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APÊNDICE I. METODOLOGIAS E TÉCNICAS ANALÍTICAS
I.1. Introdução
As metodologias utilizadas no desenvolvimento do projeto compreendem as seguintes
etapas: i) mapeamento geológico base; ii) análise petrográfica detalhada, iii) geoquímica de
rocha total e mineral, iv) geoquímica isotópica.
I.2. Cartografia Geológica
Na confecção do mapa geológico foram utilizadas:
I.2.1. Foto interpretação
Foram geo-interpretadas oito imagens SAF (serviço aéreo fotogeológico) na escada
1:70000 (ano 1992) da área de estudo, através da qual foram individualizados complexos
vulcânicos, vulcões e unidades de rocha, assim como o arranjo estrutural regional do
Complexo Vulcânico Yate. Posteriormente, essa interpretação foi comparada e enriquecida
com a foto interpretação feita por Moreno (1995), confeccionando assim, o mapa de foto
interpretação final. Numa etapa final, mediante duas campanhas de campo nos meses de verão
do ano 2004 e 2005 (Janeiro - Fevereiro), o mapa de foto interpretação foi corrigido, gerando
o mapa geológico final.
I.2.2. Digitalização
A vetorização dos diferentes dados, como unidades litoestratigráficas do mapa final,
mapas antigos da zona (Sernageomin-BRGM, 1995; Moreno, 1995), perfis geológicos e
feições estruturais e geomorfológicas, foi realizada mediante a plataforma Global Mapper®
5.0, baseada em imagens LANDSAT/TM e SRTM (Shuttle Radar Topography Mission,
Elevation Dataset) com resolução de pixel 50 e 90 metros. Com o objetivo de facilitar a
organização e montagem do mapa final, foram utilizadas como técnicas básicas de sistema de
informação geográficas (GSI) as plataformas ARCVIEW 3.2 e ARCGIS 8.1. Foram
armazenados principalmente os vetores do mapa geológico, os dados planialtimétricos,
topográficos (doados pelo SERNAGEOMIN, Pto. Varas), de pontos de amostragem e
estruturas, que foram extraídos tanto pelo programa Global Mapper® 5.0, quanto de tabelas de
informação confeccionadas em Excel. Finalmente para a montagem do mapa final, utilizou-se
a plataforma Corel Draw® 12.
Os dados Geodésicos utilizados no georeferenciamento do mapa foram: i) elipsóide de
referência internacional 1924; ii) datum Provisório Sul-Americano (La Canoa Venezuela) de
1956; iii) projeção Universal Transversal de Mercator (UTM) de origem X: meridiano 75º
W=500 km e Y: 10.000 km ao sul do Equador.
Durante os trabalhos de campo foram coletadas 91 amostras representativas de todas
as litologias mapeadas e descritas macroscopicamente (ver Anexo: Tabela A1 e Figura AI.1).
Figura AI.1. Mapa da amostragem efetuado no Complexo Vulcânico Yate. Destacam-se as diferentes campanhas realizadas no percurso da pesquisa (cor azul: Campo I; cor vermelha: Campo II)
I.3. Petrografia
Das amostra coletadas, 82 foram separadas para exame petrográfico, que foi realizado
utilizando um microscópio da marca Olimpus, modelo BX40, com aumentos de 1,25x, 4x,
10x, 50x. As microfotografias foram obtidas mediante um microscópio da marca Olimpus,
modelo BX50, com câmera digital Cannon.
I.4. Química Mineral
Foram selecionadas 15 amostras representativas das diferentes associações minerais
observadas na petrografia.
Procedimento analítico
As análises de química mineral foram realizadas no Laboratório de Microssonda
Eletrônica do IGC-USP, utilizando uma microssonda de fabricação JEOL, modelo JXA-8600
SUPERPROBE com cinco espectrômetros ópticos. O sistema de automatização foi o Voyager
3.6.1 da Noran Instrument. As condições de trabalho foram:
a) Potencial de aceleração de 15 KV e feixe elétrico de 20 nA de corrente.
b) Diâmetro de feixe: 5 µm para os feldspatos, os máficos (olivina,
clinopiroxênio, ortopiroxênio); 1 µm para os opacos (magnetita e ilmenita) e
10 para o vidro da matriz, essas duas últimas com desenfoque para minimizar a
perda de voláteis e Na;
c) Os tempos de contagem foram de 5” para os elementos mais voláteis (Na, K, F,
Cl), 10” para os elementos maiores e 20” para os traços.
d) Erros totais (máximos) estimados variam entre: 1-2% para os elementos
maiores, 5% para os elementos menores e 10 % para os elementos traços.
e) Finalmente para a correção do efeito de matriz foi utilizando o programa
PROZA do laboratório.
