apostila redacao 2012

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Page 1: Apostila Redacao 2012

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Critérios de correção I. Domínio da norma culta II. Tema, estrutura e autoria III. Coerência IV. Coesão V. Proposta ao problema abordado Total: 1.000 pontos Na competência I, espera-se que o participante

escolha o registro adequado a uma situação formal de produção de texto escrito. Na avaliação, serão considerados os fundamentos gramaticais do texto escrito, refletidos na utilização da norma culta em aspectos como: sintaxe de concordância, regência e colocação; pontuação; flexão; ortografia; e adequação de registro demonstrada, no desempenho linguístico, de acordo com a situação formal de produção exigida.

O eixo da competência II reside na compreensão do

tema que instaura uma problemática a respeito da qual se pede um texto escrito, em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo. Por meio desse tipo de texto, analisam-se, interpretam-se e relacionam-se dados, informações e conceitos amplos, tendo-se em vista a construção de uma argumentação, em defesa de um ponto de vista.

Na competência III, procura-se avaliar como o

participante, em uma situação formal de interlocução, seleciona, organiza, relaciona e interpreta os dados, informações e conceitos necessários para defender sua perspectiva sobre o tema proposto.

Na competência IV, avalia-se a utilização de

recursos coesivos da modalidade escrita, com vistas à adequada articulação dos argumentos, fatos e opiniões selecionados para a defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto. Serão considerados os mecanismos linguísticos responsáveis pela construção da argumentação na superfície textual, tais como: coesão referencial; coesão lexical (sinônimos, hiperônimos, repetição, reiteração); e coesão gramatical (uso de conectivos, tempos verbais, pontuação, sequência temporal, relações anafóricas, conectores intervocabulares, intersentenciais, interparágrafos).

Na competência V, verifica-se como o participante

indicará as possíveis variáveis para solucionar a problemática desenvolvida, quais propostas de intervenção apresentou, qual a relação destas com o projeto desenvolvido sobre o tema proposto e a qualidade destas propostas, mais genéricas ou específicas, tendo por base a solidariedade humana e o respeito à diversidade de pontos de vista, eixos de uma sociedade democrática.

As qualidades de um texto Não existem fórmulas mágicas para fazer uma boa

redação. O exercício contínuo, aliado à prática da leitura de bons autores e a reflexão são indispensáveis para a criação de textos.

Não pretendemos aqui formar escritores, como também não dispomos de uma "varinha mágica" que lhe permita, de um momento para o outro, tornar-se um escritor consagrado. Nossa tarefa será a de apontar algu-mas qualidades que você deve observar na produção de seu texto.

São qualidades da redação que você deve cultivar: a concisão, a correção, a clareza e a elegância.

A concisão Ser conciso significa que não devemos abusar das

palavras para exprimir uma ideia. Deve-se ir direto ao assunto, não ficar "enrolando", "enchendo linguiça". Significa, enfim, eliminar tudo aquilo que é desnecessário.

A correção A linguagem utilizada na redação deve estar de

acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática tradicional.

Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto. Evidentemente, a maioria das pessoas não conhece de cor todas as regras gramaticais. Por isso, em caso de dúvidas na redação, não hesite em consultar uma boa gramática tradicional.

Tome cuidado com alguns desvios de linguagem que comumente aparecem em redações:

1. Grafia - tome cuidado com a grafia de palavras que não conheça. Em caso de dúvidas, consulte o dicionário. Se não for possível, substitua a palavra por outra cuja grafia você conheça. Lembre-se de que a língua portuguesa é muito rica em sinônimos.

2. Flexão das palavras - cuidado com a formação do plural de algumas palavras.

3. Concordância - lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os nomes devem estar concordando entre si.

4. Regência - fique atento à regência de verbos e nomes, sobretudo daqueles que exigem a preposição a, a fim de não cometer erro no emprego da crase.

5. Colocação dos pronomes - observe a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, lhe, o, a, os, as). Não inicie frases com eles.

A clareza A clareza consiste na expressão da ideia de forma que

possa ser rapidamente compreendida pelo leitor. Ser

Redação Professor Rafa Arrieira

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claro é ser coerente, não contradizer-se, não confundir o leitor.

São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos, o vocabulário rebuscado ou impreciso.

A elegância A elegância consiste numa leitura de texto agradável

ao leitor. É conseguida quando se observam as qualidades que apontamos acima (a correção gramatical, a clareza e a concisão) e também pelo conteúdo da redação, que deve ser original, criativo.

Lembre-se de que a elegância deve começar pela própria apresentação do texto. Deve apresentar-se limpo, sem borrões ou rasuras e com letra legível.

Os defeitos de um texto Inúmeras vezes, ao escrever, você deve ter tido

preocupações do tipo: esta palavra se escreve com s ou com z? E esta é com x ou com ch? Será que esta frase ficou clara? Será que não estou me estendendo demais sobre o assunto?

Ao escrever, devemos evitar defeitos que podem prejudicar a compreensão do nosso texto. Vejam alguns defeitos que empobrecem o texto:

Ambiguidade Ocorre ambiguidade (ou anfibologia) quando a frase

apresenta mais de um sentido. Ocorre geralmente por má pontuação ou mau

emprego de palavras ou expressões. É considerada um defeito da prosa, porque atenta contra a clareza.

Veja agora alguns exemplos de frases ambíguas: João ficou com Mariana em sua casa. - Alice saiu com sua irmã. Nos exemplos acima, a ambiguidade decorre do fato

de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um elemento. Portanto, muito cuidado no emprego desse pronome possessivo. Você pode evitar a ambiguidade, substituindo-o por dele(s) ou dela(s).

Obscuridade Obscuridade significa “falta de clareza”. Vários

motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação. Observe:

Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais

claras, expressiva e elegantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo.

Pleonasmo

O pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um termo. Veja:

A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria. Ele teve uma hemorragia de sangue. Convém notar, no entanto, que bons autores

costumam recorrer ao pleonasmo com função estilística, a fim de tornar a mensagem mais expressiva. Nesse caso, o pleonasmo não é considerado um defeito. Veja os exemplos abaixo:

"A mim, ensinou-me tudo." (Fernando Pessoa) "A ti, trocou-te a máquina mercante." (Gregório de

Matos) Cacofonia A cacofonia (ou cacófato) consiste na produção de

som desagradável pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra. Veja:

Nunca gaste dinheiro com bobagens. Uma herdeira confisca gado em Mato Grosso. Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis. Eco Consiste na repetição de palavras terminadas pelo

mesmo som. Observe: A decisão da eleição não causou comoção na população. O aluno repetente mente alegremente. Prolixidade A prolixidade consiste na utilização de mais palavras

do que o necessário para exprimir uma ideia; é, portanto, o oposto da concisão. Ser prolixo é ficar "enrolando", "enchendo linguiça", não ir direto ao assunto.

O uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo tão-somente para prolongar o discurso, também pode tornar um texto prolixo. Expressões do tipo: "antes de mais nada", "pelo contrário", "por outro lado", "por sua vez" são, muitas vezes, utilizadas só para prolongar o discurso. Cuidado com elas.

Veja o exemplo abaixo: Os jovens têm algo a transmitir aos mais velhos? Antes de mais nada, não saberia responder com exatidão.

Grosso modo, há sempre uma eterna divergência entre as gerações. Os jovens pensam de um jeito, às vezes, estranho, que chega a escandalizar os mais velhos... Já os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos, não têm absolutamente nada a transmitir aos mais idosos.

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Além dos defeitos que apontamos, procure evitar as frases feitas, os chavões, pois empobrecem muito o texto. Veja alguns exemplos:

"inflação galopante" "vitória esmagadora" "esmagadora maioria" "caixinha de surpresas" "caloroso abraço" "silêncio sepulcral" "nos píncaros da glória" EXERCÍCIOS 1. (UNICAMP-SP) No dia 19 de novembro passado,

a Folha de S. Paulo publicou a seguinte nota na seção "Painel":

Pane gramatical "Os computadores do TSE emitiam o aviso, ontem

no intervalo dos boletins: Dentro de instantes será divulgado novos (sic) resultados".

a. Que trecho do exemplo poderia também ser considerado um caso de "pane gramatical"?.

b. Reescreva corretamente o trecho problemático. 2. (FGV.SP) Leia com atenção: "As primeiras cenas do filme, ontem exibido, já

mostrava todo o horror da guerra." Nessa frase, há um erro de:

a. regência verbal b. concordância nominal c. colocação pronominal d. concordância verbal e. regência nominal 3. (UF-MG) Sem alterar o sentido do período,

reescreva-o, eliminando as palavras destacadas e fazendo as adaptações necessárias.

O que é indispensável é que se conheça o princípio que se adotou para que se avaliasse a experiência que se realizou ontem, a fim de que se compreenda a atitude que tomou o grupo que foi encarregado do trabalho.

Dissertação Dissertar é discutir assuntos, debater ideias, tecer

opiniões, delimitando um tema dentro de uma questão ampla e defendendo um ponto de vista, por meio de argumentos convincentes. É um tipo de texto lógico-expositivo, colocamo-nos criticamente perante alguma dimensão da realidade e, mais do que isso, fundamentamos nossas ideias; explicitamos os motivos pelos quais pensamos o que pensamos.

Para se obter uma exposição clara e ordenada, a dissertação é geralmente organizada em três partes:

introdução - em que você irá explicar o assunto que vai ser discutido com a apresentação de uma ideia, de um ponto de vista que você irá defender.

desenvolvimento- parte em que você irá desenvolver seu ponto de vista. Para tanto, você deve argumentar e fornecer dados.

conclusão- parte em que você dará um fecho coerente com o desenvolvimento, com os argumentos apresentados. Em geral, a conclusão é uma retomada da ideia apresentada na introdução, agora com mais ênfase, de forma conclusiva.

Iniciando a redação a) Dados retrospectivos: As primeiras manifestações de comunicação humana, nas eras

mais primitivas, foram traduzidas por sons que expressavam dor, alegria, espanto, Mais tarde...

b) Citação: A partir das palavras de “...” podemos afirmar que “...” c) Cena descritiva: Edifícios altíssimos e cinzentos cobrem a metrópole. Cinzas

também são as nuvens que quase diariamente cobrem o céu e despejam uma torrente que logo traz caos à cidade. Uma insuportável sinfonia de buzinas inunda o ar. É mais um dia em São Paulo.

d) Pergunta: Será o futebol brasileiro realmente o melhor do

mundo, se os melhores jogadores do país não disputam os campeonatos locais, pois partem para os clubes europeus assim que possível?

e) Dado geográfico: Em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, oito mil homens

vivem uma aventura todos os dias. A aventura do carvão. São os mineiros, homens que quase nunca vêem o sol.

f) Dados estatísticos: Numa típica cidade brasileira, que

tenha, digamos... habitantes, cerca de.... não possuem escolaridade completa até o 2º grau, o que denota o desprestígio do ensino perante a classe dirigente.

g) Narrativa: Em Abril de 1964 foi deposto o presidente

João Goulart e dado início à ditadura militar, que governou o país durante mais de vinte anos.

h) Ideias contrastantes: Enquanto nos restaurantes caros pessoas elegantes gastam até

duzentos reais numa refeição que segue cozinhas renomadas, os marginais da sociedade morrem de fome nas ruas.

i) Uma frase nominal seguida de explicação: Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de

Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional.

Quanto ao desenvolvimento do tema: podemos usar

citação, dados estatísticos, justificativas, exemplos, comparações, causa e consequência....

Quanto à conclusão: retomam-se a introdução, os

argumentos e fecha o texto. Sem apresentar dados novos.

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A conclusão pode conter uma ideia humorística, surpreendente, taxativa, sugestiva....

Vocabulário Um dos mais graves erros cometidos na hora de

escrever é a repetição desnecessária de palavras. Para isso, existem outras que substituem as repetições.

Alguns hiperônimos:

Pessoas, personalidades, lideranças;

Medidas, providências, iniciativas, promoções, projetos, empreendimentos;

Atividades, trabalho, profissão, trajetória, caminhada, ação;

Problema, questão, crise, situação (crítica, caótica, emergencial...)

Aspectos, elementos, setores, fatores, causas, motivos, pressupostos;

Instituições, entidades, órgãos ( público, privado, governamentais...)

Recursos, condições, apoio, auxílio, reforços, contribuição;

Conseqüência, reflexo, resultado, solução (efetiva, eficaz)

Tempo, época, período, fase, oportunidade, ocasião;

Ciência, técnica, tecnologia, conhecimentos, informações;

Leis, normas, preceitos, orientações, códigos, determinações, princípios;

Adjetivos de sentido positivo:

Pleno, perfeito, completo, geral, amplo, preciso, instantâneo, íntegro, consciente, sério, certíssimo, imparcial, verdadeiro, adequado, suficiente, significativo, relevante, imprescindível, importantíssimo, fundamental, poderoso, irrefutável, incontestável, enérgico, severo, crescente, vantajoso, utilíssimo, competitivo, empreendedor, justo, crescente, competente, inadmissível, inaceitável.

Adjetivos de sentido negativo:

Caótico, crítico, escandaloso, pernicioso, prejudicial, lamentável, lastimável, indesejável, irrecuperável, irresponsável, corrupto, hipócrita, fraudador, estarrecedor, assustador, irrisório, exagerado, constrangedor, incompatível, inflexível, antidemocrático, injusto, indignidade, perplexo, radical, degradante, hediondo, indefensável, alarmante, inconcebível, perversa.

UM POUCO MAIS...

adequado, autêntico, altruísta, apto, bem-sucedido, bem-feito, beneficente, capaz,

consciente, confiável, cabível, competente, convincente, consistente, desenvolvido, decisivo, dinâmico, equânime, enérgico, essencial, excelente, eqüitativo, exímio,

fecundo, fidedigno, fiel, fundamental, fortíssimo, honrado, íntegro, imparcial,

indispensável, imprescindível, imperdível, inigualável, importantíssimo, incomparável, intransferível, insubstituível, irrenunciável,

inviolável, irrepreensível, imparcial, pertinente, próspero, promissor, procedente, profícuo, oportuno, proficiente, probo, sério, seríssimo, útil, utilíssimo, valioso, zeloso, …

Argumentos lúcidos e convincentes, ampla e urgente modificação estrutural, atitudes cri-teriosas e transparentes, apuração isenta e meticulosa, eleitor crítico e consciente, espí-rito participativo e comunitário, consumidor vigilante e maduro, plano lúcido e promissor, propostas sérias e coerentes, manifestação concreta e eficaz, sociedade justa e solidária, consciente e participante, soluções legítimas e duradouras, trabalho digno e honesto, providências rápidas e adequadas, recursos imediatos e suficientes, observação contínua e atenta, político íntegro e competente, …

Soluções parciais e equivocadas, situação caótica e desesperadora, sociedade injusta e preconceituosa, setor público inchado e inoperante, atitude arrogante e prepotente, em-presas estatais ineficientes e onerosas, atitudes tão radicais quanto absurdas (compara, enfatizando), princípios fechados e autoritários, argumentos falaciosos e inconsistentes, leis brandas e ineficazes, pais condescendentes e irresponsáveis, episódio lamentável e ultrajante, lugares afastados e inóspitos, salários injustos e desestimulantes, ...

Absoluta prioritária primordial significativo

principal alto destacada verdadeiro

definitivo relevantes evidente flagrante

gravíssima excelente expressivos

prioridade, meta , aspecto , progresso,

motivo, escalão, atuação, estadista, resultado

, contribuições, desrespeito, corrupção,

infração, atuação, resultados, …

alarmante, assustador, angustiante, anacrônico, confuso, condenável, crítico, criticável, combalido, contestável, caótico, calamitoso, constrangedor, condescendente, corrupto, corruptível, danoso, despótico, ditatorial, demagogo, desmedido, dramático, escasso, excessivo, estéril, escandaloso, estarrecedor, exíguo, equivocado, falso, falacioso, fraudador, fraudulento, grave, gravíssimo, hediondo, hipócrita, indigno, injusto, irrisório, insuportável, inaceitável, intolerável, irrecuperável, inconsistente, inexeqüível, imperfeito, irresponsável, intransigente, lamentável, lastimável, leviano, lento, negligente, paliativo, preocupante, pernicioso, prejudicial, omisso, oportunista, sectário, tendencioso, xenófobo, ...

antidemocrático,

retrógrado,

amplo, evidente, crescente, coercitivo, contínuo, evidente, enorme, controvertido,

drástico, inócuo, instantâneo, indignado, imediato, irreversível, inevitável, inofensivo,

imperceptível, geral, pleno, peculiar, polêmico, perplexo, político, público,

técnico, severo, vultoso, …

Observações: Como escrever os números na hora da prova? a) Idade: deve-se escrever por extenso até o nº 10.

Do nº 11 em diante devem-se usar algarismos; b) Datas, horas e distâncias sempre em algarismos:

10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km (m, h, km, I, g, kg).

Compreensão textual Compreender um fato é analisá-lo em seus detalhes,

considerando as consequências relacionadas a esse fato. Interpretar significa comentar, explicar algo. Pode-se

afirmar que interpretar um fato é dar a ele um valor, uma importância pessoal.

Compreendemos o texto quando o analisamos por inteiro, quando o vemos por completo. Interpretamos um texto, quando damos a ele um valor pessoal, um valor nosso.

