apostila de eclesiologia

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  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL

    Seminrio Teolgico Betel

    Eclesiologia

    Professor: Eduardo Lus de Carvalho Faria

    2011

    Eclesiologia

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL

    ndice:Unidade 1 Eclesiologia Bblica 1) Definio .........................................................................................................2) Origem do termo Igreja ...................................................................................3) Distines entre igreja no Antigo e no Novo Testamento ...............................4) Afinal, o que a Igreja? ..................................................................................5) A igreja uma criao Divina .........................................................................6) A Igreja e o Reino ...........................................................................................7) O Fundador da Igreja (Interpretao de Mateus 16:18) ..................................8) Breve estudo sobre a Sinagoga ......................................................................Unidade 2 Imagens Da Igreja1) Imagens Bblicas da Igreja ..............................................................................Unidade 3 As Marcas da IgrejaEstrutura da Igreja 1) Perspectivas Histricas (Resumo) ..................................................................2) Caractersticas da Igreja Verdadeira ..............................................................3) Aspectos da Igreja no Novo testamento .........................................................4) Analisando o Credo da Igreja .........................................................................5) A Misso da Igreja ..........................................................................................6) A Igreja Padro do Novo Testamento e de Hoje ............................................7) O que torna a Igreja Relevante? .....................................................................Unidade 4 A Igreja em Ao1) Sistemas de Governo da Igreja ou Sistemas EclesisticosI. Consideraes Preliminares.............................................................................II. Formas de Governo e Igrejas que as representam 1) Autocrtico (Autocracia) ou Monrquico ........................................................2) Episcopal ........................................................................................................3) Presbiterial, Oligrquico (Oligarquia) ou Conciliar ..........................................4) Congregacional Democrtico .........................................................................5) Hbrido ............................................................................................................Oficiais da Igreja .................................................................................................1) Apstolo ..........................................................................................................2) Dicono ...........................................................................................................3) Bispo ...............................................................................................................4) Presbtero .......................................................................................................5) Ancio .............................................................................................................6) Evangelista .....................................................................................................7) Pastor .............................................................................................................As ordenanas da Igreja .....................................................................................1) Batismo ...........................................................................................................1.1) Formas de Batismo ......................................................................................1.2) Significados .................................................................................................1.3) Autoridade para Batizar ...............................................................................1.4) Abrangncia do Batismo ..............................................................................1.5) Batismo Infantil .............................................................................................

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    1818181920202122232323232324252527282828 Eclesiologia 1

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL 2) A Ceia do Senhor2.1) Origem da Ceia na Celebrao da Pscoa ..................................................2.2) A Pscoa e a Ceia do Senhor ......................................................................2.3) Significado Teolgico da Ceia do Senhor ....................................................2.4) Interpretaes dos Elementos da Ceia do Senhor ......................................2.5) Abrangncia da Participao na Ceia do Senhor ........................................2.6) O Po e o Vinho ...........................................................................................2.7) Periodicidade da Celebrao .......................................................................2.8) Autoridade para presidir a Celebrao ........................................................2.9) Local da Celebrao ....................................................................................2.10) A Ordem dos Elementos ...........................................................................Unidade 5 A Igreja e o Estado .........................................................................Unidade 6 Formas de Entrada e Sada da Igreja ............................................Unidade 7 Disciplina na Igreja 1. Definio do Termo .........................................................................................2. Disciplina No Novo Testamento ......................................................................3. Objetivos da Disciplina Eclesistica ................................................................4. Pressupostos da Disciplina Eclesistica .........................................................5. O Processo da Disciplina Eclesistica ............................................................6. Disciplina da Igreja E Depois? .....................................................................7. Obstculos a Disciplina da Igreja ....................................................................Bibliografia Bsica ..............................................................................................Bibliografia Complementar ..................................................................................

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    Eclesiologia 2

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL

    ECLESIOLOGIA Professor: Eduardo Lus de Carvalho Faria

    UNIDADE I - ECLESIOLOGIA BBLICA

    1. Definio

    I. Etimolgica: do grego: EKKLESA + LOGOS, ou seja, "um tratado (ou estudo) sobre a "IGREJA" principalmente local juntamente com suas ramificaes e seu funcionamento.

    II. Extensiva - um estudo da Bblia voltado para a igreja, nos seus problemas e deveres, cu ja finalidade principal levar os alunos a refletirem sobre o seu papel nos ajustes que se podem fazer para que a Igreja se alinhe Palavra de Deus, proporcionando o crescimento dos rebanhos do Senhor. O "Manual" das Igrejas a Bblia sem a menor duvida.

    Nota: A palavra "ECLESIOLOGIA" no foi catalogada pelo "Novo Dicionrio AURLIO da Lngua Portuguesa" assim como pelo Dicionrio Brasileiro da Lngua Portuguesa - O GLOBO. Consta do "Dicionrio Brasileiro da Lngua Portuguesa" da Mirador Internacional. Trata-se de um termo de natureza teolgica constante de obras especializadas, como por exemplo a "Systematic Theology" de Strong, 3 volume a partir da pgina 887 e aparece como "ECLESIOLOGY, OR THE DOUCTRINE OF THE CHURCH".

    2. Origem do Termo Igreja

    A palavra IGREJA, em portugus, deriva do latim ECCLESIA, AE, que, por sua vez, uma transliterao, para o latim, da palavra grega ekklesia.

    O vocbulo ekklesia significa "ajuntamento popular", que eram as assemblias locais da antiga Grcia, onde os magistrados decidiam a vida jurdica dos cidados, At 19:32, 41.

    a) O uso da palavra Ekklesia no Grego Clssico

    Ekklesia uma palavra composta da preposio ek que rege o genitivo e tem a idia de "sada, emisso para fora, separao de " com o verbo kaleo, "chamar, convocar em alta voz".

    Eclesiologia 3

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL Designava a "reunio formal de cidados da polis (cidade), convocados dos seus

    lares para uma assemblia pblica.. Nunca d a idia de sair para fora da cidade ou eximir-se da condio de cidado. Segundo vrios escritores e inscries antigas, "assemblia do povo", isto em Atenas e na maioria das cidades gregas. Caractersticas da ekklesia:

    Era a assemblia local, dos cidados de determinada cidade nunca se aplicando a um imprio universal ou regional;

    Era uma assemblia autnoma e soberana em relao cidade e a todas as demais cidades, podendo decidir sobre guerra e paz e tudo o mais que interessasse vida dos cidados;

    Os ekkletoi (chamados ou convocados) deviam ter caractersticas definidas de acordo com o motivo da convocao;

    Era uma assemblia democrtica, onde todos os convocados tinham iguais e indeclinveis direitos; As decises da ekklesia eram vlidas para todos os efeitos e para todos os habitantes da cidade.

    H. E. Dana: O uso clssico deste termo tem quatro elementos pertinentes para o uso no NT: 1) Era uma assemblia local; 2) Autnoma; 3) Pressupe qualidades definidas; 4) conduzida sobre princpios democrticos.

    b) O uso da palavra Ekklesia na Septuaginta.

    Na Septuaginta, 96 vezes ekklesia traduz para o grego a palavra hebraica qahal, povo, Israel, prevalecendo a idia de assemblia ou reunio em resposta ao chamado de Deus (ora significando o ato de reunir ou os homens reunidos) x 35:1; Nm 16:26; Dt 9:10. Nem sempre porm qahal se traduz por ekklesia. 21 vezes traduzida com um propsito definidamente religioso; 26 vezes, assemblia religiosa (Sl 22:22); 36 vezes, a reunio formal do povo de Israel; 7 vezes designa Israel em um sentido espiritual; 9 vezes refere-se ao remanescente. importante ficar bem claro que na septuaginta, ekklesia sempre traduo de qahal, mas qahal s se traduz por ekklesia quando se trata da Congregao da Aliana, com propsito religioso definido. Em Js. Jz, 1e 2 Sm, 1 e 2 Re, 1 e 2 Cr, Ed, Ne qahal sempre traduzido por ekklesia. No Pentateuco, com exceo de Dt, o termo hebraico traduzido por sinagougue, mas ambas as palavras significam a mesma coisa. Havia outra palavra, edah, que indicava a comunidade religiosa nacional a que o indivduo pertencia por nascimento (x 12:3; Nm 16:9; 31:12).

    c) O uso da palavra ekklesia no Novo Testamento

    A palavra ekklesia figura 114 vezes no Novo Testamento, tanto no singular como no plural. 3 vezes tem o sentido secular de multido (At19:32,39,41); 2 vezes refere-se a Israel, traduzida por "Congregao" (At 7:38 e Hb 2:12); 85 vezes (74% do total) refere-se Igreja como uma comunidade local e as demais vezes tem um significado apenas conceitual, podendo referir-se a qualquer igreja local em particular, jamais com o sentido de uma estrutura nacional ou mundial. Nos evangelhos aparece somente 3 vezes, todas em Mateus (16:18 e 18:17).

    O Novo Testamento ensina que a Igreja Local, embora indissoluvelmente unida a todo o povo de Deus, , apesar de tudo, uma igreja que pode ser completa, pois todas as promessas de Deus se aplicam a ela atravs de Cristo, o Cabea e Senhor da Igreja, que sempre h de estar presente ali. (Mt 18:20).

    3. Distines entre igreja no Antigo e no Novo Testamento

    Antigo Testamento - Adorao Centralizadora: Para Judeus e gentios, a adorao centralizava-se no apenas em Israel mas em Jerusalm (I Cr 16: 23-29; Sl 96). Havia uma hierarquia de levitas,

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  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL sacerdotes e sumo-sacerdotes que se tornaram mediadores entre Deus e os homens. Haviam dias especiais, festas religiosas e o Sbado, que marcavam, diante das naes, a aliana entre israel e Deus (x 31:13-17). Horrel: "Centralizava-se radicalmente nos judeus. Centralizava-se geograficamente em Israel, Jerusalm, o Templo e o Santo dos Santos. Centralizava-se temporariamente no Sbado e em certas festas religiosas. E centralizava-se na hierarquia religiosa mediadora, pois sem os sacerdotes era ilcito oferecer sacrifcios".

    Novo Testamento - Adorao Descentralizada: a) A Igreja se tornou universal para todos os povos, existindo uma nova raa eleita, uma nova nao santa, uma comunidade espiritual (1 Pe 2:9). b) O culto do Senhor no se restringe mais ao templo. Onde est um cristo, ou onde dois ou trs deles se encontram, ali h o templo de Deus (1 Pe 2:5). O culto ao Senhor no se restringe ao prdio da Igreja e de uma certa forma, nem mais se centraliza ali. Independe do lugar e depende as pessoas que se propem a realizar este culto. Esquecemos que, na igreja primitiva, com poucas excees, no havia prdios especiais para reunies. c) A f crist se tornou algo a ser praticado no dia-a-dia, liberando o cristo para escolher quando adorar (Rm 14:5-6). significativo que as prescries do conclio de Jerusalm para as Igrejas gentias deixou fora qualquer referncia ao Sbado (At 15:23-29). H liberdade quanto ao dia. d) Em vez de centralizar-se numa hierarquia sacerdotal, cada cristo declarado sacerdote, com acesso direto a Deus Pai atravs de Jesus Cristo (1 Pe 2:5). O NT destaca a necessidade de liderana exercida por bispos, presbteros, pastores e ancios (todos essencialmente sinnimos, (cf At 20:17,28; 1 Pe 5:1-4) e tambm diconos (1 Tm 3:8-11)). Mas a liderana no sacerdotal como no AT. Horrel: "Ele no assume uma posio de rei ou sacerdote, nem executivo ou chefo. Ao contrrio, a liderana foi concebida ao corpo de Cristo para aperfeioar cada membro igreja como sacerdote neste mundo (Ef 4:11-16)."

    4. Afinal, o que a Igreja?

    Muitas definies tm sido elaboradas para a Igreja, nenhuma delas completa e final, pois a Igreja um organismo vivo, regido por princpios imutveis mas em constante movimento atravs da histria. Werner Kaschel expe o problema com muita lucidez: '' A verdadeira sabedoria consiste em manter equilbrio entre a fidelidade aos princpios do Novo Testamento e a adaptao aos novos tempos''. Os princpios que do alicerce teologia da Igreja so imutveis, mas sua prtica deve acompanhar a evoluo cultural da sociedade, evoluo da qual a prpria Igreja parte, agente e impulsionadora. O telogo indiano A. B. Masilamani declara:'' O Novo Testamento expe a Igreja, no como uma instituio formal ou uma organizao, mas como um organismo, um corpo vivo, um templo vivo, uma noiva de resplandecente glria'' e acrescenta '' A Igreja tem muitos crticos e inimigos mas tem papel singular no plano de Deus para implantar o seu Reino na Terra''. Emil Bruner diferencia os conceitos Ekklesia e Igreja. A Ekklesia do Novo Testamento, diz ele, uma comunidade fraternal, uma irmandade espiritual, uma realidade social com um estilo de vida simples, destitudo de formalidades, com uma mensagem de transformao interior pelo poder do Esprito Santo e com uma viva esperana de sua consumao escatolgica do Reino. Com o passar do tempo, a Ekklesia foi convivendo com a (e muitas vezes sendo substituda pela) Igreja Institucional que, por imposio de circunstancias assume as mais variadas formas de governo e cria cada vez mais normas e regimentos.

    A Igreja Catlica Romana define a Igreja como: '' A congregao de todos os fieis que, tendo sido batizados, professam a mesma f, participam dos mesmos sacramentos e so governados pelos legtimos pastores sob a autoridade de um cabea visvel (papa) em toda a terra. A igreja Evanglica convencionalmente define a Igreja como: '' Um grupo organizado, de crentes batizados, com iguais deveres e privilgios, administrando os seus assuntos sob orientao de Cristo, unidos na f que Ele ensinou, ligados pelo pacto de fazer o que Ele mandou, cooperando e respeitando outras agremiaes semelhantes no empreendimento para extenso do Reino de Deus'', ou tambm: '' Uma congregao local, composta de membros regenerados e batizados, que voluntariamente se renem Eclesiologia 5

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL sob as leis de Cristo, e procuram estender o Reino de Deus, no s em suas vidas mas na dos outros tambm''.

    5. A igreja uma criao Divina:

    1. Divinamente planejada - Efsios 3.10-112. Divinamente profetizada Isaias 2.1-5; Miquias 4.1-53. Divinamente preparada Todo o VT, Evangelhos, Atos 14. Divinamente edificada Mateus 16.18; 1Corntios 3.115. Divinamente comprada Atos 20.286. Divinamente organizada Efsios 4.11-14; Atos 20.287. A igreja gloriosa, sem mcula, santa, sem defeito e ser salva por Jesus Efsios 5.23-278. S Deus tem o direito de dizer o que a igreja, e o que ela deve ensinar e praticar.

    6 ) A Igreja e o Reino

    Note que a Igreja, no Novo Testamento, um termo grego que veste conceitos gregos e hebraicos simultaneamente, como alis, acontece com outros importantes vocbulos da teologia crist. Esto presentes, nessa palavra, os conceitos subjetivos de qahal do VT em relao ao '' Povo da Aliana'', ''Redeno'', '' Santidade'', ''Permanncia'', vnculos espirituais, juntamente com os conceitos objetivos do grego: mandato especifico, democracia, responsabilidade pessoal. No se pode pensar em Igreja como uma assemblia eventual, sem continuidade constitucional, como na acepo genrica de ekklesia, pois h um povo que tem uma continuidade na Esperana a se concretizar no futuro, h uma aliana a preservar, mas tambm no se pode pensar em um conceito abstrato, destitudo de praticidade. A Igreja (grupo local de remidos) a verso imanente do Reino de Deus, e o Reino a verso transcendente da Igreja. na Igreja, com a Igreja, atravs da Igreja, pela igreja que o Reino espiritual de Cristo se torna uma realidade tangvel. A Igreja uma assemblia que d continuidade a si mesma e que se auto reproduz em outras igrejas '' at os confins da terra''. Os conceitos de Igreja e Reino de Deus, stricto sensu no se equivalem, pois o Reino espiritual, invisvel, universal, eterno, conceitualmente abstrato, enquanto a Igreja um grupo de pessoas fsicas, visvel, local, temporal, conceitualmente concreto. Latu sensu, Reino e Igreja se equivalem, pois as pessoas fsicas que compe a Igreja possuem alma e as almas que participam do Reino, enquanto pessoas humanas, tm que ser dotadas de um corpo. A Esperana do Reino se exterioriza na celebrao das ordenanas pela Igreja. Alma no pode imergir em gua, no come po nem bebe vinho, mas ser imerso, comer do po e tomar do clice do Senhor sem f , sem a participao da alma so atos sem significado como smbolos cristos (1Co 11:29). Fica ento, de certa forma, difcil de definir onde termina a Igreja e comea o Reino ou onde termina o Reino e comea a Igreja ou atribuir ao Reino as funes da Igreja ou Igreja as funes do Reino.

    7 ) O Fundador da Igreja (Interpretao de Mateus 16:18)

    MT 16:13-18 / 13 - E, chegando Jesus s partes de Cesaria de Filipe, interrogou os seus discpulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14 - E eles disseram: Uns, Joo o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. 15 - Disse-lhes ele: E vs, quem dizeis que eu sou? 16 - E Simo Pedro, respondendo, disse: Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado s tu, Simo Barjonas, porque to no revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que est nos cus. 18 - Pois tambm eu te digo que tu s Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno no prevalecero contra ela;

    Jesus ao dizer o que est registrado em Mateus 16:18 iniciou com a seguinte expresso: "Pois eu tambm te digo..." um termo enftico demonstrando a Sua autoridade, indiscutvel ao falar. Eclesiologia 6

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL H vrias interpretaes que encontramos nos dias de hoje para tal versculo: 1) A

    "pedra" sobre a qual a Igreja est edificada, Pedro. 2) A "pedra" Cristo. 3) A "pedra" a confisso de Pedro sobre Cristo, aquela que revelou a identidade de Cristo (Mt 16:16). 4) a prpria revelao. 5) A f que procede da Confisso.

    Em relao segunda (que a correta), no grego encontramos um jogo de palavras que se coloca da seguinte forma: Pedro "ptros" ( ) que significa pedrinha ou fragmento de rocha comparada a Ex 4:25 (Zpora). Cristo "ptra" ( ) que significa rocha macia cuja comparao esta em Ex 17:6; Mt 7:24,25; Mc 15:46.

    H quem acredite que Jesus quando se referiu ou quando pronunciou a palavra "ptros", apontou para Pedro e quando disse "ptra", apontou para si mesmo. Alm disso, h no prprio portugus, tambm um jogo de palavras na traduo do texto original. Vejamos:

    - "... e sobre esta pedra..." - Esta, pronome demonstrativo que tem relao com quem fala. Sendo assim, o texto mostra Jesus sendo a Pedra que edificaria a Igreja e no Pedro, pois fala referindo-se a si mesmo. Algumas passagens do base a esta afirmativa, e so elas: (I Co 3:11 - Porque ningum pode pr outro fundamento alm do que j est posto, o qual Jesus Cristo.; I Pe 2: 4 - E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, 5 - Vs tambm, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdcio santo, para oferecer sacrifcios espirituais agradveis a Deus por Jesus Cristo.

    Jesus jamais edificaria sua igreja em homem, falho e mortal; a Igreja foi edificada, como o prprio Pedro afirmou em 1 Pe 2:4, em Jesus pedra eleita e preciosa.

    * De acordo com a Igreja Romana, o texto ensina que Pedro o fundador da Igreja e a sua base tambm, sendo ele separado dos demais apstolos. assim que aparece a supremacia de Pedro dando incio a doutrina do papado.

    8 ) Breve estudo sobre a Sinagoga

    Sua significao literal a de uma conveno ou assemblia. A palavra, como no caso de "igreja", veio a significar o prprio edifcio onde a assemblia se reunia. "Assemblias" locais para instruo da Lei, e para culto, existiam desde muito tempo como eram, por exemplo, "as casas dos profetas" (1Sm 10:11; 19:20-24; 2 Re 4:1); durante o cativeiro no eram raras as reunies dos ancios de Israel (Ez 8:1 e passagens paralelas); as verdadeiras Sinagogas parece terem-se formado mais tarde , na disperso do povo de Israel. Desde aproximadamente o ano 200 a.C., comeou a desenvolver-se na Palestina este gnero de assemblia com uma sistemtica organizao, multiplicando-se os edifcios prprios para os servios religiosos.

