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Pesquisa e Elaboração: Plantuc Projetos Socioambientais Rio de Janeiro Abril de 2018 APA Costa dos Corais: Panorama do território, atuação do ICMBio na região e viabilidade Econômica e Jurídica do Modelo de PAPP.

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Pesquisa e Elaboração: Plantuc Projetos Socioambientais

Rio de Janeiro

Abril de 2018

APA Costa dos Corais: Panorama do território,

atuação do ICMBio na região e viabilidade

Econômica e Jurídica do Modelo de PAPP.

PROJETO PARCERIAS AMBIENTAIS PÚBLICO-PRIVADAS – BR-M1120

APA COSTA DOS CORAIS

Produto 1: Panorama do território abrangido pela APA Costa dos Corais e atuação do ICMBio na região.

Belo Horizonte, Junho de 2017

Sumário

1. APRESENTAÇÃO...........................................................................................................4

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................................4

3. OBJETIVOS ..................................................................................................................5 3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 5 3.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 5

4. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ...............................................................................6 4.1. Panorama Geral do Território da Costa dos Corais ..................................................... 6

4.1.1. Caracterização Ambiental da Costa dos Corais ................................................... 8 4.1.2. Os Municípios da Costa dos Corais ................................................................... 11 4.1.3. Caracterização da Dinâmica Social e Econômica dos Municípios Abrangidos pelo Projeto ......................................................................................................................... 12

4.2. Panorama Turístico da Costa dos Corais.................................................................... 17

5. A APA COSTA DOS CORAIS .......................................................................................... 20 5.1. O Plano de Manejo da APA Costa dos Corais ........................................................... 22 5.2. O Programa de Uso Público da APA Costa dos Corais ............................................. 25

6. O CENÁRIO TURÍSTICO DA APA COSTA DOS CORAIS .................................................... 27 6.1. Perfil dos visitantes da região .................................................................................... 27 6.2. Análise da oferta turística atual da APA Costa dos Corais ......................................... 31

6.2.1. Análise das atividades existentes na APACC ..................................................... 32 6.3. Consolidação e análise das atividades existentes nos municípios da APACC abrangidos pelo projeto .......................................................................................................... 46

7. PROPOSTA PARA AS ATIVIDADES DE VISITAÇÃO DA APA COSTA DOS CORAIS .............. 49 7.1. Análise das potencialidades dos municípios .............................................................. 50 7.2. Identificação e caracterização das atividades potenciais .......................................... 50

7.2.1. Bilheteria ........................................................................................................... 50 7.2.2. Atividades no Manguezal .................................................................................. 53 7.2.3. Atividades de praia ............................................................................................ 57 7.2.4. Atividades náuticas ........................................................................................... 58

7.3. Matriz Resumo de atividades x municípios ............................................................... 60 7.4. Priorização das atividades turísticas nos municípios da APACC abrangidos pelo Projeto 61

7.4.1. Atividades existentes ........................................................................................ 63 7.4.2. Atividades potenciais ........................................................................................ 64

8. ANÁLISE ECONÔMICA SOBRE O CONTEXTO TURÍSTICO DOS MUNICÍPIOS DA APACC ABRANGIDOS PELO PROJETO ............................................................................................. 65

8.1. Projeção de Demanda Turística dos Municípios da APACC abrangidos pelo Projeto 65

8.1.1. Perfil do Turista sob a ótica econômica ............................................................ 66 8.1.2. Atividades Potenciais e Uso Capacidade Atual sob a ótica econômica ............ 67

8.2. Análise dos roteiros padrão e potencial de renda ..................................................... 73

9. ANÁLISE DE VIABILIDADE DAS ATIVIDADES DE TURISMO DA APACC DOS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS PELO PROJETO ............................................................................................. 74

10. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CENÁRIO ECONÔMICO .................................................. 76

11. ANÁLISE JURÍDICA ................................................................................................. 76

11.1. Considerações preliminares para o estabelecimento de parcerias relacionadas à APACC 78

11.1.1. Território de Marinha ........................................................................................ 78 11.2. Da possibilidade de exploração de bens e serviços inerentes às Unidades de Conservação por terceiros ...................................................................................................... 79 11.3. O Plano de Manejo sob o olhar Jurídico .................................................................... 79 11.4. Área de Proteção Ambiental Marinha ....................................................................... 81 11.5. Contexto atual da APACC ........................................................................................... 82

11.5.1. Turismo de Base Comunitária ........................................................................... 82 11.5.2. Normatização existente na APA ........................................................................ 83 11.5.3. Parcerias celebradas na APA ............................................................................. 84

12. ALTERNATIVAS DE ESTRUTURAÇÃO JURÍDICA ......................................................... 85 12.1. Autorização de Uso de Bem Público .......................................................................... 85 12.2. Permissão de Uso de Bem Público ............................................................................. 86 12.3. Concessão de Uso de Bem Público ............................................................................ 87 12.4. Concessão Comum ..................................................................................................... 87 12.5. Concessão Patrocinada .............................................................................................. 89 12.6. Concessão Administrativa .......................................................................................... 90 12.7. Termo de Parceria com OSCIP ................................................................................... 91 12.8. Termo de Colaboração/Termo de Fomento/Acordo de Cooperação com Organização da Sociedade Civil – OSC .................................................................................... 93

13. CONSIDERAÇÃO FINAIS .......................................................................................... 95

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 96

15. ANEXOS................................................................................................................. 97

1. APRESENTAÇÃO

No âmbito do projeto de estruturação e celebração das Parcerias Ambientais Público-Privadas, consiste em objetivo precípuo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (“ICMBio”), conforme delimitado no Termo de Referência 4.2 (“Termo de Referência”), otimizar a gestão das Áreas de Proteção Ambiental sob sua responsabilidade, melhor absorvendo e realizando o potencial de exploração e de geração de benefícios econômicos e sociais e, com isto, viabilizando o enfrentamento das dificuldades de gestão destes ativos, por meio de alianças junto à iniciativa privada, o presente documento visa apresentar o Produto 1, de 3 (três) produtos previstos. Este primeiro produto está dividido em 3 importantes elementos, visando apresentar um Panorama do território abrangido pela APA Costa dos Corais (APACC) e atuação do Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na região, através de elementos técnicos, econômicos e jurídicos. Ao longo do presente estudo, é apresentado este panorama geral do território da APACC buscando apresentar os principais elementos fundamentais para compreensão da dinâmica turística (atividades atuais e potenciais), assim como os processos/ mecanismos de parcerias adotadas pelo ICMBio no âmbito da gestão da Unidade de Conservação (UC). Tendo em vista que se trata de um projeto delineado em 3 etapas, esta primeira etapa é de fundamental importância, pois tem como um dos principais objetivos, apresentar à equipe gestora da APACC, assim como equipe da Coordenação Geral de Uso Público (CGEUP) do ICMBio elementos que os auxiliem na tomada de decisão em relação aos próximos passos do processo de aprimoramento das parcerias ambientais público-privadas do Instituto.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Atualmente no Brasil existem 320 Unidades de Conservação (UC) Federais, representando quase 9% do território nacional, sob responsabilidade de gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Os desafios de gestão das UC têm sido ampliados nas últimas décadas devido a expansão do sistema com a criação de novas UC, e, consequentemente, pela necessidade de maior disponibilidade de recursos para sua implementação. Concomitantemente, tem se observado uma maior disputa pelo território e seus recursos naturais em detrimento da manutenção dos serviços ecossistêmicos fornecidos por essas áreas. Apesar do constante apoio ao ICMBio, por meio dos acordos de cooperação internacional, principalmente na forma de doação, ainda existem importantes lacunas financeiras a serem redimidas para assegurar a sustentabilidade econômica e operacional do SNUC. Por outro lado, identifica-se que as UC possuem grandes oportunidades de geração de benefícios econômicos e sociais que apresentam potencial para gerar melhorias na gestão das UC1. A partir deste cenário, no intuito de estabelecer as bases de referência para estruturar uma política de fomento às parcerias público-privadas voltadas para a geração de oportunidades no contexto da gestão das unidades de conservação, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente – MMA, com o apoio financeiro do Fundo Multilateral de Investimentos – FOMIN – do BID e da Caixa Econômica Federal – CAIXA – e de outros parceiros nacionais, sob a responsabilidade

1 Compilado do documento Levantamento e sistematização de modelos e arranjos de parcerias com o setor privado e o terceiro setor compatíveis com as necessidades de gestão das Unidades de Conservação. Carrillo e Catapan, 2016 (PAPP – Parcerias Ambientais Públicos – Privadas)

executiva do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM – desenvolveram o Projeto “Desenvolvimento de Parcerias Ambientais Publico- Privadas para gestão de UC – PAPP”, que visa, em linhas gerais, ao estabelecimento de modelos de gestão fundamentados no estabelecimento de arranjos institucionais e modelos de parcerias público-privadas. A partir deste cenário, a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC) foi uma das UC contempladas no âmbito do PAPP. A APACC já conta com algumas parcerias, as quais se pode destacar, por exemplo, o projeto Toyota APA Costa dos Corais, iniciativa patrocinada pela Fundação Toyota e operacionalizada pela Fundação SOS Mata Atlântica e ICMBio. Além desta, existem outras parcerias já consolidadas pela UC e a equipe gestora já identificou diversas outras oportunidades de estabelecimento de parcerias sejam no âmbito de instituições públicas, como por exemplo, órgãos públicos, universidades públicas e centros de pesquisa, assim como com instituições privadas, organizações não governamentais (ONG), associações, empresas privadas, dentre outras. Neste contexto, o presente estudo visa inventariar, analisar e caracterizar os Instrumentos legais de cooperação com entidades privadas existentes e aplicáveis à gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) dos Corais com o objetivo de contribuir no aprimoramento da gestão da UC através do fortalecimento das parcerias já existentes, assim como propondo novos modelos que contribuam neste aprimoramento da gestão. Para tanto, o estudo irá contemplar a análise em quatro dos 11 municípios abrangidos pela APACC, a saber: Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi. A partir dos resultados advindos do presente estudo, espera-se também, contribuir com o momento atual do ICMBio no que diz respeito à busca por novos modelos que visem o aprimoramento da gestão das UC brasileiras, modelos estes que possibilitem que as UC cumpram com os objetivos de conservação da biodiversidade e dos recursos naturais, do patrimônio histórico/ cultural, assim como o desenvolvimento socioeconômico das comunidades que vivem em seu interior (no caso das UC de Uso Sustentável) e entorno (no caso das UC de Proteção Integral).

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Caracterização do território abrangido pela APACC, formulação e fomento a aplicação de modelos de parcerias ou alianças ambientais público-privadas voltados para o aproveitamento sustentável das potencialidades econômicas de 4 municípios abrangidos pela UC – Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi – com vistas à melhoria da gestão e a conservação da biodiversidade, a geração de benefícios sociais e econômicos para o entorno, assim como a replicação para contextos semelhantes àqueles identificados no projeto.

3.2. Objetivos Específicos

• Caracterização do território da APACC e seu contexto turístico;

• Identificação e caracterização das principais atividades turísticas realizadas no âmbito dos municípios em análise e como estas se organizam em relação às normas de gestão da APACC;

• Identificação de potenciais atividades turísticas a serem desenvolvidas nos munícipios contemplados pelo projeto e definição de uma priorização de implantação e ordenamento destas atividades;

• Identificação dos principais instrumentos de gestão da APACC;

• Identificação da problemática que envolve a realização de parcerias em sentido “lato senso”, e cuja celebração de um instrumento de gestão adequado, possa auxiliar no ordenamento e na gestão da visitação na APACC;

• Identificações de instrumentos – formais e informais – existentes e potenciais de parcerias, seja entre o governo federal, estadual e municipal, ou entre o governo federal e a iniciativa privada, capazes de viabilizar a gestão e o ordenamento sustentável da visitação na APACC;

• Identificação dos possíveis arranjos de parcerias ou cooperação existentes ou que existiram na gestão das atividades de uso público desenvolvidas no âmbito da APACC;

• Realização de estudo econômico, que identifique, sobretudo, como as atividades turísticas estão organizadas, assim como análise das atividades potenciais, e como estas podem vir a contribuir com o ordenamento da visitação e aprimoramento da gestão da APACC;

• Levantamento das possibilidades de aplicação dos instrumentos jurídicos identificados em estudos anteriores desenvolvidos no âmbito do projeto, voltados às formas de cooperação público-privadas que potencializem o uso sustentável do território, tornando mais eficiente, eficaz e efetiva a gestão da visitação da UC.

4. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO2

Buscando uma contextualização do território, apresenta-se, a seguir, uma caracterização geral do Polo Turístico do Estado de Alagoas, denominado Costa dos Corais (itens 4.1 a 4.1.2) e nos itens 4.2 e 4.3 tem-se uma caracterização do contexto socioeconômico e turístico dos municípios abrangidos pelo projeto, Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi.

4.1. Panorama Geral do Território da Costa dos Corais

A área da Costa dos Corais, é composta de 11 (onze) municípios, oito dos quais pertencentes à microrregião do litoral norte alagoano e três estão na microrregião da mata alagoana, abrangendo uma área total de 2.160,17 km2 (7,77% de AL) e situados a uma distância média de 85 km de Maceió, capital do Estado, e de 195 km de Recife, polos estes mais próximos que atuam como emissores do turismo para a região.

2 As informações dispostas neste item foram compiladas de documentos oficiais sobre a região da Costa dos Corais publicados entre os anos de 2010 a 2017, como por exemplo, “O Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Turismo – PDTIS Costa dos Corais”, o “Plano Estadual de turismo do Estado de Alagoas 2013 – 2016”, o “Projeto Master Ecopólis”, dentre outros.

Figura 1. Região da Costa dos Corais (em destaque Laranja). Fonte: SEDETUR

A área que hoje corresponde aos dez municípios que compõem a Costa dos Corais, além de Maceió, tem sua ocupação determinada pelo comércio portuário e a plantação de cana de açúcar, desde o século XVII, guardando até hoje sinais desse passado através da presença dos elementos de poder que compuseram o empreendimento colonial. O litoral navegável, a quantidade de rios e a existência de terras férteis à época, mantiveram essa costa em evidência desde o início de sua colonização, visto que essas características são fundamentais para a chegada dos colonizadores, de escravos e de produtos necessários ao incremento da empresa colonial. A área em questão relaciona-se a períodos importantes da memória do país como as guerras, invasões e domínios ocorridos por holandeses e portugueses no início do século XVI e integra-se à história mais ampla da expansão mercantilista europeia dos séculos XVI e XVII, uma vez que retrata a implantação de um modelo de produção econômica que durou séculos: o engenho de açúcar, cuja produção se estruturava na mão-de-obra escrava e na criação de uma aristocracia rural externa. Ocupado inicialmente pelos índios potiguares, dentre outros, o litoral norte alagoano guarda até aos dias de hoje essa herança indígena, reproduzida inclusive na nomenclatura de sua costa: Paripueira, Japaratinga, Camaragibe, Maragogi, dentre outros, bem como no artesanato de palha e na presença de casas-de-farinha encontradas na região. A herança dos engenhos, por outro lado, decerto interferiu fortemente na culinária local, fato esse que pode ser facilmente observado haja vista a diversidade de sobremesas feitas à base de frutas, além da rapadura e da produção de cachaça e de licores. A história econômica e social das cidades esteve entrelaçada ao longo do tempo, tanto pela proximidade física como pelo compartilhamento de funções econômicas e do próprio território. Vários municípios pertenceram uns aos outros, demarcando várias similaridades. Em termos temporais, a capital irá se urbanizar tardiamente no conjunto das capitais brasileiras. E a maioria das cidades alagoanas, que são de pequeno porte, irá, nas últimas décadas, incorporando bens e serviços sociais progressivamente, mas mantendo uma distância considerável em relação a Maceió.

A região da Costa dos Corais dispõe de 130 quilômetros de praias, cercados por extensas barreiras de corais, com areias finas e águas mornas, e vastos coqueirais, além de rios, antigos engenhos, rica culinária, manifestações folclóricas e artísticas, e muita hospitalidade. As praias oferecem opções para todos os gostos. Prática de surf, pesca, esportes náuticos, mergulhos, etc.

4.1.1. Caracterização Ambiental da Costa dos Corais

De acordo com o zoneamento de recursos hídricos de Alagoas, aprovado em 2005 pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, os municípios da região da Costa dos Corais estão inseridos em 4 regiões hidrográficas: a do Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba, a do Rio Pratagy, a do Rio Camaragibe e a do litoral norte. A área da Costa dos Corais envolve, assim, dois dos três eixos descritos por Diegues Jr (2006), como indutores do desenvolvimento histórico da indústria canavieira no Estado, um ao longo do Rio Mundaú e outro na região denominada dos quatro grandes rios, por onde escoava a produção de açúcar (Rios Camaragibe, Santo Antônio, Tatuamunha e Manguaba). A Região Hidrográfica do Complexo Lagunar, situada a sudeste, compreende a bacia do Rio Sumaúma, que deságua na Lagoa Manguaba e a bacia do Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba. Esta última é formada pelas duas lagoas e seus canais, e por todas as demais micro-bacias que compõem sua rede de drenagem. Destaca-se o Riacho do Silva, que nasce no Parque Municipal de Maceió e deságua diretamente na Lagoa Mundaú. A Região Hidrográfica do Rio Pratagy, a nordeste, é formada pelas bacias dos Rios Pratagy, Meirim e Sapucaí, e por um conjunto de pequenas bacias hidrográficas situadas a nordeste da cidade, denominada bacia Metropolitana, formada pelos Rios Reginaldo, Jacarecica, Garça Torta, Guaxuma e Riacho Doce, todos eles encravados no tabuleiro e desembocando nas praias do litoral norte de Maceió. A Região Hidrográfica do Rio Camaragibe é formada pelas bacias dos Rios Santo Antônio e Camaragibe e que deságuam respectivamente na Barra de Santo Antônio e Barra de Camaragibe. A Região Hidrográfica do Litoral Norte é formada pelas bacias dos Rios Tatuamunha, Manguaba, Salgado, Maragogi, dos Paus e Tabaiana. Os municípios da Costa dos Corais, situados nos trechos centro-oeste e norte do litoral de Alagoas, abrigam um conjunto de ecossistemas de alta relevância ambiental cuja diversidade é marcada pela transição de ambientes terrestres e marinhos. Entre as unidades mais representativas, destacam-se as praias e restingas, recifes, estuários, lagunas e manguezais. Na Costa dos Corais, predominam as praias planas e de areias claras e finas, formando grandes enseadas. Próximo aos estuários encontram-se praias com sedimento muito fino e coloração escura e consistência lodosa, em função da influência de sedimentos de carreado pelos rios. Praias diferenciadas, com falésias decorrentes da erosão eólica e hidráulica da encosta do tabuleiro costeiro, encontram-se nos municípios de Barra de Santo Antônio e Japaratinga (Carro Quebrado, Morro de Camaragibe, Barreiras do Boqueirão). As restingas ocorrem praticamente em todos os municípios litorâneos da Costa dos Corais com diferentes características ambientais. As formações podem apresentar faixas largas e extensas,

ou então ficar restritas a pequenas áreas ao longo da linha de praia. Maceió é denominada pelo geógrafo Ivan Fernandes Lima de “cidade restinga” (LIMA,1990). Os estuários, formados pelo encontro entre as águas doces continentais com o oceano, são reconhecidamente um dos mais produtivos ambientes da natureza e fonte importantíssima de alimentos para toda a zona costeira, de onde é retirada a maior parte do pescado para o consumo humano. São áreas de criação e refúgio permanente ou temporário de inúmeras espécies de peixes, moluscos e crustáceos. Tal fato se deve notadamente à elevada produtividade primária, da qual depende cada ecossistema. Os estuários dos Rios Santo Antônio e Camaragibe, destacam-se pelas suas dimensões e significado para a sustentabilidade das comunidades pesqueiras do litoral norte. O Complexo Estuarino Lagunar Mundaú–Manguaba - CELMM, que tem a sua barra no limite sul do município de Maceió, configura-se como uma região de aporte de nutrientes carreados pelos cursos d'água interioranos, o que origina um ecossistema altamente produtivo, onde se desenvolvem organismos que se constituem em importante fonte alimentar para a população local. Entre os recursos naturais renováveis explorados, o molusco sururu (Mytella charruana) está entre as espécies mais representativas, sendo encontrado nos bancos ou croas da lagoa Mundaú. Apesar de fortemente impactado pela ocupação urbana de seu entorno, se revitalizado pode vir a se constituir num excelente suporte para atividades produtivas (pesca e aquicultura) integradas a atividades recreativas e esportivas, como mais uma alternativa para o desenvolvimento do turismo em Maceió. O manguezal, vegetação típica dos estuários, é encontrado em toda a faixa litorânea da Costa dos Corais. O ambiente de reprodução de espécies marinhas da fauna aquática e subaquática desempenha importante papel no processo da cadeia trófica, mantendo o ciclo produtivo entre o estuário e o mar. Protegem a costa da erosão marinha e retém sedimentos, evitando o assoreamento de áreas circunvizinhas e acumulando nutrientes em tal quantidade, que são considerados como ambientes da mais alta produtividade primária. Na área do Pólo, os manguezais são mais representativos nos estuários dos Rios Santo Antônio e Camaragibe, bem como no CELMM, embora sejam frequentes as formações de mangues na desembocadura da maioria dos rios que drenam o todo o litoral. O ecossistema recifal encontra-se presente ao longo de quase toda a região costeira da Costa dos Corais, desde a linha de praia até alguns quilômetros com formações de recifes sobre a plataforma continental. Podem apresentar duas formações básicas: recifes de corais, constituídos por camadas sobrepostas resultantes da sedimentação de esqueletos de organismos marinhos ou recifes coralígenos, compostos principalmente por sedimentação de arenito e algas calcárias. Esses, por sua vez, podem ser recifes de franja ou de barreira. Ambientes de riquíssima biodiversidade e comprovada importância dentro da cadeia alimentar marinha, contribuem de forma decisiva para a estabilidade da linha de costa, constituindo-se na proteção natural do litoral com relação aos processos erosivos. As formações coralígenas, paralelas à linha da costa, são responsáveis pela configuração das chamadas “piscinas naturais” destacando-se como um dos mais importantes atrativos turísticos do litoral alagoano, como por exemplo, as piscinas naturais das praias de Pajuçara, Ipioca, Paripueira, Japaratinga e as galés de Maragogi. O bioma Mata Atlântica já possuiu uma distribuição ao longo de toda costa da região do litoral do Estado de Alagoas, avançando para o interior em extensões variadas, englobando um diversificado mosaico de ecossistemas associados, com estruturas e composições bastante

diferenciadas, tanto com relação à composição florística quanto faunística. Representadas pelas matas dos tabuleiros, das encostas e ciliares, as áreas remanescentes com manchas de mata nativa exercem um importante papel devido à elevada biodiversidade. A vegetação ciliar, além do papel primordial no ciclo de nutrientes, é responsável pela fixação das margens dos rios, lagoas e estuários, evitando erosões e assoreamento. Configurando um ambiente complexo e diversificado, os ecossistemas existentes no Polo Costa dos Corais representam a base de sustentação econômica e produtiva da comunidade local, e sua preservação, indiscutivelmente justificada, deverá representar o grande diferencial para o desenvolvimento da atividade turística sustentável na região. Constituindo-se um harmonioso conjunto de uma rara beleza cênica, o ambiente apresenta, no entanto, inúmeras áreas consideradas muito frágeis, principalmente aquelas diretamente localizadas próximas à linha de costa. A preocupação com a preservação desses ecossistemas levou os governos e sociedade civil a criarem Unidades de Conservação na região que viria a ser o Polo Costa dos Corais. São 4 UC, todas elas de uso sustentável, sendo três Estaduais e uma Federal. Em 1984, foi criada a Área de Proteção Ambiental de Santa Rita – APA de Santa Rita – com o objetivo de preservar as características ambientais e naturais das regiões dos canais e lagoas Mundaú e Manguaba, ordenando a ocupação e uso do solo. Com área de 10.230 hectares, abrange os municípios de Maceió, Marechal Deodoro, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco (Lei n°. 4.6074/1984). A APA tem um Conselho Gestor formado e Plano de Manejo, concluído em 2010. No ano de 1992, foi criada a APA de Fernão Velho e Catolé com uma área de 5.415 hectares, abrangendo os municípios de Maceió, Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco, com o objetivo de preservar as características dos ambientes naturais e ordenar a ocupação e o uso do solo. A área tem considerável importância abrangendo também remanescentes da Mata Atlântica sendo detentora de manancial que abastece 30% da cidade de Maceió. O bioma predominante é o da Mata Atlântica, de ecossistemas variando da floresta ombrófila ao manguezal (Lei n°. 5.347/1992). A APA formou seu Conselho Gestor, mas não dispõe ainda de um Plano de Manejo. Em 1998, com o objetivo de harmonizar as atividades com o equilíbrio ambiental do ecossistema da Bacia Hidrográfica do Rio Pratagy, onde se localiza o principal manancial de abastecimento de água de Maceió, foi criada a Área de Proteção Ambiental do Pratagy - APA do Pratagy - com área 13.369,5 hectares, abrangendo terras dos municípios de Messias, Rio Largo e Maceió (Decreto no 37.589/1998). O Conselho Gestor da APA está formado, mas o Plano de Manejo ainda não existe. Finalmente a Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais – APACC – foi criada pelo Decreto Executivo de 23/10/1997, visando a proteção dos ambientes marinhos e estuarinos, especialmente os recifes de coral, os manguezais e as praias. A APACC, maior área marinha protegida no Brasil, abrange o litoral norte de Alagoas e sul de Pernambuco, totalizando cerca de 413 mil hectares3. Os objetivos são: a) garantir a conservação dos recifes coralígenos e de arenito, com sua fauna e flora; b) manter a integridade do habitat e preservar a população do

3 A APACC abrange 13 municípios, sendo 10 pertencente ao estado de Alagoas (Maceió, Paripueira, Barra de Santo Antônio, São Luiz do Quitute, Passo do Camaragiibe, Porto Calvo, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras, Japaratinga e Maragogi) e 3 pertencentes ao estado de Pernambuco (São José da Coroa Grande, Barreiros e Tamandaré)

Peixe-boi marinho (Trichechus manatus); c) proteger os manguezais em toda a sua extensão, situados ao longo das desembocaduras dos rios, com sua fauna e flora; d) ordenar o turismo ecológico, científico e cultural, e demais atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental; e) incentivar as manifestações culturais e contribuir para o resgate da diversidade cultural regional. A UC conta com o Conselho Gestor (formalizado em 2011) e Plano de Manejo consolidado (publicado em 2013). O Peixe-boi marinho, com sua reduzidíssima população, é atualmente o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Com a possibilidade de extinção dessas espécies, o governo brasileiro proibiu sua caça e criou em 1980 o Projeto Peixe-Boi desenvolvido pelo CMA (Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos) com sede em Pernambuco. O projeto dedica-se à pesquisa, resgate, recuperação e devolução à natureza do Peixe-boi, bem como a informação e parceria com comunidades ribeirinhas e costeiras.

4.1.2. Os Municípios da Costa dos Corais

Visando apresentar uma visão geral dos municípios que compõem a Costa dos Corais, apresenta-se a seguir uma breve caracterização dos mesmos4:

• Paripueira: Distante 36 km do centro de Maceió, nome que significa “águas mansas”. A cidade originou-se a partir de uma colônia de pescadores. Devido a sua proximidade com Maceió, passou a ser área de veraneio. Até 1988, o povoado pertencia ao município de Barra de Santo Antonio. A população é de aproximadamente 10 mil habitantes e a economia é gerada pela pesca, turismo e cana-de-açúcar. O município possui infraestrutura e belas praias, a exemplo de Paripueira e Sonho Verde, onde estão concentradas as piscinas naturais, um dos principais atrativos do município;

• Barra de Santo Antônio: O município fica distante 45 km de Maceió e sua população é de aproximadamente 15 mil habitantes. A sede municipal, que está localizada às margens do Rio Santo Antônio, que deu origem ao nome da cidade, se divide entre a simplicidade da vida dos seus nativos e a grandiosidade de alguns monumentos históricos da arquitetura holandesa do século 18. A maior riqueza do município é o patrimônio natural, possuindo um grande rio margeado por manguezais e belas praias como Tabuba, Carro Quebrado e a Ilha da Croa;

• Passo de Camaragipe: Distante 89 Km de Maceió, tem uma população de aproximadamente 14 mil habitantes. Nas margens do rio Camaragibe começou o povoado de Passo, ponto em que o rio oferecia mais facilidade na passagem daqueles que vinham de Pernambuco para Alagoas, sendo ponto de apoio para os navios holandeses. Daí a origem do nome, que passou a ser cidade em 1880 e fez parte dos acontecimentos históricos devido à invasão holandesa. Pousadas e hotéis -fazenda fazem parte da paisagem desse município que tem no cultivo do coco da Bahia, cana-de-açúcar, pesca e pecuária suas principais atividades econômicas. O coco de roda e samba matuto são os representantes da cultura popular. Os principais atrativos são os rios, lagoas e manguezais, além do mar e dos recifes e corais. As principais praias são da Barra de Camaragibe, Marceneiro e dos Morros;

• São Miguel dos Milagres: Distante 93 km de Maceió, o município tem aproximadamente 9 mil habitantes. São Miguel dos Milagres passou a ser município em 1960 e até hoje mantém um aspecto rural. O município é tranquilo e de paisagens paradisíacas, o que estimulou a criação de pousadas caracterizadas como “pousadas de charme”, destacando-se por ser um dos circuitos de hospedagem mais charmosos do Brasil. No passeio de barco nas águas do Rio Tatuamunha é possível conhecer o projeto de conservação do peixe-boi marinho e eventualmente avistar os animais

4 Esta breve caraterização foi compilada do site da SEDETUR de Alagoas, principal portal digital sobre a região.

nadando entre os manguezais. As Praias do Toque, Porto da Rua e São Miguel dos Milagres são os principais atrativos do município. Além destes atrativos, na parte continental, há o Morro do Cruzeiro onde pode-se ter uma ampla visão, não apenas do município, mas de uma grande parte do litoral da Costa dos Corais;

• Porto Calvo: Porto Calvo fica a 96 km de Maceió, com uma população estimada em 25 mil habitantes e está situado a 35 metros acima do nível do mar. A origem do nome advém de uma lenda: Conta-se que um velho calvo, morava às margens do rio e construiu um porto. Atualmente, é apenas uma referência histórica que pode ser constatada nos poucos acervos existentes do século 16: a exemplo da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, considerada monumento nacional, tombado em 1955, e o Alto da Forca;

• Porto de Pedras: Distante 128 km de Maceió, tem uma bela paisagem entre o mar e uma bela encosta, que deu origem ao nome do povoado, que passou a ser município em 1921, e tem uma população de aproximadamente 11 mil habitantes. Em 1633, Porto de Pedras sofreu a invasão dos holandeses, mas os portugueses conquistaram o domínio de volta, e parte dessa época ainda está preservada na conservação de alguns prédios dos séculos 17 a 19. De um farol, localizado no alto do morro, pode-se observar grande parte do litoral formado Alagoano. Fazendo parte de uma faixa de litoral em processo de desenvolvimento (como em São Miguel dos Milagres) e de grande beleza cênica, no município estão as praias de Tatuamunha e do Patacho, duas das principais praias da região. A travessia de balsa pelo Rio Manguaba, que divide o município com o de Japaratinga, apresenta também uma beleza singular;

• Japaratinga: Distante 121 km de Maceió, com aproximadamente 8 mil habitantes, o município deve suas origens a uma colônia de pescadores cujo desenvolvimento foi a partir do século 19 com o início do ciclo do coco. Até 1960, Japaratinga pertencia a Maragogi, e hoje, é um importante polo turístico dotado de boa infraestrutura turística com restaurantes, hotéis e pousadas. As fazendas de coqueiros são um dos atrativos do município e podem ser visitadas por passeios a cavalos. Assim como nos outros municípios (exceção de Porto Calvo), os principais atrativos são as praias, como por exemplo, Barreira do Boqueirão, Bitigui e Japaratinga;

• Maragogi: Distante 131 km de Maceió, com uma população de 25 mil habitantes, é o segundo destino mais procurado de Alagoas. Devido ao rio que banha o local, Maragogi, que significa “rio livre”, deu nome ao povoado em 1892. A infraestrutura turística conta com vários hotéis, pousadas, hotéis fazenda, restaurantes, centros de artesanato e várias opções de lazer ao visitante. O município conta com uma grande diversidade de atrativos, como por exemplo, fazendas com trilhas de Mata Atlântica, coqueirais, praias e as piscinas naturais (principal atrativo do município);

A seguir, apresenta-se uma caraterização sobre a dinâmica social e econômica dos municípios abrangidos pelo projeto, visando um maior enfoque sobre a organização socioeconômica destes.

4.2 Caracterização da Dinâmica Social e Econômica dos Municípios Abrangidos pelo Projeto

Em relação à dinâmica social e econômica da Costa dos Corais, será dado um enfoque sobre os quatro municípios abrangidos pelo projeto – Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi – onde são exploradas informações socioeconômicas, como crescimento do PIB, desenvolvimento econômico (Saúde, Educação e Renda), dentre outros parâmetros, de modo a observar a evolução dessas variáveis para Costa dos Corais e sua relação com as informações nível Brasil e Nordeste.