Apesar de o texto possibilitar as variadas interpretações, ele possui uma estrutura interna, um jeito próprio de ser que garante uma ideia principal, a do autor quando escreveu o texto.

O autor pensa em algo quando escreve o texto, nós, quando lemos o texto, podemos dar a ele nosso valor, nossa interpretação pessoal, mas mesmo assim ele ainda possuirá uma ideia básica, cabe a nós também acharmos essa ideia.

Nas provas, são essas ideias que precisamos encontrar ao lermos o texto e ao responder às questões de interpretação.

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Interpretar um texto equivale ao ato de interpretar ideias.

Interpretar é explicar ou esclarecer o sentido de determinada leitura. É ler, usufruindo o texto naquilo que tem de significativo. É compreender o conjunto das relações das estruturas dos textos em suas diversidades.

Assim, no processo de interpretação o leitor deve interagir com o texto de maneira ativa, reflexiva e crítica, buscando:

a) a ideia central ou básica; b) as ideias secundárias; c) as relações entre as ideias expressas no texto. Observação: não existe uma “fórmula mágica” para a

interpretação. A capacidade de interpretar um texto é, normalmente, diretamente proporcional ao hábito e à prática de leitura. Entretanto, algumas orientações devem ser seguidas.

Dessa forma, considerada a complexidade da leitura,

e o sem-número de elementos que interferem em sua realização, não se pode estabelecer uma lista fechada de itens que funcionem como um “programa” de leitura eficaz, mas é possível lembrar alguns procedimentos que podem ajudar o leitor a se comportar criticamente diante da escrita:

procure identificar que tipo de texto se está lendo;

verifique a ocorrência de variação linguística e analise-a;

julgue a adequação do texto à situação em que ele foi empregado;

identifique as relações entre as partes do texto que denunciam sua estrutura;

identifique as estratégias linguísticas utilizadas pelo autor;

relacione o texto à cultura da época em que ele foi produzido, comparando-a com a da atualidade;

identifique termos cujo aparecimento frequente denuncia um determinado enfoque ao assunto;

identifique expressões que o remetem a outro texto;

localize trechos que refletem a opinião do autor;

identifique traços que permitem relacionar o autor a certos grupos sociais e profissionais ou a correntes ideológicas conhecidas.

Leia o texto abaixo: “WC” Em uma ocasião, uma família inglesa foi passear na

Alemanha. No decorrer de um de seus passeios, os membros da referida família repararam uma casa de campo que lhes pareceu boa para passarem as férias de verão. Falaram com o proprietário, um pastor protestante e pediram que mostrassem a pequena mansão.

A casa agradou os visitantes ingleses e combinaram ficar com a mesma para o verão vindouro. Regressando a Inglaterra, discutiram sobre os planos da casa, e de repente a senhora lembrou-se de não ter visto o “WC” (banheiro).

Confirmando o sentido prático dos ingleses, escreveram ao pastor para obterem tal pormenor. A carta foi escrita:

Gentil pastor, sou membro que a pouco o visitou a fim de alugar a casa de campo no próximo verão, mas como esquecemos de um detalhe importante, agradecemos se nos informasse onde fica o “WC”.

O pastor não entendendo o sentido exato da abreviatura ”WC” e julgando tratar-se da capela da seita inglesa WHITE CHAPEL, assim respondeu:

Gentis senhores, recebi sua carta e tenho o prazer de comunicar-lhe que o local a que se referiam fica a 12 Km de casa. Isto é muito cômodo inclusive para quem tem o trabalho de ir lá frequentemente, neste caso é preferível levar comida para lá e ficar o dia inteiro. Alguns vão a pé outros de bicicleta. Há lugar para 400 pessoas sentadas e 100 em pé. O ar é condicionado, para evitar os inconvenientes da aglomeração. Os assentos são de veludo. Recomenda-se chegar cedo para conseguir um lugar sentado. As crianças sentam-se ao lado dos adultos e todos cantam em coro. À entrada é fornecida uma folha de papel para cada pessoa, mas se alguém chegar após a distribuição, pode usar a folha do visinho do lado. Tal folha deverá ser restituída na saída para ser usada o mês todo. Existem amplificadores de som e tudo o que se recolhe é dado para as crianças pobres da região. Fotógrafos especiais tiram fotos para jornais da cidade, de modo que todos possam ver seus semelhantes no cumprimento de um dever tão humano.

Argumentação Segundo Ferreira (1999) argumentação é o ato ou

efeito de argumentar, conjunto de argumentos, discussão, controvérsia. E, o ato de argumentar, por sua vez, compreende a apresentação de uma ou mais ideias, um ou mais pontos de vista pessoais ou de outrem, sobre um tema, acompanhados de provas, de exemplos, de fatos, de raciocínios que demonstrem que as ideias e os pontos de vista apresentados estão corretos, que o autor do texto está com a razão.

Assim, o autor estará tentando convencer o leitor de que as suas ideias ou as ideias que está defendendo são verdadeiras, através da evidência das provas e à luz do raciocínio coerente e consistente.

Na dissertação escrita o autor precisa argumentar quando manifesta seu ponto de vista ou o ponto de vista de outrem, o que pensa acerca de um fato, acontecimento ou teoria, para convencer o leitor de que ele, o autor, está com a razão. (Flôres, 1994)

Tipos de argumentação Argumento de autoridade: a conclusão se sustenta

pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese. Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas. Veja:

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O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” - a famosa frase-conceito do diretor Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado.

(Adaptado de Época, 14/04/2004)

Argumento baseado no consenso: há certas

afirmações que são evidentes por si mesmas e, por isso, indemonstráveis.

Exemplo: o todo é maior do que a parte. Assim, estas máximas e preposições são aceitas como verdadeiras e indiscutíveis.

Para argumentar, cabe utilizar tais frases. Platão & Fiorin citam como exemplo:

- A educação é a base do desenvolvimento. - Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que

um país supere sua condição de dependência. Argumento baseado em provas concretas: ao

empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).

São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar...

No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes.

(Folha de S. Paulo. 14/04/2004)

Argumento de causa e consequência: para comprovar

uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de conseqüência (os efeitos). Observe:

Ao se desesperar num questionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica.

São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos.

(Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)

Argumento de exemplificação: a exemplificação

consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos. Veja o texto abaixo:

A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos.

Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades. Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comercial, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo.

(Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf.. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)

Como argumentar Segundo Garcia (1999) a argumentação segue quatro

estágios: a) Proposição (declaração, tese, opinião) · A proposição deve ser clara, definida, inconfundível

quanto ao que se afirma ou nega. Deve prever divergência de opinião. Sendo clara e definida, a proposição será específica que facilitará uma tomada de posição favorável ou contrária.

b) Análise da proposição · Neste estágio, devem-se tornar claros os termos da

proposição, definir-se o sentido das palavras e a posição do autor, o que pretende provar.

c) Formulação dos argumentos · É o estágio em que o autor apresenta as provas, as

razões que sustentam a ideia: fatos, exemplos, ilustrações, comparações...nas quais está alicerçada a sua tese.

Othon Garcia recomenda que se adote a ordem gradativa crescente das provas, partindo das provas mais frágeis para as mais fortes.

d) Conclusão · Decorre dos argumentos apresentados. É o fecho

da argumentação que expressa, de forma clara e convincente, a essência da proposição.

Texto poético e texto em prosa Prosa é uma palavra de duplo sentido, pois pode

designar uma forma (um texto escrito sem divisões rítmicas intencionais – alheias à sintaxe, sem grandes preocupações com ritmo, métrica, rimas, aliterações e outros elementos sonoros), e pode designar também um tipo de conteúdo (um texto cuja função linguística predominante não é a poética, como por exemplo, um livro técnico, um romance, uma lei, etc...). Na acepção relativa à forma, “prosa” contrapõe-se a “verso”; na acepção relativa ao conteúdo, “prosa” contrapõe-se a “poesia”.

Um texto pode ser produzido em prosa ou verso. Prosa é um discurso contínuo, não fragmentado,

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organizado em períodos e parágrafos, utilizado tanto em textos literários como não-literários. Verso é uma sucessão de sílabas ou fonemas formando uma unidade rítmica e melódica que corresponde, normalmente, a uma linha do poema.

Algumas diferenças entre prosa e verso poderiam ser assim resumidas:

na prosa há uma tendência à ordem direta na estruturação dos termos do período; no verso há uma tendência à ordem indireta;

na prosa a rima é pouco freqüente, enquanto no verso ela é muito utilizada, apesar de não ser obrigatória;

na prosa o ritmo acompanha a naturalidade da fala, enquanto no verso o ritmo é marcante e existe preocupação com a métrica;

no verso é maior a preocupação com a realização de seqüências melódicas do que na prosa.

Prosa “Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem,

os crespos do homem – ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! – é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco (...) Mas, não diga o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia.”

(Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa) Verso Quem Sabe um Dia (Mário Quintana) Quem Sabe um Dia Quem sabe um dia Quem sabe um seremos Quem sabe um viveremos Quem sabe um morreremos! Quem é que Quem é macho Quem é fêmea Quem é humano, apenas! Sabe amar Sabe de mim e de si Sabe de nós Sabe ser um! Um dia Um mês Um ano Um(a) vida! Sentir primeiro, pensar depois Perdoar primeiro, julgar depois Amar primeiro, educar depois Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois Alimentar primeiro, cantar depois Possuir primeiro, contemplar depois Agir primeiro, julgar depois Navegar primeiro, aportar depois Viver primeiro, morrer depois Tipos de texto Descritivo: a função da descrição é informar as

características do que está sendo apresentado. Exemplo: A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado

no pilão caído, Sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de travesseiros para os filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinzas.

Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um trovão distante.

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas, 1978, p. 66)

Narrativo: relata um evento real ou fictício, que

pressupõe a sucessão de fatos interligados por um nexo lógico, com a participação de personagens. Os elementos que compõem a narrativa são: narrador, personagem, tempo, espaço e enredo.

Exemplo: A amiga “Ele chegou ao bar, pálido e trêmulo. Sentou-se. - Por enquanto, nada – desculpou-se ao garçom. - Estou esperando uma amiga. Dali a dois minutos estava morto. Quanto ao garçom que o atendeu, esse adorava repetir a

história, mas sempre acrescentava ingenuamente: - E, até hoje, a ‘grande amiga’ não chegou! ” (QUINTANA, Mário. Caderno H. Porto Alegre, Globo, 1983. p.12)

Dissertativo: caracteriza-se pela exposição de ideias.

O texto dissertativo deve possuir introdução, desenvolvimento, conclusão e pode dividir-se em informativo e argumentativo.

Dissertação informativa: A dissertação informativa

tem como instrumento a notícia, sendo a informação seu objetivo principal. Isto é, não leva em consideração o ponto de vista do autor, mas sim expor a realidade.

CHINA ORDENA RESTRIÇÃO DAS

EXECUÇÕES A Suprema Corte da China ordenou ontem que os juízes do

país usem mais parcimônia em condenações à morte. A orientação é que sejam poupados assassinos que cooperem com as autoridades e

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grandes executivos ou políticos corruptos que ajudem a polícia a recuperar verbas desviadas.

A nova ordem determina ainda que crimes passionais não devem resultar automaticamente em penas de morte se uma compensação financeira é paga à família da vítima.

Pequim vem se esforçando para reformar o sistema de penas de morte na China. O governo não divulga o número de execuções por ano, mas estima-se que a China mate mais prisioneiros do que todos os outros países do mundo somados. A Anistia Internacional estimou que em 2005 houve 1700 execuções na China – 80% do total no mundo.

(Folha de São Paulo, 15 de setembro de 2007) Dissertação argumentativa: A dissertação

argumentativa implica debater, discutir ideias, acerca de um determinado tema, com o objetivo de influenciar, persuadir, convencer o leitor. Trata-se de uma exposição acompanhada de argumentos, embasados em fatos e dados, que levam à mudança de ponto de vista.

BOM SENSO MODIFICADO “O bom senso é a coisa mais bem repartida do mundo”,

afirmava o filósofo francês René Descartes (1596-1650). Ele provava sua assertiva dizendo que todos já estavam satisfeitos com a cota de que já dispunham e ninguém almejava possuir quinhão maior ou menor. Mas hoje, quando se vai a campo, fica difícil dizer o que é bom senso.

Isso é particularmente notado na discussão dos produtos transgênicos. A manipulação genética de plantas e animais representa riscos. Talvez não tanto para saúde humana, dado que os impactos sobre o corpo são mais fáceis de simular em condições experimentais, mas certamente para o meio ambiente, que opera com centenas, talvez milhares, de variáveis ainda não conhecidas.

Estudos sugeriram que o milho transgênico era fatal para certa espécie de borboleta. Novos experimentos em condições mais reais contestaram a hipótese. Mas isso ainda não significa que a tecnologia seja segura. Pode-se até afirmar que os transgênicos ganharam escala industrial de forma precipitada. Se são capazes de provocar uma catástrofe ambiental, vai-se descobrir da pior forma possível: na prática, e não em situação de laboratório.

O fato é que os transgênicos, além de inevitáveis, conseqüência mesma do desenvolvimento científico, abrem perspectivas inéditas: o fim das pragas agrícolas; a solução para a fome em escala global e até a imunização contra doenças por meio dos alimentos. Essas possibilidades, contudo, não parecem animar uma parcela dos consumidores que se recusam utilizar esses produtos. E essa população que se opõe à sua utilização vem crescendo. Começa a se manifestar nos EUA, onde a discussão, até havia pouco, não prosperava.

Tudo na vida envolve riscos. Saber equacioná-los, procurando obter vantagens e, ao mesmo tempo, cercando-se do máximo de precauções, é a fórmula de sucesso que garantiu que humanidade chegasse até onde chegou no campo da ciência.

(Folha de São Paulo, 8 de junho de 2000) Exercícios: 1. Leia os fragmentos abaixo e identifique a que

tipo de texto pertencem:

a) “Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.”

b) "Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo

aproximadamente 17,5cm. de comprimento po 0,7cm. de diâmetro, envolve um cilindro menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro. De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, cujo ápice é uma fina ponta de grafite."

c) "Abriu as venezianas e ficou a olhar para fora.

Na frente alargava-se a praça, com o edifício vermelho da Prefeitura, ao centro. Do lado direito ficava o quiosque, quase oculto nas sombras do denso arvoredo; ao redor do chafariz, onde a samaritana deitava um filete d'água no tanque circular, arregimentavam-se geometricamente os canteiros de rosas vermelhas e brancas, de cravos, de azáleas, de girassóis e violetas".

("Um Rio Imita O Reno", - Vianna Moog) d) Uma raposa que vinha pela estrada encontrou

uma parreira com uvas madurinhas. Passou horas pulando tentando pegá-las, mas sem sucesso algum... Saiu murmurando, dizendo que não as queria mesmo, porque estavam verdes. Quando já estava indo, um pouco mais à frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão... voltou correndo pensando ser as uvas, mas quando chegou lá, para sua decepção, era apenas uma folha que havia caído da parreira. A raposa decepcionada virou as costas e foi-se embora.

(“A raposa e as uvas”, Esopo) Texto literário e texto não-literário Texto literário: tem função estética, há relevância no

plano da expressão. O que importa não é apenas o que se diz, mas principalmente o como se diz. Há, em alguns casos, utilização de recursos estilísticos tais como: sonoridade, ritmo, repetição de palavras ou de sons, etc. Além disso, o texto literário é conotativo, faz usos de metáforas e metonímias e ainda é plurissignificativo.

O mundo é grande

(Carlos Drummond de Andrade)

O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar. Texto não-literário: tem função utilitária (informar,

convencer, explicar, responder, ordenar, etc.), focando a

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mensagem. Faz uso da linguagem denotativa, tendo um único significado.

"Os Normais 2" investe em campanha na TV

para levar público ao cinema "Os Normais 2" chega nos cinemas apenas no fim de

agosto, mas sua forte campanha de lançamento começa neste sábado com inserções no "Caldeirão do Huck", da TV Globo.

O "Fantástico" também vai ser palco da campanha para o filme que conta o desenrolar do casamento de Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres).

Ao total serão 1.200 inserções distribuídas na programação da Globo e mais 1.200 inserções nos canais da rede Globosat. A campanha é uma parceria da Imagem Filmes, Globo Filmes e a rede Telecine.

(Fonte: http://www.folha.uol.com.br – 31/07/09) Exercícios: 1. Leia os fragmentos a seguir, indicando se são

literários ou não-literários. a) Andorinha lá fora está dizendo: — "Passei o dia à toa, à toa!" Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! Passei a vida à toa, à toa . . . (Andorinha - Manuel Bandeira) b) Tratamento sintomático a médio e longo prazo de

doenças reumáticas crônicas, como artrite reumatóide, osteoartrite, espondilite anquilosante e doenças correlatas do tecido conectivo. Tratamento de lesão musculoesquelética. Dor e inflamação de pós-operatório. Dismenorréia primária e anexite. Síndromes dolorosas diversas (nevralgia cérvico-braquial, cervicalgia, lombalgia, ciática, etc.). Adjuvante no tratam. da dor e inflamação na faringo-amigdalite, sinusites e otites.

c) Em uma frigideira grande, derreta a manteiga e

doure a cebola, junte o frango picado e mexa bem, até ficarem dourados. Tempere com o sal e reserve, despeje o conhaque e incline levemente a frigideira para que o conhaque incendeie. Junte os champignons, os tomates, o catchup, a mostarda, misture e deixe ferver por cerca de 5 minutos. Incorpore delicadamente o Creme de Leite Light, misture ao molho e retire do fogo sem deixar ferver. Sirva a seguir, acompanhado de batata palha.

d) Gastei uma hora pensando em um verso

que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.

(Poesia - Carlos Drummond de Andrade)

e) “Além, muito além daquela serra, que ainda azula

no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os

cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”

(Iracema – José de Alencar) COERÊNCIA A coerência está diretamente ligada à possibilidade de

se estabelecer um sentido para o texto como um todo. Sendo assim, ela é necessária para que haja unidade semântica no texto. A coerência pode ser interna, considerando o tempo, o espaço, o tipo de texto e a linguagem utilizada para cada tipologia; e externa, considerando os aspectos relacionados à realidade.

1. Reconheça as contradições, internas ou

externas ao texto, existentes nos fragmentos a seguir:

a) Muitas pessoas pobres ficam muitas vezes

indignadas ao ver uma outra pessoa como ela, só que não passa fome como ela, ou seja, é rica e na maioria, ladrão, que rouba do povo e isso faz com que a população fique revoltada, e se manifestará em conflitos entre camadas sociais, no qual um favelado odeia outro de uma classe superior, e tendo oportunidade para acabar com o outro não vai perder a chance.

b) No cinema, no teatro, não converse. Não mexa

demais a cabeça, não fique aos beijos. Cuidado com o barulho do papel de bala, do saco de pipocas. Não os jogue no chão, quando acabar. Se o seu vizinho estiver fazendo tudo isso e incomodando, seja discreto. Peça que interrompam a sessão e acendam as luzes a fim de inibir o transgressor.

Coesão A coesão é dada a partir de recursos linguísticos que,

dentro de um texto, estabelecem relações textuais. Esses elementos tecem (texto = tecido) o texto.

A coesão é dividida em referencial e sequencial. Coesão Referencial É aquela em que um componente da superfície do

texto faz remissão a outro(s) elemento(s) do universo textual. Ao primeiro, denomina-se forma referencial ou remissiva e ao segundo, elemento de referência ou referente textual.

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A remissão pode ser feita para trás e para frente, constituindo uma anáfora ou uma catáfora.

Exemplos: 1) O homem subiu correndo três lances de escada. Lá

em cima, ele parou diante de uma porta e bateu furiosamente. (anáfora)

2) Ele era tão bom, o meu marido. (catáfora) A coesão referencial pode se dar das seguintes

formas: Substituição: é a troca de uma expressão linguística

por outra expressão linguística dada. Lexical: Minha prima comprou um carro. Eu também

estou querendo um. Diafórica (pronominalização): As crianças estão

viajando. Elas só voltarão no final do mês. Elíptica (apagamento): Luís comprou um sorvete.

Agora seu filho quer Ø também. Coesão lexical: é o efeito obtido pela seleção de

vocabulário, utilizando dois mecanismos: Reiteração: faz a repetição do mesmo item lexical ou

através de sinônimos, hiperônimos ou nomes genéricos. Exemplos: O presidente viajou para o exterior. O presidente levou

consigo uma grande comitiva. (mesmo item lexical) Uma menininha correu ao meu encontro. A garota

parecia assustada. (sinônimo) O carro bateu violentamente no poste. O veículo estava

com problema nos freios. (hiperônimo) Todos ouviram um rumor de asas. Olharam para o

alto e viram a coisa se aproximando. (nome genérico) Colocação: consiste no uso de termos pertencentes a

um mesmo campo significativo. Ex: Houve um grande acidente na estrada. Dezenas de

ambulâncias transportaram os feridos para os hospitais da cidade mais próxima.

Coesão Sequencial É a coesão que diz respeito aos procedimentos

linguísticos por meio dos quais se estabelecem diversos tipos de relações semânticas, à medida que se faz o texto progredir.

Conexão: é feita por conectores ou operadores discursivos. Além de ligar as partes do texto, estabelecem relações semânticas.

Ex: Este ano a chuva não foi abundante, mas as colheitas foram boas.

Justaposição: é feita pela sequência do texto. Pode

ocorrer com ou sem a presença de sequenciadores. Quando o texto se organiza sem os seqüenciadores, cabe ao leitor identificar, com base na sequência, os operadores discursivos. Nesses casos, o lugar do conector ou partícula é marcado, na escrita, por sinais de pontuação.

Ex: Preciso sair imediatamente. Tenho um

compromisso. (porque) Os operadores de sequenciação podem ser

aqueles que: 1) marcam sequência temporal: um pouco depois,

uma semana antes, um pouco mais cedo, etc. 2) marcam ordenação espacial: à esquerda, à direita,

atrás, na frente, etc. 3) especificam a ordem dos assuntos no texto:

primeiramente, em seguida, a seguir, finalmente, etc. 4) na conversação, introduzem um dado tema ou

mudam de assunto: por falar nisso, a propósito, mas voltando ao assunto, fazendo um parêntese, etc.

Elementos coesivos para ligar frases Adicionar: não só...mas também; bem como; não

só...como também; não só...mas ainda; não somente...mas também.

Opor: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, não obstante.

Alternar: ou, ora...ora, seja...seja, quer...quer. Explicar: pois, porque, por, porquanto, uma vez que,

já que, visto que, em virtude de. Dar causa: pois, porque, por, porquanto, visto como,

visto que, já que, uma vez que, em virtude de, tendo em vista que.

Dar consequência: portanto, por isso, por conseguinte, então, consequentemente, em vista disso, diante disso, em vista do que, de modo que, de maneira que.

Dar concessão: apesar de, embora, ainda que, se bem que, por mais que, por menos que, por melhor que, por muito que, mesmo que.

Dar a condição: se, caso, desde que, contanto que, a não ser que, salvo se.

Incluir: também, inclusive, igualmente, até (inclusive).

Dar continuidade: além disso, além de, outrossim, com efeito, por outro lado, ainda, inclusive, realmente, ora, acrescentando que, acrescente-se que, salienta-se ainda que, paralelamente.

Concluir: portanto, por isso, assim sendo, por conseguinte, então, deste modo, desta maneira, em vista disso, diante disso.

Indicar tempo: quando, logo que, enquanto, agora que, antes que, depois que, assim que, sempre que.

Indicar finalidade: para que, a fim de que.

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Indicar proporção: à proporção que, à medida que, ao passo que.

Exercícios 1. Substitua as palavras grifadas, nos textos a

seguir, por mecanismos de coesão adequados. a) A China é mesmo um país fascinante, onde tudo é

dimensionado em termos gigantescos. A China é uma civilização milenar. A China abriga, na terceira maior extensão territorial planetária (com 9.960.547 km²), cerca de 1 bilhão e 100 mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a humanidade. Mencionar tudo o que a China, um tanto misteriosa, tem de grande ocuparia um espaço também exagerado.

b) Todos os anos dezenas de baleias encalham nas

praias do mundo e até há pouco nenhum oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que as baleias encalham. Segundo uma hipótese corrente, as baleias se suicidariam ao pressentir a morte, em razão de uma doença grave ou da própria idade, ou seja, as baleias praticariam uma espécie de eutanásia instintiva. Segundo outra, as baleias se desorientariam por influência de tempestades magnéticas ou de correntes marinhas.

Agora, dois pesquisadores do Departamento de História Natural do Museu Britânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta científica para o suicídio das baleias. De acordo com Katherine Parry e Michael Moore, as baleias são desorientadas de suas rotas em alto-mar para as águas rasas do litoral por ação de um minúsculo verme de apenas 2,5 centímetros de comprimento.

Forma e grafia de algumas palavras e expressões POR QUE / POR QUÊ / PORQUE / PORQUÊ A forma “por que” pode ser a sequência de uma

preposição (por) e um pronome interrogativo (que). Em termos práticos, é uma expressão equivalente a "por qual razão", "por qual motivo".

Veja alguns casos em que ela ocorre: Por que você agiu daquela maneira? Não se sabe por que tomaram tal decisão. Não é fácil saber por que a situação persiste em não

melhorar. Caso surja no final de uma frase, imediatamente antes

de um ponto final, de interrogação, de exclamação, ou de reticências, a sequência deve ser grafada “por quê”, pois, devido à posição na frase, o monossílabo que passa a ser tônico, devendo ser acentuado:

- Ainda não terminou? Por quê? - Você tem coragem de perguntar por quê?!

- Claro. Por quê? - Não sei por quê! Há casos em que “por que” representa a sequência

preposição + pronome relativo, equivalendo a "pelo qual" (ou alguma de suas flexões "pela qual", "pelos quais", "pelas quais"). Em outros contextos por que equivale a "para que".

Observe: Estas são as reivindicações por que estamos lutando. O túnel por que deveríamos passar desabou ontem. Lutamos por que um dia este país seja melhor. Já a forma “porque” é uma conjunção, equivalendo a

"pois", "já que", "uma vez que", "como". Observe seu emprego em outros exemplos: A situação agravou-se porque muita gente se omitiu. Sei que há algo errado porque ninguém apareceu até

agora. Você continua implicando comigo! É porque eu não

abro mão de minhas idéias? A forma “porquê” representa um substantivo.

Significa "causa", "razão", "motivo" e normalmente surge acompanhada de palavra determinante (artigo, por exemplo).

Como é um substantivo, pode ser pluralizado sem qualquer problema:

Dê-me ao menos um porquê para sua atitude. Não é fácil encontrar o porquê de toda essa confusão. Creio que os verdadeiros porquês mais uma vez não

vieram à luz. ONDE / AONDE Aonde indica ideia de movimento ou aproximação.

Opõe-se a donde, que exprime afastamento. Veja nos exemplos que a forma aonde costuma referir-se a verbos de movimento:

Aonde você vai? Aonde querem chegar com essas atitudes? Aonde devo dirigir-me para obter esclarecimentos? Não sei aonde ir.

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Onde indica o lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Normalmente, refere-se a verbos que exprimem estado ou permanência. Observe:

Onde você está? Onde você vai ficar nas próximas férias? Discrimine os locais onde as tropas permanecem

estacionadas. Não sei onde começar a procurar. O estabelecimento dessa diferença de significado tem

sido uma tendência do português moderno. Na língua clássica, ela não existia; ainda hoje, é comum encontrar-se o emprego indiferente de uma ou outra forma. Para satisfazer os padrões da língua culta, procure observar essa diferença.

MAS / MAIS Mas é uma conjunção adversativa, equivalendo a

"porém", "contudo", "entretanto": Tentou, mas não conseguiu. O país parece ser viável, mas não consegue sair do

subdesenvolvimento. Mais é pronome ou advérbio de intensidade, opondo-

se normalmente a menos: Ele foi quem mais tentou; ainda assim, não

conseguiu. É um dos países mais miseráveis do planeta. MAL / MAU Mal pode ser advérbio, substantivo ou conjunção.

Como advérbio, significa "irregularmente", "erradamente", "de forma inconveniente ou desagradável".

Opõe-se a bem: Era previsível que ele se comportaria mal. Era evidente que ele estava mal-intencionado porque

suas opiniões haviam repercutido mal na reunião anterior.

A seleção brasileira jogou mal, mas conseguiu vencer a partida.

Mal, como substantivo, pode significar "doença",

"moléstia"; em alguns casos, significa "aquilo que é prejudicial ou nocivo".

A febre amarela é um mal de que já nos havíamos

livrado e que, devido ao descaso, voltou a atormentar as populações pobres. O mal é que não se toma nenhuma atitude definitiva.

O substantivo mal também pode designar um

conceito moral, ligado à ideia de maldade. Nesse sentido, a palavra também se opõe a bem:

Há uma frase de que a visão da realidade nos faz

muitas vezes duvidar: "O mal não compensa". Quando conjunção, mal indica tempo: Mal você chegou, ele saiu. Mau é adjetivo. Significa "ruim", "de má índole", "de

má qualidade". Opõe-se a bom e apresenta a forma feminina má:

Trata-se de um mau administrador. Tem um coração mau. A PAR / AO PAR A par tem o sentido de "bem informado", "ciente": Mantenha-me a par de tudo o que acontecer. É importante manter-se a par das decisões

parlamentares. Ao par é uma expressão usada para indicar relação de

equivalência ou igualdade entre valores financeiros (geralmente em operações cambiais):

As moedas fortes mantém o câmbio praticamente ao

par. AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A Ao encontro de indica "ser favorável a", "aproximar-

se de". Observe os exemplos: Ainda bem que sua opinião veio ao encontro da

minha. Pudemos, assim, unir nossas reivindicações. Quando a viu, foi rapidamente ao seu encontro e a

abraçou afetuosamente. De encontro a indica oposição, choque, colisão. Veja: Como você queria que eu o ajudasse se suas opiniões

sempre vieram de encontro às minhas? Nós pertencemos a mundos diferentes.

O caminhão foi de encontro ao muro. Ninguém se machucou, mas os prejuízos foram grandes.

A / HÁ NA EXPRESSÃO DE TEMPO O verbo haver é usado em expressões que indicam

tempo já transcorrido: Tais fatos aconteceram há dez anos. Nesse sentido, é equivalente ao verbo fazer: Tudo aconteceu faz dez anos. A preposição a surge em expressões em que a

substituição pelo verbo fazer é impossível:

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O lançamento do satélite ocorrerá daqui a duas

semanas. Partiriam dali a duas horas. ACERCA DE / HÁ CERCA DE Acerca de significa "sobre", "a respeito de": Haverá uma palestra acerca das conseqüências das

queimadas sobre a temperatura ambiente. Há cerca de indica um período aproximado de tempo

já transcorrido: Os primeiros colonizadores surgiram há cerca de

quinhentos anos. AFIM / A FIM Afim é um adjetivo que significa "igual",

"semelhante". Relaciona-se com a ideia de afinidade: Tiveram comportamentos afins durante os trabalhos

de discussão. São espíritos afins. A fim surge na locução a fim de, que significa "para"

e indica ideia de finalidade: Tentou mostrar-se capaz de inúmeras tarefas a fim de

nos enganar. DEMAIS / DE MAIS Demais pode ser advérbio de intensidade, com o

sentido de "muito"; aparece intensificando verbos, adjetivos ou outros advérbios:

Aborreceram-nos demais! Isso nos deixou indignados demais. Estou até bem demais! Demais também pode ser pronome indefinido,

equivalendo a "os outros", "os restantes": Apesar de ter chegado até lá como integrante de um

grupo, resolvi partir sozinho, deixando aos demais a liberdade de escolher.

Fiquei sabendo posteriormente que os demais membros da comissão também acabaram abandonando os projetos.

De mais opõe-se a de menos. Refere-se sempre a um

substantivo ou pronome: Não vejo nada de mais em sua atitude! Decidiu-se suspender o concurso público porque

surgiram candidatos de mais. SENÃO / SE NÃO Senão equivale a "caso contrário" ou " a não ser":

É bom que ele chegue a tempo, senão não haverá

como ajudá-lo. Não fazia coisa alguma senão criticar. Se não surge em orações condicionais. Equivale a

"caso não": Se não houver seriedade, o país não sairá da situação

melancólica em que se encontra. NA MEDIDA EM QUE / À MEDIDA QUE Na medida em que exprime relação de causa e

equivale a "porque", "já que", "uma vez que": O fornecimento de combustível foi interrompido na

medida em que os pagamentos não vinham sendo efetuados.

Na medida em que os projetos foram abandonados, a população carente ficou entregue à própria sorte.

Muitos autores não reconhecem essa forma como

legítima. À medida que indica proporção, desenvolvimento

simultâneo e gradual. Equivale a "a proporção que": Os verdadeiros motivos da renúncia foram ficando

claros à medida que as investigações iam obtendo resultados.

A ansiedade aumentava à medida que o prazo fixado ia chegando ao fim.

Deve-se evitar a forma "à medida em que", resultante

do cruzamento das duas locuções estudadas.

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Dificuldades na língua 1. Palavras que só existem no plural As alvíssaras Os anais Os antolhos Os arredores As belas-artes As cãs As condolências As espadas (naipe) Os esponsais As exéquias As férias As fezes Os idos As núpcias Os óculos As olheiras Os ouros (naipe) Os paus (naipe) Os pêsames As primícias Os víveres

2. Adjetivos pátrios reduzidos África afro Inglaterra anglo Alemanha teuto, germano Itália ítalo Áustria austro Japão nipo Bélgica belgo Macedônia mácedo China sino Malásia malaio Espanha hispano Polônia polono Europa euro Portugal luso Finlândia fino Síria siro França franco, galo Suíça helveto Grécia greco Tibete tibeto Índia indo Zâmbia zambo 3. Compostos invariáveis arco-íris os arco-íris bota-fora os bota-fora cola-tudo os cola-tudo diz-que-diz os diz-que-diz faz-de-conta os faz-de-conta fora-da-lei os fora-da-lei fora-de-série os fora-de-série habite-se os habite-se leva-e-traz os leva-e-traz louva-a-deus os louva-a-deus pára-quedas os pára-quedas perde-e-ganha os perde-e-ganha pisa-mansinho os pisa-mansinho saca-rolhas os saca-rolhas salva-vidas os salva-vidas sem-terra os sem-terra topa-tudo os topa-tudo

4. VIR, VIER e VIM a) Vir – Usa-se o infinitivo do verbo vir nos seguintes

casos:

1. Depois de preposição (normalmente de ou para). Veja exemplos:

Você tem obrigação de vir trabalhar no sábado. O prefeito eleito fez tudo para vir à tona o escândalo

dos transportes coletivos. Ela ficou de vir, mas não apareceu. Disseram-me para vir mais cedo; por isso, estou aqui. 2. Emprega-se o infinitivo vir quando existem dois

verbos: um auxiliar e outro principal, formando locução verbal.

Veja: Você pode vir amanhã, pela manhã? Sua esposa não pode vir aqui. Mesmo sendo feriado, você deve vir à empresa. Você poderia vir à minha casa, mais tarde? b) Vier – É a forma verbal correspondente à primeira

e à terceira pessoas do singular do futuro do subjuntivo. Veja construções certas e erradas:

1. Quando você vir de Presidente Figueiredo, traga

doce de cupuaçu para mim. (errado) 2. Quando você vier de Presidente Figueiredo, traga

doce de cupuaçu para mim. (certo) 3. Se ela vir mais cedo, anteciparemos a reunião.

(errado) 4. Se ela vier mais cedo, anteciparemos a reunião.

(errado) c) Vim – A forma verbal vim é a primeira pessoa do

singular do pretérito perfeito do verbo vir: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes, eles vieram.

Veja exemplos: 1. Estava chovendo muito; por isso, não vim. 2. Você telefou-me, e eu vim correndo. DICAS IMPORTANTES • Leia atentamente o que está sendo solicitado.

Atualmente, as propostas se aproximam da realidade dos candidatos, constituindo-se roteiros confiáveis para a organização de ideias.

• Crie mentalmente um interlocutor. Procure convencer um ouvinte específico do seu ponto de vista.

• Planeje o texto sem utilizar fórmulas prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento.

• Evite marcas de língua falada. Escrita e fala são modalidades diferentes do idioma. Evite gírias e termos excessivamente coloquiais.

• Confie em seu vocabulário. Todos guardamos palavras sem uso que podem transmitir com clareza o nosso pensamento. Procure encontrá-las.

• Seja natural. Evite o uso de palavras de efeito apenas para impressionar a banca.

• Acredite em seus pontos de vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior trunfo.

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Deu branco!

Especialistas sugerem estratégias para evitar a

paralisia ao começar a escrever um texto A angústia de não conseguir iniciar um texto é a da

dificuldade de romper um silêncio constrangedor. Nem é necessário ser escritor ou poeta para ter experimentado a sensação. A mente divaga, palavras faltam, parece que tudo o que se aprendeu perde a eficácia e a forma, incapaz de ser transformado em frase.

Quando se candidatou a uma residência em clínica médica em instituições americanas, no fim do ano passado, a paulista Juliana da Silva, de São José dos Campos (SP), teve de escrever uma "carta de motivação" a cada hospital, explicando as razões para a escolha daquele programa e por que seria a candidata ideal para a vaga. A barreira do idioma era o de menos.

- Foram em média quarenta cartas e eu não tinha ideia de como começar! Não conhecia o público-alvo e estava insegura sobre que nível de linguagem adotar, principalmente porque cada texto exigiu certo nível de exposição pessoal e de autoconhecimento, o que significava transpor várias barreiras culturais que ficaram óbvias apenas ao longo do processo - explica.

A necessidade a fez desenvolver um método próprio de desbloqueio.

- O parágrafo inicial, sempre uma barreira, deixo por último, e só o retomo depois que escrevo todas as ideias e as vou costurando ao longo do texto. Costumo elaborar a ideia principal oralmente e depois tento fazer disso um parágrafo coeso. Nem sempre é fácil - explica.

Estratégias úteis Juliana superou o bloqueio na marra. Aos 25 anos,

começa este mês no Albert Einstein Medical Center, da Thomas Jefferson University, na Filadélfia. A especialização em nefrologia virá na sequência.

A escritora Sônia Belotto, professora de oficinas de escrita, orienta que, em casos assim, há três condições para um bom resultado: "conhecer o público, dominar o assunto escolhido e dominar as técnicas de escrita". Fazer isso é que são elas.

Língua reúne a seguir dicas de profissionais da escrita. São sugestões úteis até para quem não depende tanto da escrita para viver, como foi o caso da médica Juliana.

Anote as ideias A organização dos pensamentos é uma etapa

fundamental na preparação que precede um texto bem redigido. Em primeiro lugar, afirma a professora de redação do cursinho e colégio Objetivo Maria Aparecida

Custódio, é preciso anotar todas as ideias que passam pela cabeça em relação ao assunto sobre o qual se quer escrever. À maneira de um brainstorming, é importante registrar conceitos e sacadas, que podem ser aproveitados na redação posteriormente.

Porém, antes mesmo de se sentar para colocar as ideias no papel, convém definir a finalidade do seu texto e as possíveis formas de se tratar o assunto, tendo em mente, sempre, a necessidade de despertar e capturar o interesse do leitor.

- A partir disso, o ideal é registrar as ideias relacionadas ao assunto da maneira mais espontânea possível; só depois vem a preocupação com o vocabulário, com a ortografia e com a organização do texto. Primeiramente vem o conteúdo; e em seguida, a forma - diz Cida.

Identidade com o que vai dizer Para Edwiges Morato, livre-docente do Instituto de

Estudos da Linguagem da Unicamp, aquilo que se põe no papel deve fazer sentido a quem escreve, ou haverá dificuldades de iniciar o texto justamente por não haver identidade com o tema. Exemplo é a redação de férias que professores propõem a alunos na volta às aulas.

- Não é à toa que demoram para escrever algo. Se algo está fora de contexto, perde o sentido - diz.

Exemplo é a compositora Zélia Duncan. Ao escrever uma letra, ela procura sons na melodia que a remetam a alguma palavra.

- E é comum o parceiro mandar a melodia cantada sem letra e ali já tem um som me dizendo alguma coisa - conta.

Evite o perfeccionismo Ainda que o lapso seja normal no processo

linguístico, escrever não é, para muitas pessoas, uma tarefa simples como falar. Por isso, cedo ou tarde, topamos com uma página em branco que não conseguimos transpor. Não há um motivo especial para que isso aconteça, mas existem razões que podem causar esse bloqueio.

Uma das mais comuns é psicológica: o medo de começar a escrever é o medo de que o resultado não seja bom. Segundo a professora Aparecida Custódio, do Objetivo, a autodepreciação nos impede de expor nossas falhas e também de revelar nossas qualidades. Ao escrever, estamos nos expondo, e o fato de esse resultado ser submetido à avaliação de outrem pode gerar um bloqueio.

- Estamos muito mais familiarizados com a fala do que com a escrita. Assim, é natural que nos sintamos inibidos diante da folha em branco. A palavra escrita fica registrada, como que a revelar nossas supostas deficiências - diz a professora.

Em suas oficinas de escrita criativa, Sônia Belotto observa o mesmo. Muitos dos alunos que não conseguem iniciar seus textos relutam com o perfeccionismo, a ansiedade e a insegurança de se expor, mas Sônia garante que isso tudo é superado com exercícios de escrita.

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- Muitas vezes, a ansiedade em encontrar um bom tema, a capacidade em cumprir prazos e se expor ao colocar as ideias no papel pode acarretar dificuldades, assim como a insegurança, a falta de motivação e, principalmente, não conhecer as técnicas de escrita - afirma.

O escritor Ricardo Lísias dá aulas de gramática para universitários da área de exatas e, devido à sua profissão, convive com muitos aspirantes a escritor. Ao comparar os dois grupos de pessoas, comenta que seus alunos de exatas escrevem com muito mais facilidade do que os aprendizes de escritor. Tudo porque não se autocensuram e veem a tarefa com mais objetividade, e por isso sofrem menos no processo de construção do texto.

Descarte a solução burocrática

Anotadas as ideias, é hora de perder o medo da página em branco. Na falta do começo ideal para seu texto, não vale escrever qualquer coisa e seguir em diante, só para tirar o bloqueio do caminho. O jornalista Sérgio Rizzo, colunista de Língua, professor de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e crítico de cinema, conta que seus alunos muitas vezes superam a dificuldade para começar um texto com soluções burocráticas, e por isso ele sugere que voltem ao início e vejam o momento dedicado à abertura do texto como um investimento, e não perda de tempo. Acima de tudo, é preciso encarar essa dificuldade de começar um texto como algo normal, que a maioria das pessoas enfrenta e faz parte do processo de construção linguística.

- Esse lapso não pode ser tratado como uma síndrome, como se fosse um mal ou uma patologia a serem erradicados. Assim como acontece o esquecimento na hora da fala, quando perdemos a palavra, esse lapso acontece na hora da escrita também - observa a professora Edwiges.

Construa um caminho próprio Encarar um texto com objetividade é uma boa pista

para não travar já ao começar um texto. Ainda que o conteúdo possa ser subjetivo, a tarefa de colocá-lo no papel deve ser objetiva. Isso significa construir uma estrutura textual e traçar um planejamento detalhado do que será escrito e como isso será feito.

- Nunca chego à página em branco sem saber o que vou escrever. Faço 1.001 esquemas, planos, detalhes, listagens, pesquisas, fichas de personagem, e, quando chego a esse momento da criação, já tenho muito claro o que eu vou escrever. Achar que o texto sai do nada é o que causa "o nada" - aponta Lísias.

Por isso, a sugestão é fazer esboços e esquemas para montar um esqueleto sólido o suficiente para não dar margem ao bloqueio - afinal, já se sabe o que será escrito.

O administrador Augusto Campos, que atua na área de Planejamento Estratégico e escreve para os sites BR-Linux, BR-Mac e Efetividade, conta que, para ele, essa estratégia na hora de escrever equivale ao "empurrão que faz o carro sem bateria `pegar no tranco´". Ele deixa de lado a folha (ou a tela) em branco, lança mão de um papel de rascunho e faz uma lista de quais temas precisam ser abordados, quais ideias não podem deixar de ser mencionadas e quais perguntas devem ser respondidas.

- Ao pensar nesse conjunto, é inevitável atentar para o encadeamento entre as partes e, sem perceber, você já estará redigindo a versão inicial. Depois é só colocar no papel - diz Campos.

O crítico Sérgio Rizzo sugere outra maneira de estruturar o texto, que aprendeu no início da carreira com um jornalista experiente: dividir os parágrafos em blocos. Às vezes, para melhorar a estrutura, funciona recortar o papel em torno dos parágrafos já escritos, ou de temas que devem ser abordados, e montá-los numa ordem mais coesa. Isso pode consumir um tempo precioso, mas Rizzo garante que vale a pena.

- Passei a encarar esse tempo perdido na abertura como um investimento feito no restante do texto. Digamos que você perca três horas no começo: a estrutura te deu um final, apontou caminhos, e então o resto será rápido - diz.

Administre prazos Construir uma estrutura para o texto e praticar a

leitura e a escrita são estratégias eficazes, mas que tomam certo tempo. Por isso, nada como a aproximação do dia ou horário de entrega de um texto para soltar as amarras que o impediam de fluir. Sérgio Rizzo diz que muitos de seus melhores textos foram produzidos próximos ao deadline, como se sua criatividade funcionasse melhor. A compositora Zélia Duncan não gosta de trabalhar sob pressão, ou seja, perto do prazo, mas confessa que eventualmente é ele que a desbloqueia para começar uma letra.

- Eu demorei muito para começar a fazer a letra de Inclemência, pois era algo sério, uma melodia do maestro Guerra Peixe. Protelei durante meses, até que me deram uma prensa. Sentei e fiz a letra em meia hora. É uma das parcerias minhas de que mais gosto e tenho orgulho - conta.

Mas, no fim, Zélia conclui que as dificuldades para começar a escrever são ossos do ofício.

- Creio que todos, em algum momento, se sentem um pouco sem saída, mas isso está implícito no ofício de escrever, compor, seja lá o que for. O pintor diante de uma tela, quantas vezes não desistiu? Mas se fosse fácil, não seria tão profundo e qualquer um faria.

Fazer de tal modo que só você seria capaz é, no fundo, o desafio e o principal medo a ser vencido.

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Exercitar é vital Não tem jeito: a facilidade de começar e desenvolver

um texto só chega com a prática e o exercício constante. É irreal - ou, pelo menos, raro - esperar que um texto surja pronto na cabeça de um momento para o outro, como uma inspiração divina.

- Faísca, inspiração, insight só surgem com esforço e dedicação, que precedem em muito tempo o ato de escrever - afirma a professora Aparecida Custódio, do Objetivo.

Por isso, a dica da escritora e editora Sônia Belotto é estipular um horário fixo diariamente e escrever, pelo menos, uma página, o que o levará rapidamente a escrever de forma natural e dinâmica.

- Da mesma maneira que fazemos caminhadas ou frequentamos uma academia para exercitar a musculação, escrever promove o exercício da escrita e, quanto mais exercitarmos, mais facilidade vamos encontrar à medida em que escrevemos - aponta.

Isso vale para qualquer profissão, afinal a familiaridade com a escrita ajuda qualquer um que goste ou tenha de escrever. Se não é possível praticar diariamente, que seja pelo menos duas vezes por semana. Segundo Rizzo, foi o exercício diário que o ensinou a lidar com as dificuldades que aparecem na hora de redigir o texto, porque o colocou em uma situação de ter de enfrentar os problemas que surgiam todos os dias na hora de escrever e, assim, ganhar know-how.

- É um pouco como um cachorro na piscina - ou ele põe a pata para cima da água e aprende a nadar, ou ele morre. Se você produz cotidianamente o texto, também precisa aprender a se virar - compara.

O mal dos textos curtos O mesmo princípio vale para a leitura. Segundo

Rizzo, as pessoas têm lido textos mais curtos e enxutos, sobretudo na internet, e isso faz com que o redator tenha pouco contato com textos mais elaborados.

- Quando comecei na carreira, me inspirava muito em reportagens legais que tinha lido, aí pensava em como adaptar aquilo para o que eu tinha que escrever - conta.

Outra dica é ler textos de fôlego como "aquecimento" antes de se dedicar à escrita.

- O leitor assíduo conta com um vasto repertório linguístico e cultural que lhe oferece amplas possibilidades de iniciar um texto - observa a professora Aparecida Custódio.

Começar de novo

O que os especialistas têm a dizer sobre como vencer

o bloqueio criativo Não se cobrar demais Primeiramente, procure manter o lugar onde escreve

arejado, respire e relaxe por alguns instantes. Comece a

escrever o que lhe vier à cabeça e não se faça nenhum tipo de cobrança, principalmente sobre ser original ou ter obrigação de escrever um best-seller. Quando estiver escrevendo, apenas escreva, sem se criticar, revisar seu texto ou tentar organizá-lo enquanto escreve. Esperar a inspiração aparecer também não é um bom negócio, pois escrever requer muito trabalho, como qualquer projeto de vida.

Sônia Belotto, escritora e editora de livros Faça aquecimento Quando temos de nos dedicar a textos muito longos

e reflexivos ou a um volume de textos encadeados, como uma tese, é de grande ajuda permitir-se um tempo de aquecimento. Por isso, é importante que você tenha horas para queimar, porque a máquina começa funcionar depois de algum momento. É essencial que cada um descubra a sua curva de aceleração, como a de um carro.

Sérgio Rizzo, jornalista, professor e crítico de cinema Pular o começo Para os casos mais comuns do dia a dia, o empurrão

mais simples é deixar de lado a abertura e os parágrafos iniciais e ir direto para a conclusão, que geralmente afirma um conjunto de ideias que o autor já tem claras em sua mente. O processo de redação desse trecho geralmente é capaz de encadear as ideias que faltam para depois ir construir (já aquecido) os parágrafos iniciais.

Augusto Campos, administrador Não insistir, nem parar Se travou geral, melhor respirar antes de insistir em

um jeito improdutivo. Depois transformar a trava em uma procura, em um exercício, lembrar que o caminho deve ser sempre mais interessante do que a chegada. Ruim mesmo é deixar por fazer - isso solidifica a paralisia. Sou a favor de anotar ideias, escrever um pouco sem compromisso, provocar-se.

Zélia Duncan, cantora e compositora Na hora do vestibular Fuga ao tema proposto, desconhecimento do assunto

a ser abordado e ausência de domínio da expressão escrita são alguns dos maiores entraves à produção textual. O vestibulando pode vencer essas dificuldades lendo atentamente o enunciado e a proposta de redação, a fim de entender o que se pede; em seguida, deve ler os textos apresentados pela Banca Examinadora como base ou estímulo, identificando a ideia principal de cada um deles, a fim de, posteriormente, aproveitá-las em sua redação. Caso tenha dificuldade de entender os textos, o estudante pode tentar parafraseá-los, ou seja, reescrevê-los com outras palavras. Essa técnica, de buscar sinônimos para as palavras, costuma ser bastante útil não só para facilitar a compreensão, mas também para estimular a imaginação e ampliar as possibilidades de abordagem do tema.

Maria Aparecida Custódio, professora de redação do Objetivo

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Bloqueio cinematográfico Até Stephen King tinha medo da página em branco.

Em pelo menos três de seus livros adaptados para as telas, o escritor discorreu sobre a familiar frustração de encarar uma folha vazia sem conseguir começar um texto. Nas histórias, a improdutividade do escritor era enlouquecedora. Literalmente.

Em O Iluminado (1980) - adaptação de uma obra de King dirigida por Stanley Kubrick - o protagonista Jack Torrance, interpretado por Jack Nicholson, enfrentou a página em branco em sua máquina de escrever durante um mês. Mas King não foi o único perturbado pela necessidade de iniciar um texto.

O escritor de programas de TV, Isaac Davis, personagem de Woody Allen em Manhattan, também ensaiou diversas vezes (sem sucesso) ao introduzir um texto de abertura para o filme. Vale dizer que a questão do bloqueio criativo é recorrente na obra de Allen, a exemplo de Desconstruindo Harry (1997) e Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (2010), entre outros filmes do diretor.

Além de Allen, poucos foram tão acossados pelo fantasma da página em branco como Guido Anselmi, o cineasta vivido por Marcello Mastroianni em 8 ½, de Federico Fellini, que precisava escrever o roteiro de um filme que já começara a ser rodado, sendo contudo incapaz de fazê-lo.

10 passos da redação nota 10 Dicas e conselhos para escrever melhor e sair-se bem

ante a exigência de bons textos no mercado de trabalho, nos processos seletivos e no cotidiano. Redigir textos virou exigência tão difundida na sociedade contemporânea que chega a ser quase impossível tocar a vida sem ser obrigado a adquirir familiaridade com qualidades da escrita. A concorrência nunca esteve tão acirrada e em campos que ressaltam o papel da redação como um filtro. O Enem deste ano, por exemplo, conta com 6,2 milhões de candidatos (1,5 milhão a mais do que em 2010). O vestibular da Unesp, um dos maiores do país, registrou a maior concorrência de sua história: 12.375 inscritos para 510 vagas (24,3 por vaga). Como tantas outras instituições, a PUC-Minas computou aumento no número de candidatos (42,6%) em seu processo seletivo. Provas de redação viraram o grande vilão dos concursos públicos no Brasil. A avaliação é da

Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anfac), que registra, por ano, cerca de 10 milhões de candidatos, um terço dos quais têm cadeira cativa em cursos preparatórios, uma indústria que movimenta R$ 1 bilhão por ano. Uma parte substancial do trabalho preparatório, mesmo de provas técnicas, está centrado no ensino de redação. Com o mercado aquecido, negócios e relacionamentos de trabalho dependem, não raro, do desempenho na criação de textos claros, criativos e precisos - no papel ou em meio eletrônico. O aumento da oferta na rede de ensino pública e no ensino superior privado (há 2.300 instituições do gênero, que não existiam há dez anos) implica o proporcional crescimento de trabalhos escolares redigidos no país. O peso da redação vem aumentando em ambientes de trabalho que requerem a produção de textos profissionais, como relatórios, memorandos e cartas comerciais. Além de experiência e qualificações curriculares, as entrevistas de emprego nas empresas têm tido por frequente critério a exigência da redação. Aprimorar a redação está longe de ser perda de tempo. Língua sugere a seguir 10 passos para a redação de qualidade em situações de comunicação cotidianas. Indicam caminhos para o redator aperfeiçoar suas técnicas de escrita. E fazer frente às exigências de escrita do dia a dia.

1 - O cuidado com a gramática Muita gente crê que não cometer erros de português

já define um texto nota dez. Um texto sem erros gramaticais, no entanto, deve ser

hoje encarado mais do que uma mera meta. É antes um pressuposto.

Toda redação é um composto em que o uso da linguagem adequada se revela um de seus fatores importantes, é verdade.

Mas não o único. Quem examina redações em concursos, vestibulares e

no mercado de trabalho tende a supor que o redator seja capaz de conhecer e reconhecer as diversas linguagens, sabendo comunicar-se em diferentes situações conforme a exigência do contexto.

É preciso saber acentuar, concordar verbal e nominalmente; demonstrar que conhece os preceitos da ortografia e tem habilidade com conectivos, pronomes e verbos, e que o conhecimento da regência verbal e nominal condiga com o tecido textual.

Convém evitar expressões como "eu acho", "eu penso" ou "quem sabe", porque elas mostram dúvida e fazem com que seu texto perca credibilidade.

É preciso, acima de tudo, usar linguagem simples, que não exige do leitor o esforço de decifrar um texto complicado de entender.

Torne as frases leves e curtas sendo claro, seguindo a ordem direta de apresentação do assunto, sem inversão da sequência de dados e opiniões.

É necessário, para tudo isso, uma dose de leitura diária.

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2 - Saiba cercar-se de fontes Uma boa redação é muitas vezes aquela em que se

soube manejar uma coletânea de textos de apoio, mas fazendo isso com sabedoria, sem simplesmente decalcar as informações. A coletânea deve ser usada como uma referência para que se possa encaminhar o próprio texto. Consultar diferentes fontes, entender as ideias que provêm delas, e produzir o texto em consonância com os limites impostos pelas informações consultadas é um exercício importante, pois pode dar segurança e qualidade aos nossos textos. Assim, quando lançados à obrigação de criar textos sem consultas do gênero, saberemos o que fazer com as ideias que nos surgirem na cabeça, pois teremos aprendido a organizar o desenvolvimento de raciocínios a partir de informações, não mera divagação.

3 - Busque um raciocínio lógico Uma redação nota 10 é a que apresenta ideias que

permitam ao leitor uma compreensão exata do que se pretendeu escrever. Cabe ao redator dar um caminho ao raciocínio, criar um sentido que responda às lacunas do que ele imagina tomar o leitor a cada parágrafo. Uma dissertação de vestibular, por exemplo, deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão. A narrativa de uma entrevista de trabalho, numa seleção de emprego com tema de redação livre, pode dispor de apresentação, trama e desfecho.

É providencial que os parágrafos estejam organizados para que a leitura seja clara e sem dispersão. Para tanto, o uso correto dos conectivos torna-se fundamental. São eles que permitem ajustes de raciocínio por meio de ligações adequadas.

Um bom vocabulário é outro fator importante na composição do raciocínio, pois é preciso saber variar os termos e fazer uso de sinônimos. A coesão espaço temporal requer cuidados para evitar equívocos, como conferir a um personagem citado falas distintas do tempo em que o apresentamos.

4 - Concilie tema e proposta Seja qual for a sua opinião, simplesmente a defenda.

Busque a sensatez e evite radicalismos e pontos polêmicos. Numa prova de redação, é frequente a necessidade de fazer a associação entre a leitura, a interpretação do tema proposto. O ideal é ler atentamente o que nos propõem, avaliar os conceitos que temos e os argumentos em contrário, acentuar detalhes imprescindíveis e produzir um projeto de texto que demonstre com precisão a capacidade de trabalhar o tema dentro do que foi solicitado. É sempre bom lembrar que, em muitos casos, o tema exige um senso de observação aguçado, que leva o redator, obrigatoriamente, a relações intertextuais dinâmicas e até mesmo complexas, principalmente nos chamados temas "filosóficos" ou "comportamentais".

5 - Recorra aos esboços Os textos que não passam por um projeto prévio são

os que mais podem suscitar problemas. E o que seria um projeto de texto? É projetar aquilo que se vai escrever:

limitar o texto às exigências do público que lerá o texto, balanceado com o que se sabe e pode trabalhar. Assim, no caso dos textos argumentativos, o primeiro passo é extrair uma tese, a ideia que vai ser exposta e defendida. Em seguida, buscar as argumentações que, de forma crítica e bem conduzidas, possam sustentar tal tese. Tudo isso de modo a compor um esquema, um esboço, atentando para incluir pontos que sejam importantes e não esquecidos quando da elaboração do texto. A conclusão pode ser projetada desde o início, para que o redator imagine quando e como terminar o trabalho. É fundamental lembrar que temos um espaço para escrever e, seja qual for o gênero, ele precisa atender aos limites impostos pela situação de comunicação. Daí a importância também do planejamento textual.

6 - Seja coerente Uniformidade é uma palavra-chave. A ideia que o

norteia não pode ser contraditória, generalizante ou inverossímil. A boa redação prima pela coerência, não desdiz o que vinha apresentando, não faz generalizações inexatas, nem considerações infundadas.

A coerência diz respeito ao modo como as ideias e os fatos são dispostos. Descreva argumentos coerentes. Apresente apenas argumentos que tenham fundamento, não tente escrever o que você "acha" ou não tenha certeza. Tudo isso tende a levar o texto ao descrédito - como dizer, simplesmente, que todos os políticos são desonestos, todos os jovens usam drogas, todas as mulheres gostam de apanhar, e coisas do gênero.

Seja objetivo. Numa seleção de emprego com tema livre, por exemplo, convém falar da carreira, da profissão, da área de atuação ou algo sobre a atualidade. Redações com temas indistintos, como "minhas férias", ou confessionais demais, indicam falta de objetividade.

7 - Evite fórmulas Há quem busque por fórmulas mágicas capazes de,

num só momento, produzir um texto impecável sem as "dores do parto" que costumam acompanhar o processo de escrita. Esses redatores tendem a colecionar técnicas e mais técnicas, num amontoado de efeitos que, se não conduzidos a contento, levam a um texto pífio ou sem noção de autoria. É evidente que não se podem eliminar as técnicas na composição de um texto, mas é fundamental que elas sejam bem empregadas, com sentido e bem alicerçadas.

É preciso evitar, por exemplo, o uso de frases de efeito, pois tendem a permitir interpretações apressadas, quando não indesejáveis - isso se a frase for de fato inteligente (há sempre o risco de só o criador delas achá-las inteligentes).

Na dúvida, evite usar termos em inglês. É recurso usado muitas vezes de forma inábil, como sinalização de status e conhecimento com que, de fato, nem sempre se está familiarizado. Corre-se o risco desnecessário de errar a grafia e pode-se encarar um leitor ressabiado pelos estrangeirismos .

De nada vale, também, decorar trechos de obras, menções históricas e coisas do gênero, para depois usar de forma indiscriminada e sem critério num escrito. Abrir

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um texto com definição descontextualizada ou uma alusão imprópria mostra a debilidade do redator. Uma citação, uma alusão, um efeito de causa e consequência, uma definição, entre outras técnicas, são recursos que imprimem ao texto uma qualidade superior, mas não devem e não podem ser usados sem nexo nem competência. O caminho para uma adequação inteligente desses recursos é o exercício.

8 - Desenvolva um estilo É muito importante que a redação tenha um rosto,

por meio do qual se vislumbre uma noção de estilo por parte do redator. Pode-se desenvolver a argumentação de pelo menos duas maneiras: usando um tom mais ponderado, focado na discussão de um assunto mais sério e sem espaço para o humor; ou de maneira mais solta e espontânea, exaltando o tema em questão. Esses dois registros são como máscaras, que o redator pode mudar conforme a ocasião ou assunto tratado. Evidentemente, será inadequada a abordagem de um tema como o aborto, por exemplo, valendo-se de um registro leve e descompromissado. Tampouco será apropriado falar de temas que demandem um trato despojado sob um ponto de vista demasiado sisudo ou tecnicista. No entanto, seja qual for o tom adotado, é importante escrever em terceira pessoa, evitando manifestações exacerbadas de sentimentos e tentativas de impressionar com um vocabulário rebuscado.

9 - Estruture os parágrafos Evite escrever parágrafos muito longos, pois tendem

a ser tomados como maçantes. O cuidado com os parágrafos deve ser preocupação permanente de quem escreve. Um parágrafo longo demais pode ser sinônimo de um acúmulo ou confusão de ideias. Já um parágrafo muito curto pode ser indício de sonegação dessas mesmas ideias. O ideal é que eles sejam equilibrados - nem longos, nem curtos - e que possam expressar a ideia de uma forma lógica e competente. Quantos parágrafos deve ter um texto? Cada situação de escrita vai estabelecer o limite da escrita. O ideal é que, para um texto de 30 linhas, haja ao menos 4 parágrafos: um para introdução, dois para o desenvolvimento e um para a conclusão. Entretanto, essa não é uma fórmula exata.

10 - Enriqueça seu repertório Manter-se atualizado e a par dos principais fatos é

essencial. Assim como os músicos têm um repertório, o redator precisa ter na manga conhecimentos de que se possa valer ao abordar os mais diversos temas. É preciso conhecer o assunto sobre o qual vai escrever, o que demanda certa leitura e informação. Para tanto, é preciso estar atento ao noticiário e mapear as editorias à procura de assuntos recorrentes. Arriscar-se a falar sobre algo que desconhece pode ser um tiro no pé. Qualquer pessoa mais informada - seja um leitor comum ou um membro da banca examinadora - descobrirá facilmente, ao cabo de um parágrafo ou dois, se o candidato está blefando sobre alguma informação. Sobretudo se esta for expressa de modo maneirista, com excesso de relativizações, o que pode ser sinal de insegurança ao lidar com os dados.

Construções pirotécnicas e cheias de adornos retóricos são o refúgio ideal da falta de conhecimento. Na dúvida, é melhor o redator se guiar por raciocínios e informações que ele domine.

Do Enem para a vida 10 dicas para a prova de redação do Exame

Nacional do Ensino Médio que são úteis também no dia-a-dia

Atenção ao que se propõe - Uma leitura cuidadosa da

proposta de redação evita que o candidato fuja do tema ou só o tangencie.

Examine a antologia - Trechos selecionados pela

prova cumprem a tarefa de provocar a reflexão acerca da situação-problema em questão.

Siga as instruções - Desrespeitar o mínimo de 8 e o

máximo de 30 linhas escritas, bem como não entregar a prova à tinta, podem desclassificar o candidato.

Faça um rascunho - É nessa etapa que se organizam

as ideias, esquematizando-as em parágrafos para que se organizem segundo a estrutura clássica da dissertação: introdução (apresentação da tese a ser defendida); desenvolvimento (argumentos que justifiquem a tese); conclusão (parágrafo final em que se expõe uma solução ou desfecho para o tema).

Norma culta - O domínio da língua não implica

necessariamente um texto rebuscado. O ideal é que seja correto e simples. Convém evitar períodos longos demais e vocabulário pedante, bem como clichês e generalizações vazias.

Marcas de oralidade - Expressões da fala cotidiana,

como "né", "ok" ou "tá", por exemplo, não têm lugar numa redação. Palavras obscenas também devem ser evitadas, a menos que indispensáveis ao tratamento do assunto.

Sem internetês - Abreviações do tipo "vc", "hj", "td",

etc., podem tirar pontos de uma redação que não está na situação de comunicação que exige o internetês. Nenhum leitor é obrigado a entender a linguagem dos computadores. Convém não usar nenhum tipo de abreviação não explicada, pois se corre o risco de fazer uma abreviação equivocada.

Manter a pessoa do discurso - Convém manter a

mesma pessoa do discurso ao longo de todo o texto - seja a 3ª do singular ("entende-se que ela tenha agido assim...") ou a 1ª do plural ("vivemos uma era tecnológica...").

Revisão final - É aconselhável ler o texto depois de

terminá-lo, para que não passem possíveis deslizes gramaticais, erros de concordância, etc. Além disso, repetições e redundâncias, comuns quando se escreve

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com pressa, podem colocar a redação a perder.

Exercite - Escrever e reescrever textos ajuda a criar hábito.

Erros que não podemos cometer

a) Fuga do tema! b) Parágrafos soltos ao longo do texto: é preciso ligar todos eles! (coesão / coerência) c) Períodos muito longos: ficam confusos e dificultam a leitura do texto. d) Frases sem sujeito: deixam o leitor perdido à procura do autor das ações do texto. e) Separação de sujeito e predicado por vírgula. f) Incompatibilidade entre sujeito e verbo: “A sopa que emagrece dois quilos por semana”. g) Utilizar a primeira pessoa: nunca use “eu” ou “na minha opinião”! h) Parênteses indevidos: quase nunca são realmente necessários, melhor evitá-los. i) Modo imperativo: ninguém quer dar ordens ao leitor! j) Expressões muito coloquiais e palavras vagas: “coisa”, “legal”, verbo “ser”... k) Repetição exagerada de palavras e expressões: viva a diversidade! l) Entregar a redação sem fazer revisão. Palavrinhas perigosas: Onde - Só deve ser utilizada para se referir a um lugar. Através - Utilizar somente quando há noção espacial. Mau / bom X Mal / bem Há (tempo passado) X A (distância e tempo futuro) Considerações - Não diga em sua redação apenas o que já é lugar comum. Procure argumentos que surpreendam o seu leitor! - Lembre-se de que ele corrigirá dezenas de textos por dia e ideias inovadoras serão sempre bem-vindas. - Você pode fazer citações em sua redação, desde que elas sejam curtas e apresentadas com as suas próprias palavras. É muito importante que elas possam ser comprovadas pelo leitor. Não se esqueça de citar a sua fonte, que pode ser um texto da própria coletânea apresentada pela prova. - Escrever sempre é a única forma de se aprender a escrever bem. Não depende de talento nem de dons divinos, mas do seu esforço e da sua persistência. - Redações lendárias como aquela em que o candidato escreveu apenas “tic tac tic tac tic tac” não passam de história da carochinha! Não invente tanto assim: sua imaginação deve voar dentro dos limites do gênero dissertativo-argumentativo, próprio das redações de vestibular. - Na hora de fazer a prova, não deixe a redação por último. Ela equivale a uma porcentagem muito significativa da sua nota final em todos os vestibulares. - Atenção a sua letra, sempre! Ela é um cartão de visitas!

- Acredite em você. No final das contas, tenha a certeza de que todo esforço será recompensado com uma excelente nota no vestibular! Dicas para escrever uma boa redação Faça letra legível: Você acha que alguém vai tentar decifrar sua redação, tendo outras 700 para corrigir? Ordenação das Ideias: A falta de ordenação de ideias gera um texto sem encadeamento e, às vezes, incompreensível, partindo de uma ideia para outra sem critério, sem ligação. Coerência: Você não deve apresentar um argumento e contradizê-lo mais adiante. Coesão: A redundância denuncia falta de coesão. Não dê voltas num assunto, sem acrescentar dados novos. Isso é típico de quem não tem informações suficientes para compor o texto. Inadequação: Não fuja ao tema proposto, escolhendo outro argumento com o qual tenha maior afinidade. O distanciamento do assunto pode custar pontos importantes na avaliação. Estrutura dos Parágrafos: Separe o texto em parágrafos. Sem a definição de uma ideia em cada parágrafo, a redação fica mal estruturada. Não corte a ideia em um parágrafo para concluí-la no seguinte. Não deixe o pensamento sem conclusão. Estrutura das Frases: Faça a concordância correta dos tempos verbais; Não fragmente a frase, separando o sujeito do predicado; Flexione corretamente os verbos quando for usar o gerúndio ou o particípio. Conselhos úteis: Evite as repetições de sons, que é deselegante na prosa; Evite as repetições de palavras, que denota falta de vocabulário; Evite a repetição de ideias, que demonstra falta de conhecimento geral; Evite o exagero de conectivos (conjunções e pronomes relativos) para evitar a repetição e para não alongar períodos; Evite o emprego de verbos genéricos, tais como dar, fazer, ser e ter; Evite o uso exagerado de palavras e expressões do tipo: problema, coisa, negócio, principalmente, devido a, através de, em nível de, sob um ponto de vista, tendo em vista etc; Evite os coloquialismos: só que, daí, aí etc; Cuidado com o emprego ambíguo dos pronomes: seu, seus, sua, suas; Cuidado com as generalizações: sempre, nunca, todo mundo, ninguém; Seja específico: utilize argumentos concretos, fatos importantes; Não faça afirmações levianas, como: todo político é corrupto...; Não use expressões populares e cristalizadas pelo uso, como: a união faz a força;

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Não use palavras estrangeiras nem gírias, como: deletar, tipo assim; Observe a pontuação; Cuidado com o uso de conjunções: - mas, porém, contudo são adversativas, indicam fatores contrários; - portanto, logo são conclusivas; - pois é explicativa e não causal; Não deixe parágrafos soltos: faça uma ligação entre eles, pois a ausência de elementos coesivos entre orações, períodos e parágrafos é erro grave.

Esquemas de dissertação

Aprimoramento Linguístico Dentre as falhas mais frequentes encontradas em textos dissertativos, muitas envolvem o uso de expressões coloquiais, outras a redundância ou a ausência de organização das ideias. Vamos alguns exemplos dessas incorreções, que deverão ser evitadas em seus futuros textos: Palavras de introdução “embromatória”: A vida, única e exclusivamente, é tão complexa que, apesar de tudo, não obstante o que possam dizer, torna-se altamente problemática. Intromissão: Na minha opinião, a seleção brasileira não está preparada para disputar a Copa da Alemanha. Abstração grosseira: Porque ai nós pegamos e pensamos: para onde vai a humanidade? Prolixidade / ausência de objetividade Textos complementares

Família tem de ser careta Quem não estiver disposto a dizer 'não'

na hora certa e se fizer de vítima dos filhos, que por favor não finja que é mãe ou pai.

Esperando uma reação de espanto ou contrariedade ao

título acima, tento explicar: acho, sim, que família deve ser

careta, e que isso há de ser um bem incomparável neste mundo tantas vezes fascinante e tantas vezes cruel. Dizendo isso não falo em rigidez, que os deuses nos livrem dela. Nem em pais sacrificiais, que nos encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e floresça. Não penso em frieza e omissão, que nos farão órfãos desde sempre, nem em controle doentio – que o destino não nos reserve esse mal dos males. Nem de longe aceito moralismo e preconceito, mesmo (ou sobretudo) disfarçado de religião, qualquer que seja ela, pois isso seria a diversão maior do demônio.

Falo em carinho, não castração. Penso em cuidados, não suspeita. Imagino presença e escuta, camaradagem e delicadeza, sobretudo senso de proteção. Não revirar gavetas, esvaziar bolsos, ler e-mails, escutar no telefone, indignidades legítimas em casos extremos, de drogas ou outras desgraças, mas que em situação normal combinam com velhos internatos, não com família amorosa. Falo em respeito com a criança ou o adolescente, porque são pessoas, em entendimento entre pai e mãe – também depois de uma separação, pois naturalmente pessoas dignas preservam a elegância e não querem se vingar ou continuar controlando o outro através dos filhos.

Interesse não é fiscalizar ou intrometer-se, bater ou insultar, mas acompanhar, observar, dialogar, saber. Vejo crianças de 10, 11 anos frequentando festas noturnas com a aquiescência de pais irresponsáveis, ou porque os pais nem ao menos sabem onde elas andam. Vejo adolescentes e pré-adolescentes embriagados fazendo rachas alta noite ou cambaleando pela calçada ao amanhecer, jogando garrafas em carros que passam, insultando transeuntes – onde estão os pais?

Como não saber que sites da internet as crianças e os jovenzinhos frequentam, com quem saem, onde passam o fim de semana e com quem? Como não saber o que se passa com eles? Sei de meninas, quase crianças, parindo sozinhas no banheiro, e ninguém em casa sabia que estavam grávidas, nem mãe nem pai. Elas simplesmente não existiam, a não ser como eventual motivo de irritação.

Não entendo a maior parte das coisas solitárias e tristes que vicejam onde deveria haver acolhimento, alguma segurança e paz, na família. Talvez tenhamos perdido o bom senso. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender as crias indefesas – e não me digam que crianças de 11 anos ou adolescentes de 15 (a não ser os monstros morais de que falei na crônica anterior) dispensam pai e mãe. Também não me digam que não têm tempo para a família porque trabalham demais para sustentá-la. Andamos aflitos e confusos por teorias insensatas, trabalhando além do necessário, mas dizendo que é para dar melhor nível de vida aos meninos. Com essa desculpa não os preparamos para este mundo difícil. Se acham que filho é tormento e chateação, mais uma carga do que uma felicidade, não deviam ter tido família. Pois quem tem filho é, sim, gravemente responsável. Paternidade é função para a qual não há férias, 13º, aposentadoria. Não é cargo para um fiscal tirano nem para um amiguinho a mais: é para ser pai, é para ser mãe.

É preciso ser amorosamente atento, amorosamente envolvido, amorosamente interessado. Difícil, muito difícil, pois os tempos trabalham contra isso. Mas quem não estiver disposto, quem não conseguir dizer "não" na hora certa e procurar se informar para saber quando é a hora certa, quem se fizer de vítima dos filhos, quem se sentir sacrificado, aturdido, incomodado, que por favor não finja que é mãe ou pai. Descarte esse papel de uma vez, encare a educação como função da escola, diga que hoje é todo mundo desse jeito, que não existe mais amor nem autoridade... e deixe os filhos entregues à própria sorte.

Pois, se você se sentir assim, já não terá mais família nem filhos nem aconchego num lugar para onde você e eles gostem de voltar, onde gostem de estar. Você vive uma ilusão de família. Fundou um círculo infernal onde se alimentam rancores

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e reina o desamparo, onde todos se evitam, não se compreendem, muito menos se respeitam.

Por tudo isso e muito mais, à família moderninha, com filhos nas mãos de uma gatinha vagamente idiotizada e um gatão irresponsável, eu prefiro a família dita careta: em que existe alguma ordem, responsabilidade, autoridade, mas também carinho e compreensão, bom humor, sentimento de pertença, nunca sujeição.

É bom começar a tentar, ou parar de brincar de casinha: a vida é dura e os meninos não pediram para nascer.

Lya Luft

Felicidade em excesso pode fazer mal

Não há dúvida de que ser feliz é bom, mas em excesso

pode ser um veneno. E, quanto mais procuramos a felicidade, menos somos felizes. Conheça o lado B da felicidade.

Ser feliz é uma das maiores preocupações de nossa sociedade hoje. Ela se manifesta na cultura popular, em livros de autoajuda, terapias e palestras de motivação. Não é para menos. Há fortes evidências sobre os benefícios de ter mais emoções positivas, menos emoções negativas e de estar satisfeito com a vida - os 3 pilares da felicidade. No entanto, essa história também tem dois lados. Se for vivida em excesso, na hora errada e no lugar errado, a felicidade pode levar a resultados indesejados. E, inclusive, não ser saudável.

É o que indicam estudos recentes. Níveis moderados de emoções positivas favorecem a criatividade, mas níveis altos não. Crianças altamente alegres estão associadas com o maior risco de mortalidade na idade adulta por seu envolvimento em comportamentos arriscados. Isso porque uma pessoa muito feliz teria menos probabilidade de discernir as ameaças iminentes. Aqui, na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, fizemos uma pesquisa com 20 mil participantes saudáveis de 16 países. E encontramos os maiores níveis de bem-estar naqueles que tinham uma relação moderada entre emoções positivas e negativas em sua vida diária. Também vimos que níveis moderados (não extremos) de sentimentos positivos estão ligados à redução de sintomas de depressão e ansiedade, além do aumento da satisfação pessoal.

Como você pode perceber, felicidade não é uma só. Ela vem em diferentes sabores. Varia, por exemplo, segundo a dimensão do estímulo (excitação x calma) ou do engajamento social (compaixão x orgulho). Certos tipos de felicidade são muito autofocados e, por isso, acabam sendo mal-adaptados. É o caso do orgulho, geralmente ligado às conquistas e ao status social. O orgulho pode ser bom em certos contextos, mas também tem sido associado à agressividade e ao risco de desenvolver transtornos de humor, como a mania.

A própria busca por ser feliz também pode ser contraproducente. Muitas vezes, aliás, quanto mais as pessoas procuram a felicidade, menos parecem capazes de obtê-la. A razão é simples: elas concentram tanta energia e expectativa nesse esforço que os eventos felizes, como festas e encontros com amigos, acabam sendo decepcionantes. Em adultos jovens e saudáveis, essa busca incessante pela felicidade tem sido ligada ao maior risco de mania e depressão.

O que fazer então? É impossível ser feliz o tempo todo ou em todo lugar. Não vale a pena nem tentar. Pense na situação em que você deseja (ou é mais relevante para você) ser feliz. E não se esqueça: não desmereça os sentimentos negativos. A tristeza, por exemplo, é parte da experiência humana e não necessariamente é ruim. Ela até nos ajuda a manter os pés no chão.

Tentar maximizar emoções positivas e minimizar as negativas, portanto, nem sempre é uma boa. O equilíbrio é fundamental.

June Gruber

Qual é O Problema?

Um dos maiores choques de minha vida foi na noite anterior ao meu primeiro dia de pós-graduação em administração.

Havia sido um dos quatro brasileiros escolhidos naquele ano, e todos nós acreditávamos, ingenuamente, que o difícil fora ter entrado em Harvard, e que o mestrado em si seria sopa.

Ledo engano. Tínhamos de resolver naquela noite três estudos de caso de

oitenta páginas cada um. O estudo de caso era uma novidade para mim. Lá não há aulas de inauguração, na qual o professor diz

quem ele é e o que ensinará durante o ano, matando assim o primeiro dia de aula.

Essas informações podem ser dadas antes. Aliás, a carta em que me avisaram que fora aceito como

aluno veio acompanhada de dois livros para ser lidos antes do início das aulas.

O primeiro caso a ser resolvido naquela noite era de marketing, em que a empresa gastava boas somas em propaganda, mas as vendas caíam ano após ano.

Havia comentários detalhados de cada diretor da companhia, um culpando o outro, e o caso terminava com uma análise do presidente sobre a situação.

O caso terminava ali, e ponto final. Foi quando percebi que estava faltando algo. Algo que nunca tinha me ocorrido nos dezoito anos de

estudos no Brasil. Não havia nenhuma pergunta do professor a responder. O que nós teríamos de fazer com aquele amontoado de

palavras ? Eu, como meus outros colegas brasileiros, esperava

perguntas do tipo "Deve o presidente mudar de agência de propaganda ou demitir seu diretor de marketing?"

Afinal, estávamos todos acostumados com testes de vestibular e perguntas do tipo "Quem descobriu o Brasil?".

Harvard queria justamente o contrário. Queria que nós descobríssemos as perguntas que precisam

ser respondidas ao longo da vida. Uma reviravolta e tanto. Eu estava acostumado a

professores que insistiam em que decorássemos as perguntas que provavelmente iriam cair no vestibular.

Adorei esse novo método de ensino, e quando voltei para dar aulas na Universidade de São Paulo, trinta anos atrás, acabei implantando o método de estudo de casos em minhas aulas.

Para minha surpresa, a reação da classe foi a pior possível. "Professor, qual é a pergunta?", perguntavam-me. E, quando eu respondia que essa era justamente a primeira

pergunta a que teriam de responder, a revolta era geral: "Como vamos resolver uma questão que não foi sequer

formulada?". Temos um ensino no Brasil voltado para perguntas prontas

e definidas, por uma razão muito simples: é mais fácil para o aluno e também para o professor.

O professor é visto como um sábio, um intelectual, alguém que tem solução para tudo. E com o tempo os alunos acreditam.

E os alunos, por comodismo, querem ter as perguntas feitas, como no vestibular.

Nossos alunos estão sendo levados a uma falsa consciência, o mito de que todas as questões do mundo já foram formuladas e solucionadas.

O objetivo das aulas passa a ser apresentá-las, e a obrigação dos alunos é repeti-las na prova final.

Em seu primeiro dia de trabalho você vai descobrir que seu patrão não lhe perguntará quem descobriu o Brasil e não lhe pagará um salário por isso no fim do mês.

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Nem vai lhe pedir para resolver "4/2 = ?". Em toda a minha vida profissional nunca encontrei um quadrado perfeito, muito menos uma divisão perfeita, os números da vida sempre terminam com longas casas decimais.

Seu patrão vai querer saber de você quais são os problemas que precisam ser resolvidos em sua área. Bons administradores são aqueles que fazem as melhores perguntas, e não os que repetem suas melhores aulas.

Uma famosa professora de filosofia me disse recentemente que não existem mais perguntas a ser feitas, depois de Aristóteles e Platão.

Talvez por isso não encontramos solução para os inúmeros problemas brasileiros de hoje.

O maior erro que se pode cometer na vida é procurar soluções certas para os problemas errados.

Em minha experiência e na da maioria das pessoas que trabalham no dia-a-dia, uma vez definido qual é o verdadeiro problema, o que não é fácil, a solução não demora muito a ser encontrada.

Se você pretende ser útil na vida, aprenda a fazer boas perguntas mais do que sair arrogantemente ditando respostas. Se você ainda é um estudante, lembre-se de que não são as respostas que são importantes na vida, são as perguntas.

Stephen Kanitz

Quanto nós merecemos?

O ser humano é um animal que deu errado em várias

coisas. A maioria das pessoas que conheço, se fizesse uma terapia, ainda que breve, haveria de viver melhor. Os problemas podiam continuar ali, mas elas aprenderiam a lidar com eles.

Sem querer fazer uma interpretação barata ou subir além do chinelo: como qualquer pessoa que tenha lido Freud e companhia, não raro penso nas rasteiras que o inconsciente nos passa e em quanto nos atrapalhamos por achar que merecemos pouco.

Pessoalmente, acho que merecemos muito: nascemos para

ser bem mais felizes do que somos, mas nossa cultura, nossa sociedade, nossa família não nos contaram essa história direito. Fomos onerados com contos de ogros sobre culpa, dívida, deveres e… mais culpa.

Um psicanalista me disse um dia: – Minha profissão ajuda as pessoas a manter a cabeça à tona d’água. Milagres ninguém faz. Nessa tona das águas da vida, por cima da qual nossa cabeça espia – se não naufragamos de vez –, somos assediados por pensamentos nem sempre muito inteligentes ou positivos sobre nós mesmos. As armadilhas do inconsciente, que é onde nosso pé derrapa, talvez nos façam vislumbrar nessa fenda obscura um letreiro que diz: “Eu não mereço ser feliz. Quem sou eu para estar bem, ter saúde, ter alguma segurança e alegria? Não mereço uma boa família, afetos razoavelmente seguros, felicidade em meio aos

dissabores”. Nada disso. Não nos ensinaram que “Deus faz sofrer a quem ama”?

Portanto, se algo começa a ir muito bem, possivelmente daremos um jeito de que desmorone – a não ser que tenhamos aprendido a nos valorizar. Vivemos o efeito de muita raiva acumulada, muito mal-entendido nunca explicado, mágoas infantis, obrigações excessivas e imaginárias. Somos ofuscados pelo danoso mito da mãe santa e da esposa imaculada e do homem poderoso, pela miragem dos filhos mais que perfeitos, do patrão infalível e do governo sempre confiável. Sofremos sob o peso de quanto “devemos” a todas essas entidades inventadas, pois, afinal, por trás delas existe apenas gente, tão frágil quanto nós.

Esses fantasmas nos questionam, mãos na cintura, sobrancelhas iradas: – Ué, você está quase se livrando das drogas, está quase conquistando a pessoa amada, está quase equilibrando sua relação com a família, está quase obtendo sucesso, vive com alguma tranqüilidade financeira… será que você merece? Veja lá!

Ouvindo isso, assustados réus, num ato nada falho tiramos o tapete de nós mesmos e damos um jeito de nos boicotar – coisa que aliás fazemos demais nesta curta vida. Escolhemos a droga em lugar da lucidez e da saúde; nos fechamos para os afetos em lugar de lhes abrir espaço; corremos atarantados em busca de mais dinheiro do que precisaríamos; se vamos bem em uma atividade, ficamos inquietos e queremos trocar; se uma relação floresce, viramos críticos mordazes ou traímos o outro, dando um jeito de podar carinho, confiança ou sensualidade.

Se a gente pudesse mudar um pouco essa perspectiva, e não encarar drogas, bebida em excesso, mentira, egoísmo e isolamento como “proibidos”, mas como uma opção burra e destrutiva, quem sabe poderíamos escolher coisas que nos favorecessem. E não passar uma vida inteira afastando o que poderia nos dar alegria, prazer, conforto ou serenidade.

No conflitado e obscuro território do inconsciente, que o velho sábio Freud nos ensinaria a arejar e iluminar, ainda nos consideramos maus meninos e meninas, crianças malcomportadas que merecem castigo, privação, desperdício de vida. Bom, isso também somos nós: estranho animal que nasceu precisando urgente de conserto. Alguém sabe o endereço de uma oficina boa, barata, perto de casa – ah, e que não lide com notas frias?

Lya Luft

Agressão pode causar traumas permanentes, diz

especialista Quando feito de apelidos e piadinhas, o bullying pode até

parecer uma brincadeira. Mas suas consequências não são. Segundo a pesquisadora Cleo Fante, ex-presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), se mal resolvido, o bullying pode deixar marcas para o resto da vida – tanto nos que o praticam quanto naqueles que dele são vítimas. “É um equívoco dizer que o bullying é uma brincadeira e que os alunos o superam sozinhos. Estamos falando de uma forma de violência deliberada”, diz. Mergulhada há cerca de dez anos no tema, Cleo é co-autora do livro Bullying: Perguntas e Respostas e autora de Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz, recém-adotado pela Secretaria da Educação de São Paulo como manual para a rede estadual paulista. Confira a seguir a entrevista com a especialista.

O que caracteriza o bullying? Para que uma ação seja considerada bullying, ela precisa ter

certas características: ser repetida contra uma mesma pessoa,

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apresentar um desequilíbrio de poder que dificulte a defesa da vítima, não possuir razão aparente e contar com atitudes deliberadas e que tragam prejuízo – material, físico, emocional ou de aprendizado. Há estudos sobre bullying entre alunos e professores, porém, o mais conhecido é entre alunos, apenas.

Na sua opinião, as escolas sabem lidar com a questão? A maneira de lidar com a questão varia muito. Independe

da localização e dos recursos da escola. Depende, isso sim, dos valores que propaga. De modo geral, ainda há muito a melhorar, mas pelo menos a percepção social do bullying melhorou nos últimos anos.

O tipo e a localização da escola influem na incidência do

fenômeno? Nas pesquisas que realizei, não vi muita diferença entre

escolas pobres e ricas, centro e periferia. Não posso generalizar, dizendo que as escolas públicas têm mais bullying que as particulares. O que se sabe é que as escolas que trabalham valores humanos, que colocam limites, que impõem autoridade aos estudantes, sofrem menos.

Há algum canal de denúncia oficial no país? Sim, a partir de 2008, o Disque 100 [Disque Denúncia

Nacionalde Abuso e Exploração Sexualcontra Crianças e Adolescentes, criado em 1997 pela Associação Brasileira Multidisciplinar de Proteção à Criança e ao Adolescente (Abrapia) e executado desde 2003 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos] passou a acolher denúncias de bullying. Foi uma conquista nossa, dos profissionais que desenvolvem um trabalho na área há quase dez anos. Desse trabalho, também são fruto os diversos projetos de lei espalhados pelo país que preveem que as escolas passem a preparar seus funcionários – não apenas professores – para identificar o bullying e para lidar com ele.

O que leva uma criança ou adolescente a praticar o

bullying? Nos estudos com que me envolvi, identificou-se que 80%

dos agressores eram vítimas de violência em casa ou na própria escola. Eles reproduziam essa violência. Outras fontes apontadas pelas pesquisas são a permissividade e a falta de imposição de limites para crianças e adolescentes, a ausência de afeto e a influência da mídia, videogames e jogos virtuais. É um equívoco dizerem que bullying é coisa da idade, que com o tempo passa, que é brincadeira ou que os alunos superam sozinhos. Estamos falando de uma forma de violência que é deliberada, intencional, que é tramada, planejada. O bullying não pode ser explicado pela insegurança da adolescência.

Que tipo de trauma o bullying pode gerar às vítimas? A curto e longo prazo, o bullying interfere na auto-estima,

na concentração, na motivação para os estudos, no rendimento escolar e nos males psicossomáticos (diarréia, febre, vômito, dor de estômago e de cabeça) da vítima. A longo prazo, a vítima pode desenvolver transtornos de ansiedade e de alimentação (bulimia, anorexia, bruxismo, alergias, depressão e ideias suicidas). Se não houver intervenção, pode haver efeitos para o resto da vida. A vítima pode ser sempre insegura. Alguns têm resiliência, o poder de resistir e superar situações difíceis, mas outros penam.

E os agressores? O agressor sofre, de imediato, um distanciamento dos

objetivos escolares. Ele passa a ficar o tempo todo planejando o que fazer e se esforçando para manter o jogo de poder com a vítima. Aliás, ele pode ter várias vítimas, isso é o mais comum. O agressor, então, pode sofrer queda no rendimento escolar e até evasão – como ele deixa de aprender, pode ser reprovado e

perder a motivação para estudar. A longo prazo, ele pode cair na delinquência e no uso ou tráfico de drogas. Além disso, pode praticar o bullying em outros ambientes, como o trabalho e a família, tendo problemas nas relações profissionais e sociais e até nos relacionamentos afetivos e amorosos – prejudicados pela questão do poder, que tenderá a acompanhar o agressor.

É possível que o bullying tenha algum efeito positivo na

vida adulta? Imagine! Quanto mais cedo uma criança passa por situações

de bullying, pior para ela.

O MMA é um esporte como outros ou injustificada

glorificação da violência? The Ultimate Fighter, reality show sobre os lutadores de

MMA (sigla para "mistura de artes marciais", em inglês), tem levantado muita polêmica. As lutas são muito violentas e o contato frequente com esse tipo de imagem pode acabar reduzindo o nível de sensibilidade do espectador à violência. Ver um indivíduo quebrar a cabeça do outro passaria a ser algo normal e até desejado para o público. Os críticos acreditam que as academias possam despejar nas ruas uma imensidão de brigões, loucos por sangue. Prova disso foi a entrevista recente de um estudante de 16 anos à Folha de S. Paulo, em que ele justificou sua escolha pelo MMA: "Gosto de bater mesmo, quero ver sangue." Evidentemente, há inúmeros defensores que veem a luta apenas como mais um esporte, capaz de trazer várias vantagens a seus praticantes, como diminuir o estresse, desenvolver disciplina, propiciar grande gasto calórico. Assistir a lutas violentas poderia até ser um modo de exorcizar a violência na vida real. O que você acha dessa questão? O MMA deve ser encarado positiva ou negativamente?

Não é vale-tudo Quando o UFC começou, em Denver, Colorado, nos

Estados Unidos em 1993, cada lutador enfrentava no mínimo três adversários em uma noite. Havia poucas regras - não atingir os olhos, não usar os dedos para rasgar a boca do adversário e não golpear a virilha. Em 2001, os irmãos Frank e Lorenzo Fertitta, empresários americanos donos de cassinos em Las Vegas, compraram o evento e fizeram mudanças para que se tornasse um esporte reconhecido. Cada atleta passou a lutar apenas uma vez por evento, que tem em média cinco lutas por noite.

Foram estipuladas 31 faltas, que podem até eliminar um competidor. Além disso, os atletas foram divididos em categorias de peso [...] e o acompanhamento médico passou a ser obrigatório - inclusive durante os treinamentos. [...] Todos os atletas são obrigados a passar por exame antidoping e testes médicos (HIV, hepatite, ressonância magnética e exame oftalmológico, entre outros). Durante as lutas, cinco médicos coordenados por um especialista em eventos esportivos de combate cercam o ringue, enquanto quatro especialistas em ferimentos leves acompanham os lutadores do lado de fora do octógono - o ringue, também chamado de gaiola, fechado, com cerca de nove metros de diâmetro ou quase 60m2 de área de luta.

[Davi Correia, Revista Veja]

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The Ultimate Fighter, reality show sobre os lutadores de MMA (sigla para "mistura de artes marciais", em inglês), tem levantado muita polêmica, pois as lutas são muito violentas.

Esporte para uns, violência para outros Goste ou não, você vai ser atacado por todos os lados: a

luta da moda, o MMA, está na TV, no cinema, nas livrarias, nas conversas de bar, nas academias de ginástica. Os patrocinadores do UFC (campeonato internacional de MMA) já estão batendo os tambores para o próximo torneio, que será realizado em junho, no Brasil. São ajudados pelos subprodutos da luta e ajudam a promovê-los.

Nas academias, as aulas de MMA estão inchando De olho no filão, a Fitness Brasil, maior feira de tendências

para o setor, que acontece em Santos no final de abril, vai apresentar treinos formatados para esse público de academias, além de montar um octógono (ringue de MMA) durante o evento, onde serão realizadas lutas. Tantos adversários e marketing tão poderoso tornam difícil a vida dos críticos da luta. O de maior visibilidade, atualmente, é o deputado federal José Mentor (PT), que apresentou um projeto de lei proibindo a transmissão dos campeonatos pela TV. Em artigo publicado na Folha (5/3), ele ataca o que considera brutalidade e propaganda de violência gratuita.

[...] "O aumento de alunos nas aulas de MMA é imenso. Eles querem diminuir o estresse, desenvolver disciplina. Fora o gasto calórico, que é enorme", afirma o fisioterapeuta e professor Thomas Henrique Cabrera, que dá aulas da modalidade na rede de academias Runner, em São Paulo. [...] Mas, mesmo regrado, o MMA não convence gente como Éder Jofre, por exemplo. "Acho essa luta um assassinato. Não posso conceber o cara estar no chão e o outro vir dando joelhada", diz o bicampeão mundial de boxe, hoje com 75 anos.

No MMA são usadas regras de diferentes modalidades, misturadas. Pode dar soco, como no boxe, mas também pode bater da cintura para baixo; pode estrangular, como no jiu-jítsu, mas também dar cotoveladas em pé, como no muay thai. "Criticavam o boxe porque era violento, mas, perto do MMA, é balé", diz Jofre.

O estudante Paulo Sanchez, 16, é mais direto. Fez judô na infância, mas prefere o MMA porque tem mais ?pegada?. "Gosto de bater mesmo, quero ver sangue." Esse tipo de atitude preocupa o professor de artes marciais Jeremias Alves Silva. "Hoje tem mercado e qualquer um já quer abrir academia de MMA. A pessoa não é formada numa arte marcial, não consegue dar uma formação correta ao aluno."

[Folha de S. Paulo, 13 de março de 2012]

Com base nos textos acima, elabore sua redação sobre o tema O MMA é um esporte como outros ou injustificada glorificação da violência?

O consumismo ''O consumismo enche todas as horas de nosso dia. É a

doença do muito. Não temos tempo sequer para pensar no que realmente queremos.''

"A cultura do consumismo vende a vergonha. Se a propaganda puder envergonhar alguém, terá um consumidor em potencial. As pessoas se envergonham de não ter algo. E correm às compras para cobrir essa vergonha imediatamente. Dessa forma, nossa cultura vende vergonha e sentimento de inferioridade. E ninguém quer ser inferior aos outros."

As opiniões acima são da escritora Vicki Robin, americana, 60 anos, viúva, sem filhos, graduada pela Universidade Brown, autora do livro Seu Dinheiro ou Sua Vida, traduzido para dez idiomas. Fundadora do movimento pela vida simples, Vicki

percorre o mundo ensinando a não gastar dinheiro. Em breve, lançará Se Este É um País Livre, Por Que não Me Sinto Livre? (título provisório).

Vicki Robin considera que o grande mal do planeta é o consumismo. Chamada pelo jornal The New York Times de 'profeta dos enxugadores do consumo', ela está no Brasil para uma série de palestras em várias capitais. Nelas, tenta ensinar os ouvintes a não buscar a felicidade no shopping, a pensar duas vezes para abrir a carteira e a fazer um exercício antes de comprar qualquer coisa: calcular quantas horas de trabalho foram necessárias para ganhar o dinheiro que se pretende gastar.

Thais Antunes In: Comprar faz mal à saúde. Revista Época - Edição 408 - 09/03/2006 Para a psicóloga Elza Dutra, a sociedade moderna favorece

o consumismo. Haja vista as facilidades de crédito, de parcelamento. "Hoje as pessoas valem mais pelo que tem e não pelo que são. E a mídia, a publicidade perceberam isso e batem em cima da fragilidade e vulnerabilidade do ser humano.", conta.

O consumismo é tido pelos especialistas como um dos grandes problemas da vida moderna, pois não causa apenas transtornos financeiros, mexe também com o psicológico das pessoas. Assim como existem pessoas compulsivas por comida, tem aqueles que compram por compulsão e compensação. "A gente vive mergulhado em um mundo onde a grande dificuldade é encontrar nossa particularidade. Hoje são muitas as pessoas com depressão e um dos motivos é a perda da essência, seguem as coisas do mundo e esquecem de si", diz Elza Dutra.

As características de um consumista são as mesmas em qualquer lugar do mundo, eles compram para substituir ou compensar algum problema, como, por exemplo, a saudade da família. Foi o que aconteceu com a agente de viagens Suênia Lira. No ano passado, ela ficou sete meses longe dos filhos e da família, no Mato Grosso do Sul para onde foi transferida a trabalho. "Eu não comprava por necessidade, comprava por vontade, por prazer. Como estava longe da família e dos amigos, comprar roupas e sapatos passou a ser minha diversão. Comprei tanto, que cheguei a comprometer quase todo o meu orçamento", diz.

O resultado de tanta compra? Mais de 72 pares de sapatos, mais de 30 calças jeans, 15 vestidos de festa, maquiagem, eletrodomésticos, móveis e R$800,00 de excesso de bagagem na viagem de volta para casa.

"E olhe que eu só trouxe minhas coisas pessoais, como bolsas, sapatos, roupas. Os móveis e eletrodomésticos vendi tudo porque não tinha condições de trazer", conta Suênia.

Com relação à quantidade de sapatos, o pai de Suênia, o aposentado Raimundo Lira, faz uma observação interessante. "É tanto sapato, que dá para usar dois por dia, durante um mês, sem repetir nenhum", brinca o aposentado.

A agente de viagem jura que aprendeu a lição e hoje está mais controlada quando o assunto é compras. "Apesar de achar que nunca tenho roupa suficiente e sempre querer mais, hoje tenho uma consciência maior e procuro comprar apenas o que estou precisando. Mas, confesso, que às vezes é difícil resistir à tentação", brinca Suênia.

Para Elza Dutra a explicação para tanto consumo, não só o de Suênia Lira, mas o de todos os consumistas em excesso, é complexa e deve ser encarada com seriedade. "O ser humano quer ser amado, quer ser aceito na sociedade, quer ser feliz, e hoje se associa muito o ato de comprar à felicidade, que é o que todo mundo quer. E na verdade, não existe uma felicidade constante, existem momentos de felicidade. Não há quem seja alegre o tempo todo, às vezes ficamos tristes, mas nem por isso

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deixamos de ser felizes. Temos de procurar viver esses momentos de felicidade", aconselha a psicóloga.

"A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de

todos os homens, mas não a ganância de todos os homens." Mahatma Gandhi "O único progresso verdadeiro é o progresso moral. O resto é

simplesmente ter mais ou menos bens". José Saramago A partir da ideia de consumismo, produza um texto

dissertativo-argumentativo, explicitando o que você pensa sobre os pontos de vista expressos nos textos de apoio.

QUALIDADE DE VIDA Fala-se tanto de qualidade de vida no mundo atual que

médicos e profissionais de outras áreas são convidados a indicar os comportamentos adequados para se ter uma vida mais saudável. Sabemos, entretanto, que ter qualidade de vida implica um conjunto de procedimentos a serem incorporados ao nosso dia-a-dia.

Para auxiliar sua reflexão, leia os trechos a seguir selecionados da reportagem da revista "Superinteressante" e, a seguir, escreva um texto em prosa, argumentando sobre o que é ter qualidade de vida para você. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto.

A CIÊNCIA DO BEM VIVER Pequenas mudanças de atitude podem melhorar sua saúde

física, mental e material. Conheça 7 hábitos comprovados cientificamente que você deve adotar para ganhar qualidade de vida.

1. OUÇA MÚSICA Não se culpe se você é daqueles que passam o dia todo com

um fone de ouvido cantarolando por aí. A música tem efeitos muito benéficos para a saúde física e mental. Já não é de hoje que os cientistas vêm estudando o fenômeno. Entre outras coisas, a música pode acalmar, estimular a criatividade e a concentração, além de ajudar na cura de uma porção de doenças.

2. PREPARE-SE PARA ENVELHECER Ninguém gosta muito da idéia de vir a ser velho, mas isso é

a melhor coisa que pode acontecer (pense na outra possibilidade). É bom reservar um tempo desde já para planejar como você pretende que seja sua velhice. Inclusive porque é bem possível que essa fase da sua vida dure bastante tempo. Graças aos avanços no saneamento básico, à descoberta de novas drogas e a fatores ambientais e de prevenção, estamos vivendo cada vez mais. Em 1900, a expectativa de vida média no Brasil ao nascer era de 33 anos. Hoje, já estamos na marca dos 67. Estudos demográficos apontam que, em 2025, o brasileiro viverá em média 75,3 anos e, por volta do ano 2050, 2 bilhões de pessoas no mundo terão mais de 60 anos. E, graças a esses mesmos motivos, os velhos estão ficando cada vez mais velhos.

3. TENHA FÉ Costuma ser mais feliz quem consegue encontrar um

significado para a vida. Esse significado pode estar em qualquer coisa - da filatelia à filantropia. Mas é na religiosidade que a maior parte da população vai buscar essa razão de viver. E encontra. Pesquisas mostram que as pessoas religiosas consideram-se, em média, mais felizes do que as não religiosas. Elas também têm menos depressão, menos ansiedade e índices menores de suicídio.

4. ANDE MAIS A PÉ Gastar sola de sapato é um dos melhores exercícios que

existem, seja para a saúde física, mental, do meio ambiente ou do bolso mesmo. Sim, porque para fazer caminhadas você não precisa gastar rios de dinheiro com academias elaboradas, muito menos com personal trainer. Um par de tênis basta, quando falamos de caminhada, não estamos nos referindo a nada profissional, que exija pista adequada e treinamento. Pode ser no seu bairro, no quarteirão da sua casa, ou até mesmo na escadaria do prédio, na pior das hipóteses.

5. TENHA (PELO MENOS) UM AMIGO Todo mundo quer ser feliz, isso é tão verdadeiro quanto

óbvio. O psicólogo Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia (EUA), passou anos pesquisando o assunto e concluiu que, para chegar a tal felicidade, precisamos ter amigos. Os amigos, segundo ele, resumem a soma de 3 coisas que resultam na alegria: prazer, engajamento e significado. Explicando: conversar com um amigo, por exemplo, nos dá prazer.

6. COMA DEVAGAR Parece até falatório de mãe, mas os benefícios de diminuir o

ritmo das garfadas são incríveis. Para começar, ninguém ganha tempo comendo um sanduíche na frente de um computador - o máximo que você ganha são quilos a mais, uma vez que, quanto mais rápido come, mais sente fome. Isso quer dizer que, se você comer mais devagar, provavelmente vai comer menos sem ter que fazer nenhuma dieta. O que será um ganho danado à sua saúde. Fora a redução do peso e do risco de doenças aliadas à obesidade, há diversas pesquisas que apontam que devemos diminuir a quantidade de comida se quisermos viver mais.

7. DESLIGUE A TV Ninguém está dizendo aqui para você nunca assistir à

televisão. Mas que você poderia diminuir o tempo em frente ao aparelho, isso você poderia. Até porque televisão em excesso não faz bem. Sim, o hábito de se largar no sofá e assistir a qualquer porcaria que esteja no ar pode deixar as pessoas viciadas no relaxamento que a TV produz. O problema é que essa sensação gostosa vai embora assim que o aparelho é desligado - é igualzinho ao vício em substâncias químicas. O estado de passividade e a diminuição no grau de atenção, no entanto, continuam. Quando vista por mais de 20 horas por semana, a televisão pode danificar as funções do lado esquerdo do cérebro, reduzindo o desenvolvimento lógico-verbal.

(Adaptado da Revista "Superinteressante", Editora Abril, janeiro de 2006, 49-57)

Norma culta X variantes linguísticas: qual deve ser a

posição da escola? Qualquer um, mesmo sem nunca ter passado pela escola,

sabe que não pode falar sempre do mesmo jeito com todas as pessoas, pois, até mesmo entre os familiares, cada relação está marcada por um nível diferente de formalidade. A linguagem que usamos às vezes é mais informal, às vezes é mais séria, impessoal. Nessas situações menos pessoais, a norma culta é a mais adequada para garantir um contato respeitoso e mais claro entre os indivíduos. Por isso, quando o falante consegue variar a linguagem, adequando o nível de formalidade a suas intenções, à situação e à pessoa com quem fala, dizemos que ele possui boa competência linguística. O conhecimento das variedades linguísticas amplia nossas possibilidades de comunicação, mas é a norma culta que garante a manutenção de uma unidade linguística ao país. Com base nos textos da coletânea a seguir, elabore uma dissertação argumentativa sobre o tema: considerando que a norma culta é variante mais valorizada socialmente, qual deve ser a posição da escola em relação às outras variantes linguísticas?

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Qualidades e valores Estão confundindo um problema de ordem pedagógica,

que diz respeito às escolas, com uma velha discussão teórica da sociolinguística, que reconhece e valoriza o linguajar popular. Esse é um terreno pantanoso. Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver idéias de maior complexidade - tão caras a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la.

[Evanildo Bechara, gramático e filólogo, em entrevista a revistaVeja, 29 de maio de 2011]

Samba do Arnesto

O compositor Adoniran Barbosa usava a norma popular da

língua portuguesa em suas canções. “Menas: o certo do errado e o errado do certo” A ideia é provocadora e reflete um debate bem atual. Em

cartaz desde 16 de março no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, a exposição "Menas: o certo do errado, o errado do certo", tem a proposta manifesta de homenagear a variante popular do idioma no Brasil.

A exposição, que fica no museu até 27 de junho, começa na estação de metrô Luz, onde cerca de trinta banners trazem frases com os chamados tropeços comuns no português falado no Brasil, de "A nível de língua, ninguém sabe tudo" a "Ele vai vim para a festa". O objetivo é fazer o visitante refletir sobre a normatização na língua, antes mesmo de chegar às dependências do museu.

Lá dentro, sete instalações convidam o visitante a lidar sem preconceito com as formas em uso no português brasileiro. O próprio título da mostra soa como provocação, brincando com a variante do advérbio "menos", por princípio invariável.

“A exposição, de maneira divertida, mostra por que saímos do padrão culto muitas vezes sem nos darmos conta”, explica Antonio Carlos de Moraes Sartini, diretor do museu.

Segundo Sartini, o objetivo é mostrar que os brasileiros "não falamos nem mais nem menos fora do padrão culto que italianos, americanos e franceses", e todo idioma tem variações que são usadas em certas situações e para diferentes públicos.

[Revista Língua] Pertinente, adequado e necessário (...) Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos

que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se originado de um ancestral comum.(...) Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao

mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.

Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles - se julgarem pertinente, adequado e necessário - possam vir a usá-la.

[Marcos Bagno, escritor e lingüista, na revista Carta Capital]

Mestiçagens da língua Quando em 1727 o rei de Portugal proibiu que no Brasil se

falasse a língua brasileira, a chamada língua geral, o nheengatu, é que começou a disseminação forçada do português como língua do País, uma língua estrangeira. O português formal só lentamente foi se impondo ao falar e escrever dos brasileiros, como língua de domínio colonial, tendo sido até então apenas língua de repartição pública. A discrepância entre a língua escrita e a língua falada é entre nós consequência histórica dessa imposição, veto aos perigos políticos de uma língua potencialmente nacional, imenso risco para a dominação portuguesa.

[José de Souza Martins, cientista social, professor emérito da Universidade de São Paulo, em O Estado de S. Paulo]

FELICIDADE REALISTA A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é

um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor próprio.

Dinheiro é uma bênção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem

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testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.

Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormentam e provocam inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Com base no texto, redija uma dissertação, respondendo à

seguinte pergunta: diante das circunstâncias em que se vive, a felicidade é possível?

Trilha de contradições "Convencidos de que pensar dói e de que mudar é negativo,

tateamos sozinhos no escuro, manada confusa subindo a escada rolante pelo lado errado"

"Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce." Já

escrevi sobre essa frase. Sim, repito alguns temas, que são parte do meu repertório, pois todo escritor, todo pintor, tem seus temas recorrentes. No alto dessa escada nos seduzem novidades e nos angustia o excesso de ofertas. Para baixo nos convocam a futilidade, o desalento ou o esquecimento nas drogas. Na dura obrigação de ser "felizes", embora ninguém saiba o que isso significa, nossos enganos nos dirigem com mão firme numa trilha de contradições.

Apregoa-se a liberdade, mas somos escravos de mil deveres. Oferecem-nos múltiplos bens, mas queremos mais. Em toda esquina novas atrações, e continuamos insatisfeitos. Desejamos permanência, e nos empenhamos em destruir. Nós nos consideramos modernos, mas sufocamos debaixo dos preconceitos, pois esta nossa sociedade, que se diz libertária, é um corredor com janelinhas de cela onde aprisionamos corpo e alma. A gente se imagina moderno, mas veste a camisa de força da ignorância e da alienação, na obrigação do "ter de": ter de ser bonito, rico, famoso, animadíssimo, ter de aparecer – que canseira.

Como ficcionista, meu trabalho é inventar histórias; como colunista, é observar a realidade, ver o que fazemos e como somos. A maior parte de nós nasce e morre sem pensar em nenhuma das questões de que falei acima, ou sem jamais ouvir falar nelas. Questionar dá trabalho, é sem graça, e não adianta nada, pensamos. Tudo parece se resumir em nascer, trabalhar, arcar com dívidas financeiras e emocionais, lutar para se enquadrar em modelos absurdos que nos são impostos. Às vezes, pode-se produzir algo de positivo, como uma lavoura, uma família, uma refeição, um negócio honesto, uma cura, um bem para a comunidade, um gesto amigo.

Mas cadê tempo e disposição, se o tumulto bate à nossa porta, os desastres se acumulam – a crise e as crises, pouca trégua e nenhuma misericórdia. Angústias da nossa contraditória cultura: nunca cozinhar foi tão chique, nunca houve tantas delícias, mas comer é proibido, pois engorda ou aumenta o colesterol. Nunca se falou tanto em sexo, mas estamos desinteressados, exaustos demais, com medo de doenças. O jeito seria parar e refletir, reformular algumas coisas, deletar outras – criar novas, também. Mas, nessa corrida, parar para pensar é um luxo, um susto, uma excentricidade, quando devia ser coisa cotidiana como o café e o pão. Para alguns, a maioria talvez, refletir dá melancolia, ficar quieto é como estar doente, é incômodo, é chato: "Parar para pensar? Nem pensar! Se fizer isso eu desmorono". Para que questionar a desordem e os males todos, para que sair da rotina e querer descobrir um sentido para a vida, até mesmo curtir o belo e o bom, que talvez

existam? Pois, se for ilusão, a gente perdeu um precioso tempo com essa bobajada, e aí o ônibus passou, o bar fechou, a festa acabou, a mulher fugiu, o marido se matou, o filho... nem falar.

Então vamos ao nosso grande recurso: a bolsinha de medicamentos. A pílula para dormir e a outra para acordar, a pílula contra depressão (que nos tira a libido) e a outra para compensar isso (que nos rouba a naturalidade), e aquela que ninguém sabe para que serve, mas que todo mundo toma. Fingindo não estar nem aí, parecemos modernos e espertos, e queremos o máximo: que para alguns é enganar os outros; para estes, é grana e poder, beleza e prestígio; para aqueles, é delírio e esquecimento.

Para uns poucos, é realizar alguma coisa útil, ser honrado, apreciar a natureza, sentir o calor humano e partilhar afeto. Mas, em geral medicados, padronizados, desesperados, medíocres ou heroicos, amorosos ou perversos, nos achando o máximo ou nos sentindo um lixo, carregamos a mala da culpa e a mochila da ansiedade. Refletindo, veríamos que somos apenas humanos, e que nisso existe alguma grandeza. Mas, convencidos de que pensar dói e de que mudar é negativo, tateamos sozinhos no escuro, manada confusa subindo a escada rolante pelo lado errado.

Quero voltar a confiar Fui criado com princípios morais comuns: Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios,

vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais

velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou

familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de

terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que

perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão. Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e

dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para

cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota.

Trabalhador digno e cumpridor dos deveres virou otário. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes

ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo

uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. Filhos esquecendo o respeito, no trato com os pais e avós.

No lugar de “senhor”, “senhora”, ficou “oi, cara!”, “como está, coroa”!

O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo? Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar

as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta

nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho.

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Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero sair de casa sabendo a hora que estarei de volta, sem medo de assaltos ou balas perdidas.

Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Onde uma palavra valia mais que qualquer documento assinado.

Quero a esperança, a alegria, a confiança de volta! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível

de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”! E definitivamente bela, como cada amanhecer. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva,

limpa como o céu de primavera, leve como a brisa da manhã! Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Vamos voltar a ser “gente”, onde existam amor,

solidariedade e fraternidade como bases. A indignação diante da falta de ética, de moral, de

respeito… Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano,

onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe?… Precisamos tentar… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos

agradecerão! Teremos de volta nossa dignidade. Nosso respeito, nossos direitos, nossas vidas! Pense, Decida! Só depende, de você!

Arnaldo Jabor Anistia 1. Ato do poder legislativo que perdoa um fato punível,

suspende as perseguições e anula as condenações. 2. Perdão coletivo, perdão geral; perdão, indulto.

A corrupção no Brasil e a educação Todos que sonham com um Brasil mais íntegro e

desenvolvido batem na mesma tecla, a de que devemos investir maciçamente em educação. Bato nessa tecla também, mas às vezes meu desânimo faz com que não acredite nem nisso. Ao ver a matéria que foi ao ar no último Fantástico sobre médicos e dentistas que embolsam salários sem comparecer aos plantões, deixando centenas de pessoas doentes sem atendimento, pensei: isso lá é problema de falta de educação? São profissionais que fizeram faculdade, tiveram formação acadêmica. Não passaram a infância soltos pelas ruas. E, mesmo assim, não possuem o menor senso de compromisso e ética. São tão corruptos quanto os políticos que eles xingam em mesas de bar, pensando que são diferentes.

Aí lembro daquela piada que diz que Deus criou o Brasil com uma natureza exuberante, um clima espetacular, um solo fértil, uma abundância de rios, sem risco de terremotos, “mas espera pra ver o povinho que vai ser colocado ali”.

Jamais deixaria de cumprir minhas obrigações, ainda mais se trabalhasse numa área tão essencial quanto a saúde pública, mas não adianta apontar o dedo para os outros e se excluir do problema. O povinho somos todos nós. Uns sem nenhum caráter, outros com algum caráter (mas fazendo suas picaretagens habituais) e outros com um caráter muito bom, porém molham a mão do policial para evitar uma multa e bebem antes de dirigir, ninguém é perfeito.

Generalizando, somos um povinho essencialmente egoísta. Pensamos apenas no nosso próprio bem-estar. E ainda por cima vulgares, loucos por dinheiro, todos emergentes querendo mais, mais, mais. O governo rouba de nós através de impostos

que não são revertidos em benefícios sociais e a gente desconta passando a perna em quem estiver por perto. Se alguém encontra uma carteira de dinheiro e devolve para o dono, vai parar na primeira página do jornal como se fosse um peixe com braços, uma anomalia.

Seguimos morrendo no trânsito, a despeito das campanhas de conscientização, pois somos arrogantes, achamos que nada pode dar errado conosco, e se der, a culpa será sempre do outro. Obediência, respeito, espírito coletivo, nada disso pegou no Brasil. Nem vai pegar. A miséria pode diminuir, o poder aquisitivo aumentar, haver mais emprego, mais crianças na escola, tudo ótimo, mas não soluciona a raiz dos nossos problemas: a índole. Algo que se depura em casa, na infância, no ambiente familiar, mas quem vai regulamentar isso, como controlar as regras internas, quem vai determinar o que é legal e ilegal entre quatro paredes?

Cada lar é um país. Somos milhões de presidentes. Está tudo em nossas mãos. Um poder transformador, se soubéssemos fazer a coisa direito.

Martha Medeiros

Índole 1. Propensão natural. 2. Caráter. 3. Tendência.

A educação possível "A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas

casas e escolas é mais nociva do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos"

Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa

em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.

Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem.

Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e desenvolver sua personalidade?

É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.

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Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.

No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: "cidadania".

O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados.

Sou de uma família de professores universitários. Fui por dez anos titular de lingüística em uma faculdade particular. Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o currículo, as notas...) e em parte ao desalento. Já nos anos 70 recebíamos na universidade jovens que mal conseguiam articular frases coerentes, muito menos escrevê-las. Jovens que não sabiam raciocinar nem argumentar, portanto incapazes de assimilar e discutir teorias. Não tinham cultura nem base alguma, e ainda assim faziam a faculdade, alguns com sacrifício, deixando-me culpada quando os tinha de reprovar.

Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós, que os escolhemos e sustentamos.

Lya Luft

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