    Estavam estas assemblias intimamente relacionadas com a obra dos escribas, como sendo instituies para instruir o povo na Lei e ensinar a sua aplicao na vida diria. Nas sinagogas, os custosos rolos das Escrituras, eram cuidadosamente guardados numa caixa ou arca, de forma visvel, voltada para o povo que se achava sentado. Havia servios regulares todos os sbados e quinto dia da semana.

    As Sinagogas no eram somente lugares de culto, mas tambm escolas, onde crianas aprendiam a ler e escrever; serviam tambm de pequenos tribunais de justia, nos quais a sentena no era s dada mas executada (Mt 10:17). Geralmente a sinagoga estava sob a direo dos "ancios" (Mc 7:3), sendo o primeiro deles chamado algumas vezes de prncipe ou chefe daquelas assemblias (Lc 13:14; At13:15). Os lugares dos ancios, e dos prncipes, eram em frente da arca, estando voltados para a congregao. Os ancios tinham o poder de disciplinar, de excomungar e de aoitar, e eram eles, ou os principais, que na ocasio do servio religioso convidavam as pessoas de Eclesiologia 7

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL considerao para ler, ou orar, ou pregar. A coleta era levantada por dois ou mais indivduos, e havia um "ministro" (assistente), (Lc 4:20), que tinha sob o seu cuidados os livros sagrados, e cumpria os simples deveres da guarda. A ordem do culto nas sinagogas assemelhava-se muito que se acha descrita em Ne 8:1-8, devendo ser comparada com Lc 4:16-20

    Neemias 8:1 - E CHEGADO o stimo ms, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um s homem, na praa, diante da porta das guas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moiss, que o SENHOR tinha ordenado a Israel. 2 - E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregao, tanto de homens como de mulheres, e todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do stimo ms. 3 - E leu no livro diante da praa, que est diante da porta das guas, desde a alva at ao meio dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei. 4 - E Esdras, o escriba, estava sobre um plpito de madeira, que fizeram para aquele fim; e estava em p junto a ele, sua mo direita, Matitias, Sema, Anaas, Urias, Hilquias e Maasias; e sua mo esquerda, Pedaas, Misael, Melquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulo. 5 - E Esdras abriu o livro perante vista de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se ps em p. 6 - E Esdras louvou ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amm, Amm! levantando as suas mos; e inclinaram suas cabeas, e adoraram ao SENHOR, com os rostos em terra. 7 - E Jesu, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maasias, Quelita, Azarias, Jozabade, Han, Pelaas, e os levitas ensinavam o povo na lei; e o povo estava no seu lugar. 8 - E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.

    Lucas 4:16 - E, chegando a Nazar, onde fora criado, entrou num dia de sbado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. 17 - E foi-lhe dado o livro do profeta Isaas; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: 18 - O Esprito do Senhor sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do corao, 19 - A pregar liberdade aos cativos, E restaurao da vista aos cegos, A pr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitvel do SENHOR. 20 - E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.

    As sinagogas eram muito numerosas. Em qualquer povoado em que vivia um certo nmero de judeus, tratando dos seus negcios, ali havia uma sinagoga. As companhias comerciais tambm possuam a sua prpria sinagoga, e at as pessoas estranhas as construam para os da sua prpria nao. por isso que se fala em sinagogas "dos Cirineus, dos Alexandrinos e dos da Cilcia e da sia" (At 6:9). No tempo de Jesus Cristo era raro o pas, em todo imprio romano, onde no fosse encontrada uma sinagoga

    UNIDADE II IMAGENS DA IGREJA

    1) Imagens Bblicas da Igreja

    1.1) O povo de Deus - No Antigo Testamento encontramos: "Serei o seu Deus e sereis o meu povo" (x 6:7, 19:5; Lv 26:12; Jr 30:22; Ez 36:38; Os 2:23). O termo aliana no significa um contrato bilateral em que Deus foi amarrado pelo seu povo, antes significou sempre uma aliana de graa, um acordo em que Deus tomava a iniciativa e determinava as condies. Israel tinha a garantia da presena e da bno de Deus no contexto de sua obedincia a ele como no caso de No (Gn 6:18s), Abrao (Gn 12:1s, 15:1-19, 17:3-24), Moiss (x 6:6s; 19-24) e Davi (Sl 89:3s; 2 Sm 7:12-17).

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  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL No Novo Testamento apresentado como povo peculiar, (Tt 2:14). Aqui temos um

    duplo possessivo, como observa Yeager, dando nfase quase redundante: povo que de sua propriedade e de sua posse peculiar.

    1.2) O Corpo de Cristo - um conceito novo, sem paralelo no VT. Esta imagem usada por Paulo focaliza algumas coisas interessantes e bem pertinentes Igreja:

    Cristo visto como um corpo inteiro, enquanto ns somos membros dentro dele ( Rm 12:45; 1 Co 10:16, 12:27)

    Cristo o cabea do corpo. Kefal no significa apenas a cabea fsica, mas tambm o "crebro", "comando", a autoridade suprema de um corpo jurdico, ou ainda "pensamento", exatamente como em portugus. Essa expresso abrange tambm as idias de que atravs do corpo que se realizam os atos determinados pelo crebro e atravs do crebro que se d a unidade do corpo, havendo, portanto, uma associao completa entre a cabea e os membros. Os membros do corpo no se comunicam diretamente entre si mas atravs do crebro. Igreja - somatos (corpo) que compete realizar na terra os propsitos de Cristo - kefal (cabea) e s em Cristo, a cabea, que se torna possvel a unidade da Igreja, o corpo. Um corpo dividido um corpo morto. Um corpo no pode ter duas cabeas e nem uma cabea pode ter dois corpos.

    Cristo permanece como Senhor de todo o Corpo, que seu em sua inteireza. Esta imagem enfatiza o relacionamento entre Cristo e seu povo. Toda a nossa vida e nutrio vem dele. Ns vivemos Dele, por Ele, atravs Dele e para Ele. (Ef 1:22s)

    1.3) O Rebanho de Deus - Repete o conceito do Velho Testamento, de Deus como pastor de Israel (Sl 80:1, 95:7), um povo que era apascentado por Ele (Ez 34:15). No Novo Testamento Jesus pastoreia o seu povo (Jo 10:1-30), O supremo pastor do rebanho de Deus (1 Pe 5:4, 2:25; Hb 13:20) dando sua vida por suas ovelhas (Jo 10:11). A igreja est em completa dependncia de Deus, para nos guiar, proteger e alimentar. Ele conhece as suas ovelhas pelo seu nome e as suas ovelhas conhecem a sua voz. Ele capaz de dar a sua vida pelas suas ovelhas. (Jo 10:2-15).

    1.4) A Famlia de Deus - Em Cristo nascemos de novo na famlia de Deus, adotados como seus filhos (Rm 8:14-17). A igreja a famlia ou a casa de Deus (Ef 2:19; 1 Tm 3:15). Refere-se aos indivduos que, reunidos formam a famlia - irmos e irms. No se trata de uma relao legal, estatutria, mas de uma relao espiritual, ou seja, na f. Demostra os seus componentes individualmente unidos em um s corpo pela f, em perfeita identidade espiritual, confiando e dependendo de um s Pai, a fim se satisfazer todas as necessidades desta relao como membros de uma famlia. (Mt 6:25-34).

    1.5) A Noiva de Cristo - Mais uma vez o Novo Testamento repete uma imagem do Velho Testamento. Israel a esposa de Jeov, a Noiva de Deus (Os 2:19, Is 54:5-8; 62:5; Jr 2:2), devendo-lhe absoluta fidelidade, A Igreja a noiva de Cristo personificando o amor de Deus, expresso de maneira suprema em seu auto-sacrifcio por ela. (Mc 2:18-20; Ef5:27; Ap 19:7; 21:2).

    Esta imagem enfatiza que a relao de Deus com seu povo de amor sem reservas, e nos desafia a mostrar a nossa responsabilidade em sermos firmes em nossa dedicao a Deus como servos fiis.

    1.6) O Edifcio de Deus - O Velho Testamento apresenta uma metfora que fala da permanncia de Deus com o seu povo (x 25:8; Sl 132, 135; Is 12:6) no tabernculo (6Ex 25:8; 1Sm 4:29s). No Novo Testamento Jesus enfatizou que o templo no era mais a habitao de Deus (Jo 2:19) e que a localizao geogrfica no o principal fator para nos aproximarmos dele (Jo 4:23). Cristo a pedra fundamental (1 Co 3:11), em que o povo de Deus edificado como santurio de Deus e "habitao de Deus no Esprito"(1 Co 3:16; Ef 2:22). Eclesiologia 9

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL Ef 2:21,22 diz literalmente: "o edifcio inteiro cresce continuamente e conjuntamente

    para (ser) templo santo". Vale observar que sunarmologumene (continuamente e conjuntamente) est na voz passiva. No a Igreja que se edifica, que se constri a si mesma, mas ela edificada. Observe tambm que esta implcita a preposio sun, que d ao verbo a caracterstica da simultaneidade do crescimento de todo o edifcio. bom lembrar que a raiz desta palavra significa ajustar, encaixar com preciso cada pea em seu lugar. A figura de Paulo nos traz mente a idia de uma casa subindo dos seus alicerces. As paredes crescem conjuntamente, cada tijolo segura outros e pelos outros se firmam atravs da liga de cimento e areia. Assim na Igreja: cada um dos seus membros se une aos demais atravs do trao forte do amor.

    1.7) A Vinha de Deus - No Velho Testamento encontramos que Israel a vinha de Deus (Sl 80:8s), mas s produziu o fruto amargo da injustia e opresso fazendo com que Deus a tornasse num deserto (Is 5:1-7). No Novo Testamento Jesus aplicou esta metfora transferncia do propsito redentor de Deus aos gentios (Mc 12:1-12). Ele mesmo a videira cujos ramos so frutferos se permanecerem nele (Jo 15:1-8). Esta imagem fala do cuidado de Deus pela Igreja, da dependncia total da Igreja ao seu Senhor para viver e existir do cuidado do Senhor em relao pureza e vida frutfera da Igreja no mundo.

