apostila saberes português redação

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Page 1: Apostila Saberes Português Redação

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RREEDDAAÇÇÃÃOO PPrrooffªª FFááttiimmaa

11.. OORRIIEENNTTAAÇÇÕÕEESS SSOOBBRREE AA RREEDDAAÇÇÃÃOO As propostas solicitam uma dissertação argumentativa, ou seja, um texto em que você exponha seu ponto de vista a respeito de determinado tema, fundamentando sua opinião com argumentos, dados e exemplos que alicercem racionalmente suas idéias. Para isso, deverá recorrer à leitura dos textos apresentados na coletânea, aos seus conhecimentos e às reflexões feitas ao longo de sua formação. Esses são os subsídios necessários para a produção da redação: os valiosos instrumentos de trabalho de que você dispõe. A coletânea apresenta um conjunto de referências e informações, além de diferentes pontos de vista a respeito de um assunto. Por meio de sua análise e interpretação, abrem-se algumas perspectivas de abordagem do tema proposto. Há, portanto, um exercício fundamental implícito no desenvolvimento desse tipo de redação: a leitura, a análise e a

interpretação dos textos da coletânea para estabelecer

relações lógicas entre as afirmações ali contidas e o ponto de

vista que você irá defender. Depois de interpretar e relacionar os fragmentos existe ainda a questão de como aproveitá-los: quais elementos escolher para incorporar à sua dissertação e de que modo usá-los como subsídios para seu texto. Você talvez ache esse trabalho complexo demais, mas, na verdade, a dificuldade aqui é apenas relativa. Imagine-se participando de um debate em que algumas pessoas já tivessem exposto seu ponto de vista a respeito da questão discutida. Ao tomar a palavra, você certamente deveria fazer referência a alguma fala anterior. Na defesa de seus argumentos, seria necessário discordar ou apoiar os outros pontos de vista. No caso da coletânea oferecida, é preciso escolher elementos e fazer algum uso deles. Para isso, você tem várias possibilidades. Veja algumas:

• Use um ponto de vista ou argumento presente em algum dos textos como referência e concorde ou discorde dele (s), justificando suas razões.

• Aproveite um fato-exemplo fornecido pela coletânea para discutir e analisar o tema proposto e dizer o que pensa a respeito.

• Desenvolva seu texto a partir de uma informação ou dado estatístico fornecido. O exame pretende, de um lado, verificar como você articula suas idéias por escrito; e, por outro, avaliar sua capacidade de ler, de entender e de relacionar elementos fornecidos. Assim, é fundamental assumir claramente uma posição diante do tema, apresentar um ponto de vista e defendê-lo com argumentação sólida, que aproveite tanto seu acervo pessoal como os elementos oferecidos pela coletânea. Como trabalhar a coletânea � Ler, interpretar e analisar os fragmentos. � Identificar a possível contribuição de cada fragmento, reconhecendo sua função (fornecer dados, exemplos, uma situação histórica etc.) No texto que você irá produzir. � Estabelecer as relações existentes entre esses fragmentos (semelhança, diferença, complementaridade, causa e conseqüência). � Finalmente, escolher os textos da coletânea que você pode aproveitar em sua redação e como eles serão utilizados.

Comunicação oral e escrita Um aspecto a ser bem esclarecido a quem procura

melhorar seu desempenho em redação é a diferença existente entre a comunicação oral e a escrita.

A língua escrita só surgiu depois de falada e constitui uma tentativa de reproduzi-la. Entretanto, ela não é capaz de representar adequadamente as inúmeras variações de sentido decorrentes das variações de entonação ou as informações suplementares que um simples gesto produz ao acompanhar as palavras. E, não raro, a comunicação entre duas pessoas pode realizar-se apenas por um olhar significativo ou um meneio de cabeça, aspectos dificilmente reproduzidos de modo adequado pela língua escrita. Em vista dessas diferenças de recursos entre a língua oral e a escrita, não devemos pensar em escrever como se fala, pois se trata de dois tipos de comunicação bem distintos. Uma coisa é falar com uma pessoa que está em nossa frente e que, com um simples gesto ou olhar, nos informa que está entendendo tudo; outra bem diferente é escrever, tentando por no papel o que seríamos capazes de falar. Devemos, assim, tomar consciência de que a língua escrita tem suas dificuldades próprias, exigindo treino constante, concentrações e o domínio de um vocabulário relativamente extenso. Elaborar um texto e bem escrito é sempre o resultado de várias tentativas e do esforço em torná-lo cada vez melhor – seja trocando uma palavra por outra, seja reformulando períodos, etc.

Portanto, não se esqueça: um texto escrito sempre pode ser melhorado e não deve tomar como modelo a língua oral. O ato de escrever Nossa atitude diante da redação não deve ser encarada como o preenchimento de um formalismo, ditado por normas oriundas das universidades. Assim, o ato de escrever não deve ser visto meramente como uma tarefa escolar. Ele é muito mais do que isso. Escrever é uma aventura. Uma aventura gostosa que nos faz descobrir que também somos capazes de criar, de emocionar outras pessoas através das palavras. Dificuldades para redigir Muitas vezes, você fica surpreso com as dificuldades que encontra para redigir. Isso poderá trazer-lhe alguns problemas se, por causa dessas dificuldades, você se julgar “incapaz” de desenvolver qualquer trabalho escrito. Psicologicamente, a impressão vai-se acentuando e poderá chegar um momento em que realmente você não conseguirá escrever. Parece, muitas vezes, que as palavras estão presas e que não querem sair. Como você mesmo diz: parece que a cabeça está “cheia de idéias” mas, quando se trata de colocá-las no papel, “não vai”. É isso mesmo. Já os poetas disseram o mesmo que você. “Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro Inquieto, vivo. Ele está cá dentro E não quer sair ”. (Drummond de Andrade) Como você vê, escrever consiste num trabalho nem fácil e fluente, mesmo pra os grandes poetas. Note ainda o que diz um famoso lingüista brasileiro a respeito: “... tantos estudantes psiquicamente normais, que falam bem, e até com exuberância e eloqüência no intercâmbio

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de todos os dias, são desoladores quando se lhes põe um lápis ou uma caneta na mão”. (Mattoso Câmara) Escrever bem Não existe uma fórmula que desenvolva a habilidade de escrever. È preciso, antes de tudo, muito esforço. Além disso, existem caminhos que podem conduzir ao ato de escrever. Entre eles, destacam-se: Leitura O texto nasce do texto. Quem lê adquire vocabulário e estruturas frásicas que usará na produção dos seus próprios textos. Além disso, a leitura, principalmente de obras de ficção, desenvolve o potencial criador da imaginação humana. Quem lê acabará escrevendo bem. A leitura traz o progresso da escrita. Conhecimento gramatical É impossível avaliar positivamente um texto onde faltam acentos, sinais de pontuação e onde há erros de grafia, termos de gíria, impropriedade vocabular, etc. Por isso, convém fazer um rascunho, onde se pode escrever a vontade, reproduzindo as idéias livremente. Depois, passa-se o texto a limpo, tomando o cuidado de fazer as correções, para que a linguagem fique clara, gramaticalmente correta, envolvente. Não se deve esquecer também dos parágrafos. A organização do texto Um planejamento, um projeto que anteceda o ato de escrever propriamente dito é de suma importância, pois faz com que quem escreve organize as idéias e, assim, possa redigir com mais segurança e desembaraço. A originalidade A boa redação deve apresentar idéias originais, diferentes, criativas. Convém evitar aqueles chavões, os clichês, e usar a própria linguagem. Isso você conseguirá se pensar, refletir. Não comece a escreve logo que o professor lhe der o tema da redação. Fluência Escrever é um ato natural; não tenha medo de escrever; faça-o com naturalidade, deixando o texto fluir. Lembre-se de que depois você poderá corrigir eventuais erros. Clareza A clareza reflete um pensamento objetivo. Ela evita que as pessoas expressem idéias ambíguas, que podem gerar confusão ao receptor. Por isso, devemos usar palavras simples, porém corretas, e frases curtas, porém bem estruturadas. A correção e a releitura do texto fazem com que a clareza esteja mais presente. Concisão

A concisão torna o texto mais uniforme e, por isso, mais claro para os receptadores. Ela evita que o escritor caia na prolixidade, isto é, na expressão de vários pensamentos ao mesmo tempo, sem que as idéias fiquem bem objetivas. Para isso, devemos ir direto ao assunto, sem meias voltas e frases supérfluas.

