apostila vibraÇÃo

34
Oiti Gomes de Paiva 1 Oiti G. Paiva I I N N T T R R O O D D U U Ç Ç Ã Ã O O A A O O E E S S T T U U D D O O D D A A S S V V I I B B R R A A Ç Ç Õ Õ E E S S M M E E C C Â Â N N I I C C A A S S

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Page 1: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

1

Oiti G. Paiva

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO AAOO EESSTTUUDDOO

DDAASS

VVIIBBRRAAÇÇÕÕEESS MMEECCÂÂNNIICCAASS

Page 2: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

2

INICIAÇÃO AO ESTUDO DAS VIBRAÇÕES MECÂNICAS

I. Introdução

O estudo das vibrações é de fundamental importância para a engenharia

moderna. A análise de vibrações em máquinas e equipamentos permite-nos conhecê-

los, melhorá-los e ganhar muito em qualidade, produtividade, desenvolvimento, etc...

Quando se coloca em marcha uma máquina nova, espera-se que a mesma tenha

vida longa e isenta de problemas. Mas deficiências de projeto, erros de

especificações, fabricação, transporte, instalação e manutenção nos conduzem a

equipamentos pouco confiáveis. A manutenção da atualidade é um tipo de

manutenção onde não há mais interesse em simplesmente reparar um equipamento

defeituoso ou mesmo acompanhar o desenvolvimento de uma falha de modo a não se

permitir uma parada inesperada de produção. Esse tipo de manutenção é coisa do

passado. A manutenção hoje se interessa em conhecer e eliminar as causas dos

defeitos. Essa nova fase da manutenção chama-se Proativa.

A filosofia da manutenção proativa estabelece que as causas dos defeitos é que

devem ser eliminadas. Um defeito comum, como por exemplo um rolamento

danificado não tem tanta importância em termos proativos. Saber como este

rolamento estragou e como eliminar a raiz da questão, isso sim é de interesse.

Aparentemente simples, a manutenção proativa nos parece ser a manutenção do bom

senso; contudo, técnicas proativas requerem muitas vezes conhecimentos profundos

de engenharia de projeto, como também utilizam ferramentas corretivas, preventivas

e preditivas. Somente através de técnicas proativas é que se consegue com que uma

máquina tenha uma vida útil isenta de intervenções, a não ser aquelas provocadas

pelo desgaste normal previsto no projeto.

Page 3: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

3

II. Fundamentos de vibração

A vibração é uma oscilação em torno de uma posição de referência. Ela é um

fenômeno quotidiano. Nós a encontramos em nossas casas, durante as viagens e no

trabalho. A vibração é freqüentemente um processo destrutivo, ocasionando falhas

nos elementos de máquinas por fadiga.

O movimento vibratório de uma máquina é o resultado das forças dinâmicas

que a excitam. Essa vibração se propaga por todas as partes da máquina, bem como

para as estruturas interligadas a ela. Geralmente uma máquina vibra em várias

freqüências e amplitudes correspondentes. Os efeitos de uma vibração severa são o

desgaste e a fadiga, que certamente são responsáveis por quebras definitivas dos

equipamentos.

Toda máquina apresenta um determinado nível de ruído e vibração devido a

operação e a fontes externas. Porém, uma parcela destas vibrações é causada por

pequenos defeitos mecânicos ou excitações secundárias perturbadoras, que atuam na

qualidade do desempenho da máquina. Qualquer acréscimo no nível de vibração de

uma máquina é o primeiro sinal de agravamento de um defeito: desalinhamento,

empenamento do eixo, desgaste do rolamento, etc... O fato de que os sinais de

vibração de uma máquina trazem informações relacionadas com o seu

funcionamento, indica a saúde da máquina e a decisão sobre uma intervenção ou não

nesta máquina.

Cada máquina apresenta uma forma característica de vibração, em aspecto e

nível. Porém, máquinas do mesmo tipo apresentam variações no comportamento

dinâmico. Isso se deve às variações de ajustes, tolerâncias e, principalmente, defeitos.

Page 4: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

4

Cada elemento de máquina induz uma excitação própria, gerando uma

perturbação específica. Geralmente esses elementos são mancais, rotores,

engrenagens, etc...

O comportamento dinâmico da máquina é uma composição das perturbações

de todos os componentes, defeitos e excitações oriundos dos movimentos. Então,

uma criteriosa medida das vibrações poderá indicar as principais causas (quais

elementos ou defeitos) estão excitando a máquina. Portanto, em uma máquina as

vibrações se dão em várias freqüências devido às várias excitações. O movimento em

um ponto qualquer será a superposição de várias harmônicas.

Os diagnósticos para fins de manutenção das máquinas, com o objetivo de

identificar as possíveis causas destes movimentos são obtidos separando as

harmônicas do sinal global e associando-as com os elementos defeituosos ou desvios

de montagem.

III. Causas, efeitos e controle

Dentre as diversas fontes de vibração, aquelas mais comuns e que, portanto

podem ser responsabilizadas pela quase totalidade das vibrações mecânicas

indesejáveis são:

- Desequilíbrio de massas girantes (desbalanceamento)

- Desalinhamento de eixos, correias e correntes.

- Folgas generalizadas e bases soltas.

- Dentes de engrenagens.

- Rolamentos.

- Corrente elétrica.

- Campo magnético desequilibrado (motores elétricos)

- Transporte

- Tráfego férreo e rodoviário.

Page 5: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

5

- Escoamento fluido.

- Explosivos, terremotos.

