apostila - história de goiás - tese (com exercícios)

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HISTÓRIA DE GOIÁS Prof. PH 01 “Quanto maior a dificuldade, tanto maior o mérito”. Pedro Ludovico Expansão Territorial do Brasil No início, os colonizadores portugueses concentraram-se no litoral com a extração do pau-brasil, depois no Nordeste brasileiro plantando a cana de açúcar, nesse período existiam Ban- deiras de caça ao índio para escravizar. Com o passar do tempo, a cana começou a entrar em de- cadência e a população transferiu-se para o Sudeste. A partir daí o Brasil começou a expandir seu território, levando à descoberta de ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. São vários os fatores que levaram a essa expansão, como a: *União Ibérica 1580-1640 – Em 1578 D. Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir (Marrocos) durante uma batalha cruzadista, com isso o rei da Espanha, Filipe II, assume o trono português em 1580. Acabando com o Tratado de Tordesilhas (esse período é conhecido, literatura, como Sebastianismo) e levando à decadência do açúcar no Brasil. *Criação de gado - Iniciou-se no Nordeste (Bahia e Pernambuco) e acompanhou o curso do rio São Francisco (pela grande quantidade de pastagens naturais) até o interior do Brasil (ser- tão), levando ao povoamento das regiões de M.G., M.T. e, depois, Goiás. Obs.: O rio São Francisco também é conhecido como Rio dos Currais e Velho Chico. *Drogas do Sertão - Os jesuítas vieram até o interior do Brasil a procura de ervas medi- cinal. Eles partiam geralmente do Pará, com as Descidas e penetravam até o interior da Amazônia. *Bandeirismo - Expedições de bandeirantes que saiam de SP para o interior do Brasil à procura de ouro ou cativar índios para serem escravizados.

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Apostila completa Historia de Goias

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  • HISTRIA DE GOISProf. PH

    01

    Quanto maior a dificuldade, tanto maior o mrito.

    Pedro Ludovico Expanso Territorial do Brasil

    No incio, os colonizadores portugueses concentraram-se no litoral com a extrao do pau-brasil, depois no Nordeste brasileiro plantando a cana de acar, nesse perodo existiam Ban-deiras de caa ao ndio para escravizar. Com o passar do tempo, a cana comeou a entrar em de-cadncia e a populao transferiu-se para o Sudeste. A partir da o Brasil comeou a expandir seu territrio, levando descoberta de ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Gois.

    So vrios os fatores que levaram a essa expanso, como a:

    *Unio Ibrica 1580-1640 Em 1578 D. Sebastio morreu na batalha de Alccer-Quibir (Marrocos) durante uma batalha cruzadista, com isso o rei da Espanha, Filipe II, assume o trono portugus em 1580. Acabando com o Tratado de Tordesilhas (esse perodo conhecido, literatura, como Sebastianismo) e levando decadncia do acar no Brasil.

    *Criao de gado - Iniciou-se no Nordeste (Bahia e Pernambuco) e acompanhou o curso do rio So Francisco (pela grande quantidade de pastagens naturais) at o interior do Brasil (ser-to), levando ao povoamento das regies de M.G., M.T. e, depois, Gois. Obs.: O rio So Francisco tambm conhecido como Rio dos Currais e Velho Chico.

    *Drogas do Serto - Os jesutas vieram at o interior do Brasil a procura de ervas medi-cinal. Eles partiam geralmente do Par, com as Descidas e penetravam at o interior da Amaznia.

    *Bandeirismo - Expedies de bandeirantes que saiam de SP para o interior do Brasil procura de ouro ou cativar ndios para serem escravizados.

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    Tipos de bandeiras: a) Entrada: Expedio de bandeirantes financiadas com o capital do governo (coroa) com intuito

    de encontrar ouro, pedras preciosas ou ndios. Esse tipo de expedio foi em menor nmero, pois o governo portugus no queria ariscar seu capital sem a certeza de obter lucros, pois o ouro s foi encontrado no sculo XVIII, no Brasil.

    b) Bandeira: expedio organizada, na maioria das vezes, com capital privado, com a finalidade de encontrar ndios, ouro ou pedras preciosas. Esse tipo de campanha foi mais freqente, porque a coroa no tinha nada a perder, e sempre incentivava e autorizava os que quisessem se aventu-rar nessa empreitada.

    c) Descidas: Essas expedies vinham do Norte (Par) at o Interior do pas (Serto) para captu-rar ndios e drogas do serto para suas aldeias, nas misses da Amaznia. Geralmente, as des-cidas eram comandadas pelos jesutas que aproveitavam essas viagens para expandirem o cris-tianismo no novo continente, atravs da catequizao dos ndios e lucrarem com a venda das ervas medicinais, que s existiam nos pases tropicais como o Brasil. Essas ervas medicinais (chamadas de Drogas do Serto) eram muito valorizadas na Europa. Os jesutas tambm ti-nham o costume de fazer mapas da regio, onde eles passavam, e levando ao conhecimento da regio. Esses mapas foram muito utilizados pelos bandeirantes.

    d) Mones: Qualquer tipo de expedio (Entrada, Bandeira ou Descida), desde que acompanhasse o curso dos rios, como caminho para o serto (interior).

    Gois Antes da Minerao

    Desde o primeiro sculo de colonizao do Brasil, a regio de Gois foi percorrida pelas Bandeiras e pelas Descidas; mas s no sculo XVIII, com a minerao, iniciou-se a ocupao efe-tiva do territrio goiano pelos portugueses.

    A primeira Bandeira de que se tem notcia em terras goianas data de 1590-93, sob o co-mando de Domingos Luis Grau e Antnio Macedo. Depois desta, vrias outras estiveram em Gois, como:

    Sebastio Marinho- 1592; Domingos Rodrigues- 1596-1600; Nicolau Barreto- 1602-04; Belchior Dias Carneiro- 1607; Martins Rodrigues- 1608-13; Andr Fernandes- 1613-15; Lzaro da Costa- 1615-18; Antnio Pedroso de Alvarenga- 1615-18; Francisco Lopes Buenavides- 1665-66; Antnio Pais- 1671; Sebastio Pais de Barros e Bartolomeu Bueno da Silva(pai)- 1673;

    OBS.: muitas bandeiras no foram registradas. As Descidas A primeira foi coordenada pelo padre Cristvo de Lisboa, em 1625. Depois, vieram:

    *Pe. Luis Filgueira- 1636; *Pe. Antonio Ribeiro e Pe. Antnio Vieira-1653; *Pe. Tom Ribeiro e Francisco Veloso-1655; *Pe. Manuel Nunes- 1659; *Pe. Gaspar Misch e Ir. Joo de Almeida- 1668; *Pe. Gonalo de Vera e Ir. Sebastio Teixeira- 1671; *Pe. Raposo- 1674; *Pe. Manuel da Mota e Pe. Jernimo da Gama- 1721-22;

    OBS.: nem as bandeiras, nem as descidas, vinham para se fixar na terra. Os fatores que motivaram os bandeirantes virem para Gois

    -Buscar um caminho por terra para chegar a Cuiab (M.T.), pois Gois localizava-se entre a regio das Minas Gerais e a regio das minas de Cuiab;

    -Crenas populares de que em Gois haveria ouro (Gois fica entre as regies minerado-ras de M.T. e M.G.);

    -Momento poltico favorvel(a coroa precisava de novas fontes de riquezas), pois Portugal estava passando por dificuldades econmicas.

    Descoberta do Ouro:

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    -Em 1693 ,o bandeirante paulista Antnio Rodrigues Arzo, encontra ouro Sabar, M.G.; -Em 1718 , Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Cuiab, M.T.;

    - Em 1673 veio para Gois uma expedio chefiada pelos bandeirantes Bartolomeu Bueno da Sil-va(pai) e Sebastio Pais de Barros, essa bandeira saiu de S.P. percorrendo vrios caminhos(rios Tiete, Paranaba e Tocantins). Mas o ouro encontrado era de pouco valor(ouro de tolo), e com isso Bartolomeu morreu pobre e desmoralizado perante a sociedade mineradora brasileira.

    Depois que vrias Bandeiras de caa ao ndio e de minerao percorreram o solo goiano, Bartolomeu Bueno da Silva(filho), o Anhangera, (1670-1740), Joo Leite da Silva Ortiz e Joo de Abreu(irmo de Ortiz) conduziram uma expedio para procurar ouro na regio, composta por: - 500 homens (brancos,negros e ndios,homens livres e escravos); - Mulas e cachorros; - Um padre e nenhuma mulher (havia ndias que foram aprisionadas no caminho).

    Essa expedio partiu no dia 3 de julho de 1722 e no dia 26 de julho de 1725 chegou as margens do Rio Vermelho(Rio das Cambabas) prximo Serra Dourada, onde encontrou um veio de ouro, dando incio ao povoamento de Gois.Quando essa expedio chegou a Gois s restavam 120 homens, o restante morrera no caminho por vrios motivos como:fome,doenas,ataques de animais e ndios, e longos perodos de seca. Assim que descobriu ouro Bartolomeu fincou uma cruz(A Cruz do Anhanguera) marcando a presena do homem branco e dado incio a colonizao de Gois.

    Poucos meses depois da volta da bandeira, organizou-, em So Paulo, uma nova expedi-o para as minas. Bartolomeu Bueno voltava, a Gois, com o ttulo de superintendente das minas, e Ortiz com o de guarda-mor.

    Entre 1722 e 1725, foram descobertas as jazidas de SantAnna, Ouro Fino, Barra, Anta, Santa Rita, Santa Cruz, Meia Ponte, Jaragu, Corumb e Arax.Com isso, a regio aurfera de Goi-s passou a receber um grande fluxo migratrio. Rotas e suas Histrias

    As grandes estradas que rasgam o Brasil escondem muito mais aventuras do que mostram suas placas e sinais. A cada passo deparamos com uma paisagem diferente, cada encruzilhada leva a regies marcadas pelas histrias do Brasil. Quem parte de So Paulo e segue pela via Anhange-ra, rumo a Campinas, percorre trechos do antigo Caminho para as Minas de Gois (ou Caminho dos Goiases).

    Aberto em 1725 por Bartolomeu Bueno da Silva, era usado pelos bandeirantes que iam ex-

    plorar o ouro da regio central do Brasil. Mas esse caminho tinha sido traado com objetivos bem mais ambiciosos: fazia parte das estratgias de integrao e domnio territorial do governo portu-

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    gus. Era preciso proteger as minas aurferas e impedir o avano dos espanhis pelas fronteiras do sul. Com a abertura do Caminho dos Goiases, pretendia-se articular estradas como o Caminho do Viamo com a bacia hidrogrfica do rio Paran, a fim de fundar povoados, vilas e cidades no eixo dessas estradas e incentivar a agricultura de cana-de-acar. Essa poltica surtiu grandes efeitos na capitania de So Paulo, durante o governo de Morgado de Mateus ( 1765-1775 ). Vilas como Campinas, Jundia e Moji-Mirim foram fundadas; os engenhos de acar se multiplicaram e as regi-es Sul e Sudeste atingiram limites prximos aos de hoje.

    H outras estradas da poca das bandeiras: a Raposo Tavares, a Ferno Dias... Mas hoje seus trajetos so percorridos em alta velocidade, revelando apenas fragmentos de paisagens. Suas histrias se diluem e se apagam a cada curva, a cada morro. parar e ver o tempo correr. Povoamento de Gois

    Aps a descoberta do ouro deu-se o incio do povoamento de Gois pelos paulistas, estes tiveram vrios obstculos, como:

    A distncia dos grandes centros urbanos do Sudeste(as vezes as viagens demoravam at 3 meses);

    O desconhecimento da regio goiana(muitas expedies se perdiam pelo caminho); O despovoamento e a situao de isolamento da regio; A irregularidade dos rios(os rios goianos no so navegveis); Os ndios hostis que atacavam as expedies paulistas; Falta de estradas para Gois; Secas e falta de alimentos;

    ** Cidade de Gois, sculo 19, em desenho de William Burchell.,

    Em 1726, Bartolomeu fundou o Arraial Nossa Senhora de SantAnna( elevada a categoria

    de Vila Boa em 1739) e depois cidade de Gois que estava vinculado politicamente Capitania de So Paulo,este foi o primeiro arraial goiano e capital de Gois at 1933. Encravada nas montanhas e construda em solo rochoso, a cidade de Gois, tinha de encanto os casarios coloniais, cujos quin-tais terminavam em crregos de gua fresca ( como rio Vermelho ).

