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© Apenas Livros Lda., Mario Alinei e Francesco Benozzo

Al. Linhas de Torres, 97, 3º dto.

1750-140 Lisboa Tel/fax 21 758 22 85 [email protected]

Depósito legal nº 282660/08 ISBN: 978-989-618-200-7

1ª edição: 250 exemplares

Outubro de 2008 Publicação nº 306

Revisão de Luís Filipe Coelho

Colecção TEORIA DA CONTINUIDADE PLAEOLÍTICA, 2

Dirigida por Xaverio Ballester www.continuitas.com

Título original: Alcuni aspetti della Teoria della Continuità Paleolítica applicata all’area gallega. Texto da conferência proferida em Pontevedra no «II Congreso Internacional de Onomástica Galega», 19-21 de Outu-bro de 2006.

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Texto da conferência plenária realizada no «2º Congresso Inter-nacional de Onomástica Gale-ga» (Pontevedra, 19-21 de Outu-bro de 2006) para ser editado nas respectivas Actas.

Os viajantes contemporâneos repetem, sem o saber, as grandes

migrações. Há já alguns anos, viajando de Itália até esta bela terra oceâ-nica, tínhamos pensado em repetir, à nossa pequena escala, o itinerário milenar dos povos célticos que povoaram a Europa na Idade do Ferro. Ao fim de alguns anos, verifico: na realidade, o quadro das referência cronológicas e histórico-culturais que as filologias e as dialectologias românicas continuam a utilizar nas suas pesquisas está hoje radical-mente modificado e, também, que a imagem dos colonizadores celtas da Europa, segundo um vector de um suposto movimento de leste para oeste, deve ser reapreciado de um modo radical. Assim, na verda-de, a Galiza, com a sua específica situação geográfica e linguística, tor-na-se um território privilegiado para elaborar e fortalecer uma nova síntese sobre as origens etnolinguísticas da Europa.

1. As principais teorias sobre as origens indo-europeias Agora, no prosseguimento da nossa exposição, é necessário voltar a

explicar, ainda que de maneira sucinta, as principais teorias sobre as origens da língua indo-europeia. A teoria tradicional – na sua versão mais recente e, em certo sentido, na sua versão mais autorizada, elabo-rada por Marija Gimbutas (1970, 1973a, 1973b, 1977, 1979, 1980, 1982, 1990a, 1990b) – dominou os estudos glotológicos sem ser rebatida, até há cerca de vinte anos. Segundo esta teoria, como sabeis, os Indo-Europeus eram na origem um povo de pastores, cavaleiros-guerreiros, que viveu correlacionado com a cultura do IV milénio, isto é, a da Ida-de do Cobre ou Calcolítico: cultura também chamada dos kurgan

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(palavra russa de origem turco-tártara, que significa «túmulo funerá-rio»). Provenientes das estepes da Ucrânia, estes pastores guerreiros aderiram, depois, às culturas chamadas do Machado de Combate e a seguir invadiram a Europa em diversas vagas, exterminando ou sub-metendo as populações autóctones do continente europeu e substituin-do todas as línguas preexistentes pela sua própria língua. A teoria da invasão calcolítica apresenta portanto um quadro que se poderia defi-nir como apocalíptico e que implica, além disso, a estranha ideia de uma absoluta superioridade da população imigrada sobre a autóctone, pressupondo um baixo nível das civilizações europeias precedentes, supostas, então, pré-indo-europeias.

Não é por acaso que este panorama remonta ao século XIX, isto é, que tenha sido elaborado num contexto no qual nasceu também a ideo-logia ariana: basta folhear os livros dos fundadores do indo- -europeísmo para encontrar um número impressionante de referências à raça ariana, destinada a conquistar o mundo!

Voltando aos aspectos linguísticos, neste quadro tradicional a dife-renciação do indo-europeu comum nas diversas línguas indo- -europeias teria sucedido só a partir do IV milénio a. C., por efeito dos diferentes substratos encontrados pelos pastores guerreiros, durante as suas vagas expansionistas. Assim, naturalmente, neste quadro de refe-rências, partindo de uma teoria e de uma cronologia segundo as quais o indo-europeu indiferenciado ainda existiria no Calcolítico, não pode haver alternativas à ideia de que o latim teria «nascido» pouco antes do I milénio, tendo tido uma vida muito breve, e à ideia de que os dialec-tos românicos se situam depois do final do Império Romano e de que o seu desenvolvimento teria ocorrido no decurso da Idade Média. Isto é o que aprendemos e o que ainda lemos nos manuais de Filologia e de Linguística Românica.

Nos últimos 40 anos, felizmente, enquanto a linguística continuou a trabalhar de modo auto-referencial, baseando-se neste paradigma, outras disciplinas, e entre elas, em particular, a arqueologia, deram enormes passos em frente: em primeiro lugar, com a descoberta de métodos de datação cada vez mais precisos que impuseram uma mudança radical de todas as datações da pré-história europeia, tornan-do-a muito mais antiga do que as tradicionais; em seguida, com o desenvolvimento de metodologias de análise e de interpretação cada

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vez mais sofisticadas, que conduziram a uma gradual revisão das con-cepções tradicionais sobre a pré-história europeia.

O primeiro dado importante que sobressai da investigação arqueo-

lógica é a eliminação, ou em todo o caso, o redimensionamento, do pre-sumível papel das invasões. O segundo dado é o acentuar dos aspectos da continuidade e a maior importância atribuída aos desenvolvimentos internos de tipo económico e social, na evolução histórica. No quadro desta revisão radical da pré-história europeia, começou cada vez mais a duvidar-se da sustentabilidade da teoria tradicional das invasões cal-colíticas. De facto, existem demasiadas provas positivas da continuida-de étnica e cultural das várias regiões europeias para se poder manter a

Fig. 1. A grande invasão indo-europeia segundo Marija Gimbutas (a cin-zento, a área do Machado de Combate): só as setas pretas têm corres-pondência com a documentação arqueológica; as brancas são imaginárias!

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tese da Grande Invasão, sem cair em contradição com a documentação arqueológica. Pode afirmar-se que hoje já nenhum arqueólogo acredita seriamente na teoria tradicional sobre as origens dos Indo-Europeus.

O êxito desta certeza ficou a dever-se ao progresso de toda a investi-gação arqueológica moderna, desde Gordon Childe até hoje; mas o estudo arqueológico que trouxe explicitamente à luz do dia o problema indo-europeu e que mais contribuiu para demolir a teoria tradicional e para difundir novas ideias, foi o do arqueólogo inglês Colin Renfrew, surgido em 1987 e intitulado Archeology and Language: the Indo-European Puzzle. Neste livro, Renfrew apresentou, de modo sistemático, os argu-mentos críticos que impedem admitir uma grande invasão, seguida de substituição etnolinguística na época calcolítica, impedindo, portanto, que se identifiquem na cultura kurgan as origens dos povos indo- -europeus. Para além de demolir a teoria tradicional, Renfrew propôs uma nova teoria das origens indo-europeias. Para a construir, baseou- -se numa conclusão fundamental da investigação arqueológica moder-na: no novo quadro da continuidade geral da pré-história europeia, o único momento de relativa descontinuidade que, de alguma maneira, poderia estar relacionado com uma grande mudança cultural e linguís-tica, é o do início da agricultura, cerca do VII milénio. Em termos arqueológicos, este momento define-se como o início do Neolítico e o seu processo intitula-se neolitização. Deste modo, Renfrew substitui a invasão da Europa no Calcolítico por parte de guerreiros kurgan, por uma invasão pacífica no início do Neolítico, por parte dos primeiros agricultores e faz, assim, coincidir o processo de difusão da agricultura com o processo de difusão das línguas indo-europeias. Efectivamente, na Europa, tal como noutros locais, a agricultura provém da região chamada Crescente Fértil, no Médio Oriente, desde sempre considera-da o berço da agricultura, e tem o seu primeiro centro europeu nos Bal-cãs. Aqui, no VII milénio, desenvolveu-se um complexo cultural intitu-lado precisamente Neolítico Balcânico, logo seguido de um outro, na região do alto Mediterrâneo central e ocidental, chamado cultura da Cerâmica Impressa/Cardeal. Dois milénios depois, no V milénio, na Ale-manha, desenvolve-se a cultura da Cerâmica Linear. Renfrew vê, assim, no complexo neolítico balcânico a matriz das línguas indo-europeias da Europa Oriental, ou seja, principalmente o grego, o ilírico e o eslavo; no da Cerâmica Impressa/Cardeal do VII milénio, a matriz do grupo itálico e