- Etc...

Os efeitos principais das vibrações são:

- Altos riscos de acidentes.

- Desgaste prematuro de componentes.

- Quebras inesperadas.

- Aumento dos custos de manutenção.

- Perda de energia.

- Fadiga estrutural.

- Desconexão de partes.

- Baixa qualidade dos produtos.

- Ambiente de trabalho inadequado.

O controle dos fenômenos vibratórios pode ser conseguido por três

procedimentos diferenciados:

- Eliminação das fontes: balanceamento, alinhamento, substituição de peças

defeituosas, aperto de bases soltas, etc...

- Isolamento das partes: colocação de um meio elástico amortecedor de

modo a reduzir a transmissão da vibração a níveis toleráveis.

- Atenuação da resposta: alteração da estrutura (reforços, massas auxiliares,

mudança de freqüência natural, etc...

Page 6: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

6

IV. Movimento Harmônico

O movimento oscilatório pode repetir-se regularmente, como mo pêndulo de

um relógio, ou apresentar irregularidade considerável, como em terremotos. Quando

o movimento se repete a intervalos iguais de tempo T, ele é denominado período da

oscilação, e sua recíproca f = 1/T é denominada freqüência.

A forma mais simples de movimento periódico é o movimento harmônico. Para

exemplificá-lo, consideremos o modelo abaixo:

Uma massa suspensa por uma mola, e então deslocada de sua posição de

equilíbrio, irá oscilar em torno desse equilíbrio com um movimento harmônico

simples. Se construirmos um gráfico que relaciona a distância da massa à posição de

equilíbrio e ao tempo, a curva obtida será uma senóide, a representação de um

movimento harmônico por excelência.

Estudos mais profundos no campo das variações ondulatórias causadas por

vibrações mostram que qualquer forma de onda no tempo pode ser decomposta em

uma série de senóides puras. Os sinais harmônicos representam perfeitamente a

maioria dos sinais de uma máquina. Assim sendo uma componente de vibração é

Fig. 1

t

Xo

Page 7: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

7

essencialmente um movimento harmônico, uma senóide como mostrado na figura

abaixo:

Amplitude: O valor medido do nível zero até o pico do sinal.

Freqüência: Número de vezes que o ciclo se repete por unidade de tempo, expressa

em Hertz (quando ciclos por segundo)

Período: Tempo de execução de um ciclo completo do sinal, dado em segundos. É o

inverso da freqüência.

Defasagem: Indica o avanço ou atraso de um sinal em relação a um outro sinal

qualquer. Geralmente é expresso em graus. A resposta de uma máquina é sempre

atrasada em relação à excitação.

Normalmente, em regime de funcionamento, um equipamento está sujeito a

vibrações que ocorrem nas mais diversas freqüências, oriundas da própria rotação do

equipamento, de seus elementos de máquina, ou mesmo de fontes externas. Como

todos estes sinais ocorrem simultaneamente, torna-se muito difícil avaliá-los no

tempo, pois teríamos diversas freqüências e amplitudes sobrepostas. No entanto, se

avaliarmos estes sinais no domínio da freqüência, teremos a separação exata de cada

sinal, podendo assim conhecer e avaliar separadamente a conseqüência de cada um

Amplitude

T

Fig. 2

Page 8: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paivano comportamento do equipamento. O sinal assim obtido é chamado espectro de

freqüência, e seu entendimento fica mais claro estudando-se a figura abaixo:

Obser

vezes

eixo d

períod

onda

que do

do pri

60 Hz

funda

1ª harmônicaX1

f1

Temos na figura acima três sina

ve que no mesmo intervalo de te

, o segundo 6 vezes e o terceiro 9 v

e tempo assinala um período da fo

os da forma de onda vermelha, qu

verde. Concluímos assim que estes

is ocorrem em freqüências múltipla

meiro sinal fosse 20 Hz, o segundo

, simultaneamente. O sinal de 20 H

mental, os sinais em 40 e 60 Hz cor

3ª harmônica

2ª harmônica

f3

f2

X3

X2

T(s)

F(hz)

8

is ocorrendo simultaneamente no tempo.

mpo tomado, o primeiro sinal se repete 3

ezes. Observe que a linha rocha que cruza o

rma de onda azul, que corresponde a dois

e corresponde a três períodos da forma de

três sinais são harmônicos entre si, sendo

s do primeiro. Assim sendo, se a freqüência

estaria ocorrendo em 40 Hz e o terceiro em

z seria a componente de primeira ordem ou

responderiam às componentes de segunda e

Fig. 3

Page 9: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

9

terceira ordem, ou seja, a segunda e terceira harmônicas. Estes sinais vistos em um

eixo cartesiano estariam sobrepostos como na figura abaixo:

Pode-se ver claramente como as três formas de onda têm períodos diferentes e,

consequentemente freqüências diferentes. A de menor período é a de maior

freqüência, pois se repete mais vezes em um mesmo intervalo de tempo.

T1 = 1/3 T3 e f1 = 3f3.

No domínio da freqüência estas três formas de onda seriam representadas como

no espectro abaixo:

Sinais harmônicos entre si são muito comuns no campo das vibrações

mecânicas, por isso é de extrema importância que saibamos identificar os sinais

f 3f 2f 1 f (hz)

T3T2

T1

T(s)

Fig. 4

Fig. 5

Page 10: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

10

presentes em uma máquina e estabelecer as relações entre os mesmos. Em outras

palavras, é necessário saber se um determinado sinal acontece na freqüência

fundamental de um evento ou se é a conseqüência harmônica de um outro sinal

qualquer.

