apostila concurso copasa

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27/02/14 11:12 Concurso Copasa Direito Administrativo: Da administração pública: princípios constitucionais. A organização da administração pública no Brasil. Administração direta, indireta e fundacional. Pessoas administrativas: espécies e tipicidade dos entes administrativos. Administração indireta: Autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. Criação, estrutura, características e extinção. Da atividade administrativa: conceito, natureza e finalidade. Poderes e prerrogativas da administração pública. Poderes e deveres do administrador. Poder de polícia: uso e abuso do poder no exercício da atividade administrativa. Dos serviços públicos: conceito, características e regime jurídico. Do direito dos usuários. Da prestação dos serviços públicos. Concessão, permissão e autorização. Do domínio público: Bens públicos - conceito, natureza, características e classificação. Utilização dos bens públicos. Restrições, limitações, uso do solo, zoneamento, política edilícia. Dos atos administrativos: conceito, elementos, classificação, requisitos e atributos. Espécies de atos administrativos. Motivação, finalidade e nulidade dos atos administrativos. Dos contratos administrativos: conceito, características, formalização e execução. Alteração e extinção dos contratos administrativos. Teoria da imprevisão e teoria do Fato do Príncipe. Da licitação: conceito, princípios e modalidades. Do edital: tipos de licitação, julgamento, homologação e adjudicação. A Lei 8.666/1993 – alterações e aplicações. Do controle da administração pública: conceito e características. Controle administrativo: interno e externo. Tutela administrativa: supervisão e vinculação na administração. Controle legislativo e controle popular. Controle judicial:

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  • 27/02/14 11:12 Concurso Copasa

    Direito Administrativo: Da administrao pblica: princpios

    constitucionais. A organizao da administrao pblica no Brasil.

    Administrao direta, indireta e fundacional. Pessoas administrativas:

    espcies e tipicidade dos entes administrativos. Administrao indireta:

    Autarquias, empresas pblicas, sociedades de economia mista e

    fundaes pblicas. Criao, estrutura, caractersticas e extino. Da

    atividade administrativa: conceito, natureza e finalidade. Poderes e

    prerrogativas da administrao pblica. Poderes e deveres do

    administrador. Poder de polcia: uso e abuso do poder no exerccio da

    atividade administrativa. Dos servios pblicos: conceito, caractersticas e

    regime jurdico. Do direito dos usurios. Da prestao dos servios

    pblicos. Concesso, permisso e autorizao. Do domnio pblico: Bens

    pblicos - conceito, natureza, caractersticas e classificao. Utilizao dos

    bens pblicos. Restries, limitaes, uso do solo, zoneamento, poltica

    edilcia. Dos atos administrativos: conceito, elementos, classificao,

    requisitos e atributos. Espcies de atos administrativos. Motivao,

    finalidade e nulidade dos atos administrativos. Dos contratos

    administrativos: conceito, caractersticas, formalizao e execuo.

    Alterao e extino dos contratos administrativos. Teoria da impreviso

    e teoria do Fato do Prncipe. Da licitao: conceito, princpios e

    modalidades. Do edital: tipos de licitao, julgamento, homologao e

    adjudicao. A Lei 8.666/1993 alteraes e aplicaes. Do controle da

    administrao pblica: conceito e caractersticas. Controle administrativo:

    interno e externo. Tutela administrativa: superviso e vinculao na

    administrao. Controle legislativo e controle popular. Controle judicial:

    guilhermepereiraSticky Note39.

  • conceito, caractersticas e sistemas. Instrumentos de controle. Habeas

    Data, Mandado de Segurana (individual e coletivo), Ao Civil. Pblica,

    Ao Popular, Ao de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992).

    Da administrao pblica: princpios constitucionais

    O dispositivo constitucional que trata dos princpios administrativos o

    art. 37, caput, do Texto de 1988:

    A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da

    Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos

    princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

    eficincia.

    Porm, o rol de princpios constitucionais expressos no se esgota no

    dispositivo acima mencionado, sendo importante mencionar outros

    dispersos pela Constituio de 1988. So eles:

    1) princpio da participao (art. 37, 3, da CF): a lei dever

    estimular as formas de participao do usurio na administrao

    pblica direta e indireta, regulando especialmente: a) reclamaes

    relativas prestao dos servios pblicos em geral; b) o acesso dos

    usurios a registros administrativos e informaes sobre atos de governo;

    c) a disciplina da representao contra o exerccio negligente ou abusivo

    do cargo, emprego ou funo na administrao pblica;

  • 2) princpio da celeridade processual (art. 5, LXXVIII, da CF):

    assegura a todos, nos mbitos judicial e administrativo, a razovel

    durao do processo e os meios que garantam celeridade na sua

    tramitao;

    3) devido processo legal formal e material (art. 5, LIV, da CF):

    prescreve que a privao de liberdade ou de bens s poder ser aplicada

    aps o devido processo legal. No mbito administrativo, a tomada de

    decises pelo Poder Pblico pressupe a instaurao de processo com

    garantia de contraditrio e ampla defesa. Os dois aspectos clssicos do

    princpio so vlidos no Direito Administrativo: a) devido processo legal

    formal: exige o cumprimento de um rito predefinido como condio de

    validade da deciso; e b) devido processo legal material ou

    substantivo: alm de respeitar o rito, a deciso final deve ser justa e

    proporcional. Por isso, o devido processo legal material ou substantivo

    tem o mesmo contedo do princpio da proporcionalidade. Outro

    apontamento importante: nos processos administrativos, busca-se a

    verdade real dos fatos, e no simplesmente a verdade formal baseada

    apenas na prova produzida nos autos;

    4) contraditrio (art. 5, LV, da CF): as decises administrativas devem

    ser proferidas somente aps ouvir os interessados e contemplar, na

    deciso, as consideraes arguidas;

    5) ampla defesa (art. 5, LV, da CF): obriga assegurar aos litigantes,

    em processo judicial ou administrativo, a utilizao dos meios de prova,

  • dos recursos e dos instrumentos necessrios para os interessados

    defenderem seus interesses perante a Administrao.

    Sobre os princpios do contraditrio e ampla defesa, foi editada

    recentemente a Smula Vinculante n. 3 do STF: Nos processos

    perante o Tribunal de Contas da Unio asseguram-se o contraditrio e a

    ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ou revogao de

    ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciao da

    legalidade do ato de concesso inicial de aposentadoria, reforma e

    penso.

    Princpio da Legalidade

    Impe que a Administrao Pblica observe todos os requisitos expressos

    na lei.

    Sentidos do P. da Legalidade.

    Sentido negativo e Sentido positivo

    Pelo princpio da primazia da lei, ou da legalidade em sentido negativo,

    enuncia-se que os atos administrativos no podem contrariar a lei.

    Quanto ao princpio da reserva legal, ou legalidade em sentido positivo,

    preceitua que os atos administrativos s podem ser praticados mediante

    autorizao legal, disciplinando temas anteriormente regulados pelo

    legislador. No basta no contradizer a lei. O ato administrativo deve ser

  • expedido secundum legem. Isto porque O ato administrativo no tem o

    poder jurdico de estabelecer deveres e proibies a particulares,

    cabendo-lhe o singelo papel de instrumento de aplicao Quanto ao

    princpio da reserva legal, ou legalidade em sentido positivo, preceitua

    que os atos administrativos s podem ser praticados mediante

    autorizao legal, disciplinando temas anteriormente regulados pelo

    legislador. No basta no contradizer a lei. O ato administrativo deve ser

    expedido secundum legem. A reserva legal refora o entendimento de que

    somente a lei pode inovar originariamente na ordem jurdica. O ato

    administrativo no tem o poder jurdico de estabelecer deveres e

    proibies a particulares, cabendo-lhe o singelo papel de instrumento de

    aplicao da lei no caso concreto.

    O ato administrativo no instrumento hbil a criar direitos e obrigaes

    aos particulares, porquanto no constitui lei.

    Desse modo, levando em conta seu significado para o Direito

    Administrativo, o art. 5, II, da CF deve ser assim

    compreendido:ningum obrigado a fazer ou deixar de fazer

    alguma coisa em virtude de ato administrativo.

    rgos Pblicos

    Classificao

    Quanto posio hierrquica

  • a) independentes ou primrios: no se sujeitam a qualquer subordinao

    hierrquica ou funcional. Exemplos: Casas Legislativas, Chefias do

    Executivo, Tribunais do Poder Judicirio, Ministrio Pblico e Tribunais de

    Contas;

    b) autnomos: situados imediatamente abaixo dos rgos independentes,

    gozam de autonomia administrativa, financeira e tcnica e so dotados de

    competncias de planejamento, superviso e controle sobre outros

    rgos. Exemplos: Ministrios, Secretarias e Advocacia-Geral da Unio.

    c) superiores: possuem competncias diretivas e decisrias, mas se

    encontram subordinados a uma chefia superior. No tm autonomia

    administrativa ou financeira. Exemplos: Gabinetes, Secretarias

    Administrativas, Procuradorias Administrativas e Coordenadorias.

    d) subalternos: so os rgos comuns dotados de atribuies

    predominantemente executrias. Exemplo: reparties comuns.

