aplicação de ferramentas a prova de falha “pokayoke”

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ferramentas, POKAYOKE

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  • FUNDAO DE ENSINO EURPIDES SOARES DA ROCHA CENTRO UNIVERSITRIO EURPIDES DE MARLIA UNIVEM

    CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUO

    RICARDO GOLIN LOUREIRO

    APLICAO DE FERRAMENTAS A PROVA DE FALHA POKA-

    YOKE COMO AES RESULTANTES DE FMEA DE PROCESSO EM UNIDADES PRODUTIVAS DO SETOR AUTOMOBILSTICO

    MARLIA

    2013

  • FUNDAO DE ENSINO EURPIDES SOARES DA ROCHA CENTRO UNIVERSITRIO EURPIDES DE MARLIA UNIVEM

    CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUO

    RICARDO GOLIN LOUREIRO

    APLICAO DE FERRAMENTAS A PROVA DE FALHA POKA-YOKE COMO AES RESULTANTES DE FMEA DE PROCESSO EM UNIDADES

    PRODUTIVAS DO SETOR AUTOMOBILSTICO

    Trabalho de concluso de curso apresentado ao

    Curso de Engenharia de Produo da

    Fundao Eurpides Soares da Rocha,

    mantenedora do Centro Universitrio

    Eurpides de Marlia UNIVEM, como requisito parcial para obteno do grau de

    Bacharel em Engenharia de Produo.

    Orientador:

    Prof. Dr. Jos Antonio Poletto Filho

    MARLIA

    2013

  • Loureiro, Ricardo Golin

    Aplicao de ferramentas a prova de falha poka-yoke como aes resultantes de FMEA de processo em unidades produtivas do setor

    automobilstico / Ricardo Golin Loureiro; orientador: Jos Antonio

    Poletto Filho. Marlia, SP: [s.n.], 2013.

    71 folhas

    Trabalho de Curso (Graduao em Engenharia de Produo) Curso de Engenharia de Produo, Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha, mantenedora do Centro Universitrio Eurpides de Marlia UNIVEM, Marlia, 2013.

    1. Poka-yoke 2. PFMEA 3. Ferramentas a prova de falha

    CDD: 629.895

  • RIC

  • Dedico esta monografia aos meus pais Nair e Walter, que no

    conseguiram ver em vida esta conquista, porm esto contemplando este

    ttulo perto do Senhor Jesus Cristo. minha amada esposa Danielle e

    meus filhos por participarem diariamente da realizao deste objetivo,

    que foram fundamentais para me encorajar e ajudar superar os momentos

    difceis.

  • AGRADECIMENTOS

    Quero agradecer primeiramente ao meu Deus Todo Poderoso, pela sade e sabedoria e por ter

    tido misericrdia da minha vida, pois sem Ele eu nada seria.

    Agradeo de forma mais que especial minha amada, companheira, fiel e auxiliadora esposa

    Danielle, pelo amor, compreenso e incentivo, pois estes cinco anos foram dolorosos e

    extenuantes.

    Aos meus filhos Caio Henrique e Caroline pelos momentos de alegria e esperana no desejo

    de superao diria.

    Ao professor Polleto pela orientao e apoio na elaborao do trabalho, assim como as

    excelentes aulas de termo.

    Aos professores Flvio, Cesar Franco, Jussara, Leandro, Clarissa e Roberto Oikawa pela

    dedicao e pacincia nas explicaes e pelas excelentes aulas.

    Ao amigo e professor Rodrigo Ravazzi que participou das dificuldades ao longo destes anos e

    colaborou muito para concluso deste trabalho, suas dicas foram valiosas, saiba que sua

    dedicao como professor exemplar.

    Ao amigo e irmo na f Marcelo Shiraishi, parceiro de caminhada so 7 anos de muitos que

    ainda viro, de dois cursos que conclumos juntos, das grandes pescarias e aventuras. Sei que

    fui encorajado e em muitas vezes voc me apoiou e auxiliou nos trabalhos durante fases

    difceis. Muito obrigado pouco Japoneis arigato kansha shimashita! meu irmo.

    Aos amigos Lucas Yamauchi, Daniel Lima e Gabriel Moreno pelos materiais compartilhados.

    Agradeo a todos familiares que de alguma forma em especial contriburam para que eu

    alcanasse esta conquista.

  • Tambm a minha lngua sempre

    falar dos teus atos de justia, pois os que

    queriam prejudicar-me foram humilhados

    e ficaram frustrados.

    Salmos 71 versculo 24

  • LOUREIRO, Ricardo Golin. Aplicao de ferramentas a prova de falha poka-yoke

    como aes resultantes de FMEA de processo em unidades produtivas do setor

    automobilstico. 2013. 71 fls. Trabalho de Curso (Bacharelado em Engenharia de Produo)

    Centro Universitrio Eurpides de Marlia, Fundao de Ensino Eurpides Soares da

    Rocha, Marlia, 2013.

    RESUMO

    Devido ao crescente ndice de chamadas para os proprietrios de veculos com propsito de

    substituir peas com defeitos de fabricao, conhecidos com recalls, gerando custos e

    insatisfao, este trabalho visa demonstrar a importncia da aplicao de ferramentas da

    qualidade como, Poka-Yoke e Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos (FMEA), na

    reduo dos custos. O FMEA, uma importante ferramenta utilizada para planejamento

    avanado da qualidade, indicando as possibilidades de falhas que possam vir a ocorrer nas

    linhas fabris durante a produo seriada, deste modo cataloga-se todos os modos de falhas

    passveis de ocorrncia e ento os avalia um a um, atribuindo pontuaes para priorizar a

    tratativa das respectivas aes para a mitigao ou soluo, j o Poka-Yoke uma

    ferramenta que torna possvel a deteco, alerta e preveno de erros no processo produtivo.

    Assim, ser apresentado como a combinao destas ferramentas pode contribuir na resoluo

    de erro na operao de identificao em processo de expedio na exportao de produtos

    para empresas automobilsticas e reduzir significativamente os riscos do processo. A

    utilizao combinada destas duas ferramentas e a capacitao e comprometimento do fator

    humano mostram-se como a forma mais eficaz para alcanar a reduo dos casos de recalls,

    pois existir a certeza que o planejamento do projeto foi bem sucedido, aplicado e seguido, e

    que existem meios para evitar falhas durante a execuo da operao pela linha produtiva.

    Palavras-chave: Poka-yoke. PFMEA. Ferramentas a prova de falha.

  • LOUREIRO, Ricardo Golin. An application of error proofing tools named "poka-yoke"

    assisted by PFMEA in production units of automotive share. 2013. 71 fls. Trabalho de

    Curso (Bacharelado em Engenharia de Produo) Centro Universitrio Eurpides de Marlia,

    Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha, Marlia, 2013.

    ABSTRACT

    Growing rates of calls to the owners vehicles for the purpose of replacing parts with

    manufacturing defects known with "recalls" generating costs and dissatisfaction and this

    paper will show the importance of quality tools application "Poka-Yoke" even as Analysis

    and Failure Mode and Effect Analysis (FMEA ), both tools when applied together can reduce

    these costs. The FMEA is an important tool used for advanced quality planning, indicating the

    possibility for failures that may occur in the manufacturing lines for mass production, thereby

    likely all failure modes of occurrence are listed, and then it will be evaluated, assigning scores

    to prioritize the dealings in their actions for mitigation or solution, now the "Poka-Yoke" is a

    tool that makes it possible to detect, alert and prevent errors in the production process. Thus

    will be presented how these combination tools can help solving error regarding identification

    operation in the shipping process exporting products to automobile industry and significantly

    reduce the risks of the process. The combination of these two tools and the training and

    involvement of the human factor use are shown as the most effective way to obtain the

    reduction of "recalls" cases, since there will be sure that the planning project was successful,

    implemented and followed, and that there are ways to prevent failures during operation by

    production line.

    Keywords: Poka-yoke. PFMEA. Error proofing.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1: Defeitos por operaes de montagem automatizadas............................................... 15

    Figura 2: Grfico representativo do total de campanhas setorizado ........................................18

    Figura 3: Grficos das campanhas de recall por marca ...........................................................18

    Figura 4: Grfico do total de recalls por setor referente ao ano 2012.......................................19

    Figura 5: Disperso natural ou curva de Gauss ........................................................................22

    Figura 6: Composio dos custos da qualidade .......................................................................23

    Figura 7: Relao entre os custos e quantidade de peas .........................................................25

    Figura 8: Os 7 tipos de Muda (desperdcios)............................................................................26

    Figura 9: Os pilares do Sistema Toyota de Produo ..............................................................30

    Figura 10: Modelo tradicional Tipo funcional ......................................................................30

    Figura 11: Fluxo unitrio contnuo, no modelo JIT .................................................................31

    Figura 12: Mtodo de Soluo de Problemas organizado em um ciclo ...................................33

    Figura 13: Exemplo de dispositivo para inspeo por julgamento (passa-no-passa)............. 35

    Figura 14: Exemplo de dispositivo para inspees informativas (Verificador de fadigas)......36

    Figura 15: Exemplo de dispositivo para inspees na fonte (memory stick slot).....................36

    Figura 16: Classificao de um dispositivo Poka-yoke, quanto s funes ............................ 37

    Figura 17: Classificao de um dispositivo Poka-yoke, quanto aos mtodos ......................... 37

    Figura 18: Poka-yoke, mtodo de comparao ........................................................................38

    Figura 19: Poka-yoke, mtodo de contato ............................................................................... 38

    Figura 20: Poka-yoke, mtodos de contagem...........................................................................39

    Figura 21: Poka-yoke, mtodo de posicionamento...................................................................39

    Figura 22: Metodologia de pesquisa em Engenharia de Produo...........................................50

    Figura 23: Grupos de mquinas da empresa.............................................................................51

    Figura 24: Modelo das etiquetas Odette label, UNI e OT respectivamente.............................52

    Figura 25: Mapeamento do fluxo de produo, incio do projeto.............................................54

    Figura 26: Mapeamento do fluxo de produo, revisado..........................................................58

    Figura 27: Validao do poka-yoke em ambiente de teste....................................................... 60

    Figura 28: Validao do poka-yoke, real..................................................................................60

