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Apertado, recuou mentindo sem pudor Ulysses: “Traidor da Constituição é um traidor da Pátria” Pág. 8 Das mil MPs editadas pelo PT, 900 tiveram propina, diz Palocci Bolsonaro incita seus adeptos à violência: “não aceito derrota” Para Marina, Bolsonaro ”amarelou” com medo de perder as eleições olsonaro declarou – duas vezes – que não aceitaria qualquer re- sultado da eleição, que não fosse a sua vitória, pois seria uma fraude. Chegou a acrescentar: “estou desconfiando de alguns profissionais dentro do TSE” - e várias vezes falou em tentativa de fraude através das urnas eletrônicas. Depois que as críticas choveram contra essa incitação de seus seguidores à violência, Bolsonaro disse que apenas queria dizer que não cumprimentaria outro candidato que vencesse. Como sempre, quando a situação aperta, Bolsonaro muda a versão. Página 3 3 e 5 de Outubro de 2018 ANO XXVIII - Nº 3.672 Goulart: privatizar nossa Previdência é cartilha perversa do Banco Mundial Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL Ibaneis dispara no DF e sobe de 2% para liderar eleição com 24% O can- didato ao Senado pelo Distri- to Federal, João Pedro (PPL), con- siderou que a subida do candidato ao governo distrital Iba- neis Rocha (MDB) nas pesquisas eleitorais se deve “a es- perança do “Hoje [28], eles entregaram o equivalente a todo o esforço do que foi feito desde 1953, de 65 anos de esforço do povo brasileiro. Em um governo de “Leilão do pré-sal foi um crime contra o país”, afirma Ildo Sauer marginais, no estertor da sua existência, tiveram a ousadia de perpetrar esse crime contra o país”, afirmou Ildo Sauer so- bre novo leilão no pré-sal. P. 3 Mulheres fazem manifestação gigante contra o retrocesso Uma multidão calculada em 500 mil pessoas pelas organizadoras tomou as ruas de São Paulo, no sá- bado (29), na manifestação “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”. O ato come- çou no Largo da Batata (foto), Zona Oeste, Além de São Paulo, acontece- ram atos em 114 cidades do país, em todos os esta- dos e no Distrito Federal. No Rio de Janeiro, a concentração começou à tarde, na Cinelândia, no Centro da cidade. Ma- nifestantes deixaram a Cinelândia e seguiram em passeata por diversas ruas da região, terminan- do às 21h. Página 3 À moda de Dilma, Fernando Haddad prepara novo estelionato eleitoral Que ninguém se iluda. Quando Haddad diz que vai combater a desigualdade social, distribuir a renda e garantir au- mentos reais de salários, ele está repetindo o estelionato eleitoral que reelegeu Dilma em 2014 – mas que também a derrubou poucos meses depois. Ele sabe que não vai cumprir nenhuma dessas promessas. O que Haddad vai fazer é retomar o ajuste neoliberal que Dilma estava realizando e pro- curar coroá-lo com a reforma da Previdência que Temer não conseguiu emplacar. O combate à desigualdade vai ficar para depois do “equilíbrio fiscal” que o PT pretende obter às custas de mais aperto dos cintos dos trabalhadores e aposentados. P . 3 O juiz Sergio Moro, respon- sável pelos processos da Ope- ração Lava Jato na primeira instância, retirou o sigilo de parte do acordo de colabora- ção celebrado pelo ex-ministro Antonio Palocci com a Polícia Federal. Ele detalha “como se dava o loteamento de cargos, especificamente na Petrobrás, para fins de arrecadação de recursos para financiamento de campanha”. Ele “estima que das mil medidas provisó- rias editadas nos quatro go- vernos do PT, em pelo menos novecentas houve tradução de emendas exóticas em pro- pina”. De acordo com Palocci, era “corriqueira” a prática de venda de emendas. Página 3 No debate na Record, no domingo, Ciro rebateu Had- dad: “Se me permitir, Haddad, eu quero só opor um reparozi- nho, que é uma informação, o Eunício Oliveira, lá no Ceará, eu vetei o acordo do meu partido e, portanto, da minha participação na aliança dele. Eu não aceito o apoio dele, porque ele é corrupto. E você foi para lá e acertou-se com ele despudoradamente”. Pág. 3 Ciro condena Haddad por se aliar a Eunício, ‘corrupto do CE’ “O esquema veio de fora. É de autoria do Banco Mun- dial. Alguns dos candidatos que aderiram ao ideário banqueirista, copiaram o texto exatamente como o Banco Mundial redigiu”, de- nunciou João Goulart Filho, candidato a presidente pelo PPL, ao condenar a trans- formação da Previdência em “capitalização”. Página 3 Arquivo José Cruz - ABr Rovena Rosa - ABr Facebook povo de renovar” e repudiar ficha suja. Ibaneis, ex-presi- dente da OAB-DF, passou de 2% das intenções de voto para 24%. Página 4 OAB-DF

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Page 1: Apertado, recuou mentindo sem pudor Bolsonaro incita seus ...§ão-3… · recurso para fazer valer o seu interesse. Basta ver o que foi feito com Mossa-degh no Irã”. Com efeito,

Apertado, recuou mentindo sem pudor

Ulysses: “Traidor da Constituição é um traidor da Pátria”Pág. 8

Das mil MPs editadas pelo PT, 900 tiveram propina, diz Palocci

Bolsonaro incita seus adeptos à violência: “não aceito derrota”

Para Marina, Bolsonaro”amarelou” com medo de perder as eleições

olsonaro declarou – duas vezes – que não aceitaria qualquer re-sultado da eleição, que não fosse a sua vitória, pois seria uma fraude. Chegou a acrescentar: “estou desconfiando de alguns profissionais

dentro do TSE” - e várias vezes falou em tentativa de

fraude através das urnas eletrônicas. Depois que as críticas choveram contra essa incitação de seus seguidores à violência, Bolsonaro disse que apenas queria dizer que não cumprimentaria outro candidato que vencesse. Como sempre, quando a situação aperta, Bolsonaro muda a versão. Página 3

3 e 5 de Outubro de 2018ANO XXVIII - Nº 3.672

Goulart: privatizar nossa Previdência é cartilha perversa do Banco Mundial

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

Ibaneis dispara no DF e sobe de 2% para liderar eleição com 24%

O c a n -d i d a t o a o S e n a d o pelo Distri-to Federal, João Pedro (PPL), con-siderou que a subida do c a n d i d a t o ao governo distrital Iba-neis Rocha (MDB) nas p e s q u i s a s eleitorais se deve “a es-perança do

“Hoje [28], eles entregaram o equivalente a todo o esforço do que foi feito desde 1953, de 65 anos de esforço do povo brasileiro. Em um governo de

“Leilão do pré-sal foi um crime contra o país”, afirma Ildo Sauer

marginais, no estertor da sua existência, tiveram a ousadia de perpetrar esse crime contra o país”, afirmou Ildo Sauer so-bre novo leilão no pré-sal. P. 3

Mulheres fazem manifestação gigante contra o retrocesso

Uma multidão calculada em 500 mil pessoas pelas organizadoras tomou as ruas de São Paulo, no sá-bado (29), na manifestação “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”. O ato come-çou no Largo da Batata (foto), Zona Oeste, Além de São Paulo, acontece-ram atos em 114 cidades

do país, em todos os esta-dos e no Distrito Federal.

No Rio de Janeiro, a concentração começou à tarde, na Cinelândia, no Centro da cidade. Ma-nifestantes deixaram a Cinelândia e seguiram em passeata por diversas ruas da região, terminan-do às 21h. Página 3

À moda de Dilma, Fernando Haddad prepara novo estelionato eleitoral

Que ninguém se iluda.Quando Haddad diz que vai

combater a desigualdade social, distribuir a renda e garantir au-mentos reais de salários, ele está repetindo o estelionato eleitoral que reelegeu Dilma em 2014 – mas que também a derrubou poucos meses depois.

Ele sabe que não vai cumprir nenhuma dessas promessas.

O que Haddad vai fazer é retomar o ajuste neoliberal que Dilma estava realizando e pro-curar coroá-lo com a reforma da Previdência que Temer não conseguiu emplacar.

O combate à desigualdade vai ficar para depois do “equilíbrio fiscal” que o PT pretende obter às custas de mais aperto dos cintos dos trabalhadores e aposentados. P. 3

O juiz Sergio Moro, respon-sável pelos processos da Ope-ração Lava Jato na primeira instância, retirou o sigilo de parte do acordo de colabora-ção celebrado pelo ex-ministro Antonio Palocci com a Polícia Federal. Ele detalha “como se dava o loteamento de cargos, especificamente na Petrobrás, para fins de arrecadação de recursos para financiamento de campanha”. Ele “estima que das mil medidas provisó-rias editadas nos quatro go-vernos do PT, em pelo menos novecentas houve tradução de emendas exóticas em pro-pina”. De acordo com Palocci, era “corriqueira” a prática de venda de emendas. Página 3

No debate na Record, no domingo, Ciro rebateu Had-dad: “Se me permitir, Haddad, eu quero só opor um reparozi-nho, que é uma informação, o Eunício Oliveira, lá no Ceará, eu vetei o acordo do meu partido e, portanto, da minha participação na aliança dele. Eu não aceito o apoio dele, porque ele é corrupto. E você foi para lá e acertou-se com ele despudoradamente”. Pág. 3

Ciro condena Haddad por se aliar a Eunício, ‘corrupto do CE’

“O esquema veio de fora. É de autoria do Banco Mun-dial. Alguns dos candidatos que aderiram ao ideário banqueirista, copiaram o texto exatamente como o Banco Mundial redigiu”, de-nunciou João Goulart Filho, candidato a presidente pelo PPL, ao condenar a trans-formação da Previdência em “capitalização”. Página 3

Arquivo

José Cruz - ABr

Rovena Rosa - ABr

Facebook

povo de renovar” e repudiar ficha suja. Ibaneis, ex-presi-dente da OAB-DF, passou de 2% das intenções de voto para 24%. Página 4

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2 POLÍTICA/ECONOMIA 3 E 4 DE OUTUBRO DE 2018HP

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“Eles entregaram o equivalente a todo o esforço do que foi feito desde 1953, de 65 anos de esforço do povo brasileiro”

Múltis Shell, Chevron e Exxon levaram 3 blocos no 5º leilão

Fila na busca por uma vaga em Fortaleza. Foto: Alessandro Torres

Fernando Siqueira, vice-presidente da Aepet

‘Leilão do pré-sal foi um crime contra o país’, afirma Ildo Sauer

Antes do pré-sal, a Petrobrás desco-briu ao longo de sua história cerca

de 20 bilhões de barris de petróleo convencional. Hoje [28/09], eles entrega-ram o equivalente a todo o esforço do que foi feito desde 1953, de 65 anos de esforço do povo brasi-leiro. Em um governo de marginais, no estertor da sua existência, tiveram a ousadia de perpetrar esse crime contra o país”, afir-mou ao HP o vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e ex-diretor de Gás e Ener-gia da Petrobrás, profes-sor Ildo Sauer, ao avaliar a 5ª rodada de licitação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), sob regime de partilha no pré-sal.

No último dia 28/09, o governo Temer entregou 15,71 bilhões de barris de petróleo do pré-sal para o controle das mul-tinacionais, de um total estimado em 17 bilhões de barris, localizados em quatro áreas nas bacias de Campos e Santos (Sa-turno, Titã, Pau Brasil e Sudoeste de Tartaruga Verde), no 5º leilão de privatização no pré-sal.

A Petrobrás ficou com apenas 1,29 bilhão de barris de óleo, de Sudo-este de Tartaruga Ver-de. A maior parte ficou com as norte-americanas ExxonMobil e Chevron, a anglo-holandesa Shell e a britânica BP, do cartel internacional do petróleo.

“É um dia de luto para o povo brasileiro. Não é aceitável que um governo ilegítimo, que não tem a mínima aceitação da po-pulação, faça isso a sete dias das eleições presiden-ciais. É uma ousadia que só gângsters e criminosos são capazes de perpetrar. É submissão aos interes-ses estrangeiros, que tira e violenta a possibilidade de qualquer governo le-gítimo exercer uma sobe-rania mínima sobre este recurso [petrolífero] e coordenar a atuação do Brasil junto a demais pa-íses para obter o máximo de benefícios econômicos e sociais que o excedente de petróleo pode permi-tir”, acrescentou.

Para o professor da USP, a estatal teve um “papel retraído” no 5º lei-

lão: “Foi uma vergonha”.Segundo Sauer, “a

maior parte das estima-tivas do pré-sal é subesti-mada. Quando se perfura dá sempre mais. São lei-lões criminosos e têm de ser anulados”.

Ele alertou para o po-der político “que essa gente” vai adquirindo com o poderio do domínio do petróleo: “Eles passam a atuar com seus braços políticos, financiados por essas empresas para sub-jugar o Congresso, para subjugar a oposição e sub-jugar qualquer movimen-to de autonomia. O crime maior não está só no cri-me econômico de entregar a reservas e subtrair de um governo legítimo o exercício de soberania sob a sua produção, mas está no fato em que em todos os países em que as em-presas petrolíferas atuam elas utilizaram qualquer recurso para fazer valer o seu interesse. Basta ver o que foi feito com Mossa-degh no Irã”.

Com efeito, em 1953, a Inglaterra e os Estados Unidos derrubaram o governo democraticamen-te eleito de Mohammed Mossadegh, após este ter nacionalizado o petróleo dois anos antes.

“Quanto mais se abre espaço, mais elas [multi-nacionais] crescem. En-tão, um governo crimino-so está não só hipotecan-do o futuro econômico do petróleo, mas o futuro político do Brasil, que terá dificuldades, que nós já antevemos, de lidar com a força política que o poder econômico de quem comanda reserva desse tipo faz”, frisou Sauer.

“Estão cr iando um mostro econômico e po-lítico a partir do poderio econômico que essas em-presas [múltis do petró-leo] vão passar a exercer aqui dentro, criando seus vassalos, colocando em tudo que é lugar da políti-ca, do Congresso, dos mi-nistérios e na imprensa, para defender essa visão de mundo. Quanto mais se entrega o petróleo, mais se perde a autono-mia e a soberania do povo brasileiro”.

“Um governo decente que surgir depois das eleições tem a obrigação de reverter isso tudo”, concluiu Sauer.

VALDO ALBUQUERQUE

De 17 bilhões de barris, a Petrobrás ficou com apenas 1,29 bilhão

Em fim de mandato, Temer quer privatizar aeroportos e ferrovias a preço de banana

O vice-presidente da As-sociação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fer-nando Siqueira, considerou a 5ª Rodada de Licitação “muito ruim, um verdadei-ro desastre para o país. A Petrobrás não disputou os melhores campos. Saturno é um campaço. A Petrobrás ficou apenas com Tartaruga Verde, por um preço irrisó-rio, R$ 70 milhões de bônus de assinatura e 10,01% de excedente em óleo”.

“Menos mal que, em Sa-turno, foi oferecido um per-centual de excedente em óleo elevado, 70,2%”, disse. O consórcio vencedor deste bloco é formado pela anglo-holandesa Shell (50%), que será a operadora – que dita o ritmo de produção, compra de máquinas e equipamentos etc. -, e a norte-americana Chevron (50%). Foram pagos irrisórios R$ 3,125 bilhões em bônus de assinatura.

O primeiro leilão no pré-sal foi realizado em outubro de 2013, do campo de Libra,

o maior do mundo. Dilma mobilizou o Exército, a Marinha e a Força Nacio-nal, além da PM de seu aliado Sérgio Cabral, então governador, para permitir a entrada da Shell e da Total nesse campo com o mesmo peso da Petrobrás (40%).

Cinco empresas estran-geiras operam no pré-sal. Quatro delas venceram lei-lões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural

e Biocombustíveis (ANP): Shell, Exxon, Equinor e BP. “Essa ANP é uma desgraça para o país. De Nacional só tem o nome”, frisou Siqueira.

Segundo Siqueira, o go-verno Temer está tramando para entregar o excedente da cessão onerosa ainda este ano. “Estamos pen-sando em uma ação judi-cial para impedir isso”, afirmou.

Cai emprego com carteira assinada e cresce a informalidade, aponta IBGE

Michel Temer não quer sair do Planalto sem antes concretizar a entrega para a iniciativa privada de um grande bloco de projetos de infraestrutura, incluindo aero-portos e ferrovias.

Para agilizar a queima do patrimônio, o governo está estudando reduzir de 100 para apenas 45 dias o intervalo entre a publicação dos editais, com o objetivo de realizar mais três leilões de projetos de logísticas ainda este ano.

Mesmo fracassado – vide privatização de Viracopos, que pediu concordata em maio deste ano – o governo continua insistindo no modelo de concessão. A pressa é para realizar antes do final do ano - e do mandato – o leilão de 12 aeroportos, duas ferrovias e três terminais portuários. Entre elas está a Ferrovia Norte-Sul, cujo cronograma para privatização já foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A outra trata-se da chamada EF-170, ferrovia com 933 km que conecta o Centro-Oeste ao Pará.