    1.8) O Exrcito de Deus - Esta figura compara a Igreja com um batalho cujos os seus soldados, semelhana dos soldados do exercito de sua ptria, devem todo o respeito e considerao pelas ordem e orientaes do seu general, que no caso da Igreja Jesus Cristo. Como soldados de Cristo devemos entrar na batalha ainda que isto cause algum sofrimento (2 Tm 2:3). Devemos lutar na guerra contra o mal, fazendo de tudo para honrar e satisfazer quele que nos arregimentou como soldados do seu exrcito.

    Estas imagens bblicas nos ensinam que a Igreja pertence a Deus e a mais ningum. Consequentemente devemos trabalhar muito srio nela e por ela. No podemos jamais negar a sua importncia para as nossas vidas e para a perpetuao do evangelho na face da terra. Deus tem um carinho muito grande pela sua igreja e nos no podemos sentir diferente.

    UNIDADE III AS MARCAS DA IGREJA

    Estrutura da Igreja

    1. Perspectivas Histricas (Resumo)

    a. Nos primeiros Sculos

    No perodo ps-apostlico, a igreja foi concebida como povo de Deus, a nova sociedade espiritual de crentes em Jesus, para a qual se entrava pelo batismo.

    No segundo sculo, com o surgimento das heresias exigiu-se a criao de limites claros: as tradies apostlicas autorizadas foram defendidas por bispos que passavam ser considerados como sucessores dos apstolos. Este movimento encorajou a centralizao das escrituras da Igreja como uma instituio externa.

    Cipriano, no terceiro sculo, escreveu que afastar-se da igreja visvel, fundamentada sobre o episcopado, era perder o direito salvao.

    Agostinho, no quarto sculo, admitiu ser a Igreja invisvel dos eleitos, a comunho dos santos, os quais possuem o Esprito Santo e so caracterizados pelo verdadeiro amor. Mas ele argumentou que a verdadeira igreja encontra-se dentro da Igreja catlica, que exerce a autoridade apostlica

    Eclesiologia 10

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL atravs da sua sucesso histrica de bispos; s em seu seio que o indivduo pode ser cheio do amor divino e receber o Esprito Santo por meio dos sacramentos.

    Neste sculo a igreja dividiu-se entre ocidental e oriental, em virtude do fracasso em resolver os debates ps-calcednios sobre a pessoas de Cristo

    b. Igreja na Idade Medieval

    Nesta poca a Igreja era a base de tudo na sociedade. Duas idias se desenvolveram nesta poca: 1) a tradio de que Pedro recebeu supremacia sobre os outros apstolos e de que ele fora o primeiro bispo de Roma completada com a alegao de que esta autoridade suprema foi transmitida aos sucessores de Pedro no bispado de Roma, partindo do incio do stimo sculo. Esta inovao foi rejeitada no oriente; 2) a Igreja catlica visvel foi encarada cada vez mais como sendo o Reino de Deus. Este conceito, apiado numa interpretao errada de Agostinho, foi favorecida pela circulao de dois documentos forjados no nono sculo, os quais conferiam autoridade antiga para a idia.

    O catecismo Tridentino: "A igreja o corpo de todos os fiis que at agora viveram e vivem na terra, com uma cabea invisvel, Cristo, e numa cabea visvel, sucessor de Pedro, que ocupa a sede de romana.

    c. A Reforma

    Lutero afirmou a idia da Igreja como uma comunho espiritual de crentes, todos eles sacerdotes de Deus, mas reteve o batismo de crianas.

    Calvino acrescentou uma nfase sobre a disciplina e sobre a funo educativa da Igreja, tentando reformar em Genebra toda a sociedade pela Palavra de Deus

    A prioridade dos reformadores magistrais foi a pregao da palavra de Deus.

    Os anabatistas insistiam no batismo de crentes professores. Eles buscavam uma Igreja "sectria, formada apenas por aqueles que professassem a f e dessem evidncia de sua realidade. As formalidades e hierarquias no ministrio foram minimizadas e ensinavam a completa separao entre igreja e estado.

    d. O Perodo Moderno

    A identificao entre igreja e estado vem sofrendo permanente desgaste. Paralelamente a religio vem-se tornando, cada vez mais, uma questo de convico pessoal

    A comunidade crist internacional emergiu como um fenmeno, em virtude do movimento missionrio mundial. Em 1948 foi fundado o CMI, que mesmo negando o alvo da unificao mundial do cristianismo, tem ensaiado passos neste sentido. Nos ltimos anos tem entrado em declnio por defender certas posies teolgicas radicais e heterodoxas.

    Com o Conclio Vaticano II (1962-65), convocado pelo Papa Joo XXIII, surgiu um "novo catolicismo. Recebeu influncias Liberais, manteve contato com lderes e Igrejas protestantes, manifestou uma abertura s influncias culturais, mas a posio oficial de Roma nos assuntos doutrinrios no se modificou.

    Os anos mais recentes testemunharam um crescimento significativo de novas igrejas e grupos independentes, principalmente na China, Coria do Sul, ex Unio Sovitica, frica abaixo do Saara e Amrica latina. H hoje cerca de 6,8 no cristo para cada cristo que l a Bblia - o menor ndice da histria. So marcadas por um literalismo bblico, zelo na evangelizao, esprito de vida Eclesiologia 11

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL sacrificial e flexibilidade nas escrituras, alm de uma abertura consciente quilo que eles acreditam ser a direo de Deus. Demonstram tambm ausncia de compromisso com a tradio crist.

    2) Caractersticas da Igreja Verdadeira

    1) Distinguindo os vrios significados da dinmica da igreja:

    1. Todo o povo de Deus em todos os sculos, o conjunto total dos eleitos. Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisvel.

    2. A comunidade local dos cristos, reunidos visivelmente para a adorao e ministrio. Este abrange a vasta maioria das referncias igreja no NT.

    3. Todo o povo de Deus no mundo, em determinada poca, talvez melhor definida como universal. Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente no NT (1 Co 10.32; Gl 1.13).

    4. A igreja dentro da igreja. O AT faz a distino entre a edah (toda a congregao visvel) e os gahal (aqueles dentro dela que respondem ao chamado de Deus ). No existe uma igreja pura (MT 13.24-30, 36-43). Em meio a cada igreja pode haver pessoas que no professaram a sua f e outros cuja profisso ser desmascarada no ltimo dia (MT 7. 21-23).

    3) Aspectos da Igreja no Novo testamento.

    Pelo menos em trs aspectos aparece a Igreja no Novo Testamento:

    1) UNIVERSAL - Esta acepo aparece em Ef 3:10, 21; 5:23,24,27,29,32; Col 1:18,24; 1Tm 3: 5,15. Nestas passagens IGREJA, que sempre aparece no singular mais ou menos equivalente a REINO DE DEUS. ''A Igreja universal, mstica, composta de todos os crentes em todos os tempos e de todos os lugares os quais aceitaram a Cristo como Senhor e Salvador. Essa Igreja considerada como organismo espiritual que tem Cristo por centro; e a Unio mstica da Igreja com Cristo se d atravs do seu Esprito, e no devido a alguma organizao. Portanto transcende denominaes que defendem determinadas crenas ou governos eclesisticos.

    2) LOCAL - Trata-se do organismo local conforme a definio de Igreja j tratada nesta apostila na Unidade II

    3) GLORIFICADA - Conforme lemos em Hb 12: 22,23, o autor descreve uma reunio festiva no cu, de servos de Jesus, comprados pelo seu sangue, tendo os seus nomes inscritos no Livro da Vida.

    4 ) Analisando o Credo da Igreja

    O Credo Niceno-Constantinopolitano deriva-se do Credo de Nicia (composto pelo Conclio de Nicia, em 325 d.C.), com pequenas modificaes efetuadas pelo Conclio de Calcednia (451 d.C.). Este credo expressa mais precisamente a doutrina da Trindade, contra o Arianismo.

    Na sua verso mais curta (sem a 3 parte principal) ele surgiu no conclio de Nicia (325 d.C.) para defender doutrina da divindade de Cristo contra Ario, que ensinava que houve um tempo em que o Filho de Deus no existiu.

    A verso mais completa (com o 3 artigo principal) surgiu no Conclio de Constantinopla (381 d.C.) para reafirmar a doutrina bblica do Esprito Santo. Oficialmente, no entanto, o Credo Niceno-Constantinopolitano foi aceito apenas em 451 d.C. no Conclio da Calcednia, quando a Igreja Eclesiologia 12

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL Ocidental o aceitou com a emenda "Deus de deuses" (que constava do original e foi omitida posteriormente) e tambm acrescentou o Filioque ("e o filho"), que foi acrescido ao terceiro artigo.

    Eis ento a parte do credo que nos interessa:[Cremos] ... na igreja una, santa, catlica e apostlica.

    (a) Una

    - A unidade da igreja procede de seu fundamento no nico Deus (Ef 4.1-16), e todos os que pertencem igreja so um s povo, e portanto, a igreja verdadeira ser distinguida por sua unidade.

    - Isto no implica uniformidade. No NT havia uma variedade de ministrios (1 Co 12. 4-6) e opinies sobre assuntos secundrios (Rm 14.1 15.13). Embora houvesse uniformidade nas convices teolgicas bsicas (1 Co 15.11; Jd 3), a f comum recebeu nfases diversas, segundo as necessidades da poca (Rm 3.20, Cf. Tg 2.24 Fl 2.5-17, Cf. 2.9s). Havia tambm uma variedade de formas de adorao (1 Co 14. 26ss, Cf. Tg 2.22) e governo da igreja.

    - As escrituras encorajam a mais plena expresso de unidade possvel entre o povo de Deus, mas elas tambm tornam claro que a diviso acha-se perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essncia do cristianismo apostlico estiver em risco (Gl 1.6-12; Mc 7.13: Jd 3). Para o NT, a unidade est baseada em um compromisso consciente com as verdades reveladas do cristianismo apostlico ( Jo 17. 1-26; Ef 4. 1-16).

    - Os ensinos do NT sobre unidade tm implicaes para seus relacionamentos visveis (Ef 2.15, 4.4; Cl 3.15; Cf. Jo 17.21). Na ausncia de unidade, a reivindicao de ser uma verdadeira igreja crist posta em dvida (1 Co 3.3s).

