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MÓDULO 2

Aprendendo com Aprendendo com Priscila -2

PPROJETO PRISCILA

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Aprendendo com Priscila - Módulo 2

Atenção é proibida a reprodução parcial ou total deste material.

E x p e d i e n t e

Preparação dos originais e edição de textos Fesofap - Federação das Sociedades Femininas Adventista da Promessa

Revisão teológica DEC - Departamento de Educação Cristã

RevisãoEudoxiana Canto Melo

Capa, projeto gráfico e diagramaçãoM&W Comunicação Integrada 11-44930665 - www.mwci.com.br

Gráfica GEVC

DistribuiçãoFederação das Sociedades FemininasAdventista da Promessa

Rua Boa vista, 314 – Conj. G – 6º andar 01014-010 - Centro – São Paulo – SP Fone/fax: 11 3104-7980 www.fesofap.com.br [email protected]

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Apresentação

ApresentaçãoDurante o I Módulo dos Seminários realizados em 2009, apresentamos a vocês o

material “Aprendendo com Priscila”. Nele, enfocamos bastante a vida e as qualidades da personagem bíblica que motivou o projeto de trabalho para toda a gestão da Fesofap.

Neste segundo módulo, que ocorre dentro dos Congressos Regionais, trabalharemos o “Aprendendo com Priscila II”, no qual queremos continuar evidenciando, não a vida de Priscila, mas as qualidades que nela encontramos.

Falaremos sobre a importância do Conhecimento Bíblico, trazendo um material resumido sobre “Como entender a Bíblia”, extraído do livro deste mesmo título1, que nos apresenta sugestões práticas que podem ser seguidas por todas as pessoas que se interessam em compreender as Escrituras Sagradas. Trazemos, ainda, um material que exemplifi ca, na vida do rei Josias, o resultado de alguém que buscou esse conhecimento e viveu aplicando-o em sua vida diária, exemplo este que pode e deve ser seguido por nós.

Outra qualidade de Priscila que será evidenciada é a cooperação. Priscila cooperou grandemente com o apóstolo Paulo e, principalmente, com a igreja de Cristo. Na carta do apóstolo aos Coríntios, este utiliza a metáfora “Corpo de Cristo” para referir-se à igreja. Neste texto, queremos enfatizar alguns aspectos que não podemos negligenciar em nosso trabalho cristão, como: a unidade, a diversidade e o funcionamento deste corpo. Trazemos, ainda, uma série de exemplos bíblicos de personagens que cooperaram com a igreja, exemplos estes que poderão ser compartilhados com toda as mulheres promessistas.

Queremos, ainda, através de uma breve chamada, lembrar-lhes da importância e da necessidade do evangelismo para que mais vidas sejam salvas por Cristo e o sirvam.

Que Deus nos dê um momento verdadeiramente útil, proveitoso e marcante em nossas vidas, através deste material que ele nos deu pensando em você!

FESOFAP

________________1. GUSSO, Antônio Renato. Como entender a Bíblia: Orientações práticas para a interpretação correta das Escrituras Sagradas. Curituba: A. D. Santos, 1998, p.118 .

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APRENDENDO COM PRISCILA - 2

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Em Busca de Conhecimento Bíblico I - APRENDENDO COM UM REI

Josias era fi lho do rei Amom com sua mulher, Jedida. Ele pertencia à linhagem real de Judá, iniciada com o rei Davi. Seu pai (um rei mau) reinou por dois anos e foi assassinado por ofi ciais que conspiraram contra ele. Após a morte do rei Amom, o povo tratou de eliminar os conspiradores e dar continuidade à linhagem real do rei Davi, fazendo do menino Josias rei em lugar de seu pai (2 Cr 33:21-25).

O rei Josias vivia numa família cheia de problemas, o pecado jazia a sua volta. O rei Josias ainda não sabia, mas estava começando a exercer os deveres de um rei. Aos 16 anos de idade, mesmo sendo ainda muito jovem, começou a buscar o Deus de Davi (2 Cr 34:3). A situação espiritual do povo contribuiu para que o rei Josias desejasse ardentemente conhecer a palavra de Deus, para que, então, pudesse segui-la em toda a verdade. Josias tomou atitudes radicais e corajosas, a fi m de mudar os costumes de uma nação. Ele contava com a ajuda de alguns sacerdotes, escribas e servos do Senhor, que ainda adoravam ao Deus verdadeiro e que não haviam se contaminado com a adoração de falsos deuses.

Aos 20 anos, começou a purifi car a Judá e a Jerusalém, dos altos, dos postes ídolos, das imagens de escultura e de fundição. Sob sua direção foram derrubados os altares dos baalins; fez em pedaços os altares do incenso, que estavam acima deles, quebrou e reduziu a pó os postes ídolos, as imagens de escultura e de fundição, e o espargiu sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrifi cado. Queimou os ossos dos sacerdotes sobre seus altares, e purifi cou a Judá e a Jerusalém (2 Cr 34:3-5). Fez, ainda, o mesmo nas cidades de Manassés, de Efraim, de Simeão até Naftali (v.6). Josias buscou a purifi cação.

Após a limpeza de toda idolatria, Josias desejava ardentemente prestar cultos de adoração ao verdadeiro Deus. O templo fi cava em Jerusalém, e estava abandonado. Diante dessa situação, o rei Josias mandou que seus servos iniciassem a reforma do templo. Foi ali que aconteceu algo que mudaria completamente a vida do rei Josias. No momento em que os homens trabalhavam na reforma do templo, Hilquias, o sumo sacerdote, achou o livro da lei do Senhor, dada por intermédio de Moisés (2 Cr 34:14).

Hilquias deu os rolos a Safã, o escrivão, pois somente ele tinha o privilégio exclusivo de assistir diante do rei. Safã poderia ter escondido aqueles rolos, caso não compartilhasse a mesma

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EM BUSCA DE CONHECIMENTO BÍBLICO

fé do rei, mas tudo indica que, juntamente com Hilquias, estava empenhado na restauração do Templo e, principalmente, na restauração da verdadeira adoração que aconteceria no Templo.

O rei passara todos aqueles anos em busca de fazer o que era reto diante de Deus, e, fi nalmente, teria a chance de escutar, ler e examinar, palavra por palavra, todas as ordenanças de Deus.

Quando Safã começou a leitura, algo foi acontecendo, e Josias viveu as palavras contidas em Hebreus 4:12: Porque a palavra de Deus é viva e efi caz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.

A tristeza tomou conta do rei; ele se viu como um vil pecador diante de Deus e percebeu em quão profundas trevas a nação estava! Por esse motivo, Josias rasgou as suas vestes.

Após ouvir atentamente toda a leitura do livro, o rei ordenou que Hilquias, Safã e os demais servos procurassem Hulda, a profetisa que morava em Jerusalém. Quando a encontraram, contaram tudo o que havia acontecido e também descreveram a situação em que o rei se encontrava. E o Senhor disse as seguintes palavras a Josias: Você ouviu o que está escrito no livro, e se arrependeu, e se humilhou diante de mim, rasgando as suas roupas e chorando quando ouviu como ameacei castigar a cidade de Jerusalém e seu povo. Eu ouvi a sua oração (2 Cr 34:27 – NTLH – grifo nosso).

Aquele menino, agora crescido, havia se tornado um verdadeiro adorador. Todas as coisas que havia feito para restaurar uma nação, o templo, restaurar a si mesmo, haviam sido confi rmadas pelas palavras encontradas naquele livro. Josias buscou conhecimento e Deus lhe concedeu. Quão poderosa pode ser a palavra, quando vivida intensamente por aqueles que a buscam.

Depois dessa experiência maravilhosa, Josias comemorou a festa da Páscoa, não como pensava que deveria ser, mas exatamente como o Senhor estabelecera. Esse acontecimento tão espetacular e maravilhoso de adoração verdadeira ao Senhor só foi possível porque Josias buscou e adquiriu conhecimento bíblico.

Esse é o desafi o lançado a você, irmã em Cristo, que ama a sua igreja e deseja ardentemente celebrar cultos de adoração a Deus e contemplar nossos templos repletos de vidas ainda não alcançadas.

Gostaria de terminar essa primeira parte com este versículo: Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutifi cando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus (Cl 1:10- grifo nosso).

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APRENDENDO COM PRISCILA - 2

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II - VIVENDO E ENSINANDO A PALAVRA

Seca-se a erva, e caem as fl ores, mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.

Is 40:8

Depois de aprendermos com Josias sobre a busca pelo conhecimento, queremos saber, de forma prática, como viver e ensinar a palavra. Viver a palavra é colocar em prática tudo que ela nos ensina, e levar uma vida inteiramente renovada por seus ensinamentos, pois eles duram eternamente.

Quando Josias se tornou rei, é evidente que ele nada sabia, mas ele conseguiu fazer escolhas sábias. Segundo os historiadores, um fi lho judeu pertence a sua mãe, e será ela, e só raramente suas criadas, quem o criará. As mães judias amamentavam seus fi lhos até os três anos ou mais. Quando crescidinhos, os meninos seguiam o pai e passavam a observar as atividades dos homens do clã em que ele vivia. Segundo essa tradição, será através da observação que o menino será educado.

No que diz respeito aos fi lhos dos reis, estes tinham preceptores (pessoas incumbidas de acompanhar e orientar-lhes a educação). Estes poderiam ser anciãos, sacerdotes, levitas ou escribas.

