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Apostila de Artes Professora Júlia Lícia Soares Matos O desenho de Observação Introdução Esta apostila visa principalmente trazer aos professores de artes e estudantes da disciplina em questão, conhecimentos sobre técnicas, materiais, texturas, luz e sombras do desenho de observação, além de noções e princípios básicos de composição, centralização, proporção, simetria, ritmo, equilíbrio, e os princípios básicos da perspectiva. Quando um desenhista transporta para o papel a imagem de um objeto ou cena que impressionou sua visão de artista, está ele executando um desenho. Esse ato de desenhar implica, pois, inicialmente, a existência de elementos MATERIAIS. Isto é, o próprio desenhista, o instrumento que ele utiliza: o papel onde o trabalho é executado e o objeto que está sendo representado. É necessário que haja por parte do artista o conhecimento de determinadas regras (como as de proporção e perspectiva) ao executar um bom desenho de observação. Outro fator importante na atividade do artista é a interpretação pessoal. Isto significa que cada pessoa ao desenhar um único objeto o interpretará diferente, mesmo que sejam consideradas corretas as relações de proporção e perspectiva. Isso acontece porque cada pessoa vê um determinado objeto de forma diferente e ao desenhá-lo faz de segundo a

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Page 1: Apostila de artes

Apostila de Artes

Professora Júlia Lícia Soares Matos

O desenho de Observação

Introdução

Esta apostila visa principalmente trazer aos professores de artes e

estudantes da disciplina em questão, conhecimentos sobre técnicas,

materiais, texturas, luz e sombras do desenho de observação, além de

noções e princípios básicos de composição, centralização, proporção,

simetria, ritmo, equilíbrio, e os princípios básicos da perspectiva.

Quando um desenhista transporta para o papel a imagem de um

objeto ou cena que impressionou sua visão de artista, está ele executando

um desenho.

Esse ato de desenhar implica, pois, inicialmente, a existência de

elementos MATERIAIS. Isto é, o próprio desenhista, o instrumento que ele

utiliza: o papel onde o trabalho é executado e o objeto que está sendo

representado.

É necessário que haja por parte do artista o conhecimento de

determinadas regras (como as de proporção e perspectiva) ao executar um

bom desenho de observação.

Outro fator importante na atividade do artista é a interpretação

pessoal. Isto significa que cada pessoa ao desenhar um único objeto o

interpretará diferente, mesmo que sejam consideradas corretas as relações

de proporção e perspectiva. Isso acontece porque cada pessoa vê um

determinado objeto de forma diferente e ao desenhá-lo faz de segundo a

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sua impressão. Assim, cada pessoa desenha dando ao seu trabalho

interpretação pessoal.

A utilização de tipos diferentes de técnicas e materiais também

diferencia a representação do desenho. Por exemplo, o lápis pode ser

substituído por pena, caneta, tinta, óleo, etc. E o papel por cartolina, tela,

conforme o tipo de desenho que deseja.

MATERIAIS

O lápis, a caneta, a pena e pincel são instrumentos que transportam

para o papel a tinta que produz o traço. Em suma, o desenho é um arranjo

de traços sobre uma superfície plana ou outros tipos de superfícies, cada

um com seu fim, representando detalhes do objeto ou cena reproduzida.

Vê-se logo a importância da escolha adequada dos materiais de desenho.

A lista de materiais necessária para se executar desenhos de

observação não é muito extensa, tampouco muito cara. O que sempre

aconselhamos ao aluno é que para se obter bons resultados nos desenhos,

são necessários bons materiais.

Inicialmente elaboramos para o nosso curso a seguinte lista:

• Um Lápis HB

• Um Lápis 6B

• Uma Borracha macia

• Uma régua de 30 cm

• Folhas de papel ofício

• Folhas de papel opaco formato A3

• Folhas de papel para rascunhos

O desenho artístico é todo aquele executado à mão livre, isto é. Sem

utilizar instrumentos de precisão, tais como compasso, transferidores,

esquadros, etc. Instrumentos esses utilizados no desenho mecânico e

arquitetônico. Mas isso não deve ser entendido como regra.