    Figura 29: Comparativo das aes do PFMEA por classe de risco..........................................64

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1:Elementos dos Custos da Qualidade.........................................................................24

    Tabela 2:Conexo entre objetivos, princpios elementos fundamentais e ferramenta Lean... 28

    Tabela 3:Comparaes Lean Thinking.....................................................................................29

    Tabela 4: Tipos de FMEA por fase de desenvolvimento de produto...................................... 41

    Tabela 5: Formulrio de FMEA de processo 4 edio AIAG................................................ 43

    Tabela 6: Fluxo de preenchimento do PFMEA....................................................................... 45

    Tabela 7:Tabela de Severidade para FMEA de processo ........................................................46

    Tabela 8:Tabela de ocorrncia para FMEA de processo..........................................................47

    Tabela 9:Tabela de deteco para FMEA de processo.............................................................47

    Tabela 10: PFMEA realizado no incio do projeto...................................................................55

    Tabela 11: PFMEA realizado conforme manual de referncia AIAG......................................56

    Tabela 12: PFMEA retroalimentado.........................................................................................62

    Tabela 13: Anlise das pontuaes do PFMEA antes da aplicao da metodologia................63

    Tabela 14: Comparativo das pontuaes do PFMEA conforme metodologia..........................64

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AIAG: Automotive Industry Action Group

    APQP: Advanced Product Quality Planning - Planejamento Avanado da Qualidade do

    Produto

    CQZD: Controle da Qualidade Zero Defeito

    DFMEA: Design Failure Mode Efect and Analysis - Anlise dos Modos de Falha e seus

    Efeitos no Projeto

    FMEA: Failure Mode Effect and Analysis - Anlise dos Modos de Falha e seus Efeitos

    IATF: Internacional Automotive Task Force

    IQA: Instituto de Qualidade Automotiva

    ISO: International Organization for Standardization - Organizao Internacional para

    Padronizao.

    JAMA: Japan Automobile Manufacturers Association

    JIT: Just-in-time

    MASP: Metodologia de Analise e Soluo de Problemas

    ME: Manufatura Enxuta

    MIT: Massachusetts Institute of Tecnology

    NPR: Nmero Prioritrio de Risco

    OP: Operational procedure - Procedimento operacional

    PA: Produto Acabado

    PDCA: Plan, Do, Check, Act - planejar, fazer, monitorar, agir

    PFMEA: Process Failure Mode Effect and Analysis - Anlise dos Modos de Falha e seus

    Efeitos no Processo

    PROCON: Fundao de Proteo e Defesa do Consumidor

    QSB: Quality Sistem Basic

    SAP: Systeme, Anwendungen und Produkte in der Datenverarbeitung.

    SIEX: Sistema Integrado de Exportao.

    SOP: Start Of Production - Incio da produo

    STP: Sistema Toyota de Produo

    TPS: Toyota Production System

    VDA: Verband der Automobilindustrie

  • SUMRIO

    CAPTULO 1 INTRODUO ............................................................................................. 15

    1.1. Consideraes iniciais ................................................................................................ 15

    1.2. Tema de pesquisa ....................................................................................................... 16

    1.3. Objetivo geral da pesquisa ......................................................................................... 17

    1.4. Objetivo especfico .................................................................................................... 17

    1.5. Justificativa ................................................................................................................ 17

    1.6. Caractersticas da empresa ......................................................................................... 19

    1.7. Estrutura do trabalho .................................................................................................. 20

    CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGFICA ......................................................................... 21

    2.1. Qualidade ................................................................................................................... 21

    2.2. Custos da qualidade ................................................................................................... 21

    2.3. Thinking Lean Manufatura enxuta ......................................................................... 25

    2.3.1. Os 5 princpios da Manufatura Enxuta ............................................................... 27

    2.3.2. A estrutura do Sistema Toyota de Produo ...................................................... 29

    2.3.2.1 Just-in-time ..................................................................................................... 30

    2.3.2.2 Jidoka .............................................................................................................. 31

    2.4. O mtodo de inspeo e o Controle da Qualidade ..................................................... 32

    2.5. Mtodo de soluo de problemas (MASP) ................................................................ 33

    2.6. Dispositivos poka-yoke .............................................................................................. 34

    2.6.1. Histria e fundamentos do poka-yoke ................................................................ 34

    2.6.2. Classificao dos dispositivos poka-yoke ........................................................... 36

    2.6.2.1. Mtodo de comparao ................................................................................... 37

    2.6.2.2. Mtodo de contato .......................................................................................... 38

    2.6.2.3. Mtodo de contagem ....................................................................................... 39

    2.6.2.4. Mtodo de posicionamento ............................................................................. 39

    2.7. APQP - Advnced Product quality Planning .............................................................. 40

    2.8. FMEA - Failure Mode Efect and Analysis ................................................................ 40

    2.8.1. DFMEA Design Failure Mode Efect and Analysis ......................................... 42

    2.8.2. PFMEA Process Failure Mode Efect and Analysis ......................................... 42

    2.8.2.1. Formulrio FMEA .......................................................................................... 42

    2.8.2.2. Funcionamento e desenvolvimento do PFMEA ............................................. 44

    2.8.2.3. Tabelas de classificaes para severidade, ocorrncia e deteco .................. 46

    2.8.2.4. Pontuaes de severidade, ocorrncia e deteco ........................................... 48

    2.8.2.5. Classificao para tomada de ao ................................................................. 48

    2.8.2.6. Plano de ao .................................................................................................. 48

  • 2.9. Relao do Poka-yoke e FMEA com as normas de gesto da qualidade .................. 49

    CAPTULO 3 - METODOLOGIA .......................................................................................... 50

    3.1. Metodologia da pesquisa ........................................................................................... 50

    3.2. Sistemas produtivos da empresa ................................................................................ 51

    3.3. Passos para aplicao do Poka-yoke .......................................................................... 52

    3.3.1. Identificao da situao problema .................................................................... 52

    3.3.2. Anlise do problema ........................................................................................... 53

    3.3.3. Gerar as solues possveis ................................................................................ 55

    3.3.4. Selecionar e planejar a soluo ........................................................................... 59

    3.3.5. Implantar a soluo ............................................................................................. 59

    3.3.6. Avaliar e validar a soluo ................................................................................. 59

    3.3.7. Padronizar resultados .......................................................................................... 61

    CAPTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................. 63

    4.1 Validao e comparativo do NPR .............................................................................. 63

    CAPTULO 5 CONCLUSES ............................................................................................. 65

    5.1 Limitaes da pesquisa .............................................................................................. 66

    5.2 Aes futuras e recomendaes ................................................................................. 66

    REFERNCIAS ....................................................................................................................... 67

  • 15

    CAPTULO 1 INTRODUO

    1.1. Consideraes iniciais

    Conforme EPE (2013) descritos na nota tcnica DEA 06/13 realizadas pelo

    ministrio de minas e energia, existe uma acirrada competio das empresas pela busca da

    sobrevivncia do negcio e fornecimento de peas para o setor automotivo, montadoras de

    veculos e seus fornecedores que visam maximizao dos lucros, como meio de prosperarem

    num seguimento extremamente dinmico e agressivo. Onde, visto uma preocupao destas

    empresas com a poltica de investimento para os prximos 10 anos ligados ao fornecimento

    de produtos confiveis e robustos, com nvel de excelncia de qualidade e melhoria contnua

    em seus processos e produtos, assim podendo gerar perpetuidade do negocio.

    HINCKLEY (2006) apud Yamauchi (2012) descreve que comum o relacionar a

    qualidade com alto grau de automao, mas um estudo realizado pelo Massachusetts Institute

    of Tecnology (MIT), referindo se aos dados do International Motor Vehicle Program

    (Programa Internacional de Veculos Automotores) correlacionando este percentual do grau

    de automao do processo pelo nmero de falhas apresentadas por grupo de cem veculos

    montados nas indstrias automotivas, aponta que esta afirmao equivocada. Na Figura 1,

    NIC representa fbricas em pases recentemente industrializados; Eur representa fbricas

    europias; US/NA representa fbricas americanas na Amrica do Norte; J/NA representa

    fbricas japonesas na Amrica do Norte; e J/J representa fbricas japonesas no Japo.

    Figura 1: Defeitos por operaes de montagem automatizadas.

    Fonte: HINCKLEY (2006)

  • 16

    O mesmo autor acima cita ainda que a correlao entre o grau de operaes

    automatizadas e melhoria na qualidade tem uma tendncia tmida de melhora, mas no

    significante, a ponto de expressar correlao entre os fatores.

    Conforme anlise dos requisitos da norma ISO TS 16949, requerido o

    monitoramento, anlise crtica e melhoria contnua na qualidade dos produtos em todas as

    fases do desenvolvimento e ciclo de vida. Sistemicamente a reduo das falhas e custos

    indesejados so melhores obtidos quando a preveno ocorre no momento em que ainda

    temos a ideia sendo concebida, ou seja, no incio do ciclo de vida de um projeto, onde

    possvel elaborar aes que no permitam que erros sejam aplicados ao processo produtivo.

    As empresas tm o livre arbtrio para escolha da melhor metodologia a ser seguida para

    desenvolvimento dos seus produtos, (TECHNICAL SPECIFICATION ISO/TS 16979:2009,

    2009)

    Parafraseando Rozenfeld et al (2006), existem diferentes abordagens quanto a

    aplicao de metodologias robustas para planejamento avanado, preveno das possveis

    falhas na fonte e sistemticas de gesto robustas como, por exemplo, PDCA (Plan, Do,

    Check, Act), traduzindo respectivamente planejar, fazer, monitorar, agir. As normas de

    sistemas de gesto e as de requisitos especficos de clientes automotivos tambm seguem esta

    estrutura metodolgica do PDCA, como exemplo a ISO 16949 desenvolvida pela

    Internacional Automotive Task Force (IATF) e Japan Automobile Manufacturers Association,

    Inc. (JAMA), a Verband der Automobilindustrie (VDA) Associao da Indstria

    Automobilstica alem, Quality Sistem Basic (QSB) Sistema de qualidade bsico e no caso o

    APQP (Advanced Product Quality Planning), Planejamento avanado da qualidade do

    produto.