Essa etapa da análise oferece a sensibilidade sobre como o desenvolvimento da região de interesse se relaciona com o desenvolvimento do Brasil e Nordeste. Essa sensibilidade é necessária para dar suporte às estimações realizadas na sequência, no que tange ao contexto econômico, pois, com ela, é possível inferir com maior confiança as estimações de demanda e crescimento do turismo na região abarcada pelos municípios. De acordo com a Tabela 1, dentre os municípios abarcados pelo projeto, Maragogi (AL) é aquele que apresenta maior população, com 28.606 habitantes segundo o Censo 2010 do IBGE. Em seguida está Paripueira (AL) com 11.287 habitantes, Porto de Pedras (AL) com 8.328 habitantes e, por fim, São Miguel dos Milagres (AL) com 7.052 habitantes. É importante destacar que se tratam de municípios pequenos quando comparados a Maceió (AL), por exemplo, cuja população em 2010 era de 924.611. No entanto, o Censo considera a população de fato residente em cada município, e não contabiliza a movimentação de turistas.

Tabela 1: Análise População

População (Habitantes em 2010)

Maragogi 28.606

São Miguel dos Milagres 7.052

Porto de Pedras 8.328

Paripueira 11.287

Maceió 924.611

Recife 1.524.310

Fonte: Censo 2010. Descrição: número habitantes em domicílios permanentes

A Tabela 2 destaca, a partir de dados do Finbra, os principais componentes de despesa nos anos de 2014 e 2015 dos municípios e suas respectivas taxas de variação. Em Maragogi, a principal despesa municipal em 2015 foi na área de educação, com R$ 23,51 milhões, o que corresponde a um aumento de 17% em relação a 2014. Outras despesas consideráveis foram na área de saúde, de R$ 13,13 milhões (aumento de 8% em relação a 2014) e urbanismo, com R$ 11,94 milhões (aumento de 21% em relação a 2014). Os municípios de Paripueira e Porto de Pedras apresentam uma composição de despesas semelhantes à de Maragogi. Em Paripueira, os maiores gastos foram com educação em 2015 foi de R$ 10,77 milhões, o que corresponde a um aumento de 22% e relação ao ano anterior, seguido da área de saúde, com R$ 5,39 milhões (aumento de 20%) e urbanismo, com R$ 4,03 milhões (aumento de 63% frente a 2014). Já em Porto de Pedras, a área de educação também representou a maior parte dos dispêndios municipais, com R$ 10,03 milhões em 2015, mesmo valor do ano anterior, seguido de saúde, com R$ 4,63 milhões (aumento de 6%) e urbanismo, com R$ 2,23 milhões, redução de 59% em relação a 2014. Os dados não foram reportados para o município de São Miguel dos Milagres. Essa composição não difere muito das capitais Maceió e Recife. Na primeira, os maiores dispêndios em 2015 foram em saúde e administração pública, enquanto que em Recife foram saúde e urbanismo. Além disso, Maragogi é a cidade com maior orçamento, com R$ 66,69 milhões em 2015, seguido de Paripueira, com R$ 26,47 milhões, e Porto das Pedras, com R$ 22,19 milhões. Esta foi a única que apresentou redução nas despesas em relação a 2014, com queda de 12%.

Tabela 2: Análise Despesas Públicas

Despesa Pública (R$ Milhões)

Cidade Maragogi Paripueira Porto das

Pedras

São Miguel dos

Milagres* Maceió Recife

Área / Ano 2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015

Educação 20,06 23,51 8,86 10,77 10,03 10,03 - - 152,76 268,30 752,90 777,05

Saúde 12,21 13,13 4,49 5,39 4,38 4,63 - - 556,74 524,67 850,85 919,91

Urbanismo 9,91 11,94 2,47 4,03 5,47 2,23 - - 187,82 181,39 879,66 849,78

Administração 7,21 7,00 2,60 3,34 2,17 2,05 - - 439,27 342,04 462,67 494,37

Previdência Social

4,05 4,78 1,08 0,40 1,21 1,52 - - 210,19 232,56 328,99 381,06

Total 60,13 66,69 22,18 26,47 25,35 22,19 - - 1.668,59 1.680,89 3.863,31 4.048,69

Taxa de variação (2014 para 2015)

Educação - 17% - 22% - 0% - - - 76% - 3%

Saúde - 8% - 20% - 6% - - - -6% - 8%

Urbanismo - 21% - 63% - -59% - - - -3% - -3%

Administração - -3% - 28% - -6% - - - -22% - 7%

Previdência Social

- 18% - -63% - 26% - - - 11% - 16%

Total - 11% - 19% - -12% - - - 1% - 5%

Fonte Finbra. Nota: *Não são disponibilizadas as informações para São Miguel dos Milagres.

Outro indicador relevante no mapeamento do perfil socioeconômico de uma determinada localidade é o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, o qual considera três componentes: um relacionado à saúde, medido pela longevidade (expectativa de vida), o segundo relacionado à educação, calculado com base na escolaridade média e na escolaridade esperada, e o último relacionado à renda e trabalho, calculado com base na renda per capita. O IDH é a média geométrica dos três índices. Uma localidade apresenta IDH muito alto se o valor for maior do que 0,8; alto se estiver entre 0,7 e 0,799; médio se estiver entre 0,6 e 0,799; baixo se o valor estiver entre 0,5 e 0,599; e muito baixo se for abaixo de 0,5. A Tabela 3 contém o IDH calculado em 2010 para os municípios abrangidos pelo projeto, para as capitais Maceió e Recife, para os estados de Alagoas e Pernambuco e para o Brasil. As capitais apresentam um IDH consideravelmente superior ao das outras quatro cidades. Recife apresenta um IDH de 0,772 e Maceió tem um IDH de 0,721, ambos considerados altos e acima do IDH de seu respectivo estado, sendo 0,673 em Pernambuco e 0,631 em Alagoas, pior índice dentre os estados brasileiros. Dentre as quatro cidades da Costa dos Corais, o maior IDH é de Paripueira, de 0,605, seguida por São Miguel dos Milagres (0,591), Maragogi (0,574) e Porto de Pedras (0,541), todas abaixo do índice de Alagoas, principalmente devido ao índice para renda e educação.

Tabela 3: IDH

Município Longevidade Educação Renda Geral

Maragogi 0,766 0,443 0,556 0,574

Paripueira 0,767 0,486 0,595 0,605

Porto de Pedras 0,769 0,379 0,542 0,541

São Miguel dos Milagres 0,752 0,504 0,545 0,591

Maceió 0,799 0,635 0,739 0,721

Recife 0,825 0,698 0,798 0,772

Alagoas 0,755 0,520 0,641 0,631

Pernambuco 0,789 0,574 0,673 0,673

Brasil 0,816 0,637 0,739 0,727

IDH*

Fonte Censo 2010. *Alto: acima de 0,8; Médio: entre 0,5 e 0,799; Baixo: abaixo de 0,5.

Em relação à atividade econômica da região, a Figura 2 fornece uma descrição do perfil econômico de cada um dos quatro municípios e das capitais Maceió e Recife nos anos de 2006 e 2014. A maior parte da renda gira em torno das atividades relacionadas à administração pública, mas essa categoria de gastos apresentou queda em sua relevância em todos os municípios entre 2006 e 2014. São Miguel dos Milagres é a cidade em que esta atividade é mais relevante, chegando a representar 78% da renda total em 2006 e 68% em 2014, seguida de Porto de Pedras com 71% em 2006 e 66% em 2014. Para São Miguel dos Milagres, merece destaque o setor de hospedagem e alimentação, cujo dispêndio cresceu de 12% para 23% da renda total entre 2006 e 2014. Para Maragogi, a participação de atividades ligadas à administração pública foi de 52% em 2006 e 44% em 2014, e novamente há destaque para as atividades de hospedagem e alimentação, que corresponderam a 27% e 29% de participação na renda total em 2006 e 2014. Por fim, Paripueira entre 2006 e 2014 reduziu a alocação do seu gasto com administração pública de 41% para 25% e elevou a alocação com hospedagem e alimentação de 6% para 11%. É importante ressaltar que todos os municípios apresentam um setor de hospedagem e alimentação mais significativo do que Recife e Maceió, duas das principais capitais do nordeste brasileiro que recebem um grande fluxo de visitantes.

Figura 2: Principais Atividades Econômicas

2006 2014 2006 2014 2006 2014

Adm Pública Alojamento e Alimentação Comércio

Maceió 55% 45% 2% 2% 10% 11%

Recife 44% 40% 2% 2% 10% 10%

Maragogi 52% 44% 27% 29% 7% 7%

Paripueira 41% 24% 6% 11% 9% 9%

Porto de Pedras 71% 66% 8% 13% 1% 3%

S. Miguel dos Milagres 78% 68% 12% 23% 1% 6%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Perc

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)

Fonte Relatório Anual de Informações Sociais - RAIS

Por fim, a análise da renda per capita na Figura 3 mostra uma trajetória de crescimento desde 1991 até 2010, tanto para o Brasil quanto para Maceió, Recife, Alagoas, Pernambuco e os municípios abarcados pelo projeto. A cidade de Recife teve renda per capita de R$ 1.144,26, acima da média do Brasil (R$ 793,87), cujos valores são parecidos com os de Maceió (R$ 792,54). Já os municípios apresentaram valores abaixo inclusive da média de Alagoas (R$ 432,56). Paripueira teve a maior renda per capita, de R$ 324,93, seguida por Maragogi (R$ 253,86), São Miguel dos Milagres (R$ 237,78) e Porto de Pedras (R$ 233,72).

Figura 3: Análise Renda per capita

1991 2000 2010

Maragogi R$ 109,95 R$ 144,21 R$ 253,86

Paripueira R$ 90,29 R$ 168,82 R$ 324,93

Porto de Pedras R$ 89,28 R$ 99,56 R$ 233,72

São Miguel dos Milagres R$ 103,23 R$ 160,08 R$ 237,78

Maceió R$ 455,26 R$ 583,12 R$ 792,54

Recife R$ 594,62 R$ 778,39 R$ 1.144,26

Alagoas R$ 211,98 R$ 285,29 R$ 432,56

Pernambuco R$ 275,49 R$ 367,31 R$ 525,64

Brasil R$ 447,56 R$ 592,46 R$ 793,87

R$-

R$200

R$400

R$600

R$800

R$1.000

R$1.200

Renda Per Capita (R$)

Fonte IBGE

4.3 Panorama Turístico da Costa dos Corais

Com a elaboração do Plano Estadual de Turismo (2005-2015), e com base nos perfis de polos potenciais para exploração do turismo, características semelhantes e complementares, foi proposta uma divisão do Estado em 8 regiões turísticas, como observado na figura 4. Porém, com a revisão do Plano Estadual de Turismo 2013-2023, o estado passou a contar com 5 regiões turísticas, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Programa Nacional e Estadual de Regionalização do Turismo: Costa dos Corais, Metropolitana, Lagoas e Mares do Sul, Caminhos do São Francisco e a região dos Quilombos, conforme demonstrado na figura 4. De acordo com o Plano Estadual de Turismo (2013 – 2023), os municípios que não foram classificados enquanto regiões turísticas irão receber auxílio do estado para que possam ser estruturar e futuramente ser classificados de acordo com suas características para comporem o programa estadual de regionalização do Turismo.

Figura 4. Regiões Turísticas de Alagoas. Fonte: SEDETUR

A Costa dos Corais corresponde à principal região turística do Estado de Alagoas, sendo o indutor de todo desenvolvimento histórico do turismo no Estado, especialmente, pelo fato de englobar a capital alagoana. Além disso, a região da Costa dos Corais conta os dois municípios de Alagoas identificados pelo Ministério do Turismo como indutores de desenvolvimento turístico regional dentre os 65 apresentados no estudo de competitividade, como parte do Plano Nacional de Turismo 2007-2010, sendo eles Maceió e Maragogi. Estes municípios vêm sendo priorizados por investimentos técnicos e financeiros do Ministério do Turismo e são foco de articulações e parcerias com outros ministérios e instituições. A partir da realização do PDTIS (2012), a equipe responsável pela consolidação dos estudos dividiu a região da Costa dos Corais em 5 subzonas:

1. Trecho de Veraneio e “Day Use” – Este trecho apresenta o menor grau de evolução do ponto de vista de investimentos específicos no setor turístico quando comparado aos outros trechos. Apesar da consolidação de pontos de apoio, ainda predominam marcas de ocupação urbana desordenada, principalmente nos municípios de Paripueira e Barra de Santo Antônio;

2. Trecho com Turismo em Desenvolvimento – Obedecendo a evolução natural à vocação turística desta subzona, há hoje a predominância de pousadas de charme e empreendimentos de baixa escala e alto valor agregado. Praticamente 100% da mão-de-obra é local, e há um esforço conjunto dos empresários em preservar as características estéticas, ambientais e sociais do que foi denominado “Rota Ecológica”. Apesar de Japaratinga encontrar-se num estágio um pouco diferenciado dos demais municípios da Rota Ecológica, a cidade identifica-se mais com as características do turismo desenvolvido nesta subzona. Além de Japaratinga, os municípios que compõem essa subzona são Passo do Camarajipe, São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras;

3. Trecho com Turismo em Consolidação – Maragogi é hoje um dos 65 destinos indutores do turismo pelo MTUR. Possui a atividade turística em consolidação com diversos equipamentos, que variam de pousadas, hotéis de médio porte e resorts além da variedade nos pontos de apoio e serviços em geral;

4. Trecho com Turismo Consolidado – Maceió, destino turístico de Alagoas consolidado nacional e internacionalmente, também faz parte do Programa dos Destinos Indutores do Ministério do Turismo. Sendo a capital do Estado e detentora de uma ampla infraestrutura turística e o principal núcleo receptor;

5. Trecho com Municípios Fora da Área Litorânea – Os municípios de São Luís do Quitunde, Matriz de Camaragibe e Porto Calvo encontram-se fora da área litorânea e, apesar de possuírem um vasto potencial cultural, estão num processo incipiente de desenvolvimento da atividade turística.

A partir desta divisão realizada em 2012 e observando o estágio atual de desenvolvimento do turismo na região da Costa dos Corais, esta poderia ser divida em 4 Zonas:

1. Trecho de Veraneio e “Day Use” – Paripueira e Barra de Santo Antônio continuam ocupando este trecho, onde o grau de desenvolvimento turístico aumentou significativamente nos últimos anos, assim como a oferta de possibilidades de atividades e infraestruturas de apoio ao turismo. Atualmente, o governo do estado vem ampliando os investimentos em estruturação da rede viária, saneamento, estrutura urbanas e outras obras de infraestrutura no vetor norte da capital do estado, o que influencia diretamente na dinâmica territorial destes dois municípios, uma vez que estão mais próximos da capital;

2. Trecho de Turismo Ecológico – Com a consolidação da “Rota Ecológica” e consolidação das pousadas de charme e empreendimentos de baixa escala e alto valor agregado, a região compreendida pelos municípios de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras já recebe um fluxo maior de visitantes, principalmente no verão (incluindo turistas do tipo “day use”), mas ainda mantém características estéticas, ambientais e sociais que visam a valorização da cultura local, abrigando também o projeto de conservação do peixe-boi marinho e outras atividades que visem a valorização socioambiental. Porém, é importante frisar que, com o aumento do fluxo turístico dos últimos 5 anos, a manutenção das características locais é um dos principais os desafios para esta subzona;

3. Trecho com Turismo Consolidado – Maragogi, além de ser hoje um dos 65 destinos indutores do turismo pelo MTUR, é também o segundo destino turístico mais procurado do estado de Alagoas, ficando atrás apenas da capital. O município ao longo dos últimos 5 anos consolidou seu principal produto turístico (as piscinas naturais) e vem buscando uma maior diversificação, visando oferecer aos visitantes uma maior variedade de atividades, visando uma maior permanência no município. Maragogi possui diversos equipamentos de apoio ao turismo, que variam entre pousadas, hotéis de médio porte e resorts, além da variedade nos pontos de apoio e serviços em geral. Maceió, destino turístico de Alagoas consolidado nacional e internacionalmente, também faz parte do Programa dos Destinos Indutores do Ministério do Turismo. Sendo a capital do Estado e detentora de uma ampla infraestrutura turística e o principal núcleo receptor do estado. Em 2012, Japaratinga encontrava-se na subzona de “Turismo em Desenvolvimento”, mas nos últimos 5 anos, devido às suas características e maior proximidade com Maragogi, foi um dos municípios que mais se desenvolveu no âmbito de estruturação turística e hoje possui uma atividade consolidada, baseada também nas visitas as piscinas naturais;

4. Trecho com Municípios fora da Área Litorânea – Os municípios de São Luís do Quitunde, Matriz de Camaragibe e Porto Calvo encontram-se fora da área litorânea e, apesar de possuírem um vasto potencial cultural, continuam num processo incipiente de desenvolvimento da atividade turística, tendo em vista que o principal interesse dos visitantes da região da Costa dos Corais concentram-se na parte litorânea.

No Plano Estadual de Turismo (2013-2023), é apontado que na região da Costa dos Corais os principais segmentos turísticos desenvolvidos são: (i) Turismo de Sol e Praia; (ii) Ecoturismo; (iii) Turismo de negócios e eventos; (iv) Turismo de aventura; (v) Turismo náutico; (vi) Turismo rural; e (vii) Turismo cultural e social. Dentro desta segmentação sinalizada pelo Plano Estadual, destacam-se o turismo de sol e praia, principal segmento praticado ao longo de toda a região, assim como o ecoturismo (concentrado na região da Rota Ecológica) e o turismo de negócios e eventos, principalmente em Maceió. Os outros segmentos veem, ao longo dos últimos anos, sendo melhor trabalhados e estruturados de maneira a contribuir para a diversificação do produto turístico da região da Costa dos Corais. No que tange às potencialidades turísticas, o Plano Estadual subdividiu-se em 3 categorias de potencialidades e respectivos atrativos:

1. Natural: Praias, recifes de corais, piscinas naturais, falésias, rios, projeto peixe-boi, enseadas, manguezais, biodiversidade marinha, coqueirais e APA Costa dos Corais;

2. Cultural: Artesanato (coco, madeira e fibra de bananeira), gastronomia, folclore, casa de farinha e engenhos de açúcar, manifestações populares, como por exemplo, bumba meu boi, pesca artesanal, pastoril, samba de matuto, guerreiro, lapinha, coco e roda;

3. Histórico: Ocupação portuguesa disputada com a ocupação Holandesa. Os dados apresentados pelo diagnóstico PDITS (2012) mostraram que a região da Costa dos Corais já vinha se destacando, no cenário turístico nacional e internacional, como destino referência de sol e praia no nordeste brasileiro. Neste sentido, a região é atualmente o principal destino turístico do estado de Alagoas e vem, através de programas federais, estaduais e municipais buscando diversificar a oferta de atividades, produtos e serviços turísticos, visando o fortalecimento da região no que diz respeito aos diferentes segmentos turísticos.

5. A APA COSTA DOS CORAIS

A APA da Costa dos Corais foi criada a partir do Decreto Federal de 23 de outubro de 1997, abrangendo os Estados de Alagoas e Pernambuco, sendo a maior UC marinha federal com cerca de 413 mil ha, dos quais cerca de 120 km representam uma extensão ao longo da costa, entre os municípios de Tamandaré (PE) e norte de Maceió (AL).

Figura 5. APA Costa dos Corais. Fonte: ICMBio

Os objetivos de criação da UC, segundo o Decreto são: garantir a conservação dos recifes coralígenos e de arenito, com sua fauna e flora; manter a integridade do habitat e preservar a população do Peixe-boi marinho (Trichechus manatus); proteger os manguezais em toda a sua extensão, situados ao longo das desembocaduras dos rios, com sua fauna e flora; ordenar o turismo ecológico, científico e cultural, e demais atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental; incentivar as manifestações culturais contribuindo para o resgate da diversidade cultural regional. De modo a auxiliar esses objetivos, a UC possui conselho gestor, de caráter consultivo (CONAPAC), que foi criado em 2011 e desde então realizou dois processos de renovação (2014 e 2016). O conselho é composto por vários setores que atuam na UC incluindo entidades do poder público e da sociedade civil. Outro importante espaço de participação social, também contemplado no Plano de Manejo é o incentivo para criação e implementação dos Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMAS). Esses colegiados são responsáveis por contribuir com a gestão ambiental local e são compostos pelos diversos setores da sociedade local, contribuindo sobremaneira com os processos de gestão e ordenamento territorial. O Plano de Manejo da APA Costa dos Corais, aprovado em 2013, estabelece as diversas zonas de manejo, assim como suas regras de uso. Uma vez que a UC abrange exclusivamente o ambiente marinho, compreendendo tão somente áreas de domínio da união, não é possível ter propriedades particulares em seu interior. As principais atividades antrópicas realizadas estão voltadas para a pesca artesanal e o turismo, sendo que ambas prescindem de ordenamento do poder público federal. As criações de novas zonas de visitação, assim como o estabelecimento das suas regras de ordenamento, são realizadas por meio de instrumentos legais do ICMBio (Instruções Normativas e Portarias). Esses instrumentos legais delimitam as áreas de acesso à visitação, os tipos de embarcação autorizados, a capacidade de suporte e as marés permitidas para a visitação pública nas piscinas naturais que compõem a APA.

Esses fatores fazem com que a UC receba grande pressão local para a abertura de novas piscinas naturais à visitação e o aumento da capacidade de suporte nas piscinas já liberadas para a visitação. Dentre os desafios de expandir a visitação, pode-se destacar a deficiência no monitoramento dos impactos da visitação nos ambientes recifais, o fortalecimento do turismo de base comunitária e a inclusão das populações locais nas atividades turísticas e no controle da qualidade da experiência dos visitantes das nas piscinas naturais utilizadas para visitação. Vale salientar que, no nordeste do país, é muito comum constatar locais onde a expansão do turismo litorâneo ocorre de forma desordenada e sem responsabilidade social, colocando as comunidades locais à margem do processo de desenvolvimento, acarretando em perda de valores culturais e degradação dos ambientes naturais visitados. A riqueza sociocultural, a beleza cênica e a diversidade biológica da APACC agregam grande valor turístico a esse território. Por isso, torna-se fundamental os esforços de planejamento do uso público a fim de garantir um espectro ou gradiente de oportunidades de experiências de visitação que variem desde as mais desenvolvidas e sofisticadas até aquelas mais rústicas e naturais, com inclusão das comunidades locais e de baixo impacto ambiental. A principal atividade de uso público na APACC é a visitação às piscinas naturais localizadas nos ambientes recifais, onde são ordenados os serviços de transporte de passageiros, mergulho conduzido, mergulho autônomo e fotografia subaquática (conforme Plano de Manejo). Essa atividade de passeio às piscinas naturais varia entre um formato de turismo de massa, operacionalizado por grandes operadoras de turismo, como no caso da visitação nas piscinas naturais do município de Maragogi – AL, e um de turismo que tem a base comunitária como referência, onde as comunidades locais, organizadas em associações, conduzem os visitantes até as piscinas naturais localizadas nos recifes de corais e demais atrativos da região (Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres em Alagoas). Vale ressaltar que as atividades de Turismo de Base Comunitária – TBC – têm recebido forte apoio de parceiros locais, que recentemente realizaram nos municípios de Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo do Camaragibe ações de capacitação envolvendo vários aspectos, desde o associativismo/empreendedorismo até treinamento para conduta consciente em ambiente recifal. Outra atividade de uso público extremamente desenvolvida na APACC é o turismo de avistamento do peixe-boi no Rio Tatuamunha (Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres), uma atividade desenvolvida de forma exitosa com foco na inclusão social local. O Plano de Manejo prevê essa atividade e estabelece ainda uma série de regras e limites diários de visitação. Além da melhora da qualidade de vida dos envolvidos diretamente e indiretamente com a atividade, é evidente a percepção da qualidade do ambiente manguezal da região que passou a ser percebido pela comunidade como um produto a ser conservado, garantindo a sustentabilidade da atividade e a sua importância para manutenção das populações de peixe-

boi.

5.1. O Plano de Manejo da APA Costa dos Corais

De acordo com informações do próprio Plano de Manejo (PM) da APACC, o documento é resultado do esforço conjunto da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Departamento de Oceanografia), do Projeto Recifes Costeiros e do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste – CEPENE (IBAMA). O Plano é subdividido em 4 (quatro) encartes, os mesmos trataram da contextualização da APACC, seu enfoque regional, nacional e internacional, aspectos físicos, bióticos e socioeconômico. A metodologia utilizada para elaboração do Plano de Manejo teve como um dos seus objetivos a construção do conhecimento coletivo e a aplicação dos novos direcionamentos Institucionais

adotados pelo ICMBio, onde as táticas de manejo devem estar alinhadas com o planejamento estratégico da Instituição, da UC e, consequentemente, com seus objetivos de criação. Neste cenário, o Plano de Manejo da APACC buscou apresentar informações que justificam as decisões acordadas de forma participativa, visando seu planejamento estratégico, zoneamento e seus programas de ações. Tais informações geradas possibilitaram a criação de um instrumento estratégico focado em ações factíveis. Ao analisar o Plano de Manejo publicado em janeiro de 2013, é possível identificar que a equipe gestora da UC, em conjunto com outros atores locais envolvidos na elaboração do documento, buscaram consolidar o Plano de Manejo de forma que o mesmo pudesse dar subsídios ao planejamento e gestão da APACC. A partir deste cenário, o documento foi dividido em 7 itens focados para a gestão da UC, a saber:

1. Visão geral do processo de planejamento; 2. Matriz de planejamento estratégico; 3. Objetivos de Manejo da APA Costa dos Corais; 4. Pressupostos; 5. Diretrizes de Planejamento; 6. Zoneamento; 7. Programas de Ação.

No que tange ao Planejamento Estratégico, a equipe fez uma análise baseada nas fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças (Matriz FOFA), visando analisar a situação geral da APACC de uma forma rápida e sintética, considerando os fatores, tanto internos como externos, que fortalecem ou dificultam o cumprimento dos objetivos de criação da UC. De acordo com os dados do Plano de Manejo, a elaboração desta matriz foi realizada considerando as informações coletadas durante as reuniões técnicas, oficinas de planejamento e audiências públicas para consolidação do Plano de Manejo. Ainda segundo o Plano de Manejo, a Matriz de Planejamento Estratégico possibilitou construir uma visão integrada dos potenciais impactos, tanto positivos quanto negativos, nos cenários interno e externo da APA. Desta forma, é possível prever situações favoráveis e desfavoráveis, capazes de fomentar ou comprometer o bom desempenho da sua gestão. Portanto, a análise da matriz subsidiou a elaboração das principais ações a serem detalhadas no planejamento da APA. A partir deste levantamento, pode-se observar que há uma falta de conhecimento, percepção e valorização ambiental quanto à existência da APACC e seus objetivos. Esta deficiência está claramente identificada nas quatro principais características apontadas como fraquezas da APA: (i) analfabetismo ambiental das comunidades locais e baixa capacidade de organização social e institucional; (ii) atividades turísticas e recreativas desordenadas; (iii) poluição por esgoto doméstico; e, (iv) atividade pesqueira desordenada5. No que tange ao zoneamento da APACC, este teve como objetivo organizar espacialmente a área da UC diferentes zonas, que demandam ações de manejo distintas (proteção, monitoramento, pesquisa, uso etc). Desta forma, foi proposto que o zoneamento representasse um mosaico de áreas costeiras, ao longo de toda a UC, sendo este estabelecido

conjuntamente com a sociedade civil, pesquisadores e o poder público.

5 A matriz FOFA da APACC apresentada no Plano de Manejo encontra-se disponível em anexo

Desta forma, o zoneamento da APACC, de acordo com informações do Plano de Manejo, buscou consolidar todas as experiências de manejo realizadas dentro da UC, seja pela equipe da APA diretamente, como pela ação de parceiros, e também das audiências públicas realizadas nas comunidades locais integrantes da UC, ao longo dos anos de 2011 e 2012 (duração da elaboração do Plano de Manejo). A partir deste cenário, e dos resultados de reuniões e oficinas realizadas para subsidiar a elaboração do Plano de Manejo, a APACC foi dividida 7 zonas, onde cada uma possuem regras, normas específicas, assim como atividades que podem ser realizadas. As zonas da APACC estão divididas da seguinte forma:

1. Zona de Uso Sustentável – ZUS;

2. Zona de Praia – ZP;

3. Zona de Conservação – ZC;

4. Zona Exclusiva de Pesca – ZEP;

5. Zona de Visitação – ZV;

6. Zona de Preservação da Vida Marinha – ZPVM; 7. Zona de Transição – ZT.

Figura 6. Zoneamento da APA Costa dos Corais. Fonte: ICMBio

Os Programas de Ação foram definidos prevendo-se o período em que serão realizados, considerando, durante o período de 2013 a 2017. Neste contexto, os programas foram

organizados de forma bastante objetiva e apresentados em sob forma de tabelas, além da equipe gestora da APACC ter-se preocupado em apresentar também o cronograma físico-financeiro e a consolidação dos custos por programas temáticos e fontes de financiamento. Uma ressalva importante em relação aos Programas de Ação salientada pela equipe gestora é a de que algumas ações são permanentes e outras, além de permanentes, possuem características gradativas de aumento na medida em que as ações se estendem ao longo da APACC. Além disto, a equipe gestora ressalta também sobre a efetividade das ações a serem realizadas por programas, que possuem inter-relações com os demais atores da APACC. E, por serem corresponsáveis pela execução, se faz necessário definir os papéis dos atores e suas respectivas responsabilidades sendo utilizada como ferramenta a Matriz de Responsabilidades6, na qual se atribui os níveis de responsabilidade a cada ação a ser desempenhada. Os Programas de Ação definidos no Plano de Manejo são:

1. Programa infraestrutura e gestão interinstitucional;

2. Programa de uso público (visitação);

3. Programa de pesquisa e monitoramento;

4. Programa de gestão socioambiental;

5. Programa de manejo da biodiversidade; 6. Programa proteção ambiental.

Conforme indicado no próprio Plano de Manejo, o planejamento das ações considerou o período de 2013 a 2017 e o momento atual é de revisão do Plano de Manejo da APACC. Neste contexto, a equipe gestora, em conjunto com a equipe de coordenação geral do ICMBio estão definindo os procedimentos e etapas para revisão do Plano de Manejo da UC. Tendo em vista que concomitantemente a este processo de revisão está sendo elaborado o projeto de Parcerias Ambientais Público-Privada – PAPP – na APACC, os resultados advindos deste projeto irão contribuir nesta revisão, uma vez que busca apresentar subsídios para aprimoramento da gestão da UC no que diz respeito ao fortalecimento das parcerias já existentes, assim como busca apresentar novos modelos de aprimoramento de futuras parcerias.

5.2. O Programa de Uso Público da APA Costa dos Corais

De acordo com o Plano de Manejo, o “Programa de Uso Público da APACC tem como principal objetivo ordenar o uso público existente, e fomentar novas atividades de uso sustentáveis, substituindo outras de uso direto na geração de renda da população local” (Plano de Manejo APACC, 2013). A partir deste direcionamento, a equipe gestora indicou a realização de 4 ações específicas a serem realizadas entre os anos de 2013 a 2017 para alcance dos objetivos traçados para o Programa de Uso Público, a saber:

1. Implementar e manter as normativas de ordenamento de turismo marinho nas áreas definidas;

2. Aplicar os cursos de conduta consciente em ambiente recifal; 3. Apoiar a implantação da estrutura de embarque único na visitação às piscinas naturais

de Maragogi; 4. Implementar Programa de agente ambientais nas Zonas Visitação, garantindo um

agente por zona.

6 A matriz de responsabilidades apresentada no Plano de Manejo encontra-se disponível em anexo.

Conforme mencionado no item 5.3, o principal atrativo turístico da APACC são as piscinas naturais, estando estas localizadas na Zona de Visitação definidas no Plano de Manejo. Neste contexto, para esta zona foram definidas normas e regras específicas para um melhor ordenamento e controle da visitação. Todos os municípios abrangidos pela APACC possuem a delimitação de zonas de visitação, porém, de acordo com o Plano de Manejo, atualmente apenas 3 munícipios possuem regulamentações específicas para a visitação às piscinas naturais, a saber:

1. Maragogi – Alagoas; 2. Paripueira – Alagoas; 3. São José da Coroa Grande – Pernambuco;

Além da Zona de Visitação, outras zonas da UC também permitem o desenvolvimento de atividades turísticas, desde que estejam de acordo com as regras e normas estabelecidas no Plano de Manejo. A seguir, apresentam-se as atividades turísticas elencadas no Plano de Manejo que podem ser desenvolvidas (ou não) de acordo com as zonas da UC.

