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P P r r o o f f a a . . E E M M E E L L I I A A R R A A Ú Ú J J O O FARMACOTÉCNICA

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FARMACOTÉCNICA

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BIBLIOGRAFIA

TECNOLOGIA FARMACÊUTICA. Nogueira Prista. Vol 1,2,3. 6ª. Ed. Fundação

Calouste Gulbenkian

FARMACOPEIA Brasileira 3 ed, 4 ed. (fascículos 6). São Paulo: Andrei, 2004.

MANUAL DE CÁLCULOS FARMACÊUTICOS. Howard Ansel. Artmed Editora. 2005

A TEORIA E PRÁTICA NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA. Lachmann, L; Lieberman,

H.A.; Kaning, J.L. Fundação Calouste Gulbenkian/Lisboa. Vol. 1 e 2 . 2001.

REMINGTON: CIÊNCIA E PRÁTICA NA FARMÁCIA. Genaro, A. 20 ed. Guanabara,

2000.

NOÇÕES DE FARMÁCIA GALÊNICA. Le Hir, A. 6a ed. São Paulo: Organização Andrei,

1997.

DELINEAMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS. Michael E. Aulton. Artmed editora.

2a. edição.

FARMACOTÉCNICA COMPACTA. Eric S. Gil. Ed.Pharmabooks

INCOMPATIBILIDADES FARMACOTÉCNICAS NA FARMÁCIA MAGISTRAL. 1ª. Ed.

2006. Luiz Carlos Cavalcanti. Pharmabooks.

PRÁTICA FARMACÊUTICA NA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS. Judith

Thompson. 1ª. Ed. Artmed. 2006.

GUIA PRÁTICO NA FARMÁCIA MAGISTRAL. Ferreira, Anderson de Oliveira.

FARMACOTÉCNICA - FORMAS FARMACÊUTICAS & SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE

FÁRMACOS. Ansel, Howard C. 8a ed. 2007 São Paulo: Artmed

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FFAARRMMAACCOOTTÉÉCCNNIICCAA POSIÇÃO DA FARMACOTÉCNICA ENTRE AS CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

• Farmacognosia – estuda a conservação e identificação de substâncias originadas do reino vegetal.

• Quimica farmacêutica – estuda as substâncias químicas de emprego na área de saúde.

• Farmacologia – estuda a ação dos fármacos no organismo. • FARMACOTÉCNICA – a disciplina que trata de preparação do medicamento, dando

uma forma farmacêutica definida .

FÁRMACO Deriva do grego PHARMAKON = medicamento ou veneno - depende da dose FARMACOTÉCNICA : FÁRMACO – Fórmula farmacêutica + OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS = Forma farmacêutica MEDICAMENTO x REMÉDIO MEDICAMENTO: toda preparação farmacêutica contendo um ou mais fármacos, destinada ao diagnóstico, prevenção ou tratamento das doenças e seus sintomas. Atendem a especificações técnicas. REMÉDIO: emprego mais amplo e geral, sendo aplicado para todos os meios usados com o fim de prevenir ou de curar doenças. Medicamento - Classificação:

Alopáticos X Homeopáticos • Medicamento homeopático: toda preparação farmacêutica preparada segundo os

compêndios homeopáticos reconhecidos internacionalmente, obtida pelo método de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas, para ser usada segundo a lei dos semelhantes de forma preventiva e/ou terapêutica.

• Podemos resumir a homeopatia como a "cura pelo semelhante", • Medicamento alopático:

• Medicamento feito de acordo com as técnicas farmacotécnicas. Podemos resumir a alopatia como a "cura pelo contrário", ou seja, o medicamento causa um efeito contrário à doença, melhorando-a ou curando-a. É um medicamento de ação contrária à homeopatia.

Especialidade Farmacêutica

Produto oriundo da indústria farmacêutica com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e disponível no mercado.

Medicamento Extemporâneo

Reconstituição

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Oficinais X Magistrais • Preparação magistral: é aquela preparada na farmácia, a partir de uma prescrição de

profissional habilitado, destinada a um paciente individualizado, e que estabeleça em detalhes sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar.

• Preparação oficinal: é aquela preparada na farmácia, cuja fórmula esteja inscrita no Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA • Histórico da Farmacopéia Brasileira

• 1ª ed. Publicada em 1926. • Equiparava-se às farmacopéias dos países tecnologicamente

desenvolvidos, • Diferenciava-se das demais por já conter descrições de mais de 200

plantas medicinais, a maioria delas de origem brasileira. • 2ª ed. Publicada em 1959. • 3ª ed. Publicada em 1976. • 4ª ed. Publicada em 1988

• Atualizada por vários fascículos até 2005. • 5ª ed. Publicada em dezembro de 2010.

LEGISLAÇÃO

Boas Práticas de Manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácia. RDC 67/2007 e Alguns itens RDC 87/2008 Revogou: RDC 214/2006 RE 354/2003 RDC 33/2000

Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. RDC 17/2010 Revogou: RDC 210/2003

FÓRMULA FARMACÊUTICA É relação dos componentes que entram na composição dos medicamentos, com seu peso e volume definido.

PÓ LÍQUIDO SOLUÇÃO

PÓ LÍQUIDO SUSPENSÃO

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COMPONENTES

Princípio ativo Ou base medicamentosa. Que promove a ação terapêutica

Coadjuvante técnico Adicionado ao medicamento para dar estabilidade ao mesmo.

Corretivos São utilizados para melhorar o sabor, visual.

Veículo Substância, geralmente líquida, na qual estão dissolvidos, emulsionados ou suspensos os princípios ativos da fórmula farmacêutica.

Excipiente Substâncias inertes adicionadas para dar tamanho e peso a forma farmacêutica (ex: comprimidos, cápsulas).

FORMA FARMACÊUTICA

É o estado final que os fármacos apresentam depois de submetidos às operações farmacêuticas, necessárias a fim de facilitar a sua administração no organismo. CRITÉRIO DE ESCOLHA: Deve assegurar ao medicamento o máximo de efeito terapêutico com o mínimo de efeitos colaterais de acordo com o tipo de paciente.

CLASSIFICAÇÃO Líquidas Sólidas Gasosos Semi sólidos

FORMAS FARMACÊUTICAS:

Hidróleos (soluções)

Alcoóleos

Sacaróleos (xaropes)

Dispersões coloidais

Suspensões

Gel

Emulsões

Pomadas

Supositórios

Pós

Granulados

Comprimidos

Comprimidos revestidos

Drágeas

Cápsulas.

Aerossóis Produtos estéreis:

Injetáveis Oftálmicos

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SSOOLLUUÇÇÕÕEESS MMEEDDIICCAAMMEENNTTOOSSAASS Sistema homogêneo = SOLUÇÕES VERDADEIRAS Sistema heterogêneo = SISTEMA BIFÁSICO

Soluto + solvente = afinidade “Semelhante dissolve semelhante”

• Ligação dipolo-dipolo ou de Van der Waals

• Íon dipolo

• Pontes de H (O, N, F)

– Dissolver: Soluto-soluto soluto-solvente

• A velocidade de dissolução depende de:

– Tamanho das partículas – Grau de agitação – Temperatura

• Vantagens do uso de soluções como forma farmacêutica oral

• Líquidos são mais facilmente deglutidos • Resposta terapêutica mais rápida – fármaco já solubilizado • Sistema homogêneo – fármaco uniformemente distribuído

• Desvantagens do uso de soluções como forma farmacêutica oral

• Líquidos são volumosos – transporte e estocagem • Instabilidade em solução • Meio propício para o crescimento de microorganismos • Imprecisão da dose (gotas, colher...) • Sabor desagradável

• Tipos de soluções:

• Alcoóleos • Hidróleos

SólidoLíquido Solução

Líquido Líquido Solução

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• Sacaróleos

ALCOÓLEOS • Preparações líquidas cujo veículo, único e principal, é o álcool etílico de graduação

diversa. • Obtidos por dissolução simples ou dissolução extrativa de produtos sintéticos ou

naturais.

Obtidos por dissolução simples • Alcoolitos

• Dissolução simples e total das substâncias. Ex: sol. alcoólica de cânfora

• Elixires

• Edulcoradas com açúcar ou sacarina ou glicerol. • Dissolução do P. A. no álcool (15° a 50°) + xarope ou sol sacarose +

glicerina (viscosidade). • Ex: Elixir simplesTinturas

Obtidos por dissolução extrativa

• Tinturas • Alcoolaturas

HIDRÓLEOS • Água • Como aumentar a solubilidade em água?

• Co-solvente • Controle de pH • Tensoativos • Inclusão do fármaco em sistemas de liberação – Lipossoma, Ciclodextrina • Modificações químicas • Tamanho da partícula

• Ácidos e bases fracas não são muito solúveis em água.

– Bases fracas: solúvel em solução diluída de ácidos. Ex: alcalóides (atropina, codeína, morfina), anti-histamínicos (difenilhidramina), anestésico local (procaína)

– Ácidos fracos: barbituratos (fenobarbital), sulfonamidas (sulfadiazina). Em pH baixo precipitam.

Adjuvantes da formulação de soluções

Tampões

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Agentes modificadores de densidade – anestesia raquidiana Agentes isotonizantes – injetáveis, oftálmicos Aumento da viscosidade Conservantes Antioxidantes Agentes edulcorantes Aromatizantes e essências Corantes

PAPILAS GUSTATIVAS

Química do sabor

Sabor Propriedade química

Ácido H+

Salgado Presença simultanea de cations e anions (kcl, nacl)

Amargo Sais de elevado peso molecular (orgânicos e inorgânicos) – sulfato de sódio é salgado também

Doce Compostos polihidroxilados

Picante Insaturações (vit A)

Gelado Energia de dissolução negativa, baixo ponto de fusão, compostos fenólicos hidroxilados

Quente Irritantes locais

Adstringente Coagulação de proteínas (taninos, alúmen, sais de zinco – fitoterápicos, extratos fluidos e tinturas)

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Química do odor

Odor Propriedade química

Frutado Ésteres, lactonas

Agradável Cetonas (“preenchimento”: sorbitol, manitol

Canforáceo Carbono terciário (mentol, cânfora, terpenos)

Aromas básicos

Gosto do produto Aromatizante adequado

Adocicado Baunilha, frutas, uva, tuti-fruti, frutas silvestres

Ácido Frutas cítricas, cereja, framboesa

Salgado Amêndoas, creme, creme de licor

Amargo Anis, café, chocolate, menta, cereja, pêssego, laranja, limão, frutas silvestres

Oleoso Menta, anis, hortelã

Metálico Frutas silvestres, menta, uva, creme

Recomendação para aroma e sabor

Antibióticos Cereja, laranja, framboesa, banana, abacaxi, banana+baunilha, coco, morango

(+baunilha), cítricos

Anti-histamínicos Damasco, groselha, cereja, uva, mel, lima, pêssego, laranja

Barbitúricos Banana (+baunilha), abacaxi (+baunilha)

Expectorantes, descongestionantes

Anis, damasco, cassis, groselha, cereja, coco, framboesa, tangerina

Eletrólitos Cereja, uva, lima-limão, framboesa

Produtos geriátricos Cassis, morango, lima, morango silvestre

XAROPES • São preparações farmacêuticas aquosas, límpidas, que contém açúcar, como a

sacarose, em concentração próxima a saturação.

• Farmacopéia Brasileira IV ed: “São soluções aquosas concentradas de sacarose ou outros açúcares. Quando não se destinam ao uso imediato, deverão ser adicionados de conservantes antimicrobianos autorizados.”

• Vantagens dos Xaropes

Forma Farmacêutica de fácil aceitação e administração; Baixo custo;

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Boa conservação: meio hipertônico; Viscosidade; Desempenha função edulcorante (disfarça o sabor de s.a – iodetos,

brometos, cloretos) e conservante

• Desvantagens Meio nutritivo: diluição – propagação de m.o. Indução de resposta insulínica (glicogênicos) Aporte calórico; Cariogênico; Instabilidade peculiar de uma solução saturada.

Componentes:

• Sacarose – Cana-de-açúcar – Beterraba

• Na forma pura apresenta-se em cristais doces e higroscópicos • Sacarose grau USP = 40% mais cara • Solubilidade

– Em água 1g para 0,5mL (frio) – Em álcool: 1g para 170mL – Outros

– açúcar cristalino (95% - produtos da cana), refinado (99,5% - farinha de osso de boi, carbonatos de cálcio)

• Substâncias mais doces que a sacarose: – Glicirrizina (heterosídeo) – Sorbitol – Frutose (1,73x) – Outras substâncias glicogênicas: dextrose, sorbitol, glicerina, propilenoglicol.

• Edulcorantes artificiais: – Sacarina, ciclamato, aspartame (200x)

Produto natural: Stevia rebandiana (300x) – diabéticos • Pode conter:

– água purificada – flavorizantes (vanilina, óleo de laranja) – corantes – aromatizantes – antioxidante – Conservantes (ác. Sórbico, benzoato de sódio, parabenos – metil, propil, etil,

butil, benzil -, ácido benzóico, glicerina 30%) – Substâncias ativas hidrossolúveis.

Possui pouco ou nenhuma quantidade de álcool Xarope não é um solvente

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Classificação • Simples - veículo – oficinal. • Compostos - são preparados em sua maioria usando o xarope simples como veículo.

Contém uma ou várias substâncias ativas.

• Preparação dos Xaropes Operações: dissolução, filtração.

– A frio – A quente

• A frio

– Agitação – misturar açúcar e água. Agitador mecânico. • Vantagens:

– Xarope claro – Hidrólise da sacarose reduzida.

• Desvantagens: – Não elimina CO2, microorganismos (aspergillus e penicilium); – Processo lento.

A quente

– 80oC (balão fechado, banho-maria)

• Vantagens: – Elimina CO2, microorganismos – Processo rápido. – Aumenta a velocidade de dissolução.

• Desvantagens:

– Xaropes amarelados – Hidrólise da sacarose

• Sacarose é um dissacarídeo, e pode ser hidrolisada em dextrose (glicose) e frutose (levulose). A hidrólise chama-se inversão, e a combinação dos dois monossacarídeos é o açúcar invertido. Este é mais doce que a sacarose, e o xarope escurece. Quando o xarope é superaquecido, torna-se âmbar, devido à caramelização da sacarose. Estes são mais susceptíveis aos microorganismos.

O XAROPE SIMPLES

Farm. Bras. II ed.

d = 1,32 g/mL 15-20oC (1,31 - 1,33) d = m / v

Sacarose------------------------- 850 g

Água destilada-----qsp------- 1000 ml

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Viscosidade: 190 cps a 20oC Aerômetro de Baumé Ajuste da densidade: Diluição A = 0,033 x S x D A = quantidade de água a adicionar S = peso do xrp aquecido D = número de graus Baumé em excesso, sobre 35oBe (densidade igual a 1,32) Concentração – cozedura

• Xarope muito saturado (sem pequeno excesso de água) – em condições frias de armazenagem uma parte da sacarose se cristalizaria – desenvolvimento m.o.

– Filtração final – papel chardin, filtros de taylor, algodão, resinas poliacrílicas • Filtros millipore (sob pressão) - esterelizar

– Embalagem: Vidro, plástico • Frasco âmbar – depende da s.a.

Contaminação – causas: • Frasco mal fechado (evaporação da água) • Variação da temperatura.