V. Princípios da Análise Espectral

Para que possamos analisar o espectro de vibrações obtido em um

equipamento, é necessário que conheçamos de antemão os sinais inerentes ao

funcionamento do equipamento.

É natural que todo equipamento apresente vibrações em determinadas

freqüências quando de seu funcionamento. Estas vibrações são decorrentes da própria

vibração do equipamento e de seus elementos de máquina, sendo considerados

normais desde que mantidos dentro de um limite aceitável de amplitude e sem

aparecimento de componentes indesejáveis tais como famílias de harmônicas, bandas

laterais, etc...

Dos sinais inerentes ao funcionamento dos equipamentos podemos destacar

como os mais comuns e que devem ser conhecidos de antemão pelo analista:

• Freqüência de rotação da máquina

• Freqüência de passagem de pás quando bombas ou ventiladores.

• Freqüências de engrenamento quando redutores.

Estes sinais estão todos relacionados com a rotação do equipamento e devem

ser conhecidos pelo analista, pois muitas vezes servem como referência para o ajuste

e análise do espectro de vibração.

Não será possível fazer uma análise correta sem um prévio conhecimento

destes parâmetros. Assim sendo, falemos separadamente de cada um:

Page 11: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

11

VI. Freqüência de Rotação (1 x rpm)

Quando analisamos um sinal de vibração obtido em um mancal qualquer, é

necessário que conheçamos a rotação do eixo apoiado sobre este mancal, afim de que

identifiquemos no espectro os sinais conseqüentes da rotação. Um sinal de vibração

na freqüência de rotação da máquina é o sinal mais certo de obtermos, uma vez que o

mesmo é causado pelo movimento de giro do eixo. Sendo assim, usamos esse sinal

como referência para nos orientarmos na análise do espectro, considerando todos os

outros sinais em relação a ele.

Em se tratando de motores elétricos, a quase totalidade dos equipamentos da

mrn têm velocidade de rotação padrão conforme o número de pólos. Essas rotações

são apenas quatro:

• 900 rpm

• 1200 rpm

• 1800 rpm

• 3600 rpm

Como os espectros são analisados no domínio da freqüência, em ciclos por

segundo, é necessário que façamos a conversão da rotação de rpm para rps, ou Hertz.

Isso se faz dividindo a rotação em rpm por 60.

Sendo assim, temos:

• 900 rpm = 15 Hz

• 1200 rpm = 20 Hz

• 1800 rpm = 30 Hz

• 3600 rpm = 60 Hz

Devemos considerar que devido ao escorregamento causado pela inércia de

massa dos rotores, a velocidade de rotação é sempre um pouco abaixo dos valores

padrão, o que não impede no entanto de identificarmos facilmente a freqüência

fundamental de rotação da máquina em seu espectro.

Page 12: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

12

No exemplo mostrado na figura 6 temos o espectro real de vibração coletado

em um motor. O primeiro cursor (vermelho), com uma haste para cima identifica o

pico de vibração na freqüência de rotação da máquina. Os caracteres em vermelho no

canto direito inferior da figura indicam os dados de leitura feitos pelo cursor, a saber:

freqüência do ponto no qual ele se encontra em Hz, a ordem de rotação em relação à

rotação da máquina (n vezes a rotação), e a amplitude do pico sobre o qual se

posiciona o cursor. Os demais cursores identificam os pontos onde existem ou

poderiam existir picos harmônicos ao do primeiro cursor.

1 - CORREIA OVERLAND ACION. A223OCT002A-2 V MOTOR A, LA VERTICAL

Route Spectrum 14-JAN-00 09:46:37

OVRALL= 1.77 V-DG RMS = 1.74 CARGA = 100.0 RPM = 1200. RPS = 20.00

0 50 100 150 200 250 300 350 400

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec:

20.00 1.000 .429

Fig. 6

Page 13: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de PaivaVII. Freqüência de Passagem de Pás

Bombas e ventiladores constituem outro equipamento típico de nossa planta.

Além da freqüência natural de rotação, outro sinal típico no espectro desses

equipamentos é o sinal causado pela freqüência de passagem de pás.

Exemplificando:

Uma bomba que tenha um rotor com cinco pás, produzirá um sinal de vibração

na freqüência de 5 x rpm, ou seja, em uma freqüência igual a cinco vezes a

freqüência de rotação de seu eixo. Isso se dá porque a cada volta do rotor da bomba,

por um ponto fixo de referência passam as 5 pás, ou seja, se a passagem das pás causa

uma perturbação vibracional na máquina, esta perturbação ocorre a uma freqüência

igual ao número de pás vezes a rotação do eixo.

Passagem de pásN = 5 pás

1 x rpm

Fp = np x rpm

Fig. 7

2 - BOMBA ÁGUA ALTA PRESSÃO225-OBO15D-4 V BOMBA LOA VERTICAL

Route Spectrum 11-FEB-00 10:06:01

OVRALL= 2.40 V-DG RMS = 2.33 CARGA = 100.0 RPM = 1803. RPS = 30.06

0 100 200 300

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

30.0

7

150.

29

300.

45

2ª harmônica dapassagem de pás

13

400 500 600 Freq: Ordr: Spec:

30.07 1.000 1.181

Page 14: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

14

VIII. Freqüência de Engrenamento

Uma caixa de engrenagens, ou redutor, apresenta um maior número de

variáveis a ser considerado quando da análise das vibrações em seus mancais. Isto se

dá devido às diferentes rotações de seus eixos, assim como do diferente número de

dentes de suas engrenagens.