Tabela 4. Atividades Turísticas elencadas no Plano de Manejo e locais onde estas são permitidas

Atividade

Zona

Zona de Uso Sustentável

Zona de Conservação

Zona Exclusiva de

Pesca

Zona de Transição

Zona de Visitação

Zona de Conservação da

Vida Marinha

Turismo de base comunitária Permitido Permitido Não Permitido Permitido com

restrições Permitido Não Permitido

Turismo particular Permitido Permitido com

restrições Não Permitido

Permitido com restrições

Permitido Não Permitido

Passeio de Catamarã Permitido com

restrições Não Permitido Não Permitido Não Permitido Permitido Não Permitido

Passeio Lancha ou Barco Permitido com

restrições Permitido com

restrições Não Permitido Não Permitido Permitido Não Permitido

Mergulho Autônomo Particular

Permitido Não Permitido Não Permitido Permitido com

restrições Permitido Não Permitido

Operadores de mergulho Permitido Não Permitido Não Permitido Permitido com

restrições Permitido Não Permitido

Pesca Amadora Permitido Não Permitido Não Permitido Não Permitido Não

Permitido Não Permitido

Pesca Subaquática Permitido Não Permitido Não Permitido Não Permitido Não

Permitido Não Permitido

Jet-ski (motonáutica) Permitido Não Permitido Não Permitido Não Permitido Não

Permitido Não Permitido

Tráfego Marinho de barcos de pesca e turísticas (NORMAN)

Permitido Permitido com

restrições Permitido com

restrições Permitido com

restrições

Permitido com

restrições Não Permitido

Tendo em vista que a APACC está localizada no principal destino turístico do estado de Alagoas e um dos principais destinos turísticos de sol e praia do Brasil, nos últimos anos houve um aumento significativo do fluxo de visitantes que buscam conhecer a região. Neste cenário, diferentes atores locais, regionais e nacionais, têm demandado da equipe gestora o ordenamento e consolidação das outras zonas de visitação previstas no Plano de Manejo,

outras atividades já consolidadas, assim como demandado a regulamentação de novas atividades a serem exploradas. Como exemplo desta demanda, pode-se citar a visitação às piscinas naturais dos municípios de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, onde jangadeiros locais têm-se organizado para que possam oferecer passeios de jangada às piscinas naturais dos municípios. Além desta questão, há também municípios que tem demandado junto à equipe gestora a regulamentação da visitação do que hoje se denomina “turismo de orla”, onde atividades náuticas são praticadas nas faixas de 200 a 400 m a partir da faixa de areia. Neste cenário, com a revisão do Plano de Manejo, o programa de Uso Público terá um papel preponderante no que tange aos diferentes processos de gestão da APACC, tendo em vista que uma das principais pressões sobre a UC advém das atividades turísticas atuais e potenciais que a APACC proporciona. Entendendo que os desafios em relação às ações que envolvem a visitação na APACC são consideráveis, assim como a importância do programa de Uso Público/ Visitação da UC, nos itens 7 e 8, o cenário turístico da APACC será melhor discutido visando apresentar uma análise do perfil do visitante da região, a oferta turística, análise das atividades existentes, as potencialidades turísticas da APACC e uma discussão sobre o ordenamento da visitação na UC. Além disso, posteriormente será apresentada uma análise econômica sobre o cenário turístico da APACC.

6. O CENÁRIO TURÍSTICO DA APA COSTA DOS CORAIS

6.1. Perfil dos visitantes da região

A identificação do perfil do turista é um fator importante para a identificação de atividades de turismo atuais e potenciais para a APACC. A disponibilidade de dados referente especificamente à região da Costa dos Corais é escassa, o que torna os resultados, por vezes, limitados. Neste sentido, foram identificadas três pesquisas sobre o perfil do turista em Alagoas, que são interessantes para o estudo em questão:

• Perfil do turista hospedado em Maceió (da Silva, 2014): dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Universidade Federal de Alagoas, que utilizou dados dos anos de 2011 a 2013.

• Perfil do turista na Costa dos Corais no último trimestre de 2016 (SEDETUR, 2016): pesquisa amostral realizada entre os meses de outubro e dezembro de 2016, nos municípios de Maragogi, Japaratinga e Passo de Camaragibe e é um dos únicos estudos encontrados neste sentido na região. Nela é possível verificar aspectos interessantes sobre o turista, os quais serão apresentados a seguir.

• Perfil dos turistas e dos condutores do passeio de observação do peixe-boi-marinho em Alagoas (Gonzaga & Izidoro, 2016): pesquisa realizada em 2014 e 2015.

Segundo pesquisa do perfil do turista da SEDETUR (2016), a maioria dos visitantes da região da Costa dos Corais são provenientes principalmentes do Sudeste do país, sobretudo São Paulo (39%) e Rio de Janeiro (32%). Os demais Estados pode ser observado naFigura 7.

Figura 7 - Origem do turista que frequentou a região em 2016

Fonte: Elaboração a partir de dados da SEDETUR (2016)

A pesquisa vem de encontro com o registrado por da Silva (2014) entre os anos 2004 a 2013, no qual São Paulo apresenta-se como o principal emissor de turistas para Alagoas, com valor médio de 37% do fluxo total durante o período estudado. Outros Estados de relevância são: Pernambuco (9%), Rio de Janeiro (6,9%), Minas Gerais (6,5%), Bahia (6,1%), Distrito Federal (5,4%), Rio Grande do Sul (5,3%), Alagoas (5,3%), Paraná (3,9%) e Sergipe (3,6%). A análise da divisão regional brasileira pode ser verificada na Figura 8.

Figura 8 - Origem do turista que frequentou a região em 2016

Fonte: Elaboração a partir de dados da Silva (2014)

Com relação ao fluxo internacional, o mesmo representou 4,5% do fluxo total para os anos de 2011 e 2013. Embora apresentando percentual baixo, a análise deste mercado representa um potencial a ser melhor trabalhado no contexto turístico da região. Segundo pesquisa de da Silva (2014), a Argentina é o principal país emissor de turistas, com 43% do fluxo internacional de Alagoas, seguido de Portugal (13,6%), Chile (8,8%), Itália (7,8%), Estados Unidos (4,1%), Uruguai (4,0%), Paraguai (2,2%) e Espanha (1,8%).

A pesquisa da SEDETUR (2016) revela que a região recebe mais mulheres (67%) do que homens (34%) e tem se consolidado como um destino voltado para famílias e casais em lua de mel, visto que 55% dos visitantes são casados e 39% solteiros. Nas pesquisas, a faixa-etária dos visitantes (figura 9) apresenta-se equilibrada entre todas as faixa-etárias, com leve predominância para o público jovem (16 a 26 anos) e melhor idade (46 a 60 anos) (SEDETUR, 2016).

Figura 9 – Faixa etária dos visitantes da região da Costa dos Corais

Fonte: Elaboração a partir de dados da SEDETUR (2016)

Segundo SEDETUR (2016), a maioria dos turistas chegaram à região utilizando avião (53%) como meio de transporte, seguido de carro alugado (15%), carro próprio (13%) e ônibus turístico (13%). Na pesquisa de da Silva (2014), o modal aéreo também é o mais utilizado, chegando a representar 84,3% em 2013. Observa-se que o turismo rodoviário também é importante, já que 39% dos turistas utilizaram carro e ônibus para acessar a região da Costa dos Corais (SEDETUR, 2016).

Figura 10 – Tempo de permanência dos visitantes na região da Costa dos Corais

Fonte: Elaboração a partir de dados da SEDETUR (2016)

O tempo de permanência na região é, em média, de sete dias, de acordo com 46% dos entrevistados pela SEDETUR (2016). Há também um número considerável que permanece na região por três dias (22%), seguidos de 5 dias (19%).

É interessante destacar que cerca de 62% dos entrevistados pela SEDETUR (2016) indicaram ter comprado o destino de forma direta através de consulta pela internet, seguido de 22% de compra de pacote organizado por agência de viagens. Pode-se observar, assim, a importância do ambiente virtual para as atividades de turismo do Estado, que deve incorporar estratégias de marketing voltados à internet.

Figura 11 – Motivo predominante da viagem

Fonte: Elaboração a partir de dados da SEDETUR (2016)

O motivo da viagem da maioria dos turistas entrevistados pela SEDETUR (2016), são as praias (52%), seguido de lazer (31%) e aventura/ecoturismo (10%); evidenciando o potencial da região para atividades relativas a esses temas. Com relação à pesquisa perfil dos turistas que realizaram o passeio de observação do peixe-boi-marinho (Gonzaga & Izidoro, 2016), podemos retirar considerações importantes referente aos visitantes que têm interesse pela atividade. Assim como já apresentado e reforçando a questão, a maioria dos turistas do passeio são provenientes do Sudeste (54%). Destaca-se também que 80,5% dos entrevistados possuem ensino superior completo ou pós-graduação. A renda mais frequente, entre os turistas, foi superior a 10 salários mínimos. Figura 12 – Renda familiar dos turistas entrevistados no passeio de observação do peixe-boi-marinho

Fonte: Elaboração a partir de dados de Gonzaga & Izidoro (2016)

Além disso, observa-se que os turistas tiveram conhecimento a respeito do passeio pela televisão (8%), agência de turismo (9%), amigos (15%), internet (26%) ou por outros meios tais como pousada/hotel, guias turísticos ou passeando (42%). Esta informação é válida para entender a cadeia do turismo da região – como o turista chega até um determinado passeio.

6.2. Análise da oferta turística atual da APA Costa dos Corais

Como já comentado ao longo do estudo, a região que engloba a APACC é a principal zona turística do Estado de Alagoas, atraindo milhares de visitantes todos os anos. Seus municípios, com destaque para aqueles que são objetos do presente estudo, Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, apresentam um grande potencial turístico por conta da diversidade de ecossistemas, como rios, lagunas, manguezais, piscinas naturais com arrecifes de corais, entre outros atrativos naturais, dos quais, grande parte encontra-se dentro da APACC. A região é de fácil acesso, estando próxima de Recife (PE) e Maceió (AL), cidades que possuem aeroportos internacionais com grande capacidade de operação para recebimento de turistas nacionais e internacionais. A partir de Maceió, o principal acesso é pela estrada que acompanha o litoral, AL 101. Já de Recife, a principal via é a BR 101, entrando na PE 060 em Cabo de Santo Agostinho. Os municípios foco do estudo distam a poucos quilômetros um dos outros, facilitando o deslocamento dos turistas entre eles para realização de diferentes atividades. Segundo dados do ICMBio (2016), a APACC recebeu 235.030 visitantes em 2016, considerando apenas os números da visitação de Maragogi7 e de Porto de Pedras8 (locais onde há um monitoramento e maior controle da visitação via registros junto à prefeitura e associação do peixe-boi, respectivamente). Destaca-se, neste sentido, que na UC não há um efetivo controle do número de visitantes, que acredita-se ser maior do que os dados oficiais apresentados, uma vez que trata-se de um dos principais destinos de sol e praia do nordeste brasileiro e a principal região turística do estado de Alagoas, conforme já mencionado. Atualmente, não há cobrança de taxa para visitação nos atrativos da APACC por parte do ICMBio. Alguns municípios cobram uma taxa ambiental, que está embutida no valor dos passeios que utilizam dos atrativos da APACC, como por exemplo, a visitação às piscinas naturais de Maragogi.

Figura 13 – Visitantes na APA Costa dos Corais (2013-2016)

Fonte: (ICMBio, Dados de Visitação 2007 – 2016 , 2016)

7 Passeio às piscinas naturais de Maragogi. 8 Passeio de observação do peixe-boi-marinho

De modo geral, todos os municípios objeto deste estudo já apresentam atividades turísticas consolidadas e muitas delas se relacionam com a APACC. Além do turismo de massa, que ocorre principalmente em Maragogi e Paripueira, acontece na região o turismo de charme, representado por pousadas ao longo da Rota Ecológica9; e o início de ações voltadas para o desenvolvimento do turismo de base comunitária ocorrendo principalmente em São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. Observa-se, assim, que cada município apresenta características e valores singulares, que resulta em um leque abrangente de possibilidades de atividades turísticas. Neste sentido, a seguir será apresentada análise das atividades turísticas existentes na APACC, identificadas a partir da observação dos pesquisadores quando em visita de campo nos municípios de Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, assim como do levantamento de informações junto a fontes bibliográficas sobre o desenvolvimento turístico na região, conversas com as instituições públicas locais (secretarias municipais de turismo e meio ambiente), conversa com os operadores turísticos locais e com a equipe gestora da UC. O objetivo desta análise é identificar as atividades já praticadas na APACC, de acordo com o que está estabelecido no Plano de Manejo, assim como a organização destas atividades no que diz respeito às regras e normas estabelecidas pelo Plano de Manejo, visando também uma compreensão sobre instrumentos e mecanismos utilizados pela equipe gestora para ordenar e gerenciar a prática destas atividades.

6.2.1. Análise das atividades existentes na APACC

Conforme mencionado no item 6, o Plano de Manejo da APACC permite a realização de atividades de turismo específicas. O objetivo é desenvolver e ordenar a visitação na região de modo a minimizar os impactos ao meio ambiente. Assim, é admitido na APACC (ICMBio, 2017):

1. Caminhadas na praia; 2. Banho de mar; 3. Passeio às piscinas naturais (a exploração dos serviços de turismo náutico nas piscinas

naturais dependem de autorização); 4. Avistamento do Peixe-boi; 5. Mergulho livre (snorkel); 6. Mergulho autônomo (apenas para mergulhadores credenciados); 7. Batismo: Mergulho com equipamento de mergulho autônomo com presença em

tempo integral do instrutor de mergulho; 8. Curso de megulho autônomo (só pode ser ministrado por instrutor de mergulho

credenciado); 9. Mergulho conduzido (apenas nas piscinas naturais com operadoras credenciadas); 10. Pesca esportiva (pescador precisa estar credenciado pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento - MAPA );

As atividades de turismo náutico10 são permitidas nas Zonas de Visitação, conforme definido no Plano de Manejo da UC. Atualmente, para a exploração dos serviços de visitação às piscinas naturais, mergulho e fotografia subaquática é necessário alvará da Prefeitura para que o

9 Roteiro turístico do estado de Alagoas que envolve principalmente os municípios de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. )

ICMBio conceda a autorização aos operadores para desenvolvimento das atividades nas piscinas naturais. As atividades possuem regramentos específicos que devem ser respeitados, como por exemplo: horários (que variam de acordo com maré), número limite de visitantes no ambiente (determinado pelo Plano de Manejo), o que pode ou não ser levado pelo visitante (como por exemplo a proibição de bebidas alcoólicas), dentre outras regras. Aqueles operadores que descumprem com as normas estabelecidas são autuados e multados. Conforme já colocado anteriormente, trata-se de uma região com singularidades e complexidades específicas e possui atividades turísticas consolidadas, principalmente aquelas ligadas ao turismo de sol e praia e ao turismo náutico. Como os municípios possuem características próprias, a visitação em cada um é realizada de maneira singular. Há de se destacar que existem diferentes níveis de regularização das atividades realizadas na APACC, alguns municípios estão em um momento onde há maiores regramentos e organização no que diz respeito às atividades e outros que ainda estão em processo de organização e ordenamento. Assim, este estudo se apresenta como oportuno, a fim de desenvolver instrumentos que fortaleçam as relações existentes, bem como traçar possibilidades para novas parcerias, sendo possível adequá-los para os outros municípios, de acordo com suas respectivas realidades. Há de se destacar, que de forma geral, a venda de passeios na região não é organizada, não sendo possível identificar toda a cadeia turística envolvida. Mesmo nos municípios onde há maiores regramentos e ordenamento, a venda dos passeios ainda ocorre de forma desorganizada. Como exemplo desta desorganização, é comum a abordagem aos turistas que chegam a praia, ou nos receptivos beira-mar, sendo convidados a realizar o passeio às piscinas naturais, não há estruturas específicas para que o turista busque saber as opções de visitação na região. Outra forma, um pouco mais organizada, diz respeito àqueles visitantes que chegam aos municípios com guia de alguma agência turística, estes são direcionados aos receptivos que fornecem o passeio e que já possuem alguma relação pré-estabelecida com estes guias. Destaca-se, neste sentido, que esses guias exercem grande influência na visitação da região, e chegam a receber de 10 a 20% de comissão dos receptivos e operadores. A seguir serão apresentadas as atividades recorrentes nos municípios objeto do estudo. 6.2.1.1. Paripueira

Paripueira está a cerca de 31 km de Maceió. Por causa desta proximidade, o município é caracterizado como destino turístico de veraneio da capital, possuindo diversos condomínios e casas de segunda residência. A sede municipal dispõe de bons receptivos beira-mar utilizados para day use, recebendo inúmeros turistas durante o ano. É interessante destacar que a praia de Paripueira é sede do Parque Municipal Marinho de Preservação do Peixe-Boi, local onde se encontra uma das maiores concentrações do animal no nordeste brasileiro.

Figura 14 - Receptivo beira-mar Mar & Cia em Paripueira. Fonte: Camila

Sanches

O município possui como atrativo principal a Piscina Natural de Paripueira, onde é permitido o transporte de passageiros em catamarãs e lanchas, além da realização de atividades de mergulho e serviços de fotografia subaquática. Segundo a Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, o município possui 17 embarcações cadastradas na prefeitura (com alvará), sendo 12 catamarãs e 5 lanchas. Estas fazem o transporte de turistas para visitação à piscina natural, onde é permitido o número máximo de 252 pessoas por dia, distribuídas da seguinte forma (ICMBio, 2012):

• 4 embarcações do tipo catamarã com no máximo 60 passageiros por embarcação;

• 2 embarcações do tipo lancha com no máximo 6 passageiros e;

• 1 embarcação institucional (bombeiro, polícia, ICMBio, IBAMA).

Para respeitar o limite da visitação diária, as associações organizam rodízio entre os operadores.

Figura 15 - Passeio à piscina natural de Paripueira. Fonte: Camila

Sanches

O ordenamento da visitação da piscina natural se dá da seguinte maneira: o interessado em explorar atividades de turismo náutico (transporte de passageiros com embarcações, mergulho e fotografia subaquática) deve solicitar autorização ao ICMBio, estabelecendo um

Termo de Responsabilidade, assinado pelo responsável pela atividade. No processo de autorização, os interessados devem apresentar, conforme a categoria (ICMBio, 2012, p. 30):

• Embarcações: documentação referente à lei e ao decreto que dispõem sobre a regulamentação do tráfego aquaviário (Lei nº 9.537/97 e Decreto nº 256/98), além de Alvará da Prefeitura para execução da atividade;

• Operadora de mergulho autônomo: CNPJ e Razão Social, a certificação de, no mínimo, um mergulhador na categoria de instrutor e para os demais mergulhadores a categoria de dive master ou equivalente, além de Alvará da Prefeitura para execução da atividade;

• Atividade de fotografia subaquática profissional: certificação de curso específico para exercer a atividade e de primeiros socorros.

Está em processo de implementação a parceria entre a Prefeitura de Paripueira e o ICMBio, de modo a melhor organizar e ordenar as atividades hoje permitidas na área da APACC. A intenção é fazer com que a Prefeitura auxilie na fiscalização das embarcações da área visitada, assim como no monitoramento do rodízio das embarcações repassado pelas associações locais. . Destaca-se, no entanto, que não há um instrumento formal que estabeleça esta parceria entre as partes (prefeitura e ICMBio), não estando claro as funções e as contrapartidas de cada instituição11 em relação ao desenvolvimento das atividades. Segundo o secretário de Turismo e Meio Ambiente de Paripueira em reunião de campo, a prefeitura está se organizando para criar um Fundo Municipal do Meio Ambiente por meio de COMDEMA12. Ainda segundo o secretário, a intenção do município é estabelecer uma taxa ambiental a ser cobrada dos operadores para a realização dos passeios no município, recurso que auxiliará a fiscalização da prefeitura na região. O secretário também manifestou interesse em organizar a venda dos passeios às piscinas naturais em uma bilheteria única ou em pontos específicos do município, onde sinalizou que seria mais fácil controlar o número de visitantes, além de oferecer atividades de sensibilização ambiental através de exposições interpretativas sobre a APACC e sobre os principais temas ligados ao ambiente marinho e ambientes de mangue. Além das atividades turísticas já praticadas, o município possui outros atrativos potenciais, que foram identificados pelos operadores locais:

• Passeio no Rio Suaçuí com jangada artesanal, sem motor, para contemplação do mangue e avistamento de fauna;

• Rota do peixe-boi-marinho, passeio de orla na prainha com jangada artesanal personalizada, com motor de rabeta, para possível avistamento do animal, que segundo reunião de campo, está voltando a aparecer na região.

6.2.1.2. São Miguel dos Milagres

São Miguel dos Milagres encontra-se a aproximadamente 90 km de Maceió. Possui belas paisagens naturais em função de suas praias pouco habitadas e tem ganhado destaque no turismo nacional por suas pousadas de charme. Nota-se também que, atualmente, vem se estabelecendo na praia principal do município algumas barracas de praia e receptivos beira-mar, que estão sendo utilizados como opção de day-use de turistas hospedados em Maceió ou

11 A análise referente aos modelos de parceria utilizados pelo ICMBio será melhor discutida no capítulo XXX, onde faz-se uma discussão jurídica sobre os modelos atualmente adotados na APA para prestação de serviços turísticos. 12 O COMDEMA de Paripueira foi reativado em 06/06/2017

Maragogi para visita às piscinas naturais de São Miguel, ou simplesmente para conhecer as praias mais famosas da região.

Figura 16 - Receptivo turístico em São Miguel dos Milagres. Fonte Camila

Sanches Figura 17 - Receptivo turístico em São Miguel dos Milagres. Fonte Camila Sanches

Figura 18 - Receptivo turístico em São Miguel dos Milagres. Fonte Camila Sanches

Além de suas belas praias, o município possui como atrativo piscinas naturais, localizadas dentro da APACC, identificadas no Plano de Manejo. Porém, a visitação a essas áreas está em fase de ordenamento pelo ICMBio13, mas, mesmo sem regulamentação (por parte do ICMBio e prefeitura) a atividade já é praticada com jangadas e pequenas embarcações estilo catamarãs.

13 A visitação nas piscinas naturais de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedra está em fase de ordenamento e não se sabe se o ICMBio permitirá a atividade em todas as piscinas.

Há de observar, com relação à operação da atividade, que o Plano de Manejo limita a potência dos motores das embarcações de turismo para impedir que alcancem altas velocidades, de modo a resguardar o ecossistema da APACC local. Além da visita às piscinas, foi identificado também a realização de fotografia subaquática, atividade que ocorre concomitantemente à visitação.

Figura 19 - Piscinas Naturais de São Miguel dos Milagres. Fonte: (ICMBio & APACC, 2017)

Figura 20 - Passeio às piscinas naturais de São Miguel dos Milagres que já ocorre, mesmo sem autorização e ordenamento do ICMBio. Fonte: Camila

Sanches

Destaca-se que o passeio às piscinas naturais no município começou em Porto da Rua, distrito de São Miguel dos Milagres, que já possui associação de jangadeiros para organização da atividade. Na sede municipal de São Miguel dos Milagres a atividade é recente e ainda não está organizada por associações, sendo realizada principalmente próximo ao local onde encontram-se as barracas de praia e receptivos locais. Segundo a secretária de Turismo e Meio Ambiente do município, eles estão aguardando os estudos de capacidade de carga e ordenamento das piscinas naturais por parte do ICMBio para organizar o procedimento de concessão de alvarás aos interessados em operar as atividades náuticas nas piscinas do município.

Figura 21 – Embarcação do passeio às piscinas naturais de São Miguel dos Milagres. Fonte: Camila Sanches

Além das atividades de praia e daquelas relacionadas às piscinas naturais, observou-se no município o desenvolvimento de atividades de ecoturismo, que oferecem a interação com a natureza e são realizadas em sua maioria por pessoas da comunidade local. Dentre elas, se destacam: a trilha da camboa (interação com o mangue no Rio Tatuamunha), aluguel e aulas de Stand Up Paddle (SUP), travessia de SUP, aluguel de caiaque e aluguel e bicicleta. Estas vão de encontro com a proposta do ICMBio (2012), que deseja incentivar no município preferencialmente atividades de turismo de base comunitária, a fim de desenvolver a comunidade e a economia local. Neste sentido, o Instituto Yandê: Educação, Cultura e Meio Ambiente, tem desempenhado importante papel junto à comunidade local, com o intuito de desenvolver ações que visem o desenvolvimento sustentável da região. Entre 2015 e 2016 realizou o projeto Jangadeiros da Rota Ecológica, que trabalhou com 59 jangadeiros de 3 municípios da Rota Ecológica, tendo como parceiro o ICMBio e o Instituto Bioma Brasil. O projeto tinha por objetivo o fortalecimento de jangadeiros que realizam a condução de turistas pelos ambientes estuarinos e recifais da costa dos municípios de Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo de Camaragibe, visando o desenvolvimento de um turismo sustentável de base comunitária e a conservação da natureza. Dessa maneira, esses atores foram preparados para participarem do debate sobre o zoneamento da região e outras questões importantes para a APACC no que tange ao desenvolvimento turístico.

Figura 22 - Projeto Jangadeiros da Rota Ecológica. Fonte: Instituto Yandê

Ao final do projeto, o Instituto Yandê solicitou à APACC a criação de zonas de visitação nos municípios da Rota Ecológica e conforme mencionado, estas estão em fase de estudo pelo ICMBio e validação junto à comunidade local. Destaca-se que no município acontece o avistamento de peixe-boi no Rio Tatuamunha, tendo como sede da atividade a cidade de Porto de Pedras. 6.2.1.3. Porto de Pedras

O município está a 106 km de Maceió, e é conhecido como “região dos grandes rios”, por estar inserido às margens do Rio Manguaba e do Rio Tatuamunha. A região também apresenta uma grande riqueza natural e vem atraindo visitantes por conta do passeio para avistamento do peixe-boi marinho no Rio Tatuamunha, que é realizado graças a duas iniciativas: o Programa Peixe-boi do ICMBio que realiza as ações de manejo, conservação e pesquisa sobre o animal, com base no rio Tatuamunha; e a Associação dos Condutores de Observação de Peixes-boi (Associação Peixe-boi) que realiza os passeios para observação dos animais. . Este tem sido o principal atrativo turístico do município, que é realizado por guias credenciados pelo ICMBio e que fazem parte da Associação Peixe-Boi, criada em 2009 por um grupo de guias locais motivados por lutar pelos direitos dos comunitários de usufruir da natureza com consciência e responsabilidade, discutindo e propondo soluções para os problemas em torno do turismo de observação dos peixes-boi-marinhos em ambiente natural. A visitação é ordenada pelo Plano de Manejo da APACC, que ratificou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2009, que regula o turismo de observação do animal na APACC, atualmente permitido apenas no estuário do Rio Tatuamunha, entre Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres. A atividade vem sendo estimulada a ser desenvolvida pela equipe gestora da APACC, assim como por ONGs locais, com bases no preceito do turismo de base comunitária, visando o fortalecimento da comunidade local, organizada por meio da Associação do Peixe-Boi, assim como possibilitando uma visitação de baixo impacto que valorize as questões socioambientais. Ao todo são 48 associados, que atuam por meio de rodízio, determinado pela associação. Esses associados recebem treinamento e capacitação, com apoio do ICMBio, para informar os visitantes sobre o peixe-boi-marinho e seu manejo, a APA Costa dos Corais (e objetivos de criação), bem como sobre a importância de conservação do mangue no que diz respeito à manutenção da vida marinha. Assim, a associação, além de atender os turistas, vem trabalhando também com atividades de educação ambiental nas escolas da região, levando estudantes e professores para conhecer o peixe-boi e o manguezal. Sendo assim, seu trabalho está direcionado ao serviço de condução de visitantes e às ações socioambientais através de uma parceria com o ICMBio, mesmo que ainda de forma informal, e a melhoria da qualidade de vida da população local.

Destaca-se que todos os condutores credenciados devem fazer parte da associação, com o objetivo de que esta os represente (ICMBio, 2012). A Associação Peixe-Boi é bem organizada e possui boa infraestrutura para recepção dos visitantes. Nela, o turista recebe informações sobre o animal e sobre o mangue, compra o passeio e pode levar um souvenir, já que possui uma pequena loja dentro da associação, cujos produtos e artesanatos são produzidos pela comunidade local. Pelo site da instituição também é possível agendar antecipadamente o passeio, facilitando a organização da viagem do turista.

Figura 23 - Receptivo da Associação Peixe-Boi. Fonte: Camila Sanches

Figura 24 - Receptivo da Associação Peixe-Boi, visão interna. Fonte: Camila Sanches

A visitação é realizada no Rio Tatuamunha, onde o ICMBio, através da APA Costa dos Corais e do CEPENE, mantém um viveiro de readaptação do peixe-boi, que tem como objetivo a reintrodução do animal ao seu habitat natural. É interessante o contato que o turista tem com o mangue, desde o início do percurso, que é realizado com embarcações sem motor.

Figura 25 – Viveiro de readaptação do peixe-boi no Rio Tatuamunha onde ocorre o passeio de avistamento do animal. Fonte: Camila Sanches

Figura 26 - Embarcação utilizada no passeio do peixe-boi, sem motor. Fonte: Camila Sanches

O trabalho que a Associação Peixe-Boi vem realizando é um diferencial na região, devido a sua organização e atividades de educação ambiental. Existem, no entanto, alguns pontos que podem ser melhorados, tais como o acesso às embarcações, instalação de sinalização, criação de trilha entre a associação e o embarque dos turistas no rio. A melhoria destas estruturas pode atender o visitante com maior qualidade e segurança e, dentro do contexto de parceria junto à associação, podem vir a ser discutidas, avaliadas e solicitadas como contrapartidas pelo ICMBio. Destaca-se também que a associação pode incrementar sua receita implantando pequena venda de alimentos na recepção, que podem ser consumidos enquanto o turista aguarda pelo passeio; além de aluguel de bicicletas aos turistas que vão ao local sem veículo próprio, que poderiam usar tal equipamento para chegar até o rio.

Figura 27 – Acesso à embarcação do passeio do peixe-boi. Fonte: Camila Sanches

A atividade de visitação para avistamento do peixe-boi no Rio Tatuamunha deve seguir as regras estabelecidas no Termo de Ajusta de Conduta (TAC), pactuado entre as comunidades locais, Ministério Público Federal e o ICMBio. Estas regras estão descritas no Plano de Manejo da APACC (ICMBio, 2012, p. 24), dentre as quais se estabelece que:

• Os condutores e/ou guias de turismo devem ser capacitados e credenciados pelo ICMBio através de programas de capacitação de condutores ou guias. A presença de um condutor é obrigatória para a visitação, e este deve fazer parte da associação;

• Todas as embarcações deverão possuir autorização de operação emitida pelas prefeituras (alvará de licença) e deverão estar de acordo com as normas de segurança no mar e navegação da Capitania dos Portos; e

• As regras de credenciamento e descredenciamento de condutores terão como critério a valorização da mão-de-obra local, de modo que apenas a comunidade residente a mais de 2 anos em Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres seja credenciada para o passeio.

A Associação Peixe-boi possui atualmente 4 embarcações para realização do passeio, que precisam de alvará de licença da prefeitura para operação. No entanto, segundo a associação, em visita de campo, um dos principais desafios para regularização do passeio são as liberações dos alvarás junto à prefeitura. Existem outras ações que a associação faz junto com o ICMBio no que diz respeito a dar suporte ao projeto de preservação do peixe-boi, sendo estas realizadas de maneira informal, sem acordo de cooperação assinado entre as partes, ou outros termos de parceria. Dente as atividades desenvolvidas em conjunto está o monitoramento e, quando necessário, auxílio no resgate do peixe-boi. Outra atividade realizada no município, que está em fase de ordenamento pelo ICMBio, é a visitação nas piscinas naturais do município. Mesmo sem ordenamento por parte do ICMBio e

do Plano de Manejo da UC, a atividade já é praticada com jangadas14, que também não possuem o alvará de licença da prefeitura.

Figura 28 - Piscinas Naturais em Porto de Pedras. Fonte: (ICMBio & APACC, 2017)

Assim como em São Miguel dos Milagres, foram identificadas no município a realização de atividades de ecoturismo, tais como aluguel e aulas de Stand Up Paddle (SUP), travessia de SUP e aluguel de caiaque. Destaca-se que o município possui forte potencial para passeios turísticos no mangue, de forma a sensibilizar o visitante sobre o ecossistema. 6.2.1.4. Maragogi

Dentre os municípios da APACC, Maragogi é o que possui o turismo mais consolidado, estando incluído como um dos 65 destinos indutores de desenvolvimento turístico regional do Brasil, conforme já mencionado. O município possui localização privilegiada, estando equidistante de Maceió e Recife, sendo por isso, de fácil acesso. Possui uma diversificada infraestrutura turística, com hotéis, resorts, pousadas, hotéis fazenda, restaurantes, centros de artesanato e diferentes opções de lazer agregando qualidade aos serviços do município. Vilas de pescadores, fazendas com trilhas e áreas conservadas de mata atlântica, coqueirais, praias, com destaque as praias de São Bento, Peroba, Burgalhau, Barra Grande e as piscinas naturais formadas por recifes de corais são alguns dos atrativos encontrados no município. Em Maragogi, o Plano de Manejo da APACC permite, nas Zonas de Visitação, a realização de atividades de turismo náutico específicas, como por exemplo, a visita às piscinas naturais. O objetivo é desenvolver e ordenar a atividade a fim de minimizar os impactos ao meio ambiente do turismo de massa da região. Segundo o Plano de Manejo da UC, há três piscinas naturais com autorização para visitação no município, que recebem regramentos específicos definidos pelo Plano de Manejo e redefinidas pela Portaria nº 145/2014 do ICMBio. São elas:

• Galés, com capacidade de até 720 pessoas por dia, distribuídas da seguinte forma: o 10 embarcações do tipo catamarã com no máximo 54 passageiros, por

embarcação;

14 Há uma proposta do ICMBio, a ser discutida na revisão do Plano de Manejo, para que seja permitido também a operação de passeios turísticos nas áreas de conservação do peixe-boi fora dos limites do estuário do Rio Tatuamunha, onde serão estabelecidas regras específicas para a atividade.

o 10 embarcações do tipo lancha com no máximo de 6 passageiros, por embarcação;

o 10 embarcações do tipo escuna com no máximo 12 passageiros, por embarcação.

• Taocas, com capacidade de até 312 pessoas por dia, distribuídas da seguinte forma: o 4 embarcações do tipo catamarã com no máximo 54 passageiros, por

embarcação; o 8 embarcações do tipo lancha com no máximo de 6 passageiros, por

embarcação; o 4 embarcações do tipo escuna com no máximo de 12 passageiros, por

embarcação.

• Barra Grande, com capacidade de até 456 pessoas por dia, distribuídas da seguinte forma: o 6 embarcações do tipo catamarã com no máximo 654 passageiros, por

embarcação; o 12 embarcações do tipo lancha com no máximo de 6 passageiros, por

embarcação; o 5 embarcações do tipo escuna com no máximo de 12 passageiros, por

embarcação.

