apostila patologia

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O que é Gastrite? A gastrite ocorre quando o revestimento do estômago fica inflamado ou inchado. A gastrite pode durar por pouco tempo (gastrite aguda) ou pode durar de meses a anos (gastrite crônica). Causas As causas mais comuns da gastrite são: Determinados medicamentos, como aspirina, ibuprofeno ou naproxen, quando tomados por um longo período Beber muito álcool Infecção do estômago com uma bactéria chamada Helicobacter pylori As causas menos comuns são: Distúrbios autoimunes (tais como anemia perniciosa) Refluxo da bile no estômago (refluxo de bile) Abuso de cocaína Ingestão de substâncias corrosivas (como venenos) ou que causam queimaduras

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O que é Gastrite?

A gastrite ocorre quando o revestimento do estômago fica inflamado ou

inchado.

A gastrite pode durar por pouco tempo (gastrite aguda) ou pode durar de

meses a anos (gastrite crônica).

Causas

As causas mais comuns da gastrite são:

Determinados medicamentos, como aspirina, ibuprofeno ou naproxen,

quando tomados por um longo período

Beber muito álcool

Infecção do estômago com uma bactéria chamada Helicobacter pylori

As causas menos comuns são:

Distúrbios autoimunes (tais como anemia perniciosa)

Refluxo da bile no estômago (refluxo de bile)

Abuso de cocaína

Ingestão de substâncias corrosivas (como venenos) ou que causam

queimaduras

Estresse excessivo

Infecção viral, como citomegalovírus e vírus de herpes, principalmente

em pessoas com sistema imunológico fraco

Trauma ou uma doença grave e súbita, como uma grande cirurgia, insuficiência

renal ou ser colocado em um respirador podem causar gastrite.

Exames

Os testes que podem ser necessários incluem:

Contagem completa de células sanguíneas (CBC) para verificar se há

anemia ou poucas células sanguíneas

Exame do estômago com um endoscópio (esofagogastroduenoscopia ou

EGD)

Testes de H. pylori

Exame de fezes para verificar pequenas quantidades de sangue nas

fezes, o que pode ser um sinal de sangramento no estômago

ÚLCERA PÉPTICA

Sinônimos e nomes populares:

Úlcera, doença ulcerosa, úlcera do estômago ou úlcera do duodeno.

A úlcera é uma lesão do revestimento (mucosa) do esôfago, estômago ou duodeno, que é a porção inicial do intestino.

Como se desenvolve?

O estômago, intestinos e glândulas digestivas produzem substâncias que são responsáveis pela digestão dos alimentos que ingerimos, dentre elas, o ácido clorídrico e a pepsina. Durante muito tempo o entendimento desta doença foi baseado em duas crenças: "sem ácido, não há úlcera" e "uma vez ulceroso, sempre ulceroso". Com base nestes princípios a definição era de uma doença crônica de longa duração, com períodos variáveis de atividade e de acalmia e que só ocorria na presença de ácido e pepsina, portanto, somente em áreas banhadas por estas substâncias, como o estômago e duodeno.

Com o tempo descobriu-se que o ácido não era o único responsável pelo aparecimento das úlceras e que havia outros agressores. Os principais em relação à mucosa do estômago e do duodeno são a bactéria chamada Helicobacter pylori e os medicamentos antiinflamatórios e aspirina. Os mecanismos de proteção do aparelho digestivo (produção de muco e de neutralizantes) agem como uma barreira contra agentes agressores da mucosa e tem sua função muito prejudicada pelos antiinflamatórios e pelo cigarro. O fumo facilita o aparecimento da úlcera e dificulta sua cicatrização. Além disto, a úlcera péptica é resultante do desequilíbrio entre os fatores agressores e protetores.

O que se sente?

A manifestação mais comum da úlcera é a dor, tendo quatro características fundamentais, que auxiliam no diagnóstico, tais como: tipo, localização, ritmo e periodicidade. A dor, em geral, é referida como uma queimação e, às vezes, como dor de fome. Na maioria das vezes, localiza-se "na boca do estômago", podendo o paciente apontar com o dedo o ponto doloroso. A ritmicidade é entendida pelo alívio da dor com a alimentação, sendo descrita como do tipo "dói, come e passa". Outra característica marcante da dor, principalmente da úlcera duodenal, é sua ocorrência à noite, acordando o paciente durante a madrugada, quase sempre na mesma hora e que alivia com a ingestão de leite, antiácidos ou mesmo de água. É freqüente a repetição das queixas numa mesma época do ano o que é entendido como periodicidade. Outros sintomas podem ocorrer como enjôo, vômitos e plenitude (sensação de peso ou estufamento no estômago) após as refeições. A azia, apesar de não ser diretamente causada pela úlcera, está associada em muitos casos.

