apostila sobre higiene ocupacional

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Page 1: Apostila sobre higiene ocupacional

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CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

APOSTILA DE HIGIENE OCUPACIONAL

Professor: Flávio Amorim Gomes de Araújo

VERSÃO 03

FEVEREIRO / 2008

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INTRODUÇÃO O Técnico em Segurança do Trabalho (TST) tem um campo muito amplo de atuação, não só por poder atuar nos mais diversos tipos de atividades econômicas, principalmente nas industrias de transformação, mas também por atuarem, mesmo que numa determinada atividade econômica, em todas as áreas possíveis e com os mais diferentes níveis hierárquicos. Nesta diversificação de atuação o TST tem uma missão muito importante, em conjunto com os demais componentes do SESMT e outros profissionais afins, que é o de antecipar e controlar os riscos originados nos ambientes de trabalho. Neste foco de atuação está a Higiene Ocupacional, ciência que cuida do ambiente de trabalho para prevenir doenças ou lesões nos trabalhadores, provenientes de atividades em ambientes de trabalho com calor, ruído, vibração, manuseio de substâncias químicas, bioaresóis, agrotóxicos, etc. É uma especialização de importância crescente, pois a conscientização de que o ambiente de trabalho não deve causar danos à saúde do trabalhador tem se imposto, infelizmente, à custa de muitas vidas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) quase 2 em cada 3 trabalhadores no mundo inteiro estão expostos à substâncias químicas, estimando-se que 1,5 a 2 bilhões de pessoas são afetadas. Os trabalhadores podem encontrar no ambiente de trabalho, devido à inalação de ar impróprio, situações muito perigosas. Por exemplo, respirar ar contaminado acima da chamada concentração Imediatamente Perigosa a Vida ou à Saúde (IPVS) (por exemplo: 1.500 ppm de monóxido de carbono; 50.000 ppm de gás carbônico, 500 ppm de gás sulfídrico) produzem efeitos agudos irreversíveis à saúde, ou até morte imediata, dependendo das circunstâncias. Inalar ar com deficiência de oxigênio produz as mesmas consequências quando a concentração do O2 no ar cai abaixo de 12,5%, ao nível do mar (significa que a pressão parcial de O2 no ar é menor que 95 mm de Hg), isto é, o ambiente também é considerado IPVS. Nestes casos a vítima perde a coordenação motora, tem a sua capacidade de julgamento muito reduzida e ocorrem lesões irreversíveis no coração e se não for resgatada imediatamente morrerá em alguns minutos. Mesmo resgatada, apresentará problemas de saúde pelo resto da vida, devidos as lesões cerebrais e no músculo cardíaco. Devido à sua abrangência podem trabalhar com Higienista Ocupacional profissionais das mais diversas áreas do conhecimento (médicos do trabalho, enfermeiras do trabalho, físicos, biólogos, psicólogos e engenheiros químicos, etc.). O título de Higienista Ocupacional é dado hoje num curso de pós-gradução, oferecido a profissionais de formação superior em outras ciências correlatas, principalmente aos Engenheiros de Segurança do Trabalho e Médicos do Trabalho. Há também um órgão específico no Brasil para este tipo de profissional, a Associação Brasileira de Higienista Ocupacional – ABHO e ainda destacamos a ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygyenists, órgão corresponde no EUA. Neste módulo do curso, você futuro Técnico em Segurança do Trabalho, poderá iniciar o aprendizado nesta ciência e visualizar o seu papel, também de fundamental importância na prevenção dos riscos ambientais. Fevereiro de 2008. Flávio Amorim Gomes Araújo

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 02

ÍNDICE 03

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 04

UNIDADES DE MEDIDAS MAIS UTILIZADAS E SUAS PRINCIPA IS CONVERSÕES 05

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL 07

1. CONCEITOS INICIAIS 07

2. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL 07

3. AGENTES AMBIENTAIS 07

4. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 08

5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL 09

6. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO 10

7. MEDIDAS DE CONTROLE 10

8. PROCESSOS TRABALHISTAS 10

CAPÍTULO II AGENTES FÍSICOS 11

1. RUÍDO 11

2. VIBRAÇÃO 28

3. PRESSÕES ANORMAIS 31

4. TEMPERATURAS EXTREMAS 32

4.1. CALOR 32

4.2. FRIO 36

5. RADIAÇÕES 38

5.1. RADIAÇÃO IONIZANTE 38

5.2. RADIAÇÃO NÃO-IONIZANTES 40

6. UMIDADE 41

CAPÍTULO III AGENTES QUÍMICOS 42

1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES 42

2. AERODISPERSÓIDES 43

3. GASES E VAPORES 44

4. ESTUDO DE ALGUNS AGENTES QUÍMICOS 44

5. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS 45

6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 45

7. AVALIAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS 46

CAPÍTULO IV AGENTES BIOLÓGICOS 54

1. INTRODUÇÃO 54

2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 54

3. AVALIAÇÃO DOS AGENTES BIOLÓGICOS 54

4. MEDIDAS DE CONTROLE 54

5. EFEITOS A SAÚDE 55

SUGESTÕES DE SITES PARA CONSULTA 56

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 56

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ���� AAF – Análise de Árvore de Falhas ���� ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química ���� ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ���� ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygyenists ���� AFT – Auditor Fiscal do Trabalho ���� AIHA – American Industrial Hygiene Association ���� AMFE – Análise de Modos de Falhas e Efeitos ���� ARF – Análise de Risco de Função ���� ART – Análise de Risco de Tarefa ���� ASHRAE – Amercian Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning Engineers ���� ASTM – American Society dor Testing Materials ���� BSI – British Standards Institution ���� CANPAT – Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho ���� CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho ���� CB – Corpo de Bombeiros ���� CCOHS – Canadian Centre for Occupational Health and Safety ���� CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ���� CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear ���� CPP – Código de Processo Penal ���� DSST – Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho ���� DRT – Delegacia Regional do Trabalho ���� EPA – Environmental Protection Agency ���� EPI – Equipamentos de Proteção Individual ���� EUA – Estados Unidos da América ���� FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho ���� HSE – Health and Safety Executive ���� IDLH – Immediate Dangerous to Life and Heath (concentração imediatamente perigosa à vida) ���� IEC – International Electrotechnical Commission ���� IMD – International Institute for Management Development ���� INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ���� INRS – Institut National de Recherche et de Sécurité ���� INSS – Instituto Nacional do Seguro Social ���� ISSO – International Standart Organization ���� LTCAT – Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho ���� MTE – Ministério do Trabalho e Emprego ���� NHO – Norma de Higiene Ocupacional (emitida pela Fundacentro) ���� NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health (EUA) ���� NIS – Nível de Intensidade Sonora ���� NPS – Nível de Pressão Sonora ���� NR – Norma Regulamentadora ���� NRR – Noise Reduction Rate (Nível de Redução do Ruído) ���� NRRsf – Noise Reduction Rate – self feet ���� OSHA – Occupational Safety and Health Administration (EUA) ���� OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series ���� OIT – Organização Internacional do Trabalho ���� OMS – Organização Mundial da Saúde ���� PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído ���� PAT – Programa de Alimentação do Trabalho ���� PIB – Produto Interno Bruto ���� PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário ���� SI – Sistema Internacional de Medidas ���� SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ���� SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho ���� SSO – Segurança e Saúde Ocupacional ���� STEL – Short Temperature Exposure Limit (limite de exposição para curta duração � 15’ para 4 vezes ao

dias com intervalos mínimos de 60’) ���� SUS – Serviço Único de Saúde ���� TLV – Threshold Limit Value ���� TLV-C – Threshold Limit Value – Ceiling (valor teto) ���� TWA – Time Weighted Average (média ponderada no tempo para 8h/dia)

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UNIDADES DE MEDIDAS MAIS UTILIZADAS E SUAS PRINCIPA IS CONVERSÕES UNIDADES DE PESO 1 t = 1000 kg 1 kN = 101,97 kg 1 lb = 0,45 kg = 453,59 g 1 kg = 1000 g 1 g = 102 cg = 103 mg = 106 µg = 109 ng 1 onça = 0,03 kg = 28,35 g 1 gr(grão) = 0,06 g = 64,8 mg UNIDADES DE COMPRIMENTO 1 km = 1000 m 1 m = 10 dm = 102 cm = 103 mm = 106 µm = 109 nm = 1010 Å 1 nm = 10-9 metro = 10 Å (Ångstroms)

NANOMETRO (nm): um nano ("anão") metro é 1 milionésimo de milímetro. Por exemplo: para atingir a grossura de um cabelo, são necessários 100 mil deles (100nm). Com a abreviação nm o nanometro é uma unidade de medida de grandezas muito pequenas.

1 Å = 0,10 nm ÅNGSTROM (Å): unidade usada para medidas de comprimentos de onda de radiação eletromagnética. Um Ångstrom equivale a um centésimo milionésimo de um centímetro, ou seja, 0,00000001 centímetros. Este número tão pequeno também pode ser escrito como 1 x 10-8 centímetros, se usarmos a chamada notação científica. O Ångstrom é, realmente, uma unidade de medida bastante especial. Basta notarmos que uma folha de papel tem a espessura de, aproximadamente, 1.000.000 de Ångstrons. Temos também que 10.000 Ångstroms correspondem a 1 micron. Seu símbolo, Å, é uma homenagem ao físico sueco Ångstrom.

1 dm = 0,1 m 1 cm = 0,01 m MEDIDAS USADAS NOS EUA E INGLATERRA 1 mi (milha) = 1609,34 m = 1,61 km 1 ft (pé) = 304,8 mm = 30,48 cm = 0,3 m 1 mão = 101,6 mm = 10,16 cm 1 in (polegada – também é usual pol ou “) = 25,4 mm = 2,54 cm 1 linha = 2,12 mm MEDIDA NÁUTICA 1 milha náutica = 1,85 km = 1852 m MEDIDAS ASTRONÔMICAS 1 pc (parsec) = 30.856.778.570.831,27 km

parsec (p.c.): unidade de distância frequentemente usada na Astronomia para medir distâncias a estrelas e galáxias. Ela é definida como a distância na qual um objeto celeste, como por exemplo, uma estrela, teria uma paralaxe de um segundo de arco. O parsec corresponde a 206265 unidades astronomicas e a 3,26 anos-luz. Isto significa que um parsec = 3,085678 x 1013 km = 3,08 x 1018 cm. 1 kiloparsec = 1 kpc = 1000 parsecs = 103 pc 1 megaparsec = 1 Mpc = 1 milhão de parsecs = 106 pc

1 ano-luz = 9.460.523.129.086,95 km ano-luz (a.l.): unidade de distância usada na Astronomia. Ela corresponde à distância que a luz é capaz de viajar durante um ano no vácuo. Um ano-luz equivale a 9460530000000 km (aproximadamente 9500 bilhões de quilômetros!). Usando a notação científica, escrevemos que 1 ano-luz = 9,46053 x 1012 km. Em termos de unidades astronômicas (UA) um ano-luz é igual a 63239 UA. Um ano-luz também equivale a 0,3066 parsecs. Em termos de paralaxe, um ano-luz coresponde a uma paralaxe de 3,259 segundos de arco.

1 ae ou ua (unidade astronômica) = 149597828.68 km unidade astronômica (u.a.): medida de distância usada em Astronomia. A unidade astronomica é definida como a distância média entre a Terra e o Sol. Uma unidade astronômica equivale a 149597870,691 km. Em geral consideramos que a distância aproximada entre a Terra e o Sol (ou seja, uma unidade astronômica) é igual a 150 milhões de quilômetros, aproximadamente 500 segundos-luz. Um feixe de luz leva aproximadamente 8,3 minutos para viajar uma unidade astronomica.

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UNIDADES DE TEMPERATURA 1ºK (kelvin) = - 271,87ºC 1ºF (fahrenheit) = - 17,22ºC 1ºR (reaumur) = 1,25ºC 1 Rankine = - 271,9 UNIDADES DE ÁREA 1 km2 = 106 m2 = 100 ha 1 ha (hectare) = 104 m2 1 m2 = 102 dm2 = 106 mm2 = 1012 m2 = 1018 nm² UNIDADES DE ÁREA – EUA / INGLATERRA 1 município = 93,24 km2 1 granja = 0,65 km2 = 647496,87 m2 1 acre = 4046,85 m2 1 quadrado = 9,29 m2 1 ft2 = 0,09 m2 = 92903,04 m2 1 in2 = 645,16 m2 UNIDADES DE ENERGIA 1 kWh = 3599999.71 J 1 pé-libra = 1,36 J 1 kcal = 4186,8 J = 1000 cal 1 cal = 4,19 J 1 J = 6241506000000000000 eV = 6,241506 1x 1018

Elétron-Volt (e.V.): é a energia adquirida por um elétron quando acelerado através de uma diferença de potencial de 1 volt. Unidades muito usada pelos físicos de partículas elementares: (keV): 1 keV = 103 e.V.; (MeV): 1 MeV = 106 e.V.; (GeV): 1 GeV = 109 e.V.; (TeV): 1 TeV = 1012 e.V.

UNIDADES DE PRESSÃO 1 bar = 105 Pa = 1,02 kg/cm2 = 10197,16 kg/m2 = 10,2 mH2O = 0,99 atm 1 kg/cm2 = 0,1 MPa = 0,98 bar = 10000 kg/m2 = 98066,52 Pa = 10 mH2O = 0,97 atm 1 kg/m2 = 9,81 Pa 1 Mpa = 106 Pa 1 Pa = 0,1 kg/m2 1 mH2O = 0,01MPa = 0,1bar = 0,1kg/cm2 = 9,81kPA = 999,97kg/m2 = 9806,38Pa = 39,37inH2O = 100cmH2O = 0,1atm UNIDADES DE VELOCIDADE 1 km/s = 1000 m/s = 3600 km/h = 1943,85 knot(nó) = 0,62 milha/s = 3280,84 pé/s = 1943,85 nó 1 m/s = 3,6 km/h = 2,24 milha/h = 3,28 pá/s = 1,94 nó 1 km//h = 0,28 m/s = 0,62 milha/h = 0,91 pé/s = 0,54 nó 1 nó = 0,51 m/s = 1,85 km/h = 1,15 milha/h = 1,69 pé/s 1 ano = 12 meses = 52 semanas = 635,25 dias = 8766 horas = 525960 minuto 1 minuto = 60 segundos 1 segundo = 103 ms = 103 µm = 109 nm UNIDADES DE VOLUME 1 km3 = 109 m3 1 m3 = 1000 l = 1000000ml = 6,11 barril = 28,38 bu(alqueire) = 113,51 pk(bique) = 227,02 gal(galão) = 908,08 qt(quarto) = 1816,17 pt(quartilho) = 1,31 yd3 (terreno cúbico) = 8,65 barril = 35,31 ft3 (pé cúbico) 1 litro = 1 dm3 = 1000 cm3 = 1000 ml = 1000000 mm3 = 0,01 barril = 0,03 bu(alqueire) = 0,04 ft3 = 0,23 gal = 66,67 colheres de sopa = 200 colheres de chá = 4,23 xícaras 1 ml = 1 cm3 = 1000 mm3 = 1000 µl = 0,07 colheres de sopa = 0,2 colheres de chá UNIDADES DE TAMANHO ANGULAR GRAU (...o): o tamanho de um objeto no céu pode ser medido pelo ângulo que ele cobre quando visto da Terra. O círculo inteiro tem 360 graus. MINUTO DE ARCO (...'): um minuto de arco é 1/60 de um grau. O diametro da Lua cheia é aproximadamente 1/2 grau ou seja, 30 minutos de arco. SEGUNDO DE ARCO (..."):um segundo de arco é 1/60 de um minuto de arco ou então 1/3600 de um grau.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL

1. CONCEITOS INICIAIS ACIDENTE DO TRABALHO : Decreto-Lei nº 79.037, de 24/12/76 – Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho. Artigo 2º - Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Do ponto de vista prevencionista, entretanto, essa definição não é satisfatória, pois o acidente é definido em função de suas conseqüências sobre o homem, ou seja, as lesões perturbações ou doenças. Visando a sua prevenção, o acidente do trabalho, deve ser definido como “qualquer ocorrência que interfere no andamento normal do trabalho”, mesmo que não cause lesão. DOENÇA OCUPACIONAL : também pode ser chamada de doença do trabalho ou doença profissional. Equipara-se ao acidente do trabalho. É causada geralmente por um agente ambiental agressor. Suas lesões são muitas vezes de difícil percepção, por serem mediatas. Daí a importância de um PCMSO eficaz e os exames médicos periódicos. Exemplos: surdez, pneumoconioses, lombalgia. HIGIENE OCUPACIONAL : é a ciência que visa à antecipação (prevenção), reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos agentes ambientais presentes ou originados nos ambientes de trabalho, que podem prejudicar a saúde e o bem estar dos trabalhadores e/ou comunidade. Higiene Ocupacional é um conjunto de ciências e tecnologias que buscam a prevenção e o controle da exposição ocupacional aos riscos ambientais. Sua ação é de caráter multidisciplinar e seu objetivo básico envolve a identificação, o estudo, as avaliações e o gerenciamento dos riscos químicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho.

2. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL ANTECIPAÇÃO : identifica os riscos que poderão ocorrer, no ambiente de trabalho, ainda na fase de projeto, instalação, ampliação, modificação ou substituição de equipamento ou processos prevendo os riscos futuros. Esta etapa é qualitativa, podendo estar associada ao tipo de trabalho executado através das técnicas modernas de análise de riscos; RECONHECIMENTO: preocupa-se com os riscos presentes, avaliando profundamente o processo, matérias primas, produtos intermediários e finais, condições de processo, métodos de trabalho e equipamentos. Esta etapa é qualitativa, podendo estar associada ao tipo de trablaho executado na elaboração do PPRA, mapa de riscos ambientais ou técnicas modernas de análise de riscos; AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO : a NR-15 está relacionada diretamente com esta etapa, que se destina a quantificar, periodicamente, os agentes agressivos identificados nas fases anteriores, utilizando, para isso, intrumentação e metodologias adequadas que possam concluir se a exposição do trabalhador encontra-se acima dos limites de tolerância estabelecidos; CONTROLE E MELHORIA CONTÍNUA : após a avaliação é importante que se estabeleçam procedimentos necessários para garantir que o agente não chegue a valores mais agressivos, nesta fase deve-se também procurar a melhoria do processo a fim de se identificar valores ainda menos agressivos, devendo termos em mente sempre os princípios de controle, em primeiro lugar o controle na fonte, depois o controle na trajetória, em último caso o controle no trabalhador.

3. AGENTES AMBIENTAIS

São os riscos presentes nos locais de trabalho, capazes de afetar a saúde do trabalhador, devido à presença de agentes físicos, químicos, biológicos, mecânicos ou ergonômicos. A Portaria nº 25 de 29/12/94 alterou o texto da NR-09 e criou o PPRA, que na sua redação define: AGENTES NOCIVOS: item 9.1.5 da NR-9: consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. AGENTES FÍSICOS: item 9.1.5.1: consideram-se agentes físicos, diversas formas, de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes bem como o infra-som e ultra-som. AGENTES QUÍMICOS: item 9.1.5.2.: consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. AGENTES BIOLÓGICOS : item 9.1.5.3.: consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

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4. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

4.1. DEFINIÇÕES INSALUBRE (dicionário médico): doentio, enfermo, prejudicial à saúde, nocivo; INSALUBRIDADE: inadequado a vida; PERICULOSIDADE: condição em que se coloca aquilo ou aquele que contribui ou oferece perigo perante as leis; PERIGOSO: em que há perigo, que causa ou ameaça perigo; que envolve periculosidade.

4.2. DEFINIÇÃO LEGAL – LEI 6.514 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977, NO SEU CAPÍTULO V, SEÇÃO XII

INSALUBRIDADE: “Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos". PERICULOSIDADE: “Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, ..., aquelas que, por natureza ou método de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.”

4.3. GRAUS DE INSALUBRIDADE

���� GRAU MÁXIMO: 40% sobre o salário mínimo; ���� GRAU MÉDIO: 20% sobre o salário mínimo; ���� GRAU MÍNIMO: 10% sobre o salário mínimo. Quando a avaliação for qualitativa a caracterização se dará através da elaboração de laudo técnico pericial elaborado por Eng.Segurança ou Médico do Trabalho, conforme determina o Artigo 195 da CLT. Estes valores não podem ser cumulativos e devem incidir sobre horas extras, adicional noturno, FGTS e cálculos recisórios, não sendo obrigatório sobre premiações e participações no lucro da empresa. RESUMO DOS ANEXOS DA NR-15

ANEXO Nº AGENTE NOCIVO GRAU DE INSALUBRIDADE 01 RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE 20 %

02 RUÍDO DE IMPACTO 20 %

03 CALOR 20 %

04(revogado) ILUMINAÇÃO (revogado pela Portaria 3.751 de 23.11.90.)

20 % (revogado pela Portaria 3.751 de 23.11.90.)

05 RADIAÇÃO IONIZANTE 40 %

06 CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS 40 %

07 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES 20 %

08 VIBRAÇÕES 20 %

09 FRIO 20 %

10 UMIDADE 20 %

11 AGENTES QUÍMICOS (via respiratória) 10 %, 20 % e 40 %

12 POEIRAS MINERAIS 40 %

13 AGENTES QUÍMICOS (específicos) 10 %, 20 % e 40 %

14 AGENTES BIOLÓGICOS 20 % e 40 %

4.4. GRAU DE PERICULOSIDADE

���� 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

4.5. TRABALHO DO MENOR

A idade mínima para o trabalho é de 16 anos, conforme Emenda Constitucional de 15/12/1998. Para as leis trabalhistas, dos 16 aos 18 anos, o menor é relativamente incapaz, necessitando de assistência dos pais. O inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal/1998 proibe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos. O inciso I do Art.405 da CLT proíbe o trabalho do menor em locais insalubres e perigosos, dando mais detalhes e apresenta um quadro com os locais e serviços considerados perigosos ou insalubres para menores de 18 anos.