    Diferenas entre Entidades federativas versus Entidades pblicas

    da Administrao Indireta

    a) as entidades federativas integram a Administrao Pblica Direta, j as

    entidades pblicas descentralizadas compem a Administrao Pblica

    Indireta;

    b) as entidades federativas so pessoas poltico-administrativas, j as

    entidades descentralizadas tm personalidade puramente administrativa;

    c) as entidades federativas exercem funes legislativas, executivas e

  • jurisdicionais (exceto os Municpios), j as entidades pblicas

    descentralizadas desempenham funes exclusivamente administrativas;

    d) as entidades federativas so multicompetenciais, j as pessoas

    jurdicas da Administrao Indireta so especializadas em um setor de

    atuao;

    e) as entidades federativas so imunes a todos os impostos (art. 150, VI,

    a, da CF), j as pessoas jurdicas de direito pblico da Administrao

    Indireta so imunes somente aos impostos incidentes sobre patrimnio,

    renda e servios vinculados a suas finalidades essenciais (art. 150, 2,

    da CF);

    f) as entidades federativas so criadas pela Constituio Federal, j as

    pessoas jurdicas de direito pblico da Administrao Indireta so

    institudas por lei (art. 37, XIX, da CF);

    g) entidades federativas no podem ser extintas sob a vigncia da ordem

    constitucional atual (art. 60, 4, I, da CF), j as entidades pblicas da

    Administrao Indireta podem ser extintas por lei (art. 37, XIX, CF);

    entidades federativas podem celebrar entre si convnios e consrcios

    pblicos visando a persecuo de objetivos de interesse comum, j as

    entidades pblicas da Administrao Indireta esto proibidas de participar

    de tais parcerias (art. 241 da CF);

    h) entidades federativas tm competncia tributria (art. 145 da CF), j

    as entidades pblicas da Administrao Indireta podem, no mximo,

    exercer por delegao legal as funes de arrecadao e fiscalizao (art.

    7 do Cdigo Tributrio Nacional);

    i) a cpula diretiva das entidades federativas formada por agentes

    polticos diretamente eleitos pelo povo, j os dirigentes das entidades

    pblicas da Administrao Indireta so ocupantes de cargos

  • comissionados nomeados pelo poder central;

    j) entidades federativas respondem objetiva, direta e exclusivamente

    pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, j as entidades

    pblicas da Administrao Indireta respondem objetiva e diretamente

    pelos danos que seus agentes causarem a terceiros mas no

    exclusivamente porque se a entidade no conseguir pagar a indenizao

    integral a pessoa federativa poder ser acionada subsidiariamente;

    l) entidades federativas tm competncia para desapropriar, j as

    entidades pblicas da Administrao Indireta, como regra, no possuem

    tal competncia (exceto Aneel e Dnit).

    Entidades da Administrao Pblica Indireta

    As pessoas jurdicas de direito pblico so criadas por lei (art. 37,

    XIX, CF), o que significa dizer que o surgimento da personalidade jurdica

    ocorre com a publicao da lei instituidora, sem necessidade do

    registro em cartrio. J as pessoas jurdicas de direito privado so

    autorizadas por lei (art. 37, XIX, da CF), ou seja, publicada uma lei

    permitindo a criao, depois o executivo expede um decreto

    regulamentando a criao e, por fim, a personalidade nasce com o

    registro dos atos constitutivos em cartrio.

    So pessoas de direito pblico: autarquias, fundaes pblicas,

    agncias reguladoras e associaes pblicas.

    Possuem personalidade de direito privado: empresas pblicas,

  • sociedades de economia mista, subsidirias, fundaes

    governamentais e consrcios pblicos de direito privado.

    Administrao Indireta

    Descentralizao a distribuio de competncias de uma para outra

    pessoa, fsica ou jurdica.

    Modalidades de descentralizao administrativa

    Descentralizao territorial ou geogrfica

    a que se verifica quando uma entidade local, geograficamente

    delimitada, dotada de personalidade jurdica prpria, de direito pblico,

    com capacidade administrativa genrica.

    No Brasil de hoje, podem ser includos nessa classificao os

    territrios federais, que no integram a federao, mas tm

    personalidade jurdica de direito pblico, so geograficamente delimitados

    e possuem capacidade genrica, que abrange servios de segurana,

    sade, justia etc.

    Descentralizao por servios

    Descentralizao por servios, funcional ou tcnica a que se

  • verifica quando o poder pblico (Unio, Estados e Municpios) cria uma

    pessoa jurdica de direito pblico ou privado e a ela atribui a

    titularidade e a execuo de determinado servio pblico. No Brasil,

    essa criao somente pode dar-se por meio de lei e corresponde,

    basicamente, s autarquias, mas abrange tambm fundaes

    governamentais, sociedades de economia mista e empresas

    pblicas, que exeram servios pblicos. A Lei 11.107/2005 criou novo

    tipo de entidade que prestar servio pblico mediante descentralizao:

    trata-se dos consrcios pblicos.

    Descentralizao por colaborao

    a que se verifica quando, por meio de contrato ou ato

    administrativo unilateral, se transfere a execuo de determinado

    servio pblico a pessoa jurdica de direito privado, previamente

    existente, conservando o Poder Pblico a titularidade do servio.

    A descentralizao por colaborao se faz por concesso, permisso

    ou autorizao do servio pblico.

    Autarquias

    So pessoas jurdicas de direito pblico interno, pertencentes

    Administrao Pblica Indireta, criadas por lei especfica para o exerccio

    de atividades tpicas da Administrao Pblica.

    As autarquias tambm so dotadas de autonomia gerencial,

    oramentria e patrimonial. A autonomia se caracteriza por ser uma

  • situao intermediria entre a subordinao hierrquica e a

    independncia. Assim sendo, as autarquias no esto subordinadas

    hierarquicamente Administrao Pblica Direta, mas sofrem um controle

    finalstico chamado de superviso ou tutela ministerial.

    As autarquias so imunes a impostos, mas essa imunidade no se

    estende s taxas, contribuies de melhoria, emprstimos compulsrios e

    contribuies especiais.

    Os bens das autarquias so revestidos dos atributos da

    impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.

    Os atos praticados pelos agentes pblicos pertencentes s

    autarquias classificam-se como atos administrativos, sendo dotados de

    presuno de legitimidade, exigibilidade, imperatividade e

    autoexecutoriedade.

    As autarquias celebram contratos adminsitrativos submetidos lei

    n. 8.666/93.

    O regime de contratao o estatutrio, isto , seus agentes

    pblicos exercem cargos pblicos.

    As autarquias podem ser criadas em mbito federal, estadual e

    municipal.

    Fundaes Pblicas

    So pessoas jurdicas de direito pblico interno, institudas por lei

    especfica mediante a afetao de um acervo patrimonial do Estado a uma

    dada finalidade pblica.

    Conforme entendimento adotado pela maioria da doutrina e pela

    totalidade dos concursos pblicos, as fundaes pblicas so espcies

  • de autarquias revestindo-se das mesmas caractersticas jurdicas

    aplicveis s entidades autrquicas. Podem exercer todas as atividades

    tpicas da Administrao Pblica, como prestar servios pblicos e exercer

    poder de polcia.

    Di Pietro destaca suas principais caractersticas:

    a) dotao patrimonial, que pode ser inteiramente do poder pblico ou

    semipblica ou semiprivada;

    b) personalidade jurdica, pblica ou privada, atribuda por lei;

    c) desempenho de atividade atribuda ao Estado no mbito social; com

    isto fica presente a ideia de descentralizao de uma atividade estatal e

    tambm a de que a fundao forma adequada para o desempenho de

    funes de ordem social, como sade, educao, cultura, meio ambiente,

    assistncia e tantas outras; isto precisamente pelo fato de ela objetivar

    fins que beneficiam terceiros estranhos entidade;

    d) capacidade de autoadministrao; e

    e) sujeio ao controle administrativo ou tutela por parte da

    Administrao Direta, nos limites estabelecidos em lei.

    Fundao de direito privado

    A elas no se aplicam as normas civilistas sobre o destino dos bens

    doados pelo instituidor quando insifucientes para constituir a fundao,

    sobre o controle pelo Ministrio Pblico, sobre a elaborao e alterao

    dos estatutos e sobre a extino da entidade.

    Os seus bens so penhorveis, no se lhes aplicando o processo

  • de execuo contra a Fazenda Pblica; no tero juzo privativo; em

    termos de responsabilidade civil por danos causados por seus servidores,

    somente se aplica a regra da responsabilidade objetiva prevista no art.

    37, 6, da CF, se forem prestadoras de servios pblicos; o regime

    jurdico de seus empregados ser o da CLT, com equiparao aos

    funcionrios pblicos para determinados fins.

    Em sntese, pode-se dizer que se aplicam s fundaes de direito

    privado, institudas ou mantidas pelo poder pblico, as seguintes normas

    de natureza pblica:

    1. subordinao fiscalizao, controle e gesto financeira, o que inclui a

    fiscalizao pelo Tribunal de Contas e controle administrativo, exercido

    pelo Poder Executivo (superviso ministerial), com sujeio a todas as

    medidas indicadas no art. 26 do Decreto-lei n. 200 (arts. 49, inciso X, 72

    e 73 da Constituio);

    2. constituio autorizada em lei (art. 1, inciso II, da Lei 7.596, e art. 37

    inciso XIX, da Constituio);

    3. a sua extino somente poder ser feita por lei; nesse aspecto, fica

    derrogado o art. 69 do novo Cdigo Civil, que prev as formas de

    extino da fundao, inaplicveis s fundaes governamentais;

    4. equiparao dos seus empregados aos funcionrios pblicos para os

    fins previstos no art. 37 da Constituio, inclusive acumulao de cargos,

    para fins criminais (art. 327 do Cdigo Penal) e para fins de improbidade

    administrativa (arts. 1 e 2 da Lei 8.429);

  • 5. sujeio dos seus dirigentes a mandado de segurana quando exeram

    funes delegadas do poder pblico, somente no que entender com essas

    funes; cabimento de ao popular contra atos lesivos do seu

    patrimnio; legitimidade ativa para propor ao civil pblica;

    6. submisso lei 8.666/93, nas licitaes e contratos, nos termos dos

    arts. 1 e 119;

    7. em matria de finanas pblicas, as exigncias contidas nos artigos 52,

    VII, 169 e 165, 5 e 9, da Constituio;

    8. imunidade tributria referente ao imposto sobre o patrimnio, a renda

    ou servios vinculados a suas finalidades essenciais ou s delas

    decorrentes (art. 150, 2, da CF).