Pode acontecer da úlcera não causar sintomas e a primeira manifestação ser uma complicação da doença como o sangramento e a perfuração. Quando ocorre o sangramento o paciente nota fezes pretas, brilhantes, moles e particularmente mal cheirosas (melena) e/ou vômito com sangue vivo ou tipo borra de café (hematêmese).

Como o médico faz o diagnóstico?

Basicamente através das queixas do paciente e sua confirmação pela endoscopia digestiva, ou quando esta não está disponível, pelo Raio-X contrastado do Estômago e Duodeno. Outros exames são complementares ao exame endoscópico, como a retirada de um fragmento da úlcera (biópsia) para exame microscópico. Este informará o grau de inflamação nesta região, a presença do Helicobacter pylori e a natureza benigna ou maligna da úlcera, pois algumas são causadas por câncer.

Como se trata?

São utilizados antiácidos para neutralizar o excesso de ácido existente no estômago ou para inibir sua secreção. Os primeiros são representados por tradicionais pastilhas e líquidos brancos contendo sais de magnésio e alumínio, enquanto os outros são administrados através de comprimidos, cápsulas ou injeções. Esses remédios também têm a função de aliviar os sintomas. O uso de medicamentos já descritos como agressivos deve ser interrompido. Completando, trata-se de eliminar o Helicobacter pela administração associada de dois ou três antibióticos.

Como se previne?

Sabe-se que a eliminação do Helicobacter pylori com o uso de antibióticos associados a inibidores da secreção ácida resulta, na maioria dos ulcerosos, na cura da doença e que, nas pessoas nas quais a bactéria é eliminada, a taxa de recidiva, isto é, o retorno da úlcera é insignificante. Além disto, o uso indiscriminado de antiinflamatórios deve ser combatido. Quando necessários, devem ser usados com supervisão do médico, que poderá prescrever medicamentos que visam evitar a úlcera. Desestimular o fumo também constitui uma ótima atitude preventiva.

As restrições alimentares não parecem úteis na prevenção da úlcera péptica.

INFECÇÃO URINÁRIA

A infecção do trato urinário (IU) constitui uma das principais causas de consulta na prática médica, só perdendo para as infecções respiratórias.

É importante, assim, definir e caracterizar a infecção urinária, bem como explicar os termos mais usados pelos médicos, o que é abordado neste primeiro artigo.

No segundo artigo trataremos das cistites (infecção urinária baixa) e, no terceiro, das pielonefrites (infecção urinária alta).

No quarto artigo, trataremos das infecções urinárias nas crianças e, no quinto, das infecções urinárias nas gestantes.

Assim, para que se tenha uma idéia abrangente da IU, é aconselhável ler os artigos em seqüência pois eles abordam as infecções urinárias de diferentes ângulos.

O que é ?

A IU é a presença de microorganismos em alguma parte do trato urinário. Quando surge no rim, chama-se pielonefrite; na bexiga, cistite; na próstata , prostatite e na uretra, uretrite.

A grande maioria das IU é causada por bactérias, mas também podem ser provocadas por vírus, fungos e outros microorganismos. A maioria das infecções urinárias ocorre pela invasão de alguma bactéria da flora bacteriana intestinal no trato urinário. A bactéria Escherichia coli, representa 80-95% dos invasores infectantes do trato urinário.

Às vezes, o paciente apresenta sintomas semelhantes aos da IU, como dor, ardência, urgência para urinar e aumento da freqüência, mas os exames culturais não mostram bactérias na urina.

Estes casos podem ser confundidos com IU e são chamados de síndrome uretral aguda, que pode ter outras causas não infecciosas, mas de origem inflamatória, como químicas, tóxicas, hormonais e irradiação.

Como ocorre?

O acesso dos microorganismos ao trato urinário se dá por via ascendente, ou seja, pela uretra, podendo se instalar na própria uretra e próstata, avançando para a bexiga e, com mais dificuldade, para o rim.