Os 12 aeroportos, hoje administrados pela Infraero, ainda estão com os processos de privatização sendo analisados, já que encontram algumas resistências nos esta-dos após o fracasso do modelo em alguns aeroportos leiloados pelo programa de pri-vatização do governo Dilma.

Agrupados para venda em três blocos que levam em consideração a localização geográ-fica, o governo quer entregar os aeroportos por preço de banana.

O bloco Nordeste, formado pelos termi-nais de Recife, Maceió, Aracaju, João Pes-soa, Campina Grande e Juazeiro do Norte (CE), teve o valor do lance mínimo reduzido de R$ 360,4 milhões - que já é um absurdo – para R$ 173 milhões.

O bloco Sudeste – aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ) – teve uma redução de R$ 66,8 milhões para R$ 33,1 milhões no valor do lance mínimo. O bloco do centro-oeste passou de R$ 10,4 para R$ 2,3 milhões.

PAGAR PARA VENDER

Enquanto isso, um acordo de “coope-ração técnica” assinado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê que a EPL receba recursos do banco público para realizar estudos que viabilizem as privatizações. Ou seja, é investir para depois entregar.

O governo Temer en-tregou 15,71 bilhões de barris de petróleo do pré-sal para o controle das multinacionais, de um total estimado em 17 bilhões de barris, após a realização do 5º leilão de privatização no pré-sal, na sexta-feira (28/09). A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) leiloou quatro áreas.

O bloco Saturno, na bacia de Campos, teve como vencedor o consór-cio formado pela anglo-holandesa Shell (50%), que será a operadora, com a norte-americana Chevron (50%).

O bloco Titã, também na bacia de Campos, fica-rá com o consórcio entre a norte-americana Exxon-Mobil (64%), a operadora, e a QPI (36%), do Catar.

Segundo a ANP, esses dois blocos têm uma esti-mativa de 12,2 bilhões de barris de petróleo.

O bloco Pau Brasil, na bacia de Campos, foi em-palmado pelo consórcio

formado pela britânica BP (50%), a operadora, a chi-nesa CNOOC (30%) e a co-lombiana Ecopetrol (20%).

Como deixou o campo livre para as múltis nas maiores áreas, a Petro-brás adquiriu 100% do bloco de Sudoeste de Tar-taruga Verde, na bacia de Santos. As múltis não fizeram nenhuma oferta para esta área.

O governo irá arre-cadar R$ 6,82 bilhões em bônus de assinatu-ra, já carimbados para o “ajuste fiscal” – leia-se superávit primário, para pagamento de juros dos parasitas (bancos, fundos de investimentos etc.).

Com os cinco leilões de entrega do pré-sal já realizados até gora, além da Petrobrás, são opera-doras desta província as multinacionais Exxon, Shell, BP, Equinor (No-ruega) e Total (França).

As operadoras são res-ponsáveis pelas compras de máquinas e equipa-mentos e por estabelecer o ritmo de produção.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-cílio (Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que o de-semprego recuou de 12,3% para 12,1% em agosto.

No entanto, esse cres-cimento da “ocupação” se deu basicamente pelo aumento da informali-dade. De acordo com a pesquisa, o número de empregados com carteira assinada caiu 1,3% (-444 mil pessoas) no trimestre março-maio, comparado ao mesmo período do ano passado. Ao mes-mo tempo, o número de trabalhadores sem car-teira assinada subiu 4% (mais 435 mil pessoas) em relação período do ano passado.

Já a categoria dos trabalhadores por “con-ta própria” – a maior parte fazendo biscates e como ambulantes na rua – somam 23,3 milhões

(+1,4% sobre o trimestre anterior e 1,9% na com-paração anual).

De acordo com os da-dos, divulgados na sexta-feira (28), o número de pessoas desempregadas e que procuraram emprego nos 30 dias antecedentes à pesquisa era de 12,7 milhões de pessoas (taxa de desemprego de 12,1%).

Contudo, se somados aqueles que desistiram de procurar emprego (desalentados) e os que trabalham menos do que gostariam, a conta é que no Brasil falta trabalho para 27,5 milhões de pes-soas. A estatística para esse contingente de pes-soas, chamada de taxa de subutilização, ficou em 24,6% da população no trimestre encerrado em agosto.

DESALENTOO número de desa-

lentados se mantém em patamar recorde. São 4,8

milhões de pessoas – um aumento de 13,2% em relação ao mesmo perío-do do ano passado.

“A Pnad mostra que o número de pessoas na fila do desemprego nos últimos dois anos vem aumentando. Uma parcela da população se cansa dessa fila e desiste de procurar”, destacou Cimar Azeredo, coorde-nador da pesquisa.

Trabalhadores domés-ticos foram estimados em 6,3 milhões – um impressionante cresci-mento de 2,7% (+165 mil pessoas em 3 meses).

“O trabalho domésti-co, que é um indicador da economia em tempos de crise, da falta de opor-tunidade no mercado de trabalho, volta a subir – e agora com o rendimen-to em queda. Ou seja, há mais trabalhadores domésticos no Brasil, mas com menos renda”, avaliou Azeredo.

O Indicador de Ina-dimplência da Pessoa Jurídica, em agosto des-te ano, registrou um aumento de 9%, ante ao mesmo período de 2017. Na região Sudeste o indicador apresentou a maior alta, em relação às demais regiões do país, com uma subida de 16,31%. Na região Sul o aumento foi de 4,4%, no Centro Oeste de 3,2% e no Nordeste de 3,1%. Em menor grau a região Norte teve uma variação de mais 1,9% na inadimplência.

Os números, divul-gados na sexta-feira (28), pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), indicam conforme as próprias entidades que “o volume de empresas com contas em atraso e incluídas nos cadastros de inadimplentes conti-nua crescendo a taxas elevadas.”

Agosto acumula alta variação pelo quarto

mês seguido. Para José Cesar da Costa, presi-dente da CNDL ainda, vivemos o reflexo da situação de dificuldades econômica.

Os números des-mentem a comunica-ção oficial do governo acompanhado de certos analistas, quanto à re-cuperação da economia, baseados em pífias va-riações positivas, aqui ou acolá.

Além da análise das variações em percentu-ais, alguns números ab-solutos impressionam. Dados disponíveis, no caso da Serasa Expe-rian, informam que em junho de 2018 registrou 5,1 milhões de micro e pequenas empresas (MPEs) inadimplentes no Brasil. É mais um recorde histórico desde março de 2016, quando teve início a série. A febre do chamado em-preendedorismo como solução para tirar o país da crise, também, não passa no crivo da realidade.

Para Fernando Siqueira, entrega de campos a estrangeiras “é um verdadeiro desastre”

Inadimplência de empresas cresce mais 9% em agosto

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3POLÍTICA/ECONOMIA3 E 4 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Bolsonaro já se vê derrotado e açula os seus apoiadores

Após sofrer uma enxurrada de críticas deu uma desculpa esfarrapada dizendo que queria falar com isso que não ia cumprimentar o adversário

Mulheres contra Bolsonaro fazem manifestações em 26 Estados e no Distrito Federal

Ele se elegeu várias vezes com as urnas eletrônicas e só agora levanta suspeitas

À moda de Dilma, Fernando Haddad prepara novo estelionato eleitoral

Reprodução/Rede TVLargo da Batata, São Paulo, ficou lotado

Bolsonaro amarela, diz Marina

Bolsonaro dá explicação esfarrapada

Ciro Gomes: ‘Haddad se acertou despudoradamente com Eunício’

Eduardo Anizelli/Folhapress

“Modelo de capitalização da Previdência foi um desastre no Chile”, afirmou João Goulart

Uma multidão calculada em 500 mil pes-soas pelas organizadoras tomou as ruas de São Paulo neste sábado (29) na manifestação “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”.

Entre as palavras de ordem da mani-festação estavam bandeiras como Não! ao machismo, racismo, exploração e “ditadura nunca mais”.

Além de São Paulo houve atos em 114 cidades do país, em todos os estados e no Distrito Federal. O movimento foi convocado pelas redes sociais e teve o apoio de artistas, personalidades políticas e partidos.

Os maiores atos aconteceram no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na capital paulista, as manifestantes começaram a se reunir no Largo da Batata, na Zona Oeste, por volta das 14h30. Às 18 horas a multidão começou a caminhar, as manifestantes tomaram completamente a Avenida Rebouças, no sentido da Avenida Pau-lista. Pouco antes das 20h chegaram à Paulista e às 20h40 foi declarado o final do ato.

No Rio de Janeiro, a concentração come-çou em frente ao Cine Odeon e no início da tarde, no centro, na Cinelândia.

Às 17h os manifestantes deixaram a Cine-lândia e seguiram em passeata pelas ruas do centro do Rio, terminando às 21h.

Houve protestos também no exterior, em cidades como Nova York, Londres, Lisboa, Barcelona e Cidade do México.

Os apoiadores de Bolsonaro fizeram atos para se contrapor ao movimento das mulhe-res. Conseguiram fazer pequenas reuniões em 40 cidades do país, em 16 estados.

Cinelândia, no Rio, também encheu

Sílvia Izquierdo/AP

Que ninguém se iluda.Quando Haddad

diz que vai combater a desigualdade social, distribuir a renda e garantir aumentos re-ais de salários, ele está repetindo o estelionato eleitoral que reelegeu Dilma em 2014 – mas que também a derrubou poucos meses depois.

Ele sabe que não vai cumprir nenhuma des-sas promessas.

O que Haddad vai fazer é retomar o ajuste neoliberal que Dilma

estava realizando e pro-curar coroá-lo com a reforma da Previdência que Temer não conse-guiu emplacar.

O combate à desi-gualdade vai ficar para depois do “equilíbrio fis-cal” que o PT pretende obter às custas de mais aperto dos cintos dos trabalhadores e apo-sentados.

N a c a r t i l h a d o adesismo petista ao projeto neoliberal, a distribuição da renda não está descartada,

mas deve ser conve-nientemente adiada. O lema é concentrar a renda hoje para poder distribuí-la amanhã… É a mesma “dialética” segundo a qual é ne-cessário tolerar a cor-rupção hoje para que a honestidade possa prevalecer amanhã.

É possível encontrar discursos capazes de suscitar mais ódio do que esse, mas em maté-ria de nojo há que con-vir que ele é inigualável.

SÉRGIO RUBENS

A candidata a pre-sidente da Rede Sus-tentabilidade, Marina Silva, afirmou que Jair Bolsonaro tem “atitude antidemocrática, des-respeita as mulheres, índios, negros, a popu-lação brasileira”. No debate da TV Record, domingo (30), ao res-ponder pergunta sobre sua opinião acerca da frase do candidato do PSL de que não reco-nheceria o resultado das eleições se não for o vencedor, ela disse que o adversário “desrespeita o jogo democrático”.

“Numa democracia, se não temos compro-vação de que houve fraude, não se pode en-trar no jogo se for para ganhar de qualquer jeito. Para mim, essas palavras só podem ser uma coisa: Bolsona-ro fala muito grosso, mas tem momentos que amarela. Amarela mes-mo. Isso são palavras de quem já está com medo da derrota. Da derrota que será dada a ele pela atitude autoritária”, acrescentou.

Marina criticou pro-postas da campanha do PSL, que vieram a

público com a fala do candidato a vice, gene-ral Hamilton Mourão (PRTB), criticando o pagamento do décimo terceiro salário, e a sugestão do assessor econômico de Bolso-naro, Paulo Guedes, favorável à criação de um imposto nos moldes da CPMF.

“Ou seja, tirar di-nheiro dos trabalhado-res que já ganham tão pouco, num país com 13 milhões de desempre-gados, quatro milhões que já desistiram de procurar empregos e uma grande quanti-dade que tá vivendo do bico, na viração”, sublinhou.

A candidata da Rede disse ainda que as cam-panhas do PSL e do PT representam “dois projetos autoritários”. “Aqueles que têm sau-dosismo da ditadura e que não respeitam a Constituição e aqueles que fraudaram a elei-ção em 2014, como foi o caso da candidatura da Dilma e do Temer pelo uso da corrupção”, apontou.

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O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, declarou na sexta-feira (28/09), em entrevista ao apresenta-

dor José Luiz Datena, que “não aceito resultado das eleições dife-rente da minha eleição”.

Segundo Bolsonaro, “não posso falar pelos comandantes milita-res”, mas o motivo porque não aceita outro resultado é “pelo que eu vejo nas ruas”.

No sábado (29/09), em entre-vista ao Jornal Nacional, da TV Globo, indagado sobre essa decla-ração, Bolsonaro disse: “quer dizer exatamente isso aí. O que eu sinto nas ruas, o que eu vejo em manifes-tações. É um sinal claro que o povo está do nosso lado e da forma como isso é demonstrado, não dá pra gente aceitar passivamente na fraude, na possível fraude a eleição do outro lado”.

Portanto, o que Bolsonaro acha que vê nas ruas é superior aos votos do eleitorado…

Naturalmente, qualquer can-didato pode ver o que quiser nas ruas – mas nenhum, exceto Bolso-naro, acha que suas visões (ou seus desejos) devem predominar sobre a eleição e determinar quem é o presidente do país.

Bem entendido, Bolsonaro não está discutindo se a realidade é assim ou assado, até porque, em 31 anos – desde que o então capitão quase foi expulso do Exército devido à desastrada “Operação Beco Sem Saída” (v. Terrorismo de baixa po-tência) – se existe algo de que ele se mostrou incapaz, é de qualquer dis-cussão, sobretudo quando o assunto é a realidade (aliás, qual a discussão que não é sobre a realidade?).

O que ele está tentando fazer é açular os seus seguidores con-tra uma eleição em que é pouco provável que vença. Daí a frase: “não dá pra gente aceitar passi-vamente na fraude, na possível fraude a eleição do outro lado”.

Que “fraude”?“Fraude”, já está claro, não é

qualquer falsificação do resulta-do, mas, pelo contrário, qualquer resultado que não seja ele vencer a eleição.

Portanto, qualquer resultado que não seja a sua fraude, é uma fraude.

Em suma, Bolsonaro está outra vez pregando um golpe, e golpe de verdade, não essa farsa berrada pelo PT sobre o impeachment de Dilma, que é somente uma tenta-tiva de esconder o que houve – mas também serve para banalizar os golpistas reais e os golpes reais.

Daí, Bolsonaro adiantou o pretexto: se ele não for eleito, somente pode ser porque as urnas foram “fraudadas”.

Foi o que disse quando Datena perguntou se não era “antidemo-crático” não aceitar o resultado das eleições: “Não confiamos em nada no Brasil. Até concurso da Mega--Sena a gente desconfia de fraude. Estou desconfiando de alguns pro-fissionais dentro do TSE”.

Quem?Que “profissionais”?O candidato não disse – porque

isso não é coisa de gente séria.Bolsonaro foi eleito e reeleito

mais de uma vez por esse “sistema eleitoral” – mas a fraude só existe se ele não for eleito agora.

Mas, se é inadmissível que ele não seja eleito, se o único resultado aceitável é a eleição de Bolsonaro, se “não dá para aceitar passivamente” a derrota, o que devem fazer os seus seguidores, quando ele não for eleito?

Tocar fogo nas urnas – e, de resto, no país?

Matar os adversários?Dar um golpe de Estado?Bolsonaro não disse isso – e não

estamos aqui dizendo que isso vai acontecer -, mas é onde levam as suas declarações.

Tanto é assim que os órgãos de imprensa que publicaram essas declarações – sobretudo a “Folha de S. Paulo” e a “Globo” – senti-ram necessidade de lançar edito-riais, que podem ser resumidos na

frase: “Aceitar o resultado das ur-nas é um princípio básico de toda democracia e deve ser respeitado por candidatos e eleitores” (Jornal Nacional, 29/09/2018).

Alguns outros candidatos apon-taram que as declarações de Bol-sonaro expressam seu medo do resultado das eleições.

Realmente, se ele estivesse tão seguro, quanto diz, que a maioria dos eleitores o apoia, não estaria in-ventando fraudes por antecipação.

Ou seja, não estaria tentando, literalmente, fraudar a eleição.

Por exemplo, Datena pergun-tou a Bolsonaro se o candidato do PT, Fernando Haddad, poderia ganhar as eleições:

“Só na fraude. (…) Não existe outra maneira que não seja na fraude.”

Bolsonaro não se referiu ape-nas a Haddad, mas a qualquer candidato que não seja ele mesmo. Mais adiante, na mesma entrevis-ta, explicitou: “Não vejo eleitor de Marina, de outros candidatos”.

Se ele não vê eleitores de outros candidatos, é porque não existem…

Mas isso reflete, apenas, que Bolsonaro acha que as eleições são, meramente, um caminho para a ditadura, para a anulação da vontade dos eleitores, e não para a democracia. Daí, os eleitores que são contra ele não existem – ou têm que ser anulados.

