apogeu e declÍnio do imperio romano

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1 APOGEU E DECLÍNIO DO IMPÉRIO ROMANO A crise das instituições republicanas e a polarização entre aristocracia e a plebe favoreceram o surgimento de novos personagens na cena politica: os lideres militares, que, além de terras e vitorias contra os inimigos, conquistavam prestígios perante a população. Contando cada vez mais como apoio popular, esses lideres logo passaram a cobiçar o poder. Aos poucos, o senado iria perder sua influência e o poder politico se concentraria nas mãos de alguns dos chefes militares. Esse período ficou marcado como um momento de transição entre a República e o império. Após uma época turbulenta, pontuada por revoltas populares, guerras civis e assassinatos, teve início, com Otávio, o império Romano. Nesse período, Roma atingiria o apogeu e dominaria por vários séculos grande parte do mundo antigo. 1. GRACO E A QUESTÃO AGRÁRIA: A concorrência dos produtos vindos das regiões conquistas, que tinham valor mais baixo, e a produção dos latifúndios, com base no trabalho escravo, foram as principais razões que levaram os pequenos proprietários rurais a partir para a cidade. Praticamente expulsos da terra e sem meio para sobreviver, grande número de plebeus chegaram a Roma, onde recebiam alimentos, estratégia adotada pelo governo para atenuar os conflitos sociais. Esse cenário, na segunda metade do século II a.C., tornava a questão agrária um problema permanente e de difícil solução. Em 133 a.C., o nobre Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe. Sensível à grave situação social, o novo tribulo propôs a lei agrária. Essa lei instituía que as terras incorporada a Roma durante as conquistas fossem distribuída entre a plebe. Tais terras haviam sido ocupadas ilegalmente pelos patrícios. A proposta causou revolta entre os patrícios e Tibério foi assassinado. Dez anos depois, o projeto de reforma social seria retomado e ampliado por Caio Graco, irmão de Tibério, também eleito tribuno pela plebe. Além da reforma agrária, Caio Graco propôs a extensão dos direitos políticos aos povos aliados da península Itálica e reduzir o preço do trigo destinado a plebe romana. Patrícios e senadores, determinados a não perder privilégios, opuseram-se violentamente às reformas e eliminaram Caio Graco e seus

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A crise das instituições republicanas e a polarização entre aristocracia e a plebe favoreceram o surgimento de novos personagens na cena politica: os lideres militares, que, além de terras e vitorias contra os inimigos, conquistavam prestígios perante a população. Contando cada vez mais como apoio popular, esses lideres logo passaram a cobiçar o poder. Aos poucos, o senado iria perder sua influência e o poder politico se concentraria nas mãos de alguns dos chefes militares. Esse período ficou marcado como um momento de transição entre a República e o império. Após uma época turbulenta, pontuada por revoltas populares, guerras civis e assassinatos, teve início, com Otávio, o império Romano. Nesse período, Roma atingiria o apogeu e dominaria por vários séculos grande parte do mundo antigo.

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    APOGEU E DECLNIO DO IMPRIO ROMANO

    A crise das instituies republicanas e a polarizao entre aristocracia e

    a plebe favoreceram o surgimento de novos personagens na cena politica: os

    lideres militares, que, alm de terras e vitorias contra os inimigos,

    conquistavam prestgios perante a populao. Contando cada vez mais como

    apoio popular, esses lideres logo passaram a cobiar o poder. Aos poucos, o

    senado iria perder sua influncia e o poder politico se concentraria nas mos

    de alguns dos chefes militares. Esse perodo ficou marcado como um momento

    de transio entre a Repblica e o imprio. Aps uma poca turbulenta,

    pontuada por revoltas populares, guerras civis e assassinatos, teve incio, com

    Otvio, o imprio Romano. Nesse perodo, Roma atingiria o apogeu e

    dominaria por vrios sculos grande parte do mundo antigo.

    1. GRACO E A QUESTO AGRRIA:

    A concorrncia dos produtos vindos das regies conquistas, que tinham

    valor mais baixo, e a produo dos latifndios, com base no trabalho escravo,

    foram as principais razes que levaram os pequenos proprietrios rurais a

    partir para a cidade. Praticamente expulsos da terra e sem meio para

    sobreviver, grande nmero de plebeus chegaram a Roma, onde recebiam

    alimentos, estratgia adotada pelo governo para atenuar os conflitos sociais.