    Fundao de direito pblico

    s caractersticas mencionadas quanto fundao de direito

    privado, s fundaes de direito pblico somam-se as seguintes:

    1. presuno de veracidade e executoriedade dos seus atos

    administrativos;

    2. inexigibilidade de inscrio de seus atos constitutivos no Registro Civil

    das Pessoas Jurdicas, porque a sua personalidade jurdica j decorre da

    lei;

    3. no submisso fiscalizao do MP;

  • 4. impenhorabilidade dos seus bens;

    5. sujeio ao processo especial estabelecido pelo art. 100 da

    Constituio;

    6. juzo privativo (art. 109, inciso I, da Constituio da Repblica);

    Empresas pblicas e sociedades de economia mista

    Principais diferenas

    1. forma de organizao: a empresa pblica pode ser sociedade civil ou

    comercial, porquanto se constitui sob qualquer das formas admitidas em

    direito. Por outro lado, a sociedade de economia mista s pode ser

    sociedade comercial, visto que somente pode se constituir sob a forma de

    sociedade annima.

    2. composio do capital: a sociedade de economia mista constituda

    por capital pblico e privado; a empresa pblica, com capital

    exclusivamente pblico.

    3. As sociedades de economia mista e as empresas pblicas no esto

    sujeitas falncia;

    4. A prescrio quinquenal foi expressamente estendida s autarquias.

    O STF tem entendido que os bens das empresas estatais de

    direito privado prestadoras de servios pblicos so

    impenhorveis, aplicando-se entidade o regime dos precatrios

  • previsto no art. 100 da Constituio. Portanto, so bens pblicos no s

    os bens das autarquias e das fundaes pblicas, como tambm os das

    entidades de direito privado prestadoras de servios pblicos, desde que

    afetados diretamente a essa finalidade.

    Agncia Executiva

    Qualificao dada autarquia ou fundao que celebre contrato

    de gesto com o rgo da Administrao Direta a que se acha vinculada,

    para a melhoria da eficincia e reduo de custos.

    Agncias Reguladoras

    So autarquias com regime especial, possuindo todas as

    caractersticas jurdicas das autarquias comuns mas delas se

    diferenciando pela presena de duas peculiaridades em seu regime

    jurdico:

    a) dirigentes estveis: a perda do cargo de direo em uma agncia

    reguladora somente pode ocorrer: 1) com o encerramento do mandato;

    2) por renncia; 3) por sentena judicial transitada em julgado.

    b) mandatos fixos;

    Quarentena

  • Quarentena o perodo de 4 meses, contado da exonerao ou

    do trmino do mandato, durante o qual o ex-dirigente fica impedido

    para o exerccio de atividades ou de prestar qualquer servio no

    setor regulado pela respectiva agncia (art. 8 da Lei n. 9.986/2000),

    sob pena de incorrer na prtica do crime de advocacia administrativa.

    As agncias reguladoras podem ser federais, estaduais, distritais ou

    municipais.

    Poder normativo

    As agncias reguladoras so legalmente dotadas de competncia

    para estabelecer regras disciplinando os respectivos setores de atuao.

    o denominado poder normativo das agncias.

    Alm disso, convm frisar que no se trata tecnicamente de

    competncia regulamentar, porque a edio de regulamentos

    privativa do Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV, da CF). Por isso, os

    atos normativos expedidos pelas agncias reguladoras nunca podem

    conter determinaes, simultaneamente, gerais e abstratas, sob pena

    de violao da privatividade da competncia regulamentar.

    Portanto, fundamental no perder de vista dois limites ao

    exerccio do poder normativo decorrentes do carter infralegal dessa

    atribuio:

    a) os atos normativos no podem contrariar regras fixadas na

    legislao ou tratar de temas que no foram objeto de lei anterior;

  • b) vedada a edio, pelas agncias, de atos administrativos gerais

    e abstratos.

    Poder de Polcia

    A expresso poder de polcia engloba dois sentidos: um amplo e

    outro estrito. Em sentido amplo, poder de polcia designa toda e qualquer

    ao restritiva do Estado em relao aos direitos individuais. Sobreleva

    nesse enfoque a funo legislativa.

    Por outro lado, em sentido estrito, poder de polcia designa a

    atividade dos agentes da Administrao, consistente no poder de

    restringir e condicionar a liberdade e a propriedade.

    Da leitura do disposto no art. 3, do CTN, possvel concluir que

    no se pode remunerar o exerccio do poder de polcia mediante o

    pagamento de tarifas, pois estas se caracterizam como preo pblico e,

    como tal, possuem natureza negocial ou contratual, sendo adequadas,

    por exemplo, para remunerar servios pblicos econmicos, inclusive os

    concessionrios e permissionrios de servios pblicos.

    Por outro lado, as taxas tm por fato gerador a atuao estatal

    decorrente do exerccio do poder de polcia ou da utilizao efetiva ou

    potencial de servios pblicos especficos e divisveis prestados ao

    contribuinte ou postos sua disposio.

    Alm disso, para que seja legtima a cobrana de taxa em razo do

    exerccio do poder de polcia, este ter de ser prestado em carter

    efetivo, pois, luz da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, a

    existncia do rgo administrativo no condio para o

  • reconhecimento da constitucionalidade da cobrana da taxa de localizao

    e fiscalizao, mas constitui um dos elementos admitidos para se

    inferir o efetivo exerccio do poder de polcia, exigido

    constitucionalmente.

    Polcia administrativa e polcia judiciria

    O poder de polcia se divide em polcia administrativa e polcia

    judiciria.

    A polcia administrativa atividade da Administrao que se exaure

    em si mesma, ou seja, inicia e se completa no mbito da funo

    administrativa. O mesmo no ocorre com a polcia judiciria, que, embora

    seja atividade administrativa, prepara a atuao da funo jurisdicional

    penal, o que a faz regulada pelo Cdigo de Processo Penal (arts. 4 e ss.)

    e executada por rgos de segurana (polcia civil ou militar), ao passo

    que a Polcia Administrativa o por rgos administrativos de carter

    mais fiscalizador.

    A polcia administrativa tem carter eminentemente preventivo. J

    a polcia judiciria tem carter eminentemente repressivo. No obstante,

    tal diferenciao no se faz absoluta, pois a Polcia Administrativa

    tambm age repressivamente quando, por exemplo, interditam um

    estabelecimento comercial ou apreendem bens obtidos por meios ilcitos.

    Licenas e autorizaes

    As licenas so atos vinculados e, como regra, definitivos, ao passo

    que as autorizaes espelham atos discricionrios e precrios. O

  • instrumento formal de tais atos o alvar.

    Poder de polcia: vinculado ou discricionrio?

    A doutrina clssica compreende tratar-se o poder de polcia como

    pertencente competncia discricionria. Corrobora esse entendimento o

    prprio conceito de poder de polcia dado por Hely Lopes Meirelles,

    segundo o qual poder de polcia a faculdade de que dispe a

    Administrao Pblica, reforando seu carter de permisso, de

    facultatividade, e no de obrigao. Todavia, h casos excepcionais em

    que manifestaes decorrentes do poder de polcia adquirem natureza

    vinculada. O melhor exemplo o da licena.

    Caractersticas do Poder de Polcia

    a) atividade restritiva: as atuaes administrativas includas no poder de

    polcia representam limitaes atuao particular, restringindo a esfera

    de interesses dos indivduos;

    b) limita liberdade e propriedade;

    c) natureza discricionria (regra geral);

    d) carter liberatrio;

    e) sempre geral: nisso difere da servido administrativa, que sempre

    atinge bem determinado;

    f) cria obrigaes de no fazer (regra geral);

    g) no gera indenizao;

    h) atinge particulares (regra geral). Entretanto, suas determinaes so

    obrigatrias tambm para rgos a agentes pblicos;

  • i) indelegvel: o poder de polcia manifestao do poder de imprio do

    Estado, sendo que, segundo o STF, s pode ser delegado a pessoas

    jurdicas de direito pblico. s pessoas jurdicas de direito privado

    somente possvel delegar as atividades materiais preparatrias do

    exerccio do poder de polcia.

    Competncia

    A jurisprudncia j se firmou no sentido de que a Unio tem

    competncia para regular horrio de atendimento bancrio, mas para

    fixar horrio de funcionamento de lojas comerciais competente o

    Municpio. Por outro lado, cabe Unio, e no aos Estados, autorizar e

    fiscalizar o funcionamento de mquinas caa-nqueis, videobingos,

    videopquer e assemelhadas, atividades includas no sistema de

    sorteios constante do art. 22, da CF.

    Poder de polcia originrio e delegado

    Para que pessoa jurdica possa exercer o poder de polcia de forma

    delegada, necessrio a observncia dos seguintes requisitos:

    a) a pessoa jurdica deve integrar a estrutura da Administrao Indireta,

    isso porque sempre poder ter a seu cargo a prestao de servio

    pblico;

    b) a competncia delegada deve ter sido conferida por lei;

    c) o poder de polcia h de restringir-se prtica de atos de natureza

    fiscalizatria, partindo-se, pois, da premissa de que as restries

  • preexistem e de que se cuida de funo executria, e no inovadora.

    Por outro lado, releva destacar que a delegao no pode ser

    outorgada a pessoas da iniciativa privada, desprovidas de vinculao

    oficial com os entes pblicos, visto que jamais sero dotadas de

    potestade (ius imperii) necessria ao desempenho da atividade de polcia.

    Atributos do Poder de Polcia

    Autoexecutoriedade

    o atributo mediante o qual se faz com que a Administrao, no

    exerccio do poder de polcia administrativa, no dependa da interveno

    de outro poder para torn-lo efetivo. Todavia, h casos que no

    autorizam a imediata execuo pela Administrao, como o caso das

    multas, cuja cobrana s efetivamente concretizada pela ao prpria

    na via judicial.