Dificilmente, as bactérias podem penetrar no trato urinário pela via sangüínea. Isto ocorre apenas quando existe infecção generalizada (septicemia) ou em indivíduos sem defesas imunitárias como aidéticos e transplantados. A intensidade da IU depende das defesas do paciente, da virulência do microorganismo e da capacidade de aderir à parede do trato urinário.

Como a urina é estéril, existem fatores que facilitam a contaminação do trato urinário, tais como:  

obstrução urinária: próstata aumentada, estenose de uretra, defeitos congênitos e outros

corpos estranhos: sondas, cálculos (pedras nos rins), introdução de objetos na uretra (crianças)

doenças neurológicas: traumatismo de coluna, bexiga neurogênica do diabetes

fístulas genito-urinárias e do trato digestivo, colostomizados e constipados

doenças sexualmente transmissíveis e infecções ginecológicas.

As orientações profiláticas e terapêuticas desses fatores facilitadores poderão ser vistas nos artigos sobre cistite, pielonefrite e infecção urinária na criança e grávida.

O que se sente ?

O ato de urinar é voluntário e indolor. A presença de:  

dor

ardência

dificuldade e/ou urgência para urinar

micções urinárias muito freqüentes e de pequeno volume

com urina de mau cheiro, de cor opaca

com filamentos de muco

formam um conjunto de dados que permite ao médico suspeitar que o paciente está com infecção urinária. Muitas vezes, somam-se a esses sintomas e sinais dores na bexiga e no final da micção, gotejamentos de pequenas quantidades de sangue.

Quando o rim é atingido, o paciente apresenta, além dos sintomas anteriores, calafrios, febre e dor lombar, podendo, algumas vezes, ocorrer cólicas abdominais, náuseas e vômitos.

Como se faz o diagnóstico?

A presença dos sinais e sintomas de IU obriga o médico a solicitar um exame comum de urina e uma urocultura. Para isso, é muito importante que a coleta de uma amostra de urina seja feita sem contaminação. A contaminação, geralmente, é de microorganismos da uretra, da região perianal e algumas vezes da tosse ou das mãos que manuseiam os frascos esterilizados.

Há quatro métodos de coleta: jato urinário médio, coletor urinário, sondagem e punção da bexiga. Cada um desses métodos tem suas indicações, conveniências e complicações. O médico deve decidir qual é o melhor para o seu paciente.

A maioria das coletas é feita pelo jato médio da primeira urina da manhã, após uma higienização bem feita da região peri-uretral. O jato médio é o jato urinário colhido após ter sido desprezada a primeira porção da urina, que poderia estar contaminada por microorganismos da uretra.

O exame comum de urina, no caso de IU, apresenta bactérias e grande quantidade de leucócitos (glóbulos brancos), predominando sobre os eritrócitos (glóbulos vermelhos) no sedimento urinário.

O exame cultural da urina na IU mostra um crescimento de bactérias superior a 100.000 germes por mililitro de urina. Esta quantidade de bactérias permite o diagnóstico de IU em mais de 95% dos casos, desde que não tenha havido contaminação. Algumas vezes, em certas situações, um número menor de bactérias, também, pode significar IU.

É bom sempre lembrar que a urina é estéril e não deve ter bactérias.

.   O que é cálculo renal? 

A litíase, nefrolitíase, cálculo urinário ou pedra no rim, como são comumente conhecidos os cálculos renais, na verdade são uma desordem causada por uma estrutura cristalina que se forma nas várias partes do trato urinário. São depósitos organizados de sais minerais nos rins ou em qualquer parte do aparelho urinário. Estas pedras começam bem pequenas e vão crescendo.

 

O desenvolvimento, o formato e a velocidade de crescimento destas estruturas dependem da concentração das diferentes substâncias químicas presentes na urina. Acredita-se que o crescimento dos cálculos renais pode ser acelerado por substâncias denominadas promotoras e retardado por substâncias ditas inibidoras. Cálculos renais constituídos por cálcio são os mais comuns. Alguns outros minerais normalmente encontrados são: estruvita, oxalato, ácido úrico. Comumente as pedras podem ser formadas por uma mistura destes elementos. Quando houver um excesso destes minerais no organismo, há uma tendência para que eles se depositem na urina. Em geral, o acúmulo de minerais que acabam se cristalizando ocorre devido a uma disfunção metabólica no organismo.