Page 3: Apostila de artes

Os instrumentos de precisão poderão ser úteis na elaboração, por

exemplo, de uma perspectiva ou de uma arte abstrata geométrica.

O desenho artístico pode ser:

Desenho de memorização: quando desenhamos algo que não está à

nossa vista, representando-o de memória. Ou seja, quando desenvolvemos

o desenho de acordo com nossa criatividade.

Desenho criativo: Aquele que sai da imaginação.

Desenho de observação: Aquele que parte da observação de um

objeto ou paisagem.

TÉCNICAS

O desenho é a base das artes plásticas, ( arte que tem por finalidade

a representação da forma das coisas: pintura, escultura, arquitetura), pois

não se pode fazer um quadro a óleo, uma aquarela, uma coluna, sem ter

sido feito antes um esboço dos mesmos em desenho.

O DESENHO DA FIGURA EM LINHAS GERAIS:

Um vaso ou um arranjo de flores não possuem linhas desenhadas

sobre sua forma externa. Que nos permita copiar exatamente no papel, o

seu contorno.

As linhas de um objeto são imaginárias, linhas estas que utilizamos

como auxílio ao se executar um desenho. No entanto, ao se concluir o

desenho essas linhas auxiliares deverão ser apagadas.

O efeito de volume de um objeto em um desenho é obtido com a

adição de luz e sombra no desenho.

Vale à pena lembrar que em desenhos técnicos, ao contrário, o

objeto é representado através de linhas para representar o objeto com suas

dimensões reais, para transmitir todas as informações necessárias para a

sua compreensão provável execução.

Observação: Em alguns tipos de pinturas, como a pintura mural, o

artista pode optar por manter o contorno das figuras para dar maior

destaque ao desenho que será observado a certa distância.

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O processo que estabelece a comparação de um objeto apenas em

linhas gerais é a base mais fácil e natural do desenho.

Observe por exemplo, que os desenhos infantis são feitos apenas das

linhas consideradas mais importantes. Não possuem cor, tampouco

sombras. Assim como esses desenhos são as obras dos povos primitivos.

Apenas em linhas gerais.

Curiosidade: Antigamente, regiões inteiras eram observadas,

especialmente em épocas de guerra, e reproduzidas em forma de esboço,

utilizando-se os princípios da perspectiva cavaleira. Isto para que os

militares pudessem observar as diversas regiões de interesse, sem levantar

suspeitas. Esse tipo de perspectiva recebeu também o nome de projeção

cilíndrica.

COMO SE CONSTRUIR UM DESENHO DE OBSERVAÇÃO?

Para se executar um desenho temos primeiro que passar por uma

fase da forma linear, para que o desenhista se familiarize com as formas

características e proporções do objeto. O princípio será estabelecer a

relação entre o objeto e a sua prefeita representação usando os vários tipos

de linhas necessários.

Para o aluno de desenho a delineação generalizada é o caminho mais

curto para o aprendizado de arte. É um meio para atingir um fim.

COMPOSIÇÃO

Para compor bem precisamos levar em conta os limites impostos

pelas margens do papel. Também devemos considerar o peso intrínseco do

papel, isto em o peso do desenho sobre o papel.

O desenho deve dominar o espaço do papel e não invadir as

margens. Isto não é uma regra, pois o pensamento acadêmico é que dita

regras. Porém você deve pensar no que é adequado e no que é

inadequado.

O desenho não necessariamente deverá estar centralizado na folha

de papel. Mas deve-se ter o cuidado para que se mantenha o equilíbrio,

mantendo pesos iguais em ambos os lados. Caso prefira deslocar o objeto,

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coloque outro objeto do outro lado para manter o equilíbrio.

Os espaços vazios e as cores fortes podem causar desequilíbrio no

papel se colocados de um só lado do desenho. As cores neutras não causam

desequilíbrio, a não ser que estejam muito escuras ou muito claras.