    Prescrio no Poder de Polcia

    Na esfera da Administrao Pblica federal, direta ou indireta, a

    ao punitiva, quando se tratar do exerccio do poder de polcia,

    prescreve em cinco anos, contados da data da prtica do ato ou, em se

    tratando de infrao permanente ou continuada, do dia em que tiver

    cessado. Entretanto, se o fato constituir crime, o prazo prescricional ser

    o mesmo atribudo lei penal.

    A prescrio incide tambm sobre procedimentos administrativos

  • paralisados por mais de trs anos na hiptese em que se aguarda

    despacho ou julgamento da autoridade administrativa. O processo dever

    ser arquivado de ofcio ou a requerimento do interessado, mas caber

    Administrao apurar a responsabilidade funcional do agente pela

    omisso no referido prazo. A prescrio da ao punitiva da

    Administrao, no caso das sanes de polcia, se interrompe: (a) pela

    citao do indiciado ou acusado, ainda que por edital; (b) por qualquer

    ato inequvoco pelo qual se demonstre o interesse administrativo na

    apurao do fato; e (c) pela deciso condenatria recorrvel.

    Em consonncia com esse quadro, j se pacificou o entendimento

    de que a pretenso da Administrao de promover a execuo da multa

    por infrao ambiental prescreve em cinco anos, contados a partir do

    trmino do respectivo processo administrativo.

    Servios Pblicos

    Conceito

    Para Hely Lopes Meirelles, servio pblico todo aquele prestado

    pela Administrao ou por seus delegados, sob normas e controles

    estatais, para satisfazer necessidades sociais essenciais ou secundrias da

    coletividade ou simples convenincias do Estado.

    Celso Antnio Bandeira de Mello define-o como: servio pblico

    toda atividade de oferecimento de utilidade e comodidade material

    destinada satisfao da coletividade em geral, mas fruvel

    singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente

    a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faa as vezes, sob

  • regime de Direito Pblico portanto, consagrador de prerrogativas de

    supremacia e de restries especiais , institudo em favor dos interesses

    definidos como pblicos no sistema normativo.

    importantssimo lembrar que o art. 7 da Lei das Concesses (Lei

    n. 8.987/95) admite expressamente a aplicabilidade subsidiria das

    regras do Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) no que

    diz respeito aos direitos do usurio. Em razo do critrio da especialidade,

    a Lei n. 8.987/95 (norma especial) que incide primariamente sobre o

    que doutrina e jurisprudncia chamam de relao jurdica especial de

    consumo (usurio de servio pblico), cabendo ao CDC uma aplicao

    apenas subsidiria.

    Princpios

    Lei 8987/95 lei de regncia dos servios pblicos

    a) universalidade;

    b) modicidade;

    c) cortesia;

    d) adaptabilidade ou atualidade;

    e) continuidade: Regulando a matria concernente ao saneamento bsico,

    a Lei n 11.445, de 05.01.2007, ps uma p de cal na controvrsia. De

    acordo com a nova lei, os servios de abastecimento de gua e

    esgotamento sanitrio, ambos espcies dos servios gerais de

    saneamento bsico, devem ser remunerados preferencialmente na forma

    de tarifas e outros preos pblicos, podendo ser fixados para apenas um

    deles ou para ambos (art. 29, I). Consequentemente, a mesma lei admite

  • que os servios possam ser interrompidos pelo prestador, entre outras

    razes, em virtude do inadimplemento do usurio do servio de

    abastecimento de gua, do pagamento das tarifas, aps ter sido

    formalmente notificado (art. 40, V).

    A suspenso do servio, ento, somente ser admissvel se for

    remunerado por preo pblico (tarifa), ainda que tenha natureza

    compulsria, estabelecida em lei. Apesar dessa posio, razoavelmente

    pacificada, h decises que entenderam inadmissvel a suspenso do

    servio, mesmo pago por tarifa, quando usurio o Poder Pblico. No

    caso, invoca-se o argumento de que prdios pblicos no podem deixar

    de funcionar, tendo em vista a supremacia do interesse pblico sobre o

    privado.

    Tem suscitado controvrsia a denominada tarifa mnima,

    particularmente com relao ao servio de consumo de gua. Alguns

    advogam o entendimento de que, em se tratando de tarifa, no pode ser

    fixado valor mnimo para ela, eis que no teria havido uso do servio. O

    STJ, no entanto, j decidiu em contrrio, assentando que a utilizao

    obrigatria dos servios de gua e esgoto no implica que a respectiva

    remunerao tenha a natureza de taxa, invocando, para tanto,

    precedentes do Supremo Tribunal Federal. Aduziu o referido Tribunal que

    o preo pblico tem natureza diversa do preo privado, podendo servir

    para a implementao de polticas governamentais no mbito social,

    sendo, pois, legtima a cobrana de tarifa mnima.

    obrigatoriedade: o Estado tem o dever jurdico de prestar o servio

    pblico; no se trata de uma faculdade;

    f) igualdade: os servios pblicos devem ser prestados de modo

    isonmico a todos os usurios, sem privilgios ou discriminaes. Com

  • base no mesmo princpio, deve-se dar tratamento especial a usurios em

    condies faticamente diferenciadas, como ocorre nos casos de transporte

    pblico adaptado para portadores de deficincia e das tarifas mais

    reduzidas para usurios economicamente hipossuficientes.

    Matria que suscita alguma dvida a que diz respeito prescrio

    da pretenso repetio de indbito de tarifas. No sendo tributo,

    inaplicvel a prescrio prevista no CTN Cdigo Tributrio Nacional.

    Por outro lado, embora o usurio seja consumidor, no se trata de defeito

    na prestao do servio, o que torna invivel a incidncia do CDC

    Cdigo de Defesa do Consumidor. Resulta, pois, que, inaplicveis as leis

    especiais, de adotar-se a prescrio fixada no Cdigo Civil. A

    jurisprudncia j consagrou tal entendimento, confome smula 412 do

    STJ: A ao de repetio de indbito de tarifas de gua e esgoto sujeita-

    se ao prazo prescricional estabelecido no Cdigo Civil. Tal prazo de 10

    anos.

    Obs.: corte: possibilidade, em trs hipteses: urgncia, manuteno

    programada, com aviso prvio e por falta de pagamento, com aviso

    prvio. Se o corte de ser por inadimplncia, a jurisprudncia exige a

    presena dos seguintes requisitos:

    a) ser o dbito atual entende-se que atual o dbito de no mximo trs

    meses.

    b) a interrupo no cause dano maior do que a falta de pagamento

    (quando afetar outros servios essenciais). Ex.: corte de luz em um

    hospital.

  • Observe algumas decises relativas matria:

    1) invivel o corte no fornecimento de gua por inadimplemento de

    anterior morador (STJ, 2 Turma, AgRg no Ag 1399175/RJ, DJe 24-6-

    2011);

    2) no se admite a suspenso do fornecimento de energia eltrica em

    razo de cobrana de dbitos pretritos (STJ, 1 Seo, EREsp

    1069215/RS, DJe 1-2-2011);

    3) ilegal a suspenso no fornecimento de energia eltrica nos casos de

    dvidas contestadas em juzo (STJ, AgRg nos EDcl no Ag 1377519/RS, 1

    Turma, DJe 13-5-2011);

    4) vedado vincular o recebimento da tarifa mensal quitao de dbitos

    anteriores (STJ, 2 Turma, REsp 299523/SP, DJ 12-3-2007);

    5) a concessionria deve cobrar em faturas distintas a conta mensal de

    consumo de gua e eventuais servios complementares (TJ/SP, 10

    Cmara de Direito Pblico, Apelao 0154322-37.2007.8.26.0000, DJ 2-

    6-2009).

    Critrio para a definio de servio pblico

    O nico critrio admitido pela doutrina moderna para conceituao

    do servio pblico o critrio formal, com base no qual a definio de

    quais atividades sero servios pblicos repousa na simples vontade do

  • legislador ou do constituinte, no importando se a atividade ou no

    essencial para a sociedade. Nesse sentido, inexistem os critrios material

    e subjetivo.

    Titularidade

    O servio pblico s pode ser titularizado por pessoa jurdica de

    direito pblico. Assim, somente Unio, Estados, Distrito Federal,

    Municpios, Territrios, autarquias, associaes pblicas ou fundaes

    pblicas podem ser atribudos a titularidade de servios pblicos.

    Por essa razo, os instrumentos normativos de delegao de

    servios pblicos, como a permisso e a concesso, transferem apenas a

    prestao temporria, nunca delegam a titularidade do servio

    pblico.

    Mesmo no caso das pessoas jurdicas de direito privado

    pertencentes Administrao Indireta no h transferncia do servio

    pblico em si. Empresas pblicas e sociedades de economia mista

    prestadoras de servios pblicos, embora pertencentes ao Estado,

    nunca detm a titularidade do servio, na medida em que titularizam

    somente a prestao do servio pblico.

    A Empresa de Correios e Telgrafos ECT, por exemplo, sendo

    empresa pblica federal de direito privado, no tem a titularidade do

    servio postal, titularizando somente a sua prestao. Isso porque o

    servio postal titularizado pela Unio (art. 21, X, da CF).

  • Concesso X Permisso

    A concesso caracteriza-se como contrato administrativo, e a

    permisso, apesar de tradicionalmente qualificada como ato

    administrativo, passou a ser formalizada por contrato de adeso, como

    consta do art. 40 da Lei n. 8.987/95, que regula ambos os institutos.

    A classificao bsica divide as concesses de servios pblicos em

    duas categorias: 1) concesses comuns; 2) concesses especiais.

    As concesses comuns so reguladas pela Lei n 8.987, de 13.2.95,

    e comportam duas modalidades: 1) concesses de servios pblicos

    simples; 2) concesses de servios pblicos precedidas da execuo de

    obra pblica. Sua caracterstica consiste no fato de que o poder

    concedente no oferece qualquer contrapartida pecuniria ao

    concessionrio; todos os seus recursos provm das tarifas pagas pelos

    usurios.