A metodologia de aquisição de dados de microssonda tem considerada, primeiro, a
descrição petrográficas de lâminas delgadas, previamente polidas, e escolha de minerais e
pontos de análises a serem analisados nas rotinas respectivas mediante software Digimax,
utilizando o microscópio ótico do laboratório de Microssonda Eletrônica. Antes da entrada na
microssonda, as lâminas são metalizadas com carbono no evaporador AUTO 206 Edwards.
Finalmente, dentro da microssonda, é efetuada a localização automática dos pontos
previamente selecionados para facilitar a movimentação e otimização do tempo de análise. O
foco do microscópio é feito manualmente.
I.5. Química rocha total
As seguintes etapas foram efetuadas para a obtenção dos dados geoquímicos.
I.5.1. Preparação da amostra
Numa primeira etapa o material, previamente separado manualmente1, foi britado num
pilão de aço. Posteriormente foi quarteado e lavado com água deionizada e HCl 1M para
extrair à alteração e o aço remanescente. Numa terceira etapa, foi seco e posteriormente
pulverizado em moinhos de anel de ágata por 5 a 10 minutos, dependendo da quantidade de
amostra a se preparar (30-50 gramas por 10’ e 10-20 gramas por 5’- 8’). A escolha da ágata
tem como objetivo minimizar a contaminação por Nb, Ta e Co, elementos de importância na
interpretação petrogenética de magmas de arcos magmáticos. Finalmente o material foi
mantido em frascos ou sacos de plástico para sua posterior análise.
Elementos Maiores
Os elementos maiores foram analisados por Fluorescência de Raios X (FRX) do
Laboratório de FRX do Departamento de Mineralogia e Geotectônica do IGC-USP. A etapa
de preparação da amostra para FRX seguiu, em linhas gerais, os procedimentos que
atualmente estão em vigor nesse laboratório.
Sumariamente três etapas principais podem ser descritas:
a) Pesagem e mistura: o pó de material a ser analisado é aquecido em forno a 70º C
por um dia, para retirar a umidade. Posteriormente se pesa 1.0000 ± 0.0001 grs desse material
que é misturado com o fundente, que corresponde a uma mistura nas proporções 1:4 de
metaborato (3 grs) e tetraborato de lítio (6 grs).
1 A amostra foi reduzida a uma quantidade representativa, correspondente ao volumem de um cubo de arista 10 vezes maior ao fenocristal maior (visto na petrografia), procurando não ter bordas com alteração.
b) Fundição: a mistura e colocada em cadinhos de platina é aquecida por 10’ em uma
estufa de chama e jogada em moldes de platina gerando assim pastilhas fundidas.
c) Medição: as análises foram feitas em Fluorescência de Raio-X Phillips PW2400,
sob condições analíticas que incluem (i) voltagem de aceleração entre 22 kV (para Al, Ca,
Fe, K, Mg, Na, P, Si) e 40 kV (para Mn, Ti), (ii) intensidade do feixe de raio-X de 50 mA,
(iii) tempo médio de contagem entre 30 segundos (para Al, Ca, Fe, K, Si) e 60 segundos
(para Mg, Na, P), e (iv) correções de matriz Alpha. Maiores detalhes sobre o procedimento
analítico e condições instrumentais estão descritos em Mori et al. (1999). A perda ao fogo
(LOI e H2O-) se fez mediante gravimetría de uma amostra aquecida em forno a 1000ºC
durante uma hora.
Elementos menores e traços
As concentrações de elementos traços e terras-raras foram obtidas por ICP-MS
(espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado) no laboratório Acme Analytical
Ltda em Canadá. O procedimento analítico pra as REE (terras raras) e HFSE (High Field
Strength Element) envolveu a dissolução em microondas de 0,2 grama de material pulverizado
(< 300 mesh) em uma solução de HFconc+HNO3+H2Odest na proporção de 3:1:1. Para os metais
preciosos e bases, uma alíquota de 0.5 g de amostra foi dissolvida com Água Régia (HCl-HNO3
- 95%) (maiores detalhes em www.acmelab.com).
I.5.2. Tratamento de dados
Os dados geoquímicos foram tratados com os programas Igpetwin 98, Minpet e
planilhas montadas em Excel. Os elementos maiores foram recalculados ao 100% em base
anidra com FeOt com a norma CIPW segundo os critérios de Irving e Baragar (1971).