Se levarmos em conta uma caixa de engrenagens de duas reduções, só aí

teremos envolvidas as velocidades de três eixos e as vibrações causadas pelas forças

envolvidas nos dois engrenamentos. Assim sendo, para que se possa proceder a uma

análise correta das vibrações em uma caixa de engrenagens é necessário

conhecimento prévio de todas as variáveis oriundas de seu funcionamento:

• Velocidade de rotação do eixo de entrada.

• Freqüência de engrenamento do pinhão de entrada com a coroa do eixo

intermediário.

• Freqüência de engrenamento do pinhão intermediário com a coroa do eixo

de saída.

Para obtermos as freqüências de engrenamento precisamos conhecer o número

de dentes de cada engrenagem. Multiplicando-se o número de dentes de uma

engrenagem pela rotação de seu eixo obtém-se a sua freqüência de engrenamento.

Na análise de sinais em redutores é comum que se use as freqüências de

engrenamento como referência para os demais sinais. A figura 8 dá uma amostra de

um espectro coletado sobre o mancal do eixo intermediário de um redutor no sentido

axial ao eixo. O pico sobre o qual está colocado o cursor se refere à freqüência de

engrenamento da coroa intermediária e é um pico de 73ª ordem, pois a coroa tem 73

dentes.

Page 15: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

15

Até agora tratamos apenas das vibrações inerentes ao funcionamento das

máquinas estas vibrações podem ser absolutamente normais no equipamento, não

representando portanto nenhum motivo de alarme. Para isso, no entanto, é necessário

que elas se mantenham dentro de um limite aceitável de amplitude. Quando temos

um histórico de medições em uma máquina e observamos a estabilidade dos sinais

em seu espectro, dizemos que aquela é a condição operacional normal da máquina, e

aquele espectro é a sua assinatura espectral.

Um aumento considerável nos níveis de vibração normais em uma máquina é

sem dúvida o primeiro sinal de algum defeito. Por isso é necessário um

monitoramento constante afim de se detectar qualquer alteração no comportamento

da máquina.

Trataremos agora dos defeitos mais comuns relacionados aos sinais até agora

estudados.

Fig. 8

1 - CORREIA OVERLAND ACION. A223OCT002A-6 V EIXO INTERMEDIARIO LOA VERTICAL

Route Spectrum 14-JAN-00 09:49:35

OVRALL= 1.61 V-DG RMS = 1.60 CARGA = 100.0 RPM = 335. RPS = 5.58

0 200 400 600 800 1000

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec:

407.38 73.00 1.279

Page 16: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

16

IX. Desbalanceamento de massa

O desbalanceamento de massa é uma fonte comum de vibração em máquinas e

equipamentos, e sua conseqüência é um aumento de amplitude em 1 x rpm. Essa

amplitude será proporcional à quantidade de desbalanceamento presente.

O desbalanceamento acontece devido a uma alteração no equilíbrio das forças

radiais que atuam sobre o eixo da máquina. A causa mais comum é o acúmulo de

material sobre volantes de inércia, hélices de ventiladores, hélices de ventoinhas de

motores, etc... mas pode ser causado também por perda de massa, como a quebra de

uma hélice por exemplo.

Portanto, quando a resultante das forças radiais que atuam sobro o eixo for

diferente de zero, esta resultante causará um aumento da vibração em 1 x rpm que

será tanto maior quanto for a velocidade de rotação do eixo. A vibração no sentido

axial será nula ou desprezível em relação à radial.

Fig. 9

050 - VENTILADOR DA CALDEIRA BVENT. B -4 H VENTILADOR LOA HORIZONTAL

Label: ANTES DO BALANCEAMENTO

Route Spectrum 26-NOV-98 14:17:24

OVRALL= 65.73 V-DG RMS = 65.56 CARG = 100.0 RPM = 3802. RPS = 63.37

0 100 200 300 400 500

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Frequency in Hz

RMS

Velo

city

in m

m/S

ec

Freq: Ordr: Spec:

63.37 1.000 65.31

Page 17: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

17

X. Desalinhamento do Acoplamento

O desalinhamento é um problema mais freqüente que o desbalanceamento, e a

razão é muito simples: o número de variáveis que pode causar um desalinhamento é

maior que no caso de desbalanceamento. Como exemplo podemos citar: falha de

montagem, defeito na base, parafusos de fixação folgados, etc...

Temos três tipos possíveis de desalinhamento:

• Angular – onde as linhas de centro dos dois eixos fazem um ângulo.

• Paralelo – onde as linhas de centro são paralelas porém deslocadas entre si.

• Combinado – os dois anteriores ao mesmo tempo.

O desalinhamento, mesmo com acoplamentos flexíveis, resulta em duas forças,

axial e radial. Isto é verdade mesmo quando o desalinhamento estiver dentro dos

limites de flexibilidade do acoplamento. A amplitude das forças, e portanto a

quantidade da vibração gerada aumentará com o aumento do desalinhamento. A

característica significante da vibração devido ao desalinhamento é que ela acontecerá

nas duas direções, axial e radial. Esta é a razão porque as leituras axiais devem ser

tomadas. Normalmente a freqüência de vibração é 1 x rpm; contudo, quando o

desalinhamento é severo, a freqüência é de segunda ordem (2 x rpm).