Xaropes artificiais • Não glicogênicos

• Uso por diabéticos • Componentes:

• Sacarina sódica, arpartame, frutose, ciclamato. • Hidrogéis (dispersões coloidais) de polímeros como metilcelulose,

hidroxietilcelulose, carboximetilcelulose sódica, alginato de sódio, goma arábica, goma adraganta, glicerina

Xarope com CMC sódica CMC Na ................1g H2O purif. Qsp .....100,0mL Xarope com Metilcelulose Metilcelulose .................1g H2O purif. Qsp .....100,0mL

• Xarope de sucos • Melito (d= 1,32 a 15oC)

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DDIISSPPEERRSSÃÃOO CCOOLLOOIIDDAALL Sistema homogêneo Sólido + Líquido (Soluções verdadeiras) Sistema heterogêneo (2 fases: dispersa e dispersante)

Suspensões disp. Coloidais solução

Tipo Dimensões de partícula

Solução verdadeira 0,001 m (10-7 cm) Solução coloidal 0,1 m a 0,001 m (100 nm a 1 nm) Emulsão > 0,1 m Suspensão > 0,1 m

Tabela 1: Sistemas dispersos (adaptado de Prista, L.N. et al., 4ªed., p.1010)

Colóide = do grego "kolla" (goma) + "eidos" (forma)

Graham (1861) estudou as propriedades e dividiu as substâncias em "colóides" e "cristalóides"

Hoje sabemos que não existe essa distinção já que a mesma substância pode apresentar-se no estado coloidal ou cristalizado

Solução (verdadeira): misturas homogêneas

soluto (menor quantidade) X solvente (maior quantidade) Características dos solutos numa solução:

São átomos, íons ou moléculas pequenas. Possuem diâmetro menor que 1 nm. Não sofrem sedimentação. Não podem ser separadas do solvente por filtração ou ser observadas em

solução por nenhum aparelho conhecido. Exemplo: sal de cozinha em água. Dispersão Grosseira (ou Suspensões): misturas heterogêneas

disperso (menor quantidade) X dispergente (maior quantidade) Características das partículas do disperso na suspensão:

São grandes agregados de átomos, íons ou moléculas ou até agregados de macromoléculas ou macroíons.

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Possuem diâmetro maior que 100 nm. Sofrem sedimentação pela ação da gravidade ou pelo uso de uma centrífuga

comum. Podem ser separadas do dispergente por filtração comum. Podem ser vistas a olho nu ou através de um microscópio óptico.

Exemplo: Suspensões farmacêuticas. Dispersão Coloidal: misturas heterogêneas

disperso (menor quantidade) X dispergente (maior quantidade) Características das partículas do disperso numa dispersão coloidal:

São agregados de átomos, íons ou moléculas, ou ainda macromoléculas ou macroíons.

O diâmetro das partículas do disperso fica entre 1 - 100 nm. Podem sofrer sedimentação pela ação de uma ultracentrífuga. Podem ser separadas do dispergente através de um ultrafiltro. Podem ser observadas em um ultramicroscópio.

Exemplo: gelatina em água

Propriedades de uma dispersão coloidal 1. Movimento Browniano: É resultante dos choques das partículas da fase externa (líquido ou gasoso) com as partículas da fase interna (disperso). As partículas dispersas adquirem um movimento ininterrupto que pode ser observado ao ultramicroscópio. 2. Efeito Tyndall: É um efeito óptico de espalhamento ou dispersão da luz, provocado pelas partículas de uma dispersão coloidal. O efeito Tyndall é o que torna possível, por exemplo, observar as partículas de poeira suspensas no ar através de uma réstia de luz, ou, ainda, observar as gotículas de água que formam a neblina através do farol do carro.

3. Carga Elétrica Como normalmente todas as partículas do disperso de uma dispersão coloidal apresentam a mesma carga elétrica, elas ficam em suspensão, devido à repulsão elétrica contínua. A carga elétrica das partículas do disperso depende diretamente da quantidade de cátions ou de ânions presentes no sistema.

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Classificação dos colóides De acordo com o estado físico dos componentes:

Disperso (fase interna)

Dispersante (fase externa)

Nome Particular Exemplo

Sólido Sólido Pedras preciosas

Sólido Líquido SOL Gelatina, goma-arábica

Sólido Gás Aerossol Fumaças em geral.

Líquido Sólido GEL Geléias em geral

Líquido Líquido emulsão leite

Líquido Gás Aerossol Neblina, nuvens, spray de inseticida ou perfume no ar.

Gás Sólido Ar no interior de pedra-pomes.

Gás Líquido Espuma espuma de sabão, chantilly

Gás Gás Não existe solução coloidal

De acordo com a afinidade entre as fases: Dispersão coloidal liofílica:

lyo (dissolver) e philo (amigo) = grande afinidade entre as fases. Quando o dispergente for a água, a dispersão coloidal é denominada hidrófila.

Devido à afinidade entre as partículas do disperso e a do dispergente, ocorre uma

adsorção ou fixação das partículas do dispergente na superfície das partículas do disperso, formando uma película protetora que é denominada camada de solvatação.

A camada de solvatação permite que as partículas do disperso fiquem isoladas umas das outras. Com isso é possível transformar a dispersão coloidal em sol ou em gel, conforme se adicione ou se retire dispergente. É por isso que esses colóides são ditos reversíveis.

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Dispersão coloidal liófoba: lyo (dissolver) e phóbos (aversão) = praticamente não existe afinidade Se a fase dispergente for a água, a dispersão coloidal é denominada hidrófoba.

A passagem de gel a sol é muito difícil e esse tipo de colóide é mais instável à adição de uma das fases.

Exemplos: Al(OH)3 em água, AgCl em água. Estabilidade dos colóides

Uma solução coloidal é um tanto mais estável quanto mais demorada for a precipitação das partículas coloidais.

As partículas coloidais têm dimensões muito reduzidas e, por isso, a ação gravitacional exercida sobre elas não é suficiente para provocar, por si só, a separação das fases.

A adsorção do dispersante à leva a formação de uma película de moléculas do dispersante em torno da partícula coloidal, que é denominada camada de solvatação, a qual evita contato direto entre as partículas coloidais e, consequentemente, sua aglomeração e precipitação.

1. Estabilidade dos soles liofílicos

Os colóides liofílicos possuem cargas positiva, negativa ou ambas. Muitos produtos naturais utilizados em Farmácia possuem carga negativa pois apresentam em sua estrutura grupamentos carboxílicos ou sulfúricos.

Camada de solvatação dá estabilidade extra aos colóides liofílicos.

As proteínas têm características anfotéricas. Dependendo do meio, comportam-se como ácidos ou bases. O ponto isoelétrico é o pH no qual se tem o máximo de moléculas eletricamente neutras. A esse pH o potencial zeta é igual a zero (colóide com mínima estabilidade e viscosidade).

A junção de dois colóides liofílicos de carga contrária pode provocar a sua coagulação mútua.

2. Estabilidade dos soles liófobos:

2.1 Adsorção de íons: A superfície do colóide liófobo permite a adsorção de íons e, assim, repelem-se entre

si evitando agregações e precipitações. Ganha potencial zeta (eletrocinético) - quanto maior a quantidade de íons

adsorvidos, maior o , e maior será sua estabilidade coloidal

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2.2 Colóide protetor: Para aumentar a estabilidade de uma dispersão coloidal liófoba, podemos adicionar um colóide protetor, ou seja, uma dispersão coloidal liofílica de mesmo sinal, que agiria como uma camada de solvatação (desde que não haja reação entre eles).

Preparação de dispersões coloidais Os colóides liofílicos são moléculas de alto PM como a gelatina, as albuminas, as

gomas, o amido, os alginatos, a CMC, a metilcelulose, o carbopol, etc. Em geral, não são empregados como agentes medicamentosos, mas apenas favorecem a preparação de vários medicamentos.

Os colóides liófobos são mais empregados como substâncias dotadas de atividades farmacológica e, na sua preparação pode ser exigida alguma técnica especial.

São dois os processos de obtenção de dispersões coloidais: dispersão e condensação. 1. Métodos de dispersão:

Consiste em fragmentar as partículas do disperso até que atinjam o diâmetro entre 1 nm e 100 nm.

Arco Voltaico , Moinho Coloidal

2. Métodos de condensação: É um processo inverso ao da fragmentação. Consiste em aglomerar partículas de

dimensões inferiores a 1 nm até que elas atinjam o tamanho característico das partículas que formam uma dispersão coloidal, o que pode ser feito através de Mudança de Dispergente ou Reação Química.

Mudança de Dispergente Reação Química

Exemplos

Dispersão coloidal contendo isótopos radioativos com fins terapêuticos ou de diagnóstico. Radiocolóides.

Enxofre coloidal + sulfeto de tecnécio + gelatina

Ouro coloidal+ + sulfeto de tecnécio + gelatina

Sulfureto de antimônio coloidal + sulfeto de tecnécio + PVP

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SSUUSSPPEENNSSÕÕEESS DEFINIÇÃO Sistema heterogêneo termodinamicamente desfavorável onde a fase externa é um líquido

ou semi sólido e fase interna ou dispersa é um sólido, insolúvel na primeira. (0,1 a 100) USOS- Oral Tópico Parenteral Extemporâneo Oftálmico RAZOES PARA O USO DE SUSPENSÕES ORAIS

Algumas substâncias são quimicamente instáveis em solução, porém estáveis em suspensão. Ex: antibióticos

Facilidade de deglutição e flexibilidade da administração de diferentes doses – lactentes, idosos, crianças.

Correção organoléptica. (ex: palmitato de cloranfenicol – insolúvel em água). O flavorizante pode ser escolhido baseando-se na sua qualidade de palatabilidade, e não na sua capacidade de mascarar sabores desagradáveis.

CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS NUMA SUSPENSÃO FARMACÊUTICA

Eficácia Terapêutica, estabilidade química dos componentes, durabilidade do preparado, boa aparência;

Uma boa suspensão deve sedimentar lentamente e voltar a dispersar-se com agitação suave do recipiente;

As características da suspensão devem ser tais que o tamanho das partículas dispersas permaneça constante por longos períodos de repouso;

A suspensão deve escoar com rapidez e uniformidade do recipiente (comportamento tixotrópico).

PROPRIEDADES Por serem sistemas termodinamicamente instáveis, busca-se reduzir a energia livre

a eles associadas formando agregados ou floculando. PARÂMETROS FÍSICO- QUÍMICOS

1- velocidade de sedimentação 2- crescimento de cristais 3- redispersibilidade

FLOCULAÇÃO X SEDIMENTAÇÃO A floculação ocorre quando o sólido não é molhado de forma adequada pelo líquido

dispersante.

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ÂNGULO DE CONTATO:

Molhabilidade total pode ser obtida pela redução da tensão interfacial sólido/líquido. -uso de agentes molhantes -devem se concentrar na na intersuperfície -fácil difusão -EHL entre 6-9 (lipofílcos geram emulsões O/A) Entre os mais usados temos: Polissorbatos Lauril sulfato de sódio SEDIMENTAÇÃO - ação da gravidade - influencia da viscosidade do meio - densidade da partícula em relação ao agente dispersante Lei de stockes:

Densidade da partícula for menor q a dlíq= flutua REDUÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS Trituração a seco:

micropulverização (trituradores alta rotação, atrito ou impacto) – - orais e tópicas

– abrasão por jato ou micronização – parenterais e oftálmicas

Spray drying No comércio – produtos micronizados AUMENTO DA VISCOSIDADE DO MEIO

Suspensões extremamente floculadas – partículas depositam-se muito rápido.

Aumento da viscosidade da fase dispersante retardando a floculação

Devem ser usados em pequenas concentrações

Devem ser farmacologicamente inertes (Uso oral ou em injetáveis)

molhabilidade boa

> 90o

molhabilidade ruim

V=2r2 (d1-d2) g

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g=graviader=raio d1=densidade da fase dispersa

d2=densiade da fase dispersante

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Agentes suspensores para suspensões aquosas: alginatos, carbopol, carboximetilcelulose, metilcelulose, celulose microcristalina, polivinil pirrolidona, goma xantana, goma arábica, hidróxido de alumínio, silicato de alumínio (aerosil. bentonita, hectorita)

Para suspensões oleosas: monoestearato de alumínio, cera, lanolina.

Obs: Materiais com características tixotrópicas.

Colóides hidrófilos – podem tornar alguns fármacos indisponíveis ou retardar a disponibilidade.

PROBLEMAS DAS SUSPENSÕES CRESCIMENTO DE CRISTAIS -substâncias parcialmente solúveis -coeficiente de solubilidade -variações de temperatura -polimorfismo substâncias amorfas -grau de divisão Para evitar: adicionar agente molhante – dimunui a tensão superficial e diminui as diferenças de solubilidade. REDISPERSIBILIDADE Influencia das cargas elétricas na homogeniedade da suspensão; -floculação x defloculação Depende das interações entre as partículas suspensas A floculação ocorre devido a baixa do potencial zeta A defloculação ocorre por ação da gravidade, e um elevado valor de potencial zeta. Propriedades de partículas floculadas e defloculadas numa suspensão

Defloculadas (“caking”) Floculadas

As partículas existem como entidades separadas

As partículas formam agregados

A velocidade de sedimentação é lenta A velocidade de sedimentação é rápida

Freqüentemente o sedimento não se dispersa com facilidade

O sedimento é fácil de dispersar

A suspensão mantém-se mais tempo com bom aspecto, o sobrenadante permanece sempre turvo

A suspensão desfaz-se mais rapidamente e o sobrenadante é límpido

Potencial zeta O potencial zeta das partículas é definido pelas cargas elétricas nelas existentes

-cargas de superfície (grupos ionizáveis) -adsorção de íons; rodeamento total ou parcial Potencial zeta elevado- particulas com pouca tendencia a flocular; tendencia a

formar aglomerados quando se sedimentam. Potencial zeta baixo- as partículas irão formar floculados redispersíveis – ligações

fracas.

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AVALIAÇÃO DO GRAU DE FLOCULAÇÃO SEDIMENTAÇÃO EM PROVETA GRADUADA -MIGRAÇÃO DA PARTÍCULA EM CÉLULA DE MICRO ELETROFORESE (POTENCIAL ZETA)

Maior a velocidade maior o potencial zeta Para evitar aglomerados (coesão rígida): formação intencional de agregado com força menor de coesão: floculação. Sedimento mais volumoso, alto e solto. Agentes floculantes: Argilas: magma de bentonita (dão sustentação ao floco formado). Eletrólitos (redução da barreira elétrica (pot zeta) formação de pontes) – tensoativos iônicos e não iônicos.

PREPARAÇÃO DA SUSPENSÃO 1) Fase dispersa + Agente molhantes (álcool, glicerina) 2) Veículo / Fase dispersante (corantes, flavorizante, conservantes) 1 + 2 -divisão do material a se suspender Devem ter o menor tamanho possível Devem ser homogêneos A mistura dos componentes da suspensão pode ser realizada de forma eficiente por -homogeinizadores -moinhos coloidais -misturadores com barras de deflexão -ultrassom

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAGEM DAS SUSPENSÕES Recipientes de boca larga Proteger do congelamento, calor excessivo e luz Agitar antes do uso. ENSAIOS -Tamanho das Partículas

-Viscosidade -Potencial Zeta Exemplo de formulação Acetato de cortisona, microfino - 2,5% Polisorbato 80 (agente molhante) - 0,4% CMC de sódio (agente suspensor) - 0,5% Cloreto de sódio (isotonicidade) - 0,9% Álcool benzílico (conservante) - 0,9% Água para injetável qsp - 100,0%

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Suspensão oral: analgésicos (napsilato de propoxifeno), antiácidos (sais Al, Mg, simeticona), anti-helmínticos (tiabendazol), antibióticos(palmitato de cloranfenicol, cloridrato de tetraciclina), anticonvulsivos (primidona), antidiarréico (subsalicilato de bismuto), antiflatulência (simeticona), antifúngico (nistatina, griseofulvina), anti-hipertensivo (metildopa), antipsicótico (clorprotixeno), diurético (clorotiazida), AINES (indometacina) Uso extemporâneo: Sulfato de bário : contraste no exame radiográfico do tubo digestivo (opaco ao raio X) – insolúvel em água Sulfeto e sulfito – solúveis e venenosos Ampicilina, cefaclor, cefradina, cefalexina (Keflex), docloxacilina, eritromicina, Penicilina V.

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GGEELL Pele

• Penetração: região folicular, ductos sudoríparos ou através do estrato córneo • Fatores que influenciam a penetração na pele:

– Velocidade de difusão – Coeficiente água/lípido do fármaco – Tamanho da molécula – Condição da pele – Hidratação do EC

• Veículos: Gorduras e óleos Emulsões A/O Humectantes Pós Bases de parafina

• Agentes promotores: – Dimetilsulfóxido (DMSO), dimetilformamida, dimetilacetamida, uréia,

propilenoglicol, agentes tensioativos

Gel DEFINIÇÃO: Geles são sistemas semi-sólidos em que uma fase líquida está confinada dentro de

uma matriz polimérica tridimensional (gomas naturais ou sintéticas). “Rede tridimensional de partículas interligadas” Preparações com aspecto coloidal De acordo com a Farmacopéia Americana (USP), géis são sistemas semi-sólidos

constituídos por pequenas partículas inorgânicas em suspensão ou por grandes moléculas orgânicas interpenetradas por um líquido ( que geralmente é a água).

CARACTERÍSTICAS DOS GÉIS Utilizados em formulações farmacêuticas e cosméticas. São preparações OIL-FREE que não possuem substâncias graxas, não são oclusivas,

não comedogênicas e são laváveis. Ideais para peles oleosas ou acnéicas. Devem ser transparentes e brilhantes. Têm efeito emoliente, refrescante e são de secagem rápida

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Não apresentam penetração cutânea já que os excipientes são macromoléculas e não mostram afinidade pela pele.

CLASSIFICAÇÃO DOS GÉIS

• GÉIS INORGÂNICOS – são geralmente sistemas bifásicos como o gel de hidróxido de alumínio e o

magma de bentonita.

• GÉIS ORGÂNICOS – são sistemas monofásicos e podem incluir agentes gelificantes como os

carbopóis e os derivados de celulose. • CARBOPÓIS: Carbopol® • DERIVADOS DE CELULOSE: MC, CMC, HPMC, HPC, HEC.

Exemplos de agentes gelificantes

• Ácido algínico • Bentonita • Resinas carboméricas (Carbopol) • Carboximetilcelulose • Carboximetilcelulose sódica • Dióxido de silício coloidal • Gelatina • Silicato de alumínio-magnésio (Veegum) • Metilcelulose • Plastibase / Jelene • Poloxamer (Pluronic) • Alcool polivinílico • Povidona • Alginato de propilenoglicol • Alginato de sódio

Goma tragacanto HIDROXIETILCELULOSE Sinônimos: Natrosol ®, Cellosize ®

Polímero não iônico, solúvel em água Boa tolerância à eletrólitos, mas pode precipitar com soluções salinas (carbonato de

Na ou sulfato de Na) Pode ser usado com a maioria dos conservantes solúveis em água Estável na faixa de pH 4 - 8

DESVANTAGENS Necessita de aquecimento para gelificação (60 - 70° C) Insolúvel na maioria dos solventes orgânicos Aspecto não muito “cosmético”

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FORMULAÇÃO

• ÁCIDO GLICÓLICO • ÁCIDO RETINÓICO

POLÍMEROS DO ÁCIDO ACRÍLICO

• Sinônimos: Carbopol ®, Carbômero ® • São polímeros sintéticos derivados do ácido acrílico de alto peso molecular. • Formam géis aniônicos • Altamente higroscópicos, e pH dependentes: só gelificam na forma dissociada. • Devem ser neutralizados a pH 7,0 com alcalinizantes (trietanolamina ou aminometil-

propanol - AMP) - os grupos ácidos serão protonados • São inócuos, não provocam alergia, irritação e sensibilização • Gel de aspecto “cosmético”

DESVANTAGENS

• Incompatível com ácidos fortes, fenol, eletrólitos, polímeros catiônicos e traços de ferro.

FORMULAÇÃO

• PERÓXIDO DE BENZOÍLA • CLINDAMICINA • INDOMETACINA

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Características dos Neutralizantes: pKa Peso (20ºC) Molecular Aminometil propanol (AMP-95®) 9,82 89 Trietanolamina (TEA) 7,77 149 NEUTROL TE ----- 292,4 NaOH base forte 40 KOH 56 NH4OH 35

São dependentes de dois fatores principais: Força básica da amina: Maior pKa, maior basicidade Peso molecular da amina: Menor peso molecular, maior eficiência

Etanolaminas: Trietilamina e Trietanolamina Atualmente sofrem restrições de comercialização por parte do Ministério do

Exercito, sendo necessário licença para sua venda e utilização Limite de 2,5 % para produtos sem enxague segundo a RDC nº 79 / 2000, devido a

presença de resíduos de nitrosaminas Nitrosaminas: compostos cancerígenos Diretamente relacionadas as aminas secundárias e terciárias Proibido o uso segundo a RDC nº 79 / 2000.

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EMULSÕES • Origem da palavra:

– verbo latim emulgeo (=mungir, ordenhar) devido ao aspecto leitoso

– Sistema disperso

• Definição:

– Sistema heterogêneo constituído por, pelo menos, um líquido imiscível intimamente disperso num outro líquido sob a forma de gotículas.

– Tais sistemas apresentam um mínimo de estabilidade devido à adição de emulsificantes (agentes tensoativos).

• Composição da emulsão:

• Constituído por duas fases líquidas imiscíveis:

• fase interna, dispersa, descontínua (0,1 mm – 100 mm)

• fase externa, dispersante, contínua.

• Sistemas termodinâmicamente instáveis – tensão superficial – fase dispersa tende a ajuntar-se, a fim de reduzir a sua superfície específica (superfície por unidade de peso)

• agente emulsificante ou tensoativo – diminui a tensão entre as duas fases

Finalidade das emulsões

• Formulações compostas por líquidos imiscíveis

– Tornar possível a administração numa única mistura, de substâncias hidro e lipossolúveis, a qual poderá ser para uso interno (via oral e via endovenosa) ou externo.

– Soluções parenterais, vitaminas

• Mascarar odor e sabor

– Veículo aquoso edulcorado e flavorizado, aromatizantes

– Óleo medicinal = paladar desagradável

– Laxantes à base de óleo mineral

– Vitaminas lipossolúveis

• Preparações para uso tópico

– substitui as pomadas de aspecto gorduroso, melhora sensação, aspecto

– obtenção de consistencia desejada

– facilidade de espalhamento

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– fácil remoção

– não mancham roupas

– Menor irritação para fármacos irritantes Exemplos de emulsões EMULSÕES PARA USO ORAL:

– Emulsão de óleo mineral: catártico lubrificante; – Emulsão de simeticona: anti-espasmódico;

EMULSÕES PARA USO EXTERNO:

– Loções;

– Cremes. Classificação das emulsões Quanto à carga:

Iônicas (+ ou -), não iônicas Quanto ao tipo:

Óleo em água (O/A) - Aquosas Água em óleo (A/O) - Oleosas

Emulsões de nova geração • Múltiplas • Sem tensoativos • Emulsões-géis

Tensoativo

• Molécula anfifílica • Possui elevada afinidade com as interfaces (líq./líq., líq./sól.) – diminui a tensão

superficial ou interfacial

• Função:

– tensão interfasial - quebra da fase interna em gotículas

– Micelas

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Características do agente emulsificante

• Inocuidade;

• ausência de cor, sabor ou odor fortes;

• Compatibilidade com os outros componentes;

• garantia da estabilidade durante o prazo de validade previsto para a emulsão;

• moléculas anfifílicas de EHL característico Classificação dos agentes emulsivos NATURAIS (para uso interno)

• Carboidratos (goma arábica e adraganta, agar-agar, pectina): O/A

• Formam colóides hidrófilos na presença de água

• Proteínas (gema de ovo, gelatina, caseína): O/A

• Esteróis (colesterol, lanolina): A/O

SINTÉTICOS CATIÔNICOS

• Sais de amônio quaternário.

• Cloreto de benzalcônio Emulsificante catiônico e bactericida Uso Externo.

• Cloreto de cetil trimetil amônio

• Cloreto de estearil dimetil benzilamônio

• Ésteres catiônicos

• Metossulfato de beheniltrimônio e álcool cetoestearílico (Incroquat)

• Metossulfato de dipalmitoiletil hidroxietil amonio (Dehyquat C 4046)

ANIÔNICOS Sabões: alcalinos, metálicos e de bases orgânicas

– Alcalinos: sais de ácidos graxos (C12-18) e cátions monovalentes (Na+, K+, NH4+).

Ex: estearato de sódio

– Metálicos: sais de ácidos graxos (C12-18) e cátions di ou trivalentes (Ca+2, Mg+2, Al+3). Ex.: Estearato de cálcio.

– Sabões de bases orgânicas. Ex.: Estearato de trietanolamina.

Irritantes para pele e mucosas e alteram a motilidade gastro-intestinal (Uso Externo). Agem apenas em meio alcalino

DERIVADOS SULFATADOS: sais de sódio de ésteres sulfúricos de álcoois graxos.

Ex.: laurilsulfato de sódio CH3(CH2)10CH2OSO3Na

Mais estáveis que os sabões. Uso Externo (loções e cremes).

ANFOTÉRICOS – Dependendo do pH podem se comportar como surfactantes aniônicos ou

catiônicos.

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Ex.: Betaínas [R-CONH(CH)3N+(CH3)2CHCOO-] – Maior estabilidade química – Agem dentro de amplas faixas de pH – Podem ser bastante irritantes à pele pois associam duplo caráter iônico

NÃO IÔNICOS – SPAN: Ésteres de sorbitano: produtos da esterificação do sorbitano com

ácidos de elevado PM. SPANS 20 (monoéster láurico), 60 (monoéster

estérico), 80 (monoéster oleico). Natureza lipofílica Emulsões A/O. – POLISSORBATO - Ésteres de sorbitano poliidroxilados: derivados dos spans

por introdução de radicais hidrófilos. As hidroxilas livres do span são condensadas com um determinado número de moléculas de óxido de etileno

(TWEEN 20, 60, 80). Natureza hidrofílica Emulsões O/A. – Estáveis e eficazes em todos os valores de pH – Compatíveis quimicamente com os anteriores – Pouco irritantes à pele

Importância do equilíbrio entre hidro e lipofilia

• Griffin, 1948 - EHL - sistema para classificar, numericamente, um composto segundo suas características de hidro e lipofilia.

Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo (EHL)

• O índice EHL é uma expressão do equilíbrio estabelecido entre as duas partes da molécula pela magnitude dos grupamentos hidrófilos / lipófilos

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• Somente para tensoativos não iônicos • Como determinar:

EHL = 20 (1 – IS/IA) • Classificação de 1 a 20, aumentando a medida que a substância se torna mais

hidrófila. • Mistura de tensoativos é mais vantajosa – melhores características

Cálculo do EHL

• Cada emulsão = EHL próprio (depende da sua composição qualitati-va e quantitativa) = VALOR MÁXIMO DE ESTABILIDADE

Determinação do E.H.L. de um óleo Prepara-se uma série de emulsões obtidas com a mistura de dois tensoativos em proporções diferentes - dando valores definidos mas escalonado de E.H.L. Após 24 horas procede-se o exame de todas as emulsões - tomando por referência a mais estável - sem separação de fases e sem grumos. EHL - MISTURA DE EMULGENTES

EHL = EHLa x %a + EHLb x %b + ... 100

Componentes básicos de uma emulsão Fase oleosa

• Agentes doadores de consistência de FO • Emolientes (engordurantes) • Emulsionantes • Ativos lipofílicos não termolábeis • Antioxidantes de fase oleosa

Espessante da fase oleosa • Álcoois graxos superiores: cetílico, estearílico, cetoestearílico • Ésteres de ácidos graxos com álcoois graxos, glicóis e polióis: MEG, miristato de

miristila • Óleos, gorduras e ceras naturais modificados ou não: cera de abelhas, parafina.

Emolientes

• Emolientes polares de cadeia ramificada (ésteres): miristato de isopropila, palmitato de isopropila

• Emolientes polares insaturados (ésteres): oleato de butila, oleato decila • Álcoois: octildodecanol, álcool oléico.

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Fase aquosa • Doadores de consistência de FA • Umectantes • Conservantes hidrofílicos não termolábeis • Ativos hidrofílicos não termolábeis

Espessante da fase aquosa • Polímeros derivados de celulose: HEC, HPMC, HPC... • Polímeros do ácido acrílico: carbômeros • Gomas naturais: goma xantana • Escleroglucanas: amigel

Umectantes

• Substâncias higroscópicas responsáveis pela retenção de água nas emulsões, impedindo que a água evapore rapidamente da emulsão evitando, desta forma, a formação de crostas e rupturas na emulsão. Também podem atribuir-lhes as funções de hidratante, auxiliar na aderência de pós e solubilizantes.

• Propilenoglicol • Butilenoglicol • Glicerina • Derivados da glicose • Sorbitol • PEG • Dipropilenoglicol

Fases adicionais • Conservantes termolábeis • Ativos termolábeis • Componentes com pressão de vapor baixa

Preparo de emulsões Agitação dos líquidos a emulsionar:

a) Agitação manual (preparo de fórmulas em pequenas quantidades, glóbulos dispersos

>10m): a.1) Uso de almofariz de porcelana; a.2) Uso de frasco ou balão com rolha. b) Agitação mecânica (preparo de fórmulas em grandes quantidades): b.1) Misturadores e agitadores: existem de vários modelos, diferindo, principalmente, no desenho das pás. Desvantagem: *Promovem a incorporação de ar:

- Agente emulsivo na interfase ar/água Emulsões de baixa estabilidade.

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Aparelho usado na preparação de pequenas quantidades de emulsão.

b.2) Moinhos coloidais e Homogeneizadores (glóbulos dispersos ~ 1nm).

Processo geral de preparação de volumes maiores de emulsões

• Uso de agitadores de hélices, de pá ou de turbina, agitadores eletromagnéticos ou

ultra-som Emulsões fluidas.

Dissolução das fases oleosa e aquosa (recipientes separados) (T ~ 75-800C)

Adição de uma fase sobre a outra (agitação constante)

Resfriamento da emulsão sob agitação e envase

• OBS.: Para garantir a homogeneidade no tamanho dos glóbulos dispersos a emulsão deve ser processada em um homogeneizador

Métodos de emulsificação em pequena escala

• Método continental ou GOMA SECA – adição da fase externa à fase interna contendo o agente emulsivo

Óleo: água: goma (4:2:1)/goma arábica seca • Método inglês ou GOMA ÚMIDA

– adição da fase interna à fase externa contendo o agente emulsivo Óleo: água: goma (4:2:1) / mucilagem goma

• Método do frasco ou de Forbes – quando se aplica óleos pouco viscosos ou essências e óleos voláteis

Emulsões gel

• Creme clássico- 12% ceras • Creme gel – 8% ceras • Custo menor

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• Confere toque mais suave Preparo:

• Preparar o gel aquoso; • Adicionar 1 a 2% de Microemulsão de silicone • Homogeneizar até ocorrer turvação.

Emulsões de silicone Ciclometicone e dimeticone copoliol • Forma emulsão água em silicone • Obtido por adição da FA sobre a F silicone com alta agitação • A formulação pode ser feita a temperatura ambiente e livre de ingredientes sólidos • A estabilização pode ser feita com adição de co-solventes ou co-emulsionantes

orgânicos ou ainda, com adição de sal.

Bases pré-manipuladas • Aniônicas: Chembase LN, Lanete N ou WB, Unibase N. • Não iônicas: Cosmowax FT ou J, Polawax ou GP-200, Crodabase Cr-2 ou 0684.

Quando uma emulsão é considerada fisicamente instável? • Em repouso, a fase dispersa ou interna, tende a formar agregados de gotículas; • Grandes gotículas surgem na superfície ou se depositam no fundo; • Todo o líquido ou parte dele, da fase interna, se desemulsifica.

Sedimentação ou cremagem

• Diferenças entre as densidades das fases dispersa e externa (densidades iguais = sedimentação O)

• Lei de Stokes V=2r2(d1-d2)g

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• Quanto menor o tamanho das partículas, maior a viscosidade e menor a diferença de densidade entre as fases = menor sedimentação

• Fenômeno reversível – possibilidade de redispersão

• Há manutenção da película de tensioativos

• Perda visível da homogeneidade

• Utilização de espessantes

• Utilização de tensioativos mistos

Relação d1/d2 Velocidade de Sedimentação

Conseqüência

d1 = d2 ZERO Homogeneidade

d1 < d2 < ZERO Creme à superfície

d1 > d2 > ZERO Creme no fundo

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Floculação

• Perda de Homogeneidade Erros posológicos e prejuízos à estética da emulsão.

• Provém da associação dos glóbulos

• Não conduz necessariamente à coalescência

• Razões:

– Heterogeneidade

– Mobilidade dos emulsionantes

– Alterações diversas (microbiana) Coalescência e separação de fases

• Fenômeno irreversível

• Ruptura do filme de tensioativo

– Aproximação: algumas centenas de Angstrons entre os dois filmes

– Eliminação da lâmina líquida entre os filmes e seu adelgamento

– Ruptura dos filmes e contato dos conteúdos internos

• Agente emulsionante: inadequado ou em concentração insuficiente;

• Outros fatores: temperatura; oxidações; decomposição microbiana do emulsionante Inversão de fases

• Boa estabilidade proporção da fase dispersa: 30-60%.

• Proporções > 74% inversão das fases: O/A A/O ou A/O O/A

Ensaios para determinação do tipo de emulsão • Método por diluição - sempre que se adiciona um líquido a uma emulsão e está

continua estável, o líquido adicionado corresponde a sua fase externa. Uma emulsão o/a pode ser diluída com a água, mas não com o óleo. Para uma emulsão a/o é o inverso.

• Método dos corantes - coloração contínua ou coloração das gotículas. Adiciona-se à emulsão um corante lipossolúvel em pó (Soudan III) - se a emulsão for do tipo a/o, a coloração propaga-se na emulsão; se a emulsão for do tipo o/a, a cor não se difunde. Temos fenômenos inversos com o uso de corantes hidrossolúvel (eritrosina ou azul de metileno).

• Condutividade o/a: conduzem corrente elétrica a/o: não conduzem

• Fluorescência na luz UV O/A: fluorescência de alguns pontos A/O: fluorescência total

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Análises das emulsões • Determinação do tempo de validade • Determinação do teor de água • Determinação do pH • Determinação da gordura total • Viscosidade • Diâmetro das partículas

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POMADAS Definição

As pomadas são formas farmacêuticas de consistência mole, destinadas para uso externo, para ação tópica ou sistêmica e também com fins de proteção e lubrificação.

• Origem francesa: “Pomme” Características desejáveis às pomadas:

– Devem se comportar como “GÉIS TERMORREVERSÍVEIS” - tendo sua viscosidade diminuída em função do aumento da temperatura.

– Devem apresentar comportamento tixotrópico – Devem possuir adesividade.

Classificação

• Quanto ao tipo de base • Quanto ao aspecto, consistência ou composição do excipiente • Quanto à penetrabilidade

Quanto ao tipo de base • Bases de hidrocarbonetos (bases oleosas)

– Lipofílicas, anidras, não incorporam água. – Preparações aquosas não são incorporadas. – Efeito emoliente – Retidas na pele por períodos prolongados, não permitem perda de umidade,

difícil remoção por lavagem. – Agem como curativos oclusivos. – Não “ressecam”, nem se alteram com o envelhecimento

• Vaselina Amarela (deriv do petróleo) – Tf = 38 – 60oC

• Vaselina Branca – Descolorida (maior aceitação pelo paciente) – Assaduras, pele seca.

• Óleo Mineral (Vaselina Líquida) – Mistura de hidrocarbonetos líquidos derivados do petróleo. – Útil para umedecer e incorporar componentes sólidos

• Bases de absorção

– Capacidade de incorporar água: 1) Permitem a incorporação de sol. Aquosas = emulsão A/O

• Petrolato Hidrófilo – Composto de colesterol, álcool estearílico, cera branca e

vaselina branca. – Absorve até 3 vezes o seu peso.

• Lanolina Anidra

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– Insolúvel em água, mas mistura-se sem separação com até 2 vezes o seu peso em água.

– Odor rançoso 2) Bases de absorção A/O Permitem a incorporação de pequenas quantidades de soluções aquosas. Úteis como emolientes – não oferecem o mesmo grau de oclusão que as oleosas. Não são facilmente removíveis por lavagem

– Lanolina • Substância semi-sólida, semelhante à gordura, extraída da lã de

carneiros. • Possui 25 a 30% de água. Pode-se incorporar mais água à lanolina por

mistura. – Cold cream

• Emulsão branca, semi-sólida – preparada com ceras.

• Bases removíveis com água – Alguns fármacos são mais bem absorvidos pela pele quando preparados com

esse tipo de base] – Emulsões de óleo em água. – Adicionar conservante.

• Bases hidrossolúveis

– Ausência de material oleoso. – Amolecem muito com a adição da água – as soluções aquosas não são

eficazmente incorporadas nessas bases. – Utilizadas para a incorporação de componentes sólidos ou não aquosos.

• POLIETILENOGLICOL – Polímero de óxido de etileno e água. – PEG 400 – 600 – líquidos espessos – PEG 2000 – 20.000 – sólidos cerosos. – Vantagens: não irritantes, boa aderência, boa espalhabilidade,

não impedem a transpiração da pele, facilmente laváveis com água, propriedades bactericidas (não necessitam de conservante)

– Desvantagens: sensibilização, perda da consistência, auto-oxidação, reação com PVC e celulóide (embalagem), incompatibilidades com s.a.

Quanto ao aspecto, consistência ou composição do excipiente 1- Pomadas propriamente ditas: excipientes gordurosos São oclusivas - diminuem a transpiração cutânea. 2- Cremes: excipientes emulsivos A/O (lanolina, álcoois alifáticos superiores, ésteres do sorbitol) ou O/A (sabões alcalinos, derivados dos polietilenoglicóis, etc). 3- Ceratos: elevada percentagem de ceras. Ação protetora de epidermes irritadas. 4- Ungüentos: contem resinas, sendo usados como revulsivos. 5- Pastas dérmicas: elevado teor de pós insolúveis (>25%)

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Absorção de exsudatos cutâneos - efeito secante de epidermes 6- Glicerados: seu excipiente é constituído por um gel de amido com um poliol, como glicerina. Fraco poder de penetração. 7- Pomadas-geléias: excipientes hidrofílicos, como carbopol, polietilenoglicol. Ação emoliente e refrescante da epiderme Quanto à penetrabilidade 1- Pomadas Epidérmicas: possuem fraco ou nenhum poder de penetração cutânea; 2- Pomadas Endodérmicas: penetram nas camadas mais profundas da epiderme, mas sem atingir a corrente sanguínea; 3- Pomadas Diadérmicas: possibilidade dos fármacos ingressarem na corrente sanguínea. Processos para obtenção de pomadas Pomadas obtidas por solução: fármaco é solúvel no excipiente Procedimento: 1- Liquefação do excipiente 2- Adição do fármaco / Homogeneização da mistura 3- Solidificação da pomada. Pomadas obtidas por suspensão: Levigação - dispersão dos pós medicamentosos, num estado de tenuidade adequado, em excipientes adequados.

Pomadas obtidas por emulsão: preparo dos cremes A/O ou O/A Procedimento: 1- dissolução dos constituintes lipo e hidrossolúveis 2- Adição lenta de uma fase sobre a outra. Incompatibilidades Ex: aparecimento de cor acastanhada quando se incorpora fenol à vaselina; complexação dos polietilenoglicóis com iodo, nipagim e nipazol. Acondicionamento e conservação das pomadas Em tubos (bisnagas) que podem ser de diferentes composições químicas (estanho, chumbo estanhado, alumínio, plástico). Enchimento - métodos manuais ou mecânicos Fechamento - métodos manuais (alicates) ou mecânicos (soldagem) Controle de qualidade das pomadas

• Avaliação das características organolépticas • Avaliação do pH • Determinação da consistência • Provas de Esterilidade

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SUPOSITÓRIOS

Definição São formas farmacêuticas sólidas, de forma e peso adequados, destinadas à inserção em orifícios corporais nos quais, amolecem, se dissolvem e exercem efeitos sistêmicos e localizados (ANSEL, POPOVICH & ALLEN Jr. Farmacotécnica, 6a ed., p. 471) Razões de uso Razões patológicas da mucosa gástrica ou por irritação Inativação total ou parcial dos fármacos pelo suco gástrico. Pacientes em coma total ou parcial Problemas de ingestão do paciente ou cirurgia no trato bucal. Medicamentos que provocam náusea ou tem sabor ruim. Em pediatria e geriatria (fácil administração) No tratamento de pacientes com episódios de vômitos.

Anátomo fisiologia do reto O reto – últimos 15 – 20 cm do intestino grosso, importante para a absorção.

Dividido em 2 porções: reto pélvico e reto perineal Reto pélvico: a parede do reto é recoberto por uma mucosa que contém 1 – 3 ml de

líquido inerte (ampola retal). Reto perineal (canal anal): é a seção para o exterior (2 – 3 cm de comprimneto) O pH do reto é de cerca de 6,8 – 7,2 sem sistemas tampões para regulá-lo A mucosa é fortemente irrigada pelo plexo hemorroidal que se divide em veias

hemorroidais superior, média e inferior. Classificação quanto ao mecanismo de ação MECÂNICA: despertar do reflexo da defecação provocado pela presença de um corpo estranho no reto. Ex: glicerina – por ser hidrófila atrai água para a ampola retal e provoca os movimentos peristálticos ocorrendo o efeito laxativo. LOCAL: pode ser uma ação anti-hemorroidal ou antiparasitária (oxiúros). SISTÊMICA: o princípio ativo passa à circulação geral Absorção

• Poder de absorção igual a mucosa intestinal, porém com uma superfície absorvente limitada.

• Passagem rápida dos princípios ativos à circulação sistêmica pelas veias hemorroidais e em menor proporção pela linfática.

Fatores que influenciam a absorção Em relação ao local de atuação

• TEMPERATURA RETAL – Em torno de 37° C • pH - alterado de acordo com o pKa do fármaco • CONTEÚDO DO CÓLON • Existência de MOVIMENTOS

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Em relação ao fármaco • A absorção via retal obedece ao mecanismo de difusão passiva que é influenciada

pelo: • Coeficiente de partição O/A do fármaco • pka do fármaco e pH do meio

• Granulometria do fármaco (menor que 100 m) – dissolvido ou em suspensão

• Cristalinidade e polimorfismo – influi na velocidade de dissolução • Fator limitante - pequena quantidade de líquido umedecendo a mucosa

(dissolução para absorção). Em relação ao excipiente

• MODO E TEMPO DE LIQUEFAÇÃO pode provocar evacuação. A demora na fusão pode levar a evacuação.

• PONTO DE FUSÃO – Este deve ser inferior a 37o C até a um limite de 32o C. • VISCOSIDADE NO ESTADO FUNDIDO • AFINIDADE PELO FÁRMACO – maior afinidade pela mucosa do que pelo excipiente • NÃO deve ser irritante para o cólon – provoca movimentos intestinais anulando a

liberação e absorção do fármaco Exigências para os excipientes de supositórios

• Boa tolerância fisiológica não ser irritante • Compatibilidade com os componentes da fórmula • Boa estabilidade frente aos agentes atmosféricos e mos • Ser capaz de ceder o fármaco ao meio para ser absorvido • Pequeno intervalo entre a temperatura de fusão e solidificação • Viscosidade, no estado fundido, adequada para a preparação e a ação

medicamentosa • Contração volumétrica favorável (sem formação de canais e fácil desprendimento

dos moldes) • Dureza e consistência adequadas para o manuseio e para permitir a fácil aplicação

Classificação dos Excipientes LIPOFÍLICOS OU LIPOSSOLÚVEIS 1. Manteiga de cacau: PF = 34,5°C (rica em ác. oleico) apresenta fenômeno de sobrefusão

e possui 3 formas alotrópicas sendo as formas metastáveis e ’, , e a forma estável (PF = 34,5°C). Não é possível incorporar soluções aquosas. 2.Óleos hidrogenados: mistura de óleos naturais regulando-se o grau de hidrogenação – obtenção de massas de consistência semelhante à manteiga de cacau (PF = 33 – 37°C). Menor facilidade de oxidação e não incorpora soluções aquosas. 3. Glicérides semi-sintéticos sólidos: constituído por misturas de ác. graxos saturados (12 - 18 C), variando em mono ou diéster. Incorporam pequena quantidade de sol. aquosas. SUPONOL-DEYDAG-WITTEPSOL-SUPPOCIRE-NOVATA.

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Suppocire L 38-40

Tegester Triglicérides especialmente preparados

TG-95 32,2-34,5

TO-MA 34,5-36

TG-57 34-36,5

BASE COMPOSIÇÃO PONTO OU INTERVALO DE FUSÃO

Manteiga de cacau

Mistura de triglicérides de ácido oléico, palmítico e esteárico 34-35

Cotomar Óleo de semente de algodão parcialmente hidrogenado 35

Dehydag Álcoois e ésteres graxos hidrogenados

Base I Base II Base III

Glicerídeos de ácidos graxos saturados C12-C18 33-36 37-39 9 intervalos

Fattibase Triglicérides de óleo de palma, óleo de semente de palme e óleo de coco, combinados com agentes autoemulsificantes e estearato de polioxila

35,5-37

Hexaride Base 95 33-35

Hydrokote 25 Frações superiores de óleo de coco e de semente de palma 33,6-36,3

Hydrokote711 39,5-44,5

Hydrokote SP 31,1-32,3

Polybase Mistura homogênea de polietilenoglicol e polissorbato 80 60-71

S-70-XX-95 Óleos vegetais hidrogenados reorganizados 34,4-35,6

S-070-XXA 38,2-39,3

Suppocire Mistura eutética de mono, di e triglicérides derivados de óleos vegetais naturais. Cada tipo apresenta propriedades diferentes

Vários

Suppocire OSI 33-35

Suppocire OSIX 33-35

Suppocire A 35-36,5

Suppocire B 36-37,5

Suppocire C 38-40

Suppocire D 42-45

Suppocire DM 42-45

Suppocire H Idêntica às anteriores, mas adicionada de glicerídeos polietoxilados 36-37,5

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Tween 61 Utilizada sozinha ou em combinação com monoestearato polietilenoglicol e sorbitano

35-49

Wecobee FS Triglicérides derivados de óleo de coco 39,4-40,5

Wecobee M 33,3-36

Wecobee R 33,9-35

Wecobee S 38-40,5

Wecobee SS 40-43

Wecobee W 31,7-32,8

Witepsol Triglicérides de ácidos graxos saturados (C12-C18) com diversas porções de glicerídeos parciais

H-5 35,2

H-15 33-35

H19 34,8

H-85 42-44

H-12 32-33

HIDROFÍLICOS Razões de uso: utilização em climas quentes e ideal para liberação de fármacos lipossolúveis

• Mistura de glicerina e gelatina

• Mistura de glicerina e estearato de sódio forte efeito laxativo • Polietilenoglicol (PEGs 4000 ou 6000 com 400 ou 600 ) – são incompatíveis com

muitos fármacos e são irritantes.

ADJUVANTES PARA SUPOSITÓRIOS Corretivos de ponto de fusão e consistência Substâncias que diminuem o PF = cânfora, hidrato de cloral e essências.

Substâncias que aumentam o PF e a dureza - dióxido de titânio, óxido de zinco incorporação de líquidos Misturas que endurecem e dão consistência = ceras, parafina sólida, ácido esteárico, álcool cetílico. Misturas que diminuem o PF = óleos vegetais, glicerina. água , sorbitol, PEGs líquidos . Excipientes hidrofílicos – uso de plastificantes para elevar a consistência

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Corretivos de Viscosidade (monoestearato de alumínio – concentração: 1 – 3%) Diluentes (Lactose, sacarose ou veículos como álcool, água) Conservantes (parabenos - nipagin e nipazol) Anti-oxidantes (BHA, BHT) Agentes emulsionantes (lecitina, sabões da trietanolamina, polissorbatos). FORMAS

MOLDES Formato variado Metal (aço inoxidável, bronze) Plástico (polietileno, PVC, poliestireno) Método de preparação POR FUSÃO (+ utilizado) Fundir o excipiente em uma cápsula em banho – maria. Colocar o fármaco pulverizado em um gral com uma igual quantidade de excipiente

fundido. Homogeneizar. Transferir a mistura para a cápsula de aço inox com o excipiente resfriado justo

acima do ponto de solidificação. Agitar com uma espátula ou bastão de vidro até tornar-se líquida e homogênea. Verter para um molde sob agitação, previamente lubrificado para prevenir

aderência e facilitar a retirada do molde (Vaselina líquida, óleos, silicone) Guardar os moldes cheios até o endurecimento.

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PROBLEMA: PESO -------- VOLUME FATOR DE DESLOCAMENTO: é o número de gramas de excipiente deslocado por 1 grama de princípio ativo. CÁLCULO DA QUANTIDADE DE EXCIPIENTE

M = F - ( f x S ) M = quantidade total de excipiente a utilizar (g) F = capacidade do molde para o número de supositórios a serem fabricados (g) f = fator de deslocamento do princípio ativo num determinado excipiente S = quantidade de fármaco para o número de supositórios a serem fabricados (g) Ex: 10 supositórios a 0,10 g Fenobarbital sódico em moldes contendo 3 g de manteiga de cacau: Fator deslocamento ativo = 0,62 M = 30 – (0,62 x 1) = 29,38 g manteiga de cacau Controle de qualidade

• Ensaios organolépticos Superfície lisa, brilhante e homogênea, sem fissuras, sem cristalização do fármaco ou excipientes, base plana. • Ensaios físicos Dureza Peso médio (+/- 5 %) Desagregação

• Ensaios químicos (teor, identificação) • Ensaios fisiológicos: para ajuste de uma nova fórmula (Biodisponibilidade)

Outras formas retais RETO-TAMPÕES • Limitados as veias hemorroidais inferiores. • Tampões de algodão hidrófilo • Com 3 a 4 cm de comprimento (se monta em torno de uma haste de polietileno c/

um disco que impede o deslize para o reto)

• São impregnados com a solução do fármaco ( 1 ml ). Uso de alginatos e CMC para facilitar a introdução do tampão no reto.

• Soluções hipertônicas são melhor absorvidas • Ação local: hemorróidas e prurido anal POMADAS RETAIS • Preparações semi sólidas destinadas a serem aplicadas sobre a mucosa retal – ação

local. ENEMAS (ou injeções retais ou clisteres)

São formas líquidas medicamentosas destinadas a serem injetadas no reto • Ação local: laxativas ou para exames radiológicos (raio X ou cirurgia) • Volume de alguns mililitros até 1 a 3 litros

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• CÁPSULA GELATINOSA MOLE • Fármacos dissolvidos ou dispersos em veículos líquidos • Veículo oleoso ou de polietilenoglicol – adição de emulsionante para facilitar a

difusão na ampola retal • Fácil administração (menor dimensão e liberação mais rápida

ÓVULOS VAGINAIS

Anátomo Fisiologia da Vagina Conduto (canal) com um comprimento médio de 8 cm que vai do colo do útero até a

vulva.

A mucosa vaginal forma pregas e saliências muito desenvolvidas órgão extremamente vascularizado.

A vagina não secreta nada (s/ glândulas), o líquido que ela contém não é uma secreção, mas uma transudação do epitélio.

Mos (flora de Döderlein) asseguram a acidez da vagina (pH 4 a 4,5 adulto), devido

ao ácido lático mecanismo de defesa Torna - se alcalino sob a influência de sangue, por alguma patologia e na

menopausa. Forte ligação linfática

Forma ovóide, raramente cônicos, olivares, de consistência sólida, em regra mole, destinados a serem introduzidos na vagina. Incorporação de substâncias medicamentosas em excipientes hidrodispersíveis (gelatina-glicerina) e às vezes excipientes gordos.

AÇÃO Retenção no interior da cavidade; ação local; Absorsão - ação sistêmica

Tipos de fármacos administrados: Antissépticos, adstringentes, anti-hemorrágicos, cicatrizantes, queratoplásticos, antibióticos e anti-fúngicos

Desvantagens • Forma pouco apreciada devido ao seu tamanho • Se fundem e dão origem a grande quantidade de líquido. • A mistura de gelatina-glicerina tem inúmeras incompatibili-dades com fármacos

Excipientes

• HIDRODISPERSÍVEIS: - Gelatina-glicerina: mais utilizados

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- PEGs: origina massas mais duras (misturas de 27 partes de PEG 4000 e 73 partes de PEG

1500 forma uma massa não muito dura)

• EXCIPIENTES GORDUROSOS:

- Wittpsol S52 e S 58 - excelente distribuição sobre a mucosa vaginal utilizados quando há incompatibilidades entre os fármacos e a glicerina-gelatina Comprimidos vaginais

• Mais utilizados hoje em dia • Diferenciado em:

- Introdução direta na vagina (o mais profundamente possível; antes de dormir) - Dissolvidos para a irrigação vaginal Condições a serem obedecidas Desintegração em pequena quantidade de líquido. Para uma terapêutica local, os princípios ativos devem penetrar ou se estender por

todas as pregas e dobras da vagina Não devem modificar o pH vaginal, que participa da autodefesa contra germes

estranhos. Ao contrário, devem restabelecê-lo em determinados casos Formas

• Redondos ou alongados facilitar a administração

• São pouco espessos facilitar a desintegração • Peso - 0,5 g a 3 g

Excipientes

Diluente: Lactose mais utilizado pois a flora vaginal transforma em ác. lático e também desfavorece micoses vaginais

Aglutinantes e lubrificantes: favorecer a desintegração em um mínimo de líquido Molhantes: facilitar a penetração dos ativos em todas as dobras.

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PÓS E GRANULADOS

PÓS FARMACÊUTICOS 1) Definição Forma farmacêutica constituída de partículas sólidas, finamente divididas, apresentando certa homogeneidade 2) Características

• Pode ser uma mistura física de duas ou mais substâncias puras em pó, em proporções definidas

• Pode ser preparado a partir de um fármaco que ocorre naturalmente como vegetal seco

• Pode ter partículas grandes ou de tamanho intermediário • Acondicionamento individual ou a granel

3)Vantagens

Maior estabilidade ausência de H2O

Conveniência para dispensação

Possibilidade de mistura com alimentos e água

Maior velocidade de absorção ↑ superfície de contato

Facilidade de administração

Absorção mais rápida e regular (desintegração). 4) Desvantagens

Dificuldade de mascarar o sabor desagradável

Compreensão errônea do paciente

Dificuldade de proteção da decomposição o (higroscopia, hidrólise, oxidação, fotólise)

Classificação dos pós Pós simples: pós formados de única substância ativa Pós simples titulados Pós contendo substâncias medicamentosas de elevada atividade farmacológica (drogas heróicas = acônito 0,5%, beladona 0,3%, ópio 10%, ipecacuanha 2%). Preparo:

Redução a pó fino

Teor de substância ativa (fração)

Diluição com pó inerte (amido de arroz, lactose...) Valor do título descrito em

Farmacopéias.

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Pós compostos: mistura de dois ou mais pós simples Preparo de Pós

operações preliminares

triagem

divisão grosseira

secagem

estabilização

pulverização

mistura

tamização

Tamanho

Descrição do Pó Tamanho (µm)

Grosso > 1000

Moderadamente grosso

1000 – 500

Moderadamente fino

500 – 100

Fino 100 – 10

Muito Fino < 10

Cuidados especiais no preparo de pós compostos

1. Os pós constituintes do pó composto devem ser triturados e tamisados separadamente. Feita a mistura, devem ser novamente tamisados;

2. Substâncias que não se deixam pulverizar (ex. gomas, resinas, cânfora) necessitam do uso de intermédios;

3. Os pós devem ser misturados sucessivamente, começando por aqueles que ocupam menores volumes;

4. Quando da presença de substâncias voláteis (essências, tinturas), usar pós adsorventes (CaCO3, caulim);

5. O preparo de pós compostos constituídos por vários componentes, assim como, daqueles que possuem pós em quantidades muito desiguais, deve ser feita pelo método da diluição geométrica;

6. Uso de corantes (carmim: 0,1-0,25%) na homogeneização de um pó composto contendo princípios ativos muito ativos;

7. Para o preparo de pós contendo quantidades pequenas (mg) de princípio ativo (ex. digitálicos, vitamina B12), recomenda-se o uso de diluições (1:10, 1:100, 1:1000) com pós inertes;

8. Na pulverização, assim como na mistura de pós tóxicos, os manipuladores devem ser proteger (máscaras, luvas e óculos), além de usarem almofarizes com tampa. Ex: agentes progestacionais, bicloreto de mercúrio.

50

9. Misturas eutéticas líquidas – adicionar compostos absorventes: carbonato de cálcio, lactose, óxido de magnésio...)

10. Se a mistura de pós contiver extratos moles ou substâncias pastosas – deve-se adicionar subst. absorventes para fixar a umidade. Dissolver a subst. pastosa em solvente volátil, e adicionar a subst. inerte. Ex. ictiol + éter + talco.

Tamises Número do Tamis Orifício do tamis

2 9,5 mm

3,5 5,6 mm

4 4,75 mm

8 2,36 mm

10 2,00 mm

20 850 µm

30 600 µm

40 425 µm

50 300 µm

60 250 µm

70 212 µm

80 180 µm

100 150 µm

120 125 µm

200 75 µm

400 38 µm

Usos

Administração Direta a) uso externo: cicatrizantes (ZnO), anti-micóticos (miconazol), secantes (talcos e polvilhos) b) uso interno: laxantes, antiácidos, suplementos alimentares (aa), pós p/ inalação

Intermediários de Processo: Sólidos, Semi-sólidos, Líquidos

Modificações físico-químicas decorrentes da pulverização

– Características organolépticas: intensificação de cor, sabor e aroma; – Higroscopia:

Área de superfície higroscopicidade Ex: brometo de sódio, pilocarpina, iodeto de sódio, cloridrato de efedrina

– Solubilidade: Área de superfície solubilidade

Acondicionamento final dos Pós

– Em frascos de vidro ou plástico: pós de fraca atividade farmacológica (laxantes, desinfetantes cutâneos e outros) devido à inexatidão de medida na aplicação.

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– Acondicionamento em papéis: os pós são divididos de acordo com a dosagem prescrita pelo médico (dose individual que será usada de uma só vez).

Ensaios dos Pós Doseamento do Fármaco => monografias em farmacopéias

Peso Médio => Farmacopéia Brasileira 5a ed.

Forma Farmacêutica

Peso Médio Porcentagem mínima em relação ao declarado

Pós de dose múltipla, granulados

até 60,0 g Acima de 60,0 e até 150 g Acima de 150g

90,0% 92,5% 95%

Umidade: < 8% Karl Fisher, ou secagem em estufa até peso constante. Tamanho de Partícula Determinação do Volume Aparente emprego de proveta ou aparelho Avaliações organolépticas: cor, aroma, sabor – estado de conservação; Cinzas totais – verificação de adulteração. Pós opoterápicos (derivados de órgãos animais). Determinação do ângulo de repouso Resistência ao movimento relativo das suas partículas quando submetidos a forças externas. Dificuldade apresentada pelos pós para fluírem livremente de um orifício para uma superfície livre. Importância: elucidar a facilidade de manuseio de pós, por ex, no enchimento de recipientes, ou no escoamento de um distribuidor de uma máquina de compressão para a matriz respectiva. Boas propriedades de escoamento = ângulo de repouso <30o. Acima de 40o o fluxo é difícil.

Método Princípio da Técnica Tamanho (µm)

Tamisação Partículas passam por tamises 10 – 100

Microscopia Malha calibrada 0,2 – 100

Velocidade de Sedimentação

Uso de um meio líquido (Lei de Stokes)

0,8 – 300

Espalhamento da luz Um feixe de luz atinge a partícula e sofre desvio angular

0,05 – 10

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Determinação do ÂNGULO DE REPOUSO

Tan Ө : h/r

o Onde h é a altura do cone de pó e r é o diâmetro do cone

o Quando um pó ou material granulado corre livremente através de um orifício sobre uma superfície plana, o material depositado forma uma pilha cônica. O ângulo da base do cone denomina-se ângulo de repouso.

o O ângulo de repouso depende da força de fricção entre as partículas. o Pós cuja partículas variam entre 250 µm a 2000 µm fluem bem (pós mais

grossos); entre 75 µm e 250 µm podem fluir bem ou apresentar problemas de adereência; partículas menores que 100 µm há problemas de fluxo importantes (pós mais finos).

GRANULADOS

Definição: são preparações sólidas formadas por grãos irregulares, cujo conjunto tem aspecto homogêneo. Pode constituir um medicamento diretamente administrável por via oral ou destinado ao preparo de comprimidos.

• Vantagens dos granulados em relação aos pós: – Podem ser revestidos externamente; – São de melhor conservação do que os pós (menos higroscópicos – não se

aderem entre si); – São de melhor aparência do que os pós; – Sua posologia é mais uniforme e a ingestão é mais agradável em relação aos

pós. Métodos de preparo dos granulados Preparação a úmido: é o método mais utilizado, e envolve 4 etapas principais: 1a. Etapa – Umedecimento dos pós com água, misturas hidroalcoólicas, éter ou soluções aglutinantes (xarope simples, gomas, éteres da celulose); 2a. Etapa – Granulação da massa úmida por meio de tamises, de malha apropriada. Aplica-se uma pressão. 3a. Etapa – Secagem da massa granulada em estufas (30 – 50oC), raramente ao ar livre. Radiação IV 4a. Etapa – Calibração do granulado, usando um tamis que terá abertura de malha maior do que aquela usada na granulação. Objetivo: fragmentar os grãos aglomerados. Não se aplica pressão.

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Preparo a seco: este método é utilizado para o preparo de granulados que serão utilizados como intermediários de processo na obtenção de comprimidos. Preparo por fusão: aplicável a substâncias que possuem água de cristalização (ex. ácido cítrico). Mecanismo: com o aquecimento (90-105oC), ocorre fusão das substâncias medicamentosas que aglomeram-se sob a forma de pasta, que em seguida é tamisada. Tipos de granulados:

– Forma vermicular ou esférica. – Sacaretos granulados: granulados acrescidos de açúcar – Granulados com chocolate: uso de cacau em substituição à parte do açúcar – Granulados efervescentes: NaHCO3 em ácidos cítricos e/ou tartárico.

Acondicionamento dos granulados: recipientes de vidro ou plástico (fechamento hermético). Uso de sílica. Exemplos de granulados:

Granulado de carvão: uso interno - adsorvente de toxinas microbianas; Granulado efervescente: uso interno – anti-gripal (vitamina C + aspirina + açúcar + ácido cítrico + àcido tartárico + NaHCO3).

Ensaio dos granulados 1. Tempo de desagregação: Granulados não revestidos: desagregação ou dissolução rápida em água a 37oC. Granulados efervescentes: desagregação em tempos inferiores a 5 min. 2. Resistência: a dureza do granulado não pode ser excessiva, pois comprometerá o seu tempo de desagregação, mas deve ser suficiente para evitar a fragmentação fácil dos granulados, melhorando a conservação. 3. Umidade: a umidade excessiva pode causar reações de hidrólise, contaminações microbianas, que diminuem a estabilidade dos fármacos. 4. Tamanho médio dos grãos constituintes: feito por tamisação. Devem ser isentos de pó. 5. Dosagem dos princípios ativos 6. Porosidade: interessante apenas para granulados destinados à preparação de comprimidos.

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COMPRIMIDOS

São formas farmacêuticas sólidas obtidas por compressão de uma mistura de pós, contendo princípios ativos, e adjuvantes farmacêuticos adequados ( excipientes) Usos : ORAL SUB- LINGUAL VAGINAL EXCIPIENTES

DILUENTES - Dão o volume necessário para a formulação possibilitando a preparação do comprimido do tamanho desejado. SOLÚVEIS: Lactose, Manitol, Sorbitol, etc INSOLÚVEIS: Celulose microcristalina, Amido de milho, Carbonato de cálcio, etc. AGLUTINANTES

Promovem a adesão das partículas da formulação, possibilitando a preparação do granulado e manutenção da integridade do comprimido acabado.

Firmeza e resistência dos comprimidos.

Seu excesso na formulação pode comprometer o tempo de desagregação e de dissolução do produto acabado.

Sua falta pode levar a uma mistura de pó ou granulado de difícil compressão levando a comprimidos friáveis.

Exemplos: PVP, Goma de amido, Gelatina, Etilcelulose, açúcares como sacarose, glicose; polissacarídeo: goma arábica, acácia. Faixa de concentração: 2 - 4 % DESINTEGRANTES

Aceleram o processo de desagregação do comprimido formando grânulos menores, os quais terão mais fácil dissolução.

Possuem ação oposta àquela apresentada pelos aglutinantes

Podem influenciar a velocidade de dissoluçõa, Biodisponibilidade e nas propriedades físicas dos comprimidos

Faixa de concentração: 2 - 5 %

Obs: De preferência adicionar ao granulado seco ( fase seca) e não utilizá - lo na fase interna do granulado ( fase úmida).

Substâncias que aumentam a capilaridade, adsorvem umidade e incham sem se dissolverem

Ex: Pectina, amido de batata/milho desidratados, acido alginico (alginatos) Superdesitegradores: Croscarmelose sódica, Crospovidona (derivado do PVP), glicolato de amido de sódio (Explotab); Explosol = carboximetilamido

Combinação de substâncias que fervem com desprendimento de CO2 em presença de líquidos

Ex: Bicarbonatos

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Substâncias que aumentam a umectabilidade dos comprimidos e se dissolvem Ex: Carbopol, CMC, metilcelulose, ágar, bentonita, Veegum, gomas

LUBRIFICANTES

Melhoram o fluxo do material para as matrizes, impedindo que haja aderência nas matrizes e punções.

Exemplos: Estearato de magnésio, Talco, Ácido esteárico, Estearato de cálcio, Fumaratos.

O tempo de lubrificação é importante: Pouco tempo: efeito lubrificante praticamente nulo Muito tempo: sobrelubrificação, passível de ocorrer aderência durante o processamento da mesma forma

Faixa de concentração: 0,5 - 1,0 %

OUTROS EXCIPIENTES

Absorvente e Promotor de fluxo : Dióxido de silício (Aerosil), Talco, Talco/estearato (1:9)

Tensoativos: Laurilsulfato de sódio e Tween 80

Corantes e Aromatizantes

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 1- Granulação Úmida 2- Granulação a seco 3- Compressão Direta

Granulação Úmida

Etapas: Fase interna 1- pesagem e mistura dos componentes 2-preparo da solução granulante 3 - umedecimento dos pós 4-formação de grânulos pela passagem em tela 5-secagem 6-calibração do grânulo seco Fase externa 7-mistura dos adjuvantes de compressão ( diluentes, desintegrantes e lubrificantes) ao granulado seco 8-compressão

Granulação a seco Para pós que não são diretamente compressíveis e que são sensíveis à umidade e ao calor , por isso não podem ser submetidos à granulação úmida e secagem. ex: ácido acetil salicílico

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Etapas: 1- pesagem e mistura dos componentes 2-compressão ou compactação dos pós a seco (BRIQUETE / PASTILHÃO) 3- Moinho 3-calibração do grânulo seco 4-mistura dos adjuvantes de compressão ( diluentes, desintegrantes e lubrificantes) ao granulado seco 5 -nova compressão Compressão direta Algumas substâncias químicas possuem fluxo livre e propriedades de coesão que possibilitam a compressão direta ex: cloreto de potássio, metenamina Etapas: 1- pesagem e mistura dos componentes 2-compressão COMPRESSÃO 1- Máquina excêntricas ( 1 punção)

2 - Máquinas rotativas ( vários punções)

PUNÇÕES E MATRIZES

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PROCESSO DE COMPRESSÃO Etapas 1 - O pó flui do alimetador para a matriz 2 - A matriz é cheia com pó/granulado a ser comprimido 3 - O punção superior desce, comprimindo o mesmo 4 - O punção inferior suporta o pó que está sendo comprimido 5 - O punção inferior ejeta o comprimido.

CICLO DE COMPRESSÃO EM UMA ROTATIVA

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PROBLEMAS DE PROCESSAMENTO E CONTROLE EM PROCESSO • Laminação ou descabeçamento (capping)

• Adesão dos comprimidos Reavaliar - Umidade (1 - 3%) - Promotores de fluxo e lubrificantes - Constituintes de baixo ponto de fusão - Marcas e logotipos

• Manchas Reavaliar - Segregação de ativos ou corantes - Oxidação ou degradação

• Variação de peso e dureza Reavaliar - Distribuição de tamanho e geometria - Fluxo CONTROLE DE QUALIDADE 1- PESO MÉDIO

Controle durante todo processo

Geralmente se faz o peso médio de 10 unidades

A uniformidade de peso deve se individual ( geralmente de 20 unidades)

Utilizar gráfico de controle 2- ESPESSURA

Indicará se houve uniformidade de enchimento em função da pressão empregada

A medida é feita através de paquímetro, durante todo o processo

Sua variação pode influenciar no processo de embalagem ( blisteres e strips)

Deve - se definir a faixa máxima e mínima 3- DUREZA

Medida da força necessária para quebrar o comprimido.

Medida indireta da força de compressão dada.

Controle realizado durante todo o processo

Necessita de equipamento específico

Geralmente define - se somente o valor mínimo.

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Aparelho utilizado: Durômetros Unidades de medida de força: Kgf, Kp, N 4- FRIABILIDADE

Avaliação da resistência dos comprimidos ( avaliação da tendência de fragmentação)

Os comprimidos são pesados antes e depois de um certo número de rotações, determinando-se a perda de peso .

Importante, pois se os comprimidos estiverem friáveis podem atrapalhar o processo de revestimento, ou o processo de embalagem.

Geralmente a faixa é de Máx. 1 %

Aparelho utilizado: Friabilômetro 5- DESINTEGRAÇÃO

Determina o tempo necessário para voltar ao estado de pó ou grânulos.

Simula o que acontece in vivo após a ingestão do comprimido: movimentos do trato gastro intestinal , presença de fluidos e temperatura corporal

Controle realizado durante todo o processo e utiliza 6 comprimidos por vez.

O tempo de desintegração é influenciado pela dureza do comprimido, pelos constituintes da formulação , pelo processo de fabricação, etc

Pode influenciar o ensaio de dissolução

Equipamento utilizado: Desintegrador 6- DISSOLUÇÃO ( ensaio de produto acabado e não de controle em processo - utiliza 6 comprimidos)

Equipamento utilizado: Dissolutor

REVESTIMENTO DE COMPRIMIDOS

Por que revestir? Proteger a droga do ambiente circundante (ar, umidade e luz) para melhorar a

estabilidade. Mascarar sabor e odor desagradáveis. Aumentar a facilidade do paciente de ingerir o produto. Melhorar a identidade do produto, desde a indústria farmacêutica até o paciente, e

sua estética final. Minimiza a contaminação cruzada devido à eliminação de pó. Melhorar a sua integridade mecânica, visto que os produtos revestidos geralmente

são mais resistentes ao manuseio incorreto (abrasão, atrito..) Modificar a liberação da droga, como nos produtos de revestimento entérico, e de

ação prolongada, retardada. Processos de revestimento:

Revestimento com açúcar - Drageamento (clássico)

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Revestimento peliculado (film coating / cuticular) Revestimento a seco (press coating)

• PROPRIEDADES DOS NÚCLEOS A SEREM REVESTIDOS: Comprimidos biconvexos Superfície lisa e não porosa Dureza superior a 5Kp Friabilidade menor que 1%. Resistência ao calor Deve ser compatível com a formulação de revestimento.

Principais diferenças entre drageamento e revevestimento peliculado

CARACTERÍSTICAS DRAGEAMENTO REVESTIMENTO PELICULADO

Comprimidos

Aparência Arredondados, elevado nível de polimento

Os contornos do núcleo original são preservados. Normalmente não são tão lustrosos quanto as drágeas

Aumento do peso devido aos materiais de revestimento

30-50% 2-3%

Logotipo ou vinco Não são viáveis São viáveis

Outras formas farmacêuticas

O revestimento com açúcar é viável, mas de pouca importância industrial

O revestimento de multiparticulados é muito importante nas formas de liberação controlada.

Processos

Etapas Processo multiestágio

Normalmente uma única etapa

Duração usual por lote

8 horas ou mais 1,5-2 horas

Revestimentos funcionais

Normalmente não são possíveis, exceto o revestimento entérico

Facilmente adaptável para liberação controlada

REVESTIMENTO PELICULADO Técnica mais moderna e a mais utilizada. Processo:

Deposição por aspersão/atomização de uma fina película de polímero ao redor do núcleo do comprimido em leito fluidizado ou leito misturado de comprimidos em rotação.

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Líquido de revestimento (solução ou suspensão) contém polímero em solvente apropriado, junto com outros adjuvantes (pigmentos, plastificantes).

Secagem para remover o solvente, de modo a deixar um depósito fino do material de revestimento ao redor do comprimido.

Formulação da suspensão de revestimento:

Polímero Plastificante Corantes Solvente

Características de um polímero para revestimento peliculado

– Solubilidade – Em fluidos aquosos - para facilitar a dissolução das substâncias ativas a partir

do produto final. – Salvo comprimidos com liberação modificada, a opção será a de exigir do

sistema polimérico uma dissolução ou uma permeabilidade em meio aquoso lenta.

– Viscosidade – Baixa, assim permitindo uma aspersão fácil e livre de problemas.

– Permeabilidade – O revestimento peliculado pode ser utilizado para otimizar o prazo de

validade em prateleira de um comprimido, uma vez que diversos polímeros constituem barreiras eficientes contra a permeação de vapor de água ou outros gases.

– Propriedades mecânicas – O polímero escolhido deve possuir uma elevada resistência ao impacto e à

abrasão. Um revestimento com escassa resistência revela-se pela presença de rachaduras ou imperfeições na superfície.

Tipos de polímeros disponíveis para o revestimento peliculado Polímeros para revestimento não gastro-resistentes • Hidroxipropilmetilcelulose • Metiletilhidroxicelulose • Etilcelulose • Hidroxipropilcelulose • Povidona • Carboximetilcelulose sódica • Polietilenoglicóis (900 a 8000) • Polímeros do ácido acrílico Eudragit® E – até pH 5 Eudragit® RL e Eudragit® RS – ação retardada, independem do pH Polímeros para revestimento gastro-resistentes • Acetoftalato de celulose (CAP)

– pH acima de 6

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• Polímeros acrílicos – Eudragit® L e Eudragit® S – Resistentes ao meio gástrico

• Ftalato de hidroxipropilmetilcelulose – HP-50, HP-55, HP 55S

• Acetoftalato de polivinilo (PVAP) • Carboximetiletilcelulose • HPMC acetato succinato (HPMCAS)

Plastificantes Adicionados em formulações de revestimento peliculado com o objetivo de

modificar as propriedades físicas do polímero, tornando-o mais flexível. Capacidade de diminuir a fragilidade do filme. Agem pela interposição de suas moléculas entre as cadeias do polímero.

facilitando o movimento das cadeias do polímero e, este apresentará um comportamento mais flexível.

Exemplos: Polióis: polietilenoglicol 400 Ésteres orgânicos: dietilftalato Óleos e glicerídeos: óleo de coco fracionado.

Corantes – Devem ser insolúveis em água (pigmentos). – Os pigmentos possuem vantagem sobre os corantes solúveis em água, devido

à sua estabilidade química frente à luz, proporcionam melhor opacidade e recobertura de pós e promovem a impermeabilidade da película ao vapor de água.

Exemplos: Pigmentos a base de óxido de ferro Dióxido de titânio Lacas de alumínio

Solventes

– Até 1950 os solventes eram orgânicos. Desvantagens: Meio ambiente (vapores orgânicos não tratados),

Segurança (explosão, toxicidade), Econômicos, Resíduos de solventes. – As técnicas modernas empregam água como solvente, devido à significativa

redução de custos. Características ideais dos comprimidos com revestimento peliculado:

– Revestimento contínuo e uniformidade de cor. – Não deve ocorrer desprendimento da parte superior do núcleo. – Monogramas e vinco do comprimido deverão ficar diferenciados.

Defeitos de revestimento

Defeitos de processo: condições não-apropriadas de secagem, que permitem ao revestimento previamente depositado sobre a superfície do comprimido aderir aos comprimidos vizinhos.

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Defeitos de formulação: a fratura ou formação de arcos sobre os vincos. DRAGEAMENTO/ REVESTIMETO COM AÇÚCAR • Método clássico, envolve aplicações sucessivas de soluções que contém sacarose a

núcleos de comprimidos, utilizando equipamentos de revestimento adequados. • Turbina de drageamento. Etapas envolvidas na produção de drágeas Impermeabilização dos núcleos comprimidos

Impermeabilizadoa à água, aplicando um polímero impermeável a esta: goma-laca, acetoftalato de celulose, acetoftalato de polivinila.

Revestimento primário Para obter drágeas arredondadas, o núcleo impermeabilizado deve ser

trabalhado. Adiciona-se materiais de carga: carbonato de cálcio ou talco, durante a

aplicação da solução de sacarose. Ou adicionar goma (ex: goma arábica) Alisamento

Uma vez que a forma apropriada tenha sido alcançada, os núcleos com revestimento apresentam, quase sempre, uma superfície áspera, a qual deve ser alisada.

Aplicações de xarope de sacarose. Coloração

A maioria das drágeas são coloridas (aparência estética).

Pigmentos permitidos pela legislação nacional. Polimento

Conferir uma aparência atraente/elegante. Cera de abelha e de carnaúba.

Impressão Para facilitar a identificação das drágeas – impressão do logotipo ou código

do fabricante. A camada drageada é mais espessa que a de um revestimento pelicular –

inviável para monogramas entalhados no comprimido. Utiliza-se um processo de impressão chamado de gravura offset, com uso de

tinta indelével. Outra técnica é a de impressão a jato.

As drágeas devem apresentar contornos perfeitamente arredondados e lisos, com

cobertura de cor uniforme. Se houver impressão, esta deve ser diferenciada, sem manchas ou falta de continuidade.

Defeitos devido ao processo: rachadura do revestimento durante o tempo de armazenagem, provocado pela secagem deficiente no momento da aplicação do revestimento.

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REVESTIMENTO A SECO Compactação de um material granulado ao redor de um núcleo previamente

formado, utilizando-se máquinas de compressão. Múltiplas camadas Este revestimento é empregado, em especial, para separar componentes

quimicamente incompatíveis, quando um ou mais destes são incorporados ao núcleo e o outro(s) à camada de revestimento.

• Vantagens: não sofre ação do calor; substâncias incompatíveis; revestimento gastro-resistentes; menor tempo desagregação que as drágeas; maior rendimento.

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CÁPSULAS

Definição • Preparações farmacêuticas constituídas por um invólucro de natureza, forma e

dimensões variadas, contendo substâncias medicinais sólidas, líquidas ou pastosas. Vantagens

• Meio de administração de substâncias nauseosas ou de sabor desagradável • As paredes são digeríveis e liberam rapidamente os medicamentos • Devido a elasticidade de suas paredes, são mais facilmente deglutíveis em relação ao

comprimido • Em Farmácia com Manipulação é possível preparar dosagens que não são

encontradas no mercado. Mascaramento de sabor • Para medicamentos de liberação imediata e modificada • Fácil deglutição devido sua elasticidade • Menor nº de etapas produtivas. Permite identificação dos medicamentos.

Classificação das Cápsulas

Amiláceas - fora de uso • Gelatinosas • Hidroxipropilmetilcelulose • Pullulan

– Fermentação do milho – Kosher certified

• Comunidade Judaica – Halau certified

• Comunidade Muçulmana

Cápsulas Gelatinosas

Origem da gelatina • Proteína que forma o tecido conjuntivo e de suporte do corpo de mamíferos ( PM =

40000 - 110000) • Contém 18 aminoácidos diferentes • O colágeno é submetido a processo de maceração e purificação com ácidos ou

álcalis que quebram ( hidrólise) em cadeias de aminoácidos não ramificados de tamanho variável ( gelatina)

• Gelatina de ossos • - Gelatina de pele de bovinos( gelatina Tipo B - hidrólise básica) • - Gelatina de pele de suínos( gelatina tipo A - hidrólise ácida) • Duras ( preparadas com gelatina) • Moles ( preparadas com gelatina e emolientes)

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Substâncias em comum: • Corantes

• Solúveis em água ou pigmentos insolúveis em água. • Dióxido de titânio para opacificar

• Conservantes • Dióxido de enxofre (0,15%)

• Antioxidantes Água (12-16%)

Conteúdo

Sólido seco Pós Granulos Comprimidos

Semi-sólido Pastas

Líquidos Não aquosos

CÁPSULAS DE GELATINA DURA

É o tipo mais usado Invólucro vazio Possuem forma cilíndrica, arredondada nos extremos e formada por duas partes abertas. Apresentam - se no comércio com variados tamanhos designados por algarismos arbitrários. Quanto mais elevado o n° , menor a capacidade do invólucro.

N° Volume médio 000 1,37 ml 00 0,95 ml 0 0,68 ml 1 0,50 ml 2 0,37 ml 3 0,30 ml 4 0,21 ml 5 0,13 ml

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Boas práticas de manipulação • São um conjunto de ações organizadas que asseguram que os medicamentos têm a

qualidade exigida para o fim a que se destinam • GARANTIA DE QUALIDADE - abrange tudo que possa , individual ou coletivamente,

influenciar a qualidade de um produto

Pontos a serem observados • Sala de enchimento • Utilização de salas próprias • Dimensões - possibilidade de espaço • Paredes de alvenaria ou divisórias de fórmica • Uso de ar refrigerado e/ou desumidificadores • Assoalho liso • Permitir esterilização • Capelas individuais - Sistema de exaustão Operador • Importância dos cuidados necessários • Pesada e cálculo • Higiene • Distribuição do pó • Limpeza do encapsulador • Capela e sala limpas com solução germicida • Material próprio • Registro de todas as operações

Material a ser utilizado • Cápsula - tamanho e cor

• Excipiente fundamental para garantir a eficácia do tratamento • Embalagem

Excipiente • O ideal seria encher a cápsula somente com o princípio ativo • Requisito para um excipiente : • Inércia diante do princípio ativo com relação ao material de acondicionamento e em

relação ao organismo Excipientes

• Amido : diluente ou desintegrante. Não há concentração limite Incompatibilidades: não há descrição • Carbonato de Cálcio Incompatibilidades: ácidos e sais de amônio (ex: cloreto de amônio) • CMC-Na aumenta tempo de desintegração

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Incompatibilidades: ácidos fortes, sais de ferro e metais como alumínio, mercúrio e zinco • Caulim diluente. Não sendo esterilizado, pode ser contaminado por Bacillus

anthracis, Clostridium tetani e outros Incompatibilidades: amoxacilina, ampicilina, cimetidina, lincomicina, fenitoína, clindamicina, tetraciclina, warfarina • Celulose Microcristalina (Avicel ®) diluente (20 a 90%), antiaderente ou

lubrificante (5 a 20%), adsorvente (20 a 90%) Incompatibilidades higroscópica. Incompatível com agentes oxidantes fortes • Estearato de Magnésio lubrificante e antiaderente (0,25 a 2%). Hidrofóbico,

podendo retardar a dissolução de drogas sólidas Incompatibilidades: substâncias ácidas, alcalinas e sais de ferro. Usar com precaução em drogas incompatíveis com álcalis • Fosfato de cálcio dibásico (Emcompress® e DI-TAB ®) em preparações com vitaminas

e minerais. Também com finalidade alcalinizante e tampão para evitar catálise ácida do PA a nível gástrico. 40 a 50% em associação a lubrificante (ex: estearato de magnésio 1%) e a desintegrante

Incompatibilidades: tetraciclina e indometacina • Lactose diluente (65 a 85%). Contra-indicada para pessoas com intolerância a

lactose (deficiência de lactase) Incompatibilidades: reage com grupo amino primário (aminoácidos e anfetaminas [mazindol, anfepramona, femproporex, aminofilina, fluoxetina, sertralina, imipramina, amitriptilina, clomipramina, nortriptilina, hidroxitriptofano e compostos relacionados]) • Lauril sulfato de Sódio surfactante utilizado como lubrificante e molhante (1 a

2%). Facilita dissolução de drogas lipossolúveis Incompatibilidades: atropina, beladona, quinina, quina, hiosciamina, escopolamina, ipeca, sulfato de quinidina, codeína, iombina, vinca, vincamina, reserpina, ergotamina, ergometrina, ergonovina, dihidroergotamina,dihidroergocristina, metisergida, pilocarpina, efedra ou mahuang, efedrina, cafeína, pseudoefedrina, colchicina, teofilina, cloreto de K, aspartato de K, potássio quelato • Manitol excipiente (10 a 90%) principalmente para drogas sensíveis à umidade.

Deve ser associado ao estearato de magnésio (1 a 2%). Não deve ser usado em crianças menores de 12 anos

Incompatibilidades: complexa com alguns metais como ferro, alumínio e cobre • Talco Secante e lubrificante (5 a 30%). Deve ser de qualidade, pois é vulnerável a

contaminação microbiológica. Incompatibilidades: incompatível com quaternários de amônio • Aerosil Sílica coloidal. Dessecante e antiaderente (0,1 a 1,0%) Incompatibilidades: incompatível com preparações com dietilestibestrol FARMACOTÉCNICA DE ENCHIMENTO 1 - Escolha de invólucro adequado ( avaliação do volume aparente dos pós) PROCEDIMENTO PRÁTICO 1 – dose do Princípio ativo; 2 – Diluente escolhido;

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3 – Calcular o volume aparente do PA. através da densidade do pó. – 10 batidas em proveta calibrada 4 – determinar o melhor invólucro; 5 – Completar o volume ( se necessário ) com o diluente, calculando, por diferença, o volume aparente deste e conseqüente quantidade em peso para cada cápsula; 6 – Calcular a quantidade total em peso para encher o número total de cápsulas da prescrição. EXEMPLO PRESCRIÇÃO: FLUOXETINA 20mg – total de 20 cápsulas Fator de Equivalência (Feq ) = EqG do sal/ EqG da base Na farmácia só há cloridrato de Fluoxetina, o Fc é 1,12, logo em cada cápsula serão pesados 20 x 1,12 = 22,4 mg de Clodridrato de Fluoxetina POR CÁPSULA. Volume aparente do Clor Fluox ( HIPOTÉTICO ) = 0,9 ml para 1g, para 22,4 mg teremos 0,02 ml. Invólucro escolhido nº5 = 0,130 ml, logo teremos que completar com AMIDO a diferença ( 0,130 -0,02 ml = 0,11 ml ). Se a densidade aparente do AMIDO for de 1,2g/ml ( HIPOTÉTICO ) teremos que: 1,2g --------- 1 ml x ---------- 0,11 ml, logo a quantidade POR CÁPSULA de amido será 132 mg. TOTAL DE PÓS PARA A PRESCRIÇÃO Cloridrato de Fluoxetina: 0,0224g x 20 = 0,448g Amido: 0,132g x 20 = 2,64g 2 - Método de enchimento Manual ( encapsuladeira manual - enchimento de fileira em fileira) Encapsuladoras Semi-automáticas e Industriais

Mistura de Pós • Pó é uma mistura de fármacos e/ou substâncias químicas finamente divididas na

forma seca • Pó simples – é o pó que resulta da divisão de uma única droga • Pó composto – aquele que se prepara pela mistura de dois ou mais pós simples Finalidade da Mistura • consiste em tornar o mais homogênea possível, uma associação de vários produtos

sólidos, pastosos, líquidos ou gasosos. Cada fração ou dose coletada ao acaso deve

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conter todos os componentes nas mesmas proporções que a totalidade da preparação

• completar o volume da cápsula • atender a uma prescrição, a qual encerra diferentes princípios ativos • Fatores que Interferem na Mistura • Tenuidade dos componentes • Densidade • Proporções dos diferentes componentes • Métodos: Progressão geométrica, misturadores rotatórios, “método do saco” 3 - Produto a encapsular

Matérias primas de difícil fluxo - materiais úmidos, cristais aciculares ( agulhas ).

Bom fluxo - partículas esféricas ou cúbicas

Para melhorar o escoamento: adição de lubrificantes, granulação, com grânulos de diâmetro entre 0,3 e 0,7 mm.

Cápsulas a partir de comprimidos • Finalidade de uso: quando é necessário administrar uma substância de uso exclusivo

da indústria em dose diferente da oferecida por esta. • Jamais usar comprimidos revestidos ou de ação prolongada

CÁPSULAS GELATINOSAS MOLES O que é a Cápsula gelatinosa mole? • Gelatina com adição de um PLASTIFICANTE - Glicerina, Sorbitol ou PEG. • A relação Glicerina/gelatina pode ser de 0,4/1 ( dura ); 0,6/1 ( média ) ou 0,8/1 (

mole ). • Normalmente se encapsula fármacos em soluções oleosas e em suspensão oleosa

ou aquosa (Mas também podem ser encapsulados pós). • Quanto maior a quantidade de GLICERINA na formulação melhor é a encapsulação

de fármacos solúveis em água em formulações hidrossolúveis. • PREPARO DO INVOLUCRO • Por imersão ( preparação da gelatina / preparação dos involucros / enchimento e

fechamento) • Por compressão ( processo mais utilizado). Princípio : Aprisionamento de quantidades

estabelecidas de substâncias medicamentosas entre folhas de gelatina mole que depois se soldam por compressão e se recortam. Existência de uma linha de união a qual contorna toda cápsula.

Incompatibilidades das cápsulas de gelatina : Para ambos os tipos

As que resultam da ação dos constituintes sobre o invólucro gelatinoso.

As que devem à ação dos constituintes entre si.

Temperaturas elevadas ( ligação cruzada da gelatina)

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Para cápsulas mole

Dissolução da gelatina pelo solvente

Difusão do princípio ativo na parede das cápsulas • Acondicionamento • potes limpos, algodão, saches de sílica Controle de qualidade Peso médio, Desintegração, Umidade e Dissolução Peso Médio Pesar 20 cápsulas. A Variação pode ficar em torno de ± 10% (até 300mg) Se a substância ativa de alta atividade, variação de ± 1%. Determinação do erro de pesagem E% = sensibilidade da balança x 100 quantidade a ser pesada Ex1: Manipular 20 cápsulas de Fluoxetina 20 mg Ex2: Manipular 20 cápsulas de Clonidina 0,01mg Calcular o erro de pesagem na balança analítica (sensibilidade 0,1mg) e semi analítica (sensibilidade 1mg)

MÉTODOS DE REVESTIMENTO O revestimento de cápsulas requer um conhecimento considerável sobre formulação e controle de qualidade. Objetivo: Retardar a liberação do princípio ativo para alcançar uma porção específica do trato gastrointestinal Materiais adequados a este uso: Ácido esteárico, Goma laca, Caseína, Acetoftalato de celulose, Ceras naturais ou sintéticas Revestimento em frasco: Colocar uma pequena quantidade de material de revestimento em um frasco e aquecer suavemente até fusão. Adicionar algumas cápsulas, retirar do aquecimento e girar o frasco para iniciar o revestimento. Imersão: Aquecer o material de revestimento em um béquer na menor temperatura possível. As cápsulas podem ser mergulhadas uma a uma usando-se pinças. Em seguida, resfria-se e repete-se o processo até que uma camada suficiente tenha sido aplicada na cápsula. Atomizador: Preparar uma solução do material de revestimento contendo álcool, acetona ou éter e colocar em um atomizador. Colocar as cápsulas sobre uma tela, em uma área bem ventilada. Aplicar a solução do material de revestimento em algumas camadas finas, esperando tempo suficiente para que as camadas sequem.

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MEDICAMENTOS ESTÉREIS

• Forma farmacêutica estéril – Estéril = livre de contaminação por mos – entram em contato com tecidos nos quais facilmente podem surgir infecções

• Grande ou pequeno volume – preparações parenterais em geral – soluções para diálise – vacinas – preparações oftálmicas

INJETÁVEIS

Definição: preparações estéreis,livres de pirogênios e destinadas à administração parenteral.

Adm parenteral:Refere-se às vias de administração injetáveis do grego: para = fora; enteron = intestino (vias de administração diferentes da oral) Utilizada para obter ação rápida

– emergências, – quando o paciente não coopera ou está impossibilitado de aceitar ou tolerar

por via oral, – ou quando o medicamento não é eficaz por outras vias.

Pirogênios Pirogênios: Substâncias orgânicas que produzem febre, responsáveis por muitas reações febris após a administração de certos injetáveis

• Produto do metabolismo dos m.o. vivos ou resíduos celulares – geram resposta pirética – 45 a 90 min - calafrios, mal estar generalizado, dor de cabeça.

• Lipopolissacarídeos (LPS) de parede celular externa da célula bacteriana e endotoxinas.

• Gram negativos – mais potente • A intensidade do efeito está relacionado com o teor de pirogênios e a via de adm:

efeitos menores IM e ID • Resistência após esterilização por autoclave (termoestável) e filtração esterilizante. • Testes: • Coelhos sadios (3) - temperatura corporal média • 10mL do produto por kg de peso corporal • temperatura do coelho: 30min; 1h; 3h após injeção

• Nenhum dos pode ter temp > 0.5oC • LAL - células sangüíneas de crustáceo (Limulus polyphemus) - sistema de proteínas e

enzimas que coagula (forma gel)na presença de baixos níveis de LPS. • Lisado de amebócito de Limulus para a presença de pirogênio • mais sensível que o teste do coelho • Só reage com endotoxina pirogênica, requer cuidados na conservação • Aceito pela USP25

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Tipos de injetáveis • Medicamentos (soluções ou emulsões) adequados para injeção (Ex: injeção de

insulina) - rótulo: “Injeção ______” • Sólidos secos ou líquidos concentrados que, com a adição de solventes, produzam

soluções que se adequam às exigências dos injetáveis (Ex: Ampicilina sódica estéril) - rótulo: “_____ Estéril”

• Suspensões em líquidos adequados (não devem ser injetados endovenosamente) - rótulo: “Suspensão _______ estéril” (Ex: suspensão de dexametasona estéril)

• Sólidos secos que, com a adição de veículos adequados, geram suspensões estéreis - rótulo: “_______ estéril para suspensão” (Ex: Ampicilina estéril para suspensão)

Solventes e veículos para injetáveis

• Água para injetáveis – Solvete mais utilizado – Água especialmente preparada, coletada, armazenada e acondicoinada,

devendo cumprir os requisitos farmacopéicos relativos a características organolépticas de odor, cor e sabor, pH (5,0 a 7,0), quantidades limite de cloretos, dióxido de carbono, metais pesados, matéria oxidável e sólidos soluveis totais na solução.

– livre de pirogênios – acondicionada em recipiente hermeticamente fechado – armazenada em temp abaixo ou acima da faixa que ocorre crescimento

bacteriano – Utilizada para obtenção da água estéril para injetáveis e de preparações a

serem posteriormente esterilizadas. • Água estéril para injetáveis

– Cumprir requisitos anteriores, deve ser estéril – Deve ser acondicionada em frascos com volume máximo de 1L – Não pode conter agente conservante (bactericida ou bacteriostático) – Usada em preparações extemporâneas.

• Água bacteriostática para injetáveis – Requisitos da água para injetáveis – Contém agente conservante (deve ser declarado no rótulo) – Acondicionada em volumes de no máximo 30mL – Uso: preparação extemporânea de soluções.

• Soro fisiológico para injeção – solução isotônica estéril de NaCl em água para injeção. – Usada como veículo na preparação de soluções ou suspensões de fármacos

para administração parenteral • Solução de Ringer

– Solução estéril de NaCl, KCl e CaCl2 em concentrações semelhantes às fisiológicas

– repositora de eletrólitos e diluente – Ringer Lactato - contém também lactato de sódio (alcalinizador sistêmico)

• Óleos – Para substâncias insolúveis em água: vitaminas, esteróides, hormônios.

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– Óleos não irritantes e atóxicos, destituídos de ação farmacológica, sensibilizante, e deve ser inodoro.

• Ex: gergelim (sésamo), amendoim, milho, trigo, algodão, soja. Devem ser puros e cumprir com exigências farmacopéicas

• Adm intramuscular. Substâncias adicionais

• Aumentar estabilidade ou utilidade inofensivas e não interferentes

– conservantes • Para recipiente multi-dose • Cloreto de benzalcônio (0,01%), clorobutanol (0,5%), nitrato de

fenilmercúrio (0,002%), metilparabeno, propilparabeno (0,01%), alcool benzílico (0,5%)

– tampões – Co-solventes: etanol (20%), glicerina (30%), propilenoglicol e polietilenoglicol

400 e 600 (50%) – Antioxidantes

• Ácido ascórbico (0,1%), bissulfito de sódio (0,15%), tocoferóis (0,075%)

– Isotonizantes (cloreto de sódio, glicose, cloreto de cálcio, cloreto de magnésio)

– • Isotonia » Os sistemas biológicos são compatíveis com soluções que têm pressões osmóticas

semelhantes, ou seja, um número de equivalentes de espécies dissolvidas. O plasma é isosmótico (ou isotônico) a uma solução a 0,9% de NaCl.

» Soluções hipertônicas ou hipotônicas devem ser ajustadas – Equivalente NaCl

• 0,9% de NaCl = isotônico – Abaixamento da temperatura de congelamento

• -0,52oC = isotônico Material de acondicionamento

• Polímeros termoplásticos: polietileno de alta e baixa densidade, polipropileno, poliamida, plitetrafluoroetileno (teflon)

• Vidros Tipo I, II. Métodos de obtenção, requisitos e uso dos diferentes tipos de água (USP 25) Tipode água Método de

preparação Teste para pirogênios

Esterilidade Uso e acondicionamento Adição de conservante

Purificada Dest, Troca Ionica

Não Não Recipientes herméticos Não

Para injetáveis Dest, Osmose Reversa

Sim Não Uso antes de 24H. Manter a 5oC ou a tem. Maior q 80oC

Não

Estéril para injetáveis

Dest, Osmose Reversa

Sim Sim Frascos uni-doses Não

Bacteriostática Dest, Osmose Reversa

Sim Sim Multi-dose até 30mL, uni-dose Sim

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PREPARAÇÕES OFTÁLMICAS

Uso tópico – efeitos localizados na superfície ou interior dos olhos

Aplicações em pequenos volumes – a capacidade de o olho reter as preparações é limitada.

Volume normal de lágrimas no olho = 7L;

Volume max de líquido sem piscar = 30 L;

Volume em olhos piscando = 10 L. Os líquidos em excesso (produzidos normalmente ou adicionados) são rapidamente drenados do olho.

Volume usual de dose da solução instilada: 50L. Volume ideal de solução farmacêutica a ser aplicada com base na capacidade do

olho: 5 a 10 L. Classificação :

Gotas oftálmicas - Soluções aquosas ou oleosas ou suspensão para a instilação no saco conjuntival.

Soluções p/ lentes de contato - Lubrificação, limpeza, imersão ou para finalidades combinadas

Pomadas oftálmicas - Pomadas aplicadas na pálpebra inferior .

Inserções oftálmicas – proporcionam a liberação da medicação em velocidades pré-determinadas e previsíveis.

ANÁTOMO FISIOLOGIA DO OLHO ESQUEMA DO BULBO OCULAR:

Humor aquoso

Humor vítreo

Pálpebra Pupila

Esclera

Esclera ou esclerótica

Íris

Nervo ótico

Íris

Músculo reto inferior

Músculo reto inferior

Conjuntiva

Córnea

Cristalino

Retina

Músculo reto superior

Músculo reto médio

Corpo ciliar

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2.1 – Córnea: Transparente / não vascularizada / regeneração rápida / Com enervação / caráter anfifílico. 2.2 – Conjuntiva: Mucosa que forma a junção entre as pálpebras e a córnea. São duas folhas: A) Reveste o interior das pálpebras (conjuntiva propriamente dita) B) Branco dos olhos (esclera) Ricamente vascularizada 2.3 – Absorção

Via conjuntival ou transcorneana PROCEDIMENTOS DE FABRICAÇÃO Os seguintes fatores devem ser observados na fabricação de preparações oftálmicas: 3.1- ESTERILIDADE As gotas oftálmicas contaminadas causam sérios danos. Proteção natural: Epitélio da córnea e lágrimas.

NÃO PRECISAM SER APIROGENICAS

3.1.1 Mº POTENCIALMENTE PERIGOSOS Bactérias: Stafilococcus aureus; Fungos: Aspergilus fumigatus

Proteus vulgaris; Bacillus subtilis; Virus: Adenovirus Pseudomonas aeruginosa.

O mais perigoso. Pode desenvolver-se em soluções salinas e em água

destilada mal armazenada. Produz severa ulceração da córnea = perda da visão (produção de enzima que destrói a córnea)

Procedimentos exigidos 1. Esterilização final pelo calor 2. O uso de substância conservadora (multi-dose) 3. Filtração esterilizante - Filtros de acetato de celulose 4. Manipulação asséptica - Uso de fluxos laminares A esterilidade é um procedimento obrigatório

Contém Lisozima e lavam contaminantes da superfície do olho p/ a cavidade nasal via ducto

lacrimal

Se o epitélio da córnea estivar inteiro, as infecções são confinadas a

conjuntiva.

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Conservantes utilizados em colírios devem ser: Rapidamente efetivo frente a um largo espectro de bactérias (incluindo P. aeruginosa) e

fungos em temperatura ambiente;

Fisiologicamente compatível com a mucosa, sem produzir dor ou irritação;

Compatível com os medicamentos e outros excipientes, tais como espessantes ou

estabilizantes;

Estável durante a esterilização e estocagem;

Solúvel (evitar cristalização em baixa temperatura).

CONSERVANTES: 1. Cloreto de benzalcônio (até 0,13%) - É o mais utilizado. Não é tóxico, não é irritante, não volátil e estável em solução. Sua ação é rápida. Deve ser associado ao quelante EDTA (etilenodiamino tetraacetato dissódico 0,01 – 0,1%) que aumenta a permeabilidade da membrana do Mº ao bactericida . É um composto catiônico e não pode ser usado com medicamentos aniônicos ( fluoresceína e sulfonamida). 2. Acetato de clorhexidine 0,01 % p/v - A toxicidade para Proteus e Pseudomonas é baixa, mas pode aumentar na presença de EDTA. Altíssima atividade mostrada em pH neutro ou fracamente alcalino. 3 - Hidroxibenzoatos - Atividade bactericida baixa nipagin - 0,02 % nipazol - 0,01 % 4- Timerosal - 0,01 % - Baixa atividade e alta absorção pela borracha. 5 – Cloreto de benzetônio (máx 0,01%) 6- Clorobutanol (0,5%) 7- Acetato de fenilmercúrio (0,004%) 8 – Nitrito de fenilmercúrio (0,04%) Partículas Estranhas O olho inflamado é muito sensível a partículas, pois causam desconforto e podem abrasar o epitélio córneo, facilitando a contaminação. As soluções oftálmicas serão clareadas para a remoção de fibras e outras partículas. A melhor filtração é obtida por filtração Milipore GS 0,22 u Medicamentos em suspensão deverão estar em estado ultrafino.( 90% não deve exceder 5 um) Tonicidade Soluções com pressão osmótica e pH desfavoráveis podem causar dor e irritação. O fuido lacrimal é isosmótico com a solução a 0,9 % p/v de cloreto de sódio. A isotonia é um problema relativo pois o olho suporta variações na faixa de 0,5 a 2%.

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Ajuste do pH O pH de colírios podem ser ajustados por três razões a) Reduzir o desconforto b) manter a estabilidade química c) Aumentar a resposta clínica IDEAL: 7,4 Faixa de tolerância: 5,5 – 9,2 (fora destes valores há irritação do olho) Viscosidade Para prolongar o tempo de contato com o fluido lacrimal Viscosidade ideal = 25 a 55 cps 15 – 25 cps para retenção da droga e conforto visual. água = 1cps glicerina = 400 cps Aumento do tempo de contacto = Aumento da atividade Usa-se: ésteres da celulose (MC, HEC), álcool polivinílico, povidona (PVP) Não se usa: glicerina, propilenoglicol, MEG TENSOATIVOS

Atividade microbiana dos agentes quaternários

poder molhante

não devem irritar - lágrimas

não iônicos são melhor tolerados ( tween 20) 3.8 ANTIOXIDANTES

ácido cítrico, bissulfito de sódio 4 - APLICAÇÃO OLHO DANIFICADO – se está lesado, há maior efeito hipertônico Quando aplicamos colírio: Para absorção transcorneal: retirar lente de contato Para vermelhidão/irritação: não precisa retirar Para ungüentos: deve retirar Para tratamento de glaucoma: deve retirar 5 - CONTROLE DE QUALIDADE

1. Aspecto e cor 2. pH 3. isotonia (osmolalidade, abaixamento crisocópico) 4. esterilidade 5. ausência de partículas 6. viscosidade 7. cristais 8. redispersibilidade 9. identificação e doseamento de substâncias ativas

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AEROSSÓIS

• “Aerosol” – termo empregado em química coloidal – partículas sólidas ou líquidas muito divididas, dispersas num gás. O diâmetro das partículas deve ser inferior a 50um.

• Produtos conservados em recipiente adequado, o qual é lançado no estado de dispersão à custa de uma força propulsora proveniente da expansão de gases liquefeitos ou gases comprimidos, contidos no mesmo recipiente.

• Aerossóis Primitivos – Aspiração de fumos provenientes da combustão de drogas medicinais. – Combustão de enxofre, liberando SO2, atuando como desinfetante de

ambiantes. – Vaporização. – Devem-se utilizar aparelhos, onde o ar é gás dispersante: atomizadores

(tubos e T), nebulizadores (possui pêra de borracha, ou recipiente com paredes flexíveis / para líquidos), insufladores (para pós) e vaporizadores.

• Aerossóis Propriamente Ditos – Possuem gás comprimido ou liquefeito (chamado de propelente) que, ao

expandir-se pela abertura de uma válvula do próprio recipiente, forma a dispersão gasosa pretendida.

– Emprego: inseticidas e desodorizantes de ambiente; cosméticos e perfumes; pinturas e vernizes; produtos alimentares; produtos farmacêuticos.

– Aplicação: cutânea, nasal, auricular, dentária, inalação (ação no trato respiratório).

– Vantagens: aplicação fácil e rápida; proteção do produto contra ações e contaminações externas; rigor posológico; geralmente provocam menor irritação da pele ou mucosas; podem ser aplicados em feridas infectadas; os aerossoles liquefeitos secam rapidamente quando aplicados, devido à evaporação do propelente; a medicação pode se aplicada numa área restrita, permitindo rápida ação tópica; enorme superfície de dispersão.

TIPOS DE AEROSSÓIS Principais constituintes: fármaco e propelente.

Em relação à solubilidade do fármaco no propelente: Fármaco solúvel no propelente. Fármaco em suspensão no propelente. Fármaco insolúvel no propelente, mas que está dissolvido num líquido

miscível ou imiscível com o propelente. Fármaco insolúvel no propelente, mas disperso (suspensão ou

emulsão) num veículo não solúvel no propelente. Sistemas com gases liquefeitos

1. Recipiente adequado e fechado por uma válvula. 2. Gás liquefeito em baixa temperatura.

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3. Temperatura ambiente: parte dele passa par ao estado de vapor ocupando a parte superior do recipiente

4. Equilíbrio (moléculas passam do estado líquido para vapor e vice-versa) 5. Válvula aberta, a pressão interna força o líquido a sair. 6. Em contato com a atmosfera, vaporiza-se ( o fármaco se dispersa com o propelente

gasoso).

Sistemas de 2 fases: Propelente com substâncias dissolvidas (fármaco ou fármaco e co-solvente –

álcool, óleos minerais, glicerina, ppg, acetona, acetato de etila) Vapor do propelente Quando a válvula é comprimida, é liberado o fármaco + propelente. Spray. Substância insolúvel no propelente, adiciona-se tensoativo. Sistemas de 3 fases: Presença de 2 líquidos imiscíveis emulsionáveis (2 fases), a terceira fase é o

vapor do propelente. Propelente susceptível a se emulsionar com a fase aquose: espuma. Recomenda-se agitar antes do uso.

• Sistemas com gases comprimidos

– Podem se apresentar com soluções, suspensões ou emulsões. – Gases propelentes: azoto (nitrogênio), anidrido carbônico, protóxido de

azoto (N2O). São introduzidos sob pressão no recipiente. Sólidos dispersos num gás:

pomadas, cremes, xaropes antitussígenos. Em alguns casos o fármaco é um sólido pastoso, requerendo uma pressão inicial

elevada para que se forma o aerossol. A viscosidade é um obstáculo à formação do aerossol.

Líquidos dispersos num gás: Misturas líquidas são mais adequadas à produção de aerossóis. Soluções aquosas de complexos iodados como agentes mucolíticos, soluções

polivitamínicas.

Emulsões em gases: Semelhantes às emulsões dispersas com gases liquefeitos, diferem por usar como

propelente o CO2 ou N2O comprimidos.

Enchimento dos recipientes a frio ou por compressão.

Ensaios dos aerossóis: Aspecto dos aerossóis quanto à dispersão: recebimento do disparo por um tempo

em um alvo a uma distância específica.

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Velocidade de descarga: gramas por minuto ou quantidade dispersa após um aperto de válvula.

Viscosidade: quanto maior a viscosidade, maior será a dificuldade de dispersão.

Diâmetro das partículas: Microscopia: medição estatística do tamanho das partículas através do

microscópio ótico. Sedimentação: cálculo do diâmetro das partículas mediante velocidade de

queda. Precipitação eletrostática: determinação da carga da partícula, que é

diretamente proporcional ao seu tamanho. Método fotométrico: luz transmitida através de um aerossol é proporcional

ao tamanho das partículas deste.

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SOLUÇÕES DE APLICAÇÃO NASAL

São preparações líquidas destinadas à administração nas cavidades nasais com o objetivo de uma ação tópica visando AÇÃO DESCONGESTIONANTE E DESINFETANTE, ANESTÉSICO LOCAL, ANTI-HISTAMÍNICO

pH e viscosidade adequadas (A faixa de pH do muco é de 7 – 8 / 6,5 a 8,3 - Prista). Optar pelo uso de sistemas tampões.

Deve-se respeitar a osmolaridade do muco (isotonia – igual ao da sol fisiológica de NaCl 0,9%)

o 0.2 a 0,3% o 4 a 4,5% Param o movimento ciliar

Ser compatível com a atividade dos cílios e secreção nasal

Possuir estabilidade adequada

Deve conter agentes antimicrobianos em quantidade suficiente para inibir o

crescimento de bactérias que sejam introduzidas pelo conta gotas Escolha: ser compatível com os componentes da formulação, elevada atividade antimicrobiana, não provocar lesões.

Agentes conservantes

Compostos de amônio quaternário (cloreto de benzalcôneo e benzetônio, Cloreto de cetilpiridínio

Clorobutanol

Esterilidade: livres de contaminação microbiana. Limite de 200 germes vivos por grama / sem patogênicos

Veículos

Natureza aquosa

Devem ser compatíveis com os fármacos e a fisiologia local

VIA AURICULAR

Sinônimo: preparações otológicas/ óticas

Preparações destinadas a serem instiladas no canal auditivo para tratamento de otites ou para lavagem auricular

Via que provoca menos problemas; não tem contato com líquidos biológicos e não tem cílios

É PRECISO LEVAR EM CONSIDERAÇÃO O ESTADO DO TÍMPANO - Este pode ser lesado em maior ou menor grau

Uso: Local

Fármacos: Antibióticos e anti-sépticos sozinhos ou associados com corticóides e anestésicos locais.

Algumas soluções aquosas auriculares destinam-se a DISSOLUÇÃO DE CÉRUMEN e à LIMPEZA DO CONDUTO AUDITIVO antes das intervenções cirúrgicas no ouvido médio

Características das preparações auriculares o Não precisa ser estéril, mas deve possuir conservante.

Tímpano perfurado: estéril e livre de conservante o Deve possuir um certa viscosidade para aderir as paredes do canal auditivo

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o pH 5,0 - 7,8

Quando o pH auricular muda do ácido para o alcalino favorece o crescimento de fungos e bactérias.

Excipientes

Devem garantir o contato entre o fármaco e a superfície do conduto auricular e manter este contato durante um certo tempo.

Água (utilizar metilcelulose para aumentar a viscosidade e um umectante para facilitar o contato – administração em gotas)

Glicerina

Propilenoglicol

Tensoativos – polissorbatos

Óleos: favorecem uma liberação progressiva do ativo. Acondicionamento

Frasco de vidro ou plástico ou polietileno com conta gotas