    Nos sales da oligarquia, herdeira da riqueza criada pela explorao do ouro, falava-se tan-to o francs quanto portugus, as igrejas construdas por escravos (financiadas pelos mineradores) ostentavam imagens barrocas pintadas a ouro, obra do escultor Veiga Valle. Mas o luxo dos livros e sedas importadas convivia com a desesperana de uma cidade onde, nas primeiras dcadas deste sculo, j no se construa mais do que uma casa por ano, e nas noites de luar, o lirismo das sere-natas era pontuadas pelos gemidos da febre, provocada pelos esgotos a cu aberto. Esse povoamento foi marcado por quatro caractersticas bsicas:

    Irregular; Instvel; Sem Planejamento; Rpido.

    Em 1727, foi edificada a primeira capela goiana: Capela de SantAnna, erguida por Barto-

    lomeu. Em 1743, sob iniciativa do ouvidor-geral de Gois, demoliu-se a capela, e no mesmo lo-cal(Praa do Jardim), houve a construo da Igreja de SantAnna, a catedral da cidade de Gois.

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    Essa atitude do ouvidor-geral foi justificada pelo crescimento da populao na regio.

    OBRA DE VEIGA VALE

    CAPELA DE SANTANNA DE 1743

    Zonas de povoamento em Gois:(Arraiais)

    NA REGIO SUL 1726 SantAnna(Vila Boa), hoje cidade de Gois 1729 Santa Cruz 1731 Meia Ponte(Pirenpolis)-Chegou a disputar com Vila Boa a sede do Go-

    verno 1734 Crixs 1737 Crrego do Jaragu 1746 Santa Luzia(Luzinia) 1741 Pilar 1774 Bonfim

    NA REGIO NORTE

    1730 Maranho 1732 guas Quentes 1734 Natividade 1735 Traras e So Jos do Tocantins 1736 Cachoeira e So Flix 1738 Porto Real 1740 Arraias e Cavalcante 1746 Carmo 1749 Cocal

    Esse povoamento foi marcado por um confronto entre o Branco(colonizador) e ndio,

    claro que este ltimo sempre saa perdendo. Como a maioria das tribos mostrava-se resistente s tentativas de dominao, fosse combatendo os bandeirantes ou evitando o assdio dos jesutas, as autoridades declararam a Guerra Justa, ou seja, a guerra de extermnio.

    Contra os caiaps foram enviadas bandeiras de Sertanismo de Contrato, em que os bandei-rantes recebiam terras ou ouro para exterminar grupos indgenas resistentes ou quilombos.

    Primeiro foi a bandeira de Antnio Pires de Campos, com seus quinhentos ndios borors, que atacou os caiaps pela quantia de uma arroba de ouro. Pouco depois foi a vez de Manuel de Campos Bicudo, considerado um experiente explorador de ouro e caador de ndios e que costu-mava despovoar aldeias inteiras.

    Mas, somente no final do sculo XVIII, aps muita resistncia custa de incontveis bai-xas, os caiaps remanescentes foram aldeados nas redues de D. Maria I e So Jos de Moss-medes. Essa redues eram aldeias criadas pelos jesutas para reunir os indgenas com o objetivo de catequiza-los.

    Durante a administrao da Metrpole pelo Marqus de Pombal, no reinado de D. Jos I (1750-1777), os jesutas foram expulsos e o chamado Regimento das Misses (ou Redues) foi anulado. Com isso, a responsabilidade pelos assuntos indgenas passou para a administrao leiga. Foi nomeado um diretor dos povoados indgenas e as redues foram elevadas condio de vilas.

    A poltica pombalina em relao aos indgenas visava persistir nas tentativas de conquistar pacificamente os grupos indgenas para explorar sua mo-de-obra na lavoura. A guerra somente deveria ser usada quando no houvesse outra alternativa. claro que para as autoridades locais foi relativamente fcil encontrar argumentos para justificar as matanas que continuaram a ocorrer. Nesse contexto, a fora da espada acabou por impor o domnio do branco sobre o ndio(segundo Palacin), levando a dizimao do nativo de vrias formas, como:

    Ocupao das terras dos ndios; Escravizao dos mais pacficos;

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    Choques intermitentes com as tribos indomveis; Aldeamento de pequenos grupos, que definhavam rapidamente no regime de semi-

    cativeiro; Cruzamentos raciais, sobretudo atravs dos ndios cativos; Suicdios coletivos (forma de resistncia escravido); Degenerao e extino dos ndios; Doenas trazidas pelos brancos; Destruio do meio onde eles viviam.

    Principais Tribos

    *caiaps nao bravssima e muito numerosa que com seus ataques dificultou o au-mento da capitania. Eram valentes e guerreiros. Admitiam o divrcio e a poligamia; contavam os meses pelas luas. Quando morria algum da tribo, faziam danas e se tingiam de negro, demons-trando seus sentimentos.Inimigos mortais dos xavantes., *xavantes nao mais feroz e nume-rosa. Embora numerosos, andavam dispersos pelas matas, entre os rios Araguaia e Tocantins. Cruis e roubadores, *goyazes(deu nome a Gois) ndios que tinham a pele mais branca que os demais, vivendo nas vizinhanas da Serra Dourada, pacficos(atualmente extintos), *crixs, *ara, *canoeiros nao muito cruel, guerreia, e que no sabia fugir, resistindo nos seus com-bates at morrer. Alm de arco e flecha, usavam lanas compridas, dentadas nas extremidades e adoravam carne de cavalo, que era seu mais saboroso alimento, *apinag, *capepuxis nao indolente e preguiosa, que no plantava e s vivia da caa, pesca e roubos, que faziam de seus vizinhos, *xacriab, *acro, *caro, *coro-mirim, *tememb, *tapirop, *caraj, *java, *caraja, *grada, *tessemedu, *amadu, *guaia-guassu, *xerente, *carij, *aricob, *macamecran, *noraguaj, *afodige, *otog, *garahus-aussu, *guanayrissu, *guapindae, *coriti, *tapagu, *boror e *xerente de qu.(35 tribos).

    Contudo, a arqueologia nos mostra que a regio de Gois j era habitada por volta de 9.000 C. Mas, em 1986, cientistas e instituies de pesquisa de renome da Frana e dos Estados Unidos se mobilizaram para apoiar ou contestar a teoria segundo a qual o stio arqueolgico encon-trado no projeto Serra Geral, no limite de Gois com a Bahia, mostraria sinais de atividade humana bem mais antiga, coisa de h 43 mil anos.

    A tese, se comprovada, seria o suficiente para no mnimo, colocar em xeque todas as teo-rias at ento aceitas sobre o povoamento do continente americano e que do como data provvel de 15 mil anos atrs. As populaes pr-histricas do Planalto Central eram divididas em grupos bem pequenos, com estrutura familiar, que os cientistas chamam de microbando. Eles explicam esta limitao populacional ( no mximo duas ou trs famlias vivendo juntas ) como uma decor-rncia da falta de tecnologia para a construo de aldeias, o que as obrigava a viver nos abrigos naturais. Mesmo assim, havia ocasies em que esses bandos se juntavam em agrupamentos maio-res, geralmente nos perodos secos, quando se conclui que eles j experimentavam algumas for-mas de festejos. Tambm era nos perodos secos que esses indivduos mais se distanciavam de cavernas, para explorar outros tipos de ambientes, como as margens dos grandes rios, onde exer-ciam a atividade da pesca, caa e coleta de frutos e razes.

    No Brasil, no perodo da chegada dos europeus, havia aproximadamente 200 mil ndios, e no Centro-oeste cerca de 40 mil nativos, j em Gois havia perto de 5 mil indivduos(ndios). Havia grupos nmades (caadores, coletores e usavam instrumentos lascados para conseguirem seus alimentos) e sedentrios (com cermica, horticultura, roados e campos de caa e coleta).

    O PRIMEIRO ENCONTRO DOS BANDEIRANTES

    COM OS NDIOS

    O POUSO NOS GARIMPOS

    Primeiro Gado nas Terras dos Goyazes

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    Antnio Ferraz de Arajo, o precursor da pecuria goiana, foi o segundo filho do casal Ma-

    noel Ferraz de Arajo (natural da cidade do Porto, Portugal) e Vernica Dias Leite. No ano de 1678, casou-se na Vila SantAna do Parnahyba (SP) com Maria Pires Bueno, filha de Bartolomeu Bueno da Silva(pai) e Isabel Cardoso. Fez parte da histrica bandeira do cunhado Bartolomeu Bueno da Sil-va(filho), o Anhangera, que no dia 3 de julho de 1722 saiu de So Paulo e vagou pelos sertes dos goyazes sofrendo todo tipo de infortnio durante trs anos, trs meses e dezoito dias.

    No ms de julho de 1726, Ferraz veio novamente acompanhando o cunhado Bartolomeu em sua segunda incurso s terras goianas. Porm, ele s chegaria futura terra de Vila Boa, al-guns dias depois da chegada da bandeira de Bueno, conduzindo porcos e vacas de leite, vendidos literalmente a peso de ouro(o valor de uma vaca era de duas libras, ou 919 gramas de ouro, e o porco valia 286 gramas. Essa a primeira informao histrica que temos a respeito da entrada de gado em solo goiano.

    Antnio Ferraz de Arajo foi nomeado, em 1728, por Bartolomeu Bueno, para administrar o Arraial de SantAna, futura Cidade de Gois. Provavelmente Ferraz, insatisfeito com a perda do ttulo de superintendente das Minas de Gois, que ostentava o cunhado Bueno, e o seu afastamen-to da administrao do Arraial de SantAna, no ano de 1733, resolve empreender novas aventuras. Neste intento, funda, em 1734, as minas de Natividade, cidade hoje localizada no Tocantins. Por volta do ano de 1744, contratado pela administrao das minas de Gois, organiza ataque aos ndios caiaps, que foram se refugiar na Capitania de Mato Grosso. O local e a data do seu faleci-mento infelizmente no so conhecidos.

    A explorao do ouro goiano e seu reflexo no comportamento da pecuria, registrou trs momentos distintos: o apogeu das minas, de 1725 a 1753, quando a pecuria era usada apenas para matar a fome; a crise na minerao, de 1753 a 1777, poca em que a pecuria passou a ser um instrumento para diminuir as calamidades e a decadncia do ciclo aurfero, de 1788 a 1822, fase na qual a pecuria finalmente descobriu seu poder econmico.

    No perodo do apogeu, a cultura da pecuria foi altamente controlada pelos representantes da coroa portuguesa, que interpretavam esse segmento econmico como forma de concorrncia explorao do ouro e certeza na diminuio dos dzimos. Alm disso, os portugueses achavam que a pecuria fomentava o contrabando, principalmente pelas picadas que levavam aos currais da Bahia, instalados s margens do rio So Francisco(Rio dos Currais). Vrios bandos ( os decretos eram assinados pelos capites-generais da Capitania de So Paulo, pois somente a 8 de novembro de 1749, com a posse de Dom Marcos de Noronha, criada a capitania de Gois, desmembrando-a da jurisdio paulistana) foram enviadas aos superintendentes das minas de Gois, proibindo e punindo com rigor a entrada em terras goianas de pessoas, gneros alimentcios e gado por outros caminhos seno aquele que saa de So Paulo, controlado por vrios registros.

    A pecuria nesses anos era mera coadjuvante da explorao do ouro. Somente acontecia na medida necessria para alimentar bocas, essas mais vidas da fome pelo metal amarelo. Sem contar que havia por parte dos prprios mineradores, um arraigado preconceito por essa iniciativa, que a interpretavam como menos honrosa do que a explorao do ouro, entendendo-a como perda de status. as necessidades de ambos os lados moveram moinhos do preconceito.