Desalinhamento Paralelo ou Off Set

Sinal mais forte na radial

Desalinhamento Angular

Sinal mais forte na axial

Desalinhamento Combinado

Superposição dos dois sinais

Page 18: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

18

XI. Excitação Hidráulica/Aerodinâmica

As vibrações hidrodinâmicas raramente geram problemas sérios, exceto

quando excitam, ou até ressonam, as partes da estrutura: carcaça, tubulações, etc...

Quando as forças hidráulicas nas bombas geram vibrações excessivas sem

ressonância aparente no sistema, o problema pode estar no projeto inadequado do

conjunto rotor-estator-pás ou da tubulação.

Normalmente, as bombas hidráulicas centrífugas possuem uma vibração na

freqüência de passagem de pás que deve ser monitorada. Ela representa a passagem

das pás por um ponto fixo, geralmente onde ocorre uma variação de pressão, por

exemplo, uma pá fixa ou o ponto de cutoff. Veja figura 11

Fig. 10 - desalinhamento

2 - BOMBA ÁGUA ALTA PRESSÃO025-OBO15A-2 V MOTOR LA VERTICAL

Route Spectrum 10-JAN-00 14:41:20

OVRALL= 2.05 V-DG RMS = 1.95 CARGA = 100.0 RPM = 1808. RPS = 30.13

0 50 100 150 200 250 300 350 400

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec:

30.13 1.000 1.225

Page 19: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

A amplitude d

varia com a carga. Po

com a mesma cond

bomba, geralmente

instabilidade, imedia

bandas laterais.

Picos altos na f

• Folgas des

bombas.

• Coincidênc

das própria

• Posicionam

• Fluxo com

acentuadas)

• Obstrução d

cutoff

19

a vibração no componente da freqüência de passagem das pás

rtanto, toda medida de vibração nesse componente deve ser feita

ição de carga. Numa condição de funcionamento normal da

o nível neste componente é baixo. Se o processo induzir

tamente a vibração neste componente aumenta, e aparecem

requência de passagem de pás podem ser inerentes às:

iguais entre as pás rotativas e os difusores estacionários das

ia da frequência de passagem de pás com freqüências naturais

s pás ou de componentes estruturais das bombas.

ento excêntrico do rotor dentro da carcaça.

variações abruptas de direção. (tubulação com curvas

o fluxo.

Fig. 11

Page 20: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

20

XII. Vibração causada por Folgas Mecânicas

As folgas mecânicas causam vibrações no sistema geralmente na frequência de

rotação da máquina seguida de muitas harmônicas, sendo mais evidente na direção

radial e sentido vertical.

Estas vibrações são muitas vezes geradas por parafusos frouxos, folgas

excessivas nos mancais ou talvez uma trinca na estrutura ou nos pedestais de

mancais.

A vibração característica de folgas mecânicas não ocorre sem que hajam outras

forças excitando o sistema, tais como desalinhamentos desbalanceamentos, etc...

Quando há folga excessiva, mesmo não havendo desalinhamentos ou

desbalanceamentos aparecem grandes níveis de vibração. Então, as folgas amplificam

as vibrações.

As folgas são uma fonte perigosa de vibrações, pois concentram grande energia

cinética sobre o equipamento devido ao grande número de harmônicos gerados, o que

pode levar a quebras de base, estrutura, carcaça, etc...

Fig. 12

2 - BOMBA ÁGUA ALTA PRESSÃO225-OBO15D-3 V BOMBA LA VERTICAL

Route Spectrum 27-MAY-98 08:04:56

OVRALL= 4.56 V-DG RMS = 4.53 CARGA = 100.0 RPM = 1780. RPS = 29.67

0 200 400 600 800 1000 1200

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

2.4

2.7

3.0

3.3

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec:

29.67 1.000 2.517

Page 21: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

21

XIII. Freqüências geradas pelo Engrenamento.

Conhecer as freqüências das vibrações geradas pelos engrenamentos é

fundamental para o diagnóstico de sistemas de engrenagens. A freqüência típica dos

sistemas com engrenamento é a freqüência de engrenamento, igual ao número de

dentes vezes a rotação da engrenagem. Existirá uma freqüência de engrenamento para

cada par engrenado.

Se o engrenamento fosse perfeito, a vibração seria puramente senoidal e no

espectro existiria apenas a frequência fundamental do engrenamento (componente de

primeira ordem). Qualquer irregularidade, desgaste, deformação ou esforço externo

fará desaparecer a condição de engrenamento perfeito. Todos os erros associados

com as engrenagens afetam o engrenamento e, por conseqüência, afetam também a

forma de onda da vibração.

As formas de onda das vibrações dos engrenamentos com erros continuam

periódicas, mas não são mais senóides puras. Seus espectros apresentarão vários

componentes harmônicos da frequência de engrenamento.

O primeiro indício de anormalidade é a presença de harmônicos do

engrenamento. Quanto maior o número de harmônicas e quanto maiores sua

amplitudes, maiores serão os erros.

É normal que a componente de engrenamento apresente algumas bandas

laterais em configuração simétrica de amplitude e espaçamento. Qualquer desvio na

simetria desta configuração é indício de início de problemas nas engrenagens.

O espaçamento entre as bandas laterais é igual à frequência de rotação da

engrenagem. Se houver variação entre este espaçamento isto indica folga excessiva

entre as engrenagens (back lash). Se houver variação nas amplitudes das bandas

laterais isto indica dente quebrado.