    De outro lado, as concesses especiais so reguladas pela Lei n

    11.079, de 30.12.2004, e tambm se subdividem em duas categorias:

    1) concesses patrocinadas; 2) concesses administrativas. As

    concesses especiais so caracterizadas pela circustncia de que o

    concessionrio recebe determinada contraprestao pecuniria do

    concedente. Incide sobre elas o regime jurdico atualmente denominado

    de parcerias pblico-privadas.

    A concesso e a permisso tm expressa referncia constitucional.

    De fato, dispe o art. 175 da Constituio Federal: Incumbe ao Poder

    Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou

    permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos.

    A Lei n 8.987/95 tambm contribuiu para a fixao do perfil da

  • concesso, realando que se trata de delegao da prestao do servio

    feita pelo concedente, mediante concorrncia, a pessoa jurdica ou

    consrcio de empresas que demonstre capacidade para sua execuo, por

    sua conta e risco e por prazo determinado (art. 2, II).

    Na concesso de servios pblicos h uma trplice participao de

    sujeitos: o concedente, o concessionrio e o usurio.

    A incoerncia da lei (e tambm do art. 175, pargrafo nico, da CF)

    foi to flagrante que dividiu o prprio STF. Em ao direta de

    inconstitucionalidade, na qual se discutia a questo relativa forma de

    delegao do servio mvel celular, prevista na Lei n 9.295/96, a Corte

    decidiu, pela apertada maioria de seis a cinco, que o art. 175, pargrafo

    nico, da CF, afastou qualquer distino conceitual entre permisso e

    concesso, ao conferir quela o carter contratual prprio desta. Significa

    que, a despeito de inmeras vozes discordantes dentro do prprio

    Tribunal, a maioria do STF considerou que atualmente a concesso e a

    permisso de servios pblicos tm a mesma natureza jurdica: contrato

    administrativo.

    O desfazimento unilateral do contrato de concesso d ao

    concessionrio o direito de ser indenizado. O contrato de concesso

    tambm se sujeita encampao, nome que a lei dispensou quele tipo

    de resciso (art. 37).

    Formas de Prestao

    Prestao direta

    O servio pblico pode ser prestado diretamente pelo Estado, caso

  • em que, havendo prejuzo decorrente da prestao, a responsabilidade

    pela reparao exclusiva do Estado.

    Prestao indireta por outorga

    Por outro lado, se a prestao se fizer de modo indireto, como o

    caso de outorga mediante lei especfica, a responsabilidade pela

    reparao dos danos ser objetiva e direta do prestador, somente

    subsidiariamente respondendo o Estado, caso os bens da autarquia,

    fundao, empresa pblica, associao pblica ou sociedade de economia

    mista no sejam suficientes para suportar a indenizao.

    Prestao indireta por delegao

    aquela realizada, aps regular licitao, por meio de

    concessionrios e permissionrios, desde que a delegao tenha previso

    em lei especfica (concesso) ou autorizao legislativa (permisso).

    Prestao indireta por delegao s pode ocorrer em relao a servios

    pblicos uti singuli. A responsabilidade por danos causados a usurios

    ou terceiros em razo da prestao do servio direta e objetiva do

    concessionrio ou permissionrio, respondendo o Estado somente em

    carter subsidirio. Nota-se, portanto, que as regras aplicveis ao servio

    delegado continuam sendo de direito pblico. A remunerao paga pelo

    usurio tem natureza jurdica de tarifa ou preo pblico.

    Em nenhuma hiptese, porm, a delegao transfere o poder de

    fiscalizar a prestao do servio, prerrogativa esta que sempre permanece

    nas mos do poder concedente.

  • Formas de Remunerao

    Existem basicamente trs formas de remunerao para o servio pblico:

    1) tarifa: tambm chamada de preo pblico, a remunerao paga

    pelo usurio quando servio pblico uti singuli prestado indiretamente,

    por delegao, nas hipteses de concesso e permisso. A tarifa uma

    contrapartida sem natureza tributria, mas de cunho privado-

    contratual. No sendo tributo, est dispensada do cumprimento dos

    princpios da legalidade e da anterioridade, razo pela qual pode ser

    majorada por ato administrativo do poder concedente, e a exigncia ser

    realizada imediatamente, sem necessidade de observncia do intervalo de

    no surpresa caracterstico da anterioridade tributria. Exemplo de tarifa:

    o valor do pedgio cobrado nas rodovias exploradas por particulares;

    2) taxa: uma contrapartida tributria utilizada nas hipteses

    de prestao direta pelo Estado de servio pblico uti singuli. Tambm

    sero remunerados por taxas os oservios pblicos outorgados a

    pessoas jurdicas da Administrao indireta, como autarquias, empresas

    pblicas e sociedades de economia mista. Em razo de sua natureza

    tributria, as taxas somente podem ser criadas ou majoradas por

    meio de lei (art. 150, I, da CF), e sua cobrana est submetida ao

    intervalo mnimo imposto pelo princpio da anterioridade (art. 150,

    III, b ec, da CF). Exemplo de servio pblico remunerado por taxa o

    servio postal prestado pelos correios;

  • 3) imposto: no caso de servios pblicos uti universi, no se pode

    falar propriamente em remunerao, mas em prestao custeada pelas

    receitas provenientes de impostos. Um exemplo o servio de limpeza e

    conservao de logradouros pblicos.

    Atos Administrativos

    No marco da administrao pblica atual, a Administrao Pblica

    no pode iniciar qualquer atuao material sem a prvia expedio do ato

    administrativo que lhe sirva de fundamento.

    O Poder Judicirio, Poder Legislativo, Ministrio Pblico e

    particulares delegatrios de funo administrativa, como concessionrios

    e permissionrios, tambm podem praticar atos administrativos.

    A caracterstica jurdica mais notvel do ato administrativo a sua

    necessria subordinao aos dispositivos legais. Alm disso, o ato

    administrativo consiste na emisso de comandos complementares lei. O

    ato administrativo tem por finalidade a produo de efeitos jurdicos.

    Segundo Di Pietro, constuma-se apontar trs caractersticas

    essenciais da funo administrativa: parcial, concreta e

    subordinada.

    parcial no sentido de que o rgo que a exerce parte nas relaes

    jurdicas que decide, distinguindo-se, sob esse aspecto, da funo

    jurisdicional; concreta, porque aplica a lei aos casos concretos,

    faltando-lhe a caracterstica de generalidade e abstrao prpria da lei;

    subordinada, porque est sujeita a controle jurisdicional.

    Partindo-se dessa ideia para definir o ato administrativo, j se pode

    concluir que s integram essa categoria os atos que produzem efeitos

  • concretos, o que exclui os atos normativos do Poder Executivo, em

    especial os regulamentos, pois estes, da mesma forma que a lei,

    produzem efeitos gerais e abstratos.

    Caducidade

    H caducidade quando a retirada funda-se no advento de nova

    legislao que impede a permanncia da situao anteriormente

    consentida. Significa a perda de direitos jurdicos em virtude de norma

    jurdica superveniente contrria quela que respaldava a prtica do ato. O

    ato, que passa a ficar em antagonismo com a nova norma, extingue-se.

    Exemplo: uma permisso para uso de bem pblico; se,

    supervenientemente, editada lei que probe tal uso privativo por

    particulares, o ato anterior, de natureza precria, sofre caducidade,

    extinguindo-se.

    Cassao

    forma extintiva que se aplica quando o beneficirio de

    determinado ato descumpre condies que permitem a manuteno do

    ato e de seus efeitos. Duas so suas caractersticas: a primeira reside no

    fato de que se trata de ato vinculado, j que o agente s pode cassar o

    ato anterior nas hipteses previamente fixadas na lei ou em outra norma

    similar. A segunda diz respeito sua natureza jurdica: trata-se de ato

    sancionatrio, que pune aquele que deixou de cumprir as condies para

    a subsistncia do ato. Exemplo: cassao de licena para exercer certa

    profisso; ocorrido um dos fatos que a lei considera gerador da cassao,

  • pode ser editado o respectivo ato.

    Invalidao ou anulao

    Pode-se conceituar a invalidao/anulao como sendo a forma de

    desfazimento do ato administrativo em virtude da existncia de vcio de

    legalidade.

    Temos duas formas possveis de invalidao dos atos administrativos:

    uma processada pelo Judicirio e outra pela prpria Administrao,

    conforme Smulas 346 e 473 do STF. Vejam-las:

    346. A Administrao Pblica pode declarar a nulidade dos seus prprios

    atos.

    473. A administrao pode anular seus prprios atos quando eivados de

    vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou

    revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os

    direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

    A convalidao (tambm denominada por alguns autores de

    aperfeioamento ou sanatria) o processo de que se vale a

    Administrao para aproveitar atos administrativos com vcios superveis,

    de forma a confirm-los no todo ou em parte.

    FATO ADMINISTRATIVO

    Para os civilistas, fato jurdico em sentido amplo qualquer

  • acontecimento da vida relevante para o Direito, como a morte, por

    exemplo. O gnero fatos jurdicos dividido em fatos naturais (fatos

    jurdicos em sentido estrito) e fatos humanos (atos jurdicos em sentido

    amplo), sendo estes acontecimentos voluntrios decorrentes do querer

    individual. Os atos jurdicos em sentido amplo, por sua vez, dividem-se

    em atos jurdicos em sentido estrito, quando seus efeitos so

    determinados pela lei, e negcios jurdicos (manifestaes de vontade

    capazes de produzir efeitos jurdicos queridos pelas partes).

    De importncia para o Direito Administrativo a diferena entre

    fatos jurdicos stricto sensu e atos jurdicos lato sensu baseada no critrio

    da voluntariedade. Os fatos jurdicos so acontecimentos da natureza sem

    qualquer relao com a vontade humana, ao passo que os atos jurdicos

    so comportamentos humanos voluntrios. As primeiras tentativas de

    compreenso do fenmeno dos atos administrativos utilizaram a distino

    civilista entre ato e fato como ponto de partida.