    Esse cenrio, na segunda metade do sculo II a.C., tornava a questo

    agrria um problema permanente e de difcil soluo. Em 133 a.C., o nobre

    Tibrio Graco foi eleito tribuno da plebe. Sensvel grave situao social, o

    novo tribulo props a lei agrria. Essa lei institua que as terras incorporada a

    Roma durante as conquistas fossem distribuda entre a plebe. Tais terras

    haviam sido ocupadas ilegalmente pelos patrcios. A proposta causou revolta

    entre os patrcios e Tibrio foi assassinado.

    Dez anos depois, o projeto de reforma social seria retomado e ampliado

    por Caio Graco, irmo de Tibrio, tambm eleito tribuno pela plebe. Alm da

    reforma agrria, Caio Graco props a extenso dos direitos polticos aos povos

    aliados da pennsula Itlica e reduzir o preo do trigo destinado a plebe

    romana. Patrcios e senadores, determinados a no perder privilgios,

    opuseram-se violentamente s reformas e eliminaram Caio Graco e seus

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    adeptos. Sem soluo, os conflitos sociais iriam continuar por longo tempo,

    acirrando as disputas politicas na cidade.

    2. A ASCENSO DOS MILITARES:

    Com a vitria do exercito, os chefes militares conquistaram prestgios e

    comearam a ganhar popularidade. O primeiro a conseguir destaque foi Mrio,

    que obteve projeo com a vitria sobre a Numdia, no norte da frica, em 106

    a.C. Eleito cnsul no ano seguinte, instituiu o pagamento do soldo aos

    soldados, permitindo o ingresso de pessoas pobres no exercito (antes, os

    soldados no recebiam pagamento regular). Alm disso, concedeu aos

    soldados o direito de participar dos esplios de guerra e de receber terras,

    aps prestarem 25 anos de servios militares. Membro da classe equestre e

    lder do partido popular, Mrio foi reeleito cnsul varias vezes. Suas medidas

    descontentaram os conservados, liderados por Sila, outro chefe militar. Durante

    vrios anos, os dois travaram diversos conflitos, alternando-se no poder. Em 82

    a.C., aps a morte de Mrio, Silas, apoiado pelo senado, imps uma ditadura

    militar. Ele permaneceu no poder at 78 a.C.

    Cesar, Crasso e Pompeu:

    Aps o governo de Silas, alguns territrios conquistados foram ameaados

    por revoltas, exigindo grande grandes campanhas militares. Isso deu oportunidade

    para que alguns generais se destacassem e disputassem o poder. Dois dos mais

    influentes foram Crasso e Pompeu.

    O primeiro foi responsvel pela vitria contra Esprtaco, lder da maior

    revolta de escravos do mundo antigo. O segundo debelou uma rebelio popular

    comandada por Sertrio, na pennsula Ibrica, entre 78 e 72 a. C.

    Ao mesmo tempo, um sobrinho de Mario surgia como outro lder de

    prestigio, ligado ao partido popular, seu nome: Jlio Csar. Em 60 a.C., eleito

    senadores, Crasso e Pompeu e Jlio Csar comearam a disputa pelo poder. Em

    meio a crise, o senado elegeu Pompeu cnsul, outorgando-lhe plenos poderes, e

    ordenou a Jlio Csar que desmobilizasse seus exrcitos. Recusando-se a acatar

    as ordens, Csar marchou sobre Roma em 49 a.C., Pompeu e seus fugiram para o

    Oriente. Csar os perseguiu e derrotou na Grcia. A seguir conquistou o Egito que

    foi transformado em protetorado romano.

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    Jlio Csar torna-se ditador.

    Retornando a Roma em triunfo Csar foi proclamado ditador perptuo.

    No governo, promoveu a construo de obras pblicas, reorganizou as

    finanas, distribuiu terras e fundou colnias. Com a inteno de unificar o

    mundo romano, estendeu o direito de participao nas politicas pblicas aos

    habitantes das provncias conquistadas. Jlio Csar, com o apoio da plebe

    urbana e do exrcito, concentrava todo o poder em suas mos. As medidas

    tomadas por ele caracterizavam-no como um verdadeiro monarca, o que era

    considerado pelos defensores da Repblica como suprema traio. Sua

    trajetria foi interrompida por uma conspirao de senadores que o

    assassinaram no senado, em 15 de marco de 44 a. C.

