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Director: Carlos M. Coelho - rue Wiertz - A 8E150 - 1047 Bruxelles -tel(02)284 5551, fax (02)284 9551 SETEMBRO - 99 Apoiar a luta de TIMOR LESTE Pacheco Pereira com Xanana Gusmão, em Missão do PE pág. 8 pág. 3 Iniciativa dos Deputados portugueses Pergunta de Carlos Coelho Intervenção de Pacheco Pereira pág. 7 Lista dos Deputados do PSD pág. 8 José Pacheco Pereira, na sua qualidade de Vice-Presidente do Parlamento Europeu chefiou a missão parlamentar a Timor- Leste, tendo-se avistado em Djacarta com o Comandante Xanana Gusmão. Carta da Europa dá nota da Missão em que participou também, Carlos Costa Neves e publica as intervenções que ambos fizeram na Sessão Plenária de Estrasburgo e a Resolução que o PE aprovou. texto na pág. 4 PSD marca posição no PE ! Os Deputados do PSD destacaram-se na eleição, pelos seus pares, para diversos cargos e funções que provam a força e o prestígio da delegação portuguesa no seio do PPE e do próprio Parlamento. De realçar, desde já as seguintes eleições/ designações: José Pacheco Pereira: Vice-Presidente do Parlamento Europeu Vasco Graça Moura 1 ° Vice-Presidente da Comissão para a Cultura, a Juventude, a Educação, os Meios de Comunicação Social e os Desportos Arlindo Cunha Coordenador-Adjunto do PPE na Comissão das Pescas Relator da Comissão de Agricultura para as negociações da Ronda do Milénio da Organização Mundial do Comércio Carlos Costa Neves 2 ° Vice-Presidente da delegação parlamentar para as relações com o ASEAN De destacar o facto de Pacheco Pereira na eleição para Vice-Presidente ter obtido mais votos do que o socialista Luis Marinho (que já ocupava essas funções no anterior mandato). Nova Comissão Europeia Prémio Sakharov para XANANA Exame de António Vitorino Contacte o seu Deputado

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- 99

Apoiar a luta de TIMOR LESTEPacheco Pereira com XananaGusmão, em Missão do PE

pág. 8

pág. 3

Iniciat iva dos Deputadosportugueses

Pergunta de Carlos Coelho

Intervenção dePacheco Pereira

pág. 7

Lista dos Deputados do PSD

pág. 8

José Pacheco Pereira, na sua qualidade deVice-Presidente do Parlamento Europeuchefiou a missão parlamentar a Timor-Leste, tendo-se avistado em Djacarta com oComandante Xanana Gusmão.

Carta da Europa dá nota da Missão em que participou também, CarlosCosta Neves e publica as intervenções que ambos fizeram na SessãoPlenária de Estrasburgo e a Resolução que o PE aprovou.

texto na pág. 4

PSD marcaposição no PE !

Os Deputados do PSD destacaram-se na eleição,pelos seus pares, para diversos cargos e funçõesque provam a força e o prestígio da delegaçãoportuguesa no seio do PPE e do próprio Parlamento.

De realçar , desde já as seguintes e le ições/designações:

José Pacheco Pereira:Vice-Presidente do Parlamento Europeu

Vasco Graça Moura1° Vice-Presidente da Comissão para a Cultura, aJuventude, a Educação, os Meios de ComunicaçãoSocial e os Desportos

Arlindo CunhaCoordenador-Adjunto do PPE na Comissão dasPescasRelator da Comissão de Agricultura para asnegociações da Ronda do Milénio da OrganizaçãoMundial do Comércio

Carlos Costa Neves2° Vice-Presidente da delegação parlamentar paraas relações com o ASEAN

De destacar o facto de Pacheco Pereira na eleição paraVice-Presidente ter obtido mais votos do que o socialistaLuis Marinho (que já ocupava essas funções no anteriormandato).

Nova ComissãoEuropeia

PrémioSakharov paraXANANA

Exame deAntónioVitorino

Contacte oseuDeputado

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 2

corremos o risco decaminhar para umaEuropa mais dese-quilibrada e menossolidária...