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4.6. ELIMINAÇÃO DA INSALUBRIDADE LEI 6.514 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977, NO SEU CAPÍTUL O V, SEÇÃO XII Art. 191. “A eliminação ou a neutralização da Insalubridade ocorrerá: I. Com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos Limites de Tolerância; II. Com a utilização de equipamentos de proteção individual pelo trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância." PORTARIA 3.214 DE 08 DE JUNHO DE 1978 – NR 15 Item 15.4.1. “A eliminação ou a neutralização da Insalubridade ocorrerá: a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro do LT; b) com a utilização de EPI”.

5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL

5.1. TIPOS DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO QUANTITATIVA : na avaliação quantitativa você conseguir mensurar o valor do agente agressor, normalmente através de instrumentos de medições. É importante a adoção de critérios, para todos os agentes existe metodologia devidamente estabelecida em legislação ou normas, nacionais ou internacionais. AVALIAÇÃO QUALITATIVA : na avaliação qualitativa você apenas reconhece o agente presente no ambiente, mas não consegue estabelecer um valor.

5.2. LIMITE DE TOLERÂNCIA (LT)

É a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará risco de dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral. A legislação brasileira é omissa na definição de alguns LT, principalmente para alguns produtos químicos, ficando a dúvida sobre que valor utilizar, no entanto com a última revisão na NR-09 (PPRA), no seu item 9.3.5.1, fica claro a possibilidade de utilização de outras normas internacionais (ACGIH, NIOSH, etc), apenas para os casos de inexistência de LT na legislação brasileira. Para isso deve constar no laudo técnico a referida norma, bem como a metodologia e outras informações pertinentes.

5.3. VALOR TETO (VT) É o valor que não pode ser ultrapassado em hipótese alguma sobre risco iminente a saúde do trabalhador.

5.4. NÍVEL DE AÇÃO (NA)

É o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. Normalmente o NA equivale a 50% do LT.

5.5. NEXO CAUSAL

Procura comprovar a relação direta entre a doença e o exercício do trabalho. Para isso se faz necessário verificar a eficácia da proteção fornecida pelo empregador, isto é, se as medidas adotadas efetivamente eliminam, ou atenuam a exposição aos riscos ambientais de modo a impedir o surgimento de uma doença ocupacional.

5.6. FATORES QUE INFLUENCIAM DISTÂNCIA DA FONTE GERADORA

TEMPO DE CONCENTRAÇÃO / INTENSIDADE / EXPOSIÇÃO NATUREZA DO RISCO

SENSIBILIDADE INDIVIDUAL

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6. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO

CUTÂNEA: pode ser por contato direto da pele com o agente nocivo ou mesmo através de sua evaporação e absorção pela pele. DIGESTIVA: é uma via muitas vezes desconsiderada como perigosa nas empresas, no entanto deve-se levar em conta a possibilidade de ingestão acidental ou mesmo uma dosagem errada de um medicamento, por exemplo. RESPIRATÓRIA: talvez seja a de mais difícil controle, especialmente no caso de agentes químicos.

7. MEDIDAS DE CONTROLE NA FONTE: é sem dúvida a melhor forma de vir a controlar qualquer agente ambiental e deve ser sempre a primeira opção de ação de controle. NA TRAJETÓRIA : é uma forma alternativa de controle e deve ser utilizada quando não for possível eliminar, atenuar ou controlar o agente na sua fonte de geração. NO RECEPTOR: deve ser a última opção e só utilizada quando não houver outra medida para o controle do agente ou numa situação provisória/emergência. Apesar de algumas vezes ser muito cômodo para empregador a aplicação desta medida, no entanto é a medida que mais controle exige para a sua eficiente aplicação, pois requer treinamento e disciplina do usuário, bem como um controle muito rígido no equipamento de proteção, normalmente o mais usual é o EPI. Também requer um controle médico eficiente (PCMSO), e adoção de outros programas de controle (PPRA, PGR, etc.), deixando a empresa e o trabalhador vulneráveis, por não conseguir eliminar ou neutralizar o agente nocivo.

8. PROCESSO TRABALHISTA

8.1. RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS O acidente de trabalho pode acarretar várias conseqüências jurídicas ao empregador, resultando, inclusive, na indenização ou, até mesmo, numa ação criminal. O direito do empregado reclamar judicialmente os adicionais de periculosidade e insalubridade prescreve após dois anos da recisão do contrato de trabalho. O empregado (reclamante) poderá pleiteá-lo com relação ao período máximo de cinco anos anteriores ao ingresso da reclamação na Justiça do Trabalho e não no Ministério do Trabalho. Além disso, indenizações devido a acidente de trabalho na área cível previdenciário, prescreve em 5 anos (Lei 8213, de 1991, Artigo 104) e, as reparações civis (contra o empregador) prescrevem em 3 anos (art 206 § 3º, V do novo código civil brasileiro).

8.2. PERÍCIAS DO TRABALHO A perícia relativa aos adicionais de risco poderá ocorrer após a demissão, o durante a vigência do contrato de trabalho do reclamante com a reclamada. O perito é o engenheiro de segurança ou médico do trabalho (Artigo 195 da CLT), autônomo, indicado pelo juiz do trabalho, e, portanto, a serviço da justiça do trabalho, responsável pela elaboração do laudo técnico de insalubridade e periculosidade. Neste caso a perícia é obrigatório, não podendo o juiz concluir por conta própria, o litígio em questão. O empregador poderá ter a seu serviço os assistentes técnicos (engenheiro de segurança ou médico do trabalho), sendo funcionário direto ou não da empresa que ficará responsável pelo laudo técnico de defesa. A perícia deve ter especial atenção para os aspectos relevantes: ���� descrição das atividades, local de trabalho e equipamentos; ���� especificação dos riscos associados; ���� verificar cumprimento do PCMSO e PPRA; ���� avaliar os laudos ambientais quantitativos, caso necessário fazer avaliação no momento da perícia; ���� verificar EPI fornecidos, sua utilização, ficha de controle, CA – relação com agente agressor; ���� verificar registros de treinamentos, advertências relativas a SSO e outros documentos pertinentes –

acidentes, afastamentos, etc; ���� verificar se as atuais condições de trabalho são as mesmas da época do reclamante; ���� registrar com fotos o local periciado. O Código de Processo Civil (CPC), através do Artigo 429, garante ao perito judicial ampla liberdade de diligência, podendo ouvir testemunhas, solicitar documentos e produzir fotografias, no entanto sem expor a reclamada de possíveis segredos industriais, etc. Devendo o perito ser imparcial, não devendo sensibilizar-se por questões sócio-econômicas, também sendo vedado ao perito receber honorários diretamente de qualquer das partes, devendo receber com depósito em juízo, devendo a parte sucumbente do processo, arcar com os custos do mesmo.

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CAPÍTULO II AGENTES FÍSICOS

1. RUÍDO

1.1. CONCEITOS INICIAIS

1.1.1. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (NPS) : a orelha humana é sensível a uma larga faixa de pressão sonora, indo do limiar da audibilidade ao limiar da dor. O intervalo destes limites é da ordem de 100.000.000.000.000 de unidades, o que torna impossível trabalhar-se com escala linear na sua quantificação. Para conseguir-se um valor de unidade mais compreensível, utiliza-se variação logarítmica, cuja unidade é chamada decibel (dB). O valor de 1 decibel é a menor variação que a orelha humana pode perceber, isto quer dizer que frações da unidade não são perceptíveis a orelha humana. Os limites de audibilidade e da dor variam, em dB de 0 a 140.

1.1.2. RUÍDO DE FUNDO: a avaliação do ruído de fundo durante as medições também é importante na

determinação das fontes de ruído. 1.1.3. PROPAGAÇÃO COM OBSTÁCULOS : quando interpomos uma superfície no avanço de uma onda sonora,

esta se divide em várias partes: uma quantidade é refletida, a outra é absorvida e outra atravessa a superfície (transmitida).

1.1.4. REFLEXÃO : quando a propagação de um trem de ondas é interrompida por uma superfície delimitadora do

meio elástico, ele volta ao meio primitivo, mudando sua direção.

1.1.5. ABSORÇÃO : é a propriedade de alguns materiais em não permitir que o som seja refletido por uma superfície. A tabela a seguir mostra o Coeficiente de absorção "a" para alguns materiais.

Material Espessura

[cm] Freqüência [Hz]

125 250 500 1k 2k 4k Lã de rocha 10 0,42 0,66 0,73 0,74 0,76 0,79

Lã de vidro solta 10 0,29 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85 Feltro 1,2 0.02 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85

Piso de tábuas de madeira sobre vigas 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07 Placas de cortiça sobre concreto 0,5 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04

Carpete tipo forração 0,5 0,10 0,25 0,4 Tapete de lã 1,5 0,20 0,25 0,35 0,40 0,50 0,75

Concreto aparente 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 Parede de alvenaria, não pintada 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,07

Vidro 0,18 0,06 0,04 0,03 0,03 0,02 Cortina de algodão com muitas dobras 0,07 0,31 0,49 0,81 0,61 0,54

1.1.6. REVERBERAÇÃO E TEMPO DE REVERBERAÇÃO : quando um som é gerado dentro de um ambiente

escuta-se primeiramente o som direto e, em seguida, o som refletido. No caso em que essas sensações se sobrepõem, confundindo o som direto e o refletido, teremos a impressão de uma audição mais prolongada. A esse fenômeno se dá o nome de reverberação. Se as paredes do local forem muito absorventes (pouco reflexivas), o tempo de reverberação será muito pequeno, caso contrário ocorrerão muitas reflexões e o tempo de reverberação será grande.

1.1.7. RESSONÂNCIA: é a coincidência de freqüências entre estados de vibração de dois ou mais corpos.

Sabemos que todo corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua freqüência natural. Quando temos um corpo vibrando na freqüência natural de um segundo corpo, o primeiro induz o segundo a vibrar, dizemos então que eles estão em ressonância.

Som Incidente

Som refletido

Som transmitido

Som absorvido

Onda refletida

Onda incidente

Ventres Nós

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1.1.8. CURVAS ISOFÔNICAS E OS CIRCUITOS DE COMPENSAÇÃO

A orelha humana não é igualmente sensível a todas as freqüências do espectro audível. É mais sensível na faixa entre 2.000 Hz e 5.000 Hz e menos sensível para freqüências extremamente altas ou baixas. Assim para avaliarmos a sensação auditiva ao ruído não é suficiente apenas à medida pura e simples da pressão sonora, mas deve-se levar em conta também às freqüências que o compõe. Os aparelhos eletrônicos usados nas aferições do ruído devem ter sensibilidade que variem com a freqüência do mesmo modo que a orelha humana. Existem atualmente quatro padrões internacionais com essa sensibilidade humana, são os denominados circuitos de compensação "A", "B", "C" e "D". A escolha da resposta de freqüência nas Curvas de Compensação A, B, C ou D está relacionada à capacidade de atenuação da orelha humana aos diversos níveis de ruído. Sabe-se, entretanto, que somente o circuito de compensação "A" aproxima-se mais do comportamento da orelha humana, sendo assim mais utilizado, conforme normas da OSHA, ACGIH, NR-15 e NHO-01.

1.2. O SOM

É uma vibração que se propaga pelo ar em forma de ondas e que é percebida pela orelha humana. É um fenômeno vibratório resultante de variações da pressão no ar. Essas variações de pressão se dão em torno da pressão atmosférica e se propagam longitudinalmente, à velocidade de 344 m/s para 20ºC. Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora. Pode ser um corpo sólido em vibração, uma explosão, um vazamento de gás a alta pressão, etc. Basicamente, todo som se caracteriza por três variáveis físicas: freqüência, intensidade e timbre. Certas características do som o tornam audível e permitem diferenciar os diversos sons: altura, intensidade e timbre.

1.2.1. ALTURA DO SOM É a característica que permite a orelha humana, diferenciar os sons graves de sons agudos. A altura depende, apenas, da freqüência; nas baixas freqüências, as partículas de ar vibram lentamente e produzem sons graves, enquanto que, nas freqüências elevadas, as partículas vibram rapidamente e produzem sons agudos.

1.2.2. FREQÜÊNCIA SONORA (f)

É a número de oscilações por segundo do movimento vibratório do som. Para uma onda sonora em propagação, é o nº de ondas que passam por um determinado referencial num intervalo de tempo. UNIDADE: hertz (Hz) é a quantidade de ondas de um som propagado no tempo de 1 segundo. TIPOS: sons de baixa freqüência são chamados de graves e os de alta freqüência de agudo. FAIXA AUDÍVEL DE FREQÜÊNCIAS : dentro da faixa audível, verificamos que a orelha percebe as freqüências de uma maneira não linear. Experiências demonstram que a orelha humana obedece a Lei de Weber, de estímulo/sensação, ou seja, as sensações como cor, som, odor, dor, etc., variam como o logaritmo dos estímulos que as produzem. As vibrações sonoras são detectáveis quando a variação de pressão do ar atinge valores de ordem de 2 x 10-5 Pa, para freqüência em torno de 1.000 Hz. A faixa de freqüência audível ou captada pela orelha humana varia de 20 a 20.000 Hz. Quanto maior a freqüência, mais agudo é o som. Os sons com menos de 20 Hz são chamados de infra-sons e os sons com mais de 20.000 Hz são chamados de ultra-sons. Esta faixa de freqüências entre 20 e 20kHz é definida como faixa audível de freqüências ou banda audível.

20 20.000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

63 125 250 500 1 K 2 K 4 K 8 K

Nív

eis

de S

om d

B

Freqüências Hz

Faixa ou banda audível Hz

Infra-sons Ultra-sons

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1.2.3. COMPRIMENTO DE ONDA (λλλλ) É o espaço percorrido pela perturbação, até o ponto em que a partícula passe a repetir o movimento. Também pode ser definido como a distância correspondente a uma oscilação completa. O comprimento de onda é representado por λ. Chamando de λλλλ o comprimento de onda do som e V a velocidade de propagação da onda, pode-se escrever: V = λλλλ . f Portanto, um som de 32 Hz tem uma onda de 10,63 m e, um som de 20.000 Hz tem um comprimento de onda de 1,7 cm.

1.2.4. BANDAS DE OITAVAS

Assim, os intervalos entre os sons de 100 e 200 Hz, 200 e 400 Hz, 400 e 800 Hz parecerão iguais na nossa orelha. Portanto, pela Lei de Weber, concluímos que o intervalo entre freqüências não se mede pela diferença de freqüências, mas pela relação entre elas. Desta maneira, se define uma oitava como sendo o intervalo entre freqüências cuja relação seja igual a 2.

200

100

400

200

800

4002= = = ⇒ 1 oita va

Atualmente, usamos como freqüência de referência (padronizada pelo SI), o valor de 1000 Hz, ficando as oitavas com freqüência central em 500, 250, 125, 62,5, 31,25, e 2.000, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz. As freqüências audíveis são divididas em 3 faixas: ���� Baixas freqüências ou sons graves: as quatro oitavas de menor freqüência: 31.25; 62.5; 125 e 250 Hz. ���� Médias freqüências ou sons médios: as três oitavas centrais: 500; 1.000 e 2.000 Hz (são as mesmas

da voz humana). ���� Altas freqüências ou sons agudos: as três oitavas de maior freqüência: 4.000; 8.000 e 16.000 Hz.

1.2.5. INTENSIDADE

É a característica que permite a orelha humana, diferenciar sons fracos de sons fortes. Depende da energia com que vibram as camadas de ar em contato com a orelha e, portanto, da amplitude de vibração destas camadas. A intensidade do som é a quantidade de energia contida no movimento vibratório. Essa intensidade se traduz com uma maior ou menor amplitude na vibração ou na onda sonora. Para um som de média intensidade essa amplitude é da ordem de centésimos de milímetros. Como podemos notar, do ponto de vista físico, a energia contida num fenômeno sonoro é desprezível, por exemplo, a energia sonora contida num grito de "gol" de um estádio de futebol lotado, mal daria para aquecer uma xícara de café. Se a energia da voz de toda a população de uma cidade como Bauru fosse transformada em energia elétrica, seria o suficiente apenas para acender uma lâmpada de 50 ou 60 watts. Ao fazermos uma relação entre a intensidade sonora e a audição, novamente nos encontramos com a Lei de Weber, ou seja, conforme aumentamos a intensidade sonora a nossa orelha fica cada vez menos sensível; ou ainda, precisamos aumentar a intensidade de maneira exponencial para que a orelha "sinta" o som de maneira linear. Desta maneira, quando escutamos um aparelho de som que esteja reproduzindo 20 watts de potência elétrica, e aumentamos instantaneamente a sua potência para 40 watts, o som nos parecerá mais intenso. Se quisermos agora, aumentar mais uma vez o som para que o resulte a mesma sensação de aumento, teremos que passar para 80 watts. Portanto, usamos uma escala logarítmica para a intensidade sonora, da mesma maneira que usamos para a freqüência. Esquema da formação da escala em decibels.

10-16

Watts/cm2

10-14

10-12

10-10 10- 8

10- 6

10- 4

10- 2

Relações

1

102

104

106 108

10-10

1012

1014

Bel

0

2

4

68

10

12

14

decibel

0

20

40

6080

100

120

140

Limiar de audibilidade

Limiar de audibilidade

λ/2

λ

λ

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1.2.6. DECIBEL O nome BEL foi dado em homenagem a Alexandre Graham Bell, pesquisador de acústica e inventor do telefone. A escala ficou reduzida em excesso, pois entre o limiar de audibilidade e o ruído de uma rua, por exemplo, existem mais de oito unidades de sons audíveis. Por isso foi criado o décimo do BEL, o decibel: podemos dizer então que o ruído de uma rua é de 80 dB ("d" minúsculo e "B" maiúsculo). Portanto, o número de decibels (dB) nada mais é que aquele expoente da relação das intensidades físicas, multiplicado por 10. A intensidade sonora medida em decibels é definida como Nível de Pressão Sonora (NPS) ou Sound Intesity Level (SIL), em inglês.

Intensidade Sonora � watts / cm2 ou BAR Nível de Pressão Sonora – NPS � decibels (dB)

O decibel não é uma unidade de medida, mas apenas uma escala.

O plural de decibel é decibels. O termo "decibeis" é errado, embora se tornou de uso popular. Assim, o NPS, medido em decibels, satisfaz a construção fisiológica da nossa orelha. Matematicamente podemos

escrever: NPS = 10 x log (P / Pref), sendo P a pressão sonora de um som, e Pref = 10

-16 w/cm

2.

Voltando ao exemplo do aparelho de som com 20 watts, digamos que o aparelho reproduza 60 dB; com 40 w, o aparelho reproduzirá 63 dB, e com 80 w, 66 dB. Da mesma forma, um avião a jato produz perto de 140 dB de NPS; dois aviões idênticos produzirão 143 dB. Portanto, na escala em decibels, o dobro de 70 dB é 73 dB, assim como o dobro de 120 dB é 123 dB. A metade de 90 dB é 87 dB, assim como a metade 150 dB é 147 dB. Desta forma, se uma máquina produz 60 dB, mil máquinas idênticas produzirão 90 dB. Para um operário que trabalha 8 h/dia num ambiente com 100 dB, se ele trabalhar apenas 4 h/dia, ele estaria exposto, em a 97 dB.

Portanto o limiar de percepção auditiva é de 0 dB = 20µPa, já o limiar da dor está entre 120 dB e 130 dB. É importante notar que existe uma nítida divisão entre os sons que se apresentam abaixo e acima da voz humana; os sons com níveis inferiores à nossa voz são naturais, confortáveis e não causam perturbação; ao contrário, os sons superiores à voz humana podem ser considerados ruídos, normalmente são produzidos por máquinas, são indesejáveis, e causam perturbação ao homem.

1.2.7. TIMBRE É a característica que permite a orelha humana distinguir dois sons de mesma altura (freqüência) emitidos por fontes diferentes. Se nós tocarmos a mesma nota, na mesma altura (mesma freqüência) com a mesma intensidade, em um piano e em um violino, notamos claramente a diferença. Em linguagem comum, dizemos que os seus timbres são diferentes. Portanto, o timbre nos permite reconhecer a fonte geradora do som. Tecnicamente, o timbre é a forma de onda da vibração sonora.

Faixa de

Conversação

dB(A)

00

10

20

30

40

50

60

70

80

90

10

11

121314

Barulho das folhas na brisa RuQuarto de dormir à noite

Ruído em uma biblioteca

Som em uma sala de estar

Escritório

Voz humana normal

Voz humana (alta)

Ruído do tráfego urbano

Ruído do metrô

Oficina Mecânica Serra circular

Buzina de automóvel

Trovão forte Martelete pneumático Avião a jato na pista

Limite do conforto

Limite da dor

Limite da percepção

15

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1.3. DEFINIÇÃO DE RUÍDO Diferencia-se som de ruído, por ser o primeiro capaz de produzir sensações auditivas prazerosas, como música ou fala, enquanto que o segundo é identificado por sensações desagradáveis, como barulho de máquinas, buzinas, etc. DEFINIÇÃO SUBJETIVA : é um som prejudicial à saúde humana que causa sensação desagradável e irritante. DEFINIÇÃO FÍSICA: é todo fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos. É um som de grande complexibilidade, resultante da superposição desarmônica de sons provenientes de várias fontes.

1.4. TIPOS DE RUÍDO

1.4.1. RUÍDO CONTÍNUO: são aqueles cuja variação de nível de intensidade sonora é muito pequena em função

do tempo. São ruídos característicos de bombas de líquidos, motores elétricos, engrenagens, etc. Exemplos: chuva, geladeiras, compressores, ventiladores.

1.4.2. RUÍDO INTERMITENTE: ruído cujo nível cai ao valor de fundo, várias vezes durante o período de

observação, sendo o tempo em que permanece em valor constante acima do valor de fundo da ordem de segundos ou mais. São aqueles que apresentam grandes variações de nível em função do tempo. São geradores desse tipo de ruído os trabalhos manuais, afiação de ferramentas, soldagem, o trânsito de veículos, etc. São os ruídos mais comuns nos sons diários.