Page 22: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

22

XIV. Vibrações causadas por defeito em rolamentos

Os rolamentos são os elementos de máquinas mais comuns na indústria. Muitas

vezes eles são os componentes de maior precisão do equipamento. Geralmente

possuem tolerância de até 1/10 das tolerâncias dos demais elementos da máquina ou

equipamento. Somente 10 a 20% dos rolamentos atingem a sua vida de projeto por

causa de uma variedade de fatores, principalmente:

• Lubrificação inadequada.

• Contaminação por partículas estranhas.

• Armazenagem imprópria.

• Umidade.

• Vibração externa.

• Erro de aplicação.

• Montagem imprópria.

Fig.13 - bandas laterais

1 - CORREIA TRANSPORTADORA223OCT001 -5 A EIXO INTERMEDIARIO LA AXIAL

Route Spectrum 12-MAR-96 14:10:20

OVRALL= 5.88 V-DG RMS = 5.37 CARGA = 100.0 RPM = 532. RPS = 8.86

340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1

2

3

4

5

6

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec: Dfrq:

409.61 46.22 1.664 8.913

Page 23: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

23

Com certeza os mancais de rolamento são os elementos de máquina mais

estudados e pesquisados em termos de vibração. A razão disso é óbvia, pois

raramente encontramos equipamentos em que estes elementos não estejam presentes.

Rolamentos geram quatro freqüências características: freqüências geradas por

defeitos na pista externa, pista interna, gaiola e corpos rolantes. Os desgastes em

rolamentos evoluem em quatro fases: inicialmente os problemas aparecem em

freqüências ultra-sônicas (entre 20 e 60 KHz). Num segundo estágio pequenos

defeitos excitam freqüências naturais dos componentes do rolamento (devido aos

impactos causados pela passagem das esferas) na faixa de freqüência de 500 Hz a 2

KHz. Quando o desgaste progride, surgem harmônicas das freqüências discretas e

bandas laterais com espaçamento de 1 x rpm. Muitos rolamentos são trocados quando

atingem esse ponto, provavelmente pelo ruído que produzem. No estágio final,

quando as avarias são severas, impactos violentos excitando freqüências naturais

ocorrem quando uma pista passa pela zona de carga.

Rolamentos com defeitos em suas pistas, esferas ou rolos, usualmente causam

vibrações em altas freqüências, que não são múltiplos inteiros da rotação do eixo.

Isso se explica devido à natureza das forças dinâmicas que excitam o rolamento

defeituoso gerando vibrações. Por exemplo, um defeito na esfera passará pelas pistas

interna e externa em uma sucessão de impactos com o dobro da freqüência de rotação

da esfera, chamada spin. A freqüência fundamental da vibração será bem mais alta do

que a do eixo. Além disso, forças dinâmicas do tipo impulso geram vibrações de

freqüência muito alta, na faixa de ressonância estrutural das pistas do rolamento. A

amplitude da vibração dependerá da extensão da falha no rolamento.

Já os defeitos na gaiola do rolamento geram vibrações com freqüências mais

baixas que a freqüência de rotação do eixo.

Page 24: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

24

XV. Exemplos de defeitos

Para finalizar e ilustrar este trabalho, escolhemos alguns espectros de defeitos

que foram detectados e comprovados na mrn através da técnica de análise de

vibração. Todos os casos mostrados foram confirmados e corrigidos através da

execução dos laudos emitidos.

1. Bomba imbil de três estágios da captação de água do Saracazinho

O espectro mostra claramente vários picos de vibração acontecendo em

frequências que não são harmônicas da rotação. No entanto estes picos são

harmônicos entre si, e a fundamental ocorre em 244,68 Hz, frequência de defeito da

pista interna. Portanto é evidente a ocorrência de defeito na pista interna. Se

repararmos bem podemos notar o já aparecimento de bandas laterais em torno das

harmônicas de defeito da pista interna. Na página a seguir apresentamos um zoom em

cima da segunda harmônica, onde mostramos que as bandas laterais são espaçadas

entre si de 30 Hz, exatamente a frequência de rotação da máquina.

2 - BOMBA DE ÁGUA - SARACAZINHO225-OBO07C-4 A BOMBA LOA AXIAL

Route Spectrum 07-DEC-98 10:18:10

OVRALL= 9.98 V-DG RMS = 8.78 CARGA = 100.0 RPM = 1804. RPS = 30.06

0 400 800 1200 1600 2000

0

1

2

3

4

5

6

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

244.

68

489.

58

734.

26

979.

17

1224

.0

Freq: Ordr: Spec:

30.06 1.000 .873

Page 25: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

25

2. Defeito no rolamento de motor WEG 250 CV

Muitos picos inter-harmônicos em frequências de pista externa.

2 - BOMBA DE ÁGUA - SARACAZINHO225-OBO07C-4 A BOMBA LOA AXIAL

Route Spectrum 07-DEC-98 10:18:10

OVRALL= 9.98 V-DG RMS = 3.19 CARGA = 100.0 RPM = 1804. RPS = 30.06

360 420 480 540 600 660

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

2.4

2.7

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

489.

58

459.

19

429.

18

399.

14

519.

64 549.

71

579.

75

2 - BOMBA DE ÁGUA - SARACAZINHO225-OBO07D-2 A MOTOR LA AXIAL

Route Spectrum 19-AUG-98 08:19:48

OVRALL= .9872 V-DG RMS = .7950 CARGA = 100.0 RPM = 1813. RPS = 30.22

0 400 800 1200 1600 2000

0

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec:

30.22 1.000 .152

Page 26: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

26

3. Acompanhamento da evolução de um defeito em rolamentos

Acima podemos ver a importância de um monitoramento constante para a

detecção do momento exato em que ocorre uma mudança de comportamento no

espectro do rolamento. Se repararmos o espectro da medição feita logo após a

intervenção podemos perceber que a mesma foi feita no momento certo.