    Quanto noo de fato jurdico, da teoria de Jos dos Santos

    Carvalho Filho, guarde o seguinte: um evento dinmico da

    Administrao. Assimile os seguintes exemplos dados pelo autor:

    - apreenso de mercadorias;

    - disperso de manifestantes;

    - alterao de local de repartio pblica (mudana de endereo);

    - raio que destri bem pblico;

    - enchente que inutiliza equipamentos pertencentes ao servio pblico;

    - desapropriao de bens privados;

    - requisio de bens e servios

  • ATOS DA ADMINISTRAO

    Atos da Administrao so atos jurdicos praticados pela

    Administrao Pblica que no se enquadram no conceito de atos

    administrativos, como os atos legislativos expedidos no exerccio de

    funo atpica, os atos polticos definidos na Constituio Federal, os atos

    regidos pelo direito privado e os atos meramente materiais.

    Poderes Admnistrativos

    Para Hely Lopes Meirelles, cuja opnio a predominante em

    concursos pblicos, a discricionariedade somente pode residir no motivo

    ou no objeto do ato administrativo. Competncia, forma e finalidade

    seriam requisitos obrigatoriamente vinculados em qualquer ato

    administrativo.

    ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

    A doutrina mais moderna faz referncia a cinco atributos:

    a) presuno de legitimidade;

    b) imperatividade;

    c) exigibilidade;

    d) autoexecutoriedade;

    e) tipicidade

  • a) presuno de legitimidade

    Trata-se de uma derivao da supremacia do interesse pblico,

    razo pela qual sua existncia independe de previso legal especfica.

    A presuno de legitimidade um atributo universal aplicvel

    a todos os atos administrativos e atos da Administrao.

    Importante destacar que se trata de uma presuno

    relativa (juris tantum), podendo ser afastada diante de prova inequvoca

    da ilegalidade do ato.

    H quem diferencie presuno de legitimidade (ou de legalidade) e

    presuno de veracidade. A presuno de legitimidade diria respeito

    validade do ato em si, enquanto a presuno de

    veracidade consagraria a verdade dos fatos motivadores do ato.

    Como consequncia dessa diferenciao, a inverso do nus da

    prova somente seria aplicvel presuno de veracidade na medida em

    que no direito brasileiro s se produz prova sobre fatos (art. 332 do CPC)

    e a presuno de legitimidade no diz respeito aos fatos, mas validade

    do prprio ato administrativo. Nesse sentido, a presuno de veracidade

    equivale popular f pblica dos atos e documentos

    da Administrao.

    Por fim, da presuno de veracidade decorrem dois efeitos

    principais: a) enquanto no decretada a invalidade, o ato produzir os

    mesmos efeitos decorrentes dos atos vlidos; b) o Judicirio no pode

    apreciar de ofcio a nulidade do ato administrativo, diferentemente do que

    ocorre no mbito do direito privado, no qual o artigo 168 do CC determina

    que as nulidades absolutas podem ser alegadas por qualquer interessado

    ou pelo Ministrio Pblico, quando lhe couber intervir, e devem ser

  • pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do ato ou dos seus efeitos.

    b) imperatividade ou coercibilidade

    O atributo da imperatividade significa que o ato administrativo

    pode criar unilateralmente obrigaes aos particulares,

    independentemente da anuncia destes. uma capacidade de vincular

    terceiros a deveres jurdicos derivada do chamado poder extroverso. Ao

    contrrio dos particulares, que s possuem poder de auto-obrigao

    (introverso), a Administrao Pblica pode criar deveres para si e tambm

    para terceiros.

    Ao contrrio da presuno de legitimidade, a imperatividade

    atributo da maioria dos atos administrativos, no estando presente

    nos atos enunciativos, como certides e atestados, nem nos atos

    negociais, como permisses e autorizaes.

    c) exigibilidade

    A exigibilidade, conhecida entre os franceses como privilge du

    pralable, consiste no atributo que permite Administrao aplicar

    punies aos particulares por violao da ordem jurdica, sem

    necessidade de ordem judicial. A exigibilidade, portanto, resume-se ao

    poder de aplicar sanes administrativas, como multas, advertncias e

    interdio de estabelecimentos comerciais.

    Assim como a imperatividade, a exigibilidade atributo presente

    na maioria dos atos administrativos, mas ausente nos atos

    enunciativos.

  • d) autoexecutoriedade

    Denominada em alguns concursos equivocamente

    de executoriedade, a autoexecutoriedade permite que a Administrao

    Pblica realize a execuo material dos atos administrativos ou de

    dispositivos legais, usando a fora fsica se preciso for para

    desconstituir situao violadora da ordem jurdica. No Direito

    Administrativo francs, denominada privilge daction doffice.

    So exemplos de autoexecutoriedade:

    a) guinchamento de carro parado em local proibido;

    b) fechamento de restaurante pela vigilncia sanitria;

    c) apreenso de mercadorias contrabandeadas;

    d) disperso de passeata imoral;

    e) demolio de construo irregular em rea de manancial;

    A autoexecutoriedade difere da exigibilidade medida que esta

    aplica uma punio ao particular (exemplo: multa de trnsito), mas no

    desconstitui materialmente a irregularidade (o carro continua parado no

    local proibido), representando uma coero indireta. Enquanto

    a autoexecutoriedade, alm de punir, desfaz concretamente a situao

    ilegal, constituindo mecanismo de coero direta.

    A possibilidade de utilizao da fora fsica, inerente

    autoexecutoriedade, refora a necessidade de identificao

    de mecanismos de controle judicial a posteriori sobre a execuo

    material de atos administrativos. Merecem destaque, nesse sentido, os

  • princpios da razoabilidade e proporcionalidade, que exigem bom

    senso e moderao na aplicao da autoexecutoriedade. possvel

    tambm a concesso de liminar em mandado de segurana para

    suspender as medidas concretas tendentes execuo material do ato

    administrativo, na hiptese de revelar-se ilegal ou abusiva a ao da

    Administrao Pblica.

    e) tipicidade

    Vlida para todos os atos administrativos unilaterais, a

    tipicidade probe, por exemplo, que a regulamentao de dispositivo legal

    seja promovida utilizando-se uma portaria, j que tal tarefa cabe

    legalmente a outra categoria de ato administrativo, o decreto.

    Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, esse atributo representa

    uma garantia para o administrado, pois impede que a Administrao

    pratique atos dotados de imperatividade e executoriedade, vinculando

    unilateralmente o particular, sem que haja previso legal; tambm fica

    afastada a possibilidade de ser praticado ato totalmente discricionrio,

    pois a lei, ao prever o ato, j define os limites em que a discricionariedade

    poder ser exercida.

    Ato Administrativo Inexistente

    So caractersticas dos atos administrativos inexistentes, que os

    diferenciam dos atos administrativos nulos ou invlidos:

    1) o ato administrativo inexistente juridicamente ineficaz porque a

  • existncia condio necessria para produzir efeitos;

    2) constituindo um nada jurdico, o ato administrativo inexistente no

    gera obrigatoriedade, podendo ser ignorado livremente sem qualquer

    consequncia;

    3) particulares e agentes pblicos podem opor-se contra a tentativa de

    execuo dos atos administrativos inexistentes usando da fora fsica. a

    chamada reao manu militari;

    4) devido a sua extrema gravidade, o vcio de inexistncia no admite

    convalidao ou converso em atos regulares;

    5) ato inexistente no possui presuno de legitimidade;

    6) o defeito de inexistncia imprescritvel e incaducvel, podendo ser

    suscitado a qualquer tempo perante a Administrao e o Judicirio.

    MRITO DO ATO ADMINISTRATIVO

    Trata-se de um juzo de convenincia e oportunidade que

    constitui o ncleo da funo tpica do Poder Executivo, razo pela qual

    vedado ao Poder Judicirio controlar o mrito do ato administrativo.

    Sendo os requisitos do ato administrativo competncia, objeto,

    forma, motivo e finalidade, tem-se que, na viso de Hely Lopes

    Meirelles, a margem de liberdade pode residir no motivo ou no objeto do

    guilherme.santosRealce

    guilherme.santosRealce

  • ato discricionrio.

    No direito civil, os elementos do negcio jurdico so apenas sujeito,

    objeto e forma.

    1) Competncia

    Aplicam-se competncia as seguintes regras:

    a) decorre sempre da lei, no podendo o prprio rgo estabelecer, por

    si, as suas atribuies;

    b) inderrogvel, seja pela vontade da Administrao, seja por acordo

    com terceiros; isto porque a competncia conferida em benefcio do

    interesse pblico;

    c) pode ser objeto de delegao ou de avocao, desde que no se

    trate de competncia conferida a determinado rgo ou agente, com

    exclusividade, pela lei. A regra a possibilidade de delegao; a exceo

    a impossibilidade, que s ocorre quando se trate de competncia

    outorgada com exclusividade a determinado rgo. Essa ideia est

    presente no art. 12 da lei 9.784/99, segundo o qual um rgo

    administrativo e seu titular podero, se no houver impedimento legal,

    delegar parte de sua competncia a outros rgos ou titulares, ainda que

    estes no lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for

    conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social,

    econmica, jurdica ou territorial. Porm, so indelegveis: a edio de

    atos de carter normativo; a deciso de recursos administrativos,

    j que o recurso administrativo tambm decorrncia da hierarquia e h

    de ser decidido por cada instncia separadamente, sob pena de perder

  • sentido; se a autoridade superior pudesse delegar a deciso do recurso,

    estaria praticamente extinguindo uma instncia recursal; as matrias de

    competncia exclusiva do rgo ou autoridade, pois, se assim no

    fosse, a delegao implicaria infringncia lei que reservou a matria

    competncia de determinado rgo ou autoridade.

    A competncia administrativa possui as seguintes caractersticas:

    a) natureza de ordem pblica: pois sua definio estabelecida pela

    lei, estando sua alterao fora do alcance das partes;

    b) no se presume: porque o agente somente ter as competncias

    expressamente outorgadas pela legislao;

    c) improrrogabilidade: diante da falta de uso, a competncia no se

    transfere a outro agente;

    d) inderrogabilidade ou irrenunciabilidade: a Administrao no pode

    abrir mo de suas competncias porque so conferidas em benefcio do

    interesse pblico;

    e) obrigatoriedade: o exerccio da competncia administrativa um

    dever para o agente pblico;

    f) incaducabilidade ou imprescritibilidade: a competncia

    administrativa no se extingue, exceto por vontade legal;

    g) delegabilidade: em regra, a competncia administrativa pode ser

    transferida temporariamente mediante delegao ou avocao. Porm,

    so indelegveis: competncias exclusivas, a edio de atos

    normativos e a deciso de recursos (art. 13 da Lei n. 9.784/99).

    Nulidade do ato administrativo

  • Teoria quaternria: sustentada por Celso Antnio Bandeira de Mello e

    adotada na maioria dos concursos, a teoria quaternria reconhece quatro

    tipos de atos ilegais:

    1) atos inexistentes: quando faltar algum elemento ou pressuposto

    indispensvel para o cumprimento do ciclo de formao do ato;

    2) atos nulos: assim considerados os portadores de defeitos graves

    insuscetveis de convalidao, tornando obrigatria a anulao;

    3) atos anulveis: aqueles possuidores de defeitos leves passveis de

    convalidao;

    4) atos irregulares: detentores de defeitos levssimos e irrelevantes

    normalmente quanto forma, no prejudicando a validade do ato

    administrativo.

    O defeito quanto forma torna anulvel o ato administrativo, sendo

    possvel sua convalidao.

    Vcios em espcie

    Defeito Caracterizao Consequncia

    Usurpao de funo

    pblica

    Particular pratica ato

    privativo de servidor

    Ato inexistente

    Excesso de poder Ato praticado pelo

    agente competente,

    mas excedendo os

    limites de sua

    Ato nulo

    guilherme.santosRealce

  • competncia

    Funcionrio de fato Indivduo que ingressou

    irregularmente no

    servio pblico

    Agente de boa-f: ato

    anulvel;

    Agente de m-f: ato

    nulo

    Incompetncia Servidor pratica ato

    fora de suas atribuies

    Ato anulvel

    Objeto materialmente

    impossvel

    Ato exige conduta

    irrealizvel

    Ato inexistente

    Objeto juridicamente

    impossvel

    Ato exige

    comportamento ilegal

    Exigncia ilegal: ato

    nulo;

    Exigncia criminosa:

    ato inexistente

    Omisso de

    formalidade

    indispensvel

    Descumprimento da

    forma legal para prtica

    do ato

    Ato anulvel

    Inexistncia do motivo O fundamento de fato

    no ocorreu

    Ato nulo

    Falsidade do motivo O motivo alegado no

    corresponde ao que

    efetivamente ocorreu

    Ato nulo

    Desvio de finalidade Ato praticado visando

    fim alheio ao interesse

    pblico

    Ato nulo

    Atos simples, compostos e complexos

  • a) atos simples so aqueles que resultam da manifestao de um nico

    rgo, seja singular (simples singulares) ou colegiado (simples colegiais

    ou coletivos). Exemplos: declarao de CPI.

    b) atos compostos so aqueles praticados por um nico rgo, mas

    que dependem da verificao, visto, aprovao, anuncia, homologao

    ou de acordo por parte de outro, como condio de exequibilidade.

    c) atos complexos so formados pela conjugao de vontades

    de mais de um rgo ou agente. A manifestao do ltimo rgo ou

    agente elemento de existncia do ato complexo. Somente aps ela, o

    ato torna-se perfeito, ingressando no mundo jurdico. Com a integrao

    da vontade do ltimo rgo ou agente, que o ato passa a ser atacvel

    pela via judicial ou administrativa.

    guilherme.santosRealce

    guilherme.santosRealce

  • 27/02/14 11:12 Constituio

    Conceito

    O termo Constituio pode ser definido, em sentido jurdico, como o

    conjunto sistematizado de normas originrias e estruturantes do Estado

    que tm por objeto nuclear os direitos fundamentais, a estruturao do

    Estado e a organizao dos poderes.

    Elementos da Constituio

    Segundo Jos Afonso da Silva, a Constiuio possui cinco elementos:

    a) elementos orgnicos dizem respeito s normas reguladoras da

    estrutura do Estado e do Poder, como as consagradas no Captulo II

    (Das foras armadas), e no Captulo III (Da segurana pblica), do

    Ttulo V; e nos Ttulos III (Da organizao do Estado), IV (Da

    organizao dos Poderes) e VI (Da tributao e do oramento) da

    Constituio.

    b) elementos limitativosa consubstanciam as normas definidoras dos

    direitos e garantias fundamentais (Ttulo II), s quais impem limites

    atuao dos poderes pblicos (carter negativo). Por exigirem

    prestaes materiais e jurdicas do Estado (carter positivo), e no

    uma absteno, os direitos sociais no se incluem nessa categoria.

    c) elementos socioideolgicos enfatizam a ideologia identificada no

    contedo constitucional, como as normas que consagram os direitos

  • sociais (Captulo II, Ttulo II) e as que integram a ordem econmico-

    financeira (Ttulo VII) e a ordem social (Ttulo VIII).

    d) elementos de estabilizao constitucional constam das normas

    destindas soluo dos conflitos constitucionais (CF, arts. 34 a 36),

    defesa da Constituio (CF, arts. 102 e 103), do Estado e das

    instituies democrticas (Ttulo V). Encontram-se contemplados,

    ainda, nas normas que estabelecem os meios e tcnicas para a

    alterao da Lei Fundamental (CF, art. 60).

    e) elementos formais de aplicabilidade so os previstos no Prembulo,

    no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT) e no 1

    do art. 5., segundo o qual as normas definidoras dos direitos e

    garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Sentido sociolgico

    Segundo Ferdinand Lassale, a Constituio seria a somatrio dos

    fatores reais de poder dentro de uma sociedade, sendo esta a constituio

    real e efetiva, no passando a constituio escrita de uma folha de

    papel.

    Sentido poltico

    Carl Schmitt considera a constituio como deciso poltica

    fundamental, fazendo distino entre Constituio de lei constitucional. a observe item considerado ERRADO em prova realizada pelo CESPE: os direitos

  • Para ele, o termo Constituio s se refere deciso poltica fundamental,

    compreendendo somente a estrutura e rgos do Estado, direitos

    individuais, vida democrtica etc.; as leis constitucionais, por outro lado,

    seriam os demais dispositivos inseridos no texto constitucional cujo

    contedo seriam destitudos de deciso poltica fundamental.

    Sentido material e formal

    O sentido material indeitifica-se com o que Carl Schimitt chamou de

    Constituio. Nesse critrio, desimporta a forma pela qual a norma foi

    introduzida no ordenamento jurdico, relevando, isto sim, o seu contedo.

    Por outro lado, quando se considera o sentdo formal, identificamo-lo

    com o que aquele autor designou de lei constitucional. A o que se

    ressalta o aspecto formal, i.e., a formal mediante a qual a norma foi

    introduzida no ordenamento jurdico.

    Desses dois sentidos, o material e o formal, podemos tirar as

    seguintes concluses.

    I. poder existir normas constitucionais fora do texto constitucional;

    II. poder existir normas constitucionais em razo no de seu contedo,

    mas em razo do procedimento legislativo pelo qual fora aprovadas.

    Sentido jurdico

    O critrio jurdico encabeado por Kelsen. Este jurista coloca a

    Constituio no mundo do dever-ser, distanciando-a do mundo do ser, e individuais e suas garantias so considerados pela doutrina como elementos formais de aplicabilidade da Constituio.

  • caracterizando-a como fruto da vontade racional do homem, e no das

    leis naturais. Nesse sentido, a constituio despida de qualquer

    fundamentao sociolgica, poltica ou filosfica. A concepo de Kelsen

    considera Constituio sob duplo aspecto: o lgico-jurdico e o jurdico-

    positivo. Segundo o aspecto lgico-jurdico, Constituio significa norma

    constitucional hipottica, cuja funo servir de fundamento lgico

    transcendental da validade da Constituio jurdico-positiva, esta sendo

    norma positiva suprema.

    Assim, de acordo com a teoria kelseniana, o duplo aspecto da

    Constituio configura-se do seguinte modo:

    Plano lgico-jurdico

    i. norma fundamental hipottica

    ii. plano do suposto

    iii. fundamento lgico-transcendental de validade da Constituio jurdico-

    positiva

    Plano jurdico-positivo

    i. norma posta, positivada

    ii. norma positivada suprema

    Sentido culturalista

    Parte da ideia de uma Constituio total, a qual abrange diversos

    segmentos culturais que se influenciam para form-la, tais como os

  • aspectos econmicos, sociolgicos, jurdicos e filosficos.

