apostila textos pró-vida

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COLETNEA DE TEXTOS EM DEFESA DA VIDAOrganizada por Maxwell dos Santos 2011

O Projeto Matar e o Projeto Tamar: o AbortoO Projeto Matar e o Projeto Tamar: o Aborto Ccero Harada* Desde 1980, o Projeto Tamar protege a vida das tartarugas marinhas. um esforo louvvel em prol da vida. Nas reas de desova, so monitorados 1.100 km de praias todas as noites durante os meses de setembro a maro, no litoral, e de janeiro a junho, nas ilhas ocenicas, por pescadores contratados pelo TAMAR. So chamados tartarugueiros, estagirios e executores de bases. So feitas a marcao e a biometria das fmeas, a contagem de ninhos e ovos. A cada temporada, so protegidos cerca de catorze mil ninhos e 650.000 filhotes. Se algum destruir algum desses ninhos ou apenas um nico ovo de tartaruga, sim, unzinho s, comete crime contra a fauna, espcie de crime contra o meio ambiente (Lei n 9.605/93). J, na Cmara dos Deputados, tramita o importante Projeto de lei n 1.135/91 que pretende legalizar o aborto do nascituro, em qualquer fase, at o nascimento. Sim, at o nascimento, porque apesar de o substitutivo falar em direito ao aborto at a 12 semana, o seu ltimo artigo revoga os artigos 124, 126, 127 e 128 do Cdigo Penal, ou seja, um verdadeiro Projeto Matar. A decretao da morte sem culpa do ser humano em um momento de maior fragilidade, sem que se lhe d o direito defesa, um dos maiores absurdos que esta civilizao pode perpetrar. Digo absurdo, mas poderia dizer burrice cavalar, m-f assassina, egosmo desenfreado, hedonismo perverso, eugenia imperial e vai por a. No ser preciso estudar embriologia para saber que, desde 1827, graas a Karl Ernest von Baer, ficou assentado que, a partir da concepo, existe uma nova vida. Uma criana em sua simplicidade e pureza encanta-se com as novas vidas que esto nos ovos das tartarugas to protegidos nos ninhos pelo Projeto Tamar, encanta-se ao saber que em breve vir luz seu irmozinho ou irmzinha, ainda no ventre materno. Mas no importa a cincia, no importa o direito, no importa o encanto de uma nova vida. Importa a frustrao, o medo do sofrimento, em geral, futuro, os traumas, a perfeio eugenista, a liberdade de matar o prprio filho ainda no ventre. Quando uma civilizao, em nome da liberdade e do puro positivismo jurdico, sobrepe a liberdade ao direito vida, tem incio um perigoso processo. A esse filme ns j assistimos no sculo XX. A maioria decidindo quando, como e em que circunstncia uma minoria pode morrer. a liberdade para o holocausto. Se o seu pas no quiser, no o faa, mas no impea que outros o faam. Em Nuremberg, todos se defenderam escudados no direito positivo. por isso que o Papa Joo Paulo II sentenciou, em seu ltimo livro, que o direito vida um limite da democracia. O Projeto n 1.135/91, que legaliza o aborto, inconstitucional, pois, atropela o princpio da inviolabilidade da vida, prescrito pelo artigo 5 da Constituio Federal, ao legalizar o assassinato de crianas no ventre da me. , reitero, um verdadeiro Projeto Matar. Mas, diro os defensores do aborto: a cincia no sabe quando comea a vida. Respondo: imprescindvel comunicar o Projeto Tamar desse fato, assim, no ser preciso gastar tanto dinheiro do contribuinte toa, defendendo ovos de tartaruga. Ser necessrio descriminalizar o aborto de ovos de tartaruga. Ser que algum ter, ainda, a coragem de me objetar que, no caso das tartarugas, diferente porque elas no tm liberdade de escolha? Ento, viva a liberdade! *Procurador do Estado de So Paulo; conselheiro e presidente da Comisso de Defesa da Repblica e da Democracia da OAB SP

AINDA SOBRE O ABORTOAndr Lus da Silva Marinho Advogado ([email protected])

1. O aborto. O melhor conceito de aborto , simplesmente, a morte do nascituro. irrelevante, portanto, a expulso do feto, bem como a interrupo da gravidez. Pode acontecer um aborto e o feto morto permanecer no ventre da me tese j aceita na doutrina. Pode acontecer, ainda, que uma me esteja grvida de gmeos e cometa ou sofra um aborto em relao a apenas um dos fetos. Neste caso, a gravidez no se interrompe, mas ocorre o aborto, j que um dos fetos veio a falecer. Abortar muito mais do que ferir a integridade fsica da gestante, abortar matar, retirar uma vida humana. S no juridicamente classificado como homicdio em razo do que chamamos princpio da especialidade: a morte de uma pessoa , em regra, homicdio, ser aborto se a morte ocorrer no ventre da me; ser infanticdio se ocorrer durante o parto ou logo aps, estando a me em estado puerperal; ser genocdio se a morte ocorrer na hiptese do art. 1, d, da Lei 2.889/56. Para que as pessoas possam verdadeiramente se conscientizar acerca da gravidade desse ato brutal necessrio que elas saibam que o que se quer abortar uma pessoa, no uma parte do corpo da me. um ser autnomo, que se move, cresce, ouve, sente dor, tem conscincia e, indubitavelmente, a partir do primeiro momento da concepo, tem uma alma racional e uma vida humana. 2. Aborto legal No Brasil o aborto crime, com penas que podem variar entre 1 a 3 anos para a me, e entre 1 a 20 anos1 para o terceiro. Contudo, h dois casos em que nossa legislao no incrimina a prtica do aborto. o que se chama aborto legal. Equivale, apenas, ao aborto praticado quando no h outro meio de salvar a vida da me (art. 128, I, CP), e quando a gravidez proveniente de estupro (art. 128, II, CP). No primeiro caso, de aborto em razo do risco de morte para a gestante, preciso notar que o nosso Cdigo Penal de 1940, e que hoje, em 2007, no mais existem tais hipteses. Ou seja, a medicina e a tecnologia avanaram tanto que sempre vai haver outro meio de salvar a vida da gestante. o que afirma Pablo A. Ramella (Crimes contra a humanidade, traduo para o portugus de Fernando Pinto, RJ, Forense, 1987), citando concluso a que chegaram os mdicos nas Jornadas Deontolgicas de Medicina Psicossocial, ocorrida em Buenos Aires, em 1977:1

Aborto sem autorizao da gestante qualificado pela morte desta.

O aborto direto por motivos teraputicos, isto , com o fim de salvar a vida da me, nunca foi um ato lcito, pois no h razo alguma que permita matar um ser inocente. Na atualidade, o avano da cincia mdica determinou que j no existem indicaes teraputicas que houvessem antes justificado esse aborto direto. Quanto ao aborto em caso de estupro, no podemos acreditar que abortar seja a soluo para as dores da vtima estuprada. O ato de violncia sexual ser sempre lembrado, enquanto a vtima no for estimulada a reescrever com otimismo a sua histria de vida. Praticar um aborto nesse caso, para tentar esquecer ou simplesmente abafar as lembranas do que ocorreu, apenas colocar um erro sobre outro e acrescentar angstia da vtima, o triste sentimento do remorso. J est provado que a mulher que praticou um aborto, seja legal ou criminoso, no importa, sofre conseqncias ps-cirrgicas, como insnia, pesadelos, traumas, peso de conscincia etc. Ademais, deve-se conscientizar a gestante vtima de estupro de que o filho que ela traz em seu ventre, no obstante ter sido fruto de um crime, no tem culpa de nada, e no podemos exigir que a ele seja aplicada uma pena de morte, vedada at para o agressor. Ademais, defensvel a tese de que a permisso legal a esse aborto fere a Constituio Federal. Pois, sendo o nascituro uma pessoa, e, mais especificamente, uma criana, seu direito vida deve ter absoluta prioridade sobre o bem-estar psicolgico da gestante (art. 227 CF c/c arts. 2 e 4, p. ., a, ambos do ECA). Em suma, no h justificativas, mesmo nos dois casos de permisso legal, para a prtica do aborto. oportuno esclarecer que o nmero de abortos legais bem menor do que o nmero de abortos criminosos clandestinos. A preocupao maior no est em conscientizar as mes vtimas de estupro ou que estejam correndo risco de morte, mas nas que almejam fazer o aborto criminoso, sobretudo quando a gravidez oriunda de adultrio, quando inesperada ou quando o beb apresenta anencefalia. 3. Aborto por anencefalia Anencefalia quando o beb, por m formao do feto, no tem crebro, ou, se tem, reduzido. As chances de a criana com anencefalia sobreviver fora do tero materno muito baixa. Contudo, absolutamente, isso no dar a ningum o direito de ser o juiz da vida do beb, para determinar at quando ele deve viver. Esse papel definitivamente no nosso, no temos esse poder nem sobre as nossas vidas, pois, a qualquer momento, por diversos motivos, tambm podemos perder os nossos sentidos vitais. Em verdade, sabemos que s cabe a Deus pr fim vida. No porque supomos que a criana no vai ter muito tempo de vida que podemos abort-la. Ela viver at o dia que Deus quiser.

Alm disso, sempre possvel que a criana viva mais tempo do que se espera, e priv-la de viver extra-uterinamente por um segundo que seja, j nos faz rus de sua alma, cujo sangue clama a Deus por justia. Abaixo segue fato noticiado no jornal O Estado de So Paulo, do dia 03/04/2007: Beb anencfala se alimenta por sonda. Marcela de Jesus Ferreira, que nasceu em 20 de novembro com anencefalia (sem crebro), est sendo alimentada desde ontem por sonda, na Santa Casa de Patrocnio Paulista, regio de Ribeiro Preto. O beb ingere duas vezes por dia 2 ml de uma alimentao pastosa base de legumes. Ela tambm j fica at 1 hora sem o uso do capacete de oxignio. O Supremo Tribunal Federal est debatendo sobre a legalidade deste tipo de aborto que, at ento, continua sendo criminoso, embora alguns juzes dem liminares admitindo sua prtica. Este tipo de aborto assemelha-se ao aborto eugnico, que a morte do nascituro quando h suspeita de que ele apresenta doena ou anomalia grave. Tal modalidade de aborto no reconhecida pelo direito ptrio. E nem poderia ser, pois um retorno aos princpios do nazismo. 4. Plebiscito bem provvel que em breve ns tenhamos um plebiscito para legalizar ou no o aborto no Brasil. Sobre esse assunto entendemos ser inconstitucional qualquer lei que tente legalizar o aborto. A Conveno Americana de Direitos Humanos (Pacto de So Jos da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969 e ratificada pelo Brasil em 25/09/1992 pelo Decreto 678/92, deixou bastante claro que o nascituro uma pessoa e que seu direito vida deve ser respeitado desde a concepo. Art. 4, 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepo. Ningum pode ser privado da vida arbitrariamente. (grifos nossos). O art. 1 do citado Decreto diz claramente que a Conveno Americana de Direitos Humanos [] dever ser cumprida to inteiramente como nela se contm. O que quer dizer que o Brasil no fez ressalvas ao contedo da mesma.2 E os arts.1 e 2 da Conveno confirmam que a legalizao do aborto no pode ser permitida no Brasil.

Na verdade, o Brasil fez apenas uma ressalva: foi quanto interpretao dos arts. 43 e 48, d, onde o Governo brasileiro entende que neles no est includo o direito automtico de visitas e inspees in loco da Comisso Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependero da anuncia expressa do Estado brasileiro, em razo da Soberania nacional (art. 2 do Dec. 678/92).