Letra

A preocupação com aspectos estéticos e de organização como linhas plenas, por exemplo, é relevante. Mas, um fator crucial é a legibilidade, e logo, a letra caprichada demonstra, sobretudo, zelo com o que se escreve. Capriche.

22.. DDEESSCCRRIIÇÇÃÃOO,, NNAARRRRAAÇÇÃÃOO EE DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO

DESCRIÇÃO

Descrever é traduzir em palavras, minuciosamente, um determinado objeto e requer alguns fatores básicos, tais como: percepção, análise, classificação.

Exemplo:

“Era uma moça de dezessete anos, delgada sem magreza, estatura um pouco acima de mediana, talhe elegante e atitudes modestas. A face, de um moreno-pêssego, tinha a mesma imperceptível penugem da fruta de que tirava a cor; naquela ocasião tingiam-se uns longes cor-de-rosa, a princípio mais rubros, natural efeito do abalo”.

(Machado de Assis – Helena)

NARRAÇÃO

Caracteriza-se, essencialmente, pela dinâmica, pela ação; apresenta uma seqüência de fatos reais ou imaginários, que se desenvolvem em determinado tempo e lugar.

Exemplo: “O Cacique estava indo de trem para a cidade para assinar um Tratado de Paz com o branco. Lá ele e o seu ajudante-de-ordens do lado. De repente, o Cacique vira-se para o ajudante-de-ordens e diz”: - Ajudante Pomba Roxa, Cacique Touro Sentado tem sede. Busca água. Pomba Roxa pegou o copo, foi ao toalete do vagão, voltou com o copo cheio d’água. Cacique bebeu. Mais meia hora, olha o Cacique de novo: - Ter sede. Pomba Roxa levanta, vai ao reservado, volta com o copo cheio. Meia hora depois, mais sede. Pomba Roxa vai lá, volta com a água. Lá pela sétima vez, Pomba Roxa volta do toalete com o copo vazio. - Que aconteceu? – perguntou Touro Sentado. – Água acabou? - Não – respondeu Pomba Roxa – tem branco sentado no poço!”

(Ziraldo)

DISSERTAÇÃO

É um trabalho reflexivo que consiste, basicamente, em organizar as idéias numa determinada linha de raciocínio.

Destarte, dissertação é o gênero de composição literária pelo qual explanamos, com análise e argumentação, um problema, uma idéia, um fato.

Exemplo e estrutura da redação:

A grande produção de armas nucleares, com seu incrível

potencial destrutivo, criou uma situação ímpar na história da humanidade: pela primeira vez, os homens têm nas mãos o poder de extinguir totalmente a sua própria raça da face do planeta.

A capacidade de destruição de novas armas é tão grande que, se fossem usadas num conflito mundial, as conseqüências de apenas algumas explosões seriam tão extensas que haveria forte possibilidade de se chegar ao aniquilamento total da espécie humana. Não haveria como sobreviver a um conflito dessa natureza, pois todas as regiões seriam rapidamente atingidas pelos efeitos mortíferos das explosões.

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Só resta, pois, ao homem uma saída: mudar essa situação desistindo da corrida armamentista e desviando para fins pacíficos os imensos recursos econômicos envolvidos nessa empreitada suicida. Ou os homens aprendem a conviver em paz, em escala mundial, ou simplesmente não haverá mais convivência de espécie alguma, daqui a algum tempo.

(Texto adaptado do artigo “Paz e corrida armamentista”. O Correio da Unesco, março 1983, ano2, n. 3, p.6) (Douglas

Tufano)

Agora observe a função dos parágrafos na estruturação do texto.

Introdução (apresentação do tema)

O desenvolvimento científico levou o homem a produzir bombas tão poderosas que pela primeira vez na história existe a possibilidade de destruição de toda a humanidade numa guerra mundial. Desenvolvimento

O autor expõe os argumentos que apóiam sua afirmação inicial, explicando que as conseqüências de explosões de bombas nucleares atingiriam rapidamente todo o planeta e não apenas certas regiões. Por isso, seria impossível sobreviver a um conflito dessa natureza. Conclusão

Com base nesses argumentos, o autor conclui que a paz é a única forma de garantir a sobrevivência da espécie humana, pois no caso de uma guerra mundial, hoje em dia, simplesmente não haveria vencedores.