    Classificao das Constituies

    a. quanto origem, as Constituies podem ser outorgadas ou

    promulgadas. As primeiras so aquelas impostas, unilateralmente, pelo

    agente revolucionrio. So exemplos de constituies outorgadas no

    Brasil a de 1824 (Imprio), a de 1937 (inspirada em modelo facista, de

    Getlio Vargas), a de 1967 (ditadura militar). A segunda, isto , a

    constituio promulgada, tambm chamada de democrtica, votada, ou

    popular, a que surge fruto de um trabalho de uma Assembleia Nacional

    Constituinte, eleita diretamente pelo povo. So exemplos a de 1891

    (primeira Repblica), 1934 (inserindo a democracia social, inspirada na

    Constituio de Weimar), de 1946 e, finalmente, a de 1988;

    b. quanto forma, elas podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras

    (no escritas ou consuetudinrias);

    c. quanto extenso, as constituies podem ser sintticas (concisas,

    breves, sumrias, sucintas, bsicas) ou analticas (amplas, extensas,

    largas, prolixas, longas, desenvolvidas, volumosas, inchadas);

    Segundo Paulo Boavides, as Constituies sintticas desfrutam de

    uma maior estabilidade no plano constitucional, bem como de uma maior

    flexibilidade que lhes permitem adaptar-se a situaes novas e

    imprevistas do desenvolvimento institucional de um povo;

    d. quanto ao contedo, as constituies podem ser materiais ou formais;

    e. quanto ao modo de elaborao, as constituies se classificam em

    histricas ou dogmticas. Estas resultam dos trabalhos de um rgo

    constituinte sistematizador de ideias e princpios fundamentais da teoria

  • poltica e do direito dominante naquele momento. So constituies

    necessariamente escritas, que partem de teorias preconcebidas, de

    planos e sistemas prvios, de ideologias bem declaradas, de dogmas

    polticos. Constituio histrica, ou costumeira, no escrita, , ao

    contrrio, a resultante de lenta formao histrica, do lento evoluir das

    tradies, dos fatos scio-polticos, que se cristalizam como normas

    fundamentais da organizao de determinado Estado, e o exemplo ainda

    vivo o da Constituio da Inglaterra.

    f. as constituies rgidas somente podem ser modificadas mediante

    procedimentos mais solenes e complexos que o processo legislativo

    ordinrio. Possuem exigncias formais e especiais, como debates mais

    amplos, prazos mais dilatados e quorum qualificado, podendo conter

    matrias insuscetveis de modificao pelo poder derivado reformador

    (clusulas ptreas). Adotada pela maioria dos Estados modernos, esta

    espcie prpria de constituies escritas.

    Segundo a classificao adotada poe Alexandre de Moraes, quando uma

    Constituio rgida contm pontos imutveis (clusulas ptreas), como

    ocorre com a Constituio brasileira de 1988 (CF, art. 60, 4), deve ser

    considerada super-rgida.

    g. as constituies semirrgidas (ou semiflexveis) so as que contm uma

    parte rgida e outra flexvel, como a Constituio imperial brasileira de

    1824.

    h. as constituies flexveis (ou plsticas) so aquelas que promanam da

    mesma autoridade responsvel pela criao das leis ordinrias e que

    permitem a modificao de suas normas por um processo idntico ao de

    qualquer outra lei. As normas de uma Constituio flexvel reduzem-se a

    normas legais, no possuindo nenhuma supremacia sobre as demais.

  • i. quanto funo, as constituies se subdividem em: 1) Constituio-

    garantia (Constituio-quadro, estatutria ou orgnica) concebida

    como estatuto organizatrio, como simples instrumento de governo,

    responsvel pela definio de competncias e regulao de processos.

    Alm de princpios materiais estruturantes, esta espcie de Constituio

    estabelece to somente uma liberdade-negativa ou liberdade-

    impedimento oposta autoridade estatal, com a finalidade precpua de

    assegurar certos direitos; 2) Constituio-programtica: caracteriza-se

    por conter normas definidoras de tarefas e programas de ao a serem

    concretizados pelos poderes pblicos. Elas tm como trao comum a

    tendncia de serem, em maior ou menor grau, uma Constituio total.

    Considerando as espcies supramencionadas, a atual CF/88 pode ser

    classificada como:

    1) escrita;

    2) codificada;

    3) democrtica;

    4) dogmtica;

    5) rgida (ou super-rgida)b;

    6) formalc;

    7) prolixa; b Observe item considerado CORRETO em prova realizada pelo CESPE: Constituies rgidas ou flexveis tm esta classificao assentada segundo o critrio do grau de formalidade do procedimento requerido para a sua mudana. A Constituio brasileira de 1988 do tipo rgido. c Questo: Observe item considerado ERRADO em prova realizada pelo CESPE: Em relao ao contedo, a CF deve ser classificada como analtica.

  • 8) dirigente;

    9) ecltica;

    10) autoconstituio;

    11) definitiva

    Classificao das Normas Constitucionais

    Segundo a classificao proposta por Jos Afonso da Silva, as

    normas constitucionais podem ser de trs espcies: normas

    constitucionais de eficcia plena, contida e limitada.

    Normas constitucionais de eficcia plena

    As normas constitucionais de eficcia plena so aquelas que

    possuem aplicabilidade direta e imediata por no dependerem de

    legislao posterior para sua inteira operatividade, estando apenas aptas

    a produzir, desde sua entrada em vigor, seus efeitos essenciais (eficcia

    positiva e negativa). Por terem aplicabilidade integral, estas normas no

    podem sofrer restries por parte do legislador infraconstitucional, o que

    no significa a impossibilidade de regulamentao de certos interesses

    nela consagrados.

    Segundo Jos Afonso da Silva, tais normas situam-se

    predominantemente entre os elementos orgnicos, isto , aquelas que

    criam rgos ou que atribuem competncias aos entres federativos.

    Pertencem a esta categoria, de um modo geral, as normas que

    contenham proibies (CF, art. 145, 2.) ou vedaes (CF, art. 19), as

    que confiram isenes (CF, art. 184, 5.), imunidades (CF, arts. 53 e

  • 150, I a VI) ou prerrogativas (CF, art. 128, 5., I); alm daquelas que

    no indiquem processos especiais para a sua execuo ou que j se

    encontrem suficientemente explicitadas na definio dos interesses nela

    resguardados.

    Normas constitucionais de eficcia contida

    Enquadram-se nesta espcie as normas que possuem aplicabilidade

    direta, imediata, mas possivelmente no integral. Isso porque, apesar de

    aptas a regular de forma suficiente os interesses relativos ao seu

    contedo (direta), desde sua entrada em vigor (imediata), reclamam uma

    atuao por parte do legislador no sentido de reduzir o seu alcance (no

    integral).

    Em regra, consagram direitos dos indivduos ou de entidades

    pblicas ou privadas, passveis de limitao por uma legislao futura

    (...nos termos da lei; ...na forma da lei). guisa de exemplo, pode

    ser mencionado o direito de greve dos empregados da iniciativa privada,

    o qual podia ser exercido sem restries at o advento da Lei 7.783/1989,

    na qual foram definidos os servios e atividades essenciais; a

    inviolabilidade do sigilo das comunicaes telefnicas, restringida com o

    advento da Lei 9.296/1996; e a liberdade profissional, restringvel por lei

    regulamentadora das qualificaes para o seu exerccio.

    A restrio de referidas normas constitucionais pode-se concretizar

    no s atravs de lei infraconstitucional mas, tambm, em outras

    situaes, pela incidncia de normas da prpria Constituio, desde que

    ocorram certos pressupostos de fato, por exemplo, a decretao do

  • estado de defesa ou de stio, limitando diversos direitos (arts. 136, 1.,

    e 139 da CF/88).

    Alm da restrio da eficcia das referidas normas de eficcia

    contida tanto por lei como por outras normas constitucionais, conforme

    visto acima, a restrio poder implementar-se, em outras situaes,

    por motivo de ordem pblica, bons costumes e paz social, conceitos

    vagos cuja reduo se efetiva pela Administrao Pblica.

    Normas constitucionais de eficcia limitada

    A aplicabilidade dessas normas indireta, mediata e reduzida, pois s

    incidem totalmente sobre os interesses objeto de sua regulamentao

    jurdica aps uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a eficcia,

    conquanto tenham uma incidncia reduzida e surtam outros efeitos no

    essenciais.

    A norma constitucional de eficcia limitada no aquela que no

    produz nenhum efeito, porquanto produz o efeito de evitar legislao que

    seja contrria ao seu contedo.

    Nesse sentido, Jos Afonso da Silva conclui que tais normas: a)

    estabelecem um dever para o legislador ordinrio; b) condicionam a

    legislao futura, com a consequncia de serem inconstitucionais as leis

    ou atos que as ferirem; c) informam a concepo do Estado e da

    sociedade e inspiram sua ordenao jurdica, mediante a atribuio de

    fins sociais, proteo dos valores da justia social e revelao dos

    componentes do bem comum; d) constituem sentido teleolgico para a

    interpretao, integrao e aplicao das normas jurdicas; e)

  • condicionam a atividade discricionria da Administrao e do Judicirio; f)

    criam situaes jurdicas subjetivas, de vantagem ou de desvantagem.

    Todas elas, conclui o autor, possuem eficcia ab-rogativa da legislao

    precedente incompatvel.

    Ainda, o mesmo autor as divide em normas de princpio institutivo

    (organizativo) e normas de princpio programtico. As primeiras contm

    esquemas gerais de estruturao de instituies, rgos e entidadesd. As

    segundas veiculam programas a serem implementados pelo Estado,

    visando realizao de fins sociais. So exemplos destas ltimas a) art.

    7., XI (participao nos lucros, ou resultados, desvinculada da

    remunerao, e, excepcionalmente, participao Alguns outros exemplos

    podem ser colhidos do vasto estudo desenvolvido por Jos Afonso da

    Silva. Vinculadas ao princpio da legalidade, o autor lembra

    algumas normas programticas: a) art. 7., XI (participao nos

    lucros, ou resultados, desvinculada da remunerao, e,

    excepcionalmente, participao na gesto da empresa, conforme definido

    em lei, lembrando que j existe ato normativo concretizando o

    direito); b) art. 7., XX (proteo do mercado de trabalho da mulher,

    mediante incentivos especficos, nos termos da lei); c) art. 7., XXVII

    (proteo em face da automao, na forma da lei); d) art. 173, 4. (a

    lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos

    mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos

    lucros vide CADE); e) art. 216, 3.; f) art. 218, 4. etc.

    d Veja questo elaborada pelo CESPE: