apostila a igreja em tempo de mudança

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  • 7/27/2019 Apostila A Igreja em Tempo de Mudana

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    A IGREJA EM

    TEMPO DE MUDANA4 e 5 de junho de 2010 Recife-PE

    Realizao:

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    2 Irailton Melo de Souza A Igreja em Tempo de Mudana

    Apresentao

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    3 Irailton Melo de Souza A Igreja em Tempo de Mudana

    Voc precisa mudar, de preferncia antes de ser

    forado a mudar. - Jack Welch

    Mudana se tornou um assunto to presente na nossa vida que improvvel que

    no haja algum vivendo hoje sob a tnica: mude ou morra.

    No mundo corporativo, as empresas mudam para atingir ndices maiores de

    qualidade e produtividade; e, consequentemente, para conquistar a confiana dos

    clientes e aumentar a sua lucratividade. Na igreja, as mudanas acontecem para

    que ela glorifique o nome de Cristo, cumprindo a sua misso com eficcia e demaneira eficiente. Portanto, a igreja no muda porque mudar est na moda; ela

    muda quando precisa mudar, motivada pelo cumprimento da sua Misso.

    Em virtude do tempo, no teremos condies de sair dessa consulta com um

    plano montado; mas, certamente, sairemos com uma viso mais ampla acerca da

    mudana. Portanto, para sermos didticos, dividimos as palestras em trs partes.

    Na primeira, falaremos sobre (1) O desafio da Igreja num Contexto deMudana; na segunda, refletiremos sobre (2) O processo da Mudana na

    Igreja; e, por fim, conversaremos sobre (3) Como realizar mudanas

    profundas.

    Quero expressar a minha gratido a Deus por trs pessoas muito especiais: Janna,

    minha esposa, que ajudou com suas idias e correes textuais; Dom Leonides,

    pela confiana e apoio incondicional; e ao meu amigo Dorgival Lima Pereira,

    que me subsidiou na construo da primeira palestra. Deus abenoe vocs.

    E que o Senhor da Igreja continue nos concedendo graa e entendimento dos seus

    propsitos.

    Irailton Melo de SouzaBraslia, junho de 2010

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    1.O DESAFIO DA IGREJA NUM

    CONTEXTO DE MUDANA

    Rogo-vos, pois, irmos, pelas misericrdias de Deus, que apresenteis o vossocorpo por sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus, que o vosso culto racional. E no

    vos conformeis com este sculo, mas transformai-vos pela renovao da vossa

    mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradvel e perfeita vontade de

    Deus. [Romanos 12:1-2]

    INTRODUO

    Vivemos em tempos de grandes mudanas. Todos sabemos disso. O que

    talvez muita gente no saiba que as mudanas no acontecem por acaso

    ou aleatoriamente; mas so construdas, com ou sem a nossa participao.

    Se elas sero boas ou ms, outra questo. Mas o fato que mudanasesto acontecendo o tempo todo em nossas vidas.

    Mudanas no so fenmenos novos. Elas sempre aconteceram; desde o

    den at os dias de hoje.

    Portanto, no correto dizer que hoje vivenciamos mais mudanas do que

    os nossos antepassados. Cada gerao experimentou suas as mudanas na

    proporo que foi possvel experimentar. A questo hoje no que est

    havendo muita mudana; a questo que as coisas hoje so feitas de

    maneira mais rpida, o que d a sensao de que mais mudanas esto

    acontecendo.

    Exemplo: Na dcada de 1970, meus avs foram de Alagoas para So

    Paulo, num pau-de-arara, e levaram mais de 20 dias para chegar. Hoje, omesmo percurso feito em +/- 3 horas de vo.

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    Houve alguma mudana geogrfica? No. Geograficamente, Alagoas e So

    Paulo continuam no mesmo lugar de sempre. O que houve foi uma

    inovao nos meios de transporte.