 

 Imagem do Atlas dasPatologias do Sistema Urinário

Cálculo coraliforme bilateral nos rins

Cálculo renal com1cm de diâmetro

  

   Todas as pessoas terão cálculo renal um dia?

Não. Aproximadamente uma em cada 200 pessoas desenvolvem cálculos renais. Cerca de 80% destas pessoas eliminarão a pedra espontaneamente, junto com a urina. Os 20% restantes necessitarão de alguma forma de tratamento. As pessoas que já tiveram um cálculo urológico têm uma chance de 50% de desenvolver um novo cálculo renal nos próximos 5 a 10 anos.   É importante lembrar que a eliminação espontânea do cálculo renal, junto com a urina, pode causar graves danos ao aparelho urinário.

 

A doença é duas vezes mais comum em homens e seu pico de incidência ocorre entre os 20 e 40 anos de idade.

 

   Quais os tipos de cálculo renal?

Os cálculos renais podem conter variáveis combinações de elementos químicos. O tipo mais comum de cálculo renal contém cálcio em combinação com oxalato (que estão presentes em uma dieta normal e fazem parte dos ossos e músculos). Esses cálculos representam até 80% de todos os cálculos renais.

Um tipo menos comum de cálculo renal é causado pela infecção urinária. Esse tipo de pedra nos rins é chamado estruvita ou cálculo infeccioso. Eles podem ser de grande tamanho e obstruir a via urinária, podendo levar a grandes danos renais.

Ainda menos comuns é o cálculo renal de ácido úrico, que está associado com a gota ou quimioterapia, compreendendo cerca de 10% dos cálculos renais, e outros mais raros.

 

   Como eu sei se estou com cálculo renal?

O diagnóstico é confirmado através de radiografias abdominais ou ecografia abdominal. O exame comum de urina apresenta sangue na maioria dos casos. Alguns cálculos renais podem permanecer assintomáticos, entretanto podem também obstruir e machucar partes do trato urinário ao tentarem passar junto com o fluxo normal da urina. O cálculo renal é o responsável pela famosa cólica renal: dor nas costas ou no abdome lateral ou embaixo das costelas com irradiação para o testículo do mesmo lado ou para o grande lábio vaginal nas mulheres. Geralmente é uma dor forte, intensa. Se há infecção urinária concomitante o aparecimento de febre é comum. Os cálculos renais podem também ser assintomáticos e crescerem até um tamanho considerável, sem que o paciente os note.

 

   O que se sente quando está com cálculo renal?

A dor causada por um cálculo renal é descrita como a mais severa dor que uma pessoa pode experimentar, ocorrendo na porção inferior das costas ou no abdômen. Esta dor pode ser tanto constante como

descontínua e pode vir acompanhada de náusea, vômito e sangue na urina. Devido à dor severa, um ataque agudo consiste em uma verdadeira urgência.

 

   Qual a origem dos cálculos renais?

Conforme já descrito no início do site, os cálculos renais são depósitos organizados de sais minerais nos rins ou em qualquer parte do aparelho urinário. Estas pedras começam bem pequenas e vão crescendo. O desenvolvimento, o formato e a velocidade de crescimento destas estruturas dependem da concentração das diferentes substâncias químicas presentes na urina. Acredita-se que o crescimento dos cálculos renais pode ser acelerado por substâncias denominadas promotoras e retardado por substâncias ditas inibidoras. Cálculos renais constituídos por cálcio são os mais comuns. Alguns outros minerais normalmente encontrados são: estruvita, oxalato, ácido úrico. Comumente as pedras nos rins podem ser formadas por uma mistura destes elementos. Quando houver um excesso destes minerais no organismo, há uma tendência para que eles se depositem na urina. Em geral, o acúmulo de minerais que acabam se cristalizando e formando os cálculos renais ocorre devido a uma disfunção metabólica no organismo.

 

       

 

O mais importante é sempre buscar um tratamento:

As cólicas renais são conhecidas por serem extremamente dolorosas.

Contudo, este não é o único problema ocasionado pelos cálculos renais. Milhares de pessoas possuem pedras nos rins e desconhecem o problema, pois muitas vezes os cálculos permanecem no organismo durante meses ou até mesmo anos sem causar nenhuma dor. Mesmo assim, sem ocasionar nenhum transtorno aparente, estas pedras são capazes de causar grandes danos aos rins e até mesmo insuficiência renal.