2

Art. 1, 1. Os Estados-partes nesta Conveno comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exerccio a toda pessoa que esteja sujeita sua jurisdio, sem discriminao alguma, por motivo de raa, cor, sexo, idioma, religio, opinies polticas ou de qualquer natureza, origem nacional ou social, posio econmica, nascimento ou qualquer outra condio social. (grifei) Art. 1, 2. Para os efeitos desta Conveno, pessoa todo ser humano. Art. 2. Se o exerccio dos direitos e liberdades mencionados no art. 1 ainda no estiver garantido por disposies legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposies desta Conveno, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessrias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. Portanto, pode-se afirmar que o nascituro tem o direito a que se respeite sua vida desde a concepo, e que esse direito um direito fundamental, por fora do 2 do art. 5 da CF: Art. 5. ... 2. Os direitos e garantias expressos nesta Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte. De modo que, mesmo sem entrar na discusso acerca do status dos Tratados e Convenes internacionais de Direitos Humanos em nosso ordenamento jurdico, est bastante claro que, com base no art, 5, 2, da CF, qualquer tentativa de legalizar o aborto inconstitucional, por ferir uma clusula ptrea, ou seja, um direito e garantia fundamental do ser humano (art. 60, 4, IV, CF). 5. Concluso Segundo noticiou o jornal Folha Online, o Ministro da Sade, Jos Gomes Temporo, afirmou que, para cada trs bebs que nascem vivos no Brasil, ocorre um aborto induzido. Segundo ele, uma pesquisa da UERJ revelou que, a cada ano, ocorre 1,4 milho de abortos clandestinos no Pas, e que cerca de 220 mil mulheres realizam curetagens em decorrncia de abortos no SUS, anualmente. No podemos mais nos acomodar com essa situao impressionante, com esses nmeros alarmantes. So milhares de seres humanos indefesos que morrem de forma violenta e covarde todos os dias. Certamente muitas mulheres cometem aborto por no saberem o mal que esto fazendo, absolutamente no sabem que se trata de seres humanos. Se soubessem que esto matando pessoas certamente os nmeros seriam outros.

O nmero de abortos clandestinos e, por conseqncia, criminosos bem superior ao nmero de abortos legais, o que torna mais fcil a reduo de abortos pela conscientizao popular e pela fiscalizao das autoridades policiais. No se trata de uma questo apenas religiosa, ou meramente tcnico-jurdica, mas de uma questo humanitria. Ora, o movimento ecolgico Greenpeace, juntamente com outras organizaes no governamentais, com merecidos aplausos, incansvel na luta para defender o planeta de todas as formas de desmatamento, porm, com muito mais ardor, preciso defender com coragem e ousadia o direito vida dos nossos filhotes, so eles que esto morrendo, aos milhes, sem direito de defesa. Sejamos sbrios para discernir e entender que antes de dizermos salvem as baleias, devemos fazer ecoar em todo o mundo o grito silencioso dos milhes de inocentes a clamar: salvem os homens.

ASPECTOS PSICOLGICOS DECORRENTES DO ABORTO EM GRAVIDEZ NO DESEJADA E EM CASO DE ESTUPRO A Dra. Llian Piero Ea, biomdica, pesquisadora em biologia molecular pela Universidade Federal de So Paulo (Unifesp) afirma no artigo Aborto: liberdade feminina para escolher a prpria morte publicado no Jornal do Advogado em maro de 2006: Quando a mulher est grvida, secretado o hormnio da manuteno da gravidez, a progesterona, o qual adapta o corpo feminino nova realidade biolgica atravs de sinais que interagem as 75 trilhes de clulas, tornando a mulher, me do ser em seu ventre concebido. Quando a gravidez interrompida com o aborto, ocorre uma diminuio abrupta de neurotransmissores secretados pelas clulas nervosas, ocorrendo por este motivo um desequilbrio nos sinais celulares a depresso causada por motivos moleculares e, conseqentemente, levando ao aumento da taxa de suicdio e infertilidade. A realidade de ser me se inicia no momento da concepo, logo, qualquer tentativa induzida de aborto, independente das condies em que esse indivduo gerado (desejado ou no-desejado), ser conseqncia do assassinato do prprio filho pela me. A agncia de notcias ZENIT, em 01 de setembro de 2006, publicou um artigo intitulado Estudo demonstra que adolescentes que abortam tm mais problemas psicolgicos que comprova as pesquisas moleculares da Dra. Llian. O estudo foi realizado nos Estados Unidos (EUA) pela Dra. Priscilla Coleman, professora de Desenvolvimento Humano e Estudos Familiares da Bowling Green State University, com 1.000 mulheres para descobrir as diferenas entre as adolescentes que tinham dado luz e as que tinham praticado o aborto diante de uma gravidez inesperada e constatou que as adolescentes que procederam ao aborto manifestaram cinco vezes mais necessidade de ajuda psicolgica do que as que tiveram seus filhos. A pesquisadora afirma que ser me na adolescncia inevitavelmente uma experincia que implica dificuldades, mas a ocorrncia de problemas psicolgicos com a prtica do aborto muito maior do que com a conduo da gravidez. A Agncia Catlica de Imprensa (ACI), no dia 06 de jan. de 2006, em Estudio revela que el aborto - y no el embarazo - puede causar problemas mentales, refere, na Nova Zelndia, um estudo similar realizado com 1.265 mulheres, das quais 500 engravidaram, pelo menos uma vez, aos 25 anos, e 90 delas interromperam a gravidez atravs do aborto. Destas, 42% sofreram depresso, tendncias suicidas, abuso de drogas e lcool. O psiclogo e epidemiolgico responsvel pela pesquisa, David Fergusson, considera-se a favor do aborto e, apesar da pesquisa ter sido publicada em Londres no Journal of Child Psychiatry and Psychology, o psiclogo no conseguiu a mesma permisso para outros quatro meios estadunidenses e comentou: Es un tema muy sensible y emotivo. La gente tiene creencias muy apreciadas que no les gusta someter a duda alguna. Em 25 de janeiro de 2006, a mesma agncia noticiou outra pesquisa de Pricilla Coleman, Mulheres que abortaram consomem lcool e drogas para superar trauma, informando que elas tm cinco vezes mais probabilidades de consumir drogas e lcool do que uma mulher que no abortou, ratificando os dados de Fergusson. Em outro estudo, Coleman observou uma relao entre abuso e maus tratos infantis 2,4 vezes maiores por mes que se submeteram a um aborto induzido na sua vida pregressa. A pesquisa, com 518 mulheres de baixa renda de Baltimore, publicada no Acta Paediatrica em 2005, sugeria que as dificuldades

emocionais e a resposta insuficiente dor poderiam levar a atitudes negativas com os outros filhos que essas mes gerariam no futuro, pois a histria maternal de um aborto induzido parece ser um indicador do aumento do risco para o mau trato infantil, o texto foi noticiado na ACI dia 07 de novembro de 2005: Estudo demonstra que aborto pode aumentar risco de maus tratos infantis. Logo, ao contrrio do que dizem os abortistas (que melhor para a mulher dar cabo de filhos no desejados ainda intra-tero, do que tlos), o aborto acarreta em maior risco de violncia para com outros filhos desejados que essa mulher possa vir a ter ao longo de sua vida. Se essas mulheres no tivessem optado pelo aborto, no sofreriam o trauma psquico que ele causa e no projetariam isso noutras crianas, poderiam, inclusive, ter dado a luz ao filho no planejado e cuidado dele e dos outros que viessem com mais carinho, pacincia e amor. As incompreenses e crticas da sociedade passam, assemelham-se a um barulho produzido por uma notcia que se espalha e perde-se, mas um aborto fica gravado na histria e na psique da mulher para sempre. A Dra. Alice Texeira escreveu A origem da vida do ser humano e o aborto, disponvel: 1.; 2.. Ela comenta sobre um estudo realizado no ano de 2004 pela Universidade Federal de So Paulo em mulheres estupradas e que conceberam uma criana: Quanto s vtimas de estupro, que j sofreram um ato de grande violncia, no tem cabimento se propor outro ato de igual violncia, como o aborto. Num levantamento realizado em 2004 na UNIFESP, verificou-se que 80% destas mulheres grvidas por estupro se recusaram a abortar, e esto contentes com os filhos, enquanto que as 20% que realizaram o aborto esto arrependidas. Observa ainda sobre as mulheres grvidas de baixa renda que vivem em favelas: Com relao s mulheres grvidas pobres das favelas de So Paulo, e principalmente as adolescentes, quando entrevistadas, afirmaram que seus filhos so desejados, recusaram o aborto. Querem atendimento mdico e melhores condies de vida para criar seus filhos. Existem vrios testemunhos louvveis de mulheres que conceberam depois do crime do estupro, no mataram a criana atravs do aborto e no se arrependeram. No stio do Padre Lodi da Cruz encontra-se o depoimento de Alcineide, violentada quando tinha 15 anos, seu filho estava com 12 anos na poca do relato. Ela deu a luz a mais trs filhos com seu marido, que o menino David, gerado em decorrncia do estupro, chama de pai. No relato, ela comenta que no lembra do crime de violao quando olha para David: eu amo meu filho mais do que tudo na minha vida, diz ser totalmente contra o aborto no caso de estupro porque um erro no justifica outro. Alcineide conta sua experincia enquanto estava grvida: desde quando a criana se mexe pela primeira vez dentro do ventre da gente, uma coisa mgica, sabe? Voc no pensa em mais nada. Fica imaginando a carinha dele quando nascer... o jeitinho dele... Quando voc pegar aquela criana e sentir que sua, jamais voc vai ter coragem de fazer uma coisa dessas: matar um bebezinho. Outro depoimento interessante o da Sra. Carlinda Jos da Silva Flvio, violentada aos 20 anos, descobriu que estava grvida 5 meses depois e saiu de sua terra-natal para suicidar-se em Braslia, mas a criana, neste momento, mexeu bastante em seu ventre e ela desistiu. Sua filha, Cntia, estava com 25 anos na poca do relato e deu-lhe um neto. A Sra. Carlinda foi indagada se a dor de sofrer uma violncia era pior do que a de

fazer um aborto. Ela respondeu que o aborto no cura o estupro, piora a situao e que a dor de fazer um aborto pior porque da violncia, padre, graas a Deus, por honra e glria do Senhor, eu no consigo ter nem mgoa do pai dela. Cntia tambm foi entrevista pelo Pe. Lodi, ela conta que descobriu aos 7 anos que foi concebida em estupro: No incio doeu. Eu ficava imaginando no colgio: Poxa, meus amigos nasceram de um amor, e eu de uma violncia... Mas com o passar do tempo, eu vi: h tantas pessoas que so fruto de um amor e que no so felizes. E eu, graas a Deus, sou feliz. Eu tenho um pai maravilhoso, que se casou com minha me depois, me assumiu como filha, deu-me o nome dele... Eu sou uma pessoa muito mais feliz do que muitos que h por a. Outro testemunho, Luciene, quando indagada se lembrava da violncia sempre que olhava para seu filho, respondeu: No incio, quando voc percebe que est grvida, fica com muita raiva. Mas depois que a criana nasce, voc nem se lembra mais do que aconteceu. Joel Nunes dos Santos, psiclogo, em 19 de maio de 2002, redigiu um ensaio Alguns efeitos psicolgicos do aborto sobre o contexto que leva uma mulher a abortar e os efeitos que se seguem em decorrncia desse ato: o que ela consente que se mate seu filho, o beb que tem na barriga. Pois a boca da mulher pode pronunciar que palavra for - mas ela sabe o que o que lhe est na barriga, ela sabe que escolheu voluntariamente a possibilidade de ter o que tem na barriga. O que l est seu filho, to verdadeiro quanto ela mesma. A me que consente no aborto, costuma desenvolver um quadro tpico chamado Sndrome PsAborto: queda de auto-estima, averso ao marido ou amante, frustraes no seu instinto materno, depresso, neuroses diversas. No stio do Pe. Lodi existe o exemplo de Juliana. Com 25 anos foi morar em Londres, conheceu um rapaz e, aos 26 anos, engravidou e abortou, resultado: Frustrao no seu instinto materno: senti que nao era boa o suficiente pra ser mae...ja que meu namorado falava isso o tempo todo (sic); Insnias: ele estava com 13 semanas...ja formadinho...era o meu bebezinho...a pessoinha que eu mais quis na minha vida...mas minha fraqueza e meu egoismo nao a deixaram vir ao mundo...sonho com essa imagem a cada noite que eu consigo dormir...qdo consigo...pq ja nao durmo bem... (sic); Depresso e averso ao amante: ....chorava muito...o arrependimento doi na alma...ele chegou um dia do trabalho e me disse q nao entendia o pq eu chorava tanto... aquilo nao tinha vida dizia ele....minha magoa por ele cresce e cresce a cada dia...pq eu matei meu bebe e ele o ofende como se nao fosse nada...(sic); Tentativa repetida de suicdio: Um dia estava tendo mais um acesso de insanidade...queria me matar novamente...foi uma crise horrivel...eu chorava muito...fiquei descontrolada...nao tinha ningum comigo...(sic).