Disse ele numa entrevista já antiga, mas que jamais retificou:

“Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, ab-solutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, no dia em que partir para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil! Se vai morrer alguns ino-centes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente.”

Ou, perguntado sobre o que faria, se fosse eleito presidente da República:

“Não há a menor dúvida, daria golpe no mesmo dia! E tenho certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer festa, ia bater palma.”

Quem são esses “90% da po-pulação”?

Quem o apoiar, pois os outros – como os eleitores de outros can-didatos – não existem…

Esses “outros” são, somente, a maioria do país.

Bolsonaro não é o primeiro a achar isso – e a participar de eleições com o objetivo de instalar uma ditadura. Por exemplo:

“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que ser ‘descoberto’ um grande homem por uma eleição. O indivíduo que real-mente ultrapassa a medida normal do tipo médio costuma fazer-se anunciar, na história universal, pelos seus próprios atos, pela afirmação de sua personalidade” (Adolf Hitler, “Minha Luta”).

E todos têm que se submeter a esse “indivíduo que realmente ultrapassa a medida normal do tipo médio”.

Muitos leitores acharão, é provável, exagerada essa citação. Bolsonaro parece mais um palhaço que um Hitler (embora seja ver-dade que, antes de 1929, Hitler também parecia mais um palhaço que um Hitler).

Mas a citação tem apenas o sentido de expor a identidade ideológica do elemento com certos outros elementos.

Só isso e nada mais.Por fim, disse Bolsonaro, no

domingo, depois que as críticas choveram, que “o que quis dizer [com não aceitar o resultado] é que não ligaria para Fernando Haddad para cumprimentá-lo”.

Se o leitor tiver alguma dúvi-da, é suficiente ler as declarações anteriores para perceber que Bol-sonaro é, também, um mentiroso, do tipo que não sustenta o que diz quando a situação aperta. Não foi assim desde seu processo de ex-pulsão do Exército (v. matéria em www.horadopovo.org.br)?

C.L.

No penúltimo deba-te entre os candidatos na TV, transmitido do-mingo (30) na Record, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, pautou seu discurso como al-ternativa à polarização e à intolerância.

“Temos a ocasião para pedir ao povo bra-sileiro que reflita um pouco, para unirmos o Brasil que produz, trabalha, dialogar com forças diferentes, supe-rar o ódio – e o Bolso-naro interpreta isso, mas o outro lado tam-bém aperfeiçoa isso”, completou.

Em uma de suas fa-las, Fernando Hadddad, candidato do PT, tentou minimizar as alianças no Nordeste com candi-datos e partidos, como o MDB, que apoiaram o impeachment de Dilma e até pouco tempo eram

chamados de golpistas pelos petistas. Uma das alianças do PT é com Renan Calheiros (MDB), em Alagoas. Outra é com o sena-dor Eunício Oliveira (MDB), Ceará.

Ciro rebateu Ha-ddad: “Se me permitir, Haddad, eu quero só opor um reparozinho, que é uma informação, o Eunício Oliveira, lá no Ceará, eu vetei o acordo do meu partido e, portanto, da minha participação na aliança dele. Eu não aceito o apoio dele, porque ele é corrupto. E você foi para lá e acertou-se com ele despudorada-mente, não foi porque tem aliança com o PT não. Só para a gente ter clareza, porque não é bem verdade”.

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O juiz Sergio Moro, responsável pelos pro-cessos da Operação Lava Jato na primeira ins-tância, retirou o sigilo de parte do acordo de colaboração celebrado pelo ex-ministro Anto-nio Palocci com a Polícia Federal. O magistrado incluiu as informações na ação penal que investiga a compra de um terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht.

Palocci foi ministro dos governos Lula e Dilma. Nas planilhas de propina da Odebrecht era conheci-do como “Italiano”.

Ao longo do depoimen-to, Palocci detalha um esquema de indicações para cargos na Petrobrás durante o governo Lula, de quem foi homem for-te, uso do pré-sal para conseguir dinheiro para campanhas do PT e o pagamento de propinas pela edição de medidas provisórias durante os governos petistas.

Segundo o trecho libe-rado, o ex-ministro “deta-lha como se dava o lotea-mento de cargos, especi-ficamente na Petrobrás, para fins de arrecadação de recursos para finan-ciamento de campanha”.

Ele “estima que das mil medidas provisórias editadas nos quatro go-vernos do PT, em pelo

menos novecentas houve tradução de emendas exó-ticas em propina”.

De acordo com Palocci, era “corriqueira” a práti-ca de venda de emendas legislativas, “particular-mente na venda de emen-das parlamentares para medidas provisórias vindas dos governos”. Ele afirmou que havia casos de MPs destinadas a atender in-teresses de “financiadores específicos” e que saíam do Congresso Nacional “com a extensão do benefício ilícito a diversos outros grupos privados”.

O ex-ministro disse que, no início de 2010, participou de uma reunião na biblioteca do Palácio da Alvorada com o então presidente Lula, a então candidata à presidência Dilma Rousseff e o então presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli.

Conforme o relato, Lula “foi expresso ao soli-citar do então presidente da Petrobrás que enco-mendasse a construção de 40 sondas para garantir o futuro político do país e do Partido dos Trabalhado-res com a eleição de Dilma Rousseff, produzindo-se os navios para explora-ção do pré-sal e recursos para a campanha que se aproximava”. Palocci foi encarregado de gerenciar os recursos ilícitos.

O depoimento do ex--ministro revela que as campanhas do PT à Pre-sidência de 2010 e 2014 custaram R$ 600 milhões e R$ 800 milhões, respec-tivamente, valores bem superiores aos declarados pelo partido à Justiça Elei-toral – R$ 153,09 milhões na campanha de 2010 e R$ 350 milhões em 2014.

Palocci relata ainda que Lula tinha conheci-mento de corrupção na estatal ao menos desde 2007, quando o teria cha-mado para comunicar que estava ciente de crimes na empresa. Segundo o ex-ministro, apesar do di-álogo, o então presidente não tomou medidas pos-teriores para tirar os di-retores mencionados por ele dos cargos ocupados.

O acordo de colabora-ção foi firmado com a PF no fim de abril e homologa-do pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O ex-ministro se com-prometeu a pagar R$ 37,5 milhões como indenização pelos danos penais, cíveis, fiscais e administrativos dos atos que praticou. Ele está preso desde 2016 e tem uma condenação a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A defesa de Lula ape-nas disse que Palocci vol-tou a mentir.

Moro tira sigilo das confissões de Palocci

O candidato a presi-dente do Partido Pátria Livre (PPL), João Gou-lart Filho, criticou, na se-gunda (01), as propostas de ataque à Previdência, que, mesmo tendo sido repudiadas pela socie-dade, estão de volta nas campanhas de certos pre-tendentes ao Planalto. “O povo derrotou a ten-tativa do governo Temer de fazer a reforma da Previdência, que tinha como objetivo dificultar o acesso dos trabalhadores à aposentadoria e reduzir o seu valor. É inadmissí-vel que se queira agora privatizá-la, através do modelo de capitalização”, disse Goulart.

“Esse retrocesso, ao qual aderiram Ciro e Marina, significa o fim da Previdência Social pú-blica no Brasil”, alertou o presidenciável. “Eles querem tirar do Estado a gestão da Previdência e pretendem suspender as contribuições sociais.

Depois de afastar o Es-tado, eles vão entregar os recursos recolhidos de trabalhadores e em-presários para a gestão de bancos e fundos de especulação”, denunciou o presidenciável. “O que eles pretendem”, desta-ca Goulart, “é que cada trabalhador abra a sua carteira de aposentado-ria e os bancos privados passem a especular com o dinheiro ali depositado”.

“O esquema não foi elaborado pelos candida-tos que estão badalando a ideia. Ele veio de fora. É de autoria do Banco

Mundial. Alguns dos candidatos que aderiram ao ideário banqueirista, copiaram o texto exa-tamente como o Banco Mundial redigiu. Ou seja, não se deram nem ao trabalho de redigir a pro-posta”, afirmou. “Sim-plesmente copiaram e colaram. E o mais es-candaloso é que eles não falam nada sobre o fato de que, onde foi implan-tada a proposta, como no Chile, por exemplo, foi um desastre”, alertou João Goulart Filho.

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João Goulart Filho, candidato a presidente

Reprodução

Após ter declarado que não acei-taria os resultado da eleição, caso não fosse o vencedor, o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, tentou relativizar o conteúdo da afirmação. Na sexta--feira (28), em entrevista ao apre-sentador José Luiz Datena, ele disse que não aceitaria “resultado das eleições diferente” da sua eleição.

No sábado (29), reiterou à repór-ter Graziela Azevedo, da TV Globo, que “não dá pra gente aceitar pas-sivamente na fraude, na possível fraude a eleição do outro lado”. Ele havia questionado os resultados da urna eletrônica durante o voo de volta de São Paulo para o Rio de Ja-

neiro, após receber alta hospitalar.Ele que sempre foi eleito depu-

tado com as urnas eletrônicas. Só agora é que elas não servem.

As declarações causaram enor-me repercussão negativa. Ante o resultado de suas ameaças veladas, o candidato tentou consertar as coisas no domingo (30), após ter dito ao jornal “O Globo”, que não tem “nada para fazer” em caso de derrota nas urnas.

Ele afirmou ao jornal, por te-lefone, que não queria ter dito o que disse. “O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumpri-mentá-lo por uma vitória”, alegou.

Page 4: Apertado, recuou mentindo sem pudor Bolsonaro incita seus ...§ão-3… · recurso para fazer valer o seu interesse. Basta ver o que foi feito com Mossa-degh no Irã”. Com efeito,

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 3 E 4 DE OUTUBRO DE 2018

As pesquisas eleitorais relati-vas ao cargo de governador no Distrito Federal têm mos-trado resultados surpreen-

dentes. Ibaneis Rocha, candidato do MDB ao cargo, subiu de 2% para 24% das intenções de votos, conforme divulgado pelo Datafolha na última sexta-feira. Por sua vez, Eliana Pedrosa (PROS), ex-deputa-da distrital que vinha liderando as pesquisas, desceu de 20% para 16% das intenções.

Em 10 de setembro, quando realizamos e publicamos uma en-trevista com Ibaneis, o candidato estava em último colocado nas pesquisas, com 4% das intenções de votos. Eliana Pedrosa tinha 18%.

No dia 20 de setembro, as pes-quisas mostraram Ibaneis dimi-nuindo a diferença e atingindo 13%, frente aos 20% de Eliana. Agora, porém, o emedebista ultrapassou Eliana por 8 pontos e atingiu 24% das intenções de votos.

Em terceiro lugar está o atual governador Rodrigo Rollemberg, do PSB, com 12%; em quarto, o deputado federal pelo DEM, Aberto Fraga, com 10%.

Em entrevista exclusiva à Hora do Povo, o candidato ao Senado Federal pela chapa de Ibaneis, João Pedro, do Partido Pátria Livre, explicou que isso se dá porque “a população quer renovar”. “Todos os candidatos que estão se colocando em oposição ao Ibaneis são candida-tos já experimentados: governador querendo reeleição; quase todos eles foram secretários de Estado e já tem mandato há muito tempo. Ibaneis representa a esperança do povo de Brasília”, disse.

“Ele está colocando o nome dele para prestar um serviço à população de Brasília, cidade onde ele nasceu e cresceu”, completou João Pedro.

Para o candidato ao Senado, a baixíssima rejeição foi fundamental nessa crescente de Ibaneis. O atual governador, Rollemberg, lidera o ranking com 52%; é seguido por Alberto Fraga com 35% e Eliana Pedrosa com 34%. Ibaneis é o menos rejeitado, com apenas 15%.

Isso se dá por Ibaneis “não ter, em seu currículo, nenhuma mácu-la”, explica João Pedro. “Grande parte dos candidatos estão sendo chamados pelo Judiciário, pelo Ministério Público, para respon-der alguns questionamentos. Se têm culpa ou se não têm, isso é

uma questão que vai se resolver no decorrer dos processos. Mas o importante é que o Ibaneis não tem nenhuma preocupação em responder a qualquer chamado da Justiça, a qualquer acusação de má administração, malversação de dinheiro público, improbidade; ou seja, Ibaneis tem um currículo impecável”, continua.

O candidato contou, também, que “Ibaneis é um advogado que conheço desde a época que ele era estudante, um advogado combativo, competente, sério, honesto e que foi, por dois mandatos, presidente da Ordem dos Advogados do Distrito Federal (OAB-DF). É uma pessoa na qual eu confio, que eu tenho ple-na certeza que vai fazer tudo o que tiver ao alcance dele para entregar para a população uma administra-ção de primeira qualidade”.

João Pedro, que se autodeno-mina o Senador do Trabalho, por ser um defensor dos direitos tra-balhistas, afirma que, por detrás da campanha de Ibaneis, está se formando um “mutirão de gente nova, de gente séria”.

“Em minha trajetória como Pro-curador do Trabalho e Procurador--geral do Ministério do Trabalho eu implantei programas de erradicação do trabalho escravo, erradicação do trabalho infantil, inclusão dos deficientes no mercado de trabalho e tantos outros programas ligados à dignidade no trabalho”, contou.

Por seu lado, João Pedro coloca no centro de sua candidatura a “re-visão da reforma Trabalhista, por tudo em que ela prejudicou os tra-balhadores. O negociado preponde-rando sobre o legislado, a ausência de financiamento para sindicatos, que também foram praticamente retirados das negociações, enfim”.

O candidato propõe que seja feita uma “auditoria séria sobre a questão previdenciária. Há especialistas falando tanto que ela é deficitária, quanto há aqueles que falam que há apenas a má gestão dos recursos”.

Junto com Ibaneis, João Pedro pretende dar atenção à questão do emprego principalmente para os moradores da periferia. “O Distrito Federal tem o problema de não ter um parque industrial e nem um grande parque comercial, é uma cidade tipicamente de serviços, o que é um problema que tem que ser resolvido”.

PEDRO BIANCO

As comemorações dos 140 anos de fundação do Bixiga foram aber-tas a 14 de setembro em Sessão Solene realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo por iniciativa do vereador Toninho Paiva, que atendeu a solicitação da Banda do Candinho&Mulatas, presidida pelo jornalista, bacharel em direito e carnavalesco Candi-nho Neto.

O evento fez parte do XII Fes-tival Oficial de Aniversário do Bixiga, idealizado – dirigido e pre-sidido pelo referido jornalista, que inseriu na Lei 14.485/2007 (que consolida a Legislação Municipal sobre eventos na cidade de São Paulo) o Dia do Bixiga a 1º de ou-tubro de cada ano fundamentada em pesquisa do Jornalista Egydio Coelho – Pesquisador da História do Bairro da região central.

HISTÓRICO DO BAIRRO O Bixiga, bairro localizado na

região central de São Paulo, segun-do o Jornalista Egydio Coelho Da Silva, surgiu em 1º de outubro de 1878, com o lançamento da pedra fundamental de um hospital, inclu-so no loteamento de terras entre as ruas Conselheiro Ramalho, Santo Antonio e São Domingos, doado

Aniversário de 140 anos do Bixiga comemorado com festival de eventos

Bandeira Vermelha continuará na conta de luz em outubro

STJ nega recurso e mantém a condenação de Garotinho

“Ibaneis lidera no DF por ser ficha limpa”, diz João Pedro

Boeing quer levar a produção de aviões KC390 para os EUA

Para o candidato ao Senado do PPL, a população do Distrito Federal tem o desejo de renovar. “Grande parte dos candidatos está respondendo no Judiciário”, disse

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) in-formou na última sexta-feira (28) que a bandeira tarifária a ser aplicada nas contas de luz no mês de outubro será a vermelha (patamar 2, nível mais elevado), pelo quinto mês consecutivo.

Ou seja, a cada 100 kwh, o consumidor vai pagar R$ 5 a mais pelo serviço. Sendo assim, se o consumidor gastar 200kwh, haverá um gasto extra de R$ 10.

A série de aumentos de energia realizada pelo Go-verno Temer tem causa-do um grande impacto nos consumidores brasileiros. A continuação da bandeira tarifária no vermelho indica que o governo segue com esta política que prejudica a população.

O argumento da Aneel pe-rante o acionamento seguido da bandeira vermelha é de que os consumidores brasilei-ros não fazem uso consciente nem combatem o desperdício de energia elétrica.

Após entrar com um recurso especial solici-tando o mantimento de seus direitos políticos, Anthony Garotinho teve o pedido indeferido pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gurgel de Faria na última quinta-feira (27). Garotinho pretende disputar novamente a eleição para o governo do Rio de Janeiro este ano.

O ex-governador e outros réus foram conde-nados por improbidade pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) em virtude de supostas fraudes ocorridas na Secretaria de Saúde do es-tado entre 2005 e 2006, época em que Garotinho ocupava o cargo de secretário. Além da suspensão dos direitos políticos por oito anos, o tribunal fluminense também condenou solidariamente Garotinho a ressarcir os cofres públicos em mais de R$ 234 milhões.