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no da Cerâmica Linear a matriz do grupo germânico. Assim, segundo a sua teoria, o céltico ter-se-ia desenvolvido mais tarde, quando a agri-cultura alcança também o Noroeste da Europa (cf. também Renfrew, 1992, 1996, 1998, 2001).

2. A Teoria da Continuidade Paleolítica Ainda que, de início, os indo-europeístas tenham repudiado decidi-

damente esta teoria, actualmente, ela começa a ser considerada com uma certa atenção por parte de alguns deles. Contudo, a ideia de uma invasão neolítica de grandes dimensões foi prontamente criticada pelos próprios arqueólogos especializados no estudo da transição do Mesolí-tico para o Neolítico. Estes conseguiram facilmente demonstrar que a neolitização da Europa não foi realizada em consequência de uma grande invasão que teria atingido todo o continente, mas devido a um complexo processo de difusão dos produtos e das técnicas da agropas-torícia, ao qual se juntaram modestos contributos migratórios que só interessaram à região balcânica, à Alemanha, em menor dimensão à

Fig. 2. As grandes culturas do Neolítico Antigo (VII-V milénio a. C.) e as que lhe sucederam na Europa [segundo Clark 1977].

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área mediterrânica centro-ocidental e nada, de facto, ao resto da Euro-pa. Mesmo nas regiões acima citadas, não houve qualquer invasão, tendo sido os próprios mesolíticos locais a aprender com os recém- -chegados as novas técnicas de produção e a aplicá-las no seu territó-rio. Baseada nesta crítica de carácter arqueológico à teoria de Renfrew, foi formulada uma outra teoria sobre as origens indo-europeias, segun-do a qual os Indo-Europeus não teriam vindo nem da Ucrânia, como guerreiros, nem do Médio Oriente, como agricultores, mas que seriam os herdeiros das populações que se encontravam na Europa desde sempre, isto é, desde que o Homo sapiens sapiens, proveniente de África, se expandiu pelo velho continente, no Paleolítico. Esta teoria é ilustra-da analiticamente numa obra de dois volumes, com 2000 páginas, inti-tulada Origine delle lingue d’Europe, cujo primeiro volume saiu em 1996 e o segundo, em 2000 (Alinei, 1996-2000). Quase ao mesmo tempo, tam-bém o arqueólogo belga Marcel Otte apresentou uma teoria muito semelhante (Otte, 1997), à qual, logo a seguir, igualmente aderiu o arqueólogo alemão Alexander Hausler (Hausler, 1998). Em torno desta teoria, intitulada Teoria da Continuidade Paleolítica, nasceu um grupo de investigação de que fazem parte linguistas, filólogos, historiadores, geneticistas e arqueólogos e que publica os seus trabalhos num site da Internet, constantemente actualizado, www.continuitas.com. A Teoria da Continuidade reconcilia finalmente a linguística comparada com os temas propriamente evolutivos e histórico-linguísticos, com os resulta-dos das investigações mais recentes da paleontologia e da arqueologia. Esta defende, no essencial, que a pátria originária dos Indo-Europeus seria a África, ou seja, a mesma de toda a população moderna e de todos os grupos (phyla) linguísticos do mundo; os mais antigos assenta-mentos populacionais europeus fora de África correspondem aos terri-tórios ocupados actualmente pelas próprias línguas indo-europeias; segundo as primeiras datações indicadas pelas investigações, a Europa teria sido povoada pelos Indo-Europeus, juntamente com outras popula-ções não indo-europeias, mais tarde presentes historicamente in loco, como por exemplo, os Urálicos: a relação etnolinguística pré-histórica entre os Indo-Europeus e os outros povos euro-asiáticos teria sido assim uma relação de adstrato/parastrato e não de superstrato/substrato; de facto, à chegada dos Indo-Europeus e dos outros povos, coincidente com o primeiro povoamento euro-asiático do Homo sapiens sapiens, o assim

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chamado substrato indo-mediterrânico não existiria, tal como não existi-riam povos pré-indo-europeus; as línguas indo-europeias e também as não indo-europeias presentes no território euro-asiático estariam já formadas a partir pelo menos do Mesolítico; excluir-se-ia qualquer invasão maciça no Neolítico e no Calcolítico e as poucas invasões e infiltrações locais comprovadas pela arqueologia ou pela reconstrução feita pela genética constituiriam factores de hibridização e não de subs-tituição; a agricultura ter-se-ia difundido na Eurásia segundo um modelo complexo, baseado na integração, em mosaico, de desenvolvi-mentos locais, de aculturação e de uma limitada difusão démica por parte de grupos não indo-europeus.

3. A região mediterrânica e ibérica no quadro da Teoria da Conti-

nuidade A Teoria da Continuidade Paleolítica obriga a uma alteração radical da

cronologia e do cenário dos acontecimentos e obriga a rever, de modo igualmente radical, o processo de evolução linguística nas diversas regiões linguísticas europeias. Vamos aqui debruçar-nos sobre algumas consequências da Teoria da Continuidade para a história linguística e cultural da Galiza.

No âmbito da Teoria da Continuidade, o quadro linguístico do Medi-terrâneo Central e Ocidental ter-se-ia já formado nos finais do Paleolíti-co e durante todo o Mesolítico. Isto porque a Europa mostra, já muito antes do Mesolítico, ou seja, muito antes de cerca do X milénio a. C., um elevado grau de diferenciação cultural, o que deve necessariamente reflectir também um elevado grau de diferenciação linguística. Se tomarmos como exemplo a região mediterrânica, vemos que já nos finais do Paleolítico, cerca do XIV milénio a. C., ela é caracterizada pela cultura do Epigravetense, a partir da qual depois se desenvolveram, por evolução endógena, as culturas mesolíticas denominadas Sauveter-rense e Castelnoviense. Torna-se, pois, necessário assumir que o grupo linguístico, a que poderíamos chamar ibero-dalmático ou, talvez, ibero--occitálide (de ibérico, de occitano e de itálide), já estaria diferenciado dos outros grupos linguísticos nos finais do Paleolítico. Na teoria de Renfrew, pelo contrário, estas culturas teriam sido de tipo pré-indo- -europeu. Se passarmos ao Neolítico, isto é, ao VII milénio a. C., verifi-camos que, na região mediterrânica, a primeira cultura neolítica é a da

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Cerâmica Impressa/Cardeal. Ora, no quadro da Teoria da Continuidade, esta cultura teria sido produto do desenvolvimento interno das cultu-ras precedentes, mesolíticas e paleolíticas, com uma modesta contribui-ção imigratória. No quadro da teoria de Renfrew, pelo contrário, a emergência desta cultura assinalava a chegada de indo-europeus ainda indiferenciados e a sua transformação num grupo posterior, por efeito do substrato pré-indo-europeu sobre os recém-chegados. A consequên-cia para a linguística românica é, em todo o caso, perturbadora: mesmo aceitando a opinião de Renfrew, deveremos datar os antepassados dos Latinos pelo menos do VII milénio a. C., em vez do III milénio, uma diferença de quatro milénios, o que traz consigo enormes implicações.