Um problema dos dados em fluorescência de raio-X é que o ferro é dado como
Fe2O3total. Para superar este inconveniente se faz necessária uma correção para se obter, a
partir do Fe2O3total, o Fe2O3, FeO e FeOt2. Este último, muito utilizado nos diagramas
petrológicos (FeOt/MgO vs SiO2, Miyashiro, 1974; AFM, Irvine e Baragar, 1971). Dos
diversos procedimentos para corrigir o Fe2O3, foi utilizado aquele descrito por Middelmost
(1989). A escolha desta está no fato que Middelmost (1989) aponta a falhas das outras
2 FeOt = FeO+0.8998*Fe2O3
metodologias (por ex. Irvine e Baragar, 1971), e apresenta um critério mais amplo e aplicável
em rochas que vão de basaltos a riolitos, independentemente da fO2 (a priori desconhecida).
Os diagramas multi-elementais tipo SPIDER e terras raras (REE) foram normalizados
respectivamente, para o manto primordial e condritos de Sun e Macdound (1989).
I.6. Químca Isotópica
As análises isotópicas de Rb-Sr, Sm-Nd e Pb-Pb foram feitas no Centro de Pesquisas
Geocronológicas da Universidade de São Paulo seguindo os procedimentos analíticos
descritos por Kawashita (1972), Sato et al. (1995), Babinski et al. (1999), respectivamente.
Sumariamente os procedimentos principais são colocados à continuação.
I.6.1. Preparação da amostra para análises isotópica e medição
O material analisado, previamente foi selecionado para excluir amostras alteradas.
Depois ele foi britado num pilão de aço e quarteado (com um tamanho baixo a #12), e
posteriormente foi lavado com água deionizada e HCL 1M para retirar possíveis restos de
alteração e aço. Em outra etapa o material foi seco e posteriormente pulverizado em moinhos
de bolas de tungstênio (W) durante 5 a 2’ (30 gramas por 5` e 10 gramas por 2’), com o
objetivo de evitar a contaminação de Pb e Sr do moinho de ágata. O material foi
posteriormente mantido em frascos ou sacos de plástico. Antes da dissolução completa das
amostras , elas foram limpas com água tridestilada e água régia 1M em ultra-som por 10’.
I.6.2. 143Nd/144Nd e 87Sr/86Sr
O procedimento para extração de elementos terras-raras e Sr incluiu inicialmente a
pesagem de cerca de 100 mg de material pulverizado (< 300 mesh) e adição de spike 149Sm/150Nd, em proporção adequada à concentração desses elementos no material (rocha).
A dissolução ácida, em savillex®, foi feita com 4 ml de HF:HNO3 na proporção 3:1, em
chapa aquecida a ~600C, por cerca de 5 dias. Após evaporação, foram adicionados 4-5 ml
de 6N HCl à amostra, mantendo em chapa aquecida por 12 horas. O resíduo-amostra foi
tomado em 1 ml de 2,62N HCl para separação em colunas de troca iônica empacotadas
com resina BioRad-AG1X 200-400 mesh, forma Cl-. A solução contendo elementos terras-
raras é evaporada e tomada em 0,2 ml de 0,26N HCl para separação de Sm e Nd por
cromatografia de fase reversa, em colunas empacotadas com resina LN Spec (pó de teflon
impregnado com ácido fosfórico di-2-etil). Nesse caso só foi utilizada a alíquota de Nd
para determinação da razão 143Nd/144Nd. A medição foi realizada mediante a deposição do
Nd com H3PO4 e resina AG50W-X8 em filamentos de Re no espectrômetro de massa 262
FINNIGAN-MAT. As rações isotópicas de 143Nd/144Nd foram normalizadas com a razão 146Nd/144Nd=0.719. Os padrões para o 143Nd/144Nd ocupado foi La Joya
(0.511847±0.00005 2σ) e BCR-1 (0.512662 ±0.00005 2σ), com branco de 0.03 ng.
A medição foi realizada mediante a deposição do Nd com H3PO4 e resina AG50W-
X8 em filamentos de Re no espectrômetro de massa 262 FINNIGAN-MAT. As rações
isotópicas de 143Nd/144Nd foram normalizadas com a razão 146Nd/144Nd=0.719. Os padrões
para o 143Nd/144Nd ocupado foi La Joya (0.511847±0.00005 2σ) e BCR-1 (0.512662
±0.00005 2σ), com branco de 0.03 ng. As rações isotópicas de Sr foram normalizadas com
a razões 87Sr/86Sr=0.1194 e o padrão NBS987 forneceu media de 0.71028±0.00006 (2 σ),
com branco de 5 ng, para o período em que as amostras foram analisadas.