Em Londres, na Inglaterra, o aborto legal desde 1967, a facilidade de realizao do aborto nos pases onde a prtica descriminalizada, torna a luta pela preservao da vida da criana, do ventre at o seu nascimento, cada vez mais difcil e as estatsticas de registro da realizao do aborto maiores anualmente. Juliana comentava: algumas coisas aqui me assustam, como a liberdade de se fazer o que quer sem ser punido(...) sabe, Padre, aqui

tudo e gratuito e acessivel... talvez se eu disser que eu quero me matar eles me ajudem na escolha do metodo tambem!(sic). A anlise prosseguir atravs de citaes do artigo j mencionado do Psiclogo Joel sobre dois testemunhos de mulheres inglesas, registrados no livro Bebs para Queimar. A Indstria do Aborto na Inglaterra pelos jornalistas autnomos Michael Litchfield e Susan Kentish, publicado no Brasil pela editora Paulinas em 1980. Janice, uma mulher casada, resolveu abortar o primeiro filho porque no se sentia preparada para t-lo e explica: Como disse, s no dia aps a operao, que tive conscincia de que 'aquilo' de que me tinha livrado no era um monte de gelia, mas meu prprio filho. S quando ele no mais existia que se tornou real. Aps a cirurgia, ela sentiu uma vontade incontrolvel de ver uma criana passar a mo no seu rostinho, sentir a sua pele macia. Joel Nunes comenta: O que permite concluir que todo e qualquer elemento (interocorrncia) que envolva uma vida, traumtico ou no, vai tendo importncia psicolgica esvaziada quanto mais a vida vai assumindo expresso concreta, sob a forma de choro do recm-nascido. Janice visitou uma cunhada que tinha uma criana: peguei a filhinha dela, de quinze meses, estreitei-a ao peito, sua vontade de ter um beb aumentou e ela ficou grvida do marido, novamente, pouco tempo depois: a gravidez foi o perodo mais infeliz da minha vida. Ms aps ms, cada pontada, cada contrao me lembrava do 'monte de gelia' anterior (...) Pensei que depois que Sammy nascesse eu iria esquecer, que ele iria substituir o primeiro. Mas no foi assim. Penso no meu primeiro filho todo o tempo. Este ano, no dia do aniversrio [do aborto], deixei Sammy com minha me durante o dia porque no suportava olhar para ele e lembrar-me. O psiclogo explica: Tendo consentido que um certo filho fosse morto, ela posteriormente poder ter um batalho de outros filhos, cada um deles afigurando-se, no seu corao (ou seja, isto sendo-lhe portanto mais real e constante do que so reais os filhos que v com os olhos "que a terra h de comer"), que precisamente este poderia ter sido aquele que foi morto. (...) Escapa, porm, ao plano da psicologia o objeto sobre o qual o aborto incide: a eliminao de uma vida no tem como ser compensada com a gestao de outra, com a adaptao psicolgica a certos valores ou com o consolo de dizer que a lei o permitiu. O testemunho de Nancy revela um caso de dois abortos seguidos. Mulheres que abortaram tm maiores chances de vir a abortar novamente devido mesmo aos inmeros traumas que a prtica acarreta com diminuio de auto-estima, um desejo consciente ou inconsciente por uma gravidez de substituio e uma maior atividade sexual ps-aborto. Em linhas gerais, Nancy conhece um homem recm-separado e bab da pequena filha dele, Jane, que tinha entre 7 e 8 anos. Com o tempo, os dois se envolvem e ela engravida: Quando ele me disse que no intencionava casar novamente, nunca mais, fiquei transtornada. Senti-me gelada, entorpecida, completamente arrasada. No que ele no quisesse mais saber de mim, mas simplesmente porque ele no queria casar comigo. Disse que eu resolvesse se queria continuar a gravidez ou abortar. De repente, cavou-se entre ns um abismo terrvel. Sentia-me sozinha. Abortou uma primeira vez, e mudou sua relao tanto com o companheiro quanto com a criana. Sentiu-se deprimida: Naturalmente aos poucos consegui vencer a depresso. Mas mudei. Senti que tinha mudado. Eles continuaram o relacionamento, mas agora ela exigia que ele se afastasse da filha o que, aos poucos, aconteceu, e ela no seria mais bab da menina. Nancy, no decorrer do caso, engravida novamente, o namorado diz que o aborto uma deciso dela e ele no quer se intrometer

nisso, ela aborta outra vez. Observa-se, no incio do relato, o quanto ela gostava de crianas: Eu sempre tinha sido bab. Gostava de crianas e vinha de uma famlia numerosa, e isto era um trabalho bastante fcil. Depois dos dois abortos, entretanto, ela afirma: Como eu odeio esta palavra 'criana'. Ele sente-se radiante quando est com Jane ou outras crianas. Sabe divertir-se com elas. Lembra-se de como poderiam ser seus filhos que foram suprimidos: Fico s vezes matutando se meus filhos se pareceriam com Jane, se seriam mais inteligentes, mais bonitos, meninos ou meninas. E revela seu sentimento de frustrao e baixa auto-estima quanto maternidade: No ligava para Jane, no pensava que iria rejeit-la um dia. Ela tambm tinha necessidade de amor, de mais amor do que as outras crianas, por causa do casamento desfeito, e eu no posso dar-lhe este amor. Joel Nunes conclui: Modifique-se psicologicamente a mulher, fazendo-a consentir conscientemente com o ato que, em si mesmo, a negao da humanidade do homem, qual seja, a morte do prprio filho (...) a mulher que consente com o aborto, "suicida", faz morrer algo em si mesma, para sempre (...) Ora, isto que "morre para sempre" na mulher justamente aquilo que confere mulher "moral" para reclamar e sobrepujar o erro, mas no um errinho besta, mas o erro entendido em sua acepo forte, de falsificao (ou negao) do real. Essa falsificao da realidade de ser me com as tentativas de negar a humanidade da criana a fim de esmag-la em seu ventre, desenvolvem traumas na mulher que se submete ao aborto, fazendo-a relembrar-se do ato nas vezes em que olha para um filho que posteriormente teve, ou mesmo para um beb de outra mulher. Ao contrrio do que se costuma divulgar, a mulher que olha para o filho concebido em estupro no se lembra da violncia em si, porque sabe que a criana nascida no tem culpa do acontecimento pretrito. J a que aborta, sabe que a culpa de ter suprimido uma vida inocente e indefesa foi uma escolha dela e lembra-se disso toda vez que olha para um beb e imagina quantos anos, ou como seria justamente aquele filho que ela nunca deixou vir luz. Destarte, uma mulher que tem o aborto em sua histria de vida, manifesta e exterioriza como reage perante esse erro ao mundo de alguma maneira. Emanuelle Carvalho Moura Teresina, fevereiro de 2007

Associao Nacional de Advogados Contra o Aborto1

EXPOSIO FEITA NO PLENRIO DA CMARA DE DEPUTADOS, EM AUDINCIA PBLICA DA COMISSO GERAL SOBRE ABORTO, PELO ADVOGADO JOS CARLOS GRAA WAGNER, PRESIDENTE DA ASSOCIAO NACIONAL DE ADVOGADOS CONTRA O ABORTO.

Introduo

O debate at agora, nesta audincia, demonstra que a questo central : Vida humana versus direito da mulher ao uso do corpo.

No , portanto, como afirma a expositora que falou em nome das Catlicas pelo Direito de Decidir, uma questo de moral sexual mas de direito vida. Nem, por outro lado, gravidez contra a sade da mulher, como sustentam tantas ONGS que abrigam a ideologia feminista. Pelo contrrio, a gravidez um fator favorvel sade da mulher. Depois dessa introduo, vale a pena abordar a questo de fundo que envolve o esforo de legalizao indireta, do aborto, que passa a ser de utilizao ilimitada praticamente com a norma que o permite, mediante mero Boletim de Ocorrncia, em repartio policial. O art. 128 do C.P. entra nisso apenas como pretexto para, atravs do Boletim de Ocorrncia, abrir as portas ao aborto, bastando que se trate de gravidez indesejada.

A verdadeira questo de fundo de natureza poltica

A questo poltica, de amplitude internacional, aproveita o sentimento de revolta das mulheres pelas violncias sofridas, inclusive por estupros, durante sculos, para promover o controle numrico da populao brasileira, que um objetivo estratgico das naes do Primeiro Mundo, nas quais, sem exceo, o crescimento populacional est em profunda queda ou negativo. Temem um Brasil com populao crescente. Estes pases, por sua vez, controlam a ONU, que estimula inmeras entidades internacionais favorveis esterilizao, ao aborto e promoo da unio entre homossexuais, e que, por sua vez, financiam as campanhas para a legalizao dessas medidas.

O poder geo-poltico no mundo

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sabido que um dos fatores de poder geo-poltico o populacional. No o caso da China? O Brasil tem territrio imenso, tem riquezas enormes, tem Sol o ano inteiro, tem unidade lingustica e cultural. Com uma populao igual a dos Estados Unidos e Rssia, tornar-se-ia um novo gigante mundial.

Mulher versus Feto. Me versus Filho.

preciso dar nome aos bois. Mais do que uma luta da mulher contra o feto, uma luta da me contra o filho. Como reclamar, quando essas mes forem velhas, que os demais filhos fiquem contra ela e sejam a favor da eutansia ou do chamado suicdio assistido, como ocorre nos Estados Unidos? O que eu vi l, chegar aqui, se no dermos um basta, agora, a essas medidas contra a vida humana. Outra questo : pode a mulher, por um feminismo que esquece o humanismo, ser senhora da vida e da morte de seu filho, enquanto feto?

A mulher acima da Lei Magna?