Mas vejamos a região ibérica. Este território é, de todos, o que mais

desmente a teoria de Renfrew: se, de facto, a sua teoria formula uma equação em que neolitização = indo-europeização, verifica-se, em vez disso, que na antiga Hispânia, a área mais neolitizada é exactamente a menos indo-europeia (como notou recentemente Hernando, 1999). Efectivamente, além de resultar pouco credível a ideia de que os agri-cultores celtas provenientes do Sul de França – isto é, da zona onde está documentada a maior antiguidade da agricultura no Ocidente europeu – se dirigiram para o interior (onde o aparecimento da agricul-tura é recente), em vez de terem ido para a zona mediterrânica, verifi-

Fig. 3. A cultura paleolítica do Epigravetense, no XXIV milénio a. C., que na TCP poderia corresponder já a um grupo ibero-occitálide de um ramo

indo-europeu.

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ca-se que a civilização mais «agriculturizada» da Península – seguindo Renfrew, a mais neolitizada e, portanto, a mais indo-europeizada – é a dos Iberos, ou seja, uma civilização não indo-europeia!

Deixemos Renfrew e voltemos à Teoria da Continuidade. O que sabe-mos do Paleolítico no Noroeste da Península não é muito, mas os pou-cos dados que possuímos já se mostram interessantes para o nosso dis-curso. Antes de mais, procuremos visualizar, na medida do possível, a situação ambiental dessa época: todos sabemos que, durante a última glaciação – iniciada há 70 000 anos e cujo máximo aconteceu há 25 000 anos –, eram precisamente as regiões meridionais da Europa as únicas zonas habitáveis, provavelmente por algumas dezenas de milhares de Homo sapiens sapiens, os únicos hominídeos sobreviventes sobre a Terra. Durante o período glaciar, as ilhas Britânicas, cobertas de gelo, estavam «pegadas» ao actual continente; o Adriático quase não existia; e a Áfri-ca e a Europa estavam unidas, não só no actual Gibraltar, mas também onde agora se encontra a Sicília. A partir de há 13 000 anos, com o aumento da temperatura, os glaciares começaram a recuar, com o con-sequente aumento do número de rios, a subida do nível do mar e um aumento da superfície ocupada pelas águas.

4. A Galiza, do Paleolítico ao Mesolítico, e a sua interpretação à

luz da TCP O que sabemos acerca do povoamento da Galiza, nessa época? Os achados paleolíticos galegos «clássicos» são os de Vilaselán e os

das grutas de Valiña, no Norte, os de Piteira, Chaira e Pazos, no centro, e os de Budiño, Tortoreos e Portavedra, no Sudoeste. Segundo o recen-te estudo destes achados, por parte de Rosa Villar Quinteiro e de César Llana Rodriguez (Villar Quinteiro, Llana Rodriguez, 2001), estas jazi-das permitem estabelecer, na Galiza, a existência de um povoamento antigo que remontaria ao Paleolítico Inferior. Trata-se de sítios situados em terraços, frequentemente perto de vias de comunicação entre a cos-ta e o interior: a sua localização demonstra uma relação evidente entre a necessidade de desfrutar de matérias-primas e, também, uma função de controlo do território, estreitamente ligada à civilização dos caçado-res paleolíticos.

O que interessa à nossa exposição, valorizando a pré-história da Galiza no conjunto da ibérica, em geral, é a prova (investigada por

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Zilhão e d’Enrico, 1999, 2000) de uma nítida demarcação regional entre o Norte e o Sul, com a forte presença, embora tardia, de Neandertais a sul do rio Ebro e de Homo sapiens, a norte. Aprofundando esta tese e projectando-a numa escala cronológica mais recente, Vega (1988,1990, 1999) fala de fronteiras dinâmicas e em movimento, com o avanço gra-dual do Homo sapiens sapiens, vindo da zona cantábrica em direcção à costa mediterrânica. Estes dados são de grande relevância: num plano vectorial, isto identifica, de facto, uma direcção nordeste–sudoeste da civilização sapiens sapiens na Península Ibérica. A estes dados pode acrescentar-se, segundo as conclusões de estudiosos como Raposo (1993) – que analisou as jazidas da zona ocidental da província de Lugo –, que há claros indícios de uma continuidade cultural entre a cultura do Paleo-lítico Superior e o Mesolítico na região ibérica norte-ocidental, enquanto faltam por completo vestígios de invasões, relativamente ao período tar-diglagiar, isto é, referentes a 10 000–5000 anos a. C. Mais ainda: José Maria Bello fala mesmo de uma evidente continuidade tipológica da indústria dos seixos afeiçoados até às jazidas da época romana: «a possibili-dade da existência de uma continuidade das indústrias dos seixos afeiçoa-dos durante todo o Paleolítico, prolongando-se para além deste pelas ida-des do Bronze e do Ferro, até bem entrada a época romana, tal como demonstram as jazidas do Bronze Final de Portocelo, as castrejas de A For-ca e a galaico-romana de Santa Trega» (Bello – De la Peña, 1995; p. 78).

Visto que para a Teoria da Continuidade houve uma deslocação dos pescadores paleolíticos da costa cantábrica para à Galiza e Portugal –

Fig. 4. Localização dos achados paleolíti-cos galegos: Lugo: 1. Valselán; 2. – Vali-ña. Orense: 3. Piteira; 4. Chaira; 5. Pazos. Pontevedra: 6. Budiño; 7. Tortoreos; 8. Portavedra (segundo Villar Quinteiro,

Llana Rodriguez, 2000; 123).

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num período durante o qual, de um ponto de vista geográfico, também a Irlanda e a Grã-Bretanha ainda estava unidas ao continente – e visto que essa civilização de pescadores coincide, de acordo com esta con-cepção, com a protocéltica, o quadro traçado por estes recentes estudos arqueológicos e paleontológicos – a determinar uma essencial continui-dade entre a civilização do Paleolítico Superior e a do Mesolítico no noroeste de Espanha – coincide com a ideia – só aparentemente ousada – de uma celtização da Galiza já levada a efeito na época do Mesolítico. Isto deve ter acontecido quase em simultâneo com a emergência, na parte meridional da Península, da unidade etnolinguística a que cha-mámos ibero-occitálide. Isto é, a Galiza deve ter representado uma região originariamente céltica, enquanto os territórios do Celtibérico teriam representado uma tardia variante «colonial» do Céltico, ou seja, uma variante dos celtas imigrados em direcção ao interior e ao sul da actual Espanha, na pré-história mais recente.

5. O celtismo atlântico da Galiza Esta visão introduz o problema do celtismo da Galiza, debatido des-

de sempre (com as conhecidas e acérrimas oposições entre celtocépticos e celtomaníacos: cf. Santana, 2002), e dá-lhe uma resposta positiva: de facto, não só os territórios da actual Galiza foram povoados por popula-ções célticas, como, desde o Paleolítico, já faziam parte, juntamente com as actuais Ilhas Britânicas – na época ainda não eram ilhas – e com os territórios do Ocidente atlântico francês, da pátria originária do protocél-tico. Esta unidade cultural atlântica torna-se evidente através de cinco factores, pelo menos: de tipo genético, de tipo lendário, de tipo arqueoló-gico-cultural, de tipo mitológico-religioso; e o quinto factor – o mais importante – é representado pelo fenómeno do megalitismo.

5.1. Factor genético: em primeiro lugar, estudos recentes demons-traram que a componente genética da população ocidental das actuais ilhas Britânicas é a mesma que a do Noroeste da Península Ibérica: o mapa do ADN, elaborado há pouco tempo pela equipa oxfordiana de Bryan Sykes, não deixa quaisquer dúvidas a esse respeito (Sykes, 2006).

5.2. Factor lendário: as lendas, atestadas na época irlandesa antiga, referentes à proveniência dos povos irlandeses da Península Ibérica não podem ser interpretadas como testemunho de uma autêntica colo-nização (relativamente à qual não existe o mínimo vestígio arqueológi-

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co), mas como vestígios de uma comum identidade cultural e linguísti-ca original, anterior à separação da actual ilha irlandesa do continente: portanto, não foi a deslocação migratória de homens a provocar a sua separação, mas sim uma deslocação tectónica de terras.

5.3. Factor arqueológico-cultural: relativamente à homogeneidade irlandesa, britânica e do Norte da Espanha, existe uma prova irrefutá-vel de tipo arqueológico-cultural: se, na Europa, se observar a distri-

buição de determinados objectos arqueológicos, descobre-se que alguns deles pertencem exclusi-vamente a esse territó-rio, antigamente coeso, que compreende a Gali-za, a Espanha do No-roeste, a Bretanha, a Irlanda, Gales e a Escó-cia: isto é observável, em particular, na distribui-ção geográfica de acha-dos, tais como os tor-ques de oiro e os caldei-rões. No que respeita aos primeiros, encontra-ram-se na Galiza cerca de 150, 90 por cento dos quais achados junto à

costa (cf. Monteagudo, 1952; Prieto Molina, 1996; Fernandez Carballo, 2001). Trata-se de objectos de oiro, com muitas semelhanças com os da Irlanda, da Bretanha e de Gales (em contraste com os manufacturados em prata, na região mediterrânica (Queiroga, 1987; Castro Perez, 1992).

No que respeita aos caldeirões de bronze, estes são objectos típicos, em particular, da Irlanda ocidental; a peculiaridade dos galegos é o facto de a sua decoração ser praticamente idêntica à dos caldeirões encontrados na Finisterra bretã (Almeida, 1980). A propósito dos tor-ques e dos caldeirões galegos, Barry Cunliffe menciona especificamen-te uma «unidade cultural atlântica» (Cunliffe, 2001). Em seguida, no

Fig. 5. À esquerda: torque de oiro encontrado junto de Lugo (Pérez Outeiriño, 1980); à direita; distribui-ção dos achados de torques na Galiza (segundo Gon-

zalez-Ruibal, 2003).

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plano arquitectónico, à mesma região homogénea pertencem estruturas defensivas, tais como os cavalos de frisa, pedras defen-sivas colocadas diante de mura-lhas (também presentes na Ale-manha, no entanto), ou «monu-mentos», tais como as estátuas-menires: estas últimas existem significativamente na Galiza sob as três formas de expressão conhecidas na zona atlântica, sendo não só estátuas de guer-reiros (como os que se encon-tram igualmente na região occi-tana e tirrenaica), mas também estátuas de divindades masculi-nas sentadas e estátuas de divin-

dades femininas: referem-se as de Logrosa e Carabeles (Coruña), de Límia e Pedrafita (Orense); esta pluralidade de expressões, quando espe-cialmente confrontada com testemunhos fragmentados do fenómeno surgido noutras regiões, indicia evidentemente a sua proveniência origi-nária da região em apreço.

5.4. Factor mitológico-religioso: no resumo do historiador latino Floro, sobre a invasão romana da Galécia, lemos que os soldados de Bruto, ao passarem o rio Lima, entraram em pânico ao contemplarem o Sol poente que nele se reflectia, causando, além disso, o aumento das águas. Esta passagem pode relacionar-se com o relato de Estrabão refe-rente a um misterioso promontório, local de culto entre uma população céltica do Sudoeste da Península Ibérica – portanto sempre na costa atlântica: quatro grandes pedras estavam orientadas na direcção do Sol poente e eram banhadas pela água do mar, causando a subida das pró-prias águas e fazendo do lugar um espaço sagrado inacessível (García Quintela, 1997). Esse mesmo local (cabo de São Vicente) é descrito pelo historiador medieval árabe Idrisi como a «igreja dos corvos», porque a presença de misteriosos corvos tê-lo-ia preservado de eventuais inva-sões. Trata-se de uma lenda idêntica à narrada no Mabinogi galês de

Fig. 6. Distribuição de estátuas-menires na Galiza (segundo Gonzalez-Ruibal, 2003).

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Branwen, na qual a cabeça do deus Bran (o corvo) protege Gales de eventuais invasões, e reflectida também na histó-ria de Brennos, o chefe que saqueou o santuário de Delfos em 279 a. C e dos seus restos expostos frente ao mar –

segundo Pausânias – que protege-ram os Volcos Tectosagos de Tolo-sa das incursões romanas (Benozzo, 2006a, 2006c). Pode acrescentar-se. que exactamente aqui, nos arredo-res de Pontevedra, durante as esca-vações de 2003, foi encontrada uma das mais importantes inscrições votivas, dedicada ao Deus Larius Breus Brus Sanctus; não parecem restar dúvidas sobre a identificação desta divindade com uma figura mitológica ligada a Brennos/Bran, o deus-corvo da mitologia céltica (a queda do -n- é uma tendência arcaica bem documentada também na toponomástica da Galiza: recor-da-se os casos de Tena > Tea, Tara-nes >Taraes, *Abellanetum > Abe-laído, Tardenatus > Tardeado, Tre-dones > Trios: cf. Bascuas, 2006, p. 366). Trata-se de uma divindade

cujo culto demonstra ligação com crenças das populações circumpola-res e que deve remontar – tal como argumentámos numa obra recente (Benozzo, 2007a) – a um período certamente anterior ao Mesolítico.

Ainda no âmbito das referências mitológico-religiosas, cumpre assi-nalar os «santuários solares» (ou melhor, «solsticiais») de que se desco-briram vestígios, recentemente, perto dos cumes das montanhas, frente ao oceano (cf. García Quintela et al. 2003, García Quintela, Santos Este-véz, 2006). Trata-se dos santuários de Corme, Pedrafita, Fentans em Campolameiro, e O Raposo. Nestas construções encontram-se buracos nas rochas, através dos quais (como recentemente demonstrou Gonza-lez-Ruibal) ao pôr do Sol dos dias 1 de Agosto e 1 de Novembro (isto é,

Fig. 7. Duas das inscrições de Donón (Pontevedra): DEVS LARIVS BREVS

SANCTVS. Inscrições do farol de Donón (Pontevedra) (Baños e Pereira Menaut, 1998, pp. 21-44): a) Deo Lario

Breo Bro sancto; b) [Deo Lari] bero Breo aram pos[uit].

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nos dias das mais conhecidas festividades do calendário céltico: Lugna-sad e Samhain), os raios de luz vêm iluminar um ponto interior do «santuário» onde devia ter existido um túmulo.