Além dessas embarcações, estão previstas embarcações que prestam serviço de apoio ao mergulho e outros prestadores de serviço. Destaca-se que no Plano de Manejo e na Portaria ICMBio nº 145/2014 (que altera normas do Plano de Manejo) também fica instituído que não é permitido aos prestadores de serviço realizar mais de um passeio diário por prestador de serviço, e prestar serviços de visitação em mais de uma piscina natural por dia. Além do que, os serviços devem estar previamente autorizados pela APACC/ICMBio.

Figura 29 - Passeios às piscinas naturais de Maragogi. Fonte: Camila Sanches

Como já comentado anteriormente, nas piscinas são permitidas as atividades de transporte de passageiros em catamarãs, lanchas e escunas, além das atividades de mergulho e dos serviços de fotografia subaquática. O interessado em explorar tais serviços deve solicitar autorização ao

ICMBio e no processo de autorização, os interessados devem apresentar, conforme a categoria (ICMBio, 2012, p. 30):

• Embarcações: documentação referente à lei e ao decreto que dispõem sobre a regulamentação do tráfego aquaviário (Lei nº 9.537/97 e Decreto nº 256/98), além de Alvará da Prefeitura para execução da atividade;

• Operadora de mergulho autônomo: CNPJ e Razão Social, a certificação de, no mínimo, um mergulhador na categoria de instrutor e para os demais mergulhadores a categoria de dive master ou equivalente, além de Alvará da Prefeitura para execução da atividade;

• Atividade de fotografia subaquática profissional: certificação de curso específico para exercer a atividade e de primeiros socorros.

Assim, como ocorre em Paripueira, a gestão municipal é parceira do ICMBio e auxilia na fiscalização da área visitada. Destaca-se, que não há formalização desta parceria entre as instituições (ICMBio e prefeitura).

Figura 30 – Embarcação de fiscalização dos passeios às piscinas naturais de Maragogi. Fonte: Camila Sanches

A fiscalização da prefeitura é responsável pela contagem de pessoas nas piscinas, de forma a controlar a capacidade limite definida por dia, de acordo com a Portaria nº 145/2014 que atualizou o Plano de Manejo da APACC. Além disso, esta fiscalização auxilia no controle para cobrança da taxa ambiental estabelecida pelo município, de acordo com o Fundo Municipal de Meio Ambiente, que é de R$ 2,00 por visitante. A prefeitura cobra ainda o Imposto Sobre Serviço (ISS) dos operadores turísticos. As associações existentes em Maragogi (lancheiros, catamarãs, mergulho e escuna) são organizadas e também fazem rodízio nas piscinas. Assim, todos conseguem operar os passeios, já que não é permitido um mesmo operador realizar mais de um passeio diário e em mais de uma piscina natural por dia. Além dessas opções, o turista pode realizar o passeio de orla15, criado como alternativa para os dias de grande procura (principalmente no verão) em que não é possível visitar as piscinas devido o limite de carga permitido. Para esta atividade não é necessária autorização específica do ICMBio, como no caso da visita às piscinas naturais, mas os operadores necessitam ter o alvará da prefeitura, tendo em vista que utilizam de embarcações para a realização das atividades. Além disso, também não existem regras definidas de forma detalhada no Plano de Manejo, sobre as regras para o passeio de orla, como no caso da visitação às piscinas naturais.

15 O passeio de orla é definido como atividades realizadas na faixa entre 200 a 400 metros de distância em relação à faixa de areia.

Tendo em vista que as atividades definidas como passeio de orla estão aumentando, principalmente em Maragogi, mas sendo também demandada por outros municípios, é importante que regras e normas sejam melhor definidas para esta atividade quando da revisão do Plano de Manejo.

Figura 31 – Passeio de orla em Maragogi. Fonte: Camila Sanches

Também foram identificadas no município atividades com brinquedos náuticos16, que acontece de forma incipiente. De modo geral, as pousadas e hotéis disponibilizam os equipamentos para seus hospedes, bem como infraestrutura de praia, como guarda-sol e cadeira.

Figura 32 – Brinquedos náuticos e infraestrutura de praia disponibilizados para os hospedes de uma pousada em Maragogi. Fonte: Camila

Sanches

6.3. Consolidação e análise das atividades existentes nos municípios da APACC abrangidos pelo projeto

De modo geral, as parcerias existentes para realização das atividades turísticas na APACC são frágeis17. Algumas delas acontecem de maneira informal, assim como ocorre em relação as parcerias institucionais junto as prefeituras municipais, por exemplo. Dessa maneira, as contrapartidas, que poderiam auxiliar na fiscalização e nas atividades de educação e

16 Definido pelo Plano de Manejo da APCC como atividades de lazer do tipo banana boat, canoagem/caiaque e stand up. 17 Esta fragilidade será melhor discutida no item XX do presente estudo, a partir de uma análise jurídica.

sensibilização ambiental, não são legitimadas e assim, há uma maior dificuldade no que tange a fiscalização do cumprimento das regras e também no monitoramento das mesmas. As tabelas apresentadas a seguir resumem as atividades identificadas nos municípios da APACC abrangidos pelo projeto e seus agentes reguladores.

Tabela 5 – Resumo das atividades existentes em Paripueira

Atividades Operador Agentes reguladores

ICMBio Prefeitura

Passeios piscinas naturais de Paripueira

Catamarã Privado (vinculados a alguma associação)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará

Lancha Privado (vinculados a alguma associação)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará

Fotografia subaquática

Privado (vinculado a atividade de mergulho e/ou independente, mas que são dependentes das embarcações)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará

Mergulho

Mergulho conduzido

Privado (dependente das embarcações para operação, mas os funcionários deslocam-se em embarcação do privado responsável pela atividade de mergulho)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará

Brinquedos náuticos (incipiente)

Caiaque Operadores avulsos e/ ou também vinculados aos meios de hospedagem

- -

StandUp Operadores avulsos e/ ou também vinculados aos meios de hospedagem

- -

Tabela 6 – Resumo das atividades existentes em São Miguel dos Milagres

Atividades Operador Agentes reguladores

ICMBio Prefeitura

Passeios piscinas naturais de São Miguel dos Milagres

Jangada

Na sede municipal a atividade é autônoma, porém no distrito de Porto da Rua há uma associação, mesmo assim a atividade ainda não é regulamentada por nenhum agente interveniente

Atividade não regulamentada. Está em estudo o ordenamento da visitação nas piscinas naturais e também a capacidade de suporte destes locais

Atividade não regulamentada. Estão avaliando os mecanismos para fornecer alvará aos prestadores de serviços

Catamarã

Atividade autônoma ainda não regulamentada por nenhum agente interveniente e não há qualquer associação

Atividade não regulamentada. Está em estudo o ordenamento da visitação nas piscinas naturais e também a capacidade de suporte destes locais

Atividade não regulamentada. Estão avaliando os mecanismos para fornecer alvará aos prestadores de serviços

Fotografia subaquática

Atividade autônoma ainda não regulamentada por nenhum agente interveniente e não há qualquer associação

Atividade não regulamentada

Atividade não regulamentada

Brinquedos náuticos

Caiaque Operadores avulsos, receptivo local de ecoturismo (Kumbaya Turismo) meios de hospedagem

- -

StandUp

Operadores avulsos, receptivo local de ecoturismo (Sup dos Milagres e Kumbayá Turismo) meios de hospedagem

- -

Passeio no mangue

Trilhas ecológicas

Receptivo local de Ecoturismo (Camboa, Hotel Angá)

- -

Tabela 7 – Resumo das atividades existentes em Porto de Pedras

Atividades Operador Agentes reguladores

ICMBio Prefeitura

Passeios piscinas naturais de Porto de Pedras

Jangada

Atividade autônoma via associação ainda não regulamentada por nenhum agente interveniente e não há qualquer associação

Atividade não regulamentada. Está em estudo o ordenamento da visitação nas piscinas naturais e também a capacidade de suporte destes locais

Atividade não regulamentada

Observação de fauna

Peixe boi Atividade desenvolvida exclusivamente pela associação do peixe-boi

Treinamento dos guias e a associação auxilia no monitoramento do peixe-boi

-

Tabela 8 – Resumo das atividades existentes em Maragogi

Atividades Operador Agentes reguladores

ICMBio Prefeitura

Passeios piscinas naturais de Maragogi

Catamarã Privado (vinculados a alguma associação) Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

Lancha Privado (vinculados a alguma associação) Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

Escuna Privado (vinculados a alguma associação) Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

Fotografia subaquática

Privado (vinculado a atividade de mergulho e/ou independente, mas que são dependentes das embarcações)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

Mergulho

Mergulho conduzido

Privado (dependente das embarcações para operação, mas os funcionários deslocam-se em embarcação do privado responsável pela atividade de mergulho)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

Mergulho de batismo

Privado (embarcação do privado responsável pela atividade de mergulho)

Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

Passeio de orla

Passeio embarcado (lancha,

Privado (vinculados a alguma associação) Autorização (vinculada a liberação do Alvará da prefeitura)

Alvará e ISS

escuna e catamarã)

Venda de bebidas e lanches

Vinculada ao passeio embarcado (bar na própria embarcação) e "vendedores ambulantes aquáticos"

- -

Atividades recreativas

Vinculado ao passeio embarcado (hidroginástica, lambaeróbica, etc)

- -

Brinquedos náuticos (incipiente)

Caiaque Operadores avulsos e/ ou também vinculados aos meios de hospedagem

- -

StandUp Operadores avulsos e/ ou também vinculados aos meios de hospedagem

- -

Tabela 9- Resumo das atividades existentes na APACC

Atividades existentes Paripueira São Miguel dos

Milagres Porto de Pedras

Maragogi

Passeios piscinas naturais

Catamarã

Lancha

Escuna

Jangada

Fotografia subaquática

Mergulho

Mergulho conduzido

Mergulho de batismo

Brinquedos náuticos (incipiente)

Caiaque

StandUp

Passeio no mangue

Trilhas ecológicas

Observação de fauna

Peixe-boi

Passeio de orla

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã)

Venda de bebidas e lanches

Atividades recreativas

7. PROPOSTA PARA AS ATIVIDADES DE VISITAÇÃO DA APA COSTA DOS CORAIS

Conforme já mencionado ao longo do estudo, a APACC já possui diversas atividades de visitação consolidadas, que são distribuídas de acordo com a demanda e especificidade de cada município. Acredita-se que a UC tenha potencial para o desenvolvimento de outras atividades, identificadas tanto nas visitas de campo e nas reuniões com a equipe do ICMBio, com operadores locais e com os representantes institucionais das prefeituras (secretários de turismo e meio ambiente); como em estudos de benchmarking de atrativos naturais marítimos e de ecoturismo.

7.1. Análise das potencialidades dos municípios

Os municípios estudados apresentam qualidades e perfis turísticos distintos. O que se deseja, com o projeto, é potencializar tais características e desenvolver ações sustentáveis que atraiam novos visitantes à região, além de beneficiar a economia local. Sendo assim, observa-se que em Maragogi e em Paripueira o turismo encontra-se em um estágio mais avançado de desenvolvimento e apresenta características de turismo de massa (com foco no segmento de sol e praia), com grande volume de visitantes durante o ano. As atividades propostas para estes municípios têm o objetivo de abrir novas opções ao turista, além de fomentar a educação e interpretação ambiental, de modo que o turista saiba que está visitando uma Unidade de Conservação. Já São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras possuem potencial para o desenvolvimento de atividades turísticas que visem uma maior interação com as comunidades locais e com características de baixo impacto, visando conciliar atividades recreativas com atividades educativas. Neste contexto, conforme mencionado durante a análise das características destes municípios, o ICMBio tem, em conjunto com ONG locais, uma proposta de desenvolvimento de atividades turísticas com características baseadas nas premissas do Turismo de Base Comunitária. O ICMBio acredita que o envolvimento da comunidade local na UC apresenta-se como “um importante caminho para fortalecer os programas de visitação, diversificar as atividades desenvolvidas e agregar valor à experiência dos visitantes, bem como incrementar a renda desses moradores e aproximá-los positivamente da gestão da UC, aumentando, assim, o apoio local à área protegida” (ICMBio, 2017).

7.2. Identificação e caracterização das atividades potenciais

Neste item serão apresentadas as atividades potenciais da APACC, propostas como sugestões iniciais, a serem validadas junto à equipe gestora da UC, assim como da equipe da CGEUP, para incrementar e diversificar as possibilidades de visitação da UC, além de proporcionar um maior contato dos turistas com a natureza, divulgando também que a visita ao litoral norte do estado de Alagoas ocorre dentro dos limites de uma importante UC Marinha. Algumas delas já acontecem, mas de maneira incipiente e desorganizada, sendo assim, foram consideradas, ainda, como atividades potenciais. As atividades potenciais podem ser organizadas da seguinte maneira:

BILHETERIA

ATIVIDADES NO MANGUEZAL

ATIVIDADES DE PRAIA

ATIVIDADES NÁUTICAS Na sequência, há a descrição das atividades, com imagens e referências de boas práticas na gestão de ecoturismo que possam ser incorporadas à APACC.

7.2.1. Bilheteria

Atualmente, a visitação nas áreas da APACC ocorre sem a cobrança de taxas específicas para visitação da UC pelo ICMBio. Conforme exposto ao longo do estudo, em alguns municípios, como por exemplo, Maragogi, há uma taxa ambiental cobrada pela prefeitura, mas esta não é cobrada do visitante e sim do operador que desenvolve as atividades passíveis de cobrança

desta taxa. A venda dos passeios às piscinas naturais se dá de maneira desorganizada, cada operador atua de um jeito e em muitos casos não há contagem efetiva do número de visitantes. Diante deste quadro, como uma das opções para um melhor controle da visitação, propõe-se a implantação de um sistema de bilheteria única para venda dos passeios às piscinas naturais e cobrança de possível taxa de visitação/ ingresso pelo ICMBio. O sistema poderá ser implantado e gerido por meio de parcerias com entidades públicas e/ou privadas, assim como as infraestruturas físicas necessárias, que poderão ser inseridas em diferentes pontos da APACC e municípios, tendo como finalidade:

• Controlar de forma mais efetiva e eficiente a visitação da APACC;

• Recepcionar, informar e orientar os visitantes a respeito da visitação na UC, com pequena exposição interpretativa, de forma a sensibilizar o turista de que está em uma UC, que deve ser preservada e cuidada;

• Vender os passeios às piscinas naturais (transporte de passageiros, atividades de mergulho e fotografia subaquática);

• Monitorar o número de visitantes, bem como seu perfil;

• Explorar a venda de produtos da UC e artesanato local.

Considera-se a implantação desse serviço uma oportunidade de maior controle e ordenamento das atividades de visitação do principal atrativo da APACC (as piscinas naturais em ambientes recifais), tendo como foco a organização dos passeios, o controle da visitação e a educação ambiental, já que junto à estrutura pode ter espaço expositivo sobre a UC.

Bonito, município turístico do Mato Grosso do Sul, apresenta-se como um bom exemplo de sistematização e venda de passeios. A cidade conta com mais de 60 atrativos turísticos que só podem ser comercializados pelas agências de turismo local, ou seja, elas são as únicas autorizadas a reservar e comercializar os passeios. Os preços dos passeios são tabelados, o que faz com que as agências cadastradas foquem na concorrência pela qualidade dos serviços oferecidos aos turistas. Sendo assim, nenhum passeio turístico em Bonito recebe um visitante sem o voucher único, um tipo de entrada que é permitido exclusivamente pelas agências de turismo locais, que já distribuem a renda para cada setor envolvido no turismo. Sem o voucher e sem a reserva, a entrada é barrada em todos os lugares.

Figura 33 - Venda de passeios on-line em agência de turismo de Bonito. Fonte: Site Bonitotour

Assim como na APACC, os atrativos de Bonito têm limitação diária de visitantes, que também é controlada pelo sistema do voucher único, que reserva eletronicamente o dia do passeio para o visitante por meio das agências de turismo locais. . É possível reservar um passeio com até

seis meses de antecedência, garantindo ao turista a organização de sua viagem. É interessante observar também que para realização dos passeios é obrigatório o acompanhamento de um guia de turismo especialista, que tem curso e formação sobre a área visitada. O nome do guia de turismo é especificado no voucher. Sendo assim, Bonito tem se tornado referência em preservação ambiental e organização turística em todo o mundo. O sistema foi inserido pela necessidade de se implantar um meio de controle que hoje é referência no país sendo usada para fins estatísticos, de arrecadação municipal, evitando a evasão fiscal, controlando a visitação dos passeios e mensurando a capacidade de carga (Mariano, Gomes, & Salvadori). De modo geral, o sistema funciona da seguinte maneira (Almeida, 2013):

• A prefeitura disponibiliza, controla e fornece os vouchers para as agências de turismo locais cadastradas;

• Agências de turismo preenchem os vouchers e escolhe o guia de turismo que irá acompanhar o turista ou o grupo;

• Turista solicita e paga o passeio, pega o voucher e é acompanhado pelo guia de turismo;

• Atrativo recebe o voucher e proporciona o passeio;

• Guia de turismo acompanha o grupo e cobra das agências de turismo pelo serviço realizado.

O voucher único foi criado pelo COMTUR Conselho Municipal de Turismo), através da Instrução

Normativa nº 001/95, como instrumento de ordenamento da atividade turística do município. Sua

criação contribuiu para induzir a um modelo de gestão, baseada na constituição de uma rede de

cooperação voltada à exploração sustentável dos recursos naturais municipais, envolvendo o poder

público e o trade turístico. Pode-se defini-lo como “um contrato de prestação de serviços futuros no

ramo de turismo” (Mariano, p.3).

O conceito do sistema foi criado por um empresário local de Bonito, que inicialmente era impresso

em bloco, controlado pela Secretaria de Meio Ambiente, emitido pelas agências locais de turismo,

que uma vez por semana repassavam os valores arrecadados a cada parceiro (proprietários dos

atrativos, guias de turismo e prefeitura). Neste contexto, comenta Mariano que é necessário

“seriedade de todos os envolvidos, desde os serviços operacionais, infraestrutura pública,

planejamento e marketing local, através de uma ação integrada que objetive a manutenção e o

desenvolvimento do destino”.

Atualmente o município conta com o voucher único digital, permitindo um maior controle da

visitação, além de proporcionar a emissão de relatórios em tempo real.

Outro importante aspecto a ser considerado, junto as bilheterias, é a exploração da imagem da APACC. A infraestrutura poderá contar com loja de souvenirs, para venda e exposição de artesanato local e souvenirs da APACC, que poderá utilizar como conceito nos produtos os aspectos da paisagem, fauna e flora encontrados na UC. Assim, o parceiro poderá explorar a marca da APACC para fabricação e venda de produtos exclusivos como camisetas, canecas, bichos de pelúcia, etc. Além disso, é interessante que sejam comercializados o artesanato local, de modo a reforçar a produção da comunidade por meio de programas socioambientais.

Figura 34 - Produção de identidade visual e produtos para o Parque Nacional de

Jericoacoara Fonte: Natureza Urbana para ICMBio – Estudo de Viabilidade para implantação de PPP no Parque Nacional de

Jericoacoara.

É interessante destacar que o sistema de bilheteria poderia auxiliar na organização das autorizações dos operadores de serviços das piscinas naturais da APACC, com maior controle das embarcações e dos próprios operadores. Estas podem receber identificação própria com selo do ICMBio.

7.2.2. Atividades no Manguezal

A APACC possui diversas áreas de manguezal, que são fundamentais para a manutenção da vida marinha. Acredita-se que estes espaços possuem potencial para realização de atividades de educação e interpretação ambiental de forma a ensinar e sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação do ecossistema; e atividades de ecoturismo de baixo impacto, utilizadas para gerar multiplicadores da consciência de preservação do meio ambiente.

Atividades de ecoturismo em manguezal são encontradas em diversas localidades pelo Brasil, como em Itacaré (Bahia), Porto de Galinhas (PE), Boipeba (BA), Praia Grande (SP), São Vicente (SP) e em diversas regiões do Estado de Alagoas. Destaca-se também que os países da Ásia exploram de maneira interessante e sustentável as áreas de mangue. Figura 35 - Trilha para Jeribucaçu pela Cachoeira da Usina em Itacaré. Atividade realizada por agências

ecoturismo, com guias capacitados da região.

Fonte: Agência Bicho Preguiça

Propõe-se, portanto, as seguintes atividades recreativas no manguezal para a APACC:

• Trilhas interpretativas e educativas, além da observação da fauna e flora;

• Passeio de caiaque ou Stand Up Padlle;

• Passeio noturno (lua cheia);

• Passeio de jangada;

• Infraestruturas de visitação flutuante.

Dentre os locais onde são realizadas atividades no manguezal, destaca-se a Canoagem Ecológica no Manguezal Praia Grande e São Vicente, no Estado de São Paulo, que oferece aos participantes desvendarem os encantos do ecossistema. O passeio consiste em uma aula sobre a importância do ecossistema aliada a duas horas de remadas em canoas canadenses, com direito a avistamento de aves e à contemplação do manguezal. É permitido até três pessoas por canoa, acompanhadas de um guia especializado, que vai em uma das canoas, orientando o roteiro e dando aula sobre os mangues.

Figura 36 - Canoagem no

mangue Fonte: Revista nove – Ecoturismo: o lado verde do litoral

A área de manguezal possui grande potencial para atividades de educação ambiental junto às escolas da região e até mesmo aos turistas que queriam aprender mais sobre o ecossistema. Neste sentido, o Parque Estadual Ilha do Cardoso, situado no extremo sul do estado de São Paulo tem desenvolvido interessante projeto, que recebe escolas para atividades de campo no mangue. Figura 37 – Alunos do Colégio Magno em atividade de campo no Parque Estadual Ilha do Cardoso em São

Paulo.

Fonte: Estudo do Meio – Colégio Magno

Para realização das atividades no manguezal, pode ser interessante a implantação de infraestruturas de apoio, de modo a facilitar a visitação e os acessos dos visitantes. Estas precisam ser em material que se integrem na paisagem, sem gerar impactos na natureza. Para tanto, será necessário estudo do meio, identificando quais são os pontos que podem ser visitados e onde há necessidade de implantação de tais infraestruturas.

Figura 38 – (1) Visitação na Mangrove Forest na Indonésia; (2) em Peam Krasop Wildlife Sanctuary no

Camboja; e (3) na Ngurah Rai Grand Florest Park na Indonésia.

Fonte: (1) Swaratours, (2) Mekongresponsibletourism e (3) Indonesia traveling guide

Poderão ser consideradas atividades em infraestruturas flutuantes, tanto para observação e contemplação da natureza, como para prestação de serviços aos visitantes, como venda de alimentos e bebidas.

Figura 39 – (1) Infraestrutura flutuante na Mangrove Florest, Indonésia;

Fonte: (1) Mangrove biodiversity as tourism attraction: the perspective of tourist_JBES, (2)

• Observou-se que os municípios objetos do estudo, Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, possuem áreas de manguezal e, portanto, apresentam potencial para abrigar as atividades de mangue.

Os municípios possuem características diferentes, sendo assim, para implantação das atividades no manguezal deseja-se que em São Miguel dos Milagres e em Porto das Pedras elas estejam relacionadas às premissas do turismo de base comunitária, capacitando a população local para a exploração e ações de educação ambiental. Já em Paripueira e Maragogi, que possui turismo consolidado de grande público, uma das possibilidades é implantar passeios com jangada artesanal pelo rio, para observação da fauna e flora. Destaca-se, no entanto, que para realização destas atividades é necessário avaliar, em conjunto com a equipe do ICMBio, as fragilidades ambientais das áreas para que sejam propostas atividades condizentes com a capacidade de suporte das áreas de manguezais da

APACC. Além disso, é importante destacar também que, uma vez validada junto à equipe da APACC e CGEUP, as atividades propostas serão melhor analisadas, no segundo momento do presente estudo, sob a ótica econômica, onde será feita uma análise da a viabilidade econômica do desenvolvimento destas atividades. É importante destacar que o Plano de Manejo da APACC, define as áreas de manguezal como Zona de Uso Sustentável, no qual estão permitidos os serviços de turismo náutico, de passeio de orla e aluguel de brinquedos náuticos, sendo aqui as propostas condizentes com as diretrizes gerais do Plano de Manejo. Além disso, é válido ressaltar também que, a partir da revisão do Plano de Manejo, estas atividades devem ser consideradas e também expostas as regras para a prática visando facilitar a implantação das atividades, assim como fiscalizá-las e monitorá-las.

7.2.3. Atividades de praia

Já ocorre nas praias da UC o turismo de sol e mar. Os receptivos a beira mar e a rede de hospedagem oferecem aos turistas cadeiras de praia, guarda-sol, brinquedos náuticos e serviços de alimentação. Visando a implantação de novas atividades na APACC, propõe-se a implantação de serviços de aluguel de bicicletas, a realização de caminhadas de longo curso, que poderão usar as infraestruturas dos municípios como apoio; e a recepção de eventos esportivos, tais como triathlon e corrida de aventura na praia.

A Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA), referência nacional de organização empresarial nos seguimentos de Ecoturismo, Turismo de Aventura e Natureza, incentiva a prática de caminhadas de longo curso que a caracteriza como (ABETA, 2017) “realização de percurso a pé, em ambientes naturais com pouca infraestrutura, com diferentes graus de dificuldade. Na caminhada de longo curso, o praticante pernoitará em locais ao longo da trilha, pois o trecho percorrido excede o limite de um dia de viagem. O pernoite pode acontecer em situações diversas, como acampamentos, pousadas, fazendas e bivaques, entre outros”. No caso da APACC, a atividade poderá utilizar a infraestrutura turística dos municípios. Em praias, a atividade vem ganhando adeptos. É o caso, por exemplo, da travessia da praia do Cassino, considerada a maior praia do mundo no Rio Grande do Sul. O roteiro é de 7 dias e 6 noites, com início na Praia do Cassino e término nos Molhes do Arroio Chuí, na divisa com o Uruguai. O percurso é de 220 km em faixa de areia contínua. Diferente da APACC, o local não possui infraestrutura (hotéis, pousadas, lojas, sanitários, sinal de telefone).

Figura 40 – Travessia Praia do Cassino.

Fonte: Roraima Brasil

Com relação ao aluguel de bicicletas, pode-se citar como referência o Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha, que tem incentivado o uso do equipamento no interior da UC, por ser uma solução sustentável de locomoção. Em 2015 foi implantado o “Bike Noronha”, projeto de compartilhamento gratuito de bicicletas para turistas e moradores que queiram explorar a ilha sobre duas rodas. Os equipamentos podem ser retirados nas pousadas ou bicicletários espalhados pelo território. Também é possível alugar bicicletas elétricas (ou convencionais, caso as do “Bike Noronha”) estejam 100% emprestadas. As bicicletas e estações de compartilhamento foram uma doação do Banco Itaú, que também patrocina o sistema que funciona em Recife e em outras regiões do Brasil. De modo a incentivar o uso do equipamento, o projeto distribuiu gratuitamente bicicletas aos moradores locais, de modo que seja a ferramenta de locomoção mais utilizado na ilha.

Figura 41 - Bike Noronha.

Fonte: Férias Brasil, Fernando de Noronha

7.2.4. Atividades náuticas

A APACC já possui diversas atividades náuticas, categorizadas como transporte de passageiros com embarcações, mergulho e fotografias subaquáticas. Em visita de campo, junto com a equipe do ICMBio, operadores locais e com os representantes institucionais das prefeituras foram identificadas outras atividades náuticas potenciais de serem implantadas na UC. Destaca-se, no entanto, que para a implantação de tais atividades é necessário avaliar, em conjunto com a equipe do ICMBio as áreas onde poderão ocorrer, bem como a identificação das fragilidades ambientais das áreas para que sejam propostas atividades condizentes com a capacidade de suporte. A implantação de tais atividades visa oferecer ao visitante novas oportunidades de visitação dentro da APACC, diversificando, inclusive, algumas atividades já existentes. Assim, o turista pode permanecer por mais tempo na região, incrementando e desenvolvendo a economia local. Propõe-se as seguintes atividades náuticas: Passeio de orla com jangada artesanal, travessia com brinquedos náuticos, trilha subaquática para educação e interpretação ambiental, mergulho de batismo, noturno e em naufrágios; pesca turística noturna e esportes náuticos com kitesurf e windsurfe.

As trilhas subaquáticas têm sido uma das atrações mais procuradas durante o verão no Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA), em Ubatuba (SP), que são realizadas em conjunto com o

Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e com a ONG Ecosteiros. Este tipo de atração tem um conceito diferente, pois além das belezas naturais da superfície da Ilha Anchieta, segundo maior ilha do Estado, ela tem parte de seu percurso com mergulhos livres e passeios de caiaque. Segundo SMA/SP (2017), o obejtivo do passeio é fazer com que os visitantes conheçam um pouco mais sobre as espécies do parque, promovendo a sensibilização ambiental; além de despertar nas pessoas a existência de um universo de atividades relacionadas ao ambiente marinho, assim como ressaltar a importância dos ecossistemas deles. As trilhas possuem diferentes níveis de dificuldade, que contemplam pessoas de diferentes idades e níveis de condicionamento. Existem as seguintes modalidades:

• Trilha de mergulho livre ao longo de 350 m de costão, com paradas nos pontos de treinamento e de interpretação ambiental. É acompanhado por balsa de apoio e segurança;

• Aquário natural, sem precisar mergulhar. Piscina natural situada em uma praia protegida das ondas e com profundidade inferior a 1 metro;

• Trilha em caiaques ao longo de 350 m de costão, com paradas em pontos para interpretação do ecossistema. Está incluído o uso de colete salva-vidas além dos demais equipamentos de segurança;

• Trilha dos ecossistemas que consiste em caminhada terrestre ao longo de 300 m, cortando a região do parque;

• Trilha do Engenho e parte histórica da ilha.

Todas as atividades são gratuitas, acompanhadas por monitores voluntários, que realizam o módulo prático do curso “Educação Ambiental em Unidades de Conservação Marinha” promovido pela USP. O turista só deve pagar o ingresso do parque.

Figura 42 – Piscina Natural na praia do engenho do Parque Estadual Ilha Anchieta.

Fonte: (SMA/SP, 2017)

Figura 43 – Trilha subaquática com caiaque no Parque Estadual Ilha Anchieta.

Fonte: (SMA/SP, 2017)

Na APACC pode ser implantado, além das atividades apresentadas do Parque Estadual Ilha do Anchieta, o passeio com embarcações de fundo de vidro. Este tipo de atividade é oferecido no Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha, com embarcação do Projeto Natureza Viva. A embarcação Navi possibilita o passeio de barco com visão do fundo do mar através de uma grande lente de vidro no fundo do barco. Ela foi desenvolvida originalmente pela Marinha Soviética para uso militar. O passeio marítimo, que pode ser realizado de noite também, é acompanhado de um instrutor qualificado e material descritivo, que auxilia o turista a interpretar a natureza submarina de Fernando de Noronha.

Figura 44 – Embarcação do Projeto Navi no Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha.

Fonte: G1

7.3. Matriz Resumo de atividades x municípios

A seguir é apresentada tabela resumo com a proposta das atividades potenciais para cada município objeto da pesquisa.

Tabela 10 – Resumo das atividades potenciais por município

Atividades potenciais Paripueira São Miguel dos

Milagres Porto de Pedras

Maragogi

Bilheteria

Bilheteria

Atividades no manguezal

Trilhas interpretativas

Caiaque

StandUp Padlle

Passeio Noturno (lua cheia)

Observação de fauna/ flora

Passeio de jangada sem motor

Atividades de praia

Aluguel de Bicicleta

Caminhada de longo curso

Atividades esportivas

Atividades náuticas

Passeio de orla com jangada artesanal

Travessia (caiaque oceânico, SUP, canoa polinésia)

Trilha subaquática para educação e interpretação ambiental

Mergulho de batismo

Mergulho noturno

Mergulho em naufrágios

Pesca Turística noturna (Tainha e Agulhinha)

Esportes náuticos (kitesurf, windsurf)

7.4. Priorização das atividades turísticas nos municípios da APACC abrangidos pelo Projeto

Como demonstrado ao longo do documento, pode-se classificar as atividades turísticas apresentadas no estudo de duas formas: as (1) atividades existentes, que são aquelas que já ocorrem na APACC, mesmo que de maneira incipiente e sem ordenamento; e as (2) atividades potenciais, propostas com objetivo de abrir novas opções ao turista, além de fomentar a educação e interpretação ambiental na região. Entende-se que para o aprimoramento da gestão da UC deve-se buscar tanto o fortalecimento e modernização das atividades e parcerias já existentes, bem como o desenvolvimento de novos modelos de parceria para e quando forem implantadas novas atividades na APACC. Dessa maneira, a proposta para a ordem de prioridade da regularização, ordenamento e implementação das atividades de visitação na APACC foi organizada de duas maneiras, estando vinculadas às atividades existentes e às atividades potenciais18.

18 É importante salientar que a proposta de ordenamento e implementação se baseou também no atual zoneamento da UC e sobre as regras/ normas de cada zona. Para implantação das atividades, sugere-se que, durante a revisão do atual plano de manejo, sejam estabelecidas regras e normas para o desenvolvimento das

A priorização de regularização da parceria está relacionada às atividades existentes. Apesar de precárias, algumas atividades turísticas na APACC, principalmente aquelas relacionadas às piscinas naturais de Maragogi e Paripueira, estão ordenadas e já possuem instrumentos que regularizam a exploração do serviço na UC por meio das autorizações emitidas pelo ICMBio, por exemplo. Acredita-se que o que deve ser feito, neste caso, é fortalecer as parcerias já estabelecidas através do aprimoramento dos instrumentos jurídicos de parcerias disponíveis19. Há, no entanto, atividades que estão em processo de ordenamento pelo ICMBio, como por exemplo, o passeio às piscinas naturais de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. Estas necessitam de regramento específico o quanto antes, além do estabelecimento de instrumentos de parceria para a realização do serviço turístico, que respalde tanto o ICMBio quanto o operador, instituindo claramente as obrigações e deveres de ambas as partes. Sendo assim, a ordem de prioridade para as atividades existentes tem relação com a regularização e ordenamento atual da atividade, na qual deve-se avaliar e aprimorar os mecanismos jurídicos de modo a fortalecer a atividade e a gestão da APACC, além de garantir a conservação dos ecossistemas da UC. Portanto, as atividades existentes identificadas como “atividades sem ordenamento e regularização” devem ser priorizadas frente aquelas que já são ordenadas e que necessitam apenas de ajustes no modelo de parceria, marcadas como “atividades já ordenadas pelo ICMBio, mas que possuem instrumentos de parceria a serem aprimorados”.

