apostila de_civ 107.pdf

65
Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Engenharia Civil CIV – 107 Resistência dos Materiais e Estruturas Geraldo Donizetti de Paula Jaime Florencio Martins Ouro Preto, Agosto/ 2014

Upload: marcio19977

Post on 11-Apr-2016

14 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apostila de_CIV 107.pdf

Universidade Federal de Ouro Preto

Escola de Minas

Departamento de Engenharia Civil

CIV – 107

Resistência dos Materiais e Estruturas

Geraldo Donizetti de Paula

Jaime Florencio Martins

Ouro Preto, Agosto/ 2014

Page 2: Apostila de_CIV 107.pdf

ALFABETO GREGO

Nome moderno Nome clássico Minúsculas Maiúsculas

Alfa Alfa α Α Vita Beta β Β Gama Gama γ Γ Delta Delta δ ∆ Epsilo Èpsilón ε Ε Zeta Dzeta ζ Ζ Ita Eta η Η Tita Theta θ Θ Iota Iota ι Ι Capa Capa κ Κ Landa Lambda λ Λ Mi Mü µ Μ Ni Nü ν Ν Xi (csi) Xi (csi) ξ Ξ Ômicron Òmicrón ο Ο Pi Pi π Π Rô Ró ρ Ρ Sigma Sigma σ Σ Tau Tau τ Τ Ípsilon Üpsilón υ Υ Fi Fi φ Φ Khi Khi χ Χ Psi Psi ψ Ψ Ômega Omega ω Ω

Page 3: Apostila de_CIV 107.pdf

ALFABETO GREGO

Nome moderno Nome clássico Minúsculas Maiúsculas

Alfa Alfa α Α Vita Beta β Β Gama Gama γ Γ Delta Delta δ ∆ Epsilo Èpsilón ε Ε Zeta Dzeta ζ Ζ Ita Eta η Η Tita Theta θ Θ Iota Iota ι Ι Capa Capa κ Κ Landa Lambda λ Λ Mi Mü µ Μ Ni Nü ν Ν Xi (csi) Xi (csi) ξ Ξ Ômicron Òmicrón ο Ο Pi Pi π Π Rô Ró ρ Ρ Sigma Sigma σ Σ Tau Tau τ Τ Ípsilon Üpsilón υ Υ Fi Fi φ Φ Khi Khi χ Χ Psi Psi ψ Ψ Ômega Omega ω Ω

Page 4: Apostila de_CIV 107.pdf

1

Capítulo 1 – Estática Fundamental

1.1 – Objetivos da Resistência dos Materiais: É a ciência que estuda as tensões e

deformações que ocorrem nos sólidos, provenientes de forças externas a eles aplicadas.

A Resistência dos Materiais também é conhecida como Mecânica dos Materiais ou

Mecânica dos Sólidos.

Sólido: é um estado da matéria que tem volume e forma definidos.

Fluido: Substância liquida ou gasosa que não tem resistência ao cisalhamento. Os fluidos

tomam a forma do recipiente em que está colocado.

1.2- Histórico da Resistência dos Materiais

Madeira: Pela sua disponibilidade e propriedades foi um dos primeiros materiais utilizados

pelo homem para construir. As primeiras pontes surgiram de forma natural pela queda de

árvores sobre os rios ou vales.

Ferro fundido: A fabricação do ferro fundido teve início na Ásia por volta de 1.500 a. C. O

ferro fundido oxida com facilidade.

Aço: Liga de ferro e carbono sendo o teor de carbono variando de 0,008% a 2,11%. Se o

teor de carbono da liga for maior do que 2,11% e menor do que 6,67% a liga é chamada

ferro fundido.

Os gregos Aristóteles e Arquimedes estabeleceram os princípios da estática. Os

romanos foram grandes construtores de templos, estradas e pontes. Usavam,

freqüentemente, arcos nas construções. Os egípcios tinham algumas regras empíricas

(baseadas na experiência) para construir templos e pirâmides.

Muito do conhecimento dos gregos, romanos e egípcios para análise de estruturas

foi perdido durante a idade média.

Leonardo da Vinci estudou a resistência de colunas experimentalmente. Galileu Galilei

foi o primeiro cientista a estudar a flexão de vigas. É considerado o pai do método

experimental e da Resistência dos Materiais.

1.3 – Definições:

a) Material dúctil: É um material que apresenta grandes deformações antes de se

romper e a resistência à tração é considerada igual à compressão. Ex.: aço doce

(aço de construção), alumínio.

Page 5: Apostila de_CIV 107.pdf

2

b) Material frágil: É um material que rompe bruscamente, sem aviso prévio, com

pequena deformação. A resistência à tração é diferente da resistência à

compressão. Ex.: aço para ferramentas, vidro, concreto, giz.

c) Corpo rígido: corpo que não se deforma quando solicitado por forças ou momentos.

d) Deslocamento de corpo rígido: deslocamento sem deformação.

e) Barra - placa – bloco

Barra: quando as duas dimensões da seção transversal são pequenas quando

comparadas com o comprimento longitudinal (L>> h ; L>> b). Exemplo: vigas.

Placa: quando uma dimensão (a espessura) é muito menor do que as outras duas

dimensões (L ≅ b ; L>> h). Exemplos: lajes e cascas.

Bloco: quando: L ≅ h ≅ b

f) Eixo da barra: uma barra pode ser representada pelo seu eixo que é o conjunto de

pontos dos centróides das seções transversais.

g) Barra prismática: barra de eixo reto e seção transversal constante.

1.4 - Estrutura: É a parte mais resistente de uma construção e tem a função de resistir às

cargas aplicadas. Em um edifício a estrutura é constituída pelas vigas, pilares, lajes e

fundação. Para o dimensionamento da estrutura deve-se levar em consideração a

economia e a segurança.

1.5 – Hipótese fundamental: a estrutura está em equilíbrio estático.

• Condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um ponto material no

espaço:

∑ = 0Fx

∑ = 0Fy

∑ = 0Fz

Page 6: Apostila de_CIV 107.pdf

3

• Condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido no espaço:

∑ = 0Fx ; ∑ = 0M x

∑ = 0Fy ; ∑ = 0M y

∑ = 0Fz ; ∑ = 0M z

1.6 - Apoios

Uma estrutura no espaço possui seis graus de liberdade, sendo três translações e

três rotações. A função dos apoios é retirar graus de liberdade, surgindo reações nas

direções dos movimentos impedidos.

• Apoios do primeiro gênero

• Apoios do segundo gênero (ou articulação ou rótula): Retiram dois graus de

liberdade, impedem o deslocamento em todas as direções e permitem a rotação.

• Apoios do terceiro gênero (ou engaste): Retiram três graus de liberdade, impedem o

deslocamento em todas as direções e impedem a rotação.

Page 7: Apostila de_CIV 107.pdf

4

1.7 – Estaticidade e estabilidade de estruturas planas carregadas no próprio plano

Para estruturas planas carregadas no próprio plano (plano xOy) as condições

necessárias e suficientes para o equilíbrio são três:

∑ = 0Fx ; ∑ = 0Fy ; ∑ = 0M

Para estas estruturas três casos podem ocorrer com relação à estabilidade e

estacidade:

1o caso: O número de reações de apoio é menor que o número de equações de equilíbrio

da estática (3). A estrutura é chamada hipostática e o equilíbrio é instável.

2o caso: O número de reações de apoio é igual ao número de equações de equilíbrio da

estática (3). A estrutura é chamada isostática e o equilíbrio é estável.

3o caso: O número de reações de apoio é maior que o número de equações de equilíbrio

da estática (3). A estrutura é chamada hiperestática e o equilíbrio é estável.

São três as equações de equilíbrio e a viga acima possui cinco reações de apoio,

então, a viga é duas vezes hiperestática.

Page 8: Apostila de_CIV 107.pdf

5

As três equações de equilíbrio da estática não são suficientes para calcularem-se as

reações de apoio das estruturas hiperestáticas. Além das três equações de equilíbrio são

necessárias outras equações que são obtidas conhecendo-se como a estrutura se deforma

(para impor condições de deslocamento e/ou de rotação).

Observação: Casos particulares:

A viga acima possui três reações, mas o equilíbrio é instável; a viga abaixo possui quatro

reações e o equilíbrio também é instável.

1.8 – Sistema de Unidades

Unidades básicas do Sistema Internacional

m (metro): para comprimento

quilograma (kg): para massa

segundo (s): para tempo

Unidades de força no SI (unidade derivada)

1 N = 1 kg.m/s2

Sistema inglês 1 polegada = 1 in = ||1 = 2,54 cm

1 pé (foot) = 1 ft = |1 = 12 in = 30,48 cm

1 libra = 453,59 gramas

Page 9: Apostila de_CIV 107.pdf

6

1.9 – Esforços externos: São os esforços aplicados nas estruturas e podem ser:

a) Concentrados

b) Distribuídos

Observação: a carga distribuída uniforme q (N/m) é calculada multiplicando-se o peso

específico (γ) pela área da seção transversal (A).

c) Estático: quando aplicado lentamente (sem impacto) e o seu valor não varia com o

tempo. Ex.: peso próprio de vigas.

d) Dinâmico: quando aplicado com impacto e o seu valor varia com o tempo. Ex.: efeito

do vento em edifícios altos, efeito das ondas do mar em uma plataforma, pontes.