Arlindo Cunha critica Agenda 2000O Deputado Arlindo Cunha,usou da palavra no debate deavaliação da Presidência alemãcriticando a Agenda 2000 e odossier agrícola:

Senhor Presidente, o Acordo deBerlim permitiu desbloquear os principais dossiersda União Europeia, mas não permitiu assegurar ofuturo da União Europeia a longo e mesmo amédio prazo, porque o Acordo da Agenda 2000 ficoumuito aquém daquilo que seria necessário.

Em primeiro lugar porque não foicapaz de fazer uma reforma definanciamento dos recursospróprios na base exclusiva doproduto nacional bruto, que é aúnica base contributiva justa,equitativa e transparente.

Em segundo lugar não fez a reforma daPolítica Agrícola Comum que se impunhapara fazermos frente a uma postura ofensiva napróxima ronda negocial do GATT.

Sem prejuízo dos esforços do senhor comissárioFischler, foi quase uma reforma do status quo que nãoassegurou o desejado equilíbrio entre agricultores,reg iões e cu l turas e em que a agriculturamediterrânica ficou mais uma vez maltratadapela PAC, não assegurou a concretização, na prática,do modelo europeu de agricultura no âmbito do qual

quase nada foi feito para ajudar os pequenosagricultores e, finalmente, poucos foram os progressosem matéria de desenvolvimento rural.

Em terceiro lugar, com esta Agenda 2000 corremoso risco de caminhar para uma Europa maisdesequilibrada e menos solidária.

Dou-lhe dois exemplos do país que melhor conheço,que é o meu.1°: todos os estudos concluíam que a economiaportuguesa é a mais afectada pela concorrência dosnovos países membros do Leste, mas nada foi feito para

apoiar Portugal a este respeito.2°: também nada foi feitopara melhorar a situação daagricultura portuguesa, queé a mais deficitária, a maisatrasada e a menosfavorecida pela PAC. Paraalém da quota do trigo rijo nadade relevante foi conseguido deespecífico para Portugal nestareforma da PAC, ao contráriode alguns países, como a Itáliaou a Espanha, que beneficiaram

de tratamentos específicos.

É certo que sofremos de uma grande incompetênciae inabilidade negocial por parte do nosso governo,mas isso não justifica tudo.

Precisamos de uma Europa mais solidária paraseguirmos em frente.

Já pode ver a Carta da Europana Net no site do PPE

ELEITA NOVA COORDENAÇÃODO GEPSD

Foi eleita a coordenação do GEPSD (GrupoEuropeu do PSD).

Ficou assim constituída:

Coordenador:José Pacheco Pereira

Coordenadores-Adjuntos:Carlos Costa NevesCarlos Coelho

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 3

Carlos Coelho interroga VitorinoAntónio Vitorino, o Comissárioindigitado, foi escolhido nostermos do Tratado, de comumacordo entre o Presidentedesignado da ComissãoEuropeia, Romano Prodi, e oGoverno português.

Após a sua designação cada Comissário teve deresponder numa audição parlamentar destinada aavaliar se o candidato possuía as condições e operfil adequado para o lugar.Após as audições, cada Comissão informou aPresidente do Parlamento do seu parecer.A COMISSÃO EUROPEIA para ser nomeadaprecisa de ser aprovada pelo Parlamento Europeuem votação realizada emSessão Plenária.

O Comissário indigitadoAntónio Vitorino respon-deu durante 3 horas àComissão das Liberdades edos Direitos dos Cidadãos, daJustiça e dos Assuntos Internos.

O exame, após uma intervenção inicialdo Comissário, foi iniciado com umapergunta do Deputado Carlos Coelho queCarta da Europa reproduz na íntegra, tal comoa resposta.

Coelho – Senhor Comissário indigitado, conhece bem estaCasa, sabe bem da relevância da relação entre a Comissãoe o Parlamento. Gostaria de lhe perguntar se concorda comuma opinião que vi algures escrita segundo a qual grandeparte dos principais progressos feitos na construçãoeuropeia se deram graças a uma coligação entre oParlamento e a Comissão, à margem do Conselho? Nessalinha, pergunto-lhe se está em condições de passar dacondição de adversário político para a de aliadoinstitucional?

