apostila r2 lei de falência aula 1

Upload: alicya-torres

Post on 06-Apr-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    1/13

    Professor: Rubens Approbato Machado

    Aula 1Vis o Ger al d a N ova Lei

    Nova Lei de Falncia

    Coordenao: Maria Odete Duque Bertasi

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    2/13

    01

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

    Nova Lei de FalnciaAula 1 - Viso Geral da Nova LeiProf. Rubens Approbato Machado

    1. DA LEGISLAO VIGENTE AT A REFORMA ATUAL

    O direito falimentar brasileiro, at a edio da nova lei, teve como norma de direito positivo o Decreto-lei 7.661, de 21.06.1945, comumente chamado de Lei de Falncias.

    O Brasil, que foi partcipe do conflito, fazendo parte dos pases aliados, se viu na obrigao de rever oseu regime poltico vigente na poca, saindo de um perodo ditatorial para ingressar em um regimedemocrtico, com a deposio do ento chefe do governo e a volta das eleies gerais. No que serefere economia, outros rumos foram dados, com novas normas positivas buscando os caminhos quese iniciavam a abrir.

    Uma das disposies a merecer uma reviso era a lei que at ento regia o direito falimentar. Editou-seo mencionado Decreto-lei 7.661, fruto de um bem elaborado trabalho desenvolvido pelo comercialistaTrajano Miranda Valverde.

    Essa norma deu relevo aos institutos da falncia, com a previso da continuao do negcio por partedo falido, e da concordata (preventiva e suspensiva), como um favor legal ao comerciante, desde queobedecidos os requisitos fixados no citado decreto-lei. Na falncia todos os credores se sujeitam aosseus efeitos o denominado juzo universal .

    A falncia (com previso da continuao do negcio) e a concordata, ainda que timidamentepermitissem a busca da recuperao da empresa, no decorrer da longa vigncia do Decreto-lei7.661/ 45 e ante as mutaes havidas na economia mundial, inclusive com a sua globalizao, bemassim nas peridicas e inconstantes variaes da economia brasileira, se mostraram no s defasadas,como tambm se converteram em verdadeiros instrumentos de prpria extino da atividadeempresarial.

    2. PROJETO DE REFORMA DA LEI DE FALNCIAS Histrico

    Consciente da necessidade de uma reforma legislativa em setores fundamentais do interesse nacional,foi criada no incio da dcada de 90 do sculo XX, no Ministrio da Justia, uma Comisso paraelaborar um projeto de reforma da Lei de Falncias.

    Essa Comisso, aps exaustivos trabalhos, examinando, ponto a ponto, a minuta ministerial, houve porbem elaborar um outro anteprojeto, onde, expressamente, foi, pela primeira vez, introduzida a proposta,em um projeto de lei, para se tornar norma positiva, de criao do instituto da recuperao da empresa.

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    3/13

    02

    O anteprojeto elaborado pela Comisso da IASP Roger de Carvalho Mange continha 172 artigos,mantendo, em outros moldes, os institutos da concordata e da falncia, mas situava, prioritariamente,como ponto essencial, o instituto da Recuperao da Empresa.

    Em razo da proposta da IASP, o anteprojeto do Ministrio da Justia sofreu substanciais alteraes, queacabou se transformando em Projeto de Lei, de iniciativa do Poder Executivo e que foi encaminhado Cmara Federal, resultando no PROJETO DE LEI 4376, de 1993.

    Na Cmara Federal foi nomeado Relator o Deputado Osvaldo Biolchi, que, antes de elaborar o seuparecer, participou de inmeras entrevistas, conferncias e audincias pblicas, a fim de ouvirespecialistas e entidades. Esteve inmeras vezes em So Paulo, inclusive na OAB SP, na AASP, no IASP.

    Aps vrios anos de estudos e debates, tendo o projeto passado por diversas Comisses, o Relatorapresentou seu Relatrio que, ao final, foi aprovado pelo Plenrio e, em seguida, remetido ao Senado.No Senado, o projeto tomou o nmero: PROJETO DE LEI 71, de 2003.

    O Projeto, no Senado, passou, tambm, por todas as Comisses necessrias, inclusive pela comisso deAssuntos Econmicos CAE, onde foi seu Relator o Senador Ramez Tebet.