Page 10: Apostila de_CIV 107.pdf

7

1.10- Esforços internos: Os esforços externos produzem esforços internos que são em

número de quatro.

• Força normal (N)

• Força cortante (V)

• Momento fletor (M)

• Momento de torção ou torque (T)

• Força normal (N) → é a força normal (perpendicular) a uma área. A força normal pode

ser de tração ou compressão.

Fazendo-se um corte imaginário na barra tracionada, tem-se:

Por considerações de equilíbrio das partes recortadas: N = N|

N = esfoço externo e N| = esforço interno

• Força cortante (V) → é a força que está contida em uma seção transversal.

Page 11: Apostila de_CIV 107.pdf

8

• Momento fletor (M) → é o momento de uma força que produz flexão em uma barra.

Fazendo-se um corte imaginário na barra solicitada por um momento fletor positivo:

Por considerações de equilíbrio das partes recortadas: M = M|

M = esfoço externo e M| = esforço interno

Observação: Força vertical com o sentido para cima produz momento fletor positivo

(traciona em baixo). Força vertical com o sentido para baixo produz momento fletor

negativo (traciona em cima).

• Momento de torção ou torque (T) → é o momento de uma força que produz torção

em uma barra.

Page 12: Apostila de_CIV 107.pdf

9

Não existe convenção de sinais para o momento de torção.

1.11 – Exemplos de estruturas

a) Treliças: As treliças ideais são formadas por barras, as extremidades são rotuladas

e o carregamento atua nas rótulas (chamadas nós). As barras das treliças ideais

estão solicitadas apenas por forças normais (tração ou compressão).

OBS.: O contraventamento permite que a treliça resista aos esforços horizontais como, por

exemplo, a ação do vento.

Tirante: elemento estrutural que trabalha à tração.

Escora: elemento estrutural que trabalha à compressão.

Page 13: Apostila de_CIV 107.pdf

10

b) Vigas: As vigas estão solicitadas, geralmente, por momento fletor e força cortante.

Qualquer parte ou ponto de uma estrutura em equilíbrio também está em equilíbrio.

Fazendo-se um corte imaginário na viga acima, os esforços que eram internos tornam-

se externos e devem equilibrar a parte recortada.

c) Pórticos (ou quadros) planos carregados no próprio plano: Estas estruturas estão

solicitadas por força normal, força cortante e momento fletor (torção é igual a zero).

No pórtico (a) têm-se cinco (5) reações de apoio, portanto, este pórtico é duas vezes

hiperestático. O pórtico (b) também tem cinco reações de apoio, mas possui uma rótula a

Page 14: Apostila de_CIV 107.pdf

11

mais. Impondo-se que o momento fletor nesta rótula é nulo, obtém-se mais uma equação.

Desta forma, o pórtico (b) é uma vez hiperestático. As rótulas transmitem força, mas não

transmitem momento fletor.

c) Grelhas: O carregamento nas grelhas é perpendicular ao seu plano. As grelhas

estão solicitadas por momento fletor, força cortante e torção (força normal é igual a

zero).

1.12 – Exemplos de vigas isostáticas

Page 15: Apostila de_CIV 107.pdf

12

1.13 – Relação entre momento fletor e força cortante

de onde: Vdx

dM0VdxdM =→=+−

qdx

dV0)dVV(qdxV0FY −=→=+−−→=⊕↑ ∑

Derivando-se a relação entre M e V em relação a x, tem-se:

qdx

Md

dx

dV

dx

Md2

2

2

2

−=→=

Page 16: Apostila de_CIV 107.pdf

13

Capítulo 2 – Tensão e deformação

2.1 – Tensão normal (σ):

Por definição:

σA

F= (2.1)

onde: σ : tensão normal dada em N/m2 (no Sistema Internacional) F : Força normal axial

A : área da seção transversal da barra

Por convenção: σ de tração é positiva e σ de compressão é negativa.

Fazendo ensaios de tração Galileu demonstrou que a resistência à tração de uma barra

é proporcional à área da seção transversal e independe do comprimento longitudinal.

A tensão normal no Sistema Internacional é dada em Pascais. Por definição 1 Pa = 1

N/m2. Então: 1 MPa = 106 N/m2. Uma vez que 1 m = 1.000 mm ⇒ (1 m)2 = (1.000 mm)2 ⇒ 1 m2 = 106 mm2. Então: 226 mm/N1m/N10MPa1 ==

• Tensão admissível (__

adm ou σσ ): É a tensão que está dentro dos limites de segurança.

SCR

adm

σ=σ

onde: σR = Tensão de ruptura SC = Coeficiente de segurança ( SC > 1,0)

Page 17: Apostila de_CIV 107.pdf

14

• Definição matemática de tensão normal: A definição de tensão normal dada pela

equação (2.1) somente pode ser usada se ocorre distribuição uniforme das tensões

normais na seção transversal. Uma vez que esta condição nem sempre é satisfeita deve-

se usar a definição matemática de tensão normal:

A

F

0A ∆∆=σ

→∆

dA

dF=σ→ (2.2)

2.2 – Deformação linear específica (ε):

Por definição:

L

L∆=ε (2.3)

ε é adimensional e também conhecida como deformação específica normal, deformação

específica ou deformação normal.

• Fluência: deformação lenta de um corpo submetido a uma tensão constante.

2.3 – Coeficiente de Poisson (ν): Quando uma barra é tracionada o alongamento longitudinal

é acompanhado de contrações laterais, isto é, o comprimento da barra aumenta e a seção

transversal diminui. A relação entre a deformação lateral e a deformação longitudinal é

chamada coeficiente de Poisson (ν):

allongitudindeformação

lateraldeformação=ν

x

y

εε

−=ν

O coeficiente de Poisson é adimensional e sempre positivo. O sinal negativo na

expressão acima é necessário porque se a deformação εx for positiva εy será negativa, e vice-

versa.

Page 18: Apostila de_CIV 107.pdf

15

Material isotrópico: é um material que apresenta as mesmas propriedades físicas em

todas as direções. Em um material isotrópico:

x

'z

x

z

x

y

εε

−=εε

−=εε

−=ν

2.4 – Diagrama tensão - deformação

2.4.1 – Aço doce (aço usado na construção civil com baixo teor de carbono)

Em um ensaio de tração sendo a força aplicada gradualmente (sem impacto) os diversos

pares F - ∆L são anotados e podem ser colocados em um gráfico.

O diagrama tensão – deformação permite obter dados sobre o material sem considerar as suas

dimensões (área da seção transversal (A) e comprimento longitudinal (L)).

Pσ → Tensão de proporcionalidade (ou limite de proporcionalidade): É a maior tensão que

pode ser aplicada à barra sem que haja perda da proporcionalidade entre a tensão e a

deformação (ponto a).

Yσ → Tensão de escoamento (limite de escoamento): Neste ponto, a deformação aumenta

sem que haja acréscimo de tensão (ponto c).

Encruamento: endurecimento, enrijecimento (ponto d).

Uσ → Tensão última: É a maior tensão que a barra suporta. Esta tensão também é conhecida

como resistência do material (ponto e).

Rσ → Tensão de ruptura: (ponto f).

Fase elástica: Nesta fase a deformação desaparece com a retirada da tensão, não há

deformação permanente. Esta fase vai do início do carregamento até o ponto b.

Fase plástica: Descarregando-se a barra ela não retorna às suas dimensões iniciais, isto é,

surgem deformações permanentes (ou deformações plásticas). Esta fase vai do ponto b até à

proximidade da ruptura.

Page 19: Apostila de_CIV 107.pdf

16

Resiliência: É a energia armazenada por unidade de volume quando uma barra se deforma até atingir o limite de proporcionalidade ( Pσ ) . A resiliência faz com que a barra retorne às suas dimensões iniciais quando descarregada. O aço usado na fabricação de molas é um material com alta resiliência. Estricção: Durante o alongamento ocorre contração lateral (estricção), portanto, a área da seção transversal diminui. A estricção somente ocorre nos materiais dúcteis.

Obs.: O diagrama tensão × deformação convencional não leva em consideração que a área da seção transversal diminui durante o alongamento da barra. 2.4.2 - Alumínio

No diagrama tensão × deformação do alumínio, não existe o ponto de escoamento definido como no diagrama do aço doce. Neste caso, a tensão de escoamento σY é obtida tomando-se no eixo das deformações o valor ε = 0,2% e por este ponto traça-se uma reta paralela ao trecho linear do diagrama. Onde esta reta cortar a curva σ x ε tem-se a tensão de escoamento σY.

2.4.3 - Material frágil: Rompe-se com uma deformação relativamente pequena.

Page 20: Apostila de_CIV 107.pdf

17

2.4.4 – Material elástico-plástico idealizado

2.5 - Lei de Hooke

Em 1678, Robert Hooke enunciou a lei “Ut tensio sic vis” (o estiramento é proporcional à

força ou F = Kx ). Hooke aplicou esta lei na invenção da balança de mola e do relógio sem

pêndulo.