Segundo o ministro, ele não se vislumbra, no caso, a elevada probabilidade de êxito do recurso interposto, pois a condenação foi fundamentada após extensa análise das provas colhidas nos autos. Essa probabilidade de êxito seria um dos pressupostos para a suspensão dos efeitos da condenação até o julgamento do recurso, mas, segundo o ministro, a pretensão da defesa exigiria o reexame das provas do processo, o que não é admitido em recurso especial.

Sucumbir a brasileira Em-braer à norte-americana Boeing não é mais segredo para nin-guém. Depois de vindo a público o conteúdo do “Memorando de Entendimentos” entre as duas empresas, onde a brasileira abre mão de toda sua atividade comer-cial para a estrangeira, agora está em negociação a transferência da linha de montagem do cargueiro militar KC-390, o principal proje-to de Defesa da Embraer, para os Estados Unidos.

De acordo com o tal memo-rando, registrado na cidade de Nova Iorque, e que expõe a ne-gociação da venda da Embraer para a Boeing por R$ 3,8 bilhões, o restaria nas mãos da brasileira apenas as operações na área de Defesa & Segurança, além da área de jatos executivos, áreas essas de investimento e pesquisa e com menores retornos financeiros, se comparados à área comercial.

Entretanto, o que está em curso é a completa absorção da empresa brasileira pelos norte--americanos. A informação cons-ta em um relatório do Bank of America, assinado por Ronald Epstein, analista do setor aéreo.

Segundo divulgou o jornal “Va-lor Econômico”, a transferência da linha de montagem do KC-390 para os EUA é dada sob a perspec-tiva de que “com essa americani-zação do produto, abrem-se dois novos mercados para o produto da Embraer: 1) o próprio merca-do americano, que inclui a força aérea e também outras instâncias como a guarda nacional; 2) nações aliadas dos EUA dentro do pro-grama “Foreign Military Sales” (FMS), que conta com a estrutura diplomática e de financiamento do país para comercialização de produtos americanos”.

Segundo executivos da Em-braer, citados pelo “Valor”, a área de produção de aviões militares não será vendida, mas o que se pretende é a criação de uma outra joint venture na área de Defesa para instalação da fábrica do cargueiro nos EUA. O KC-390 “made in USA” seria montado naquele país, a partir das mesmas peças que hoje integram o projeto do cargueiro produzido no Brasil.

O que se sabe é que a Embraer

Ibaneis Rocha, ex-presidente da OAB é candidato ao governo distrital

A cantora Angela Maria, morreu no fim da noite deste sábado (29) aos 89 anos de idade vítima de uma grave infecção. A ar-tista, que é considerada a rainha do rádio, estava internada há mais de um mês no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo.

Angela Maria foi velada e sepultada neste domingo (30) no Cemitério Congo-nhas, na zona Sul da capital paulista.

O marido dela, o empresário Daniel D’Angelo, divulgou um vídeo emocionado no Facebook falando sobre a morte da cantora, principalmente sobre 34 dias de sofrimento na internação. Nas imagens, ele aparece ao lado de Alexandre, um dos filhos adotivos do casal, e de outro rapaz. “É com meu coração partido que eu comu-nico a vocês que a minha Abelim Maria da Cunha, e a nossa Angela Maria, partiu, foi morar com Jesus”, lamentou.

Abelim Maria da Cunha, verdadeiro nome de Angela Maria, nasceu em Macaé, Rio de Janeiro. Filha de pastor protestante começou a cantar muito jovem, em coro de igrejas durante os cultos. Ela costumava mostrar seu dom também no local de tra-balho, uma fábrica de lâmpadas, e come-çou a participar de programas de calouros.

O sonho de Angela Maria era ser artista de rádio. Venceu muitos concursos de mú-sica, imitando outros artistas como Dalva de Oliveira, até ser descoberta pelos com-positores Erasmo Silva e Jaime Moreira.

Quando começou a se consolidar como cantora, deixou de lados as imitações de Dalva e passou a desenvolver um estilo próprio que a sagrou “rainha da voz”, como era conhecida até hoje, com mais de 70 anos de carreira.

Angela Maria teve seu auge na carreira durante os anos 50, quando, recebeu o título de Rainha do Rádio, em um con-curso popular da Rádio Nacional. Nesta época, recebeu do então presidente Getúlio Vargas o apelido de Sapoti e embalava os brasileiros com sambas, como Fósforo Queimado, Ave Maria no Morro e Orgulho.

Ao longa da carreira, Angela Maria formou uma parceria de peso com Cauby Peixoto. Juntos, os dois artistas gravaram o disco Odeon (1982), no qual interpreta-ram sucessos como Tu Me Acostumaste, Boa Noite Amor, Meu Bem Querer e Como Vai você.

“Sapoti”, a Rainha do Rádio brasileiro, falece aos 89 anos

será controladora dessa empresa, com algo em torno de 51% do ca-pital. Vale lembrar que as primei-ras notícias sobre a joint venture da Embraer e Boeing também relatavam condições mais favo-ráveis aos brasileiros. Mas, o que se vê nos entendimentos entre os CEOs das empresas é a brasileira não possuirá qualquer poder de decisão, contentando-se apenas a uma participação de 20% nos lucros das vendas de jatos co-merciais.

O KC-390, que está em fase de testes e certificação, é um cargueiro para apoio logístico em missões militares, para ser usado em transporte de cargas, abastecimento, remoção de fe-ridos etc. As peças do KC-390 são fabricadas nas unidades da Embraer de Botucatu e Gavião Peixoto, onde fica também a linha de montagem.

Para desenvolver o projeto KC-390, a Embraer contou com apoio fundamental das Forças Armadas Brasileiras. O governo brasileiro investiu US$ 2 bilhões no projeto, além de se comprome-ter a comprar as primeiras 28 ae-ronaves cargueiras da Embraer.

Hoje existem cerca de 3,7 mil cargueiros em operação no mundo, com idade média de 35 anos e isso gera um potencial de mercado de 2 mil cargueiros nos próximos 20 anos, segundo o Valor. Ou seja, o produto da Embraer pretendia disputar esse mercado, mas com as negociatas em andamento quem vai aboca-nhar esse mercado não será o Brasil, mas sim a Boeing.

A pretensão de conclusão de todos esses processos é em 5 de dezembro, assinatura logo depois do segundo turno da eleição presi-dencial e a votação em assembleia de acionistas da brasileira em dezembro. Se os prazos forem cumpridos, para 2019, quando toma posse um novo governo no Brasil, restará apenas a aprecia-ção do fato consumado. O gover-no brasileiro permanece com uma “golden share” da Embraer após a privatização, que lhe dá alguns poderes, como vetar ou não a ven-da ou associação e, ao que parece, não há qualquer pretensão de uso deste poder.

“Bolsodória” é a marca da punhalada nas costas

No último dia seis (06/09), no encontro da Lide, um grupo de empresários, João Doria disse que “Jair Bolso-naro está no segundo turno das eleições”. O encontro foi no Hotel Grand Mercure, em São Paulo, e o vídeo do dis-curso de Doria, gravado em celular por um dos presentes, foi publicado algumas horas depois do encontro.

A data é importante: no dia seis havia, ainda, um mês e um dia até as eleições.

Doria, que é candidato a governador de São Paulo pelo PSDB, enterrava por antecipação a candidatura de seu partido a presidente da República – isto é, a can-didatura de Geraldo Alckmin.

Pois Alckmin, para ter alguma chance de chegar ao segundo turno, depende da votação do Estado de São Paulo. Contudo, o candidato a governador de seu próprio partido está fazendo cam-panha para Bolsonaro, em uma escandalosa punhalada pelas costas.

Isso explica – pelo menos em parte – porque 45% dos eleitores que preferem Doria nas pesquisas estão com Bol-sonaro e somente 19% deles estão com Alckmin.

Apesar dos problemas enfrentados por Alckmin na campanha eleitoral, Doria nada fez para ajudá-lo, no próprio Estado de ambos, que tem o maior eleitorado do país (nada menos que 22,43% dos eleitores do Brasil estão em São Paulo).

Ou, colocando a questão em outros termos, Doria nada fez para ser leal ao candidato de seu partido – e a alguém a quem deve toda a sua carrei-ra política.

Pelo contrário, tudo fez para afundá-lo. A declaração do Hotel Grand Mercure é apenas um exemplo mais explícito.

Foi com a permissão – se-não estímulo – de Doria, que seções do PSDB paulista pas-saram abertamente a apoiar Bolsonaro, tirando votos de Alckmin (por exemplo, a região em torno do município de Presidente Prudente, no Oeste de São Paulo; mas é de justiça frisar que não se trata de caso único).

Há dois anos e meio, João

Doria, do ponto de vista políti-co, era um zero à esquerda. Seu negócio era alugar horários na TV, promover encontros de en-dinheirados em Comandatuba, paraíso visual baiano – e puxar o saco de grã-finos.

Tudo era uma farsa – inclu-sive as revistas que publicava – apesar dos ganhos que obtinha, que não eram poucos, embora aparentemente inexplicáveis.

Um dia, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, resolveu lançá-lo a prefeito de São Paulo. Não analisaremos aqui os motivos de Alckmin para essa ideia que, ao lado de uma série de escândalos estaduais e federais – o caso Aécio, por exemplo – tornou a sua atual candidatura bastante frágil, apesar dos 40% de tempo do horário eleitoral.

Basta dizer, quanto a Doria, que para tê-lo como candidato do PSDB à Prefeitura da maior cidade do país, Alckmin foi contra a cúpula do PSDB – inclusive Fernando Henrique e Serra, além de outros (por exemplo, disse Alberto Gold-man, ex-presidente nacional do PSDB: “Doria é um sujeito com ambições sem limites e conduta reprovável. Um cidadão sem escrúpulo. Quem conhece João Doria não vota nele. Para o Do-ria não importa se é amigo, não é amigo. Importa o interesse dele”; e nem podemos publicar as considerações de Aloysio Nunes, senador pelo PSDB, agora ministro das Relações Exteriores).

O que Alckmin fez por Doria, portanto, não foi pouca coisa. Sem Alckmin, Doria estaria até hoje puxando o saco de grã-finos na TV – ou em Comandatuba.

Devido ao apoio de Alck-min – e somente ao apoio de Alckmin – Doria foi candida-to. Ele não tinha apoio algum no PSDB, exceto aquele que foi aportado pelo então gover-nador. E devido ao repúdio da população pelo PT, Doria aca-bou por vencer Haddad, na eleição de 2016, para prefeito de São Paulo.

Não é necessário comen-tar sua administração em São Paulo, além daquilo que disse Alberto Goldman: “Uma ca-minhada de algumas horas pela cidade de São Paulo é suficiente para ver a diferença entre a realidade e a propa-ganda de João Doria. Bura-cos, sujeira, lixo, calçadas em mau estado são o legado de quem dizia governar a cidade à distância”.

Realmente, o mais difícil era encontrar Doria em São Paulo.

Mas seu principal defeito não é a incompetência ou o horror ao trabalho.

Muito pior é o mau cará-ter – a traição como sistema (?) de subir na vida.

Por exemplo, diz que Al-ckmin é o seu candidato, ao mesmo tempo que seu esque-ma, formado pela compra de pequenos próceres do PSDB, faz campanha para Bolsona-ro – e ele próprio diz, mais de um mês antes da eleição, que “Bolsonaro está no segundo turno das eleições”.

Perguntado sobre essa declaração, Doria nem pis-cou: “Bolsonaro vai estar no segundo turno com Geraldo Alckmin”.

Como todo traíra, Doria é um cínico.

C.L.

por Antonio José Lei-te Braga, inaugurado solenemente com a presença do então pre-sidente da província de São Paulo João Lins Simimbu, o bis-po diocesano D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho e do Impera-dor D. Pedro II, que na oportunidade visitava a cidade de São Paulo pela terceira vez.

O NOME BIXIGA1) seria da estala-

gem do BIXIGA que foi transferido para a chácara do BIXIGA e em seguida para o bairro formado por imigrantes italianos.

2) O nome também teria sido oriundo de um matadouro que existia no final da atual Rua HU-MAITÁ, onde se vendia, ou doavam bexigas de bois e de porcos.

3) Outra hipótese ainda segun-do o pesquisador Egydio Coelho da Silva, o nome teria pejorativa-mente dado ao bairro, porque os portadores de varíola (bexiga) se refugiavam na chácara do BIXIGA.

PERFIL DO BIXIGAO BIXIGA é uma área atípica,

pois apesar de estar no centro da cidade de São Paulo, mantém suas características de bairro, onde os moradores se conhecem, se frequentam e cultivam suas tradições culturais, principal-mente os NEGROS e os ITALIA-NOS ali residentes.

Destaque também para ou-tros verdadeiros marcos da cultura paulistana como as cantinas italianas, teatros, casas noturnas, desfiles de carnaval.

Acompanhe no nosso site a programação completa das comemorações do XII Festival Oficial de Aniversário do Bixiga

CANDINHO NETO*

Declaração de Dória é mais uma prova da traição

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5GERAL3 E 4 DE OUTUBRO DE 2018 HP

PF fecha o cerco sobre a propina do ex-governador tucano Marconi Perillo

Fazenda com selo de “qualidade” Starbucks mantinha trabalhadores em condições degradantes em MG Eletrobrás vende blocos de ativos

por menos da metade do seu valor

Sindicalistas rechaçam terceirização irrestrita no serviço público federal

CNTS vai ao STF contra “acordo individual” para jornada de profissionais de saúde

A Eletrobrás reali-zou, no último dia 27, leilão de par ticipação em Soc iedades de Propósito Específico (SPEs) de geração eó-lica e de transmissão. Dos 18 lotes de ativos co locados à venda pela empresa, foram vendidos 11 lotes. A estatal arrecadou R$ 1.296 bilhão, dos 3,1 bilhão que esperava arrecadar com a venda de todos os ativos.

Abaixo, publicamos ar tigo do engenheiro Eduardo Mota Silveira, publicado no site ILUMI-

NA, onde ele questiona e analisa, entre outras coisas, o “açodamento” da estatal em realizar esse tipo de operação às vésperas da eleição presidencial, e o valor do lance fixado pela em-presa, que ele classifica de “aberração”.

“(...) Se trata de um conjunto de parques eó-licos EM OPERAÇÃO, de construção recente. Por que foi fixado um valor tão baixo para o lance mínimo, se para cons-truir um projeto novo teria que ser investido mais que o dobro?”

Na d a t a d e 2 7 / 0 9 / 2 0 1 8 , ocorreu o leilão concebido pela

Eletrobrás, para vender suas participações em Sociedades de Propósito Específico – SPEs, empre-sas com foco em parques eólicos e linhas de trans-missão.

De início, é importante notar que estamos a dez dias das eleições presi-denciais, o que significa que um novo gestor da nação pode discordar in totum da ação hoje em-preendida pelo MME/Eletrobrás. A boa prática recomendaria cautela no processo, deixando-o para data futura mais adequada, evitando-se as-sim, inclusive, a reclama-ção de interessados que se queixaram do pouco tempo que tiveram para avaliar os projetos. Daí, a ocorrência de vários lotes vazios, sem nenhum lance. O açodamento dos gestores do Setor Elétrico propiciou essa condição.

Do leilão, como um todo, faço a seguir um rápido comparativo sobre o emblemático caso das eólicas que eram parti-lhadas pela Chesf, subsi-diária da Eletrobrás, com o grupo Brennand.

Foram vendidos no leilão de hoje (27/9) 49% do controle das SPEs re-ferentes a um conjunto de eólicas pertencentes aos sócios Brennand e Chesf, perfazendo este parque uma potência total de 250 MW.

Em outras palavras o setor estatal ELB/Chesf abriu mão da posse de 122,5 MW de potência eólica instalada na região Nordeste, mais precisa-mente nas proximidades do rio São Francisco, e o valor da venda foi o pró-prio preço mínimo fixado para o Leilão, qual seja, R$ 232 milhões. Nenhum centavo a mais

Daí compõe-se um preço unitário de R$ 1.893.877,60 por MW para a potência descarta-da pela ELB/Chesf. Aten-ção, não descurar que se trata de um conjunto de parques eólicos EM OPE-RAÇÃO, de construção recente.

Saindo do Leilão de hoje, conforme dados que podem ser consultados na página da ANEEL, no 28º Leilão de Energia Nova A-6 ocorrido recentemen-te, no dia 31/08/2018, os projetos eólicos totaliza-ram uma potência vendi-da de 1.250,7 MW. O in-vestimento total estima-do correspondente é igual a R$ 5.834.750.180,00. Ou seja, constatou-se nesse leilão um valor mé-

dio unitário estimado de R$ 4.665.187,64/MW, para construção, montagem e colocação em operação de cada um dos novos projetos,

Daí, caberia ao inves-tidor o seguinte questio-namento: por que vou correr o risco de começar um projeto do zero, se vem o gestor máximo da Eletrobrás e coloca no ta-buleiro do jogo um projeto pronto, em perfeitas con-dições operacionais, para ser vendido a risco zero, por menos da metade do preço de um novo?