Observe:

1º parágrafo

Introdução OPINIÃO

2º, 3º e 4º parágrafos

Desenvolvimento FATOS

5º parágrafo

Conclusão ARGUMENTAÇÃO FINAL

QUANDO A IMAGEM È UM TEXTO

Lemos para aprender coisas novas, adquirir conhecimento. E há algo muito importante associado ao

conhecimento: é ele que nos garante liberdade de raciocínio. Se dispormos de informações, se somos capazes de procurá-las quando precisamos, estamos livres para analisar os fatos como julgarmos mais adequado.

Textos escritos não são única fonte importante de informações. Fotografias, desenhos, pinturas e imagens também podem ser lidos e interpretados e nos ajudam a compreender melhor o mundo em que vivemos.

Você já deve ter observado, durante a leitura de jornais e revistas, que há um tipo especial de “texto” cujo sentido é dado pela criação de uma imagem capaz de, ao mesmo tempo, fazer referências a fatos atuais e criticá-los. Estamos nos referindo a charges.

Se você for ao dicionário, encontrará a seguinte definição para charge:

Charge [Do fr.charge.]: desenho humorístico, com ou sem legenda ou balão, geralmente veiculado pela imprensa e tendo por tema algum acontecimento atual, que critica, por meio de caricatura, uma ou mais personagens envolvidas.

Caricatura: desenho de pessoa ou de fato que, pelas deformações obtidas por um traço cheio de exageros, se apresenta como forma de expressão grotesca ou cômica.

Adaptado de Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.

Considerando as definições, pode-se concluir que a

charge é um tipo de texto cuja leitura depende inteiramente de o leitor conhecer o contexto a que ela se refere. Sem tal conhecimento, seu sentido se perde por completo.

Dessa conclusão, podemos extrair a primeira “dica” importante para a leitura das charges: devemos, de imediato, identificar o contexto a que elas fazem Referência. Vamos ver um exemplo:

Nessa charge de Jean, o contexto é evidentemente: ele vai tratar da proposta de aumento do salário mínimo para o equivalente a US$ 100. Essa conclusão é sugerida pelo primeiro “quadro”, onde aparece um pesquisador entrevistando na rua. A pergunta que faz revela o contexto da charge: “O que você acha de um salário mínimo de 100 dólares?”.

Em função das dificuldades econômicas do Brasil, as discussões sobre o valor do salário mínimo são difíceis e o governo sempre propõe um valor muito menor do esperam os trabalhadores. Em fevereiro de 2000 (quando essa charge foi feita), sugeria-se que a referência a ser adotada seria o equivalente a US$ 100. O governo dizia que não teria condições de estabelecer esse valor para o mínimo.

Como a intenção da charge é criar um efeito cômico, Jean resolveu “brincar” com essa conhecida situação. Imaginou que o governo tivesse encomendado uma pesquisa para ouvir a opinião do povo sobre o valor especulado para o mínimo.

Como podemos observar, as três respostas apresentadas são semelhantes: o “povo” julga que o salário mínimo de US$ 100 é insuficiente (“Muito pouco!”, “Não dá pra nada...”, “Miséria!”). O efeito crítico da charge está, nesse caso, na mudança de interpretação das respostas feita pelo pesquisador no último quadro. Ele telefona para o presidente e diz: “Não se preocupe, presidente! O povo é contra!”

Ora, o sentido da fala das pessoas é claríssimo. Todas acham baixo o valor do salário mínimo proposto pelo governo. Em momento algum disseram que “não querem” receber US$ 100. O que elas esperam é que o valor seja maior. O pesquisador usa as respostas, mas inverte seu sentido, como se o povo fosse contra esse valor e aceitasse um menor.

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ATIVIDADES Na charge abaixo, Jean apresenta uma “leitura” crítica de

uma declaração do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Em discurso feito no Rio de Janeiro, no quinto mês do seu primeiro ano de governo, Lula comparou a situação da economia brasileira a uma bicicleta: “É uma bicicleta daquela de apartamento que [sic] você faz ginástica e pedala, pedala e pedala, mas ela continua no mesmo lugar. Precisamos colocar essa bicicleta para andar, até para vermos outras paisagens.”