1. Atividades sem ordenamento e regularização

2. Atividades já ordenadas pelo ICMBio, mas que possuem instrumentos de parceria a serem aprimorados

A intenção desta priorização é minimizar os impactos ambientais dos serviços turísticos que ainda não foram ordenados dentro da APACC e que, por isso, devem ser priorizados. No processo de regularização destes primeiros serviços, sugere-se avaliar os modelos jurídicos indicados no estudo20, de modo a fortalecer as relações entre as partes. Em um segundo momento, as atividades que já são ordenadas, passarão pela atualização de seus modelos, tendo como base os contratos aplicados na primeira fase de implementação do projeto.

atividades. Desta forma, entende-se que os objetivos de conservação e desenvolvimento sustentável será preservado, proporcionando melhores experiências para os visitantes, comunidade local e órgãos gestores. 19 A ser melhor discutido nos itens 13 e 14 do presente estudo 20 Apresentados nos itens 13 e 14

Com relação às atividades potenciais propostas neste estudo, sugere-se que a ordem de priorização de implantação das novas atividades tenha como base os objetivos de criação da APACC, dentre os quais destaca-se (ICMBio, 2012, p.17):

• Objetivos gerais o Ordenar o turismo ecológico, científico e cultural, e demais atividades

econômicas compatíveis com a conservação ambiental; o Incentivar as manifestações culturais contribuindo para o resgate da

diversidade cultural regional.

• Objetivos específicos o Estabelecer linhas de pesquisas prioritárias para APA proporcionar meios e

incentivos para atividades de pesquisa científica e estudos, para subsidiar o manejo e monitoramento da APA;

o Assegurar a divulgação para o reconhecimento da sociedade da importância da APA para a melhoria manutenção da qualidade de vida;

o Propiciar desenvolvimento socioambiental da população local garantindo o acesso as informações conhecimento;

o Incentivar a prática de atividades de baixo impacto; Sendo assim, sugere-se a seguinte ordem de implantação para as novas atividades:

1. Atividades para o aprimoramento e organização da gestão da APACC

2. Atividades voltadas para a educação e sensibilização ambiental

3. Alternativas turísticas complementares

Esta ordem de prioridade foi construída com a finalidade de, primeiramente aprimorar e organizar a gestão das atividades turísticas que já são oferecidas na APACC, além de ordenar as atividades recorrentes, identificadas nas reuniões da visita de campo. Em seguida, são priorizadas as atividades voltadas para a educação e sensibilização ambiental, entendidas como essenciais para que o turista e a comunidade tenham o conhecimento sobre a UC. A intenção é fortalecer a imagem da APACC na região para “assegurar a divulgação para o reconhecimento da sociedade da importância da APA para a melhoria manutenção da qualidade de vida”. As atividades entendidas como alternativas turísticas visam complementar o panorama turístico da região, de modo a incentivar o desenvolvimento econômico local. A seguir, são apresentadas as matrizes de priorização sugeridas conforme exposto acima. Estas visam auxiliar no monitoramento e avaliação da implementação das atividades e dos modelos jurídicos, permitindo aos gestores uma gestão eficiente sobre o planejamento e execução das atividades previstas no estudo.

7.4.1. Atividades existentes

Tabela 11 - Priorização das atividades existentes

Atividades existentes Paripueira São Miguel dos Milagres

Porto de Pedras

Maragogi

Passeios piscinas naturais

Catamarã

Lancha

Escuna

Jangada

Fotografia subaquática

Mergulho

Mergulho conduzido

Mergulho de batismo

Brinquedos náuticos (incipiente)

Caiaque

StandUp

Passeio no mangue

Trilhas ecológicas

Observação de fauna

Peixe-boi

Passeio de orla

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã)

Venda de bebidas e lanches

Atividades recreativas

Legenda:

1. Atividades sem ordenamento e regularização

2. Atividades já ordenadas pelo ICMBio, mas que possuem instrumentos de parceria frágeis

7.4.2. Atividades potenciais

Tabela 12 - Priorização das atividades potenciais

Atividades potenciais Paripueira São Miguel dos Milagres

Porto de Pedras

Maragogi

Bilheteria

Bilheteria

Atividades no manguezal

Trilhas interpretativas

Caiaque

StandUp Padlle

Passeio Noturno (lua cheia)

Observação de fauna/ flora

Passeio de jangada sem motor

Atividades de praia

Aluguel de Bicicleta

Caminhada de longo curso

Atividades esportivas

Atividades náuticas

Passeio de orla com jangada

artesanal

Travessia (caiaque oceânico, SUP, canoa polinésia)

Trilha subaquática para educação e interpretação ambiental

Mergulho de batismo

Mergulho noturno

Mergulho em naufrágios

Pesca Turística noturna

Esportes náuticos

Legenda:

1. Atividades para o aprimoramento e organização da gestão da APACC

2. Atividades voltadas para a educação e sensibilização ambiental

3. Alternativas turísticas complementares

8. ANÁLISE ECONÔMICA SOBRE O CONTEXTO TURÍSTICO DOS MUNICÍPIOS DA APACC ABRANGIDOS PELO PROJETO

A partir da compreensão territorial da Costa dos Corais, e dos municípios da APACC abrangidos pelo projeto, no que tange ao contexto turístico, perfil dos visitantes, atividades turísticas atuais e potenciais, priorização de ordenamento das atividades, dentre outras informações, esta seção busca apresentar os elementos econômicos dos cenários apresentados ao longo do estudo com objetivo de qualificar e quantificar monetariamente o turismo nos municípios. Esta quantificação é importante, pois irá contribuir na tomada de decisão da equipe gestora da UC e da CGEUP no que tange aos próximos passos do projeto (etapa 2), concomitantemente ao que se apresenta nos itens 13 e 14, quando da avaliação dos instrumentos jurídicos.

8.1. Projeção de Demanda Turística dos Municípios da APACC abrangidos pelo Projeto

Esta seção tem como intuito identificar o potencial turístico explorado e não explorado dos municípios. Para tanto, é analisado sob a ótica econômica, o perfil do turista típico da região, bem como seu orçamento potencial a ser alocado com passeios turísticos na região. Em seguida, analisa-se o portfólio de atrações turística disponíveis na região e atividades potencialmente oferecidas no futuro, baseado nos levantamentos já apresentados anteriormente. Para as principais atividades oferecidas, é feito estudo detalhado, estimada a demanda média, receitas anuais e analisado os custos envolvidos na atividade. Por fim, todas as informações são consolidadas em uma análise dos roteiros turísticos potenciais e verifica-se se os valores cobrados pelos passeios são aderentes ao orçamento do turista típico. Os estudos apresentados nesta seção são baseados em informações obtidas no Ministério do Turismo21, Banco Central do Brasil22, ICMBio23, relatório Fipe (2012)24 e através dos resultados obtidos em campo.

21 Endereço eletrônico Ministério do Turismo (Mintur): www.turismo.gov.br. 22 Endereço eletrônico Banco Central do Brasil (BCB): www.bcb.gov.br. 23 Endereço eletrônico Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio): www.icmbio.gov.br/. 24 Fipe (2012): Estudo da demanda turística doméstica. Relatório elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) e disponibilizado pelo Ministério do Turismo com dados sobre o dimensionamento e caracterização do mercado interno de viagens no Brasil.

8.1.1. Perfil do Turista sob a ótica econômica

A análise do perfil do turista consiste em estimar o gasto médio esperado para o turista que visita a região, bem como o percentual desse valor reservado para as atrações oferecidas nos municípios de Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, ou seja, o valor esperado que um turista típico gasta com visitas às piscinas naturais, observação da fauna local ou com atividades de mergulho. A análise tem início com o turista doméstico, e, em seguida analisa-se o turista internacional. Por fim, discute-se a distribuição de gastos esperada para cada tipo de turismo. A tabela 13 apresenta o gasto médio per capita e o gasto médio per capita diário do turista doméstico com destino ao estado de Alagoas (AL). Os valores são obtidos em Fipe (2012) e são atualizados para valores correntes (maio/2017) pelo IPCA disponibilizado pelo IBGE. Como pode-se observar, o turista típico que visita a região apresenta gasto médio de R$ 3.063,72. De acordo com Fipe (2012), o período médio de viagem a lazer de um turista doméstico é de 8,7 dias, o que implica em gasto médio diário de R$ 352,15.

Tabela 13: Gastos Médio Turista Doméstico com Destino ao Estados de Alagoas (AL)

Informação R$

(Valores set/2012) R$

(Valores mai/2017)***

Gasto per capita* 2.228,43 3.063,72

Gasto per capita por dia** 256,14 352,15

Nota: *Gasto médio do turista com destino ao estado de AL. **Permanência média doméstica motivo lazer: 8,7 dias (Fipe, 2012). **IPCA acumulado entre set/2012 e mai/2017: 137,48%.

A tabela 14 apresenta a análise feita para o turista internacional. As informações dessa análise são obtidas no Ministério do Turismo e referem-se aos turistas que visitaram o Brasil a lazer em 2014 e 2015. Nesse período, o gasto médio do turista internacional é de U$ 74,22, ou aproximadamente R$ 245,79. Além disso, o período médio de estadia é superior ao do turista doméstico e tem média de 12,5 dias.

Tabela 14: Gastos Médio Turista Internacional com Destino aos Estado de AL

Anos 2014 2015 Média

Gasto Médio Per Capita diário (US$) 86,98 67,12 74,22

Gasto Médio Per Capita diário (R$)*

277,47 214,11 245,79

Permanência Média (Turismo Lazer) - Pernoites

13,4 11,6 12,5

Nota: *Valor convertido pela taxa de câmbio de 3,19 (expectativa para taxa de câmbio média de 2017 de acordo com sistema Focus do Banco Central em 23/05/2017).

Portanto, com as informações dos turistas doméstico e internacional, pode-se estimar o gasto médio esperado para cada um dos perfis durante todo o período de viagem. Desta forma, estima-se que esse valor é de R$ 3.063,72 para o turista doméstico e R$ 3.072,37

( ) para turista internacional. Sendo assim, a estimativa de gastos de ambos perfis é semelhante, porém o turista internacional apresenta dispêndio superior. A tabela 15 consolida as informações de dispêndio total e apresenta sua distribuição nas classes: Transporte, Transporte local, Hospedagem, Alimentação, Compras pessoais, Passeios e

Atrações turísticas, Diversão Noturna, e Outros. Com isso, obtém-se a estimativa de gastos alocados em cada categoria.

Tabela 15: Distribuição dos gastos em viagens

Distribuição gastos Gastos estimados

Item Gasto % Turista Doméstico

(viagem de 8,7 dias)

Turista Internacional (viagem de 12,3 dias)

Transporte 30,3% R$ 927,80 R$ 930,42

Transporte local 3,2% R$ 97,67 R$ 97,94

Hospedagem 15,1% R$ 463,62 R$ 464,93

Alimentação 22,4% R$ 687,15 R$ 689,09

Compras pessoais 13,3% R$ 408,74 R$ 409,89

Passeios e Atrações turísticas 6,5% R$ 197,81 R$ 198,37

Diversão Noturna 4,9% R$ 150,42 R$ 150,84

Outros 4,3% R$ 130,52 R$ 130,89

Total 100,0% R$ 3.063,72 R$ 3.072,37

Nota: Dados de distribuição obtidos no relatório Fipe (2012).

A categoria de maior interesse para análise refere-se a “Passeios e Atrações turísticas”, pois representa melhor as atividades analisadas neste estudo. Porém, devido às características da região analisada e, consequentemente, ao perfil do turista que visita a região, cabe destaque para as categorias “Diversão Noturna” e “Outros”. As principais atrações da região envolvem as praias, passeios na natureza e observação da fauna local. Além disso, não é oferecido diversificado portfólio atrações ou diversas atrações relacionadas a categoria “Diversão Noturna”. Portanto, é razoável esperar que 6,5% do orçamento total do turista seja o valor mínimo a ser gasto com atividades relacionadas a “Passeios e Atrações turísticas”, uma vez que essa categoria naturalmente captura parte do orçamento das categorias “Diversão Noturna” e “Outros”.

8.1.2. Atividades Potenciais e Uso Capacidade Atual sob a ótica econômica

Esta seção tem como intuito analisar o portfólio de atividades oferecidas na região, bem como as atividades potencialmente oferecidas no futuro sob a ótica econômica, uma vez que estas foram elencadas e apresentadas nas seções anteriores de forma a caracterizá-las e priorizá-las. Para tanto, são listadas todas as atividades que podem ser oferecidas na região, e, em seguida, são analisados os preços, custos, demanda e receitas das principais atividades. Por fim, é estimada a remuneração total esperada por atividade para cada município situado na Costa dos Corais. A Tabela 16 dá início a análise com a exposição de todas as atividades que são oferecidas e que podem ser potencialmente oferecidas nos municípios analisados. Ao todo são listadas 27 atividades, entre aquelas oferecidas e potencialmente oferecidas. Além disso, as atividades se diversificam de acordo com o município analisado, conforme já colocado anteriormente ao longo do estudo.

Tabela 16: Atividades oferecidas e potenciais dos Municípios da APACC abrangidos pelo projeto

Atividades Costa dos Corais

Cidades Maragogi Paripueira Porto de Pedras

São Miguel dos Milagres

Atividades existentes

Caiaque x x x

Catamarã x x x

Escuna x

Foto sub x x x

Jangada x x

Lancha x x

Mergulho conduzido x x

Mergulho de batismo x

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã) x

Peixe boi x

Stand Up x x x

Trilhas ecológicas x

Atividades potenciais

Bicicleta x x x x

Caiaque x

Caiaque oceânico (rota) x x x x

Caminhada de longo de curso x x x x

Kitesurf x

Mergulho de batismo x

Mergulho em naufrágios x

Mergulho noturno x

Passeio de orla x

Passeio Noturno (lua cheia) x x x x

Pesca Turística (Tainha e Agulhinha - noturna) x

Stand Up x

Stand Up (rotas oceânicas) x x x x

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental

x x x

Trilhas interpretativas e educativas x x x x

Turismo de observação de fauna/ flora x

Windsurf x

Rota do peixe-boi (passeio de Jangada artesanal) x

Fonte: pesquisa de campo.

Na Tabela 17, a seguir, analisa-se as seguintes atividades oferecidas na região: Catamarã, Escuna, Fotos sub, Jangada, Lancha, Mergulho conduzido, Mergulho de batismo e passeio de avistamento do Peixe boi. Conforme já exposto, estas são as principais atividades desenvolvidas atualmente na região e também as únicas para as quais obteve-se informações de demanda.

Tabela 17: Preços das Atividades Existentes

PREÇOS ATIVIDADES

Cidades Maragogi Paripueira Porto de Pedras

São Miguel dos Milagres

Média

Catamarã

Preço Principal 75 50 50 R$ 58,33

Preço extra* 15 10 R$ 12,50

Escuna

Preço Principal 50 R$ 50,00

Preço extra* 15 R$ 15,00

Fotos sub

Preço Principal 30 30 R$ 30,00

Preço extra* -

Jangada

Preço Principal 50 50 R$ 50,00

Preço extra* -

Lancha

Preço Principal 65 50 R$ 57,50

Preço extra* 15 10 R$ 12,50

Passeio embarcado

Preço Principal 30 R$ 30,00

Preço extra* 15 R$ 15,00

Mergulho conduzido

Preço Principal 100 90 R$ 95,00

Preço extra* -

Mergulho de batismo

Preço Principal 280 R$ 280,00

Preço extra* -

Peixe boi

Preço Principal 50 R$ 50,00

Preço extra* -

Fonte: pesquisa de campo. Nota: *Preço extra refere-se a itens extras que podem ser oferecidos no passeio, por exemplo, máscaras de mergulho.

Como pode-se observar, as atividades variam de preço entre si e entre os municípios, porém a variação não é muito expressiva quando as atividades são organizadas entre atividades relacionadas às piscinas naturais, atividades de mergulho e observação do peixe boi. Além disso, exceto pelo mergulho de batismo, todas as atividades têm custos inferiores ao orçamento previsto do turista típico. Esse é exatamente o comportamento apresentado a seguir na Figura 41.

Figura 45: Gastos Médio por Atividade (R$)

R$50

R$65 R$70 R$71

R$30

R$45 R$50

R$95

R$280

Gasto médio do turista doméstico com passeios

R$ 197,81

Gasto médio do turista internacional com passeios

R$ 198,37

Jangada Escuna Lancha Catamarã Fotos sub Passeioembarcado

Peixe boi Mergulhoconduzido

Mergulho debatismo

Piscinas Naturais

Fonte: Pesquisa de campo.

Deste modo, tanto o turista doméstico quanto o turista internacional apresentam orçamento adequado frente aos valores cobrados pelas atividades oferecidas na região. Em relação à atividade de mergulho de batismo, deve-se observar que, apesar do seu valor superar o orçamento estimado, sua demanda não está atrelada ao perfil de um turista típico. A atividade de mergulho atrai turistas com características próprias, dentre elas, a disposição a gastar mais com esse tipo de atividade. A seguir, na Tabela 18, são apresentadas as informações disponíveis sobre os custos relacionados à oferta das principais atividades ofertadas atualmente nos municípios da APACC. Como fica claro após análise da tabela, existem poucas informações disponíveis sobre os custos envolvidos nessas atividades, o que impossibilita uma análise detalhada do tema.

Tabela 18: Informações de Custos de operação das atividades CUSTOS*

Atividade Catamarã Escuna Foto sub Jangada Lancha Mergulho conduzido

Mergulho de batismo

Peixe boi

Equipamento 250.000,00

Entre R$ 70.000,00 e

R$ 180.000,00

sem informação

Entre R$ 6.000,00 e

R$ 10.000,00

Entre R$ 6.000,00 e

R$ 80.000,00

sem informação

sem informação

Entre R$ 6.000,00 e

R$ 10.000,00

Manutenção (R$/mês)

2.000 variável sem

informação sem

informação 500,00 variável variável

sem informação

Comissão guia 10%

Taxa por passageiro

R$ 2,00 R$ 2,00 R$ 0,00 R$ 2,00 R$ 2,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Tributação (ISS) Entre 2% e 4%

Mão de obra sem informação

48 com rendimento

mensal entre R$ 1.000 a R$ 1.800/

mês)

Fonte: Pesquisa de campo. Nota: *A tabela inclui apenas as atividades para as quais existe informação de demanda.

Entretanto, pode-se verificar que os custos envolvidos nas atividades consistem em custos de propriedade, custos de manutenção de R$ 2.000 ao mês para Catamarã e R$ 500 para lancha, cobrança de R$ 2 por passageiro referente ao valor exigido para custear a preservação do local, e, por fim, tributação de ISS. Ao que se refere à tributação, cabe destaque que atualmente apenas o município de Maragogi tem conseguido recolher adequadamente o ISS sobre o serviço de turismo, apesar da obrigação existir em todos os demais municípios. Ainda, os demais tributos que devem ser observados quando da execução de atividades econômicas tais como PIS, COFINS, Imposto de Renda e Contribuição Social, hoje não são recolhidos em nenhum dos municípios ou atividades. De maneira geral, a prestação destes serviços carece do devido enquadramento do ponto de fiscal, o que não ocorre atualmente. Finalmente, nas Tabela 19 e Tabela 20 tem início a estimativa da demanda pelas atrações oferecidas. As estimativas são realizadas para cada município e principais atividades. Na Tabela 19 são apresentadas as estimativas relacionadas às piscinas naturais. Estas foram obtidas com base na capacidade máxima de visitantes permitidas segundo o Plano de Manejo da APACC, revisadas pela portaria 145 do ICMBio, assim como na demanda de alta temporada. Além disso, é utilizada informação, obtida em campo, junto aos operadores locais, de que a média anual de visitante é igual a 60% da capacidade máxima permitida.

Tabela 19: Demanda Estimada Piscinas Naturais

Atividade Possui a atividade Capacidade diária Máxima ICMBio Demanda Alta Temporada

Catamarã x 1080 1080

Lancha x 180 180

Escuna x 228 120

Jangada - -

Catamarã x 240 240

Lancha x 12 12

Escuna - -

Jangada - -

Catamarã

270

-

Lancha -

Escuna -

Jangada x -

Catamarã x -

Lancha -

Escuna -

Jangada x -

Fonte: Diário Oficial da União – Portaria n° 145, de 24 de dezembro de 2014, ICMBio (2013): Plano de Manejo Área Ambiental Costa dos Corais; e pesquisa de campo. Nota: * A visitação às piscinas de Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres a ainda não é regulamentada, porém utilizou-se como base a proposta preliminar da equipe gestora da UC, de 90 visitantes/ dias em cada uma das 3 (três) piscinas, sendo a estimativa de limite de 270 visitantes/ dia para as três piscinas naturais dos dois municípios. ** Demanda média do anual é 60% do limite máximo permitido.

De posse das estimativas de demanda das piscinas naturais, é possível estimar a demanda para outras atividades, cujo valor está relacionado ao número de visitas às piscinas. Essas atividades são apresentadas na Tabela 20. Tratam-se das atividades de Fotos Sub, Mergulho conduzido, Mergulho de batismo e observação do Peixe-boi. As estimativas são realizadas com base na

demanda estimada para as piscinas de cada município e nas informações descritas na quarta coluna da tabela, obtidas durante a realização do trabalho de campo.

Tabela 20: Estimação Demanda outras atividades

Cidade Atividade Possui a

atividade Informações utilizadas

para estimação Demanda Estimada

Maragogi

Fotos sub

x 20% do número total de visitantes,

aproximadamente procuram a fotos sub.

166

Paripueira x 30

Porto de Pedras -

São Miguel dos Milagres x 16

Maragogi

Mergulho conduzido

x 7,5% dos visitantes das piscinas buscam pela

atividade de mergulho conduzido, sendo que

essa categoria de mergulho corresponde a 90% das atividades de

mergulho.

62

Paripueira x 11

Porto de Pedras 6

São Miguel dos Milagres 6

Maragogi

Mergulho de batismo

x 7

Paripueira -

Porto de Pedras -

São Miguel dos Milagres -

Maragogi

Avistamento do Peixe-boi

70 visitantes diários é o limite permitido. A

média anual foi considerada em 60%

desse valor.

-

Paripueira -

Porto de Pedras x 42

São Miguel dos Milagres -

Fonte: pesquisa de campo.

Por fim, de posse das informações de demanda e preço médio de cada atividade foi possível estimar a receita anual esperada com cada uma das principais atividades turísticas oferecidas. Os resultados dessa análise são apresentados na Tabela 21, a seguir. A demanda anual é estimada multiplicando-se a demanda diária por 360 dias, e os preços das atividades são estimados pelas suas médias. Como pode-se observar, a receita total obtida com as atividades oferecidas nos municípios da APACC abrangidos pelo projeto atinge R$ 35,6milhões ao ano, sendo que R$ 26,5milhões se referem à receita de Maragogi, R$ 4,8milhões de Paripueira, R$ 2,4 milhões de Porto de Pedras e R$ 1,8milhões São Miguel dos Milagres. Além disso, temos que a principal atividade em termos de renda são as viagens de Catamarã às piscinas naturais, que atinge receita anual de R$ 21,9 milhões. Em seguida, a atividade com maior receita é o mergulho conduzido e o passeio de lancha ambos com receita de aproximadamente de R$ 2,9 milhões ao ano.

Tabela 21: Receita Estimada por atividades e municípios

Atividades Existentes*

Demanda Média Anual Estimada (diária x 360)

Preço Médio

(R$)

Receita Anual Estimada por

atividade (R$)

Maragogi Paripueira Porto de Pedras São Miguel dos

Milagres

Catamarã 233.280 51.840 - 24.994 71 21.966.42

9

Escuna 25.920 - - - 65 1.684.800

Fotos sub 59.616 10.886 - 5.832 30 2.290.032

Jangada - - 29.160 4.166 50 1.666.286

Lancha 38.880 2.592 - - 70 2.903.040

Mergulho conduzido

22.356 4.082 2.187 2.187 95 2.927.178

Mergulho de batismo

2.484 - - - 28

0 695.520

Peixe boi - - 15.120 - 50 756.000

TOTAL 382.536 69.401 46.467 37.179 71

1 34.889.28

4

Receita Anual

Estimada por

município (R$)

25.538.220

4.567.860

2.421.765

2.361.439

- 34.889.284

Nota: *A tabela inclui apenas as atividades para as quais existe informação de demanda.

8.2. Análise dos roteiros padrão e potencial de renda

Esta seção tem como objetivo consolidar todas as informações obtidas anteriormente, analisá-las diante de diversos cenários e verificar se existe potencial de elevar a receita da região obtida com os passeios turísticos. Para tanto, uma série de combinações de passeios tem seus custos contrapostos ao orçamento do turista típico. A análise é apresentada na Tabela 22. Na parte superior da tabela são apresentadas todas as principais atrações, conjuntamente com diversas combinações das mesmas. Essas combinações representam cenários razoáveis para um turista típico e possuem diferentes custos de acordo com os passeios envolvidos. Na parte inferior da tabela, são destacados na primeira coluna os orçamentos reservados pelos turistas para três das categorias de gastos discutidas na seção 10.1.1: “Passeios e Atrações turísticas”, “Diversão Noturna” e “Outros”. Essas categorias são destacadas pelos motivos apresentados anteriormente, ou seja, por serem mais intimamente relacionadas com as atividades de turismo estudadas, no caso da categoria “Passeios e Atrações turísticas”, ou, no caso das categorias “Diversão Noturno” e “Outros”, devido ao perfil do turista que opta por visitar a região e à limitada oferta de outras atividades que não sejam relacionadas aos passeios para observar a fauna e natureza local. Ainda na parte inferior da tabela, na segunda coluna são apresentados diversos cenários de orçamento reservado para as atividades oferecidas na região: R$ 197 quando considerado apenas o dispêndio esperado com a categoria “Passeios e Atrações turísticas”, R$ 348 se

considerado também o valor referente a “Diversão Noturna”, e R$ 479 se considerado também a categoria “Outros”. Por fim, nas demais colunas são apresentados os saldos da diferença entre os custos de cada uma das opções de Pacotes e os orçamentos médios estimados.

Tabela 22: Despesas Pacotes e Renda Potencial

Atividades Preço Médio Pacote 1 Pacote 2 Pacote 3 Pacote 4 Pacote 5

Jangada 50 x

Escuna 65 x

Lancha 70 x

Catamarã 71 x

Fotos sub 30 x x x

Passeio embarcado 45 x

Peixe boi 50 x x x x x

Mergulho conduzido 95 x

Mergulho de batismo 280

Gasto Total Pacotes 756 95 130 145 150 216

Gastos médios Turista Doméstico (R$) Renda Potencial

Passeios e Atrações turísticas (R$ 197,81)

198 103 68 53 48 -18

Diversão Noturna (R$ 150,42)

348 253 218 203 198 132

Outros (R$ 130,52)

479 384 349 334 329 263

Portanto, o resultado apresentado na parte inferior da tabela 22 é aderente ao orçamento esperado para o turista típico. Ainda mais, o resultado indica que existe potencial para a região expandir suas atividades de turismo, uma vez que existe saldo positivo entre o valor das principais atividades e o dispêndio médio esperado do turista padrão.

9. ANÁLISE DE VIABILIDADE DAS ATIVIDADES DE TURISMO DA APACC DOS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS PELO PROJETO25

Ao se analisar a estrutura atual que se organiza as atividades de turismo nos municípios de Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, assim como as informações disponíveis sobre a atividade econômica relacionada a essas atividades, observa-se a necessidade de atentar para alguns detalhes antes de aplicar os procedimentos tradicionais de análise de viabilidade para as atividades de turismo da região, tanto aquelas já consolidadas, quanto as potenciais. Primeiramente, ao se avaliar a metodologia tradicional de análise de viabilidade e confrontá-la com a realidade da região estudada, percebe-se que as ferramentas tradicionais não se mostram adequadas para aplicação nas atividades de turismo desenvolvidas nos municípios abarcados pelo projeto. As ferramentas tradicionais são elaboradas para estruturas de projetos complexas, normalmente envolvendo grandes empreendimentos, investimento de acionistas e bancos, administração centralizada, dentre outras características. Por outro lado, as atividades analisadas e potenciais, apresentam características distintas devido ao caráter da própria UC (Uso Sustentável onde não existe o domínio sobre a área da UC por

25 Para uma melhor compreensão da análise feita neste item, deve-se ler o anexo intitulado: Metodologias para Análise de Viabilidade

parte da União). Elas são atividades desempenhadas de maneira descentralizada, por profissionais autônomos, sem investimentos programados e sem planejamento de longo prazo. Portanto, as atividades em questão são mais semelhantes às atividades desempenhadas para garantir o sustento dos profissionais envolvidos e não para remunerar o capital investido no setor. Ademais, para adequada análise de viabilidade, diversas informações necessárias ainda não estão disponíveis ou não são adequadas. A seguir, são listados alguns pontos específicos não atendidos no estudo, mas necessários para análise segundo a metodologia tradicional.

1. Demanda: Apesar da elaboração de estimativas de demanda para as principais atividades oferecidas na região, as estimativas se limitam ao cenário atual e não contemplam horizontes futuros. Além disso, não existe informação de demanda para as atividades potenciais que ainda não são oferecidas;

2. Receita: Além da ausência de informações de demanda necessárias para análise de viabilidade, as informações de preço sofrem do mesmo problema. Com as informações atuais, apenas as principais atividades oferecidas podem ter seus preços estimados adequadamente;

3. Custos de Operação: As informações organizadas nesse estudo não são adequadas para estimação dos custos de operação envolvidos na oferta dos serviços de turismo, uma vez que estas não são confiáveis devido ao fato de que grande parte dos operadores não tem um controle efetivo sobre os custos operacionais dos serviços prestados. Essas informações são essenciais, e sem elas não é possível calcular o valor financeiro que é redirecionada para os profissionais envolvidos nas atividades de turismo. Além disso, sem essa estimativa não é possível determinar valor adequado para eventual taxa a ser cobrada e revertida ao ICMBio, caso seja um dos cenários a serem trabalhados.

4. Custos de investimento: Diante da estrutura atual em que são oferecidos os serviços turísticos, não se identifica claramente os investimentos necessários para garantir a exploração eficiente da área. Para determinação dos investimentos necessários é preciso a definir o arranjo de exploração e a organização das atividades de turismo na APACC, ou seja, definir entre centralizar a administração das atividades; ou criar uma central de vendas de ingressos para os passeios; ou transferir a um concessionário o direito pela exploração do local em troca dos investimentos que esse concessionário seja obrigado e executar; ou outra configuração que seja mais adequada a região.

Portanto, conclui-se que as metodologias tradicionais de análise de viabilidade não são adequadas para analisar as atividades desenvolvidas na região, pois não são compatíveis com a natureza das atividades praticadas. Diante desse fato, recomenda-se adoção de análise por margens de lucro, ou seja, analisar o valor remanescente que permanece com o profissional envolvido na atividade e verificar se esse valor é suficiente para garantir o sustento do mesmo. Essa análise deve ser realizada após corretamente estimadas as informações de custos, receita, tributos e taxas. Ademais, a metodologia de margem de lucro também é apropriada para determinação de eventual taxa a ser cobrada pela exploração das atividades de turismo na região e revertidas para o ICMBio. No entanto, é necessária a definição do arranjo de exploração pretendido e estimativa adequada da demanda, custos e preços das atividades atualmente oferecidas e atividades potenciais.

10. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CENÁRIO ECONÔMICO

Diante dos resultados levantados, pode-se obter algumas conclusões sobre as atividades de turismo nos municípios da APACC abrangidos pelo projeto, como também algumas limitações da atual análise devido ao limitado conjunto de informações disponível até o momento. A seguir são apresentadas as principais conclusões organizadas em tópicos.