A analogia com o santuário «atlântico» irlandês de Newgrange é

deveras impressionante. O estudo pormenorizado de Gonzalez-Ruibal é esclarecedor; o seu único defeito é o de datar dos primeiros séculos antes da nossa era um rito solar deste tipo: um defeito justificado pela falta de um quadro de referências de longa duração, dado que, para a teoria tradicional, os Celtas só aqui chegaram muito tardiamente – se é que alguma vez chegaram à Galiza –, quase no tempo da última roma-nização, depois de terem atravessado toda a Europa, na qual já se encontravam há cerca de 700 anos. Na interpretação da Teoria da Conti-nuidade, pelo contrário, até os «santuários solsticiais» em questão encontram uma datação bem mais credível num horizonte pelo menos mesolítico tardio. De facto, dificilmente se pode pensar que fenómenos complexos como os de Newgrange, na Irlanda (datado de 2475 a. C.), ou os destes santuários galegos tivessem surgido por via poligenética; é mais verosímil afirmar que deveriam pertencer a uma civilização coe-sa, isto é, anterior à separação das ilhas do continente.

Fig. 8. Fotos do santuário solsticial de O Raposo (segundo García Quintela, 2006).

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5.5. Megalitismo 5.5.1. Com as estátuas-menires e, sobretudo, com os «santuários sols-

ticiais» aproximamo-nos de um argumento crucial para a nossa exposi-ção: o do megalitismo galego no contexto do megalitismo europeu. Os megalitos galegos, (os conhecidos até hoje são mais de 5000) represen-tam, a seguir aos da Bretanha, os exemplos mais antigos de sepulturas monumentais colectivas. A importância dos megalitos para a pré- -história europeia é enorme e ainda alcançou mais importância quando a revolução do radiocarbono demonstrou que estas construções europeias são francamente mais antigas do que as orientais egípcias e gregas e que devem ser consideradas como uma expressão europeia originária e não importada. A área de distribuição dos megalitos europeus é preponde-rantemente marítima e, à excepção do Sul da Itália, onde também estão presentes, poder-se-iam definir como uma expressão da cultura atlânti-ca. A área compacta e as características unitárias do megalitismo não permitem, por isso, dar-lhe uma explicação com base poligenética; é, assim, legítimo e sensato admitir um centro original, com uma ou mais áreas de reelaboração. De acordo com a Teoria da Continuidade, a pro-víncia megalítica está correlacionada com a região céltica de um modo absolutamente elementar: de facto, basta observar que a Irlanda, inteira-mente céltica, é toda megalítica (com monumentos datados de 3700 a. C.); que, na Grã-Bretanha, as áreas de máxima densidade megalítica

Fig. 9. Mapa do megalitismo atlântico (região galaico-bretã), juntamente com as grutas funerárias e os hipogeus do sul de Itália

(segundo Guillaine, 1997, p. 411).

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são as célticas de Gales, da Cornualha e da Escócia (também aqui os megalitos mais antigos são do IV milénio) e que, em França, tal como já dissemos, estão presentes os primeiros megalitos europeus e estão presentes na sua zona mais céltica, ou seja, a Bretanha, onde remon-tam à primeira metade do V milénio, isto é, a uma época ainda mesolí-tica. É, portanto, uma consequência lógica pensar que a região céltica tenha sido o centro, e as outras (como o Sul de Itália) tenham sido áreas de difusão secundária. Desta região originária, como temos vindo a verificar, deveria fazer parte também a Galiza onde, de facto, estão pre-sentes os mais antigos megalitos europeus, depois dos bretões (com efeito, estão datados entre o V e o IV milénio) (Fábregas, 1988, 1991).

5.5.2. Para além disso, como demonstração da primordialidade do fenómeno na região galega, já ficou dito que aqui estão presentes (e co-presentes) todas as três tipologias do megalitismo europeu:

a) a das antas (recorde-se, no distrito da Corunha, as antas de Pedra Moura de Aldemunde, Pedra de Arca, Pedra Vixia, Arca de Piosa, Casi-ña da Moura, Casa dos Mouros, Casota de Berdoias, Cova da Moura; no distrito de Lugo, as antas de Roza das Modias, Santa Mariña, Mollafariña, Chao de Mazós, Abuime, Moruxosa; no distrito de Orense, as do Outeiro de Calade, Mota Grande, Casola do Foxo; e aqui, no distrito de Pontevedra,

as de Mamoa do Rei, em Vila-boa, Chan de Castañeiras, Chan de Armada, Chan de Arquiña, O Meixoeiro); b) a dos menires (em particu-lar, o menir de Cristal de Ribeira, no distrito da Coru-nha, o de Pedra Chantada em Vitalba (no distrito de Lugo), o de Pedra Alta e o famosíssi-mo da Lapa de Gargantáns, no concelho de Moraña, no distrito de Pontevedra); c) para além das antas e dos menires, estão ainda presen-tes os círculos de pedras, nomeadamente o do Freixo Fig. 12. Mapa dos principais megalitos galegos.

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(no distrito da Corunha), o de Prao das Chantas (no concelho de Vala-douro, no distrito de Lugo), com os seus cerca de cento e um metros de diâmetro, orientado segundo o eixo Leste-Oeste.

Um outro sinal da originalidade galega do fenómeno megalítico con-siste no facto, francamente invulgar em relação a estes monumentos de alguns deles terem sido erguidos sobre megalitos anteriores. É o caso da anta de Dombate, no concelho de Cabana de Bergantiños (distrito da Corunha), talvez a mais conhecida da Galiza (também pela referência que lhe é feita numa famosa poesia de Eduardo Pondal, escrita em plena épo-ca do Rexurdimento da cultura galega). Nas escavações dos princípios da década de 90, feitas por José Maria Bello, ficou comprovada precisamente - além da existência de decorações pictóricas, também significativas – a existência de uma anta anterior sobre a qual aquela tinha sido construída (Bello, 1992-1993). Fenómenos deste tipo são interpretados, obviamente, sob o ponto de vista arqueológico, como sinais de uma cronologia de lon-ga duração (Bello, De La Peña, 1995).

5.5.3. Deve assinalar-se, finalmente, que na Galiza, como sucede em

quase todas as regiões megalíticas (compreendendo também as não célti-cas, de megalitismo mais recente; cf. Alinei, 1996-2000, vol. 2, pp. 479- -481), os megalitos têm igualmente nomes dialectais de carácter mágico- -religioso e que a microtoponomástica dialectal dos sítios nos quais se encontram está ligada a lendas de extraordinário valor para a tese da con-tinuidade do megalitismo até à época histórica. A partir das numerosas

Fig. 10. A anta de Dombate (La Voz de Galícia).

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lendas e dos nomes (pedra dos mouros, casa dos mouros, pedra da moura), por exemplo, demonstra-se que, segundo as crenças populares, que foram gigantes, denominados mouras (no feminino) e mouros (no masculino) (Alonso Romero, 1998, cit. em Lema Suarez, 2006), p. 11), quem construiu os complexos megalíticos, termos esses ligados à raiz céltica *MRVOS, que sig-nifica tanto «morto» como «ser sobrenatural» (Benozzo, no prelo c.). Até mesmo o termo mamoa, o mais vulgar em galego para designar anta, mostra um interessante desenvolvimento semântico; de facto, esse termo continua, sem dúvida, o latim MAMMULAM, isto é «mama (pequena)» (N.T.: ou «maminha») e este aspecto etimológico – perceptivelmente ligado ao aspecto que antigamente deveriam ter os túmulos que, em muitos casos, deviam cobrir as antas – está evidentemente ligado às lendas segundo as quais os megalitos foram colocados nos lugares em que as mouras – epifania mitoló-gica da própria terra – aleitavam os seus filhos. Isto é, a lenda oral, tal como o topónimo dialectal, representa um testemunho precioso e essencial sobre a função mágico-religiosa dos complexos megalíticos: o nome dos megalitos e as lendas a eles associadas devem, de facto, referir-se a um período no qual o aspecto do megalito era diferente do actual (o que resta hoje são apenas os esqueletos, por assim dizer, dos complexos megalíticos originais).