Como se expl icaria isso? O argumento de que se faz necessário reduzir o endividamento geral da Empresa para algo em torno de 3 vezes a relação entre a sua dí-vida líquida e o seu EBI-TDA não pode ser usado indiscriminadamente, sob pena de se cometer uma aberração como esta acima descrita.

Cabe repisar a dúvida: por que foi fixado um valor tão baixo para o lance mínimo, se para construir um projeto novo teria que ser inves-tido mais que o dobro? As variáveis financeiras prevalecem sobre a ló-gica da engenharia e da venda de parte de um patrimônio de uma em-presa de estado?

Nenhum agente do ju-diciário ou dos tribunais de conta, ambos os seto-res com atividades tão em voga nos dias presentes, se interessaria em apro-fundar uma análise sobre uma questão como essa, que deixa transparecer um cheiro de fumaça no ar? Eis a questão.

O I LU M I N A p e d e licença ao autor para acrescentar mais uma informação sobre as in-críveis coincidências que ocorrem no Brasil:

Mozart S iqueira Campos Araujo – Senior Electrical Engineer at Brennand Energia (a em-presa que ganhou o lance das eólicas baratinhas).Conselho de Adminis-tração da Eletrobrás

Membro / CargoJosé Luiz Alquéres /

presidenteCarlos Eduardo Rodri-

gues Pereira / conselheiro re-presentante dos empregados

Mozart de Siqueira Campos Araújo / con-selheiro independente

Wilson Ferreira Junior / conselheiro e diretor-presidente (executivo)

José Pais Rangel / con-selheiro representante dos acionistas

* P u b l i c a d o e m http://www.ilumina.org.br

ENGENHEIRO EDUARDO MOTA SILVEIRA*

Foram vendidos no leilão 49% do controle das SPEs referentes a um conjunto de eólicas pertencentes aos sócios Brennand e Chesf

Os servidores públicos e entidades sindicais cri-ticam o decreto de Temer, que autoriza a terceiriza-ção irrestrita de serviços na administração direta e em autarquias, fundações, empresas públicas e socie-dades de economia mista controladas pela União.

Na semana passada (27), dirigentes e advo-gados que compõem o Fórum das Entidades Nacionais dos Servido-res Federais (Fonasefe) discutiram os inúmeros dispositivos do decre-to 9.507, publicada na edição de sexta (21) do Diário Oficial da União. Segundo a organização dos servidores, ampa-rada de sua assessoria jurídica, há fragilidade no decreto, “que traz conceitos imprecisos”, que alteram de “forma arbitrária a estrutura do Estado e a situa-ção funcional dos ser-vidores”. O fórum das entidades deve ir ao Ministério Público do Trabalho (MPT) buscar entendimento sobre es-sas medidas que apon-tam para as inúmeras ilegalidades.

Para o dirigente da

Secretaria Executiva Na-cional da CSP-Conlutas, Paulo Barela, o decreto é mais um ataque do governo aos servidores federais e aos serviços públicos. “A política do governo é cortar gastos e investimentos sociais para garantir o pagamen-to da Dívida Pública a banqueiros e privatizar. Por isso, tantos ataques e medidas como a Lei do Teto dos Gastos, que vai paralisar o serviço públi-co”, denunciou Barela. Para a Conlutas, com o decreto, os servidores públicos estarão sujeitos às mesmas situações que passam os trabalhadores terceirizados - como à redução de salários, au-mento de jornada e no número de acidentes de trabalho.

De acordo com a Cen-tral Geral dos Trabalha-dores do Brasil (CGTB), o decreto de Temer vai piorar ainda mais os ser-viços prestados a popula-ção. “O serviço público está ao deus-dará, por falta de investimento do governo federal, planos de demissões voluntárias sem reposição de novos quadros e rebaixamento

salarial. Com a terceiri-zação generalizada, isto irá piorar ainda mais os serviços públicos”, disse o presidente da CGTB, Ubiraci de Oli-veira, o Bira.

Já a Força Sindical destacou que “a decisão do presidente repre-senta um retrocesso grandioso no serviço público, assim como a terceirização em todos os níveis no setor priva-do, precarizando ainda mais a relação capital e trabalho em nosso país”, diz a nota publicada no site da entidade.

O Sindicato Nacio-nal dos Auditores-Fis-cais do Trabalho (Si-nait) recebeu a medida com muita indignação, apesar do texto deixar de fora categorias de servidores relacionadas ao poder de polícia, de regulação, de outorga de serviços públicos e de aplicação de sanção. “Quem garante que, até o final do mandato, não venha uma portaria ou outro decreto que atinja a fiscalização”, alertou R osa Maria Campos Jorge, vice-presidente do Sindicato.

Na semana passada 18 trabalhadores foram resgatados de trabalho em condições degradan-tes na fazenda Córrego das Almas, na cidade de Piumhu, interior de Minas Gerais, por au-ditores do Ministério do Trabalho. A fazenda possuía os selos de qualidade da UTZ, o mais importante da produção do café, e da C.A.F.E Practices, do Starbucks em parceria com SCS Global Services.

Os trabalhadores foram encontrados em alojamentos coletivos infestados de ratos e morcegos e sem água potável. O grupo resga-tado relata que era comum encontrar morcegos mortos na caixa d’água, que não possuía tam-pa, e que essa era a única água que tinham para cozinhar e beber. Os auditores relatam que a situação de saneamento era tão precária que colocava em risco a saúde dos trabalhadores.

Na fazenda existiam placas com os dizeres “Não é permitido trabalho escravo ou forçado”, contudo, a realidade dos trabalhadores era completamente diferente. “A gente não recebia por feriado, domingo, nada. E trabalhava de segunda a sábado, sem marcação de horas. Durante a semana, entrava às 6h e só parava às 17h”, diz um dos trabalhadores resgatados.

Além das condições desumanas, o cúmulo da monstruosidade a que estavam submeti-dos, era o roubo do café que passavam o dia colhendo. “A gente colhia e eles deixavam para pesar no outro dia. Quando chegava lá, cadê o café? E aí tinha a humilhação: a gente ia reclamar e eles riam da nossa cara”, afirma um dos resgatados.

“Para receber o pagamento, a gente já tinha que pagar. Perdia dinheiro”. Eles explicam que para descontar o cheque que recebiam com o pagamento ou para comprar alimentos, tinham que pagar R$20 de um “ônibus clandestino” para ir até a cidade mais próxima da fazenda.

A UTZ confirmou ter feito auditoria na fa-zenda no mês de fevereiro deste ano, emitindo o certificado em abril. Após as denúncias, sus-penderam o certificado e em nota afirmaram que “os direitos e bem-estar dos trabalhadores são da maior importância e são parte integran-te do nosso padrão. Sempre que recebemos evidências confiáveis sobre violações em fazen-das certificadas pela UTZ, tomamos medidas imediatas, o que inclui a realização de uma investigação profunda”.

A Starbucks disse que a fazenda Córrego da Almas, ou Fartura, como é conhecida na região, possui o certificado desde 2016, mas negou a compra de cafés da unidade. A empresa ressaltou que está iniciando um processo de investigação para a possível revisão do selo.

A SCS, parceira da Starbucks no selo C.A.F.E, disse que na época da certificação não havia qualquer indício de trabalho escravo na fazenda.

Jorge Ferreira dos Santos, coordenador da Articulação dos Empregadores Rurais de Minas Gerais (Adere-MG), afirma que o sistema de cer-tificações atende a fins econômicos sem “levar em consideração a visão e a realidade dos traba-lhadores”. “Não é a primeira, a segunda e não vai ser a última vez que uma fazenda certificada é denunciada na prática de trabalho escravo e violação de direitos trabalhistas”, completou.

A Confederação Na-cional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS) ajui-zou uma ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5994), no Supremo Tribunal Federal (STF), buscando seja declarada a inconstitucionalidade da expressão “acordo indivi-dual escrito”, possibilida-de previsto na “reforma” trabalhista de Temer, a profissionais na saúde.

A entidade sindical “bus-ca e pretende obter a tutela jurisdicional cautelar e de mérito para que seja decla-rada a inconstitucionalidade da modalidade individual de acordo para a implementa-ção, no contrato de trabalho, da jornada de trabalho em regime extraordinário de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso”, pede a CNTS na ação.

A CNTS sustenta que, ao permitir a adoção de jor-nada de 12×36 por meio de acordo individual, a nova redação do artigo viola a

Constituição Federal, no disposto do inciso XXIII do artigo 7º, que estabelece a garantia de “duração do trabalho normal não supe-rior a 8 horas diárias e 44 semanais”, condicionando a fixação de jornadas inin-terruptas à celebração de acordo ou convenção cole-tiva de trabalho.

Para CNTS, “a missão institucional da confede-ração autora é defender e debater, além da dig-nidade profissional, os potenciais riscos à saúde dos trabalhadores brasi-leiros do setor da saúde, que inadvertidamente, ou

muito possivelmente pela necessidade premente do emprego, submetam-se às condições de trabalho ex-traordinárias sem a neces-sária supervisão externa, o que somente é possível pela pactuação do instrumento normativo e coletivo de trabalho”.

O Relator da ação, o ministro Marco Aurélio adotou o rito que permite que a ação seja julgada diretamente no mérito pelo Plenário, sem prévia análise do pedido de limi-nar, conforme abreviado previsto na Lei das ADIs (Lei 9.868/1999).

A operação Cash Delivery, deflagrada na sexta-feira (28) pela Polícia Federal, que apura um esque-ma de pagamento de propinas ao ex-gover-nador de Goiás, Mar-coni Perillo (PSDB), apreendeu R$ 940,2 mil na casa de Már-cio Garcia de Moura, policial militar inves-tigado. Ele é motoris-ta de Jayme Rincon, ex-tesoureiro de Pe-rillo e ex-secretário da Agetop (Agência Goiana de Transpor-tes e Obras).

Moura é suspeito de ser um dos ope-radores de propina para o ex-governador e candidato a uma vaga no Senado nas eleições deste ano. A investigação apura o pagamento de R$ 12 milhões para Perillo, que também foi alvo de buscas da PF.

A operação se ba-seia em provas e em testemunhos de de-lações premiadas de executivos da Ode-brecht, que relata-ram o pagamento ao ex-governador de R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014 em troca de fa-vorecimento à em-preiteira em contra-tos no estado.

N a s p l a n i l h a s de propina da Ode-brecht, Perillo era identif icado pelos codinomes Master, Padeiro, Calado ou Patati. Os recursos ilícitos chegaram a ele pelo doleiro Ál-varo Novis, dono da

corretora Hoya, que trabalhava para a empreiteira. Novis admitiu à PF que era encarregado de pro-videnciar a entrega do dinheiro.

O doleiro forne-ceu p lan i lhas de controle e extratos d o s p a g a m e n t o s , além de gravações das conversas te-lefônicas que, por determinação da Co-missão de Valores Mobiliários, a Hoya era obrigada a fa-zer e manter. Essas provas, segundo o Ministério Público Federal, reforçam os indícios de que, “de fato, houve o efetivo pagamento da propina”.

Jayme Rincon , que atualmente co-ordena a campanha do candidato tucano ao governo do esta-do, José Elinton, é apontado pelos in-vestigadores como sendo o braço direito do ex-governador no esquema. Ele, Moura e mais três investiga-dos tiveram a prisão temporária decreta-da. Perillo escapou porque a legislação eleitoral proíbe que candidatos se jam presos 15 dias antes e dois dias depois das eleições.

Os envolvidos são investigados por cor-rupção passiva, la-vagem de dinheiro e formação de quadri-lha. O ex-governa-dor é apontado como chefe da organização investigada.

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INTERNACIONAL 3 E 4 DE OUTUBRO DE 2018HP6

Charles Aznavour, mestre da canção francesa, nos deixa aos 94 anos

Líder das Ligas Agrárias do Paraguai condena o presidente: “aprofunda modelo neoliberal”

Com Macri, o percentual de argentinos abaixo da linha de pobreza atinge 27%

Greve geral é marco de unidade na história da Resistência palestina (na foto, Ramallah)

Aznavour atuou até o final de sua vida

AP

Palestina para pela revogação da lei do apartheid israelense

Ortega repete Somoza e proibe atos de oposição

JOSÉ GIL OJEDA*

Greve paralisa a Costa Rica há 3 semanas contra arrocho fiscal e submissão ao FMI

Governo acata imposições do FMI:mais cortes e impostos

Desde a Faixa de Gaza, passando pela Cisjordania até as cidades e aldeias árabes em Israel, a adesão foi total à greve geral pela revogação da chamada ‘Lei Estado-Nação’, que oficializa o regime de apartheid em Israel, segregando os nativos da milenar Palestina

Cantor, ator e compo-sitor reconhecido como uma das maiores expres-sões da música popular francesa, morreu aos 94 anos, em sua casa ao sul da França.

De família armê-nia, nascido Shahnour Varinag Aznavourian, Charles Aznavour lan-çou mais de 100 álbuns, vendeu mais de 180 mi-lhões de discos e parti-cipou de 60 filmes. Ten-do escrito 850 canções em diversos idiomas, manteve-se uma pessoa humilde apesar de seu sucesso mundial. “Sou um simples artesão, não sou uma estrela”.

Costumava dizer que “fazia uma música sem-pre que se deparava com uma boa história”.

Cantando desde os nove anos de idade, come-çou a se destacar quando convidado a participar de uma turnê com Edith Piaf, em 1946 pela França e pelos Estados Unidos.

Entre os seus duetos mais destacados, duran-te os mais de 70 anos de carreira profissional, Aznavour cantou, en-tre outros expoentes da música, com Paul Anka, Nana Mouscouri, Plá-cido Domingo, Meirelle Mathieu, Laura Pausini, Sting, Fred Astaire, Bing Crosby, Ray Charles e Liza Minelli.

Aznavour foi o can-tor escolhido para um dos filmes de sucesso do estúdio russo Mosfilm, Teerã 43 (50 milhões de espectadores). O filme que retrata a tentativa fracassada de um es-

pião alemão de atentar contra a vida de Stalin, Roosevelt e Churchill durante a conferência de 1943 na capital do Irã e que apresenta cenas dolorosas da agressão nazista à União Soviética, foi dirigido por Aleksandr Alov e Vladimir Nau-mov, tem trilha sonora de Georges Garvarentz e Mieczysław Weinberg, “Une Vie D'amour”.

Apesar de sua expres-são na França, Aznavour manteve uma forte liga-ção com a origem armênia de seus pais sendo convi-dado para representar o país na Unesco.

Durante a Segunda Guerra Mundial seus pais se arriscaram abrigando em seu lar judeus perse-guidos pelo nazismo.

Na sua voz ficaram famosas músicas como La Boheme, She, Que c’est triste Venise e muitas outras.

Possuidor de uma voz singular, de grande ta-lento musical e de uma bela história, Aznavour, no entanto, em um voo baixo de uma águia. não conse-guiu perceber a relação do genocídio de judeus sob o nazismo, de armênios sob o tacão turco com o sofrimento dos palestinos nos dias de hoje e seguiu realizando performances em Tel Aviv, apesar de solicitado a não fazê-lo en-quanto persiste a ocupação israelense na Palestina, solicitação que foi atendi-da por muitos artistas a exemplo de Roger Waters, da banda Pink Floyd, e da atriz judia americana, Natalie Portman.

Levando em conta quem é este novo presidente da República, Mário Abdo Benítez, filho do ex-se-cretário particular do ditador Alfredo Stroessner, não é um dado que inspire confiança. O método utilizado pela ditadura strosnista para manter sob controle a população civil foi o medo, através do uso do Terror como ferramenta de dominação.

Mario Abdo Benitez (Marito), herda de seu pai não apenas o nome: o mais provável é que herde também seus critérios autoritários em relação ao poder político.

O ditador elevou seu secretário particular, Dom Mario Abdo Benitez, ao status honorífico de “Pai da Juventude” e, a partir desse pedestal, Dom Mario estabeleceu três princípios que pregava como fundamentais em sua orientação para a ju-ventude paraguaia: 1 – “siga Strossner”; 2 – “siga Stroessner” e 3 – “siga Stroessner “. Qualquer postura não condizente com estes “três princí-pios” era considerada subversiva, conspiratória e antipatriótica.

Este novo governo, liderado pelo filho do ex-secretário particular de Stroessner, que não só não esconde sua admiração pelo ditador, como também elogia seu governo, aprova e aplaude seu pai por sua “valiosa colaboração com o governo patriótico do general Stroessner”, segundo suas próprias palavras, antecipa como cenário um retrocesso no plano político, social e econômico. Esse novo – velho – governo não promete nada de novo que possa ser considerado benéfico para os setores mais desprotegidos do país, que são os indígenas, os camponeses, os trabalhadores em geral, do campo e da cidade.

Menciono como prova de que não podemos confiar ou mesmo nutrir uma ligeira esperança de que o governo Marito possa nos oferecer qualquer coisa boa, a mais recente expulsão de agricultores em Alto Paraná, no distrito de Hernandarias, na comunidade “Toryvete”, onde “nossas” autorida-des, policiais e judiciais, acompanham e apoiam ilegalmente os estrangeiros, em detrimento dos cidadãos paraguaios, que são violentamente ex-pulsos de seu local de assentamento.

Outros indicadores que mostram a continuida-de de um modelo autoritário são a implementação e aprofundamento do sistema econômico neolibe-ral, que favorece as minorias ricas e prejudica a grande maioria da população, a intenção de mexer nos fundos do sistema previdenciário dos traba-lhadores, que logo se abortou com mobilizações populares. Da mesma forma, temos um orçamento geral de gastos que não prioriza o social e a ausên-cia de políticas estatais para a reforma agrária e desenvolvimento rural, saúde, educação, moradia, etc. Ou seja, nada de novo, continua o mesmo de antes, um modelo de exclusão, que gerará mais pobreza e desigualdade social.

E sem querer ser pessimista, logo veremos que, por diversos fatores, lamentavelmente, a perspec-tiva para este governo é que será pior!

* Líder das Ligas Agrárias Cristãs do Paraguai de 1970 a 1976, preso de 1976 a 1979, exilado na Bolívia de 1979 a 1985, e no Brasil de 1985 até 1990,

protegido pelo Alto Comissariado das ONU para os Refugiados (ACNUR)

Real Madrid rende homenagem à jovem palestina Ahed Tamimi

A jovem palestina Ahed Tamimi, de 17 anos, que se torna símbolo da luta contra o apartheid israelense por ter enfrentado a covarde agres-são dos soldados invasores, foi homenageada pelo clube espa-nhol Real Madrid C.F. O antigo jogador Emilio Butragueño lhe presenteou com uma camisa da equipe de futebol.

Tamimi ficou mundialmen-te conhecida ao ser divulgado um vídeo sendo detida, em de-zembro de 2017, se defendendo de um soldado sionista que ha-via utilizado balas de borracha para atacar o seu primo de 14 anos, na sua aldeia natal de Nabi Saleh, Cisjordânia. Por conta disso, a jovem foi trancafiada por oito meses, num caso que aler-tou a comunidade internacional para a gravidade das centenas de detenções arbitrárias de crianças palestinas por Israel.

“Todos nós temos em mente a bofetada que Ahed deu em um soldado israelense em de-zembro. Nós a vimos se lançar com tudo contra a ocupação. É uma mulher no corpo de uma menina, ela é uma heroína, é

um símbolo, é nossa Ahed”, declarou a ativista pró-direitos humanos Manu Piñeda.

Tamimi agradeceu a iden-tidade manifestada contra o opressor. “Durante esta viagem descobri quanto apoio, carinho e solidariedade os palestinos têm recebido, e isso levanta nosso ânimo. As crianças não podem ir à escola todos os dias porque existem milhares de postos de controle, há sempre o risco de serem presas ou mortas no caminho”, explicou. “As crianças na Palestina não têm esperanças e sonhos normais, como outras crianças do mun-do. Sempre temos impedimen-tos para viajar ou para realizar nossos sonhos”, declarou.

Sobre o fato de ter se torna-do uma referência de luta dos povos por seus direitos, a jovem disse que “ser um símbolo can-sa e é muito duro”, pois a faz perder parte da sua privacidade como pessoa, “por estar sempre exposta, mas nada disso faz com que deixe este caminho. Continuar lutando para liber-tar o meu povo, que é a única coisa que podemos fazer”.

A greve por tempo indeter-minado que paralisa a Costa Rica há três semanas em repúdio ao arrocho fiscal e aos cortes de investimentos públi-cos, aplicados pelo presidente Carlos Alvarado, submisso às imposições do FMI, vem ampliando apoios no conjunto da sociedade.

Conforme as organiza-ções sindicais, estudantis e cooperativas, a grandiosidade da repulsa – explicitada no movimento iniciado no dia 10 de setembro – é o fato de que o projeto de lei provocará um ab-surdo aumento dos impostos, do custo da cesta básica e dos serviços sociais para a popula-ção, enquanto a evasão fiscal das grandes empresas - que é uma das maiores da América Latina - não será tocada.

Na segunda, representan-tes dos principais sindicatos costarriquenhos voltaram a exigir a supressão desta “nova” política fiscal, recha-çada por 86% da população como “prejudicial aos cida-dãos” e reiteraram que vão se manter nas ruas até que seja revogada. Pesquisa do Centro de Investigação e Estudos Po-líticos (CIEP) aponta que 65% dos entrevistados defenderam uma reforma “mais justa e progressiva”.

Segundo o presidente do Sindicato de Trabalhadores da Educação da Costa Rica (SEC), Gilbert Díaz, um do-cumento apresentado pelo governo neste final de semana para pôr fim ao movimento foi “totalmente rechaçado e, portanto, a greve continua com mais força”.

“Estamos fazendo um cha-mado a toda a cidadania para que se some a este grande movimento. Nós temos seis grandes setores sindicais e todos eles repudiaram o acordo alcançado, tornando evidente que é inaceitável”, acrescentou o secretário da Associação Na-cional de Empregados Públicos e Privados, Albino Vargas.

Desde o dia 10 de setembro estão paralisadas as rodovias do país centro-americano e fechadas a maior parte das escolas e unidades hospitalares, assim como estruturas públicas municipais, estaduais e federais.

Solidária aos manifestantes, a Federação Sindical Mundial (FSM) denunciou que a política do governo “atenta e cerceia os direitos e conquistas do setor público, e é uma política anti-trabalhador que afeta se-riamente a classe e beneficia os poderes econômicos”.

Organizações como a União Nacional dos Empregados da Previdência Pública e o Bloco

Unitário Sindical e Social também condenaram as me-didas de Carlos Alvarado e alertaram que “o governo deveria tentar encontrar uma solução por meio do diálogo e não responder com repressões violentas que só agravam a situação”.

As autoridades da Univer-sidade da Costa Rica (UCR) condenaram os atos de repres-são e violação da autonomia universitária executados pela policia nacional. Os manifes-tantes denunciaram ainda o cerco midiático praticado pelos grandes conglomerados de comunicação - entre eles Teletica, Repretel Canal 6 e Grupo Nación S.A.- que têm mentido abertamente, desin-formado ou invisibilizado as ações populares em favor dos assaltantes de direitos.

Veja o vídeo das manifestações:https://www.youtube.com/

watch?time_continue=8&v=pl-d9xqz-4yo

Informe publicado pelo Ins-tituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (INDEC) mostra que a pobreza no país chegou a 27,3 % no primeiro semestre de 2018, quando estava em 25,7% na segunda metade de 2017.

Os dados revelam ainda que 33,3 % das crianças estão na pobreza enquanto que 8% das crianças padece na indigência, como consequência do arrocho, aumento desmedido das tarifas públicas e desnacionalização da economia impostos pelo gover-no de Maurício Macri. Entre as pessoas em idades entre 30 e 64 anos, 34,6% está na pobreza nos 31 centros urbanos mais populosos do país.

Segundo o INDEC, instituto equivalente ao nosso IBGE, o índice de indigência no período

foi de 4,9%. O crescimento da pobreza

na primeira metade do ano coincide com um aumento do custo da cesta básica de alimen-tos e serviços, parâmetro para calcular os índices de pobreza e indigência. De acordo com o informe do INDEC, uma famí-lia de quatro pessoas necessita de 1.920 reais para não ser considerada na pobreza.

O informe foi divulgado um dia depois de Macri aumentar o valor do acordo assinado em junho com o Fundo Mo-netário Internacional (FMI), que passou de US$ 50 bilhões para US$ 57,1 bilhões. Ele se comprometeu a atingir déficit fiscal zero em 2019, com um orçamento que prevê drásticos cortes de gastos nas questões centrais para o país como edu-

cação, saúde, transportes e segurança.

O governo, na linha de to-mar medidas cosméticas, que passem a ideia de que está preocupado com o combate à crise, anunciou a eliminação de vários ministérios para 'reduzir' os gastos estatais.

Dirigentes sindicais e sociais expressaram seu rechaço à mensagem de Macri que falou de uma situação “quase ideal” que não existe na Argentina. “Ele está mentindo nos mesmos termos que o fez na campanha eleitoral”, disse Hugo Godoy, secretário geral da Associação de Trabalhadores do Estado no momento em que mais 60 mil pessoas ficaram sem emprego na indústria só nos últimos dois meses deste ano e uma quanti-dade similar em outros setores.

A policia da Nicarágua dis-persou com explosivos uma manifestação da oposição que percorreria a parte leste da capi-tal, Manágua, no sábado.

No domingo, o governo Or-tega reafirmou o anúncio de dois dias antes de que as mar-chas que denunciam a política antipopular governamental são ilegais e que perseguirá aqueles que continuem se manifestando.

"Não sou delinquente, não sou delinquente", protestava uma mulher de 60 anos, de mãos dadas com duas colegas detidas, enquanto testemunhas eram empurradas e xingadas ao

tentarem impedir a prisão."Aqui não se pode marchar

(...) tenho direito de me ma-nifestar, de dizer o que penso, dizer que sou livre (...), que Ortega virou traidor e seu go-verno faz hoje o que nos custou tanto sangue derrotar: Somoza”. Estes bandidos [policiais] nos agrediram, nos ameaçaram e eu não sou delinquente", disse a mulher em entrevista ao "Canal 10", minutos antes de sua prisão.

Outra das detidas foi Miriam del Matus, 72 anos, vendedora de água que ficou conhecida quan-do nos atos da oposição ajudava os manifestantes a se hidratar.

Ela foi liberada horas depois, informou a imprensa local.

Habitantes dos bairros onde ocorria o protesto abriram as portas de suas casas para dar refúgio aos manifestantes, en-quanto outros mostravam aos jornalistas o que pareciam ser cartuchos de granadas de per-cussão.

O Escritório do Alto Comissa-riado da ONU em Manágua, ma-nifestou preocupação e chamou o Executivo a garantir o pleno respeito à liberdade de reunião e manifestação pacíficas, segundo as normas internacionais de direitos humanos.

A greve geral, inicial-mente convocada pelo Alto Comitê de Acom-panhamento dos Cida-

dãos Árabes de Israel, parou todas as cidades, aldeias e bairros árabes dentro das fronteiras israelenses de 1967 e contou com a adesão dos palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

Com ruas vazias, a exemplo de Ramallah (foto), onde fica a sede da Autoridade Nacional Palestina (ANP), a paralisação repudia e exige a revogação da lei que oficializa o sistema de apartheid israelense, aprovada em 19 de julho, pelo Knesset, parlamento de Israel, denomi-nada Lei Estado-Nação Judeu.

Pela nova lei, chamada também de Lei Básica do Es-tado de Israel, só são cidadãos plenos desse Estado, os judeus, tanto os que moram em Isra-el, como qualquer judeu em qualquer lugar do mundo que resolva requerer cidadania israelense. Em conseqüência dessa lei, os palestinos, que são os nativos da nação, com cidades continuamente vivas por 3.500 anos, são alijados dos direitos de cidadania plena.

A greve também rechaça a transferência da embaixada dos EUA para a cidade de Je-rusalém (que pela legislação israelense inclui a Jerusalém oriental árabe sob ocupa-ção e anexada) premiando a usurpação ilegal da capital da Palestina e lançando uma pá de cal nas negociações de paz, já detonada pela política de assalto a terras palestinas na Cisjordânia e financiamento governamental à construção de assentamentos judaicos às centenas nas terras palestinas ocupadas por Israel.

Deixando aos palestinos a “opção” de se contentarem com o “acordo do século”, a chantagem pela qual os pales-tinos deveriam aceitar qual-quer migalha imposta pelo co-luio Trump/Netanyahu, numa repetição racista-colonial dos mundialmente repudiados bantustões ofertados aos ne-gros privados de sua cidadania na África do Sul.

UNIDADEÉ a primeira vez-desde a

implantação de Israel em 1948, com a limpeza étnica (que re-sultou na expulsão de 80% da população palestina, de mais de 3.000 anos, dos seus lares e terras ancestrais) - que um ato unifica todas as forças e setores palestinos de forma unitária.

Desde fábricas, até peque-nas lojas nas aldeias, passando pelas escolas e escritórios, a greve foi massiva. Os pales-tinos não foram aos locais de trabalho, nem saíram às com-pras tornando as ruas silentes.

“A greve geral do povo palestino em todas as locali-dades é uma prova do fracasso daqueles que querem nos dividir”, afirmou o parlamen-

tar palestino, Jamal Zahalka, líder do Partido Democrático Nacional – Balad.

“Através dessa greve, decla-ramos que estamos unidos em nossa recusa em acabar com a questão palestina, seja através da Lei Estado-Nação, seja através do ‘acordo do século’ proposto pelos EUA. Ambos são duas faces da mesma moeda”, acrescentou Zahalka.

Ele finalizou destacando que “a greve geral de todos os palestinos terá um grande efei-to, pois é uma massiva reação à Lei Estado-Nação que atinge a todo o povo palestino”.

O protesto dessa segunda coincide com o 18º aniversá-rio do massacre de palestinos ocorrido em Sakhnin, quando foram assassinados 13 jovens da cidade localizada na Ga-lileia que se manifestavam em apoio à Segunda Intifada (sublevação palestina) que se ergueu diante das provocações de Sharon, o carniceiro de Sabra e Shatila, que desfilou com tropas israelenses na esplanada das mesquitas na histórica Jerusalém Oriental. Sharon assumiria o poder logo depois, em 2001, rasgando os acordos de Oslo e Taba que visavam o estabelecimento de um Estado Palestino lado a lado com o Estado de Israel. Ao sepultamento da opção pela paz foi dada a largada com o assassinato em praça pública do premiê israelense Itzhaq Rabin, que havia assi-nado os acordos de Oslo com o líder palestino, Yasser Arafat.

DISCRIMINAÇÃONa cidade de Sakhnin, uma

das que resisitiram à limpeza étnica de 1948, de onde saí-ram os primeiros protestos árabes dentro de Israel, em 1976, lembrados ano a ano, como o Dia da Terra, o vice-prefeito, Muneeb Tarabeh, disse que a discriminação dentro de Israel, assim como as políticas criminosas contra os palestinos nos territórios ocupados cresce ao longo do tempo. “Nunca para. A Lei Estado-Nação, assim como os massacres de 1976 e de 2000, são parte da mesma política. Nossa greve é uma mensagem para mostrar que nossa causa vive. Estamos aqui para man-ter a nossa memória e manter nossa história viva”.

“É um momento de grande força que percebemos quando nos vemos em lugares dife-rentes, unidos, com a mesma energia positiva, o que me dá a esperança com relação à con-tinuação da Resistência até que alcancemos a libertação”, destacou Badi Dweik, ativista palestino da cidade de Hebron.

Houve confrontos com as tropas de ocupação em cida-des, como Abu Dis, El Bireh, Kufr Qadoum, próxima ao posto de controle policial-mi-litar de Qalqylia .

NATHANIEL BRAIA

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INTERNACIONAL3 E 4 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Rússia e China rechaçam na ONU ditames de Washington

ANTONIO PIMENTA

Chanceler da Federação Russa Sergei Lavrov com o colega chinês Wang Yi

Pequim: “preferimos resolver atritos comerciais através do diálogo, mas não aceitamos chantagem”

7

UN-p

hoto

AFP

Chanceler da Coreia Popular Ri Yong Ho

Tsunami na Indonésia: mortos chegam a 844 e país mobiliza-se pelo resgate dos sobreviventes

Centenas de crianças imigrantes que Trump sequestrou são levadas em segredo ao Texas

Sergei Lavrov denunciou que certos países usam da “chantagem política à força bruta” para manter seu autoproclamado status de “líderes”. O chinês Wang Yi exigiu o devido respeito à Carta da ONU

Nesta segunda-feira (1) o governo indoné-sio fez preparativos para levar ajuda à ilha de Sulawesi, enquanto sobreviventes de um forte terremoto da semana passada se afas-tavam de casas arrasadas em meio a uma enorme devastação em áreas remotas onde morreram centenas de pessoas, inclusive 34 crianças em um acampamento cristão.

O saldo de 844 mortes confirmadas pode ainda crescer quando os agentes de resgate chegarem a locais de difícil acesso devas-tados por um tremor de magnitude 7,5 na sexta-feira (28) e por um tsunami logo em seguida de até seis metros de altura.

Segundo relatos, dezenas de pessoas es-tão presas nos escombros de vários hotéis e um shopping center na pequena cidade de Palu, 1.500 quilômetros a nordeste de Ja-carta. Teme-se que centenas mais estejam soterradas por deslizamntos de terra que engoliram vilarejos inteiros.

Existe uma preocupação específica com Donggala, região de 300 mil habitantes situ-ada ao norte de Palu e próxima do epicentro do terremoto, e dois outros distritos onde a comunicação foi interrompida.

Na cidade de Palu, capital provincial, 17 mil pessoas estão desabrigadas, há dezenas de desaparecidos e centenas de feridos, destroços se espalham por toda parte, os hospitais não dão conta e boa parte do aten-dimento é feito em tendas. Um shopping center, uma mesquita, um hotel e uma ponte foram destruídos, bem como milhares de casas. A eletricidade e comunicações foram cortadas. O atual e ex-prefeito de Palu tam-bém estão entre os mortos, segundo a Cruz Vermelha. Equipes de socorro e médicas, aviões militares com suprimentos e soldados continuam chegando para o resgate.

“TRABALHEM DIA E NOITE”O presidente da Indonésia, Joko Widodo,

foi a Palu no domingo para supervisionar os trabalhos e avaliar de perto a situação. Aos militares que já lá estão ajudando nos resgates e no atendimento à população, ele convocou: “estou pedindo a todos vocês que trabalhem dia e noite para completar todas as tarefas relacionadas à evacuação”. “Quero ver eu mesmo e assegurar-me de que a res-posta ao impacto do terremoto e do tsunami chega a todos os nossos irmãos”, ele havia postado no twitter antes de deixar Jacarta. Do mundo inteiro, chegam mensagens de solidariedade e ofertas de ajuda.

O porta-voz da Agência de Gestão de De-sastres da Indonésia, Sutopo Purwo Nugroho, estimou em 2,4 milhões de pessoas afetadas. Avaliação ainda mais dificultada porque ele-tricidade e comunicações estão cortadas e as estradas estão severamente danificadas ou bloqueadas por deslizamentos de terra. Ainda não há dados sobre a devastação em Dongga-la, de 300 mil habitantes, na entrada da baía atingida pelo terremoto e tsunami, a segunda maior cidade atingida.

Fotos que receberam confirmação de autenticidade pelas autoridades mostraram corpos sendo alinhados ao longo da rua em Palu no sábado, alguns em sacos e outros com os rostos cobertos com roupas. Quando o tsunami chegou, ao anoitecer de sexta-feira, centenas de pessoas aguardavam na praia turística de Talise o início de um fes-tival e muitas foram varridas pelas águas.

Cnforme o órgão indonésio, o tsunami viajou pelo mar aberto a uma velocidade de 800 quilômetros por hora antes de alcançar a entrada estreita da longa baía onde fica Palu. O primeiro terremoto, foi seguido por outro, de magnitude maior e epicentro localizado a 10 km de profundidade e 80 km ao norte de Palu. Com as ondas muito altas, em meio ao pânico algumas pessoas se salvaram subindo em árvores.

A tentativa de impor ao resto do mundo seus ditames – in-disfarçavelmente

expressada, em que pesem as risadas – pelo presiden-te Donald Trump na 73ª Assembleia Geral da ONU, foram respondidas exem-plarmente pelo chanceler russo, Sergei Lavrov, e pelo chanceler chinês, Wang Yi, que se manifestaram em favor do multilateralismo, do diálogo, da paz, da sobe-rania, da não intervenção e da Carta da ONU e re-pudiaram os atropelos à lei internacional.

Em seu pronunciamento na abertura, o secretário-geral da ONU, Antonio Gu-terres, já havia rechaçado o unilateralismo e o caos nas relações internacionais. A 73ª Assembleia Geral foi conclu-ída nesta segunda-feira (1), com a presidente, a equatoria-na María Fernanda Espinosa Garcés, saudando a quase unanimidade sobre o “papel insubstituível da ONU”.

“Somos testemunhas de uma colisão de duas ten-dências opostas” no cenário mundial, assinalou Lavrov. “Por um lado, os princípios policêntricos da ordem mun-dial estão se fortalecendo e novos centros de crescimen-to econômico estão tomando forma. Nações se esforçam para preservar sua sobera-nia e escolher os modelos de desenvolvimento consis-tentes com sua identidade étnica, cultural e religiosa”, ressaltou o ministro russo. “Por outro lado, vemos o de-sejo de uma série de estados ocidentais de manter seu autoproclamado status de “líderes mundiais” e de frear o movimento irreversível em direção à multipolaridade”. Para este fim – denunciou -, “vale tudo, incluindo chanta-gem política, pressão econô-mica e força bruta”.

Lavrov advertiu que “tais ações ilegais desvalorizam o direito internacional, que está na base da ordem mundial do pós-guerra” e se referiu aos que não só questionam “a força legal dos tratados internacionais” mas ainda declaram “a prioridade das abordagens unilaterais sobre as resolu-ções da ONU”. Ele afirmou que “estão sob ataque” os princípios básicos de so-lução do Oriente Médio, o Acordo Nuclear com o Irã, os compromissos no âmbito da OMC e o Acordo multila-teral sobre o clima.

O chanceler russo acu-sou os ‘colegas ocidentais’ de buscarem “substituir o Estado de Direito nos assun-tos internacionais por uma ‘ordem baseada em regras’ – compostas de acordo com a conveniência política, num caso claro de duplo padrão”.

“Acusações injustifi-cadas de interferência nos assuntos internos de determinados países são feitas enquanto se enga-jam simultaneamente em uma campanha aberta para minar e derrubar go-vernos democraticamente eleitos”, afirmou Lavrov. Buscam atrair “certos países para alianças mi-litares construídas para atender às suas próprias necessidades, contra a vontade do povo desses países”, enquanto “ame-açam outros estados com punição por exercerem a liberdade de escolha de seus parceiros e aliados”, acrescentou.

Por sua vez, o chanceler chinês, Wang Yi, repudiou os “ataques” ao multilate-ralismo e à Carta da ONU. “Devemos ficar comprome-tidos com o multilateralis-mo ou deixar o unilatera-lismo prevalecer?”, ques-tionou. “Devemos buscar manter a arquitetura da ordem mundial ou permi-tir que seja erodida até o colapso?”, acrescentou. “Estas são questões de importância crítica que surgem no futuro de todos os países e no destino da

espécie humana, questões que todos os países devem refletir cuidadosamente e buscar responder”.

O representante chinês manifestou o compromisso da China com a Carta da ONU, a não intervenção e o diálogo e advertiu contra “mentalidades soma-zero e o unilateralismo”.

As “ambições egoístas de um grupo restrito de países” foram denunciadas por Lavrov, que denunciou “o alto preço” que isso está custando à comunidade internacional. Com a di-plomacia e o compromisso “sendo substituídos por di-tames e sanções externas e unilaterais decretadas sem o consentimento do Conse-lho de Segurança da ONU”.

Lavrov rechaçou os “ve-redictos sem julgamento ou investigação” e atribui-ções de culpa por parte dos “colegas ocidentais” com base em “altamente prová-vel”. “Já passamos por isso. Lembramos bem quantas vezes falsos pretextos fo-ram usados para justificar intervenções e guerras, como na Iugoslávia em 1999, no Iraque em 2003 e na Líbia em 2011”, subli-nhou. “Agora, os mesmos métodos estão sendo usados contra a Síria”, denunciou, apontando o ataque com mísseis de abril.

Lavrov denunciou que a tentativa fracassada de usar extremistas para mu-dar de fora o regime sírio “quase levou ao colapso do país e ao surgimento de um califado terrorista em seu lugar”. Ele afirmou que foi a ação ousada da Rússia em resposta ao pedido do governo sírio, apoiado di-plomaticamente pelo pro-cesso de Astana, que “aju-dou a evitar esse cenário destrutivo”. Ele enfatizou que é “inaceitável ignorar o prolongado problema palestino” e alertou contra “as abordagens unilaterais e tentativas de monopolizar o processo de paz”.

“MUNIQUE;1938”A seguir, Lavrov chamou

a todos a não repetirem os erros do passado e as-sinalou que “este ano é o 80 º aniversário do Acordo de Munique, que coroou o criminoso apaziguamento do Terceiro Reich e serve como um triste exemplo das consequências desas-trosas que podem resultar do egoísmo nacional, des-respeito ao direito interna-cional e busca de soluções em detrimento de outros”. Ele denunciou que hoje em muitos países há uma campanha crescente para reescrever a história – como ocorre com o atual governo da Ucrânia, que glorifica criminosos que lutaram sob as bandeiras da SS – e exigiu a implementação do Protocolo de Minsk.

O chanceler russo con-gratulou-se com os desen-volvimentos positivos na Península coreana e adver-tiu que a falta de progresso na ratificação do Tratado de Proibição Completa de Testes e no estabeleci-mento de uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio foi agravada pela retirada unilateral dos EUA do JCPOA, violando a Reso-lução 2231, apesar “de o Irã estar totalmente em conformidade”.

Lavrov ressaltou a “re-levância da ONU” sob as atuais “circunstâncias tur-bulentas”, como o “único fórum existente para supe-rar diferenças e coordenar as atividades da comunida-de internacional”. “Diktats e coerção, tão típicos da era colonial, devem ser de uma vez por todas jogados na lata de cinzas da história”. “Tenho a esperança de que a cultura do diálogo e do respeito finalmente pre-valecerá”.

“Nenhuma nova base militar será ergui-da em Okinawa”, afir-mou o líder oposicio-nista Denny Tamaki, ex-parlamentar da Câmara de Deputados do Japão, ao vencer, no último domingo, a elei-ção para governador.

Tendo como mote de sua campanha a retirada da base dos marines e a transfor-mação da região em um centro asiático de cultura e tecno-logia como forma de impulsionar a econo-mia, Tamaki bateu o candidato do pri-meiro-ministro Abe, o ex-prefeito Atsushi Sakima, completa-mente submisso aos estadunidenses.

A prefeitura de Okinawa ocupa ape-nas 0,6% do território do país, mas nela se encontram 74% das instalações militares dos EUA, estando es-tacionados na ilha 25.800 militares nor-te-americanos, além de 19.000 familiares

Candidato anti-base dos EUA vence eleição para governador de Okinawa

e outros civis.Após agradecer o

apoio da população, o novo governador destacou que espera que os avanços econô-micos demonstrem ao governo japonês que existe outro caminho a seguir e reiterou que não irá quebrar em nenhum momento o compromisso assu-mido com seus eleito-res de impedir, a todo custo, a construção de uma nova base estadunidense.

As tensões contra a ocupação dos Es-tados Unidos na re-gião tiveram início em 1995 quando um jato norte-americano caiu nas vizinhanças de Ginowan, causando a morte de 17 morado-res, sendo 11 crian-ças em idade escolar. Outro motivo de ten-são da população em relação à ocupação militar norte-ameri-cana é a ocorrência de casos de estupro de mulheres cometidos pelos soldados.

Centenas de crianças imigrantes, capturadas nos Estados Unidos na fronteira com o México, foram retira-das à noite dos centros de detenção ilegais erguidos no Kansas e em Nova Iorque para serem enviadas a acam-pamentos improvisados no deserto do Texas.

A violência e a covardia da ação foram demais até para o The New York Times, que denunciou a forma sigilosa com que foram evacuados, carregando mochilas e sem sequer informar seus pais – que, em muitos casos, se-guem batalhando para co-nhecer o paradeiro dos filhos. As organizações de direitos

humanos e de advogados também não receberam qualquer comunicado sobre as “transferências”.

Conforme o jornal es-tadunidense, aproxima-damente 13 mil crianças e menores de idade - a maior população infantil em décadas -, seguem ser localizadas, invisíveis, em meio a contínuas convo-cações dos tribunais para que o governo de Donald Trump reúna os pequenos a seus progenitores. A es-candalosa cifra representa um aumento exponencial desde maio do ano passa-do, quando o número era de 2.400.

As crianças foram realoca-das no acampamento erguido pelo exército estadunidense na desértica localidade de El Tornillo, a cerca de 50 quilômetros ao sul da cidade fronteiriça de El Paso.

Diferentemente do que vinha sendo feito até agora, quando a maior parte dos pequenos era alojada em lugares onde dormiam em habitações de três lugares, recebiam algum tipo de edu-cação e visitas de seus repre-sentantes legais, na “Cidade das Barracas” as crianças dormem aglomeradas em grupos de 20, não recebem qualquer educação e o acesso a serviços legais é limitado.

Pyongyang avisa: não haverá desarmamento unilateralO ministro das Relações

Exteriores da Coreia Popular (Norte), Ri Yong Ho, afirmou na Assembleia Geral da ONU que a questão chave para uma solução na península coreana é a “construção da confiança entre EUA e a RPDC (nome oficial do Norte) e advertiu que “sem confian-ça nos Estados Unidos não haverá confiança na nossa segurança nacional e em tais circunstâncias não há manei-ra de que nos desarmemos unilateralmente primeiro”.

Ri reiterou o sólido com-promisso do líder Kim Jong Un em tornar a península coreana uma terra de paz e livre de armas nucleares e de ameaças nucleares, mas advertiu que a insistência em ditames e sanções amea-çam o processo, convocando a respeitar a Declaração Kim-Trump de Cingapura.

“A percepção de que as sanções podem nos por de jo-elhos é uma utopia de pessoas que não nos conhecem. Mas o problema é que as contínuas sanções estão aprofundando nossa desconfiança”, afirmou Ri. Na última reunião do Con-selho de Segurança da ONU, Rússia e China propuseram o alívio das sanções enquanto Washington e aliados se man-tinham irredutíveis na ideia de matar de fome os coreanos.

Como assinalou Ri, o se-

cretário de Estado Mike Pompeo disse no CS que “a aplicação das sanções do Conselho de Segurança deve continuar energicamente e sem decair, até que nos demos conta da desnuclea-rização total e definitiva”.

O chanceler disse ainda que ao invés “de atender à nossa preocupação pela ausência de um regime de paz na península coreana”, Washington insiste na ‘des-nuclearização-primeiro’ e aumenta o nível de pressão através de sanções para atingir seu propósito de for-ma coercitiva e até mesmo objetando a uma ‘declara-ção do fim da guerra’”.

O chanceler norte-corea-

no destacou que “a desnucle-arização da península coreana deve ser realizada junto com a construção do regime de paz, sob o princípio de ações simultâneas passo a passo, começando com o que pode-mos fazer e dando prioridade à construção da confiança”. Ele assinalou os gestos de boa vontade já realizados pela Coreia e ressaltou a de-cisão de Pyongyang de, uma vez obtida a capacidade de defesa, passar à priorização do desenvolvimento e como a construção de confiança entre o norte e o sul permitiu em cinco meses grandes avanços na reconciliação e na busca da paz e três cúpulas Kim-Moon.

Numa observação que tem nome, Donald, e sobrenome, Trump, o chanceler chinês Wang Yi disse à Assembleia Geral da ONU que os me-canismos multilaterais e as normas internacionais estão “sob ataque”, numa paisagem global “marcada pelas incerte-zas e fatores de desestabiliza-ção” e convocou a comunidade internacional a buscar uma “cooperação ganha-ganha”, sob a compreensão de que ne-nhum país sozinho pode fazer frente aos desafios globais ou ficar imune aos seus impactos.

Ressaltando o papel es-sencial da ONU e da sua Carta, Wang reiterou os princípios chineses para essa construção: “em pri-meiro de tudo, buscar uma cooperação mutuamente vantajosa. Precisamos subs-tituir a confrontação pela cooperação, e a coerção, pela consulta”. “Devemos promover um desenvolvi-mento comum através das consultas ao invés de um

enfoque o ‘vencedor-le-va-tudo’”, ressaltou. Em segundo lugar, as relações entre os países deveriam ser baseadas “na credibi-lidade, não na revogação, quando der vontade, dos compromissos”, advertiu, realçando que a coopera-ção internacional deve ser guiada por “regras”, não “impulsos”.

“Praticar o multilatera-lismo é, primeiro e acima de tudo, sobre respeitar a lei internacional e a Carta da ONU, e honrar os com-promissos internacionais alcançados por negociações”, afirmou o representante de Pequim. Nos assuntos inter-nacionais, é preciso “impar-cialidade e justiça”, ou seja, o respeito à soberania, inde-pendência e integridade ter-ritorial dos demais países, e ao caminho que escolherem para seu desenvolvimento, acrescentou.

Sobre os “atritos comer-ciais”, Wang enfatizou que

a China insiste em uma solução adequada por meio do diálogo e que “não aceita chantagem e não tem medo de pressões”. Ele também saudou os avanços na pe-nínsula coreana e pediu ponderação para solucio-nar a crise em Mianmar. Manifestou o compromisso de Pequim com o acordo nuclear a seis partes com o Irã – do qual os EUA se retiraram – e com a solução de “dois estados” na Pales-tina. Ele também salientou a convocação do presidente Xi Jinping à construção de uma “comunidade comparti-lhada” para a humanidade, em 2015, na ONU.

Concluindo, o ministro chi-nês manifestou sua esperança de que a Assembleia Geral faça sua parte na “manuten-ção do multilateralismo, da paz mundial e do desenvolvi-mento” e que a comunidade internacional apoiará a ONU para cumprir seus papel in-ternacional central.

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Ulysses Guimarães: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria”

ESPECIAL

ULYSSES GUIMARÃES

ois de fevereiro de 1987: “Ecoam nesta sala as reivindicações das ruas. A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Na-ção vai mudar.” São palavras constantes do discurso de posse

como Presidente da Assem-bléia Nacional Constituinte.

Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. (Palmas.)

A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos poderes, mudou restaurando a Federação, mudou quando quer mudar o homem em cidadão, e só é cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e es-creve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando des-cansa. (Palmas.)

Num país de 30.401.000 analfabetos, afrontosos 25% da população, cabe advertir: a cidadania começa com o alfabeto.

Chegamos! Esperamos a Constituição como o vigia espera a aurora.

Não nos desencaminhamos na longa marcha, não nos desmoralizamos capitulando ante pressões aliciadoras e comprometedoras, não de-sertamos, não caímos no caminho.

A Nação nos mandou exe-cutar um serviço. Nós o fize-mos com amor, aplicação e sem medo. (Palmas.)

A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a re-forma.

Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, ja-mais. Afrontá-la, nunca.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria. (Muito bem! Palmas.)

Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constitui-ção, trancar as portas do Par-lamento, garrotear a liberda-de, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. (Muito bem! Palmas.)

A persistência da Consti-tuição é a sobrevivência da democracia.

Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promul-gamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à di-

tadura. Ódio e nojo. (Muito bem! Palmas prolongadas.)

Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações, principal-mente na América Latina. (Palmas.)

Assinalarei algumas mar-cas da Constituição que passará a comandar esta grande Nação.

A primeira é a coragem. A coragem é a matéria-prima da civilização. Sem ela, o dever e as instituições perecem. Sem a coragem, as demais virtudes sucumbem na hora do perigo. Sem ela, não haveria a cruz, nem os evangelhos.

A Assembleia Nacional Constituinte rompeu contra o establishment, investiu con-tra a inércia, desafiou tabus. Não ouviu o refrão saudosista do velho do Restelo, no genial canto de Camões. Suportou a ira e perigosa campanha mercenária dos que se atre-veram na tentativa de aviltar legisladores em guardas de suas burras abarrotadas com o ouro de seus privilégios e especulações. (Muito bem! Palmas.)

Foi de audácia inovadora a arquitetura da Constituinte, recusando anteprojeto forâ-neo ou de elaboração interna.

Há, portanto, representati-vo e oxigenado sopro de gen-te, de rua, de praça, de favela, de fábrica, de trabalhadores, de cozinheiros, de menores carentes, de índios, de pos-seiros, de empresários, de estudantes, de aposentados, de servidores civis e militares, atestando a contemporanei-dade e autenticidade social do texto que ora passa a vigorar. Como o caramujo, guardará para sempre o bramido das ondas de sofrimento, espe-rança e reivindicações de onde proveio. (Palmas.)

O inimigo mortal do ho-mem é a miséria. O estado de direito, consectário da igual-dade, não pode conviver com estado de miséria. Mais mise-rável do que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria. (Palmas.)

Tipograficamente é hie-rarquizada a precedência e a preeminência do homem, colocando-o no umbral da Constituição.

Não lhe bastou, porém, defendê-lo contra os abusos

originários do Estado e de outras procedências. Intro-duziu o homem no Estado, fazendo-o credor de direitos e serviços, cobráveis inclusive com o mandado de injunção.

Tem substância popu-lar e cristã o título que a consagra: “a Constituição cidadã”.(Palmas.)

Vivenciados e originários dos Estados e Municípios, os Constituintes haveriam de ser fiéis à Federação. Exem-plarmente o foram. (Palmas.)

No Brasil, desde o Império, o Estado ultraja a geografia. Espantoso despautério: o Estado contra o País, quando o País é a geografia, a base física da Nação, portanto, do Estado.

É elementar: não existe Es-tado sem país, nem país sem geografia. Esta antinomia é fator de nosso atraso e de muitos de nossos problemas, pois somos um arquipélago social, econômico, ambiental e de costumes, não uma ilha.

A civilização e a grandeza do Brasil percorreram rotas centrífugas e não centrípetas.

Os bandeirantes não fi-caram arranhando o litoral como caranguejos, na imagem pitoresca mas exata de Frei Vicente do Salvador. Cavalga-ram os rios e marcharam para o oeste e para a História, na conquista de um continente.

Foi também indômita voca-ção federativa que inspirou o gênio do Presidente Juscelino Kubitschek, (palmas) que plantou Brasília longe do mar, no coração do sertão, como a capital da interiorização e da integração.

A Federação é a unidade na desigualdade, é a coesão pela autonomia das províncias. Comprimidas pelo centra-lismo, há o perigo de serem empurradas para a secessão.

É a irmandade entre as re-giões. Para que não se rompa o elo, as mais prósperas de-vem colaborar com as menos desenvolvidas. Enquanto houver Norte e Nordeste fracos, não haverá na União Estado forte, pois fraco é o Brasil. (Palmas.)

As necessidades básicas do homem estão nos Estados e nos Municípios. Neles deve estar o dinheiro para aten-dê-las.

A Federação é a governa-bilidade. A governabilidade da Nação passa pela gover-nabilidade dos Estados e dos

Municípios. (Palmas.) O desgoverno, filho da

penúria de recursos, acende a ira popular, que invade primeiro os paços munici-pais, arranca as grades dos palácios e acabará chegando à rampa do Palácio do Planalto. (Palmas.)

A Constituição reabilitou a Federação ao alocar recur-sos ponderáveis às unidades regionais e locais, bem como ao arbitrar competência tri-butária para lastrear-lhes a independência financeira.

Democracia é a vontade da lei, que é plural e igual para todos, e não a do príncipe, que é unipessoal e desigual para os favorecimentos e os privilégios.

Se a democracia é o gover-no da lei, não só ao elaborá-la, mas também para cumpri-la, são governo o Executivo e o Legislativo.

É axiomático que muitos têm maior probabilidade de acertar do que um só. O go-verno associativo e gregário é mais apto do que o solitário. Eis outro imperativo de go-vernabilidade: a coparticipa-ção e a corresponsabilidade.

Nós, os legisladores, am-pliamos nossos deveres. Te-remos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a negli-gência, a inépcia. (Palmas.)

Tem significado de diag-nóstico a Constituição ter alargado o exercício da de-mocracia, em participativa além de representativa. É o clarim da soberania popular e direta, tocando no umbral da Constituição, para ordenar o avanço no campo das neces-sidades sociais.

A moral é o cerne da Pá-tria. A corrupção é o cupim da República. (Palmas.) Re-pública suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos, que, a pretexto de salvá-la, a tiranizam.

Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube, eis o primeiro man-damento da moral pública. (Muito bem! Palmas.)

A exposição panorâmica da lei fundamental que hoje passa a reger a Nação permite conceituá-la, sinoticamente, como a Constituição cora-gem, a Constituição cidadã, a Constituição federativa, a Constituição representativa e participativa, a Constituição do Governo síntese Executi-vo-Legislativo, a Constituição

fiscalizadora.Não é a Constituição per-

feita, mas será útil, pionei-ra, desbravadora. Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros e igno-rados da miséria.

Recorde-se, alvissareira-mente, que o Brasil é o quinto país a implantar o instituto moderno da seguridade, com a integração de ações relati-vas à saúde, à previdência e à assistência social, assim como a universalidade dos benefí-cios para os que contribuam ou não, além de beneficiar 11 milhões de aposentados, espoliados em seus proventos.(Palmas.)

Agora conversemos pela última vez, companheiras e companheiros constituintes.

A atuação das mulheres nesta Casa foi de tal teor (pal-mas prolongadas), que, pela edificante força do exemplo, aumentará a representação feminina nas futuras eleições.

Quanto a mim, cumpriu-se o magistério do filósofo: o segredo da felicidade é fazer do seu dever o seu prazer. (Palmas.)

Todos os dias, meus amigos constituintes, quando divisa-va, na chegada ao Congresso, a concha côncava da Câmara rogando as bênçãos do céu, e a convexa do Senado ouvindo as súplicas da terra, (palmas) a alegria inundava meu cora-ção. Ver o Congresso era como ver a aurora, o mar, o canto do rio, ouvir os passarinhos.

Sentei-me ininterrupta-mente 9 mil horas nesta cadeira, em 320 sessões, ge-rando até interpretações divertidas pela não-saída para lugares biologicamente exigíveis. (Risos. Palmas.)

Somadas as das sessões, foram 17 horas diárias de la-bor, também no gabinete e na residência, incluídos sábados, domingos e feriados.

Político, sou caçador de nuvens. Já fui caçado por tempestades. (Palmas.) Uma delas, benfazeja, me colocou no topo desta montanha de sonho e de glória. Tive mais do que pedi, cheguei mais longe do que mereço. (Não apoiado.) Que o bem que os Constituintes me fizeram fru-tifique em paz, êxito e alegria

No próximo dia 5, a Constituição brasileira fará 30 anos.

Estas três décadas têm sido plenas de vicissitudes – e houve vários ataques à Carta de 1988.

No entanto, ela permanece como a cristalização das conquistas democráticas do povo brasileiro, com a derrubada da ditadura que infelicitou o país durante 21 anos.

Ao mesmo tempo, no dia se-guinte, seis de outubro, Ulysses Guimarães – o presidente da Cons-tituinte de 1988, que esteve à frente da luta contra a ditadura desde a primeira metade da década de 70 – faria 102 anos.

Neste momento em que alguns candidatos, no presente pleito eleitoral, atacam a Constituição de Ulysses – e não estamos falando apenas de Bolsonaro; pois o can-didato do PT, Fernando Haddad, já propôs até uma nova Constituinte (e, certamente, na situação de hoje, não é para melhorar o atual texto) – republicamos, aqui, o discurso que encerrou a Constituinte de 1988.

Quando o pronunciou, Ulysses faria, no dia seguinte, 72 anos.

Esta, aliás, é a segunda vez que publicamos este discurso. A primeira foi quando do centenário de Ulysses, em 2016. Mas acha-mos completamente justificada a republicação de agora.

Mantivemos, abaixo, a intro-dução então elaborada, por sua atualidade:

A luta, dentro da Constituinte, já prenunciava o que veio depois:

a atitude dos futuros tucanos – Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Mário Covas – foi sempre um obstáculo à ampliação das conquistas populares.

O PT até mesmo se recusou a votar e assinar a Constituição.

O que ocorreu durante os dois mandatos tucanos e os 13 anos do PT na Presidência, já ali estava esboçado.

[Porém, é forçoso acrescentar que o lixo da ditadura foi banido para os esgotos e aterros sanitá-rios da História – e somente agora, na atual campanha, emergiu des-ses esgotos.]

Na campanha eleitoral de 1989, em seu último pronunciamento, o próprio Ulysses definiu o destino daqueles que, então, o atacavam – e às conquistas democráticas da Constituição:

“Durante mais de vinte anos, [o PMDB] foi à nação com sua voz de liberdade. Ante o terror, não se aterrorizou. Não se sujou como cúmplice da ditadura. Não mamou nas tetas assassinas da opressão. Nosso partido foi às universidades e às passeatas dos estudantes amordaçados pelo famigerado Decreto nº 477, tendo Honestino Guimarães como mártir da resis-tência estudantil. Foi às greves para defender e solidarizar-se com os trabalhadores perseguidos e presos, transferindo sua sede para o ABC, em São Paulo, com a participação histórica de Teotônio Vilela. Foi, en-tão, hasteada a destemida bandeira

da desobediência civil, que revogou, de fato, o tirânico AI-5. Mas um pre-ço de sangue e luto foi pago com o assassinato do operário Santo Dias.

“Com a anistia, abriu as portas das cadeias para libertar presos po-líticos e abriu as fronteiras do Brasil para o repatriamento dos exilados. Alguns, agora, nos jogam pedras. Confirma-se a dolorosa regra da precária conduta dos homens: o dia do benefício é a véspera da ingrati-dão. Não importa. Fizemos. Faríamos de novo. A paz da família brasileira supera qualquer ressentimento.

“Falamos no Congresso Nacio-nal. Falamos na periferia do Brasil, em cima de caixas de querosene, porque outras tribunas nos eram negadas. Falamos pela imprensa,

o rádio e a televisão, arrochados pela censura, velhista e velhaca, que calou para sempre a pena do massacrado Vladimir Herzog. Falamos em lugar e como protesto pelos artistas, pisoteados e amor-daçados, como Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda, Plínio Marcos, Gianfrancesco Guarnieri, Cacilda Becker, como símbolos.

“Nossa legenda teve como aliados a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, a Igreja de D. Hélder Câmara, D. Luciano Mendes, D. Paulo Evaristo Arns, na defesa dos padres que tombaram pelas mãos monstruosas dos grileiros de ter-ras. Defendemos o empresariado nacional contra o saque colonizador.

Denunciamos a dívida externa como espoliadora de nossa economia, aviltando-a como mutuária escravi-zada aos guichês imperialistas dos bancos estrangeiros.

“De nossos quadros, partiu a legião dos estropiados em seus di-reitos civis e políticos. Os cassados, os encarcerados, os tor turados, os exilados, os supliciados, como o emedebista Rubens Paiva, evo-cação imortal do nojo à ditadura e aos ditadores.

“Dirijo-me agora aos desertores que abandonaram nossa trincheira, na hora incerta e de risco, fugindo para outras candidaturas, tangidos pelo canto de sereia das pesquisas. Ainda é tempo. Tempo de salvarem não a candidatura do PMDB, mas de se salvarem do castigo popular, que tem sido implacável com os traido-res do Brasil. Quem não cumpre seus compromissos com o partido, não cumpre seus deveres para com a pátria. O povo sabe disso e pune por isso.

“A pátria não condecora os traidores.

“Por derradeiro, espero que os patriotas ouçam a súplica de um veterano combatente da liberdade, que juntos conquistamos e que separados não podemos perder.

“Não vote para presidente da Re-pública nos que, como cúmplices, conspiraram contra a República. Não vote nos reacionários do con-servadorismo.

“Querem conservar a podridão da miséria, das desigualdades, da

corrupção, dos privilégios.“Não vote no estourado, no

arrebatado, no imprevidente. A Presidência da República exige experiência, coragem e decisão.

“Meu beijo comovido nas crian-ças e meu abraço comovente nas mulheres do meu Brasil.

“Até logo, homens, mulheres, jo-vens do Brasil. Vamos nos encontrar nas urnas. Espero em Deus que não nos arrependamos de tanto lutar e esperar por elas.

“Da fé fiz companheira; da es-perança, conselheira; do amor, uma canção.”

Era o dia 12 de novembro de 1989. Não é preciso dizer – embora não consigamos deixar de dizer – que o PMDB de hoje tem tanto a ver com o PMDB de Ulysses Gui-marães, quanto Jesus Cristo tinha a ver com os vendilhões do templo.

Abaixo, o discurso de encerra-mento – condensado – de Ulysses na Constituinte, a 5 de outubro de 1988.

C.L.

Dia 5 de outubro de 1988: Ulysses promulga a Constituição-cidadã

para cada um deles.Adeus, meus irmãos. É

despedida definitiva, sem o desejo de retorno.

Nosso desejo é o da Nação: que este Plenário não abri-gue outra Assembleia Na-cional Constituinte. (Palmas prolongadas.) Porque, antes da Constituinte, a ditadura já teria trancado as portas desta Casa.

Autoridades, Constituin-tes, senhoras e senhores,

A sociedade sempre aca-ba vencendo, mesmo ante a inércia ou antagonismo do Estado.

O Estado era Tordesilhas. Rebelada, a sociedade empur-rou as fronteiras do Brasil, criando uma das maiores geografias do Universo.

O Estado, encarnado na metrópole, resignara-se ante a invasão holandesa no Nor-deste. A sociedade restaurou nossa integridade territorial com a insurreição nativa de Tabocas e Guararapes, (palmas) sob a liderança de André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e João Fer-nandes Vieira, que cunhou a frase da preeminência da sociedade sobre o Estado: “Desobedecer a El-Rei, para servir a El-Rei”. (Muito bem!)

O Estado capitulou na entrega do Acre, a sociedade retomou-o com as foices, os machados e os punhos de Plácido de Castro e dos seus seringueiros. (Palmas.)

O Estado autoritário pren-deu e exilou. A sociedade, com Teotônio Vilela, pela anistia, libertou e repatriou. (Palmas.)

A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram. (Muito bem! Pal-mas prolongadas.)

Foi a sociedade, mobilizada nos colossais comícios das Diretas-já, que, pela transição e pela mudança, derrotou o Estado usurpador.

Termino com as palavras com que comecei esta fala: a Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar.

A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança.

Que a promulgação seja nosso grito:

– Mudar para vencer!Muda, Brasil!(Muito bem! Muito bem!

Palmas prolongadas.)