► Existe capacidade de expansão das atividades oferecidas. O resultado apresentado na Tabela 22 evidencia que existe a possibilidade de se expandir as atuais atrações turísticas oferecidas. Pode-se obter essa conclusão pois, ao se confrontar os custos das principais atividades com o orçamento do turista típico, observa-se saldo positivo. Portanto, é possível identificar potencial de elevação da atual renda capturada e prever o desenvolvimento de novas atividades, conforme exposto ao longo do estudo;

► Não é possível confirmar se parte dos recursos obtidos com as atividades turísticas pode ser redirecionada para o ICMBio sem inviabilizar a continuidade das atividades atuais. Apesar de se identificar que volume relevante de recursos é obtido com as atividades de turismo da região e que existe potencial para ampliar a diversidade de atrações, não é possível, com o conjunto de informações disponíveis até o momento, quantificar quanto desses recursos poderiam ser revertidos ao ICMBio. A quantificação não é possível pois, para tanto, são necessárias informações de demanda, custos de instalação e operação e definição do arranjo de exploração das atividades de modo a permitir a mensurar o quanto desses recursos de fato ficam com os indivíduos que oferecem e operacionalizam essas atividades atualmente. Ademais, sem o conhecimento aprofundado sobre a real margem de receita obtidas pelos operadores, se parte dos recursos obtidos com essas atividades for revertido ao ICMBio, talvez as atividades possam ser comprometidas e se tornem inviáveis;

► Deve-se definir métricas de avaliação de rendimento compatíveis com a arranjo em que se pretende explorar as atividades pois, a depender do arranjo, pode-se identificar as melhores métricas de avaliação. As métricas de avaliação das atividades da região dependem do arranjo de exploração definido. No arranjo atual em que as atividades são operacionalizadas, ou seja, de maneira descentralizada e por profissionais independentes e liberais, não é adequada a aplicação de métricas convencionais para análises de projetos de grande porte como TIR, VPL, dentre outras. Essas métricas são adequadas diante de eventual arranjo em que as atividades sejam centralizadas em um concessionário responsável por administrar todas as atividades da região e remunerado em contrapartida pelos investimentos que venha a realizar e pelos custos de manutenção que assuma. Na realidade atual, as atividades são mais adequadamente avaliadas por estudos de margens de lucro. Estudos como esses possibilitam identificar se as atividades são rentáveis o suficiente para gerar recursos o bastante para cobrir os custos e garantir o sustento dos profissionais envolvidos. No entanto, novamente cabe destacar que, para adequada avaliação, mais informações são necessárias, dentre elas: informações mais precisas de custos, definição de arranjo de exploração das atividades.

11. ANÁLISE JURÍDICA

Sob a ótica jurídica, conforme se observará ao longo deste Parecer, diversos foram os modelos de contratação eleitos pelo ICMBio nos últimos anos para a gestão destes ativos, sendo que a opção por uma ou outra forma de relacionamento junto à iniciativa privada variou, evidentemente, conforme as características e finalidades perseguidas em cada projeto/iniciativa. No que tange ao contexto da APACC, tem-se o expresso objetivo de melhor capturar o potencial inerente aos ativos ambientais sob a gestão do ICMBio, além de otimizar sua gestão, em cooperação com atores privados que detenham, de um lado, capacidade

técnica para a exploração deste potencial, e, de outro, capacidade financeira para a realização de investimentos e custeio operacional de serviços que já sejam ou passem a ser – no âmbito da aliança público-privada – oferecidos nas UC. As APA, como definida em nossa legislação, caracterizam-se como Unidades de Conservação de Uso Sustentável, consistindo em áreas em geral extensas, que podem ser constituídas por terras públicas ou privadas, com um certo grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e que têm como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. A visitação – componente essencial para o desenvolvimento de projeto de interação público-privada nesta categoria de UC-, é permitida, porém condicionada às regras estabelecidas, conforme já tratado ao longo do presente estudo, principalmente sob a ótica do plano de manejo. O presente estudo conforme já delineado ao longo do trabalho, nesse sentido, objetiva a estruturação de projeto que, identifique as parcerias já existentes na APA e contemple as formas de cooperação (“Parcerias”) que potencializem a gestão sustentável, em observância à conservação da biodiversidade da UC, através da exploração organizada do turismo e atividades inerentes à visitação turística, sobretudo no tocante a regulamentação das atividades de visitação às piscinas naturais – principal atrativo atual da APA –, com vistas a diminuir a pressão ambiental decorrente da atividade, e, paralelamente, promover a geração de benefícios sociais e econômicos para as populações residentes e do entorno. Para tanto, necessária se faz a análise dos modelos hoje disponíveis em nosso ordenamento jurídico-administrativo para a constituição destas Parcerias – verificando-se, no Item 13.3 abaixo, quais dos modelos e em quais ocasiões foram eleitos pelo ICMBio nos últimos anos –, bem como o regime jurídico aplicável às UCs federais no Direito Brasileiro e incidentes sobre o Projeto, à luz da Constituição Federal de 1988, também considerando os preceitos constantes:

i. da Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, “Lei SNUC”), suas alterações, e Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 (“Decreto 4.340”), que o regulamenta;

ii. da Lei Federal nº 11.516, de 28 de agosto de 2007 (que dispõe sobre a criação do ICMBio);

iii. da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012 (que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, denominada popularmente de Novo Código Florestal Brasileiro), e suas alterações;

iv. da Lei Federal no 8.671, de 4 de Janeiro de 1993 que dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e dá outras providências;

v. Decreto nº de 23 de outubro de 1997, que criou a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais;

vi. do plano de manejo referente a Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais; vii. Decreto-Lei nº 9.760/46, que versa sobre os bens da União, incluindo no rol de bens as

áreas de marinha; viii. Decreto nº 5.300/2004 que define a APA como Zona Costeira;

ix. Projeto de Gestão Integrada de Orla Marinha (“Projeto Orla”) do Ministério do Meio Ambiente;

x. Portarias e Instruções Normativas do ICMBio de cada Município pertencente a APA.

Necessário, porém, ainda que preliminarmente, para que seja possível a análise das alternativas que se põem ao ICMBio sob o prisma jurídico para as Parcerias Ambientais, tecer algumas breves considerações sobre aspectos de grande relevância para a estruturação do Projeto.

11.1. Considerações preliminares para o estabelecimento de parcerias relacionadas à APACC

Preliminarmente, é importante pontuar que, em virtude da grande extensão da APACC, o recorte selecionado para análise do contexto atual da UC, desde o arcabouço jurídico existente até os modelos de parcerias já estabelecidos, abrangeu, conforme delineado ao longo do texto, os Municípios de Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, porém, as análises jurídicas aqui apresentadas podem ser aplicadas no contexto territorial de toda a APACC, adaptando-as de acordo com as atividades a serem contempladas, assim como no que tange ao aprimoramento da gestão da UC Tal recorte possibilitou a síntese de um panorama geral das potencialidades da APACC bem como de sua estruturação, cabendo a única observação de que, no tocante aos aspectos jurídicos, as estruturações das parcerias também deverão observar as normatizações em vigor exclusivas de cada município, tais como Instruções Normativas e Portarias do ICMBio referentes especificamente ao município em questão.

11.1.1. Território de Marinha

O Decreto-Lei nº 9.760/4626, que versa sobre os bens da União, inclui no rol de patrimônio da União as áreas de marinha, cuja delimitação geográfica coincide com as delimitações da APA. Por sua vez, as limitações de Zona Costeira27 do Decreto nº 5.300/2004 enquadra a APA nessa categoria, cuja gestão deve observar o Plano de Gerenciamento Costeiro. Tal Plano de Gerenciamento Costeiro foi instituído pela Lei nº 7661/98, a qual estabelece normas gerais para a gestão ambiental da Zona Costeira, traçando diretrizes para o planejamento integrado da utilização sustentável dos recursos costeiros, aplicáveis à APA28. Também o Decreto nº 5.300/2004 é que regulamenta o Plano de Gerenciamento Costeiro, dispondo sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelecendo critérios de gestão da orla marítima. Em consequência dessa normatização, formalizou-se o Projeto de Gestão Integrada de Orla Marinha do Ministério do Meio Ambiente (“Projeto Orla”) cujas diretrizes são o fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor

26 Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. 27 Art. 3o A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela Constituição de 1988, corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes limites: I - faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido a partir das linhas de base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial; II - faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira. 28 O enquadramento da APA como área de Zona Costeira pode ser constatada no sítio eletrônico do Ministério do Meio Ambiente <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro/gerenciamento-costeiro-nos-estados-gerco/item/10603>

público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço, bem como o desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada, de forma a valorizar ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos.

11.2. Da possibilidade de exploração de bens e serviços inerentes às Unidades de Conservação por terceiros

O Decreto 4.340, em seu Capítulo VII, dispõe sobre a possibilidade de autorização para a exploração de produtos, subprodutos e serviços inerentes às Unidades de Conservação, de acordo com os objetivos de cada categoria de UC. Permite-se, na norma, de forma expressa, a autorização a pessoas físicas ou jurídicas para a exploração comercial de bens e serviços nas diferentes UC. As APA, consideradas UC de uso sustentável, comportam a possibilidade de exploração de seus recursos, sendo um dos principais objetivos inerentes a esta categoria o uso múltiplo sustentável de seus recursos. Alerta-se, contudo, que o termo “autorização” utilizado na norma, quando analisado o contexto em que é empregado, não se confunde com o instituto da autorização administrativa (o que conduziria, nesta hipótese, ao entendimento de que somente esse instituto seria elegível a projeto que se baseie na exploração de recursos e serviços na APA). O Decreto 4.340, neste sentido, determina que a exploração de bens e serviços pode ser “autorizada”, “permitida”, abrindo-se a possibilidade para que essa autorização aconteça nas mais diversas formas de relacionamento público-privado admitidos em nosso ordenamento jurídico (sendo que os mais relevantes serão abordados no item 14 abaixo). Noutras palavras – sendo relevante esclarecer tal aspecto –, independentemente do modelo jurídico que venha a ser eleito para a formação de parcerias (dentre aqueles descritos e explorados a seguir), ter-se-á, obrigatoriamente, o parceiro privado como um autorizado à exploração dos serviços que forem designados em Edital, sempre observada a projeção econômico-financeira que permitirá a aferição e fixação do “retorno” (lucro) esperado e admitido sobre tais atividades, de forma compatível com os riscos (notadamente o risco de demanda) e responsabilidades que serão assumidos pelo parceiro privado.

11.3. O Plano de Manejo sob o olhar Jurídico

É importante reforçar novamente que, para o exercício das atividades atuais, assim como as potenciais a serem realizadas no âmbito das Parcerias, todas devem estar, antecipadamente previstas no plano de manejo29 referente a APACC, sendo efetivamente vedada, pela legislação pátria, a realização das Atividades que não estejam devidamente previstas neste instrumento de planejamento30. Na hipótese de alguma ou algumas das Atividades pretendidas para o Projeto não estarem previstas no plano de manejo da APA, mas ainda assim se julgar oportuna

29 Plano de manejo, de acordo com a Lei SNUC, é o documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. 30 Em atenção ao artigo 26 do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, “A partir da publicação deste Decreto, novas autorizações para a exploração comercial de produtos, sub-produtos ou serviços em unidade de conservação de domínio público só serão permitidas se previstas no Plano de Manejo, mediante decisão do órgão executor, ouvido o conselho da unidade de conservação.”

ou necessária (sob o prisma econômico) sua inclusão no escopo do Projeto, este deve ser alterado, seja de forma pontual ou revisado em sua integridade. A alteração do plano de manejo, no caso da APA, é de responsabilidade da Coordenação de Plano de Manejo do ICMBio, e poderá ser realizada de forma direta pela equipe de planejamento do ICMBio ou por terceiros, por meio da contratação de serviços ou estabelecimento de parcerias com instituições de pesquisa ou organizações não governamentais, com posterior publicação de portaria do ICMBio no Diário Oficial da União aprovando o plano de manejo31. Tendo em vista que o Plano de Manejo atual foi concebido para a gestão de 2013 a 2017, este encontra-se atualmente em processo de revisão e nesse sentido, estas revisões devem contemplar ações possíveis em seu território refletindo as dinâmicas estabelecidas no Projeto Orla, assim como contemplar as sugestões, pertinentes, deste projeto.

Conforme vem sendo apresentado ao longo do trabalho, o Plano de Manejo da atual da APACC, datado do ano de 2013, estipulou como objetivo da APA ser um Polo de Excelência na gestão integrada de áreas marinhas protegidas de uso sustentável. Para tanto, estabeleceu objetivos gerais e específicos para a Unidade de Conservação, no ínterim de 2013 a 2017, os quais ensejaram o delineamento de Programas de Ação e estabeleceu o zoneamento32 da APA. Nesse contexto, elencou-se como objetivos gerais da Área de Preservação da Costa dos Corais a (i) conservação dos recifes coralígenos, bem como sua fauna e flora, (ii) preservação da população do Peixe-Boi marinho (Trichecus manatus), (iii) proteção dos manguezais, (iv) organização do turismo ecológico, científico e cultural e desenvolvimento de atividades econômicas adequadas à conservação, (v) incentivo a manifestação cultural, a fim de resgatar e preservar a diversidade cultural regional. Em complemento e reiterando os objetivos gerais, definiu-se como objetivos específicos da APA a (i) recuperação da diversidade biológica dos ambientes marinhos, (ii) organização da atividade de pesca comercial artesanal, de subsistência e amadora, a fim de regular o estoque pesqueiro; (iii) preservação das áreas de reprodução e desenvolvimento da fauna e flora marinha e dos estuários, em especial das espécies ameaçadas, (iv) estabelecimento linhas de pesquisa, bem como proporcionar meios e incentivos para produção científica, a fim de subsidiar o manejo e monitoramento da APA, (v) promoção à divulgação, informação e conscientização da população acerca da relevância da APA, (vi) incentivo a prática de atividades de baixo impacto, e, por fim, (vii) monitoramento e sistematização normativa para tráfego de cabotagem, a fim de garantir a salvaguarda humana e também minimizando os impactos da atividade à área. A fim de concretizar tais objetivos, o Plano de Manejo criou um Programa de Ação, respeitando as particularidades de cada Zona - no sentido de coadunar a promoção de ações necessária e possíveis em cada uma delas, já que cada zona autônoma demanda ações de manejo próprias às suas características -, e identificando os atores responsáveis pela sua execução. O Plano atual prevê 7 (sete) Zonas33, as quais podem ser alteradas ao longo do tempo em decorrência de novas informações técnico-científicas fruto de pesquisa e monitoramento,

31 Artigo 12, inciso I, do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 32 Lei nº 9.985/00 art. 2o, XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz 33 Estas já apresentadas ao longo do estudo.

paralelamente às demandas de setores da sociedade, desde que conveniente à otimização da efetividade dos objetivos da APA. Tais zonas possuem uma caracterização própria, a qual impacta nas atividades que poderão ser desempenhadas. Assim, o Plano de Manejo delimitou à cada Zona normas que definem quais as atividades vedadas e quais as permitidas, bem como demais regras necessárias para a execução dessas atividades, dentre elas, regras procedimentais a serem observadas, como por exemplo a necessidade de autorização do órgão gestor para desempenhá-las. Os Programas de Ação implantados no Plano de Manejo atual são os seguintes: (i) Programa Infra Estrutura e Gestão Interinstitucional, que, em síntese, trata de garantir a funcionalidade e financiamento operacional do programa, (ii) Programa de Uso Público, que objetiva ordenar o uso público já existente, bem como fomentar novas atividades de uso sustentável, (iii) Programa de Pesquisa e Monitoramento, a fim de promover e sistematizar as pesquisas da APA para melhor preservá-la e aproveitá-la, (iv) Programa Gestão Sócio Ambiental, que tem como finalidade ampliar a participação da sociedade na gerência da APA, (v) Programa de Manejo da Biodiversidade, que pretende-se avaliar e calibrar as ações de manejo da área, e, por fim, (vi) Programa de Proteção Ambiental, cujo objetivo é manter e restaurar a qualidade dos processos ecológicos. Em suma, o Plano de Manejo traça o zoneamento da APACC, de acordo com suas singularidades e, concomitantemente estabelece Programas de Ação, que têm como pressuposto a concretização dos objetivos gerais e específicos da APA. A partir dos programas, cada Zona deverá promover ações, permanentes ou gradativas34, conciliando as regras de cada Zona aos interesses adequados a seu uso sustentável. Importante anotar que o cenário ideal do Plano de Manejo é detalhar especificamente quais atividades podem ser realizadas em cada zona em específico, já que cada zona enseja ações de manejo específicas. Também importante que o Plano de Manejo preveja as regras de uso e as condições legais para exploração das atividades permitidas. Como apontado, cada zona possui características específicas que permitem ou vedam o desenvolvimento de atividades, de modo que o detalhamento das atividades que possam ser executadas em cada uma delas é de suma importância para clarificar e facilitar a gestão e fiscalização da APA.

11.4. Área de Proteção Ambiental Marinha

Como dito, a APACC é um patrimônio da União, localizada em área de marinha35, e de domínio da União36.

34 Os programas envolvem ações permanentes, e outras intituladas gradativas no Plano de Manejo, que são as que poderão ser implementadas no período previsto para o plano, qual seja 2013 a 2017. 35 Decreto-Lei nº 9.760 de 1946: ”art. 1º Incluem-se entre os bens imóveis da União: os terrenos de marinha e seus acréscidos Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano.”

Os bens imóveis da União, por sua vez, são caracterizados como de (i) uso comum, (ii) uso especial, os quais são destinados exclusivamente ao uso da Administração Pública e os de (iii) uso dominial, os quais não têm destinação pública definida e podem ser utilizados por terceiros. Considerando-se esse ponto, importante ressaltar que a APACC, que constitui o patrimônio da União, é um bem de domínio público natural37 destinada ao uso direto e coletivo de todos, de modo que não é passível de apropriação. Independentemente dessa característica, é possível conceder ao particular a gestão do uso da APACC de modo privativo38, vez que também é objeto de direitos reais, os quais se submetem aos moldes do direito público.

11.5. Contexto atual da APACC

Dos dados coletados no estudo de campo, bem como a vasta e minuciosa pesquisa das legislações aplicáveis à APACC, foi possível elaborar um panorama geral do contexto atual da APACC sob a ótica jurídica, bem como a indicação de um diagnóstico do cenário desejável para o desenvolvimento sustentável da UC.

11.5.1. Turismo de Base Comunitária

Nos últimos anos, os povos e comunidades no interior ou entorno das Unidades de Conservação federais passaram a atuar de modo relevante no desenvolvimento das atividades turísticas. Paralelamente, gestores do Instituto Chico Mendes reconheceram a importância de fortalecer a atuação desses atores no âmbito dos programas de desenvolvimento turístico, bem como os reflexos sociais desse movimento. Surgiu, então, a concepção de Turismo de Base Comunitária nas UC federais, que visa a um modelo de gestão de visitação protagonizado pela comunidade, visando a salvaguarda da

36 Decreto-Lei nº 9.760 de 1946: “Art. 198. A União tem por insubsistentes e nulas quaisquer pretensões sobre o domínio pleno de terrenos de marinha e seus acrescidos, salvo quando originais em títulos por ela outorgadas na forma do presente Decreto-lei. 37 “Seriam bens de domínio público aqueles que, integrantes do patrimônio estatal, por sua natureza ou ato jurídico, estivessem postos ao uso e fruição indistinta de toda gente. Nas palavras do Rodrigo Otávio, o domínio público compreenderia os bens “in ‘usu publico sunt’, isto é, os destinados ao uso indistinto e colectivo dos indivíduos, que se acham fora do comércio e não são passíveis de apropriação por qualquer meio de direito” MARQUES NETO. Floriano de Azevedo Marques. Bens Públicos – Função social e exploração econômica. O regime jurídico das utilidades públicas. P. 84” 38 Fato é que não se sustenta mais, nos dias de hoje, a tese de uma extracomercialidade absoluta dos bens públicos. Lembremos o quanto dito no capítulo inicial: bens públicos são, antes de tudo, bens na acepção aqui adotada, objeto aos quais se pode atribuir valor econômico. Mesmo quando estiver qualificado a um uso público e, em função disso, for inalienável (artigo 100, CCB), o bem público pode ser objeto de direitos reais ou obrigacionais que não interditem ou obstem o uso para o qual o bem está consagrado. Certo deve estar, porém, que estes direitos reais ou contratuais estarão constituídos nos moldes do direito público, o que leva a alguns autores a afalarem em direitos reais administrativos ou em um “comércio jurídico de direito público” MARQUES NETO. Floriano de Azevedo Marques. Bens Públicos – Função social e exploração econômica. O regime jurídico das utilidades públicas. P. 313-314 “O uso privativo é aquele que é conferido a um ou a alguns particulares como objeto de uma titulação individual, especial, que não pode ser estendida a outros administrados, mesmo que preenchendo as mesmas condições” Embora não possa ser perene (deve, pois, ser aprazado), confere ao seu titular um direito exercido com exclusão dos administrados [...] Porém, nem sempre o uso privativo importará na interdição a que outros particulares façam uso do bem. A concessão de rodovia confere à concessionário o uso privativo deste bem para a sua exploração econômica, o que, óbvio, não exclui (muito ao contrário, pressupõe) que os demais administrados se utilizem do bem para trafegar (pagando o pedágio ao particular detentor do uso privativo). MARQUES NETO. Floriano de Azevedo Marques. Bens Públicos – Função social e exploração econômica. O regime jurídico das utilidades públicas. p. 316

história e cultura das comunidades locais em comunhão com o desenvolvimento local, por seguinte, concretizando os objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). À luz desses conceitos inovadores e do cenário apresentado do estudo de campo da APACC, pode-se observar que as atividades desempenhadas na UC são realizadas em grande parte por intermédio de atores locais, conforme já exposto. Perceptível, assim, o grande interesse em fortalecer a aliança entre a comunidade local e o Poder Público na gestão da APACC, fortalecendo o desenvolvimento de um turismo cada vez mais consciente e fomentando o desenvolvimento da própria comunidade, conservando todo seu legado cultural, especificamente nos municípios de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, conforme já abordado ao longo do estudo.

11.5.2. Normatização existente na APA

A normatização incidente na totalidade da extensão da APACC, desconsiderando-se as legislações específicas de cada município, pode ser sintetizado no quadro a seguir:

Legislação Descrição

Portaria ICMBio n° 95 outubro de 2016

Delimita as Zonas de Preservação da Vida Marinha e de Visitação na APACC, em Japaratinga/AL

Portaria ICMBio n° 145 dezembro de 2014

Altera normas da Zona de Visitação do Plano de Manejo da APACC

Portaria ICMBio N° 12 fevereiro de 2014

Renova o Conselho Consultivo da APA Costa dos Corais

Portaria ICMBio N° 144 de fevereiro de 2013

Aprova o Plano de Manejo da APA Costa dos Corais

Portaria ICMBio N° 62 de 2011 Cria o Conselho Consultivo da APA Costa dos Corais

Portaria ICMBio n° 49 de 2011

Delega competência ao Chefe da APA Costa dos Corais para outorgar a pessoas fisicas, autorização para prestação de serviços e realização de atividades de apoio à visitação na UC

Instrução Normativa ICMBio n° 14 de 2010 - Revogada

Dispõe sobre o ordenamento da atividade de turismo e demais formas de exploração econômica das piscinas naturais de Maragogi e Paripueira

Instrução Normativa ICMBio n° 8 de 2009 - Revogada

Cria e regulamenta as Zonas de Visitação e uso Público em Maragogi e Paripueira

Instrução Normativa ICMBio n° 06 de 2008

Cria área de recuperação recifal (Zona de Preservação da Vida Marinha) em Tamandaré

Portaria IBAMA n° 35 de 2002 Regulamenta o cadastro da atividade pesqueira na APA Costa dos Corais

Portaria IBAMA n° 33 de 2002 Atividades proibidas na APA Costa dos Corais

Decreto 23 de outubro de 1997 Cria a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais

Conforme exposto, a extensão da APACC abrange alguns municípios, de modo que a normatizações a nível municipal39 também são instrumentos legais existentes para colaborar na gestão da UC. A título exemplificativo, o estudo de campo nos apresentou a Portaria nº 08/2009 que trata da exploração econômica das piscinas naturais de Maragogi e Paripueira. Outra especificidade levantada no estudo de campo diz respeito ao Conselho Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente40, que define e acompanha a execução das políticas ambientais do Município, presente em todos os municípios objeto do estudo. Outro aspecto relevante é a instituição do Fundo Municipal de Meio Ambiente41, por meio de lei, apenas no Município de Maragogi, para gerenciar os recursos em decorrência da atividade de visitação dos passeios às piscinas.

11.5.3. Parcerias celebradas na APA

Atualmente, diversas atividades sendo desenvolvidas nos municípios da APACC abrangidos pelo projeto, porém, conforme explorado ao longo do estudo, há três atividades principais desempenhadas que consistem na visitação às piscinas naturais, distribuídas ao longo da APACC e com maior concentração na região de Maragogi e Paripueira, os passeios para avistamento do peixe-boi em Porto de Pedras e os passeios de orla, principalmente em Maragogi. No âmbito de aprimoramento da gestão da APACC, foram celebrados Acordos de Cooperação42 entre o ICMBio e outros atores institucionais para estabelecer uma relação de

39 A título exemplificativo pode-se anotar as seguintes normas: IN ICMBIO 8/2009: ordenamento da atividade de turismo e demais formas de exploração econômica das piscinas naturais de Maragogi e Paripueira. IN ICMBIO 14/2010: (em acréscimo à IN 8/2009) ordena as atividades de turismo e demais formas de exploração econômica das piscinas naturais de Maragogi e Paripueira. Portaria 33/2002: atividades proibidas na APA (ex. extração de coral). Portaria 35/2002: regulamentação da atividade pesqueira na APA. Portaria 49/2011: Delega a competência ao Chefe da APA para outorgar a pessoas físicas autorização para a prestação de serviços e a realização de atividades de apoio à visitação na referida unidade de conservação. Portaria 95/2016: Delimita as Zonas de Preservação da Vida Marinha e de Visitação na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, no Município de Japaratinga. Portaria 144/2013: aprova Plano de Manejo da APA. Portaria 14/2014: Altera normas da Zona de Visitação do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais. Portaria 62/2011: Cria o Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais. Portaria 12/2014: Modifica a composição do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais. 40 Instituídos pela Lei Municipal de Maragogi nº 296/200. Instituído pela Lei Municipal de Paripueira. 41 Instituídos pela Lei Municipal de Maragogi nº 296/200. 42(i) Acordo de Cooperação Técnica ICMBIO – SEMA para estabelecer reciprocidade institucional entre o ICMBio, a CPRH e a SEMAS, no âmbito de suas atribuições, nos esforços de planejamento, organização, apoio, desenvolvimento, promoção e implementação de ações voltadas à conservação e ao uso sustentável dos ambientes costeiros e marinhos de Pernambuco. (ii) Acordo de Cooperação a ser celebrado entre o INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE e UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, objetivando a cooperação mútua em ações nas áreas de pesquisa, ensino e extensão para a conservação e gestão da biodiversidade marinha do nordeste brasileiro, buscando eficiência e efetividade na aplicação dos recursos humanos e materiais e no compartilhamento dos espaços físicos (iii) Termo de Reciprocidade 09/2011: ICMBIO e SOS MATA ATLANTICA que objetiva a realização de ações conjuntas voltadas ao fornecimento de suporte físico, operacional e logístico à administração e gestão ambiental da Unidade de Conservação “Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais”

reciprocidade a fim de promover e implementar ações para o desenvolvimento sustentável da APACC.

Em observância às normas incidentes nas APACC e ao Plano de Manejo ora vigente, os instrumentos jurídicos coletados na UC atualmente referem-se à desenvoltura das atividades turísticas nas Zonas de Visitação e Zonas de Uso Sustentável, e resumem-se em (i) autorizações para exploração de serviços turísticos concedidas pelo ICMBio e (ii) alvarás de embarcações emitidas pela Prefeitura. De suma importância ressaltar, porém, que essa regulamentação é ínfima. Do levantamento de campo e conforme elucidado ao longo do estudo, constatou-se que apenas o Município de Paripueira e Maragogi possuem os alvarás das embarcações e também os únicos que também possuem autorização do ICMBio para a realização das atividades.

12. ALTERNATIVAS DE ESTRUTURAÇÃO JURÍDICA

Superadas as considerações preliminares, passamos a tratar das possíveis alternativas de estruturação jurídica, identificando e analisando os instrumentos jurídicos possivelmente aplicáveis ao Projeto, à luz de suas características e finalidades públicas. A adoção de um dos modelos de colaboração público-privada, devidamente estruturado e escolhido observando-se as características específicas da APACC, poderá auxiliar o ICMBio na sua gestão, de modo a garantir o manejo43, o uso sustentável44, o turismo ecológico, bem como outras atividades que contribuam para a conservação da biodiversidade e a geração de benefícios econômicos e sociais. Serão avaliados, no presente Estudo, os seguintes instrumentos jurídicos de parceria, potencialmente aplicáveis a APACC:

1. Autorização de Uso de Bem Público; 2. Permissão de Uso de Bem Público; 3. Concessão de Uso de Bem Público; 4. Concessão Comum (de serviços públicos/de interesse público); 5. Parcerias Público-Privadas (Concessão Patrocinada e Concessão Administrativa); 6. Termo de Parceria com Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP; 7. Termo de Colaboração/Termo de Fomento/Acordo de Cooperação com Organização

da Sociedade Civil – OSC. 8. Interações entre as Municipalidades e o ICMBio

12.1. Autorização de Uso de Bem Público

A autorização de uso de bem público (“Autorização”) consiste em ato unilateral, discricionário e precário, pelo qual a Administração consente com a prática de determinada atividade individual, incidente sobre um bem público, permitindo ao particular a sua ocupação temporária. As autorizações de uso de bem público têm fundamento no artigo 21, inciso XI da Constituição Federal, dispensam lei autorizativa e licitação para a sua concretização, sendo neste sentido bastante céleres quando comparadas a outros modelos de interação público-privada.

43 Manejo, de acordo com a Lei SNUC, é todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas. 44 Uso sustentável, de acordo com a LEI SNUC, é a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável.

Não há forma nem requisitos especiais para sua efetivação, contemplam (em regra) objetos de menor relevância para a Administração e podem ser realizadas por prazo determinado ou indeterminado, a depender do interesse público, podendo, neste último caso, ser revogadas a qualquer tempo, sem que assista qualquer direito indenizatório ao Autorizatário. Neste sentido, considerando a gama de atividades desempenhadas atualmente na APACC, bem como o cenário atual existente e as possíveis atividades de interesse para o uso sustentável da unidade, a Autorização seria um instrumento interessante e oportuno para fomentar o Turismo de Base Comunitária45, privilegiando a atuação da comunidade local. Outro aspecto interessante é a periodicidade da Autorização. Como dito, as Autorizações via de regra não tem prazo determinado, contudo, desde que desejável ao interesse público, é possível delimitarmos um prazo. Assim, considerando o intuito de garantir uma segurança mínima ao particular no desenvolvimento da atividade, pode-se delimitar um prazo razoável para este instrumento. Quanto ao interesse em fomentar a promoção do desenvolvimento sustentável através de atores locais, é possível realizar-se um Chamamento Público46 , estabelecendo critérios específicos para a seleção dos atores. Em síntese, o modelo de Autorização concilia a perspectiva de desenvolvimento sustentável aplicável e desejável à realidade da APACC.

12.2. Permissão de Uso de Bem Público

Já a permissão de uso de bem público, consiste em instrumento jurídico unilateral que viabiliza a transferência, usualmente outorgada com exclusividade, do uso de bem público, pelo qual “o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração.”47 Com efeito, a permissão de uso adequa-se para os casos em que se pretende estimular o uso do bem público para execução de atividades de interesse coletivo e que não requerem investimentos, os quais ensejariam um prazo significativo para o retorno financeiro.

45 Sabemos das potencialidades do produto turístico brasileiro composto pela diversidade da nossa cultura e das inúmeras belezas naturais. Nesta perspectiva, o programa de regionalização do Turismo Roteiros do Brasil, nos indica os caminhos nos quais localizamos regiões e ou roteiros em que comunidades receptoras assumem o papel de atores principais na oferta dos produtos e serviços turísticos. Estes produtos e serviços ofertados por comunidades locais denominado de “turismo de base comunitária” é ainda um segmento pouco conhecido, todavia tem sido visível como campo de estudo e como demandante de uma ação mais efetiva por parte do poder público. Turismo de Base Comunitária diversidade de olhares e experiências brasileiras. 46 Art. 23. A administração pública deverá adotar procedimentos claros, objetivos e simplificados que orientem os interessados e facilitem o acesso direto aos seus órgãos e instâncias decisórias, independentemente da modalidade de parceria prevista nesta Lei. Parágrafo único. Sempre que possível, a administração pública estabelecerá critérios e indicadores padronizados a serem seguidos, especialmente quanto às seguintes características: Parágrafo único. Sempre que possível, a administração pública estabelecerá critérios a serem seguidos, especialmente quanto às seguintes características: I - objetos; II - metas; III - métodos; IV - custos; V - plano de trabalho; VI - indicadores, quantitativos e qualitativos, de avaliação de resultados.” 47 "Permissão é o ato administrativo negocial, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração.”

Desse modo, tal modalidade mostra-se igualmente adequada às condições particulares da APACC e ao cenário pretendido de desenvolvimento sustentável.

12.3. Concessão de Uso de Bem Público

A concessão de uso de bem público, por sua vez, consiste em contrato administrativo celebrado entre poder público e particular, precedido de licitação, por meio do qual a Administração transfere o uso de bem ao interessado em sua exploração, com os eventuais encargos fixados no Contrato, e sob as condições ali delimitadas. Deve ser celebrada por prazo determinado, com prazo compatível com a amortização e remuneração dos investimentos e despesas operacionais a serem realizados e incorridos pelo particular. Presta-se, em linhas gerais, a viabilizar a exploração econômica, pelo contratado, de algum serviço de utilidade que exija um aporte inicial considerável para a estruturação da atividade, tal como uma lanchonete ou um restaurante para atendimento aos usuários do espaço público. Por ser ato bilateral de natureza contratual, possui maior estabilidade do que a autorização e a permissão de uso de bem público. Em se tratando da utilização exclusiva do bem público por um único ente privado, este modelo de parceria, a princípio, não se coaduna com as perspectivas desejáveis para APACC, vez que os modelos ora formulados para o desenvolvimento sustentável da UC não ensejam aportes de infraestrutura por parte do particular e também não satisfaz o objetivo de fomentar o desenvolvimento pautado na pluralidade de atores locais. Na hipótese de um projeto que preveja um aporte considerável de investimento em infraestrutura para o desenvolvimento das atividades turísticas como, por exemplo, a instalação de um terminal de embarcações, o modelo de concessão de uso pode ser adequado, o qual deverá atentar-se para as normas portuárias.

12.4. Concessão Comum

A concessão comum, regida pela Lei Federal nº 8.987/95 e demais legislação correlata, consiste no contrato pelo qual um determinado ente da federação delega a uma pessoa jurídica de direito privado ou, então, a um consórcio de empresas, a execução remunerada de serviços públicos, para que o eventual concessionário os explore por sua conta e risco, por prazo e condições contratualmente determinadas. A concessão comum tem como fundamento legal o artigo 175 da Constituição Federal, que atribui ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, a prestação de serviços públicos. O dispositivo constitucional deixa claro que a concessão comum corresponde à delegação da execução de serviço cuja incumbência original é do Poder Público. A lei prevê duas modalidades de concessão, a saber: a concessão de serviços públicos e a concessão de serviços públicos precedida da execução de obra pública. Na primeira modalidade de contratação, são delegados apenas os serviços públicos relacionados a uma infraestrutura já existente. Na segunda modalidade, além da delegação dos serviços, atribui-se ao concessionário a obrigação de realização de investimentos, os quais devem ser amortizados mediante a exploração do serviço ou da obra por um prazo determinado.

Ambas as formas de contratação encontram guarida no artigo 2.º, inciso II e III, da Lei Federal nº 8.987/95, que assim determina:

“Art. 2.º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: (...) II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado. (...).” (Grifos nossos)

Assim, fica clara a possibilidade de contratação de empresas privadas para a prestação de serviços públicos, ainda que haja a necessidade de execução de obra precedente para viabilizar referida prestação. A obra em tela deve ser integralmente realizada pela(s) empresa(s) contratada(s), sendo-lhe(s) assegurada a exploração dos serviços inerentes, de tal forma que o privado possa arcar com os custos operacionais e, consequentemente, obter a amortização dos investimentos e a geração de resultado econômico com a exploração da concessão. Um dos conceitos centrais da concessão instituída e regulamentada pela Lei Federal nº 8.987/95 está justamente na expressão “serviços públicos”. Referido conceito não se encontra definido na lei, mas, sim, no bojo da interpretação da própria legislação. Para tanto, vale citar a definição do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello sobre o assunto:

“Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de Direito Público.”48

Da definição acima, adotada também por outros doutrinadores, depreende-se que a noção de “serviço público” é composta por dois principais elementos: (i) prestação de utilidade ou comodidade fruível singularmente pelos administrados; e (ii) prestação em regime de Direito Público. Em outras palavras, para que um serviço seja considerado “público”, é necessário que este (i) represente uma utilidade ou comodidade para o cidadão, (ii) seja definido por meio de lei, e (iii) seja passível de individualização (situação esta que permite a cobrança de tarifas). Mais além do que isso, o serviço público caracteriza um serviço de execução obrigatória pelo Estado (ou por ente que por ele faça as vezes) e essencial para a comunidade.

48 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, Malheiros Editores, 2009, p. 634.

As atividades-chave que estão sendo vislumbradas no presente Estudo para a parceria pretendida, como, por exemplo, a visitação às piscinas naturais e demais atividades de turismo ecológico, não apresentam em si a essencialidade que se observa como requisito para caracterização de serviços públicos. Podemos compreendê-las como atividades de interesse público, visto que contribuem, ainda que de maneira indireta, a outras atividades essenciais e obrigatórias, como promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente49. Classificá-las como serviços públicos, no entanto, pode ser considerado tecnicamente impreciso, eis que não são de execução obrigatória pelo Estado, sendo “orientadas”/delimitadas pelos instrumentos de planejamento de exploração acima referidos. Considerando a aparente dissonância entre o conceito de serviço público e as atividades pretendidas na APACC, o modelo de concessão comum não parece consistir no ideal para a consecução dos objetivos esperados neste Estudo.

12.5. Concessão Patrocinada

A concessão patrocinada é uma das formas existentes de Parceria Público-Privada (PPP) e se encontra regida pela Lei Federal nº 11.079/04 (“Lei das PPPs”) e leis correlatas. A concessão patrocinada consiste em contratação que, conforme a própria denominação sugere, depende de subsídio financeiro, por parte da Administração Pública, em relação à parte do serviço a ser prestado e/ou da obra pública a ser executada, cabendo ao particular arcar com o restante dos custos, mediante a cobrança de tarifa dos usuários dos serviços/obras. É o que ocorre, por exemplo, em um contrato de concessão rodoviária, em que o pedágio não é suficiente para cobrir os custos e a amortização dos investimentos despendidos pelo concessionário. A concessão patrocinada, cujo fundamento legal decorre do art. 175, da Constituição Federal, encontra-se definida no artigo 2º, § 1º, da Lei das PPPs, que assim dispõe:

“Art. 2º - Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. § 1.º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. (...).” (Grifos nossos)

Aplicam-se à concessão patrocinada, subsidiariamente, as disposições da Lei Federal nº 8.987 e leis correlatas, dentre as quais avulta em importância a Lei Federal nº 9.074/95 (conforme art. 3.º, §1.º da Lei das PPPs). Tal qual ocorre na concessão comum, um dos conceitos centrais da concessão patrocinada está justamente na expressão “serviços públicos”.

49 Em atenção ao artigo 225, §1º, inciso VI da Constituição Federal de 1988.

Além disso, para a caracterização de uma PPP patrocinada, é imprescindível que os investimentos para a execução das obras ou serviços públicos não sejam financiáveis exclusivamente por meio da cobrança de tarifas dos usuários, haja vista a necessidade de envolvimento de contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Nas concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública, a Lei Federal n.º 11.079/04 traz como requisito prévio à licitação a necessidade de obtenção de autorização legislativa específica para a contratação. Além da necessidade de contraprestação pecuniária por parte do Poder Concedente, bem assim da observância do prazo e dos valores mínimos de contratação, as Parcerias Público-Privadas afastam-se da concessão comum na medida em que o parceiro privado não presta o serviço ou executa a obra pública por sua conta e risco, havendo uma repartição objetiva dos riscos com a Administração Pública. As PPPs devem ser contratadas por prazo compatível com a amortização dos investimentos previstos, sendo que o seu termo mínimo de vigência será de cinco anos. Além disso, o valor mínimo do contrato, nos termos da Lei de PPPs, deve ser de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de Reais), vedando-se a contratação de PPP que tenha por objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e a instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Considerando o vulto dos investimentos necessários à implantação de uma Parceria Público-Privada, a Lei das PPPs previu, além das garantias de execução do contrato pelo parceiro privado, um forte mecanismo de garantias a serem prestadas pelo parceiro público, incluindo a possibilidade de (i) vinculação de receitas em garantia pela Administração Pública; (ii) instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei; (iii) contratação de seguro-garantia de entidades não controladas pelo Poder Público; (iv) prestação de garantias por organismos internacionais ou instituições financeiras não controladas pelo Poder Público; (v) prestação de garantias por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade; bem como (vi) outros mecanismos admitidos em lei, tudo com vistas a assegurar a solidez financeira e atratividade do projeto. Com base no exposto e, principalmente, no que se refere (i) à caracterização dos serviços públicos e (ii) o valor mínimo do contrato admitido, considerando a não necessidade de investimentos, o modelo de concessão patrocinada também não se adequa ao desenvolvimento sustentável da APACC.

12.6. Concessão Administrativa

A concessão administrativa, igualmente regida pela Lei de PPPs, consiste no modelo em que a Administração Pública é a usuária direta ou indireta do serviço público ou de interesse público delegado, ainda que o contrato envolva a execução de obra ou o fornecimento e a instalação de bens. A conceituação da concessão administrativa vem expressa no artigo 2º, § 2º, da Lei de PPPs, que assim dispõe:

“Art. 2ª - Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. (...)

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. (...).” (Grifos nossos)

À Concessão Administrativa aplica-se, adicionalmente, a Lei Federal das PPPs, as normas veiculadas pelos artigos arts. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº 8.987/95, e pelo art. 31 da Lei Federal nº 9.074/95 (conforme art. 3.º, §2º da Lei Federal das PPPs). Em linhas gerais, a concessão administrativa distingue-se da concessão comum e da concessão patrocinada na medida em que não tem como finalidade a prestação de um serviço público, mas sim de um serviço de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, o qual não será passível de cobrança de tarifa (serviço de interesse público). Desta forma, a remuneração do privado será composta integralmente por uma contraprestação paga pelo parceiro público, sendo permitido eventual complemento por meio de receitas acessórias. A Concessão, enquanto modalidade de PPP, deve ser estruturada de modo que seu prazo seja compatível com a amortização dos investimentos e remuneração do parceiro privado, sendo que seu termo mínimo de vigência é de cinco anos. Também se faz necessário que a contratação apresente valor mínimo de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de Reais), sendo vedada a celebração de contrato que tenha por objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e a instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Em suma, além de ser viável a repartição objetiva de riscos com o parceiro privado para implantação do projeto, a adoção da concessão administrativa traz como vantagem, dentre outras, a possibilidade de redução dos custos da Administração Pública com a aplicação de investimentos vultosos em infraestrutura e serviços de que esta seja usuária direta ou indireta, permitindo-se uma gestão mais eficiente, pelo concessionário, em áreas de atuação estatal pouco atrativas. Considerando-se as características e requisitos da concessão administrativa, tal modalidade não se adequa ao modelo de desenvolvimento da APACC.

12.7. Termo de Parceria com OSCIP

O Decreto nº 4.340/2002 prevê, expressamente, a possibilidade de gestão compartilhada de Unidades de Conservação com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), que tenham como finalidade institucional a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, e o Poder Público, mediante recursos financeiros públicos.. Além da gestão compartilhada, as OSCIPs podem auxiliar na elaboração do Plano de Manejo, contribuindo para seleção do escopo de atividades a serem desempenhadas na Unidade de Conservação. O Termo de Parceria, instituído e regulamentado pela Lei nº 9.790/99 e pelo Decreto nº 3.100/99, consiste no instrumento pelo qual se formaliza a gestão compartilhada, o qual deverá especificar um Programa de Trabalho (“Programa de Trabalho”) de acordo com o Plano de Manejo da Unidade de Conservação e estabelecer metas a serem atingidas no prazo de vigência do Termo.

“Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias. § 1º A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo. § 2º São cláusulas essenciais do Termo de Parceria: I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução ou cronograma; III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado” (Lei nº 9.790/99). Dentre as atividades passíveis de compartilhamento, encontra-se o turismo sustentável.

“Art. 21. A gestão compartilhada de unidade de conservação por OSCIP é regulada por termo de parceria firmado com o órgão executor, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999” [...] Art. 25. É passível de autorização a exploração de produtos, sub-produtos ou serviços inerentes às unidades de conservação, de acordo com os objetivos de cada categoria de unidade. Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, entende-se por produtos, sub-produtos ou serviços inerentes à unidade de conservação: I - aqueles destinados a dar suporte físico e logístico à sua administração e à implementação das atividades de uso comum do público, tais como visitação, recreação e turismo” (Decreto nº 4.340/2002)(Grifos nossos)

A transferência de atribuições para a OSCIP permite que o órgão público se concentre em funções-chave para assegurar a gestão das áreas protegidas, como a aprovação dos planos de manejo, a formulação e aprovação de políticas públicas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais e a fiscalização de todas as demais atividades na Unidade de Conservação.. O modelo permite uma captação de fundos de forma mais fluida e eficaz para a gestão de áreas protegidas, assim como o retroinvestimento de recursos gerados nas próprias unidades de conservação, além de permitir uma forma transparente de desembolso de recursos. Compartilhar a responsabilidade de manejo é também uma forma de aproveitar a expertise técnica diversificada e as capacidades institucionais oferecidas por muitas organizações não-governamentais. Atualmente, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 4573/2004, disciplinando detalhadamente a cogestão das Unidades de Conservação entre o Poder Público e as OSCIPs. Sua utilização, no âmbito do Projeto, mostra-se possível, porém com delineamentos que não necessariamente representam os mais adequados para as finalidades precípuas do Projeto – como ocorre, por exemplo, no caso das Autorizações -, uma vez que ensejam transferência de recursos públicos.

12.8. Termo de Colaboração/Termo de Fomento/Acordo de Cooperação com Organização da Sociedade Civil – OSC

O marco legal das Organizações da Sociedade Civil – OSCs é Lei Federal nº 9.637/1998, que as qualifica como pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, em funcionamento há, no mínimo, três anos, cujas atividades sejam relativas a promoção do ensino, da pesquisa científica, do desenvolvimento tecnológico, da proteção e preservação do meio ambiente, da cultura e da saúde. Por sua vez, a Lei Federal nº 13.019/14 estabelece como possível a parceria entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil, amparando tal relação em três instrumentos jurídicos elegíveis: o Termo de Colaboração, Termo de Fomento e Acordo de Cooperação. Os dois primeiros envolvem transferência de recursos financeiros, enquanto o último não. Para tanto, os instrumentos jurídicos devem conter um Plano de Trabalho, o qual descreve o objeto da parceria, contendo a descrição das atividades ou projetos a serem desenvolvidos e metas a serem atingidas. Sua utilização, no âmbito do Projeto, mostra-se possível, porém com delineamentos que não necessariamente representam os mais adequados para as finalidades precípuas do Projeto, vez que essa parceria não teria o foco no fomento das atividades turísticas e sim em outros processos, principalmente aqueles ligadas à pesquisa.

12.9 Interações entre as Municipalidades e o ICMBio Independentemente de outros atores atuando na gestão da APACC, a Constituição incumbe aos Municípios o dever de proteger e preservar o meio ambiente em nome toda sociedade. “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; (...) Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondose ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. ” (Constituição Federal)

Tal incumbência foi repetida na Lei Nacional das Unidades de Conservação atribuindo aos órgãos municipais a atuação supletiva na implementação das diretrizes da Lei do SNUC. “Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições: III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação.” (Lei do SNUC) Em virtude desse dever constitucional de conservar o meio-ambiente, e a fim de concretizálos, é possível que os Municípios desempenhem uma atividade fiscalizatória, a qual pode demandar dispêndios financeiros. Diante da necessidade de fontes alternativas de recursos para remunerar o exercício desse poder de polícia fiscalizatório de interesse público, é possível que os Municípios instituam taxas, conforme a Constituição Federal e às lei tributárias nacionais. “Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição” (Constituição Federal) (Grifos nossos) “Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. (...) Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” (Código Tributário Nacional) (Grifos nossos) Sem prejuízo da atuação fiscalizatória dos municípios, e das parcerias possíveis com atores particulares e o Terceiro Setor (OSCIP e OSC) expostas anteriormente, os Municípios também podem atuar na gestão da APACC, por meio da celebração de instrumentos em que se definirão os objetivos da parceria entre o ICMBio e a Prefeitura no âmbito do desenvolvimento da APACC. Tratando-se de parceria entre o ICMBio e as Prefeituras em que não haja transferência de recursos financeiros, o instrumento adequado para sua formalização são os Termos de Cooperação e os Termos de Reciprocidade sem transferência de recurso financeiro – regulados pelo Manual de Convênios, Contratos de Repasse, Termos de Cooperação, Termos de Parceria e Termos de Reciprocidade (“Manual de Parcerias”) aprovado pela Portaria ICMBio nº 37 de 14/05/2009. Por sua vez, as parcerias entre ICMBio e as Prefeituras em que haja transferência de recursos financeiros, serão formalizados Convênios ou Termos de Reciprocidade com transferência de recurso, também regulados pelo Manual de Parcerias, pelos Decretos

nº 6.170 e Decreto nº 6.428 e pela Portaria Interministerial nº 507 de 2011, que disciplinam a transferência de recursos.

13. CONSIDERAÇÃO FINAIS

A partir dos resultados apresentados ao longo do presente estudo, foi possível identificar as peculiaridades do território da APACC, assim como dos municípios que fazem parte do presente escopo do projeto. Neste sentido, para as próximas duas etapas do projeto, faz-se necessário que a equipe gestora da UC, assim como a equipe da CGEUP, através dos elementos trazidos pelo presente estudo, consigam decidir sobre os caminhos a serem seguidos em relação ao(s) modelo(s) de parceria aos quais se pretende em relação às dinâmicas turísticas da APACC. Os resultados apresentados, sinalizam sob a ótica de 3 cenários, os quais foram elencados pela equipe gestora, como fundamentais para a boa gestão da APACC, a saber: (i) fortalecimento/ aprimoramento das parcerias existentes; (ii) modelo de parceria público-público (visando estabelecer relações mais robustas com as prefeituras); (iii) modelos alternativos de parcerias. Conforme mencionado, a decisão sobre o(s) modelo(s) a ser escolhido, impacta também na análise econômica, uma vez que esta é fundamental para a análise sobre a viabilidade de formação das parcerias, conforme explicitado ao longo do trabalho. No que tange às questões jurídicas, preliminarmente, e independentemente do modelo jurídico a ser adotado, uma primeira análise do plano de manejo da APACC demonstra que, para consecução dos interesses perseguidos pelo ICMBio no presente Estudo, o plano de manejo deve ser revisto para a gestão futura, pensando em aprimorar as normas, ordenamento e atividades previstas no atual documento. Essa revisão deverá observar as diretrizes do Projeto Orla para propor Programas de Ação, assim como ter este estudo como um dos elementos norteadores nesta revisão, uma vez que deverá ser considerado quais as atividades aqui propostas, assim como outras, poderão ser desenvolvidas em cada Zona respeitando suas especificidades. Consecutivamente, considerando os modelos descritos jurídicos apresentados os apontamentos feitos a respeito de cada um deles, paralelamente à realidade atual da APACC e às pretensões de gestão futura da UC levantas nos estudos técnico e econômico, voltada, em princípio, a conservar as atividades que já são desempenhadas na sua extensão, entendemos que o modelo de Autorização, com aprimoramento do mesmo, tende a ser o mais adequado para a formalização da interface entre a o Poder Público e outros atores envolvidos no desenvolvimento da APACC. A conclusão decorre da compatibilização do modelo de projeto que se pretende estruturar e das particularidades do modelo de Autorização, vez que não se trata de um projeto que demanda um aporte financeiro de grande monta – o qual conduziria para um outro modelo de parceria, como a concessão – e possibilita a parceria com comunidade local na promoção das atividades da APACC. Sem prejuízo, na hipótese de estruturação de um projeto que exija um aporte considerável em investimento para o desenvolvimento das atividades na APACC, como por exemplo a estruturação de um terminal de embarcação, o modelo de concessão de uso de bem público pode ser uma alternativa, a qual deverá ser objeto de análise no tocante às normas portuárias.

Por fim, na questão da interface entre o ICMBio e as municipalidades, na figura de suas Prefeituras, ressalta-se que a Constituição Federal institui como competência do Poder Público, em todas as esferas, o dever de preservar o meio ambiente. Nesse sentido, a Lei do SNUC permite a gerência supletiva à gerência do ICMBio na APACC, por órgãos executores municipais, independentemente de qualquer formalização legal. Tais órgãos, por sua vez, na competência de fiscalizar a APACC, poderão instituir taxa relativa ao exercício do Poder de Polícia de fiscalização, em conformidade com as leis tributárias nacionais. No mais, outras interações possíveis entre as Municipalidades e o ICMBio na gestão da APACC serão formalizadas pelos instrumentos jurídicos cabíveis, elencados no Manual de Parcerias do ICMBio, de acordo com o critério de transferência de recursos, observando a legislação pertinente à transferência de recurso quando pertinente. A partir dos elementos aqui apresentados, é fundamental que a equipe gestora e equipe CGEUP avaliem as propostas – em relação as atividades propostas (atuais e potenciais), assim como sobre os modelos jurídicos – para que na próxima etapa a equipe possa aprofundar nas análises – de acordo com as atividades e modelo(s) escolhido(s) – e modelar, economicamente a viabilidade do(s) modelo(s) escolhido e ao final do projeto, apresentar as minutas destes novos modelos de parceria a serem formalizados com os atores públicos e privados que atuam sobre a APACC.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABETA. (1 de junho de 2017). Caminhada e caminhada de longo curso. Fonte: ABETA: http://abeta.tur.br/pt/atividades/caminhada-e-caminhada-de-longo-curso/

Almeida, N. d. (2013). Turismo e seus processos de criação de destinos em cidade. Bonito: IX Turismo em Debate em 01/11/2013 no Curso de Turismo UFMS. BRIGHAM, Eugene F. & EHRHARDT, Michael C. Financial Management, 12th. ed. Mason: South-Western, 2008. CHAGUE, Fernando; DE-LOSSO, Rodrigo; GIOVANNETTI, Bruno C.; FILGUEIRAS Felipe S. C. M. Modelagem econômico-financeira: conceitos, equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio. In: Sennes, Ricardo; Lohbauer, Rosane; Santos, Rodrigo M. M.; Kohlmann, Gabriel B.; Barata, Rodrigo S.. (Org.). Da Silva, B. P. (2014). Infraestrutura logística e turismo em Alagoas no período 2004-2013. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Curso de Mestrado em Economia Aplicada. DE-LOSSO, Rodrigo, RANGEL, Armênio S. e SANTOS, José C. S. Matemática Financeira Moderna. São Paulo: Cengage, 2011. Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil – 2010/2011, 2012.

Gonzaga, E. P., & Izidoro, F. B. (2016). Perfil dos turistas e dos condutores do passeio de observação do peixe-boi-marinho em Alagoas. Maceió: XI Connepi: Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação.

ICMBio, & APACC. (2017). Apresentação - Visitação nas piscinas naturais a Zona de Conservação do Peixe-Boi 05/2017. São Miguel dos Milagres.

ICMBio. (2012). Plano de Manejo da APA Costa dos Corais. Tamandaré. ICMBio. (2016). Dados de Visitação 2007 – 2016 . Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Coordenação Geral de Uso Público e Negócios. ICMBio. (30 de maio de 2017). Guia do visitante da APA Costa dos Corais. Fonte: ICMBio: http://www.icmbio.gov.br/apacostadoscorais/guia-do-visitante.html ICMBio. (2017). Turismo de Base Comunitária em Unidades de Conservação Federais: Princípios e Diretrizes. ICMBIO. PORTARIA N° 145, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2014 Mariano, A. B., Gomes, C. C., & Salvadori, J. (s.d.). Melhor Prática vencedora: Políticas Públicas (Não Capital) - Voucher Único Digital. Bonito: Secretário de Turismo, Indústria e Comércio; Diretor de Turismo, Indústria e Comércio; COMTUR. Ministério do Turismo (2010). Turismo Náutico: Orientações Básicas. Brasília: Ministério do Turismo; Secretaria Nacional de Políticas de Turismo; Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico; Coordenação-Geral de Segmentação. Ministério do Turismo. Anuário Estatístico de Turismo, Vol 43, Ano base 2015, 2016. Ministério do Turismo, Fundação Getulio Vargas. Sondagem do Consumidor, Intenção de Viagem. Abril 2017. SEDETUR. (2016). Pesquisa Perfil do Turista 2016 Costa dos Corais - Maragogi, Jarapatinga e Passo de Camaragibe. Mació: Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo; Costa dos Corais.

SMA/SP. (05 de janeiro de 2017). Parque Estadual Ilha Anchieta e USP realizam Trilhas Subaquáticas em Ubatuba. Fonte: Fundação Florestal: http://fflorestal.sp.gov.br/2017/01/05/parque-estadual-ilha-anchieta-e-usp-realizam-trilhas-subaquaticas-em-ubatuba

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15. ANEXOS

PROJETO PARCERIAS AMBIENTAIS PÚBLICO-PRIVADAS – BR-M1120

APA COSTA DOS CORAIS

Produto 2: Viabilidade Econômica e Jurídica do Modelo de Parceria Ambiental Público-Privada para a APA Costa

dos Corais

Belo Horizonte, Agosto de 2017

2

Sumário

1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 4 2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 4 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 4

3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 5 3.1 Eixo Técnico Operacional ...................................................................................... 5 3.2 Eixo Econômico-Financeiro .................................................................................... 5 3.3 Eixo Jurídico .......................................................................................................... 7

4 PROPOSTA PARA AS ATIVIDADES DE VISITAÇÃO DA APA COSTA DOS CORAIS ................ 7 4.1 Análise das potencialidades dos municípios ........................................................... 7 4.2 Identificação e caracterização das atividades potenciais ........................................ 8

4.2.1 Bilheteria ............................................................................................................... 8 4.2.2 Proposta de Bilheteria para a APACC .................................................................. 13 4.2.3 Atividades no Manguezal .................................................................................... 16 4.2.4 Atividades de praia .............................................................................................. 20 4.2.5 Atividades náuticas ............................................................................................. 21

4.3 Matriz Resumo de atividades x municípios .......................................................... 24 4.4 Priorização das atividades turísticas nos municípios da APACC abrangidos pelo Projeto .......................................................................................................................... 25

4.4.1 Atividades existentes .......................................................................................... 27 4.4.2 Atividades potenciais .......................................................................................... 28

5 MODELAGEM ECONÔMICO-FINANCEIRA DO PROJETO ................................................ 29 5.1 Modelagem para o Cenário-Base ......................................................................... 29

5.1.1 Fluxo de Caixa do Projeto .................................................................................... 30 5.1.2 Receitas ............................................................................................................... 34 5.1.3 Investimentos (CAPEX) ........................................................................................ 37 5.1.4 Custos Operacionais (OPEX) ................................................................................ 39 5.1.5 Depreciação ......................................................................................................... 41 5.1.6 Tributos ............................................................................................................... 42 5.1.7 TIR ........................................................................................................................ 44 5.1.8 Sensibilidade ....................................................................................................... 44

5.2 Cenário com Atividades Potenciais ...................................................................... 44 5.3 Atividades Acessórias .......................................................................................... 48 5.4 Considerações sobre os Cenários de Modelagem Econômico-financeiro ............... 48 5.5 Atividades de Contrapartida das Prefeituras ........................................................ 48 5.6 Fluxo de Cobrança da Bilheteria Única ................................................................. 49

6 VIABILIDADE DAS ATIVIDADES EXERCIDAS E POTENCIAIS ............................................ 49

7 CONCLUSÃO DA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA E DE VIABILIDADE DAS ATIVIDADES 52

8 ALTERNATIVAS DE ESTRUTURAÇÃO JURÍDICA ............................................................. 54

9 SISTEMA ÚNICO DE BILHETERIA .................................................................................. 54 9.1 Instrumento Jurídico de Parceria – Acordo de Cooperação ................................... 55 9.2 Termo de Parceria com OSCIP ............................................................................. 55 9.3 Parceria com Organização da Sociedade Civil – OSC ............................................. 57 9.4 Participação das Municipalidades na gestão do Projeto ....................................... 57

3

9.5 Projeto Toyota APA Costa dos Corais – Parceria no Desenvolvimento da APACC ... 59

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 59

11 ESCLARECIMENTOS JURÍDICOS ................................................................................ 60

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 60

4

1 APRESENTAÇÃO

No âmbito do projeto de estruturação e celebração das Parcerias Ambientais Público-Privadas, consiste em objetivo precípuo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (“ICMBio”), conforme delimitado no Termo de Referência 4.2 (“Termo de Referência”), otimizar a gestão das Áreas de Proteção Ambiental sob sua responsabilidade, melhor absorvendo e realizando o potencial de exploração e de geração de benefícios econômicos e sociais e, com isto, viabilizando o enfrentamento das dificuldades de gestão destes ativos, por meio de alianças junto à iniciativa privada, o presente documento visa apresentar o Produto 2, de 3 (três) produtos previstos. Este segundo produto visa apresentar um maior detalhamento em relação a modelo econômico-financeiro para o estabelecimento de parcerias ambientais na APA Costa dos Corais (APACC). O detalhamento deste modelo é baseado nos resultados apresentados no Produto 1, a partir da consolidação das informações técnicas, econômicas e jurídicos e validadas pela equipe gestora da APACC, assim como pela equipe da Coordenação Geral de Uso Público (CGEUP) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ao longo do presente estudo, é apresentado um detalhamento do funcionamento do sistema de bilheteria único, modelo técnico-operacional para um melhor ordenamento e gestão das atividades, proposto no Produto 1, uma análise da viabilidade econômico-financeiro da implantação deste modelo, assim como das atividades a serem geridas (atuais e potenciais), além de uma apresentação do modelo jurídico mais adequado para implementação deste modelo de parceria1. Tendo em vista que trata-se de um projeto delineado em 3 etapas, esta segunda etapa é de fundamental importância, pois tem como objetivo principal, apresentar à equipe gestora da APACC, assim como equipe da Coordenação Geral de Uso Público (CGEUP) do ICMBio um detalhamento do modelo, por eles escolhidos para o aprimoramento das parcerias ambientais público-privadas em relação à APACC. A partir da consolidação e validação dos resultados apresentados neste produto, na próxima etapa (Produto 3) será construída a minuta do modelo da possível parceria a ser implantada na UC.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Detalhamento do modelo operacional do sistema de bilheteria única a ser implantado na APACC, assim como apresentação da viabilidade econômico-financeira da implantação desse sistema nos 4 municípios abrangidos pelo projeto – Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi – com vistas à melhoria da gestão e a conservação da biodiversidade.

2.2 Objetivos Específicos

• Apresentação de modelo operacional do sistema de bilheteria único;

• Apresentação de modelos de bilheteria única utilizados em outros locais, como forma de exemplificação;

1 O produto 2 trata-se de um detalhamento/ aprofundamento dos resultados apresentados no Produto 1 - Panorama do território abrangido pela APA Costa dos Corais e atuação do ICMBio na região, de acordo com a validação da equipe gestora da APACC e CGEUP/ ICMBio em relação às propostas apresentadas. Neste contexto, eventuais dúvidas em relação ao contexto territorial e outras informações que subsidiaram a tomada de decisão para o modelo apresentado neste documento, recomenda-se a leitura do Produto 1.

5

• Apresentação das atividades existentes e potenciais a serem comercializadas pelo sistema de bilheteria único;

• Apresentação dos resultados econômicos em relação à implantação do sistema de bilheteria único;

• Apresentação dos resultados econômicos em relação às atividades turísticas já desenvolvidas na APACC;

• Apresentação dos resultados econômicos em relação as atividades turísticas potenciais a serem desenvolvidas na APACC;

• Apresentação do possível arranjo jurídico de parceria para aprimoramento da gestão da APACC;

3 METODOLOGIA

Para desenvolvimento do presente produto, partiu-se da premissa de detalhamento das informações consolidadas no Produto 1 referente às 3 temáticas trabalhadas ao longo do projeto – técnico operacional, econômico-financeiro e jurídico. A partir das considerações e validações da equipe gestora da APACC e da CGEUP/ ICMBio, cada uma das equipes temáticas fez um desdobramento das informações referentes à possibilidade de implantação de um sistema de bilheteria única para aprimoramento da gestão e atividades de Uso Público da APACC, através do estabelecimento de uma parceria com o setor privado. Os procedimentos metodológicos para este detalhamento são apresentados a seguir, de acordo com cada eixo temático.

3.1 Eixo Técnico Operacional

Para consolidação das informações referentes ao eixo técnico operacional, buscou-se apresentar neste documento um maior detalhamento do modelo de bilheteria única, apresentando outros exemplos onde o sistema já é adotado visando demonstrar boas práticas em relação ao sistema. Fez-se também uma proposta (preliminar) de como seria a operação deste sistema de bilheteria única, apresentado as contrapartidas, obrigações, modelo de gestão, dentre outras informações que poderão contribuir para que a equipe gestora da APACC e CGEUP/ ICMBio possam tomar decisões em relação ao modelo da minuta, a ser consolidado na etapa posterior. Além da apresentação do modelo de bilheteria única, apresentou-se também neste documento um maior detalhamento das atividades potenciais (identificadas ao longo das atividades da etapa anterior e consolidadas no Produto 1), apresentando também exemplos de locais onde já ocorrem determinadas atividades. Ao fim da análise, apresenta-se uma síntese das atividades potenciais, os municípios onde há potencial para implantação da mesma e uma sugestão de priorização. A consolidação destes elementos, permitiu a consolidação das análises referentes ao eixo econômico-financeiro.

3.2 Eixo Econômico-Financeiro

No Produto 1, buscou-se qualificar e quantificar monetariamente o turismo nos municípios que compreendem a APACC, no que tange ao contexto turístico, perfil dos visitantes, atividades turísticas atuais e potenciais, priorização de ordenamento das atividades, dentre outras informações. A caracterização econômico-financeira do turismo nesta região é fundamental para dar suporte à decisão da equipe gestora da UC e da CGEUP de eleger o melhor arranjo para o projeto.

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Foi analisado o portfólio de atrações turística disponíveis na região e atividades potencialmente oferecidas no futuro. Essa análise permitiu encontrar a demanda das atividades já exploradas na região bem como estimar a demanda das atividades potenciais. A partir de um estudo detalhado, foram estimadas, também, as receitas anuais e analisados os custos envolvidos na atividade. Por fim, todas as informações foram consolidadas em uma análise dos roteiros turísticos potenciais e verificou-se que os valores cobrados pelos passeios são aderentes ao orçamento do turista típico. Verificou-se que o gasto médio diário do turista doméstico e internacional com “Passeios e Atrações Turísticas” é de R$ 197,1 e R$ 198,37, respectivamente. Sendo assim, tanto o turista doméstico quanto o turista internacional apresentariam orçamento adequado frente aos valores cobrados pelas atividades turísticas oferecidas, com exceção da atividade de mergulho de batismo, que tem sua demanda atrelada a um perfil diferente de turista, uma vez que este está disposto a gastar mais com esse tipo de atividade. A Figura 1 sintetiza essa conclusão, apresentando os valores médios das atividades oferecidas na região em comparação com o gasto médio dos turistas.