    1.2. Tema de pesquisa

    Aplicao de dispositivos que possibilitem evitar produo intencional ou no

    intencional de peas no conformes ou desvios de qualidade, conhecidos como poka-yoke ou

    dispositivos a prova de falhas, como aes derivadas da anlise na ferramenta Failure Mode

    and Effect Analysis (FMEA), que traduzida significa Anlise dos Modos de Falha e seus

    Efeitos, cujo objetivo mapear os possveis erros de cada funo do produto, e ser detalhado

    ao decorrer deste trabalho, contida em metodologias robustas de desenvolvimento de produto,

    Advanced Product Quality Planning, na sigla APQP que na traduo Planejamento

    Avanado da Qualidade do Produto, uma ferramenta para aporte ao desenvolvimento de

    produto de forma robusta e integrada as fases do desenvolvimento, se mostrado grande aliado

  • 17

    na reduo dos custos tangveis e intangveis que corroem os lucros e imagem das indstrias

    do setor automobilstico, permitindo perenidade da empresa ao longo do tempo.

    1.3. Objetivo geral da pesquisa

    Este trabalho visa estudar os conceitos, ferramentas e forma de aplicaes de

    dispositivos Poka-yoke atravs do uso da ferramenta FMEA de processo em uma empresa

    que fornea peas para a indstria automobilstica, compilando e proporcionando maior

    entendimento e esclarecimento do assunto.

    1.4. Objetivo especfico

    Explicar os conceitos e tipos de Poka-yoke;

    Explicar o conceito de FMEA enfatizando o FMEA para processo;

    Aplicar um dispositivo a prova de falha no processo, derivado da anlise realizada

    atravs do mtodo FMEA de processo, no local adequado para reduo do Nmero de

    prioridade de risco e conseqentemente o custo da no qualidade e reclamaes do cliente.

    Certificar que os processos acima atendam a ISO 16949, VDA 6.3 2 Edio e QSB,

    principalmente gerando valor percebido organizao empresarial.

    1.5. Justificativa

    Com a constante competitividade no mundo globalizado as empresas do setor

    buscam vantagens sobre seus concorrentes, e o barateamento dos custos de produo para

    aumento da margem de lucro tem sido bastante explorado, mas as empresas podem cortar

    elementos cruciais para a garantia do atendimento na totalidade dos requisitos do cliente, e

    assim permitir a fragilizao da funo primria do produto, fazendo com que haja um

    aumento do nmero de peas falhadas entregues s montadoras.

    Tal fato tem contribudo para o alto ndice de recall, que a solicitao de retorno do

    veculo para substituio de peas com problema de fabricao, onde geralmente so as que

    afetam a segurana do usurio sendo assim as mais crticas ou severas.

    Com base nos relatrios do PROCON entre janeiro de 2002 at julho de 2013 foram

    registrados 595 casos de recall de produtos no Brasil, destes 464 foram originados pela

    indstria de veculos, no geral 78% so do setor veicular, conforme Figura 2.

  • 18

    Figura 2: Grfico representativo do total de campanhas setorizado.

    Fonte: FUNDAO PROCON (2013), Adaptado pelo autor.

    E na Figura 3, pode ser visto a estratificao dos dados de forma a apresentar a lista

    de campanhas por empresa do setor automobilstico.

    Figura 3: Grficos das campanhas de recall por marca.

    Fonte: FUNDAO PROCON (2013), Adaptado pelo autor.

    Na anlise das chamadas de recall para todo o perodo de 2012, houve 66

    ocorrncias, onde os veculos automotores foram responsveis por 53 recalls oficializados,

    correspondentes a 80 % dos casos, conforme figura 4.

  • 19

    Figura 4: Grfico do total de recalls por setor referente ao ano 2012.

    Fonte: FUNDAO PROCON (2013), Adaptado pelo autor.

    1.6. Caractersticas da empresa

    Com os adventos da modernidade e a necessidade de operaes cada vez mais

    rpidas e melhor, o fundador da empresa em 1952, projetou e criou um produto que agilizaria

    a aplicao de defensivos nas lavouras. Contudo, o produto por ser de chapas metlicas no

    suportava as intempries por muito tempo e assim, como soluo, houve a migrao para

    reservatrios em plstico em 1966, eram produzidos em um setor da empresa matriz e com o

    passar dos anos se tornou uma empresa independente, mas continuando produzir peas

    plsticas para a matriz.

    Anos mais tarde, trabalhando arduamente como forma de prosperar, houve a

    diversificao dos segmentos e alcance de novos mercados, como peas automotivas,

    produtos mdico-hospitalares, embalagem e movimentao. E assim, no parou de crescer.

    Sempre como pioneira em novas solues, aplicando novas tecnologias na

    transformao de plstico, vantagens tcnicas e reduo de custos conforme as necessidades

    dos clientes.

    Atualmente esta empresa a maior transformadora de plstico da Amrica do Sul,

    com capacidade de transformao de peas nos processos de sopro, injeo, injeo

    espumada, extruso, termoformagem, rotomoldagem, cermica e borracha.

  • 20

    1.7. Estrutura do trabalho

    O presente trabalho est estruturado em cinco captulos.

    No captulo 1, so expostas as consideraes iniciais do trabalho, justificativa do

    estudo, os objetivos e um breve histrico da empresa que se realizou o estudo de caso.

    No segundo captulo, abordada a reviso de bibliografias e conceitos necessrios

    para o entendimento e aplicao da ferramenta PFMEA, manual de referncia. Quanto aos

    dispositivos poka-yoke as suas funes, mtodo de atuao e exemplos. Correlao do poka-

    yoke e FMEA com as normas de gesto da qualidade tambm so apresentados.

    No captulo 3, descrito a metodologia para a realizao do trabalho, apresentando

    os sistemas produtivos da empresa, o desenvolvimento do estudo de caso, com a aplicao da

    ferramenta FMEA e os passos para elaborao do poka-yoke para solucionar o problema

    levantado, assim como sua validao e efetivao.

    No captulo 4, traz os resultados e ganhos obtidos, as discusses com o comparativo

    do NPR e consideraes do trabalho.

    No captulo 5, descreve a concluso, limitaes e recomendaes para melhoria dos

    processos.

  • 21

    CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGFICA

    Este captulo dedicado a apresentar as informaes necessrias para boa conduo

    do trabalho, garantindo a mxima contribuio no nivelamento do conhecimento para

    alcanar os objetivos macro e especficos.

    2.1. Qualidade

    Conforme Slack et al (2002), atualmente os mercado consumidor vem passando por

    uma valorao do nvel de conscincia na aquisio de bens e servios de alta qualidade. Este

    diferencial tem se tornado uma estratgia para os fornecedores destes bens e servios e com

    isso se tornado uma vantagem competitiva para estes, onde a boa qualidade gera

    consumidores satisfeitos e multiplicadores importantes para influenciar as outras pessoas.

    Segundo Juran (1980), define a qualidade como adequao s necessidades e ao uso

    do bem, j Deming (2003) conceitua a qualidade como definida conforme a exigncia do

    cliente em relao as suas necessidades, e como esto em constante mudana, s

    especificaes de qualidade sempre mudaro medida que o tempo passa, para acompanhar a

    exigncia do cliente.

    Campos (1992), descreve que um produto ou servio de qualidade aquele que

    atende perfeitamente, de forma confivel, de forma acessvel, de forma segura e no tempo

    certo s necessidades do cliente.

    Parafraseando Montgomery et al (2003), a determinao da qualidade uma

    correlao entre qualidade do projeto nos diferentes graus e nveis de desempenho, a

    confiabilidade do produto e servio, funes de reduo da variabilidade no processo e padro

    de fornecimento das peas.

    J para Crosby (1999), a qualidade se resume aos atendimentos aos requisitos

    normativos com base em um modelo padro.

    2.2. Custos da qualidade

    Os aspectos econmicos da qualidade foram abordados por Joseph Juran em 1951,

    em seu livro Quality Control Handbook, deste ento o tema vem sendo socializado e

    disseminado, embora mais austero a partir da dcada de 70 com a intensificao da questo

    qualidade em implantao nas empresas multinacionais instaladas no Brasil.

    Conforme Garvin (1992), cita os custo da qualidade, como conhecido, se tratando

    de uma ferramenta para gesto dos recursos da empresa voltados ao planejamento estratgico

  • 22

    do setor responsvel pela tratativa das anomalias existentes nos processos, aplicando estes

    recursos financeiros de forma dinmica na preveno, correo ou monitoramento das falhas.

    Campos (1992), afirma que a qualidade no custa mais e sim uma garantia certa de

    retorno, entretanto, considerado como custo, efetivamente, as falhas geradas pela falta no

    atendimento aos padres estabelecidos previamente, mas no evitados, assim denominados de

    Custo da No Qualidade (CNQ).

    Conforme Teboul (1999), descreve que os processos so operaes de transformao

    que geram um produto acabado e que o resultado da operao pode variar naturalmente, pois

    obedece a uma lei natural de distribuio ou disperso, estando o mesmo sob controle.

    Na Figura 5 a ilustrao da curva de Gauss e a diviso em sigmas, o percentual

    resultante da rea do grfico tomado como base na variao dos desvios para mais e para

    menos. Como exemplo, se um processo denominado 4 sigmas, ou seja, uma variao de 2

    sigmas para menos e 2 sigmas para mais, teremos uma probabilidade de 95,44% das peas

    estarem no intervalo dos limites estabelecidos.

    Figura 5: Disperso natural ou curva de Gauss.

    Fonte: Teboul (1999).

    Conforme Ruthes (2006) et al apud Jesus et al (2010), todas estas variaes naturais

    provem de causas comuns, pouco significantes que se unem umas as outras aleatoriamente. O

    processo dito capaz somente quando a tolerncia se enquadrar na variao normal, ou seja,

    toda a variao deve estar contida na tolerncia definida, fora dessa faixa considerado

    produto no conforme, tanto para mxima quanto para mnima. O resultado do no

    atendimento incorre em custos, perda ou retrabalho de produto.

    Teboul (1999), completa que a tolerncia algo criado pelos engenheiros, mas o

    cliente pode no ter a mesma ptica, pois sua percepo a de comprar o produto sempre na

  • 23

    nominal, ou seja, conforme anunciado. E no caso do no atendimento incorre custos para

    contornar esta situao.