    O segundo Triunvirato.

    Com a morte de Csar, a disputa pelo poder ficou polarizada entre dois

    de seus herdeiros polticos: Marco Antnio, general de grande popularidade, e

    o jovem Otvio, sobrinho e filho adotivo de Csar. Aps vrios conflitos, os dois

    se reconciliaram e se uniram a Lpido, banqueiro romano, para forma o

    segundo triunvirato, que governou durante cinco anos.

    Os trs dividiram os domnios romanos entre si e trataram de eliminar

    todos os que haviam conspirado contra Csar. Pouco depois, Lpido foi

    afastado por Otvio. Em 31 a. C. Otvio voltou-se contra Maro Antnio,

    vencendo-o na batalha naval de cio, na Grcia. Em seguida, conquistou o

    Egito e retornou a Roma, onde recebeu sucessivamente do senado os ttulos

    de primeiro cidado (princeps), divino (Augustus) e supremo (imperador).

    Senhor absoluto do poder, Otvio ou Augusto, como passou a ser chamado

    ao se tornar imperador de Roma.

    3. O IMPRIO ROMANO:

    Otvio Augusto governou Roma at a sua morte, aos 76 anos, em 14

    d.C. nesse perodo acumulou os poderes civil, religioso e militar, com direito de

    interferir at mesmo no senado. Ao morrer, foi considerado um deus entre os

    deuses romanos. O estudo do imprio romano , em geral, subdividido em dois

    perodos:

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    Alto imprio (27 a.C 235). Nas fases iniciais (Otavio Augusto) e

    intermediaria, contou com certa estabilidade nas instituies e relativa paz

    entre as provncias. Baixo imprio (235 -476). Perodo agitado por lutas pelo

    poder. Somada crise de mbito social e econmico, essas disputas abririam

    caminhos para a desintegrao de grande parte do imprio romano.

    Alto Imprio.

    Aps a morte e Otvio Augusto, Roma foi governada por quatro

    dinastias de imperadores:

    Jlio-Claudiana (14-68) - Tibrio, Calgula, Cludio e Nero.

    Cludio, que aperfeioou a administrao do imprio, fez talvez o

    melhor governo da dinastia. Governo de modo desptico, Tibrio,

    Calgula e Nero foram responsveis por perodos de grande

    instabilidade poltica.

    Flvios (69-96) Vespasiano, Tito e Domiciano. Governos

    relativamente tranquilos em que se verificou um reequilbrio da

    economia e das instituies.

    Antoninos (96-192) Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio,

    Marco Aurlio e Comodo. Sob essa dinastia, Roma conheceu

    grande prosperidade. Trajano aumentou os domnios do imprio

    durante seu governo. Marco Aurlio promoveu um verdadeiro

    reflorescimento cultural.

    Severos (193-235) Septmio Severo, caracala e Severo

    Alexandre. Foi durante essa dinastia que teve inicio a decadncia

    do Imprio, com a perda do controle econmico sobre as

    populaes, alm das crises ocasionadas pelas presses dos

    povos inimigos nas fronteiras.

    Alto Imprio.

    Em 235, iniciou-se um longo processo que se estenderia pelos dois sculos e

    culminaria com a desagregao de grande parte do Imprio romano. As

    principais caractersticas desse processo foram:

    As crises politicas, j que no havia um critrio definido de sucesso

    para o trono. Muitas vezes, a sucesso era marcada por guerras entres

    generais mais poderosos.

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    O colapso do sistema escravista, causado pelo fim das guerras de

    conquistas a partir do governo de Adriano (117-138). Com o trmino

    das conquistas, perdeu-se a principal fonte de mo de obra os

    prisioneiros escravizados.

    Os problemas econmicos: para pagar suas despesas o governo era

    obrigado as aumentar os impostos e a emitir dinheiro gerando

    inflao e descontentamento.

    As dificuldades para proteger e manter as inmeras fronteiras do

    imprio. Sem dinheiro para pagar os soldados, extensas reas

    ficaram desprotegidas, o que facilitou a invaso de povos inimigos,

    sobretudo de origem germnica.

    A difuso do cristianismo, que pregava valores contrrios

    manuteno do trabalho escravo e divinizao dos imperadores.