Analise atentamente essa imagem para responder às questões 1, 2 e 3.

1.Com base na “leitura” da charge, você deve ter percebido que Jean faz uma crítica bastante irônica em relação à comparação feita pelo presidente. Em que consiste essa crítica? Justifique sua resposta com elementos da imagem apresentada.

2. Muitas manchetes de jornal fazem referência à situação da

economia brasileira. Reproduzimos, abaixo, cinco manchetes publicadas, em diferentes momentos, pelo jornal Folha de São

Paulo. Considerando sua resposta anterior, qual delas melhor “traduz” o sentido da charge feita por Jean?

a) Lula promete espetáculo de crescimento (Folha de São

Paulo, 30 de maio de 2003). b) Oferta de crédito não pára de cair no país (Folha de São Paulo, 31 de maio de 2003) c) Era Lula começa com economia estagnada (Folha de São

Paulo, 30 de maio de 2003). d) SP tem desemprego recorde; remédio é ‘surto de

crescimento’, diz o governo (Folha de São Paulo, 29 de maio de 2003).

e) Verba de programas sociais pára na Caixa (Folha de São

Paulo, 28 de maio de 2003). 3. Explique qual a relação entre a imagem e o texto que

responde corretamente à questão anterior.

4. O pintor Portinari representou em seus quadros muitos problemas sociais do Brasil em sua época.

O quadro Café faz uma representação exagerada dos pés e mãos dos trabalhadores. Tal exagero cumpre a função de sugerir que os trabalhadores: a) Ganhavam pouco pelos serviços prestados. b) Usavam muita força física no serviço rural. c) Plantavam e colhiam para seu próprio benefício. d) Eram solidários na divisão do trabalho. Leia a seguinte propaganda para responder as questões 5 e 6

5. Os textos publicitários, normalmente, valem-se de determinadas estratégias para persuadir o interlocutor. O que se pretende divulgar na propaganda acima? 6. A partir de quais recursos os autores da propaganda procuravam convencer o leitor a fazer o que querem? Ambigüidade Ambigüidade (ambi = dualidade) é a duplicidade de sentidos que pode haver em uma palavra, em uma frase ou num texto inteiro. Quando empregada de forma intencional, a ambigüidade se torna um importante recurso de expressão. Quando, porém, é resultado da má organização das idéias, ou emprego inadequado de certas palavras, ou ainda de inadequação do texto ao contexto discursivo, ela pode gerar problemas para a comunicação. A ambigüidade como recurso de construção A ambigüidade é freqüentemente utilizada como recurso de expressão em textos poéticos, publicitários e humorísticos, em quadrinhos e anedotas. Textos como esses fazem uso da ambigüidade como recurso para se comunicar com o leitor de forma mais direta, descontraída e divertida.

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A ambigüidade como problema de construção Imagine que uma pessoa relate por escrito a violência ocorrida numa partida de futebol da seguinte forma: Durante o jogo, Lúcio deu várias caneladas em Guilherme. Depois entrou o Marcelo no jogo e ele levou empurrões e pontapés. Se o leitor do texto não assistiu à partida, terá dificuldade para compreender o texto e a intenção comunicativa do narrador, pois o texto é ambíguo. Afinal, quem levou empurrões e pontapés? Marcelo, que entrara no jogo por último? E, no caso, quem o teria agredido? Ou foi Lúcio, que antes agredia Guilherme e, depois da entrada de Marcelo, passou a ser agredido por este? Se o leitor tivesse assistido ao jogo, certamente essa ambigüidade se dissiparia. E a intenção comunicativa do texto seria outra. Em vez de informar, esse texto provavelmente teria como finalidade comentar. Diferentemente da linguagem oral, que conta com certos recursos para tornar o sentido preciso – os gestos, a expressão corporal ou facial, a repetição, etc. -, a linguagem escrita conta apenas com as palavras. Por isso, temos de empregá-las adequadamente se desejarmos clareza e precisão nos textos que produzimos. ATIVIDADES 1) No trecho que se segue há uma passagem estruturalmente ambígua (isto é, uma passagem que poderia ser interpretada de duas maneiras, se ignorássemos o que é geralmente pressuposto sobre a vida de Kennedy). Identifique essa passagem, transcreva-a, aponte as duas interpretações possíveis e explique o que torna ambígua do ponto de vista estrutural. “E se os russos atacassem agora?, perguntou certa ocasião [...] Judith Exner, uma das incontáveis amantes de Kennedy, que, simultaneamente, mantinha um caso com o chefão mafioso Sam Giancana. 1) A leitura literal do texto abaixo produz um efeito de humor. “As videolocadoras de São Paulo estão escondendo suas fitas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 91, do juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais. a) Qual a situação engraçada que essa passagem Transcreva a passagem que produz efeito de humor. permite imaginar? b) Reescreva o trecho de forma que impeça tal interpretação. Intertextualidade e paródia Intertextualidade é a relação entre dois textos em que um cita o outro. Compare estas duas estrofes, de dois poemas: Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores

Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! [...]

(Casimiro de Abreu) Fagueira: agradável, amena. Meus oito anos Oh! Que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida De minha infância querida Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de Santo Antonio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais. [...]

(Oswald de Andrade) O 1º texto, de Casimiro de Abreu, foi escrito no século XIX; o 2º texto de Oswald de Andrade foi escrito no século XX. As semelhanças entre os textos são evidentes, pois o assunto deles é o mesmo e há versos inteiros que se repetem. Portanto, o 2º texto cita o 1º, estabelecendo com ele uma relação intertextual.

Observe, porém, que o 2º texto tem uma visão diferente da apresentada pelo 1º. No 1º texto, tudo na infância parece ser perfeito, rodeado por “amor”, “sonhos” e “flores”, já no 2º texto, esses elementos são substituídos por simples “quintal de terra”, um espaço concreto e comum, sem idealização. Além disso, com o verso “sem nenhum laranjais”, Oswald de Andrade ironiza Casimiro de Abreu, como que dizendo: na minha infância também havia bananeiras, mas não havia os tais “laranjais” que o Casimiro cita em seu poema.

Observe que Oswald de Andrade, com seu poema, não apenas cita o poema de Casimiro de Abreu. Ele também critica esse poema, pois considera irreal a visão que Casimiro tem da infância.

Certamente, na opinião de Oswald, infância de verdade, no Brasil, se faz com crianças brincando no quintal de terra, embaixo das bananeiras, e não com crianças sonhando embaixo de laranjais. Esse tipo de intertextualidade existente entre os dois textos é chamado paródia.

Paródia é um tipo de relação intertextual em que um dos

textos cita o outro com o objetivo de fazer-lhe uma critica ou inverter ou distorcer suas idéias.

����Anotações

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Leia o anúncio abaixo e respondas as questões:

(Claudia, jul. l998.)

1. Observe a figura central do anúncio: a roupa, os cabelos, o meio-sorriso da pessoa fotografada e o cenário de fundo. Por esse conjunto de elementos, notamos que não se trata de um anúncio comum, pois há nele a voz de outro texto bastante conhecido. Que texto é esse? 2. Fazendo o cruzamento entre a parte verbal e parte visual do texto, notamos que há entre duas linguagens um ponto em comum, que as aproxima e amplia o sentido de cada uma. Qual é ele? 3. Ao lançar mão da polifonia discursiva como meio de promover seu produto, o anunciante pode correr alguns riscos, pois o leitor pode não conhecer a obra de Leonardo da Vinci. a) Levando em conta que o produto é um amaciante de roupas (portanto algo refinado, que nem todos utilizam) e que o anúncio foi publicado numa revista de público predominantemente feminino e de classe média, é provável que a maior parte dos leitores perceba a polifonia ou não? Por quê? b) Quantos leitores não conhecem Da Vinci, eles poderiam, mesmo assim, ser atingidos pelo apelo do anúncio, de modo que seu objetivo principal – promover o produto – fosse alcançado? Por quê? c) E se nesse caso, o texto como um todo ainda pode ser considerado coerente?

4. Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Leia os seguintes textos:

Texto I Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida Carlos Drummond de Andrade.

Texto 2

Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim e decretou que eu tava predestinado

A ser errado sim Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim. Chico Buarque.

Texto 3

Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira. Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada. Adélia Prado

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por:

a) Reiteração de imagens. b) Oposição de idéias. c) Falta de criatividade. d) Negação dos versos e) Ausência de recursos.