    DIFERENAS ENTRE MUDANA E INOVAO

    Apenas a ttulo de esclarecimentos, vejamos de forma breve a diferena

    entre mudana e inovao.

    O QUE MUDANA?

    AUTORES O QUE MUDANA?

    Stephen P. Robbins Fazer as coisas de maneira diferente, planejada ou no.

    Pedro Mandelli o que possibilita s organizaes sarem do estgio dasimples sobrevivncia para o estgio da prosperidade.

    Peter Senge o processo que combina alteraes internas nos valores,aspiraes e comportamentos das pessoas, com alteraes

    externas nos processos, estratgias, prticas e sistemas.

    Antonio Csar Amaru

    Maximiano

    Mudana implica novos caminhos, novas abordagens enovas solues. Caracteriza-se como uma transformao

    que tanto pode ser gradativa e constante, como pode serrpida e impactante.

    Idalberto Chiavenato Mudana passar de um estado para outro, sair de umasituao para outra situao diferente.

    O QUE INOVAO?

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    AUTORES O QUE INOVAO?

    WikipdiaInovao significa novidade ou renovao. A palavra

    derivada do termo latino innovatio, e se refere a uma idia,mtodo ou objeto que criado em cima de padres

    anteriores. Ato ou efeito de inovar.

    Stephen Robbins Uma idia nova aplicada para criar ou melhorar umproduto, processo ou servio.

    Inno ActionsProjetoda Unio Europeia para

    o desenvolvimento

    tecnolgico.

    Inovao: ideias novas ou melhoradas, de produtos,servios ou processos.

    POR QUE PENSAR EM MUDANAS NA IGREJA?

    O assunto dessa palestra j nos d a resposta: devemos pensar em

    mudanas porque a igreja vive num contexto de mudana e precisa respon-

    der de forma proativa s mudanas do contexto onde atua.

    Tambm precisamos aprender a pensar como Jesus, que via a mesma

    importncia tanto no contedo quanto no continente, e defendia que um

    deveria ser adequado ao outro (como veremos amanh, quando tratarmos

    do vinho novo e dos odres novos).

    Nunca demais lembrar :

    1. A igreja do SenhorJesus. Ela foi criada e instituda por Ele! oseu Corpo constitudo de membros (pessoas) resgatados do pecado pela

    obra da cruz e que existe para o louvor da sua glria. No propriedade

    particular.

    2. Por ser do Senhor Jesus, a igreja uma Instituio Divina; mas, porser formada de pessoas, ela uma Organizao Humana.

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    3. Por ser uma Instituio Divina, a igreja depende totalmente doEsprito Santo para que a inspire e lhe d:

    Uma Viso clara do seu papel neste mundo e Um senso de Misso e objetivo, segundo a vontade dAquele que a

    chamou.

    4. Por ser uma Organizao Humana, a igreja necessita de

    Propsitos, Planos, Alvos e Estruturas que viabilizem a sua atuao no mundo.

    5. Como Instituio Divina, a igreja no muda seus princpios evalores.

    6. Como Organizao Humana, a igreja vive um processo contnuo detransformao e o mundo no qual ela atua tambm vive em constante

    mudana.

    UMA POCA DE DESCONTINUIDADE

    Uma caracterstica marcante do nosso tempo so as variaes sucessivas

    que acontecem nos mais diversos cenrios das nossas vidas:

    Se de um lado, temos aquecimento global, falta de empregos, genocdios,

    terrorismo, corrupo e violncia; de outro, temos avanos tecnolgicos,

    como a nanotecnologia, avanos biotecnolgicos, com a divulgao mais

    recente da criao em laboratrio da primeira clula sinttica, que promete

    criar, num futuro prximo, bactrias capazes de executar funes comple-

    xas como a despoluio do ar e dos rios, o combate de pragas, a produo

    de energia limpa e uma infinidade de outras aes.