Thomas Young, em 1807, sugeriu que a aplicação da Lei de Hooke nos sólidos deve

estabelecer a dependência linear entre tensão e deformação: “A tensão é proporcional à

deformação”, ou seja: εΕ=σ .

onde: σ → tensão normal

ε → deformação linear específica

Ε → constante de proporcionalidade e é chamado de módulo de elasticidade ou

módulo de Young e tem a mesma dimensão de tensão: N/m2

No SI o módulo de elasticidade é dado em GigaPascal: 2329 mm/N10m/N10GPa1 ==

Exemplos: Εaço = 200 GPa; Εliga de titânio = 120 GPa; Εliga de alumínio = 70 GPa.

Nota: A Lei de Hooke é válida até a tensão de proporcionalidade.

tg α = εσ → σ = tgα × ε ; então: Ε = tgα

Page 21: Apostila de_CIV 107.pdf

18

Capítulo 3 - Tração e Compressão

3.1 – Alongamento de barras carregadas axialmente

A variação do comprimento (∆L) de uma barra prismática solicitada por uma força axial

constante pode ser calculada usando-se a lei de Hooke:

σ = Ε × ε

Lembrando que: A

F=σ e que: L

L∆=ε , tem-se:

L

LE

A

F ∆⋅=

de onde:

EA

FLL =∆

A expressão acima somente pode ser aplicada no regime de validade da Lei de Hooke, ou seja, para tensões menores ou iguais que σP.

Para se calcular o alongamento de barras não prismáticas e/ou solicitadas por força axial

variável tem-se que usar o conceito de integral:

)x(EA

dx)x(Fdx=∆ → ∫∫ =∆

L

0 )x(EA

dx)x(Fdx → ∫=∆

L

0 )x(EA

dx)x(FL

Page 22: Apostila de_CIV 107.pdf

19

Considere-se, agora, uma barra prismática, suspensa por uma extremidade. Deseja-se

determinar a expressão do alongamento (∆L) da barra produzido pela ação de seu peso

próprio.

∫=∆→=∆L

0 )x(AE

dx)x(FL

)x(AE

dx)x(Fdx

Considerando-se o equilíbrio de forças verticais da parte recortada, tem-se:

x.A.)x(F γ=

Então:

∫∫ ⋅γ=⋅γ=⋅

⋅⋅⋅γ=∆L

0

L

0

2L

0 2

x

Edxx

EAE

dxxAL

Portanto:

E2

LL

2γ=∆

Page 23: Apostila de_CIV 107.pdf

20

3.2- Princípio da superposição dos efeitos

Se em uma estrutura estão aplicadas várias forças podem-se calcular os deslocamentos

referentes a cada força, como se atuasse separadamente, e somar os resultados

correspondentes obtendo-se, assim, o resultado da ação de todas as forças.

∑=

=∆n

1i ii

ii

AE

LFL

3.3 – Sistemas estaticamente indeterminados

Para as estruturas hiperestáticas as três equações de equilíbrio não são suficientes para

calcularem-se as reações de apoio. Além das três equações de equilíbrio são necessárias

outras equações obtidas com as condições de deslocamentos da estrutura.

3.4 – Efeitos da variação da temperatura

A variação da temperatura pode provocar tensão normal nas estruturas. A tensão normal

somente ocorrerá se o deslocamento (movimentação) devido à variação da temperatura estiver

impedido.

tLL t ∆α=∆ (fórmula empírica)

onde

tL∆ : variação do comprimento da barra devida à variação da temperatura (m) α : coeficiente de dilatação térmica (1/ 0C) L : comprimento inicial (m)

t∆ : variação da temperatura ( 0C) Observação: nos problemas envolvendo variação da temperatura usam-se as fórmulas:

tLL t ∆α=∆ ; EA

FLL =∆ ;

A

F=σ

Page 24: Apostila de_CIV 107.pdf

21

Capítulo 4 – Cisalhamento Puro

4.1 – Força cortante (V)

A força cortante está contida no plano da área e provoca deslizamento. A força

cortante produz tensão cisalhante, representada pela letra grega τ (tau), que tem o mesmo

sentido da força.

4.2 – Cisalhamento Puro

Se em uma área atua apenas força cortante, ela fica solicitada por cisalhamento puro.

4.3 – Teorema de Cauchy

Em um ponto, as tensões de cisalhamento são iguais nos planos perpendiculares

entre si.

Page 25: Apostila de_CIV 107.pdf

22

AFA

F ×τ=→=τ

0dydx1dxdy10M xy0 =×××τ−×××τ→=∑

Portanto: yx τ=τ

4.4 – Lei de Hooke no cisalhamento

Solicitando-se um material ao cisalhamento puro, pode-se estabelecer a relação entre

a tensão e a deformação de cisalhamento.

γτ=αtg → ( ) γ×α=τ tg

Chamando de α= tgG , tem-se a lei de Hooke no cisalhamento:

τ = γ⋅G

onde: τ → tensão de cisalhamento em N/m2

G → módulo de elasticidade transversal ou módulo de elasticidade ao cisalhamento

em N/m2 γ → distorção (deformação de cisalhamento) em radianos

Relação entre E , G e ν

Pode-se demonstrar que:

( )ν+=

12

EG

+

Page 26: Apostila de_CIV 107.pdf

23

4.5 – Ligações parafusadas

Por hipótese, a tensão de cisalhamento é uniformemente distribuída na seção

transversal do parafuso.

Na ligação acima tem-se um parafuso que transmite a força de uma chapa para a

outra. A tensão de cisalhamento média no parafuso é dada por:

A

Fméd =τ

onde A é a área da seção transversal do parafuso.

Para uma ligação com "n" parafusos deve-se dividir a força F por n e pelo número de

áreas de corte (nA). Geralmente, nA é igual a 1 (uma área de corte) ou igual a 2 (duas

áreas de corte).

É interessante observar que a força F produz tensão normal (σ) nas chapas e tensão

cisalhante (τ) no parafuso.

Page 27: Apostila de_CIV 107.pdf

24

Capítulo 5 − Torção

5.1. Introdução - A torção ocorre:

• Na ação do vento em edifícios altos

• Nos eixos de transmissão

• Nos chassis de ônibus, caminhão, avião.

5.2 - Momento de inércia à torção (J ) para barras com seção circular vazada

α dα

r dr

di de

Por definição: dA r J

A

2∫=

onde: dr d rdA α=

∫∫πα=

2

0

r

r

3 d dr r Je

i

πα= 20

r

r

4

. 4

rJ

e

i

( )0 - 2 . rr 4

1J

4

i4

e π

−=

( )4i

4e rr

2J −

π=

Ou em função dos diâmetros externo e interno: ( )4i

4e dd

32J −

π=

Particularizando para seções cheias: ( )0di = : ( )4d32

=

5.3 – Hipóteses:

• As deformações são pequenas; • É válida a Lei de Hooke no cisalhamento ( γ=τ G );

• O momento de torção provoca apenas tensão de cisalhamento ( τ );

• As tensões de cisalhamento são perpendiculares e variam linearmente com o raio (esta

hipótese é válida somente para eixos de seção transversal circular).

Observações: 1) A tensão cisalhante tem o mesmo sentido do momento de torção

2) A tensão cisalhante máxima ocorre na superfície do eixo.

Page 28: Apostila de_CIV 107.pdf

25

5.4 - Tensão e deformação nos eixos de seção circular solicitados por momento de torção

T

T γ

θ R B

B’

L T B

B’

R θ

Onde: θ : ângulo de torção (giro relativo entre duas seções transversais) γ : distorção (deformação por cisalhamento) na superfície do eixo

Da figura acima, têm-se as expressões:

L

BB tg

′=γ≅γ e

R

BB tg

′=θ≅θ

Portanto: γ =L

dAdF ⋅τ= e rdA dT ⋅τ=

∫ τ=A

dA r T ou: ∫ τ=A

2

dA r

rT

Onde rτ é uma constante (por hipótese a tensão cisalhante varia linearmente com o raio),

então:

dA rr

TA

2∫

τ=

Por definição: dA rJA

2∫= , então:

J r

=

De onde se tem a tensão de cisalhamento produzida por momento de torção em barras de seção

transversal circular:

J

r T=τ

Page 29: Apostila de_CIV 107.pdf

26

A maior tensão de cisalhamento ocorre na superfície do eixo:

J

TRmáx =τ

Aplicando-se a Lei de Hooke no cisalhamento ( γ=τ G ) na superfície do eixo, tem-se:

L

RG

J

TR θ=

de onde tem-se o giro relativo ( )θ entre duas seções transversais:

GJ

TL=θ

5.5 – Torção de barras com seção vazada de parede fina com espessura t constante

Linha do esqueleto: linha média da espessura da seção transversal

t: espessura

Sendo a espessura t constante (não varia ao longo da linha do esqueleto e também

invariável ao longo do comprimento longitudinal), pode-se demonstrar que a tensão de cisalhamento média médτ é dada por:

At2

Tméd =τ

e o ângulo de torção (θ) é dado por:

tGA4

TLP2

onde: A: área limitada pela linha do esqueleto

P: perímetro da linha do esqueleto

L: comprimento longitudinal

Page 30: Apostila de_CIV 107.pdf

27

Capítulo 6 – Flexão Simples

6.1 – Diagramas de momento fletor e força cortante em vigas isostáticas

6.2 – Introdução à flexão

Flexão é o ato de dobrar, curvar. Quando uma estrutura fica solicitada por momento fletor ela fica curvada. Neste caso, dizemos que a estrutura está flexionada. O objetivo deste capítulo é obter as tensões e deformações que surgem nas estruturas quando estão solicitadas por momento fletor. A flexão de uma estrutura pode ser pura, simples, oblíqua ou composta.