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Com a ajuda de um visor fica fácil escolher uma melhor composição.

PROPORÇÃO

A proporção segue um padrão: o papel sempre tem a mesma

proporção. O tamanho do papel é próximo da proporção áurea, ou seja,

proporção perfeita. A proporção áurea foi desenvolvida por matemáticos

na Grécia antiga. Eles procuravam a proporção bela e perfeita em termos

matemáticos. Assim encontraram a proporção áurea, base da estética.

O olho humano é muito sensível ao desequilíbrio. Isso o olho humano

não gosta, e quer ser conduzido pelas imagens e encontrar estímulos

(ritmo, cor, textura, etc.) Não gosta de coisas muito regulares ou de

composições desequilibradas, monótonas.

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Se virarmos uma folha de papel no sentido vertical e movermos um

ponto (como um botão) sobre esta folha, descobrimos que o ponto de

equilíbrio do papel está no centro da linha do retângulo que forma a

proporção áurea.

Qualquer coisa que for colocada na parte de cima terá uma ação

visual para cima.

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O que for colocado na parte de baixo tem ação visual para baixo.

Portanto se o desenho for um pássaro poderá sar colocado na parte

de cima se estiver voando, e assim ficará equilibrado. Se for uma paisagem,

deverá ser colocado na parte de baixo do desenho. Também deve-se

observar a largura e a altura do desenho para escolher se o papel será

usado na horizontal ou na vertical.

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Regra dos terços: Divide o ratângulo na horizontal em três partes iguais.

A linha do horizonte deverá ser colocada na linha de baixo ou abaixo

dela. Nunca acima, pois ficará desequilibrada. A não ser que tenha uma

figura em primeiro plano, como uma figura humana.

A proporção do desenho em relação ao objeto observado também

deverá ser mantida. Para isto precisamos medir visualmente com um lápis a

altura e a largura do objeto comparando uma das pontas do lápis no início

da largura, por exemplo, e depois, com o dedo, marque o final da medida.

Depois compare com a altura. Para isso deveremos fechar um dos nossos

olhos e com o braço esticado medir as dimensões do objeto a ser

desenhado e comparar as medidas que deverão ser mantidas as

proporções no desenho.

LH

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Medindo as proporções do objeto com um lápis

SIMETRIA

Um objeto simétrico apresenta uma imagem invertida em relação a um eixo, formando-se uma imagem espelhada da original.

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As formas simétricas sempre foram especiais. Consideradas um dos padrões de beleza na estética clássica, tem seu encanto em razão da repetição de padrões visuais.

Leonardo, Homem Vitruviano,

Estudo de proporções, do De Architectura de Vitrúvio,

Quando executamos um desenho de observação devemos observar se

o objeto que está sendo desenhado é simétrico. Sendo simétrico deveremos

considerar os eixos de simetria. Caso isso não aconteça o desenho perderá as

características do objeto representado que parecerá deformado. A

observação dos eixos de simetria também evitará que o objeto pareça estar

inclinado com relação ao esquadro do papel. Os eixos são importantes até

mesmo nos desenhos assimétricos, pois são eles que permitirão manter a

angulação correta dos objetos nos desenhos.

Eixos

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Eixos a serem observados

Eixos de simetria de algumas formas geométricas:

FASES DE EXECUÇÃO DE UM DESENHO:

1- Esta fase poderá ser feita a lápis com traços ligeiros. E

denomina ESBOÇO.

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Após um estudo das dimensões do objeto e das

disponíveis no papel, faz-se a centralização e enquadramento do

modelo a ser representado. Pode se utilizar linhas auxiliares para

a obtenção da forma geral do modelo (figura regular envolvente).

Isso deverá ser feito a lápis com traços bem leves que

posteriormente possam ser apagados sem danificar o papel.

2- Esta fase é a fase da forma plástica: Esta fase é mais

complexa. Pois inclui as mudanças de posição, as deformações

dos objetos e o jogo de luz e sombra. Tudo isso será executada

sobre a fase anterior e não separadamente.