Assim, num quadro de cronologia pré-histórica, pode sublinhar-se que enquanto a imagem do «morto» e do «ser sobrenatural» radicada na etimologia céltica de mouro/moura parece reflectir melhor o significa-do original e autêntico do megalito, a da latina, «maminha», ainda que significativa em sincronia com a paisagem megalítica antiga, parece reportar-se a ideologias mais tipicamente neolíticas (como precisamen-te a da «mãe Terra»).

Para a Teoria da Continuidade, foram os pescadores paleolíticos e mesolíticos celtas da região atlântica central quem construiu estes monumentos antigos na região galego-bretã-céltica insular. Assim, a

Fig. 11. Perfil reconstruído de uma mamoa (segundo Lema Suarez, 2006).

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tese de Gordon Childe, segundo a qual os «missionários megalíticos», como os denominou, teriam difundido este fenómeno de Oriente (cf. Alinei, Benozzo 2008) para Ocidente, deve ser revista, quanto à sua direcção: também neste caso, o vector de deslocação se processa de Ocidente para Oriente.

6. Outros indícios de celtismo da região galega No quadro da Teoria da Continuidade, o megalitismo céltico da Gali-

za mesolítica tardia e neolítica deixa imediatamente transparecer um celtismo anterior, vindo do Paleolíti-co. Tal facto torna-se elemento deci-sivo para a defesa da hipótese de um protoceltismo da Galiza. 6.1. Testemunhos dos autores clássi-cos. Para além de vestígios evidentes de uma cultura atlântica originária, a que já fizemos referência, o celtismo da Galiza é demonstrável também através dos testemunhos dos autores clássicos e das inscrições (Balboa Salgado, 1996). Alguns povos são expressamente citados pelos escrito-res latinos e gregos como sendo de língua céltica: são, do Norte para o Sul, os Artabros, os Nérios, os Supertamáricos, os Prestamarcos, todos situados, não por acaso, na zona costeira.

6.2. Toponomástica. Fazendo agora uma breve análise da toponomás-tica, detectamos a presença de numerosos topónimos de clara origem céltica. Olhemos para nomes referidos por Ptolomeu como: 1) Nouiom, que já Holder remetia directamente para o céltico *nowios ‘novo’; 2) Olina, indicando uma raiz *olinã ‘reviravolta’ (de onde deriva o irlandês uilen, o galês elin, o córnico elin, o bretão elin) encontrada em hidrónimos de ori-gem gálica, como Olinas (Orne-Saosnoise) ou Olina (Apeninos alto- -italianos); 3) Ocelon, do céltico *ocelo ‘outeiro’, raiz muito atestada tam-bém nos topónimos galeses, irlandeses e bretões; 4) Lambris, um hidróni-

Fig. 13. Mapa das populações pré- -romanas no Noroeste da Península Ibérica (segundo Tranoy, 1981).

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mo que demonstra esplendidamente (como outros topónimos em -bris desta região) a presença de um nominativo céltico -briks, interessante por ser seguramente mais antigo do que as numerosas formas –briga; 5) Cala-dunos (um dos pouco frequentes topónimos célticos em -dunum da região ibérica), cujas primeiras sílabas parecem estar relacionadas com o próprio nome da Galiza; 6) Compleutica/Comploutica, originalmente um hidróni-mo de raiz céltica *ploutos ‘veloz’ (de onde derivou o irlandês lúath ‘veloz’); 7) o famoso Brigantion, habitualmente identificado com a Coru-nha, de celtismo evidente e que deve ser colocado em relação com os bem conhecidos dezoito topónimos em -briga, desde sempre investigados no âmbito da toponomástica paleoispânica (e sobre os quais surgirá uma actualização de Bascuas, no prelo).

6.3. Cabeças cortadas. Para além desta questão linguística, e voltando

por instantes à arqueologia, um indiscutível indício posterior de celtismo consiste na representação escultórica de cabeças cortadas, em tudo idênti-

Fig. 14. Exemplos de cabeças cortadas esculpidas galegas; achado em Armeá (Ourense) e Seixabre (Pontevedra)

(segundo Pela Santos, 2003).

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cas às têtes coupées da região insular e centro-europeia; entre muitas outras, recordem-se apenas as de Chaves, de Armeá (Orense), Cortes, Narla e Barán (Lugo), San Cibrán de Las (Lansbrica, Orense), Gaxate, Ocastro, Moreira Nova, Remesar (Pontevedra), A Graña (Corunha) (cf. Aparício Casado, Almagro-Gorbea, Lorrio, 1990. Gonzalez-Ruibal (2003).

7. A região galega como região protocéltica: teónimos, topónimos,

fonética histórica, sintaxe 7.1. Teónimos lusitano-galaicos. Lugar à parte merecem os teóni-

mos célticos recentemente estudados por Olivares Pedreño (2005), entre os quais as divindades masculinas Bandua, Arentius, Quangeius, Reue, Crouga, Lugus, Aernus, Cosus Cohue e as divindades femininas Nabia, Trebaruna, Munidis, Arentia, Erbina, Toga, Laneana, Ataecina e Laci-paea. Significativamente, o investigador nota que a maior percentagem de divindades célticas da Península Ibérica (cerca de 80 por cento) per-tence à Galiza e que a área lusitano-galaica é a única, em toda a Hispâ-nia, onde se pode individualizar uma real coesão, um autêntico pan-teão originário, no qual as divindades parecem, em primeiro lugar, representar funções complementares entre si e, em segundo lugar, identificar grupos étnicos tribais bem individualizáveis (Almeida, 1975, Encarnação, 1987). Este facto permite uma única interpretação: as divindades da região galaico-lusitana não foram importadas e sucessi-vamente assimiladas pelas populações locais: foram veneradas origina-riamente nesses lugares, uma vez que representam, desde o início, quer etnónimos quer teónimos (Albertos Firmat, 1974, 1985).

Voltemos agora a algumas importantes considerações linguísticas (para este tipo de análise, baseámo-nos também em alguns contributos importantes de Xaverio Ballester 1998-1999, 1999, 2000, 2001a, 2001b, 2004a, 2004b, 2004c).

7.2. Fonética. Patrízia de Bernardo Stempel (2001) individualizou recentemente uma nova tendência fonética do céltico da Hispânia: a antecipação de um /i/ pré-vocálico para a sílaba precedente e a conse-quente formação de um ditongo descendente com a vogal anterior. Segundo esta tendência, analisada pela investigadora em relação ao celtibérico, os grupos originários do tipo /akia/ tornam-se sucessiva-mente grupos do tipo /àjka/: um caso evidente é o antropónimo Ambaicus (atestado epigraficamente em genitivo: Ambaici), que tem um

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correspondente no gálico *Ambacius. Pois bem, esta tendência fonética céltica é bastante mais produtiva na região galaico-lusitana do que na celtibérica: em primeiro lugar, o próprio nome da língua da Galiza, o galego que provém certamente de um originário [*gallákios], deve ter atravessado uma fase [*gallájcos]. Em segundo lugar, existem inúmeras inscrições galaico-lusitanas que apresentam o fenómeno: pense-se em Toudopalandaigae (Cáceres) (provável epíteto de uma divindade), cuja segunda parte pode interpretar-se como a evolução de um precedente *palantaciae; ou, ainda, em Anabaraeco (Orense), proveniente de um pre-cedente *Anabrakio; em Paramaeco (Lugo), de um precedente *Paramakio; em Veigebreaego (Orense), de um anterior *Veigebrakio, com sonorização; em Soaego (Pontevedra), de um anterior *Soakio, também aqui com sono-rização (para todos estes dados, cf. Ballester, 2001b). A lista poderia alongar-se muito mais. Este protoceltismo fonético da região galaico-lusitana reflecte-se significativamente, num quadro de continuidade, nas falas galaico-portuguesas, onde encontramos o mesmo processo de antecipação nas formas como besteiro (de ballestrarius), vigairo (de vicai-rus), importainça (lado a lado com importância).