6.3 - Flexão pura

A flexão pura ocorre quando uma estrutura ou parte de uma estrutura fica solicitada apenas por momento fletor. Este é o caso do trecho CD da viga abaixo. Neste trecho, a força cortante é nula e o momento fletor é constante, como mostram os diagramas de esforços internos. É interessante observar que para não ocorrer força cortante no trecho CD, as forças P são simétricas e desprezamos o peso próprio da estrutura na presença das forças P.

Todas as estruturas que vamos abordar neste item e no próximo (flexão simples), possuem, pelo menos, um plano de simetria longitudinal.

(a) Viga e carregamento

(b) Diagrama de momento fletor

(c) Diagrama de esforço cortante

Figura 6.1 - Viga sobre dois apoios e diagramas de esforços internos (M e V)

Page 31: Apostila de_CIV 107.pdf

28

y z x

P

P

Figura 6.2 – Viga em perspectiva Hipóteses: 1- O carregamento atua em um plano de simetria longitudinal. Uma vez que queremos obter as tensões que surgem na flexão pura, deve atuar apenas momento fletor, e se o carregamento atuar fora do plano de simetria, a viga ficará solicitada também por momento de torção.

2- O carregamento é perpendicular ao eixo da viga. Se as forças P forem inclinadas teremos componentes horizontais que são forças normais.

3- Seções planas permanecem planas depois de aplicado o carregamento. Esta hipótese é chamada fundamental e deve-se ao fato que no trecho CD: .0VT == Estes dois esforços

provocam a deformação distorção (γ). Uma vez que no trecho CD estes dois esforços são nulos, as seções transversais permanecem planas depois de aplicado o carregamento.

4- A maior tensão que surge na viga é a tensão de proporcionalidade. Portanto, podemos usar a lei de Hooke.

5- O material da viga é homogêneo e os módulos de elasticidade à tração e à compressão são iguais.

6- O carregamento é aplicado sem impacto.

Vamos analisar o trecho L - 2a, onde atua apenas momento fletor. A ação do momento fletor faz com que este trecho da viga se curve (Figura 6.4). O momento fletor é constante neste trecho, sendo assim, a curvatura é também constante.

A Figura 6.4 mostra que a parte inferior da viga aumentou de comprimento, enquanto a parte superior diminuiu. Havendo variação de comprimento ∆L, temos deformação específica ε. Portanto, podemos afirmar que o momento fletor produz tensão normal σ. Esta tensão provoca a variação de comprimento. Uma vez que uma parte aumentou e outra diminuiu de comprimento existe uma superfície que separa as duas regiões e não tem o seu comprimento alterado. Esta superfície é chamada superfície neutra e está indicada na Figura 6.4 pelo arco CD.

O arco CD é dado por:

CD r= .θ

Page 32: Apostila de_CIV 107.pdf

29

a a L - 2a

P P

y x y C

E D F

Figura 6.3

y

r

E C

F D

θ

O

M M

Figura 6.4

O arco EF, que está y abaixo do arco CD, é dado por:

( )EF r y= + ⋅ θ

É interessante observar que esta variação linear de EF só é possível se a seção transversal permanecer plana.

Por definição: L L∆=ε

Então, a deformação específica ε de EF é:

ε EF

EF CD

CD= −

Ou ( )

εθ θθEF

r y r

r=

+ ⋅ − ⋅⋅

Simplificando-se a expressão anterior, tem-se:

r yEF =ε

O → centro da curvatura da superfície neutra.

r → raio de curvatura da superfície neutra.

Page 33: Apostila de_CIV 107.pdf

30

Utilizando-se a lei de Hooke, σ ε= ⋅E , pode-se obter a tensão normal que provocou o alongamento de EF:

r

yEEF ⋅=σ (6.1)

A Figura 6.5 mostra um corte imaginário na viga da Figura 6.2. A linha neutra divide, na seção transversal, as regiões tracionada e comprimida.

y

z

P

NL

Figura 6.5

Vamos impor a condição que:

σ ⋅ =∫ dAA

0

Esta condição deve-se ao fato de não existir força normal atuando na seção transversal. Uma vez que σ ⋅ =dA dF, a soma de todas as forças elementares dF é igual a zero. Colocando-se a equação (6.1) na equação acima, tem-se:

E y

rdA

A

⋅ ⋅ =∫ 0

Por hipótese, o módulo de elasticidade E é o mesmo à tração e à compressão, portanto, não varia na área. Sendo assim, a expressão acima pode ser colocada da seguinte forma:

E

ry dA

A⋅ ⋅ =∫ 0

Como o módulo de elasticidade E não pode ser igual a zero e o raio r não pode ser infinito (neste caso não haveria flexão), tem-se que:

y dAA

⋅ =∫ 0

A integral acima é, por definição, o momento estático da área da seção transversal em relação à linha neutra. O momento estático de uma área em relação a qualquer eixo que passa pelo centróide é igual a zero. Portanto, a linha neutra passa pelo centróide da área da seção transversal. A outra condição a ser imposta é que:

σ ⋅ ⋅ =∫ y dA MA

Linha neutra → Intersecção da superfície neutra com a seção transversal

Page 34: Apostila de_CIV 107.pdf

31

Esta condição deve-se ao fato que σ ⋅ ⋅ =y dA dM e somando-se o momento de todas as forças elementares tem-se o momento fletor aplicado. Ou, em outras palavras, a toda ação corresponde uma reação em sentido contrário. A reação ao momento fletor aplicado é produzida pela soma de todos os momentos das forças elementares. Colocando-se a equação (6.1) na equação acima, tem-se:

E y

ry dA M

A

⋅ ⋅ ⋅ =∫

Ou

E

ry dA M

A⋅ ⋅ =∫

2 (6.2)

Por definição:

y dA I zA

2 ⋅ =∫

O eixo y tem origem na linha neutra da área da seção transversal, sendo assim, o momento de inércia I z , calculado pela expressão acima, é o momento de inércia da área da seção transversal em relação ao eixo horizontal do centróide.

Colocando-se a expressão acima em (6.2), o momento fletor assume a forma:

ME

rI z= ⋅

Isolando-se o raio da curvatura r, tem-se:

rE I

Mz=

Substituindo-se a expressão de r na expressão (6.1), tem-se:

σ = ⋅⋅

E yE I

Mz

Ou:

σ = ⋅M y

I z

(6.3)

Portanto, a tensão normal referente ao momento fletor varia linearmente em uma seção transversal.

6.4 – Flexão simples

A flexão simples ocorre quando uma estrutura ou parte de uma estrutura fica solicitada por momento fletor e força cortante. Este é o caso dos trechos AC e DB da estrutura da apresentada na Figura 6.1. Vamos admitir, a priori, que a tensão normal nos trechos AC e DB, da mesma forma que no trecho CD, varie linearmente.

Page 35: Apostila de_CIV 107.pdf

32

P P

y x

C D

dx g f

g f

A B g f

dx

g f M + dM M

Figura 6.6

O momento fletor varia ao longo do comprimento dx. A tensão normal nas seções transversais f-f e g-g são, respectivamente, dadas pelas expressões:

σ = ⋅M y

I z

e ( )

σ =+ ⋅M dM y

I z

A força normal resultante na seção transversal é nula, conforme já visto. Entretanto, tem-se força resultante em uma área genérica |A . A força resultante F (Figura 6.7) é dada pela expressão:

∫ ∫⋅=⋅σ=

| |A Az

dAI

yMdAF

e a força resultante dFF+ dada por:

( )∫

⋅+=+|A

Z

dAI

ydMMdFF

NL

dx |A dx

|A.

F

F + dF

(a) (b)

Figura 6.7

Nas três faces externas do elemento da Figura 6.7(b) não ocorre nenhuma ação. Portanto, no plano de corte e no sentido da força F existem tensões cisalhantes τ que mantêm o equilíbrio de forças (Figura 6.8).

Page 36: Apostila de_CIV 107.pdf

33

dx

F

F + dF

τ

dx

F + dFF

Figura 6.8

O equilíbrio de forças na direção da força F fornece a expressão:

( ) 0dFFdxbF =+−⋅⋅τ+

onde b representa a largura da seção transversal.