Na criação do Espaço de Segurança, de Liberdade e deJustiça há, naturalmente, uma questão de reconhecimentodos direitos dos cidadãos europeus que releva da ideia decidadania europeia. A pergunta que lhe faço é se consideraque há um sub-produto da sua acção e deste objectivo noque possa traduzir-se na melhoria da eficácia dosaparelhos judiciais nos Estados membros?

E, finalmente, das suas respostas escritas consta uma, umpouco difusa relativamente à limitação da sua

não tenho a menorintenção de meenvolver em disputaspartidárias em Por-tugal. António Vitorino

actividade partidária. O que é queisso significa? Significa, por exemplo,que recusará qualquer eleição parafunções de dirigente nacional do PartidoSocialista eleito em Congresso?

Vitorino, Comissário indigitado –Muito obrigado pela pergunta. Em relaçãoao papel do Parlamento e da Comissão noprojecto do Espaço de Liberdade, de Segurança e de Justiça,precisamos de estabelecer uma relação de confiança, o que nãosignifica que estejamos sempre de acordo, mas significa que nãoescondemos os nossos desacordos e, sobretudo, temos em comumum ponto fundamental: os nossos grandes aliados têm que seros cidadãos. Porque é em nome dos cidadãos e da exigência queos cidadãos fazem à União de terem mais liberdade, maissegurança e mais justiça que faz sentido estarmos aqui e que fazsentido trabalharmos para o projecto europeu nestas áreas que– se for confirmado – me serão confiadas.

Estou convencido que esta dinâmica decriação de um Espaço de Liberdade, deSegurança e de Justiça pode ajudar ossistemas judiciais dos Estados membrosa modernizarem-se. Não vou agoradesenvolver muito este tema, masgostava de dizer que estouprofundamente convencido que anatureza do crime, a natureza dasameaças à segurança dos cidadãos estáa mudar rapidamente. E que a naturezados instrumentos judiciais que osEstados membros dispõem para res-ponder com eficácia ao crime não está a

ser adaptada tão rapidamente quanto seria necessário e desejável.

E cabe-nos a nós, neste debate de criação de um Espaço deLiberdade, de Segurança e de Justiça, abrir novas pistaspara a transformação dos sistemas judiciais nacionais paraestes responderem com mais eficácia a novas ameaças, quesão ameaças sofisticadas, que são ameaças com uma grandecapacidade financeira e que são, cada vez mais, ameaçastransnacionais, ameaças supranacionais.

Posso citar uma frase do director da EUROPOL, que umdia me impressionou muito: “Os Estados levaram 30 anosa perceber que o fenómeno do tráfico de droga era umfenómeno transnacional.” A democracia não pode pagar opreço de levar 30 anos a perceber que as novas formas decriminalidade são de natureza supranacional e que exigemrespostas de natureza transnacional.

Quanto aos meus compromissos políticos nacionais, comtoda a cordialidade gostaria de descansar o senhor Deputadoafirmando que respeitarei escrupulosamente o código deconduta que foi aprovado pelos comissários, não negareinunca a minha filiação política, não negarei nunca o meucontributo político, mas não tenho a menor intenção de meenvolver em disputas partidárias no nosso querido país.

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 4

Pacheco Pereira e Costa Neves visitam

Não há guerra civil emTimor. Há um conflitoentre o exército indonésioe a maioria da populaçãode Timor.

podia controlar a situação de paz e segurança no território.O que se passa é que o exército não só não quis, comofoi parte no próprio conflito.

E, em último lugar, - e isto é que é importante para ofuturo - a questão de Timor não fica resolvida apenascom a decisão do Conselho de Segurança do envio dasforças para manutenção da paz. Há que ter consciência- e nós falamos com conhecimento do terreno - que essaforças vão encontrar oposição e vão provavelmenteencontrar uma situação de conflito mais grave do queaquela que encontraram as forças no Kosovo.Por isso, é necessária uma forte vontade política parasuportar os passos seguintes da comunidadeinternacional para que não haja condições indonésiasem relação à intervenção dessas forças e para que, seja

qual for o grau de conflitualidade no território, sepossa garantir a paz e a segurança aos

Timorenses e o apoio humanitário e odesenvolvimento de que Timor tantoprecisa. Este aspecto da vontadepo l í t i ca é dec i s ivo porque ,infelizmente, vamos continuar aouvir falar de Timor por muitomais tempo do que aquele queprovavelmente desejaríamos.