Podem os chamados direitos da mulher estar acima da Constituio? O direito vida inviolvel. O direito igualdade inviolvel. O direito vida do feto inviolavelmente igual ao direito vida da me. O direito vida do feto superior ao chamado direito da mulher estuprada de rejeitar a gestao do feto, que no tem sequer culpa da violncia. A noo, falsamente teolgica, de que o feto representa uma continuidade da agresso sofrida pela mulher, no leva em conta que o feto em nada contribuiu para o evento, alm de sofrer pena de morte, quando se, pela lei, fosse cmplice da agresso, teria pena menor do que o agressor principal. A invocao de telogos e telogas independentes, feita pelas Catlicas pelo Direito de Decidir, esquece que, pela doutrina catlica, na fecundao, Deus intervm dando ao feto, no ato, a alma humana. Mas, a questo que antecede religiosa de direito natural --- ecolgico --- vida.

O feto criminoso de guerra?

No o feto criminoso de guerra, nesta guerra entre me e filho, inventada por interesses, inclusive comerciais (o lucro das clnicas nos Estados Unidos de aguar a ganncia de

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muitos). crime de guerra matar o prisioneiro depois da rendio. E no aborto, em que o feto apenas busca abrigo no tero materno, LUGAR A QUE TEM DIREITO PELA PRPRIA NATUREZA DAS COISAS, PELA ECOLOGIA HUMANA, no crime de guerra da me? O aborto, em virtude de estupro, por mais penoso que seja para a estuprada, viola todas as leis penais e todos os direitos da pessoa humana. o non sense mais absoluto em termos jurdicos ou meramente humanos. Viola o direito de defesa, viola a norma de que a punio no pode ultrapassar a pessoa que pratica o delito, impe pena de morte, inexistente no direito brasileiro, etc, etc.

A invaso do tero materno

Tem a mulher o direito de matar o pretenso invasor do seu tero? Entender que a violncia menor (que afeta, ainda que profundamente, como ningum pode negar, o profundo valor da maternidade consentida pela livre unio com um homem, na busca comum da felicidade duradoura, de que capaz o verdadeiro amor humano, marcando a vida de forma irrecupervel) permite a violncia maior de destruir a vida do feto, que, alm de no eliminar as consequncias da violncia sofrida, acrescenta um novo drama de conscincia na vtima de estupro e agora tambm do aborto, com marcas tambm irrecuperveis, por t-lo praticado contra um ser inocente, fruto do prprio sangue, admitir, pela absoluta igualdade essencial do argumento que os proprietrios, tenham o direito de matar os invasores da terra ou de qualquer outra invaso. Sejam, os invasores, sem terra ou sem teto. O feto, mais do que isso, pelo aborto, passa a ser sem vida. o excludo por excelncia. Excludo de absolutamente tudo.

A origem da violncia que assusta o mundo

O desprezo vida, em grau universal, como ocorre hoje, tem no aborto uma de suas fontes mais fortes. , alm disso, uma violao do instinto da maternidade. O estuprador um violador do direito livre maternidade, mas a violada nesse direito a fere mais profundamente, quando recusa um ser que tem o seu prprio sangue, impedindo-o de manifestar o prprio amor humano. Os regimes nazista e comunistas tambm tiveram bons pretextos, de falsa preocupao social, para matar milhes de pessoas, conforme revelao do Estado de So Paulo de domingo. Se a me pode eliminar o filho, por ser indesejvel, os regimes totalitrios podem

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invocar, como fazem, o morticnio de seus adversrios, por serem tambm indesejveis e perniciosos para a sade social, na viso desses regimes dogmticos.

O comeo da vida. O verdadeiro nome do aborto assassinato.

A vida comea com a fecundao. A clula que dela decorre j um ser humano, com possibilidade de determinar pai e me pelo DNA. No DNA de macaco. S falta alimentao para completar sua formao corporal, de acordo com o cdigo gentico determinado na fecundao, sem que ocorra, aps ela, qualquer novo fenmeno biolgico, para que o feto venha luz do dia. Trata-se, portanto, de eliminao de vida humana, que tem um nome: assassinato.

Inviolabilidade da igualdade. A Constituio no dispe, com essa norma, a igualdade social, mas igualdade fundamental de segurana jurdica para todos os seres humanos.

A inviolabilidade da igualdade no social. jurdica. No se trata de permitir as mulheres pobres de fazer aborto. Trata-se de impedir s mulheres ricas de abortar, de ficarem impunes. O mal do estupro no justifica o mal do aborto, nem para ricos nem para pobres. O estupro de crianas no justifica a morte do feto, mas uma atuao da sociedade a favor da violentada, que tambm deve se comprometer com a punio do estuprador, pelo imenso dano causado, no apenas ao corpo, mas totalidade do ser da vtima, por todo o curso da vida, tal como ocorre com muitos outros dramas humanos, que envolvem o ntimo das pessoas. Deve tambm a sociedade se comprometer com o sustento do novo ser proveniente da violncia sexual.

No existe aborto legal

O art. 128 no estabelece o aborto legal. Afirmar isto tem um nome: mentira deliberada ou ignorncia da matria. Permite a norma penal, apenas, que, no processo instaurado em virtude de um aborto, o juiz, verificando a ocorrncia desse crime, despenalize, se assim entender pelos elementos constantes do processo, os que dele participaram. Isto no autorizao prvia de aborto, nem aqui nem em qualquer outro lugar. apenas excluso da pena, aps a prtica do

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crime. No descriminaliza. Apenas despenaliza. Como tambm nenhum juiz dar liminar para que se exera a legtima defesa da vida, preventivamente. Substituir o inqurito policial pelo mero boletim de ocorrncia, generalizar o aborto, at mesmo de mulheres casadas, sem que aparea o criminoso, por convenincia da pretensa vtima. Se a mulher tiver menos de 14 anos, a presuno de violncia j permitiria, por si s, o aborto. fcil prever que vai aumentar a procura de meninas de menos de 14 anos, pois no haver sequer inqurito. Vai ser, tambm, o paraso dos estupradores que passam a ficar impunes, enquanto o feto perde a vida, pois sempre prefervel no apontar o criminoso, alegando no conhecer o autor. E o Boletim de Ocorrncia ser o paraso das fraudes para obter o aborto, sem qualquer limite. Ser o paraso das clnicas especializadas, pois as ricas vo usar certamente do novo sistema.

A mentira do aborto legal

Alm disso, o art. 128, de 57 anos de idade, foi elaborado no Cdigo Penal da ditadura do Estado Novo, sob a gide da Constituio de 37, que no protegia o direito vida, ao contrrio da Constituio atual. Nem protegia o direito inviolabilidade da igualdade, que exclui a possibilidade de preferir uma vida em detrimento de outra. Assim, o art. 128 , hoje, inconstitucional, em face da inviolabilidade da vida e da igualdade. No pode ser regulamentado. O que inconstitucional no existe e no se regulamenta o que no existe na ordem jurdica.

O aborto da vida eterna

A questo no religiosa, embora aqueles que acreditam que o homem criatura de Deus, ao aprovar o aborto, aprovam tambm o aborto da prpria vida eterna, pois, para os cristos, s Deus tem poder sobre a vida das criaturas. o nico Senhor da vida e da morte. Este poder indelegvel. Nem o Congresso Nacional pode invadir o direito de Deus para dispor sobre a vida humana. O Congresso Nacional no tem delegao da lei natural para dispor sobre a vida, ainda que possa, diante de valores da mesma natureza, admitir que possa ocorrer, como na legtima defesa, aps devidamente comprovada, sem excesso de quem se defende, a no-aplicao da pena. No se afronta a vida quando se a defende contra quem quer elimin-la, tanto em relao prpria vida como a de terceiros. Se o feto

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pudesse exercer a legtima defesa, poderia matar a me que quisesse abort-lo e no poderia ser punido.

Compromisso de leigos

Por isso, assumimos um compromisso como ser humano, como cidado, como cristo e como brasileiro, levando em conta apenas o direito natural e a moral natural, sem invocar, para tanto, crena religiosa, qualquer que seja: formar um movimento nacional contra a eleio de abortistas, para qualquer nveis de governo, executivo ou legislativo, porque desrespeitam os mais elementares dos direitos: o direito da aventura de viver de seres j concebidos, e de que possam exercer o livre arbtrio para utilizar seus dons e talentos, com plena liberdade, para o bem ou para o mal.

A carnificina do aborto mais hedionda do que as violncias de qualquer campo de concentrao que j tenha existido.

Qualquer um que queira se informar, saber da extrema crueldade que cerca os aborto aqui e nos demais pases. Muitas vezes degolam os fetos com a mesma frieza dos fundamentalistas argelinos, nas matanas de crianas, como noticiado constantemente. Qualquer mdico pode testemunhar, querendo, o que ocorre nas clnicas de aborto, cujo verdadeiro nome deveria ser matadouro de animais humanos no-nascidos por pretensos seres humanos j nascidos e muitas vezes possuidores de diplomas que os obrigam, moralmente, a defender a vida. O que acontece nas clnicas de aborto e o nmero das vtimas , sem qualquer dvida, representativo do maior dos crimes contra a humanidade, desde o surgimento do homem sobre a terra. E, muitas vezes, em troca de mseros reais e da compra de boletins de ocorrncia e laudos mdicos forjados, no pior dos comrcios surgidos sobre a face da terra. No novela nem sentimentalismo. o triste resultado da busca desenfreada de convenincias e de ideologias que invocam valores reais para obterem resultados de distoro desses mesmos valores. A dor profunda da violao do corpo da mulher, contra a prpria vontade, por mais compreensvel que seja, no pode ser manipulada nem por interesses estratgicos de outras naes, nem por interesses comerciais dos que tero seu faturamento aumentado pelas facilidades legais para ampliar suas clnicas particulares, ao lado dos servios de sade da rede pblica, que tambm tero, de um lado, quem disso se aproveite e, de outro, a imposio da violao da conscincia de mdicos leais sua misso

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de sempre. Ou se imagina que as ricas no sero estimuladas pelas novas facilidades propiciadas pelo Boletim de Ocorrncia Policial? E que as usurias da rede pblica no tero de gratificar os servios de muitos de seus integrantes? Isto sempre existiu, em outros casos de sade, mas no caso de aborto, pela prpria natureza da interveno, ser multiplicada, a prtica das gratificaes sem que as usurias tenham maior condio ou interesse de se queixar.

SENHORES DEPUTADOS: NO VIOLENTEM A NAO

JOS CARLOS GRAA WAGNER PRESIDENTE

Drwagner/assabort/dirmulhe.doc

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ABORTO"Como Promotora de Justia do Tribunal do Jri, na misso constitucional de defesa da vida humana, e tambm na qualidade de mulher e me, repudio o aborto como um crime nefando."