Colocando-se as expressões de F e de dFF+ na equação acima, tem-se:

( )0dA

I

y dMMdx b dA

I

y M|| A

zA

z

=+−τ+ ∫∫

Simplificando a expressão anterior, tem-se:

0dA I

y dMdx b

|Az

=−τ ∫

O momento fletor e o momento de inércia não variam na área, isto é, dependem apenas da coordenada x. Sendo assim, a expressão acima pode ser colocada da seguinte forma:

∫ ⋅⋅⋅⋅

=τ|A

z

dAydx

dM

Ib

1

A integral acima é, por definição, o momento estático da área |A em relação ao eixo z. A derivada do momento fletor em relação à coordenada x fornece a força cortante, então:

τ = ⋅⋅

V Q

b I z

z (6.4)

Uma vez que as tensões cisalhantes são iguais nos planos perpendiculares entre si (Teorema de Cauchy), a seção transversal também está solicitada por τ (Figura 6.9). Estas tensões τ produzem a deformação distorção (γ) fazendo com que as seções transversais inicialmente planas não permaneçam planas depois de aplicado o carregamento.

dx

b

Figura 6.9

Entretanto, em alguns casos, a força cortante desempenha um papel secundário. Sejam, por exemplo, as duas vigas da Figura 6.10. As duas vigas têm a mesma altura h e estão solicitadas pela mesma força cortante (P). Na viga da Fig. 6.10(a), onde L >> h, o momento fletor é predominante, desta forma as seções planas permanecem praticamente planas depois de aplicado o carregamento.

Page 37: Apostila de_CIV 107.pdf

34

(a) (b)

Figura 6.10

Ensaios em laboratórios mostram que as expressões (6.3) e (6.4) podem ser usadas nas estruturas em que:

L

h≥ 5

Nas estruturas em que a relação acima é verificada são chamadas vigas.

OBS.: No cisalhamento puro (Fig. 6.10(b)), conforme já visto, a tensão de cisalhamento é dada por: τ = F/A. Na flexão simples (M+V) a tensão cisalhante é dada pela equação (6.4).

6.5 – Distribuição das tensões de cisalhamento

A força cortante V, o momento de inércia I z e a largura b, no caso geral variam segundo a coordenada x. Sendo assim, em uma seção transversal qualquer a tensão de cisalhamento varia apenas em função do momento estático.

• Seção transversal retangular O momento estático de uma área |A é dado por:

Q A y= ⋅|_

Onde _

y é a distância do centróide da área |A até o centróide da figura. Uma vez que o momento estático tem variação parabólica a tensão cisalhante também varia segundo uma equação do segundo grau. Nos pontos com coordenadas y = h/2 e y = −h/2 a tensão cisalhante é nula. O valor máximo da tensão cisalhante é obtido nos pontos com coordenada y = 0, isto é, a tensão cisalhante é máxima na linha neutra e seu valor é calculado da seguinte forma:

A2

V3máx =τ

Figura 6.11 – Gráfico referente à distribuição das tensões σ e τ

Page 38: Apostila de_CIV 107.pdf

35

• Seção transversal em forma de "I"e"T"

c τmáx

τ σ

c

τ

τmáx

σ

Figura 6.12 – Gráfico referente à distribuição das tensões σ e τ

6.6 – Módulo elástico de resistência à flexão ( W )

Em uma viga solicitada por momento fletor a maior tensão normal é dada por:

d

IM

I

dM máxmáxmáx =

⋅=σ

onde I é o momento de inércia da seção transversal e d é a distância da linha neutra até um

ponto localizado na superfície da viga. Por definição:

d

IW =

Então: W

M máxmáx =σ

Se a seção transversal não tiver eixo de simetria horizontal é evidente que: is WW ≠ .

Dimensão do módulo elástico de resistência à flexão ( W ): [ ]3L

Para vigas com seção transversal retangular, tem-se:

2

h12

bh

WW

3

is == → 6

bhWW

2

is ==

Para vigas de seção transversal circular, tem-se:

2

D64

D

WW

4

is

π

== → 32

DWW

3

is

π==

Para uma viga com seção transversal em forma de “ T ”, com as dimensões mostradas na figura

abaixo, o momento de inércia em relação ao eixo z é igual a 6,15 x 10 − 3 m4. Então:

Page 39: Apostila de_CIV 107.pdf

36

217,0

10x15,6W

3

s

= 32s m10x83,2W −=→

383,0

10x15,6W

3

i

= 32i m10x61,1W −=→

6.7 – Deformações na flexão

Linha elástica: Por definição, linha elástica é a curva na qual se transforma o eixo da viga

depois de aplicado o carregamento. P

x

v

vd

d

d’

o

linha elástica

Onde:

dv : deflexão (flecha) do ponto d (componente vertical do deslocamento do ponto d).

A deflexão é uma função da coordenada x.

Métodos de cálculo

Método da integração direta

Método da energia

Métodos numéricos

Outros métodos.

Hipóteses

• Despreza-se a contribuição da força cortante no cálculo das deflexões;

• As deflexões são pequenas quando comparadas com as dimensões da viga (base,

altura e comprimento);

• É válida a Lei de Hooke.

Page 40: Apostila de_CIV 107.pdf

37

Método da integração direta

Para ΕΙ constante e analisando-se o sinal da segunda derivada (considerando-se o

sentido do eixo das deflexões ( v ) positivo para baixo), tem-se:

)x(M)x(vIE || −=

Condições de contorno (ou condições de extremidade s)

Exemplos de deflexões (flechas) de vigas isostática s com ΕΕΕΕΙΙΙΙ constante

0vv | ==

0v =

Page 41: Apostila de_CIV 107.pdf

38

Contra-flecha

Durante a construção de uma viga recomenda-se provocar deslocamentos em sentido

contrário aos deslocamentos que ocorrerão quando for aplicado o carregamento. Este

procedimento é chamado de contra-flecha .

Page 42: Apostila de_CIV 107.pdf

39

Capítulo 7 – Solicitações compostas

7.1 – Introdução: Nos estudos precedentes foram obtidas as expressões das tensões (σ

e τ) provocadas pelos quatro esforços internos :MeT,V,N

Força normal ( N ): A

N=σ

Força cortante ( V ): A

V=τ (cisalhamento puro) ou bI

VQ=τ (flexão simples: M + V)

Momento de torção ( T ): J

Tr=τ onde ( )4i

4e DD

32J −π= (Observação: fórmula válida

para barras que tem seção transversal circular)

Momento fletor ( M ) : I

yM=σ

• Flexão pura: quando uma estrutura fica solicitada somente por momento fletor (M)

• Flexão simples: quando uma estrutura fica solicitada por M + V

• Flexão composta: quando uma estrutura fica solicitada por momento fletor + força

normal ou momento fletor + momento de torção

Flexo-tração: momento fletor + força normal de tração

Flexo-compressão: momento fletor + força normal de compressão

Flexo-torção: momento fletor + torção

• Equação da flexão composta para vigas solicitadas por força normal axial e por

momento fletor Mz:

+=σA

Nx

z

z

I

y.M

Page 43: Apostila de_CIV 107.pdf

40

Capítulo 8 − Flambagem 8.1 − Introdução

Barras esbeltas solicitadas à compressão rompem por flexão quando a força

atinge um valor crítico (Pcr) .

Barra esbelta: quando o comprimento longitudinal é muito maior que as dimensões

da seção transversal.

Para estudar-se o fenômeno da flambagem tem-se que usar a “teoria de 2a

ordem”.

Teoria de 1a ordem: para calcularem-se os esforços internos esta teoria permite

confundir a forma inicial da estrutura com sua forma deslocada pelas cargas.

Teoria de 2a ordem: tem-se que levar em consideração a posição deslocada da

estrutura para calcularem-se os esforços internos.

8.2 – Carga crítica de barras bi-articuladas solicitadas por força axial (caso fundamental)

v (x)

v

x

P

P

L

Então: )x(v.P)x(EIv || −= ou: 0)x(v.P)x(EIv || =+

Dividido-se a expressão acima por ,IE tem-se:

0)x(vEI

P)x(v || =+

E I v | | (x) = − M (x) M (x) = P . v(x)

Page 44: Apostila de_CIV 107.pdf

41

Chamando-se de EI

Pk 2 = , tem-se:

0)x(vk)x(v 2|| =+ → equação diferencial de segunda ordem homogênea

Solução: v(x) = C. xeβ , onde: ki=β

ou: v(x) = kx cos B kx sen A +

A equação da linha elástica v(x) = kx cos B kx sen A + tem que satisfazer as

condições de contorno:

1ª) para x = 0 → v = 0; v = 0 = A sen k.0 + B cos k.0; 0 = A.0 + B.1 → B = 0

2ª) para x = L → v = 0; v (L) = 0 = A sen k.L;

Se A = 0 → solução trivial → não existe elástica → não existe flambagem.

Então: sen k.L = 0

A solução é: n = 1, 2, 3 ,4...

Lembrando que: →=EI

Pk 2

EI

Pk = →

L

n

EI

P π= → 2

22

L

n

EI

P π= → EIL

nP

2

22π=

Utilizamos o menor valor de P, isto é, n = 1:

2

2

cr L

EIP

π=

Pcr → é chamada de carga crítica de Euler. A flambagem é um problema de

equilíbrio. Formas de equilíbrio: estável, instável, indiferente.

