na pena de prisão nos termos do Art.35.
b) Inventariante - será o representante do espólio falido (art.37, § único).
* Remuneração do Falido (art.38)
1. O falido pode requerer ao Juiz uma remuneração: se for diligente no
cumprimento de seus deveres e se a massa comportar.
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QUANTO AOS BENS DO FALIDO
* Desapossamento dos bens do devedor - A falência compreende todos os
bens do devedor, que sofre um desapossamento, mas não perde a sua propriedade,
pois poderá voltar à sua posse e consequente administração se obtiver a concordata
suspensiva (Art.39).
* Os bens compreendidos na falência chama-se “massa”.
* Falência do espólio - No caso de falência do espólio, não haverá bens a
partilhar, pois o processo do inventário será suspenso, e o inventariante irá
representar o espólio falido (§ único dos Arts.37 e 39).
* Perda da administração dos bens - O falido perde o direito de administrar
seus bens e dele dispor, desde o momento da declaração da falência (Art.40).
* Nulidade dos atos praticados pelo falido - O devedor não poderá praticar
nenhum ato que se refira direta ou indiretamente aos bens, sob pena de nulidade
(Art.40, § 1º).
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* Validade do pagamento de título pelo falido antes da quebra - Antes de
ser decretada a quebra é valido o ato de o falido ter efetuado pagamento de título
sacado contra ele na data do vencimento (Art. 40, § 2º).
BENS EXCLUÍDOS DA FALÊNCIA
Não entram na falência os bens que a lei processual considera comuns (Art.
649, C.P.C.);
* São também considerados absolutamente impenhoráveis: O direito de autor
e respectivos rendimentos; A firma ou nome comercial; O uso e habitação
conferidos ao falido por terceiros, em atenção à sua pessoa e à sua família; O direito
de indenização por danos resultantes de crime contra a pessoa do falido ou a sua
honra, ou por acidente do trabalho.
* Bens particulares , dotais e dos filhos - Não entram na falência os bens
particulares da mulher, dotais e dos filhos, por não pertencerem ao marido e não
responderem por suas obrigações (Art.42).
* Meação da mulher casada - Os bens que constituem a meação da mulher
casada sob regime de comunhão de bens deverão ser arrecadados, entendendo-se
que foram constituídos em prol do casal, pois muitas vezes a mulher está em conluio
com o marido, cabendo-lhe a prova de que tais dívidas não os beneficiaram.
* Pedido de restituição e embargos de terceiro - Apresentando a prova a
mulher poderá entrar com pedido de restituição ou embargo de terceiro(Art. 76 e 79).
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EMBARGOS DE TERCEIRO ( Art.79, § 1º e 2º) - Havendo arrecadação de
bens de terceiros em poder do falido pode aquele fazer defesa dos seus bens
através de terceiros. O processamento é na forma do Art. 1.046 do C.P.C. Da
sentença cabe apelação que pode ser interposta pelo falido, síndico ou qualquer
credor, ainda que não contestante.
Art. 1.046 - C.P.C. - Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação
ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o
de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação,
arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou
restituídos por meio de embargos.
§ 1º - Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas
possuidor.
§ 2º - Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende
bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não
podem ser atingidos pela apreensão judicial;
§ 3º - Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de
bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
Turbação - possuidor sem perder a sua posse vier a ser perturbado nela.
Esbulho - possuidor injustamente privado de sua posse, mediante violência
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QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO
* CONTRATOS UNILATERAIS - Quando existe direitos e obrigações
somente para uma das partes - Exemplo: doação.
Continuam a viger quando o falido é credor e vencem-se na hipótese contrária
* Falido beneficiário (credor) - a massa o substitui, podendo exigir a
execução integral.
* Falido doador (devedor) - o credor terá que declarar o seu crédito e
submeter-se à verificação e classificação do crédito.
* CONTRATOS BILATERAIS - Quando existe direitos e obrigações para
ambas as partes - Exemplo: compra e venda.
* Execução dos contratos bilaterais pelo síndico (art.43) - Os contratos
bilaterais poderão ser executados pelo síndico se o mesmo os achar conveniente
para a massa.
* Não cumprimento do contrato pelo síndico (art. 43, § único) - Se o
síndico optar pelo não cumprimento do contrato, o contratante terá direito à
indenização, cujo valor será apurado em processo ordinário e constituirá crédito
quirografário.
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REGRAS QUE PREVALECERÃO NAS RELAÇÕES CONTRATUAIS
* COISAS EM TRÂNSITO FALINDO O COMPRADOR (Art. 44, I)
a) Se não foi paga a coisa, e está em trânsito, o vendedor pode sustar a
entrega;
b) Não pode sustar a entrega se o comprador havia vendido antes de falir, à
vista das faturas e conhecimentos de transportes, entregues ou remetidos pelo
vendedor.
* COISAS COMPOSTAS (Art. 44,II) - Se o falido vendeu coisas compostas
tendo entregue somente parte das coisas, e o síndico resolver não continuar o
contrato, o comprador poderá colocar à disposição da massa as coisas já recebidas,
pedindo perdas e danos.
* COISAS MÓVEIS VENDIDAS A PRESTAÇÃO E NÃO ENTREGUES (
Art.44, III) - Se o falido vendeu coisas móveis a prestações e não as entregou, o
síndico não executando o contrato, terá a massa que restituir ao comprador as
prestações recebidas pelo falido.
* COMPRA E VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO ( Art. 44, IV) - Na
compra e venda com reserva de domínio a propriedade não se transfere para o
comprador enquanto não for saldado o preço, que é pago em prestações.
Com a decretação da falência a massa não terá disponibilidade para
prosseguir o pagamento das parcelas. Nada impede que o síndico, ofereça ao
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vendedor a coisa de volta descontando-se de seu valor o que já foi pago em favor da
massa.
* COISAS VENDIDAS A TERMO (Art.44, V) - Vendas à Termo - São aquelas
cuja execução se dará no futuro. Há o acordo no preço e na coisa, mas a execução
se opera posteriormente.
Não se executando o contrato, o vendedor habilitar-se-á na falência, com
crédito ilíquido, e a restituição deverá ser feita no valor da diferença entre a cotação
do dia do contrato e a cotação da data em que deveria vencer o contrato.
* COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS ( Art. 44, VI):
a) Falindo o vendedor - o síndico fica obrigado a dar cumprimento ao
contrato, recebendo as prestações vincendas e outorgando a escritura definitiva
quando o pagamento for completado.
b) Falindo o comprador - o síndico arrecadará os direitos a ele relativos e os
venderá em hasta pública, entrando o produto para a massa.
* CONTRATO DE LOCAÇÃO(Art. 44, VII) - Se o imóvel do estabelecimento
comercial do falido for alugado e o pagamento dos aluguéis exceder a dois meses,
poderá ser ajuizada ação de despejo, podendo o síndico purgá-la no prazo de 10
dias.
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* CONTAS CORRENTES (Art. 45) - No momento da declaração da falência
as contas correntes consideram-se encerradas e o síndico não poderá dar
continuidade.
* MANDATOS (Art. 49 e § único) - Antes da falência todos os mandatos
outorgados pelo falido e que interessem à massa falida, continuam em vigor até que
o síndico os revogue.