    Toledo (2002), classifica estes desembolsos, os custos da Qualidade em, 4 blocos ou

    composio de categorias que so: Custos de preveno, Custos de avaliao, Custos de

    falhas internas e Custos de falhas externas. Os dois primeiros so os custos indispensveis ao

    bom andamento e sucesso da organizao, j os dois subseqentes podem e devem ser

    evitados, pois so dedutveis diretamente do lucro lquido apurado, com o intuito de alavancar

    os resultados, conforme Figura 6.

    Figura 6: Composio dos custos da qualidade.

    Fonte: Toledo (2002), Adaptado pelo autor.

    Parafraseando Toledo (2002) apud Yamauchi (2012), os custos de preveno so os

    custos ligados s atividades de planejamento e implementao das operaes tais como gesto

    da qualidade, auditorias do sistema e incluem todos os gastos direcionados a evitar que falhas

    ocorram. Custos de avaliao so associados medio, auditoria de produto e todo custo das

    atividades para assegurar que\ os padres sejam atendidos. J os custos das falhas internas so

    correlacionados com produtos e insumos que no satisfazem aos critrios estabelecidos,

    identificados antes de serem expedidos, podendo ser por perdas ou retrabalhos na produo.

    Os custos das falhas externas ocorrem quando h sadas de produtos defeituosos identificados

    aps a expedio ao cliente, conforme Tabela 1.

  • 24

    Tabela 1: Elementos dos Custos da Qualidade.

    Custos de Preveno:

    1. Identificao das necessidades dos clientes;

    2. Desenvolvimento do projeto do produto;

    3. Suprimentos;

    4. Planejamento da qualidade do processo produtivo;

    5. Administrao da qualidade;

    6. Educao para a qualidade.

    Custos de Avaliao:

    1. Inspeo e ensaios em produtos/servios adquiridos;

    2. Avaliao de operaes (fabricao ou servio);

    3. Avaliao externa;

    Custos de Falhas Internas:

    1. Falhas de projeto de produto/servio;

    2. Falhas de suprimentos;

    3. Falhas de operao (produto/servio);

    Custos de Falhas Externas:

    1. Administrao de reclamaes;

    2. Responsabilidade civil pelo item;

    3. Produtos ou servios devolvidos;

    4. Solicitao em garantia;

    5. Alterao das especificaes de projeto;

    6. Penalidades ps-entrega;

    7. Concesses ao cliente/usurio;

    8. Perdas de vendas;

    Fonte: TOLEDO (2002), (Adaptado).

    Segundo Juran e Gryna apud Toledo (2002), os custos da qualidade podem ser

    compreendidos observando se a Figura 7, onde as curvas A+B representa o esquema do

    investimento na preventiva e avaliao, j C+D so os custos de falhas internas e falhas

    externas. CT representa o custo total, que pode ser ajustado ao ponto timo da curva. Quanto

    mais investimentos em custos inevitveis, menos os gastos em custos evitveis. ento, dessa

    forma, que se deduz a verdade do ponto timo entre investimentos em custos inevitveis e

    gastos em custos evitveis, vislumbrando obter menores custos totais da qualidade.

  • 25

    Figura 7: Relao entre os custos e quantidade de peas.

    Fonte: TOLEDO (2002)

    2.3. Thinking Lean Manufatura enxuta

    Segundo Martins (2009), o incio da manufatura enxuta ME est ligado viso de

    negcio dos senhores Sakichi Toyoda e Kiichiro Toyoda, onde vislumbraram a importncia

    da indstria automobilstica no mundo futuro. Esta viso se deu aps visita Ford nos EUA,

    assim nascia manufatura enxuta. A filosofia s passou a ganhar prestgio e notoriedade aps

    o lanamento da obra A Mquina que Mudou o Mundo, em 1990, um trabalho liderado por

    Womack que foi resultado de esforos e estudos realizados pelo Massachusetts Institute of

    Technology (MIT), reportado no International Motor Vehicle Program, sobre a indstria

    automobilstica mundial, resumidamente, um programa que durante 5 anos mapeou vrios

    processos realizando comparaes com a mentalidade enxuta, um novo paradigma, assim

    concluindo que, este modelo, era o mais adequado ao mercado moderno, se tornando cada vez

    mais empregado e bem sucedido.

    Segundo Fujimoto (1999), relata que aps a Segunda Guerra Mundial, quando os

    consumidores passaram a exigir novos padres para consumo, antes eram poucos modelos de

    produtos, que eram poucas variantes e grandes quantidades produzidas, para requisitarem

    produtos diferentes e variados, em quantidades reduzidas.

    Este conceito segundo Picchi (2003) amplamente utilizado por empresas de

    filosofia japonesa, mas em ritmo de crescente expanso para outras culturas, a exemplo a

    ocidental, que focam na melhoria dos seus processos como forma de gerar valor agregado ao

    produto. A manufatura enxuta esta ligada a gesto de sistemas produtivos no campo da

    administrao industrial que compreendem ferramentas, filosofias e tcnicas para promover

    sistematizao prtica das estratgias de melhoria dos processos.

  • 26

    Segundo Womack et al (1996), a mentalidade do lean est baseada na realizao

    progressiva das tarefas ao longo de toda a cadeia produtiva, conhecida como cadeia de valor,

    de modo que um produto seja processado desde o projeto at a chegada nas mos do cliente,

    sem ou com o mnimo de perdas.

    Segundo Womack, Jones e Roos (1992), o pensamento ou mentalidade do lean

    utilizar-se de metade dos esforos, espao de fabricao, investimentos em ferramentas, horas

    de planejamento e desenvolvimento requerendo metade dos estoques para produo de

    produtos resultando em menos defeitos e produzindo mais e uma maior variedade de produtos

    em conformidade com as especificaes.

    Womack et al (1990), define a manufatura enxuta em maiores detalhes como um

    sistema produtivo integrado focado no fluxo produtivo, trabalhando com lotes pequenos e

    reduzida quantidade de peas em estoque; focando em aes de preveno em vez de correo

    de problemas, busca trabalhar com um processo puxado atravs de previses de demandas dos

    clientes, sendo flexvel e possuindo recursos polivalentes, que buscam melhoria contnua e

    agregao de valor ao produto final, para isso atuam na parceria cliente fornecedor.

    Ohno (1997) classifica estas perdas no sistema como Muda, uma palavra de

    origem japonesa que significa atividade que consuma recurso sem agregar valor para o

    cliente, como: Superproduo; Transporte excessivo; Processos inadequados; Esperas;

    Inventrio desnecessrio; Movimentao desnecessria; Produtos defeituosos; Conforme

    Figura 8.

    Figura 8: Os 7 tipos de Muda (desperdcios).

    Fonte: Yamauchi (2012)

  • 27

    2.3.1. Os 5 princpios da Manufatura Enxuta

    Parafraseando Womack e Jones (1998), as definies dos princpios da manufatura

    enxuta tm por objetivo tornar as empresas mais capazes e flexveis em relao ao

    atendimento das necessidades dos clientes e so apresentados abaixo:

    Valor Definio vinda do cliente, onde a empresa precifica seus servios como

    forma de manter seu negcio.

    Fluxo de valor Mapeamento dos processos da cadeia produtiva, destacando

    efetivamente as operaes que realmente agrega valor, as que no agregam, mas so

    indispensveis e as que no geram valor.

    Fluxo contnuo Visa dar escoamento ou fluidez ao processo, identificando a

    melhor forma de produo relacionando as atividades que restam para produo do produto

    acabado.

    Produo puxada A idia principal que o ultimo elo da cadeia seja o acionador

    da cadeia, assim reduzindo as necessidades de quantidades em estoque.

    Perfeio Objetivando a melhoria contnua e constante das pessoas que tem

    interface com o fluxo de valor.

    Segundo Picchi (2003), o fato de se ter vrias vises e focos sobre a filosofia,

    contribuem para a disseminao do conhecimento, massificao desses conceitos e a fixao

    do contedo nas pessoas que realizaro ou usaro as ferramentas Lean. H uma conexo entre

    esses objetivos, princpios e elementos fundamentais com as ferramentas aplicadas pela

    filosofia oriental de produo Lean, conforme Tabela 2:

  • 28

    Tabela 2: Conexo entre objetivos, princpios elementos fundamentais e ferramentas Lean.

    Fonte: PICCHI (2003).

    Comparando Womack e Jones (1998), Kostela (1992) e Picchi (2003), verifica-se

    uma correlao parnima entre os cinco princpios de Womack e Jones, com os elementos

    fundamentais de Picchi e os 11 elementos de Kostela, de modo a complementarem as ideias

    detalhando o foco da viso sobre os princpios do Lean Thinking na aplicao prtica da

    filosofia da produo, conforme Tabela 3.

  • 29

    Tabela 3: Comparaes Lean Thinking.

    Fonte: PICCHI (2003).

    2.3.2. A estrutura do Sistema Toyota de Produo

    Segundo Ohno (1988) apud Yamauchi (2012), a figura da casa da qualidade uma

    representao da estrutura do Toyota Production System (TPS), Sistema Toyota de produo

    (STP) com seus dois pilares Just-in-time e Jidoka. Parafraseando a idia apresentada pela

    Figura 9, essa casa s consegue sustentao se for alicerada em uma base slida e

    consistente, assim como as colunas de sustentao, que representado pelos pilares,

    oferecendo a perpetuao e aplicao do conceito ao longo do tempo sem que volte a estaca

    zero.

  • 30

    Figura 9: Os pilares do Sistema Toyota de Produo.

    Fonte GHINATO (1996), (Adaptado).

    2.3.2.1 Just-in-time

    Segundo Ghinato (1996), o Just-In-Time (JIT) uma ferramenta de abordagem

    estratgica e sistmica, cuja expresso do idioma ingls significa no momento exato, assim

    cada processo dever ser suprido com o item certo, na quantidade certa, no local certo e no

    tempo certo da utilizao. A idia de produo enxuta percebida comparando se um

    processo tradicional, conforme Figura 10, onde entre cada processo ou operao existem

    sempre estoques de matria-prima e produto semi-acabado ou acabado, dependendo do

    estgio onde se observa, aumentando consideravelmente os tempos para obteno de uma

    pea acabada e recursos empregados.