I.6.3. 206Pb/204Pb, 207Pb/204Pb e 208Pb/204Pb
Para Pb, o procedimento analítico é semelhante àquele descrito acima para Sr e terras-
raras. Todavia, após o ataque ácido com HCl, o resíduo-amostra foi tomado em 2 ml de HBr
0,6N para posterior concentração de Pb em colunas cromatográficas de troca iônica (BioRad-
AG1X 200-400 mesh). A separação química de Pb da solução-amostra foi testada utilizando o
procedimento descrito em Babinski et al. (1999), desenvolvido para rochas carbonáticas. A
purificação foi feita repetindo-se o procedimento de diluição nas colunas para garantir a
eliminação de possíveis interferentes (p.ex., Ca), que tornam as medidas isotópicas mais
precisas, já que o sinal é mais estável. Com isto, os erros analíticos associados às razões
isotópicas de Pb são significantemente reduzidos. As análises dos isótopos de Pb foram
realizadas no espectrômetro de massas multicoletor VG 354 Micromass. As rações isotópicas
foram normalizadas para o padrão NBS981 com teores de 1.0024 para o 206Pb/204Pb, 1.0038
para o 207Pb/204Pb e 1.0051 para o 208Pb/204Pb. O erro analítico está entre 0,15-0,48%, 0,13-
1,07% e 0,104-0,45%, respectivamente.
I.7. Datação 40Ar/39Ar
As amostras datadas pelo método Ar/Ar foram processadas e analisadas no
Laboratório de Geocronologia do Serviço Geológico do Chile (SERNAGEOMIN, Santiago).
A seguir resume-se a metodologia utilizada pra datar rochas, mediante Ar/Ar no
SERNAGEOMIN. A rocha é colocada num disco de alumínio de alta pureza (18.5 mm de
diâmetro, 4.8 mm de espessura, com orifícios de 3 mm de diâmetro), com capacidade para
vinte e uma amostras. Em cada orifício, além da amostra pra datar, coloca-se um padrão de
sanidina do Fish Canyon (28.03 ± 0.1 Ma; Renne et al., 1994). O disco é posteriormente
irradiado no reator de tipo HERALD da Comisión Chilena de Energía Nuclear (CCHEN) na
Reina (Santiago), por 48 horas. Assim que recebidas no SERNAGEOMIN, os padrões foram
fundidos para o cálculo da constante J, a qual está relacionada com a posição específica de
cada grão no disco. Posteriormente ao resfriamento, às amostras foram introduzidas num
disco de Cu com capacidade para dez amostras e cobertas por um disco de brometo de
potássio. O conjunto é introduzido na câmara de amostragem em ultra vácuo. A câmara é
coberta por uma janela de Zn-Se que è transparente ao laser de CO2. As amostras foram
analisadas mediante aquecimento gradual com incrementos na temperatura ligados à potência
do laser (o máximo foi 30 W), utilizando lentes que permitiram esquentar uma superfície de 6
x 6 mm. Para cada três passos de aquecimento foi analisando um branco. O gás de argônio foi
separado por uma câmara de fria (- 133 ºC) e capturado com um ST101 (getter) operando a
2.2 A, e logo introduzido no espectrômetro de massa de alta resolução MAP 215-50 (Pérez de
Arce et al., 2000). Os isótopos 36Ar, 37Ar, 38Ar, 39Ar e 40Ar foram medidos dez vezes e as
razoes 36/40Ar, 37/40Ar, 38/40Ar e 39/40Ar calculadas em tempo zero (antes da entrada do gás no
espectrômetro), para eliminar o efeito do fracionamento durante a análise. A linha base foi
analisada no começo e final da análise. As idades aparentes 40Ar/39/Ar foram corrigidas pelo
argônio atmosférico e argônio gerado desde a irradiação do K, Ca e Cl. Os platôs (plateau)
foram definidos utilizando à aproximação proposta por Fleck et al. (1977). Os critérios para
definir o platô foram: i) três ou mais passos que representem pelo menos o 50% de argônio
liberado; ii) concordância entre os passos contíguos deve ser menor do que o erro (2σ).
Quando o excesso de 40Ar foi detectado preferiu-se trabalhar com a isócrona. No caso que a
isócrona e o platô foram concordantes, preferiu-se o platô por apresentar uma incerteza
menor. Os erros nas idades de platô são expressos com dois sigmas de confiança. Os erros das
isócronas são expressos com um sigma de confiança.
APÊNDICE II. MODELAGEM GEOQUÍMICA
I.1. Aproximação metodológica para modelagem petrogenética de rochas vulcânicas
A modelagem quantitativa do CVY levou em conta os seguintes processos e modelos
petrogenéticos:
(1) fracionamento do fluído desde a placa de Nazca (basalto e sedimentos), sem fusão
parcial, modelado por destilação de Rayleigh;
(2) segregação do fluido, reagindo com o manto como uma coluna cromatográfica, até
uma zona de fusão parcial sobrejacente à placa de Nazca. Modelado pelo o processo de
refinamento, ou zone refining (Ayers, 1998);
(3) zona de fusão por aumento dos fluidos no manto astenosférico quente, modelado
por fusão parcial incremental dinâmica, não modal, em um sistema aberto (Open System Flux
Melting (Tatsumi e Eggins, 1995; Ozawa e Shimizu, 1995; Zou, 1998; Kimura e Yoshida,
2006; Zou, 2007);
(4-5) cristalização fracionada, assimilação e mistura em diferentes profundidades da
crosta. Esses últimos, modelados por mínimos quadrados em elementos maiores. Como
segunda via, serão feitos modelagens de cristalização fracionada de Rayleigh em elementos
traços.
Mediante critérios petrográficos e geoquímicos foram testados aqueles magmas com
baixa interação com a crosta (chamados parentais ou primitivos) e aqueles que sofreram
interação com a crosta. Do mesmo modo, aqueles que apresentem mistura de magmas e/ou
cristalização fracionada.
I.1.1. Magmas Primitivos
A escolha de magmas primitivos está baseada principalmente nos critérios de Kelemen
et al.(2003), que diz respeito a: i) número magnesíano (Mg#) maior que 0,55 (Mg#1,
recalculado para 100%, em base anidra); ii) olivinas com Fo>85 e; iii) altos teores de
elementos compatíveis (Ni, Cr), não necessariamente em equilíbrio com o manto (ou seja,
com algum grau de diferenciação), porém sem evidências de contaminação crustal. Cabe
notar que magmas em equilíbrio com o manto, denominados primários, apresentam Mg#
[~0,83], Cr[~2233 ppm], Ni [~2608 ppm], Co[~110 ppm] (p. ex., manto litosférico do retro
arco; Bjerg et al., 2005). Esses tipos são pouco freqüentes em arcos continentais. Contudo,
1 Mg# (número magnesíano) = [MgO%wt]/([ MgO%wt] + [FeOt%wt] molar, com FeOt = FeO + 0.8998Fe2O3 (Fe2O3/FeO
segundo Middlemost, 1989)
magmas primitivos são também considerados como tal, quando apresentam aglomerados de
minerais indicando graus de cristalização com pequena interação com a crosta e/ou outros
magmas (Wilson, 1989). Sendo assim, a modelagem dos basaltos primitivos do CVY, aceitos
segundo o critério de Mg# maior que 0,55 (Kelemen et al., 2003), será com fracionamento
mineral na crosta. Os BAB-A apresentam Mg# < 0,55, em desacordo com o critério de
Kelemen et al. (2003), mas apresentam escassa ou nenhuma evidência de assimilação e
mistura de magmas. Porém, esses magmas serão, também, modelados assumindo-se como
produto de um magma primitivo com forte fracionamento mineral (olivina e clinopiroxênio)
na crosta.
I.1.2. O Manto enriquecido ou empobrecido?
Para definir a natureza do manto que teria sido a fonte das rochas menos evoluídas do
CVY, foram utilizadas as características geoquímicas intrínsecas a essas. Diversos indícios
sugerem que o manto seria enriquecido por fluidos desde a placa subductante (manto
metasomatizado), a saber:
i. Análises gequímicas de basaltos obtidos ao longo da dorsal de Chile apresentam depleção
em Nb, Ta, razões elementais (LILE, ETRL), semelhantes aquelas de basaltos de arcos,
indicando que também o manto a baixo da dorsal foi metasomatizado por fluidos com
baixo Nb, Ta (Klein e Karsten, 1995; Karsten et al., 1996; Bach et al., 1996). Essas
características têm sido observadas em trabalhos experimentais em condições de alta
pressão e temperatura (2,0 GPa - 900ºC; Brenan et al., 1995), nas quais rochas
peridotíticas são metasomatizadas por fluidos com depleção de Nb, Ta.
ii. Análises isotópicas de Sr e Pb, obtidos da dorsal do Chile (Chile Rise, fusão por
descompressão) perto da fossa, são semelhantes aos basaltos de arco (Klein e Karsten,
1995), sugerindo um enriquecimento do manto em elementos incompatíveis e Sr, desde a
zona de subducção.
iii. O diagrama Zr/Yb vs Nb/Yb (Pearce e Peate, 1995), utilizado para determinar
enriquecimento da fonte, mostra os basaltos do CVY na zona de manto enriquecido
(Figura 7.2A). Por outro lado, o diagrama Sm/La vs Th/La, utilizado para diferentes
aportes de fontes em zonas de arco (Plank, 2005), mostra que os mesmos basaltos plotam
em uma curva de mistura entre os sedimentos da trincheira, um manto tipo E-MORB, OIB
e o manto primitivo (Figura 6.2B).
iv. Por último, teores iniciais de 230Th/232Th (~ 0,8-0,9) em rochas de segmento central da
ZVS são mais baixos que os de basaltos tipo MORB e semelhantes aos de sedimentos
pelágicos, mostrando uma possível adição de sedimentos ao manto antes da fusão
(Tormey et al., 1991; Hickey-Vargas et al., 2002; Sigmarsson et al., 2002; Jicha et al.,
2007).
Figura AII.1. A) diagrama Nd/Yb vs Zr/Yb dos basaltos e basalto andesitos com MgO>6% (Mg# [0,55-0,60], MgO/FeO+MgO molar com Fe como FeOt) indicando o caráter enriquecidos das rochas básicas do complexo Vulcânico Yate com respeito aos campos dos basaltos tipo MORB normal - enriquecido e empobrecido (desde Pearce e Peate, 1995). Cabe notar a tendência fora do manto tipo MORB (MORB array) dos BAB-K e alguns BAB-AM (YB8). B) Diagrama Sm/La vs Th/La (modificado desde Plank, 2005) para distinguir aportes de sedimentos e misturas de fontes em basaltos. Destaca-se a tendência enriquecida dos BAB-K e uma línea de mistura entre os sedimentos da dorsal e um manto enriquecido (E-MORB ou OIB).
A partir dessas premissas, o manto escolhido será representado por uma mistura
simples entre um manto empobrecido (tipo hazburgítico) e enriquecido (tipo webterítico), em
casos, com fases minerais hidratadas (p. ex. anfibólio e biotita). As condições iniciais e os
coeficientes de partição utilizados nas modelagens são detalhados no Anexo VI, Tabelas
AVI.1 e AVI.2 respectivamente.
I.2. Grau de fusão parcial e aporte de fontes – modelagens em basaltos
Para a modelagem de fusão parcial foram selecionadas rochas primitivas com teor de
Mg#2> 0,55 recalculado a 100% sem voláteis (vide Kelemmem, 2003). Contudo, foram
2 mg# (número magnesíano) = [MgO%wt]/([ MgO%wt] + [FeOt%wt] molar, com FeOt = FeO + 0.8998Fe2O3 (Fe2O3/FeO
segundo Middlemost, 1989)
modelados basaltos com Mg# <0,55, como os basaltos de alto alumínio e baixo magnésio
BAB-A (vide seção II.1). Todos os basaltos modelados apresentam fenocristais em diversas
quantidades, indicando diferentes graus de cristalização fracionada, por tanto a modelagem
necessariamente terá fracionamento mineral.
Na presente Tese se assumirão os seguintes processos dominantes e restrições para as
modelagens dos basaltos:
i) Todas as rochas observadas, em menor ou maior grau, apresentam fenocristais,
indicando que a cristalização fracionada atua até nas rochas menos diferenciadas. Portanto, o
balanço final terá um magma segregado desde uma cristalização fracionada do tipo de
Rayleigh, modelada pela equação (1) (vide Rollinson 1989, eq. 4.18 ):
)1(' −×= D
folava FCC (1)
Com foC como a concentração do fundido proveniente do manto antes do
fracionamento mineral, F’ a porcentagem de líquido fracionado (1-F é a porcentagem de
cristalização) e D o coeficiente de partição global de cristalização (ver detalhes dos
coeficientes de partição utilizados no Anexo V, Tabela AV.1).