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    num contexto assim que a gente existe e desafiada a demostrar a sua

    relevncia, no como promotora de atividades religiosas preestabelecidas,

    mas como agncia do reino de Deus na terra.

    No h como fazer de conta que a vida l fora segue a mesma dinmica

    da vida aqui dentro.

    Um amigo me disse certa vez: A igreja um microcosmo da sociedade;

    tudo o que acontece l fora repercute aqui dentro.

    Meus amigos, se podemos ter certeza de alguma coisa neste mundo, essa

    coisa chama-se MUDANA!

    Vocgosta de Mudana?Um estudo realizado h algum tempo revelou que:

    Onde voc se encontra, no barco da mudana?

    Para onde vocest olhando agora?Uma pesquisa revelou que as pessoas passam:

    75% do seu tempo vivendo e pensando no PASSADO 20% do tempo vivendo e pensando no FUTURO e 5% do tempo vivendo e pensando no PRESENTE

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    Em qual desses grupos voc est?

    SE A IGREJA DESEJA SER AGENTE DE MUDANA

    Os seus membros precisam aprender a:

    Viver o presente e olhar para frente.Se queremos compreender a vida, temos de olhar para trs; mas se

    queremos viver a vida, temos de olhar para frente - Kierkegaard

    No espiritualizar o que organizacional e no organizar oque espiritual

    A idia de povo de Deus exige participao consciente,

    organizao comunitria ao redor de um projeto comum, igualdade

    entre todos, unidade nas diferenas e comunho de todos com todos

    e com Deus Leonardo Boff

    Ser facilitadores da mudana e no obstaculizadores delaConvencer as pessoas a aderirem um novo projeto no uma tarefa

    fcil; ainda mais quando a concordncia delas implica em deixarem

    suas zonas de conforto.

    Deixar que o Esprito e a Palavra de Deus nos transforme dedentro para fora; pois s quem foi transformado ser capaz de

    transformar.

    ...mas transformai-vos pela renovao da vossa mente.- S. Paulo

    POR QUE A IGREJA DEVE REALIZAR MUDANAS?

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    No mundo corporativo, as empresas mudam para atingir ndices

    maiores de qualidade e produtividade; e, consequentemente, para

    conquistar a confiana dos clientes e aumentar a sua lucratividade.

    No caso da igreja, as mudanas acontecem para que ela cumpra a sua

    misso de maneira eficaz.

    A igreja no muda porque mudar est na moda; ela muda quando

    precisa mudar; e quem diz quando ela deve mudar o prprio Deus,

    por meio da viso e da misso que deu Sua igreja.

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    2.

    TROCANDO DE MARCHA:

    O processo da mudana na igreja

    1 E dizia tambm aos seus discpulos: Havia um certo homem rico, o qual

    tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.

    2 E ele, chamando-o, disse-lhe: Que isto que ouo de ti? D contas da tua

    mordomia, porque j no poders ser mais meu mordomo. 3 E o mordomo

    disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia?

    Cavar, no posso; de mendigar, tenho vergonha. 4 Eu sei o que hei de

    fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em

    suas casas. 5 E, chamando a si cada um dos devedores do seu SENHOR,

    disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? 6 E ele respondeu: Cem

    medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigao, e assentando-te j,

    escreve cinqenta.7 Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E elerespondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigao, e

    escreve oitenta. 8 E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver

    procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo so mais

    prudentes na sua gerao do que os filhos da luz. [Lucas 16.1-8]

    INTRODUO

    No atentando para os aspectos exegticos do texto, mas apenas sua

    aplicabilidade ao assunto que estamos estudando, eu gostaria de comear

    dizendo que, no que concerne gesto da mudana na igreja, as

    empresas ainda so mais eficientes para responder s mudanas, do

    que da igreja. No porque elas no encontram resistncias internas

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    (individuais e organizaes) e externas; mas, porque tm conscincia de

    que ou mudam ou morrem.