1.4.3. RUÍDO DE IMPACTO: ruído que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo,

em intervalos de tempo superiores a um segundo. São provenientes de explosões e impactos, tais como: rebitadeiras, impressoras automáticas, britadeiras, prensas, etc.

1.5. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

���� Portaria 3.421/78 – NR-15 – Anexos 1 e 2, do MTE; ���� NHO-01 – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído Contínuo ou Intermitente e Impacto,

emitida pela Fundacentro.

1.6. AVALIAÇÃO DO RUÍDO Para avaliação do nível de ruído podemos fazer desde uma simples avaliação local, passando por um levantamento mais minucioso, até uma análise de alta precisão usando analisadores de freqüência. No Brasil, os critérios para medição e avaliação do ruído em ambientes são fixados pelas Normas Brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas. As principais são: ���� NBR 7.731 – Guia para execução de serviços de medição de ruído aéreo e avaliação dos seus efeitos

sobre o homem; ���� NBR 10.151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade; ���� NBR 10.152 – Níveis de ruído para conforto acústico. Trabalhos científicos relacionados com o ruído ambiental demonstram que uma pessoa só consegue relaxar totalmente durante o sono, em níveis de ruído abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organização Mundial de Saúde estabelece 55 dB(A) como nível médio de ruído diário para uma pessoa viver bem. Portanto, os ambientes localizados onde o ruído esteja acima dos níveis recomendados necessitam de um isolamento acústico. Acima de 75 dB(A), começa a acontecer o desconforto acústico, ou seja, para qualquer situação ou atividade, o ruído passa a ser um agente de desconforto. Nessas condições há uma perda da inteligibilidade da linguagem, a comunicação fica prejudicada, passando a ocorrer distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no trabalho. Acima de 80 dB(A), as pessoas mais sensíveis podem sofrer perda de audição, o que se generaliza para níveis acima de 85 dB(A).

80

90

dB

Ruído Contínuo

Temp

70 60

Tempo

Ruído Intermitente

80 90

dB

70

60

Ruído de Impacto 80 90

dB

Tempo

70

60

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1.6.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO RU ÍDO

A) MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA O medidor de pressão sonora simples, conhecido popularmente como decibelímetro, mede o ruído de forma pontual, sem levar em consideração o tempo efeitvo de exposição à fonte, por isso não é possível saber a dose de exposição. Existem alguns equipamentos, conhecidos como dosímetros, que calculam a pressão sonora do ruído médio equivalente (TWA ou Leq), o que facilita posteriormente o cálculo da dose com maior precisão. A instrumentação para medição de ruído é a única que tem regulamentação internacional e a que apresenta a maior versatilidade e opções de modelos, desde simples até complexas análises de níveis sonoros, com diferentes graus de exatidão. Os aparelhos de boa procedência atendem os padrões da IEC (International Electrotechnical Commission) e do ANSI (Americam Standards Institute). Portanto ao comprar ou usar um equipamento de medida de som, verifique se ele atende a uma dessas normas: ���� IEC 651 (1979) – Sound Level Meters ���� IEC 804 (1985) – Integrating-Averaging Sound Level Meters ���� ANSI S1.4 (1983) – Specification for Sound Level Meters ���� ANSI S1.25 (1991) – Specification for Personal Noise Dosimeters ���� ANSI S1.11 (1986) – Specification for Oitave Filters. Os medidores de precisão constam, normalmente de: microfone; atenuador; circuitos de equalização; circuitos integradores; mostrador (digital ou analógico) graduado em dB. O microfone é peça vital no circuito, sendo sua função a de transformar um sinal mecânico (vibração sonora) num sinal elétrico. Obrigatoriamente os equipamentos devem conter: ���� 2 curvas de ponderação – os circuitos de equalização devem fornecer ao usuário a opção de escolha

para as curvas A ou C. Alguns aparelhos contém as curvas B e D; ���� No mínimo, 2 constantes de tempo: lenta (slow) ou rápida (fast). Alguns aparelhos possuem as

constantes ‘impulso’ e ‘pico’; ���� Faixa de medida de 30 a 140 dB. ���� Calibrador.

A grande diferença entre as Curvas "A" e "C" está na atenuação para baixas freqüências. Portanto, se durante uma medição de ruído, constatarmos uma grande diferença entre os valores medidos na escala "A" e "C", isto significa que grande parte do ruído encontra-se na faixa de baixas freqüências. Os tempos correspondentes às respostas: lenta (slow) é de um segundo e, rápida (fast), é de 0,125 segundos. A resposta lenta facilita as medições, quando existe muita variação de ruído no ambiente.

Dosímetro de ruido marca Bruel & Kjaer, modelo 2231.

Calibrador marca Bruel & Kjaer, modelo 4230.

Filtro de freqüência marca Bruel & Kjaer, modelo 1625

Medidor de Nível de Pressão Sonora – marca Bruel & Kjaer modelo 2231, tipo 1.

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B) DOSIMETRIA PESSOAL DE RUÍDO (DOSIMETRO) O dosímetro de ruído possui, no seu interior, um processador que permite calcualar a dose de exposição do trabalhador em vários níveis de exposição, além de fornecer outros parâmetros importantes à conclusão do laudo técnico. Embora não citada, explicitamente, na NR-15 – Anexo 1 – a avaliação de ruído com a utilização do dosímetro é mais recomendada, sendo legalmente válida, desde que realizada de acordo com a norma FUNDACENTRO NHO-01. Utilizar para determinação da "dose de ruído" dosímetros de ruído (Noise Dose Meter) de uso pessoal, previamente calibrados com pistão fone do mesmo fabricante. O que difere basicamente o dosímetro do decibelimetro, é que neste primeiro você pode utilizá-lo tanto como decibelímetro, como um dosador pessoal de ruído, onde o equipamento é colocado no próprio trabalhador, acompanhando-o por toda ou parte de sua jornada de trabalho. Aliás esta discussão da validação legal dos resultados do dosímetro tem sido feito pelos profissionais da área de segurança e saúde ocupacional, pelo fato da legislação brasileira sem omissa, quanto ao uso desde equipamento, no entanto não aceitar a validação dos seus resultados é, pelo menos, não aceitar a evolução e precisão tecnológica, frente aos cálculos manuais, pois a margem de erro deve ser sempre em favor da segurança. Para isso são importantes algumas recomendações específicas, para seu uso: ���� o sensor do equipamento deve estar posicionado na lapela (ombro) do trabalhador – margem de erro

de + 0,3 dB(A); ���� caso o trabalhador esteja exposto, por quase toda sua jornada de trabalho, exposto ao ruído contínuo,

utilize-o durante, pelo menos duas horas, pegando o período de permanência constante do trabalhador no ambiente ruidoso;

���� caso o trabalhador fique exposto a diferentes níveis de pressão sonora ou esteja exposto a um ruído intermitente, com grande variações e incidência de ruído de impacto, pegue toda a jornada de trabalho, ou seja, 8 horas;

���� esteja atento para eventuais ocorrência de reuniões, máquinas paradas, manutenções, serviços de limpeza, etc, pois as medições devem ser realizadas num dia de trabalho normal.

Outra vantagem muito importante para uso do dosimetro é que ele permite que façamos uma simulação prática da eficiência de atenuação de um protetor auditivo do tipo concha. A atenuação dos protetores deve ser determinada em campo real, através do seguinte procedimento: ���� instalar o sensor de um dosímetro de ruído, no interior de cada concha do protetor auditivo, passando o

cabo do mesmo de maneira ajustada, através de um furo feito no selo da concha, para tanto fazer uso de dois dosímetros instalados nas mesmas condições um para cada concha;

���� fixar com auxílio de uma fita adesiva, o sensor de um terceiro dosímetro de ruído de mesmo modelo na parte externa da concha, em posição e alturas aproximadamente iguais;

���� fazer três leituras para cada concha e utilizar dez conchas de cada modelo de protetor auditivo, quando quiser testar a eficiência dos diferentes modelos;

���� chamamos a atenção para a colocação dos sensores dos dosímetros de ruído no interior de cada concha do protetor auditivo, com a finalidade de captar e registrar o nível de ruído residual atenuado em campo real, que chega a orelha do trabalhador. Um terceiro sensor preso a uma concha para registrar os níveis de ruído do ambiente de trabalho sem atenuação pela proteção individual.

C) PRECAUÇÕES DURANTE AS MEDIÇÕES

���� verificar a bateria antes de cada medição; ���� verificar a calibração sempre que for usar o aparelho. O medidor, por ter um circuito eletrônico, é muito

sensível à temperatura, e o seu microfone tem alta sensibilidade à umidade e pressão atmosférica, quando necessário calibrar, conforme recomendação do fabricante;

���� usar corretamente as curvas de ponderação "A", "B" ou "C"; ���� usar de maneira adequada a constante de tempo “slow” ou “fast”; ���� medidor deve ser colocado na posição de trabalho do operário e na altura da orelha do mesmo; ���� deve ser evitada a interferência do vento no microfone do medidor. Para anular esse efeito, existe um

dispositivo denominado "windscreen" que evita o "sopro" sobre o microfone; ���� a distância do medidor à fonte de ruído deve estar de acordo com as Normas ISO 1999, ISO 1966/1 e

as recomendações ISO R 131, R 266 e R 495; ���� devem ser evitadas superfícies refletoras, que não sejam comuns ao ambiente; ���� recomenda-se fazer pelo menos 5 medições em cada local. ���� o principal causador de erros nas medições de ruído é o ruído de fundo, por isso devemos muitas

vezes medir o nível de ruído com a máquina em funcionamento e, em seguida, desligada, se a diferença do nível for menor que 3 dB, devemos procurar estudar melhor o ruído de fundo;

���� os instrumentos mais modernos vêm com um software amigável para conexão direta no microcomputador, utilizam o ambiente Windows, para impressão das leituras realizadas (alguns instrumentos acumulam várias leituras, permitindo a opção de impressa de um relatório completo).

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1.7. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU I NTERMITENTE NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMI SSÍVEL

85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e trinta minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos

���� Entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de limites de tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto.

���� Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas a orelha do trabalhador. Utilizar microfone protegido com filtro de vento e com inclinação aproximada de 45º em relação ao piso, tudo em conformidade com o item nº 2 do Anexo nº 1 da NR 15.

���� Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado.

���� Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.

���� As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

���� Para verificação do espectro de áudio freqüência do ruído, utilizar um filtro 1/1 oitava, 31,5 Hz a 16 khz. A instrumentação deve ser devidamente aferida a cada série de amostragens, com pistão fone do mesmo fabricante e as baterias tiveram seu tempo de utilização controlado.

���� Se durante a jornada de trabalho ocorrer dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações.

1.7.1. VALOR TETO (VT)

As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e eminente.

1.7.2. NÍVEL DE AÇÃO (NA)

É usual definir NA como 50% do valor de LT. No entanto para ruído contínuo ou intermitente esta regra requer uma melhor compreensão do fenômeno. O LT de 85 dB é definido para a jornada diária de 8 horas. Sabemos que a metade da energia acústica de uma ambiente com 85 dB(A) é 82 dB(A), no entanto o tempo de exposição permitido para 82 dB é mais do que a metade do tempo de exposição permitido por, que é de 4 horas, portanto como margem de segurança, devemos definir o NA pela metadade do tempo de exposição permitido por lei, que nos dá o valor máximo de 80 dB(A).

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1.7.3. LIMITES DE TOLERÂNCIA EM OUTROS PAÍSES

País Nível de Ruído dB(A)

Tempo de Exposição (h) �

Taxa de divisão dB(A)

Nível Máximo dB(A)

Nível de Ruído de impacto (dB)

Alemanha 85 8 3 Japão 90 8 -- --

França � 90 40 3 -- -- Bélgica 90 40 5 110 140

Inglaterra 90 8 3 135 150 Itália 90 8 5 115 140

Dinamarca 90 40 3 115 -- Suécia 85 40 3 115 --

USA–OSHA 90 8 5 115 140 USA–NIOSH 85 8 5 -- --

Canadá 90 8 5 115 140 Austrália 90 8 3 115 -- Holanda 80 8 3

Espanha � 85 8 3 110 Turquia � 95 -- -- -- --

China 70 - 90 8 3 Finlândia 85 8 3 Hungria 85 8 3

Nova Zelândia 85 8 3 Israel 85 8 5

Noruega 85 8 3 Brasil 85 8 5 115 130

� Tempo de exposição diária ou semanal. � Estabelece nível contínuo de prevenção = 85 dB(A) � Estabelece nível contínuo de prevenção = 80 dB(A)

1.7.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO ���� Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior

a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo. ���� Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de pressão

sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas próximas a orelha do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.

���� Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (fast) e circuito de compensação "C". Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C).

���� Atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (linear), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (fast), oferecerão risco grave e iminente.

���� Nível de ruído de fundo, predominante entre picos do ruído de impacto, deve ser avaliado como ruído contínuo.

���� Embora não citado na NR-15 – Anexo 2, é importante sabermos os efeitos diferenciados quando o trabalhador estiver exposto a um número variado de impulsos (ruído de impacto). Por exemplo, receber 100 impactos de 125 dB é diferente do que receber 10.000 impactos dos mesmos 125 dB. Evidentemente, 10.000 impactos serão mais prejudiciais ao trabalhador; desta forma a relação de número de impactos e nível de pico de ruído é que determinam o máximo permissível, segundo a recomendaçãoda ACGIH. Isso é o que poderia ser chamado de dose de exposição ao ruído de impacto.

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1.7.5. LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA JORNADAS ACIMA DE 8 HORAS

T = 16

2 (LT-80)/5

log 16

LT = ( T

x 5 ) + 80

log 2

Onde: T – tempo da jornada requerido para o caso em questão – em horas; q – taxa de troca igual a 5 (NR-15) ou 3 (NHO-01) Exemplo: calcule o limite de tolerância para jornada de trabalho de 10 h. Resposta: LT = (log (16/10) / log2) x 5 + 80 = 83,4 = 83 dB (A)

1.8. CÁLCULOS DE AVALIAÇÃO DO RUÍDO

PROPRIEDADES EXPONENCIAIS ax . ay = a x+y

a0 = 1

a-n = 1 ; onde n > 0 n

am/n = (n√a)m

ax = N � x = logaN

LEI DOS LOGARÍTIMOS loga(M.N) = loga(M) + loga(N)

loga ( M )= loga(M) - loga(N) N loga(1) = 0

loga(M)n = n.loga(M)

loga(a) = 1

loga(M) = x � M = ax CÁLCULO DO NPS NPS = log10(Ps/Pref.)

2 Bel

NPS = 10.log10 ( Ps )2 dB

P

ref.

Pref =20 x 10-6 Pa � limiar inferior auditivo = 20 µPa A potência é diretamente proporcional ao quadrado da pressão. NPSt = NPS1 + NPS2 � (Ps/Pref.)

2 = 10NPSt/10 10.log10(10NPSt/10) = 10.log10(10NPS1/10 + 10NPS2/10) (NPSt/10).10.log(10) = 10.log10(10NPS1/10 + 10NPS2/10)

NPSt = 10.log(10NPS1/10+10NPS2/10) dB

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PARA “n” FONTES SONORAS: n

NPSt = 10.log. Σ (10(NPSi)/10) i = 1

Exemplo: 90 + 87 NPSt = 10.log(1090/10+1087/10) NPSt = 10.log(109+108,7) NPSt = 91,76 dB = 92 dB(A)

PARA DIFERENÇA MAIOR OU IGUAL A 15 Exemplos: 90 + 70 = 90 ; 90 + 65 = 80 ; 105 + 50 = 105 – em dB(A) Portanto diferenças maiores ou iguais a 15 em dB(A) prevalece sempre o maior valor.

PARA DIFERENÇA MAIOR OU IGUAL A 10 E MENOR QUE 15 Exemplo: 90 + 76 (em dB) NPSt = 10.log(1090/10+1076/10) NPSt = 10.log(109+107,6) NPSt = 90,02 dB = 90 dB(A) Outro exemplo: 90 + 80 (em dB) NPSt = 10.log(1090/10+1080/10) NPSt = 10.log(109+108) NPSt = 90,41 dB = 90 dB(A) Portanto diferenças maiores ou iguais a 10 em dB(A) prevalece sempre o maior valor. PARA “n” FONTES SONORAS COM A MESMA INTENSIDADE

NPSt = NPSindividual + 10.log(n)

n NPSt n NPSt 1 80 1 80 2 83 10 83 4 86 100 86 8 89 1000 90 16 92

1.9. TEMPO DE EXPOSIÇÃO

Sabemos que o NPS para 8 horas diárias tem de ser menor que 85dB(A) Texp = 8 / (2(NPS-85)/q)

1.10. FATOR DE MULTIPLICAÇÃO – “q” RECOMENDAÇÕES: OSHA – USA ISO – Europa NR-15 - BRA SIL

dB(A) Texp A cada 5dB(A) diminui-se na

metade o tempo de exposição, por isso q = 5.

dB(A) Texp A cada 3dB(A) diminui-se na

metade o tempo de exposição, por isso q = 3.

dB(A) Texp A cada 5dB(A) diminui-se na

metade o tempo de exposição, por isso q = 5.

90 8h 85 8h 85 8h 95 4h 88 4h 100 4h 100 2h 91 2h 105 2h 105 1h 94 1h ... ... ... ... 97 30’

... ...

EXEMPLOS Para 89 dB(A), qual o tempo de exposição?

Texp = 8 = 3,1749 horas = 3 horas e 10,494 min = 3h10’30” (2(89-85)/3)

Para 110 dB(A)

Texp = 8 = 1h 49min (2(110-85)/3)

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1.11. AVALIAÇÃO DE RUÍDO A DISTÂNCIA

NPSx = NPSy - 20 log(x/y); onde x > y e NPSx < NPSy

Exemplo: a 10 metros ouve-se 94dB(A). Qual o NPS a 30m? NPS30 = NPS10 - 20 log(30/10) NPS30 = 94 - 20 log(30/10) = 94 – 9,5 = 84 dB(A)

Distância dB(A)

Sempre que se dobra a distância reduz-se 6dB(A)

1 m 100 2 m 94 4 m 88 8 m 82 16 m 76

... ...

1.12. AVALIAÇÃO DE RUÍDO REFLETIDO

NPSt = NPSy - 20 log(x/y) ; onde: y = (distância direta da fonte de ruído para o observador)

x = y + (distância da fonte de ruído até o objeto de refletância)

1.13. CÁLCULO DA DOSE DE RUÍDO

1.13.1. CONCEITO DE DOSE DE EXPOSIÇÃO Caso ocorra durante a jornada de trabalho, dois ou mais períodos de exposição a ruído, de diferentes níveis, contínuo ou intermitente, deve-se avaliar a exposição considerando o tempo efetivo da mesma, em cada situação acústica presente no local, como o tempo permitido pela legislação, chamado Dose de Exposição – “D”. Caso o valor de D seja maior que 1, a exposição estará acima do limite de tolerância. Se a pessoa ficar 8h/dia exposto a 85dB(A) em ruído contínuo a dose é igual a 1 (D = 1). O resultado do cálculo da dose é um valor admensional, que pode ser expresso em porcentagem, ou seja, se o valor de D for maior que 1, significa que o valor da dose exceder em mais de 100% o valor do Limite de Tolerância. Não se cálcula dose para ruído de impacto, mas vale salientar que se os dois tipos de ruído estiverem presentes, haverá uma sobreposição de ondas que resultará num incremento nos níveis de ruído contínuo ou inmtermitente.

1.13.2. FÓRMULA DE CÁLCULO

w

D = Σ (texp.real/texp.adm.) i

ou seja, C1 + C2 + C3 +.......................+ Cn T1 T2 T3 Tn Onde: D = dose de ruído

Cn = tempo total em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico. Tn = máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o quadro deste anexo.

1.13.3. EXEMPLO

Um trabalho está exposto aos seguintes níveis de ruído e tempos: 4h – 90dB(A); 2h – 80dB(A); 2h – 100 dB(A). Qual a dose acumulada? D = 4/4 + 2/16 + 2/1 = 3,125 Para esta dose poderemos calcular o tempo de exposição máximo permissível: Texp = 8 / (2(NPS-85)/5) = 8 / 3,125 = 2,56 h

1.14. CÁLCULO DO RUÍDO DE FUNDO NPSt = RF + NPSm NPSm � nível de pressão sonora emitido pela máquina ou equipamento. Exemplo: num determinado galpão industrial foi instalada uma determinada máquina e encontrado o valor de 87 dB(A), sabendo que o ruído anterior existente no local, quando não havia nenhum máquina ou equipamento em operação era 82 dB(A), quando efetivamente de ruído a máquina produz? NPSt = RF + NPSm � 87 = 82 + NPSm � NPSm = 87 – 82 = 85,3 dB(A)

X2

X1 y

NPSy

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1.15. CÁLCULO DA ATENUAÇÃO DO PROTETOR AUDITIVO dB(C) - NRR = dB(A)(ouvido) ���� 25% de desconto para protetores cicum-auriculares; ���� 50% de desconto para protetores de inserção de espuma lenta; ���� 70% de desconto para protetores de inserção pré-moldados (polímeros de forma fixa). dB(A) - (NRR - 7) = dB(A)(ouvido) dB(A) - NPSsf = dB(A)(ouvido)

1.16. EFEITOS DO RUÍDO SOBRE A SAÚDE E O BEM ESTAR DAS PESSOAS O ruído pode causar surdez, redução auditiva, cansaço, irritação, cefaléia, problemas do aparelho digestivo, entre outros. Quando uma pessoa é submetida a altos níveis de ruído, existe a reação de todo o organismo a esse estímulo.

