aula 03 - realidade Étnica
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CURSO ONLINE REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS PROFESSORA VIRGÍNIA GUIMARÃES
Profa Virgínia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br
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Aula 03 – Diversidade Goiana
Olá, amigos, como vão os estudos? Tudo certinho? Hoje
chegamos a nossa última aula em que, para finalizar o edital
abordaremos vários aspectos da História Social de Goiás.
Espero, sinceramente, que vocês tenham tido, ao menos até
aqui, um ótimo aproveitamento de tudo que foi apresentado. E que,
ao final do curso estejam muito bem preparados para enfrentar a
prova com a calma e a tranqüilidade necessárias.
Tenham certeza que vocês estão em vantagem! Estão à
frente de muitos outros candidatos que não puderam ou não
quiseram dedicar tempo e paciência para o estudo dessa disciplina
por pensá-la como algo menor: NÃO É!!!
Como todos sabem, a aprovação em concurso público está
na boa preparação, na dedicação e no foco! Vocês estão à frente e
com grandes condições de alcançar o objetivo da aprovação,
portanto, confiem em si mesmos e tenham confiança para fazer a
prova !!! ;)
Lembrando que mesmo com o fim do nosso curso, vocês
podem ficar a vontade para continuar utilizando o nosso fórum para
esclarecer dúvidas, ok?
Além disso, também tem o meu email pra onde vocês
podem enviar qualquer pergunta, sugestão ou até mesmo
reclamações, ok? Caso já não tenham anotem aí:
virginia@pontodosconcursursos.
Bem, o titulo de nossa aula hoje é bastante amplo, pois
falar de aspectos da cultura e sociedade significa falar de mil
assuntos que poderiam ganhar um curso inteirinho cada um, né?
Mas, pra dar prosseguimento no edital vamos começar nossa aula
abordando o povoamento do estado de Goiás que, como vocês já
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devem imaginar, não foi diferente do povoamento do restante do
Brasil: possuindo algumas fases.
Assim, regiões houve em todas as regiões uma verdadeira
mistura de raças a começar pelos brancos quando começaram a se
lançar ao interior do Brasil em busca de riquezas e se depararam com
diversos grupos indígenas que já habitavam o território, além dos
escravos africanos que também influenciaram a sociedade de diversas
formas.
Povoamento em Goiás: a mistura de um povo
A composição inicial da população de Goiás se deu por meio
da convivência nem tão pacífica entre os índios que aqui residiam e
as levas de paulistas e portugueses que vinham em busca das
riquezas minerais.
Portanto, amigos, quando os bandeirantes chegaram a
Goiás, este território, que atualmente forma os Estados de Goiás e
Tocantins, já era habitado por diversos grupos indígenas. Naquela
época, ao verem suas terras invadidas, muitos foram os que
entraram em conflito com os bandeirantes e colonos, em lutas que
resultaram no massacre de milhares de indígenas, aldeamentos
oficiais ou migração para outras regiões.
Estes “brancos” por sua vez, trouxeram negros africanos à
“tira colo” para o trabalho escravo, moldando a costumeira tríade da
miscigenação brasileira entre índios, negros e brancos – além de
todas as derivações que advieram disso.
Entretanto, a formação do caráter goiano vai além dessa
visão simplista, pessoal, e adquiriu características especiais à medida
que o espaço físico do Estado passou a ser ocupado.
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Até o início do século XIX, a maioria da população de Goiás
era composta por negros. Os índios que habitavam o Estado ou foram
dizimados pelo ímpeto colonizador ou migraram para aldeamentos
oficiais.
Quando se iniciou o processo de exploração do ouro na
região, o principal grupo indígena era o Kaiapó que ocupava a região
sul de Goiás. Com o início do povoamento branco da região, várias
aldeias indígenas foram destruídas, seja pelas guerras entre índios e
colonizadores, seja pela formação de aldeamentos indígenas oficiais
ou por epidemias.
Antes da divisão de Goiás em dois Estados (Goiás e
Tocantins) a maioria dos grupos que viviam em Goiás pertencia ao
tronco linguístico Macro-Jê, família Jê (grupos Akuen, Kayapó,
Timbira e Karajá). Outros três grupos pertenciam ao tronco linguístico
Tupi, família Tupi-Guarani (Avá-Canoeiro, Tapirapé e Guajajara). A
ausência de documentação confiável, no entanto, dificulta precisar
com exatidão a classificação linguística dos povos Goyá, Araé, Crixá e
Araxá.
Mas essas informações se tornam quase irrelevantes quando
analisamos o primeiro recenseamento oficial existente, o de 1804.
Nesse documento percebemos que 85,9% dos goianos eram “pardos
e pretos” e este perfil continuou constante até a introdução das
atividades agropecuárias na agenda econômica do Estado.
Isso tem como causa principal, amigos, a expressiva
utilização da mão de obra escrava pelos brancos que se
embrenharam pelo “sertão” com seus escravos a “tira-colo”.
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Justamente por isso, os quilombolas também aparecem
como um grupo ligado diretamente à história da ocupação do estado
de Goiás.
No território brasileiro, os quilombos surgiram a partir do
início do ciclo da mineração no Brasil, quando a mão de obra escrava
negra passou a ser utilizada nas minas, especialmente de ouro,
espalhadas pelo interior do Brasil.
Em Goiás, esse processo teve início com a chegada de
Bartolomeu Bueno da Silva, em 1722, nas minas dos Goyazes.
Segundo relatos dos antigos quilombolas, o trabalho na mineração
era difícil e a condição de escravidão na qual viviam tornavam a vida
ainda mais dura. Assim, as fugas eram constantes e àqueles
recapturados restavam castigos muito severos, o que os impelia a
procurar refúgios em lugares cada vez mais isolados, dando origem
aos quilombolos
Os Kalungas são os maiores representantes desses grupos
em Goiás. Na língua banto, a palavra kalunga significa lugar sagrado,
de proteção, e foi nesse refúgio, localizado no norte da Chapada dos
Veadeiros, que os descendentes desses escravos se refugiaram
passando a viver em relativo isolamento. Com identidade e cultura
próprias, os quilombolas construíram sua tradição com uma mistura
de elementos africanos, europeus e forte presença do catolicismo
tradicional do meio rural.
A área ocupada pela comunidade Kalunga foi reconhecida
pelo Governo do Estado de Goiás, desde 1991, como sítio histórico
que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga. Com mais de 230 mil
hectares de cerrado protegido, abriga cerca de quatro mil pessoas em
um território que estende pelos municípios de Cavalcante, Monte
Alegre e Teresina de Goiás. Seu patrimônio cultural celebra festas
santas repletas de rituais cerimoniosos, como a Festa do Império e o
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Levantamento do mastro, que atraem turistas todos os anos para a
região.
Assim, partindo dessas três raças foi formado, no imaginário
popular da época a idéia de sertão presente na constituição física do
Estado o que, apesar de ser um erro acabou refletindo de duas
maneiras: a primeira era a de que o Estado era um grande vazio,
isolado e atrasado .
A segunda a de que se apresentava como desafio a ser
conquistado pela ocupação territorial, que viria acompanhada
predominantemente pela domesticação do sertão segundo um
modelo de trabalho familiar, em que surgia a figura do sertanejo.
Esse “personagem” do sertanejo acabou sendo relacionado a
construção do país, da ocupação das fronteiras e, por seguinte, da
Marcha para o Oeste - impulsionadora do desenvolvimento brasileiro.
Registros da época dão conta de processos migratórios ao
longo do século XIX e metade do século XX, com correntes
migratórias de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Pará, resultando em
uma ampla mestiçagem na caracterização do personagem sertanejo.
O sertanejo, aí, diz respeito à figura de um habitante do
vazio e isolado sertão, que tinha uma vida social singela e pobre de
acontecimentos. O calendário litúrgico e a chegada de tropas e
boiadas traziam as únicas novidades pelas bocas de cristãos e
mascates. Nessa época, a significação da vida estava diretamente
ligada ao campo e dele resultaram, segundo as atividades registradas
nos arraiais, o militar, o jagunço, o funcionário público, o comerciante
e o garimpeiro.
Ao longo do século XX, novas levas migratórias, dessa vez
do sul e de estrangeiros começam a ser registradas no território
goiano, de modo que no Censo do ano 2000, os cinco milhões de
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habitantes se declararam como 50,7% de brancos, 43,4% de pardos,
4,5% de negros e 0,24% de outras etnias.
O último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 confirmou uma população
residente em Goiás de 6.003.788 habitantes, com crescimento acima
da média nacional, que foi de 1,17% ao ano.
Em termos de gênero, a população feminina sai na frente.
São 3.022.161 mulheres, contra 2.981.627 homens – em uma
proporção de 98 homens para cada 100 mulheres. Reflexo também
sentido na capital, Goiânia, com 681.144 mulheres e 620.857
homens (diferença de 60.287 pessoas).
Manifestações da Cultura goiana
Bem, amigos, como historiadora, juro a vocês que eu
escreveria, de bom grado, umas 50 páginas só falando sobre cultura,
seus inúmeros conceitos e divagações. Todavia, o objetivo do
concurso não é testar nenhum conhecimento antropológico de vocês
sobre o que é cultura e sim perceber o que vocês têm de
conhecimento sobre a sociedade em geral em termos de formação
racial, ou manifestações sociais como um todo.
Ainda assim, falar em cultura é sempre uma tarefa difícil,
devido à complexidade que este termo carrega. A cultura pode
significar desde as manifestações artísticas de um determinado lugar
até os aspectos simbólicos que perpassam a vida e a identidade de
um povo.
Pensando nisso, para podermos falar de Cultura goiana,
temos de compreender um pouco mais sobre o povo que vive nesta
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região, seus costumes, suas crenças, as influências históricas sofridas
e a própria identificação que o goiano faz de si mesmo.
Primeiramente, devemos lembrar que é um povo que vive
no Cerrado, numa área central do Brasil e, portanto, converge a
influência de outras diversas regiões. Como vimos nas aulas
passadas, o povoamento de Goiás se deu, principalmente, pela busca
do ouro e contou com a aproximação de diferentes “tipos”: brancos,
negros, e os próprios índios. De início, percebemos que não há
homogeneidade, não é mesmo? Da união de tantas diferenças, o
resultado não poderia ser um povo simples, ao contrário, é
diversificado e complexo, assim como é o próprio brasileiro.
Mas, não foi apenas a marca do ouro que contribuiu para a
formação do povo goiano. Não podemos esquecer que depois da
década de 1930, a região foi marcada pela necessidade de projetar a
modernidade. Primeiro, a construção de Goiânia, depois a construção
de Brasília e a transferência da capital brasileira para o interior. O
lugar que antes não tinha tanta importância assim passou a
centralizar aspectos importantes da vida política do país. Com isso, a
modernidade também começou a representar o Estado de Goiás e daí
nasceu uma relação muito próxima entre a modernidade regional e a
representação da modernidade nacional.
Não é novidade pra ninguém falar que os brasileiros (em
suas várias regiões) são mestiços; nasceram da união de brancos
europeus, índios nativos e negros escravos. Também não é novidade
dizer que o povo goiano foi se constituindo em meio a essa mesma
mestiçagem, certo, meus amigos?
Pois então, falar da formação do povo goiano requer que
falemos dos índios que habitavam aquelas terras, dos brancos que
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para lá foram em busca de fortunas e dos negros que tanto suor
derramou naquelas minas.
Segundo o Instituto Goiano de Pré-história e Antropologia
(IGPA), o Estado de Goiás, começou a ser ocupado por grupos
indígenas muito antes da vinda dos europeus. Esses grupos indígenas
viviam inicialmente em bandos, eram caçadores e coletores nômades,
instalavam-se, temporariamente, em abrigos sob rochas ou em locais
abertos. Lascavam e utilizavam instrumentos de pedra com grande
habilidade e, posteriormente, também passaram a utilizar a argila
para a produção de cerâmicas variadas, necessárias a vida
doméstica.
Como vimos nas aulas anteriores, o grande número de
pessoas que migraram para a região central do Brasil em busca de
ouro foi muito grande. Assim, o povoamento branco pode ser
explicado principalmente por este fator: a busca pela riqueza e pela
exploração das novas minas de ouro encontradas.
A mão-de-obra usada nesse processo foi, em sua maioria,
escrava. No período de grande produção aurífera em Goiás, os negros
representavam mais da metade da população goiana. Com o início da
decadência, a população sofreu forte diminuição, seja pela migração
para outras regiões, seja pela não vinda de novas pessoas para a
região.
Deste modo, meus amigos, culturalmente falando, os
goianos – assim como a grande maioria dos brasileiros - são o
resultado de uma grande mestiçagem.
Essa mistura, pessoal, obviamente se reflete na
configuração cultural do Estado que possui manifestações artísticas
das mais variadas: bandas, como a Corporação 13 de Maio de
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Corumbá de Goiás ou a centenária Banda Phoenix de Pirenópolis são
exemplos da herança musical dos séculos XVIII e XIX.
Além disso, Goiás também é bastante conhecido por suas
diversas manifestações artesanais, pelas tradições de engenho e
boiadas e, claro, não poderíamos deixar de falar aqui dos inúmeros
exemplos de cantores sertanejos que nascem nesta terra, não é
mesmo pessoal? Mas vocês já pararam pra pensar no por que disso?
Bem, amigos, o próprio desenrolar da história de Goiás
propiciou o aparecimento de diversas atividades culturais no Estado,
das quais originaram legítimas manifestações do folclore goiano.
Apesar de elas estarem relacionada ao legado religioso introduzido
pelos portugueses, o movimento cultural que floresceu no Estado
acabou se transformando num reflexo da mistura das tradições
indígenas, africanas e européias - de maneira a abrigar um
sincretismo não apenas religioso, mas também de tradições, ritmos e
manifestações. Tudo isso acabou fazendo da cultura goiana um
verdadeiro “mix de sensações” que vão desde a batida do tambor da
Congada e dos mantras entoados nas orações ao Divino, até a
cadência da viola sertaneja ou o samba e o rock que por lá também
fizeram morada.
Mas, como já falei antes, nem só de manifestações
religiosas vive a tradicional cultura goiana. Uma dança bastante
antiga e muito representativa do Estado também apresenta Goiás aos
olhos dos visitantes. Essa dança é a Catira.
A Catira tem seus primeiros registros desde o tempo
colonial e não tem origem certeira. Há relatos de caráter europeu,
africano e até mesmo indígena, com resquícios do processo
catequizador como forma de introduzir cantos cristãos na possível
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dança indígena. No entanto, seu modo de reprodução compassado
entre batidas de mãos e pés, permeados por cantigas de violeiros
perfaz a beleza cadenciada pela dança.
A viola, aliás, está presente em boa parte do cancioneiro
popular goiano, especialmente nos gêneros caipira e sertanejo, que
em conjunto com sanfonas e gaitas têm sido bastante divulgados,
geralmente por duplas de cantores. Diferenças, no entanto, podem
ser notadas quanto à temática, uma vez que o sertanejo tem se
apresentado majoritariamente enquanto produto da indústria cultural
e a música de raiz ou caipira se inspirado nas belezas do campo e do
cotidiano do sertanejo.
Apesar de ter ficado nacionalmente conhecido com o ritmo
sertanejo, nem só disso vive o Estado de Goiás. Na verdade, ritmos
antes considerados característicos de eixos do Sudeste do país têm
demarcado, cada vez mais, seu espaço dentro do território goiano.
Bons exemplos são a cena alternativa e do rock, divulgados em peso
por festivais de renome como o Bananada e o Vaca Amarela,
enquanto que, por outro lado, rodas de samba e apresentações de
chorinho também têm angariado novos adeptos, dentre outros tantos
ritmos encontrados na cultura goiana.
Eh, pessoal, como pudemos perceber, em termos de
manifestações culturais, Goiás se destaca em vários sentidos que
permeiam as artes visuais, a literatura, a música e outros
representantes do patrimônio cultural do estado.
Na cidade de Goiânia existem, por exemplo, três
importantes museus: o Museu de Arte de Goiânia; o Museu Estadual
Professor Zoroastro Artiaga e o Memorial do Cerrado.
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• MAG – Museu de Arte de Goiânia: localizado no Bosque dos
Buritis, foi inaugurado em 1970, tem por objetivo guardar,
preservar e divulgar obras de artes;
• Museu Estadual Professor Zoroastro Artiaga: foi fundado em
1946 e guarda em seu acervo documentos históricos, utensílios
antigos, objetos relacionados aos índios do Brasil Central e peças
artísticas.
• Memorial do Cerrado: é composto por quatro instituições –
Museu de História Natural, Vila Cenográfica, Quilombo, Aldeia
Indígena Timbira. Pertence a PUC-GO.
O curioso, amigos, é que quando falamos em cultura
pensamos quase que imediatamente em musica, dança etc., mas
existe outro aspecto que também é cultural e que muitas vezes fica
esquecido: a culinária.
A culinária goiana
Em Goiás, comer é um ato social. A comida carrega traços
da identidade e da memória do povo goiano, tanto que a cozinha
típica goiana é geralmente grande e é uma das partes mais
importantes da casa, por agregar ritos e hábitos do ato de fazer a
comida.
Historicamente, a culinária goiana, assim como os seus
demais aspectos culturais, se desenvolveu carregada de influências e
misturas que, em virtude da colonização e da escassez de alimentos
vindos de outras capitanias, teve que buscar adaptações de acordo
com a realidade local, em especial a do Cerrado.
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O folclorista Bariani Ortêncio, em seu livro Cozinha goiana:
histórico e receituário, resumiu essa idéia ao ressaltar essas
substituições. Se não havia a batatinha inglesa, havia a mandioca e o
inhame nativos, a serralha entrava no lugar do almeirão e a taioba
substituía a couve. Dessa forma, foi introduzido na panela goiana, o
pequi, a guariroba, além dos diversos frutos do Cerrado, como o cajá-
manga e a mangaba, consumidos também em sucos, compotas,
geléias, doces e sorvetes.
Do fogão caipira até
as mais modernas
cozinhas industriais é
costumeiro se ouvir
falar no tradicional
arroz com pequi, cujo
cheiro característico
anuncia de longe o
cardápio da próxima
refeição. O pequi,
aliás, é figura tão certa na tradição goiana, quanto os cuidados
ministrados àqueles que se aventuram a experimentá-lo pela primeira
vez. A quem não sabe, não se morde, nem se parte o pequi. O fruto é
roído com os dentes incisivos e qualquer menção no sentido de
mordê-lo pode resultar em uma boca cheia de espinhos...rsrs
Também se inclui no cardápio típico goiano a paçoca de
pilão, o peixe assado na telha e a galinhada. A galinhada, por sinal,
não se resume ao frango com arroz. É mais, acompanhada de
açafrão, milho e cheiro verde, rendendo uma mistura que agrada a
ambos, olfato e paladar. Sem contar a infinidade de doces típicos
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interioranos, visto na leveza de alfenins, “pastelinhos”, ambrosias,
entre outras guloseimas.
A pamonha
Poxa, meus amigos, sei que está ficando cruel mostrar essas
imagens, masssss, falar de culinária tem dessas coisas, né?rsrs
Iguaria feita à base de milho verde, a pamonha está ligada
diretamente à tradição goiana. Encontrada em diversos sabores,
salgados, doces, apimentados e com os mais diferentes recheios, que
incluem até jiló e guariroba, a pamonha é quase unanimidade no
prato do goiano, frita, cozida ou assada, especialmente em dias
chuvosos. Difícil mesmo encontrar algum goiano que não goste de
comê-la e, principalmente, de fazê-la. É comum, especialmente no
interior, reunir familiares e amigos para preparar caldeirões imensos
da “pamonhada”, como forma de integração social. Homens,
mulheres, crianças, jovens e adultos – todos participam. E é, em
geral, coisa de amigos íntimos, ditos “de dentro de casa”.
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Caracterizada pela diversidade, a culinária goiana é uma dos grandes
atrativos da região e os seus principais pratos são: o peixe na telha, o
suã (carne de porco) com arroz, o arroz com pequi, além da
pamonha, que é usada como prato principal nas refeições. Bem, mas
comidas a parte, pessoal, o estado também possui um patrimônio
histórico de arquitetura incrível, como podemos observar nas fotos da
cidade de Goiás Velho:
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Olhando as fotos vocês podem confundir com algumas
cidades do circuito histórico de Minas Gerais, não é mesmo? Acho que
por ser de São João Del-Rei (MG), por um instante fui transportada
até lá ao ver essas fotos acima. No entanto, essa cidade está
localizada em Goiás e apresenta tal semelhança por ter sido
construída também durante o ciclo do ouro, ok ?
Como vimos no inicio dessa aula a origem dessa cidade está
ligada à exploração do território brasileiro pelos bandeirantes
paulistas, que no século XVIII desbravavam o interior em busca de
riquezas. No trajeto, erguiam vilarejos provisórios para a mineração
de ouro.
A cidade de Goiás nasceu de um desses acampamentos. Em
1727, o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva organizou o pequeno
Arraial de Sant’Anna na margem do Rio Vermelho. Por volta de 1750,
já com o nome de Vila Boa de Goiás, tornou-se a capital da recém-
criada Capitania de Goiás. Quase dois séculos depois, em 1937, o
poder político estadual foi transferido de lá para a nova capital do
Estado, Goiânia.
Apesar de não ser mais a capital do Estado, a cidade de
Goiás propicia um contato direto com a história, pois basta andar
pelas ruas da cidade, entrar nas igrejas, admirar as construções
antigas, casas ilustres [como a de Cora Coralina] ou visitar o Museu
das Bandeiras. Para mergulhar intensamente no século XVIII.
Por tudo isso, dentre os inúmeros municípios do Estado, a
cidade de Goiás (ou Goiás Velho),mereceu destaque, tanto que em
2001 foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Histórico e
Cultural Mundial, devido a sua arquitetura barroca, por suas tradições
culturais e pela natureza que a circunda.
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Vejamos como o assunto pode ser cobrado em provas!
(UEG/Câmara de Valparaíso de Goiás/2008) Em 2001, a
Cidade de Goiás recebeu o título de Patrimônio Universal da
Humanidade pela UNESCO, considerando, entre outras coisas,
sua representatividade histórica no contexto de ocupação
inicial do território brasileiro. Esse contexto está relacionado à
a) revolução de 1930, liderada por Pedro Ludovico Teixeira.
b) descoberta de ouro na região, liderada por Bartolomeu Bueno da
Silva.
c) revolução de 1909, liderada por Leopoldo de Bulhões.
d) deposição do governador Mauro Borges, em 1964.
COMENTÁRIOS
Para aqueles que tem estudado essa disciplina com afinco,
essa questão é fácil, não é mesmo? Mas, mesmo assim, vamos
comentar uma por uma.
Na letra A, temos uma pegadinha, portanto, fiquem atentos!
A Revolução de 1930, realmente, foi liderada, em Goiás, por Pedro
Ludovico, entretanto este fato não se relaciona com o título recebido
pela antiga capital. A letra A está errada.
Por outro lado, na opção B, diz que foi a descoberta de ouro,
sob a liderança de Bartolomeu Bueno da Silva. Vimos em aula
anterior que a Cidade de Goiás, ou Goiás Velho, foi a capital do
Estado por mais de 200 anos até os anos 30 quando a capital foi
transferida para Goiânia, estão lembrados? Pois então, na época
inicial da colonização, esta região era rica em ouro sendo este o
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motivo de sua atratividade e da sua arquitetura. Portanto, a letra B
está correta.
Vamos aproveitar a alternativa C para relembrar um pouco
mais sobre a história de Goiás. A Revolução de 1909 foi um
movimento liderado Antônio Ramos Caiado, que marcou a queda do
grupo chefiado por José Xavier de Almeida e deu início ao domínio
político do Partido Democrata (1909-1930). Não foi liderada por
Leopoldo de Bulhões, logo, a letra C está errada.
Também aproveitaremos a letra D para saber um pouco
sobre a história de Goiás. Vocês sabiam que o ex-Governador Mauro
Borges é filho do Interventor Federal e depois governador Pedro
Ludovico Teixeira? Pois bem, Mauro Borges governou Goiás de 1961 a
1964, sendo foi deposto no golpe de 64. Embora a informação seja
verdadeira não justifica o título recebido pela antiga capital, portanto
a letra D está errada.
(UEG/Câmara de Valparaíso de Goiás/2008)
“Capital de Goiás foi eleita Desde o berço em que um dia nasceu
Pela gente goiana foi feita Com um povo adotado cresceu”
(OLIVEIRA, E. C. História cultural de Goiânia. Goiânia: Agepel, 2002. p. 26).
O trecho do poema acima faz referência ao intenso processo
de crescimento demográfico ocorrido em Goiás com a
mudança da capital e a inauguração de Goiânia. Outro fator
que fomentou o crescimento demográfico de Goiás no século
XX foi a
a) descoberta de ouro por Bartolomeu Bueno da Silva.
b) fundação do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA).
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c) construção de Brasília.
d) Revolução de 1930, comandada por Pedro Ludovico Teixeira.
COMENTÁRIOS
Essa questão é mais uma ótima oportunidade para
relembrarmos alguns dados históricos sobre Goiás bastante
importantes. Vejamos, portanto, item por item.
a) No final do século XVII, Bartolomeu Bueno da Silva, percorreu o
território goiano em busca de jazidas de metais preciosos. De acordo
com a tradição, Bartolomeu diante da recusa dos índios em informar
a localização das jazidas auríferas de onde retiravam material para as
peças de ouro com as quais se enfeitavam, despejou aguardente num
prato, ateando-lhe fogo , e ameaçando fazer o mesmo com as águas
dos rios. Apavorados, os índios levaram-no imediatamente às jazidas,
chamando-o "Anhanguera" (Diabo Velho ou Feiticeiro). Bem, se isso é
lenda ou não, não sabemos, mas definitivamente não tem nada a ver
com o crescimento de Goiás no séc. XX, portanto a letra A está
errada.
b) O Distrito Industrial de Anápolis foi inaugurado em 8 de setembro
de 1976 e abriga o maior pólo farmoquímico da América Latina, além
de indústrias alimentícias, têxtil, automobilística, de adubos, de
materiais para construção. Apesar de sua importância, não é o fator
que fomentou o crescimento demográfico, sendo que a letra B está
errada.
c) Vários fatores auxiliaram o crescimento demográfico de Goiás, a
partir de 1940. Entre eles merecem destaque:
• a construção de Goiânia, (citada no enunciado da questão);
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• a campanha nacional de “marcha para o oeste”, criada pelo
governo de Getúlio Vargas para incentivar o progresso e a
ocupação do Centro-Oeste, organizando um plano para que as
pessoas migrassem para o centro do Brasil, onde havia muitas
terras desocupadas
• por fim, a construção de Brasília, que proporcionou nos anos
seguintes altas taxas de natalidade e aumento da migração.
Portanto, a letra C está certa.
d) Goiás teve uma participação limitada na Revolução de 30. O
destaque fica por conta de Pedro Ludovico Teixeira que manteve
contato com os centros revolucionários em Minas Gerais e em 4 de
outubro de 1930 tentou, com 120 voluntários do Triângulo Mineiro,
invadir a região sudoeste de Goiás. O grupo se dispersou em Rio
Verde e Pedro Ludovico foi preso, mas houve a vitória da Revolução
no contexto nacional, fato que acabou levando à instauração de um
governo provisório em Goiás, no qual Pedro Ludovico fez parte.
Religiosidade em Goiás
A religião Católica é a predominante em Goiás, mas o
número de evangélicos e espíritas tem crescido bastante em todo o
estado – mais uma vez vemos o Estado acompanhando as
caracteriristicas do Brasil como um todo , não é mesmo?.
Apesar disso, Goiás ainda cultiva, assim como alguns outros
lugares no Brasil, as festas religiosas como um aspecto cultural muito
importante, posto que além de representar determinados aspectos
sociais do Estado mostra muito sobre a expressão religiosa do
mesmo.
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Deste modo, as principais festas religiosas são as famosas
Romarias do Divino Pai Eterno, a festa em louvor a Nossa Senhora do
Rosário, marcada pela tradicional Congada de Catalão; a festa de
Nossa Senhora da Abadia, que juntam fiéis do Estado inteiro e a
Procissão do Fogaréu, que acontece na Cidade de Goiás e atrai
anualmente milhares de turistas para a cidade.
Além dessas, merece destaque as Cavalhadas - festa trazida
de Portugal no século XVIII que reúne traços europeus, africanos e
indígenas. Essa é uma das manifestações populares mais dinâmicas e
expressivas do Estado de Goiás
A encenação épica da luta entre mouros e cristãos na
Península Ibérica é apresentada tradicionalmente por diversas
cidades goianas, tendo seu ápice no município de Pirenópolis, quinze
dias após a realização da Festa do Divino. Toda a cidade se prepara
para a apresentação, travestida no esforço popular em carregar o
estandarte que representa sua milícia. O azul cristão trava a batalha
contra o rubro mouro, ornados ambos de luxuosos mantos, plumas,
pedras incrustadas e elmos metálicos, desenhando, por conseguinte,
símbolos da cristandade como o peixe ou a pomba branca – símbolo
do Divino – e do lado muçulmano o dragão e a lua crescente.
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Paralelamente, os mascarados quebram a solenidade junto ao
público, introduzindo o sarcástico e profano, em meio a um dos
maiores espetáculos do Centro-Oeste.
Além disso, as Congadas dão outro show à parte. Realizadas
tradicionalmente no município de Catalão, reúnem milhares de
pessoas no desenrolar do desfile dos ternos de Congo que
homenageiam o escravo Chico Rei e sua luta pela libertação de seus
companheiros, com o bônus da devoção à Nossa Senhora do Rosário.
Ao toque de três apitos, os generais dão início às batidas de
percussão dos mais de 20 ternos que se revezam entre Catupés-
Cacunda, Vilão, Moçambiques, Penacho e Congos, cada qual com
suas cores em cerca de dez dias de muita festa.
.
(UEG/Câmara de Valparaíso de Goiás/2008) A Procissão do
Fogaréu é uma encenação religiosa realizada em muitas
cidades goianas e representa:
a) A perseguição e crucificação de Jesus Cristo pelos romanos,
segundo o cristianismo.
b) A luta entre cristãos e muçulmanos na Península Ibérica, ocorrida
no final da Idade Média.
c) Os cultos africanos que simbolizam Oxalá, o orixá ligado ao fogo e
à vida.
d) A Inquisição no Brasil, que punia com a fogueira os indivíduos
acusados de bruxaria.
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COMENTÁRIOS
Logo acima, eu disse que a Procissão do Fogaréu é um
exemplo de festa religiosa em Goiás, certo? Vamos, agora, explicar o
que significa a Procissão do Fogaréu e assim responderemos a
questão.
A "Procissão do Fogaréu" é uma belíssima e tradicional
manifestação popular de fé, realizada anualmente na cidade de Goiás
Velho (antiga capital do Estado, 130 km de Goiânia), há 263 anos. O
ritual representa a perseguição dos soldados romanos a Jesus na
antiga Jerusalém, e tem início à meia-noite da quarta-feira Santa. A
iluminação pública é apagada e ao som de tambores, os tribunos e
soldados judeus de túnicas coloridas e encapuzados (os chamados
"farricocos"), saem às ruas com tochas para iluminar a caminhada
até encontrarem e prenderem Jesus.
Percebemos, amigos, que a letra A está correta!
Bem, amigos, acredito que nessas três aulas que tivemos
conseguimos abarcar todos os tópicos do nosso edital..
Espero que tudo tenha ficado claro, mas, qualquer dúvida, não
hesitem em utilizar o fórum ou enviar emails, ok?
Abraços e boa sorte a todos
Virgínia Carvalho
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Lista de questões
(UEG/Câmara de Valparaíso de Goiás/2008) Em 2001, a
Cidade de Goiás recebeu o título de Patrimônio Universal da
Humanidade pela UNESCO, considerando, entre outras coisas,
sua representatividade histórica no contexto de ocupação
inicial do território brasileiro. Esse contexto está relacionado à
a) revolução de 1930, liderada por Pedro Ludovico Teixeira.
b) descoberta de ouro na região, liderada por Bartolomeu Bueno da
Silva.
c) revolução de 1909, liderada por Leopoldo de Bulhões.
d) deposição do governador Mauro Borges, em 1964.
(UEG/Câmara de Valparaíso de Goiás/2008)
“Capital de Goiás foi eleita
Desde o berço em que um dia nasceu
Pela gente goiana foi feita
Com um povo adotado cresceu”
(OLIVEIRA, E. C. História cultural de Goiânia. Goiânia: Agepel, 2002. p. 26).
O trecho do poema acima faz referência ao intenso processo
de crescimento demográfico ocorrido em Goiás com a
mudança da capital e a inauguração de Goiânia. Outro fator
que fomentou o crescimento demográfico de Goiás no século
XX foi a
a) descoberta de ouro por Bartolomeu Bueno da Silva.
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b) fundação do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA).
c) construção de Brasília.
d) Revolução de 1930, comandada por Pedro Ludovico Teixeira.
(UEG/Câmara de Valparaíso de Goiás/2008) A Procissão do
Fogaréu é uma encenação religiosa realizada em muitas
cidades goianas e representa:
a) A perseguição e crucificação de Jesus Cristo pelos romanos,
segundo o cristianismo.
b) A luta entre cristãos e muçulmanos na Península Ibérica, ocorrida
no final da Idade Média.
c) Os cultos africanos que simbolizam Oxalá, o orixá ligado ao fogo e
à vida.
d) A Inquisição no Brasil, que punia com a fogueira os indivíduos
acusados de bruxaria.
Referências Bibliográficas:
CHAUL, Nasr Fayad. “A identidade Cultural do Goiano”, 2011.