  Aguardar que as pedras sejam expelidas naturalmente, ingerindo apenas muita água, pode ser extremamente doloroso e perigoso, pois na passagem desde os rins até a bexiga, as pedras podem causar danos graves ao organismo.   O contato constante dos cálculos renais já formados com o livre fluxo da urina, permite o acesso rápido a uma abundante oferta de cristalização de minerais, que certamente lhe ajudarão a crescer. Além disso, o fluxo urinário pode trazer consigo bactérias, que em contato com as pedras poderão provocar infecções urinárias muitas vezes fatais.

Caso uma pedra bloqueie  alguma das principais vias urinárias (ureteres), poderá ocorrer também um bloqueio no fluxo de urina, impedindo que o rim esvazie seu conteúdo para a bexiga, o qual tende a inchar até que ocasione uma ruptura.

 

Avanços na investigação urológica apontam que quase 99% dos túbulos e canais nos rins possuem menos de 1 milímetro de largura. Sendo assim, mesmo os cálculos renais mais pequenos acabam sendo grandes o suficiente para ficarem alojados nas vias urinárias.

O perigo real dos cálculos renais reside principalmente no seu potencial de dano e de imprevisibilidade.

Você pode optar pelo uso de um um medicamento alopático indicado pelo seu médico, uma litotripsia ou até mesmo um procedimento cirúrgico. Importantíssimo mesmo é buscar um tratamento, pois simplesmente aguardar que os cálculos renais sejam expelidos sozinhos, além de expor o paciente a níveis altos de estresse, dores e traumas,  ainda é muito perigoso para o sistema urinário, o qual pode sofrer danos irreversíveis.

A hiperplasia prostática benigna ou hiperplasia benigna da próstata (HBP) é uma condição caracterizada pelo aumento do tamanho da próstata, não tendo nenhuma relação com o câncer da próstata. Neste texto vamos abordar os sintomas, o diagnóstico e o tratamento da hiperplasia da próstata.

O que é a próstata?

A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz (3cm de diâmetro), com aproximadamente 20 gramas de peso, presente apenas no sexo masculino. Localiza-se na base da bexiga e circunda a parte inicial da uretra, canal que leva a urina da bexiga para pênis.

Próstata normal x próstata aumentada (clique p/ampliar imagem)

A próstata faz parte do sistema reprodutor masculino, sendo responsável pela secreção de um fluído alcalino (com pH elevado) que protege os espermatozoides do ambiente ácido da vagina e aumenta sua mobilidade, facilitando a chegada dos mesmos ao óvulo.

Como apresenta íntima relação com a uretra (canal que drena urina da bexiga), alterações no tamanho da próstata podem comprimir a mesma e dificultar a passagem de urina, levando aos sintomas explicados mais à frente.

Como a próstata encontra-se encostada ao reto, ela pode ser palpada através do toque retal, um dos métodos mais simples de avaliação da glândula. Uma próstata aumentada de tamanho ou de forma irregular devido à presença de um tumor pode ser facilmente identificada por este método. Falaremos com mais detalhes sobre o toque retal na parte de diagnóstico.

A próstata pode crescer e causar sintomas por três motivos:

- Hiperplasia benigna da próstata- Câncer de próstata- Prostatite - infecção da próstata

Hiperplasia benigna da próstata (HBP)

O aumento do tamanho da próstata é um processo estimulado pela presença do hormônio testosterona e ocorre durante toda vida no sexo masculino. Quanto mais velho é uma pessoa, mais tempo a sua próstata teve para crescer. Isto significa que com a idade, praticamente todos os homens terão uma próstata grande. Aos 40 anos 10% dos homens já têm uma próstata aumentada de tamanho; aos 50 anos, esse número pula para 50%; após os 80 anos, mais de 80% da população masculina apresenta hiperplasia prostática benigna.

A hiperplasia benigna da próstata, como o próprio nome diz, é um crescimento benigno, que nada tem a ver com câncer. Repetindo para não haver confusão: a hiperplasia da próstata é um processo natural do envelhecimento e NÃO se transforma em câncer de próstata. Esta confusão surge frequentemente porque quase todo paciente com câncer de próstata tem mais de 60 anos, idade na qual a prevalência da HBP é alta. Fazendo uma comparação grosseira, podemos dizer  que muitos pacientes com câncer de próstata têm cabelo branco, mas nem por isso achamos que ter cabelo branco causa câncer.

Sintomas da hiperplasia benigna prostática

O aumento da próstata em si não é um problema. O problema está no fato da próstata estar anatomicamente localizada junto a algumas estruturas do trato urinário, principalmente a uretra.  O aumento da próstata comprime a uretra e atrapalha a saída da urina, podendo inclusive causar obstrução, hidronefrose (acúmulo de urina no rim) e insuficiência renal. Veja a ilustração do início do texto para entender como se dá a compressão da uretra.

Os sintomas da hiperplasia benigna prostática estão relacionados à obstrução da uretra. Os primeiros sinais são a perda de força do jato urinário e a necessidade de urinar frequentemente.

Explicando: a próstata aumentada comprime a uretra e atrapalha a drenagem da urina. Na maioria das vezes essa obstrução é parcial e permite que algum volume de urina passe, principalmente quando a bexiga está cheia e a pressão consegue vencer a resistência causada pela próstata aumentada. Porém, quando o nível de urina dentro da bexiga desce, a pressão cai e o jato, que já é fraco, se interrompe. O resultado final é uma bexiga que não consegue mais se esvaziar por completo, ficando sempre com alguma urina em seu interior. Por

isso, o paciente sente vontade de urinar frequentemente, mas só consegue eliminar pequenos volumes.

O não esvaziamento completo da bexiga faz com que um grande volume de urina fique sempre represado, favorecendo o crescimento de bactérias em seu interior, já que o ato de urinar expulsa boa parte dos micro-organismos presentes na urina. Nos pacientes com hiperplasia benigna da próstata, há sempre um "laguinho" de urina para as bactérias se reproduzirem. Não é de se estranhar que a cistite (infecção da bexiga), rara em homens até os 45-50 anos, passe a ser um diagnóstico comum em idosos.O fato da urina ficar represada dentro da bexiga também favorece a formação de cálculos (pedras) no seu interior.

Hidronefrose bilateral por HBP

Conforme a próstata cresce, mais comprimida fica a uretra, até o ponto onde pode haver uma completa obstrução da passagem da urina. A urina que não é drenada se acumula na vias urinárias e acaba por acometer os rins, levando à hidronefrose (dilatação dos rins). O resultado final é a insuficiência renal grave, podendo haver necessidade de hemodiálise de urgência.

É bom destacar que não é necessária a suspensão completa da urina para se ter grave lesão nos rins. O paciente pode ainda conseguir urinar e mesmo assim estar com obstrução e hidronefrose grave. Basta que ele tenha um ritmo de eliminação de urina menor do que a produzida pelos rins.

Quanto mais tempo os rins ficam obstruídos e cheios de urina, menor é a chance de recuperação após a desobstrução do fluxo. Após 7 a 10 dias de hidronefrose, começam a surgir lesões irreversíveis dos rins, um processo que se completa após 3-4 meses de obstrução, época em que provavelmente o doente permanecerá dependente de hemodiálise, mesmo que venha a corrigir o problema.

Outro sintoma do crescimento da próstata é a disfunção erétil (impotência), que ocorre por compressão dos nervos que controlam a ereção.

Resumindo os sintomas da hiperplasia prostática benigna:

- Dor ou dificuldade para urinar- Jato urinário fraco- Necessidade de urinar pequenos volumes com grande frequência- Incapacidade de esvaziar a bexiga- Infecção urinária- Cálculo de bexiga - Insuficiência renal nos casos de grave obstrução e hidronefrose

Como muitos pacientes com aumento da próstata e hidronefrose ainda conseguem urinar, não é incomum que os mesmo não procurem ajuda médica precocemente, negligenciando seus sintomas urinários. Este comportamento acaba por tornar o quadro bem mais grave, muitas vezes fazendo com que o paciente pare no hospital, tempos depois, com um quadro de insuficiência renal avançada. É importante que qualquer idoso, ao primeiro sinal ou sintoma de crescimento da próstata, seja avaliado por um urologista.

Como é feito o diagnóstico da hiperplasia prostática benigna?

Existe um tabela de pontos chamada de ESCORE INTERNACIONAL DE SINTOMAS PROSTÁTICOS. São 7 perguntas e cada uma recebe uma pontuação de 0 a 5

Quantas vezes ficou a sensação de não esvaziar totalmente a bexiga? Quantas vezes teve de urinar novamente menos de 2 horas após ter

urinado?

Quantas vezes observou que, ao urinar, parou e recomeçou várias vezes?

Quantas vezes observou que foi difícil conter a urina?

Quantas vezes observou que o jato urinário estava fraco?

Quantas vezes teve de fazer força para começar a urinar?

Quantas vezes, em média, teve de se levantar à noite para urinar?

0 = Nenhuma1 = Menos de 1 vez em 52 = Menos da metade das vezes3 = Metade das vezes4 = Mais da metade das vezes5 = Quase sempre

Leve: 0 a 7;Moderada: 8 a 19;Severa: 20 ou mais

O escore acima avalia a severidade dos sintomas prostáticos, mas não diferencia entre HPB, câncer de próstata e prostatites, que apresentam sintomas muito parecidos.

O diagnóstico diferencial envolve o toque retal, a dosagem do PSA, a ultrassonografia transretal e abdominal, e a biópsia da próstata .

PSA

O PSA é um marcador de doença prostática, colhido através de análises de sangue. O PSA eleva-se na HPB, nas prostatites e, principalmente, no câncer de próstata.

PSA menor que 2,5 = Baixo risco de câncerPSA entre 2,5 e 10 = Risco intermediário de câncerPSA maior que 10 = Alto risco de câncerPSA maior que 20 = Muito alto risco de câncer e elevada chance de doença metastizada

Pacientes com PSA baixo raramente tem câncer. Quando o valor do PSA é intermediário, o diagnóstico mais provável é a HBP, mas o câncer de próstata não pode ser descartado. PSA alto indica alto risco de câncer, mas também é possível que seja prostatite ou até mesmo apenas HBP. PSA maiores que 20, praticamente só surgem no câncer ou em alguns casos de prostatite.

Toque retal

Toque retal (exame da próstata)

O toque retal consegue detectar o aumento da próstata, pois a mesma encontra-se encostada ao reto. Este exame da próstata, quando realizado por médico experiente, permite, em muitos casos, saber se o aumento da próstata é uniforme, ou seja, causado pela HBP, ou localizado, causado por um tumor.

O toque retal permite ao médico detectar irregularidades, nódulos, assimetrias e mudanças na consistência da próstata.

Ultrassonografia

O utra-som realizado pela via retal permite uma boa visualização da próstata, permitindo calcular o seu tamanho e volume, podendo também detectar nódulos suspeitos.

O ultra-som abdominal permite calcular o volume de urina na bexiga e avaliar a capacidade de esvaziamento da mesma. Também é possível ver os rins e diagnosticar eventuais obstruções graves que estejam causando hidronefrose.

Se após a realização de todos esses exames, o câncer continuar sendo uma hipótese, faz-se necessária a realização da biópsia da próstata para se fechar o diagnóstico.

Tratamento da hiperplasia benigna da próstata

Pacientes que apresentam HBP diagnosticada em exames de rotina e não apresentam nenhuma queixa ou sinal de obstrução urinária podem ser acompanhados regularmente sem

tratamento específico.

Se houver aumento da próstata e sinais de obstrução moderada das vias urinárias, geralmente o tratamento indicado é feito com medicamentos que diminuem o tamanho da próstata. Entre as drogas disponíveis podemos citar:

- Terazosina- Doxazosina- Tamsulosina,- Alfuzosina- Finasterida- Dutasterida

Ressecção transuretral da próstata

Quando a obstrução das vias urinárias é grave ou quando o tratamento com medicamentos não tiver sucesso, ou seja, se não houver redução do tamanho da próstata, a cirurgia passa a ser uma opção.

A ressecção transuretral da próstata (RTUP) é atualmente o procedimento cirúrgico mais usado. Neste procedimento o urologista retira grande parte da próstata com um aparelho chamado ressectoscópio, que é introduzido através da uretra. Por este aparelho é possível introduzir uma lâmina para ressecar a próstata e aspirar o tecido retirado. Geralmente retira-se todo o interior da próstata, deixando apenas a parte externa. A cirurgia é feita com anestesia geral Se a próstata não for muito grande uma cirurgia possível é a incisão transuretral da próstata (ITUP), semelhante a RTUP, mas apenas retirando uma pequena parte de tecido da próstata, o suficiente para desobstruir a uretra.

Existem outras técnicas para ressecção da próstata, como Laser, micro-ondas,

cauterização, etc. A técnica depende da gravidade de cada caso e da experiência do urologista.