1.16.1. ANATOMIA DA ORELHA HUMANA Hoje em dia o nome chamado para todo sistema auditivo do homem é orelha, não mais se usando o nome ouvido ou pavilhão auricular. A orelha é o órgão coletor dos estímulos externos, transformando as vibrações sonoras em impulsos sonoros para o cérebro. É, sem dúvida, a estrutura mecânica mais sensível do corpo humano, pois detecta quantidades mínimas de energia. A orelha externa compõe-se de orelha própria dita, do canal auditivo e do tímpano. A função da orelha é a de uma corneta acústica, capaz de dar um acoplarento de impedâncias entre o espaço exterior e o canal auditivo, possibilitando melhor transferência de energia. Essa corneta, tendo certa característica diretiva, ajuda a localização da fonte sonora. As paredes do canal auditivo são formadas de ossos e cartilagens. Em média, o canal tem 25 mm de comprimento, 7 mm de diâmetro e cerca de 1 cm3 de volume total. O tímpano (membrana timpânica) é oblíquo e fecha o fundo do canal auditivo. Tem forma aproximada de um cone com diâmetro da base de 10 mm. É formado de uma membrana de 0,05 mm de espessura e superfície de 85 mm2. Deve ficar claro, que o tímpano assemelha-se a um cone rígido sustentado em sua periferia por um anel de grande elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo. Logo depois do tímpano temos uma cavidade cheia de ar conhecida também como cavidade do tímpano, cujo volume é da

ordem de 1,5 cm3 e que contém 3 ossículos: o martelo (23 g), a bigorna (27 g) e o estribo (2,5 g). A função de tais ossículos é, através de uma alavanca, acoplar mecanicamente o tímpano à cóclea (caracol), triplicando a pressão do tímpano. Na parte interna da cavidade do tímpano, existem a janela oval e

redonda, que são as aberturas do caracol. As áreas de tais janelas são da ordem de 3,2 e 2 mm2

respectivamente. A janela redonda é fechada por uma membrana e a oval é fechada pelo "pé" do estribo. A cadeia ossicular da orelha médio é mostrada ao lado. É possível visualizar: ���� martelo com o ligamento superior (1),

ligamento anterior (2), ligamento lateral (3) e músculo tensor do tímpano (4);

���� a bigorna com seu ligamento superior (5) e ligamento posterior (6);

���� estribo com o ligamento anular (7) e o músculo estapédio (8).

O músculo estapédio tem uma importante função na proteção da audição contra os altos níveis de ruído.

Estribo

Bigorna Martelo

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A orelha interna inicia-se pela janela oval, seguindo um canal semicircular que conduz ao caracol (cóclea) que tem um comprimento de 30 a 35 mm e é dividido longitudinalmente em duas galerias, pela membrana basilar. O caracol tem aspecto de um caramujo de jardim e mede cerca de 5 mm do ápice à base, com uma parte mais larga de aproximadamente 9 mm. Pode-se dizer que o caracol consiste de um canal duplo enrolado por 2,5 voltas em torno de um eixo ósseo. A janela oval fecha o compartimento superior e transmite suas vibrações para a membrana basilar através da endolinfa, líquido viscoso que preenche esse conduto. O comprimento da membrana basilar é de 32 mm; tem cerca de 0,1 mm de espessura próxima à janela oval e 0,5 mm na outra extremidade. A janela redonda é uma membrana circular, muito elástica, que fecha a parte superior do canal e, mediante suas contrações, compensa as variações de pressão produzidas com oscilações da membrana basilar. Sobre a membrana basilar estão distribuídas as células acústicas (Órgão de Corti), num total de 18 mil (externas e internas), de onde saem os nervos que formam o nervo acústico e levam o sinal elétrico até o cérebro. A membrana basilar atua como um filtro seletivo ou analisador de freqüências, em que a percepção de cada freqüência se realiza em um determinado ponto da membrana: as altas freqüências excitam a parte próxima da membrana oval e, à medida que se caminha para dentro do caracol, a freqüência diminui. O som sendo decomposto em sua freqüência fundamental e suas harmônicas, é possível para nós distinguir o timbre dos sons, realizando uma verdadeira análise espectral. Seção da membrana basilar.

1.16.2. EFEITOS SOBRE O SISTEMA AUDITIVO

SURDEZ TEMPORÁRIA – MUDANÇA TEMPORÁRIA DO LIMIAR AUDITIVO: ocorre após exposição do indivíduo a ruído intenso, mesmo por um curto período de tempo. Isso pode ser observado, na prática, quanto após termos estado em um local barulhento por algum tempo, notamos certa dificuldade de audição ou precisamos falar mais forte para sermos ouvidos. A condição de perda permanece temporariamente, sendo que a audição normal volta após algum tempo. SURDEZ PERMANENTE: origina-se da exposição repetida, durante longos períodos, ocasionando uma perda irreversível associada à destruição dos elementos sensoriais da audição. Normalmente afetam a freqüência oral (500 a 2.000 Hz). TRAUMA ACÚSTICO: perda repentina após a exposição a um ruído intenso, causados por explosões ou impactos sonoros. Dependendo do tipo e da extensão pode haver uma perda temporária ou permanente. OUTROS: são investigados outros efeitos indiretos do ruído, tais como, ações sobre o sistema cardiovascular, alterações endócrinas (glândulas de secreção interna), desordens físicas, dificuldades mentais e emocionais, irritabilidade, fadiga, etc. O INSS publicou a OS 608/98, Norma Técnica sobre Perda Auditiva, onde apresenta aspectos técnicos para identificar a PAIR, bem como regras para emissão da CAT de modo a garantir o auxílio-acidente.

1.16.3. MECANISMO DA PERDA AUDITIVA As perdas de audição causadas por exposição ao ruído, PAIR, se caracterizam por iniciarem na faixa de 3000 Hz a 5000 Hz, sendo mais aguda em 4000 Hz. Esse processo é facilmente constatado através de um exame audiométrico, aparecendo como uma curva em forma de "V".

1.16.4. FATORES QUE INFLUEM NA PERDA AUDITIVA

São quatro os fatores que contribuem para a perda auditiva: � O nível depressão sonora NPS; � O tempo de exposição; � A freqüência do ruído; � A susceptividade individual. Os três primeiros itens são conhecidos e fáceis de medir. O 4º item (susceptividade individual) é bastante interessante, pois indivíduos que se encontram num mesmo local ruidoso podem reagir de maneiras diferentes: alguns são extremamente sensíveis ao ruído, enquanto outros parecem não ser atingidos pelo mesmo.

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1.17. MEDIDAS DE CONTROLE DO RUÍDO São medidas que devemos tomar, no sentido de atenuar o efeito do ruído sobre as pessoas. Controle nem sempre significa supressão da causa, mas sim, uma manipulação do efeito. Diagrama das Medidas de Controle

Medidas de

Controle

Controle do

Ruído

Providências

Sociais

nafonte

nomeio

noreceptor

refúgiode ruído

rotatividadede função educação supervisão e

treinamento

Monitoramento

20

21 22

23 24 25 26 27 28 29

30

É importante lembrar que não existem soluções mágicas que indiquem quais as medidas que irão solucionar um problema de excesso de barulho. Nós devemos utilizar os nossos conhecimentos sobre acústica, além de um conhecimento detalhado do processo industrial. A fonte é a própria causa do ruído. O meio é o elemento transmissor do ruído, que pode ser o ar, o solo ou a estrutura do prédio. O receptor é o operário. É importante esclarecermos a hierarquização dos três elementos envolvidos no fenômeno: em primeiro lugar o controle na fonte, depois o controle no meio e, por último o controle no operário.

1.17.1. CONTROLE DO RUÍDO NA FONTE

É a supressão da causa do ruído. A supressão da fonte do ruído é a melhor e a mais indicada maneira de controlar o ruído. O ruído na fonte pode ser causado por fatores: mecânicos, pneumáticos, explosões e implosões, hidráulicos, magnéticos.

1.17.2. CONTROLE DO RUÍDO NO MEIO DE PROPAGAÇÃO

Quando não for possível o controle na fonte ou de forma auxiliar, deve-se utilizar o controle no meio de propagação do ruído, entre a fonte o receptor (trabalhador, comunidade, etc). Trata-se de uma técnica de interrupção da propagação do som. Abaixo alguns exemplos. ���� Enclausuramento das partes de emissão de ruído para o ambiente. ���� Execução de manutenção preventiva sistemática em rolamentos e mancais das máquinas e motores

em geral, visando mantê-los lubrificados e ajustados de modo a evitar o agravamento dos níveis de pressão sonora originais e manter o regular funcionamento das máquinas e equipamentos garantindo a qualidade do produto final.

���� Difusores do sistema de ventilação geral das salas de produção possuem aletas direcionais reduzindo a formação de turbulências nas saídas do ar contribuindo para a redução dos níveis de ruído geral no ambiente.

���� Material absorvente acústico, contribuindo para redução do nível geral de ruído na medida em que eliminam as possíveis reverberações nos ambientes.

1.17.3. CONTROLE DO RUÍDO NO RECEPTOR

Quando não houver outra forma de controle e como último recurso deve-se buscar o controle do ruído com proteção no trabalhador, com a utilização de protetores auditivos. Deve ser sempre a última medida a ser adotada e nunca de forma definitiva. Só devemos utilizar quando todas as medidas de controle de ruído falharam ou não forem suficientes.

Em resumo podemos definir dois tipos diferentes de proteção auditiva: ���� de inserção ou tipo plug, podendo ainda serem dos tipos: pré-moldável ou moldável; e os ���� circum-auriculares ou tipo concha.

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1.17.4. CRITÉRIO PARA SELEÇÃO DOS PROTETORES AUDITI VOS A escolha do protetor auditivo mais adequado, aos ambientes/atividades em estudo, deve estar fundamentada em: ���� EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego mediante Certificado de Aprovação (CA); ���� Comportamento acústico do protetor frente ao espectro de audiofreqüência do ruído, medido em terço

de oitava em cada local de uso – confrontar dados do fabricante com as medições de campo; ���� Maior atenuação acústica possível – NRR e NRRsf; ���� Melhor desempenho em teste de atenuação real, em campo – no caso do tipo concha; ���� Desgastes dos componentes do protetor: no tipo plug estar atento para o material utilizado e no tipo

concha especial atenção para a deformação nas hastes de sustentação das conchas; ���� Maior conforto frente ao desenho ergonômico e no contato dos selos (almofadas) com a pele; ���� Peças de reposição disponíveis no mercado; ���� Custos envolvidos – tanto do protetor, quanto das peças de reposição, quando for o caso.

1.17.5. PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA

O PCA, também chamado de PPA – Programa de Proteção Auditiva, PGA – Programa de Gerenciamento Auditivo ou ainda PGSA – Programa de Gerenciamento da Saúde Auditiva é o documento base para a implantação de um programa de prevenção para a saúde auditiva de pessoas expostas ao ruído. Tem o objetivo de criar e manter o compromisso entre todos os níveis hierárquicos da organização e à prevenção e controle das perdas auditivas dos expostos ao ruído, busca soluções de engenharia visando o controle de níveis de ruído, visando melhorar as condições do ambiente de trabalho, também define critérios específicos para seleção, indicação, adaptação e acompanhamento das proteções auditivas, para evitar possíveis Perdas Auditivas Induzidas pelo Ruído – PAIR. A OS 608/98 do INSS determina a obrigatoriedade, por parte do empregador, de implementar um PCA constituído dos seguintes tópicos: ���� Monitoramento da exposição no nível de pressão sonora elevado; ���� Controles de engenharia e administrativos; ���� Monitoramento audiométrico; ���� Indicação de EPI; ���� Educação e motivação; ���� Conservação de Registros; ���� Avaliação da eficácia e eficiência do programa.

A) PRINCIPAIS ITENS DE UM PCA

DESIGNAÇÃO DE RESPONSABILIDADES Um bom PCA define claramente as responsabilidades de todos os níveis hierárquicos, desde a presidencia/diretoria da empresa até o último nível hierárquico, também deve definir claramente as responsabilidades técnicas específicas do SESMT. PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO, MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS AMBIENTES O programa deve abordar requisitos técnicos para a avaliação do ruído e a calibração dos instrumentos utilizados. Deve estar previsto os critérios para monitorização e procedimento de possíveis ajustes necessários.

PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL Deve apontar necessidades e ajustes na proteção coletiva. Define critérios de seleção, classificação, homologação, aquisição, aplicação, treinamento, entrega, registro, utilização e manutenção dos protetores auditivos. AVALIAÇÃO AMBIENTAL Devendo fazer parte do PPRA, na avaliação ambiental, além dos valores da avaliação de ruído pontual, deve-se constar os valores das doses por função, cálculos de atenuação dos protetores utilizados, conforme informação do fabricante, e dentro do possível com avaliação em campo, além de definir os critérios técnicos e normas utilizadas na avaliação.

INSPEÇÃO E AUDITORIA O programa deve prever inspeções e auditorias de campo, para verificar principalmente a correta utilização da proteção auditiva e conservação das proteções coletivas.

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GERENCIAMENTO AUDIOMÉTRICO Devidamente alinhado com o PCMSO define critérios técnicos dos exames audiométricos, bem como os de utilização e calibração do audiômetro. A legislação brasileira determina que os níveis de ruído de fundo, na cabina audiométrica, estejam de acordo com a OSHA 1981, apêndice D (na verdade o documento oficial da OSHA é de 1983). A proposta de aprimoramento desta legislação, apresentada na Portaria 23, de 14/11/96, da SST, sugere que o ruído de fundos das cabinas audiométricas esteja de acordo com a ISSO 8.253.1, embora a norma utilizada, internacionamente, seja a ANSI S3.1-1991.

FREQÜÊNCIAS POR BANDA DE OITAVA (em Hz) 500 1.000 2.000 3.000 4.000 6.000 8.000

OSHA 1983 40 dB 40 dB 47 dB -- 57 dB -- 62 dB ANSI S3.1-1991 22 dB 29 dB 34 dB 39 dB 42 dB 41 dB 45 dB

Observe que os níveis mínimos determinados pela OSHA são menos exigentes do que os da ANSI. RELATÓRIO CONSOLIDADO Anualmente deve-se emitir um relatório específico do programa, devidamente ajustado ao relatório anual do PCMSO e PPRA, para evidenciar o desempenho do sistema como um todo.

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2. VIBRAÇÕES

2.1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES Vibração é o movimento periódico, ou aleatório, de um elemento estrutural ou peça de uma máquina. É um movimento repetitivo a partir de uma posição de repouso. Embora praticamente inevitável e algumas vezes até necessária, ela pode causar problemas de saúde para quem sofre seus efeitos. Estes problemas podem ir desde a sensação de enjôo, quando se viaja de navio ou avião, até a trepidação incômoda de britadeiras a ar comprimido. No ambiente industrial é freqüente a simultaneidade entre ruído e vibrações. No entanto, os efeitos que estes dois agentes podem causar aos trabalhadores são diferentes: � RUÍDO desenvolve a sua ação fundamentalmente em relação a um órgão, a ORELHA. � As VIBRAÇÕES afetam zonas mais extensas do corpo, inclusivamente órgãos internos como o

cérebro, o fígado e o coração. Na realidade, as vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y, z), com características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao somatório dos efeitos parciais, tendo ainda em conta as partes do corpo a elas sujeitas. Um corpo está em vibração quando descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto fixo. O número de vezes em que o ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é chamado de freqüência e, é medido em ciclos por segundo ou Hertz [Hz]. Ao contrário de outros agentes, onde o trabalhador é sujeito passivo, expondo-se aos riscos, no caso das vibrações, deve haver, caracteristicamente, o contato entre o trabalhador e o equipamento ou máquina que transmita a vibração. A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma freqüência externa coincide com a freqüência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como conseqüência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpo humano possui diferentes freqüências de ressonância. O corpo humano reage às vibrações de formas diferentes. A sensibilidade às vibrações longitudinais (ao longo do eixo z, da coluna vertebral) é distinta da sensibilidade transversal (eixos x ou y, ao longo dos braços ou através do tórax). Em cada direção, a sensibilidade também varia com a freqüência, eis que, para determinada freqüência, a aceleração tolerável é diferente daquela em outra freqüência.

2.2. TIPOS DE VIBRAÇÕES

As vibrações transmitidas ao corpo humano podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a região do corpo atingida. VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO : é de baixa freqüência e alta amplitude, situa-se na faixa de 1 a 80 Hz, mais especificamente 1 a 20 Hz. Estas vibrações são específicas para atividades de transporte e são afetas à norma ISO 2631. São transmitidas ao corpo do trabalhador, na posição sentado, em pé ou deitado; por exemplo, as vibrações a que estão expostas os motoristas de caminhão, operadores de tratores, máquinas agrícolas, etc. VIBRAÇÕES DE EXTREMIDADES : também conhecidas como segmentais, localizadas ou de mãos e braços, são as mais estudadas, situam-se na faixa de 6,3 a 1250 Hz, ocorrendo nos trabalhos com ferramentas manuais e normatizadas pela ISO5349.

2.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

A Portaria nº 3.214/78 do MTE – NR-15 – anexo nº 8: item 1: “As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às vibrações localizadas, ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no local de trabalho" item 2: "A perícia, visando à comprovação ou não da exposição deve tomar por base os limites de tolerância definidos pela Organização Internacional para a Normalização – ISO em suas normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349 ou suas substitutas". � ISO 2631 – vibração transmitida para corpo inteiro (versão mais recente 1999) � ISO 5349 – vibrações localizadas (mãos e braços) A ACGIH faz referências a limites admissíveis para tempo de exposição a vibrações localizadas podendo ser utilizados como critério de avaliação já que a ISO 5349 é muito superficial, isto é, não há um limite estabelecido e sim umas probabilidades de ocorrência de determinadas lesões. Segundo NR-15 a exposição a vibrações acima do LT é considerada insalubre de grau médio, isto é, deve-se conceder ao empregado um adicional de 20% do salário mínimo aos seus proventos.

2.4. NORMA ISO 5349 A metodologia especificada na ISO 5349 enumera os fatores que influenciam os efeitos da exposição às vibrações transmitidas aos membros superiores: o espectro da freqüência da vibração; a magnitude da vibração; a duração da exposição no período de trabalho; a exposição acumulada até a data.

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2.5. LIMITES DE TOLERÂNCIA 2.5.1. LIMITES DA ACGIH PARA VIBRAÇÕES DE MÃOS E BR AÇOS

A avaliação das vibrações de mãos e braços deve ser realizada com base nos critérios da ISO 5349 de 1986. A mensuração deve ser realizada para cada eixo (x, y e z), por meio da aceleração ponderada, rms, correspondente ao eixo dominante.

LIMITES PARA EXPOSIÇÃO DA MÃO EM QUALQUER DAS DIREÇ ÕES X, Y OU Z

Duração Total da Exposição Diária Valores do componente de aceleração dominante, rms,

ponderada, que não devem ser excedidos m/s2 g

4 horas e menos de 8 4 0,40 2 horas e menos de 4 6 0,61 1 hora e menos de 2 8 0,81

menos de 1 hora 12 1,22 Duração Total da Exposição Diária: tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente, seja intermitentemente. Acelaração dominate: usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais eixos de vibração exceder a exposição total diária, então o LT estará excedido.

2.5.2. LIMITES DA ACGIH PARA VIBRAÇÕES DE CORPO INT EIRO

Para a vibração de corpo inteiro, a ACGIH utiliza como base a norma ISO 2631. 2.5.3. DIRETIVA 2002/44/EC DA COMUNIDADE EUROPÉIA

NÍVEL DE AÇÃO LIMITE DE EXPOSIÇÃO Mãos e braços 2,5 m/s² A(8) 5,0 m/s² A(8) Corpo inteiro 0,5 m/s² A(8) ou 9,1 VDV 1,15 m/s² A(8) ou 21 VDV

2.6. AVALIAÇÃO DAS VIBRAÇÕES

Sendo os fenômenos ruído e vibrações essencialmente semelhantes, os aparelhos para medição são muito parecidos, mudando, apenas, a escala de medição (que poderá indicar aceleração, velocidade ou deslocamento do movimento) e o tipo de transdutor (elemento que transforma o sinal mecânico em elétrico ou vice-versa), substituindo-se o microfone do medidor de pressão sonora por um acelerômetro. A avaliação é QUANTITATIVA, utilizando o Transdutor Piezoelétrico para medição de aceleração absoluta. O Laudo Técnico deve constar com pelo menos:

a. o critério adotado; b. o instrumental utilizado; c. a metodologia de avaliação; d. a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às vibrações; e. o resultado da avaliação quantitativa; f. as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade, quando houver.

De uma forma geral, a vibração deve ser captada na superfície estrutural que suporta o corpo humano, o mais próximo possível do ponto que atinge a pessoa exposta à vibração. Preferencialmente a vibração deve ser medida nas três direções ortogonais. A vibração pode ser caracterizada pelo deslocamento, velocidade ou aceleração, ou ainda, em decibels; no entanto, a aceleração tem sido extensivamente utilizada como unidade em vibrações.

2.6.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO

No Brasil, o contratante de serviços de avaliação de vibrações deve ter um cuidado especial, eis que muitas empresas estão avaliando vibrações ocupacionais com equipamentos destinados a avaliar vibração em equipamentos, com finalidades de manutenção preditiva. Outras empresas possuem equipamento para avaliação de vibrações com enfoque ocupacional; no entanto, tais equipamentos estão defasados, pois seguem as normas ISO 5349 e 2631 antigas. Tais equipamentos não contemplam as novas curvas de ponderação previstas nas novas normas. Um dos mais modernos equipamentos que há em termos de avaliação de vibrações é o HAV Pro da Quest Technologies, que inclui todas as inovações das versões atuais das normas ISO 5.349 e 2.631.