    Figura 10: Modelo tradicional Tipo funcional.

    Fonte: Martins (2009), adaptado.

    O mesmo autor acima, ainda explica que no JIT as operaes ocorrem geralmente em

    um fluxo contnuo, puxado, sendo a pea conduzida de operao em operao, para cada

    operador que agregar valor ao item em produo recebendo a matria-prima no momento

  • 31

    exato que a mesma atinge o estagio determinado, ou seja, o posto de trabalho, nota se que

    existe apenas um ponto de partida com matria prima e uma sada para produto acabado, isso

    permite flexibilidade, controle, qualidade, produtividade e economia, acrescentado ao

    resultado final, assim visto na Figura 11.

    Figura 11: Fluxo unitrio contnuo, no modelo JIT.

    Fonte: Martins (2009), adaptado.

    Slack (2009) nos faz lembrar que JIT definido como a movimentao rpida e

    coordenada de componentes ao longo do sistema de produo e rede de suprimento para

    atender a demanda do consumidor completando a idia do autor, como uma filosofia e ao

    mesmo tempo um mtodo para o planejamento avanado e controle das operaes.

    Sintetizando o raciocnio de Martins (2009), o JIT associa tres elementos

    operacionais bsicos que chegam a ser confundidos com o STP, so estes: Sistema puxado, o

    tempo da operao takt time, e o fluxo contnuo.

    2.3.2.2 Jidoka

    Segundo Baudin (2007) apud Martins (2009), menciona que a palavra Jidoka vem da

    lngua japonesa e que usada para referir se a automao de tarefas na garantia de que a

    operao possa ser realizada com o mesmo nvel de qualidade ao longo dos perodos de

    trabalho. usada a palavra autonomao para uma traduo mais realstica do significado

    original, que a automao com toque humano, separando as atividades humanas das do ciclo

    da mquina, permitindo assim que a pessoa possa atuar em mais de uma mquina, operando-

    as sequencialmente.

    Ainda Martins (2009) complementa que, o principal objetivo reduzir ou eliminar a

    influncia da pessoa no processo de realizao da tarefa, usando uma programao para que a

    mquina realize as operaes sem a necessidade de interveno humana durante o ciclo,

    sejam automticos ou deteco autnoma com dispositivos de segurana adequados

    proteo do operador.

    Ghinato (1996), afirma que embora exista automao no fica restrito apenas as

    mquinas o conceito de autonomao tem muito mais identidade com a idia de autonomia

  • 32

    do que com automao, pois no STP ela aplicada a linhas operadas manualmente e sempre

    preza pela interrupo do processo pela quebra do padro de qualidade.

    Liker (2005), cita que a autonomao remete a lembra das melhorias de Sakishi

    Toyoda para o tear automtico, revolucionando a indstria txtil, mas seu enfoque a parada

    para resoluo do problema que por ventura viesse a ocorrer, de forma que o mesmo no

    tornasse a ocorrer no caso das mquinas, acrescentamos dispositivos que detectam

    anomalias e automaticamente desligam o equipamento. No caso de seres humanos, damos

    lhes o poder de apertar botes ou puxar cordas. Esta idia est alinhada com Ghinato de

    forma a salientar a importncia de no focar apenas as mquinas, mas sim de capacitar as

    pessoas a terem autonomia consciente e responsvel no processo para resoluo de problemas.

    2.4. O mtodo de inspeo e o Controle da Qualidade

    Conforme Iman (1998) apud Calarge e Davanso (2003), o erro humano tem sido nos

    ltimos 30 anos uma das grandes preocupaes para os sistemas produtivos, onde a

    interferncia e participao dos erros desta natureza esto entre 50% a 75% das falhas

    ocorridas, e as necessidades de controle e inspeo tm ficado a cada ano mais rigorosos, no

    intuito de garantir a confiabilidade do produto final.

    Hirata (1993) apud Vidor (2010) relata que a inspeo a atividade de comparao

    do elemento de sada de um processo com os padres estabelecido pelo projeto do elemento,

    ou as definies pr-estabelecidas e documentadas. Onde quaisquer desvios da especificao

    so classificados como uma no conformidade ou produto no conforme. Firmando-se assim a

    necessidade de verificao, controle e anlise do atendimento aos requisitos hora

    estabelecidos.

    Conforme a norma ISO 16949, a definio de qualidade o grau de satisfao dos

    requisitos (necessidades ou expectativas) dado por um conjunto de caractersticas intrnsecas,

    assim a qualidade baseia-se nos princpios da gesto, foco no cliente, a liderana e

    envolvimento das pessoas, abordagem por processos, abordagem da gesto como sistema,

    melhoria contnua, abordagem tomada de decises baseadas em fatos e a relao mutua e

    benfica entre fornecedores, (TECHNICAL SPECIFICATION ISO/TS 16979:2009, 2009).

    Sendo a inspeo um passo de verificao, e na hiptese de no atendimento, os

    dados so registrados e posteriormente uma estatstica gerada no intuito de analisar e tratar

    essas divergncias.

  • 33

    2.5. Mtodo de soluo de problemas (MASP)

    Conforme Hinckley (2006) apud Martins (2009), a metodologia MASP composta

    de seis passos bsicos para soluo de qualquer problema, conforme ilustrado pela Figura 12.

    Figura 12: Mtodo de Soluo de Problemas organizado em um ciclo

    Fonte: Hinckley (2006) adaptado por Martins (2009).

    Segundo Martins (2009), comum que no incio das anlises tenham mais

    problemas do que o time consegue abordar e resolver, por isso indicado trs fatores

    principais para auxiliar na priorizao e tratativa dos problemas, so estes:

    Qual a frequncia com que o fenmeno ou problema ocorre?

    Que ou qual impacto o mesmo trar para o fluxo produtivo?

    Que ou qual impacto para a empresa e para o consumidor dos produtos?

    Quando o problema selecionado, ele deve ser analisado para se identificar

    as causas-raiz e para se determinar se ele resultado de desnecessria

    complexidade da tarefa, erros, ou variao no processo, cada um requerendo

    diferentes mtodos de controle. Se o problema a complexidade

    desnecessria, o produto ou processo simplificado, se o problema devido

    variao, so aplicados os mtodos tradicionais de controle da variao, e

    se o problema um erro, deve-se desenvolver sistemas a prova de erros.

    Quando a causa de um problema tem sido atribuda a um erro, uma anlise

    adicional facilita o desenvolvimento de solues. (MARTINS, 2009, p. 71)

  • 34

    2.6. Dispositivos poka-yoke

    Segundo Shimbun (1988), o poka-yoke est ligado ao STP nas experincias da

    Toyota Motor Company no intuito de obteno de defeito zero na produo, inicialmente

    levou o nome de Baka-yoke, ou seja, a prova de bobeira em portugus. Posteriormente foi

    reconhecido como um termo pejorativo e ofensivo aos operrios, onde foi mudado o termo

    Baka para Poka, ficando ento a traduo para livre de falhas. Essas ligadas ao erro

    humano, pois eram vistas como as principais falhas.

    Do ponto de Shingo (1996), poka-yoke so dispositivos que objetivam o aumento da

    eficincia da produo pela eliminao contnua de desperdcios. Estes possibilitam travar

    defeitos por meio da inspeo de todas as peas, gerando uma informao para tomada de

    deciso no caso de no atendimento dos padres e especificaes, de forma a permitir que

    essa informao ative a parada ou seleo da pea com desvio de qualidade sem depender da

    interveno humana no processo onde est instalado.

    Shingo (1986) apud Martins (2009), relata que os poka-yoke so sistemas a prova de

    erros que permitem a deteco de anomalias e fornecem retorno imediato de uma informao

    quando descoberto algum problema, e so classificado atravs de sua funo regulatria

    Segundo Calarge e Davanso (2003), na manufatura os poka-yoke auxiliam na

    preveno de defeitos em um sistema produtivo, seja mquina, linha ou equipamentos em

    operao, tambm podem gerar um sinal que alimentar outro dispositivo conjugado a este

    que far as intervenes em anomalias durante o controle das caractersticas pr-estabelecidas

    em um processo corrente, tendo como objetivo evitar, prevenir, impedir ou detectar os

    defeitos do produto. Adiante o mesmo autor cita que os erros podem ocorrer por mbito

    tcnico, por inadvertncia ou premeditados.

    Correlacionando os autores acima, todos so unnimes quanto ao conceito no

    permisso de erros, mudando apenas o nvel de detalhamento da ferramenta e as

    funcionalidades da mesma.

    Segundo Vidor (2010), que em seu estudo sobre a interpretao do conceito de poka-

    yoke relacionou que 63% das referncias retratam que o mesmo um dispositivo, outros 21%

    como procedimento, mtodo ou tcnicas e 16% concluiu que so sistemas de preveno.

    2.6.1. Histria e fundamentos do poka-yoke

    Segundo Ohno (1988), o poka-yoke foi uma das invenes do fundador da Toyota,

    o Sr Sakichi Toyoda quando o mesmo, de uma idia totalmente manual, utilizou-se de

  • 35

    tecnologia para automatizar um tear de sua fbrica, e assim criou o tear mecnico automtico,

    seguindo o princpio Jidoka, cujo funcionamento era interrompido mediante a ocorrncia de

    um problema, e mais tarde se tornou uma ferramenta chave no STP, produo enxuta, como

    uma das ferramentas imprescindveis para a sustentao de todo este sistema.

    No STP de acordo com Shingo (1986) apud Ghinato (1996), o Controle da Qualidade

    Zero Defeito (CQZD) no considerado um programa e sim uma metodologia para identificar

    e tratar de forma eficaz os problemas detectados, eliminando a sua reincidncia. Assim foram

    destacados quatro pontos para sustentao do CQZD, parafraseados na descrio abaixo.

    1) Inspeo na fonte: um mtodo preventivo capaz de eliminar completamente a

    ocorrncia, pois a funo controle aplicada na origem ao invs de ser no resultado.

    2) Inspeo 100%: so inspecionados 100% dos produtos ao invs de inspeo

    amostral.