    A IGREJA TROCANDO DE MARCHA

    Foi Pedro Mandelli1 quem primeiro utilizou o exemplo da troca de marcha

    em um carro para explicar as razes porque as organizaes devem fazer

    mudanas. Ele exps a questo da seguinte forma:

    Se colocarmos um veculo comum em primeira marcha e oacelerarmos ao mximo, em dado momento ele chegar a um limite

    de velocidade.

    Se insistirmos em manter a velocidade com o acelerador totalmenteapertado, ele no andar mais rpido, mas comear a superaquecer

    as peas e ser vtima de um desgaste muito grande.

    Se nessa hora aparece uma condio favorvel, como um declive, eesse carro comea a descer em primeira marcha com o acelerador

    estupidamente acelerado ele ainda no andar rapidamente.

    O motor e suas peas em superaquecimento vo funcionar comofreio.

    Se o condutor insistir na manuteno dessa velocidade nessaprimeira marcha por um longo tempo, muito provavelmente esse

    veculo apresentar defeitos de difcil recuperao, podendo

    acontecer at um incndio.

    Moral da Histria: Existe o momento certo para trocar demarcha, ou seja, realizar mudana, aumentando a velocidade sem o

    desgaste excessivo.

    1Pedro Mandelli um importante consultor brasileiro na rea de mudana organizacional, scio fundador

    da Mandelli Associados. Co-autor do livro A disciplina e a arte da Gesto das mudanas nasorganizaes, publicado pela editora Campus em 2003.

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    Na igreja acontece a mesma situao. Se ela for mantida num tempo de

    marcha o tempo todo, chegar o momento em que as peas (pessoas,

    estruturas, processos) comearo a superaquecer e o motor (ministrio)

    comear a fundir.

    Para que isso no ocorra, a igreja precisa aprender a trocar de macha no

    momento certo; e os melhores momentos so aqueles em que os desgastes

    ainda no aconteceram.

    QUEM SO OS RESPONSVEIS PELA TROCA DE MARCHA?

    H uma tendncia cultural de achar que apenas a alta liderana (o pastor, o

    conselho ou a diretoria) responsvel por fazer a troca de marcha.

    Contudo, sabemos que nas organizaes atuais, sejam elas igrejas,

    empresas ou ONGs, todos so responsveis por startar a mudana.

    No adianta a liderana querer a mudana e os membros no quererem.

    Assim como no adianta os membros desejarem mudanas e a lideranapermanecer irredutvel.

    No entanto, para que todos apoiem a mudana, necessrio criar uma

    cultura de mudana na igreja (um tema vasto que demandaria um semin-

    rio s para ele).

    O QUE ACONSELHAM OS ESPECIALISTAS EM MUDANA

    Eles aconselham que as mudanas sejam feitas:

    De maneira preventiva Numa atitude proativa

    Mudando a forma de pensar

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    ::. Aes Preventivas

    H alguns anos eu trabalhei, vendendo softwares para a gesto da manu-

    teno hospitalar. Nas visitas aos clientes, duas coisas sempre chamavam a

    minha ateno:

    A rejeio dos chefes da manuteno ao uso da tecnologia O desperdcio de tempo, dinheiro e motivao de pessoal por no

    haver aes preventivas.

    ...por mais que eu tentasse mostrar que

    1.Num mundo informatizado como o nosso, impossvel umaorganizao dispensar o uso das ferramentas tecnolgicas e continuar

    competitivo; e que

    2. quem no investe em preveno acaba gastando muito mais emcorreo, a maioria permanecia fiel aos seus pressupostos.

    Nas igrejas a situao no diferente. Trabalhamos muito mais comcorrees do que com prevenes e o resultado que temos visto: pastores

    com o acelerador totalmente apertado, ministrios com motores

    superaquecidos e falha no cumpr imento da misso.

    ::. Atitudes Proativas

    As mudanas podem ser reativas (em resposta s presses externas) ouproativas (voluntariamente promovidas). Na prtica, o que se observa

    uma prevalncia da primeira caracterstica. Ou seja, preciso haver uma

    crise, um problema, para haver mudana.