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2.7. EFEITOS DAS VIBRAÇÕES SOBRE O ORGANISMO As vibrações afetam diferentes regiões do organismo, dependendo da aceleração e comprimento de onda. As operações e atividades que geram vibrações podem afetar a saúde do trabalhador, causando diversas doenças: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços, osteoporose (perda de substância óssea), lesões na coluna vertebral, dores lombares, etc. Por exemplo, o sistema tóraz-abdômen é muito sensível nas freqüências entre 3 Hz e 6 Hz; o globo ocular, a freqüências entre 60 e 90 Hz; as mandíbulas e lábios, a freqüências entre 200 e 300 Hz. Em geral, as faixas de interesse vão desde 0,1 a 1.000 Hz e desde 0,1 a 100 m/s2 de aceleração rms. Exposições a vibrações menores que 16 Hz, de alta energia (níveis de 140 dB ou mais), causam, por ação mecânica, um afundamento do tórax, dando a sensação de constrição no peito, e tosse. Freqüências entre 3 Hz e 6 Hz, o efeito pode ser ainda mais acentuado. Experiências com animais, nessa faixa de freqüência, não demonstram, oscilações de grande amplitude, para provocar deslocamentos significativos de segmentos corporais, havendo, também, alterações de motricidade da musculatura lisa. Em trabalhos com martelo vibratório, os efeitos localizam-se, principalmente, nos membros superiores: cotovelos, articulações, mãos e dedos. Os problemas provocados pelo martelete podem ser do tipo: ���� ósteo-articular, tais como a artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos

anatômicos, entre outros; ���� problemas musculares ou agioneurológico, onde encontram-se problemas como a doença de Raynaud

(dedos brancos e insensíveis); ���� problemas nervosos, alterando a sensibilidade táctil. Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm reunido dados sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos das vibrações, como perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade visual. As vibrações podem afetar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa.

2.7.1. FATORES DECISIVOS PARA A CONSEQUÊNCIA DAS VI BRAÇÕES NO CORPO HUMANO: ���� pontos de aplicação no corpo; ���� frequência das oscilações; ���� aceleração das oscilações; ���� duração da ação; ���� frequência própria do organismo humano; ���� ressonância. Cada sistema tem uma frequência própria. Quanto mais próxima a frequência excitadora chega a frequência própria do sistema excitado, maior será a amplitude da oscilação forçada. Com isso, a amplitude da oscilação forçada pode vir a ser maior que a oscilação excitadora. A esta manifestação, chama-se de RESSONÂNCIA. De maneira inversa, em cada sistema as oscilações também podem ser diminuídas, fenômeno que se designa por AMORTECIMENTO. Assim, por exemplo, as oscilações verticais das pernas são significativamente amortecidas ao estar em pé. Especialmente forte é o amortecimento dos tecidos do corpo para as frequências de 30 Hz.

2.8. MEDIDAS DE CONTROLE

A regra fundamental para controle da vibração é combater prioritariamente o estado de ressonância.

2.8.1. CONTROLE NA FONTE A primeira providência em relação às vibrações é tentar reduzi-las junto à fonte, e geralmente é eficiente, mas algumas vezes pode não ser exeqüível ou pode ser uma modificação onerosa.

2.8.2. CONTROLE NA TRAJETÓRIA (MEIO DE PROPAGAÇÃO) ISOLAR A FONTE : quando não for possível eliminar a fonte, esta pode ser isolada, para que o trabalhador não entre em contacto direto com ela. CONTROLE DA TRANSMISSÃO : suprimir meio transmissor; realizar montagens anti-vibratórias: introdução de elementos resilientes, tais como, molas ou apoios em borracha (fibra de vidro ou cortiça) que reduzem a transmissão de energia vibratória; tratamento amortecedor dos elementos estruturais que compõem o percurso de transmissão, de modo a absorver parte da energia vibratória produzida. REDUÇÃO DA AMPLITUDE DAS VIBRAÇÕES

2.8.3. CONTROLE DA VIBRAÇÃO NO RECEPTOR Se as providências anteriores não forem suficientes, pode-se proteger o trabalhador individual com certos equipamentos, no entanto esta medida é mais usual como reforço as duas anteriores. ���� ferramentas com características antivibratórias; ���� luvas aintivibração: eficientes em vibrações de alta freqüência e ���� botas com solado em material absorvente; ���� práticas adequadas de trabalho: instruções e procedimentos; ���� programa de supervisão médica específico (PCMSO); ���� pausas de 10 minutos a cada hora contínua de exposição.

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3. PRESSÕES ANORMAIS

3.1. INTRODUÇÃO Os trabalhos sob pressões anormais, ou seja, sob pressão superior à atmosférica, obedecem a uma série de restrições e cuidados, entre os quais destacamos: ���� o trabalhador não poderá sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas; ���� o tempo de trabalho sob ar comprimido nunca poderá exceder a 4 horas; ���� após a descompressão, os trabalhadores devem permanecer sob observação; ���� o trabalhador exposto a estas pressões, obrigatoriamente deve ter mais de 18 anos e ter

acompanhamento permanente de médico especializado.

3.2. AVALIAÇÃO A avaliação feita é QUALITATIVA.

3.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A Norma Regulamentadora nº 15, Anexo 6, estabelece normas e procedimentos, assim como apresenta tabelas de descompressão, define os padrões para avaliação de candidatos a esta atividade e apresenta tratamento recomendado para cada caso.

3.4. INSALUBRIDADE Conforme estabelece a Portaria n.º 3214/78 do MTE – NR-15 – Anexo nº 6, item 1.3.19: “As atividades ou operações realizadas sob ar comprimido serão consideradas insalubres de grau máximo.”

3.5. EFEITOS A SAÚDE Em suma os efeitos sobre o organismo humano são: doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças da pele, doenças circulatórias. Os riscos à saúde do trabalhador existem diretamente em três fases da atividade: ���� fase de compressão (período de preparo inicial): problemas na orelha, afetando principalmente o

tímpano. Nesta fase é muito importante que a compressão seja lenta, gradual e controlada; ���� fase de pressão constante (execução do trabalho): quando há o equilíbrio ente as pressões internas e

externas os riscos são menores, exceto pela possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono, resultante da combustão;

���� fase descompressiva (período de preparo final): é a que representa maiores riscos, tais como: problemas na orelha; embolia gasosa (bolhas no sangue); problemas no coração, pulmão, cérebro, ossos e articulações; e enfisema subcutâneo (bolhas sob a pele).

3.6. MEDIDAS DE CONTROLE

Dentre os cuidados a serem tomamos destacamos os seguintes: ���� seguir rigorosamente as tabelas de tratamento; ���� ter acompanhamento qualificado; ���� utilizar oxigênio dentro das possibilidade de profundidade e tempo; ���� manter no local um conjunto de primeiros socorros e pessoas habilitadas ao uso – equipe de

atendimento a emergência, brigada, etc; ���� não utilizar oxigênio em profundidas maiores de 18 metros; ���� realizar tratamento médico específico – PCMSO.

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4. TEMPERATURAS EXTREMAS

4.1. CALOR Forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre os mesmos. Calor é um agente físico presente em uma série de atividades, tais como: siderurgia; fundição; indústria do vidro; indústria têxtil, atividades com fornos, fundição de vidro, metais, cerâmica. A OIT recomenda como ideais, as temperaturas entre 20 e 25ºC, umidade relativa do ar entre 30 e 70% e velocidade do vento entre 0,1 e 0,3 m/s, se a carga de trabalho for leve e não transmitir calor radiante.

4.1.1. SOBRECARGA TÉRMICA Sobrecarga térmica é a quantidade de energia que o organismo deve dissipar para atingir o equilíbrio térmico. O organismo gera calor devido à atividade celular. Este calor é chamado de calor metabólico e é a combinação do calor gerado pelo metabolismo basal e o resultante da atividade física. Para que o equilíbrio térmico seja mantido, a carga térmica metabólica deve ser dissipada. O organismo, portanto, pode perder ou ganhar calor, de acordo com as condições ambientais. A sobrecarga térmica está relacionada com o ambiente (exposição) e com a atividade física do trabalhador (metabolismo). É diferente de desconforto térmico que está relacionado com a sensibilidade das pessoas, situação geográfica, climas, costumes, roupas, etc. O desconforto térmico tem uma abordagem específica na NR-17 (Ergonomia). Quando o corpo é submetido a uma sobrecarga térmica ocorre uma tensão térmica que provoca reações fisiológicas internas, uma vez que o organismo possui mecanismos termorreguladores que desencadeiam respostas de controle, como, por exemplo: sudorese, aumento da pulsação e da temperatura interna do corpo, síncope pelo calor ou desequilíbrio hídrico e salino.

4.1.2. PERDA DE CALOR

A quantificação da carga metabólica do corpo em função do tipo de atividade exercida, se encontra indicada no Quadro 3 da Norma NR 15. Mecanismos de perda de calor podem ser apresentados da seguite forma: ���� CIRCULAÇÃO CUTÂNEA: o fluxo sangüíneo da pele é de 250 ml por minuto. Em ambientes quentes

pode atingir 1500 ml/min. O tecido gorduroso subcutâneo funciona como um isolante térmico e diminui a possibilidade de dissipação do calor.

���� IRRADIAÇÃO: ou radiação, é a transmissão de calor de um corpo, sob forma de ondas eletromagnéticas da faixa do infravermelho. É quando a pele irradia calor para amenizar a temperatura da região. Em condições ambientais normas a irradiação é responsável por 60% da perda calórica.

���� CONDUÇÃO-CONVECÇÃO: forma de perda de calor por contato. É a transferência de calor da nossa pele para o ar. Se a temperatura do meio ambiente for maior do que o da superfície do corpo humano, então o organismo cederá calor às moléculas do ar pelo fenômeno da condução. Se a velocidade do ar é alta a perda de calor é maior.

���� EVAPORAÇÃO: conhecida como transpiração. A água é aquecida pelo calor do orgnismo até passar para a fase de vapor e deixar a superfície do corpo. Para cada 1 litro de água que se evapora são necessárias 580 calorias. A sudorese, em si, não indica perda calórica; esta só ocorre quando o suor evapora. A perda de calor por evaporação é facilitada pela ação do vento e difcultada pela alta umidade. A umidade do ar indica, em porcentagem, qual a porção de ar que está saturada com vapor d’água, assim em ambientes muito úmidos, quase todo ar está saturado com vapor e a evaporação do suor se torna difícil. O suor adere à pele e escorre pelo corpo, com pequena perda de calor e com grande desconforto térmico. Ao contrário em ambientes secos todo suor produzido é evaporado, não se prendento ao corpo, com grande redução da temperatura corpórea e bom conforto térmico.

Por isso, no clima quente, o corpo absoreve calor de várias formas, mas somente pode perder calor de forma eficiente através da transpiração.

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4.1.3. AVALIAÇÃO PELO IBUTG Está fundamentado nas especificações da Portaria nº 3.214/78 do MTE, na sua NR-15, Anexo nº 03, Quadros nº 1, 2 e 3, que tratam do Índice de Bulbo Úmido, Temperatura de Globo – IBUTG (combinação entre as temperaturas geradas pelo calor radiante e o calor transmitido por convecção) relacionando-se com o gasto metabólico M gerado pela atividade física.

Observação: o tempo de estabilização dos termômetros normalmente é de 30 minutos em cada ponto de medição. O tipo de atividade com o respectivo gasto metabólico para os locais em estudo devem ser determinados através da observação das operações executadas e definida segundo o critério estabelecido no Quadro nº 3 da NR 15.

A) LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR 1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo" - IBUTG definido pelas equações que se seguem: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural

tg = temperatura de globo tbs = temperatura de bulbo seco.

2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. 3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida.

B) LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR, E M REGIME DE TRABALHO

INTERMITENTE COM PERÍODOS DE DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro 1.

QUADRO 1

Regime de Trabalho Intermi- tente com Descanso no Próprio Local de Trabalho (por hora)

TIPO DE ATIVIDADE Leve Moderada Pesada

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 minutos trabalho 15 minutos descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos trabalho 30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos trabalho 45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas adequadas de controle

acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30

2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. 3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita consultando-se o Quadro 3.

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C) LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR, E M REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM PERÍODO DE DESCANSO EM OUTRO LOCAL (LOCAL DE DESCANSO)

1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. 2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro 2.

QUADRO 2

M (Kcal/h) Máximo IBUTG 175 200 250 300 350 400 450 500

30,5 30,0 28,5 27,5 26,5 26,0 25,5 25,0

Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte fórmula: M = Mt x Tt + Md x Td

———————- 60

sendo: Mt = taxa de metabolismo no local de trabalho. Tt = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho. Md = taxa de metabolismo no local de descanso. Td = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.

IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula: IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd x Td

———————————— 60 sendo: IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.

IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso. Tt e Td = como anteriormente definidos.

Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. 3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro 3. 4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

QUADRO 3 TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE

TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h Sentado em Repouso 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços.

125 150 150

TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.

180 175 220 300

TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). Trabalho fatigante

440 550

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4.1.4. MEDIDAS DE CONTROLE

A) CONTROLE NA FONTE ���� Sistema de ventilação/climatização ambiental; ���� Enclausuramento ou bloqueio evitando quer o calor radiante atinja outros locais além do seu ponto

de geração; ���� Aberturas para entrada e saída de ar de ar; ���� Sistema de insuflação de ar para determinadas áreas melhorando significativamente a qualidade do

conforto térmico nos ambientes estudados. FATORES ALTERADOS COM ADOÇÃO DE MEDIDAS COLETIVAS

MEDIDA ADOTADA FATOR ALTERADO Insuflação de ar fresco Temperatura do ar Maior circulação do ar existente no local de trabalho. Velocidade do ar Exaustão do vapor d'água emanados de um processo. Umidade relativa do ar Barreiras refletoras (alumínio polido e aço inoxidável). Barreiras absorventes (ferro e aço oxidado). Barreiras contra radiação infra-vermelha

Calor radiante

Automatização do processo. Calor produzido pelo metabolismo

B) CONTROLE NO RECEPTOR ���� RELATIVAS AO PESSOAL – MÉDICAS: exames médicos admissionais e periódicos. ���� REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA: reposição de água e sal, sob controle médico. ���� LIMITAÇÃO DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO: regime de trabalho/descanso; revezamento de pessoal;

reestudo dos procedimentos. ���� EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI: óculos de segurança com lentes especiais;

luvas, mangas, aventais, capuzes; tecido leve; tecido aluminizado; cor clara. ���� ACLIMATIZAÇÃO: adaptação fisiológica do organismo a um ambiente quente; aclimatização parcial de

4 a 6 dias e total de 14 dias.

4.1.5. EFEITOS DO CALOR AO ORGANISMO O homem exposto a altas temperaturas tem o rendimento físico e mental diminuído. É sabido que a exposição, não controlada, ao calor induz a erros de percepção e raciocínio, o que pode desencadear acidentes. Alguns exemplos: intermação, perdas de sais, cansaço, desidratação, taquicardia, fadiga térmica, etc. DOENÇAS DO CALOR São distúrbios fisiológicos que ocorrem quando os mecanismos de troca térmica não são suficientes para remover a troca adequada de calor. INTERMAÇÃO OU INSOLAÇÃO: é o estado patológico da exposição ao calor proveniente de fontes artificiais, enquanto que, na insolução, a fonte é o sol. A doença é devido a disturbios no centro termorregulador, cujos sintomas são: tonturas, vertigens, tremores, convulsões e delírios. É um estado patológico gravíssimo e pode levar a morte. EXAUSTÃO DO CALOR: ocasionada por um distúrbio circulatório, resultante da impossibilidade deste sistema compensar a solicitação excessiva, que fica submetido. Há uma insuficiência do suprimento de sangue do córtex cerebral, resultante da dilatação dos vasos sangüíneos, podendo baixar a pressão arterial. Sintomas: dor de cabeça, tonturas, mal estar, fraqueza e até inconsciência. DESIDRATAÇÃO: a desidratação por calor normalmente ocosiona: redução do volume de sangue; distúrbios na função celular; ineficiência muscular; redução da secreção (especialmente das glândulas salivares), perda de apetite, dificuldade de engolir, acúmulo de ácido nos tecidos irão ocorrer com elevada intensidade; febre e morte ainda podem ocorrer. CÃIMBRAS DE CALOR: ocasionada pela perda excessiva de sais pelos músculos, em conseqüência de sudorese intensa. Ocorrem espasmos musculares, seguindo-se redução do cloreto de sódio no sangue. CHOQUE TÉRMICO: é devido a um distúrbio no mecanismo termo-regulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilíbrio térmico entre o indivíduo e o meio. CATARATA: doença ocular irreverssível, causada por exposições prolongadas à radiação infravermelha intesa (calor radiante), cujo tratamento requer cirurgia. É devido a um distúrbio no mecanismo termo-regulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilíbrio térmico entre o indivíduo e o meio.

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4.2. FRIO

4.2.1. INTRODUÇÃO O sistema regulador térmico do homem é muito eficaz para o calor e pouco eficiente para o frio. A exposição ocupacional ao frio é dividida em dois grupos: ���� as atividades exercidas ao ar livre, tais como: construção civil, agricultura, pesca, exploração de

petróleo, policiamento, resgate e salvamento, vigilância e outros; e ���� as atividades exercidas em ambientes fechados, como: câmaras frias, câmaras frigoríficas, fabricação

de gelo, fabricação de sorvetes, pescadores e outros.

4.2.2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE ARTIGO 253 DA C.L.T. "Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo". PORTARIA N.º 3.214/78 DO M.T.E. – NR-15 – ANEXO N.º 9 "As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho".

4.2.3. DEFINIÇÕES

TEMPERATURA DO NÚCLEO DO CORPO : temperatura a que estão submetidos os órgãos internos do corpo. Para que as características funcionais orgânicas sejam preservadas esta temperatura deve ser mantida em torno de 37ºC. TAXA DE RESFRIAMENTO PELO VENTO : perda de calor por um corpo, a qual é uma função da temperatura do ar e da velocidade do vento incidindo sob o corpo exposto. TEMPERATURA DO AMBIENTE : medida com o uso de termômetro de bulbo seco. TEMPERATURA EQUIVALENTE DE RESFRIAMENTO : estima a capacidade relativa de resfriamento de uma combinação da temperatura do ar e velocidade do vento.

4.2.4. AVALIAÇÃO AMBIENTAL

A avaliação é QUALITATIVA e deve ser caracterizada através de laudo técnico de inspeção realizada no local de trabalho (Portaria n.º 3214/78 do M.T.E. – NR-15 – anexo n.º 9, item 1). Os parâmetros utilizados pela NR-29 não se aplicam para fins de pagamento de adicional de insalubridade por falta de regulamentação específica. A seguir a tabela 1 da NR-29.

Faixa de Temperatura do Bulbo Seco (º C)

Máximo Exposição Diária Permissível para Pessoas Adequadamente Vestidas para Exposição ao Frio

+ 15,0 a - 17,9 (zonas quentes, conforme mapa oficial do IBGE)

+ 12,0 a - 17,9 (zonas sub-quentes) + 10,0 a - 17,9 (zonas mesotérmicas)

Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos, sendo quatro períodos de 1 hora e 40 minutos alternados com 20 minutos de repouso e recuperação

térmica fora do ambiente de trabalho.

- 18,0 a - 33,9 Tempo toal de trabalho no ambiente frio de 4 horas alternando-se 1 hora de trabalho com 1 hora para

recuperação térmica fora do ambiente frio.

- 34,0 a - 56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos de 30 minutos com separação mínima de 4

horas para recuperação térmica fora do ambiente frio.

- 57,0 a - 73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos sendo

o restante da jornada cumprida obrigatoriamente fora do ambiente frio.

Abaixo de - 73,0 Não é permitida a exposição no ambiente frio, seja qual for a vestimenta utilizada.

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4.2.5. MEDIDAS DE CONTROLE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Calçado de couro de sola isolante (botas impermeáveis), luvas, gorros (40% do calor do corpo se encontra na cabeça), capacetes, óculos (dificuldade com o embaçamento da lente), macacões e aventais. Os uniformes devem ser especiais, feitos de materiais sintéticos, que retém a umidade do corpo e fazendo com que a roupa não seja confortável. Uma opção é a utilização de uniformes de algodão, porém, este material retém água o que tornaria o uniforme mais pesado, há estudos para a impermeabilização do mesmo. Também podem ser previstos casaco adequado ou agasalho, que resguardem o pescoço e a cabeça. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA Já com relação aos equipamentos coletivos podemos citar o uso das câmaras de descompensação, onde o funcionário volta gradualmente a temperatura ambiente, evitando assim o choque térmico, além de centrais de aquecimento mais comuns em países frios. LIMITAÇÃO DO TEMPO DE TRABALHO Seguir a tabela da NR-29. No entanto como medida geral de recomendação deve fazer pausas regulares de 20 minutos em locais aquecidos com temperaturas acima de 20ºC. OUTRAS MEDIDAS DE CONTROLE ���� diminuir, ao máximo, a velocidade do ar dentro dos locais de trabalho; ���� assentos termicamente isolados; ���� limitar posturas sedentárias, bem como ritmos intesos de trabalho; ���� evitar a manipulação direta dos produtos firos, quando necessário usar luvas apropriadas; ���� portas das câmaras frias devem abrir também do interior e dipor de sinal liminoso e sonora para que

possa ser percebida a presença de pessoas; ���� roupas sempre secas e em bom estado de conservação.

4.2.6. EFEITOS SOBRE SAÚDE HUMANA

No caso de existência de frio em conjunto com fatores como o vento, umidade e sal (no caso dos pescadores), pode originar reumatismo localizado e dores nas articulações dos pés e das mãos. A combinação do frio com as vibrações origina pertubações ósseas e articulares, perda de sensibilidade e cãibras dolorosas, nas mãos (síndrome de Rayunaud). Endurecimento dos membros; Pés de imersão; Ulcerações do frio; Doenças no Sistema Respiratório e Doenças Reumáticas. Além desses fatores, o frio interfere decisivamente na eficiência do trabalho e na incidência de acidentes. A eficiência do trabalho é afetada pela tremedeira, evidentemente também pelo considerável volume de roupas, luvas grossas e pelas paradas freqüentes para esfregar os membros gelados. LESÕES NÃO-CONGELANTES DO FRIO HIPOTERMIA: redução da temperatura do núcleo do corpo abaixo de 35ºC. Resulta da incapacidade do corpo de repor a perda de calor para o ambiente. Como a condutividade térmica da água é cerca de 20 vezes maior do que a do ar, ocorre mais rápido em água fria. Para evitar a hipotermia o organismo aciona alguns mecanismos: vasoconstrição sanguínea, desativação (fechamento) das glândulas sudoríparas, diminuição da criculação sanguínea periférica e transformação química de lipídiso (gorduras armazenadas). CONSEQÜÊNCIAS DA HIPOTERMIA: mal estar geral, diminuição da destreza manual, comportamento extravagante (hipotermia do sangue que rega o cérebro), congelamento de membros (principalmente as extremidades – frostbite), lesões locais pelo frio (urticária pelo frio, pé de imersão), etc. A morte pode ocorrer quando a temperatura é inferior a 28ºC, por falha cardíaca, principalmente na imersão em água fria, geralmente de forma acidental. GELADURA OU QUEIMADURA DO FRIO : resulta da prolongada exposição ao frio úmido, e ocorre no dorso das mãos pés. Sintomas: pele avermelhada, inchada e quente; formigamento, adormecimento e dor. PERNIOSE: forma severa de geladura caracterizada por escaras negras no dorso das mãos e pés, associada as dores severas. PÉ-DE-TRINCHEIRA / PÉ-DE-IMERSÃO : causada pela prolongada exposição à água fria. LESÃO CONGELANTE – CONGELAÇÃO ("FROSTBITE")

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5. RADIAÇÕES O termo radiação vem do latim RADIARE, que indica um fenômeno básico em que a energia se propaga através do espaço ainda que interceptada pela matéria. O termo irradiação vem do latim in e radiare, que é empregado para indicar o tratamento da matéria pela energia radiante. Os termos radiação e irradiação são, todavia, na maioria das vezes, confundidos e usados indistintamente como sinônimos.

5.1. RADIAÇÕES IONIZANTES

5.1.1. INTRODUÇÃO A descoberta dos RAIOS X foi feita por Roentgem em 1895, que assim o chamou. Roentgem observou que estes raios atravessavam substâncias como vidro, papel e madeira. Já em 1896, Becquerel, trabalhou com sal de urânio (sulfato duplo de urânio), envolvido em papel preto, colocado sobre chapa fotográfica, com lâmina de prata entre um e outro, viu que a imagem da lâmina ficava impressa na chapa. Concluiu que o urânio emitia uma radiação penetrante.

5.1.2. DEFINIÇÃO Radiação ionizante é um agente físico sob a forma de energia que se transmite, pelo espaço, através de ondas eletromagnéticas ou que apresenta comportamento corpuscular e, ao atingir um átomo, tem a propriedade de subdividi-lo em duas partes eletricamente carregadas, chamadas de par iônico. Exemplos: raios x, alfa, beta e gama. A radiação ionizante possui energia sufiente para quebrar ligações químicas. É a emissão de particulas ou de ondas eletromagnéticas de um núcelo instável, com energia sufiente para remover um elétron de um átomo. Energia e partículas emitidas de núcleos instáveis que são capazes de causar ionização. Quando um núcleo instável emite partículas, as partículas são, tipicamente, na forma de partículas alfa, partículas beta ou nêutrons. As radiações ionizantes podem alterar o estado físico de um átomo e causar a perda de elétrons, tornando-os eletricamente carregados, este processo dá-se o nome de "ionização". A radiação ionizante gera íons altamente radioativos, capazes de provocar destruição celular ou alterações no mecanismo de divisão celular. O organismo humano absorve em maior em menor proporção, dependendo do tipo de emissão e podem provocar uma série de alterações e lesões no seu corpo.

5.1.3. TIPOS DE RADIAÇÕES IONIZANTES Existem basicamente dois tipos de radiações: corpusculares (raios alfa, raios beta) e eletromagnéticas (raios x e raios gama). PARTÍCULAS ALFA : em 1908, Sir James Dewar fez uma experiência que confirmou a identidade da partícula alfa, que são dos núcleos de átomos de hélio ou similar, logo encontram elétrons, transformando-se em átomos de outros elementos. PARTÍCULAS BETA : radiação beta é o termo para descrever elétrons de origem nuclear, carregados negativamente (e-), ou positivamente (e+). Partículas beta são uma espécie de elétrons emitidos pelos núcleos radioativos, considerando, ainda, que a emissão radioativa venha acompanhada de uma partícula ainda menor, o neutrino. RADIAÇÃO GAMA : é uma classe de radiação conhecida como radiação eletromagnética, que se propaga no espaço sem a necessidade de um meio físico. Também são exemplos de radiação gama: as ondas de rádio, raios-x, luz visível. Raios gama (γ) são emitidos com a velocidade da luz e ocorrem quando um núcelo é excitado. RAIOS X: fazem patê do chamado espectro eletromagnético, que inclui desde ondas longas usadas em radiotelegrafia até ondas curtas dos raios cósmicos. A descoberta dos raios x foi o ponto de partida para a radiologia médica moderna, radioterapia e paa muitas outras ciências não médicas que se desenvolveram através dos anos.

5.1.4. LEGISLAÇÃO PERTINENTE ���� Lei 6.514, de 22/12/1977; ���� Portaria 3.214, de 08/06/1978, NR 15, Anexo nº05 - Limites de Tolerância para Radiações Ionizantes; ���� Portaria MTE 512, de 07/05/03, que confirma as radiações ionizantes como agente de periculosidade; ���� Lei 7.394/85 regulamenta o Decreto 92.790/86, oficializando a profissão de Técnico em Radiologia; ���� Resolução CNEN 09/88 – Norma CNEN-NE 3.03 – Certificado da Qualificação de Supervisores de

Radioproteção; ���� Resolução CNEN 10/88 – Norma CNEN-NE 3.02 – Serviço de Radioproteção; ���� Resolução CNEN 12/88 – Norma CNEN-NE 3.01 – Diretrizes Básicas de Radioproteção; ���� Lei 8.270, at. 12, caput, e parágrafos 1º e 2º, estabelecem regras paa concessão dos adicionais de

insalubridade e pericuoosidade e institui os adicionais de irradiação ionizante e gratificação por trabalho com Raio X ou substâncias radioativas para os servidores públicos federais.

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5.1.5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL A avaliação é QUANTITATIVA. Instrumento utilizado: DETECTOR DE RADIAÇÃO. O organismo humano não possui mecanismo sensorial que permita detectar as radiações ionizantes. Não havendo percepção, o trabalhador não poderá evitar a exposição às radiações.

A) METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO Existem três metodologias básicas para se fazer a avaliação da radiação. DOSIMETRIA: utilizam-se filmes dosimétricos ou dosímetros termoluminescentes monitorando-se o trabalhador exposto durante um determinado tempo, considerado representativo para a avaliação. A revelação deste dosímetro deve ser feito em laboratórios credenciados pelo CNEN. PONTUAL : durante inspeção no local de trabalho determina-se o tempo médio utilizado em cada raiografia (equipamento ou fonte de funcionamento). CÁLCULO TEÓRICO : cálculo feito a partir de determinação de arranjo físico, dados dos equipamentos ou tipos de fontes utilizados e dos tempos de exposição dos trabalhadores.

B) LIMITES DE TOLERÂNCIA É importante endendermos que não existe uma “dose segura”. Máximo permissível = 5 REM em 12 meses A dose máxima acumulada na vida não poderá ser superior à expressa pela fórmula: Num trimestre a dose máxima permissível é de 3 REM, desde que nos últimos 12 meses não tenha sido superior a 5 REM

5.1.6. MEDIDAS DE CONTROLE

���� distância; blindagem; tempo de exposição; evitar a introdução de material no organismo por qualquer via de penetração; tendo sido um material absorvido pelo organismo, pouco ou nada pode ser feito para eliminá-lo da região onde se depositou.

5.1.7. EFEITOS DAS RADIAÇÕES SOBRE O ORGANISMO

Em 1902 tem-se registro do primeiro caso de câncer radioinduzido (câncer de pele). Os efeitos da radiação sobre o organismo humano são hereditários e somáticos, e de uma forma geral podem provocar alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, etc. Os efeitos biológicos das radiações ionizantes são comumente classificados em genéticos e somáticos, no entanto estas classificações são aceitas apenas com a intenção de ordenação do fenômeno, por serem fenômenos complexos e interligados, uma vez que os efeitos ditos genéticos podem ter repercussões somáticas. EFEITOS SOMÁTICOS: alterações que ocorrem apenas ao organismo atingido, não se transmitindo aos seus descendendes e podem ser agudos (grandes doses num curto espaço de tempo) ou crônicos (baixas doses por um longo período de tempo e podem causar catarata, anemia, leucemia, câncer de tireóide ou de pele, etc.); EFEITOS GENÉTICOS: os efeitos genéticos podem ainda ser a nível gênico ou a nível cromossômico, que podem causar alterações nas gerações futuras (descendentes) do indivíduo exposto. Mutações ocorridas nos cromossomos ou genes das células germinativas. A probabilidade de ocorrência de problemas é função da dose acumulada nas gônadas masculina e feminina. Ex.: aniridia (ausência de íris no olho), surdo-mudo, cataratas.

5.1.8. ACIDENTES RADIOATIVOS OCORRIDOS NO MUNDO

ABRIL/1986 – CHERNOBYL (UCRÂNIA) ���� Explosão do núcleo do reator; ���� Liberação de produtos radioativos por 2 semanas; ���� 203 pessoas expostas, 31 pessoas morreram, 13 pessoas sofreram transplante de MO, 6

sobreviveram ao tratamento; ���� alimentos contaminados num raio de 30 km, leite e vegetais. SETEMBRO/1987 – GOIÂNIA (BRASIL) – CÉSIO 137 (137Cs ) ���� 13.09 – fonte removida do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) rompimento da fonte; ���� 14.09 – RSA (22 anos) – vômito WMP – vômitos, náusea, diarréia, inchaço nas mãos; ���� 19.09 – DAF (36 anos) - compra cabeçote, IBS (22 anos) e AAS (18 anos) – manuseiam fonte; ���� 21.09 – DAF leva para sua casa distribui fragmentos da cápsula MGF (28 anos) – vômitos e diarréia; ���� 23.09 – WMP - é internado; ���� 24.09 – IAP (irmão de DAF) leva fragmentos para casa, LNF (6 anos) ingere pó de césio; ���� 28.09 – MGF e GGS (21 anos) levam a fonte para a vigilância sanitária de ônibus coletivo por 30

minutos. GGS carrega a fonte no ombro (queimaduras); ���� 29.09 – físico confirma ser material radioativo. Detectável 5 - 6 quadras antes. Comunica o fato a

CNEN procura localizar a proveniência da fonte;

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���� 30.09 – Chega o diretor de fiscalização da CNEN. As pessoas são alojadas em um estádio olímpico para alimentação especial e triagem. Descontaminação incial (roupas, pele – sabão, vinagre, pedra-pome). Casos mais graves são levados ao Hospital Geral de Goiânia (HGG);

���� 01.10 – 6 pacientes são removidos para o Hospital Naval Marcílio Dias (RJ); RESUMO:

���� rastreamento aéreo (descoberta de mais um ponto) – detector; ���� 113.000 triagens; 249 contaminações significativas; 120 contaminações roupas e calçados; 79

contaminações externas; 50 contaminações internas; 20 alterações hematológicas radiodermite; 6 maior gravidade; 4 foram ao óbito: MGF (F – 37 anos), LF (F – 6 a), IBS (M – 22 a), AAS (M – 18 a);

���� MEDIDA DEFENSIVA E AÇÕES: 200 pessoas evacuaram 85 casas para descontaminação significante; 7 casas demolidas; 3.500 toneladas de lixo radioativo foi monitorado;

���� 575 profissionais, técnicos, voluntários; 6 meses de duração; ���� ÓRGÃOS COM MAIOR GRAVIDADE: 1º Sistema Nervoso Central; 2º pele; 3º Sistema

Gastrointestinal; 4º Sistema Cardiovascular.

5.2. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES São de natureza eletromecânica, tendo exemplo nas radiações derivadas das microondas, radiações infravermelhas, radiações ultravioletas, raio laser e iluminação. Radiações não-ionizantes não produzem a ionização em sistemas biológicos e por isso são bem menos agressivas. Possuem relativamente baixa energia e estão sempre a nossa volta. Ondas eletromagnéticas como a luz, calor e ondas de rádio são formas comuns de radiações não-ionizantes. Sem elas, nós não poderíamos apreciar um programa de TV em nossos lares ou cozinhar em nosso forno de microondas. As radiações de grandes comprimentos de onda, ou de baixas freqüências, do tipo ULF (freqüência ultrabaixa), LF (freqüência baixa), etc., VHF (freqüência muito alta), não apresentam problemas operacionais, no entanto é recomendável não se expor desnecessariamente, em locais onde existem geradores do tipo de radiofreqüência, especialmente se a potência for alta. As radiações de baixa freqüência são utilizadas em radionavegação, radiofaróis, radiofusão AM, rádio-amadorismo, diatermia médica, rádio-astronomia, solda de radiofreqüência, secagem de tabaco e usos semelhantes.

5.2.1. COMPRIMENTO DA ONDA ESPECTRO INFRAVERMELHO – entre 770 e 2.800 nm (namômetro); ESPECTRO VISÍVEL – entre 380 e 770 nm; ESPECTRO ULTRAVIOLETA – entre 50 e 380 nm.

5.2.2. FONTES DE RADIAÇÕES FONTE NATURAL – SOL : corpo negro (eficiente absorvedor e emissor) com temperatura efetiva na superfície de cerca de 6.000ºk (temperatura interna tão alta quanto 2 x 107º), e o qual emite luz branca com espectro centrado em 515 nm. FONTES ARTIFICIAIS : corpos aquecidos a temperaturas superiores a 2.500ºk – fontes incandescentes, processos de soldagem (plasma e oxi).

5.2.3. MEDIDAS DE CONTROLE

A melhor forma de proteção é utilizar equipamentos de proteção individual, principalmente para os olhos, no caso de incidência das radiações ultravioleta e infravermelha e raios laser. Devem-se tomar cuidados para evitar fugas de radiação no caso de equipamentos de microondas e chaves de fuga. No caso de infravermelho, devem-se revestir os fornos ou fornalhas, que se utilizem este sistema de aquecimento, com chapas metálicas polidas ou pintura com tinta de alumínio. É necessário observar o tipo de EPI adequado conforme o tipo de exposição, além de exames médicos periódicos. Procedimentos bem definidos e treinamentos bem aplicados são feramentas importantes para se evitar a exposição. Alguns exemplos de EPI utlizados: óculos com lentes especiais de proteção, luvas, aventais, mangotes e protetores faciais.

5.2.4. EFEITOS SOBRE O ORGANISMO

Podem causar os mais variados, tais como: queimaduras, lesões nos olhos e na pele. Os efeitos das microondas dependem da freqüência (ou comprimento de onda) e da potência dos geradores, podem causar aumento da temperatura do corpo. Existem indicações que os campos elétricos e magnéticos, podem ocasionar catarata nos olhos, queimaduras localizadas e danos aos órgãos internos, e em longo prazo podem ocasionar pressão alta, seguida de hipotensão, alterações do sistema nervoso central, do cardiovascular e endócrino, distúrbio menstruais e outros. Com relação aos efeitos térmicos, quanto menor a freqüência, maior o risco em órgãos internos, pela facilitado com a onda entra no organismo. Por outro lado, quanto maior a potência e o tempo de exposição, maiores são as possibilidades de os expostos ficarem doentes, em casos extremos, morrem.

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6. UMIDADE Trabalhos em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos a saúde do trabalhador. Exemplo: trabalhos em galerias.

6.1. AVALIAÇÃO AMBIENTAL É uma avaliação QUALITATIVA e necessita de Laudo de Inspeção realizada no local de trabalho.

6.2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

"As atividades ou operações executadas em locais alagados, encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho".

6.3. EFEITOS PARA A SAÚDE As atividades executadas em locais alagados, encharcados ou com umidade excessiva, realizadas de maneira periódica e rotineira, sem a devida proteção ao trabalhador, pode provocar danos à saúde do mesmo, tais como problemas no aparelho respiratório e reumatismo.

6.4. MEDIDAS DE CONTROLE

Sempre que possível, em locais úmidos deve ser estudada a possibilidade de existir, permanentemente, uma ventilação mecânica ou natural, para evitar o surgimento de fungos, bactérias e microorganismos que proliferam nestes ambientes. Nos casos onde o trabalho necessita ser realizado em local úmido é imprescindível a utilização de equipamentos de proteção individual, tais como: ���� calça-bota em PVC com costuras eletrônica; ���� jardineira com botas soldadas; ���� macacão para saneamento com zíper e fechamento até a altura do peito, permitindo entrar em áreas

alagadas até a altura dos membros superiores; ���� vestimenta totalmente hermética com equipamento de respiração autônoma ou com ar mandado. Cada equipamento (E.P.I), obviamente, deve ser compatibilizado com as exigências do método do trabalho, para obtenção da proteção contra a umidade e também o resultado esperado de desempenho da produção.

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CAPÍTULO III AGENTES QUÍMICOS

1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES São as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. São conhecidas algo em torno de 100 mil substâncias químicas, estima-se que mais de 6 mil sejam tóxicas, conforme ACGIH e a NIOSH. Sabe-se também que existem mais de 3 milhões de compostos químicos. A ACGIH apresenta TLV (limite de tolerância) para 600 e a NR-15 possui LT para aproximadamente 200. Os produtos químicos apresentam-se na natureza em três estados: GÁS: monóxido de carbono, dióxico de enxofre, amônia, etc.; SÓLIDO: soda cáustica em escamas, pós, poeiras de sílica e de cereais, etc.; LÍQUIDO: ácidos, álcalis, solventes, etc. Tal como os riscos físicos, os riscos químicos podem atingir também pessoas que não estejam em contato direto com a fonte do risco, e em geral provocam lesões mediatas (doenças). No entanto, eles não necessariamente demandam a existência de um meio para a propagação de sua nocividade, já que algumas substâncias são nocivas por contato direto. Tais agentes podem se apresentar segundo distintos estados: gasoso, líquido, sólido, ou na forma de partículas suspensas no ar, sejam elas sólidas (poeira e fumos) ou líquidas (neblina e névoas). Os agentes suspensos no ar são chamados de aerodispersóides. As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de trabalho classificam-se basicamente em: Aerodispersóides e Gases e Vapores. A ACGIH classifica os particulados em três grupos: INALÁVEL: material particulado com diâmetro menor que 100 nm que entram através da boca e nariz; TORÁXICO: partículas com diâmetro menor que 25 nm que se alojam no sistema respiratório superior; RESPIRÁVEL: particulas com diâmetro menor que 10 nm que se alojam nos avéolos pulmonares.

1.1. ÓRGÃOS DE PESQUISA E ESTUDOS DOS DIVERSOS AGEN TES QUÍMICOS ACGIH – é uma associação profissional nos Estados Unidos e não um órgão ou agência do governo, equivalente a ABHO no Brasil. Emite LT(TLV) para substâncias químicas e agentes físicos e índices biológicos de exposição (BEI). NIOSH – faz estudos de toxidade de produtos e derivados químicos; OSHA – é a instituição que determina as condições a serem exigidas em ambientes de trabalho; EPA – estabelece regulamentação para determinados lugares públicos; AIHA – publica diretrizes referentes à exposição humana a determinados produtos; ASHRAE – recomenda taxas de ventilação para ambientes internos; ASTM – possui uma subcomissão que trata das condições a serem mantidas no ar interno.

1.2. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO

VIA CUTÂNEA (pele) : o contato com solventes ácidos e álcalis pode provocar lesões cutâneas graves, tais como: queimadura química, aparecimento de caroços (acne química) atacando as mucosas dos olhos, boca e nariz ou serem absorvidos pela pele, neste último caso a NR-15, anexo 11, apresenta quais os produtos que possuem esta propriedade. VIA DIGESTIVA (boca) : ingestão direta ou indireta, através de alimentos contaminados, pode causar sérios problemas à saúde. Seja refeições em locais indevidos ou até remédios em dosagens erradas são exemplos. VIA RESPIRATÓRIA (nariz) : é a via mais rápida de acesso dos contaminantes para dentro do organismo que através do aparelho circulatório pode alcançar órgãos vitais. Gase e vapores, por exemplo, podem ficar durante muito tempo em suspensão na zona respiratória do trabalhador.

1.3. CONTAMINANTES PRESENTES NO AR

O ar normalmente é composto de 21% de oxigênio; 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. Quando outras substâncias estiverem presentes, alterando a combinação original, aparecem os chamados riscos ambientais.

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2. AERODISPERSÓIDES São dispersões de partículas sólidas ou líquidas de tamanho bastante reduzido. O tempo que os aerodispersóides podem permanecer no ar depende do seu tamanho, peso específico (quanto maior o peso específico, menor o tempo de permanência) e velocidade de movimentação do ar. Evidentemente, quanto mais tempo o aerodispersóides permanece no ar, maior é a chance de ser inalado e produzir intoxicações no trabalhador. As partículas mais perigosas são visíveis apenas com microscópio. Estas constituem a chamada fração respirável, pois podem ser absorvidas pelo organismo através do sistema respiratório. As partículas maiores, normalmente ficam retidas nas mucosas da parte superior do aparelho respiratório, de onde são expelidas através de tosse, expectoração, ou pela ação dos cílios. Os aerodispersóides formados por dispersão, ou seja, como resultado da desintegração mecânica da matéria (pulverização, automização de líquidos, etc.) são, na maioria dos casos, constituídos por partículas mais grosseiras do que aquelas formadas pela condensação. Já os formados pela condensação de vapores ou pela reação entre gases as partículas sólidas são de forma esférica ou cristalina regular. Para diferenciar os aerodispersóides, normalmente é usada a classificação abaixo.