Até aqui o aluno compreendeu que a base do desenho

artístico é composta pelas linhas auxiliares que constituem o

esboço. Mas poderia perguntar: Por onde devo começar a

desenhar?

Respondo: pela parte do objeto que se acha mais próxima

do nosso olho.

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É aconselhável ao aluno procurar copiar fotografias e

gravuras, reproduzindo-as em seu contorno e perfil.

Observação: O desenho das linhas gerais é também utilizado

em decorações e enfeites.

Falamos de delinear (reprodução em linhas gerais).

Depois de copiar vários desenhos em linhas gerais o aluno poderá

partir para a cópia à mão livre, de objetos ao natural.

Partindo sempre de esboços representando as formas

simplificadas do desenho, considerando as suas deformações

aparentes, e as proporções do objeto, centralizar o objeto de

acordo com as proporções do objeto, centralizar o desenho de

acordo com as proporções da folha. Quando o desenho atingir o

ponto certo, acrescente os detalhes, seguindo ainda as

proporções iniciais, por fim, dá-se à figura o delineado final.

TEXTURAS

As texturas de uma superfície são as ondulações naturais

dessa superfície.

A impressão de textura é introduzida num desenho para

reforçar o efeito realista de seus elementos. Por exemplo, a

superfície lisa da porcelana, o lustro do metal. A aspereza da

argamassa ou a maciez do tecido.

Na verdade, não se trata de fazer uma cópia fotográfica de

um objeto, mas de trabalhar traços e tons de maneira que

indiquem adequadamente a qualidade da sua textura, e ao

mesmo tempo dêem ao seu trabalho um centro de interesse

vívido e realista. O melhor é experimentar as diversas

possibilidades e ver quais as que funcionam e quais não. No

entanto, convém levar em consideração as diretrizes:

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Se a textura no seu motivo é áspera, procure trabalhar com

papéis igualmente ásperos e use lápis macios, mais adequados a

estes tipos de papel. Da mesma forma, superfícies polidas e

brilhantes são melhores representadas em papel liso, com um

lápis duro.

De maneira geral, evite composições em que todos os

elementos tenham o mesmo tipo de textura. Se você colocar

superfícies lisas e ásperas lado a lado, o contraste lhe dará um

aspecto mais real.

Lide com a textura como se fosse o tempero de uma comida:

a quantidade certa reforçará o sabor, mas, as for excessiva, o

resultado ficará comprometido.

UM RECURSO ÚTIL: Ao trabalhar com texturas, você pode

utilizar o método da frotagem: coloque um papel sobre um pedaço

de madeira com veios ou um plano fibroso, por exemplo, e

friccione-o firmemente com um lápis macio.

SOMBRAS

É a sombra que define o volume do objeto.

A iluminação perfeita produz sombras úteis, que mostram

com eficácia o relevo do motivo. Passaremos a estudar as

conseqüências da iluminação, ou seja, as sombras.

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A sombra é produzida quando um raio luminoso é

interrompido por um corpo opaco.

No estudo das sombras devemos considerar:

1- A sombra própria, isso é, a sombra do próprio objeto.

2- A sombra projetada.

SOMBRA PRÓPRIA: Todos os corpos se apresentam com

esses três elementos: Luz, penumbra, e sombra. Quando um

corpo é poliédrico, (facetado) a passagem de uma zona para outra

é suave, pois as zonas se interpenetram.

O desenho é uma importante linguagem que pode ser

desenvolvida através do exercício. Todo bom desenhista é um

bom observador.

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Apostila de Artes O desenho de Observação Professora Júlia Lícia Soares Matos

Bibliografia:

À Mão Livre A linguagem do desenho

Philip Hallawell

Curso de Desenho e Pintura – Editora Globo

Desenho André Herling – Instituto Brasileiro de

Edições Pedagógicas.

Instituto Universal Brasileiro – ensino por

correspondência.

Aulas de Desenho artístico.

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