(PEREIRA, Maria Jos Miranda. Aborto. Consulex, Ano VIII, n. 176, 15 maio 2004, p. 37) Segundo a sabedoria chinesa, a melhor definio do adjetivo "bom" a juno do ideograma "me" com o ideograma "filho". to natural e instintivo o amor que une me e filho, seja este nascido ou por nascer, que a unio de ambos algo de maravilhosamente "bom". A contrario sensu, dificilmente haver que mais merea o adjetivo "mau" do que a separao entre ambos ou, pior ainda, a destruio de um pelo outro. Assim, o aborto no apenas mau; ele mau "por excelncia". Como Promotora de Justia do Tribunal do Jri, na misso constitucional de defesa da vida humana, e tambm na qualidade de mulher e me, repudio o aborto como um crime nefando. Por incoerncia de nosso ordenamento jurdico, o aborto no est includo entre os crimes hediondos (Lei n 8.072/90), quando deveria ser o primeiro deles. Embora o aborto seja o mais covarde de todos os assassinatos, apenado to brandamente que acaba enquadrando-se entre os crimes de menor potencial ofensivo (Lei dos Juizados Especiais 9.099/95). Noto, com tristeza, o desvalor pela vida da criana por nascer. Os mtodos empregados usualmente em um aborto no podem ser comentados durante uma refeio. O beb esquartejado (aborto por curetagem), aspirado em pedacinhos (aborto por suco), envenenado por uma soluo que lhe corri a pele (aborto por envenenamento salino) ou simplesmente retirado vivo e deixado morrer mngua (aborto por cesariana). Alguns demoram muito para morrer, fazendo-se necessrio ao direta para acabar de mat-los, se no se quer coloc-los na lata de lixo ainda vivos. Se tais procedimentos fossem empregados para matar uma criana j nascida, sem dvida o crime seria homicdio qualificado. Por um inexplicvel preconceito de lugar, se tais atrocidades so cometidas dentro do tero (e no fora dele), o delito de segunda ou terceira categoria, um "crime de bagatela". Os abortistas esto to conscientes da hediondez do que promovem que tentam mascarar a verdade evitando sistematicamente falarem criana, beb ou nascituro. Falam em feto, embrio ou concepto. Substituem "matar", por "interromper a gravidez" ou "esvaziar a cavidade uterina". A prpria palavra "aborto" substituda por siglas, desde a clssica IVG ("interrupo voluntria da gravidez") at a recm-criada ATP ("antecipao teraputica de parto"). Convm esclarecer que, juridicamente, o aborto diretamente provocado crime. Ainda que ele seja praticado sob o pretexto de salvar a vida da gestante (art. 128, I, CP) ou para condenar morte o filho de um autor de estupro (art. 128, II, CP), segue sendo ilcito. O que o Cdigo Penal diz to-somente que, nesses dois casos, o aborto "no se pune". As causas de no-aplicao da pena ao autor de um crime recebem o nome de "escusas absolutrias". Elas no tornam o ato lcito, apenas excluem sua punio. Outros exemplos de escusas absolutrias: furto praticado pelo filho contra o pai (art. 181, CP), favorecimento pessoal de criminoso praticado por seu irmo (art. 348, 2, CP). Este assunto explanado de maneira magistral por Walter Moraes em seu artigo O problema da autorizao judicial para o aborto (RJTJESP, vol. 99, ano 20, maro-abril 1986, p. 19-30). Ora, se o aborto (com ou sem pena) crime, no se pode pedir a um juiz a autorizao para pratic-lo. Faria sentido um alvar judicial para um filho furtar algo do

pai, ou para uma me ocultar seu filho delinqente da polcia? O descabimento ainda maior quando um juiz autoriza a prtica de um crime punvel, como o aborto por m formao fetal. O tema excelentemente analisado pelo valoroso cientista penal Ricardo Dip em seu artigo Uma questo biojurdica atual: a autorizao judicial de aborto eugensico: alvar para matar (Revista dos Tribunais, Ano 85 - v.734 - dez. l996 -Fasc. Pen. - p.517-540). muito importante ressaltar que o chamado aborto por anomalia fetal eufemismo para aborto eugnico, tornado muito conhecido em razo das prticas de Hitler. l em 1965, o grande mdico-legal Costa Jnior refutava, em sua aula inaugural nos Cursos de Direito da USP, as principais indicaes "teraputicas" para o aborto (Por que ainda o aborto teraputico? Revista da Faculdade de Direito, USP, So Paulo, 1965, volume IX, p. 312330). Imperdvel para os estudantes e operadores de Direito. Dizia o catedrtico que melhor se chamaria o aborto, em tais situaes, de aborto "antiteraputico", uma vez que acarreta mais riscos para a gestante do que o prosseguimento da gravidez. Chamar de "teraputico" um aborto praticado em razo do desprezo pelo nascituro, to doente que tem pouca expectativa de sobrevida, pura enganao. A m formao fetal no acarreta qualquer risco gestante alm daqueles inerentes a outras gestaes em que a criana sadia, conforme resposta oficial do Conselho Federal de Medicina a um questionamento do Ministrio Pblico. Confirma a Associao Nacional dos Ginecologistas/obstetras que o defeito fsico do feto NO implica por si s risco para a gestante. Vejam explicaes inquestionveis dos mdicos Joo Evangelista dos Santos Alves e Dernival da Silva Brando, autores do livro Aborto: o Direito Vida (Rio de Janeiro, Agir, 1982), laureado pela Academia Nacional de Medicina. Recente deciso unnime do STJ, no HC 32159-8-RJ, acatando lcida manifestao do Chefe do Ministrio Pblico (Procurador-Geral da Repblica), declara ilegal, considera crime o aborto de bebs defeituosos. Confira-se. Tambm falso que a me sentir repugnncia pelo filho deficiente, ao nascer. prprio do amor materno, compadecer-se daquele que est desfigurado pela doena e ameaado de morte iminente. Ao contrrio, se a gestante, pressionada por outros que lhe dizem que seu filho uma "coisa" ou um "monstro", acaba consentindo no aborto, carregar pelo resto da vida o terrvel quadro clnico conhecido como sndrome ps-aborto, que inclui: depresso, medo, choro, remorso, tendncia ao suicdio, noutras palavras, a aniquilao da psique da mulher. E ainda h quem diga que o direito ao aborto uma bandeira feminina...! MARIA JOS MIRANDA PEREIRA Promotora de Justia do Tribunal do Jri de Braslia.

ILUSO DO NECRODIREITO FETAL E ABORTO NA REDE HOSPITALAR PBLICA VICENTE DE ABREU AMADEI Juiz de Direito da 1 Vara Criminal de Osasco - SP Professor de Direito da UNIP Vejamos a vida sob o seu dia verdadeiro... um instante entre duas eternidades... 1.Fumaa de morte na cultura brasileira. Erroneamente, tem sido plantada na cultura brasileira a iluso de que h trs tipos de abortos lcitos (legais): a) teraputico, para a hiptese em que no h outro meio de salvar a vida da gestante; b) sentimental, para a hiptese de gravidez resultante de estupro; c) eugensico, para a hiptese de m formao fetal, com fundada probabilidade de o nascituro apresentar graves e irreversveis anomalias fsicas ou mentais. Apregoa-se, ainda, que os abortos teraputicos e sentimentais j so expressamente permitidos no Cdigo Penal (artigo 128, I e II)1 e que os abortos eugnicos esto liberados, pois tm o amparo de alvars judiciais, no obstante a ausncia de previso normativa que os agasalhem2 Procura-se, pois, deturpando a verdade, formar a conscincia social, mdica e jurdica brasileira em fumaa de morte: confunde-se iseno de pena com licitude, impunibilidade com permisso, alvar judicial com liberdade comportamental ;assim, vai se plantando a falsa idia de que h necrodireito fetal, isto , que h situaes de eliminao da vida humana intra-uterina que tm fundamento na ordem jurdica ptria, so legais. 2. Todo aborto ilcito (ilegal). preciso ter em conta que no h direito contra a vida de inocente, em qualquer hiptese. Toda eliminao voluntria da vida humana inocente , em si, antijurdica, ilcita.1

Thomaz Rafael Gallop. Diretor do Instituto de Medicina Fetal e Gentica Humana de So Paulo, tem publicado diversos artigos de apologia do aborto eugensico, em peridicos de circulao no meio mdico e no meio jurdico, e, com freqncia, emprega a expresso aborto legal para os casos do aborto resultante de estupro e de risco de vida materna, aborto legtimo para aquele em razo de anomalia fetal, e ainda costuma usar o verbo permitir no exame de leis penais, em matria de aborto, dando a entender que, para ele, se determinada conduta no punida , automaticamente, permitida (Cf. Aborto por Anomalia Fetal, in Biotica, 1994; 2:67-72; Ainda o aborto (legtimo) em razo de anomalia fetal, in Boletim do Instituto Brasileiro de Cincias Criminais de Jan/1994, ano I, n. 17. 2 Justia libera aborto em anomalias - Estudo indito feito por mdico brasileiro revela que 350 alvars foram concedidos no pas, em casos proibidos por lei- manchete na primeira pgina da Folha de So Paulo de domingo, 01.09.1996.

Quando o legislador penal, no artigo 128 do Cdigo Penal, prescreve que no se pune o aborto praticado por mdico ( I ) se no h outro meio de salvar a vida da gestante, e ( II ) se a gravidez resulta de estupro... no se est descriminalizando tais abortos nem tornando lcitas condutas antes ilcitas (legalizando) nem excluindo a antijuridicidade dos abortos provocados. Ressalte-se que o legislador somente isenta a pena: crime continua existindo, mas no se pune: ilcito (ilegal) no deixa de ser o aborto teraputico e o aborto sentimental, mas no se pune. Exclui-se a punibilidade, mas subsiste o ilcito, ou, conforme a boa lio do Desembargador WALTER MORAES :suprime a pena ,fica o crime3. Corrige-se, pois, o primeiro ofuscamento que se busca plantar: no se pode confundir iseno de pena com licitude, anotando-se que, no obstante o artigo 128 do Cdigo Penal, tanto o aborto teraputico quanto o aborto sentimental so condutas ilcitas, apenas no punveis.3. Todo aborto proibido.

Se o legislador, no artigo 128 do Cdigo Penal, prev a no punio dos chamados abortos teraputicos e abortos sentimentais, isso no significa dizer que seja permitido promover referidos abortos. Ademais, o campo das condutas permitidas e das condutas proibidas no fechado na esfera do Direito Penal: a) no h, por exemplo, crime em mero inadimplemento contratual, mas isso no significa que seja permitido ao devedor no pagar a prestao no vencimento; b ) no h, por exemplo, crime se o empregado falta ao trabalho sem justo motivo ou se o empregador retarda o pagamento de salrio, mas isso no significa que essas condutas sejam permitidas. Com efeito, nosso ordenamento jurdico constitucional reconhece o direito vida4 de modo incondicional, sem meios termos, sem distines (vida intra-uterina ou vida extra-uterina ; vida nova ou vida velha; vida doente ou vida sadia ; vida curta ou vida longa), aberta a nica exceo da pena de morte em caso de guerra externa declarada ( art. 5, XLVII, a, da Carta Magna ).O Problema da Autorizao Judicial para o Aborto, in Revista de Jurisprudncia do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo (RJTJESP), Lex Editora, vol. 99, p. 20/21. No se desconhece a posio de parte da doutrina penalista no sentido de que haveria erro de redao no artigo 128 do Cdigo Penal (ao constar no se pune - quando deveria constar no h crime) e, assim, as duas hipteses de aborto a referidas seriam causas excludentes da antijuridicidade; mas, em rigor, como bem demonstrou o professor de Direito Penal da Universidade Paulista (UNIP) e Juiz do Tribunal de Alada Criminal de So Paulo, RICARDO DIP, em recente trabalho sobre o assunto, tais hipteses so de mera iseno de pena - no limite, dirimentes (causas de excluso da culpabilidade ou da punibilidade) -, ou se fulminam de manifesta inconstitucionalidade (uma questo biojurdica atual: a autorizao judicial de aborto eugensico - alvar para matar, RT 734/531, dez/1996). 4 Art.5, caput, e art. 227, caput, ambos da Constituio Ptria de 1988. O primeiro e mais importante de todos os direitos fundamentais de ser humano o direito vida. E o primeiro dos direitos naturais que o Direito Positivo pode simplesmente reconhecer, mas que no tem condies de criar. (IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, Fundamentos do Direito Natural Vida, RT 623/27, set/1987).3