2.1. POEIRAS: São partículas sólidas, produzidas mecanicamente por ruptura de partículas maiores (dispersão), geralmente com diâmetros maiores que 1 µm. Normalmente proveniente do manuseio, moagem, raspagem, esmerilhado, impacto rápido, detonação e outros processos, com materiais orgânicos e inorgânicos, onde o material sólido é mecanicamente quebrado, moído ou triturado, tais como: pedras, carvão, grãos, metais, poeiras de minérios, madeira, sílica, asbestos (amianto), algodão, etc. O seu efeito nocivo depende basicamente da densidade e tamanho da partícula, podendo permanecer em suspensão por até 2 h. CLASSIFICAÇÃO DAS POEIRAS: TAMANHO: respirável < 10 µm; FORMA: partícula não fibrosa (particulada ou esférica);

partícula fibrosa (em geral, considera-se as mais importantes fibras as que tem relação comprimento/diâmetro igual ou maior que 3);

ORIGEM: orgânica (animal ou vegetal); inorgânica (sintética ou mineral);

EFEITO: pneumoconiótico, tóxico, cancerígeno ou insolúvel não classificado (incômodo).

2.2. FUMOS Aerodispersóides formados pela condensação, sublimação ou reação química e constituídos por partículas sólidas, geralmente menores que 1 µm. Normalmente após a ventilação de metais fundidos ou outros produtos, geralmente acompanhados por uma reação química como a oxidação. Suas dimensões variam de 0,01 a 0,3 mm, geralmente floculando no ar. Como exemplo os fumos metálicos, que são produzidos pela condensação de vapores metálicos em fusão em altas temperaturas, mas também podem ocorrer com materiais plásticos. Quando o metal ou plástico é fundido em alta temperatura, vaporiza e este vapor é resfriado rapidamente.

2.3. FUMAÇAS Aerodispersóides resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos. São constituídas, geralmente, por partículas com diâmetros inferiores a 1 µm. É proveniente do pó de carvão ou fuligem. AERODISPERSÓIDES LÍQUIDOS : podemos classificá-los em névoas e neblinas.

2.4. NÉVOAS São formadas quando líquidos são pulverizados e remexidos. As névoas são aerodispersódes constituídos por partículas líquidas produzidas mecanicamente, como em processo “spray”, independentemente da origem e do tamanho das partículas. Ex.: névoa de ácido sulfúrico, tinta.

2.5. NEBLINAS

Assim como as névoas, as neblinas são formadas quando líquidos são pulverizados e remexidos, no entanto as neblinas são partículas líquidas produzidas por condensações de vapores, que passam para o estado líquido ou são devido à dispersão dos vapores, desintegrando-se em pequenas partículas devido aos provessos de atomização ou formação de espuma.

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3. GASES E VAPORES

3.1. GASES Estado físico de uma substância que, em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760mmHg), encontram-se nos estado gasoso, tais como: oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, dióxido de carbono, enxofre. São moléculas gasosas livres, que ocupam a totalidade do recipiente que as contém. Só podem ser liquefeitas ou solidificadas mediante a combinação de uma elevada pressão e de uma temperatura reduzida. Exemplo: Monóxido de Carbono (CO) – gás incolor, sem cheiro e age como asfixiante químico. Tem a propriedade de formar um composto estável com a hemoglobina do sangue (carboxihemoglobina), quando inalado por via respiratória, ingressando na corrente sangüínea da mesma maneira que o oxigênio. Dessa forma impede as células de aproveitarem o oxigênio, o que resulta em asfixia.

3.2. VAPORES

Fase de uma substância que, em condições normais, encontra-se no estado sólido ou líquido. São formados a partir da evaporação de líquidos ou sólidos a temperatura ambiente ou quando aquecidos. Exemplos: álcool; gasolina; éter; mercúrio metálico. ORGÂNICOS: benzeno, formoldeído, nonano hidrogenado, tetracloreto de carbono, tetracloroetileno, tolueno, tricloroetileno, xileno. INORGÂNICOS: ácido clorídico, ácido sulfúrico e hidróxido de sódio.

3.3. P RINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE OS GASES E VAPORE S

Vapores são dispersões de moléculas no ar, que ao contrário dos gases, podem condensar-se para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Uma outra diferença importante é que os vapores em recintos fechados podem alcançar uma concentração máxima no ar, que não é ultrapassada, chamada de saturação. Os gases, por outro lado, podem chegar a deslocar totalmente o ar de um recinto.

3.4. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE OS GASES / VAPORES E OS AERODISPERSÓIDES

Os gases não sedimentam nem se agormeram, chegando sua divisão ao nível molecular, permanecendo, portanto, intimamente misturados com o ar sem separar-se por si mesmo. É importante frisar no entanto que para a Higiene Ocupacional não se torna importante distinguirmos os gases dos vapores, pois nos interessa as pequenas concentrações, sendo assim difícil de distingui-los nestas concentrações.

4. ESTUDO DE ALGUNS AGENTES QUÍMICOS

4.1. ARSÊNICO (As)

Encontrado natualmente no solo e na água ou como poluente ambiental. Encontra-se na atmosfera originado da queima do carvão e de atividades industriais. Arsênico e seus derivados são utilizados como inseticidas, herbicidas, preservativos de madeiras, aditivos para óleos lubrificantes, na fabricação de tintas, entre outros. As exposições ao arsênico, normalmente, ocorrem por partículas aerodispersas, que além de serem parcialmente absorvidas através da via respiratória, são introduzidas pelo trato gastrointestinal após a depuração mucociliar. Uma vez absorvido, o arsênico distribui-se na fração eritrocitária, já que não se liga firmemente às proteínas séricas, sendo então, rapidamente, removido do sangue e, amplamante, distribuído aos tecidos do organismo. Os efeitos do arsênico no organismo envolvem principalmente os sistemas respiratório, cardiovascular, nervoso e hematopoiético. No sistema respiratório pode ocorrer irritação da mucosa nasal, laringe e brônquios e a exposição prolongada pode ainda levar à perfuração do septo nasal e rouquidão característica, pode-se também ocorrer insuficiência pulmonar, traqueobronquite, tosse crônica e fibrose intersticial difusa. Já no sistema cardiovascular podem ocorrer alterações no ECG, lesões vasculares periféricas e, em casos especiais, gragrena (morte de parte do corpo; necrose). Sistema Nervoso: alterações sensoriais e polineuropatias. Sistema Hematopoiético: leucopenia, hepáticos, carcinogênicos (câncer de pele e brônquios), hiperpigmentação.

4.2. CHUMBRO (Pb) Substância tóxica que se acumula nos ossos, cérebro, glândulas e cabelo, podendo atacar os rins, fígado, coração e sistema nervoso. Normalmente absorvido por ingestão ou via respiratória. A Resolução MPAS 15, de 03/02/00, aprovou Norma Técnica sobre o Saturnismo reconhecendo-o como doença profissional. Utilizado na fabricação de bateriais automotivas, tintas e pigmentos, PVC e outros tipos plásticos de revestimentos, cabos elétricos, soldas de componentes eletro-eletrônicos, reformas de radiadores, fundições de metais não ferrosos, etc. Gestantes com taxas elevadas podem gerar crianças com problemas intelectuais e comportamentais.

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4.3. MERCÚRIO (Hg) É o metal mais tóxico, não essencial e de efeito cumulativo. Encontrado no solo, água, alimentos, mariscos, fungicidas, pesticidas, amálgama dos dentistas, detergentes, cosméticos, látex, medicamentos (diuréticos mercuriais e mercúrio-cromo), conservantes de madeira, solventes, plásticos, tintas, etc. O metal se fixa no cérebro, produzindo insônia, tonturas, fadigas, fraqueza geral, depressão, perda de memória, reações alérgicas, asma brônquica, dermatite, perda de cabelo, em doses altas pode ocasionar paralisia e cegueira.

4.4. BENZENO Composto orgânico formado por 6 átomos de carbono e 6 de hidrogênio (C6H6); trata-se de um líquido incolor, de odor aromático forte (referido a agradável, ou desagradável, pela presença de tiofeno) e perceptível para 3.500 ppm, sendo muito volátil e inflamável. As principais vias de absorção são a respiratória e a cutânea. 30% do benzeno inalado é imediatamente exalado pela expiração e o restante se distribui no organismo. As fontes de produção no Brasil estão concentradas na petroquímica e refino de petróleo: 95%, destilação fracionada de óleos leves de alcatrão: 5%. Já os maiores consumidores são as destilarias de álcool anidro. O benzeno interfere na síntese do DNA. As empresas que utilizam benzeno em atividades, desde que não sejam proibidas, conforme item 3 do Anexo 13 A, da NR-15, devem obrigatoriamente elaborarem um Programa de Exposição Ocupacional ao Benzeno – PPEOB.

4.5. CÁDMIO (cd) É usado em plásticos e baterias de níquel-cádmio, pode ser encontrado nas industrias de fertilizantes, fungicidas, pesticidas, cigarro, etc. É absorvido pela via respiratória por meio de aerossóis, poeiras e fumos de cádmio; e pelo trato gastrointestinal a partir de mãos contaminadas e da depuração de partículas depositadas na via respiratória. Os fumantes apresentam alto nível de cádmio. A fumaça do cigarro que atinge os não fumantes também contém cádmio e é prejudicial. O cádmio no organismo de deposita e toma o lugar do zinco, mineral essencial, no fígado e rins. Podem causar hipertensão arterial, anemia, dores articulares, perda de cabelo, pele escamosa, perda de apetite e sensação alterada do olfato. Afetam o sistema imunológico por redução de céluas T, favorecendo o surgimento de doenças renais, lesões de fígado, enfisema pulmonar, câncer e, de um modo geral, redução da sobrevida.

5. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

A FUNDACENTRO classifica as substâncias químicas em sete grupos, em função da ação nociva ao organismo do trabalhador: GRUPO I – SUBSTÂNCIAS DE AÇÃO GENERALIZADA SOBRE O ORGANISMO, cujos efeitos dependem da quantidade absorvida, estado em sua maioria representados no Quadro 1, do Anexo 11 da NR 15, aos quais se aplica o limite de tolerância média ponderada. Exemplo: cloro, chumbo, dióxido de carbono, monóxido de carbono e nitroetano. GRUPO II – SUBSTÂNCIAS DE AÇÃO GENERALIZADA SOBRE O ORGANISMO, podendo ser absorvida, também, por VIA CUTÂNEA: GRUPO III – SUBSTÂNCIAS DE EFEITOS EXTREMAMENTE RÁPIDOS: agentes químicos que têm indicado Valor Teto – VT, exemplos: ácido clorídico e formaldeído. GRUPO IV - SUBSTÂNCIAS DE EFEITOS EXTREMAMENTE RÁPIDOS PODENDO SER ABSORVIDAS TAMBÉM VIA CUTÂNEA: há apenas quatro substância conhecidas: álcool n-butílico, m-butilamona, monoetil hidrazina e sulfato de dimetila, as quais, além de VT, podem ser absorvidas pela pele GRUPO V – ASFIXIANTES SIMPLES: alguns gases de altas concentrações no ar, atuam no sentido de tirar o oxigênio do ar, sem provocar efeitos fisiológicos importantes, tais como: acetileno, argônio, hélio, hidrogênio, metano. GRUPO VI – POEIRAS: NR15 prevê 3 agentes: asbestos(amianto),manganês e seus compostos e sílica.

6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

���� Portaria 3.214/78 do MTE – NR-15 – Anexo 11 (Agentes Químicos); Anexo 12 (Poeiras Minerais); Anexo 13 (Agentes Químicos Insalubres Através de Inspeção);

���� Portaria 25/94 do MTE – NR-09 – no seu item 9.3.5.1 prevê a utilização de outra referências nos casos de inexistência de LT na NR-15: “...b) quando os resultados das avaliações quantitativas das exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores de limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos”;

���� Decreto 157, de 02/07/91, que promulga a Convenção 139 da OIT, sobre Prevenção e Controle de Riscos Profissionais Causados pelas Substâncias ou Agentes Cancerígenos;

���� Manual da ACGIH.

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7. AVALIAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS Avaliação Quantitativa: método de amostragem instantânea de leitura direta ou não.

7.1. UNIDADES

���� p.p.m – partes de vapor ou gás por milhão de partes de ar contaminado; ���� mg/m3 – miligramas por metro cúbico de ar. TRANSFORMAÇÃO DE UMA UNIDADE PARA OUTRA Valor em mg/m3 = ((Valor em ppm)x(peso molecular da substância em gramas)) / ( 24,45 ), onde 24,45 corresponde ao volume molar em litros (760mmHg e 25ºC)

7.2. LIMITES DE TOLERÂNCIA – LT São válidos para absorção apenas por via respiratória. Os LT não são linhas divisórias entre segurança e perigo. Foram desenvolvidos para a prática da Higiene Ocupacional como guia de orientação. Os LT estabelecidos na NR 15 – Anexo 11, foram adaptados dos TLV da ACGIH, de 1978, da jornada de trabalho americana de 40h/semana, para a jornada de trabalho brasileira da época, que era de 48h/semana, haja vista que a Constituição Federal de 1988 alterou para 44h/semana. Sempre existiu uma dúvida sobre a validade de se utilizar os valores de TLV da ACGIH, no entanto a última redação da NR-09, item 9.3.5.1 prevê a utilização dos valores da ACGIH ou aqueles estabelecidos em convenção coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que o critério técnico-legal estabelecido. A ACGIH considera o LT de 10 mg/m3 para 8h/dia e 40 h/semana para todas as poeiras não classificadas especificamente, por exemplo, poeiras vegetais (soja, madeira, tabaco, etc). EXEMPLO DE LT PARA FUMOS DE SOLDA

SUBSTÂNCIA LT (Brasil) (mg/m3) TLV (ACGIH) (mg/m3) Fumos de solda não especificado 5,0

7.2.1. DETERMINAÇÃO DOS LT

É importante salientar que os valores dos LT ou TLV dos diversos produtos químicos podem sofrer variações com o passar dos anos (novos estudos, etc), por exemplo, a substância 1,3 butadieno tem atualmente LT de 2 ppm, quando no passado era de 100 ppm. Os LT são valores de referência, tolerados como admissíveis, no entanto para determinação destes valores são utilizados os seguintes métodos: ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO: principal método para correlacionar a exposição aos agentes químicos com os efeitos produzidos sobre os trabalhadores, é necessário muito tempo para se obter dados mais confiáveis (15 a 20 anos); ANALOGIA QUÍMICA: método de extrapolação toxicológica de substâncias permanentes a uma mesma família, porém, o nível de confiança não é satisfatório, pois é sabido que as substâncias podem apresentar respostas toxicológicas diferentes; EXPERIMENTAÇÃO: teste com seres vivos, podendo ser em humanos, resultante de uma exposição acidentental, ou em experiências com animais, principalmente ratos e coelhos, possibilitam determinar o nível de toxidade, porém são difícil as correlações confiáveis entre animais e seres humanos.

7.2.2. CORREÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO Para adequação do TLV da ACGIH acima de 40h/semana há necessidade de se utilizar um fator de correção. Há dois modelos mais utilizados, onde o novo limite de tolerância é corrigido pela seguinte fórmula: LTcorrigido = TLV x Fcd ���� MODELO BRIEF&SCALA: reduz o LT proporcionalmente, considerando o aumento da jornada de

trabalho e o período fora do trabalho, que não existe exposição ao agente. É o método mais usado. correção diária correção semanal Fcd = (8 / hd) x ((24 - hd) / 16) Fcd = (40 / hs) x ((168 - hs) / 128)

���� MODELO OSHA: classificar o agente por categoria de toxidade e efeitos produzidos. correção diária correção semanal Fcd – 8 / hd Fcd = 40 / hs

7.2.3. TIPOS DE LIMITES DE TOLERÂNCIA

A) TLV – TWA (ACGIH)

É a concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada normal de 8 horas diárias e 40 horas semanais, para a maioria dos trabalhadores pode ser repetidamente expostas, dias após dia, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde.

B) TLV – STEL (ACGIH)

É a concentração que os trabalhadores podem estar expostos continuamente por um período curto sem sofrer danos. O STEL não é um limite de exposição independente, e sim um limite suplementar.

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C) TLV – C (VALOR TETO) (ACGIH) É a concentração que não pode ser excedida durante nenhum momento da exposição do trabalhador.

D) ABSORÇÃO PELA PELE (SKIN) Referem-se a substâncias com potencial de exposição via cutânea, incluindo mucosas e os olhos, seja por contato com vapores ou com uma probabilidade mais significante, pelo contato direto da pele. Podem causas irritações, dermatites e sensibilização nos trabalhadores.

É exigido para manipulação dessas substâncias o uso de luvas adequadas, além de EPI necessáio a outras partes do corpo, conforme NR-15, anexo nº 11, item 5.

E) CONCENTRAÇÃO RELATIVA C

CR = ---------------- LT ou TLV

Onde: CR = concentração relativa; C = valor da concentração do particulado obtida por medição; LT ou TLV = corresponde ao limite de tolerância especificado na legislação pertinente.

A interpretação dos valores resultantes da aplicação desse cálculo obedece ao seguinte critério:

VALOR DE CR INTERPRETAÇÃO RELACIONADA À CONCENTRAÇÃO AMBIENTAL DO CONTAMINANTE

CR menor que 1 (< 100%) Concentração abaixo do LT ou TLVc CR superior a 0,5 (50%) Concentração acima do nível de ação CR igual a 1 (= 100%) Concentração igual ao LT ou TLVc CR superior a 1 (> 100%) Concentração acima do LT ou TLVc

F) NÍVEL DE AÇÃO

Definido pelo OSHA como o ponto indicativo da existência de exposição do indivíduo, onde devem ser adotadas medidas de monitoração biológica dos trabalhadores expostos e implantado um programa de avaliação periódica das concentrações ambientais dos contaminantes, pois existe a possibilidade do LT ser ultrapassado em outros momentos ou períodos da jornada de trabalho. Deste modo à implantação das medidas de controle são necessárias para garantir uma proteção efetiva ao trabalhador.

LT ou TLV NA = ----------------------

2

G) DOSE

Termo usado para especificar a quantidade de substância química administrada a um organismo vivo. A exposição é função da dose ou concentração do agente químico envolvido e do tempo de interação com o organismo. Para substâncias altamente tóxicas a exposição tolerável deverá encontrar-se próxima a um valor nulo. CURVA DE GAUSS: curva plana, em sistemas de coordenadas cartesianas ortogonais, uma exponencial com expoente qudrático negativo. Calcula-se a partir de observações de mortalidade após a exposição a doses relacionadas da substância em teste. Usa-se esta curva para cálculo da dose letal 50% (DL50) ou concentração letal 50% (CL50). DL50 e CL50: indicam a dose única ou concentração de um agente químico, que pode causar a morte de 50% de uma determinada população de orgnismos em exposições experimentais.

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VALOR MÁXIMO

LT

CONCENTRAÇÃO

7.3. FATOR DESVIO – FD As oscilações dos LT devem respeitar um valor máximo que não posso ser ultrapassado. Este valor máximo é obtido através da aplicação de um FD, conforme a fórmula a seguir: Valor máximo = LT x FD Determinação do FD: 0 < L.T. < ou = 1 (ppm ou mg/m3) � FD = 3 1 < L.T. < ou = 10 (ppm ou mg/m3) � FD = 2 10 < L.T. < ou = 100 (ppm ou mg/m3) � FD = 1,5 100 < L.T. < ou = 1000 (ppm ou mg/m3) � FD = 1,25 1000 < L.T. � FD = 1,1

7.4. METODOLOGIA A metodologia normalmente é específica para cada produto químico e por ser, a legislação brasileira, omissa, utilizamos normalmente o modelo preconizado pela a NIOSH. Segue abaixo alguns exemplos de métodos utilizados.

7.4.1. VAPORES ORGÂNICOS Utiliza-se a técnica de adsorsão em meio sólido, constituído por monitor passivo, como o OVM 3500 fabricado pela 3M. O monitor passivo deve ser instalado junto à lapela do trabalhador, dentro da zona respiratória do mesmo e com tempo de amostragem significativo da exposição, ou seja, durante todo o período da operação envolvendo o contato com o produto em estudo. Os métodos são descritos pelo NIOSH sob a responsabilidade de laboratório técnico credenciado. Os valores de concentração absolutos

estão expressos em mg/m3 de ar.

7.4.2. VAPORES ÁCIDOS

Utilizam-se tubos de sílica gel, devidamente acondicionado em suporte plástico apropriado. O tubo de sílica gel e o suporte plástico constituem a chamada cabeça de amostragem a qual deve ser posicionada na altura da zona respiratória do trabalhador, em regime de amostragem pessoal, o amostrador deve ser conectado a uma bomba de baixa vazão operando na faixa de 500 ml/min com volume de ar total correspondente a 100 litros conforme prescreve o método NIOSH 7903.

7.4.3. VAPORES DE FORMOLDEIDO Utiliza-se a técnica de adsorsão em meio sólido, constituído por monitor passivo, a exemplo o do tipo OVM 3721 fabricado pela 3M do Brasil.

7.4.4. HIDRÓXIDO DE SÓDIO

Utilizam-se filtros PTFE montado em cassete 37 mm. O amostrador deve ser conectado a uma bomba gravimétrica operando a uma vazão de 3 l/min e deve ser coletado um volume de ar total equivalente 150 litros conforme prescreve o método analítico empregado.

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7.4.5. POEIRA DE ALGODÃO Utiliza-se o método analítico gravimétrico para determinação da massa de particulado, expresso em miligramas (mg) no qual utilizamos uma balança analítica, com sensibilidade de 0,01 mg. Para retenção do particulado em suspensão utilizamos filtros-membrana de PVC com 37mm de diâmetro e 0,5 µm de porosidade. O filtro previamente tratado e submetido a análise gravimétrica deve ser montado sobre suporte de celulose, e ambos acondicionados em porta-filtro confeccionado em poliestireno. Desse modo o meio coletor é composto de uma membrana filtrante em PVC, suporte de celulose (PAD) e porta filtro duas peças, 37 mm de diâmetro, montado e adaptado ao seletor de partículas, constituindo o que chamamos de cabeça de amostragem a qual é posicionada na altura da zona respiratória dos trabalhadores, tudo em conformidade com a metodologia específica. Para coletar a fração respirável de poeira de algodão em suspensão nos ambientes em estudo, utilizamos um seletor de partículas denominado “ELUTRIADOR VERTICAL”. Este método é recomendado pela ACGIH e pelo OSHA ambos citados em toda a literatura especializada.