    3) Reduzir tempo de reao: diminuio do tempo entre a descoberta e a aplicao

    de aes para sanar a anomalia.

    4) Reconhecimento das fraquezas: e que as pessoas no so infalveis, aplicando

    ferramentas de controle junto com a execuo poka-yoke.

    Conforme Martins (2009) apud Yamauchi (2012), e Calarge e Davanso (2003), os

    mtodos de inspeo so divididos em trs tipos:

    A) Inspees por Julgamento, que so aquelas que descobrem e revelam os defeitos.

    Os produtos defeituosos passam por uma triagem e so separados dos conformes

    aps o processamento, por meio da comparao em relao a um padro conhecido, sem a

    efetiva diminuio do ndice de defeitos no processo produtivo. Como exemplo ilustrado na

    Figura 13:

    Figura 13: Exemplo de dispositivo para inspeo por julgamento (passa-no-passa)

    Fonte: Digimess (2013).

    B) Inspees informativas, que ajudam na reduo do defeito, pois, enviam uma

    informao ao processo produtor alertando sobre a falha e solicitando a correo adequada em

  • 36

    relao ao ocorrido, porm cabendo ao operador responsabilidade de interveno e correo,

    como mostrado na Figura 14.

    Figura 14: Exemplo de dispositivo para inspees informativas (Verificador de fadigas)

    Fonte: Volkswagen (2013).

    C) Inspees na fonte, essas so as inspees que eliminam os defeitos antes da

    fabricao de um item. Os Poka-yoke ou ferramentas a prova de falha, evitam a um sistema

    autnomo o sinal de ocorrncia do defeito, uma mensagem instantnea, que por sua vez

    interpreta esse sinal, gera uma ao que impede que a anomalia seja gerada, conforme Figura

    15.

    Figura 15: Exemplo de dispositivo para inspees na fonte (memory stick slot)

    Fonte: Sony (2013)

    2.6.2. Classificao dos dispositivos poka-yoke

    Conforme Moura e Banzato (1996) apud Calarge e Davanso (2003), relata que no

    processo de manufatura, os dispositivos poka-yoke, tem a funo de interromper a operao,

    controlar ou alerta, caso haja algo fora do padro.

    Vidor (2010) classifica as funes ligando-as a essncia ou propsito de atuao dos

    poka-yoke que determina o nvel da restrio ou autonomia quanto deciso do operador ou

    da mquina na interpretao do erro quanto a sua continuidade de produo, apenas alerta,

    detecta ou restringe.

  • 37

    Ambas as idias dos autores so homnimas e enquadram-se na Figura 16.

    Figura 16: Classificao de um dispositivo Poka-yoke, quanto s funes.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

    Calarge e Davanso (2003) continuam abordando os mecanismos de deteco dos

    dispositivos e classifica-os em quatro mtodos, conforme Figura 17.

    Figura 17: Classificao de um dispositivo Poka-yoke, quanto aos mtodos.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

    2.6.2.1. Mtodo de comparao

    Neste mtodo so utilizados dispositivos que permitam comparaes de grandeza

    fsicas, como dimenses lineares ou angulares, presses, temperaturas, torque, velocidade e

    dureza, e ento confrontando os resultados da leitura a um padro conhecido de aceitao, um

    intervalo definido mnimo e mximo aceitvel. O resultado ser comparado ao padro, e no

    caso de no atendimento h um alerta ou sinal de para ao para bloqueio da continuidade da

    operao ou segregao do produto, Figura 18.

  • 38

    Figura 18: Poka-yoke, mtodo de comparao.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

    2.6.2.2. Mtodo de contato

    Este mtodo conta com dispositivos de deteco ou sinalizadores chamados de chave

    de contato ou sensores de presena, que geram um sinal, no caso de acionamento. Assim

    associados emitem uma informao mquina que libera a operao para o processamento,

    Figura 19.

    Figura 19: Poka-yoke, mtodo de contato.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

  • 39

    2.6.2.3. Mtodo de contagem

    Este mtodo utiliza se de um dispositivo que detectam anormalidades atravs da

    contagem numrica do nmero movimentos que deve ser repetido durante uma operao, ou

    contagem fsica das quantidades de elementos necessrios para a operao, Figura 20.

    Figura 20: Poka-yoke, mtodo de contagem.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

    2.6.2.4. Mtodo de posicionamento

    Este mtodo permite que a operao seja conduzida pelo operador somente quando

    h o posicionamento correto do elemento, pea ou componente no conjunto onde o mesmo

    far parte, impedindo fisicamente a montagem inadequada do componente, ou seja, permite

    apenas uma forma de montagem, a posio correta, Figura 21.

    Figura 21: Poka-yoke, mtodo de posicionamento.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

  • 40

    2.7. APQP - Advnced Product quality Planning

    Conforme AIAG (2013), o processo APQP, em ingls Advnced Product quality

    Planning foi desenvolvido na final dos anos 80 por uma comisso das principais indstrias

    automobilsticas americanas, com o objetivo de analisar o estado de desenvolvimento e

    produo automotiva nos Estados Unidos, Europa e Japo. Baseada no planejamento da

    qualidade e satisfao do cliente, atravs da avaliao da melhoria contnua, garantindo

    fornecimento, prazo, qualidade e custo. relatado que o mesmo serve como um guia no

    processo de desenvolvimento e tambm uma forma padro para compartilhar resultados entre

    fornecedores e empresas do ramo automotivo. Tem como foco planejar antecipadamente a

    qualidade e determinar se os clientes esto satisfeitos avaliando os resultados e suportando

    melhorias contnuas, organizando a realizao de todas as etapas do desenvolvimento, a partir

    da data do fechamento do contrato de fornecimento at o prazo para entrega da primeira

    produo. Alm de compartilhar resultados entre fornecedores, as empresas devem fazer uma

    parceria, pois quanto mais cedo for o envolvimento dos fornecedores no projeto, maiores

    benefcios as empresas tero, devido ao conhecimento e experincia que possuem, podendo

    conduzir a melhorias no design do produto.

    2.8. FMEA - Failure Mode Efect and Analysis

    Segundo o manual de referncia INSTITUTO DA QUALIDADE AUTOMOTIVA

    (2008), FMEA uma metodologia analtica viva utilizada para assegurar que os problemas

    potenciais tenham sido considerados e abordados, ao longo de todo processo de

    desenvolvimento de produtos e processos via APQP. O FMEA um mtodo qualitativo que

    contribui para a melhoria da confiabilidade, manuteno, disponibilidade, segurana de um

    produto, processo e meio de produo. E permite a tomada de ao antes do problema

    efetivamente acontecer, aumentando a chance de sucesso na liberao do produto para a

    produo seriada, alem de reduzir tempo do que as ferramentas da qualidade que focam no

    problema j existente.

    Conforme apostila de treinamento de Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos,

    Interaction Plexus (2008) 4 edio, FMEA Failure Mode Efect and Analysis, anlise dos

    modos de falha e seus efeitos, um grupo de atividades sistemticas com a inteno de;

    reconhecer e avaliar falhas potenciais de um produto/processo e os efeitos desta falha

    prevendo-as de forma a correlacion-las a uma severidade. Tambm dar base para identificar

  • 41

    aes que possam eliminar ou reduzir a chance de falhas potenciais ocorrerem, atuando

    assim na ocorrencia dos fatos no processo e documentar todo o processo, uma anlise

    crtica do processo ou produto ao qual ser a sada desta ferramenta.

    Conforme Toledo (2006), o FMEA pode ser realizado e aplicado nos seguintes casos:

    a) Na reduo da probabilidade de falhas potenciais ou ocorrncias em produtos

    ou processos j implementados;

    b) Na reduo da probabilidade de falhas ou ocorrncias potenciais em projetos

    de novos produtos ou de novos processos;

    c) Na melhoria de produtos ou processos j implementados levando em

    considerao as falhas j ocorridas;

    d) Na reduo da probabilidade de ocorrerem erros e melhorar os procedimentos

    administrativos.

    Segundo a AIAG (2008), o manual do FMEA pode ser utilizado tanto na fase de

    desenvolvimento do projeto, DFMEA Design Failure Mode Efect and Analysis, na fase de

    projeto conceitual e durante a fase onde h produtos em processo, PFMEA Process Failure

    Mode Efect and Analysis, Tabela 4.

    Tabela 4: Tipos de FMEA por fase de desenvolvimento de produto.

    Fonte: Calarge e Davanso (2003), adaptado pelo autor.

  • 42

    2.8.1. DFMEA Design Failure Mode Efect and Analysis

    Segundo AIAG (2008), o DFMEA visa descobrir falhas potenciais associadas com o

    projeto do produto baseada na especificao de desempenho, analisando onde possa ocorrer

    mau funcionamento do produto, encurtamento da vida til, risco de segurana ao utilizar o

    produto.

    Segundo Toledo (2006), O DFMEA considera as falhas que podero ocorrer com o

    produto mesmo que as especificaes do projeto sejam atendidas, assim como seu objetivo

    antecipar se s falhas e elaborar aes para que o produto no apresente os efeitos decorrentes

    do projeto mal elaborado.

    2.8.2. PFMEA Process Failure Mode Efect and Analysis

    Segundo AIAG (2008), o PFMEA visa descobrir falhas potenciais associadas com o

    produto, onde possa ocorrer impacto na qualidade do produto durante a fabricao, reduo da

    confiabilidade, causar insatisfao do cliente ou oferecer riscos segurana dos consumidores

    ou ambiental.

    Conforme Toledo (2006), o PFMEA considera falhas no planejamento e execuo do

    processo, com o objetivo de evitar a ocorrncia ou possiveis falhas durante a fase de

    fabricao tomando como referencia no conformidades quanto ao no atendimento das

    especificaes do projeto do produto. O mesmo ainda relaciona um terceiro tipo de anlise de

    modo de falha, no mbito administrativo, que o FMEA de procedimentos. Este menos

    comum, mas em alguns processos indispensveis e seguem a mesma metodologia do PFMEA.