    No contexto histrico do sculo XVIII destinava-se a Gois o papel de regio exportadora de ouro. A agricultura e a pecuria (regies criadoras de gado: Rio Verde, Jata, Morrinhos, Cata-lo, Caiapnia e Luzinia) estavam em segundo plano, com veremos neste documento. DOCUMENTO

    BANDO: - Pedro Mathias Sigar, escrivo da superintendncia destas minas dos Goyaz, etc. Certifico que em meu poder e cartrio se acha um bando, que mandou lanar o superinten-dente destas minas, prohibindo aos moradores dellas o terem canaviaes de assucar, fazerem aguardente, o qual do theor seguinte Bartolomeu Bueno da Silva superintendente e Guarda-mr destas minas de Goyaz, nellas provedor das fazendas dos defuntos e ausentes, tudo na for-ma das ordens de S.M.;etc. Porquanto tenho recebido carta do governador e capito-general da capitania de S. Paulo e suas minas, Antnio da Silva Caldeira Pimentel, em qual me declara que S.M.que Deus guarde, por repetidas ordens tem prohibido haver cannas deassucar, engenhocas e as suas destilaes de aguas ardentes en minas, e com especialidade nestas dos Goyaz, por principiarem de novo, e lhe constava que muitos moradores destas minas tinham em suas roas e fazendas, mandasse logo queimar e destruir adita planta de canna. Pelo que mando nenhuma pessoa de qualquer gro e condio que seja, no tenha em suas roas e fazendas a referida planta de canna, e os que tiverem, a destruiro e queimaro logo, para que lhes concedo o tempo de sessenta dias, com a comunicao de que no fazendo, denunciando-se que a tem, provando-se, pagar a pessoa que comprehendida cem oitavas de ouro, que a aplicaro para as obras da matriz despezas da justia, e outrossim ser preso na cadeia, donde estar 30 dias. E para que ningum possa allegar ignorncia, etc., 13 de junho de 1732. Bartolomeu Bueno da Silva .

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    (Entretanto seria intil que os colonos plantassem milho, feijo e arroz em maior quanti-dade do que a necessria para alimentar suas famlias, pois esses produtos no encontram com-prador. a criao de gado que constitui atualmente a fonte de renda mais segura dos fazendei-ros de Santa Luzia (Luzinia), mas nem por isso so grandes os lucros obtidos, no s porque eles precisam dar sal aos animais se quiserem conserv-los, mas principalmente porque as fazen-das ficam distantes demais dos mercadores que poderiam compra-los...

    Adaptado de SAINT-HILAIRE, A.).

    Toda fora de trabalho deveria ser destinada minerao, nica atividade valorizada e

    compensatria, motivando o deslocamento desses trabalhadores das regies mais distantes do pas para Gois.

    No entanto, justamente no perodo da decadncia do ouro que a sociedade ruraliza-se em busca de duas vertentes econmicas: a pecuria e a agricultura. E estas atividades apareciam no mais objetivando apenas a subsistncia, mas sim como ao econmica. At hoje so uma fonte vital para o PIB goiano e Gois conhecido nacionalmente pela fora de sua pecuria e agri-cultura.

    A regio norte da Capitania de Gois antecedeu a explorao da pecuria em detrimento ao sul. Algumas premissas justificam tal acontecimento. As minas de ouro do norte, apesar de frteis, no conseguiam sobrepujar em qualidade as lavras do sul. As alternativas de subsistncia que so-bravam eram a pecuria e a agricultura. As terras no eram boas para o plantio, lembrando que na poca no havia os atuais recursos de correo e revitalizao do solo. Portanto, a opo final era a pecuria, ainda nos moldes de subsistncia. Em contrapartida, a regio sul goiana, dadas qua-lidade de suas terras, teve como opo principal a agricultura, trilhando o caminho inverso do nor-te. A minerao em Gois

    A maior concentrao aurfera em Gois deu-se em torno das serras dos Pirineus e Doura-da.O ouro era descoberto por acaso e no incio apenas as camadas de superfcie eram exploradas de vrias formas, como: O ouro era encontrado em veios dgua(regatos), nos taboleiros(bancos de areia) e nas grupiaras(cascalho ralo). O perodo minerador teve por base trabalho escravo, e a Coroa portuguesa tomou medidas quanto s jazidas minerais, tentando evitar o enambarcamen-to(demarcao) dessas jazidas numa extenso superior capacidade de explorao dos minerado-res.

    Essa medida teve por objetivo incentivar o maior nmero possvel de mineradores, com vistas obviamente extrao de mais elevadas quantidades do metal precioso. As principais jazi-das foram descobertas em: SantAnna, Ouro Fino, Barra, Anta, Santa Rita, Santa Cruz, Meia Ponte, Jaragu, Corumb e Arax. Alem de ouro, Gois tambm apresentava grandes concentraes de xisto, quartzfero, xisto miccio(til na produo do ao) e pedras preciosas.

    A produo de ouro em Gois no foi uniforme e realizou-se numa curva que teve seu in-cio em 1725,seu apogeu em 1750, e sua decadncia j em 1770. A regio mineradora de Gois foi a terceira em produo de ouro no Brasil(ficando atrs de M.G. e M.T.), e teve seu esgotamento rpido,causado por vrios fatores como:

    O esgotamento rpido das minas; A carncia de mo-de-obra; A m administrao da regio; Altos custos no transportes; Estradas precrias; Longas distncias dos grandes centros; Falta de alimentao; As tcnicas rudimentares (e precrias) empregadas na extrao do ouro; Contrabando de ouro; Falta de investimentos(todo ouro produzido aqui era levado para a metrpole); Excesso, e altas taxas, de impostos cobrados s populaes das regies aurferas.

    Os Impostos Cobrados Em Gois

    O sistema de capitao, institudo em 1736,vigorou at 1751, na tentativa de evitar o con-trabando. Esse sistema consistia no pagamento de uma quantia por cabea de escravos possudos;

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    a quantia era fixada por escravo. A partir de 1751, voltou-se ao pagamento do quinto, que consis-tia na cobrana da quinta parte de todo ouro extrado , o qual deveria ser levado s Casas de Fun-dio de Vila Boa(instalada em 1751) e So Flix(instalada em 1754,mais tarde transferida para Cavalcante em 1796), pois todo ouro, para sair da Capitania, deveria ser fundido em barras, ter o carimbo da coroa e uma guia para exportao.Essas Casas de Fundio foram extintas em 1807.

    Para agravar situao, o governo no possua uma fora repressiva capaz de conter o clima de banditismo em terras goianas. Com um pequeno Regimento dos Drages, que mesmo assim consumia perto de 2/3 da debilitada receita do Estado, era impossvel modificar o clima existente, at porque essa pequena fora repressiva ainda tinha outras funes, como a segurana interna, a vigilncia das fronteiras, o patrulhamento das regies diamantferas, o transporte dos quintos e at a arrecadao dos impostos. Com todas essas funes, a situao gerada acabava inviabilizando trabalho repressivo. Sem dvida, o contrabando e a violncia eram a tnica da regio.

    Alm do quinto(20% da produo de ouro) e da capitao(imposto cobrado por cabea de escravos), havia outros impostos como: ENTRADAS-sobre a circulao das mercadorias(roupas, ferragens, sal e at alimentos); DZIMOS-sobre a dcima parte da produo agropecuria(pois o governo no queria que a a-

    gropecuria se desenvolvesse muito em reas mineradoras, ficando sempre em segundo plano); PASSAGENS-sobre o trnsito nos rios( isso dificultava ainda mais o trnsito para Gois); OFCIOS-sobre lotao de cargos pblicos(a prtica de comprar cargos pblicos era comum em

    terras goianas); SIZAS-sobre o comrcio de escravos(esse imposto era cobrado em todo Brasil, isso levava ao

    aumento do contrabando de escravos); FORO-imposto pago pelo uso dos terrenos e casas(espcie de IPTU).

    Apesar de tantos tributos, a crise de arrecadao era constante, principalmente aps a d-cada de 1770, com a decadncia da minerao goiana e tambm pela pratica da corrupo dos fiscais. A crise na minerao acabou por levar o goiano agricultura e a pecuria de subsistn-cia(estas j existiam desde o incio da minerao), mas as dificuldades eram de toda ordem. Com-prava-se e vendia-se o estritamente necessrio.

    Gois importava o sal, o ferro, a plvora e os tecidos, e exportava o algodo, o acar, a marmelada, os couros e o gado. Se o comrcio externo estava prejudicado pela dificuldade de transportes, pela falta de produo agrcola e pela diminuio do ouro, o comrcio interno tambm tinha os seus problemas, como a falta de moeda para troca de mercadorias, o baixo poder de com-pra dos moradores e a economia de subsistncia.Tudo isso contribua para o isolamento de Gois, que era terra de ningum. A Escravido

    O DESEMBARQUE DOS ESCRAVOS

    Em Gois foi utilizado, na minerao, a mo-de-obra escrava indgena(no incio) e ne-

    gra.Normalmente, a estimativa de vida til de um escravo nas minas no ultrapassava 7 anos de trabalho. Alm do mais, a m alimentao, os maus tratos(as vezes os escravos dormiam em p dentro dgua), as arbitrariedades e os castigos eram a forma usual de sujeio do escravo, como descreveu Debret...fazendo pouco exerccios, passa a mulher quase o dia inteiro sentada moda asitica, com parte superior do corpo inclinada para frente e apoiada nos rins; da imobilidade dessa

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    posio resulta uma adiposidade que se manifesta pela inchao excessiva das partes inferiores, o que visvel principalmente nos tornozelos....

    Com o declnio da minerao, os senhores de escravos no tinham mais como mant-los e nem recursos para adquirir novas peas. Tal fato levou ao abrandamento da escravido, via da miscigenao, fugas, deslocamento para outras regies, e da compra da liberdade. A criao de gado,nova atividade econmica, por suas prprias caractersticas levou tambm a um controle menos rigoroso do trabalho escravo. Portanto,quando foi assinado a urea, em 1888, quase no havia escravos, para serem libertos, em Gois. Um dos maiores redutos de escravos fugiti-vos(1736) em Gois a pequena cidade de Pilar de Gois, que foi tombada pelo Patrimnio Hist-rico e Artstico Nacional em 1954.

    Gois Dentro do Sistema Colonial

    No contexto histrico, desde a descoberta das minas, Gois pertencia Capitania de So Paulo. As insatisfaes administrativas existiam, foram as cmaras que se manifestaram em pri-meira linha contra os Capites Generais, representantes diretos da metrpole. Tambm havia o descaso com os problemas goianos, principalmente aps a decadncia da minerao, levou a al-gumas revoltas nesse perodo.

    Em 1821, ocorreu no norte de Gois o primeiro movimento separatista, comandado pelo padre Luiz Bartolomeu Mrquez, que estabeleceu um governo provisrio na provncia de Cavalcan-te (tal insurreio foi reprimida por D. Pedro I ). Esse movimento foi fruto da insatisfao gerada pelos poucos benefcios recebidos e tambm pela chegada de lderes sulistas descontentes com governo central no norte do Estado. Apesar de o movimento separatista do norte de Gois ter fra-cassado, continuou vivo o ideal at a criao do Estado do Tocantins, em 1988. Mas esses movi-mentos no eram ricos em sentimentos nacionalistas, era do clero que se sentiam lesados em seus interesses.

    As conspiraes foram denunciadas e seus principais implicados receberam como castigo deportao para alm de 50 lguas da capital de Gois. Os grupos locais,com diferentes idias e com os mesmos objetivos o poder, entraram novamente em choque. Houve at mesmo quem falasse em ideal republicano. No entanto, a situao foi dominada por conchavos polticos entre famlias ricas e influentes de Gois e Meia Ponte, sempre coerentes com a ordem constituda, des-de que ela lhes oferecesse a direo da futura Provncia.

    Aps vrios choques administrativos, Gois conseguiu sua independncia no dia 9 de maio de 1748 realizada por D. Joo V (que passou a ser valida em 1749), influenciado pela Guerra dos Emboabas(1708-09),tendo como primeiro governador, enviado de S.P., D. Marcos de Noronha Conde dos Arcos, ex-governador de Pernambuco. O Governador era responsvel pela administra-o, pela aplicao das leis e pelo comando do exrcito. A justia ficava a cargo do Ouvidor e a arrecadao dos impostos sob responsabilidade do Intendente.