    Por exemplo: H quantos anos vemos a sociedade reclamando e se

    mobilizando contra o barulho das igrejas? O que muitas igrejas fazem?

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    Nada. Nada, at o dia em que o oficial de justia entrega a intimao ao

    pastor.

    Usando um exemplo mais organizacional, vamos considerar a exploso das

    redes sociais (Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, etc...)2 que conectam

    milhes de pessoas no mundo inteiro, mas que, para a igreja, to natural

    quanto um judeu comendo carne de porco.

    Se Paulo vivesse em nossos dias, ele certamente usaria todas essas

    ferramentas para evangelizar e se comunicar com os cristos; teria um site

    na internet e um blog diariamente atualizado.

    Recentemente eu li o dilogo entre Rick Warren, da Igreja de Saddleback-

    EUA, e David Yong Cho, pastor da maior igreja do mundo, hoje com 750

    mil membros.

    Perguntado sobre a importncia da tecnologia para o avano da igreja, o

    pastor Cho respondeu:

    Este o ministrio da prxima gerao! Sem a Internet ns

    cairemos muito aqum das paredes. Muitos nas geraes mais

    jovens no viro igreja por causa do trnsito ou pela falta de

    espao na igreja. Mas agora temos uma transmisso via

    Internet com um programa fantstico para atra-los e eles

    podem permanecer em casa. Eu digo aos jovens: No venham igreja. Fiquem em casa e recebam o ensino atravs da

    2 A idia de rede social comeou a ser usada h cerca de um sc ulo atrs, para designar um conjunto complexo derelaes entre membros de um sistema social a diferentes dimenses, desde a interpessoal internacional. Em 1954,J. A. Barnes comeou a usar o termo sistematicamente para mostrar os padres dos laos, incorporando os conceitostradicionalmente usados quer pela sociedade quer pelos cientistas sociais: grupos bem definidos (ex.: tribos, famlias)

    e categorias sociais (ex.: gnero, grupo tnico). Arquivo capturado em 23/5/2010. Definio disponvel emhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social.

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    Internet. E eles tambm nos do "feedback" acerca dos

    sermes e dos cultos3

    A sequncia do dilogo entre Warren e Cho foi ainda mais surpreendente eintrigante:

    Warren: Queremos provar para o mundo que voc no tem que

    ter um edifcio para fazer uma igreja crescer. Ns estvamos com

    uma freqncia de 10 mil antes que construssemos o nosso

    primeiro prdio. Portanto, sabemos como fazer uma igreja crescer

    e como ministrar sem edifcios. Mas o que estamos tentandoaprender agora como fazer isso atravs da Internet nos lares.

    Cho: exatamente esse o caminho! A prxima gerao a

    Internet! Use a Internet - muito melhor!

    Este um exemplo muito bom de atitudes ministeriais proativas. E eu creio

    que ainda est em tempo de corrigirmos algumas falhas em relao ao usoda tecnologia.

    ::. Mudar a Forma de Pensar

    A traduo da palavra grega metania muito utilizada pela igreja para

    indicar arrependimento e converso no sentido espiritual. Poucas

    vezes, porm, vemos metania sendo utilizada em seu sentido intelectual,

    como estmulo a uma mudana na maneira de pensar e nas atitudes.

    Foi Peter Senge, um dos pioneiros da aprendizagem organizacional, quem

    disse:

    As fontes dos problemas organizacionais no podem ser

    remediadas por mais conselhos de especialistas, melhores

    3Disponvel em http://www.vivereparvo.com/estudos/div_04.htm. Arquivo capturado em 23/5/2010.

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    consultores e gerentes mais comprometidos. Essas fontes esto

    em nossa forma bsica de pensar. E se elas no mudarem,

    qualquer nova contribuio acabar por produzir os mesmos

    tipos de aes fundamentalmente improdutivos (...) A

    sustentao de qualquer processo de mudana profunda requer

    uma mudana fundamental na maneira de pensar.4

    Noutras palavras:Se no mudarmos a nossa forma de pensar (nossas

    estruturas de pensamento), as mesmas aes improdutivas continuarosendo feitas.

    PERGUNTAS PARA A REFLEXO

    1. Como a troca de marcha tem sido feita em sua igreja?2. Como a sua igreja lida com a mudana: de maneira preventiva e

    proativa ou reativa e corretiva?

    3. Que lentes voc tem usado para ver a sua igreja: as lentes dopassado, do presente ou do futuro?

    4. O que voc acha e como voc lida com as novas tecnologias?

    4SENGE, Peter. (et alli)A Dana das Mudanas: Os desafios de manter o crescimento em organizaes que

    aprendem. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p. 17,21.

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    3.

    REALIZANDO MUDANAS PROFUNDAS

    Ningum pe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forar aroupa, tornando pior o rasgo. Nem se pe vinho novo em vasilha de couro velha; se o

    fizer, a vasilha rebentar, o vinho se derramar e a vasilha se estragar. Ao contrrio,

    pe-se vinho novo em vasilha de couro nova; e ambos se conservam. [Mateus

    9.16,17]

    INTRODUOTodos ns conhecemos esse texto e bem provvel que j tenhamos

    ouvido algumas dezenas de mensagens baseadas nele. No entanto, que

    resultados ele tem produzido na vida da gente?

    Quando o assunto mudana, o que temos feito exatamente o contrrio

    do que Jesus instruiu em Mateus 9.16,17:

    Preferimos remendos roupa nova, e Insistimos em produzir o novo em estruturas velhas.

    SOBRE ODRES E VINHOS

    Como sabemos, odres so sacos confeccionados de pele de carneiro ou

    outro animal, feitos para reter lquidos. Nos tempos de Jesus eram usados

    para conter o suco da uva, que fermentava e dava origem ao vinho. Um

    odre velho j havia experimentado a expanso do couro e chegado ao seu

    limite, e nesse caso no deveria ser usado para conter um suco novo, pois

    a fermentao provocaria a expanso do contedo e rasgaria o odre. Jesus

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    est ensinando que o continente deve ser adequado ao contedo.5

    O vinho novo, ns sabemos, o Evangelho de Jesus Cristo. Portanto, amudana no se aplica ao vinho.

    Os odres so as estruturas, os processos, os sistemas, todos elespassveis de mudana.

    MAS, QUAIS SERIAM OS ODRES NOVOS?

    Para o pastor Ed Ren Kivitz, h pelo menos TRS POSSIBILIDADES,a partir do Texto:

    1) UMA NOVA MANEIRA DE PENSAR

    Jesus estaria tratando dos aspectos prticos da Nova Aliana, em contraste

    aos aspectos prticos da Lei revelada em Moiss, que era efetivamentebaseada no princpio de causa e efeito e da justia retributiva, isto,

    recompensa pela obedincia e punio pela desobedincia (cf. Dt 28)

    Jesus, ento, quis mostrar que o vinho novo da Nova Aliana, baseada na

    graa de Deus, devia ser guardado no odre novo da nova estrutura de

    pensamento: no mais na vasilha de couro velha da justia retributivasegundo as prescries da Lei, mas na nova vasilha da graa de Deus.

    (2) UMA NOVA DINMICA DE ESPIRITUALIDADE

    Em segundo lugar, Jesus estaria apresentando uma nova dinmica de

    5KIVITZ, Ed Ren. Vinho novo, odres novos, parte 1. Guia de estudo. Arquivo capturado em 23/5/2010 e

    disponvel em http://www.ibab.com.br/guiasdeestudo/vinho_novo_odres_novos-01.pdf.