Também a sonorização das consoantes surdas intervocálicas (noto-riamente um fenómeno céltico), que vimos apenas em algumas inscri-ções – e que está com efeito melhor documentada nas inscrições galai-co-lusitanas do que nas celtibéricas –, pode ser considerada um fenó-meno próprio e originário da área em questão: pense-se nas formas que apresentam uma consoante sonorizada /g/ em casos em que o celtibé-rico apresenta /k/, como por exemplo, Aegiamunniaego (Orense), Com-biciego (Orense), Daviniago (Lugo), Oenaego (Lugo), Magareaigoi (Castelo Branco), Soaego (Pontevedra): também aqui se pode relacionar este fenómeno, num quadro de continuidade, com a propensão para a pala-tização e para a lenição, fenómenos notoriamente mais activos nas actuais falas galaico-portuguesas do que em qualquer outro local do centro peninsular.

Há um último dado fonético que mergulha no protoceltismo, isto é, num celtismo originário e remoto, da região ibérica do Noroeste. Trata-se de um fenómeno que, na visão tradicional, é utilizado exacta-mente para excluir a Galiza do mundo céltico: a conservação da con-soante /p/, em posição inicial e pré-vocálica. Referimo-nos a exemplos conhecidos, como os termos Parami (que aparece numa ara votiva dedi-

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cada a Diana, com reflexos nos topónimos actuais Páramo e Paramillo), Parameco, Porgom Conboutum, Pembelorum, Penti, Pentilia, Pisoraca, Por-gum, Praisom, Trebopala. Como é sabido, este fonema, presente no cha-mado céltico «comum», desaparece em todas as línguas célticas históri-cas. A sua presença no galaico (e no lusitano) é suficiente para a teoria tradicional falar do não-celtismo da Galiza; como recentemente defen-deu Xaverio Ballester (2004c), o problema está ligado à situação geo-gráfica: se uma língua falada num território considerado originaria-mente céltico pela teoria tradicional, num qualquer território do centro europeu, mostrasse uma presença de /p/ pré-vocálico, esse vestígio conservador seria interpretado, sem problema, como resíduo in situ do celtismo originário do fenómeno, anterior ao seu desaparecimento. Uma vez que para a teoria tradicional os Celtas chegaram do Oriente e só muito tardiamente alcançaram a Espanha, é fácil concluir que a pre-sença do /p/ deve pertencer a um sistema linguístico diferente. Pelo contrário, na visão da Teoria da Continuidade, segundo a qual os Indo- -Europeus (e os Celtas) já estavam na Espanha do Noroeste, desde a época paleolítica tardia, o /p/ pré-vocálico – tendo em conta que não pode ser posta em causa a sua efectiva presença no indo-europeu e que, a propósito das línguas célticas, se fala, não por acaso, da sua pos-terior queda – não passa de um resíduo arcaico do céltico falado origi-nariamente nestes territórios (cf. também Untermann, 1981, 1985, 1985-1986, e Navaza, 2006, p. 200, que fala em «celtismo arcaizante»). Ainda em termos de estrita verosimilhança, é mais sensato pensar que foi após à expansão dos grupos celtas para leste, e precisamente pelo con-tacto com a fala aquitana e com a ibérica – línguas essas onde é, além do mais, documentável uma forte tendência para a aspiração –, que se deu o desaparecimento do /p/.

7.3. Morfossintaxe. Temos ainda um dado da língua actual, desta vez de tipo morfossintáctico: a distinção típica e exclusiva do galego e do português, entre o infinitivo impessoal e o infinitivo pessoal (ou reflexo), este último conjugado como qualquer outra forma verbal (Togeby, 1955, Raposo, 1987, Wireback, 1994). Entre as línguas indo-europeias, este fenómeno – presente também na região fino-úgrica – só é comum apenas à área celto-bretã (por exemplo, ev a ow clewes, ‘é pre-ciso escutar’, ev a ow clewesyons, ‘é preciso que escutem’ [literalmente, ‘é preciso *escutar-em’], ev a ow leverelyn, ‘é preciso que escute-

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mos’ [literalmente, ‘é preciso *escutar-mos’]). Na região românica o infinito pessoal reflexo só se verifica na zona galega e portuguesa (com excepção de alguns dialectos da Itália meridional, onde é, no entanto, um fenómeno recente correspondente a exigências sintácticas específi-cas: cf. Loporcaro, 1986) e pode correctamente interpretar-se como sen-do um arcaísmo céltico mantido na região galaico-lusitana, onde deve-rá representar um fenómeno originário.

7.4. Léxico. No âmbito lexical, com referência ao primado céltico na construção dos carros pré-históricos e proto-históricos, deve mencio-nar-se a difusão do nome céltico ‘camba’: *camba *cambita (de *cambo – ‘curvo’, cf. irl. camn, galês e córn., cam, bret., kamn). Enquanto os deri-vados em -ita parecem ter tido uma difusão secundária para leste: no território ibérico (esp., llanta,) França (fr., jante e variantes) Itália meri-dional (apulense, janda), a variante simples, camba, é limitada à zona costeira e contígua: galego, português, asturiano, leonês.

Também o termo galego trollo/trullo, ‘rodo para as brasas do for-

no’ [N.T. em português o termo sobrevive em trolha, pequena pá de pedreiro] (Rivas Quintas, 2000, pp. 176-177), não encontrado na região ibérica e românica a não ser na zona conservadora do Norte de Itália de tipo emiliense ocidental (que apresenta a forma tròl) (Benozzo, 2006e, p. 123), está evidentemente relacionado com os termos célticos do tipo bre-tão troellen, córnico trolh e galês troel ‘ibid.’ (GPC, pp. 3602-3603). O termo

Fig. 15. À esquerda: o trollo galego (o segundo instrumento da esquerda) (segundo Rivas Quintas, p. 73); à direita: o tròl emiliano (ao lado de uma pá de forno) (segundo Benozzo, 2006c, p. 184).

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em questão refere-se ao léxico da panificação e, mais em geral, aos proce-dimentos de vários tipos ligados ao forno; o seu aparecimento deve por-tanto ter acontecido, pelo menos, no Calcolítico (época em que os Celtas introduziram a maior parte das técnicas metalúrgicas na Europa), ou pro-vavelmente no anterior Neolítico, quando as técnicas de elaboração e cozedura do pão se desenvolveram. A sua presença no galego permite portanto vê-lo como um último exemplo do conservadorismo da região galega. No que respeita à alta Itália, o termo tròl verifica-se, por sua vez, numa área dialectal que, em termos arqueológicos, se identifica com a cultura paleolítica-terramarícola, de tipo céltico-germânico (Lombardia oriental, zona benacense, planície paduana centro-ocidental), que o rio Panaro separava da Apenínica (que se formou posteriormente ao Proto-vilanovense e Vilanovense) (Alinei, 1997, Benozzo, 2006).

7. 5. Vestígios de xamanismo arcaico. Não é, certamente, altura para nos determos noutro aspecto da substancial continuidade cultural europeia do Paleolítico até hoje, aspecto que analisámos num livro, ainda no prelo, relativo aos reflexos do canto xamânico arcaico presen-tes nos textos dos trovadores galaico-portugueses: limitar-nos-emos, por agora, a dizer que, num horizonte de referências complexo e articu-lado, será ocasião de incluir também este tipo de referências ao lado dos que nos oferecem a linguística, a arqueologia, a genética, o folclore e a religião, visto desde as origens as literaturas românicas oferecerem vestígios evidentes e insuspeitados de estratos paleolíticos e mesolíti-cos (cf. Benozzo 2006b, 2007a, no prelo, sobre os dados de Costa, 1998, 2000, 2001, 2004, 2006).

8. Conclusão Tentemos concluir resumidamente. Segundo a teoria tradicional

(a dos manuais de filologia românica), o galego é uma fala formada após a romanização, isto é, depois da definitiva conquista de Augus-to, entre 29 e 19 a. C., e diferenciada das outras por razões de substrato diferente (que segundo os diversos investigadores parece pré-céltico, paracéltico, lígure, ilírico, pré-indo-europeu, indo-europeu), de supers-trato diferente (germânico), mas não por razões sociolinguísticas. Em substância, uma língua formada e desenvolvida num raio de poucos séculos do primeiro milénio depois de Cristo. Os elementos que origi-naram este ponto de vista tradicional são essencialmente dois: 1) a teo-

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ria tradicional sobre as origens indo-europeias, da qual esta é filha e consequência; 2) um respeito feiticista pela dita «primeira atesta-ção» (de um texto, de uma crença, de uma concepção), que continua a ser vista como um simples terminus a quo, ao passo que – congregando os ganhos teóricos alcançados pela dialectologia e pela antropologia – deveria ser avaliada não como prova do primeiro aparecimento de um fenómeno, mas antes da preciosa vitalidade de tradições anteriores, de vestígios da existência desse mesmo fenómeno, isto é, nem mais nem menos, um autêntico terminus ante quem.

De acordo com a Teoria da Continuidade, a Galiza pertence a uma área linguística de instalação protocéltica, como demonstra, antes de mais, a presença do megalitismo céltico-atlântico, que remontando a uma época imediatamente posterior ao Mesolítico, é o mais antigo da Europa, depois do bretão. Todos os indícios apresentados (topono-másticos, fonéticos, arqueológicos, religiosos, genéticos) descrevem, com base numa indubitável cumulative evidence, um celtismo originário da região galaico-lusitana, bem mais antigo que o celtibérico e, provavel-mente, mais arcaico do que o verificado no gálico da França actual. Este dado não é explicável de algum modo no quadro tradicional. A única maneira de explicar as ligações céltico-atlânticas originárias da região galega é identificando esta zona como uma propagação sul-ocidental da pátria originária dos povos de língua céltica e de fazer recuar a datação da presença céltica a uma época, pelo menos, mesolítica. Deve acrescentar-se que, se foram os metais que originaram a ideia de terem sido os Celtas os primeiros dominadores da Europa, a Península Ibéri-ca, e em particular a zona galaico-lusitana, é o único território céltico europeu onde encontramos o ouro, a prata, o estanho, o cobre e o bron-ze (Ballester, 2001, p. 385). Portanto, o que sabemos do Paleolítico ibéri-co norte-ocidental – com os seus vestígios de uma evidente continuida-de desde a indústria paleolítica dos seixos afeiçoados até aos sítios neolí-ticos e às jazidas da época romana –, e dada a total ausência de vestí-gios de invasões na época mesolítica-neolítica, permite projectar a situação até agora descrita para a época do Paleolítico Superior, quan-do surgem as provas mais evidentes de uma presença do Homo sapiens sapiens na faixa setentrional cantábrica-galaico-lusitana. A Península Ibérica meridional, nessa mesma época, é já hipoteticamente uma região ibero-occitálide (isto é, a área identificada com a cultura neolíti-

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ca da Cerâmica Impressa/Cardeal, que no quadro da Teoria da Continui-dade remonta ao Paleolítico Tardio); deve assim colocar-se a hipótese de ter havido uma simbiose, na Península, entre os grupos célticos (originariamente no Atlântico Norte e no centro) e os grupos ibero- -occitálides (originariamente no centro e no Sul), com uma recíproca e forte presença ibero-occitálide, em direcção ao Norte, e céltica, em direcção ao centro-Sul. A região castelhana, com os seus dialectos (que apresenta, embora em menor medida, traços linguísticos e testemu-nhos toponomásticos de tipo céltico), seria assim de fundo ibero- -occitálide, com um superstrato céltico, enquanto a galaico-portuguesa seria de fundo céltico com um superstrato ibero-occitálide. A recente romanização, a que teria provocado, de acordo com a teoria tradicio-nal, o nascimento das falas hispânicas, não fez mais do que acentuar essa situação milenar, completando a italianização da região norte- -ocidental.

Assim, agora, quando regressarmos à Itália e deixarmos para trás

esta belíssima terra atlântica, não iremos senão repetir um pouco esse movimento de ocidente para oriente, a suposta direcção de uma parte dos grupos célticos históricos. Na realidade, e simplificando, iremos voar sobre o território europeu, onde as gentes indo-europeias estive-ram desde sempre, sem terem percorrido milhares de direcções e sem terem invadido milhares de vezes terra estrangeira: porque devemos colocar hipóteses diferentes para os Indo-Europeus das que admitimos, sem perturbações, para os outros continentes? Não é realmente verda-de que os Africanos estiveram sempre em África, os Chineses na Chi-na, os Aborígenes australianos na Austrália? Só os nossos Indo- -Europeus, e entre eles, em particular, os belicosos Celtas, seriam a excepção entre as populações do mundo, tendo incessantemente de mudar de sítio, ocupar, guerrear, através de milhares de quilómetros, de milhares de anos, a andar para a frente, a torto e a direito, numa eterna e volúvel instabilidade.

Não será, na realidade e acima de qualquer outra coisa, este presu-mível nervosismo das gentes indo-europeias, esta ânsia esquizofrénica de migrar, invadir, combater, um reflexo da inquietação dos nossos estudos?

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Índice 1. As principais teorias sobre as origens indo-europeias, 3 2. A Teoria da Continuidade Paleolítica, 7 3. A região mediterrânica e ibérica no quadro da Teoria da Continui- dade, 9 4. A Galiza, do Paleolítico ao Neolítico, e a sua interpretação à luz da TCP, 11 5. O celtismo atlântico da Galiza, 13 5.1 Factor genético, 13 5.2 Factor lendário, 13 5.3 Factor arqueológico-cultural, 14 5.4 Factor mitológico-religioso, 15 5.5 Megalitismo, 18 6. Outros indícios de celtismo da região galega, 22 6.1 Testemunhos de autores clássicos, 22 6.2 Toponomástica, 22 6.3 Cabeças cortadas, 23 7. A região galega como região protocéltica: teónimos, topónimos, fonética histórica, sintaxe, 24 7.1 Teónimos lusitano-galaicos, 24 7.2 Fonética, 24 7.3 Morfossintaxe, 26 7.4 Léxico, 27 7.5 Vestígios de xamanismo arcaico, 28 8. Conclusão, 28 Bibliografia, 31

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