Costa Neves - Senhor Presidente,integrei a delegação do Parlamento Europeu que, inloco, acompanhou a consulta ao povo de Timor Lesterealizada a 30 de Agosto. Ali actualizei informação e

José Pacheco Pereira, na sua qualidade deVice-Presidente do Parlamento Europeuchefiou a delegação do Parlamento Europeuque visitou oficialmente Timor-Leste.

A delegação do PE, que contou tambémcom apart ic ipação de Carlos Costa Neves,integrou-se no conjunto de personalidadesdo mundo inteiro que testemunharam ocivismo, a alegria e o entusiasmo com que ostimorenses exerceram o seu voto no referendopromovido pela ONU, decidindosoberanamente do seu destino.

Carta da Europa publica excertos do relatóriodo Vice-Presidente Pacheco Pereira e, naíntegra, as intervenções que os dois social-democratas produziram na Sessão Plenáriade 15 de Setembro em Estrasburgo.

Pacheco Pereira - Senhor Presidente, queria, emprimeiro lugar, como membro da missão desteParlamento para a observação das eleições em Timor,dar apenas um pequeno dado testemunhal para todoscompreenderem o que aconteceu em Timor .Praticamente todas as instalações onde a delegação doParlamento Europeu esteve em Timor - as casas ondedormiu, os locais onde comeu, os sítios onde tevereuniões - estão neste momento destruídas. Talvezassim se compreenda a dimensão dos acontecimentosde Timor Leste.

Em segundo lugar, do ponto de vista político, hávários aspectos que são decisivos para a nossa actuaçãoenquanto comunidade internacional. Porque acomunidade internacional não é uma abstracção,somos nós próprios. O primeiro é a compreensãoexacta de que, em Timor, não háuma guerra civil. A Indonésiatentou levar-nos por essa via, quesó não resultou porque no territórioestavam jornalistas e observadoresinternacionais. Não há guerra civilem Timor. Há um conflito entre oexército indonésio e a sua extensão- as milícias - e a maioria dapopulação de Timor.Segundo aspecto, não há, nem nuncahouve, um problema de controlo da situação de paz esegurança em Timor por parte do exército indonésio.Pudemos observar que o exército indonésio, se quisesse,

A delegação do Parlamento Europeu com o Bispo de Baucau,D. Basílio do Nascimento (ao lado de Pacheco Pereira). Àesquerda na primeira fila, o Deputado holandês Jules Maaten,à direita Carlos Costa Neves e, na última fila, Carlos Candal.

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 5

Timor-Leste em delegação oficial do PEtestemunhei a coragem, a convicção e a capacidade deresistência daquele povo. Resistiu a 24 anos deocupação violenta da Indonésia, sofreu e morreu porquerer ser ele próprio. Nunca baixou os braços, nuncabaixou a cabeça. Com o despertar da comunidadeinternacional para a opressão da Indonésia, acreditoumais que a libertação chegaria. Recenseou-semaciçamente e 98 ,6% foi às urnas. Fê-lodisciplinadamente, com felicidade no rosto,valorizando as garantias da comunidade internacional,pensando poder manifestar livremente a sua vontadee que esta seria respeitada.

A manifestação da vontade pela independência foiclara, ampla e inequívoca. O dia seguinte não foi o datranquilidade que se impunha. A Indonésia nãoquis cumprir o compromisso formal assumidoem Nova Iorque de garantir a segurança. Daí oregisto de milhares de mortos, centenas de milharesde refugiados indefesos, famintos, muitos deles feridosou doentes. Doze dias de genocídio é demasiadotempo sem corresponder à confiança que os timorensesdepositaram na comunidade internacional e, portanto,também em nós, deputados ao Parlamento Europeu.

