apocalipse pop

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DIÁRIO POPULAR QUARTA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2012 Música Página 7 Chorinho toma conta do Liberdade com o grupo Seu Valério Divulgação - DP Dança Página 6 Grupo Tatá revisita obra de João Simões Lopes Neto Luísa Roig Martins Uma visão irônica e bem- humorada do que aguarda a humani- dade no futuro é o que a Casa Parale- la abriga até o dia 13 de julho. A ex- posição Sobre amanhã , com curadoria do jornalista Leo Felipe, traz os trabalhos dos artistas Alex Sernambi, Giancarlo Lorenci e Jander Rama - todos flertando com o uni- verso da cultura pop. As gravuras, as fotomontagens e a instalação sonora que compõem a mostra serão inau- guradas hoje, às 19h, quando tam- bém ocorre a performance audiovisual Hypnorder’s have a nice Doomsday!. As obras dos três artistas têm su- portes diferentes. Sernambi apresen- ta uma série de fotomontagens, Rama utiliza gravura e Lorenci, instalação gráfica e sonora. “As linguagens va- riam. Cada um tem seu próprio background, mas todos trabalham com clichês do futuro: a fusão ho- mem-máquina, o apocalipse, o ex- traterrestre…”, diz o curador, que, com a temática, aproveita o insight do suposto fim do mundo previsto para 2012. Sobre amanhã também carrega a proposta de apagar, ou pelo menos neutralizar, os limites entre as artes visuais e outras plataformas, como a música. A obra site specific de Lorenci é um exemplo - além de artista, ele é DJ. “É uma trilha sonora que fica to- cando durante todo o tempo da mostra”, explica Leo, sobre a colagem de beats eletrônicos, ruídos e texturas sônicas que mesclam os estilos pop, retrô e futurista. A Apocalipse pop playlist dessas sonoridades, marcadas pelo uso de sintetizadores, fica adesivada na parede, formando também uma estética visual. Novos públicos em vista A exposição foi montada pela pri- meira vez na Fundação Ecarta, onde ficou aberta de fim de abril a meados de junho. Como coordenador da ins- tituição, Leo Felipe afirma que a ideia de reunir os três artistas foi estratégi- ca: “Queria juntar trabalhos cujas imagens se comunicassem com qual- quer tipo de público. Porque, hoje em dia, estão todos acostumados a ver cenas futuristas nos games, nos ci- Exposição coletiva Sobre amanhã traz à Casa Paralela uma visão irônica e bem- humorada sobre o futuro nemas, nas séries de tevê”. Nesse sentido, a ideia foi formar um novo público de apreciadores de arte contemporânea. “A mostra tem um sabor pop. A própria performance de abertura dá um clima de festa, atra- indo espectadores mais jovens”, defi- ne ele. Foi o que ocorreu durante o período em que Sobre amanhã esteve em exibição na Ecarta. “A estratégia funcionou. Levamos até lá pessoas que não circulam no mundo das ar- tes e até mesmo nunca haviam prestigiado uma exposição”, relembra. Os artistas e as obras Herdeiro de um espírito punk, Alex Sernambi apresenta parte da série Ataque do sétimo céu , de fotomontagens. Ele cria cenas extra- vagantes e cartunescas, carregadas de artificialismo. As imagens remixam Guerra dos mundos, de H.G. Wells, antigos enlatados japoneses e filmes- catástrofe da década de 70. Os hu- manos, divididos entre o pânico e o prosseguimento de suas atividades corriqueiras, são representados por figuras conhecidas da boemia porto- alegrense, como o cineasta Jorge Fur- tado e os integrantes da banda Defalla, Edu K. e Flu. Com um viés mais acadêmico, Jander Rama expõe gravuras que di- alogam com sua pesquisa vinculada ao mestrado em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As obras remetem a desenhos técnicos em fundo azul burocrático, apresentando projetos de ciborgues, cujos corpos são funcionalizados com implantes de aparelhos eletrô- nicos. A série, elaborada com técni- cas artesanais tanto de impressão quanto digitais, é uma discussão da interação entre altas e baixas tecnologias. O universo sonoro e visual é por onde circula Giancarlo Lorenci, artis- ta e DJ. Para esta mostra, a colagem de beats busca um sutil contraponto às correntes apocalípticas de plantão, ironizando as ponderações sobre o fim do mundo. Ele mantém o site www.hypnorder.tv, onde podem ser acessados diversos vídeos e arquivos sonoros. O quê: Exposição Sobre amanhã Quando: abertura hoje, às 19h; visitação até 13 de julho, de terça-feira a sábado, das 14h às 19h Onde: Casa Paralela - rua Uruguai, 1.577 Entrada franca Serviço Fotomontagens de Sernambi e instalação sonora de Lorenci também integram a mostra A ideia de ciborgue e homem- máquina está presente na obra de Jander Rama Fotos Jô Folha - DP

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Matéria publicada na capa do caderno Zoom do jornal Diário Popular no dia 13 de junho de 2012 sobre a exposição Sobre Amanhã.

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Page 1: Apocalipse pop

DIÁRIO POPULAR QUARTA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2012

Música

Página 7

Chorinho toma contado Liberdade com o

grupo Seu Valério

Divulgação - DP

Dança

Página 6

Grupo Tatá revisitaobra de João Simões

Lopes Neto

Luísa Roig Martins

Uma visão irônica e bem-humorada do que aguarda a humani-dade no futuro é o que a Casa Parale-la abriga até o dia 13 de julho. A ex-posição Sobre amanhã, comcuradoria do jornalista Leo Felipe,traz os trabalhos dos artistas AlexSernambi, Giancarlo Lorenci e JanderRama - todos flertando com o uni-verso da cultura pop. As gravuras, asfotomontagens e a instalação sonoraque compõem a mostra serão inau-guradas hoje, às 19h, quando tam-bémocorre aperformance audiovisualHypnorder’s have a nice Doomsday!.

As obras dos três artistas têm su-portes diferentes. Sernambi apresen-ta uma série de fotomontagens, Ramautiliza gravura e Lorenci, instalaçãográfica e sonora. “As linguagens va-riam. Cada um tem seu própriobackground, mas todos trabalhamcom clichês do futuro: a fusão ho-mem-máquina, o apocalipse, o ex-traterrestre…”, diz o curador, que,com a temática, aproveita o insightdo suposto fim do mundo previstopara 2012.

Sobre amanhã também carrega aproposta de apagar, ou pelo menosneutralizar, os limites entre as artesvisuais e outras plataformas, como amúsica.Aobra site specific deLorencié um exemplo - além de artista, ele éDJ. “É uma trilha sonora que fica to-cando durante todo o tempo damostra”, explica Leo, sobre acolagem de beats eletrônicos, ruídose texturas sônicas que mesclam osestilos pop, retrô e futurista. A

Apocalipse pop

playlist dessas sonoridades,marcadas pelo uso de sintetizadores,fica adesivada na parede, formandotambém uma estética visual.

Novos públicos em vistaA exposição foi montada pela pri-

meira vez na Fundação Ecarta, ondeficou aberta de fim de abril a meadosde junho. Como coordenador da ins-tituição, Leo Felipe afirma que a ideiade reunir os três artistas foi estratégi-ca: “Queria juntar trabalhos cujasimagens se comunicassem com qual-quer tipo de público. Porque, hoje emdia, estão todos acostumados a vercenas futuristas nos games, nos ci-

Exposiçãocoletiva

Sobreamanhã

traz à CasaParalela

uma visãoirônica e

bem-humorada

sobre ofuturo

nemas, nas séries de tevê”.Nesse sentido, a ideia foi formar

um novo público de apreciadores dearte contemporânea. “A mostra temumsabor pop.Aprópria performancede aberturadáumclimade festa, atra-indo espectadores mais jovens”, defi-ne ele. Foi o que ocorreu durante operíodo em que Sobre amanhã esteveem exibição na Ecarta. “A estratégiafuncionou. Levamos até lá pessoasque não circulam no mundo das ar-tes e até mesmo nunca haviamprestigiadoumaexposição”, relembra.

Os artistas e as obrasHerdeiro de um espírito punk,

Alex Sernambi apresenta parte dasérie Ataque do sétimo céu, defotomontagens. Ele cria cenas extra-vagantes e cartunescas, carregadas deartificialismo. As imagens remixamGuerra dos mundos, de H.G. Wells,antigos enlatados japoneses e filmes-catástrofe da década de 70. Os hu-manos, divididos entre o pânico e oprosseguimento de suas atividadescorriqueiras, são representados porfiguras conhecidas da boemia porto-alegrense, como o cineasta Jorge Fur-tado e os integrantes da bandaDefalla, Edu K. e Flu.

Com um viés mais acadêmico,

Jander Rama expõe gravuras que di-alogam com sua pesquisa vinculadaao mestrado em Artes Visuais daUniversidade Federal do Rio Grandedo Sul. As obras remetem a desenhostécnicos em fundo azul burocrático,apresentando projetos de ciborgues,cujos corpos são funcionalizadoscom implantes de aparelhos eletrô-nicos. A série, elaborada com técni-cas artesanais tanto de impressãoquanto digitais, é uma discussão dainteração entre altas e baixastecnologias.

O universo sonoro e visual é poronde circula Giancarlo Lorenci, artis-ta e DJ. Para esta mostra, a colagemde beats busca um sutil contrapontoàs correntes apocalípticas de plantão,ironizandoasponderações sobreo fimdo mundo. Ele mantém o sitewww.hypnorder.tv, onde podem seracessados diversos vídeos e arquivossonoros.

O quê: Exposição Sobre amanhã

Quando: abertura hoje, às 19h; visitação até 13de julho, de terça-feira a sábado, das 14h às19h

Onde: Casa Paralela - rua Uruguai, 1.577

Entrada franca

Serviço

Fotomontagens de Sernambi e instalação sonora de Lorenci também integram a mostra

A ideia deciborgue e

homem-máquina está

presente naobra de

Jander Rama

Fotos Jô Folha - DP