    O Senador Ramez Tebet apresentou um extenso Relatrio, de mais de uma centena de pginas, deprofundo contedo jurdico e econmico, remodelando o Projeto, mas mantendo a espinha central doinstituto da recuperao de empresas. Esse trabalho jurdico do Senador Ramez Tabet, por certo, servirde base e norte aos futuros exegetas da Lei, por seu substancioso contedo.

    Nesse bem elaborado Relatrio, dentre outras consideraes, ressalte-se a enunciao de doze (12)princpios adotados na anlise do PLC n.71, de 2003 e nas modificaes propostas e que,resumidamente, assim podem ser mencionadas:

    01) Preservao da empresa: Esse princpio, que o fundamento do prprio Projeto, leva em contaa funo social da empresa, que deve ser preservada sempre que possvel. ela uma fonte geradora deriqueza econmica e geradora de emprego e renda, contribuindo para o crescimento e odesenvolvimento social do Pas.

    02) Separao dos conceitos de empresa e de empresrio: Ressalta-se que no se deve confundir aempresa com a pessoa natural ou jurdica de que a compe ou controla;

    03) Recuperao das sociedades e empresrios recuperveis: O Estado deve dar condies einstrumentos para a recuperao da empresa, mantendo-se, sempre que possvel, a sua estruturaorganizacional ou societria;

    04) Retirada do mercado de sociedades ou empresrios no recuperveis: Se de um lado, a leiincentiva a recuperao das empresas viveis, de outro lado, sendo ela invivel, por problemas crnicosna atividade ou na administrao da empresa, o Estado deve promover de forma rpida e eficiente sua

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    4/13

    retirada do mercado;

    05) Proteo aos trabalhadores: Os trabalhadores devem ser protegidos, com a procedncia norecebimento de seus crditos na falncia e na recuperao judicial e devem ter instrumentos, namanuteno da empresa, capazes de preservar seus empregos e criar novas oportunidades queles quese encontram desempregados;

    06) Reduo do custo do crdito no Brasil: A classificao de crditos na falncia deve fazer comque haja a preservao das garantias, contendo normas precisas na ordem de classificao;

    07) Celeridade e eficincia dos processos judiciais: Pretende-se que as normas procedimentais nafalncia e na recuperao judicial sejam simples, dando celeridade e eficincia ao processo;

    08) Segurana Jurdica: Devem ser claras e precisas as normas relativas falncia, recuperao judicial e recuperao extrajudicial, para evitar que mltiplas possibilidades de interpretao tragaminsegurana jurdica aos institutos que podem prejudicar o planejamento das atividades empresariais;

    09) Participao ativa dos credores: Os credores no podem ser meros espectadores: deveroparticipar, ativamente dos processos de falncia e de recuperao, para otimizar os resultados a seremobtidos com o processo e evitar fraudes ou malversao dos recursos da empresa ou da massa falida:

    10) Maximizao do valor dos ativos do falido: A lei deve estabelecer normas e mecanismos queassegurem a obteno do mximo valor possvel pelos ativos do falido, evitando a deterioraoprovocada pela demora excessiva do processo e priorizando a venda da empresa em bloco, para evitara perda dos intangveis;

    11) Desburocratizao da recuperao de microempresas e empresas de pequeno porte: Pretende-se permitir, desburocratizando e desonerando o procedimento, que as microempresas e as empresas depequeno porte tenham ampliado o acesso recuperao; e

    12) Rigor na punio de crimes relacionados falncia e recuperao judicial: A nova lei tipificaa conduta da prtica de atos definidos como crime, em razo da falncia e da recuperao judicial,coibindo a prtica de fraudes de natureza falimentar.

    Esses foram os princpios norteadores apreciao e anlise, no Senado, do PLC n. 71/2003 e desuas propostas modificativas.

    O Projeto, aps ter passado pelas Comisses da Alta Cmara, foi aprovado na sesso plenria doSenado do dia 06 de julho de 2.004.

    Ante as alteraes introduzidas no Senado, o Projeto retornou Cmara Federal em 12 de julho de2.004, sendo que a Mesa da Cmara determinou a constituio de uma Comisso Especial integradapelas Comisses de Trabalho, de Administrao e Servio Pblico, de Desenvolvimento Econmico,

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

    03

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    5/13

    04

    Indstria e Comrcio, de finaas e Tributao e constituio e Justia da Cidadania, para exame final doProjeto.Na sesso plenria da Cmara Federal, realizada em 14 de dezembro de 2.004, foi aprovada aredao final do Projeto oferecida pelo Relator, Deputado Osvaldo Biolchi, sendo encaminhado sano presidencial.

    Em data de 09 de fevereiro de 2.005 o projeto foi sancionado pelo Presidente da Repblica Luiz IncioLula da Silva, transformado na Lei 11.101, com veto ao artigo 4 e seu pargrafo nico; s alneas cdo inciso I e a alnea a do inciso II do artigo 35, ao inciso II do pargrafo sexto do artigo 37.

    Feita essa exposio sumria da origem e dos trabalhos havidos, concernentes ao projeto de reforma da

    Lei de Falncias, passemos a examinar, ainda que perfunctoriamente, alguns pontos dessa nova Lei.3. RESUMO DAS PRINCIPAIS MODIFICAES CONTIDAS NA LEI 11.101/2005:

    - o instituto da Concordata deixa de existir;- mantido o instituto da Falncia, com alteraes;- criado o instituto da Recuperao da empresa (judicial e extrajudicial);

    1.1. RECUPERAO:

    A Recuperao pode ser JUDICIAL ou EXTRAJUDICIAL

    1.1.1. RECUPERAO JUDICIAL

    OBJETIVOS DA RECUPERAO JUDICIAL:

    a recuperao judicial tem por objetivo viabilizar a superao da situao de crise econmico-financeira do devedor, a fim de permitir a manuteno da fonte produtora, do emprego dostrabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservao da empresa, sua funosocial e o estmulo atividade econmica.

    QUEM PODE REQUERER A RECUPERAO JUDICIAL E COM QUE REQUISITOS:

    O pedido judicial de recuperao da empresa pode ser formulado pelo devedor que:

    - esteja no exerccio regular de suas atividades h mais de dois anos;- no esteja falido (ou j tenham extintas suas obrigaes);- no tenha, a menos de 5 anos, obtido a concesso da recuperao judicial; ou, tratando-se de microou pequena empresa, no tenha, a menos de 8 anos, obtido a concesso da recuperao judicial; e- que nos scios ou controladores tambm no tenham sido condenados por tais crimes previstos na lei

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    6/13

    falimentar.

    Todos os crditos existentes na poca do pedido de recuperao a ela se sujeitam, nos termos do artigo49, exceo de situaes especiais previstas nos pargrafos quarto (crdito decorrente deadiantamento a contrato de cmbio para exportao) e quinto (crdito de titular de posio deproprietrio fiducirio de bens mveis ou imveis, de arrendador mercantil, de proprietrio oupromitente vendedor de imvel cujos respectivos contratos contenham clusula de irrevogabilidade ouirretratabilidade, inclusive em incorporaes imobilirias, ou de proprietrio em contrato de venda comreserva de domnio) desse artigo.

    MEIOS DE RECUPERAO JUDICIAL

    Ao comentar, em artigo publicado na revista IBEF NEWS, sob o ttulo Recuperao Judicial dasEmpresas, o advogado JAIRO SADDI ressalta que: o ponto alto do projeto est exatamente nos meiosde recuperao judicial da empresa: listam-se dezesseis modos diferentes para que a empresa possa serecuperar...

    A Lei, no seu artigo 50, fez uma enumerao sistematizada, no exaustiva, de meios de recuperao judicial, dos quais destacamos os seguintes:

    - concesso de prazos e condies especiais para pagamento das obrigaes vencidas e vincendas;- ciso, incorporao, fuso ou transformao de sociedade, constituio de subsidiria integral, cessode cotas ou aes, respeitados os direitos dos scios nos termos da lei vigente;- alterao do controle societrio;- substituio total ou parcial dos administradores do devedor ou modificao de seus rgosadministrativos;- concesso aos credores de direito de eleio em separado de administradores e de poder de veto emrelao s matrias que o plano especificar;- aumento de capital social;- trespasse ou arrendamento de estabelecimentos, inclusive a sociedade constituda pelos prpriosempregados;- reduo salarial, compensao de horrios e reduo de jornada, mediante acordo ou convenocoletiva;- dao em pagamento ou novao de dvidas do passivo, com ou sem constituio de garantia prpriaou de terceiro;- constituio de sociedade de credores; venda parcial de bens;- venda parcial de bens;- equalizao de encargos financeiros relativos a dbitos de qualquer natureza;- usufruto da empresa;- administrao compartilhada;- emisso de valores mobilirios;- constituio de sociedade de propsito especfico para adjudicar, em pagamento dos crditos, osativos do devedor.

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

    05

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    7/13

    06

    ADMINISTRADOR JUDICIAL; COMIT DE CREDORES; ASSEMBLIA DE CREDORES: todos eles tm suapresena prevista tanto no processo de falncia, quanto no da recuperao judicial:

    (D.1) ADMINISTRADOR JUDICIAL

    - O Administrador Judicial (no mais denominado comissrio e nem sndico) deve ser umprofissional idneo, de preferncia advogado, economista, administrador de empresa ou contador, oupessoa jurdica especializada.

    - O Administrador Judicial o responsvel pelo quadro geral de credores.

    - O Administrador Judicial fiscalizado pelo Juiz e pelo Comit de Credores, tendo por deveres osprevistos no artigo 22, incisos I letras a a i (na recuperao judicial e na falncia); e II letras a a d (narecuperao judicial) e no inciso III letras a a r (na falncia).

    COMIT DE CREDORES

    A Lei, dentro da filosofia que a norteia, qual seja a de que a recuperao no instrumento queinteressa s ao devedor, mas a todos e, principalmente, aos credores, gera mecanismos que torna ativaa participao dos credores nos processos de recuperao judicial e na falncia. O credor deixa de serum simples agente passivo, tornando-se um ator que deve atuar, permanentemente, atravs do Comitou da Assemblia Geral.

    A Lei no obriga a criao do Comit de Credores, permitindo, porm, facultativamente, a suainstituio por deliberao de qualquer das classes de credores em Assemblia Geral.

    (E.1) COMPOSIO DO COMIT DE CREDORES

    O Comit de Credores composto de:- um representante da classe de credores trabalhistas;- um representante da classe de credores com direitos reais de garantia ou privilgios especiais e- um representante da classe de credores quirografrios e com privilgios gerais.

    Cada classe ter dois membros suplentes.

    Em resumo, o Comit de Credores composto de: trs membros titulares e seis membros suplentes.

    (E.2) ATRIBUIES DO COMIT

    Cabe ao Comit, tanto no processo de recuperao judicial, quanto no de falncia, uma srie de atos

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    8/13

    enumerados na Lei, tais como o de fiscalizao das atividades e exame das contas do administrador judicial; o de zelar pelo bom andamento do processo e do cumprimento da lei; o de comunicar ao juizcasos de violao de direitos ou prejuzos dos interesses de credores; o de requerer a convocao daassemblia de credores, apurar as reclamaes dos interessados, dando seu parecer.

    Especificamente na recuperao judicial cabe-lhe fiscalizar a administrao e as atividades do devedor;fiscalizar a execuo do plano de recuperao; submeter ao juiz a alienao de bens do ativopermanente, a constituio de nus reais e outras garantias.

    As decises do Comit so tomadas por maioria.

    Se no houver Comit de Credores, as suas atribuies sero exercidas pelo administrador judicial ou

    pelo juiz.

    ASSEMBLIA GERAL DE CREDORES

    Cuida-se, de certo modo, de uma inovao da Lei, em confronto com o Decreto-lei 7.661/1945, dandoaos credores uma participao ativa, tanto na recuperao judicial, quanto na falncia.

    A grande preocupao que resulta do retorno dessa modalidade de atuao dos credores, quanto mecnica de funcionamento da assemblia, principalmente quando houver uma numerosa quantidadede credores. Sabe-se que, em simples reunies condominiais, onde o jogo de interesse existe, h, nosrepertrios jurisprudenciais, um volume enorme de decises, a revelar a existncia de um nmerograndioso de litgios advindo dessas reunies. No caso da Assemblia de Credores, onde os interessesso individuais de cada credor que quer, quanto mais rpido, o pagamento de seu crdito, de seprever reunies tumultuadas, conflitantes e, conforme o nmero de participantes, de dificlima conduo.Leve-se, ainda, em conta, que a Assemblia ir apurar os votos por classe de credores, o que poderser mais um motivo de litgios e ciznias.

    Parece-nos que se tornar imprescindvel uma urgente normatizao e regulamentao especfica dessasAssemblias, como regras claras, concisas e, na medida do possvel, precisas, de fcil entendimento e derpida aplicao, inclusive no que concerne deciso dos temas discutidos ou de propostasapresentadas.

    (F.1) ATRIBUIES DA ASSEMBLIA

    O artigo 35 da Lei, no item I, letras a a f (a letra c foi vetada) estabelece as atribuies daAssemblia na recuperao judicial, e no item II, letras b a d (a letra a foi vetada) as atribuies noprocesso de falncia.

    Dentre outras ali estampadas, podemos destacar: a aprovao, rejeio ou modificao do plano derecuperao judicial apresentado pelo devedor; o pedido de desistncia do devedor.

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

    07

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    9/13

    08

    (F.2) CONVOCAOA Assemblia ser convocada pelo juiz, ou a requerimento de credores que representem, no mnimo25% do valor total dos crditos de uma determinada classe.

    (F.3) COMPOSIO

    A Assemblia Geral composta por classe de credores: (i) classe dos titulares de crditos derivados dalegislao do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; (ii) classe dos titulares de crditos comgarantia real e (iii) classe dos titulares de crditos quirografrios, com privilgio geral ou subordinados.

    Nas deliberaes sobre o plano de recuperao judicial, todas as classes de credores devem aprovar aproposta.

    (F.4) RECUPERAO JUDICIAL POSTULAO

    Na recuperao judicial, a PETIO INICIAL deve ser instruda com:

    I exposio das causas concretas da situao patrimonial do devedor e das razes da crise econmico-financeira;II as demonstraes contbeis relativas aos trs ltimos exerccios sociais e as levantadas especialmentepara instruir o pedido (so, portanto, quatro demonstraes contbeis);III relao nominal completa dos credores;IV relao integral dos empregados;V certido de regularidade do devedor no Registro Pblico de Empresas;VI relao completa dos bens particulares dos scios controladores e dos administradores do devedor;VII extratos atualizados das contas bancrias do devedor e de suas eventuais aplicaes financeiras dequalquer modalidade;VIII certides dos cartrios de protestos;IX a relao subscrita pelo devedor de todas as aes judiciais em que figure como parte, inclusive asde natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.

    Estando em termos a documentao exigida, o juiz:

    - defere o processamento da recuperao;- nomeia o administrador; e- ordena a suspenso das aes ou execues movidas contra o devedor, com as excees que a leidispe.

    (F.5) APRESENTAO DO PLANO DE RECUPERAO

    Publicada a deciso que deferir o processamento da recuperao, o devedor dever, no prazo de

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    10/13

    sessenta (60) dias, a contar dessa publicao, apresentar o PLANO DE RECUPERAO.

    O plano no pode prever prazo superior a um ano para pagamento de crditos trabalhistas e deacidentes do trabalho, de crditos vencidos at a data do pedido da recuperao judicial.

    O plano no pode prever prazo superior a 30 dias para pagamento, at o limite de cinco salriosmnimos por trabalhador, de crditos de natureza salarial vencidos nos trs meses anteriores ao pedido.

    O Plano de recuperao , inquestionavelmente, o corao do processo de recuperao dasempresas. ele que vai dar os caminhos, as diretrizes, o planejamento, a indicao dos meios, para quepossa ser cumprida, efetivamente, a proposta apresentada em juzo. No se trata de um simples estudoeconmico ou de simples e formal apresentao contbil. O Plano deve cuidar, alm desses temas, de

    traar regras claras de gesto, de mercado, de organizao, de administrao, com mtodos ecronologia razoveis e possveis de sua execuo. Para se ter um plano a ser apresentado em juzo, aempresa deve proceder, previamente, uma profunda auto-anlise de todos os setores que compem asua estrutura, os seus produtos, as repercusses locais, regionais, nacionais e at de comrcio exteriordessa sua atividade.

    Qualquer credor pode manifestar sua objeo ao plano de recuperao, devendo faz-lo no prazodecadencial de 30 (trinta) dias contado da publicao da relao de credores.

    Aps a juntada do plano aprovado pela Assemblia Geral de Credores, ou decorrido o prazo de 30 diasacima aludido, o devedor deve apresentar as certides negativas de dbitos tributrios, nos termos dosartigos 151, 205 e 206 do Cdigo Tributrio Nacional.

    A Lei, de outro lado, inova, no pargrafo nico, artigo 0, ao prever a INEXISTNCIA DE SUCESSO,inclusive em relao s obrigaes trabalhistas e s tributrias do arrematante nas obrigaes dodevedor, se o plano de recuperao judicial envolver alienao judicial de filiais ou de unidadesprodutivas isoladas do devedor. Trata-se de medida que favorecer a mais rpida consecuo doobjetivo de recuperao.

    CRDITOS EXTRACONCURSAIS

    Por fora do artigo 67 e seu pargrafo nico da Lei, os crditos decorrentes de obrigaes contradaspelo devedor no curso da recuperao judicial passam a ser considerados CRDITOSEXTRACONCURSAIS, em caso de decretao da falncia, com primazia na sua liquidao. O pargrafonico, desse mesmo artigo 67, preceitua que os crditos quirografrios sujeitos recuperao judicialpertencentes a fornecedores de bens ou servios que continuarem a prov-los normalmente aps opedido de recuperao judicial tero privilgio geral de recebimento em caso de decretao de falncia,no limite do valor dos bens ou servios fornecidos durante o perodo de recuperao. um incentivo aosfornecedores para continuarem as suas relaes comerciais com a empresa em recuperao,propiciando-lhe as oportunidades comerciais necessrias a essa recuperao.

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

    09

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    11/13

    10

    PLANO ESPECIAL de RECUPERAO JUDICIAL DE MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENOPORTEA Lei, em seus artigos 70 a 72, cuida, especificamente, do Plano especial de recuperao judicial emicroempresas e de empresas de pequeno porte.

    FALNCIA (algumas observaes)

    (I.1) CLASSIFICAO DOS CRDITOS

    A Lei, no processo de falncia, introduz alteraes na classificao dos crditos, que passa a obedecer aseguinte ordem:

    I crditos derivados da legislao do trabalho, limitados a 150 salrios-mnimos por credor, e osdecorrentes de acidentes do trabalho;II crditos com garantia real, at o limite do valor do bem gravado;III crditos tributrios, excetuadas as multas tributrias;IV crditos com privilgio especial;V crditos com privilgio geral;VI crditos quirografrios;VII as multas contratuais e as penas pecunirias por infrao das leis penais ou administrativas, inclusiveas multas tributrias;VIII crditos subordinados: (a) os assim previstos em lei ou em contrato e (b) os crditos dos scios e dosadministradores sem vnculo empregatcio.

    (I.2) OBRIGAO LQUIDA VALOR MNIMO A PARTIR DO QUAL SE ENSEJA O PEDIDO DE FALNC

    A falncia s ser decretada se comprovado o no pagamento, no vencimento, de obrigao lquidamaterializada em ttulo (ou ttulos) protestado (s), cuja soma ultrapasse (m) o equivalente a quarenta (40)salrios mnimos na data do pedido de falncia (os credores podero se reunir em litisconsrcio, paraperfazer esse limite).

    (I.3) PRAZO PARA CONTESTAR O PEDIDO DE FALNCIA (ou pagar, ou garantir)

    Passa a ser de DEZ DIAS, nos termos do artigo 98, e no mais de vinte e quatro (24) horas, comodeterminado no revogado decreto-lei 7.661/45.

    Aquele que requerer a falncia, por dolo, est obrigado a indenizar.

    RECUPERAO EXTRAJUDICIAL

    Trata-se de modalidade que permite ao devedor, mediante negociao direta com seus credores,promover a sua recuperao, extrajudicialmente, levando-a porm homologao judicial.

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    12/13

    Na recuperao extrajudicial:O devedor pode selecionar os credores que ficaro sujeitos recuperao;Essa sistemtica no se aplica aos titulares de crditos tributrios, trabalhistas e por acidente de trabalhono se aplica, tambm, aos crditos indicados no pargrafo terceiro do artigo 49 no inciso II do artigo86 (ACC);S os credores que aderirem, expressamente, ao plano que ficaro sujeitos aos seus efeitos;O plano dever ser homologado judicialmente.

    Ressalte-se que a no homologao judicial do plano de recuperao extrajudicial no autoriza aconvolao do pedido em falncia.

    DISPOSIES PENAIS

    A Lei define os delitos falimentares, no Captulo relativo aos crimes trazendo novos tipos de infraopenal.

    Tais crimes podem advir dos processos de falncia, da recuperao judicial ou da homologao darecuperao extrajudicial.

    Os delitos falimentares esto tipificados nos artigos 168 a 178 (fraude a credores; contabilidadeparalela; violao de sigilo empresarial; divulgao de informaes falsas; induo a erro;favorecimento de credores; desvio, ocultao ou apropriao de bens; aquisio, recebimento ou usoilegal de bens; habilitao ilegal de crdito; exerccio ilegal de atividade; violao de impedimento;ocultao dos documentos contbeis obrigatrios).

    PROCEDIMENTO PENAL

    Os artigos 183 a 188, da Lei, disciplinam e ordenam o procedimento penal, dizendo competir ao juizcriminal da jurisdio onde tenha sido decretada a falncia, concedida a recuperao judicial ouhomologado, o plano de recuperao extrajudicial, conhecer e decidir da ao penal, pelos crimesprevistos na lei falimentar. Define-os, ainda, como crimes da ao penal pblica incondicionada.

    DISPOSIES TRANSITRIAS

    A Lei introduz norma explicitando que ela no se aplica ao processo de falncia ou da concordataajuizando anteriormente sua vigncia.

    Consta de suas disposies transitrias, que o pedido de concordata no obsta o pedido derecuperao judicial.

    Foi estabelecido um perodo de vacatio legis de 120 dias, a partir da publicao da Lei. A Lei foi

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br

    11

  • 8/3/2019 Apostila R2 Lei de Falncia aula 1

    13/13

    12

    publicada em edio extra do dia 09 de fevereiro de 2.005. A data de incio da vigncia da Lei 11.101,de 09/02/2.005, o dia 10 de junho de 2.005.4. CONCLUSO

    Esta viso geral uma exposio extremamente resumida da nova Lei de Falncia e de Recuperao deEmpresas.

    Trata-se de uma Lei que, por certo, ser um marco vanguardista na legislao brasileira, ao adotarinstitutos modernos, capazes de adequar a economia nacional, com o objetivo de fazer gerar, compermanncia, produtos, empregos, e administraes organizadas, tudo na busca maior do interessesocial.

    De outro lado, abre-se um novo campo de trabalho profissional para aqueles que se dedicarem aoestudo e prtica da matria, tanto a advogados, quanto a administradores de empresas, economistas,contadores, negociadores, mediadores ou gestores de negcios.

    A idia de elaborao deste livro a de se destinar aos operadores do direito, magistrados, advogados,membros do Ministrio Pblico, bem como aos empresrios, contadores, economistas, consultores,peritos, com o intuito de colaborar na compreenso dos altos objetivos da nova Lei e para que, aocontrrio daqueles que apresentam uma viso negativa da mesma, possa ela se tornar um eficaz eeficiente instrumento de preservao das empresas, em benefcio no s da economia nacional, mas eprincipalmente, do interesse social, com a permanente busca da preservao e do aumento de empregoe da produo de bens, servios, tributos e das demais atividades de interesse a coletividade.

    No posso, por fim, deixar de mencionar que o Instituto dos Advogados de So Paulo-IASP e os seusoperosos membros, por seu trabalho pioneiro nos idos de 1991, merecem um registro especial, tendomostrado ser aquele centenrio sodalcio um permanente campo frtil para o trabalho e odesenvolvimento cientfico do direito.

    So Paulo, fevereiro de 2.005

    RUBENS APPROBATO MACHADO

    (OBSERVAO: O presente trabalho compe o CAPTULO DE INTRODUO do LIVRO SOBRE ANOVA LEI DE FALNCIAS PRODUZIDO PELOS ADVOGADOS DO ESCRITRIO APPROBATOMACHADO ADVOGADOS, editado pela Editora Quartier Latin).

    "Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a incluso em qualquer sistema de processamento de dados. Aviolao do direito autoral crime punido com priso e multa (art. 184 do Cdigo Penal), sem prejuzo da busca e apreenso domaterial e indenizaes patrimoniais e morais cabveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/ 98 - Lei dos Direitos Autorais).www.r2direito.com.br