Ora, o verso da moeda que reconhece o direito vida o dever jurdico de respeit-la e, isso, obviamente, importa afirmar, em si, a proibio do homicdio e do feticdio, que tem, em nosso Direito Positivo, fonte constitucional. Enfim, tudo o que estiver orientado para a morte de ser humano inocente (aqui includo todo tipo de aborto provocado) ofende o direito vida e , em nosso Direito Positivo, constitucionalmente vedado, no permitido. 4 Aborto teraputico ou estelionato cientfico? Quanto ao aborto teraputico (ou necessrio) - para o qual h, em nossa lei penal, iseno de pena (art.128, I, do Cdigo Penal) -, a voz do respeitado professor de medicina legal, Doutor Costa Jnior, que ainda faz eco nas conscincias, revelando que essa norma jurdica serve apenas para encobrir os verdadeiros motivos do aborto provocado e, assim, o chamado aborto teraputico, em verdade, no passa de um estelionato cientfico, sob a falsa invocao da medicina e com a chancela indevida da legalidade5 Isso, porque, no estado atual de evoluo da cincia mdica possvel tratar a patologia materna sem sacrificar o feto. Assim, cientificamente, o disposto no artigo 128, I, do Cdigo Penal, incuo. Portanto, o aborto teraputico , em rigor, um engodo, no se podendo afirmar, aos olhos da medicina, qualquer necrodireito fetal para salvar a vida da gestante. 5. Aborto sentimental ou estelionato moral? Por outro lado, o que deu suporte ao inciso II do artigo 128 do Cdigo Penal (aborto resultante de estupro) no foi nenhuma razo de ordem cientfica (para salvar a vida da gestante); mas sim, de ordem moral, ou seja, tendo em conta resguardar a honra da mulher ou, para alguns, preservar o equilbrio psicolgico dela, diante do sentimento de rejeio maternidade fruto da violncia sexual6. Ora, quer pesando a honra da mulher com a vida do feto, quer pesando o viver psquico da mulher com no viver de seu filho indesejado, no h nenhuma dvida em se afirmar que o aborto provocado resultante de estupro (chamado, ainda, do aborto por indicao tica) verdadeiro estelionato moral, porque toma como bem maior circunstncia acidental (honra, equilbrio emocional) em detrimento do essencial (a vida).Essas palavras so do mdico-legal J.B.DE OLIVEIRA E COSTA JUNIOR, que foi catedrtico da faculdade de Direito da USP (Cadeira de Medicina Legal ),em aula inaugural dos Cursos Jurdicos de 1965: Por que, ainda, o aborto teraputico? in Revista da Faculdade de Direito da USP vol. LX, p. 328 e 330. 6 O argumento de resguardo do equilbrio psicolgico da mulher, em vigor, falso, pois o que realmente preservar sua estabilidade emocional, diante de to grave situao, o enfrentar a nova condio da vida com elementos construtivos (de amor, de vida) - o que possvel atingir, se necessrio com o apoio de psiclogos -, no com elementos destrutivos (de dio, de morte), que, embora, no incio, dem a impresso de sucesso, ao longo do tempo podem terminar gerando profundas seqelas na ordem psquica, bem mais graves que as seqelas do estupro e da gravidez da decorrente.5

No s a natureza das coisas indica ao homem de bom senso e de boa vontade que a vida valor superior aos valores da honra e do bem viver psquico, mas tambm a Constituio brasileira reconhece que a vida (pressuposto substancial de todos os demais valores dela dependentes, como a liberdade, a honra, a integridade fsica e psquica, Tc) o primeiro dos valores protegidos juridicamente. Se o legislador penal, no referido artigo 128 do Cdigo Penal, estabelece que esse tipo de aborto no ser punido, no se est afirmando seja lcito ou permitido o feticdio. Ilusrio (errado), pois, supor haver direito de sacrificar a vida humana intra-uterina resultante de estupro. No h, enfim, necrodireito fetal em caso de gravidez resultante de estupro, mas mera iseno de pena (entenda-se, de sano criminal). 6. Aborto piedoso ou estelionato racial? O Anteprojeto de Lei do Ministrio da Justia, relativo reforma da Parte Especial do Cdigo Penal, de 1984 (Portaria n. 304, de 17.07.84, Dirio Oficial de 19.07.84, Seo I, p. 10522 e segs.), alm de mudar a redao do artigo 128 do Cdigo Penal, acrescia o inciso III, com a hiptese do aborto eugensico, denominando-a aborto piedoso. Nome convidativo compaixo, misericrdia; contedo jurdico que nega, na raiz, o amor ao doente, ao feto deficiente, e, contra o corao da vida humana que ainda pulsa, conspira-se a morte, o feticdio. Dourada a casca que reveste o fruto venenoso! Ser que est completamente perdido o significado da palavra piedade7, a ponto de se poder qualificar o aborto do necessitado ao extremo como piedoso? O aborto por indicao eugensica, como bem apontou RICARDO DIP, crime, sequer isento de pena pelo Cdigo Penal, que enraza um racismo cromossmico, a tragdia de um totalitarismo que sobreviveu aos escombros da Segunda Guerra Mundial e queda do Muro de Berlim 8.

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Piedade palavra plurvoca, como lembra ANTNIO ROYO MARIN: La palabra piedad se puede emplear en muy diversos sentidos: a) como sinnimo de devocin, religiosidad, entrega a las cosas del culto de Dios; y asi hablamos de personas piadosas o devotas; b) como equivalente a compasin o misericrdia; y asi decimos: Seor, tened piedad de nosotros; c) para designar una virtud especial derivada de la justicia: la virtud de la piedad,...; y d) aludiendo a uno de los siete dones del Espritu Santo: el don de piedad (Teologa de la Perfeccin Cristiana, BAC, 6. Edio, Madri, p. 566). Associada ao aborto eugnico, busca-se incutir a idia de que esse feticdio um remdio (melhor seria dizer veneno) contra a dor, contra o sofrer da me e do filho, da, compassivo ou misericordioso; todavia, no h verdadeira piedade que mata, pois o motor de toda real compaixo e de toda verdadeira misericrdia o amor ao prximo que necessita de salvao, e , assim, faz conjugar os esforos (dos naturais aos sobrenaturais; dos cientficos aos msticos; dos recursos teraputicos at a impetrao pelo milagre) para que o feto doente tenha cura, ame e seja amado, viva (no morra) e, se possvel, viva melhor. Anoto, por fim, que o conjugar os recursos da cincia com os da f no nada estranho para quem j ouviu falar da vida, da obra e do testemunho do mdico e cientista francs, exagnstico, Prmio Nobel de 1912, ALEXIS CARREL, o qual, com sabedoria, afirmava que a tarefa da cincia permitir a mstica que se incorpora na vida, com o desviar da sua estrada. 8 Ob. cit, RT 734/520-525 .

O aborto eugensico , pois, verdadeiro estelionato racial: segregando os seres humanos fracos (fetos portadores de graves e irreversveis anomalias fsicas ou mentais) dos fortes (fetos normais) - 9, assegura a vida destes e condena aqueles morte, sob a aparncia enganosa de que nisso h piedade. Certo que esse tipo de prtica de aborto tem colhido algumas autorizaes judiciais, mas bom registrar que a se est diante de manifesta criao judiciria (administrativa ou jurisdicional, conforme conste em procedimento de atribuio de Juiz Corregedor da Polcia Judiciria ou em processo de competncia do Juiz de Direito) contra legem, no mbito daquilo que se chamou, no faz muito tempo, de direito alternativo. So, como novamente ressalta o Juiz do Tribunal de Alada Criminal de So Paulo RICARDO DIP, alvars para praticar um crime, alvars para matar, que no tem o efeito de gerar a descriminalizao da conduta10 nem autorizam pregar haver liberdade comportamental para esse tipo de aborto. Crime - e continuar sendo, ainda que autorizado judicialmente - o aborto eugensico. Assim, igualmente para o referido aborto de indicao eugensica, mesmo que seja judicialmente autorizado, no h necrodireito fetal. 7. Os abortos na rede hospitalar pblica so frutos do ilusrio pressuposto de que h certos casos de necrodireito fetal. Embora no exista direito ao sacrifcio da vida humana intra-uterina - no s por Direito Natural, mas tambm por reconhecimento e proteo do direito vida em nosso Direito Positivo (Constituio da Repblica, arts. 5 e 227) - , no obstante seja todo aborto ilcito ( ilegal ) e no permitido, at o teraputico e o sentimental (estes apenas isentos de pena), bem como a despeito de no terem os alvars judiciais para abortos eugnicos efeito discriminante da conduta antijurdica; afirma-se, como j referido, em m formao da conscincia social, mdica e jurdica, que tais abortos so legais ou que h direito ao aborto nessas circunstncias (de fins teraputicos, sentimentais ou eugensicos). Mas nisso, note-se bem, h muito mais que mero uso imprprio da lngua ou falta inconseqente da preciso tcnico-jurdica dos termos. Com efeito, partindo da falsa premissa decorrente dessas propositadas imprecises terminolgicas, ou seja, da iluso de que h um certo necrodireito fetal na ordem jurdica brasileira, procura-se sustentar ser dever do Estado manter em rede hospitalar pblica o atendimento aos casos de abortos teraputicos, sentimentais e, se autorizados judicialmente, tambm dos abortos eugnicos.9

Eugensico, tem raiz no grego eugens, que significa nobre. Logo, aborto eugensico privao do nascimento do pobre. Priva-se do nascimento o pobre, isto , o fraco, o deficiente, o malformado; admite-se o nascimento do nobre, isto , do forte, do eficiente, do bemformado . Assim, condenado morte, por privao de nascimento, aquele cuja qualidade fsica e mental da vida no seja geneticamente ideal, h verdadeiro racismo gentico. 10 Ob. cit., RT 734/537-538 .