    2.8.2.1. Formulrio FMEA

    Conforme manual de referencia de Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos,

    Interaction Plexus (2008) 4 edio, a base para aplicao da metodologia o formulrio

    FMEA, sitematizando assim o modo de conduo do trabalho a ser desenvolvido, conforme

    mostrado na Tabela 5. O formulrio extensvel para todos os tipos de FMEA.

  • 43

    Tabela 5. Formulrio de FMEA de processo 4 edio AIAG

    Fonte: AIAG (2008)

    Severidade

    Ocorrncia

    Deteco

    NPR

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    Severidade

    Classificao

    Ob

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  • 44

    2.8.2.2. Funcionamento e desenvolvimento do PFMEA

    Conforme Toledo (2006), descreve que o principio da metodologia independe do

    tipo de FMEA pois a essncia do trabalho est nas pessoas que comporo o time e que a

    anlise consiste basicamente na formao de um grupo de pessoas que identificaro para o

    produto em questo suas funes e requisitos, os tipos de falhas que podem ocorrer, os efeitos

    e as possveis causas destas falhas, no caso, esperado o envolvimento um representate de

    cada reas da organizao, chamadas equipes multitarefas ou multidisciplinares.

    Conforme manual de referencia de Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos,

    Interaction Plexus (2008) 4 edio, aps estabelecimento do time, inicia-se o preenchimento

    do formulrio com as informaes do cabealho para a identificao do produto, anlise das

    informaes e estudo do processo, possibilitando identificar e levantar as informaes do

    processo a ser trabalhado, seguindo os passos abaixo ser possivel realizar um PFMEA

    completo:

    1) Identificao da etapa do processo a ser avaliada e as funes. A idia saber

    quem ser analisado.

    2) Declarao do requisito da funo mensionada.

    3) Estudo e levantamento dos possveis modos de falhas com base na funo ou

    requisito.

    4) Estudo e levantamento dos efeitos para o modo de falha mencionado, assim como

    a pontuao de severidade do modo de falha para o processo e cliente.

    5) Estudo e levantamento da causa potencial da falha, ou seja quais so as causas do

    modo de falha, assim como a pontuao da ocorrncia delas no processo.

    6) Constatao e evidncias de quais controles atuais o processo dispe para

    preveno do modo de falha.

    7) Constatao e evidncias de quais controles atuais o processo dispe para

    deteco do modo de falha, assim como a pontuao para o controle aplicado. Multiplicao

    dos ndices severidade, ocorrencia e deteco, colocando o resultado no campo NPR ao lado

    do campo de deteco do formulrio.

    8) Definio da ao requerida, que elimine a razo da ocorrencia do modo de falha.

    9) Eleio de um responsvel e prazo para aplicao da ao.

    10) Aps prazo, verificao e validao para constatar a aplicao da ao no

    processo, registrando a evidncia no formulrio.

  • 45

    11) Uma nova avaliao requerida para repontuar a ocorrncia e deteco aps a

    implantao da ao recomendada. As pontuaes so obtidas realizando-se uma nova

    multiplicao dos ndices conforme passo 7, porm, leva-se em considerao os novos ndices

    do campo resultado das aes, assim, o novo valor encontrado registrando no ltimo campo

    direita do formulrio, Tabela 6.

    Tabela 6: Fluxo de preenchimento do PFMEA

    Fonte: AIAG (2008)

  • 46

    2.8.2.3. Tabelas de classificaes para severidade, ocorrncia e deteco

    Conforme manual de referencia de Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos,

    Interaction Plexus (2008) 4 edio, as severidades, ocorrncia e deteco devem ser

    pontuadas com base em suas respectivas tabelas apresentadas nas Tabelas 7, 8 e 9.

    Tabela 7: Tabela de Severidade para FMEA de processo

    Severidade Critrio ndice

    Efeitos para os clients Efeito para

    manufatura/montagem

    Perigoso

    sem avisos

    Ranking de severidade muito alto quando um

    efeito de modo de falha em potencial de um

    sistema de segurana opera sem avisos

    (compromete a segurana) e/ou envolve o no

    cumprimento de regulamentao do governo

    Pode colocar o operador em risco sem

    avisos

    10

    Perigoso

    com aviso

    Ranking de severidade muito alto quando um

    efeito de modo de falha em potencial de um

    sistema de segurana opera com avisos

    (compromete a segurana) e/ou envolve o no

    cumprimento de regulamentao do governo

    Pode colocar o operador em risco com

    avisos

    9

    Muito Alto

    Sistema inopervel (perda da funo primria) 100% do produto possivelmente dever

    ser jogado fora, ou produto devera ser

    reparado no departamento devido com

    um tempo maior que 1 hora

    8

    Alto

    Sistema opervel porm em um nvel de

    performance reduzido

    O produto dever ser desmontado e

    classificado e uma poro dele jogada

    fora ou produto devera ser reparado no

    departamento devido, com um tempo

    entre meia hora e 1 hora

    7

    Moderado

    Sistema opervel porm com itens de

    conforto/convenincia inoperveis. Cliente

    insatisfeito

    Uma poro do produto dever ser

    jogada fora sem necessidade de

    desmont-lo e classific-lo ou produto

    devera ser reparado no departamento

    devido, com um tempo menor que meia

    hora

    6

    Baixo

    Sistema opervel porm com itens de

    conforto/convenincia operveis em um nvel

    reduzido de performance. Cliente um pouco

    insatisfeito

    100% do produto dever ser

    retrabalhado ou o produto dever ser

    reparado fora da linha de produo mas

    no precisa ir para o departamento de

    reparos

    5

    Muito

    baixo

    Sistema produz barulhos e chiados; encaixes

    no esto de acordo. Defeito notado pela

    maioria dos clientes (mais que 75%)

    Um produto dever ser desmontado e

    classificado e uma poro dele dever

    ser retrabalhado 4

    Mnimo

    Sistema produz barulhos e chiados; encaixes

    no esto de acordo. Defeito notado pela metade

    dos clients

    Uma poro do produto dever ser

    retrabalhada dentro da linha, mas fora

    da estao 3

    Quase nulo

    Sistema produz barulhos e chiados; encaixes

    no esto de acordo. Defeito notado por poucos

    clientes (menos que 25%)

    Uma poro do produto dever ser

    retrabalhada dentro da linha, mas dentro

    da estao 2

    Nulo Nenhum efeito Nenhum efeito ou pequenos

    incovenientes para o operador 1

    Fonte: AIAG 2008

  • 47

    Tabela 8: Tabela de ocorrncia para FMEA de processo

    Probabilidade Probabilidade de falha ndice

    Muito Alto: A falha quase inevitvel 1 em 10 10

    Alto: muitas falhas

    1 em 20 9

    1 em 50 8

    1 em 100 7

    Moderado: falhas ocasionais

    1 em 500 6

    1 em 2.000 5

    1 em 10.000 4

    Baixo: poucas falhas 1 em 100.000 3

    1 em 1.000.000 2

    Remota: A falha improvvel de ocorrer

    Falhas eliminadas atraves de

    controles preventives

    (Poka-Yokes)

    1

    Fonte: AIAG 2008.

    Tabela 9: Tabela de deteco para FMEA de processo

    Deteco Critrio A B C Alcance sugerido para mtodos de deteco ndices

    Nula Absoluta certeza de

    no deteco X No pode detectar ou no checado 10

    Muito Remota O controle

    provavelmente no

    ira detector X

    O controle executado com checagens indiretas ou

    aleatrias 9

    Remota O controle tem uma

    chance pequena de

    deteco X

    O controle executado apenas com inspeo visual 8

    Muito Baixa O controle tem uma

    chance pequena de

    deteco X

    O controle executado apenas com dupla inspeo

    visual 7

    Baixa O controle pode ou

    no detector X X

    O controle executado com representaes grficas,

    como controle estatstico do processo, por exemplo. 6

    Moderada O controle pode ou

    no detector

    X

    O controle baseado em uma varivel a ser medida

    aps as peas terem sado da estao ou medio do

    tipo passa no passa em 100% das peas aps elas

    terem sado da estao.

    5

    Moderada/alta O controle tem uma

    boa chance de

    detector X X

    Deteco de erros em operaes subsequentes ou

    medio feita na montagem (para causas relativas

    montagem) 4

    Alta O controle tem uma

    chance boa de

    detector

    X X

    Deteco de erros dentro da estao ou deteco de

    erros em operaes subsequentes por camadas

    mltiplas de aceitao; Suprimentos, seleo,

    instalao e verificao. No se pode aceitar partes

    discrepantes

    3

    Muito alta quase certeza que

    o controle ir

    detector X X

    Deteco do erro dentro da estao (medio

    automatica com parada automtica). No pode passar

    partes discrepantes 2

    Muito alta O controle ir

    detector X

    Partes discrepantes no podem ser feitas porque o

    item foi imunizado a erros devido ao projeto ou

    processo do produto 1

    Legenda:

    A) Fortalecido contra erros B) Medies C) Inspees manuais

    Fonte: AIAG 2008.

  • 48

    2.8.2.4. Pontuaes de severidade, ocorrncia e deteco

    Segundo Toledo (2006), as pontuaes para os ndices so encontradas com base nas

    tabelas 7, 8 e 9. Sendo que para severidade, obtido conforme enquadramento dos critrios ao

    efeito potencial da falha. O resultado da classificao o ndice de severidade para o efeito do

    modo de falha mencionado.

    Para a ocorrncia, leva-se em considerao a frequncia com que o efeito do modo

    de falha acontece, e com base na tabela de critrios para ocorrncia, correlaciona se o ndice

    do campo.

    Com base no equipamento utilizado para deteco do modo de falha, observa-se o

    atendimento dos mesmos aos alcances sugeridos para este mtodo de deteco e assim obtem-

    se o ndice para a deteco.

    Na sequncia faz-se uma multiplicao dos ndices severidade, ocorrncia e

    deteco, onde obtendo-se um resultado, este valor registrado no campo NPR.

    2.8.2.5. Classificao para tomada de ao

    Conforme manual de referncia de Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos,

    Interaction Plexus (2008) 4 edio, as aes requeridas so mandatrias quando, a severidade

    for sinalizada com 9 ou 10, as aes recomendadas so mandatrias para este ndice e devero

    ser aplicadas, a fim de reduo ou atenuao da severidade do risco.