Na história de Josias, alguns desses preceptores são: sua mãe, Jedida; o escrivão, Safã; o sumo sacerdote, Hilquias; a profetisa Hulda, e o profeta Jeremias. De alguma forma, cada uma dessas pessoas colaborou para o bom desempenho de Josias como rei.

O rei Josias viveu e acompanhou homens e mulheres que eram servos legítimos do Senhor, e foi assim que Josias começou a aprender. Pessoas se dispuseram a ensinar-lhe; pessoas que viviam a palavra de forma intensa e verdadeira, fi zeram-no entender quão maravilhoso é obedecer aos desígnios de Deus.

Veremos, a seguir, algumas implicações sobre esta disposição de viver e ensinar a palavra:

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EM BUSCA DE CONHECIMENTO BÍBLICO

VIVER E ENSINAR A PALAVRA RENOVA A ALIANÇA COM DEUS

O rei se pôs em pé junto à coluna e fez aliança ante o Senhor, para o seguirem, guardarem os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma, cumprindo as

palavras desta aliança, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo anuiu a esta aliança.2 Reis 23:2

A palavra aliança nos faz pensar em casamento, união, compromisso. Em muitas cerimônias de casamento, o pastor mostra aos convidados os anéis, símbolos da aliança que está sendo fi rmada, e diz que, nestes, não há começo nem fi m. Quando fazemos uma aliança com o Senhor, temos também esta certeza: essa aliança não terá fi m, a não ser que nós desejemos isso, pois ele sempre permanece fi el (2 Tm 2:13).

O livro de 2 Reis, capítulo 23, versículo 25 traz a preciosa informação de que, antes do rei Josias, não houve rei semelhante a ele que se convertesse ao Senhor de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de todas as suas forças. Você já pensou nisso? Ser lembrada como aquela serva que se converteu ao Senhor com todas as suas forças? O início da nossa aliança com Cristo se dá no momento em que ocorre nossa conversão e passamos a guardar seus mandamentos com todo o nosso coração.

A palavra que mais se repete no versículo acima é a palavra todo (ou suas variantes), que signifi ca: integral, inteiro. A nossa aliança com Deus será perfeita, se seguirmos e guardarmos os seus mandamentos com todo o nosso coração e com toda a nossa alma. Não há meio termo, a doação é completa e irrestrita. Se não fosse assim, o Senhor Jesus não teria dito as seguintes palavras: “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós” (Lucas 22:20).

Jesus deu sua vida toda, por amor de nós. Ele celebrou conosco uma Nova Aliança. Tudo isso para que nós nos entregássemos a ele de forma completa, inteira. Jesus disse: Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á (Mc 8:35). Todas as manhãs nós temos a chance de renovar e fi rmar nossa aliança com Deus, pois, assim, ele imprimirá em nossas mentes as suas leis, e as inscreverá no nosso coração, e ele será o nosso Deus e nós seremos dele (Jr 31:32).

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APRENDENDO COM PRISCILA - 2

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VIVER E ENSINAR A PALAVRA NOS FAZ TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

... conforme a palavra do Senhor, que apregoara o homem de Deus, quando apregoou estas palavras. 2 Reis 23:16b

Quando Josias se propôs a purifi car Judá e Jerusalém, teve muito trabalho. Foram retirados os utensílios que estavam sendo profanados, os postes-ídolos foram queimados, os sacerdotes que praticavam todo o tipo de idolatria foram destituídos, foram derribadas as casas onde as mulheres teciam tendas para os postes-ídolos; foram destruídos todo o tipo de imagem e todos os lugares usados para as piores perversidades. Enquanto Josias fazia isso, olhou ao redor e viu várias sepulturas que estavam no monte; mandou tirar de dentro delas os ossos e queimou tudo sobre o altar. Naquele momento, uma profecia estava se cumprindo através dele.

Tudo aconteceu quando Jeroboão reinava em Israel (1 Rs 12:25-33). Esse homem iniciou um reinado de desobediência aos mandamentos de Deus; literalmente, mudou a lei de Deus, pois para cada preceito divino ele elaborava um preceito falsifi cado (1 Rs 12:28-32). E uma das coisas erradas que ele fez foi impedir o povo de ir a Jerusalém para adorar no templo. Ele fez dois bezerros de ouro; pôs um em Betel e outro em Dã, e disse ao povo que deveria ir para estes lugares adorar o bezerro. Também constituiu sacerdotes que não eram da tribo de Levi.

Num dos ajuntamentos promovidos por Jeroboão, a fi m de praticar todo tipo de abominação ao Senhor, subiu também um homem de Deus e, naquele lugar, disse: Altar, Altar! Assim diz o Senhor: Eis que um fi lho nascerá a casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrifi cará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos humanos queimarão sobre ti (2 Rs13:2).

Josias fez a vontade de Deus e participou ativamente de tudo que o Senhor havia determinado. Ele foi obediente. Nós somos templos do Espírito Santo. Essa verdade maravilhosa habilita-nos a obedecer, cumprir os desígnios de Deus. Quando a nossa vida pertence completamente ao Senhor Jesus, nós nos tornamos cooperadores do reino de Deus (Cl 4:11), assim como foi Josias.

Quando nos tornamos templo do Espírito Santo, recebemos de Deus poder espiritual, porque o Senhor deseja que tenhamos uma vida que lhe agrade. Seremos, portanto, participantes da sua natureza divina (2 Pd 1:4).

Josias poderia ter escolhido apenas ouvir o que dizia o livro da Lei, mas escolheu obedecer, praticar o que estava escrito. Escolheu viver naquelas palavras.

Amada irmã, o Senhor tem para nós um caminho ainda mais excelente. Não sejamos apenas ouvintes, mas cumpridoras da palavra (Tg 1:22).

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EM BUSCA DE CONHECIMENTO BÍBLICO

VIVER E ENSINAR A PALAVRA PRODUZ PIEDADE

Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as suas palavras contra este lugar, e contra os seus habitantes,

e te humilhaste perante mim, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor.

2 Cr 34:27

Você lembra a reação de Josias, depois que Safã, o escrivão, leu para ele o livro da lei? Sim, ele fi cou profundamente consternado. É interessante pensarmos que, quando o livro foi encontrado, já fazia alguns anos que ele começara as reformas, ou seja, ele já estava fazendo a coisa certa.

Josias, porém, era um homem piedoso. Ele se compadecia do povo; não buscou orientação apenas para si mesmo; não queria seguir sozinho pelo novo e vivo caminho. Por isso, conclamou o povo e dividiu com ele o conhecimento adquirido.

Conhecer a palavra de Deus nos leva a praticar a piedade! E piedade é compaixão pelos sofrimentos alheios. As pessoas sofrem porque não conhecem a maneira correta de viver. Como as pessoas poderão conhecer a palavra de Deus e as verdades nela contidas, se ninguém as ensinar? Este é nosso dever, pois sabemos que toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda a boa obra (2 Tm 3:16).

Exercita-te pessoalmente na piedade (1 Tm 4:7 b).

A carta de Tito nos exorta muito sobre o viver piedosamente, o que inclui boas obras. Não que sejamos salvos pelas obras, mas porque fomos salvos pela graça de Cristo é que temos a obrigação de sermos padrão de boas obras (Tt 2:7), distinguindo-nos nas boas obras em favor dos necessitados (Tt 3:14). A segunda vinda de Cristo é que nos fornece o motivo para vivermos piedosamente neste mundo (Tt 2:11-14).

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CONCLUSÃO

A disposição de Josias de procurar conhecer a palavra de Deus, de viver e ensiná-la, fez toda a diferença para sua geração. A história de sua vida foi diferente da de seu pai, Amon, e seu avô, Manassés, ambos identifi cados como reis maus. Josias foi um bom rei.

O conhecimento das Escrituras o levou a ser um adorador, a celebrar pela salvação. E sua postura levou também o povo a adorar a Deus. Seu povo, ao contrário da época que o antecedeu, era livre da idolatria e da apostasia. A palavra nos diz que enquanto ele viveu, o povo não deixou de seguir o Senhor, o Deus de seus antepassados (2 Cr 34:33b).

Vamos permanecer na palavra que nos foi ensinada. Adquirir conhecimento bíblico nos faz viver mais felizes, a cada dia.

E você, irmã em Cristo, é a pessoa certa, no lugar certo! Isso porque somos mães, avós, tias, e não devemos ter receio de ensinar nossos fi lhos de maneira fi rme, sistemática. Não tenha medo de ensinar, praticar, viver a palavra. Muitas vezes pensamos que poderemos cansá-los ou deixá-los entediados; no entanto, devemos lembrar que Jesus, aos doze anos, já discutia com escribas e doutores. Se ele assim o fez, é porque, certamente, recebeu educação de forma prazerosa, mas também fi rme e vigorosa. E um excelente começo é dar aos nossos fi lhos o melhor: conhecimento bíblico.

Viver cada dia com conhecimento bíblico nos aperfeiçoa e nos prepara para alargarmos as estacas da nossa tenda e pregarmos o reino de Deus com toda a intrepidez, sem impedimento algum. Viva, ensine, pratique! Você vai se surpreender com o que Deus vai fazer!

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MÓDULO 2

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Toda pessoa tem o direito de interpretar, por si própria, a Bíblia Sagrada e descobrir suas verdades, sem a interferência de outra pessoa. Contudo, esta liberdade não nos dá o direito de interpretá-la como quisermos. Precisamos ter sempre em mente que se trata da Palavra de Deus entregue ao seu povo e, como tal, deve ser lida com temor, atenção, reverência, a fi m de descobrirmos a vontade de Deus para nós.

Além disso, pesa sobre nós, cristãos, a responsabilidade de transmitir aos outros a mensa-gem de Deus que nos foi transmitida com fi delidade, pois, se dissermos o que ele não disse, estaremos agindo como falsos profetas, anunciando nossas próprias palavras, e não as de Deus. Daí a importância de interpretarmos a Bíblia de forma responsável. Precisamos descobrir o real signifi cado da mensagem bíblica.

Para isso, apresentamos algumas atitudes básicas que servirão de ferramentas e poderão ser utilizadas por todos os interessados na busca dos reais signifi cados dos textos bíblicos.

1º PEÇA CONSTANTEMENTE ORIENTAÇÃO DIVINA

Encontramos, hoje, pelo menos, três correntes de pensamentos que se dividem sobre a di-fi culdade existente ou não, para que pessoas comuns possam entender as Escrituras Sagradas.

Uma defende que a Bíblia pode ser interpretada somente por estudiosos, peritos no as-sunto. Outra aceita que todas as pessoas estão automaticamente prontas para discernir toda e qualquer passagem bíblica. A terceira opinião, e a que nos parece mais sensata, observa a existência de textos difi cílimos, que, até o momento, ninguém, nem mesmo os especialistas, conseguiram explicar de forma satisfatória; outros que podem ser entendidos a partir de algum conhecimento básico, e outros claríssimos, que podem ser entendidos por qualquer criança.

Realmente, existem textos bíblicos mais difíceis que outros e, para estes, realmente de-vemos lançar mão de todos os recursos possíveis e disponíveis, a fi m de obtermos ajuda na tarefa de interpretá-los. Vemos este exemplo na própria Bíblia, no caso do etíope, em relação a Filipe (At 8:26-40). O etíope lia um trecho do Antigo Testamento que era, para ele, de difícil compreensão, pois lhe faltavam algumas informações sobre o assunto. Possivelmente, este tenha orado a Deus pedindo que o ajudasse. Podemos afi rmar que Deus está interessado em

Como Entender a Bíblia

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ajudar aqueles que procuram o conhecimento das Sagradas Escrituras. E foi o próprio Deus que enviou Filipe, de forma milagrosa, para ajudá-lo a compreender o que lia.

Ao nos deixar sua palavra escrita, Deus queria revelar-nos seu plano para nossa vida. E ninguém mais do que ele pode ajudar-nos a compreendê-la. Por isso, não podemos estudá-la sem buscar, nele, a ajuda necessária, através da oração. Ele pode ajudar-nos da maneira que lhe convier. Inclusive, enviando-nos pessoas fi éis a ele para nos orientar.

2º ABORDE TODAS AS PASSAGENS COM HUMILDADE

A humildade é apresentada na palavra de Deus como uma importante virtude a ser culti-vada. Revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (I Pe 5:5b).

Podemos observar que aqueles que conseguem compreender melhor as Escrituras Sagra-das são humildes. Talvez por isso a tenham compreendido. Quem não tem humildade pode erroneamente interpretar certas passagens bíblicas, ao achá-las extremamente conhecidas e tratá-las com descuido, achando que não precisa se esforçar para aprender mais nada a respei-to delas. Com essa atitude arrogante, podem perder o verdadeiro signifi cado do texto e não enxergar preciosas verdades.

Com humildade, concluiremos que difi cilmente conseguiremos um conhecimento com-pleto de qualquer texto bíblico. Pode sempre haver algo mais que Deus queira nos mostrar. O texto de Mateus 6:25-34 é um exemplo de como passagens bíblicas bem conhecidas podem ser erroneamente interpretadas, quando falta a humildade:

Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? {ao curso da sua vida; ou à estatura}E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fi am.

Eu, contudo, vos afi rmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?

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COMO ENTENDER A BÍBLIA

Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.

É comum ouvirmos pregadores dizerem, com base nesse texto, que, quando buscamos o reino de Deus em primeiro lugar, todas as coisas nos serão acrescentadas. Essa afi rmação nos dá a entender que Jesus está prometendo tudo: inclusive riquezas ou qualquer coisa que desejarmos. No entanto, não é isso que o texto diz.

Quando lemos o texto, percebemos que o assunto abordado são as necessidades básicas do ser humano: comer, beber e vestir. E Jesus está afi rmando que não precisamos viver ansiosos com esses assuntos; devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas (comida, bebida e vestuário) nos serão acrescentadas.

Se não nos aplicarmos a estudar a palavra de Deus com humildade, podemos, além de en-sinar coisas erradas, perder a possibilidade de ouvir a voz de Deus e aprender suas verdades.

3º OBSERVEMOS O TEXTO COM MUITA ATENÇÃO

A falta de atenção é um dos principais fatores que levam à má interpretação bíblica no meio do povo de Deus. Ao fazer uma leitura rápida do texto, muitas vezes se tiram conclusões erradas. A Bíblia, nossa única norma de fé e prática, merece nossa maior atenção. Precisamos buscar, em suas palavras, o signifi cado para a época em que foi escrita e, também, para os nossos dias.

Isso exige que, além de ler corretamente o texto várias vezes, é preciso também entender cada palavra ou termo do texto com o uso de um dicionário e um dicionário bíblico. É preciso, também, comparar o texto com outras versões da Bíblia, além do auxílio de mapas e outros auxílios para boa compreensão. Devemos observar o texto por todos os ângulos, buscando suas palavras-chave, aquelas que mostrem a base central do assunto. Procure observar se algu-ma expressão se repete várias vezes no texto. Se isso ocorrer, pode dar uma ideia do assunto central do texto.

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4º OBSERVE O CONTEXTO COM MUITO CUIDADO

É fundamental, para a compreensão dos textos bíblicos, a observação do contexto (o que vem antes e depois do versículo escolhido). Se não o fi zermos, erros gritantes de interpretação poderão acontecer. Daí o perigo, por exemplo, do uso contínuo de “caixinhas de promessas”, que trazem um versículo isolado e que, lido fora de seu contexto, pode trazer interpretações equivocadas.

O texto a ser estudado deve sempre ser lido dentro de seu contexto. Se possível, leia todo o livro. Quando recebemos uma carta, nós a lemos de uma vez. Esse mesmo cuidado deve ser especialmente dispensado quando o texto escolhido estiver nas cartas do Novo testamento.

Um exemplo clássico deste erro encontra-se no texto de Filipenses 4:13: Tudo posso naquele que me fortalece. Inúmeras vezes este versículo é citado, dando a entender que aquele que se fortalece em Cristo pode qualquer coisa. Certa ocasião um pregador, ao visitar uma igreja, encontrou, em uma de suas salas, um cartaz que trazia uma pequena formiga carregando uma enorme maçã, como se isso fosse possível, e este versículo estava impresso abaixo do desenho. A mensagem que estava sendo transmitida era totalmente irreal e antibíblica. Quando lemos este texto em seu contexto, encontraremos outra mensagem:

10 Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade.11 Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez;13 tudo posso naquele que me fortalece.

Neste texto, Paulo fala da capacidade recebida de Deus para saber portar-se em qualquer situação, seja viver em escassez ou em abundância. E isso é muito diferente do que sugere a mensagem da formiguinha. A observação do contexto é um princípio básico para a boa inter-pretação. Devemos sempre levar em conta o contexto:

a) Imediato – capítulo ou passagem completa;

b) Próximo – o livro bíblico em que se encontra;

c) Geral – a Bíblia como um todo.

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COMO ENTENDER A BÍBLIA

5º DESCUBRA O PANO DE FUNDO DA PASSAGEM

Quando formos estudar um texto bíblico, precisamos ter em mente que cada texto foi produzido num momento diferente, em local diferente e para tratar de questões diferentes. Precisamos, além de conhecer o texto, conhecer aquilo que está por trás dele, na tentativa de interpretá-lo corretamente.

É preciso procurar determinar, no mínimo, quem foi o autor da passagem, em que ocasião e época foram escritas, em que época viveram os personagens envolvidos, por que foi escrita, em que localização geográfi ca, situação econômica, social, religiosa e política foi escrita.

Quando lemos uma relação de itens como esta, podemos fi car assustadas ou desanima-das, mas não precisamos nos sentir assim. Graças a Deus, inúmeros estudiosos da Bíblia têm tentado esclarecer tais questões. Basta buscarmos esses resultados nos dicionários bíblicos e comentários disponíveis. Precisamos ter uma boa biblioteca de apoio, no momento apropriado de esclarecer essas questões.

Como exemplo da importância do conhecimento do pano de fundo de uma determinada passagem, imagine a seguinte situação: você está hospedada num hotel e ouve no quarto ao lado o seguinte diálogo:

- Vamos depressa, apronte as malas. Temos que sair urgentemente.

- O que aconteceu? Por que tanta pressa?

- Não tive alternativa, ele sabia demais, precisei matá-lo.

- Calma, fale baixo, alguém pode nos ouvir...