Os timorenses têm direito a esperar que deimediato cesse a agressão de que são vítimassó porque manifestaram legitimamente a sua vontade.Têm direito a que se denuncie e incrimine emtribunal internacional os autores morais efísicos dos crimes cometidos. Nem os templos eos que neles procuraram refúgio escaparam, relevandoque as milícias, mais do que uma criação das forçasarmadas indonésias, são por estas inspiradas,enquadradas, armadas e participadas. Vi tudo isto!

Que seja assegurada ajuda humanitária, assumindo aUnião Europeia papel de destaque. Que a UniãoEuropeia apoie a reconstrução e participe,através de uma acção comum com a Comissão,no processo de desenvolvimento do novoEstado independente, a reconhecer de imediato.

Claro que tudo isto pressupõe a deslocação imediatapara Timor de uma força internacional de promoçãode paz e que, com a chegada desta força, se retirem osmilitares indonésios.O tempo urge, há fortes rumores de que todos diaspartem de Timor embarcações cheias de passageirosque chegam ao destino sem eles. Para quê valascomuns? Somos co-responsáveis pelo que se passou,pelo que se passa e pelo que se virá a passar em TimorLeste.

EXCERTOS DORELATÓRIO

PACHECO PEREIRA(...)

Os deputados do Parlamento Europeu encontraram-secom Xanana Gusmão, líder do Conselho Nacional daResistência Timorense, que se encontra em prisãodomiciliária, em Jacarta. O Parlamento Europeu temvindo a reclamar junto das autoridades indonésias alibertação de Xanana Gusmão. Foi com enormesatisfação que os deputados do Parlamento Europeutomaram conhecimento neste dia de que ele seriafinalmente libertado no dia 15 de Setembro 1999.

(...)Xanana Gusmão agradeceu ao Parlamento Europeu porter enviado observadores para Timor Leste e pediu aosdeputados do Parlamento Europeu para desenvolverem asua acção, no território, com a maior visibilidadepossível. A presença de observadores internacionaisdará ao povo de Timor Leste a confiança indispensávelpara dar resposta às ameaças e aos actos de intimidaçãolevados a cabo pelos apoiantes da integração e para terempossibilidade de se exprimir no dia do escrutínio.

(...)A principal preocupação durante todo o processofoi a falta de segurança que se fez sentir durante orecenseamento, a campanha e nos dias imediatamenteanteriores e posteriores ao dia do escrutínio. A tensão eos incidentes violentos que se produziram entre osapoiantes da integração e os apoiantes da independênciae em particular os actos de terror e intimidação levadosa cabo pelas milícias pró-integracionistas, ameaçaram detal maneira a realização do referendo que o dia doescrutínio foi adiado por duas vezes. De acordo com o quefoi decidido entre a ONU, Portugal e a Indonésia, aobrigação de assegurar um ambiente calmo, sem violênciaou intimidação, e a manutenção da lei e da ordem, incumbeàs forças de segurança indonésias, tendo como requisitoessencial a sua neutralidade assim como a da políciaindonésia. Infelizmente, os agentes da políciaindonésia fizeram muito pouco para pôr termo aosactos de intimidação e de violência.

(…)Os deputados do Parlamento Europeu foram levados acrêr que toda a ac t iv idade das mi l í c ias pró-integracionistas estaria muito bem organizada em quenão se poderia excluir que as suas armas e o suportelogístico provinha das forças armadas indonésias.

(...)Os deputados do Par lamento Europeu f i caramimpressionados pela elevada taxa de participação (99%)e pelo civismo das populações nas mesas de voto, quepermaneceram abertas das 6h30 às 16 horas. Não foiobservada qualquer irregularidade.

(Continua na pág. 7)

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 6

Exige da ONU uminventário das atrocida-des perpetradas noterritório e a identificaçãodos responsáveis.

- Congratulando-se com o trabalho desenvolvido pelamissão da ONU (UNAMET) durante a preparação e arealização do processo de consulta ao povo de Timor Leste,no respeito integral do Acordo de Nova Iorque,- Considerando que 98,6% da população recenseadaparticipou no referendo, apesar das ameaças e do clima deint imidação l evado a cabo pe las mí l i c ias pró-integracionistas,- Recordando que a UNAMET e os observadoresinternacionais, entre eles a delegação do ParlamentoEuropeu e a delegação do Conselho, reconheceram alegalidade e a validade do processo deconsulta,- Considerando que os resultados doreferendo expressaram de forma claraa vontade dos timorenses a favor daindependência, com 78,5% dos votos,- Considerando que os resultados doreferendo foram anunciados peloSecre tár io - Gera l da ONU ereconhec idos como vál idos pe lasNações Unidas, pelo Presidente daIndonésia, por Portugal e pela comunidade internacional,- Considerando que após o anúncio dos resultados doreferendo as milícias pró-indonésias, enquadradas ereforçadas pelas autoridades pol ic iais e mil i taresindonésias, lançaram o terror no território, matandocidadãos indefesos, incendiando casas, desmembrandofamílias, deportando populações e atacando a UNAMET,a Cruz Vermelha, os jornalistas e os observadores, entreoutras graves violações dos direitos humanos,- Constatando que o clima de terror e de barbárie permanece,continuando a impedir a segurança e a ordem no territórioe a dizimar milhares de vidas humanas, num quadro deemergência humanitária que está a pôr em causa asobrevivência de todo um povo,- Considerando que, objectivamente, a Indonésia violou oAcordo de Nova Iorque (art°3°), ao não assegurar amanutenção de paz e de segurança no território, porincapac idade ou por pass iv idade ou , a inda ,deliberadamente,- Notando que há 24 anos a Indonésia ocupou ilegalmenteo território de Timor Leste, sobre o qual não detém nenhumpoder soberano, como atestam as resoluções das NaçõesUnidas que reconhecem Portugal como potênc iaadministrante,- Considerando que, finalmente, em 12 de Setembro de1999, a Indonésia reconheceu a necessidade da presença deuma força internacional de paz em Timor Leste,

- Felicita o povo de Timor Leste pelo comportamentoexemplar que demonstrou durante o processo de consultae pela elevada taxa de participação no referendo,- Reconhece a vontade inequívoca e democraticamenteexpressa do povo de Timor Leste de se tornar independentee de criar um novo país,- Condena veementemente os massacres e as acçõescriminosas perpetradas pelas mílicias pró-indonésias, com

participação militar e polícial da Indonésia, contra o povode Timor Leste, que já provocaram a morte e a deslocaçãode um número indeterminado de pessoas,- Exige que as Nações Unidas cumpram asresponsabilidades que assumiram no Acordo de Nova Iorque(artigo 7°) e mantenham uma presença adequada em TimorLeste,- Apela ao Conselho de Segurança das Nações Unidas paraque não atrase por mais tempo o envio da força internacionalde manutenção de paz e de segurança para Timor Leste, e

solicita a todos os Estados-Membros que deêm o máximoapoio logístico e financeiro à força demanutenção da paz da ONU, a fim deacelerar a preparação da sua colocação noterreno ;- Regista com agrado a decisão do FMI edo Banco Mundial de suspender opagamento de empréstimos à Indonésia,previsto para Setembro, e solicita àPresidência do Conselho da UniãoEurope ia e ape la à comunidadeinternacional – em particular às Nações

Unidas – para que, até à normalização da situação emTimor Leste, suspendam ou mantenham suspensas acooperação militar, a exportação de armamento e as ajudaseconómicas à Indonésia, excepto as de natureza humanitáriae as de apoio ao processo de transição para a democracia,- Apela à Presidência do Conselho da União Europeia, àComissão, aos Governos dos Estados-Membros e àcomunidade internacional para imediatamente garantiremo apoio humanitário às populações de Timor Leste,promovendo, nomeadamente, o regresso dos deslocados ere fugiados , bem como o acesso dos observadoresinternacionais, das ONG’s e dos jornalistas àqueleterritório,- Insta o Conselho e os Estados-Membros da União Europeiaa reconhecerem o Estado de Timor Leste e a estabeleceremas respectivas relações diplomáticas o mais rapidamentepossível,- Exige às Nações Unidas que procedam a um inventáriodas atrocidades perpetradas no território e à identificaçãodos seus responsáveis, e manifesta o seu apoio à propostafeita pelo Alto Comissário para os Direitos Humanos,Mary Robinson, no sentido da criação de um tribunalinternacional ad-hoc para Timor Leste ;- Solicita à União Europeia que dê o seu acordo a umprograma de assistência económica e a um programa dereconstrução da sociedade civil em Timor Leste, através deuma acção comum,- Propõe-se inscrever no Orçamento da União Europeiapara o ano 2000 uma verba de apoio à reconstrução, àactividade económica e ao processo de constituição doEstado de Timor Leste,- Encarrega a sua Presidente de transmitir a presenteresolução ao Conselho, à Comissão, aos Parlamentos dosEstados-Membros, ao Secretário-Geral das Nações Unidas,ao governo da Indonésia, à ASEAN e ao líder da resistênciatimorense, Xanana Gusmão.

Resolução do PE sobre Timor-Leste

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 7

Comissão Prodi investida no PEpressão de todas as instituições europeias, permanentee imediata, porque nem tudo está já garantido.O início do trabalho de uma nova Comissão é ummomento de esperança para a Europa. Sabemos queas circunstâncias em que a proposta de composição daComissão chega a este Parlamento não foram as melhores.Sabemos e reafirmámos as legítimas dúvidas peloscritérios que presidiram à indicação individual dosmembros pelos governos e vemos com preocupação quea composição da Comissão não tem em conta os resultadosdas últimas eleições europeias, nem a tradição anterior demaior pluralismo político.

Mas essas objecções não significam que não desejemos umbom trabalho à Comissão. A passagem do século naEuropa será decisiva. Desejamos que a Comissão

consiga defrontar aquiloque provavelmente será asua principal missão, queé conciliar a coesãoeconómica e social com oalargamento.

Sem conseguir cumprirestes dois objectivos deforma coerente e integradamuito dificilmente se farácorresponder as fronteirasde uma Europa política ede bem-estar às fronteirasgeográficas da Europa.Conscientes de que esta é apr inc ipa l tare fa daComissão, manifestamos ao

senhor Professor Prodi e aos membros da Comissão odesejo de bom trabalho e declaramos que contará como voto dos deputados portugueses do PartidoPopular Europeu.

José Pacheco Pereira , Coordenador doGEPSD, usou da palavra na Sessão Plenáriapara apoiar a designação da Comissão Prodi.

O Parlamento viria a aprovar a Comissãopresidida pelo antigo chefe do governoitaliano Romano Prodi por 414 votos a favor,142 contra e 35 abstenções.

Carta da Europa publ ica na íntegra aintervenção de Pacheco Pereira:

Senhor Presidente, Senhor Presidente indigitado daComissão, iniciou a sua intervenção falando de Timor.Agradeço-lhe o interesse e apelo a que a Comissãocompreenda com clarezaque a questão de Timor,infelizmente, vai continuaraberta durante a lgumtempo e exige urgência noduplo sentido humanitárioe no sentido político e desegurança, na medida emque o anúncio daintervenção de uma forçainternacional não garantede persi as condições desegurança no território,porque ela deverá intervirsem qualquer espécie decondição imposta pe lasautoridades indonésias e aurgênc ia do apo iohumanitário é URGÊNCIA no seu verdadeiro sentido.Posso afirmá-lo como testemunha pessoal, em nomedeste Parlamento, da votação em Timor. A situação émuito grave e exige uma intervenção imediata e uma

Romano Prodi, Presidente da Comissão, com a Presidentedo Parlamento, Nicole Fontaine no hemiciclo do

Parlamento Europeu alguns momentos após aproclamação do resultado da votação

parar numa barricada que obstruía a estrada perto deManatuto, só podendo prosseguir quando foi reconhecidacomo uma delegação de observadores internacionais.

(...)A comunidade internacional vê-se confrontada comum verdadeiro desafio. A situação em Timor Leste tem sedeteriorado drasticamente nos últimos dias e não serásuficiente apenas continuar a pressionar as autoridadesindonésias para que cumpram as suas obrigaçõesinternacionais e mantenham a ordem pública no território.

Independentemente da questão de saber se as forçasindonésias em Timor Leste terão vontade ou a capacidadede controlar a situação, é neste momento imperativoque uma força de paz seja enviada o mais rapidamentepossível.

(continuação da pág. 5)RELATÓRIO PACHECO PEREIRA

Os membros das mesas de voto foram de uma altacompetência e eficácia. Os idosos e os deficientes foramalvo de uma atenção particular.

(...)De uma maneira geral, o dia do referendo desenrolou-sede uma maneira pacifica e satisfatória. Os militares e apolícia indonésias actuaram de uma maneira correcta.No dia seguinte, porém, as milícias retomaram assuas actividades e a situação foi-se degradandoperigosamente nos dias seguintes. No dia 31 de Agosto 1999, no caminho de regresso de LosPalos a Dili, a delegação do Parlamento Europeu deuconta de vários grupos de milícias, tendo sido forçada a

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CARTA da EUROPA - Setembro 1999 pg 8

CARTA DA EUROPABoletim Informativo da

Delegação do PSD do GRUPO DO PARTIDO POPULAR EUROPEUDirector: Carlos Miguel Coelho Redacção: José Luis Fernandes e Sandra Nunes

rue Wiertz - A 8E150 1047 Bruxelles tel(02)284 5551 fax (02)284 9551

Prémio SakharPrémio Sakharov paraXANANA GUSMÃOXANANA GUSMÃOOs Deputados do PSD propuseram no seio do PPE queeste grupo (que é o maior Grupo Parlamentar noParlamento Europeu) propusesse e apoiasse a

indicação de Xanana Gusmão para que lhe seja atribuído o PrémioSakharov.

Os outros Deputados portugueses tomaram iniciativas convergentesnos respectivos Grupos Políticos no que constituiu uma iniciativaconcertada do Lobby português na defesa da causa de Timor-Leste.

A decisão final será tomada na reunião da Conferência de Líderes de 28de Outubro e o prémio será atribuído na Sessão Plenária de Dezembroem Estrasburgo (entre os dias 13 e 17).

Os Deputados do PSD

José Pacheco PereiraTelf: (32.2) 28.45371Fax: (32.2) 28.49371e-mail: [email protected]

Vasco Graça MouraTelf: (32.2) 28.45369Fax: (32.2) 28.49369e-mail: VGraç[email protected]

Teresa Almeida GarretTelf: (32.2) 28.45566Fax: (32.2) 28.49566e-mail: [email protected]

Arlindo CunhaTelf: (32.2) 28.45381Fax: (32.2) 28.49381e-mail: [email protected]

Carlos Costa NevesTelf: (32.2) 28.45374Fax: (32.2) 28.49374CCosta [email protected]

Sérgio MarquesTelf: (32.2) 28.45404Fax: (32.2) 28.49404e-mail: [email protected]

Jorge Moreira da SilvaTelf: (32.2) 28.45448Fax: (32.2) 28.49448e-mail: [email protected]

Carlos CoelhoTelf: (32.2) 28.45551Fax: (32.2) 28.49551e-mail: [email protected]

Fernando ReisTelf: (32.2) 28.45790Fax: (32.2) 28.49790e-mail: [email protected]

O que é o Prémio Sakharov ?Atribuído pela primeira vez em 1988, o Prémio Sakharov é uma distinçãoconcedida pelo Parlamento Europeu todos os anos para promover a"liberdade de espírito" reconhecendo o mérito a estudos ou acções que:

- defendam a liberdade da pesquisa e investigação científica- defendam os direitos do Homem e o respeito pelo direito internacional- a prática dos governos face à letra das suas Constituições

O Prémio pode ser atribuído a personalidades, grupos, associações ouorganizações de qualquer nacionalidade.

As candidaturas devem ser subscritas por, pelo menos, 25 Deputados, esão apreciadas pela Comissão de Negócios Estrangeiros que propõe 3nomes por ordem alfabética à Conferência de Líderes que decide.

Foram os seguintes, os laureados desde a criação do Prémio:

1988 - Nelson Mandela (e Anatoli Marchenko, a título póstumo)1989 - Alexander Dubeck1990 - Aung an Suu KYi1991 - Adem Demaçi1992 - Las Madres de la Plaza de Mayo1993 - Oslobodjenje1994 - Taslima Nasrim1995 - Leyla Zana1996 - Wei Jingsheng1997 - Salima Ghezali1998 - Ibrahim Rugova