    O manual de referencia de Anlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos, Interaction

    Plexus (2008) 4 edio sugere no adotar uma nota de corte, a fim de no negligenciar a

    severidade do efeito potencial da falha. Assim as empresas devem tratar as maiores

    pontuaes dos modos de falha.

    2.8.2.6. Plano de ao

    Conforme descrito na ISO 16949 (2009), em seus itens 8.5.2 e 8.5.3, onde tratado a

    questo de ao corretiva e ao preventiva a organizao deve definir aes para eliminar as

    causas de no-conformidade potenciais de forma a evitar sua ocorrencia ou repetio. Estas

    aes devem ser apropriadas aos efeito do problema potencial.

  • 49

    2.9. Relao do Poka-yoke e FMEA com as normas de gesto da

    qualidade

    A ISO 16949 um documento que contm recomendaes de prticas da indstria

    automotiva, exemplos, ilustraes e explicaes, de forma a fornecer ajuda na aplicao desta

    especificao tcnica no alcance da conformidade aos requisitos por ela pregada (IATF,

    2013).

    Conforme descrito na ISO 16949 (2009), em seu iten 8.5.2.2. a organizao deve

    usar mtodos prova de erro no seu processo de ao corretiva, esta preocupao objetiva

    eliminar a causa de uma no conformidade; Pode ser empregada em duas fases do ciclo de

    vida do produto, que durante o planejamento ou projeto do produto/processo ou durante a

    fase de produo como melhoria contnua ou ao corretiva, de tal modo a no permitir uma

    nova ocorrencia.

    Segundo a VDA 6.3 (2010), o requisito P 6.2.3 nos exemplos de aplicao tratado

    sobre solues poka-yoke e mtodos para garantia de atendimento dos requisitos do cliente.

    No requisito P 6.2.4. tambm citado a metodologia poka-yoke, mas o enfoque sobre as

    caractersticas especiais na produo, tratada no exemplo de aplicao como evidencia o

    PFMEA.

    Segundo o manual QSB, em sua etratgia 8 aborda com enfoque especial a questo

    do processo de reduo de riscos, assim como a anlise dos modos de falhas e seus efeitos e

    dispositivos a prova de erros, de modo a assegurar efetiva reduo dos riscos do processo e

    garantia de funcionamento dos dispositivos a prova de erros, (Interaction Plexus e General

    Motors, 2007).

  • 50

    CAPTULO 3 - METODOLOGIA

    Este captulo tem por objetivo apresentar a classificao deste trabalho segundo a

    metodologia cientfica de pesquisa em Engenharia de Produo, os sistemas produtivos da

    empresa, assim como relatar e demonstrar os passos para a aplicao de um Poka-yoke como

    ao resultante da metodologia FMEA, focando o potencial de falhas no processo produtivo

    da expedio, estocagem e separao de produtos para carga. Apresentando o problema de

    falha na identificao das embalagens para exportao de peas em uma empresa

    transformadora de plstico para o setor automobilstico.

    3.1. Metodologia da pesquisa

    Quanto sua natureza enquadra-se pesquisa aplicada com objetivo exploratrio e

    de abordagem qualitativo, sendo um mtodo de estudo de caso, por Gil (2006), descrito como

    procedimento racional e sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas aos

    problemas que so propostos, que tambm foi abordado por Miguel (2010), correlacionando

    que a pesquisa proporcionar maior familiaridade com o problema e tornar mais explicito

    para construo ou aprimoramento de idias, identificando os fatores que contribuiro para a

    ocorrncia do fenmeno, ilustrada pela Figura 22.

    Figura 22: Metodologia de pesquisa em Engenharia de Produo

    Fonte: Miguel (2010), Adaptado pelo autor.

    A proposta o levantamento dos dados do PFMEA quanto s pontuaes do NPR, a

    reviso do PFMEA conforme metodologia, aplicao do poka-yoke como uma ao resultante

  • 51

    do PFMEA revisado e retroalimentao e acompanhamento da validao dos casos na linha,

    com a reviso das pontuaes aps a implantao da ao.

    3.2. Sistemas produtivos da empresa

    A empresa possui vrias plantas de produo, denominados tambm de sites. Na

    planta matriz, encontram-se os processos de sopro, injeo, injeo espumada, extruso e

    termoformagem, e tambm recebendo produtos acabados (PA) das plantas de rotomoldagem,

    cermica e borracha. Armazenando em um pequeno pulmo de peas no seu estoque de PA

    para sequenciamento das entregas aos clientes.

    As linhas de produo so divididas em grupos de mquinas de acordo com o tipo de

    transformao que casa uma oferece, conforme Figura 23.

    Figura 23: Grupos de mquinas da empresa

    Fonte: Adaptado pelo autor.

    O foco deste estudo ser avaliar o setor de sopro automotivo ou automobilstico que

    produz dutos para direcionamento de ar dos painis de caminhes.

    Mantendo a linha em atuao desde 2005, quando recebeu de seu cliente cerca de

    130 moldes para continuao do processo de fornecimento, devido transferncia de

    ferramental do outro fornecedor que perdeu o pacote de trabalho. Culminando em um trabalho

    rduo e extenso para adequao dos projetos, processos e ferramental s maquinas da empresa

    em estudo.

  • 52

    3.3. Passos para aplicao do Poka-yoke

    Para que seja possvel a aplicao da ferramenta proposta, necessrio o seguimento

    dos passos descritos a seguir para melhor robustez do sistema ou soluo final.

    3.3.1. Identificao da situao problema

    Na fase inicial de projeto e desenvolvimento do produto, o cliente sinalizou a

    necessidade de identificao das caixas conforme seus requisitos especficos, o que implicaria

    para a empresa fornecedora no setor de expedio, a colocao de uma etiqueta a mais nas

    caixas dos produtos, denominada Odette label, utilizada globalmente no intuito de

    padronizao do sistema de leitura para recebimento das peas.

    Internamente, eram utilizadas a etiqueta UNI, com a finalidade de identificar o

    produto no processo produtivo e a OT, que fornece apenas o endereamento para guardar o

    produto no estoque de PA, conforme Figura 24.

    Figura 24: Modelo das etiquetas Odette label, UNI e OT respectivamente.

    Fonte: Prprio autor.

    Anos mais tarde, ocorreram falhas no processo de etiquetagem que s foram

    descobertas pelo cliente automotivo durante a montagem do veculo. Foram encontradas

    peas no interior da caixa divergente da informao contida na etiqueta de identificao

    Odette label, as etiquetas UNI e OT, estavam condizentes com o produto embalado.

    Tal fato gerou impactos para a linha de montagem, como parada por falta de

    componente, sada de veculo incompleto, retrabalhos, e quando existe pequena diferena na

    geometria na pea, corre-se o risco de que ela seja montada no veculo, e este erro somente ser

    percebido pelo consumidor final do produto, aps sua compra. No caso, se este produto fosse

    um item de segurana, agrava ainda mais os impactos para a empresa fornecedora, pois

    geraria um recall para substituio do produto em campo.

  • 53

    3.3.2. Anlise do problema

    Um dos principais passos para solucionar problemas fazer uma delimitao e

    entendimento minucioso aps sua seleo.

    Esta analise dar maior certeza para se identificar a sua causa-raiz, ou seja, a causa

    principal pelo qual o problema ocorre. Isto ocorre atravs do trabalho em equipe realizado por

    um grupo multifuncional.

    As potencias causas devem ser estudadas detalhadamente atravs de abordagens da

    metodologia de anlise e soluo de problemas (MASP), anlise e mapeamento do fluxo de

    informaes.

    Analisando o fluxo das peas, percebe-se que, so produzidas nos seus respectivos

    centros ou processo de produo mediante a um pedido do cliente, atravs de uma ordem de

    produo (OP). Depois de produzidas, seguem para o estoque de produto acabado (PA).

    Durante o processo de expedio, elas passam por um processo de separao e etiquetagem

    manual, assim que terminado este ltimo passo, as peas so carregadas no container para

    seguir rumo ao cliente, finalizando o processo, conforme Figura 25.

  • 54

    Figura 25: Mapeamento do fluxo de produo, incio do projeto.

    Fonte: Prprio autor.

  • 55

    Observou-se que durante uma das fases do APQP, na realizao do PFMEA, o grupo

    abordou superficialmente o processo de estocagem, deixando os processos de separao,

    identificao e expedio sem as anlises crticas dos modos de falhas possveis. Os

    problemas levantados no foram submetidos a uma metodologia para soluo de problemas,

    que identificasse sua causa raiz e gerasse aes para correo.

    O formulrio preenchido do PFMEA, referindo-se a anlise realizada no incio do

    projeto para o processo mencionado, pode ser observado na Tabela 10.

    Tabela 10: PFMEA realizado no incio do projeto.

    Fonte: Arquivos internos, adaptado pelo autor.

    3.3.3. Gerar as solues possveis

    Aps serem analisados os fluxos de informaes da produo, uma nova reviso de

    PFMEA foi realizada para reavaliar e registrar os possveis modos de falhas no abordados no

    incio do projeto nas operaes de Estocagem, Separao (packing list) e Expedio,

    incluindo recalculo das pontuaes.

    Conforme ilustrado na Tabela 11, tem-se que para a etapa do processo estocar

    produto acabado adequadamente, o modo de falha no armazenar produtos em local

    adequado. O efeito da causa sujar o produto. Conforme Tabela 7, este modo de falha

    classificado como uma severidade moderada, pois o efeito para o cliente uma insatisfao e

    para o processo, pode ser que um produto danifique e na sequncia uma parte seja descartada,

    assim recebe 6.

    Posteriormente foi registrado que a causa a falta de rea para estocagem e a

    ocorrncia observada na proporo de uma em 2000, ver Tabela 8, recebendo o ndice 5.

    Para preveno usa-se um procedimento e para controle usa-se sistema informatizado, porm

    um sistema informativo e depende da observao visual, e conforme Tabela 9, recebe o

    ndice 8. Para gerar o NPR multiplicam-se os trs nmeros da pontuao (6, 5 e 8) que gerar

    o NPR 240, faz-se isso para todos os efeitos.

  • 56

    Tabela 11: PFMEA realizado conforme manual de referncia AIAG.

    Fonte: Arqui