Depois de ouvir essas frases, não seria surpresa se você chamasse imediatamente a polícia. As frases ouvidas dão a entender que houve um assassinato e que o assassino e seu cúmplice estão procurando fugir.

Se conhecêssemos o pano de fundo daquela situação, a história poderia ser bem diferen-te: Dois homens, bem vestidos e educados, sentados em suas poltronas, um de frente para o outro, segurando folhas de papel em suas mãos, liam suas falas na peça teatral de que partici-pariam, procurando dar vida e sentimento às suas leituras. Certamente, se soubéssemos disso, não tomaríamos atitude alguma.

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O esforço de nossa parte em descobrir o máximo de informações a respeito do pano de fundo das passagens bíblicas estudadas resultará em mais qualidade em nossa interpretação.

6º IDENTIFIQUE OS TIPOS DE LITERATURA

Precisamos ter sempre em mente que a Bíblia é a palavra de Deus, ou seja, a mensagem de Deus ao seu povo. A transmissão dessa mensagem em diferentes gêneros literários não altera a qualidade e a procedência da mensagem. Porém, precisamos saber que os estilos variam, e podemos encontrá-los em forma de poesias, relatos históricos, alegorias, provérbios, parábo-las, leis, oráculos, sermões, orações, cartas, literaturas apocalípticas, cânticos, visões e outras.

Um exemplo prático da importância de identifi car o tipo de literatura encontramos no texto de Ezequiel 37:1-10, em que o profeta descreve o episódio do vale de ossos secos. Se interpretado como narrativa histórica, chegaremos à conclusão de que Deus, em determinada época, um exército de pessoas que haviam morrido há muito tempo ressuscitou. É claro que, em seu poder, Deus poderia fazê-lo, mas não é essa a informação fornecida pelo texto.

Os versículos seguintes (Ez 37:11-14) nos fornecem a verdadeira interpretação da primeira par-te. Os ossos secos representavam Israel totalmente abatido, e a nova situação, a ressurreição dos ossos, aquilo que Deus iria fazer ao seu povo: reconduzi-lo novamente do cativeiro para sua terra.

A alegoria, outra forma literária, é uma das mais difíceis de ser interpretada, se não tivermos a ajuda daquele que o criou. Um exemplo bíblico está na Parábola do Semeador (Lc 8:4-8). Nele, Jesus utiliza uma história aparentemente simples e de fácil compreensão, que diz uma coisa, mas signifi ca outra. Nem mesmo os discípulos de Jesus, acostumados com ele, conse-guiram entender o signifi cado. Felizmente, a curiosidade deles os levou a perguntar ao Mestre seu signifi cado, e podemos, hoje, entendê-la com clareza.

É preciso, contudo, cuidar para não tratar todas as parábolas como alegóricas, erro que pode levar a conclusões erradas. A “parábola alegórica” possui signifi cados ocultos nos vários detalhes de sua parte (como a do semeador, por exemplo). Já a “parábola não alegórica” talvez queira ensinar uma verdade central, e pode ser um erro tentar explicar seus detalhes. Vejamos o exemplo de Mt 25:1-13: toda a parábola das dez virgens foi contada para enfatizar a verdade central contida no último versículo: a necessidade de se estar preparado para a volta de Cristo.

Em uma imaginação fértil, é possível tentar descobrir o signifi cado de cada detalhe da pa-rábola em si, o que pode incorrer em erros. Uma olhada no contexto em que se encontra esta parábola pode ser útil para uma interpretação mais correta da verdade central da parábola (ver Mt 24:36, 42, 44, 50). Vale a pena o esforço de procurar com zelo o signifi cado correto, aquilo que Deus tem a nos dizer, independentemente da forma literária.

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7º NÃO INTERPRETE PASSAGENS FIGURADAS COMO LITERAIS E VICE-VERSA

É preciso ter cuidado para não interpretar passagens fi guradas como literais e literais como fi guradas, porque, se o fi zermos, não diremos o que a Bíblia diz. Devemos dar uma atenção especial aos números. Nem sempre é fácil descobrir o seu signifi cado real. Muitas vezes, pode ser literal; outras, simbólicas, ou ainda, os dois. Veja alguns exemplos:

Zc 4:10 – Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas? Pois estes sete se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel. São estes os sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra.

Neste caso, o texto não quer dizer que o Senhor tem, literalmente, sete olhos, mas trata sobre a capacidade divina de observar toda a terra.

Lc 17:3-4 – Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás.

Quando Jesus menciona “sete vezes”, não quer dizer que uma “oitava” ofensa não precisa ser perdoada. Ele quer dizer que o perdão precisa ser habitual.

O mesmo ocorre em nossa cultura, quando usamos expressões como “é oito ou oitenta”; “já te disse mais de mil vezes”, etc.

Lc 19:40 – Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.

Esse não é, por exemplo, um texto alegórico. As pedras não signifi cam um tipo de pessoa que poderia falar, se o povo de Deus se calar. Neste episódio, Jesus se incomodou com alguns fariseus que lhe pediam que repreendesse seus discípulos pelo suposto exagero nas manifes-tações de louvor a Deus pelos milagres que haviam presenciado. Jesus simplesmente lhes diz que era impossível fazê-los calar, da mesma forma que é impossível que as pedras clamassem.

Portanto, ao estudar a Bíblia, esteja com a mente aberta para analisar cada situação. Procu-re descobrir, de maneira responsável e sensata, a forma de expressão correta em cada texto, lembrando-se de que Deus não está limitado a esta ou àquela forma de comunicação.

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8º DESCUBRA OS DIVERSOS SIGNIFICADOS DE UMA PALAVRA

Uma única palavra pode possuir uma vasta gama de signifi cados, todos determinados pelo contexto em que ela se encontra. Precisamos, diligentemente, atentar para isso na busca pela interpretação das Sagradas Escrituras.

Vejamos o exemplo da palavra Israel encontrada em vários textos bíblicos, que pode apre-sentar os seguintes signifi cados:

1. Gn 46:1-2 – Um dos fi lhos de Isaque;

2. Ex 5:-2 – O povo de Deus, descendentes de Jacó, que estavam cativos no Egito;

3. Js 24:1 – Todas as tribos que entraram com Josué em Canaã.

4. II Sm 2:10 – O conjunto das tribos leais a Is-Bosete, fi lho de Saul.

5. I Re 6:1 – Neste versículo, a palavra Israel aparece duas vezes, mas com signifi cados diferentes: Na primeira, descreve os descendentes de Jacó que saíram do Egito; na segunda, todas as tribos, incluindo Judá, debaixo do governo de Salomão;

6. I Re 12:20-21 – O Reino do Norte (As tribos, menos as de Judá e Benjamim)

Poderíamos citar outros exemplos, mas cremos que já entendemos que dependemos do contexto para explicar o sentido de uma palavra no texto.

9º BUSQUE O SIGNIFICADO PARA O RECEPTOR ORIGINAL

Antes de buscarmos, nos textos bíblicos, uma mensagem para os nossos dias, precisamos observar seu receptor original; aquele que a ouviu de primeira mão. Ao descobrirmos o sentido exato daquelas palavras para quem as recebeu, estaremos prontos para aplicar sua mensagem para os dias de hoje.

Podemos tirar um bom exemplo bíblico disto no encontro entre Jesus e um certo jovem rico (Lc 18:18-22):

18 E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna

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COMO ENTENDER A BÍBLIA

19 Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.

20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.

21 E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade.

22 E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.

Seria um grande erro concluirmos, a partir dessa passagem, que é preciso vender tudo o que se tem para herdar a vida eterna. Jesus não estava ensinando isso a todas as pessoas, de todos os tempos. Naquele caso específi co, ele viu a necessidade daquele jovem abrir mão do que o estava atrapalhando (as riquezas materiais) e investir no que realmente tem grande valor: o reino de Deus. A mensagem sobre o valor do reino de Deus, que ultrapassa qualquer riqueza deste mundo, esta, sim, é para todos e de todos os tempos.

Se não nos aplicarmos a descobrir o sentido primário do texto, não teremos como aplicar o ensino de forma correta; estaremos ensinando ou ouvindo ensinos que não são bíblicos, ainda que se baseiem, de forma errada, nos textos da Bíblia.

10 º TIRE IDEIAS DO TEXTO E NÃO BUSQUE TEXTOS PARA AS IDEIAS

A função do intérprete é descobrir o signifi cado dos textos bíblicos para poder aplicá-los, com segurança, a cada caso que se apresente nos dias atuais. Não devemos ir ao texto bíblico buscar respaldo para nossas ideias.

Em nossos dias, encontramos inúmeras mensagens à disposição pelos meios de comuni-cação que apresentam opiniões da fi losofi a, sociologia, psicologia e outras mais respaldadas em textos que nem de longe dizem o que está sendo dito. Paulo, Pedro e outros autores talvez fi cassem assustados, se ouvissem o que muitos dizem que eles disseram.

Precisamos estar muito atentos, pois, quando procuramos texto para confi rmar nossas ideias, temos a tendência de não perceber neles aquilo que não nos interessa, e, menos ainda, aquilo que vai contra o nosso pensamento. Os olhos e a mente predisposta podem enganar-nos com facilidade. Não façamos da palavra de Deus um apoio para nossas ideias, ainda que nos pareçam belas. Busquemos seu signifi cado correto, a fi m de não dizermos, em nome de Deus, algo que ele não disse. Isso poderia nos render o desonroso título de falso profeta e as consequências dele decorrentes.

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11º LEMBRE QUE A BÍBLIA É LIVRO DE RELIGIÃO E NÃO DE CIÊNCIAS

Ao ouvir notícias sobre descobertas científi cas, não fi que tentando adequá-las ou não ao relato bíblico. A Bíblia traz, sim, algumas informações científi cas, mas não é um livro de ciên-cias. Ela é um livro de religião. Ela trata sobre salvação.

Deus, ao permitir que a Bíblia fosse escrita, não pretendia dar-nos um relato pormenoriza-do de como tudo foi feito. Ele procura mostrar – e o faz de forma brilhante – quem é o criador do universo. Tudo o que Deus quis revelar sobre salvação, ele o fez através das Sagradas Es-crituras, e isto é sufi ciente. Quanto aos detalhes científi cos sobre a criação de todas as coisas, permaneça em paz! Saiba, de antemão, que nenhuma nova hipótese poderá abalar a verdade religiosa absoluta da palavra de Deus.

12º NÃO VALORIZE EM DEMASIA AS DIVISÕES OFERECIDAS PELAS VERSÕES BÍBLICAS

Todos sabem da importância da pontuação para a perfeita compreensão de um texto. Con-tudo, o grego, do Novo Testamento, e o hebraico ou o aramaico, do Antigo Testamento, não apresentam essa pontuação. Daí a possibilidade de, em uma ou outra situação, tais pontuações permitirem interpretação diferente. Por isso, não se baseia uma doutrina em um único texto que permita essa dúvida. Lembre-se de que uma verdade teológica precisa ser confi rmada com outros textos da Bíblia, cuja interpretação ofereça completa segurança.

Outro fator de difi culdade pode ser a divisão dos textos em versículos e capítulos. Geral-mente – e foram criados para isto –, eles nos ajudam, mas pode haver divisões que separem um todo. Veja um exemplo claro disso nos Salmos 42 e 43, que, aparentemente, deveriam ser um só (compare 42:9 com 43:2; compare 42: 5 e 11 com 43:5).

Portanto, não valorize em demasia esses itens. Busque sempre, pelos seus próprios esfor-ços, com toda a ajuda disponível, a unidade e o signifi cado de cada porção da palavra de Deus.

13º INTERPRETE TEXTOS DIFÍCEIS À LUZ DE TEXTOS FÁCEIS

Realmente existem nas Escrituras Sagradas textos de maior difi culdade de compreensão. Porém, esses não devem nos desanimar na busca por compreendê-los. Sabendo que, em toda a Bíblia, não se encontra contradição, podemos procurar os textos mais fáceis que podem nos ajudar a compreender os mais difíceis.

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CONCLUSÃO

Como vimos, neste trabalho, a tarefa de interpretar a palavra de Deus requer alguns cui-dados básicos, que não podem ser negligenciados, sob pena de desfi gurarmos ou até mesmo modifi carmos o sentido verdadeiro de uma passagem da palavra de Deus. Para se chegar à compreensão da verdade bíblica, é necessário estar atento. As sugestões aqui apresentadas, se levadas a sério, podem ajudar bastante aqueles que estão iniciando o seu trabalho nesta área.

Que este material sirva de motivação para uma busca ainda maior e mais sensata por me-lhores métodos e formas de interpretação. Que cada um de nós, pela graça do Senhor, aliada aos nossos esforços, cheguemos aos verdadeiros signifi cados de cada porção da Bíblia, desco-brindo, dessa forma, o que Deus tem a nos dizer.

BIBLIOGRAFIA

GUSSO, Antônio Renato. Como entender a Bíblia: Orientações práticas para a interpretação correta das Escrituras Sagradas. Curituba: A. D. Santos, 1998, p.118 .

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O Corpo de Cristo1 Co 12: 12 a 27

Em 1 Co 12:12-27, Paulo trata sobre a igreja, através da metáfora “corpo de Cristo”, tornando mais fácil compreendê-la, pois a ideia de corpo é familiar a todos. Sabemos que cada parte do corpo tem a sua função: os olhos vêem, os ouvidos ouvem, a boca fala, as mãos seguram, as pernas andam. Cada uma dessas partes forma um só corpo. A igreja de Cristo é como um corpo que tem muitas partes e estas partes, ainda que sejam muitas, formam um só corpo (v 12). Vamos analisar o texto de Paulo em três aspectos, enfatizando: a unidade, a diversidade e o funcionamento do corpo.

A UNIDADE DO CORPO

O corpo de Cristo foi colocado no mundo para servir. Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45). O propósito do corpo de Cristo é dar continuidade ao ministério de Jesus. Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio (Jo 20:21).

Neste propósito nobre, que é servir e resgatar vidas, o corpo de Cristo precisa estar unido. Não era assim na igreja em Corinto, pois aqueles crentes usavam os dons espirituais de forma egoísta, não para edifi car e ajudar a igreja como um todo. Invejavam os dons uns dos outros e havia divisão na igreja. Por isso, Paulo ressalta quão necessária é a unidade. No corpo de Cristo, não devem haver divisão, discussões e competições. Se, entre os membros, há competição, a diversidade pode levar à divisão; mas, se os membros cuidam uns dos outros e se preocupam uns com os outros, a diversidade leva à unidade (v 25).

Assim como no corpo humano, no corpo de Cristo, todas as partes são necessárias, cada qual exercendo o dom recebido de Deus, cumprindo a sua função: um ajudando, apoiando, incentivando e cuidando do outro, formando um só corpo, com o mesmo objetivo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (Ef 4:13).

Jesus disse: ... a � m de que todos sejam um, como tu, ó Pai o és em mim e eu em ti (Jo 17:21a). Para manter a unidade, precisamos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2:5-8). Todos os dons procedem do mesmo Espírito (1 Co 12:11). São concedidos para edifi cação

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O CORPO DE CRISTO

(Ef 4:16), para o que for útil (1 Co 12:7) e para contribuir com a unidade do corpo. O principal deles é o amor (I Co 13). Todos devem se esforçar para melhorar naquilo que fazem (I Co 12:31).

A DIVERSIDADE DO CORPO

O Corpo tem muitos membros diferentes, e todos são necessários (v 22). Há diversidade no corpo de Cristo (I Co 12:4-6). Cada membro é único e tem o seu valor.

a) Diferindo uns dos outros

Somos diferentes, cada qual com sua individualidade e habilidades. Não importa a raça, a cultura, a condição fi nanceira ou a posição social (Gal. 3:28), todos são iguais e têm a mesma importância.

Corinto era uma cidade portuária, e muitas pessoas vinham de lugares e culturas diferentes. Paulo fez referência a judeus, gregos, escravos e livres (v 13), procurando eliminar rivalidades, mostrando que, apesar das diferenças, todos pertencem a um só corpo e à família de Deus (Ef 2:19).

Engana-se, quem pensa que pode se sair bem trabalhando sozinho. Sabemos que não é fácil para muitos conviver com diferenças. É fato que o temperamento é determinante para um bom relacionamento. Uma pessoa pode ter ótimas qualidades e não conseguir trabalhar em equipe, por não conseguir partilhar seu conhecimento ou por não saber como agir diante de pontos de vista diferentes e opiniões contrárias. Acaba perdendo muito, por não ter habilidades de relacionamento.

Se houver desentendimentos? Às vezes, os desentendimentos são inevitáveis. O que fazer, quando isso acontece? Cada membro deve pensar no outro, buscar superar as diferenças, identifi car o seu espaço e respeitar o espaço alheio. É importante ceder também e não só esperar que o outro tome essa atitude. Cada pessoa é única. É diferente nas escolhas, no gosto e na forma de ser. O respeito é primordial e indispensável em qualquer ocasião. A discrição e a maneira de se comportar fazem toda a diferença. A oração junto com o oponente leva a enxergar o amor insondável e indescritível de Deus, que é para todos. Embora difícil, o caminho é indicado para que o relacionamento continue saudável. Que não haja divisão no corpo, pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros (1 Co 12:25).

Diferimos uns dos outros e somente Deus, que nos criou desta forma, pode nos unir e nos manter em união. É preciso aceitar as pessoas diferentes ou com diferenças como parte do corpo (v 13), respeitando sua individualidade, assim como Deus nos aceita como fi lhos amados (Ef 1:5). Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a � m de que vocês glori� quem a Deus (Rm 15:7).

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b) Valorizando as diferenças uns dos outros

Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo (1 Co 12:4).

Por que existem membros diferentes? O corpo necessita de funções diferentes. Cada um deles faz uma contribuição diferente e específi ca ao corpo (Rm 12:4-5). A efi cácia do corpo depende desta variedade. Deus distribui os dons conforme a vontade dele (1 Co 12:11), no momento certo, para uma fi nalidade (1 Co 12:7). O dom não pertence à pessoa. Isso elimina qualquer tipo de exclusivismo no corpo. Cada pessoa é diferente e importante. Todos são igualmente necessários (1 Co 12:22).

Vamos imaginar que, em uma igreja, todos tivessem somente o dom para a música e todos tocassem teclado. Imagine como seria essa igreja! Cada um tocando um teclado (barulho) ou um teclado só e todos querendo tocar (confusão). Imagine, agora, uma orquestra, com um maestro competente e cada componente utilizando o seu instrumento. Que sinfonia!

O Senhor deu dons para todos. O fato de você não tocar um instrumento ou não ter certas habilidades não o deixa menor ou menos importante que outras pessoas. É preciso descobrir os dons recebidos de Deus e dar a sua contribuição, tendo em mente o desejo sincero de ajudar (Rm 12:6).

A importância do papel de cada um, no corpo, é a mesma, não depende do que a pessoa pensa ou acha. Mesmo que não se valorize ou não valorize o trabalho que faz, tem a mesma importância dentro do corpo de Cristo. Não é a pessoa que defi ne a sua importância no corpo, não deve se sentir inferior nem superior às outras pessoas (Rm 12:16b).

O FUNCIONAMENTO DO CORPO

Fazei tudo para a glória de Deus (1 Cor 10:31).

a) Amando uns aos outros

Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (Ef 4:15)

O caminho do amor é o mais excelente. É a essência da vida cristã. Deus nos ensinou o dever de amar uns aos outros (I Ts 4:9), nos ensinou a amar enviando seu único fi lho para morrer por nós (I Jo 4:19). Jesus nos ensinou a amar dando sua vida e pedindo que nos amássemos uns aos outros, assim como ele nos amou (Jo 13:34-35). Novo mandamento vos dou: assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos:

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se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13:34-35). O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5:5).

Amar é um mandamento. Jesus se referiu ao amor como o maior mandamento (Mt 22:37-39). Não podemos obedecer a este mandamento, se fi carmos isolados. Quem se isola do corpo, adoece. Amar é colocarmos as necessidades dos outros antes das nossas. É sacrifi car-nos pelos outros. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros (1 Jo 3:11).

Deus é amor e quer que nos tornemos semelhantes a ele. Deus nos dá sempre chances de demonstrar amor. Há muitas necessidades que podemos atender com amor: levar água a quem tem sede, doar alimento, agasalhar uma criança, visitar o doente, ir a um hospital, a um funeral, ouvir alguém, aconselhar, tratar bem as pessoas, orar juntos, interceder pelos necessitados e, principalmente, falar de Jesus. Servimos a Deus e demonstramos amor quando servimos os outros. Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lc 10:27). Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles (Mt 7:12).

Devemos amar as pessoas, mesmo quando erram e não apenas quando são amáveis (Rm 5:8). Uma forma de demonstrar amor é aceitar-nos mutuamente como Cristo nos aceita (Rm 15:7). Amar é uma evidência de que pertencemos ao corpo de Cristo (Ef 4:16). Desta forma, apoiamos e ajudamos outros a se integrarem ao corpo. Deus deseja que alcancemos o perdido com amor e aceitação. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (I Jo 4:16).

b) Dependendo uns dos outros

Assim como em um só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (Rm 12:4-5).

Os membros promovem a unidade quando são dependentes uns dos outros. Em um corpo humano saudável, os membros cooperam uns com os outros e até mesmo compensam uns pelos outros, se necessário. Por exemplo: ao cair e machucar o joelho, imediatamente passamos a mão no joelho para aliviar a dor. É um membro do corpo ajudando o outro. Da mesma forma, no corpo de Cristo, é preciso a ajuda mútua, a colaboração, a atenção, o ensino, a orientação, um complementando o trabalho do outro.

Podemos dizer que não precisamos de alguém que faz parte do corpo de Cristo? Não

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podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti (1 Co 12:21). Mesmo um membro que parece ou se sente mais fraco é necessário no corpo tanto quanto os outros. Os olhos são membros bonitos; porém, “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido?” (1 Co 12:17a).

Percebemos que o sentimento de que não é necessário ou o ressentimento por não ter sido dotado de certas habilidades leva a pessoa à inércia. Também o sentimento de superioridade por parte de alguns faz com que os demais desanimem. Tanto uma atitude quanto a outra priva o corpo de contribuições importantes.

Deus dá mais honra à parte que tinha falta dela (v 24). Costumamos estar sempre por perto das pessoas de que mais gostamos. Porém, precisamos dar mais atenção aos que iniciam a carreira cristã, aos fracos na fé, aos idosos, aos enfermos e também àquelas pessoas que se sentem dispensáveis.

Eu preciso de você, fi co feliz com a sua participação ou Deus o ama e você tem um valor imenso para ele são expressões que devemos usar. Desta forma, contribuímos para a inclusão de pessoas no serviço cristão; nós as encorajamos a demonstrar e exercer os seus dons e, assim, passam a desenvolver seu potencial e, quem sabe, até aquele talento escondido. Assuma o compromisso de edifi car e encorajar as pessoas à sua volta. Já imaginou o impacto e o resultado disso?

Esse procedimento de uns para com os outros gera mútuo apoio e interdependência (Gl 6:2). É necessário reconhecermos o quanto dependemos uns dos outros e nos interessarmos pelos membros do corpo. Isso traz crescimento para todos.

c) Perdoando uns aos outros

Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. (Ef 4:32)

O amor de Jesus por nós é incondicional. Não depende do que fazemos. Simplesmente ele nos ama. Por isso, precisamos ser agradecidos e sentir, no nosso interior, satisfação em servir a esse Jesus que deu a sua vida e se sacrifi cou por nós na cruz. Nesta nobre tarefa de servir não devemos esperar reconhecimento das pessoas. É importante saber que quem serve, às vezes, pode passar por reveses. Mesmo que se preocupe em fazer o que é correto, o que agrada a Deus, sempre com mansidão e humildade, em obediência à palavra de Deus, ainda assim, pode ser injustiçado e receber até insultos, zombarias ou desprezo.

Jó era homem temente a Deus, íntegro, reto e se desviava do mal (Jó 2:3b). Estava passando

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por um sofrimento muito grande, com perdas na família, perdas de bens materiais, chagas malignas na pele, e, mesmo sem merecer, foi tratado com muita dureza por seus amigos, que o acusaram de diversos pecados, o insultaram e se afastaram dele. Jó dizia: Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus (Jó 16:20). Mesmo nessa terrível situação, Jó louvava a Deus e dizia: Eu sei que o meu Redentor vive, e que por � m se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus (Jó 19:25-26).

Muitas e muitas pessoas estão fora da igreja porque foram vítimas de ironia, ofensa ou calúnia. Sabendo disso de antemão, você não será surpreendido e terá a força que vem de Deus para superar e continuar a batalha, se passar por situações semelhantes (2 Co 4:5-7). Não fi que sem ação por esse motivo. Não pare de servir. É necessário continuar amando as pessoas e perdoando, pois assim Jesus faz conosco (Mt 6:15).

Vejamos, agora, o outro lado: de onde vem a ofensa. Que um fato como esse não proceda de você. Evite ofensas, calúnias e palavras desanimadoras. Lembre-se que a pessoa é tão importante no corpo de Cristo quanto você. Se deixar Jesus no controle de sua vida, não perderá o domínio próprio, pois o Espírito Santo, que habita em você, opera. O fruto do Espírito é domínio próprio (Gl 5:22 e 23). Seja a pessoa que encoraja e que incentiva para o trabalho. Seja generoso e paciente. Anuncie o amor de Jesus e viva esse amor.

Lembre, também, que não lutamos contra a carne (contra pessoas), pois temos o mesmo objetivo. Temos de lutar contra o inimigo de nossas vidas, que vem para matar, roubar e destruir (Jo 10:10). A nossa luta deve ser contra as forças espirituais do mal (Ef 6:12). Devemos nos unir em oração, pois essa é uma arma forte (Mt 21:22). Lembre-se de não se desviar do objetivo de servir, apesar das difi culdades do percurso.

Irmãos, não julgo que o haja alcançado. Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás � cam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Fp 3:13-14)

Perdoar signifi ca não guardar coisa alguma para usar contra as pessoas (Ef 4:32). Signifi ca lembrar o fato sem mágoas, sem rancor e sem amargura. Jesus ensinou que devemos perdoar os outros da mesma forma como somos perdoados por Deus (Mt 6:12).

d) Cuidando uns dos outros

Tenham os membros igual cuidado uns dos outros (v 25). De que maneira os membros cuidam uns dos outros? Trabalhando juntos e agindo conforme a vontade de Deus, ajudando uns aos

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outros e demonstrando amor. Quando alguém estiver passando por alguma difi culdade ou sofrimento, devemos ajudar em oração e também da forma que pudermos, naquele momento. Devemos nos interessar pelo problema e sentir a dor da pessoa (v 26 a). Quando alguém é honrado e elogiado, devemos nos alegrar juntos (v 26b): Alegrai com os que se alegram e chorai com os que choram (Rm 12:15). Precisamos ter o cuidado de participar das alegrias e das tristezas dos membros do corpo.

Existem diferenças que podem causar a perda de vários membros do corpo, se nós não cuidarmos. A igreja precisa do tradicional e do inovador. Precisa de um coral e de um grupo de louvor. Precisa do jovem e do mais experiente. Um deve ter cuidado com o outro e saber que o mesmo Deus aceita a adoração de todos.

Precisamos observar de forma especial a comunicação. É necessário saber ouvir e fazer-se compreender. As tarefas precisam ser defi nidas com clareza e serem bem distribuídas para não sobrecarregar uma pessoa só. Cada um deve ter conhecimento do que se espera dele. Às vezes, acontece de o líder esperar um tipo de comportamento ou a execução de algo que ele tem em mente; porém o liderado não tem o conhecimento disso. Para que não haja cobrança indevida, a comunicação não pode ser falha.

Cuidamos uns dos outros, quando ajudamos as partes do corpo a servir com sabedoria e em harmonia. Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras (Tg 3:13).

e) Cooperando uns com os outros

Melhor é serem dois do que um. (Ec 4:9)

Vivemos num mundo competitivo. O individualismo predomina. Quase não existe, hoje, a motivação para ajudar, encorajar e servir, aquele sentimento de querer cooperar e contribuir com as necessidades do próximo. Atualmente, o conceito de cooperação está muito próximo do “trabalho em equipe”, que requer relações de respeito mútuo, ajuda mútua e postura de tolerância na convivência com as diferenças. Servimos melhor juntos (Ec 4:9,12), porque nos ajudamos mutuamente a enfrentar os problemas, os muitos desafi os da vida e a carregar o fardo um do outro.

Paulo aos Filipenses 1:27 utiliza o termo grego sunathleo, que signifi ca “lutar juntos como atletas”, ressaltando, dessa forma, a importância do preparo que deve haver em um time: disciplina, obediência, determinação, dependência um do outro, cada um no seu devido lugar, fazendo a sua parte em colaboração com os demais, sem egoísmo e sem buscar a própria glória.

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O CORPO DE CRISTO

Para que haja a cooperação é preciso ter objetivos comuns, estabelecer atividades e ações em conjunto, andar juntos na mesma direção, reconhecer que um depende do outro, que todas as partes são necessárias, que todas as contribuições são importantes, valorizar as características, o potencial e os dons de cada um. Porque Deus não é injusto para se esquecer do vosso trabalho (Hb 6:10).

São atitudes indispensáveis: observar e respeitar o limite e as ideias do outro, ajudar o outro a superar as difi culdades, incentivar, encorajar e valorizar os esforços e a fi delidade de cada um. O reconhecimento a uma tarefa bem feita, mesmo que seja uma pequena participação, motiva, dá ânimo e encorajamento para a continuidade do trabalho e para que a obra do Senhor prospere. Paulo, em suas cartas aos Tessalonicenses, incentiva, encoraja e aprova seus irmãos em Cristo.

O comprometimento de todos gera bons resultados. Desta forma o trabalho é bem feito, as atividades são mais produtivas e melhores decisões são tomadas. Nenhum de nós é tão inteligente, hábil e capaz, quanto todos nós juntos (Marilyn Ferguson). Somos capazes de fazer juntos algo que um só não faz (André Alckmin). Cada um faz a sua parte em harmonia, colaborando, assim, para o resultado fi nal. Juntos, somos mais fortes e melhores.

A igreja só funciona bem se cada membro põe em prática seu dom. Todos têm dons, e é preciso usá-los. Deus nos deu dons diferentes para que, juntos, pudéssemos nos completar, cooperando para o crescimento do corpo. Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13).

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CONCLUSÃO

No corpo humano, o sangue que corre nas veias e percorre todo o corpo é que faz a ligação, alimenta e fornece vida aos membros. No corpo de Cristo, o que faz a ligação e a união dos membros é o sangue de Cristo derramado na cruz, o sangue da Nova Aliança (Mc 14:24), o sangue que comprou toda a igreja de Deus (At 20:28) e derrubou todas as paredes de separação (Ef 2:13,14). É o sangue que tem poder, que cura, que limpa e que purifi ca (1 João 1:7). Jesus pagou um alto preço para manter unido o seu corpo, a fi m de que esse corpo sirva e resgate vidas.

... sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fi m dos tempos por amor de vós. (1 Pe 1:18-20)

* Metáfora é o emprego da palavra, fora do seu sentido normal, ou seja, um sentido fi gurado. É uma fi gura de linguagem.

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EXEMPLOS DE COOPERAÇÃO NO SERVIÇO CRISTÃO

Exemplos de Cooperação no Serviço Cristão

I Cor. 3:9

Porque nós somos companheiros de trabalho no serviço de Deus, e vocês são o terreno no qual Deus faz o seu trabalho. (Nova tradução na linguagem de hoje)

Tudo o que foi escrito nas Escrituras Sagradas, foi escrito para nosso aprendizado, a fi m de que sejamos perfeitos e perfeitamente habilitados para t oda boa obra (2 Tm 3:17). Homens inspirados pelo Espírito Santo de Deus registraram a história de homens e mulheres que foram grandes cooperadores e dedicaram suas vidas para o crescimento do reino.

Os exemplos citados abaixo nos ajudam a entender a necessidade de trabalharmos juntos(as) no serviço cristão, apoiando, ajudando e amando o nosso próximo, sendo instrumentos nas mãos do Senhor.

Vamos aprender através da palavra de Deus com esses exemplos extraordinários.

DORCAS – VIDA CHEIA DE BOAS OBRAS

E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia. (At 9:36)

Dorcas era uma verdadeira seguidora de Jesus Cristo. Era de grande generosidade para com os necessitados. Seu amor para com o próximo contribuiu para o crescimento da igreja (At 9:42). Não sabemos se ela era casada, solteira ou viúva, mas ela entendia a respeito da vida comum. Compartilhava sua habilidade de costureira, auxiliando as viúvas e os necessitados. Fazia diferen-ça onde vivia. Sua morte deixou um grande vazio. As viúvas lamentaram muito o seu falecimento. Quando os discípulos souberam que Pedro estava em Lida, cidade próxima de Jope, enviaram dois varões para que fossem buscá-lo. Quando ia chegando, as viúvas foram logo mostrando as túnicas e vestidos que Dorcas havia costurado. Era como se dissessem: - Veja Pedro, a falta que Dorcas irá fazer. Não foi por acaso que ela foi chamada de discípula. Seguia os passos de Jesus. As pessoas que se aproximavam dela sabiam quem ela era e a quem seguia.

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Veja o que o texto bíblico nos relata a seguir: Pedro mandou que todos saíssem do quarto; depois, ajoelhou-se e orou. Voltando-se para a mulher morta, disse: “Tabita, levante-se”. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Tomando-a pela mão, ajudou-a a pôr-se em pé. Então, chamando os santos e as viúvas, apresentou-a viva.

Após a ressurreição de Dorcas, a mensagem do evangelho se espalhou, e, como resultado, muitos creram no Senhor. Ela era amada por todos pelas suas boas obras. O Apóstolo Paulo, em sua carta a Tito 2:14, declara que Jesus Cristo derramou seu sangue na cruz para redimir-nos de toda iniquidade e purifi car para si um povo seu, especial, zeloso e de boas obras.

Somos fi lhos de Deus (Rm 8:16) e Deus é amor (I Jo 4:8). Esse amor de Deus precisa fl uir de nossas vidas através de boas obras, pois somos feitura dele, criado em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Ef 2:10).

FEBE – AJUDAVA OS CRENTES NOS SEUS TRABALHOS

Recomendo-vos pois Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia. (Rm 16:1)

Febe servia na igreja em Cencréia, próxima a Corinto. O apóstolo Paulo demonstrou gran-de estima e consideração por ela. Seu nome signifi ca “brilhante e radiante”. Era incansável no seu trabalho. Servia com alegria e dedicação. Era uma exímia cooperadora e protetora. Estava sempre pronta para atender aqueles que tinham necessidades. Uma pessoa de boa posição, capaz de ajudar sua comunidade.

Na cidade onde morava, estava o porto principal das rotas marítimas dos navios do oriente e do ocidente. Devido a isso, ela prestava assistência aos missionários que ali chegavam. Esta foi a sua atitude para com o apóstolo Paulo. Era protetora de muitos. Protetor era o título de um cidadão em Atenas que tomava conta dos interesses das pessoas que não tinham direitos civis.

Provavelmente, foi Febe quem entregou a carta de Paulo à igreja de Roma. Agiu como sua representante na igreja de Roma. É evidente que sua conduta foi exemplar, digna de ser imitada, por receber tão importante missão. A preocupação de Paulo para com Febe, sua recomendação aos irmãos de Roma, ocorreu devido à grande cooperação em seu ministério. Assim como Paulo foi bem acolhido na casa de Febe, ele queria que ela fosse bem recebida ao chegar a Roma.

Que belo exemplo Febe nos deixou: conduta exemplar, marcada por sua fi delidade em ser-vir e fazer o seu melhor. Uma grande cooperadora no ministério de Paulo.

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EXEMPLO DE COOPERAÇÃO NO SERVIÇO CRISTÃO

LÍDIA – ATENTA, INFLUENTE E HOSPITALEIRA

Certa mulher chamada Lídia... nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. (At 16:14)

Lídia era uma mulher de negócios. Sua cidade Tiatira era famosa por seus corantes cor de púrpura para tecidos. Residente agora em Filipos, ela vendia roupas confeccionadas com tecidos que ela mesma tingia de púrpura. Sua mercadoria era muito cara e somente pessoas da realeza tinham condições de comprá-las. Com isso, Lídia se tornou uma mulher bem sucedida fi nanceiramente. A Bíblia nos informa que era muito religiosa, temente a Deus, mas ainda não era uma seguidora de Jesus.

Certa vez, o apóstolo Paulo se aproximou de um grupo de mulheres que estava orando à beira do rio e começou a falar de Jesus. Lídia tinha interesse em aprender e ouvia atentamente o que Paulo dizia. A fé vem pelo ouvir e ouvir a palavra de Deus (Rm 10:17). Através de sua atenção à palavra, Deus lhe abriu o coração e ela se rendeu ao Senhor Jesus, reconhencendo-o como seu salvador pessoal. Foi transformada por Deus e contagiou toda a sua família. Muitos se converteram e foram batizados juntamente com ela.

Lídia foi a primeira pessoa convertida na Europa. Convidou Paulo e seus compa-nheiros para se hospedarem em sua casa, demonstrando, assim, hospitalidade e generosidade, contribuindo para o bem-estar deles (At 16:15).

A vida de Lídia, sua maneira de cooperar para o reino de Deus, serve de exemplo para mulheres que também trabalham e, assim como Lídia, têm o seu salário. Lídia não colocava sua esperança em bens materiais, mas em Deus, que tudo proporciona. Sabia que tudo vem dele e que tudo o que for feito deve ser para ele.

Lídia, mulher de negócios, infl uente em sua comunidade, usou seus dons para o bem comum e para o crescimento da igreja.

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BARNABÉ – DEDICAÇÃO E AMOR AO PRÓXIMO

Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (traduzido, � lho da consolação), levita, natural de Chipre. (At 4:36)

Barnabé, como era chamado pelos apóstolos, teve papel importante na história que se segue. Era natural de Chipre, uma ilha que fi cava na região leste do mar mediterrâneo (At 4:36, 11:19). Era levita - sua porção era o Senhor – (Nm 3:12) um homem bondoso, com um coração generoso, preocupado com os menos favorecidos. Vendeu sua propriedade para distribuir aos necessitados.

Com a morte de Estevão, inicia-se a perseguição aos seguidores de Jesus. Devido a essa per-seguição, esses seguidores de Jesus foram para a região da Fenícia, a ilha de Chipre e a cidade de Antioquia, e anunciavam a palavra de Deus aos Judeus. Outros anunciavam aos não judeus, e a Bíblia nos relata que muitas pessoas se converteram ao Senhor Jesus.

Barnabé teve um papel importantíssimo para a igreja de Cristo, quando da conversão do apóstolo Paulo. Quando Paulo chegou a Jerusalém, Barnabé o levou até os apóstolos e o inte-grou à igreja, que, a princípio, desacreditava de sua conversão (At 9:26-31).

Por ser um homem de confi ança, foi escolhido para saber o que acontecia em Antioquia. Era um homem de fé, cheio do Espírito Santo, um homem de bem, humilde e fi el (At 11:22-25). Que notável cooperador o apóstolo teve em seu ministério também! Além dessas qualida-des, tinha um imenso amor para com o próximo, era um assistente social e levava socorro aos irmãos da Judeia (At 11:27-30).

Barnabé foi colaborador de Paulo em sua primeira viagem missionária. No versículo 2, do Cap. 13 de Atos, lemos: Certa vez, quando eles estavam adorando o Senhor e jejuando, o Espírito Santo disse: _ separem para mim Barnabé e Saulo a � m de fazerem o trabalho para qual eu os tenho chamado. Era um verdadeiro missionário.

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EXEMPLO DE COOPERAÇÃO NO SERVIÇO CRISTÃO

CONCLUSÃO

Esses são alguns, dentre muitos exemplos que a Bíblia relata, de homens e mulheres que de-dicaram suas vidas em favor do próximo, anunciaram as boas novas de salvação e contribuíram para o crescimento do reino de Deus. Ainda hoje, Deus espera que trabalhemos unidos, em cooperação um com o outro. Dessa forma, Deus nos usará como instrumentos em suas mãos para que o evangelho seja anunciado em todo o mundo. Muito em breve chegará o grande dia em que Jesus Cristo voltará para buscar os seus escolhidos, e, então, habitaremos para sempre com o Senhor.

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BIBLIOGRAFIA

Souza, Itamir Neves de. Atos dos Apóstolos. Curitiba: Descoberta, 1999.

Spangler, Ann & Syswerda, Jean. Elas. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.

Richards, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

Mildred Cox Mein . Mulheres da Bíblia: Novo Testamento. Rio de Janeiro : UFMBB, 1994.

Duncan, Ligon J.& Hunt, Susan. Ministério Feminino na Igreja Local. São Paulo: Cultura Cristã, ANO. (este livro é da Fesofap, já devolvi, por isso não tem o ano).

Valim, Isabel Gonzáles R. Mulheres Singulares que fazem a diferença! (Apostila)

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EVANGELISMO

EvangelismoJOÃO 4: 1 A 42

É bem provável que, em algum momento de sua vida, você tenha pensado o seguinte: “O que posso fazer para Jesus?” Esse pensamento vem à nossa mente, porque Deus faz tantas coisas maravilhosas para nós. A sua misericórdia é tão grande que fi camos impactadas com tanto amor. Queremos fazer algo para agradar a Deus e para agradecer-lhe por tantos benefícios.

Vamos analisar a história de uma mulher que também fi cou impactada por tão grande amor. Certa vez, Jesus entrou na cidade de Samaria, perto do meio-dia. Sentou-se para descan-sar à beira de um poço, o poço de Jacó. De repente, chegou uma mulher samaritana para tirar água do poço e Jesus lhe disse: Dá-me de beber? (Jo 4:7).

Jesus se utilizou de certa estratégia para se aproximar desta mulher. Os judeus da época não falavam com os samaritanos e nem com uma mulher em público. Jesus não se importou com isso. Deixou a tradição de lado, deu atenção e conversou com a mulher desprezada e rejeitada. Ele olhava para o semblante daquela mulher, mas podia enxergar o seu coração, cheio de dúvi-das, de sofrimento, de vergonha, com sentimento de rejeição, com complexo de inferioridade e com grande vontade de ser feliz. Então Jesus foi mais além e disse: Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está lhe pedindo água, você pediria e ele lhe daria a água da vida (v. 10). Quem beber desta água terá sede de novo, mas a pessoa que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nela uma fonte de água que dará vida eterna (vv. 13-14).

Essa palavra mexeu profundamente com a curiosidade daquela mulher e por um momento ela pensou que seus problemas sociais iriam terminar. Ela disse: Por favor, me dê dessa água! Assim eu nunca mais terei sede e não precisarei mais vir aqui buscar água (v 15). Jesus não pensava apenas em resolver os problemas sociais dela. Ele queria fazer muito além do que ela imaginou. Queria dar sentido à vida daquela mulher. Queria vê-la feliz.

Jesus continuou a conversa, detalhou fatos da vida dela e ensinou sobre a verdadeira adora-ção. Então, ele se revelou como Cristo, o Messias. Nos versículos 28 e 29, lemos: Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas: Venham ver o homem

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que disse tudo o que eu tenho feito. Será que ele é o Messias?

A mulher que foi ao poço para buscar água, deixou o seu cântaro ali, porque acabara de conhecer a Água Viva! O mais interessante é que muitos samaritanos daquela cidade creram em Jesus porque a mulher tinha dito: “Ele me disse tudo o que eu tenho feito” (v 39). Observe a expressão: porque a mulher tinha dito, ou, em outra tradução: pela palavra da mulher.

Aquela mulher, antes de se encontrar com Jesus, escondia-se das pessoas, por causa de sua situação, pelo fato de viver no erro. Após esse encontro marcante ela testemunhou, falou com as pessoas e elas acreditaram em suas palavras. Não era mais a mesma. Quem tem um encontro com Cristo não pode mais ser o mesmo! A partir do encontro com ele, passamos a exalar o seu perfume e o seu brilho é visto em nós, através das nossas atitudes. Dessa forma, as nossas palavras transmitem confi ança.

Nos versículos 40 a 42, lemos: Quando os samaritanos chegaram ao lugar onde Jesus estava, pediram a ele que � casse com eles, e Jesus � cou ali dois dias. E muitos outros creram por causa da mensagem dele. Eles diziam à mulher: Agora não é mais por causa do que você disse que nós cremos, mas porque nós mesmos o ouvimos falar. E sabemos que ele é, de fato, o Salvador do mundo.

Jesus não mudou apenas a vida da mulher samaritana, mas também a de muitos samarita-nos. Quanto tempo Jesus levou para ter essa conversa com a samaritana? Duas horas? Uma hora? Não sabemos ao certo, mas sabemos que foi um tempo sufi ciente para transformar a vida dela. Quanto tempo será que a mulher samaritana levou para dar o seu testemunho? Para convencer os samaritanos de que Jesus tem a água viva para oferecer? Uma hora?

Você precisa de transformação na sua vida? Precisa corrigir erros, deixar o cântaro, deixar o passado e beber dessa água que renova, restaura, purifi ca e dá nova vida? Faça isso agora. Deixe-se transformar por Jesus.

Como uma mulher transformada, que bebe diariamente dessa água purifi cadora que jorra da fonte, do trono de Deus, você está preparada para falar de Jesus, para ser sua testemunha e para levar Jesus às pessoas que precisam dele. Já pensou para quantas vidas você pode testemu-nhar, se separar uma hora da sua semana para falar de Jesus? Já pensou quantas vidas beberiam dessa água viva que você bebe? Então, não perca mais tempo. Doe tempo para Jesus!  

“Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz à Sião: O Teu Deus reina!” Is. 52:7

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ANOTAÇÕES

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