Para clarear, tome-se por exemplo os argumentos da abortista CARMEN BARROSO, em artigo publicado no jornal Folha de So Paulo de 17 de abril de 198511 , por ocasio do episdio referente mensagem que o Governador do Rio de Janeiro, vista da carta recebida pelo Cardeal Eugnio Sales, remeteu Assemblia Legislativa daquele Estado, propondo a revogao da lei que estabelecia a obrigatoriedade, rede dos servios de sade do Estado, do atendimento mdico para a prtica do aborto nos casos previstos em lei: a) parte da premissa de que O Cdigo Penal vigente desde 1940 reconhece mulher o direito de abortar nesses casos (gravidez resultante de estupros), bem como que esse Cdigo tambm permite o aborto nos casos em que est em risco a vida da mulher; b) e, assim, conclui que a lei que prev o atendimento ao aborto pela rede pblica, s o permitindo nos casos de estupro e de risco de vida, apenas assegura o cumprimento de um direito adquirido desde 1940. Falsa a premissa (necrodireito fetal para os abortos teraputicos e sentimentais), errada a concluso (poder-dever do Estado em manter, na rede hospitalar pblica, atendimento para esses tipos de aborto). 8. As leis permissivas de prticas de abortos teraputicos, sentimentais e eugensicos na rede hospitalar pblica so inconstitucionais. Oportuno notar, ainda, que, partindo do vcio lgico-jurdico retro apontado, e em face da descentralizao do sistema de sade pblica (e conseqente crescimento da rede dos servios hospitalares municipais), alm de leis estaduais, tem havido uma certa pulverizao de leis municipais prescrevendo o poder-dever de se manter, na rede pblica hospitalar correspondente, o atendimento aos casos de aborto teraputico e sentimental, no se hesitando acrescer a esse rol o aborto piedoso quando mascarado pelo alvar judicial 12. Todas leis desse contedo (permissas da prtica do aborto teraputico e sentimental), quer do mbito federal, quer do mbito estadual, quer do mbito municipal, bem como todas as respectivas normas administrativas (decretos regulamentares, resolues, portarias, Tc) so, em rigor, inconstitucionais, porque violam o direito vida (no caso, da vida humana do feto), que a Constituio da Repblica reconhece e ampara, incondicionalmente, havendo, pelo que j foi minuciosamente exposto, total impropriedade jurdica no argumento errneo de que haveria necrodireito fetal nos casos do artigo 128 do Cdigo Penal ou diante de expressa11

Anatomia do Legislativo do Estado do Rio - jornal Folha de So Paulo do 17.04.85, p. 3, de CARMEN BARROSO, Pesquisadora da Fundao Carlos Chagas e Professora do Departamento de Cincias Sociais da USP, conforme indicado ao p do artigo. 12 Corre notcia de que tm havido abortos provocados em Braslia (Hospital Regional da Asa Sul), em Recife (Centro Integrado de Sade Amauri de Medeiros - CISAN), no Rio de Janeiro (Instituto Municipal da Mulher Fernando Magalhes), em So Paulo (Hospital Jabaquara) e em Campinas ( Centro de Assistncia Integral Sade da Mulher).

autorizao judicial para outras hipteses (especialmente a eugenia), ainda que no previstas naquela norma penal. No se pode admitir, por incompatibilidade normativa e desarmonia hierrquica do Direito Positivo, que a ao que tem a marca da ilicitude constitucional (conduta que fere o direito vida humana inocente) e, assim, , por decorrncia lgico-constitucional, necessariamente proibida (todo tipo de aborto provocado vedado), venha a ter sua permissividade em lei infraconstitucional. Lembro, tambm, que, a propsito do Projeto de Lei federal n. 20-A, de 1991, que dispe sobre a obrigatoriedade de atendimento dos casos de aborto previstos no Cdigo Penal, pelo Sistema nico de Sade, no faltaram as lcidas manifestaes de juristas do porte dos Desembargadores paulistas WALTER MORAES, JOS GERALDO BARRETO FONSECA e WALTER THEODOSIO, e do Juiz do Tribunal de Alada Criminal Paulista RICARDO DIP 13, salientando a inconstitucionalidade de lei que regulamentar a prtica do abortamento. 9. Ferramentas polticas e jurdicas de resguardo do direito vida do feto. Triste o Pas que, tendo aos olhos a verdade do erro em que se encontra, insiste em nele permanecer ou no viabiliza as ferramentas que tem para sanar o mal posto e crescente. Se, em verdade, no h necrodireito fetal (porque ilcito e proibido todo abortamento provocado); se inconstitucionais so as normas jurdicas infraconstitucionais que regulamentam o abortamento pela rede de sade pblica; e mais, se o aborto teraputico estelionato cientfico, se o aborto sentimental estelionato moral, e se o aborto piedoso estelionato racial; penso que no pode haver conformismo poltico-social nem adormecimento axiolgico-jurdico. Outrossim, se levarmos em conta que o nosso Pas de raiz crist, vinda do tronco hispnico, com populao preponderantemente catlica apostlica romana, para a qual quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunho latae sententiae (Cnon 1398 do Cdigo de Direito Cannico atual ), tambm uma questo de respeito ao social atender aos reclamos da f do povo 14.

Entrevistas de dezembro de 1996 ao boletim informativo de O Amanh de Nossos Filhos. A legitimidade das normas de conduta de proteo vida, em rigor, tem fundamento no Ser, na Verdade e no Bem em relao aos quais no h critrio democrtico (50% mais um) algum: o ser no deixa de ser , nem a verdade deixa de ser verdade, nem o bem deixa de ser verdadeiro bem, por questo de maioria ou de minoria, por critrio meramente opinativo de quantidades. Entretanto, mesmo aqueles que reduzem a legitimidade ao fruto do desejo da maioria social (50 % mais um) no podem negar a preponderante f catlica dos brasileiros. Da, para aferir e respeitar isso, sequer preciso ter f, conforme atesta o exemplo de Clvis Bevilqua, na redao da parte de direito de famlia do Cdigo Civil, que, nada obstante ser positivista, sabia que no legislava para si, mas para o povo brasileiro e, assim, sendo o povo profundamente marcado pelo cristianismo, deveria, ao legislar, respeitar os princpios da Religio Catlica.14

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10. Ferramentas polticas (mbito legiferante). Na esfera legiferante, portanto, preciso fazer atuar os canais poltico-sociais de legtima presso junto aos parlamentares e chefes dos Poderes Executivos, quer para revogar o mal positivado em lei, quer para impedir sua proliferao, especialmente no que tange a ilcita e inconstitucional permisso de abortamentos na rede de sade pblica. 11. Ferramentas jurdicas (mbito administrativo) Na esfera administrativa, especialmente atento s pessoas dos funcionrios da rea de sade pblica (mdicos, enfermeiros, instrumentadores cirrgicos, Tc), preciso, em primeiro plano, inform-los de que lei inconstitucional no se deve cumprir, nada abriga contra a Constituio brasileira que expressamente resguarda o direito vida (intra e extra-uterina) e, assim, no podem ser forados a fazer ou cooperar com referidos abortos nem podem ser punidos quando houver recusa. Por fim, oportuno lembrar-lhes, tambm, que podem levantar a qualquer tempo a objeo de conscincia, anotando-se que a Constituio da Repblica (art. 5, VI) ampara a liberdade de conscincia dos servidores da sade que no podem ser forados, contra suas conscincias, a praticar ou colaborar com o feticdio. 12. Ferramentas jurdicas (mbito jurisdicional). Na esfera jurisdicional, em vista de leis inconstitucionais regulamentadoras da prtica de abortos, h os mecanismos preventivos de controle direto e de controle difuso da constitucionalidade. a) para o primeiro caso, as aes diretas de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo; b) para o segundo, nos diversos tipos de aes, adequadas segundo a peculiaridade de cada caso (por exemplo, mandados de segurana em face de ato administrativo-hospitalar, cautelares inominadas, aes cominatrias negativas em que se pretenda a absteno da pratica de abortamento por hospitais da rede pblica,...). Anoto, ainda, que em demandas preventivas de proteo do direito vida do feto seria absurdo pensar na iniciativa do feto para vir em Juzo, por si ou pela me (aqui, em geral, para os abortos teraputicos, sentimentais, e eugensicos, h colidncia de interesses entre ascendente e descendente). Admite-se, pois, que terceiro pea em nome do nascituro-incapaz, requerendo, de plano, que o Juiz lhe nomeie seu curador especial ou, caso no aceite sua pessoa para esse mnus pblico, lhe d outro curador especial para que ele no fique sem algum que seja sua voz clamando a proteo de seu direito vida (artigo 9, I, do Cdigo de Processo Civil). Importante salientar, ainda, a relevante funo do Ministrio Pblico, no s como fiscal da lei, mas em efetiva interveno em favor da vida do incapaz, at como parte em ao que seja possvel cogitar para tutela do interesse difuso da vida humana intra-uterina, em face de autoridade ( ou da pessoa jurdica de direito pblico correspondente, conforme o tipo de ao),

responsvel por ato administrativo voltado implantao da prtica do abortamento na rede pblica hospitalar. No se pode esquecer que vida humana valor de dimenso social, isto , bem jurdico que no importa proteger s do ponto de vista individual; tem importncia para a comunidade 15. Penso, ainda, em audaz interpretao olctica, mas que tem em conta a instrumentalidade do processo, bem como sua celeridade e efetividade necessrias (especialmente em questo de vida ou morte), no habeas corpus preventivo, que tem larga legitimidade ativa (qualquer pessoa pode impetrlo) e passiva (admissvel o remdio at quando a ilegalidade emana de particular) - 16. Isso, porque, embora o habeas corpus, atualmente 17, tenha o destino de proteo ao direito de liberdade de locomoo, fato absolutamente certo que aquele que perde a vida (suporte existencial da liberdade) tambm est privado da liberdade ambulatria; logo, o habeas corpus tambm remdio jurdico para proteo do direito vida, pois resguardando a vida humana contra a morte, resguarda-se a liberdade de ir e vir, e, deixando de proteg-la, ferido irremediavelmente tambm estar o direito de liberdade. 13. Aborto crescente retrocesso na histria do direito. Por fim, termino esse breve estudo, lembrando que a permissividade crescente do aborto, em clima de globalizao, , em verdade, sinal de retrocesso na histria do direito das civilizaes. Ser que iremos retroceder ao tempo arcaico do Direito Romano, primeiro novamente admitindo o aborto, tratando o nascituro como parte da mulher ou de suas vsceras18, amanh, quem sabe, barbaridade do abandono do recm-nascido e do ius vitae et necis, isto , a prerrogativa de o pai matar o filho, como direito seu, sem nenhuma ofensa lei humana19? Ser que iremos retroceder ao tempo primitivo do Direito Romano em que, para ser pessoa era preciso, entre outros requisitos, no ser

ANBAL BRUNO, Direito Penal, Ed. Forense, 1959, 2. Ed., vol. I, tomo 2, p.21. No obstante o entendimento de Bento de Faria, admitem a impetrao do writ tambm contra ato de particular Costa Manso, Pedro Lessa, Aureliano Guimares, Joo Mendes Jnior, Magalhes Noronha (Cf. TOURINHO FILHO, Prtica de Processo Penal, Ed. JALOVI, 1984, 9. Ed., p. 504/505). 17 Digo atualmente, porque, na histria do habeas corpus, no se pode esquecer a polmica entre Rui Barbosa e Pedro Lessa (o primeiro sustentando que onde se der violncia... o habeas corpus irrecusvel; o segundo, limitando-o aos casos de constrangimento liberdade de locomoo), nem ignorar o fato de que j houve tempo em que esse remdio era garantia contra qualquer violao de direito individual (Cf. TOURINHO FILHO, Processo Penal, ed. Saraiva, 1987, 10 ed., vol. 4, ps. 421/424). No se est, aqui, pregando o uso do habeas corpus nos moldes da amplitude que Rui Barbosa o defendia, mas sim anotando-se que exclu-lo como remdio jurdico de tutela vida do feto tambm neg-lo como proteo de liberdade de locomoo, pois, sem vida garantida at a morte natural, o ser humano estar automaticamente privado daquela liberdade. 18 partus enim antequam edatur, mulieris portio est, vel viscerum Ulpiano, fr. I, par. 1 - de inspic. Vent (25 - 4), ref. Por REYNALDO PORCHAT, Da Pessoa Physica em Direito Romano, So Paulo, ed. Duprat, 1915, p. 09 ). 19 ALEXANDRE CORREA e CAETANO SCIASCIA , Direito Romano, ed. Saraiva, 1949, vol. 1, p. 101.16

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monstro, isto , fruto de mulher sem figura de homem, em vista de gravssima anomalia20? Ser, enfim, que o Brasil se render cultura de morte que se tem espalhado pelo globo terrestre como praga, retirando os freios da violncia, minando todas as autoridades, proliferando o feticdio e, por fim, estampada em tristes manchetes jornalsticas de clnicas abortistas que explodem? Embora no se cuide de realidade atual brasileira, mas vendo aqui certo movimento crescente ao aborto (uma brecha aqui, outra ali,...), desde j e para o futuro, prefiro reter na memria as palavras do bispo de Kielce, Kazimierz Ryczan, quando desabafou diante da recente lei abortista polonesa: ajoelho-me diante de suas mes que decidiram dar-lhes a vida, embora teria sido bem melhor para a Polnia se tivessem pensado como vocs sobre as crianas nascidas; ao menos assim no existiria a vossa lei criminal21. Osasco, fev/1997.

... o feto, para ter capacidade jurdica, precisava no ser um monstro ou prodgio - ad nullum declinas monstrum vel prodigium (cit, const. 3,), Lembre-se, segundo Labeo, que monstro a extrema anomalia (diferenciada, pois, do ostentum), ou seja, aquilo que gerado e nascido contra a natureza... que no tem figura de homem (REYNALDO PORCHAT, ob. cit., 13/14). 21 Era melhor antes de 1989, publicado na Revista 30 Dias, Ano X, n. 9, setembro de 1996, p. 19 da edio portuguesa.

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Aborto: Tragdia ou Direito?Julio Severo Quando se fala em legalizao do aborto, imediatamente levantada a questo dos casos difceis: as situaes que deixam at mesmo as pessoas mais compassivas despreparadas diante dos que defendem o direito ao aborto. Uma menina de 12 anos sexualmente abusada pelo prprio irmo. Uma adolescente de 16 anos, filha nica de uma me solteira que tem de trabalhar fora para sustentar a casa, brutalmente estuprada por um estranho. Um homem domina uma jovem em seu primeiro namoro e a violenta. Esses so apenas alguns dos casos trgicos. Os que so a favor do aborto tiram vantagem de situaes assim para ganhar a simpatia da populao. Quando uma mulher ou menina vtima de abuso sexual, dizem eles, o aborto uma soluo. Eles afirmam que for-la a ter o beb a deixar traumatizada. O que poderia ser mais cruel, perguntam eles, do que insistir em que uma jovem ou mulher gere em seu corpo uma criana concebida num ato de estupro ou abuso? Manipulando as excees Esses argumentos no so novidade. Alis, a maioria dessas estratgias foi usada pelos ativistas pr-aborto nos EUA. Utilizando a questo do estupro para persuadir os polticos, os jornalistas e a opinio pblica, as feministas conseguiram, em 1973, legalizar o aborto nos EUA no famoso caso Roe x Wade, diante do Supremo Tribunal. Nesse caso, Jane Roe afirmou buscar uma operao de aborto quando ficou grvida depois de ser violentada por vrios homens. Anos mais tarde, Norma McCorvey, a mulher que usou o nome de Jane Roe, reconheceu que suas advogadas feministas inventaram toda a estria do estupro. Ela s no pde mais esconder a verdade porque se converteu ao Cristianismo. Hoje ela conta: Fui uma boba que fiz tudo o que os promotores do aborto queriam. Na minha opinio, pode-se afirmar sem sombra de dvida que a indstria inteira do aborto est alicerada em mentiras. 1 Ento, hoje sabe-se que o caso judicial de estupro usado para legalizar o aborto nos EUA foi uma fraude. Alis, os argumentos a favor de direitos ao aborto foram uma farsa desde o comeo. Os advogados pr-aborto descobriram que poderiam ganhar o apoio popular e a simpatia judicial focalizando os horrores dos abortos clandestinos e ilegais. Eles argumentavam que centenas de mulheres estavam morrendo nas mos de aougueiros que exploravam mulheres desesperadas. Eles at apresentavam estatsticas, afirmando que havia um grande nmero de mulheres com problemas de sade devido ao aborto ilegal e que essas mulheres estavam dando despesas pesadas para o sistema de sade pblica. Para eles, a soluo era legalizar o que eles chamam de interrupo da gravidez. Depois da legalizao, o Dr. Bernard Nathanson se tornou o diretor da maior clnica de abortos do mundo ocidental e presidiu 60 mil operaes de aborto. Como McCorvey, ele tambm teve uma experincia de converso. Hoje ele conta o que alguns especialistas mdicos, inclusive ele mesmo, afirmavam antes da legalizao do aborto nos EUA:

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Cf: http://cwfa.org/library/life/1999-12_pp_a-history.shtml

Diante do pblico quando falvamos em estatsticas [de mulheres que morriam em conseqncia de abortos clandestinos], sempre mencionvamos de 5 a 10 mil mortes por ano. Confesso que eu sabia que esses nmeros eram totalmente falsos Mas de acordo com a tica da nossa revoluo, era uma estatstica til e amplamente aceita. Ento por que devamos tentar corrigi-la com estatsticas honestas? 2 Para iludir o pblico, as feministas garantiram que s queriam o aborto legalizado nos casos de estupro e incesto. Mas a, quando a questo j estava avanando nos tribunais, elas passaram a dizer que injusto permitir o aborto s nessas situaes. Foi assim que os casos de estupro e incesto acabaram se tornando a porta escancarada que deu s mulheres americanas o direito livre e legal de fazer aborto por qualquer razo e em qualquer estgio da gravidez, desde o momento da concepo at o momento do parto. Hoje so realizados por ano mais de 1 milho de abortos nos hospitais e clnicas dos EUA. Para legalizar o aborto no Brasil, alguns especialistas empregam a mesma estratgia de exagerar as estatsticas. Anos atrs, a CNN mostrou um documentrio de uma hora sobre o aborto no mundo. Na seo sobre o Brasil, o reprter da CNN afirmou: O aborto no Brasil uma das maiores causas de morte entre as mulheres. Estimase que sejam realizados no Brasil 6 milhes de abortos ilegais por ano. Esses abortos causam 400 mil mortes. Metade dos abortos feitos anualmente, ou 3 milhes, so realizados em meninas de 10 a 19 anos. De cada 100 delas, 21 morrero. 3 As estratgias usadas no Brasil so to parecidas com os argumentos usados nos EUA porque os mesmos grupos que legalizaram o aborto l esto atuando em nosso pas. Mas o Instituto de Pesquisa de Populao de Baltimore, EUA, comenta: J que o nmero total de mulheres brasileiras em idade reprodutiva (15 a 44 anos) que morrem anualmente de TODAS as causas so apenas umas 40 mil (consulte o U.N. Demographic Yearbook, 1988, pp. 346-7 ou o World Health Statistics Annual da OMS, 1988, p. 120) a afirmao de 400 mil mortes de abortos ilegais simplesmente impossvel. O reprter que fez a notcia no s no se informou direito, mas tambm demonstra no saber matemtica. Ele devia ter percebido que a afirmao de uma taxa de morte de 21 por cada 100 entre os alegados 3 milhes de abortos realizados em adolescentes d um total de 630 mil mortes, um nmero maior do que os 400 mil que supostamente ocorrem de todos os abortos brasileiros juntos! Mas os lacaios do dono da CNN engoliram esse nmero e o noticiaram no mundo inteiro. 4 A verdade aparece O Dr. David Reardon, especialista em tica biomdica e pesquisador e diretor do Instituto Elliot de Pesquisa das Cincias Sociais, diz: As pessoas pulam para concluses sobre estupro e incesto com base no medo O Instituto Elliot publicou uma pesquisa recente que mostra que o aborto impede as vtimas de estupro de se recuperar. Durante umCf: http://cwfa.org/library/life/1999-12_pp_a-lies.shtml CNN and Brazilian Abortion Deaths, in Population Research Institute Review (Population Research Institute: Baltimore, EUA, janeiro/fevereiro de 1991), p. 12. 4 Idem.3 2

perodo de 9 anos, o Instituto coletou o depoimento de 192 mulheres que engravidaram como conseqncia de estupro ou incesto. Nessa pesquisa, h tambm o testemunho das crianas concebidas nessas circunstncias. claro, os que defendem o aborto gostariam que todos acreditassem que as vtimas de violncia sexual so mulheres desesperadamente necessitadas de servios mdicos de aborto. Mas a realidade no bem assim. Apesar das circunstncias trgicas, abusivas e muitas vezes violentas em que seus filhos foram concebidos, a maioria dessas mulheres na pesquisa escolheu lhes dar vida. Geralmente, a mulher s cede realizao de um aborto por presso do abusador ou de outros membros da famlia. O Instituto Elliot constatou que 73 por cento das vtimas de estupro escolheram dar luz seus bebs. Em 1981, a Dra. Sandra Mahkorn conduziu a nica importante pesquisa anterior de vtimas de estupro que engravidaram. De modo semelhante, ela constatou que de 75 a 85 por cento das vtimas de estupro escolheram dar vida a seus filhos. A pesquisa mostra que praticamente todas as mulheres que realizaram um aborto lamentaram a deciso. Por outro lado, as mulheres que escolheram dar luz seus filhos sentiram-se felizes por t-los. Agradeo a Deus pela fora que Ele me deu para atravessar os momentos difceis e por toda a alegria dos bons momentos, disse Mary Murray, que teve uma filha concebida num estupro. Jamais lamentarei o fato de que escolhi dar vida minha filha. Da mesma forma, os homens e as mulheres concebidos em situaes de estupro e incesto elogiam suas mes por lhes dar vida. Cristo ama todos os Seus filhos, at mesmo os que foram concebidos nas piores circunstncias, diz Julie Makimaa, cuja concepo ocorreu quando sua me foi estuprada. Afinal, no importa como comeamos na vida. O que importa o que faremos com nossa vida. O aborto aumenta o trauma da violncia ou abuso sexual Em vez de aliviar a angstia psicolgica das vtimas de violncia sexual, o aborto traz mais angstia. O Dr. Reardon, que especialista em questes ps-aborto, diz: A evidncia mostra que o aborto aumenta os traumas e o risco de suicdio. Mas o ato de deixar a criana nascer reduz esses riscos. Nos casos de incesto, as vtimas que engravidam so muitas vezes meninas novas e no esto devidamente conscientes de seu estado de gravidez. O Dr. Reardon diz que tal situao as deixa vulnerveis a profundos traumas psicolgicos quando, anos mais tarde, elas percebem o que aconteceu. A prpria experincia do aborto, fisica e emocionalmente, pesa na mulher tanto quanto o trauma do estupro. O trauma maior que, embora saiba que no teve culpa no estupro, ela sente-se responsvel pelo aborto, at mesmo quando ela consente sob presso. Algumas das conseqncias que um aborto deliberado traz: Sndrome Ps-Aborto: Um estudo realizado pela Dra. Brenda Major, que a favor do aborto, constatou que, em mdia, as mulheres relataram no ter recebido nenhum benefcio de um aborto. 5 Abuso de drogas e lcool: Mulheres que realizaram um aborto tm quase 3 vezes mais risco de usar drogas ou lcool do que mulheres que no abortaram. Mulheres que nunca usaram drogas ou lcool e abortaram seu primeiro beb tm 5 vezes mais risco de comear a usar drogas ou lcool em comparao com5

Cf:http://cwfa.org/library/life/2001-01-23_whither.shtml

mulheres que tiveram seus bebs. Vinte por cento relataram ter comeado a usar drogas ou lcool um ano depois do aborto, e 67 por cento disseram ter comeado num perodo de 3 anos. 6 Taxas de mortalidade: Um estudo feito na Finlndia revelou que as mulheres que fizeram aborto tiveram 252 por cento mais chance de morrer no mesmo ano em comparao com mulheres que tiveram seus bebs. Em comparao com mulheres que deram luz, as chances de morrer dentro de um ano aps um aborto foram 1.63 para morte de causas naturais, 4.24 para mortes de ferimentos relacionados a acidentes, 7 6.46 para mortes em conseqncia de suicdio e 13.97 para mortes em conseqncia de assa