ii) A concentração do fundido proveniente do manto ( foC ) será assumindo um
processo de fusão parcial do manto por input de fluidos desde a placa subductante (flux-
melting) e posterior segregação incremental (Schmidt e Poli, 1998; Tatsumi e Eggins, 1995;
Schmidt e Poli, 2003). O modelo que melhor representa estas condições é a fusão parcial
dinâmica não modal em um sistema aberto (Open System Dinamic Melting; Ozawa e Shimizu,
1995; Zou, 1999; Kimura e Yoshida, 2006, Zou, 2007). A concentração final do líquido
segregado incrementalmente por fusão parcial hidratada e representado pelo seguinte balanço
de Zou (1999):
∫⋅−=
F
Fffo
c
dffCFcF
C )(1 (2)
Resolvendo a equação (2) se obtém a concentração do líquido da segregação
infinitesimal (Cf (f)) de Fc a F:
{ }
[ ] [ ][ ]
⎪⎪⎪
⎭
⎪⎪⎪
⎬
⎫
⎪⎪⎪
⎩
⎪⎪⎪
⎨
⎧
⎪⎪⎪
⎭
⎪⎪⎪
⎬
⎫
⎪⎪⎪
⎩
⎪⎪⎪
⎨
⎧
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡+−++−+
−
×++⋅−++
+−+⋅−−+
+−
×−−
×−
=
+⎟⎠⎞⎜
⎝⎛
+−+ 1)(
)1(
)()(1
)1()1()()1(
)(
111
PP
l
l
fo
PFcDoPFDo
PFcDoPFcDoPCoDoC
FFcC
PFcFC
αβ
αααα
βαβααββ
β
β
(3)
Onde Co é a concentração do manto antes da fusão; β é o fluxo de líquido segregado
desde a placa (β=[% de fluido desde a placa]/[% fusão]); Cl a concentração do líquido que
entra na zona de fusão; α e um parâmetro adimensional em função da porosidade (Ф) definido
como α = Ф/1- Ф; F é a porcentagem de fusão parcial total; Fc é a percentagem de fusão
crítica dependente de α e β (Fc = α /(α + β + 1)); Do o coeficiente de partição global para a
fusão e P o coeficiente de partição global das fases minerais fundidas não modalmente.
iii) A concentração final do fluido que entra na zona de fusão (Cl) é modelada
mediante dois processos: i) separação da placa subductante mediante destilação de Rayleigh e
ii) refinação cromatográfica no manto ou zone refining.
A concentração inicial na base antes da interação com a mineralogia do manto (base
da coluna cromatográfica - Cil) é modelada segundo uma destilação de Rayleigh da placa
subductante, a qual apresenta a seguinte forma:
11
//)1(
−−= fluidslabDfluid
fluidslabai
l FD
CC (5)
Com Dslab/fluid como o coeficiente de partição global entre a crosta oceânica e o fluido
segregado. Esse coeficiente foi obtido por experimentos de mobilidade de elementos traços na
desidratação de basaltos oceânicos a alta pressão (4 Gpa., 900º-1300ºC; Kogiso et al., 1997;
Tatsumi e Kogiso, 1997; Aizawa et al., 1999; Kessel et al., 2005) com eclogita residual
Gt:Cpx:Rut:Liq (0,49:0,25:0,0016:0,26) (Kessel et al., 2005). Ca corresponde à concentração
da fonte, neste caso a fonte foi uma mistura simples entre sedimentos e basaltos oceânicos:
Ca=Csl*X + Csed*(1-X) (4)
Sendo X a porcentagem de fluido segredado pela placa composta pelo manto e
basaltos oceânicos, conseqüentemente 1-X corresponde aos sedimentos. Na região de estudo
se assome X entre 0,8-0,9 (com 18-20 km de placa e ~2 km de sedimentos, p. ex. Melnick e
Echtler, 2006). Os sedimentos da trincheira estariam em um canal de subducção em regime
acrecionário, pelo qual o input de sedimento dentro do manto não seria relevante. Isto não é
conclusivo, porém, diversos outros fatores têm influência na geração do canal de subducção
(Lohrmann et al., 2006). O parâmetro Csl corresponde à concentração média obtida dos
basaltos do segmento 4 da dorsal de Chile, D63-5 e D61-1 (vide Klein e Karsten,1995;
Karsten et al.., 1996), e Csed à concentração média dos sedimentos da dorsal (furo de
sondagem ODP-202 do sitio 1232).