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    espiritualidade. Daquela baseada nos paradigmas : culto, sacerdotes, sbado

    e templo, para a nova, estabelecida sobre outra dinmica de vivncia da f

    atemporal, pluralista e universal: uma igreja, composta por todos os

    povos, todas as atividades, de todos os cristos, todos os dias e em todos os

    lugares. (Kivitz: 2010)

    Nessa nova dinmica de espiritualidade, as estruturas religiosas, seus

    processos e sua sistemtica devem ser tratados em funo de sua utilidade

    e no como indispensveis ou sagrados.

    Desde que o vu do Templo rasgou-se de alto abaixo, a sacralidade das

    estruturas e do rituais, cedeu lugar, definitivamente, sacralidade do Vinho

    Novo, a nova vida promovida por Cristo.

    Os odres (as estruturas) tm sua importncia, verdade. Mas a sua

    importncia est limitada pela sua utilidade. Se til importante. Se no

    til dispensvel e deve ser substitudo.

    (3) UM NOVO TIPO DE GENTE

    Quando Jesus falou de odres novos, penso que ele no estava se referindo a

    novas estruturas religiosas ou a uma reforma do judasmo.

    Penso que ele estava se referindo a pessoas transformadas pelo poder do

    seu Evangelho:

    Gente de mente nova e pensamento novo (Rm 12.1,2); Gente que existe a partir de uma experincia real e pessoal com Deus (Ex 3);

    Gente que aprendeu a no ter a vida como preciosa para si mesma (At 20.24); Gente de corao novo (Ez 11.19);

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    Gente que nasceu de novo (Jo 3.1-21).No contexto empresarial, a mudana acontece utilizando-se mtodos e

    tcnicas arrojados. No contexto da Igreja de Cristo, porm, a mudana s

    pode acontecer se o vinho novo da nova aliana, celebrada no sangue deJesus, for derramado sobre vidas dos membros, tornando-os pessoas novas,

    transformadas pelo Evangelho e guiadas pelo Esprito de Deus.

    Se no for assim, no passar de sistema de controle humano: gente

    dirigida por mtodos, tcnicas e por outra gente; quando deveria ser

    dirigida pelo Esprito de Cristo, sobretudo.

    Portanto, para a igreja realizar mudanas, ela precisa de:

    1.Uma nova estrutura de pensamento:

    Que lhe possibilite ver alm do bvio. Que lhe permita trocar de marcha no tempo certo, sem dramas ou

    traumas.

    Que lhe ajude a realizar mudanas profundas, em vez de ficartomando remdios paliativos, que acalmam ou abrandam a dor, mas

    no resolve o problema.

    2.Uma nova dinmica de espiritualidade:

    Que a liberte do paradigma cultos-sacerdotes-domingo-templo;conduzindo-a nova dinmica proposta por Jesus, que

    predominantemente atemporal, multi-geogrfica e plural: uma

    igreja, composta por todos os povos, todas as atividades, de todos os

    cristos, todos os dias e em todos os lugares.

    3. Gente nascida de novo:

    Que faz valer osacerdcio universal dos crentes.

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    Que venceu a obsesso pelo lder-heri, que nada mais do queum vcio cultural de delegar a uma pessoa a responsabilidade que

    de todos.

    Que nasceu de novo, da gua e do Esprito. Que no tem a vida por preciosa, contanto que complete a carreira e

    o ministrio que recebeu do Senhor Jesus, para dar testemunho do

    Evangelho da graa de Deus. (cf. At. 20.24)

    PERGUNTAS PARA A REFLEXO

    5. Como voc definiria a estrutura de pensamento da sua igreja?6. Qual a dinmica de espiritualidade prevalente em sua igreja?7. Como os membros da sua igreja tm compreendido o sacerdcio

    universal dos crentes?

    8. Em face do que foi dito, que concluses voc tira a respeito darealizao da mudana na sua igreja? O que est coerente com o

    processo de mudana e o que precisa mudar.

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