    As primeiras medidas de Marcos de Noronha foram: Restrio para conter despesas das ja-zidas que estavam em decadncia, substituio da capitao pelo quinto, cobrados nas novas casas de fundio construdas em Vila Boa e So Flix. Alm disso, como forma de combater o contra-bando, tambm expulsou os ourives de Vila Boa.

    Os sucessores de D. Marcos de Noronha, tanto Jos Xavier Botelho Tvora quanto Joo de Manuel de Melo, pouco fizeram para melhorar a situao da capitania. Este ltimo tentou, sem sucesso, ativar a navegao dos rios Araguaia e Tocantins. Jos de Almeida Vasconcelos, o baro de Mossmedes, assumiu o governo em 1772 e preocupou-se em estimular o desenvolvimento de

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    outras atividades na capitania, tais como a agricultura e a pecuria. Mais tarde, governou Lus da Cunha Meneses, que conseguiu abrir a navegao do Araguaia, melhorando, ainda que pouco, a comunicao de Gois com outras capitanias.

    A decadncia da minerao refletiu-se no esvaziamento dos ncleos urbanos, dispersando a populao, parte dela retornando paras as capitanias de origem, para o litoral, onde era mais fcil garantir os meios de sobrevivncia. Os que ficavam tinham a alternativa de tentar a sorte em busca de novas jazidas ou em outras atividades, sendo que cresciam rapidamente em importncia a agricultura e a pecuria, que tambm atraam interessados de outras regies. Com a pecuria, novos arraiais surgiram, entre eles Curralinho(atual Itabera), Campo Alegre(pouso de tropeiros Os vendeiros de beira de estrada forneciam provises e pouso para os tropeiros. Muitos arraiais se formavam em torno desses estabelecimentos. -- ), Ipameri, Catalo, Posse, Porto Real e outros.

    At 1809, havia em Gois apenas uma ouvidoria (OUVIDOR: no perodo colonial, o juiz posto pelos donatrios ou antigo magistrado com as funes do atual juiz), ou seja, uma comarca. Somente desse ano em diante que passaram a ser duas: uma para o norte e outra para sul. O provedor, importante funcionrio real presente em todas as capitanias, em Gois, acumulava tam-bm a funo de diretor geral dos ndios, criada em 1774.

    Na passagem do sculo XVIII para o XIX, Gois perdeu territrios para o Maranho, Minas Gerais(as terras de Arax e Desemboque, que hoje fazem parte do Tringulo Mineiro) e Mato Gros-so, que pretendia receber as terras entre o Araguaia e o Rio das Mortes, alm de reas na regio do Rio Pardo, de Coxim e de Santana do Paranaba. A sociedade colonial goiana

    A populao era muito variada, tanto etnicamente como em sua condio socioeconmica, ou seja, classe alta e classe baixa (... Pode-se melhor constatar o luxo dos vesturios aos domin-gos e dias santificados, quando todos exibem o que de mais poderoso tm. Nesses dias, vem-se freios de cavalos e estribos de prata, sendo o animal coberto com uma manta de pele de ona. Os brancos aparecem usualmente com uniforme, distino qual quase todos tm direito por ocupa-rem postos na Guarda Nacional. No modo de viver, tudo como antigamente. Em regra, a riqueza era acumulada por indivduos isolados, que depois viviam regaladamente, mas para cada um des-ses, podiam-se contar cinqenta mendigos entre o povo... Adaptado de POHL, J. E. ). Na falta de mulheres brancas, a unio com as ndias era costume predominante, geralmente no-oficializado.

    O nmero de escravos africanos era bastante superior ao nmero de homens livres. Estes, por sua vez, eram mestios, mamelucos e mulatos( ...Eles se vestem com tecidos grosseiros de algodo ou l, fabricados em casa. No h homem que no deseje ter um traje apropriado para os dias de festas, nem mulher que no queira ter um vestido de boa qualidade, um colar, um par de brincos, uma de l, um chapu de feltro. Tais mercadorias no so encontradas nas pouqussimas e mal providas lojas que ainda existem em Santa Luzia, mas o pouco dinheiro que ainda circula gasto em outras regies. Alguns agricultores esto to empobrecidos que passam meses comendo alimentos sem sal; quando o vigrio aparece para confessar as mulheres de uma mesma famlia, vo se apresentando, uma por uma, usando o mesmo vestido... Adaptado de SAINT-HILAIRE, A.).

    Proveniente de diversas regies do Brasil, aventureiros atrs de minas, comerciantes ines-crupulosos, procurando enriquecimento fcil (e eram os que mais o conseguiam), negociantes con-trabandistas, tropeiros e at alguns portugueses vindos da Metrpole.

    Muitos criminosos procurados refugiavam-se nos arraiais goianos para fugir da Justi-a(Gois era terra de ningum), mais presente na rea litornea e nas vilas mineiras mais bem estruturadas.Tudo contribua para o isolamento de Gois. O transporte das tropas do Rio de Janeiro era oneroso, devido s distncias, ao tempo gasto e perda de produtos ao longo da viagem; ten-tou-se a navegao para minimizar problema, mas de novo a distncia era um grande problema, alm dos ataques indgenas, do tempo gasto nas viagens causado pelo isolamento de Gois e dos gastos com pessoal. Isso resultou no crescimento da violncia e do sentimento de insegurana.

    Alm da violncia, que era uma constante na vida dos goianos, as doenas ceifavam milha-res de vida de tempos em tempos. Eram comuns as epidemias de varola e as febres que dificil-mente poupavam algum dos que eram por elas acometidos. Nem mesmo o investimento de capital externo no final do sculo XIX, garantiu o xito do comrcio pelos rios Araguaia e Tocantins.Por tudo isso Gois estava condenado ao isolamento. Vrias foram as conseqncias para Gois com a crise do setor mineratrio, assim relatadas por Palacin:

    Diminuio da importao e do comrcio externo; Menos rendimento dos impostos; Diminuio da mo-de-obra escrava(pelo seu alto custo); Estreitamento do comrcio interno, determinando a subsistncia; Esvaziamento dos centros urbanos e ruralizao; Empobrecimento e isolamento cultural;

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    Transio da Economia Mineratria para a Agropecuria um perodo de transio, tanto do ponto de vista econmico - da minerao para a agrope-curia - quanto do ponto de vista poltico passagem do sistema colonial para o sistema imperial. Contudo, mantm-se as estruturas da sociedade goiana. Esse momento de transio, com todas as suas incertezas, relatadas pelos viajantes, deixa algumas impresses comuns sobre Gois nas pri-meiras dcadas do sculo XIX, como:

    Precrias condies das vias de comunicao e infra-estrutura para os viajantes; Longas distncias; Crise no abastecimento de vveres; Despovoamento da regio, com um processo de ruralizao; Escassez de mo-de-obra; Comrcio de pequeno porte e estagnado; Pecuria como principal atividade de exportao.

    Isto posto, podemos concluir que ... Gois, na primeira metade do sculo XIX, terra em

    que vivem populaes abandonadas, isoladas e iletradas, mantidas margem da civilizao capita-lista. A crise do ouro fez com que Gois regredisse a uma economia de subsistncia, com a agri-cultura e a pecuria. A estrutura social goiana dessa poca apresentava-se bem definida: a elite, formada por grandes fazendeiros, altos funcionrios da Coroa e alguns ricos comerciantes; os ho-mens livres, como pequenos proprietrios e pequenos comerciantes, vaqueiros, sapateiros, entre outros; e os pobres mulatos, negros livres, aventureiros, fugitivos, mendigos , estes sim, a maioria da populao.

    O nmero de escravos era muito maior do que o nmero de pobres, porm eles eram con-siderados mercadorias, e no como pessoa(na poca da Lei urea, em 1888, a quantidade de es-cravos era muito pequena e ela quase no afetou a sociedade goiana). Nessa sociedade, segundo documentos da poca, as pessoas que tinham algum estudo eram uma minoria insignificante(mas as que eram estudadas tinham um certo privilgio e eram chamadas de doutores). A situao era to crtica que em 1810, por exemplo, existiam apenas 14 professores em toda a Capitania de Goi-s, sendo que trs em Vila Boa, dois em Meia Ponte e os demais dispersos pelas vilas goianas. Havia uma nica livraria em toda a Capitania, instalada em Meia Ponte.

    E o papel das mulheres nessa sociedade, era de ser sempre dominadas pelos homens. Vi-viam praticamente confinadas s suas casas e durante o dia s se viam homens nas ruas. Como as mulheres no recebiam educao, sua conversa era desprovida de encanto. Eram inibidas e estpi-das, e se achavam praticamente reduzidas ao papel de fmeas para os homens.

    Geralmente os casamentos eram arranjados, e as mulheres eram sempre mais jovens do que os homens, ou seja, ainda crianas. Era freqente que, alm da prpria esposa, os homens da poca tivessem amantes e filhos com elas. Estes filhos eram os bastardos, e ficavam margem da sociedade, e quase sempre, no eram reconhecidos pelos pais. Tentativas governamentais de melhorar a economia de Gois

    Como medidas salvadoras, o Prncipe Regente D. Joo, tendo em vista seus objetivos

    mercantilistas, passou a incentivar a agricultura, a pecuria, o comrcio e a navegao dos rios. a) Foi concebida iseno dos dzimos por espao de tempo de dez anos aos lavradores que, nas

    margens dos rios Tocantins, Araguaia e Maranho fundassem estabelecimentos agrcolas; b) Deu-se especial nfase a catequese e civilizao do gentio com interesse em aproveitar a

    mo-de-obra dos ndios na agricultura; c) Criao dos presdios s margens dos rios com os seguintes objetivos: proteger o comrcio,

    auxiliar a navegao e aproveitar o trabalho dos nativos para cultivar a terra; d) Incrementou-se a navegao do Araguaia e Tocantins; e) Revogou-se o alvar de 5 de Janeiro de 1785 que proibia e extinguia fbricas e manufaturas

    em toda a colnia. Esta revoluo foi seguida de estmulos a agricultura do algodo e criao de fbricas de tecer.

    Ainda na primeira metade do sculo XIX, os caminhos para os sertes de Gois tambm eram enfrentados com grandes riscos e dificuldades pelos comerciantes mineiros de gado. As rotas e as reas de criao de gado em Minas Gerais haviam se modificado no sculo XIX. Por volta da dcada de 1820, segundo informaes da presidncia da provncia, novos pecuaristas haviam se estabelecido em Uberaba e no Prata, na regio do Tringulo mineiro. Posteriormente, esses muni-cpios viriam a se tornar os principais centros criatrios de Minas, alm de compradores de animais do serto mineiro, do Mato Grosso e de Gois.

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    O comercio de gado procedente de Gois se desenvolveu a partir de meados do sculo XIX, alcanando um grande volume para o perodo. Esse gado era exportado, o destino principal eram os mercados fluminenses e os abatedouros do Rio de Janeiro, para o abastecimento dessa cidade e outras regies do Sudeste.

    O presidente da cmara da vila de Oliveira, Vigilato Jos Bernades, que fora um dos mais importantes marchantes mineiros, narrou como uma aventura a sua primeira tentativa de comerci-alizar o gado daquelas provncias vizinhas no ano de 1847. A sua tropa teve de enfrentar pssimos caminhos e abrir picadas(roados no meio do mato) em regies inspitas, temendo a ameaa dos ndios da tribo dos coroados(ndios que usavam coroas de plumas), a peste bovina e a falta de vveres ao longo do trajeto(entre Minas e Gois).

    A regio Centro-Oeste(na poca formada pelas provncias de Gois e Mato Grosso), em 1872, mostrava-se ainda pouco povoada, comportando apenas 2,2% da populao brasileira, com um contingente escasso de escravos, correspondente a 7,8% dos seus habitantes(Gois era menos da metade desses dados). Aps o declnio das atividades mineradoras em fins do sculo XVIII, a reconexo dessa rea(sudeste goiano) economia do Sudeste do Brasil se fez por meio da agricul-tura de alimentos e a pecuria, que se assentaram principalmente no trabalho livre no assalaria-do(parceiros e meeiros). A pequena lavoura de carter campons, cultivada com o trabalho famili-ar, conviveu com a agropecuria, que empregava agregados e camaradas trabalhadores que recebiam como remunerao a cesso de lotes de terras para retirarem sua auto-subsistncia bem como a pecuria, baseada no sistema de quarta, o qual remunerava o vaqueiro com a quar-ta parte das crias do rebanho de houvesse cuidado.

    O avano da pecuria extensiva, voltada para o mercado do Sudeste, contribuiu para a r-pida ocupao do sul de Gois, que passou a concentrar mais da metade da populao da provncia em 1872. A montagem dessa pecuria mercantil goiana, foi promovida pelo deslocamento de capi-tais(oriundos do caf) e famlias de Minas e So Paulo, desde o incio do sculo XIX, com a ocupa-o territorial por grandes unidades pecuaristas(coronis).

    As condies scio-econmicas do Brasil no possibilitaram uma ao administrativa satis-fatria em Gois, durante os sculos XVIII e XIX. A poltica goiana, por outra parte, era dirigida por Presidentes impostos pelo poder central(Capital). Somente no fim do Segundo Reinado(sc. XIX ), que a administrao de Gois passou a ser comandada por polticos(famlias de coronis) lo-cais:Rodrigues, Jardins, Fleury, Bulhes e Caiados. Panorama Cultural

    A educao formal(desligada da igreja), no sculo XIX em Gois inexistia. Em 1830 cria-

    do o primeiro jornal goiano, A MATUTINA MEIAPONTENSE. Em 1846 cria-se o Liceu de Gois, onde o ensino secundrio deu seus primeiros passos. As famlias mais ricas faziam seus estudos em Minas Gerais ou So Paulo. A Repblica em Gois

    Gois acompanhou os movimentos liberais, no Brasil durante e sculo XIX, a abolio da

    escravido no afetou a vida econmica da Provncia. Pois o nmero de escravos era muito peque-no em comparao a outras regies do Brasil. Aps a decadncia da minerao goiana a escravido foi sendo substituda, gradativamente, pela prtica do trabalho de parceiros e meeiros, diminuindo progressivamente o cativo goiano.

    A fidelidade partidria e a firmeza de convico de Guimares Natal eram, realmente ex-cepcionais para a poca, pois, na poltica partidria de Gois a figura usual era o camaleo, ou seja, adaptar-se ao governo central. Guimares fez renascer o Jornal Bocayuva fundado por Manu-el Alves de Castro atravs do qual batalhou pela divulgao de seus ideais, na poca denominados subversivos, contrrios aos ideais republicanos. Em 1887 fundou o Brazil Federal com os mesmos objetivos. Tinha como lema: Quanto pior melhor. Em Gois as idias republicanas no encontra-ram muito apoio. Na capital existam apenas 20 republicanos, no interior s existia um Clube Repu-blicano em Formosa, originado de rixas no seio do Partido Conservador em 1888.

    A notcia da proclamao s chegou aqui a 28 de novembro, confirmada pelo Correio Oficial a 1o de dezembro. Era presidente do nosso Estado o Dr. Eduardo Augusto Montadon. Guimares Natal foi aclamado Presidente do Estado na Praa Pblica. Nessa ocasio ele mesmo sugeriu uma junta, que assim se compunha: Joaquim Xavier Guimares Natal, Jos Joaquim de Souza e Major Eugnio Augusto de Melo. Em conseqncia surgiram questes administrativas e polticas. O povo

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    continuava esquecido e usado por hbeis polticos. bom lembrar que Guimares Natal cunhado dos Bulhes e logicamente continuava tudo na mesma.

    Aps a Proclamao da Repblica, Gois teve duas Constituies: a dos Bulhes e a dos Fleury. Aps renncia de Deodoro prevaleceu a Constituio de 1o de julho de 1891, que era a Constituio dos Bulhes, apoiados por Floriano Peixoto. A transformao do regime monrquico em republicano ocorreu sem grandes dificuldades,mas a administrao foi substituda pelo poder local(coroneis). Os Bulhes, dirigentes do partido liberal aps o 15 de novembro, apoiados pelos republicanos, tornaram-se os donos do poder em Gois. Felix de Bulhes, o Castro Alves Goiano

    As sociedades abolicionistas de Gois tornaram maior impulso na ltima dcada de 70

    (sculo XIX).A Lei urea no encontrou nenhum negro cativo na cidade de Gois. A notcia da abolio chegou no dia 31 de maio. No causou surpresa porque a muito era esperada. A Lei libertou em toda a Provncia goiana aproximadamente 4.000 escravos, segundo o historiador Luis Palacin. Nmero insignificante para uma populao que j alcanava a cifra superior a 200.000 habitates. Pelo exposto, vimos que a abolio em Gois no deve ter afetado a economia agropastoril. Transio do Regime de Governo em Gois

    Os efeitos do 15 de novembro em Gois prenderam-se s questes administrativas e pol-

    ticas. Os fatores scio-econmicos e culturais no sofreram abalos: o liberto continuou flutuante caminhando para o marginalismo social; as elites dominantes continuaram as mesmas; no ocor-reu a imigrao europia; os latifndios continuaram improdutivos, reas imensas ainda por povo-ar e explorar; ocorria a decadncia econmica, sem se pensar em modificar a estrutura de produ-o; a pecuria e a agricultura eram deficitrias;a educao estava em estado embrionrio; o povo esquecido em suas necessidades, mas usado pelos hbeis polticos, que baixavam vrios decretos em seu nome. Crises Polticas e Elites Dominantes Bulhes e Jardim Caiado

    Os Bulhes continuaram donos do poder como na fase na qual ascendiam os liberais na

    rea nacional. Agora, com maior margem de mando, graas autonomia do Estado oferecida pelo novo regime Federao. Com o Marechal de Ferro (Floriano Peixoto) no poder central, os Bulhes consolidaram seu domnio na poltica de Gois. O grande lder desta oligarquia foi Jos Leopoldo.

    No entanto, em 1908, em decorrncia da sucesso senatorial, Gois viveu clima de intranqilidade poltica, desaguando numa revoluo(1909).Nesta luta saram vitoriosos, mais uma vez, os Bulhes, a esta altura apoiados por Eugnio Jardim e Antnio Ramos Caiado, que posteriormente, se tornaram fortes como polticos no s na rea regional como na nacional.

    Foram desentendimentos entre o grupo bulhnico e os Jardim Caiado e o apoio da poltica de Hermes da Fonseca a estes, que levaram a oligarquia dos Bulhes derrocada. A partir de 1912, a elite dominante na poltica goiana, vai ser a dos Jardim Caiado, popularmente conhecido por Caiadismo. No seu incio os documentos registram poltica Eugenista. A poltica de Hermes da Fonseca denominou-se: Poltica de Salvao, consistia em depor os grupos dominantes em vrios estados, revestindo de poderes polticos elementos de farda(CORONEIS).

    Em Gois, na disputa do poder poltico o Coronel reformado Eugnio Jardim, que, por ser cunhado dos Caiados, dividiu com eles o mandonismo estadual. Aps sua morte, Antnio Ramos Caiado (Tot Caiado) tornou-se o verdadeiro chefe poltico de Gois at 1917, depois ele foi substitudo por Eugnio Caiado, que governou at 1930 .Seus contemporneos afirmam que dirigiu Gois como se fora uma grande fazenda de sua propriedade. Somente foi afastado do poder quando o movimento renovador de 1930 tornou-se vitorioso. Em Gois, seu grande opositor foi o mdico Pedro Ludovico Teixeira. Gois Antes da Revoluo de 30 e Estrada de Ferro

    As trs primeiras dcadas do sculo XX no modificam substancialmente a situao a que

    Gois regredira como conseqncia de decadncia da minerao no fim do sculo XVIII. Continuava sendo um Estado isolado, pouco povoado, quase integralmente rural.

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    Com o propsito de dotar o estado de Gois de reais condies de transporte ferrovirio, visando integr-lo ao resto do Brasil, surge em 1873 um decreto do governo Imperial para que tal situao fosse concretizada. Dessa maneira, o ento presidente da provncia goiana Antero Ccero de Assis foi autorizado a contratar a construo de uma estrada de ferro para ligar a cidade de Gois, ora capital de Gois, margem do rio Vermelho, partindo da estrada de ferro Mogiana, em Minas Gerais.

    A construo da Estra de Ferro foi o primeiro passo na urbanizao e na expanso do capitalismo em Gois no incio do sculo XX. Em 1886 a Estrada de Ferro Mogiana chegou at Araguari (MG). Os trabalhos da construo da da Estrada de Ferro de Gois tiveram incio no comeo do sculo XX. J em 1912 chegavam cidade goiana de Goiandira (onde foi inaugurada em 1913).

    At o ano de 1952, a ferrovia percorria com seus trilhos, aproximadamente, 480 quilmetros, chegando ao seu ponto mais distante em Goinia. No total, 30 estaes estrada, onde se destacavam as de: Araguari, Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligao com a rede mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenho Balduno, Vianpolis, Leopoldo de Bulhes e Goinia.

    Atualmente, o territrio goiano servido por 685 Km de trilhos, pertencentes Ferrvia Centro-Atlantica, subsidiria da Cvrd e sucessora da antiga Estrada de Ferro de Gois e da RFF. Essa empresa ferroviria percorre com seus trilhos a regio sudeste do Estado, passando por Catalo, Ipameri, Leopoldo de Bulhes, chegando at Anpolis (Porto Seco), Senador Canedo e indo at a Capital Federal. A Centro-Atlantica promove o escoamento de boa parte da produo goiana (soja, lcool, accar e aucar). Regime Propriedade: Classes Sociais

    Inexistia uma classe de pequenos proprietrios dedicados lavoura ou pecuria. Em todo

    o estado encontramos as propriedades em mos de poucas famlias aparentadas entre si. Dentro dessa grande propriedade, trabalhavam e viviam seus dependentes; sitiantes, vaqueiros, meeiros, camaradas, jagunos, etc., num sistema patriarcal, herdado do perodo colonial. A diferena mais profunda encontrava-se no prestgio e no poder. No existindo uma economia monetria regulamentada pelo poder central. Trabalhar para algum no significava simplesmente um contrato de servio prestado e salrio recebido, era principalmente o estabelecimento de um lao pessoal, de confiana mtua e de dependncia pessoal.

    O empregado tomava-se assim homem do patro, num sentido real, embora sem o formalismo e sem a ideologia do antigo feudalismo. Quase poderamos dizer que o governo s exercia sua jurisdio na capital; os coronis, o vigrio e o juiz (este ltimo mais dependente do governo) eram mantenedores da ordem social. As distncias, a pobreza de meios econmicos, a carncia de um corpo de funcionrios adequado, so as causas principais deste enfraquecimento do poder central do Estado. A Revoluo de 30 e a Construo de Goinia

    A Revoluo de 30 embora sem razes prprias em Gois, teve uma significao profunda

    para o Estado. o marco de uma nova etapa histrica para o Estado. Esta transformao no se operou, imediatamente, no campo social, mas abalou o campo poltico drasticamente (fim do caia-dismo e incio do ludoviquismo). No foi popular nem sequer uma revoluo de minorias com obje-tivos sociais. A conscincia social no havia atingido tal ponto e faltava organizao de classe. Foi feita por grupos heterogneas da classe dominante descontente (MG e RS), de militares (grupo tenentista) e das classes mdias, sem uma ideologia determinada e coerente, aglutinados por sua repulsa ordem poltica estabelecida na Repblica Oligrquica.

    A Revoluo no provocou nenhuma mudana social. Mas sem dvida trouxe uma renova-o poltica, com transformaes profundas e decisivas no estilo de governo. O governo passou a propor como objetivo primordial o desenvolvimento do Estado de Gois, que foi marcado pela construo de Goinia.

    O principal objetivo do governo provisrio de Getlio Vargas (1930-34) foi o esfacelamento do poder local dos coronis e o fortalecimento do Estado Nacional. A construo de Goinia, pelas energias que mobilizou, pela abertura de vias de comunicao que a acompanharam o crescimento, e pela divulgao do Estado no pas. E isso foi o ponto de partida dessa nova etapa histrica.

    A participao efetiva de Gois na Revoluo limitou-se ao pessoal do Dr. Pedro Ludovico Teixeira. Pedro L. Teixeira nasceu na cidade de Gois(encravada nas encostas da Serra

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    Dourada e dos morros So Francisco, Lajes e Cantagalo, a Cidade de Gois, antiga Vila boa, resiste memria do tempo, mostrando aos olhos de hoje suas bicentenrias caladas de pedras e casas coloniais de parede-meia, naquela solidariedade que se estende aos fundos dos pomares, sempre alimentados por becos ancestrais), ento capital do estado de Gois, em 23 de outubro de 1891, filho do mdico Joo Teixeira lvares e de Josefina Ludovico de Almeida. Cursou o 2 grau no Liceu de Gois. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e bacharelou-se em Medicina.

    Retornou a Gois em maro de 1916, fixando residncia em Bela Vista, onde comeou a clinicar. Em 1917 mudou-se para Rio Verde(GO) e no ano seguinte casou com Gercina Borges Tei-xeira, que era filha do senador Martins Borges. Tiveram seis filhos: Mauro, Lvia, Pedro Ludovico Jnior, Paulo, Antnio e Goianio Borges Teixeira. Pedro Ludovico foi um dos fundadores do jornal O Serto, mais tarde denominado O Sudoeste. Durante sete anos tinha lutado na oposio ao coro-nelismo em Rio Verde. Ao articular-se o movimento revolucionrio, ele entrou no esquema man-tendo-se em contato com os centros revolucionrios de Minas (como na Coluna Mineira de 27 de outubro de 1930). Desmantelado o movimento, Pedro Ludovico foi preso por 14 dias. Quando ele estava sendo conduzido para Gois, juntamente com os demais presos, chegou a noticia da vitria da Revoluo de 1930.

    Aps a Revoluo de 30, Gois foi governado por Carlos Pinheiros Chagas entre 27 e 30 de outubro de 1930, quando assumiu uma Junta Provisria formada por Mrio Caiado, Pedro Ludovco e Emlio Francisco Pvoa(de 30 de outubro a 23 de novembro de 1930 ). E em 23 de novembro de 1930 Pedro Ludovico Teixeira foi indicado, por Getlio Vargas, como Interventor de Gois. Governo de Pedro Ludovico Teixeira (1930-45)

    Pedro Ludovico, no cerrado goiano (onde hoje o centro de Goi-nia), operrios trabalhando na construo de Goinia (repare nas ms instalaes) e a construo

    Mudana da Capital

    A mudana da capital de Gois estava inserida no plano de Getulio Vargas, a Marcha para

    o Oeste, que visava entre outros aspectos: A ocupao do interior do Brasil com a ao de imigrantes, a valorizao das terras atravs de sua distribuio posseiros, defender o territrio

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    nacional (atravs do nacionalismo), expandir o capitalismo que estava centrado somente no Sudeste do pas, diminuir e eliminar a oposio das oligarquias locais(coronis).

    Havia tambm, o desejo ampliar e incentivar a economia agro-exportadora de Gois e diminuir as diferenas econmicas entre as regies Sudeste e Centro-Oeste. Para isso, Getulio Vargas precisava de uma base de apoio poltica goiana, foi quando indicou Pedro Ludovico Teixeira como interventor de Gois, j que ele era inimigo poltico dos Caiados.

    Av. Gois

    Para governar de acordo com os propsitos de Vargas, Pedro s teve uma alternativa que foi a transferncia da capital, para um local distante dos mandos e desmandos da famlia dos Caiados, que controlava a regio da cidade de Gois, desde 1912, como uma de suas propriedades rurais particular. Contudo veio a idia da mudana da capital goiana. Essa mudana s foi possvel com o apoio poltico econmico e militar do governo federal.

    Pedro Ludovico e Getlio Vargas(no incio da construo de Goinia) e a Av. Gois em 1934.

    Etapas da Construo de Goinia (Feita Por Pedro L. Teixeira)

    O Brasil v Goinia Nascer 1933...1942

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    Trechos de um relatrio que Pedro Ludovico envia a Getlio Vargas, em 1933, com o obje-tivo de convencer o presidente da importncia de mudar a capital do Estado da cidade de Gois para outra regio. Neste relatrio Pedro Ludovico mostra os problemas da antiga capital de Gois.

    De: Pedro Ludovico Para: Getlio Vargas Rede de esgotos A cidade de Gois se assenta toda ela em terreno rochoso, de perfurao difcil, quase im-

    possvel, porque exige o emprego de dinamite. Em muitos pontos urbanos, mesmo nos centrais, sobrepondo-se ao nvel das ruas, se vem pedras enormes que no podem ser removidas nem rebentadas. No so susceptveis de remoo porque nenhuma fora dominada pelo homem as removeria. E no podem ser rebentadas porque as cargas de dinamite que seriam necessrias es-tenderiam os efeitos danificadores de suas exploses s habitaes vizinhas. So salincias visveis do colossal rochedo calcrio em que foi plantada a velha cidade do Anhanguera. A perfurao de cisternas tarefa a um tempo temerria e penosa, porque a coeso da rocha s capitula mediante a interveno estilhaadora da dinamite. (...)

    De onde se conclui quanto difcil , sobretudo, quanto dispendiosa seria a construo de re-de de esgotos nesta capital. E como pode uma cidade ser limpa, higinica, habitvel sem possuir um sistema de galerias subterrneas para o esgotamento dos detritos, guas servidas e matrias fecais? E mais: se realizasse a captao e a canalizao de gua em volume suficiente para aten-der s necessidades da populao da cidade de Gois como se poderia construir, com os poucos recursos da municipalidade, ainda que auxiliada pelo Estado, a obra complementar, no caso a rede de esgotos, que, a ser traada e realizada como a exigem as condies do centro urbano, imporia um dispndio talvez superior a 2.000 contos? Houve um tcnico que orou, em tempos, os servios de gua e esgotos da capital em 3.000 contos, soma absurda se atentarmos para a circunstncia de que a populao da capital, toda centralizada numa pequena rea, compe-se apenas de 8.256 habitantes. Falta de gua

    O problema do abastecimento de gua permanece insolvel, tal como em 1890, tal como sempre. Toda a gua potvel, consumida pela populao da Capital, transportada na cabea em potes fornecida pelas duas nicas e pobres fontes existentes, que ainda so as mesmas manda-das levantar, a 60 anos, pelo capito e general d. Jos de Almeida Vasconcelos a histrica Fonte da Carioca, antigamente chamada Cambaba, construda em 1772, no primeiro ano, e no menos histrico Chafariz do Largo da Cadeia, construdo em 1778, no ultimo ano de governo daquele capi-to(...) . muito comum, em todas as cidades que no tm gua canalizada, o expediente primiti-vo de recorrer a populao abertura de cisternas para se prover de gua potvel.

    Nesta capital, nem desse recurso se pode valer a populao, ainda que a maioria das casas tenha cisterna. que aqui a gua de poo absolutamente impotvel, devido abundancia de carbonato de clcio que lhe adicionam as rochas calcrias que formam o subsolo da cidade. Rara a cisterna que no tenha aberto na pedra viva, a dinamite. Em alguns pontos centrais do permetro urbano, as guas dos poos no so utilizados nem para banhos, porque, alm do carbonato de clcio, contm outras substncias que as tornam viscosas, neutralizam a ao qumica do sabo e provocam sensao desagradvel na epiderme.(...)

    A contingncia secular de necessitar a populao de um exrcito de baldeadores de gua, deu lugar a que surgisse uma estranha instituio nitidamente local o bobo. Caracteriza-se esta instituio pela tendncia comum, verificvel em muitas das famlias goianas, de manter cada uma delas um bobo mentecapto, idiota, imbecil para o servio de transportes domsticos, especial-mente o de gua. H numerosas famlias que se beneficiam dos servios desses deserdados da sorte, transformando-os em escravos irremissveis, a troco dos restos de comida e de um canto para dormir, no raro entre os animais domsticos. Contam-se s dezenas, nesta capital, os infeli-zes classificveis no extenso grupo patolgico dos dbeis mentais, desde os imbecis natos at os cretinizados pela misria fsica ou adquiridas, os quais, como verdadeiras mquinas, se esbofam nos trabalhos caseiros das famlias que os acolhem.

    Entre os elementos mais indispensveis fundao e desenvolvimento de um centro urba-no figura a gua. Sem tal elemento ao alcance dos habitantes de uma cidade, a qualquer hora do dia ou da noite, nos mais elevados pavimentos dos prdios, ela deixa de realizar um dos principais requisitos estabelecidos pela vida moderna. O consumo dgua tem crescido nos ltimos anos nas aglomeraes humanas civilizadas. que as cidades tendem a ser cada vez mais limpas. Alm do aumento do seu consumo no interior das habitaes, verifica-se tambm um maior gasto nos lo-gradouros pblicos nos jardins e parques.(...)

    No alimentamos sentimentos contrrios velha capital. Nascido aqui, criado aqui, educa-do no Liceu de Gois, preso portanto cidade pelos laos afetivos que se estabelecem geralmente entre o homem e a sua terra natal, se consideraes de ordem sentimental pudessem influir em

    nosso nimo, relativamente ao caso da mudana, claro que a

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    nossa opinio seria contrria mesma, tanto mais pelo motivo de que ela fere profundamente os interesses de muitos membros de nossa famlia, assim como os de numerosos amigos. O local escolhido

    O local que se destina fundao da nova capital foi escolhido por comisso composta dos senhores d. Emanuel Gomes de Oliveira, revmo. Arcebispo de Gois, cel. Pirineus de Sousa, con-ceituadssimo oficial no Exrcito, comandante do 6o Batalho de Caadores, de Ipameri, dr. Laude-lino Gomes, mdico, diretor-geral do Servio Sanitrio do Estado, sr. Antonio Augusto de Santana, comerciante estabelecido nesta capital, e dr. Colemar Natal e Silva, advogado, o qual funcionou como secretrio da comisso. (...) Clima

    Tratemos agora do clima, o qual se pode classificar de excelente, a julgar pelo que observei e se me informou a respeito. O clima determinado principalmente pelos seguintes elementos: latitude, altitude, direo dos ventos, condies topogrficas, geolgicas e hidrogrficas do terreno. Se a latitude baixa em Campinas, influindo tal circunstncia para as temperaturas altas, em compensao a altitude nos lugares de cota inferior superior a 700 metros, o que influi sobremo-do para que a coluna termomtrica indique, nos dias mais quentes, graus perfeitamente suport-veis.(...)

    Condies topogrficas

    Com relao s condies topogrficas, nada, de fato, pude observar contra a escolha feita. Os terrenos se estendem em torno da velha e pequena cidade de Campinas, apresentando at pontos bem afastados, as mais suaves ondulaes. Os acidentes topogrficos nenhuma dificuldade oferecem que se oponha ao traado moderno. As avenidas e ruas podem ser orientadas do modo mais favorvel sem que isso d lugar a dispendiosas obras de terraplanagem. (...) A vitalidade da idia

    H outros fatores responsveis pelo atraso de Gois. Neg-los, para atirar toda a carga velha capital goiana, seria atitude unilateral e vesga, que jamais perfilharamos. Mas o fator fla-grante, o que se apresenta em primeiro plano, o imediato , inquestionavelmente, a incapacidade da capital atual para impulsionar o progresso do Estado. E como o poder fazer uma cidade que, com duzentos e tantos anos de existncia, apoiada na situao mpar de capital, ainda hoje no existe paralelo, j no dizemos com as outras capitais, porque isso pareceria gracejo, mas com qualquer cidadezinha obscura, que possua 10.000 habitantes, gua canalizada, rede de esgotos e casas de diverses? Como poderia dirigir e acionar o desenvolvimento do colossal territrio goiano uma cidade como Gois, isolada, trancada pela tradio e pelas prprias condies topogrficas ao progresso, e que em meio sculo no d um passo para a frente, no se mexe, no se remoa, no resolve um s dos seus problemas? (...) Eis porque, arrostando trabalhosa mas resolutamente as mil dificuldades previstas e imprevistas, nos encontramos tte tte com o problema da mudana da capital, disposto a resolv-lo e convencido de que o resolveremos, tanto nos encorajam as suas justas esperanas.

    A cidade de Gois foi sede poltica da Capitania, da Provncia e do Estado de Gois, desde 1749 at 1930, quando ocorreu a transferncia para Goinia.Mas Pedro Ludovico no foi o primeiro governante a pensar na mudana da capital; em 1754, quando o Brasil ainda era colnia de Portu-gal, o governador Conde dos Arcos(D. Marcos de Noronha), responsvel pela primeira administra-o de Gois naquela poca, escreveu ao governo portugus falando que seria melhor transferir a capital, j na categoria de Vila Boa desde 1736, para o Arraial de Meia Ponte(Pirenpolis). O Conde achava que a Vila tinha problemas climticos e de comunicao. Mas o governo portugus no quis saber disso, pois para que ocorresse a transferncia era preciso bastante investimento.

    Em 1830, Miguel Lino de Morais, que foi o segundo presidente da Provncia de Gois no pe-rodo do Imprio, expressou seu desejo de fazer a mudana da capital para gua Quente, porque , de acordo com ele, esse era o local mais promissor, uma regio mais povoada e seu comrcio era mais intenso. Ao contrrio da capital que, segundo ele, tinha uma estrutura sanitria ruim e um sistema de transporte deficiente. Contudo, em 1890, Rodolfo Gustavo da Paixo, presidente do Estado, criticava a cidade de Gois e sua falta de infra-estrutura.Portanto, em 1891, surgiu um anteprojeto que indicava que a cidade de Gois continuaria como capital at que a Assemblia encontrasse meios de deliberar sua transferncia. Mas o que importa que Pedro Ludovico foi pri-meiro e o desejar e conseguir concretizar a mudana da capital para onde hoje Goinia.

    O interventor, na seqncia natural das diversas fases da iniciativa, continuava a tomar providncias a respeito da edificao da cidade. Em 20 de dezembro de 1932, foi assinado o Decre-to n 2737, nomeando uma comisso que, sob a presidncia de de Dom Emanuel Gomes de Olivei-ra, ento bispo de Gois, escolhesse o local onde seria edificada a nova Capital do Estado. O pare-

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    cer foi favorvel a campinas, nas proximidades de Serrinha. O relatrio da Comisso, depois de submetido ao parecer dos engenheiros Armando Augusto de Godi, Benedito Neto de Velasco e Amrico de Carvalho Ramos, foi encaminhado ao Chefe do Governo Estadual, apesar da forte cam-panha antimudancista.

    O Decreto n 3359, de 18 de maio de 1933, determinou que a regio, s margens do cr-rego Botafogo, compreendida pelas fazendas denominadas Crimia, Vaca Brava e Botafogo, no ento Municipio de Campinas, fosse escolhida para ser edificada a Nova Capital. Entre outras medidas, enumerava o ato que a transferncia se operasse no prazo mximo de dois anos.

    Dessa forma, nas proximidades de Anpolis, onde logo chegariam os trilhos da estrada de ferro, teve incio a construo daquela que viria a ser a cidade de Goinia. Designado o dia 27 de maio de 1933, para incio dos trabalhos de prearo do terreno, e com o lanamento da pedra fun-damental em 24 de outubro de 1933 e foi inaugurada em 1942.

    A 06 de julho de 1933 baixou um decreto encarregando o urbanista Atlio Correia Lima, re-presentante da firma carioca P. Antunes Ribeiro e Cia, da elaborao do projeto para a construo da nova capital de Gois, mediante o pagamento de Cr$ 55.000,00. Situado em regio de topogra-fia quase plana, o territrio surge como degrau de acesso s terras mais elevadas do Brasil Cen-tral. O rio Meia Ponte e seus afluentes, entre os quais se destaca o ribeiro Joo Leite, constituem a rede hidrogrfica de Goinia. Clima mesotrmico e mido. Temperatura mdia anual de 21,9 graus, devido a influncia de altitude.

    Formado na Sua e na Frana, de onde acabara de voltar, o urbanista Armando de Godoi assina em 1935 o plano diretor da nova capital, um projeto estilo monumental, baseado nos mesmos princpios adotados em Versailles, Kalrsruhe e Washington. O plano tinha como referencia o projeto original da cidade, idealizado em 1933, por outro urbanista, Atlio Corria Lima, tambm autor do projeto de prdios importantes, como o Palcio das Esmeraldas. Foi um grande falatrio: desvario dos modernistas planejar uma cidade para 15 mil habitantes, quando a antiga capital, dois sculos depois de fundada, contava com apenas 9 mil moradores.Topografia, zoneamento e sistema de trfego so os aspecto que norteiam o arrojado projeto. Destaque para a Praa Cvica, sede do Centro Administrativo, de onde se irradiam as grandes avenidas( Av Gois, Araguaia e Tocantins)

    A 24 de outubro de 1933 como homenagem Revoluo de 30 teve lugar o lanamento da pedra fundamental. A partir deste momento. a construo de Goinia progrediu rapidamente.

    A 7 de novembro de 1935 realizou-se a mudana provisria: o governador - Pedro Ludovco -deixou Gois, para fixar sua residncia em Goinia. Nesta data, em 1935, foi criado o municpio de Goinia, que teve seu primeiro prefeito, nomeado pelo governador Pedro Ludovico, Venerando de Freitas Borges.

    Em Gois ficaram ainda a Cmara e o Judicirio. A mudana definitiva, teve lugar em 23 de maro de 1937, pelo Dereto n 1816, quando os principais edifcios pblicos j estavam concludos, embora a cidade, do ponto de vista urbanstico, ainda se encontrasse em seus comeos.

    O Baismo Cultural s ocorreu a 5 de julho de 1942, em solenidade realizada no recinto do Cine-Teatro Goinia, com a presena de representantes do governo federal, dos estados e de todos os municpios goianos.

    Planejada para 50 mil habitantes, Goinia tem hoje uma populao 1.083.396 habitantes, de acordo com os dados do IBGE, com base no Censo realizado em 2000. Pedro Ludovico, a partir de 1935, exerceu constitucionalmente o cargo de governador at o golpe do Estado Novo, quando voltou a ser interventor federal at a queda de Getlio Vargas. Pedro governara Gois novamente de 1951/54, dessa vez eleito pelo povo atravs do voto direto. Dados Gerais

    Goinia, capital do Estado de Gois, foi fundada em 24 de outubro de 1933, por Pedro Lu-

    dovico Teixeira. So feriados municipais os dias 24 de outubro (aniversrio da cidade) e 24 de maio (padroeira de Goinia - Nossa Senhora Auxiliadora). A tenso eltrica local 220 Volts, a frequncia 60 Hertz, e o CEP 74000-000, diferenciando-se por regies, bairros e setores da cidade.

    Situado na Mesorregio centro goiano e na Microrregio de Goinia, o municpio de Goinia limitado ao norte pelos municpios de Goianira, Nerpolis e Goianpolis; ao sul, pelo de Aparecida de Goinia; a leste, pelo de Bela Vista de Gois; e a oeste, pelos de Goianira e Trindade. O Centro Administrativo Municipal est localizado na Avenida do Cerrado, n. 999, Parque Lozandes, CEP: 74884-092, na regio sudeste da cidade.

    Situado em uma regio de topografia quase plana, o territrio surge como um degrau de

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    acesso s terras mais elevadas do Brasil Central. O Rio Meia Ponte e seus afluentes, entre os quais se destaca o Ribeiro Joo Leite, constituem a rede hidrogrfica de Goinia.

    O clima mesotrmico mido. A temperatura mdia anual de 21,9C, devido influncia da altitude. As temperaturas mais baixas ocorrem de maio a agosto, 18,8C a 21,0C. A mnima absoluta mais baixa registrada foi de 1,2C em julho, ms mais frio. A primavera a estao mais quente, com mdia das mximas entre 29C e 32C. A precipitao pluviomtrica de 1487,2mm.

    Situada no corao do Brasil, Goinia fica prxima da Capital Federal e praticamente equi-

    distante de todos os outros estados brasileiros. fcil chegar a Goinia e mais fcil ainda apaixo-nar-se por ela. Nove meses de sol por ano, centenas de praas floridas, ruas arborizadas, limpas e bem iluminadas, com um dos melhores sistemas de transporte coletivo do pas e uma gente bonita e acolhedora fazem o visitante se sentir em casa.

    Bandeira de Goinia

    Retngulo verde, dividido por oito faixas brancas carregadas de sobre-fascas vermelhas, dispostas duas a duas, no sentido horizontal e vertical. No centro, em retngulo branco, aplicado o braso: escudo do 1 estilo introduzido em Portugal trazido para o Brasil. No escudo: coroa mural, com oito torres, sendo cinco visveis. A cor verde do escudo simboliza a vitria, a honra, a cortesia civilizada, a alegria e a abundncia. A flor de ls, no centro do escudo, o smbolo do poder. A fai-xa estreita e ondulada, de frente, simboliza o crrego Botafogo, s margens do qual foi construda Goinia. De um lado, o bandeirante lembra o Anhanguera; do outro, o garimpeiro. Na faixa maior, a frase: "PELA GRANDEZA DA PTRIA" O Braso representa o Governo Municipal.

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    Prefeitos de Goinia

    Venerando de Freitas Borges Estudos: Contabilidade, Escolas Profissionais Salesianas, So Paulo, 1926. Profisso: Contador, Professor e Jornalista. Nascimento: 22 de julho de 1907, Anpolis, GO. Residncia: Goinia. Filiao: Joo de Freitas e Custdia Carolina Borges. Cnjuge: Maria Jos de Arajo. Filhos: Eclair, Carlos, Nize, Hrcio, Dila e Luis Roberto. Vida Poltica e Parlamentar a) Primeiro prefeito de Goinia, nomeado por Pedro Ludovico em 07.11.1935, mantendo-se no

    cargo at 05.11.1945. b) Secretrio da Fazenda, nas Interventorias, de fevereiro de 1946 a abril de 1947, quando Co-

    imbra Bueno toma posse. c) Prefeito, eleito, de Goinia, PSD, 1951-1955. d) Deputado Estadual, PSD, 3. Legislatura, 1955-1959. e) Deputado Estadual, PSD, 4. Legislatura, 1959-1963. f) Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Gois, nomeado em 1963, ao trmino da 4.

    Legislatura. Outras Informaes: a) Colaborou com os jornais Correio Official e Voz do Povo, sob pseudnimo. Diretor e Redator-

    Chefe do O Comrcio, jornal que circulou na antiga Capital em 1934. b) Um dos fundadores da Associao Goiana de Imprensa. c) Diretor dos Dirios Associados de Gois. d) Contador do Estado de Gois. e) Superintendente da Federao das Indstrias do Estado de Gois FIEG. f) Membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histrico e Geogrfico de Gois.

    Publicao:

    Dobras do Tempo. Sambur. Falecimento: 16 de janeiro de 1994, em Goinia.

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    1 - Venerando de Freitas Borges.

    Nomeado pelo Interventor Pedro Ludovico Teixeira, aos 28 anos, viria a ser o prefeito que ficou mais tempo no comando da cidade 14 anos (20/11/1935 a 05/11/45). Viu a populao da Capital triplicar cinco anos depois da criao, em 1940(48.166 habitantes), segundo o IBGE. Em 1942, seriam 52 mil. Empenhou-se em oferecer infra-estrutura nova cidade e teve dificuldades em superar a falta de energia eltrica e asfalto.

    Em 1935, quando o jovem jornalista Venerando de Freitas Borges foi levado presena de Pedro Ludovico, isso por causa dos seus artigos publicados no jornal Correio Oficial em defesa da mudana da capital, ele perguntou ao interventor se havia alguma condio para que ele fosse o primeiro prefeito de Goinia. "Sim, a de que no se roube na prefeitura. No gosto de ladro", disse Pedro. S que o futuro prefeito tambm imps a sua: "Pois bem, doutor Pedro, eu tambm tenho uma condio: no aceito que me botem cabresto. 2 - Ismerindo Soares de Carvalho 09-11-1945 a 17-02-1946.

    Assumiu por apenas trs meses, nomeado pelo interventor Eldio de Amorim, e voltaria prefeitura mais tarde, ficando tambm por menos de um ano. 3 - Orivaldo Borges Leo 18-02-1946 a 25-03-1947. Nomeado pelo interventor Filipe Antnio Xavier de Barros, ficou menos de um ano frente da ad-ministrao municipal. 4 - Ismerindo Soares de Carvalho 26-03-1947 a 06-11-1947. Nomeado pelo interventor Jernimo Coimbra Bueno, ficou pouco temo no poder. 5 - Eurico Viana 06-11-1947 a 30-01-1951. Primeiro prefeito eleito pelo voto universal e direto. Trabalhara como engenheiro em Rio Verde e na Cidade de Gois. Trabalhou ainda nas obras de construo de Goinia e investiu na infra-estrutura. 6 - Venerando de Freitas Borges 31-01-1951 a 31-01-1955. Pelo voto, volta prefeitura, pelo PSD, e continua sua administrao visando ao desenvolvimento. 7 - Messias de Souza Costa 02-02-1955 a 05-03-1955. Presidente da Cmara na terceira legislatura, assumiu interinamente por menos de um ms, pelo PSD. 8 - Joo de Paula Teixeira Filho 05-03-1955 a 31-01-1959. Conhecido como Parateca, foi eleito pelo PTB. Profissional de fotografia, chegou a Goinia em 1939, para documentar imagens dos primeiros tempos da cidade. Foi vereador por quatro manda-tos. Atendeu a zona rural do municpio, construindo estradas e audes e fundou novas escolas no campo. Preocupou-se com o que iria se tornar depois a Grande Goinia, implantou novo sistema de arborizao, pavimentou ruas de Campinas, instituiu o sistema de tributao sobre imveis e ra-cionalizou a arrecadao. 9 - Jaime Cmara 31-01-1959 a 31-01-1961. Pioneiro na comunicao em Goinia, tornou-se candidato natural do partido situacionista, o PSD, prefeitura, pois havia passado pela Secretaria de Viao e Obras Pblicas (Sevop), que tinha en-volvimento grande com a cidade. Muito entrosado com o governador Jos Feliciano, conduziu-se na administrao municipal contando sempre com o apoio da esfera estadual e pde cuidar bem dos servios essenciais durante o mandato-tampo de dois anos. 10 - Hlio Seixo de Britto 31-01-1961 a 31-01-1966.

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    Eleito pela UDN, mdico e poltico de grande senso tico e profunda integridade, militante nas anti-gas oposies. Foi o responsvel pela conquista da autonomia da prefeitura. Desde a criao, a esfera estadual assumiu a maior parte das responsabilidades em relao cidade. Levantou essa bandeira como sua maior prioridade. Promoveu ampla reestruturao administrativa. No final de 1961, um decreto do governador Mauro Borges transferia competncia da prefeitura os assuntos de urbanismo, conservao da cidade e cadastro imobilirio. Hlio reequipou a prefeitura, renovan-do a frota e o maquinrio e criou as secretarias municipais. 11 - ris Rezende Machado 31-01-1966 a 20-10-1969. Eleito pelo MDB, carismtico e populista, implantou o sistema de mutiro para a realizao de mui-tas obras, inclusive a nova sede da prefeitura na Praa Cvica. Sem problemas maiores no relacio-namento com a Cmara, pois tinha sido vereador por duas vezes, e desfrutando agora das prerro-gativas da autonomia obtida na gesto de Hlio, ris teve saldo de realizaes aprecivel. Foram abertas e pavimentadas novas avenidas, construdas praas e o Parque Mutirama, ampliou-se a rede municipal de ensino. Deciso da junta militar que governava o Pas suspendeu os direitos polticos e cassou seu mandato em 1969. 12 - Leonino Di Ramos Caiado 22-10-1969 a 30-06-1970. Indicado pelo regime militar (governador Otvio Lage de Siqueira pela ARENA). At 1985, os pre-feitos das capitais, por imposio do regime, passariam a ser indicados de forma indireta. Saiu para assumir o governo de Gois indicado pelo general Emlio Mdici. 13 - Manoel dos Reis e Silva 02-07-1970 a 14-04-1974. Mdico, foi presidente do BEG em 1965, at ser nomeado, pelo governador Otvio Lage de Siqueira pela ARENA, para a prefeitura de Goinia. Demonstrou muito flego com programas de obras dis-seminados por toda a cidade. A antiga tendncia de privilegiar o Centro e os bairros chamados nobres foi substituda pela descentralizao dos benefcios, como obras de pavimentao e ilumina-o pblica. Foi o idealizador do programa Prefeitura nos Bairros. 14 - Rubens Vieira Guerra 27-05-1974 a 21-03-1975. Engenheiro, que estava no comando da Secretaria de Planejamento do Estado, depois de ter sido presidente da Saneago. Formado em Engenharia Civil pela UFG, destacou-se como profissional na rea. Havia sido chefe da Sevop, em 1958. Foi diretor tcnico da Suplan. Foi nomeado pelo gover-nador Leonino Di Ramos Caiado, ela ARENA, prefeitura de Goinia. 15 - Francisco de Freitas Castro 21-03-1975 a 17-05-1978. Atuou com destaque no ramo de supermercados. Em 1974, foi eleito deputado estadual, e um ano depois, nomeado pelo governador Irapuan Costa Jnior ela ARENA, para prefeito. Encontrou a pre-feitura de Goinia com problemas oramentrios e financeiros e promoveu, para super-los, um exerccio de intensificao fiscal, levantando a receita e enxugando a mquina. Em sua administra-o, destacam-se o asfaltamento de grande parte das linhas de nibus e a reforma da Avenida Gois, com construo do calado. 16 - Hlio Mauro Umbelino Lobo 17-05-1978 a 10-04-1979. Nomeado pelo governador Irauan Costa Jnior, pela ARENA. Era deputado federal e havia sido, no governo Leonino Caiado, secretrio de Educao. Foi o primeiro goianiense a chegar ao cargo de prefeito. Se preocupou com a questo ambiental, restaurar pontos e equipamentos urbansticos originais, refazer reas verdes que haviam sido reduzidas. O coreto original da Praa Cvica reto-mou a originalidade em sua gesto, infundiu mais qualidade ao servio de limpeza urbana e cole-ta do lixo e melhorou a iluminao pblica. Acrescentou cerca de 200 mil metros quadrados de asfalto. Promoveu ainda ampla reforma do Lago das Rosas. 17 - Daniel Antnio de Oliveira 10-04-1979 a 30-06-1979. O governador Ary Valado indicou o nome de Rogrio Gouthier Fiza para o cargo, mas havia re-sistncia na Assemblia Legislativa que deveria aprovar a indicao. Na condio de presidente da Cmara, o vereador Daniel Antnio teve de assumir interinamente a funo por dois meses, pelo MDB. 18 - ndio do Brasil Artiaga Lima 30-06-1979 a 14-05-1982. Fez Direito na UFG, ocupou a presidncia da Caixego e do BEG, quando foi nomeado por Ary Vala-do a prefeitura de Goinia, pela ARENA. Fez uma administrao planejada. Iniciou a regulamenta-da reviso do Cdigo de Posturas Urbanas e do Cdigo de Edificaes e Obras. Implantou a rea Azul; planejou e instalou os grandes eixos de transporte coletivo, com faixas exclusivas para ni-bus (como os eixos Norte-Sul e Anhanguera). Formulou e fez aprovar a Lei de Habitao Popular, criando condies para loteamento de reas destinadas populao de baixa renda. Antecipou-se a alguns problemas do crescimento da cidade. Deixou o cargo para se submeter cirurgia nos EU-A. 19 - Goiansio Ferreira Lucas 17-05-1982 a 14-03-1983. Mdico, nomeado pelo governador Ary Valado pela ARENA, foi designado para completar a gesto de ndio, que deixou o cargo para se submeter a uma cirurgia. 20 - Daniel Borges Campos 15-03-1983 a 18-03-1983.

    Assumiu por apenas trs dias a prefeitura.

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    21 - Nion Albernaz 18-03-1983 a 31-12-1985. Indicado pelo governador ris Rezende pelo PMDB, de quem havia sido secretrio quando este pas-sou pela prefeitura. Na histria poltico-administrativa de Goinia, apenas Venerando exerceu o cargo por mais tempo que Nion, que esteve no comando por 11 anos. Teve como prioridade no primeiro mandato pavimentao de praas, avenidas e ruas, assim como um servio pblico decor-rente e a iluminao. 22 - Daniel Antnio de Oliveira 01-01-1986 a 26-03-1987. Primeiro prefeito e Goinia eleito diretamente aps o Golpe de 1964, pelo PMDB. Envolveu-se com poltica estudantil e acadmica no Colgio Estadual Professor Pedro Gomes e na Faculdade de Di-reito da UCG, onde presidiu o Centro Acadmico Clvis Bevilcqua. Problemas de relacionamento com diversas reas o envolveram em uma crise que acabou por afast-lo. O governador Henrique Santillo promoveu interveno estadual na administrao no dia 2 de maro de 1987. O interventor foi Joaquim Roriz, ento deputado federal. Ele ficou no cargo de 3 de maro de 1987 at 19 de outubro de 1988. Daniel reassumiu em 19 de outubro de 1988 para no dia 1 de janeiro de 1989 passar o cargo a Nion. 23 - Joaquim Domingos Roriz 03- 03 1987 a 19 10 1988. Interventor nomeado pelo governador Henrique Santillo. - Daniel Antnio de Oliveira 19- 10- 1988 a 31- 12- 1988. Reassumiu o cargo e passou Nion 24 - Nion Albernaz 01-01-1989 a 31-12-1992. Eleito pelo PMDB, preocupou-se com a limpeza da cidade, com o ajardinamento, com as flores, e enfatizou a qualificao dos servios, a comear pela educao. Considera importante a questo do visual da cidade porque levanta a auto-estima coletiva e estimula civilidade. Tambm iniciou a construo da Marginal Botafogo. 25 - Darci Accorsi 01-01-1993 a 31-12-1996. Eleito pelo PT, aps vrios mandatos do PMDB, inseriu uma ruptura no Irismo na prefeitura de Goinia. Deixou a prefeitura com 94% de aprovao popular. Destacou-se na rea ambiental, com a construo do Parque Vaca Brava e preocupao com desenvolvimento sustentvel. Goinia foi considerada poca a 2 cidade ecologicamente correta do Pas. 26 - Nion Albernaz 01-01-1997 a 31-12-2000. Eleito pelo PSDB, sua prioridade foi a qualificao dos servios, especialmente os da sade pblica. 27 - Pedro Wilson 01-01-2001 a 31-12-2004. Eleito pelo PT, lanou a Agenda 21 local e o Oramento Participativo. Iniciou a revitalizao do Centro, cuja primeira iniciativa foi levar ambulantes das avenidas Gois e Anhanguera ao Mercado Aberto, construdo na Avenida Paranaba, dotado de estrutura e equipado para ser espao de lazer noite, aos domingos e feriados. 28 ris Rezende Machado 01- 01- 2005 a 31- 12- 2008. Eleito pelo PMDB, deu prioridade ao programa de asfaltamento dos Bairros de Goinia. Investiu na educao e sade do municpio, e na construo de parques em Goinia. Sanou as dividas da pre-feitura e foi reeleito para um mandato de 01- 01- 2009 a 31- 12- 2012.

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    Governadores

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    O GOVERNO DE JERONYMO COIMBRA BUENO (1947/50)

    Coimbra Bueno, engenheiro que dirigiu a execuo faz obras civis na construo de Goinia, foi o primeiro governador goiano a ser eleito pelo voto universal (masculino e feminino) direto