7.5. EQUIPAMENTOS TÉCNICOS UTILIZADOS

7.5.1. PARA POEIRA DE ALGODÃO CALIBRADOR BIOS ELUTRIADOR VERTICAL

7.5.2. PARA AGENTES QUÍMICOS

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7.6. MEDIDAS DE CONTROLE

7.6.1. DIFERENÇAS ENTRE ABSORÇÃO E ADSORÇÃO ABSORÇÃO: ação de embeber substância gasosa ou líquida a um sólido; ADSORÇÃO: agregação de substância gasosa ou líquida à superfície de um sólido.

7.6.2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC Nos locais de armazenamento devem constar a FISPQ de cada produto químico, mas como regra geral podemos citar boa ventilação, regras de incompatibilidade e acesso restritro devem ser bem observadas. Um sistema de combate a emergências, normalmente composto de chuveiro e lava olhos de emergência; equipamentos autônomos de ar respirável, além de extintores e outros sistemas são importantes. Segue abaixo alguns exemplos mais específicos.

7.6.3. MEDIDAS DE CONTROLE PARA AERODISPERSÓIDES SISTEMA DE VENTILAÇÃO GERAL

(1) Sala de Produção(2) Grelha de sucção do ar sujo(3) Galeria do sistem a de sucção do ar sujo(4) Filtro m ecânico rotativo(5) Lavador de ar e trocador de calor(6) Misturador(7) Duto de insulflação de ar lim po e refrigerado na sala(8) D ifusores do sistem a de insulflação(9) Filtros do sistem a de lim peza do filtro rotativo

(4)

(5)

(3)

(1)

(6)(7)

(2)

(8)

(9)

entrada de ar lim po e refrigerado

sucção do ar sujo

SISTEMA DE VENTILAÇÃO EXAUSTORA LOCALIZADO

7.6.4. MEDIDAS DE CONTROLE PARA FUMOS METÁLICOS Captar o contaminante na sua fonte de dispersão e retirá-lo do meio ambiente de trabalho.Sistema de exaustão localizado, denominado de chama aspirada e constituído por um aspirador dotado de sistema filtrante e tromba ligada a um captor móvel. Esse sistema é portátil podendo ser deslocado para qualquer local onde se faça necessário a execução de soldas. Seu funcionamento contribui para a redução ainda maior das concentrações de fumos de solda no ambiente durante a execução das operações. ASPIRADOR PARA PONTO FIXO ASPIRADOR MÓVEL PARA SOLDA

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7.6.5. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Para manuseio de produtos químicos é sempre recomendável os seguintes EPI: � creme de proteção para pele – dica: utilizar o do tipo 3; � luvas impermeáveis, que podem ser complementadas por creme de proteção para a pele; � avental impermeável; � óculos de segurança com proteção contra respingos; � calçado de segurança impermeável. Os trabalhadores que mantém contato com os produtos deverão estar inclusos no PCMSO, tendo em vista a necessidade de monitorização biológica.

7.6.6. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA – EPR

Escolher um EPR é uma tarefa muito complexa e requer bastante conhecimento técnico.

A) FATOR DE PROTEÇÃO REQUERIDO – FPr A I.N. Nº 01/94 do M.T.E. traz todos os requesitos para determinação do protetor respiratório e o fator de proteção requerido. • Concentração Obtida FPr = ---------------------------- Limite de Tolerância EPR = 2 x FPr

B) COMO DEFINIR UM PROTETOR RESPIRATÓRIO : concentração e tipo do agente; conforto; eficiência do EPR; teste de Selagem – adaptação ao rosto do usuário.

C) TIPO DE PROTEÇÃO OFERECIDA: os diversos tipos protegem contra poeiras e névoas, fumos,

radionuclídeos, vapores orgânicos ou gases ácidos, gases de produtos químicos.

D) TIPOS DE EPR: respirador purificador de ar: semi-facial ou facial, respirador de adução de ar, equipamento de respiração autônoma, respirador de fuga.

E) TIPOS DE FILTROS PARA RESPIRADORES COM CARTUCHOS

FILTROS MECÂNICOS : TIPO P1 � 80% de retenção; TIPO P2 � 94% de retenção; TIPO P3 � 99,95% de retenção. FILTROS QUÍMICOS : CLASSE 1 � para concentrações até 1.000 ppm; CLASSE 2 � para concentrações até 5.000 ppm.

F) CUIDADOS COM O EPR: não suje; não deixe exposto no ambiente com contaminante; se tiver que

manuseá-lo com as mãos sujas, pegue-o pela parte externa; ao final do trabalho ou nos intervalos de descanso, guarde-o num saco plástico e em lugar apropriado (gaveta, armário, etc).

G) MOMENTO DA TROCA: dificuldades na respiração; cheiro ou gosto do produto.

H) CUIDADOS NO USO: a barba impede o ajuste e selagem adequados do protetor respiratório, facilitando a

passagem dos contaminantes pelas frestas laterais. 7.7. EFEITOS AO ORGANISMO

Os agentes ambientais citados podem causar efeitos aditivos sobre o mesmo sistema orgânico. Um cuidado especial deve-se ter alguns produtos químicos, principalmente alguns gases, cuja concentração pode trazer um risco iminente a vida.

7.7.1. CONSUMO DE AR DE UMA PESSOA O consumo de ar varia de pessoa para pessoa, principalmente devido ao seu esforço físico:

atividade volume respiratório (litros / minuto)

consumo de O 2 (litros / minuto)

Descansando (sentado) 8 – 10 0,3 – 0,4 Andando (com equipamento) 15 – 26 0,6 – 0,9 Passo acelerado (com equipamento) 20 – 30 0,9 – 1,3 Trabalho médio (sem descanso) 30 – 40 1,3 – 1,8 Trabalho pesado (não contínuo) 40 – 50 1,8 – 2,3 Esforço máximo (por tempo limitado) 60 – 90 2,7 – 4,0

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7.7.2. EXAMES MÉDICOS Para os trabalhadores sujeitos a pneumoconioses deve-se realizar periodicamente, conforme definido no PCMSO, a prova de função pulmonar (espirometria) e a teleradiografia do tóraz, conforme padrão determinado pela OIT (OIT 1980). Ver também a OS 609/98 do INSS, parte III, que faz recomendação sobre exames complementares para fins de caracterização da pneumoconiose. DIAGNÓSTICO DAS INTOXICAÇÕES METÁLICAS ANÁLISE DO CABELO: o cabelo é um tecido não metabólico, representando uma via de excreção em que o elemento excretado fica armazenado. É o melhor método de triagem e guarda boa relação com o teor orgânico dos metais ditos “alienígeos” (chumbo, mercúrio, alumínio e cádmio); ANÁLISE SANGÜÍNEA: o sangue por ser um compartimento de trocas, reflete apenas valores momentâneos; ANÁLISE DA URINA: teste de excreção induzida pela administração de EDTA (ácido etilenodiaminotetracético).

7.7.3. AGENTE TÓXICO Produto químico capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando seriamente sua função e conduizindo-o à morte, conforme determinadas condições de exposição. VENENO: altera ou destrói as funções vitais do organismo. Termo usado especificamente para designar substância proveniente de animais: cobras, abelhas, etc. DROGA: substância capaz de modificar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intenção no organismo receptor. FÁRMOCO: difere de droga, pois seu uso é em benefício do organismo receptor. ANTÍDOTO: agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias. XENOBIÓTICO: termo usado para indicar substâncias químicas estranhas ao organismo.

A) TOXICOLOGIA : é a ciência que se dedica ao estudo dos efeitos nocivos decorrentes das interações de

substâncias químicas com o organismo. B) TOXIDADE : é a capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em

organismos vivos. C) INTOXICAÇÃO : processo patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas e caracterizado por

desequilíbrio fisiológico, em conseqüência das alterações bioquímicas que causa no organismo. No caso dos medicamentos, por exemplo, estes possuem, em menor ou maior grau, propriedades tóxicas, podendo provocar efeitos adversos, sendo a dose ministrada um dos fatores que determinam a intoxicação.

7.7.4. CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DOS GASES E VAPORE S

Embora uma substância possa apresentar simultaneamente mais de uma característica, sua classificação decorre da mais nociva.

A) IRRITANTES

Substâncias que produzem inflamação nos tecidos vivos, quando entram em contato direto, podendo ser subdivididas em primárias e secundárias. Existe uma grande variedade de substâncias irritantes, no entanto todos têm uma caracaterística em comum, produzem inflamação nos tecidos com que entram em contato direto, tais como a pele, a conjutiva ocular e as vias respiratórias. A inflamação é produzida somente nos tecidos epiteliais, manifestado-se, por coagulação, desidratação, hidrólise, etc. O ponto de ação destas substâncias e determinada, principalmente, pela solubilidade, pois os mais solúveis trazem irritação no nariz e garganta, já os menos solúveis exercem maior efeito sobre o pulmão, pois são onde vão se solubilizar. É por isso que as substâncias irritantes fazem maior efeito nostecidos úmidos e nas partes molhadas pela transpiração. Podemos separar os irritantes em: IRRITANTES PRIMÁRIOS: substância que concentram sua ação irritante sobre: - vias respiratórias superiores – substâncias de alta solubilidade

. ácidos fortes, tais como, clorídrico(HCl) e sulfúrico(H2SO4);

. álcalis fortes, tais como, amônia(NH3) e soda cáustica(NaOH); e formaldeído. - brônquios – substâncias de solubilidade moderada

. anidrido sulfuroso(SO2) e cloro(Cl2) - pulmões, alcançando até os alvéolos pulmonares – substância de baixa solubilidade

. ozônio (O3), óxidos nitrosos (NO2, N2O4) e fosfogênio IRRITANTES SECUNDÁRIOS: substâncias que possuem efeito irritante e têm uma ação tóxica generalizada sobre o organismo, exemplo: gás sulfídrico (H2S)

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B) ASFIXIANTES : dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e morte. Ex.: hidrogênio, nitrogênio, hélio, acetileno, metano, dióxido e monóxido carbono, etc.

C) ANESTÉSICOS: substâncias que, devido à sua ação depressiva sobre o sistema nervoso, apresentam

efeitos anestégicos; algumas delas passam para a corrente sanguínea e, a partir daí, para os outros órgãos internos, podem causar danos a diversos órgãos e ao sistema formador do sangue. Podem penetrar através da pele. São considerados anestégicos a maioria dos solventes orgânicos (álcool, thinner, acetona, etc), apesar destas substâncias também serem irritantes, mas seu principal efeito sobre o organismo é o anestégico. Podemos classificar as saubstâncias anestégicas em:

ANESTÉGICO PRIMÁRIO: não produz outro efeito além da anestegia (aldeídos, cetonas, ésteres e os hidrocarbonetos alifáticos – butano propano, eteno e outros) ANESTÉGICO DE EFEITO SOBRE AS VÍCERAS: podem ocasionar danos ao fígado e aos rins (hidrocarbonetos clorados – tricloroetileno, tetracloreto de carbono e percloroetileno) ANESTÉGICO DE AÇÃO SOBRE O SISTEMA FORMADOR DO SANGUE: substância que se acumulam, preferencialmente, nos tecidos graxos, medula óssea e sistema nervoso (benzeno, tolueno, xileno). Vale salientar que o benzeno é a mais nociva, podendo causar anemia, leucemia e câncer. ANESTÉGICO DE AÇÃO SOBRE O SISTEMA NERVOS: substância que devido a alta solubilidade em água, apresentam eliminação lenta do organismo (álcool etílico e metílico). ANESTÉGICO DE AÇÃO SOBRE O SANGUE E SISTEMA CIRCULATÓRIO: podem alterar a hemoglobina do sangue (nitrotolueno, nitrito de etila, nitrobenzeno e anilina).

7.7.5. PNEUMOCONIOSES

Termo criado por Zenker, em 1866, para designar grupo de doenças que se originam de exposição a poeiras fibrosantes (em 1971, este termo foi redefinido como sendo “o acúmulo de poeiras nos pulmões e a reação tecidual à sua presença”). Exposição prolongada e continua em a ambiente sem controle adequado, podem provocar deversos tipos de pneumoconioses. ���� SILICOSE: doença pulmonar causada pela inalação de sílica-livre (sílica cristalina ou quartzo) (é um

composto unitário de SiO2 – dióxido de silício – com um átomo de oxigênio nas pontas de um tetraedo; é nociva para o macrófago alveolar devido as suas propriedades de superfície que levam à lise celular) e sua ação tecidual de carater fibrogênica. Ela se manifestar principalmente na região alveolar. Encontrada nas indústrias que trabalham com cerâmica, minerações, pedreiras e metalúrgicas. É causada pelas partículas da sílica, provocando uma redução na capacidade de respiração. A silicose pode levar a morte em dez anos, já a silicose aguda em apenas um ano.

���� ASBESTOSE : causada pelas partículas do asbesto crisotila (amianto), provocando redução na capacidade de transferência de oxigênio para o sangue, além de câncer no pulmão.

���� ANTRACOSE : também chamada de PTC – Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão, é causada pelo acúmulo de partículas de carvão nos pulmões. Há alguns tipos de carvão, sendo o antracitoso o que possui elevado conteúdo de carvão, comparado com o betuminoso, que é mais comum nas minas da região sul do Brasil, provocando a tuberculose “doença do pulmão preto” ou “doenças dos mineiros”.

���� BAGAÇOSE : provocada pelo bagaço de cana. ���� BISSINOSE: encontrada nas indústrias têxteis, causada pelas micropartículas de algodão. Redução na

capacidade de respiração, febre e tose freqüentes. Atua na região do trato respiratório superior. ���� ASMA OCUPACIONAL : pode ser provocada a partir da sensibilização do trato respiratório pela

presença de partículado em suspensão no ar. Quando inalado provoca uma sensibilização ou reação alérgica provocando o aparecimento de sintomas característicos de obstrução aérea.

���� OUTRAS DOENÇAS : enfizema pulmonar, bronquites, resfriados crônicos, alergias e sinusites podem também ser provocados pela inalação de partículas.

���� PNEUMONIA ALÉRGICA : “doença dos fazendeiros”. Provocada pelas partículas dos cereais (sementes) ou fenos. Causam um tipo de cicatrização nos pulmões, febre, calafrios, tosses, dores musculares e redução na capacidade de respiração.

���� BRONQUITE CRÔNICA: agressão crônica que provoca tosse com catarro durante pelo menos dois anos, com quadro semelhante a de um fumante. Estão expostos os envolvidos nas atividades de extração mineral (amianto, manganês, carvão, ouro e pedreiras) e na indústria de transformação (indústria naval, vidro e atividades com jateamento de areia).

7.7.6. EFEITOS DOS FUMOS METÁLICOS SOBRE O ORGANISM O

Doenças pulmonares, febre dos fumos metálicos, intoxicação específica, conforme metal, etc.

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CAPÍTULO IV AGENTES BIOLÓGICOS

1. INTRODUÇÃO

1.1. DEFINIÇÕES Os agentes biológicos são microorganismos (fungos, bactérias, virdros, bacilos, protozoários, etc), que em contato com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais agentes. É o caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios, etc.

1.2. EXEMPLOS DE ATIVIDADES EXPOSTAS Contato permanente com: ���� pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem como objetos de seu uso, não

previamente esterilizados; ���� esgotos (galerias e tanques); e ���� lixo urbano (coleta e industrialização). ���� hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios aplica-se ao pessoal que tenha contato

com os pacientes; ���� cemitérios (exumação de corpos).

2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A NR-15, Anexo 14, que trata de agentes biológicos, relaciona apenas as atividades, e não, especificamente, os agentes, e utiliza o seguinte termo nos dois grupos: “Trabalho ou operações, em contato permanente com ...”, então relaciona as atividades de cada grupo: INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO Trabalho ou operações, em contato permanente com: - pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como, objetos de seu uso, não previamente esterilizados; - carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose); - esgotos (galerias e tanques); - lixo urbano (coleta e industrialização). INSALUBRIDADE DE GRAU MÉDIO Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infectocontagiante, em: - hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados); - hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com tais animais); - contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos; - laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico); - gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal técnico); - cemitérios (exumação de corpos); - estábulos e cavalariças; - resíduos de animais deteriorados.

3. AVALIAÇÃO Avaliação QUALITATIVA com Laudo de Inspeção realizada no local de trabalho. O adicional de insalubridade, neste caso, assemelha-se, muito mais, aos critérios que norteiam a caracterização da periculosidade: a atividade em si determina o risco, sendo imponderáveis os agentes.

4. MEDIDAS DE CONTROLE ���� Controle Médico permanente, conforme PCMSO; ���� Uso de Equipamentos de Proteção Individual; ���� Higiene rigorosa nos locais de trabalho; ���� Hábitos de higiene pessoal; ���� Uso de roupas adequadas; ���� Vacinações; ���� Treinamentos; ���� Esterilização os equipamentos, como exemplo, utilizando o óxido de etileno e suas misturas, conforme

Portaria Interministerial nº04 do Ministério da Saúde. ���� Sistema de ventilação.

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5. EFEITOS A SAÚDE 5.1. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO

���� via cutânea – através da pele; ���� via digestiva – pela ingestão de alimentos e da própria saliva; ���� via respiratória – pela aspiração de ar contaminado.

5.2. DOENÇAS CAUSADAS PELOS AGENTES BIOLÓGICOS

O contato com os Agentes Biológicos podem causar doenças profissionais provocadas pelos microorganismos entre as quais estão: tuberculose, brucelose, malária, febre amarela, hepatite, poliomielite, herpes, varíola, febre amarela, raiva (hidrofobia), rubéola, AIDS, dengue, meningite, hanseniese, tétano, febre tifóide, pneumonia, difteria, cólera, leptospirose, disenterias, mal de chagas, toxoplasmose, disenterias, alergias, infecções, micoses, etc. Além destas destacamos as dermatites por contato, que embora em sua maioria sejam ocasionadas por agentes químicos (80%), também podem ser ocasionadas por bactérias, fungos e picadas de insetos.

SUGESTÕES DE SITES PARA CONSULTA E TRABALHOS www.mte.gov.br www.mpas.gov.br www.sobes.org.br www.segurancaesaude.com.br www.areaseg.com.br www.fundacentro.gov.br www.inmetro.gov.br www.saude.gov.br www.fiocruz.br www.abgrh.com.br (Associação Brasileira de Gerência de Riscos) www.abho.com.br www.abiex-incendio.com.br (Associação Brasileira das Ind. Equip.Incêndio e Cilindros de Alta Pressão) www.abpa.org.br (Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes) www.abraphiset.com.br (Associação Brasileira dos Profissionais de Higiene e Segurança do Trabalho) www.abraseg.com.br www.ergonet.com.br www.higieneocupacional.com.br www.segbrasil.com.br www.toxnet.com.br

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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho, 19a. edição. São Paulo, 1990. Série: Manuais de Legislação, ATLAS, 16, p. 64-8. ARAÚJO, Giovanni Moaraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas – Rio de Janeiro, Ed.Autor – Giovanni Moraes, 2005, 1689 p. 5ª edição. BOMBEIROS EMERGÊNCIAS. Bombeiros Emergências. Disponível em: <http://www.bombeirosemergencia.com.br>. Acesso entre: junho e agosto de 2006. INTERNATIONAL LABOUR OFFICE GENEVA – ENCICLOPEDIA OF OCCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY. NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH (HIOSH) – THE INDUSTRIAL ENVIRONMENT ITS EVALUATION E CONTROL. OMS, Série Informes Técnicos nº 412 (1969), “Problemas de Salud Relacionados con el Trabajo en Condiciones de Sobrecarga Térmica”. GOELZER, BERENICE – AVALIAÇÃO DA SOBRECARGA TÉRMICA NO AMBIENTE DE TRABALHO - OMS - Traduzido e publicado pela ABPA. GERGES, SAMIR N.Y. Ph.D – CONTROLE DE VIBRAÇÕES E RUÍDO INDUSTRIAL - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ABIQUIM. Anuário da indústria química brasileira. São Paulo: ABIQUIM; 2001 ATLAS. Manuais de legislação – Segurança e Medicina do trabalho. 56ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. BINDER, M.C.P. O uso do Método de Árvore de Causas na investigação de acidentes do trabalho típicos. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.23, n.87/88, p.69-92, nov.1997. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1988. FUNDACENTRO, 1995. 220p. BRASIL. Associação Brasileira da Indústria Química. Anuário da indústria química brasileira. São Paulo: ABIQUIM, 2001. DE CICCO, F.M.G.A.F.; FANTAZZINI, M.L. Introdução à Engenharia de Segurança de Sistemas. São Paulo: Fundacentro, 1985. 103 p. RAMAZZINI, B. As Doenças dos Trabalhadores; tradução de Raimundo Estrela. 3. ed. São Paulo; FUNDACENTRO, 2000. 325p. SAAD, E. G. (org.) Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho. São Paulo, FUNDACENTRO, 1981. ALEXANDRY, F. G. - "O problema do ruído industrial e seu controle" - Fundacentro- Ministério do Trabalho - São Paulo, 1982. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT – várias NBR BRUEL & KJAER - "Architectural Acoustics" - Dinamarca, 1978. BRUEL & KJAER - "Acoustic Noise Measurements" - Dinanarca - 1979. GERGES, S.H.Y. - "Ruído: Fundamentos e Controle" - Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina - 1ª Edição, Florianópolis, 1992. DIVERSOS SITES de segurança e saúde ocupacional.