    - Roma tem usado este sinal de maneira polmica, a fim de proclamar sua unidade. Isto ignora trs pontos: (i) a prpria Roma separou-se da igreja Ortodoxa em 1504, e jamais tinha sido considera universalmente como a igreja verdadeira em sculos anteriores; (ii) Os sinais devem manter-se juntos. A sucesso histrica e a unidade externa no tm validade quando no associada a lealdade ao Evangelho; (iii) embora o protestantismo tenha-se mostrado s vezes desagregador, pode ser argumentado que, atravs de seu desvio da doutrina bblica a prpria Roma que tem sido a maior causa de cismas no correr dos sculos.

    (b)Santa

    - No sentido mais profundo a igreja santa (1 Pe 2.9), da mesma forma que todo indivduo cristo santo em virtude de estar unido a Cristo, separado para ele e revestido com sua justia perfeita (Is 61.10). Em sua posio diante de Deus em Cristo, a igreja irrepreensvel. A distino entre a igreja visvel e a invisvel aplica-se aqui.

    - A unio com Cristo envolve tambm uma santidade de vida que seja visvel (Ap 2-3). A presena de um sinal visvel de santidade uma caracterstica da verdadeira igreja de Deus.

    - A igreja edificada sobre o fundamento dos apstolos (Ef 2.20; Cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade encontra-se no fato dela conformar-se f apostlica (Jd 3; Cf. At 2.42).

    - O catolicismo romano entendo esta afirmao para incluir a reivindicao de o bispo de Roma o sucessor histrico de Pedro e o guardio especial da graa de Deus na igreja. igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histrica do ministrio, retrocedendo at Cristo e Eclesiologia 13

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL seus apstolos, atravs de uma sucesso de bispos. Isto contraria o carter da prpria graa, conforme os escritos bblicos, o papel secundrio de Pedro nos eventos bblicos posteriores (Antigo Testamento 15; Gl 2).

    - A sucesso apostlica na verdade a sucesso do Evangelho apostlico (2 Tm 2.2).

    (c)Catlica

    - ( i ) O termo catlico significa abrangendo o todo; ( ii ) Em seu uso primitivo, significava a igreja universal, distinguindo-se da local; ( iii ) Mais tarde, veio a significar a igreja que professava a f ortodoxa; ( iv ) Roma adotou o termo para referir-se a si mesma com instituio eclesistica, centrada no papado, historicamente desenvolvida e geograficamente difundida; ( v ) Os reformadores restauraram seu significado, em termos de reconhecimento da f ortodoxa.

    - O principal aspecto da catolicidade da igreja primitiva estava na sua abertura para todos distinta do judasmo e do gnosticismo (Mt 28.19; Ap 7.9). A nica exigncia para admisso era f pessoal em Jesus Cristo com Salvador e Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada (Mt 28.19; At 2.38,41).

    - Qualquer tipo de discriminao no deve Ter espao na igreja, seja racial, de cor social intelectual ou mora, neste ltimo caso desde que haja evidncias de verdadeiro arrependimento. E discriminao denominacional?

    (d)Apostlica

    - A igreja edificada sobre o fundamento dos apstolos (Ef 2.20; Cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade encontra-se no fato dela conformar-se f apostlica (Jd 3; Cf. At 2.42).

    - O Catolicismo romano usa esta afirmao para incluir a reivindicao de o bispo de Roma ser sucessor histrico de Pedro e o guardio especial da graa de Deus na igreja. igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histrica do ministrio, retrocedendo at Cristo e seus apstolos, atravs de uma sucesso de bispos . Isto contraria o carter da prpria graa, conforme os escritos bblicos posteriores ( At 15; Gl 2).

    - A sucesso apostlica na verdade a sucesso do Evangelho apostlica (2 Tm 2.2).

    5 ) A Misso da Igreja - Mas, para que existe a Igreja? Esta uma questo das mais importantes para o cristianismo, pois sua resposta nos levar respostas de outras questes tambm importantes, tais como: Por que devo ser membro da Igreja? Por que devo trabalhar na Igreja? O que devo esperar dela? e etc.

    Na teologia a resposta nossa pergunta descoberta no estudo da Misso da Igreja. bom no confundir misso com misses. Misso tem a ver com a finalidade da existncia da Igreja. Misses, com a obra de evangelizao.

    Quando perguntamos sobre qual a misso da Igreja, geralmente a resposta tem sido: Evangelizar o mundo perdido. Se analisarmos dessa forma, o crescimento da Igreja ser medido apenas de forma numrica. Se observarmos as Sagradas Letras, poderemos concluir que a misso da Igreja mais abrangente. Fomos criados para glorificar a Deus (Is 43:7 - A todos os que so chamados pelo meu nome e os que criei para a minha glria, os formei, e tambm os fiz.), vivendo sob sua dependncia e alegrando-o.

    Ora, glorificar a Deus inclui muito mais que adorao e louvor. Inclui vida submissa a Sua vontade, vida de servio, de cooperao, convivncia e aceitao comunitria. Embora estes aspectos da vida sejam desenvolvidos pelo indivduo, na somatria acaba envolvendo a prpria comunidade. Aqui est includo o treinamento operacional dos crentes, a administrao, o ensino, a pregao, a assistncia espiritual e material aos domsticos da f (Gl 6:10 - Ento, enquanto temos Eclesiologia 14

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL tempo, faamos bem a todos, mas principalmente aos domsticos da f.), a manuteno da prpria convivncia ou comunho entre os irmos e etc. isso que encontramos na Igreja do primeiro sculo (At 2:42-47; 4:32-35).

    AT 2:42 47/ 42 - E perseveravam na doutrina dos apstolos, e na comunho, e no partir do po, e nas oraes. 43 - E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apstolos. 44 - E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45 - E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. 46 - E, perseverando unnimes todos os dias no templo, e partindo o po em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de corao, 47 - Louvando a Deus, e caindo na graa de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor igreja aqueles que se haviam de salvar.

    AT 4:32 35/ 32 - E era um o corao e a alma da multido dos que criam, e ningum dizia que coisa alguma do que possua era sua prpria, mas todas as coisas lhes eram comuns. 33 - E os apstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreio do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graa. 34 - No havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preo do que fora vendido, e o depositavam aos ps dos apstolos. 35 - E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.

    Desta forma podemos concluir que, no conjunto, a misso da Igreja em vez de nica - evangelizar, por exemplo - trplice. direcionada a Deus, a si mesma e ao mundo.

    6 ) A Igreja Padro do Novo Testamento e de Hoje. No h uma IGREJA PADRO no Novo Testamento, como observa M. Green. Cada Igreja tem peculiaridades que a torna diferente de todas as demais igrejas. Jerusalm a consolidao das doutrinas dos apstolos. Antioquia da Sria, a viso missionria, marco da separao entre a f judaica e a f crist. feso, perseverana na f em meio a depravao. Corinto, abundncia dos dons espirituais. Macednia, generosidade para com as vtimas da fome. Igrejas da Galcia, fiis na resistncia heresias judaizantes. Roma, fidelidade na proclamao do Evangelho em meio s perseguies. Creta, Igrejas em processo de consolidao da liderana. Filipos, zelo pelos missionrios; alegria em participar. Colossos, amor fraternal. Tessalnica, Igreja que se prepara para a volta do Senhor. Esmirna, fidelidade nas tribulaes. Prgamo, Igreja que no negou a sua f. Tiatira, Igreja prspera (suas ltimas obras so maiores do que as primeiras). Sardes, remanescentes incontaminados. Filadlfia, fora na fraqueza.

    Poderamos aqui alinhar tambm os defeitos peculiares de cada uma daquelas igrejas. Na busca de um padro para si mesma, porm, a igreja de hoje no deve somar as virtudes das Igrejas do NT

    Eclesiologia 15

    IGREJA

    DEUS

    MISSO PARA COM DEUSGlorificao e Adorao

    MISSO PARA CONSIGO MESMAEnsino, admoestao, assistncia social e espiritual, comunho, disciplina, administrao, desenvolvimento, etc.

    MISSO PARA COM O MUNDO

    Testemunho, pregao do evangelho

    DEUS

    MUNDO

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL para, pura e simplesmente, as imitar ou listar os seus defeitos para os evitar, mas deve vivenciar o seu prprio padro, dentro das suas prprias peculiaridades, seguindo os princpios enunciados no Novo Testamento. Cada Igreja o seu prprio universo, ao mesmo tempo em que uma amostragem do universo que o Reino. Trs lies podem ser extradas dessa unidade na diversidade:

    1. Cada Igreja deve descobrir e viver seu prprio formato, sem querer importar ou exportar modelos de ou para outras igrejas. Cada igreja deve ser a melhor Igreja que ela mesma Puder ser de acordo com o padro do fundador da Igreja e seu Cabea.

    2. Cada Igreja deve ser relevante no seu espao, dentro da cultura em que est inserida, interpretando profeticamente o Evangelho no seu tempo e para o seu povo.

    3. A base da cooperao entre as igrejas deve ser o amor, que se alegra com os que se alegram e chora com os que choram, sem hierarquia de pessoas ou funes sob quaisquer aspectos, sem rivalidades, cimes, partidarismo ou frutos da carne. O amor que aceita o irmo como ele e tenta ajud-lo a ser como deveria ser no plano de Deus.

    7 ) O que torna a Igreja Relevante? W.E. Criswell responde com os seguintes 4 fatores:

    1. H uma fome perptua por Deus (Sl 42:1) que nada pode satisfazer, a no ser o prprio Deus em Cristo. A Igreja tem Jesus. A Igreja tem esse po.

    2. As Escrituras tm uma natureza que atrai (Am 8:11; Hb 4:12). A voz que falou conscincia de Agostinho Toma e l uma voz universal. A verdade tem um profundo poder de atrao. A Bblia atrai porque a verdade. A igreja tem a Bblia.

    3. A Natureza penetrante da Igreja na Comunidade (At 2:47). O Mundo precisa da Igreja porque nenhum outro poder penetra to vasta e profundamente na sociedade para benefici-la como o poder do Esprito Santo. A Igreja tem o Esprito.

    4. O sentido do idealismo (herosmo) da Igreja. Os ideais cristos respondem aos mais puros e ardentes anseios da alma humana. H um idealista oculto em cada ser humano. A Igreja tem esse ideal, o mais sublime ideal de toda a raa humana na pessoa de Jesus Cristo. Quem quer que conhea a Jesus Cristo e por ele seja liberto do pecado e da morte, no precisa formular uma ideologia sobre Cristo para por ela se apaixonar. Apaixona-se pela pessoa de Jesus. Jesus se torna a razo de ser de sua vida, seu ideal o ideal de Jesus, a vitria de Jesus se torna a sua vitria, a dor de Jesus pela rejeio do mundo torna-se o seu sofrimento.

    A Igreja tem a resposta, na pessoa de Jesus Cristo, para as mais universais e inquietantes perguntas do esprito humano. A origem, o significado e o destino final da vida humana esto em Cristo. Vivemos dele, vivemos nele e iremos para ele, como tentou explicar Paulo no seu discurso em Atenas. A universal busca pelo transcendente, pelo infinito, pelo eterno, pela verdade, s encontra resposta em Jesus Cristo.

    Eclesiologia 16

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL

    UNIDADE IV A IGREJA EM AO

    SISTEMAS DE GOVERNO DA IGREJA OU SISTEMAS ECLESISTICOS

    I. Consideraes Preliminares:

    As formas de governo eclesistico no surgem por acaso, no so escolhidas aleatoriamente pelos fundadores das igrejas. Toda a forma de governo eclesistico obedece a imposies mais ou menos frequentes, quais sejam:

    Razes doutrinrias: A forma de governo surge da interpretao dos princpios e doutrinas em que cada igreja fundamentada. Ao mesmo tempo, a manuteno de uma determinada estrutura de poder tende a pressionar a formulao de doutrinas e leis que a justifiquem.

    Razes scio-culturais. As igrejas tendem a absorver formas de governo e padres de exerccio de poder que estejam dentro do contexto cultural em que esto inseridas.

    Razes histricas. Toda a estrutura social tende a perpetuar, independentemente das suas razes de origem. As Igrejas no fogem a essa regra. Padres estruturais de uma determinada poca podem se impor historicamente.

    Razes estratgicas. Uma Igreja pode assumir um modelo de governo como parte de sua estratgia visando alcanar, com maior eficincia, os seus objetivos institucionais. Seriam as razes de qualidade, ou seja, as razes impostas pela qualidade da administrao para que sejam alcanados os resultados esperados. No temos no Novo Testamento uma forma de governo claramente delineada. A forma de governo das igrejas primitivas recebia forte influncia da teocracia do Velho Testamento, sustentada por autoridades formalmente reconhecidas dentro do contexto cultural dos judeus. Isso fica evidente pelo fato de que em Atos, todas as decises da Igreja so precedidas de orao, buscando o conhecimento da vontade de Deus. Esse procedimento recomendado tambm nas epstolas. A declarao do senhorio de Jesus levada s suas conseqncias prticas no governo da Igreja: na escolha do sucessor de Judas (At 1:24); na escolha dos diconos (At 6:6); na nomeao de missionrios (At 13:3); para dirimir as dvidas sobre a questo da circunciso (At 15:28). O Novo Testamento fala de bispos, mas no fala da forma de governo episcopal; fala de presbitrio, mas no defende a estrutura de governo conciliar; refere-se ao Reino mundial de Cristo, mas no na doutrina sobre um governo universal para a Igreja. Vemos, portanto, no livro de Atos, uma estrutura de poder em formao, sob a inspirao direta do Espirito Santo. Pelo menos trs fatores bsicos iriam pressionar o processo de delineamento de uma estrutura de poder na Igreja primitiva:

    A teocracia de Israel. A democracia dos gregos O imperialismo de Roma.

    A Igreja Catlica um exemplo histrico de uma tentativa de conciliar essas trs influncias com um sistema de governo no qual a origem da autoridade divina estaria nas ordens dadas a Pedro por Jesus, o colgio dos cardeais d uma aparncia de democracia com delegao de poderes e o universalismo da Instituio, sob rgido controle hierrquico, projeta a presso do imperialismo romano.

    II. Formas de Governo e Igrejas que as representam

    Eclesiologia 17

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL 1) Autocrtico (Autocracia) ou Monrquico - Existe um chefe supremo, que dita as ordens e considerado infalvel em suas determinaes. Governo de um s, vitalcio. De monos, s, nico, isolado. Uma nica pessoa detm o poder em carter vitalcio. O soberano o despots, Senhor absoluto. Ex: Igreja Catlica (Papa) . A fonte do poder monrquico pode ser:

    a. Eleio por um colegiado. o caso da Igreja Catlica Romana, onde o Papa o sumo pontfice, eleito em carter vitalcio pelo Colgio de Cardeais.

    b. Auto-proclamao, via de regra mediante o anuncio de uma revelao ou uno particular.

    OBS: Este sistema de governo, apesar de ser originalmente uma marca registrada da Igreja Romana, tem sido adotado, ainda que veladamente, por vrios segmentos evanglicos.

    2) Episcopal - o sistema de governo em que a Igreja Local, alm de ser administrada pelo seu pastor, tambm administrada pelo Bispo (seja geral, regional ou local). A administrao maior feita pelo Bispo que a autoridade mxima. Ele responsvel por todas as Igrejas do seu Bispado (tambm chamado de Episcopado). Geralmente o Bispo eleito por representantes das Igrejas e o seu mandato varia de acordo com cada denominao (H inclusive mandatos vitalcios). O bispo em algumas igrejas eleito por tempo determinado; em outras, por tempo indeterminado; em alguns casos, tem poderes absolutos; em outros, tem poderes relativos; o bispo pode governar sozinho ou auxiliado por um conclio ou presbitrio. Existem casos de haverem bispos regionais que prestam contas a um Bispo Geral. Suas responsabilidades e atribuies bsicas so: a) Indicar representantes Denominacionais, b) Indicar conclio para estudar problemas eclesisticos, c) Admitir, demitir e disciplinar, d) Aprovar oramentos e relatrios, e) Apresentar modificaes e adaptaes doutrinrias, f) Julgar casos jurdicos e eclesisticos, g) Aprovar aberturas ou fechamentos de Igrejas, congregaes, frentes evangelsticas, etc., h) Aprovar movimento de obreiros, e etc. Ex: Igreja Metodista, Metodista Wesleyana, Nova Vida, etc.

    3) Presbiterial, Oligrquico (Oligarquia) ou Conciliar o sistema de governo em que, no a igreja toda, mas alguns oficiais dela gerem os destinos da igreja e resolvem tudo ou quase tudo. A oligarquia conduz autoridade, no para a assemblia, mas para o Conselho da igreja constitudo pelo pastor e presbteros. Este ponto de vista governamental apia-se em Hebreus 13:7,17 - 7 Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a f que tiveram. - 17 Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que faam isto com alegria e no gemendo; porque isto no aproveita a vs outros.

    Igreja Presbiteriana - A Igreja Local administrada por um CONSELHO LOCAL formado por presbteros escolhidos pela Igreja em assemblia geral e mais o pastor ou pastores indicados pelo PRESBITRIO (ou homologado). Cabe ao CONSELHO LOCAL admitir, exonerar, disciplinar os seus membros, receber dzimos e contribuies e utilizar-se desses recursos conforme oramento do PRESBITRIO, administrar a Igreja local sem a interferncia da assemblia geral que se rene anualmente para tomar conhecimento do relatrio financeiro. O PRESBITRIO formado por presbteros escolhidos pelas igrejas, mais os pastores de uma regio (geralmente de um municpio) e tem por responsabilidade: fiscalizar os atos dos Conselhos Locais, organizar as finanas, indicar pastores para as Igrejas de seu Presbitrio, estabelecer salrios para pastores e funcionrios, indicar seminaristas e orden-los designando seus tutores ou local para exercerem o ministrio e etc. O SNODO formado por representantes dos PRESBITRIOS e tem como responsabilidade fiscalizar os atos dos PRESBITRIOS, bem como zelar pela doutrina. Normalmente funciona num estado da Federao (Uma espcie de Conveno Estadual). O SUPREMO CONCLIO formado por representantes dos PRESBITRIOS e se renem normalmente uma vez por ano para julgar os atos dos SNODOS. Para casos especiais de difcil soluo, poder se criar a chamada GRANDE Eclesiologia 18

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL COMISSO formada por membros do SUPREMO CONCLIO, Cujo o presidente da GRANDE COMISSO tem a palavra final. Quando algum se sente injustiado no CONSELHO LOCAL, poder pedir assento ao PRESBITRIO e se no concordar com a resoluo, poder recorrer ao SNODO e em ltima estncia, ao SUPREMO CONCLIO.

    A Igreja Presbiteriana o exemplo clssico deste sistema de governo.

    OBS. O PRESBITRIO sustenta todos os Organismos Denominacionais e recebe das Igrejas (CONSELHO LOCAL) os seus recursos.

    4) Congregacional ou Democrtico o sistema de governo em que a Igreja Local administrada pela Assemblia geral da Igreja onde todas as deliberaes so tomadas por maioria de votos (simples ou absoluta, conforme o caso) e que todos os atos so resolvidos democraticamente. congregao cabe o direito de gerir os seus negcios e decidi-los em assemblia, respeitando a deciso da maioria. Todos os membros tm iguais deveres e direitos e cada igreja local autnoma em relao as demais igrejas. Ex: Igreja Batista, Congregacional, Assemblia de Deus.

    Igreja Assemblia de Deus formada pela Matriz (Igreja Me) tambm conhecida como CAMPO, Filiais, Congregaes, Ponto de Pregao. Cada filial pode ter congregaes e pontos de pregao. Cada congregao pode ter pontos de pregao. A Matriz, atravs da Assemblia Geral administra todo o Campo mantendo um rol de membros com o nome de todos os que cooperam no Campo. Em cada Filial ou Congregao existe um rol de membros auxiliar apenas para o controle local sendo que estes membros devem sempre constar no rol de membros da Matriz. Quando um membro se transfere da matriz para uma Filial ou Congregao ou vice-versa, recebe uma carta de apresentao. Se mudar de campo, recebe Carta de Transferncia. A Assemblia Geral a autoridade mxima e todos os membros podem participar com direito a votar e serem votados. A Assemblia escolhe os seus pastores e lideranas sem nenhuma interferncia de outros Organismos Denominacionais .