Finalmente a concentração do fluido depois da refinação (refining zone) no manto foi
modelado pela equação de Ayers (1998):
fluidomantonDilfluidomanto
Mfluidomanto
Ml eC
DC
DCC
/
/
0
/
0−
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−= (4)
Com Dmanto/fluido como o coeficiente de partição global de um manto hidratado (Ayers,
1998; Kessel et al., 2005), n parâmetro adimensional definido como a razão rocha/fluido
(caso n=0, não há interação manto-fluido Cl=Cil, o fluido está em equilíbrio com a
mineralogia da placa subductante; caso que n~∞ o fluido está em equilíbrio com a
mineralogia do manto). Com Cil como a concentração de fluido proveniente da destilação da
placa de Nazca e C0M a concentração do manto astenosférico.
iv) A concentração inicial do manto a fundir (CM0) foi um manto misto caracterizado
por dois end member: i) um manto empobrecido tipo harzburgítico e, ii) outro enriquecido
tipo webterítico - lherzolítico obtido no retro-arco da região (Bjerg et al., 2005). Em alguns
casos com abundante anfibólio e baixa concentração de clinopiroxênio (manto mais
metassomatizado), em outros casos com maior concentração de clinopiroxênio e menor
anfibólio (manto menos metasomatizado). A granada e o espinêlio, importantes fases
dependentes da pressão, foram utilizadas para alguns magmas, tentando assim, reproduzir os
teores de elemento traços observados nos magmas básicos no Complexo Vulcânico Yate. Os
intervalos de cada fase mineral serão aqueles observados na literatura (por ex. Lopez-Escobar
et al., 1977; Bjerg et al., 2005). Esses caracterizados por 50-65% de olivina; 15-25%
ortopiroxênio; 5-15% de clinopiroxênio; 2-5% espinêlio, 1-5% granada e 0-10% de anfibólio.
I.3. Modelagem de andesitos e dacitos em sistema aberto
Para modelagem dos andesitos utilizou-se um balanço de massa de elementos maiores.
Para determinar o grau de cristalização e mistura das rochas diferenciadas, foi
utilizado o método inverso (mínimos quadrados) de elementos maiores segundo o seguinte
balanço (polinômio) para cada elemento i:
Cip = Yi
M1CiM1 + Yi
M2CiM2 +... Yi
Mn Ci
Mn+ YisgCi
sg 1=∑ jiY (6)
Com C como a concentração do elemento i no magma parental (Cp), no magma
segregado mediante cristalização fracionada (Csg) e nos minerais constituintes da cristalização
(CiM1... Ci
Mn), respectivamente. Em conseqüência, conhecendo as concentrações Ci e possível
estimar os coeficientes do polinômio Yi (proporção em peso dos cristais e do líquido
segregado), como resultado se obtém o estimador Ŷi. Posteriormente, utilizando esse
estimador, pode-se estimar a concentração Ĉip. Finalmente comparar com o valor real Ci
p e o
estimador Ĉip mediante os resíduos ao quadrado (s2 = (Ĉi
p - Cip)2). Serão aceitos como uma
“boa correlação” os valores de s2<1. Assim, será possível estimar a porcentagem de
cristalização fracionada como F=1- Ŷisg. Se não for possível estimá-la (s2>1, não aceito) então
outro processo poderia ter atuado na diferenciação magmática (por ex. mistura de magmas e
assimilação).
A equação geral desta metodologia é uma matriz de forma:
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
•
⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
sg
M
sgOP
MOP
sgSiO
MSiO
pOP
pSiO
Y
Y
CC
CC
C
C
.
.
..........
.. 1
1
1
5252
22
52
2
(8)
O estimador Ŷi se obtém como:
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
•
⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛ −
pOP
pSiO
MOP
sgOP
MSiO
sgSiO
sg
M
C
C
CC
CC
Y
Y
52
2
5252
221
1
11
..........
..
ˆ..
ˆ
(9)
Substituindo (9) em (8), se obstinem os estimativos Ĉ .
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
•
⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
=
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
sg
M
sgOP
MOP
sgSiO
MSiO
pOP
pSiO
Y
Y
CC
CC
C
C
ˆ..
ˆ
..........
..
ˆ
ˆ1
1
1
5252
22
52
2
(10)
Para determinar os parâmetros Ŷisg e Ĉ foram utilizadas planilhas em Excel com
rotinas específicas para trabalhos com matrizes.
O mesmo procedimento pode ser utilizado para determinar mistura de magmas
segundo o balanço:
...3)3(2)2(1)1( magmamixmagmamixmagmamixsg CXCXCXC ⋅+⋅+⋅= com 1)( =∑ imixX (11)
Encontrando os estimativos Xmix(i) para um Csg fixo. Assim, pode-se estimar um Ĉsg e,
com o mesmo critério da cristalização, definir os graus de mistura e aportes de cada magma.