8.3 – Tensão crítica (σcr)

AL

EI

A

P2

2cr π=

AL

EI2

2

cr

π=σ

Por definição, o raio de giração i é dado por: AIi2 = [i = m, cm, mm]

kL = nπ n = ...,-4,-3,-2,-1,0, 1, 2, 3 ,4,...

Page 45: Apostila de_CIV 107.pdf

42

Então: 2

22

cr L

Eiπ=σ

Chamando de: i

L=λ , onde λ é conhecido como índice de esbeltez e é adimensional,

tem-se:

2

2

crE

λ

π=σ

Obs.: No cálculo do raio de giração usa-se o menor momento de inércia. Se ocorrer

flambagem, ela acontecerá na direção perpendicular ao eixo de menor inércia:

AIi minmin =

8.4 – Fórmula de Euler para outros casos de vinculação

A fórmula de Euler torna-se geral se considerarmos o comprimento de flambagem

LKLfl = :

2fl

min2

cr L

EIP

π= e

2

2

crE

λ

π=σ onde

min

fl

i

L=λ

K = 1,0

L

K = 2,0 K = 0,7 K = 0,5

Page 46: Apostila de_CIV 107.pdf

43

8.5 – Validade da fórmula de Euler

O maior valor que a tensão crítica pode assumir é a tensão de proporcionalidade:

pcr σ≤σ

Por exemplo: Aço CA – 25 : Ε = 205 x 109 N/m2

pσ = 210 x 106 N/m2

2

2

crE

λ

π=σ →

2

926 10.205.

10.210λ

π= → 6

92

10.210

10.205.π=λ = 16,98

Page 47: Apostila de_CIV 107.pdf

44

Capítulo 9 – Introdução ao estudo das tensões 9.1 – Introdução • Determinar as tensões que atuam nos planos inclinados (σθ e τθ); • Determinar as tensões normais extremas e as direções dos planos onde atuam • Determinar a maior tensão de cisalhamento. 9.2 – Análise de tensões em uma barra solicitada por força axial

σx

FF

Fx

O

y

F F

σx Fσx =

FA

Retirando-se um ponto da barra tracionada:

xO

y

σx σx

θ

90-θ

Aθ sen θ

σx Aθ sen θ

τθ Aθ

σθ Aθ

θσx

σθ τθ

∑ =σθ 0F

0)90cos(.senA.A. x =θ−°θσ−σ θθθ

θσ=σθ2

x sen.

∑ =τθ 0F

0)90sen(.senA.A. x =θ−°θσ+τ θθθ

θθσ−=τθ cossen.x

Obs.: 1) xmáx σ=σ

2) cálculo de máxτ

)cossen(0d

d 22x θ+θ−σ−==

θ

τθ θ=θ cossend

θ−=θ sencosd

0cossen 22 =θ+θ− → θ = 450, 1350, 2250 e 3150

⇒ ( ) ( )°°σ−=τ 45cos.45senxmín → 2

xmín

σ−=τ

Page 48: Apostila de_CIV 107.pdf

45

⇒ ( ) ( )°°σ−=τ 135cos.135senxmáx → 2

xmáx

σ=τ

σx σx

45º

135º

Em uma barra tracionada (ou comprimida) τ é máximo nos planos que formam um

ângulo de 45º com OX.

9.3- Tensões normais em duas direções perpendiculares

σx σx

θ

θ

σy

σy

90-θ

Aθ sen θ

σx Aθ sen θ

τθ Aθ

σθ Aθ

θ

Aθ cos θ

x

O

y

∑ =σθ 0F

0coscosAsensenAA yx =θθσ−θθσ−σ θθθθ

θσ+θσ=σθ2

y2

x cossen

∑ =τθ 0F

0sencosAcossenAA yx =θθσ−θθσ+τ θθθθ

( ) θθσ−σ=τθ cossenxy

9.4 - Estado geral de tensões planas É caracterizado por: 0;0;0 xyyx ≠τ≠σ≠σ

0yzxzz =τ=τ=σ

• Convenção de sinais:

σ → positiva de tração e negativa de compressão;

τ θ → positiva quando tende girar o elemento no sentido horário;

τ xy → positiva quando possui o sentido indicado na figura abaixo;

Page 49: Apostila de_CIV 107.pdf

46

x

O

y

σx σx

θ

σy

σy

τxy

τxy

τxy

τxy

τθ Aθ

σθ Aθ

θ

σx

σy

∑ =σθ 0F

0sencosAsencosAcosAsenAA xyxy2

y2

x =θθτ−θθτ−θσ−θσ−σ θθθθθθ

θθτ+θσ+θσ=σθ sencos2cossen xy2

y2

x (9.1)

∑ =τθ 0F

0coscosAsensenAsencosAcossenAA xyxyyx =θθτ+θθτ−θθσ−θθσ+τ θθθθθθ

( ) ( )θ−θτ+θθσ−σ=τθ22

xyxy cossencossen (9.2)

Exercício: Calcule as tensões σθ e τθ nos planos que formam ângulos de 45o e 135o com o eixo Ox. Mostre os resultados em um elemento orientado.

Para θ = 45o (ou para θ = − 135o ) têm-se as tensões:

→−++−=σθooo2o2 45cos45sen)25(245cos5045sen80 MPa40−=σθ

)45cos45)(sen25(45cos45sen)8050( o2o2oo −−++=τθ MPa65=τ→ θ

Para θ = 135o (ou θ = − 45o ) têm-se: σθ = 10 MPa e τθ = − 65 MPa.

Page 50: Apostila de_CIV 107.pdf

47

9.5 − Circunferência de Mohr As equações de σθ e τθ constituem uma equação paramétrica da circunferência. Da

trigonometria, têm-se as seguintes equações:

θ=θθ 2sencossen2

( )cos cos2 1

21 2θ θ= +

( )sen cos2 1

21 2θ θ= −

Com as expressões acima, σθ e τθ podem ser reescritas da forma:

( ) ( ) θτ+θ+σ+θ−σ=σθ 2sen2cos12

12cos1

2

1xyyx

ou:

σσ σ σ σ

θ τ θθ −+

=−

+x y y x

xy2 22 2cos sen (a)

( ) ( ) ( )

θ+−θ−τ+θσ−σ=τθ 2cos12

12cos1

2

12sen

2

1xyxy

ou:

τσ σ

θ τ θθ =−

−y x

xy22 2sen cos (b)

Elevando-se as expressões (a) e (b) ao quadrado e somando-as, tem-se:

( )

( ) θτ+θτθσ−σ−θ

σ−σ

+θτ+θτθσ−σ+θ

σ−σ=τ+

σ+σ−σ θθ

2cos2cos.2sen2sen2

2sen2sen.2cos2cos22

22xyxyxy

22

xy

22xyxyxy

22

xy22

yx

Donde:

2xy

2

xy2

2

yx

22τ+

σ−σ=τ+

σ+σ−σ θθ

Convenção de sinais para a circunferência de Mohr:

• τxy e τθ são positivas quando tendem girar o elemento no sentido horário;

• θ é positivo quando o giro é realizado no sentido anti-horário.

Page 51: Apostila de_CIV 107.pdf

48

Dado um estado plano de tensão onde as tensões σx, σy e τxy são conhecidas pode-se

construir a circunferência de Mohr. Para esta demonstração, sem perder a generalidade,

supõe-se que yx σ>σ .

σ1 e σ2 são as tensões normais extremas e conhecidas como tensões principais

σ1 é a maior tensão normal e σ2 é a menor tensão normal

2xy

2yxyx

1 22τ+

σ−σ+

σ+σ=σ σ

σ σ σ στ2

2

2

2 2=

+−

+x y x y

xy

O ponto P é o pólo: origem de todos os planos

tg xy

x

θτ

σ σ11

=−

σ−στ

−=θ2x

xy2tg

θ1 direção do plano onde atua a maior tensão normal

θ2 direção do plano onde atua a menor tensão normal

θ1 e θ2 são chamadas direções principais. Da circunferência conclui-se que: 021 90=θ+θ

2xy

2yx

máx2

τ+

σ−σ=τ ou:

2

21máx

σ−σ=τ ;

σ−στ+τ

−=θ5,0)(

tgyx

xymáx3

θ3 direção do plano onde atua a maior tensão de cisalhamento.

máxτ , calculada pela fórmula acima, refere-se à maior tensão de cisalhamento do plano

das tensões (plano XOY). Pode existir tensão de cisalhamento maior em outro plano.

Page 52: Apostila de_CIV 107.pdf

49

9.6 – Elipse de tensões

xO

y

σx σx

θ

Aθ sen θθ

σy

σy

Y

Xσx

σy

Aθ cos θ

∑ = 0Fh → 0senAXA x =θσ− θθ θ=σ

→ senX

x

∑ = 0Fv → 0cosAYA y =θσ− θθ θ=σ

→ cosY

y

θ+θ=σ

222y

2

2x

2

cossenYX

⇒ 1YX

2y

2

2x

2

→ Elipse de Lamé

9.7 – Análise de tensões em três dimensões

Pelo teorema de Cauchy: ijji τ=τ

A Figura (b) apresenta um corte imaginário no elemento da Figura (a), onde X, Y e Z são as componentes de tensão que atuam no plano inclinado BCD nas direções x, y e z,

respectivamente. A direção do plano BCD é determinada com o auxílio de um vetor →N

perpendicular a esse plano. Chamando-se de θx, θy e θz os ângulos que o vetor →N forma,

Page 53: Apostila de_CIV 107.pdf

50

respectivamente, com as componentes de tensão X, Y e Z, tem-se os co-senos diretores

m,l e n que determinam a direção do vetor →N .

zyx cosn;cosm;cosl θ=θ=θ=

A área do plano BCD é chamada Aθ e as outras três áreas do tetraedro são obtidas em função dos co-senos diretores e de Aθ. O equilíbrio de forças na direção do eixo Ox fornece a expressão:

0nAmAlAXA zxyxx =τ−τ−σ− θθθθ

Simplificando-se o termo comum Aθ e fazendo-se raciocínio análogo para as direções y e z:

nmlZ

nmlY

nmlX

zyzxz

zyyxy

zxyxx

σ+τ+τ=

τ+σ+τ=

τ+τ+σ=

• Tensões principais:

São calculadas determinando-se as raízes da seguinte equação do terceiro grau:

+στ−τ−τ−σσ+σσ+σσ+σσ+σ+σ−σ )()( 2xy

2yz

2xzzxzyyx

2zyx

3

0)2( 2xyz

2xzy

2yzxxzyzxyzyx =τσ+τσ+τσ+τττ−σσσ−

A equação do terceiro grau acima fornece três raízes reais que são as tensões

principais σ1, σ2 e σ3 do estado geral de tensões.

A seguir, é apresentado o método de Cardano para calcularem-se as raízes de uma

equação do terceiro grau quando todas as raízes são reais. Dada uma equação da seguinte

forma:

0cbXaXX 23 =+++

As três raízes são: 3/aYX 11 −=

3/aYX 22 −=

3/aYX 33 −=

onde:

)3/cos(P2Y1 θ⋅=

)3/240cos(P2Y 02 θ+⋅=

)3/120cos(P2Y 03 θ+⋅=

sendo:

Page 54: Apostila de_CIV 107.pdf

51

)P/Qarccos( 3=θ

P e Q são dados por:

Pa b= −2 3

9 ; Q

ab a c= − −9 2 27

54

3

Sendo σ1, σ2 e σ3 raízes reais, tem-se as propriedades:

zyx321 σ+σ+σ=σ+σ+σ

2xy

2yz

2xzzxzyyx133221 τ−τ−τ−σσ+σσ+σσ=σσ+σσ+σσ

)2( 2xyz

2xzy

2yzxxzyzxyzyx321 τσ+τσ+τσ+τττ−σσσ−−=σσσ

• Círculo de Mohr para tensões em três dimensões

Para o caso geral de tensões não existe representação gráfica. Entretanto, para um

elemento solicitado por três tensões principais pode ser feita a representação gráfica. A

convenção adotada é:

σ1 ≥ σ2 ≥ σ3

1

3

2

σ1

σ3

σ2

σ1 σ

τ

σ2 σ3 O

231

máx

σ−σ=τ

• ESTADO HIDROSTÁTICO:

P

P

P

σ1 ≡ σ2 ≡ σ3 = - P σ

τ

Em todas as direções de um estado hidrostático: σθ = − P e τθ = 0

Page 55: Apostila de_CIV 107.pdf

52

9.8 Lei de Hooke generalizada

σx

σz

σy

τzy

τzx τxz

τxy τyz

τyx

x

z

y

Material isotrópico: é um material que possui as mesmas propriedades físicas em todas as

direções.

Superposição dos efeitos: Aplicando-se a tensão normal σx (de tração), têm-se as componentes de deformação εx, εy e εz:

xxE σ=ε → E

xx

σ=ε

xzyx

z

x

y νε−=ε=ε→εε

−=εε

−=ν E

xzy

σν−=ε=ε→

Fazendo-se raciocínio análogo quando aplicam-se as tensões normais de tração σy e σz e

somando as três componentes de deformação têm-se a lei de Hooke generalizada:

( )[ ]zyxx E

1 σ+σν−σ=ε

( )[ ]zxyy E

1 σ+σν−σ=ε

( )[ ]yxzz E

1 σ+σν−σ=ε

• A Lei de Hooke Generalizada é demonstrada para tensões normais de tração. Se alguma

tensão for de compressão troca-se o sinal da tensão.

• Porque não se leva em consideração as tensões de cisalhamento no cálculo da

deformação ε? Porque as tensões de cisalhamento provocam distorção γ .

γ=τ G

G;

G;

G

yzyz

xzxz

xyxy

τ=γ

τ=γ

τ=γ → Extensão da lei de Hooke

Page 56: Apostila de_CIV 107.pdf

53

9.9 Dilatação cúbica específica

,dx dy e dz → comprimentos iniciais

dxdx ∆+ , dydy ∆+ e dzdz ∆+ → comprimentos finais

dz

dy

dx

( ) ( ) ( )dzdzdydydxdxVV ∆+∆+∆+=∆+

( ) ( ) ( )dzdzdydydxdxVV zyx ε+ε+ε+=∆+

( ) ( ) ( )zyx 1dz1dy1dxVV ε+ε+ε+=∆+

( ) ( )zyxyx 11dxdydzVV ε+εε+ε+ε+=∆+

( )zyx1VVV ε+ε+ε+≅∆+

( )zyxVVVV ε+ε+ε+≅∆+

Portanto: zyxV

V ε+ε+ε≅∆ (dilatação cúbica específica)

• Caso particular de um elemento solicitado por três tensões iguais de tração

σ

σ

σ

( )[ ]σ+σν−σ=εE

1x → ( )νσ−σ=ε=ε=ε 2

E

1zyx → ( )ν−

σ=ε=ε=ε 21

Ezyx

( )ν−σ≅∆21

E

3

V

V

0210V

V≥ν−→≥

∆ → 1212 ≤ν⇒−≥ν−

5,00 ≤ν≤ → válido na fase elástica-linear.

σx = σy = σz = σ

V → volume inicial

V + ∆ V → volume final

dzdydxV ⋅⋅=

Page 57: Apostila de_CIV 107.pdf

54

Capítulo 10 – Critérios de escoamento 10.1 – Introdução O objetivo dos critérios de escoamento é informar se um componente estrutural está escoando quando submetido a diferentes solicitações. Por exemplo, uma barra tracionada não estará escoando enquanto a tensão normal estiver abaixo da tensão de escoamento Yσ ,

sendo que a tensão Yσ é obtida em ensaios de laboratório usando-se corpos-de-prova de mesmo material que a barra tracionada. Esta comparação entre a tensão solicitante e a tensão

Yσ é o critério utilizado para julgar se uma barra tracionada está escoando. No entanto, pela comparação direta com os ensaios de laboratório, torna-se inconveniente investigar se um componente estrutural solicitado por um estado de tensões mais geral está escoando, uma vez que inúmeras combinações de tensões podem ocorrer. Com base em teorias e ensaios de laboratório, existem vários critérios para analisar tais casos, são os chamados critérios de escoamento . Um determinado critério pode ser comprovado experimentalmente para um material e não aceito em um outro com características diferentes. Sendo assim, em função da variedade de materiais usados na engenharia, não se pode adotar um único critério. Um material elástico-plástico idealizado é aquele que segue a lei de Hooke até a tensão de proporcionalidade e, então, inicia-se o escoamento sob tensão constante. Na Figura abaixo,

Yσ representa a tensão de escoamento do material.

σ

σY

Y

ε No caso de um material elástico-plástico idealizado três casos podem ocorrer quando compara-se a tensão atuante σ e a tensão de escoamento :Yσ

Se σ < :Yσ a barra não está escoando;

Se σ = :Yσ a barra está escoando.

Se σ > :Yσ corresponde a uma situação física impossível, uma vez que a maior tensão que

pode ser aplicada à barra é .Yσ

Uma vez que nem sempre se trabalha com material elástico-plástico ideal estas três situações são reduzidas em duas:

Se σ < :Yσ a barra não está escoando;

Se σ :Yσ≥ a barra está escoando. 10.2 – Energia de deformação )U( O trabalho realizado por uma força externa em uma estrutura quando esta se deforma é total ou parcialmente convertido em energia de deformação (U).

Material elástico-plástico idealizado.

Page 58: Apostila de_CIV 107.pdf

55

σ

σYσp

fe fp

ε

10.3 – Energia específica de deformação )U( e

Por definição, )U( e é a relação entre a energia de deformação )U( e o volume )V( :

V

UUe =

Pode-se demonstrar que para um estado geral de tensões, )U( e é dada por:

( )[ ]zyxzyx2z

2y

2x

e 2E2

1U σσ+σσ+σσν−σ+σ+σ= + ( )2

yz2xz

2xy

G2

1τ+τ+τ

σx

σz

σy

τzy

τzx τxz

τxy τyz

τyx

x

z

y

Uma vez que eU é a energia por unidade de volume, pode-se determinar esta energia usando-se as tensões principais :)e,( 321 σσσ

( )[ ]32312123

22

21

e 2E2

1U σσ+σσ+σσν−σ+σ+σ= (a)

eU pode ser dividida em duas partes: ed

eV

e UUU +=

onde: evU é a parte da energia referente à variação de volume e e

dU referente à distorção

1

3

2

σ1

σ3

σ2

σ

σ

+

Tensão esférica Tensões desviadoras

σ'1

σ'3

σ'2

σp → tensão de proporcionalidade

f.e → fase elástica

fp → fase plástica

Na fase elástica: ie WW = ; ou: UWe =

Page 59: Apostila de_CIV 107.pdf

56

11 σ′+σ=σ onde:

22 σ′+σ=σ 3

321 σ+σ+σ=σ

33 σ′+σ=σ

321321 3 σ′+σ′+σ′+σ=σ+σ+σ

Portanto: 0321 =σ′+σ′+σ′

Dilatação cúbica específica das tensões desviadoras: 321V

Vε+ε+ε=

Onde: ( )[ ]3211E

1σ′+σ′ν−σ′=ε

( )[ ]3122E

1σ′+σ′ν−σ′=ε

( )[ ]2133E

1σ′+σ′ν−σ′=ε

( ) ( ) 0E

21321321 =σ′+σ′+σ′ν−

=ε+ε+ε ⇒ ( ) ( ) 0

E

21

V

V321 =σ′+σ′+σ′ν−

=∆

ou seja: 0V

V =∆

• Tensões desviadoras: distorcem o elemento sem variar o volume; • Tensões esféricas: variam o volume sem produzir distorções.

Determina-se evU por meio da substituição das tensões esféricas na equação (a):

( )[ ]σσ+σσ+σσν−σ+σ+σ= 2E2

1U 222e

v

( ) ( )[ ]22ev 323

E2

1U σ⋅ν−σ=

( ) ( )2321

ev

E6

21U σ+σ+σ

ν−=

Mas ev

eed UUU −= , assim, colocando-se as expressões de e

ve UeU , tem-se:

( )[ ] ( ) ( )232132312123

22

21

ed

E6

212

E2

1U σ+σ+σ

ν−−σσ+σσ+σσν−σ+σ+σ=

( ) ( ) ( ) ( )[ ]2113

23

2332

22

2221

21

ed 222

E6

1U σ+σσ−σ+σ+σσ−σ+σ+σσ−σ

ν+=

( ) ( ) ( ) ( )[ ]213

232

221

ed E6

1U σ−σ+σ−σ+σ−σν+=

Page 60: Apostila de_CIV 107.pdf

57

10.4 – Critério da máxima energia de distorção (von Mises) Critério utilizado para materiais dúcteis. Baseia-se na observação de que o escoamento dos materiais dúcteis é provocado por tensões de cisalhamento.

45ºσYσY

( )2Y

2Y

edY

E6

)1(U σ+σ⋅

ν+= . Se e

dYed UU < → não há escoamento

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2Y

213

2

322

21 2E6

1

E6

1σ⋅

ν+<

σ−σ+σ−σ+σ−σν+

Ou: ( ) ( ) ( ) 2Y

213

232

221 2σ<σ−σ+σ−σ+σ−σ (11.1)

Particularizando-se o critério para estados planos de tensão e chamando-se de aσ e

bσ as tensões principais não nulas:

( ) ( ) ( ) 2Y

2a

2b

2ba 200 σ<σ−+−σ+σ−σ

2Y

2b

2a

2bba

2a 22 σ<σ+σ+σ+σσ−σ → 2

Y2bba

2a σ<σ+σσ−σ

σb

σa

σY

-σY

-σY

σY

Observação: O critério da máxima energia de distorção, equação (11.1), pode ser colocado em função de tensões não principiais, ou seja, em função de σx, σy, σz, τxy, τxz e τyz. Usando-se o primeiro e o segundo invariantes de tensão, pode-se demonstrar que a equação (11.1) assume a seguinte forma:

2Y

2yz

2xz

2xyzyzxyx

2z

2y

2x )(3 σ<τ+τ+τ+σσ−σσ−σσ−σ+σ+σ

Particularizando para estados planos de tensão: σx ≠ 0; σy ≠ 0; τxy ≠ 0; σz= τxz = τyz = 0:

2Y

2xyyx

2y

2x 3 σ<τ+σσ−σ+σ

Particularizando para cisalhamento puro: τxy ≠ 0; σx = σy = σz = τxz = τyz = 0, tem-se:

2Y

2xy3 σ<τ →

3Y

xy

σ<τ

σ1 = σY

σ2 = σ3 = 0

Elipse de von Mises

Page 61: Apostila de_CIV 107.pdf

58

10.5 – Critério da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) Usado para materiais dúcteis.

τY σYσY

2Y

máx

σ<τ ⇒

22

Y31 σ<

σ−σ ⇒ Y31 σ<σ−σ

• Particularizando o critério de Tresca para o estado plano de tensões (σa e σb tensões

principais não nulas).

σb

σa

σY

-σY

-σY

σY

σb

σa

σY

-σY

-σY

σY

(a) Hexágono de Tresca (b) Comparação entre os dois critérios

10.6 – Critério da máxima tensão normal (Rankine) Usado para materiais frágeis.

Para que não ocorra ruptura: U1 σ<σ .

Ou: U3 σ<σ , onde: Uσ → tensão última

10.7 – Critério de Mohr

Usado para materiais frágeis.

τ

σ

2

31máx

σ−σ=τ

2Y

Y

σ=τ

envoltória de Mohr

zona sem ruptura

zona de ruptura

zona de ruptura

Page 62: Apostila de_CIV 107.pdf

59

10.8 – Critério de Mohr-Coulomb É o mais usado na Mecânica dos solos. Baseia-se no fato de que os solos rompem por cisalhamento. A envoltória de Mohr é substituída pela reta de Coulomb.

τ → reta de Coulomb (resistência ao cisalhamento dos solos) φ → ângulo de atrito c → coesão

τ

σ φ φ c

c τ = c + σ tg φ

zona sem

ruptura

τ

σ φ φ

τ = σ tg φ

zona sem

ruptura

(a) solo coesivo (b) solo não coesivo • Interpretação do critério de Mohr-Coulomb: Impõe-se uma reta tangente ao círculo de Mohr

correspondente às tensões normais extremas (σ1 e σ3). Calcula-se um ângulo α para que isto ocorra e compara-se com o valor do ângulo de atrito φ: se α < φ: não vai haver ruptura; se α = φ o elemento está na iminência da ruptura; se α > φ o elemento vai romper.

τ

σ φ

c tg φ L =

τ

σ α

c tg φ L =

r

σ3 σ1

σ1 - σ3 2 r =

(a) (b)

Da figura (b) acima, tem-se a expressão: rL

rsen

3 −σ−=α

Ou:

2tg

c2sen

313

31

σ−σ−σ−

φ

σ−σ

Ou ainda:

φσ+σ−φσ−σ

=αtg)(c2

tg)(sen

31

31

Page 63: Apostila de_CIV 107.pdf

60ANEXO

ΙΙΙΙ – Propriedades de áreas planas

ΙΙΙΙ.1 – Momento estático (Q): Seja a área A situada no plano YOZ. Sendo y e z as coordenadas de um

elemento de área dA, o momento estático da área A, por definição, é dado por:

• Dimensão de Q: [ L ] 3

• O momento estático de uma área, dependendo da posição do sistema de referência, pode ser positivo, negativo ou nulo.

ΙΙΙΙ.2 – Centróide: Por definição as coordenadas do centróide (__

y;z ) de uma área são dadas por:

• Observação: o momento estático de uma área finita em relação a um eixo que passa pelo

centróide é nulo.

Page 64: Apostila de_CIV 107.pdf

61ΙΙΙΙ.3 – Momento de inércia ( ΙΙΙΙ): Por definição:

• O momento de inércia de uma área é sempre positivo. Dimensão de Ι : [ L ]4

Teorema dos eixos paralelos (ou teorema de Steiner): O momento de inércia de uma área em

relação a um eixo de seu plano é igual ao momento de inércia em relação a um eixo paralelo que

passa pelo seu centróide acrescido ao produto da área pelo quadrado da distância entre os dois eixos.

Page 65: Apostila de_CIV 107.pdf

62

Resumo das equações de M(x) e V(x) dos carregamentos mais usados na Engenharia

Carregamento )x(M )x(V

M−

0

xP−

P−

2

xq 2

xq−

L6

xq 3

L2

xq 2

L6

xq

2

xq 32

+−

L2

xqxq

2

+−

BIBLIOGRAFIA

BEER, F. P. & JOHNSTON JR, E. R. Resistência dos Materiais – McGraw-Hill.1982.

HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais 7a ed. – Prentice Hall. 2009.

PFEIL, W. & PFEIL M. Estruturas de Aço – Dimensionamento Prático – LTC Editora. 1995.

POPOV, E. P. Resistência dos Materiais – Prentice Hall. 1984.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural – v. 1. Editora Globo. 1973.

TIMOSHENKO, S. P. & GERE, J. E. Mecânica dos Sólidos – LTC Editora. 1982.