    A ASSEMBLIA GERAL aprova contas, balanos e oramentos; designa obreiros, auxiliares e adjuntos; elege diretorias, departamentos e comisses; vende, compra e pratica qualquer transao relacionada a imveis; estabelece salrios e gratificaes; admite e demite empregados assim como qualquer ato administrativo.

    As Igrejas Assemblia de Deus cooperam com as CONVENES ESTADUAIS E NACIONAIS acatando ordens e sugestes. As CONVENES tem autoridade para interferirem nas Igrejas (ou CAMPOS) se houver desvio doutrinrio ou mesmo questes morais. Os pastores formam um Conclio para decidir sobre assuntos eclesisticos dando parecer s Convenes. O campo pode manter Seminrios, Colgios, Orfanatos e outras atividades, porm tais atividades geralmente so desenvolvidas pelas Convenes que recebem recursos financeiros das Igrejas (ou Campos). Toda a administrao dos recursos financeiros dos Campos realizada na Matriz que centraliza todos os dzimos e ofertas inclusive organizando previses oramentrias para as Filiais e Congregaes. Alm de pastores que exercem o ministrio na Igreja Local, so escolhidos missionrios ou evangelistas para trabalhos que carecem de liderana.

    So eleitos pastores itinerantes para ajudar as Igrejas e substituir os pastores em seus eventuais impedimentos. Existem tambm os colportores que trabalham na venda de bblias, revistas e jornais da denominao. Para ser Pastor necessrio ser formado em Teologia e ser apresentado a Conveno pela Igreja Local e a mesma promover a sua consagrao. A Conveno Geral das Assemblias de Deus do Brasil o rgo que promove a unio e o intercmbio entre as Assemblias de Deus e mantm as Casa Publicadora (CPAD). Sua Administrao se d pela Assemblia Geral, Mesa Diretora, Conselhos, Comisses e Secretarias.

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  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL Igreja Congregacional A autoridade mxima a Assemblia Geral que escolhe os seus pastores e lderes, formando uma Junta Administrativa que dirige toda a Igreja e nos interregnos das assemblias, porm seus atos devem ser aprovados. Formam tambm uma Junta Diaconal que cuida da parte financeira e da beneficncia. A Assemblia admite, disciplina, exonera os seus membros. Autoriza pagamentos e assume os compromissos financeiros. O candidato ao Ministrio Pastoral examinado por um conclio e, se aprovado, recebe a imposio das mos e est apto a pastorear uma Igreja que o convidar. A Unio das Igrejas Congregacionais do Brasil uma instituio que congrega as Igrejas sem poder de interferncia em sua administrao. No tem pastoras em seu ministrio porm valoriza a mulher escolhendo-as como diaconisas.

    Igreja Batista Tem na Assemblia Geral o seu maior poder sendo ela soberana em suas decises. No recebe nenhuma interferncia de outros rgos Denominacionais. A Assemblia Geral tem poder de decidir todos os atos administrativos assim como a admisso, disciplina e exonerao do seus membros. Escolhe livremente os seus pastores, oficiais e colaboradores. Participa das Associaes, Convenes Estaduais e Brasileira, mandando seus mensageiros nomeados pela Igreja Local. Pode participar de uma Associao ou Conveno no momento que desejar sem ser obrigatria a sua inscrio. As deliberaes dos Organismos Denominacionais influenciam nas Igrejas Locais apenas em carter de sugesto. Participa financeiramente com a Denominao com o que chama de Plano Cooperativo que representa 10% (dez por cento) da entrada dos seus dzimos. Esta importncia distribuda entre os diversos rgos em percentuais aprovados pelos mensageiros nas Assemblias das Convenes. Para administrar a rea social as Igrejas escolhem os seus diconos que formam o Corpo Diaconal . Um seminarista ordenado ao ministrio quando uma Igreja o convida e a Igreja da qual ele faz parte promove a sua ordenao, convocando outros pastores para formar o Conclio para exame do candidato. Normalmente o Conclio o examina em Experincia e Chamada, ECLESIOLOGIA e Teologia. Se aprovado, os pastores impem as mos consagrando-o ao ministrio, passando ento a estar apto para pastorear.

    4) Hbrido o sistema que abrange um pouco de casa sistema anteriormente citado e est associado a maioria das novas denominaes existente. Existem igrejas que conseguem, inicialmente, implementar a autocracia para a conservao do poder do seu pastor ou fundador, adotar a oligarquia para decises cotidianas e usar da democracia para as decises de maior relevncia para a igreja e assim por diante, ou seja, para este caso no h um sistema bem definido fazendo ento com que se aproveite um pouco de cada um. Ex: ...

    OS OFICIAIS DA IGREJA

    Jesus recrutou e treinou lideres que ele mesmo escolheu visando consecuo do seu plano de implementar o seu Reino na terra. Ele no os escolheu pelos critrios geralmente aceitos como vlidos para o recrutamento pessoal, mas segundo critrios de Deus, que no olha para aparncia, mas para o corao (1Sm 16:7). A Igreja seguiu os seus ensinamentos nessa matria, com grande sucesso.

    Nas Igrejas do Novo Testamento, as funes de liderana so de fundamental importncia para dar cumprimento ao propsito de Jesus. Antes de listar as funes encontradas no Novo Testamento, algumas observaes:

    a. O recrutamento e escolha dos lideres obedecia a um processo natural, no qual a piedade, a dedicao e os dons espirituais devidamente reconhecidos pela igreja eram fatores que mais passavam na seleo de obreiros (Tt 1:5; 1Tm 3:10)

    b. Os lderes eram responsveis pela boa ordem nas igrejas. Havia extremo cuidado na escolha da liderana, pois as igrejas sabiam que o rebanho segue o pastor (Tt 2:7,8) e que uma boa liderana fundamental para o crescimento da Igreja. Eclesiologia 20

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL c. H uma autoridade espiritual. Os mais piedosos, que servirem com humildade, sero reconhecidos como lderes (1Tm 3:13)

    d. No h leigos. Todos so ministros, todos so servos. A Diviso entre clero e laicato (classe leiga) desconhecida em Atos dos Apstolos.

    e. Os diferentes ttulos indicam funes de servio, em posies estratgicas, conforme o dons espirituais e a capacitao provada na prtica. Um mesmo lder pode ser designado por mais de um ttulo, o que significa que exerce mais de uma funo. Um dicono faz a obra de um evangelista (At 8:40), inclusive batizando novo convertido At 8:38; um apstolo se auto denomina presbtero (1Pe 5:1) e assim por diante.

    Apesar do Novo Testamento apresentar uma lista pequena de oficiais (Pastores, diconos, evangelistas, ancios, bispos, presbteros, missionrios e obreiros, sendo estes dois ltimos, nomes colocados nos nossos dias a funes j apresentadas na Bblia), existe uma complexidade atingindo grandes propores de oficiais que compem a liderana das Igrejas evanglicas. No h uma padronizao nem em nmero de oficiais, nem em interpretaes e funes. Sendo assim, cabe-nos apenas procurar conhecer a fundo a estrutura e responsabilidades concernentes aos oficiais da nossa Igreja, respeitando e aceitando os oficiais de outras denominaes.

    Em linhas gerais, para exercer um ministrio de liderana na Igreja, o crente deve apresentar alguns pr-requisitos, que so:

    a) Ser convertido. (Rm 10:9-10)b) Ser cheio do Esprito Santo. (Gl 5:16; Ef 5:18; At 13:9)c) Saber como usar a Palavra de Deus. (II Tim 2:15)d) Querer agradar e obedecer a Deus. (I Ts 2:7-12; Tt 1:9)e) Amar os irmos e novos convertidos e cuidar deles. (I Ts 2:7-12; Tt 1:9)f) Saber como orar. (I Ts 2:7-12 e Tt 1:9)g) Estar vivendo uma vida pura. (I Tim 5:22; Tt 1:7-8)h) Estar firme na f. (Hb 11:6)

    Todos esses pr-requisitos certamente vo demostrar at que ponto o servo tem maturidade suficiente para tomar tal espao na Igreja do Senhor.

    Vejamos, pois, as palavras que descrevem os diferentes aspectos dos dons de liderana na Igreja Primitiva:

    1) Apstolo - Apstolos - Figura como substantivo ou adjetivo, significando embaixador comissionado, aquele que enviado com uma misso especfica. Ocorre 79 vezes no Novo Testamento. No sentido estrito, designa um grupo de 12 discpulos que Jesus enviou com autoridade sobrenatural para operar sinais e proclamar a sua mensagem . No sentido genrico, designa uma das funes dos missionrios cristos (Interpreters Bible Dic, In loc). Os apstolos de Jesus so testemunhas oculares do seu ministrio e da sua ressurreio (At 1:2,22). Em que pese a doutrina catlica de sucesso apostlica, os textos bblicos, em nenhuma estancia deixam a idia de uma transmisso ou linha sucessria. No um titulo formal ou institucional, mas operacional, como todos os ttulos de liderana no NT. Paulo atribui a si mesmo o titulo de apostolo, que foi contestado em Corinto (1Co 9:2), por se considerar embaixador de Cristo. Sobre o esprito com que os apstolos devem servir, veja Jo 13:16: no funo de domnio nem de prestigio social, mas de servio. Apstolos uma composio da preposio apo (a partir de, vindo de, extenso de, continuidade de) e o verbo stelo (enviar, equipar para uma viagem).

    Eclesiologia 21

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL 2) Dicono Diakonos - escolhido pela Igreja para o "Ministrio da Benevolncia". Sua rea de ao se restringe sua Igreja apenas. O Termo dicono quer dizer servo. O ministrio diaconal foi institudo para cuidar da assistncia social afim de deixar os pastores livres para exercerem o ministrio da palavra. Este termo encontrado cerca de seis vezes no Novo Testamento: quatro vezes em I Timteo, uma vez em Filipenses e uma vez em Romanos. (I Tm. 3:8,10,12,13; Fil 1:1. Rm 1:1) Em At 6:1-7, vemos sete cristos eleitos e separados para realizar um tipo de servio que ainda se faz necessrio nos dias de hoje e todo o dicono precisa se concientizar disso. So eles: a) Deixar desembaraados os ministros, b) Promover a paz na Igreja, c) Promover o bem-estar dos crentes, d) dar testemunho mais eficaz.

    1.1) Qualificaes para o diaconato - Segundo Atos 6:1-7

    At 6:1-7 / 1 - ORA, naqueles dias, crescendo o nmero dos discpulos, houve uma murmurao dos gregos contra os hebreus, porque as suas vivas eram desprezadas no ministrio cotidiano. 2 - E os doze, convocando a multido dos discpulos, disseram: No razovel que ns deixemos a palavra de Deus e sirvamos s mesas. 3 - Escolhei, pois, irmos, dentre vs, sete homens de boa reputao, cheios do Esprito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negcio. 4 - Mas ns perseveraremos na orao e no ministrio da palavra. 5 - E este parecer contentou a toda a multido, e elegeram Estvo, homem cheio de f e do Esprito Santo, e Filipe, e Prcoro, e Nicanor, e Timo, e Parmenas e Nicolau, proslito de Antioquia; 6 - E os apresentaram ante os apstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mos. 7 - E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalm se multiplicava muito o nmero dos discpulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia f.

    a) Os diconos devem ser moralmente equipados (de boa reputao v.3)b) Os diconos devem ser espiritualmente equipados (Cheios do Esprito Santo v.3)c) Os diconos devem ser mentalmente equipados (Cheios de sabedoria v.3)

    Segundo I Tm 3:8-13

    I Tm 3:8-13 / 8 - Da mesma sorte os diconos sejam honestos, no de lngua dobre, no dados a muito vinho, no cobiosos de torpe ganncia; 9 - Guardando o mistrio da f numa conscincia pura. 10 - E tambm estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensveis. 11 - Da mesma sorte as esposas sejam honestas, no maldizentes, sbrias e fiis em tudo. 12 - Os diconos sejam maridos de uma s mulher, e governem bem a seus filhos e suas prprias casas. 13 - Porque os que servirem bem como diconos, adquiriro para si uma boa posio e muita confiana na f que h em Cristo Jesus.

    a) Honesto e sbio nas decises, b) no de lngua dobre, c) Temperante, d) Bom mordomo das possesses, e) Deve ser primeiro testado para aps ser aprovado, f) Deve ser homem e de f, g) Irrepreensvel, h) Mongamo, i) Deve governar bem seus filhos e a sua prpria casa.

    1.2) As Mesas do servio diaconal Hoje, persiste uma classificao relacionada ao servio do ministrio diaconal que se constitui em trs partes que correspondem s mesas a que se refere Atos 6:2 Ento, os doze convocaram a comunidade dos discpulos e disseram: No razovel que ns abandonemos a palavra de Deus para servir s mesas. As trs partes so: A mesa da beneficncia (pobres), a mesa do pastor e a mesa do Senhor.

    1.2.1) Mesa da beneficncia - a maior de todas as responsabilidades do dicono. Visa verificar e cuidar da assistncia social da Igreja, assistindo os carentes, as vivas, os necessitados, os doentes, etc.

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  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL 1.2.2) Mesa do pastor - cuidar de tudo aquilo que facilitar o desempenho do ministrio do pastor, desde as questes administrativas e eclesisticas, at mesmo as questes materiais e familiares. Tudo para que a obra do Senhor venha a fluir com tranqilidade.

    1.2.3) Mesa do Senhor - No especificamente servir os elementos da Ceia, mas tambm cuidar da vida espiritual da Igreja, sempre sob o comando do pastor, ajudando-o principalmente com suas oraes. Devem ser responsveis pelo bom andamento espiritual dos trabalhos da Igreja, entendendo os seus limites e at a onde vai a sua autoridade como dicono.

    Observao: Para a consagrao de diaconisas encontramos base bblica em Rm 16:1 (Febe); 16:3 (Priscila); 16:12 (Trifena, Trifosa e Prside); Fl 4:2,3 (Evdia e Sntique); I Tm 3:11 (da mesma sorte as mulheres); I Tm 5:9,10 (inscrio com menos de 60 anos) e Tt 2:3-5 (srias pouco vinho ensinar as mais novas).

    3 ) Bispo Episkopos - Tem a idia de superintendente, administrador, aquele que tem uma viso global da obra, o que faz a inspeo da obra. De epi (sobre, superior, por cima de) e skopeo, observar de longe, desde cima, por a vista em, Ter por fim, ter cuidado, velar, examinar (Isidro Pereira). No designa posio de mando, mas de servio especfico e responsabilidade. Thayer traduz: algum incumbido do dever de observar o que esta sendo feito por outros. O termo tambm era usado no sentido de "guardio das almas". I Tm 3:1; Tt 1:5-7; Fil 1:1.

    4 ) Presbtero - Presbyteros - Tem a idia de conselheiro. Significa dignidade. O termo significa conselheiro dos Judeus. At 20:17,28; I Tm 5:17; II Jo 1:1; III Jo 1:1.

    5 ) Ancio Tambm tem a idia de conselheiro e uma das tradues do termo Presbyteros. Atos 14:23 diz que Paulo elegeu "ancios" por toda a sia menor. A palavra "ancio" aparece cerca de cinqenta e seis vezes no N.T.. Eles foram lderes locais que assumiram a liderana da Igreja. At 15:2,4,6,22,23; 16:4; 21:8 dizem que a Igreja de Jerusalm tinha ancios.

    6 ) Evangelista Evangelistes - (Ef 4:11) Significa arauto de boas obras, missionrio itinerante. O termo era usado como nome dos arautos da salvao que no eram apstolos. No N.T. Filipe era leigo, um dicono e um evangelista (At 21:8). Ele pregava o evangelho as pessoas perdidas e as batizava. Em 2Tm 4:5 Paulo exorta Timteo a fazer a obra de evangelista.

    7 ) Pastor Poimenas - Tem a idia de guardador. Significa ternura. O termo quer dizer apascentador, aquele que pastoreia ou aquele que governa. No designa posio hierrquica ou institucional, mas a virtude do lder para apascentar o rebanho de Jesus (1Pe 2:25). um Dom do Esprito (Ef 4:11). H pastores verdadeiros e pastores falsos. O verdadeiro d a vida pelas ovelhas. O falso, mercenrio, que no est emocionalmente ligado s ovelhas, v vir o lobo e deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa(Jo 10:11,12). Jesus deu a Pedro, apostolo, pescador de profisso, a incumbncia de apascentar os seus cordeiros, como resultado do seu amor (Jo 21:17). Qualquer outro sentimento, qualquer outra motivao que no seja o amor a Jesus, resultar em fracasso no pastoreio das ovelhas de Jesus. Ningum pode amar ovelhas sem amar a Jesus e ningum que ame a Jesus, pode deixar de amar as ovelhas de Jesus. O cuidado pastoral abrange: Zelo para com a vida de cada ovelha do rebanho individualmente (Lc 15:4); interesse e carinho em nutrir as ovelhas do rebanho (Sl 23:2); proteo do rebanho, em face dos predadores (Am 3:12); fortalecimento das ovelhas para poderem resistir aos predadores na ausncia do pastor (At 20:29).

    Em algumas denominaes, a funo do pastor acumula as funes do bispo, presbtero, ancio e evangelista. Pensa-se assim por entender que est na pessoa do pastor a responsabilidade de administrar, aconselhar e evangelizar. O pastor o lder dos lderes. um lder espiritual, um servo que dirige seu povo no caminho de DEUS. Ele deve ter o dom de ensinar e equipar os crentes de forma organizada dirigindo a Igreja dentro dos parmetros administrativos corretos. Eclesiologia 23

  • SEMINRIO TEOLGICO BETEL 6.1) Mais algumas qualificaes para o Ministrio Pastoral

    6.1.1) Espirituais

    a) Experincia genuna de converso; b) Que seja dotado de virtudes cordiais, tais como: AMOR, bondade, humildade, f e prtica de orao; c) Chamado pelo Senhor.

    6.1.2) Morais

    a) Alto padro de carter; b) Bom testemunho (casa de vidro - (ITm 3:7 - Convm tambm que tenha bom testemunho dos que esto de fora, para que no caia em afronta, e no lao do diabo.)

    6.1.3) Intelectuais

    a) Que seja pessoa de reconhecida capacidade intelectual, apta para ensinar, para exortar; b) Que seja estudioso e procure desenvolver-se sempre intelectualmente.

    AS ORDENANAS DA IGREJA

    O nosso Salvador Jesus Cristo reconheceu que, para ns, seres humanos, difcil a viso do invisvel. Por isso, mui sabiamente, Ele nos deixou dois ritos ou atos simblicos para que, atravs de elementos visveis do nosso mundo material, pudssemos, com mais facilidade, alcanar realidades invisveis do mundo espiritual e eterno. Ele nos deixou o Batismo e a Ceia.

    A Igreja Romana emprega para o Batismo e Ceia do Senhor a palavra sacramento. Esta palavra genuinamente latina, logo extra bblica (sacramentum). E o que sacramento? Cada um dos sinais sensveis produtores de graa, indispensveis para os cristos adquirirem a salvao eterna (Dicionrio Ruth Rocha, pg. 551). No Novo Testamento no temos sacramentos e muito menos sinais como veculos de graa. O termo sacramentum passou a ser usado no sculo III, por Tertuliano, para descrever um juramento de lealdade que o cristo fazia, semelhana do juramento que os soldados romanos prestavam ao entrar no exrcito, mas com o tempo passou a significar um sinal visvel da graa invisvel Os sete sacramentos da Igreja Catlica Romana so: o batismo, a confirmao ou crisma, a eucaristia ou ceia, a penitncia, a uno dos enfermos ou extrema-uno, a ordem ou ordenao sacerdotal e o Matrimnio. Os sete sacramentos so nada menos que uma srie de obras. Como sabemos, a bblia declara reiteradamente que boas obras jamais salvam algum (Rm 3:20; Ef 2:8,9).

    Se limitarmos as ordenanas apenas quelas trazidas por Jesus, teremos apenas duas: O batismo e a ceia, ou o banho e o po, como Lutero chamou. Os menonitas observam mais uma ordenana, a do lava-ps, firmada em Jo 13:14s.

    As ordenanas tm trs elementos simblicos principais: 1) O sinal visvel que representado pela gua no batismo, pelo po e vinho na ceia do Senhor. 2) A graa invisvel que aquela que a ordenana representa. No batismo, a graa invisvel o lavar regenerador (Tt 3.5), o perdo dos pecados (At 2.38), a unio com Cristo