Para o falido cessa o mandato ou comissão que houver recebido antes da
falência, salvo sobre matérias estranhas ao comércio.
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RECURSOS DA SENTENÇA FALIMENTAR
RECURSO - É o meio pelo qual a parte interessada, provoca um novo
exame dos autos, objetivando a reforma de uma sentença que tenha sido, no todo ou
em parte desfavorável.
RECURSOS NO PROCESSO FALIMENTAR
1. Apelação
2. Agravo de Instrumento
3. Embargos
SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
* DEVEDOR - Impontualidade (Art. 1º) - a)Agravo de Instrumento (Art. 17);
b) Embargos (Art. 18); c) Agravo e Embargos
* DEVEDOR - Fatos enumerados na Lei (Art. 2º) - Agravo de Instrumento
(Art. 17)
* CREDOR - Agravo de Instrumento (Art. 17)
SENTENÇA DENEGATÓRIA DA FALÊNCIA - Apelação (Art. 19)
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AGRAVO DE INSTRUMENTO
* Matéria de Direito – Agravo de Instrumento - Recurso contra as decisões
interlocutórias, ou seja, aquelas proferidas no curso do processo, sobre questões
incidentes - Prazo - 10 (dez) dias (Art. 522 CPC).
Autuado em apartado, a petição do agravo de instrumento deverá ser
interposta perante o Tribunal competente para o seu julgamento (Tribunal de
Justiça), devendo ser instruída com as peças obrigatórias e as que o agravante
entender necessárias.
O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo (Art. 497 CPC) . Porém
pendente o recurso o síndico não poderá vender os bens da massa, salvo os
perecíveis (Art. 17, § único). Se reformada a sentença em segundo grau o requerido
terá seus bens íntegros
REQUISITOS:
1. Agravo de Instrumento é dirigido diretamente ao Tribunal competente (Art.
524 CPC);
2. Petição com exposição do fato e do direito (Art. 524, I CPC);
3. Razões do pedido de reforma da decisão (Art. 524,II CPC);
4. Nome e endereço dos advogados do processo (Art. 524,III CPC);
5. Peças do processo que o agravante entender úteis (Art. 525,II CPC);
6. Comprovante do pagamento das custas (Art. 525,II, § 1º);
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7. Prazo de 03 (três) dias para o agravante, requerer juntada aos autos do
processo (Art. 526 CPC)
AGRAVO DE INSTRUMENTO
1. Da sentença que declara a falência (Art. 17);
2. Da sentença determinando ou retificando o termo legal (Art. 22, § único);
3. Do despacho que decretar a prisão do falido (Art. 35, § único);
4. Da decisão que ordenar ou indeferir liminarmente o sequestro (Art.56,§ 4º);
5. Do despacho atendendo reclamação contra a nomeação do síndico(Art.60),
§ 4º);
6. Do despacho que decretar a substituição do síndico ou deixar de fazê-lo
(Art. 66, § 2º);
7. Do despacho que arbitrar a remuneração do síndico (Art. 67, § 5º);
8. Da sentença que não julgar cumprida a concordata (Art. 155, § 3º);
9. Da decretação da falência por infração do artigo 162 (Art. 162, § 2º);
10. Da sentença que conceder ou não a concordata (Art. 146);
11. Do despacho que arbitrar remuneração do comissário (Art. 170, § 2º);
12. Da sentença de falência por descumprimento do prazo para depósito
previsto no inciso I do § 1º do Art. 175 (Art. 175, § 8º);
13. Da sentença que julgar os créditos em falência com passivo inferior a 100
vezes o salário mínimo (Art. 200, § 2º).
61
EMBARGOS DO DEVEDOR
Matéria de Fato - Embargos - É endereçado ao próprio juízo a quo, isto é,
ao mesmo juízo que proferiu a sentença, objetivando sua revogação ( Recurso de
Retratação) - perante o qual serão processados e julgados.
* Os embargos são processados em autos apartados, pedindo-se a citação
do requerente da falência - Prazo - 02 (dois) dias contados da publicação da
sentença no jornal oficial - Prazo para contestação do embargado 02 (dois) dias
(Art. 18, § 1º).
Juiz designará as provas a serem produzidas e marcará audiência de
instrução e julgamento (Art. 95).
* Os embargos não suspendem os efeitos da sentença declaratória, não
interrompendo qualquer ato ou diligência do processo (Art. 18, § 4º).
* Da sentença cabe apelação (Art. 18, § 3º)
EMBARGOS
1. Do devedor (Art. 18);
2. De terceiros - se não preferir usar do pedido de restituição (Art. 79);
3. Ao pedido de concordata (Art. 142);
4. Contestação aos embargos ao pedido de concordata (Art. 144, § único);
5. À concordata suspensiva (Art. 181);
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APELAÇÃO
* É o recurso onde se pretende revogar ou modificar sentença de um juiz ou
tribunal inferior, pela superior instância.
Salvo exceções a apelação terá efeito suspensivo e devolutivo (Art. 520 CPC)
* Prazo - 15 (quinze) dias (Art. 508 CPC)
* Rito Procedimental (Art. 514 à 521 CPC)
* REQUISITOS
1. Petição dirigida ao juiz que julgou o feito, pedindo a sua remessa ao
tribunal;
2. Juntada nos próprios autos;
3. Petição conterá: a) nome e qualificação das partes; b) fundamentos de fato
e de direito; c) pedido de nova decisão;
4. Razões da Apelação devem ser apresentadas com a própria petição.
APELAÇÃO
1. Da sentença denegatória da falência em face de depósito elisivo (Art.11, §
2º);
2. Da sentença que julgar os embargos em falência ( Art. 18, § 3º);
3. Da sentença que julgar a ação revocatória (Art. 56, § 2º);
4. Da sentença que julgar as contas do síndico (Art. 69, § 4º);
63
5. Da sentença que não declarar a falência (Art. 19);
6. Da sentença em pedido de restituição (Art. 77, § 4º);
7. Da sentença em embargos de terceiros (Art. 79, § 2º);
8. Da sentença na verificação de crédito (Art. 97);
9. Da sentença que julgar crédito declarado fora do prazo (Art.98, § 3º);
10. Da sentença em pedido de exclusão, retificação, ou outra classificação de
crédito (Art. 99, § único);
11. Da sentença de encerramento da falência (Art. 132, § 2º);
12. Da sentença da extinção das obrigações do falido (Art. 137, § 4º);
13. Da sentença que julgar cumprida a concordata (Art. 155, § 3º).
64
REVOGAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO FALIDO
AÇÃO REVOCATÓRIA OU PAULIANA - É proveniente do Direito Romano,
criada pelo Pretor Paulo, conforme o Digesto, L. 38, § 4º, D. Usuris.
Esta ação objetiva desconstituir o ato fraudulento praticado em prejuízo do
credor. Fala-se em revogar o ato do devedor, daí o seu nome “Ação Revocatória”.
No Direito Falimentar a Ação Revocatória é diferente daquela usada nos Arts.
106 e 107 do Código Civil, pois no Direito Civil, anula-se o ato e no Direito Falimentar
a sentença proferida nesta ação não anula o ato praticado, apenas o torna ineficaz
ou revogável relativamente à massa, mas não da mesma forma para o falido, pois
subsiste a responsabilidade deste perante terceiros, que mantém seus direitos contra
ele (Art. 54, § 1º e § 3º).
Art. 106 C.C. - Os atos de transmissão gratuita de bens, ou remissão de
dívida, quando os pratique o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, poderão ser anulados pelos credores quirografários como lesivos dos
seus direitos (Art. 109).
Parágrafo único - Só os credores, que já o eram ao tempo desses atos,
podem pleitear-lhes a anulação.
Art. 107 C.C. - Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor
insolvente, quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida do
outro contraente.
65
Art. 109 C.C. - A ação, nos casos dos Arts. 106 e 107, poderá ser intentada
contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação
considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
* Ação Revocatória - Por ineficácia (Art. 52) - Os atos ineficazes,
independem de intenção de fraudar credores.
* Ação Revocatória - Por fraude (Art. 53) - Pressupõe a intenção de
fraudar, devendo o autor provar a fraude do devedor e do terceiro que com ele
contrata.
* Atos Ineficazes e Revogáveis que antecedem à falência -São atos
praticados no período do termo legal, ou seja o período suspeito anterior à falência.
ATOS INEFICAZES - Termo legal (art. 52, I , II e III)
1. Pagamento de dívidas não vencidas ou por meios não previstos no
contrato;
2. Constituição de direito real de garantia.
ATOS PRATICADOS NOS DOIS ANOS ANTERIORES À FALÊNCIA (Art.
52, IV e V)
1. Prática de atos gratuitos;
2. Renúncia à herança ou legado.
66
OUTROS ATOS REVOGÁVEIS (Art. 52, VI, VII e VIII)
1. Restituição antecipada de dote;
2. Inscrição intempestiva de direitos reais ( registros e averbações tardias);
3. Venda ou transferência de estabelecimento comercial (sem reserva de
bens suficientes para solver o passivo).
* Os bens devem ser restituídos à massa, não sendo possível dar-se-á
indenização (Art. 54).
AÇÃO REVOCATÓRIA - É o meio judicial pelo qual o síndico ou na sua
omissão qualquer credor, se vale, para que, com a declaração da ineficácia ou
revogação do ato, o bem seja restituído à massa.
Há duas espécies de Ação Revocatória : a) Revocatória por Ineficácia (Art.
52); b) Revocatória por Fraude (Art. 53).
RITO DA AÇÃO REVOCATÓRIA
1. Competência - Ratione Materiae (Art. 56) - (razão da matéria) - Juízo
da Falência;
2. Procedimento - Ordinário (Arts. 282) C.P.C.;
3. Legitimidade Ativa (Art. 55) - a) Síndico ; b) Na sua omissão, qualquer
outro credor;
4. Legitimidade Passiva (Art. 56) - a) Contra todos os que figuram no ato, ou
que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados;
b) Contra os herdeiros ou legatários das pessoas acima indicadas;
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c) Contra os terceiros adquirentes, se estes tiverem conhecimento, ao se criar
o direito, da intenção do falido de prejudicar os credores, ou nas hipóteses previstas
no Art. 52 da Lei de Falências;
5. Prazo (Art. 56, § 1º) - Deve ser proposta até um ano, a contar da data da
publicação do aviso do síndico, dando conta da iniciação da realização do ativo e o
pagamento do passivo (Art. 114);
6. Sequestro dos bens em poder de terceiros (Art. 56, § 3º) - A ação
revocatória pode ser precedida de medida cautelar ( Sequestro);
7. Recurso - Da sentença proferida em ação revocatória cabe o recurso de
apelação em quinze dias (Art. 56, § 2º);
Ação precedida de pedido de sequestro indeferida a medida cautelar, o
recurso cabível é o agravo de instrumento (Art. 56, § 4º).
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ORGÃOS DA FALÊNCIA
* O Decreto-lei nº 7.661/45, prevê básicamente três órgãos operantes na
falência e nos processos de concordata.
* FALÊNCIA - Juiz, Síndico e Ministério Público.
* CONCORDATA - Juiz, Comissário com a intervenção do Ministério Público.
* Credores possuem papel secundário em ambos os processos não sendo
colocados na categoria de órgão atuante.
JUIZ - Melhor definição encontramos na parte final do Art. 59 que, ao
mencionar sobre a administração da falência diz que o síndico a exercerá SOB
DIREÇÃO E SUPERINTENDÊNCIA DO JUIZ.
Juiz, é o órgão máximo do processo, porém está sujeito a atuação dos demais
órgãos para levar a falência a bom termo.
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DISTINÇÃO DA ATUAÇÃO DO JUIZ NA FALÊNCIA E NA CONCORDATA
* FALÊNCIA - O juiz é o principal órgão do processo falimentar, é a
autoridade suprema que preside o processo falimentar.
Art. 7º - Competência para declaração da falência, o juiz em cuja jurisdição a
empresa possui seu principal estabelecimento.
Principal Estabelecimento - É aquele onde se encontra o centro de
deliberação da empresa.
Princípio da Indivisibilidade - O juízo falimentar goza deste princípio, pois é
competente para todas as ações de interesse da massa, exceção feita aos
processos de natureza fiscal e trabalhista, que prosseguirão em seus locais de
origem até a fase de execução, onde os processos trabalhistas deverão HABILITAR
seu crédito e os fiscais DENUNCIÁ-LO ao juiz com fins de reservas de valores.
JUÍZO ÚNICO E GERAL - UNIVERSALIDADE DO JUÍZO FALIMENTAR
JUIZ - Órgão de superintendência e de decisão, nem sempre acata a
proposta do síndico, mas decide.
O juiz irá determinar as melhores medidas para proteger os interesses da
massa de credores, tais como:
1. Sequestro de bens (Art. 12, § 4º);
2. Paralização de atividade empresarial, lacração, busca e apreensão de
livros e documentos e até medidas de natureza penal como a prisão administrativa
dos sócios da empresa (descumprimento das obrigações do art. 34);
3. Medidas preventivas (Art. 14, VI).
70
* NOMEAÇÃO DO SÍNDICO - Caberá ao juiz a nomeação do síndico nos
parâmetros legais do Art. 60, tendo poderes para sua substituição e destituição nos
termos do Art. 66.
* FUNÇÃO PREPONDERANTE DO JUIZ NAS FASES DA FALÊNCIA -
Sindicância e Liquidação de Bens.
O JUIZ DEVERÁ DECIDIR :
1. Todos os incidentes processuais
2. Sentenciar nas impugnações de crédito
3. Pedidos de restituição de mercadoria
4. Embargos de terceiro
JUIZO FALIMENTAR - Atrai para si todos os processos de crime falimentar,
desde o inquérito com o recebimento da denúncia e ação penal falimentar com o seu
efetivo julgamento
* CONCORDATA - O juiz não exerce uma atuação tão marcante como no
processo falimentar.
JUIZ - Despacho concessivo ou não do processo de concordata
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* Não possui o poder de atração do Juizo da Falência; somente suspende as
ações e execuções contra a devedora de créditos sujeitos aos efeitos da concordata,
sem determinar que sejam trazidos para si
* Após a nomeação do comissário o juiz passa a ter papel secundário, pois
não é necessário a habilitação dos créditos desde que devidamente relacionados
pelo devedor, e o juiz também não poderá intervir na forma de pagamento escolhida
pelo concordatário
* O juiz apenas aguarda o julgamento de eventuais impugnações de créditos
e restituições de mercadorias, dando despachos ordenatórios ou de mero expediente
MINISTÉRIO PÚBLICO - O Ministério Público funciona nos processos de
falência com a finalidade de representar a sociedade zelando pelo cumprimento da
lei.
É muito atuante no processo falimentar, porque todo e qualquer ato da
falência é levado à sua apreciação.
O Ministério Público funciona como auxiliar do juiz na administração da massa
(leilões, manifestações em restituições, impugnações ou declaração de crédito). A
atuação do Ministério Público é como parte ativa (denúncia em crime falimentar)
* CARVALHO DE MENDONÇA - Diz que a atuação do Ministério Público
deveria limitar-se somente à esfera penal.
* RUBENS REQUIÃO - Esclarece que como a falência se constitui em um
fato social e econômico, criando situações jurídicas especiais que interessam à
sociedade, a atuação desse órgão é indispensável.
72
Objeção quanto a atuação do Ministério Público diz respeito aos processos de
Concordata, pois nem sempre esses representantes consideram o fenômeno da
empresa, ocasionando, em alguns casos a sua quebra.
Situações de atuação do Ministério Público não são muitas, mas o Art. 210
amplia seu limite. O juiz sempre que houver necessidade de um despacho mais
elaborado, solicita o concurso do Ministério Público em qualquer processo de
falência ou concordata.
* Previsões expressas de atuação do Ministério Público
1. Destituição do síndico (Art. 66);
2. Assistir ao Síndico na arrecadação dos bens e assinar o termo lavrado (Art.
70, § 1º e 3º);
3. Manifestar sobre a venda antecipada de bens ou continuação do negócio
do falido (Art. 73, § 1º e Art. 74);
4. Manifestar-se nos pedidos de restituição, embargos de terceiro, verificação
e habilitações de créditos tempestivas e retardatárias e impugnações (Art. 77, § 6º,
Art. 91 e Art. 98, § 2º);
5. Manifestar-se no Inquérito Judicial, ofertando denúncia ou não (Art. 105 e
108);
6. Participar da Liquidação do Ativo (Art. 117, opinando sobre propostas de
compra da massa , Art. 118, § 2º);
7. Organizar relatórios de falência caso o Síndico não o faça (Art. 131, §
único);
8. Manifestar-se na extinção de obrigação (Art. 137, § 2º);
73
9. Manifestar-se sobre venda de bens do concordatário (Art. 149 e 182, §
único), bem como, sobre o cumprimento da concordata (Art. 155, § 2º);
10. Manifestar-se na falência sumário (Art. 200, § 5º).
SÍNDICO - O Síndico é o órgão essencial da falência pois a ele compete a
administração e representação da massa e a administração da falência sob a direção
e superintendência do juiz (Art. 59).
* Escolha do Síndico (Art. 60) - Será escolhido entre um dos maiores
credores, residentes no foro da falência, de reconhecida idoneidade moral e
financeira.
* Se os credores não aceitarem o cargo, após a terceira recusa o juiz nomeia
um síndico dativo (Art. 60, § 2º).
* São Paulo - Magistrados possuem um corpo de profissionais relacionados
previamente para esse exercício
* Proibições para o cargo de síndico (Art. 60, § 3º):
1. Parentesco ou afinidade até o terceiro grau com o falido: amigo, inimigo ou
dependente;
2. Cessionário de créditos (aquele que transferiu a outrem os seus direitos),
três meses antes de requerida a falência;
3. O síndico ou comissário destituído em outra falência;
4. Aquele síndico nomeado pelo juiz em outra falência há menos de um ano;
5. O que recusou cargo de síndico, há menos de 6 meses.
74
* Deveres e Atribuições do Síndico (Art. 62)
Nomeado será obrigado a assinar em cartório termo de compromisso de
fielmente desempenhar o cargo e de assumir todas as responsabilidades de
administrador.
No ato da assinatura do termo entregará em cartório a declaração de seu
crédito (Art. 62, § único).
* Atribuições do Síndico Previstas no Art. 63:
1. Dar publicidade à sentença declaratória da falência;
2. Receber a correspondência dirigida ao falido;
3. Arrecadar os bens e livros do falido;
4. Recolher em 24 horas as quantias pertencentes à massa na forma do Art.
209;
5. Designar perito contador, para o exame da escrituração do falido;
6. Convocar avaliadores;
7. Escolher auxiliares para o serviço de administração;
8. Fornecer todas as informações aos interessados sobre a falência e
administração da massa;
9. Exigir dos credores informações verbais ou escritas;
10. Preparar a verificação e classificação dos créditos;
11. Apresentar ao juiz a necessidade da venda de bens deterioráveis;
12. Diligenciar a cobrança de dívidas ativas e passar a respectiva quitação;
75
13. Resgatar penhores e objetos retidos, com autorização do juiz e em
benefício da massa;
14. Representar a massa em juízo como autora;
15. Requerer todas as diligências necessárias para indenizar a massa.
* Liquidação (Art. 64)
Iniciada a liquidação o síndico fica com poderes para todos os atos
necessários para realização do ativo e pagamento do passivo.
* Termo de Compromisso (Art. 65)
Se o síndico não assinar o termo de compromisso dentro de 24 horas após
sua intimação, não aceitar o cargo, renunciar, falecer, for declarado interdito, incorrer
em falência ou concordata preventiva, o juiz designará substituto.
* Destituição do Síndico (Art. 66)
O síndico poderá ser destituído pelo juiz, pelo representante do ministério
público ou por qualquer credor.
* Remuneração do Síndico (Art. 67)
Será arbitrada ao síndico, pelo juiz, uma remuneração, atendendo seu
trabalho e responsabilidade da função.
Esta remuneração será calculada sobre o produto dos bens ou valores da
massa, vendidos ou liquidados pelo síndico (Art. 67, § 1º), e, será paga depois de
julgadas suas contas (Art. 67, § 3º).
76
* Responsabilidade do Síndico por Prejuízos (Art. 68)
O síndico responde por prejuízos e pela má administração da massa.
* Renúncia ou Destituição do Síndico (Art. 69)
O síndico prestará contas de sua administração no caso de renúncia ou
destituição do cargo.
COMISSÁRIO - O comissário é nomeado pelo juiz, porém não é tutor dos
interesses dos credores, pois o concordatário continua na administração de seus
bens. É órgão do processo de concordata com atribuições definidas na lei.
* Nomeação do Comissário (Art. 161, IV)
O processo de nomeação é o mesmo que o do síndico, ou seja, será nomeado
entre um dos maiores credores.
* Atribuições do Comissário (Art. 169)
1. Dar publicidade da concordata;
2. Fiscalizar o procedimento do devedor;
3. Examinar livros e papéis do devedor;
4. Designar perito contador;
5. Apresentar relatórios.
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* Conversão da Concordata em Falência o comissário prossegue com a
função de síndico.
* Remuneração do Comissário (Art. 170)
Fixada pelo juiz no fim do exercício de seu cargo.
* Substituição ou Destituição do Comissário (Art. 171)
Mesmos casos em que o síndico, conforme disposto nos Arts. 65 e 66.
78
EXPOSIÇÃO DO SÍNDICO E INQUÉRITO JUDICIAL
(art. 63, XII e Art. 103)
* O síndico deverá apresentar em cartório exposição sobre as causas da
falência em 2 (duas) vias;
* 24 horas após o dobro do prazo para habilitação do crédito;
* Especificar o procedimento do devedor antes e depois da falência;
* Especificar atos que constituem crime falimentar (Art. 186);
* Exposição instruída com o laudo do perito – exame de escrituração do falido
e quaisquer outros documentos que possam servir como fundamento para a ação
penal;
* 1ª vias da exposição, laudo e documentos formarão o Inquérito Judicial;
* 2ª vias serão juntadas aos autos da falência;
* Inquérito Judicial – credores poderão se manifestar sobre o inquérito – 5
(cinco) dias (Art. 104);
* Vista ao Ministério Público, que irá opinar em 3 (três) dias sobre a exposição
do síndico e alegações dos credores (Art. 105);
* Nos 5 (cinco) dias seguintes o falido poderá contestar o Inquérito Judicial e
requerer o que entender conveniente (Art. 106);
* Os autos serão conclusos ao Juiz que em 48 horas deferirá ou não as
provas requeridas (Art. 107);
79
* Vista ao Ministério Público – 5 (cinco) dias pedirá a apensação do Inquérito
Judicial ao processo de falência ou oferecerá denúncia contra o falido (Art. 108);
* Ministério Público não oferece denúncia, os autos permanecerão em cartório,
e o síndico ou qualquer credor poderá oferecer queixa (Art. 108, § único);
* Denúncia ou queixa (haja ou não) o escrivão fará os autos conclusos;
* 5 (cinco) dias, o Juiz se não houver denúncia ou queixa ou se não receber a
que foi oferecida, determinará que os autos sejam apensados ao processo da
falência (Art. 109);
* Se for oferecida denúncia ou queixa o Juiz determinará a remessa imediata
dos autos ao Juízo Criminal (Art. 109, § 2º);
* Antes da remessa ao Juízo Criminal o escrivão extrairá do despacho cópia
que juntará aos autos da falência (Art. 109, § 3º);
* Recebimento da denúncia ou queixa obstará o pedido de concordata
suspensiva até sentença penal definitiva (Art. 111).
80
ARRECADAÇÃO E GUARDA DOS BENS, LIVROS E
DOCUMENTOS DO FALIDO
NOÇÕES GERAIS
Arrecadação na falência tem o mesmo sentido que a penhora na execução.
* Execução Singular - Penhora de bens visa o montante necessário para
garantir o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios.
* Falência (execução coletiva) - São arrecadados todo o ativo, bens,
livros, documentos, pois todos os credores dependerão da arrecadação.
* Arrecadação - Cabe ao síndico - imediata posse dos bens, incluindo
todos os direitos e ações (Art. 39 e 40 L.F.).
* Cumprimento da Obrigação - Auxílio de oficiais de justiça e ainda pedido
de força à autoridade policial que poderá ser requisitada, bem como requerer ao juiz
a prisão do falido (Art. 35 L.F.).
* O síndico convida o representante do Ministério Público, se este não
atender não deve o síndico esperar, promovendo a arrecadação o mais rápido
possível.
* Ministério Público fica ciente da arrecadação mesmo não assistindo, pois
tem obrigação de assinar o inventário (Art. 70, § 3º L.F.).
* Arrecadação - Da origem ao Auto de Arrecadação que faz parte integrante
do Inventário.
81
* Inventário - Relação dos bens do falido, o próprio ativo registrado na
contabilidade.
* Firma Individual e Sociedades Solidárias - O ativo contábil e mais os
bens que não compõem o estabelecimento comercial (Art. 71).
* O inventário será datado e assinado pelo Síndico, Ministério Público e Falido,
se presente.
* Os bens arrecadados ficam sobre a guarda do síndico ou pessoa por ele
escolhida (Art. 72).
* Bens de Fácil Deterioração ou Guarda que Importe Muita Despesa -
Poderão ser vendidos antecipadamente, desde que o síndico, mediante petição
fundamentada informe ao juiz sobre a necessidade da venda.
* Juiz ouvirá o falido e o Ministério Público - se deferir nomeará leiloeiro e
mandará que conste do alvará a discriminação dos bens (Art. 73)
* Continuação do Negócio do Falido - São raros os casos, porém se a
continuação do negócio for útil aos interesses dos credores, e , o Juiz após ouvir o
Síndico e o Ministério Público, poderá deferir o requerimento do falido, nomeará
pessoa idônea para gerenciar.
Juiz poderá cassar a autorização da continuação do negócio, a requerimento
do síndico, Ministério Público ou dos credores (Art. 74, § 6º e 7º)
Poderá cassar - se o falido não pedir concordata suspensiva no prazo do
Art. 178 - 5 dias após o relatório do síndico (Art. 63, XIX)
82
* Insuficiência de Bens - Síndico verifica se o falido possui bens suficientes
para o procedimento normal da falência
Se faltar ou for de pequena quantidade, a falência se processa sumariamente
(Art. 200)
Atendido o disposto no Art. 200 § 5º, o juiz proferirá em seguida sua decisão,
encerrando a falência nos respectivos autos
* Particularidades da Falência Sumária
1. Segue inicialmente o rito comum;
2. Desvia para o rito sumário após o término do prazo para as habilitações,
quando o síndico comunica ao juiz que os créditos declarados são inferior a cem
vezes o salário mínimo vigente;
3. Os crédito declarados são julgados e aprovados em uma única audiência,
de verificação de créditos;
4. Não há quadro geral de credores;
5. Ocorre a fusão da exposição do Art. 103 com o relatório do Art. 63, XIX,
tudo reunindo uma única peça;
6. O inquérito judicial também tem forma sumária;
7. A tramitação da concordata suspensiva é também sumária;
8. Na liquidação o processo volta ao rito comum.
83
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E EMBARGOS DE TERCEIRO
Pressupostos (Art. 76)
1. Coisa arrecadada em poder do falido seja devida em virtude de um
direito real (Art. 647 Código Civil);
Direitos Reais - propriedade, enfiteuse, servidões, usufruto, uso, habitação,
rendas expressamente constituídas sobre imóveis, penhor, anticrese, hipoteca.
2. Coisa devida em decorrência de um contrato;
Contratos - o síndico poderá optar pelo seu cumprimento - os contratos
mais comuns são: leasing, reserva de domínio, alienação fiduciária.
* Pedido de Restituição suspende a disponibilidade da coisa - enquanto
não for julgada a coisa o síndico não pode aliená-la, respondendo pelos prejuízos
que causar à massa (Art. 68);
* Restituição de coisas vendidas à crédito - entregues ao devedor 15
(quinze) dias antes de declarada a falência - se não foram alienadas pela massa
poderão ser reivindicadas (Art. 76, § 2º).
84
AÇÃO DE RESTITUIÇÃO OU RESTITUITÓRIA
Legitimidade Ativa
1. Credor que entregou a coisa à crédito ao falido nos 15 (quinze) dias
anteriores ao requerimento da falência, se não foi alienada pela massa;
2. Terceiro cujo bem foi arrecadado por estar em poder do falido.
Legitimidade Passiva
1. Massa Falida.
* Juízo da falência;
* Inicial fundamentada deverá individuar a coisa reclamada;
* Autuação em separado - requerimento e documento;
* Parecer contrário do falido ou síndico valerá como contestação (Art. 77, §
1º);
* Escrivão informará pelo órgão oficial aos interessados, o pedido - 5 (cinco)
dias para contestar (Art. 77, § 2º);
* Havendo contestação - Juiz designará dentro de 20 (vinte) dias Audiência
de Instrução e Julgamento (Art. 77, § 3º) - Audi6encia segue o curso previsto no Art.
95 e seus parágrafos;
* Sentença - Recurso de Apelação - 15 (quinze) dias (Art. 77, § 4º);
85
* Negada a Restituição - credor será incluído na classificação que por direito
lhe caiba (Art. 77, § 5º);
* Não havendo contestação - juiz determinará em 48 horas expedição do
mandado para entrega da coisa reclamada (Art. 77, § 6º);
* Despesas reclamadas - quando não contestadas será por conta do
reclamante, se contestadas pelo vencido (Art. 77, § 7º);
* Pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa que deverá ser
restituída em espécie: (Art. 78)
1. Se foi sub-rogada (substituída) por outra, será entregue pela massa o
resultado da sub-rogação;
2. Se não existir a coisa, nem a sub-rogada, será entregue o valor estimado
ou o respectivo preço;
EMBARGOS DE TERCEIRO (Art. 79)
* Turbação (ameaça) ou Esbulho (perda definitiva) por efeito da
arrecadação ou sequestro - Pedido de Restituição ou Embargos de Terceiro;
* Embargos - Forma prevista no Código de Processo Civil.
* Sentença - Recurso Apelação - pelo embargante, falido, síndico ou
qualquer credor.
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CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
1. Créditos Trabalhistas - CLT - Art. 449, § 1º e Lei 4.886/65 Representantes
Comerciais Art. 44
2. Créditos Fiscais - Lei nº 6.830/80 - Art. 4º, § 4º e CTN - Art. 186
3. Encargos da Massa - Art. 124, § 1º
4. Dívidas da massa - Art. 124, § 2º
5. Créditos com Direito Real de Garantia - Art. 102, I
6. Créditos com Privilégio Especial sobre determinados Bens - Art. 102, II
7. Créditos com Privilégio Geral - Art. 102, III
8. Créditos Quirografários - Art. 102, IV
9. Créditos Subquirografários - Lei 6.404/76 - Art. 58, § 4º
Quadro Geral dos Credores
* Publicado por duas vezes no órgão oficial e nas comarcas que não sejam as
das capitais dos Estados, ou territórios
* Afixadas também na sede do juízo
* Jornal diário
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LIQUIDAÇÃO
Liquidação é a realização do ativo, ou seja, a venda dos bens da massa para
pagamento do passivo.
* Aviso pelo síndico - Publicação no Diário Oficial, do início da liquidação
(Art. 114);
* Conclusão ao juiz para marcar o prazo da liquidação - venda
englobada ou separadamente (Art. 115 e 116);
* Formas de Liquidação - Venda pelo Síndico ou por deliberação de
credores 2/3 dos créditos - (Art. 123):
1. Vendas pelo Síndico - a) Leilão Público; b) Melhor Proposta.
a) Leilão Público (Art. 117)
* Será anunciado com 10 ou 20 dias de antecedência, conforme se trata de
coisas móveis ou imóveis;
* No leilão estará presente o representante do Ministério Público;
* O produto das vendas deverá ser depositado no Banco do Brasil ou na
Caixa Econômica Federal (Art. 209);
* Leiloeiro deverá ser escolhido pelo síndico, na sua falta o porteiro do
auditório (Art. 117, § 1º);
88
* O arrematante dará um sinal nunca inferior a 20%, completando o restante
em 3 dias, sob pena da coisa ser levada a novo leilão e perderá o sinal e ficará
obrigado a prestar a diferença e pagar as respectivas despesas;
* O síndico irá cobrar através da ação executiva, devendo instruir a inicial com
a certidão do leiloeiro (Art. 117, § 2);
* Bens Imóveis - Independe de outorga uxória (Art. 117, § 3º);
* Valores negociáveis em Bolsa - Venda será feita por corretor oficial (art.
117, § 4º).
b) Venda Por Meio de Propostas (Art. 118)
* Convocará os concorrentes por publicação no Diário Oficial ou Jornal de
grande circulação, durante 30 dias intercalados (Art. 118);
* Os anúncios deverão especificar a forma das propostas, o dia, hora em que
elas estarão abertas;
* As propostas devem ser entregues ao escrivão em envelopes lacrados e
mediante recibo (Art. 118, § 1º);
* Dia e hora marcada o juiz abrirá as propostas, perante o síndico e os
interessados, onde o escrivão lavrará o auto com a assinatura de todos os presentes
(Art. 118, § 1º);
* Síndico se pronunciará sobre as propostas indicando a que melhor parecer;
* Juiz se manifestará após ouvir o falido e o membro do Ministério Público - se
autorizar a venda mandará expedir o alvará (Art. 118, § 2º);
89
* Efetuada a venda dos bens, será descontada as custas e despesas de
arrecadação, administração, venda, depósito ou comissão do síndico, será então
feito o pagamento aos credores da falência.
2. Venda por Deliberação dos Credores (Art. 122)
a) Os credores poderão organizar sociedades para continuação do negócio
(Art. 123, § 1º);
b) Os credores poderão autorizar o síndico a ceder o ativo a terceiros (Art.
123, § 1º).
90
PAGAMENTO AOS CREDORES
* Vendidos os bens e descontadas as despesas, os credores receberão
imediatamente a importância de seus créditos, até onde chegar o produto dos bens
que assegurem o seu pagamento (Art. 125);
* Se a massa comportar o pagamento do principal e dos juros, será restituído
ao falido a sobra (Art. 129);
* Terminada a liquidação e efetuado o pagamento pelo síndico, este deverá,
em 20 dias, apresentar relatório final da falência que conterá: (Art. 131)
a) Montante do ativo, isto é, o valor dos bens do falido;
b) Produto da realização do ativo, ou seja, o que foi apurado com a venda dos
bens;
c) Montante do passivo;
d) Pagamento feito aos credores habilitados;
e) Créditos remanescentes que não puderam ser pagos por insuficiência de
bens;
91
* O relatório deverá ser comprovado com documentos, autuado em separado
e com vista aos interessados para impugnação (credores habilitados, falido e
Ministério Público.
* Síndico não apresenta relatório final – será destituído (art. 131, § único) e o
relatório será feito pelo membro do Ministério Público;
* Apresentado o relatório final o juiz deverá encerrar a falência, através da
sentença de encerramento da falência (Art. 132);
* Sentença deverá ser publicada por edital e o recurso será apelação (Art.
132, § 2º);
* A certidão de quanto o falido ficou devendo ao credor na data do
encerramento da falência é título hábil para execução por saldo (Art. 133).
92
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
A prescrição relativa as obrigações do falido, conta-se a partir da sentença de
encerramento da falência (Art. 134).
* Extingue-se as obrigações do falido: (Art. 135)
1. Pagamento sendo permitida a novação dos créditos com garantia real;
Novação
a) quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir a
anterior;
b) quando novo devedor sucede ao anterior, ficando este quitado com o
credor;
c) quando, por força de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,
ficando o devedor quitado;
2. Pelo rateio de mais de 40% depois de realizado todo o ativo;
3. Após 5 anos a partir do encerramento da falência, não tendo havido
condenação por crime falimentar;
4. Após 10 anos a contar do encerramento da falência, se o falido tiver
sido condenado a pena de detenção por crime falimentar.
93
* Extintas suas obrigações o falido tem o direito de vê-las declaradas por
sentença (Art. 136);
* O requerimento deverá ser autuado em separado e publicado por edital com
prazo de 30 dias, no órgão oficial e pelos jornais de grande liquidação (Art. 137);
* Dentro do prazo do edital qualquer credor poderá opor-se ao pedido do falido
(Art. 137, § 1º);
* Findo o prazo, havendo oposição o juiz ouvirá falido e Ministério Público e
proferirá sentença (Art. 137, § 2º);
* Se o requerimento for anterior ao encerramento da falência (Art. 135, I) o
juiz ao declarar extintas as obrigações encerrará a falência (Art. 137, § 3º);
* Da sentença cabe apelação (Art. 137, § 4º);
* Julgada a decisão os autos serão apensados aos da falência (Art. 137, §
5º);
* Sentença que declarar extintas as obrigações, será publicada por edital e
comunicada a todos os funcionários e entidades avisadas pela falência (Art. 137, §
6º);
* Com a sentença declaratória da extinção das obrigações fica o falido
autorizado a exercer o comércio (Art. 138).
94
CONCORDATA
CONCORDATA - Latim Concordatus, Concordare – acordo, convenção,
tratado.
Conceito – É o favor legal pelo qual o devedor propõe em juízo uma forma de
pagamento a seus credores, a fim de que, concedida pelo juiz, evite ou suspenda a
falência.
* Espécies de Concordata – Art. 139
Preventiva – Requerida antes da falência, evitando-a
Suspensiva – Requerida após a falência, fazendo cessar seus efeitos.
* Diferença entre Falência e Concordata
* Falência
1. Impõe restrições à liberdade do comerciante e lhes retira a administração
de seus bens;
2. Paralização da empresa, que só continuará a funcionar em condições
especiais.
95
* Concordata
1. Não impõe restrições à liberdade do empresário, que permanece na
administração de seus negócios;
2. Funcionamento da empresa não paraliza;
3. Sofre limitações somente à venda de imóveis e à transferência de seu
estabelecimento – Art. 149.
* Vantagens para o Concordatário
Evita a sua ruína e permite que ele possa permanecer nas suas atividades
mercantis, ou a elas voltar (suspensiva)
* Vantagens para os Credores
Possibilita o recebimento de seu crédito (total ou parcial), conforme prazo e
acrescidos de juros
* Modalidades de Concordata
1. Moratória ou Dilatória – Aquela em que o devedor propõe a seus
credores apenas uma dilação de prazo para o pagamento;
2. Remissória – devedor propõe uma remissão parcial dos débitos, ou seja,
um abatimento na quantia por ele devida a seus credores.
3. Mista – devedor conjuga as duas modalidades – dilação de prazo e
abatimento da dívida.
96
* Modalidades adotadas em nosso ordenamento Jjurídico – Art. 156
Dilatória, Remissória e Mista
50% - à vista; 60% - 6 meses; 75% - 12 meses; 90% - 18 meses, deverão ser
pagos pelo menos 2/5 no primeiro ano; 100% - 24 meses, deverão ser pagos pelo
menos 2/5 no primeiro ano.
* Impedidos de requerer concordata – Art. 140
* Embargos ao pedido de concordata – Art. 142
Prazo – 5 dias (preventiva) a contar do aviso do comissário – Art. 174, II
5 dias (suspensiva) a contar do edital do Art. 181
* Fundamento legal para os embargos – Art. 143
1. Impossibilidade de cumprimento da concordata;
2. Inexatidão de relatório laudo e informações do síndico ou do comissário
que facilite a concessão do pedido;
3. Qualquer ato de fraude ou má fé que influa na formação da concordata.
* Não havendo embargos – Art. 144
Decorrido o prazo para os embargos, será ouvido o Ministério Público, 5
(cinco) dias seguintes e a seguir os autos serão conclusos ao juiz que proferirá
sentença, concedendo ou negando a concordata.
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* Havendo embargos
1. Devedor em 48 horas poderá contestar, indicando provas - § único, Art.
144;
2. Juiz designará audiência – Art. 145
3. Sentença que conceder ou não a concordata – Recurso – Agravo de
Instrumento (embargantes ou devedor) – Art. 146
4. Concordata concedida obriga a todos os credores quirografários comerciais
e civis – Art. 147
Rescisão da Concordata – Art. 150
* Pode requerer rescisão da concordata qualquer credor – Art. 151
* Rescindida a concordata, prosseguirá a falência – Art. 152
* Pagos os credores e cumprida as obrigações assumidas, o devedor deve
requerer ao juiz que seja julgada cumprida a concordata – Art. 155
* Sentença que julgar cumprida a concordata – Recurso – Apelação (pelos
interessados) – Art. 155, § 3º.
* Sentença que não julgar cumprida a concordata – Recurso – Agravo de
Instrumento (concordatário) – Art. 155, § 3º.
98
CONCORDATA PREVENTIVA
* Formas de pagamento aos credores – Art. 156
* Representados no processo de concordata preventiva – Art. 157
1. Espólio do devedor – inventariante
2. Devedor interdito – curador
3. Sociedades anônimas – diretores
4. Demais sociedades – sócio que tiver qualidade da gerência da sociedade
5. Sociedades em liquidação – liquidante
* Além dos impedimentos do Art. 140, o devedor deve: Art. 158
1. Exercer o comércio há mais de 2 anos;
2. Ativo que corresponda a mais de 50% do passivo quirografário;
3. Não ser falido;
4. Não ter título protestado.
Requisitos para a inicial do pedido de concordata – Art. 159 e 160
* Escrivão fará autos conclusos ao juiz – Falência ou Concordata – Art.
161 e 162
* Juiz nomeará comissário – Art. 168
* Prazo para cumprimento da concordata – Art. 175 – inicia-se na data do
ingresso do pedido em juízo.
99
CONCORDATA SUSPENSIVA
* Suspensão da falência - Art. 177
* Devedor deverá oferecer aos credores quirografários:
35% - à vista
50% - à prazo que não poderá exceder 2 anos - devendo ser pago 2/5 no
primeiro ano
* Pedido deverá ser feito dentro dos 5 dias seguintes ao prazo para entrega
do relatório do síndico - Art. 178
* Pedido de concordata da sociedade depende de consentimento dos sócios
- Art. 179
* Verificando que o pedido está formulado nos termos da lei, juiz publicará por
edital e marcará o prazo de 05 (cinco) dias para os credores oporem embargos à
concordata - Art. 181
* Negada a concordata, o síndico publicará aviso para iniciar a realização do
ativo e pagamento do passivo - Art. 182
* Para a venda de determinados bens, o juiz pode permitir que se aguarde o
julgamento do Agravo - Art. 182, § único.
* Concedida a concordata os bens arrecadados serão entregues ao
concordatário - Art. 183
100
* Prazo para cumprimento da concordata, inicia-se na data da sentença,
devendo o concordatário em 30 dias cumprir determinadas obrigações - Art. 183, §
único
1. pagar os encargos e dívidas da massa e os créditos com privilégio geral;
2. exibir prova de quitações do Art. 174, I;
3. pagar a porcentagem devida aos credores quirografários se a concordata
for à vista
* O falido que não pedir concordata suspensiva dentro do prazo, poderá pedi-
la a qualquer tempo, não interrompendo a realização do ativo e pagamento do
passivo - Art. 185
101
CRIMES FALIMENTARES – Art. 186
* Crimes de natureza econômica
Condição – Devedor comerciante;
Sentença declaratória da falência;
Ocorrência de atos e fatos enumerados na Lei Falimentar.
Sujeito Ativo – Comerciante;
Outras pessoas (síndico, escrivão, etc).
Classificação dos Crimes Falimentares
Próprios – Praticados pelo falido;
Impróprios – Praticados por terceiros como o síndico, contador, etc.
Pré-falimentares – Praticados antes da declaração da falência;
Pós-falimentares – Praticados após a declaração da falência.
Sanções Penais – Detenção
Reclusão.
102
Detenção – pena restritiva da liberdade, admitindo Sursis – livramento
condicional – 6 meses a 3 anos – Art. 186.
Reclusão – pena restritiva da liberdade, excepcionalmente admite Sursis – 1
ano a 4 anos – Arts. 187 e 188.
Crimes Falimentares Imputados a Terceiros
Reclusão – 1 ano a 3 anos – Art. 189;
Detenção – 1 ano a 2 anos – Art. 190.
Falência das Sociedades – são equiparados ao falido seus diretores,
administradores, gerentes ou liquidantes – Art. 191.
103
INTERVENÇÃO E LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DAS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Lei nº 6.024, de 13 de março de 1.974
Instituições Financeiras – Privadas e Públicas não federais
Cooperativas de Crédito
INTERVENÇÃO - Art. 2º
É uma medida administrativa, que objetiva sanar as dificuldades materiais da
empresa
1. Entidade sofrer prejuizo, de má administração;
2. Infrações a dispositivos da legislação bancária;
3. Hipóteses de correr qualquer dos fatos dos Arts. 1º e 2º da Lei de Falências
* Decretação ex-officio pelo Banco Central do Brasil ou por qualquer administrador da
instituição de acordo com o estatuto – Art. 3º
* Prazo – Não superior a 6 meses, prorrogado por mais 6 meses – Art. 4º
* Interventor – Nomeado pelo Banco Central – Art. 5º
104
* Efeitos da Intervenção – Art. 6º
1. Suspensão das exigibilidades das obrigações vencidas;
2. Suspensão das obrigações vincendas contraídas;
3. Inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação
* Cessará a Intervenção – Art. 7º
1. Interessados, apresentarem condições de garantia ao Banco Central;
2. Quando a situação da entidade houver se normalizado (critério do Banco
Central);
3. Decretada liquidação extrajudicial ou falência da entidade
Processo de Intervenção
* Nomeação do Interventor, mediante termo lavrado no Diário da entidade ou
qualquer livro que o substituir – Art. 8º
* Funções do Interventor – Art. 9º
1. Arrecadar os livros da entidade e documentos de interesse da
administração;
2. Levantar balanço e inventário dos livros, documentos, dinheiro.
105
* Administradores deverão entregar ao interventor em 5 dias –
declaração assinada em que conste: Art. 10
1. Qualificação dos administradores e membros do conselho fiscal;
2. Mandatos outorgados em nome da instituição;
3. Bens imóveis e móveis que estiverem fora do estabelecimento;
4. Participação que cada administrador ou conselheiro tenha em outras
sociedades.
* Interventor em 60 dias apresentará ao Banco Central relatório – Art. 11
1. Exame da escrituração e situação econômico financeira da instituição;
2. Indicação dos atos e omissões danosos que tenha verificado;
3. Proposta de providências convenientes a instituição.
* Após a apresentação do relatório ou da proposta do Interventor o
Banco Central poderá – Art. 12
1. Determinar a cessação da intervenção;
2. Manter a Instituição sob Intervenção, até serem eliminadas as
irregularidades;
3. Decretar a liquidação extrajudicial;
4. Autorizar o interventor a requerer a falência da entidade
* Interventor prestará contas ao Banco Central, no momento em que
deixar suas funções ou a qualquer tempo – responderá civil e criminalmente – Art.
14
106
LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL
É um processo de natureza administrativa que visa à extinção da empresa
insolvente
* Será decretada: Art. 15
1. Ex-officio;
2. Requerimento dos administradores da instituição.
* Executada por liquidante, nomeado pelo Banco Central – Art. 16
* Atos, documentos e publicações será usada a expressão “Em
liquidação Extrajudicial” em seguida a denominação da sociedade – Art. 17
* Será aplicado ao processo de liquidação o disposto no processo de
intervenção – Art. 20
* Liquidante apresentará relatório ou proposta e o Banco Central
poderá: Art. 21
1. Prosseguir a liquidação;
2. Requerer falência da entidade.
* Prosseguimento – liquidante mandará publicar no DOU e jornais de grande
circulação aviso aos credores para declararem seus créditos – Art. 22
* Prazo – 20 à 40 dias - § 1º, Art. 22
* Liquidante organizará quadro geral de credores e publicará – Art. 25
* Será feita a realização do ativo segundo escolha do liquidante – Art. 31
107
* Pagamento do passivo e prestação de contas do liquidante ao Banco
Central
* Liquidante responderá civil e criminalmente por seus atos – Art. 33
* Liquidante é equiparado ao síndico na falência – Art. 34
108
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Amador Paes de – Curso de falência e concordata, São Paulo,
Saraiva.
ABRÃO, Nelson – Curso de direito falimentar, São Paulo, Revista dos
Tribunais.
------------------------ O novo direito falimentar, São Paulo, Revista dos
Tribunais.
MIRANDA, Maria Bernadete – A reorganização da empresa como objetivo
principal do processo falimentar, Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 1993.
REQUIÃO, Rubens – Curso de direito falimentar, São Paulo, Saraiva.
ROQUE, Sebastião José – Direito falimentar, São Paulo, Ícone.
TZIRULNIK, Luiz – Direito falimentar, São Paulo, Revista dos Tribunais.
Código Comercial - Decreto- lei nº 7.661/45
Projeto de Lei nº 4.376/93