4. Acoplamento desalinhado

O espectro mostrado a seguir ilustra claramente um caso de desalinhamento

angular do acoplamento. A tubulação da bomba forçava a mesma em sentido

transversal ao seu eixo, provocando o desalinhamento. A vibração é alta em uma e

duas vezes a rotação, sendo que a segunda harmônica alcança uma amplitude de

quase o triplo da fundamental. Isso sugere um alto desalinhamento.

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Frequency in Hz

2 - BOMBA DE ÁGUA - SARACAZINHO225-OBO07C-4 A BOMBA LOA AXIAL

0 1000 2000 3000 4000

0

1.0

2.0

3.0Max Amp 3.62

29-JUN-98

06-JUL-98

22-JUL-98

19-AUG-98

01-OCT-98

07-DEC-98

23-DEC-98

Page 27: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

27

Após a emissão do laudo o acoplamento foi alinhado e obteve-se o espectro

abaixo. Podemos notar que a componente de segunda ordem foi eliminada, e a

vibração na rotação da máquina que era de 4,6 mm/s caiu para 2,5 mm/s, nível tido

como normal para este equipamento.

2 - BOMBA ÁGUA SELAGEM025-OBO18B-1 A MOTOR LOA AXIAL

Route Spectrum 02-SEP-97 09:03

OVRALL= 12.76 V-DG RMS = 12.68 CARGA = 100.0 RPM = 1802. RPS = 30.03

0 100 200 300 400 500 600 700

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Frequency in Hz

RMS

Velo

city

in m

m/S

ec

Freq: Ordr: Spec:

30.03 1.000 4.665

2 - BOMBA ÁGUA SELAGEM025-OBO18B-1 A MOTOR LOA AXIAL

Route Spectrum 24-SEP-97 15:10

OVRALL= 2.62 V-DG RMS = 2.62 CARGA = 100.0 RPM = 1780. RPS = 29.67

0 100 200 300 400 500 600 700

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

2.4

2.7

3.0

3.3

Frequency in Hz

RMS

Velo

city

in m

m/S

ec

Freq: Ordr: Spec:

29.45 .993 2.532

Page 28: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

28

5. Folga de base

Bases trincadas, parafusos soltos ou quebrados geram vibrações com um

grande número de pivos harmônicos devido aos impactos que ocorrem em presença

de folgas mecânicas. O espectro abaixo é de uma bomba com a base quebrada.

Por mais evidentes que sejam os defeitos identificados através da análise de

vibrações, um diagnóstico preciso e no momento certo depende muito de uma série

de fatores que somados levam a uma maior probabilidade de acertos. O analista deve

além de ser bem treinado, conhecer bem o equipamento e os mecanismos de desgaste

do mesmo. Profissionais do ramo são unânimes em dizer que uma avaliação no local

é fundamental para a emissão de um laudo correto. É preciso ser bastante acurado na

avaliação das condições físicas e estruturais do equipamento, fazer várias medições

cobrindo diversas faixas de frequência. A falta de qualquer uma destas etapas pode

levar a um diagnóstico precipitado ou a um erro de avaliação das condições da

máquina.

2 - BOMBA ÁGUA ALTA PRESSÃO225-OBO15D-3 V BOMBA LA VERTICAL

Route Spectrum 11-JUN-98 09:09:04

OVRALL= 6.31 V-DG RMS = 6.16 CARGA = 100.0 RPM = 1790. RPS = 29.84

0 200 400 600 800 1000 1200

0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

Frequency in Hz

RM

S Ve

loci

ty in

mm

/Sec

Freq: Ordr: Spec:

30.00 1.005 3.200

Page 29: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

29

XVI. Determinação dos Pontos de Medição

Para se coletar os dados de vibração em máquinas é necessário uma boa

definição dos pontos de coleta. Feito isso, devemos coletar os dados sempre no

mesmo ponto, garantindo assim que o sinal possa ser sempre referenciado ao sinal

tido como assinatura de vibração naquele ponto. Devemos procurar sempre os pontos

mais próximos aos rolamentos para obtermos a melhor resposta dos mesmos. Feito

isso, coletamos o sinal nas direções radiais (vertical e horizontal) e na direção axial,

pois um mancal de rolamento muitas vezes está sujeito à ação de forças cujas

resultantes podem ser mais evidentes em sentidos radiais ou axiais.

A figura abaixo mostra os pontos ideais para coletar dados em um conjunto

motor-bomba:

Page 30: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

30

XVII. Conceito de Parâmetros e Bandas de Energia

Como já vimos, as vibrações características de uma máquina, assim como as

vibrações referentes a defeitos de seus componentes acontecem em faixas de

frequências conhecidas ou que podem ser calculadas.

Afim de que possamos avaliar a performance de uma máquina segundo todas

as variáveis responsáveis pelo seu nível de vibração é bom que tenhamos conosco o

seguinte conceito:

Cada tipo de defeito que pode acontecer em uma máquina gera vibrações em

uma determinada faixa de frequência, podendo ser reconhecido, isolado e avaliado

estudando-se a variação de energia dentro desta faixa. Se dividirmos o espectro em

bandas de energia, é possível acompanharmos a evolução em separado de cada tipo

de defeito fazendo avaliação da energia contida nesta banda. Este procedimento nos

permite levantar a curva de tendências por banda. O software usado na mrn permite

dividir o espectro em até 12 bandas de energia. A cada uma destas bandas atribuímos

valores limites de alerta e de falha, conforme a natureza da vibração e a frequência

em que ocorre. Nas baixas frequências a máquina tolera níveis mais altos de vibração,

por isso os limites de tolerância são mais altos. É fácil compreender que a energia

liberada por uma vibração de 4 mm/s em 30 Hz é muito inferior à energia liberada

por essa mesma vibração em 500 Hz.

Resumindo: para um melhor entendimento do que está acontecendo com a

máquina podemos “fatiar” o espectro em até 12 bandas de energia. A cada uma destas

bandas atribuímos parâmetros (que definem a largura da banda conforme a

informação que queremos isolar) e limites (que definem as amplitudes máximas para

que determinado parâmetro entre em alerta ou risco).

Page 31: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

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Page 32: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

32

DIAGNÓSTICO PARA IDENTIFICAÇÃO DAS VIBRAÇÕESCAUSAS PLANO DOMINANTE FREQUÊNCIA FASE AMPLITUDE OBSERVAÇÕES

Desbalanceamento de massa Radial - Axial 1 x RPM Marca única Estável Mais importantes emmais elevadas rotações

excentricidade Radial 1 x RPM Marca única Estável Equilibrar conformedesbalanceamento ou substituição

eixo torto Grande na direção axial 50%radial 1 x RPM Única, dupla ou

tripla Estável2 RPM se oencurvamento for noacoplamento

Desalinhamento paralelo ( eixo ) Radial 1 e 2 x RPM Única, dupla ou

tripla EstávelA maioria dos desalinhamentos deuma combinação do paralelo com oangular

Desalinhamento angular (eixo ) Axial 1 e 2 x RPM Única, dupla outripla Estável

Sempre se detecta pelo aparecimentode uma grande vibração axial de 1/2até 1.1/2 da vib. Radial

Desalinhamento paralelo eangular ( eixo) Radial - Axial 1 e 2 x RPM Única, dupla ou

tripla Estável

Rolamento com defeitoRadial e Axial (nos

rolamentos cônicos deencosto )

Alta freqüência irregular Aumenta com adegradação

mal tensionamento em correiasde acionamento desgaste, etc. Radial 1,2,3 e 4 x RPM da

correia irregular Irregularpulsátil

Verificar comestroboscópio

Desalinhamento das polias oucorreias Axial grande 1 x RPM Marca única Estável

Ressonância da correia Radial Não há relação entre aFC e Frpm Marca única Estável

Falta de firmeza mecânica.Parafusos de base frouxos, etc. Radial 2 x RPM

2 marcas de ref.Ligeiramente

irregularEstável

Geralmenteacompanhada de maurendimento

Page 33: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de PaivaDIAGNÓTICO PARA IDENTIFICAÇÃO DAS VIBRAÇÕES

CAUSAS PLANO DOMINANTE FREQUÊNCIA FASE AMPLITUDE OBSERVAÇÕES

Desgaste em mancais debuchas Radial

Sub-harmônico no inicioaumenta com o desgaste

alta freqüênciairregular Aumenta com a

degradaçãoMancal avariado é geralmente o que seencontra mais perto do ponto em que a

freqüência das vibrações é mais alta

Forças aerodinâmicas ehidráulicas Radial na direção da descarga N.º de pás x RPM _ Flutuante Pás, palhetas, rotores tirantes,

vibrações oriundas da operação

Cavitação Radial e Axial Alta freqüência _ FlutuanteDeve se verificar o ruído

anormal o/ouaquecimento

Mau engrenamento,acabamento ruim oupittings nos dentes

Radial p/ dentes retos e axialp/ dentes helicoidais ou

contato angular

Alta freqüência N.ºdentes X RPM

Varia com a carga,

urbilhonamento dofluido Radial 40 à 45% da RPM +

harmônicas

Falta de redondez dorotor Radial 1 x RPM

Rotor excêntrico Radial 1 RPM + 1 x ou 2 xfreq. da linha

Barra defeituosa Radial 1 RPM

Problema no rotor curtoe aquecimento Radial eventualmente axial 2 x f

interior do estatorelíptico Radial 1 x RPM

Rotor com lâminassoltas Radial 60 RPM

Voltagem da linhabalanceada Radial 2 x f

VIBRAÇÕES INDUZIDAS ELETRICAMENTE ( DESAPARECEM QU

33

_ velocidade e erro detransmissão

Acabamentos ruins podem gerar 2 xRPM das engrenagens

_ Estável

_

_ Ás vezesflutuante

Apresentará flutuação em amplitude sehouver problemas mecânicos (

desbalanceamento )

_ Pulsátilromper as conexões da barra, atirar umafase com baixa voltagem e fazer girar o

rotor com a mão. Uma variação rápida nacorrente indicará que a barra rompeu-se

_ Estacionária

_ Pulsátil

_ Fortementeestacionária

usualmente o problema édestrutivo

_

ANDO SE DESLIGA A CORRENTE )

Baixa eestacionária

Às vezesflutuante

Page 34: APOSTILA VIBRAÇÃO

Oiti Gomes de Paiva

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Referências:

• Manutenção Preditiva por Análise de Vibrações - VITEK

• Análise e Medidas de Vibrações em Máquinas - FUPAI

• Curso Avançado em Análise de Vibrações - FUPAI

Oiti Gomes de paiva09.03.2000