    Todos esses aspectos provocaram o enfraquecimento do comrcio e da

    produo em todo o imprio. Aos poucos, a populao abandonaria as

    cidades para se abrigar no campo, onde encontraria maior proteo contra a

    invaso de povos inimigos, chamados de brbaros pelos romanos.

    Reformas para salvar o Imprio.

    Ao longo do baixo Imprio, alguns imperadores tentaram introduzir

    reformas para superar a crise. Diocleciano (284-305) promoveu uma reforma

    monetria e instituiu um sistema politico de quatro governantes, a tetrarquia.

    Por esse sistema, o Imprio foi dividido em duas partes: uma ocidental e outra

    oriental. Cada parte passaria a ser governada por um imperador, chamado

    Augusto, auxiliado por um Csar. Aps vinte anos Csares deveriam assumir

    o poder e nomear outros Csares.

    Com isso, Diocleciano pretendia evitar as disputas por ocasio da

    sucesso e facilitar a defesa dos territrios. Mas a tetrarquia foi abandonada

    por seus sucessores, e as guerras de disputa pelo poder voltaram a agitar o

    Imprio. Constantino (306-337) restabeleceu o poder centralizado e tambm

    efetuou reformas. Entre elas destaca-se a legalizao do cristianismo, pelo

    Edito de Milo, em 313. Aps promover a reunificao do imprio, transferiu a

    capital de Roma para Bizncio, situada mais ao oriente, que passou a ser

    chamada de Constantinopla. Mais tarde, Teodsio, que governou de 378 a 395,

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    promoveu ainda outras medidas para contornar a crise. Em 391, instituiu o

    cristianismo como religio oficial do imprio. No mbito administrativo, realizou,

    em 395, a diviso do imprio em duas partes, uma no Ocidente, com a capital

    em Roma, e outra no Oriente, sediada em Constantinopla.

    4. A fragmentao do imprio romano:

    As duas partes do Imprio conheceriam destinos histricos diferentes.

    No Ocidente, o poder central mostrava-se impotente para conter as sucessivas

    invases das fronteiras por outros povos, que passaram a controlar extensas

    regies do imprio Ocidental. Entre os sculos IV e v, a situao se agravaria

    com a chegada dos hunos Europa. Temidos por suas habilidades na guerra,

    esse povo, vindo da regio central da sia, provocava pnico entre os

    germanos, que invadiam o imprio para fugir de seus ataques.

    Em 476, aps inmeras invases e acordos dos germanos com o

    imprio romano no Ocidente, Odoacro, rei dos hrulos, destronou Rmulo

    Augusto, ultimo imperador romano. Com esse ato, desintegrava-se o imprio

    Romano do Ocidente, em cujo territrio surgiriam diversos reinos germnicos.

    Enquanto isso, o imprio Romano do Oriente, ou Imprio Bizantino,

    ainda que tambm enfrentado muitas invases, conseguiria manter-se quase

    mil anos, ate 1453, quando seria conquistado pelos turnos.

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    PARA SISTEMATIZAR O ESTUDO

    1. Explique como as guerras de conquistas realizadas durante o perodo

    da Republica romana, geraram problemas agrrios e o xodo rural?

    2. Desde o sculo II a.C., a questo agrria tornou-se um grave problema

    social. (a) Quais foram s propostas dos irmos Graco para resolver

    esses problemas? (b) Por quais motivos as reformas agrrias de carter

    scio-polticos no e se consolidaram?(c)

    3. Com (ascenso dos Militares) as vitorias do exrcito, os chefes

    militares conquistaram prestgios e comearam a ganhar popularidade.

    Partindo desse referencial: Quais foram os motivos que ocasionaram a

    queda da Repblica e a instituio do Imprio, como sistema de governo

    Romano?

    4. Quais foram os motivos que provocaram a fragmentao do imprio

    romano, levando-o a extino em 476?

    Material elaborado pelo prof. Elicio Lima para sistematizar situaes de aprendizagem na sala de aula, a intertextualidade desse trabalho vincula-se entre as obras: Histria: Volume nico: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. So Paulo: tica, 2005. Histria global volume nico: Gilberto Cotrim. 8. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. (Feitas algumas adaptaes e grifos para facilidade o processo didtico ensino aprendizagem - 2015). Sequencia didtica para o Primeiro ano do ensino mdio.

    APOGEU E DECLNIO DO IMPRIO ROMANO Situao de aprendizagem 8 Histria - Prof. Elicio Lima

    N Srie Data

    NOME: