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Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Registro: 2011.0000022799

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº

0001679-10.2009.8.26.0070, da Comarca de Batatais, em que é apelante

JOSÉ GONZAGA MEDEIROS sendo apelados DEBORA ELAINE

HENRIQUE SANTOS e ANDRESSA ELAINE LEITE.

ACORDAM, em 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de

Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao

recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este

acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores

ITAMAR GAINO (Presidente) e VIRGILIO DE OLIVEIRA JUNIOR.

São Paulo, 23 de março de 2011.

Silveira Paulilo

RELATOR

Assinatura Eletrônica

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Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

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VOTO Nº: 28068

APELAÇÃO Nº 0001679-10.2009.8.26.0070

COMARCA: BATATAIS

APELANTE: JOSÉ GONZAGA MEDEIROS

APELADOS: DEBORA ELAINE HENRIQUE SANTOS E ANDRESSA

ELAINE LEITE

PARTE: LUIZ CARLOS LEITE

EMBARGOS DE TERCEIRO - Imóvel – Penhora – Impossibilidade – Bem de família - Recurso improvido.

Cuida-se de apelação, respondida e bem processada, por meio da qual quer ver o apelante reformada a r. sentença monocrática, da lavra do MM. Juiz de Direito Sérgio Martins Barbatto Júnior, que julgou procedentes os embargos de terceiro, determinando o levantamento da penhora. Sustenta, em apertada síntese, a possibilidade de penhora da metade do imóvel. As apeladas, em contra-razões, defendem a r. sentença e propugnam pelo improvimento do recurso.

É o relatório.

Trata-se de embargos de terceiro opostos por DÉBORA ELAINE HENRIQUE SANTOS E OUTRA contra ato de penhora incidente sobre suposto bem de família.

Segundo consta no registro de imóveis (fls. 44/6), o imóvel situado à Rua Afonso Pena, n.º 2, pertence à embargante DÉBORA ELAINE e ao executado LUIZ CARLOS LEITE, de quem está separada judicialmente.

Conforme artigo 1º da Lei n.º 8.009/90, “o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei”. Já o artigo 5º, da referida lei, dispõe que, “para os efeitos de

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impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente”.

Além disso, segundo Súmula 364 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, “o conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.

Na hipótese, é fato residirem as embargantes, por vários anos, no imóvel penhorado, conforme documentos de fls. 11/37.

O imóvel, portanto, sendo morada das apeladas, é bem de família e, conseqüentemente, impenhorável.

Ressalte-se que a proteção atinge a inteireza do bem, ainda que derivada apenas da meação da mulher, a fim de evitar a frustração do escopo da Lei nº 8.009/90, que é a de evitar o desaparecimento material do lar que abriga a família do devedor.

Nesse sentido:

Civil e processo civil. Recurso especial. Bem indivisível. Fração de imóvel impenhorável. Alienação em hasta pública. Possibilidade.

- A impenhorabilidade da fração de imóvel indivisível contamina a totalidade do bem, impedindo sua alienação em hasta pública.

- A Lei 8.009/90 estabeleceu a impenhorabilidade do bem de família com o objetivo de assegurar o direito de moradia e garantir que o imóvel não seja retirado do domínio do beneficiário.

Recurso especial conhecido e provido.

(STJ, REsp 507.618/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/12/2004, DJ 22/05/2006, p. 192)

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO MOVIDA AO CÔNJUGE VARÃO. LEI N. 8.009/90 SUSCITADA PELO EXECUTADO E REJEITADA POR DECISÃO JÁ PRECLUSA. EMBARGOS DE TERCEIRO DA ESPOSA MEEIRA. REAVIVAMENTO. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 205-STJ.

I. Inobstante afastada pela instância ordinária, com

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decisão preclusa, a aplicação da Lei n. 8.009/90 à penhora havida nos autos da execução movida ao cônjuge varão, tem-se que a questão pode ser reavivada em embargos de terceiro opostos pela esposa do devedor, que não integrava aquele processo.

II. Proteção que atinge a inteireza do bem, ainda que derivada apenas da meação da esposa, a fim de evitar a frustração do escopo da Lei nº 8.009/90, que é a de evitar o desaparecimento material do lar que abriga a família do devedor.

III. Agravo desprovido.

(STJ, AgRg no REsp 480.506/RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 21/11/2006, DJ 26/02/2007, p. 594)

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Apelação / Espécies de Títulos de Crédito 990104238706

Relator(a): Vicentini Barroso

Comarca: Cotia

Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Privado

Data do julgamento: 23/11/2010

Data de registro: 06/12/2010

Ementa: EMBARGOS DE TERCEIRO - Imóvel indivisível - Condômino-possuidor que nele mora - Bem de família (Lei n° 8.009/90) - Penhora afastada - Recurso desprovido.

Apelação / Alienação Fiduciária 992090717413 (1284565200)

Relator(a): Kioitsi Chicuta

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 32ª Câmara de Direito Privado

Data do julgamento: 09/09/2010

Data de registro: 15/09/2010

Ementa: Embargos de terceiro. Oferta pela mãe da executada contra ordem de penhora em bem imóvel. Extinção do processo sem julgamento de mérito. Alegação

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de impenhorabilidade do prédio onde reside. Interesse e legitimidade da embargante caracterizados. Extinção afastada. Impenhorabilidade da fração do imóvel indivisível que atinge sua totalidade. Precedentes jurisprudenciais. Embargos acolhidos para liberar o imóvel da constrição judicial. Recurso provido para afastar a extinção, julgando, no mérito, procedente 'a ação. A co-proprietária de bem imóvel, ainda que não tenha a sua parte atingida pela penhora, tem legitimidade e interesse no ajuizamento de embargos de terceiro. A embargante não está buscando proteger sua quota-parte no imóvel, tanto que não atingida pela constrição, mas proteger todo o bem pela invocação do instituto do bem de família. Qualquer integrante da família, na condição de condômino na propriedade indivisível, detem legitimidade e interesse em argüir a impenhorabilidade do prédio onde reside. Consoante precedentes jurisprudenciais, a impenhorabilidade da fração do imóvel indivisível atinge a totalidade do bem, tanto assim que a finalidade da Lei 8009/90 é evitar o desaparecimento material do lar que abriga a família do devedor.

Apelação / Honorários Advocatícios 992060665784 (1082411000)

Relator(a): Manoel Justino Bezerra Filho

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 35ª Câmara de Direito Privado

Data do julgamento: 01/03/2010

Data de registro: 10/03/2010

Ementa: Bem de família - Impenhorabilidade - Impossibilidade, mesmo que se trate de metade ideal - Embargos de terceiro procedentes - Sentença confirmada - A Lei 8009/90 tem por finalidade impedir que o bem de família venha a ser penhorado é levado à praça judicial, o que obstaria a continuação do exercício do direito de moradia; por estes mesmos fundamentos, o arresto ou penhora sobre a metade ideal do imóvel fica impedido, pois o praceamento da metade ideal também levaria ao mesmo resultado que a lei visa evitar. - Recurso não provido, v.u..

Inadmissível, portanto, a constrição sobre o referido

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bem.

Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso.

SILVEIRA PAULILORelator