Figura 1: Gastos Médio por Atividade (R$)

Fonte: Pesquisa de campo.

Considerando que a região não apresenta um vasto portfólio de atividades noturnas, acredita-se, ainda, que seja possível que o turista tenha um potencial de consumo de “Passeios e Atrações Turísticas” superior ao valor mencionado, uma vez que poderia destinar recursos classificados como “Diversão Noturna” e “Outros” para atrações turísticas. Desta forma, passaria a ter um gasto potencial de R$ 348 e R$ 479 por dia, caso destinasse recursos dessas categorias, respectiva e cumulativamente, às atividades de “Passeios e Atrações Turísticas”. A partir da conclusão obtida quanto ao portfólio de atividades oferecidas e potenciais na região, juntamente com a análise do potencial de consumo do turista típico, buscou-se estabelecer cenários que viabilizem projeto de bilheteria única das atividades turísticas da APACC. Para que se possa apresentar os cenários de modelagem econômico-financeira construídos até então para o viabilizar o projeto, faz-se necessário introduzir ao leitor os conceitos financeiros

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teóricos que serão aplicados2. Posteriormente, serão apresentados os principais resultados encontrados, bem como as premissas adotadas. Na Conclusão são expostos os resultados e suas implicações para a modelagem econômico-financeira do projeto.

3.3 Eixo Jurídico

No que tange ao eixo jurídico, no Produto 1 foram analisados e apresentados 8 (oito) diferentes modelos de arranjos jurídicos no que tange a modelos de parceria, a saber:

1. Autorização de Uso de Bem Público; 2. Permissão de Uso de Bem Público; 3. Concessão de Uso de Bem Público; 4. Concessão Comum (de serviços públicos/de interesse público); 5. Parcerias Público-Privadas (Concessão Patrocinada e Concessão Administrativa); 6. Termo de Parceria com Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP; 7. Termo de Colaboração/Termo de Fomento/Acordo de Cooperação com Organização

da Sociedade Civil – OSC. 8. Interações entre as Municipalidades e o ICMBio

Dentre os modelos apresentados, a equipe gestora da APACC em conjunto com a equipe CGEUP/ ICMBio sinalizaram que, para a formalização de uma parceria para implantação de um sistema de cobrança única, as melhores opções seriam através da formalização de um Termo de Parceria com Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP ou através de um Termo de Colaboração/Termo de Fomento/Acordo de Cooperação com Organização da Sociedade Civil – OSC. Além disso, a equipe da APACC e CGEUP/ ICMBio sinalizaram também sobre a importância de elucidar como seriam as interações com as municipalidades da APACC. Neste sentido, neste Produto 2, a temática jurídica apresenta o melhor cenário para a formalização de uma parceria com o setor privado baseado na demanda da equipe gestora da APACC e CGEUP/ ICMBio. A partir da validação do modelo, o eixo jurídico irá detalhar e elaborar a minuta do termo, como produto final do presente projeto

4 PROPOSTA PARA AS ATIVIDADES DE VISITAÇÃO DA APA COSTA DOS CORAIS

Conforme demonstrado no Produto 1, a APACC já possui diversas atividades de visitação consolidadas, que são distribuídas de acordo com a demanda e especificidade de cada município. Acredita-se que a UC tenha potencial para o desenvolvimento de outras atividades, identificadas tanto nas visitas de campo e nas reuniões com a equipe do ICMBio, com operadores locais e com os representantes institucionais das prefeituras (secretários de turismo e meio ambiente); como em estudos de benchmarking de atrativos naturais marítimos e de ecoturismo.

4.1 Análise das potencialidades dos municípios

Os municípios estudados apresentam qualidades e perfis turísticos distintos. O que se deseja, com o projeto, é potencializar tais características e desenvolver ações sustentáveis que atraiam novos visitantes à região, além de beneficiar a economia local. Sendo assim, observa-se que em Maragogi e em Paripueira o turismo encontra-se em um estágio mais avançado de desenvolvimento e apresenta características de turismo de massa (com foco no segmento de sol e praia), com grande volume de visitantes durante o ano. As

2 Os conceitos financeiros teóricos são apresentados no anexo I do presente documento.

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atividades propostas para estes municípios têm o objetivo de abrir novas opções ao turista, além de fomentar a educação e interpretação ambiental, de modo que o turista saiba que está visitando uma Unidade de Conservação. Já São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras possuem potencial para o desenvolvimento de atividades turísticas que visem uma maior interação com as comunidades locais e com características de baixo impacto, visando conciliar atividades recreativas com atividades educativas. Neste contexto, conforme mencionado durante a análise das características destes municípios, o ICMBio tem, em conjunto com ONG locais, proposta o desenvolvimento de atividades turísticas com características baseadas nas premissas do Turismo de Base Comunitária. O ICMBio acredita que o envolvimento da comunidade local na UC apresenta-se como “um importante caminho para fortalecer os programas de visitação, diversificar as atividades desenvolvidas e agregar valor à experiência dos visitantes, bem como incrementar a renda desses moradores e aproximá-los positivamente da gestão da UC, aumentando, assim, o apoio local à área protegida” (ICMBio, 2017).

4.2 Identificação e caracterização das atividades potenciais

Neste item serão apresentadas as atividades potenciais da APACC, propostas como sugestões iniciais, a serem validadas junto à equipe gestora da UC, assim como da equipe da CGEUP, para incrementar e diversificar as possibilidades de visitação da UC, além de proporcionar um maior contato dos turistas com a natureza, divulgando também que a visita ao litoral norte do estado de Alagoas ocorre dentro dos limites de uma importante UC Marinha. Algumas delas já acontecem, mas de maneira incipiente e desorganizada, sendo assim, foram consideradas, ainda, como atividades potenciais. As atividades potenciais podem ser organizadas da seguinte maneira:

BILHETERIA

ATIVIDADES NO MANGUEZAL

ATIVIDADES DE PRAIA

ATIVIDADES NÁUTICAS Na sequência, há a descrição das atividades, com imagens e referências de boas práticas na gestão de ecoturismo que possam ser incorporadas à APACC.

4.2.1 Bilheteria

Atualmente a visitação nas áreas da APACC ocorre sem a cobrança de ingresso para visitação por parte do ICMBio. Conforme exposto ao longo do estudo, em alguns municípios, como por exemplo, Maragogi, há uma taxa ambiental cobrada pela prefeitura, mas esta não é cobrada do visitante e sim do operador que desenvolve as atividades passíveis de cobrança desta taxa. A venda dos passeios às piscinas naturais se dá de maneira desorganizada, cada operador atua de um jeito e em muitos casos não há contagem efetiva do número de visitantes. Diante deste quadro, como uma das opções para um melhor controle da visitação, propõe-se a implantação de um sistema de bilheteria única para venda dos passeios às piscinas naturais e cobrança de um possível ingresso pelo ICMBio. O sistema terá como objetivo:

• Controlar de forma mais efetiva e eficiente a visitação da APACC;

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• Recepcionar, informar e orientar os visitantes a respeito da visitação na UC, com pequena exposição interpretativa, de forma a sensibilizar o turista de que está em uma área protegida, que deve ser preservada e cuidada;

• Vender os passeios às piscinas naturais (transporte de passageiros, atividades de mergulho e fotografia subaquática);

• Vender outros passeios, como por exemplo, trilhas no mangue, aluguel de caiaques, de bicicletas, dentre outras opções, de acordo com as potencialidades de cada município elencadas ao longo do estudo

• Monitorar o número de visitantes, bem como seu perfil;

• Explorar a venda de produtos da UC e artesanato local. Considera-se a implantação desse serviço uma oportunidade para obtenção de um maior controle e ordenamento das atividades de visitação dos principais atrativos da APACC, dentre as quais destacam-se as piscinas naturais em ambientes recifais, tendo como foco a organização dos passeios, o controle da visitação e a educação ambiental, já que junto à estrutura pode ter espaço expositivo sobre a UC. Serão apresentadas a seguir boas práticas de sistemas de bilheteria única e digital. Tal situação já ocorre em outros locais do Brasil como por exemplo, no município turístico de Bonito e no Parque Nacional de Fernando de Noronha. Os exemplos apresentados podem ser utilizados como referência para implementação do sistema de bilheteria única na APACC. 4.2.1.1 Bonito

Bonito, município localizado no Estado do Mato Grosso do Sul, é um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil. Seu turismo se concentra nas modalidades de ecoturismo, turismo de aventura e turismo de lazer, tendo uma grande diversidade de atrativos naturais. O surgimento da atividade turística no município foi um processo gradativo, que se iniciou na década de 1970, por conta dos recursos naturais existentes na região. Assim, muitos proprietários rurais viram a oportunidade de diversificar e incrementar suas atividades agrárias, incluindo as modalidades de turismo em suas propriedades. Nos anos de 1980, a atividade turística do município começa a se especializar, sofrendo alterações marcadas principalmente: pelo aumento do fluxo de turistas; pela ampliação do número de atrativos aptos a receber turistas; pelo início de um processo de preocupação com questões ambientais, desencadeando pesquisas de manejo e capacidade de carga dos atrativos; e pela emergência de profissionalização do setor turístico local, induzindo a criação dos primeiros cursos de formação de guias e técnicos especializados da região. Diante do grande crescimento das atividades ecoturísticas, Bonito começou a atrair a atenção de empresários externos, principalmente de grandes operadoras de turismo. Na visão local, essas empresas externas apresentavam risco às intenções locais de estruturar um turismo sustentável, principalmente pelo fato das excursões organizadas por elas serem feitas com seus próprios guias de turismo, que não conheciam e não se envolviam com as propostas e regras locais (Silva, 2007). Em 1995 foi criado então, o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR)3, que atendeu as proposições dos atores locais organizados (donos de atrativos,

3 O COMTUR de Bonito é integrado por quatro representantes escolhidos pela Prefeitura e seis representantes dos segmentos ligados ao “trade” turístico local. Ainda há a Secretaria de Turismo

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agência de viagem e guias de turismo), fazendo com que as novas regulações se dessem de modo a priorizar a ação desses atores locais na condução do negócio turístico da região, integrados às ações da Prefeitura. Desse modo, esses atores locais passaram a ser priorizados, afastando a entrada de empresas externas. Também em 1995, foi estabelecida a instrução normativa nº 09/95, no qual o próprio COMTUR estabeleceu a obrigatoriedade de utilização do chamado Voucher Único no âmbito da prática do turismo municipal, que foi transformado em lei em 2001 (lei 043/2001). Com a adoção deste mecanismo, os mais de 60 atrativos turísticos do município só podem ser comercializados pelas agências de turismo local, ou seja, elas são as únicas autorizadas a reservar e comercializar os passeios existentes. Sem o voucher e sem a reserva, a entrada do visitante é barrada em todos os lugares. Como os preços dos passeios são tabelados, as agências cadastradas focam na concorrência pela qualidade dos serviços oferecidos aos turistas, para assim conquistar seus clientes.

Figura 2 - Venda de passeios on-line em agência de turismo de Bonito. Fonte: Site Bonitotour

Os atrativos de Bonito têm limitação diária de visitantes que também é controlada pelo sistema do voucher único. O sistema reserva eletronicamente o dia do passeio para o visitante, por meio das agências de turismo locais, e assim consegue controlar o número de visitantes por dia no atrativo. Destaca-se que é possível reservar um passeio com até seis meses de antecedência, garantindo ao turista a organização de sua viagem. É interessante observar também que para realização dos passeios é obrigatório o acompanhamento de um guia de turismo especialista, que tem curso e formação sobre a área visitada. O nome do guia de turismo é especificado no voucher. De modo geral o sistema funciona da seguinte maneira (Almeida, 2013):

• A prefeitura disponibiliza, controla e fornece os vouchers para as agências de turismo locais cadastradas;

• Agências de turismo preenchem os vouchers e escolhe o guia de turismo que irá acompanhar o turista ou o grupo;

• Turista solicita e paga o passeio, pega o voucher e é acompanhado pelo guia de turismo;

• Atrativo recebe o voucher e proporciona o passeio;

• Guia de turismo acompanha o grupo e cobra das agências de turismo pelo serviço realizado.

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Sua criação contribuiu para introduzir um modelo de gestão baseado em uma rede de cooperação voltada à exploração sustentável dos recursos naturais municipais, envolvendo o poder público e o trade turístico. Além de permitir maior transparência em todo o processo, o sistema proporcionou a integração organizada dos atores envolvidos e atribuiu exclusividade às agências locais para a venda dos passeios. Desse modo, proporcionou a possibilidade de se exigir dos donos de atrativos, estudos para definição da capacidade de carga adaptada a cada realidade, possibilitou ao Município a ampliação do recolhimento do imposto sobre os serviços e a organização de um banco de dados estatísticos disponíveis aos atores interessados (Silva, 2007). Inicialmente o documento era emitido em 5 vias, destinadas ao turista, ao agenciador do passeio, guia de turismo, dono do atrativo e à Prefeitura. Possuía uma numeração sequencial, utilizada no “bloqueio” de vagas dos passeios, na Central de Reservas na Secretaria de Turismo da Prefeitura. Os blocos eram distribuídos semanalmente às agências, que em um determinado dia deveria devolver os referidos blocos, com as vias da prefeitura e recolher o ISS devido, como requisito para entrega de outro talão. Ao mesmo tempo, as agências também repassavam os valores arrecadados a cada parceiro (proprietários dos atrativos, guias de turismo, operadores). Atualmente o município conta com o Voucher Único Digital, permitindo um maior controle da visitação, além de proporcionar a emissão de relatórios em tempo real. Pode-se defini-lo como “um contrato de prestação de serviços futuros no ramo de turismo” (Mariano, p.3). Este foi implantado em 2003, sendo distribuído e controlado pela Central do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), que também distribui e controla as Notas Fiscais (NF) das empresas do município (Vieira, 2003). Com este novo sistema, a Prefeitura consegue controlar a impressão, a padronização e a distribuição das Notas Fiscais dos serviços de turismo, controlando inclusive, de maneira rápida e eficiente, o imposto arrecadado. Além disso, o sistema permite à Prefeitura, o controle do número de visitantes por passeio, a sistematização do acompanhamento dos guias de turismo, e a viabilização das vendas através de um grande número de agências locais de pequeno porte. Em termos jurídicos, as agências de turismo assumem o papel de Responsáveis Tributários, que são aqueles que retêm o ISSQN do prestador de serviços, no ato de pagamento ao mesmo, agindo como braço coletor de impostos da Prefeitura. 4.2.1.2 Outros exemplos de bilheteria

Existem outros bons exemplos de bilheteria eletrônica e online que podem ser usados como referência para a comercialização e organização dos passeios da APACC. Alguns são apresentados a seguir. 4.2.1.3 Parque Nacional Serra dos Órgãos

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos compreende uma área de 20.030 hectares nos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Guapimirim e Magé. É muito procurado para práticas de esportes de montanha, já que possui mais de 200 km de trilhas com todos os níveis de dificuldade, sendo a principal a Travessia Petrópolis-Teresópolis, com 30km de extensão. O visitante interessado em conhecer o parque pode comprar seu ingresso antecipadamente através do site www.parnaso.tur.br, onde também é possível fazer as reservas para as trilhas de montanha, campings e abrigos de montanha. A página eletrônica é organizada, possuindo todas as informações necessárias para o passeio, como preços e sugestões de pacotes.

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Figura 3 - Venda de ingressos on-line do Parque Nacional Serra dos Órgãos. Fonte: Site Parnaso

No ato da compra o visitante deve se cadastrar, informando seus dados, que alimentam o banco de dados do sistema. É possível escolher os locais para pernoitar, com fotos, e os serviços que deseja incluir, como estacionamento, por exemplo. Dessa maneira, o visitante consegue organizar toda sua viagem, verificando a disponibilidade do passeio e da hospedagem. 4.2.1.4 Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha

O Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha também possui sistema organizado e eficiente para venda de ingressos e para o agendamento de visitas às piscinas naturais da UC. A compra de ingressos pode ser feita pelo site http://www.parnanoronha.com.br, onde é possível coletar todas as informações necessárias para a visitação, bem como para o agendamento antecipado para o passeio às piscinas naturais. Figura 4 - Venda de ingressos on-line do Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha. Fonte: Site

Parnanoronha

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A visitação às piscinas naturais da UC é monitorada pelo ICMBio, que também controla e autoriza o acesso de visitantes ao atrativo. Como a visitação às piscinas naturais só é possível na maré seca, o agendamento é uma forma de preservar e garantir o ingresso ao maior número de visitantes possível. Assim, o agendamento foi criado tendo como intuito garantir a qualidade da experiência do visitante, além de preservar os ambientes marinhos. O agendamento, portanto, pode ser feito com um prazo de antecedência máximo de cinco dias e deve ser feito pessoalmente na Sede do ICMBio no parque, onde é necessário apresentar o ingresso do parque, cópia do voucher ou o número de CPF do visitante. Cada visitante/condutor tem o direito de agendar no máximo 6 pessoas. Os horários para agendamento são: de segunda a sexta-feira das 8h30 às 18h e aos sábados e feriados das 15h às 18h. 4.2.1.5 Exemplos internacionais

São vários os casos internacionais que se pode citar como bons exemplos de bilheteria e reserva de passeios e hospedagem online, como por exemplo: os parques nacionais da África do Sul (South African National Parks), os parques nacionais da Thailandia (Thai National Parks) e os parques nacionais dos Estados Unidos (National Park Reservations). Nos sites dos parques nacionais citados é possível encontrar todas as informações necessárias para organização da visitação, com sugestões de passeios, verificação de hospedagens e serviços disponíveis, compra de ingressos e outros.

Figura 5 – Reserva de hospedagem nos parques nacionais dos Estados Unidos. Fonte: Site nationalparkreservations

4.2.2 Proposta de Bilheteria para a APACC

A partir dos casos apresentados é possível concluir que a venda de passeios às piscinas naturais na APACC pode ser melhor organizada, de modo a receber os visitantes com qualidade e conforto, além de garantir a preservação do meio ambiente. De modo a organizar a venda dos passeios e torná-los mais acessíveis aos visitantes, propomos a implantação de um sistema que será composto:

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1. Infraestruturas físicas: implantação de edificações, de aproximadamente 250m², em pontos diferentes e estratégicos da APACC, com espaço de bilheteria, espaço de exposição para atividades de interpretação e sensibilização ambiental junto aos visitantes e comunidade local, pequeno auditório, loja para venda de souvenir e artesanato local, pequena lanchonete, sanitários e apoio administrativo. Esta poderá ser implementada através de aluguel de espaço por parte do parceiro privado, ou através de um modelo de parceria (acordo de cooperação ou convênio) com as prefeituras locais. Acredita-se que este local terá a funcionalidade semelhante à de um Centro de Visitantes, onde o turista poderá organizar sua visita e conhecer os aspectos naturais da APACC;

2. Sistema de bilheteria digital: desenvolvimento de sistema integrado para a venda de passeios às piscinas naturais e outros serviços turísticos da APACC, conforme as potencialidades identificadas. Este terá a finalidade de vender os passeios pela internet através de operadores cadastrados pelo ICMBio; controlar o número de bilhetes emitidos; e controlar o número de visitantes por dia nas piscinas naturais e nos outros atrativos, de modo a não ultrapassar a capacidade de suporte diária estabelecida, de acordo com o Número Balizador de Visitação (NBV) do atrativo4. Através deste sistema o visitante poderá melhor organizar sua viagem, visualizando quais são os passeios disponíveis no período em que estará nos municípios da APACC. Este sistema também será utilizado nas bilheterias físicas, já que controlará a emissão dos bilhetes emitidos;

O parceiro privado, portanto, será responsável tanto pela implantação das infraestruturas físicas, dotando-as com os equipamentos, materiais, mobiliários e sistemas necessários para seu bom funcionamento e desenvolvimento das atividades; como pelo desenvolvimento e implementação do sistema de bilheteria digital, sendo responsável pela instalação, atualização e licença dos “softwares” necessários à operação da cobrança de ingressos durante o prazo do contrato. Além disso, será de responsabilidade do parceiro privado, a execução dos serviços e das atividades referentes à bilheteria durante o período contratual. Estes deverão ser de qualidade, de modo a proporcionar uma boa experiência para os visitantes, sendo gerenciados de forma adequada e eficiente. Ademais, deve-se garantir a qualidade das estruturas e dos espaços, prevendo a manutenção e conservação apropriada. Assim, o parceiro privado deverá promover a constante modernização, substituição, aperfeiçoamento e ampliação da tecnologia, equipamentos e instalações objeto dos serviços e das atividades concessionadas. Para tanto, o parceiro privado deverá realizar a contratação da equipe de funcionários necessária para a realização dos serviços, devidamente treinada e capacitada para exercer as atividades de sua responsabilidade. Estes deverão estar providos de todos os equipamentos e materiais necessários para preservar sua integridade pessoal. Além dos pontos acima descritos, observa-se que: Gestão das atividades junto aos operadores: o parceiro privado será responsável pela organização do rodízio de operadores a prestarem os serviços de visitação, de acordo com a

4 É importante salientar que a capacidade de suporte deverá ser determinada pelo ICMBio e constar no Plano de Manejo da UC, que está em fase de revisão, assim como as regras para a visitação deverão estar descritas no Plano de Uso Público e serem repassadas a todos os operadores autorizados a desenvolverem atividades turístcias na APACC.

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capacidade de suporte estabelecida para os atrativos, sendo necessário que ao início de todo mês, esta lista seja repassada à gestão do ICMBio para que esta desempenhe as atividades de fiscalização5;

Figura 6 – Fluxograma da organização do rodízio de operadores

É importante destacar, neste sentido, que o sistema de bilheteria poderá auxiliar na organização das autorizações dos operadores de serviços das piscinas naturais da APACC, com maior controle das embarcações e dos próprios operadores. Estas podem receber identificação própria com selo do ICMBio. Atividades oferecidas: o sistema de bilheteria única deverá disponibilizar informações aos visitantes, online e em meio físico, sobre todas as atividades disponíveis e autorizadas a serem realizadas na APACC, de acordo com o Plano de Manejo e Plano de Uso Público. Neste sentido, o visitante poderá conhecer um pouco melhor sobre as atividades permitidas e escolher aquela que melhor se adeque aos seus interesses e à sua disponibilidade de data, podendo organizar sua viagem de maneira prática e eficiente. Sendo assim, o sistema deverá estar constantemente atualizado; Contrapartidas: o parceiro privado deverá realizar atividades em contrapartida pela exploração da bilheteria única. Sugere-se que ele seja responsável pela implantação e manutenção das trilhas destinadas à realização das atividades no mangue6, dotando-as com estruturas de sinalização, elementos interpretativos e equipamentos facilitadores; que deverão ser elaborados de modo a gerar o mínimo impacto ao meio ambiente. Além destas atividades, o responsável pela gestão da bilheteria única, terá como responsabilidade também, auxiliar a gestão da APACC em campanhas educativas junto aos visitantes e moradores locais, assim como participar e desenvolver atividades de capacitação junto aos atores locais que desenvolvem atividades turísticas na APACC;

5 Atualmente há um sistema de rodízio estabelecido em Maragogi onde as associações de embarcações são responsáveis por informar a prefeitura e ICMBio sobre quais embarcações irão realizar as visitas às piscinas em cada dia. Com a instalação da bilheteria única, esta seria responsável pela organização deste rodízio e repasse das informações para o ICMBio. A forma de organização deste rodízio deverá ser descrita no Plano de Uso Público da APACC visando estabelecer regras específicas e que permitam um maior controle institucional sobre as atividades. 6 Conforme identificado ao longo do trabalho, as atividades no mangue representam um grande potencial para atividades de cunho interpretative e educacional, sendo assim, em locais onde se façam necessárias intervenções para instalação de trilhas suspensa, estas seriam de responsabilidade o parceiro, assim como a manutenção destes equipamentos. Além disso, sugere-se também que a implantação e manutenção da sinalização seja também, de responsabilidade deste parceiro.

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Cobrança: conforme exposto, o sistema de bilheteria único será o principal mecanismo para comercialização dos serviços turísticos da APACC, sendo assim, os operadores locais deverão sinalizar ao ICMBio o valor cobrado pelos seus serviços. Visando uma melhor organização e sustentabilidade financeira da APACC para realização das atividades relativas à conservação dos recursos naturais, da biodiversidade e desenvolvimento de outras atividades da UC, sobre o valor cobrado pelos operadores, será incluída uma taxa de visitação, onde serão divididos os percentuais relativos à APACC, à prefeitura e à gestão da bilheteria. Outro importante aspecto a ser considerado junto às bilheterias é a exploração da imagem da APACC. A infraestrutura física poderá contar com loja de souvenirs, para venda e exposição de artesanato local e produtos referentes à imagem da APACC, tais como camisetas, bonés, chapéus, canecas, chaveiros, bichos de pelúcia e outros tendo como conceito os aspectos da paisagem, fauna e flora encontrados na UC. Além disso, é interessante que sejam comercializados o artesanato local, de modo a reforçar a produção da comunidade por meio de programas socioambientais.

Figura 7 - Produção de identidade visual e produtos para o Parque Nacional de Jericoacoara

Fonte: Natureza Urbana para ICMBio – Estudo de Viabilidade para implantação de PPP no Parque Nacional de Jericoacoara.

O sistema a ser implantado fará o controle do número usuários da UC e de seus atrativos, além catalogar o perfil dos visitantes, visando gerar informações que contribuam para a gestão da APACC, assim como para o aprimoramento dos serviços prestados. Este sistema permitirá identificar e controlar número de visitantes nas piscinas naturais, garantindo uma melhor experiência para todos os usuários e a proteção do meio ambiente. Juntamente com o sistema de cobrança de bilhetes, deverá implantar sistema de controle de acesso às piscinas naturais, tal como zonas de controle onde um fiscal verificará a validade do ingresso de cada uma das embarcações7. Poderá ser implantado também um sistema automatizado de verificação dos bilhetes, tornando a experiência do usuário mais prazerosa e agradável.

4.2.3 Atividades no Manguezal

A APACC possui diversas áreas de manguezal, que são fundamentais para a manutenção da vida marinha. Acredita-se que estes espaços possuem potencial para realização de atividades de educação e interpretação ambiental de forma a ensinar e sensibilizar as pessoas sobre a

7 Esta fiscalização poderá ser feita em parceria com as prefeituras municipais, onde estas serão responsáveis por verificar a validade dos ingressos e repassar ao ICMBio eventuais desvios para que o mesmo possa atuar junto à gestão da bilheteria.

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importância da conservação do ecossistema; e atividades de ecoturismo de baixo impacto, utilizadas para gerar multiplicadores da consciência de preservação do meio ambiente.

Atividades de ecoturismo em manguezal são encontradas em diversas localidades pelo Brasil, como em Itacaré (Bahia), Porto de Galinhas (PE), Boipeba (BA), Praia Grande (SP), São Vicente (SP) e em diversas regiões do Estado de Alagoas. Destaca-se também que os países da Ásia exploram de maneira interessante e sustentável as áreas de mangue.

Figu ra 8 - Trilha para Jeribucaçu pela Cachoeira da Usina em Itacaré. Atividade realizada por agências ecoturismo,

com guias capacitados da região.

Fonte: Agência Bicho Preguiça

Propõe-se, portanto, as seguintes atividades no manguezal para a APACC:

• Trilhas interpretativas e educativas, além da observação da fauna e flora;

• Passeio de caiaque ou Stand Up Padlle;

• Passeio noturno (lua cheia);

• Passeio de jangada;

• Infraestruturas de visitação flutuante.

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Dentre os locais onde são realizadas atividades no manguezal, destaca-se a Canoagem Ecológica no Manguezal Praia Grande e São Vicente, no Estado de São Paulo, que oferece aos participantes desvendarem os encantos do ecossistema. O passeio consiste em uma aula sobre a importância do ecossistema aliada a duas horas de remadas em canoas canadenses, com direito a avistamento de aves e à contemplação do manguezal. É permitido até três pessoas por canoa, acompanhadas de um guia especializado, que vai em uma das canoas, orientando o roteiro e dando aula sobre os mangues.

Figura 9 - Canoagem no mangue

Fonte: Revista nove – Ecoturismo: o lado verde do litoral

A área de manguezal possui grande potencial para atividades de educação ambiental junto às escolas da região e até mesmo aos turistas que queriam aprender mais sobre o ecossistema. Neste sentido, o Parque Estadual Ilha do Cardoso, situado no extremo sul do estado de São Paulo tem desenvolvido interessante projeto, que recebe escolas para atividades de campo no mangue.

Figura 10 – Alunos do Colégio Magno em atividade de campo no Parque Estadual Ilha do Cardoso em São Paulo.

Fonte: Estudo do Meio – Colégio Magno

Para realização das atividades no manguezal, pode ser interessante a implantação de infraestruturas de apoio, de modo a facilitar a visitação e os acessos dos visitantes. Estas precisam ser em material que se integrem na paisagem, sem gerar impactos na natureza. Para

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tanto, será necessário estudo do meio, identificando quais são os pontos que podem ser visitados e onde há necessidade de implantação de tais infraestruturas.

Figura 11 – (1) Visitação na Mangrove Forest na Indonésia; (2) em Peam Krasop Wildlife Sanctuary no

Camboja; e (3) na Ngurah Rai Grand Florest Park na Indonésia.

Fonte: (1) Swaratours, (2) Mekongresponsibletourism e (3) Indonesia traveling guide

Poderão ser consideradas atividades em infraestruturas flutuantes, tanto para observação e contemplação da natureza, como para prestação de serviços aos visitantes, como venda de alimentos e bebidas.

Figura 12 – (1) Infraestrutura flutuante na Mangrove Florest, Indonésia;

Fonte: (1) Mangrove biodiversity as tourism attraction: the perspective of tourist_JBES, (2)

Observou-se que os municípios objetos do estudo, Paripueira, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e Maragogi, possuem áreas de manguezal e, portanto, apresentam potencial para abrigar as atividades de mangue. Os municípios possuem características diferentes, sendo assim, para implantação das atividades no manguezal deseja-se que em São Miguel dos Milagres e em Porto das Pedras elas estejam relacionadas às premissas do turismo de base comunitária, capacitando a população local para a exploração e ações de educação ambiental. Já em Paripueira e

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Maragogi, que possuem turismo consolidado de grande público, uma das possibilidades é implantar passeios com jangada artesanal pelo rio, para observação da fauna e flora. Destaca-se, no entanto, que para realização destas atividades é necessário avaliar, em conjunto com a equipe do ICMBio as fragilidades ambientais das áreas para que sejam propostas atividades condizentes com a capacidade de suporte das áreas de manguezais da APACC. Além disso, é importante destacar também que, uma vez validada junto à equipe da APACC e CGEUP, as atividades propostas serão melhor analisadas, no segundo momento do presente estudo, sob a ótica econômica, onde será feita uma análise da a viabilidade econômica do desenvolvimento destas atividades. É importante destacar que o Plano de Manejo da APACC, define as áreas de manguezal como Zona de Uso Sustentável, no qual estão permitidos os serviços de turismo náutico, de passeio de orla e aluguel de brinquedos náuticos, sendo aqui as propostas condizentes com as diretrizes gerais do Plano de Manejo. Além disso, é válido ressaltar também que, a partir da revisão do Plano de Manejo, estas atividades devem ser consideradas e também expostas as regras para a prática visando facilitar a implantação das atividades, assim como fiscalizá-las e monitorá-las.

4.2.4 Atividades de praia

Já ocorre nas praias da UC o turismo de sol e mar. Os receptivos a beira mar e a rede de hospedagem oferecem aos turistas cadeiras de praia, guarda-sol, brinquedos náuticos e serviços de alimentação. Visando a implantação de novas atividades na APACC, propõe-se a implantação de serviços de aluguel de bicicletas, a realização de caminhadas de longo curso, que poderão usar as infraestruturas dos municípios como apoio; e a recepção de eventos esportivos, tais como triathlon e corrida de aventura na praia.

A Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA), referência nacional de organização empresarial nos seguimentos de Ecoturismo, Turismo de Aventura e Natureza, incentiva a prática de caminhadas de longo curso que a caracteriza como (ABETA, 2017) “realização de percurso a pé, em ambientes naturais com pouca infraestrutura, com diferentes graus de dificuldade. Na caminhada de longo curso o praticante pernoitará em locais ao longo da trilha, pois o trecho percorrido excede o limite de um dia de viagem. O pernoite pode acontecer em situações diversas, como acampamentos, pousadas, fazendas e bivaques, entre outros”. No caso da APACC, a atividade poderá utilizar a infraestrutura turística dos municípios. Em praias, a atividade vem ganhando adeptos. É o caso, por exemplo da travessia da praia do Cassino, considerada a maior praia do mundo no Rio Grande do Sul. O roteiro é de 7 dias e 6 noites, com início na Praia do Cassino e término nos Molhes do Arroio Chuí, na divisa com o Uruguai. O percurso é de 220 km em faixa de areia contínua. Diferente da APACC, o local não possui infraestrutura (hotéis, pousadas, lojas, sanitários, sinal de telefone).

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Figura 13 – Travessia Praia do Cassino.

Fonte: Roraima Brasil

Com relação ao aluguel de bicicletas, pode-se citar como referência o Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha, que tem incentivado o uso do equipamento no interior da UC, por ser uma solução sustentável de locomoção. Em 2015 foi implantado o “Bike Noronha”, projeto de compartilhamento gratuito de bicicletas para turistas e moradores que queiram explorar a ilha sobre duas rodas. Os equipamentos podem ser retirados nas pousadas ou bicicletários espalhados pelo território. Também é possível alugar bicicletas elétricas (ou convencionais, caso as do “Bike Noronha” estejam 100% emprestadas. As bicicletas e estações de compartilhamento foram uma doação do Banco Itaú, que também patrocina o sistema que funciona em Recife e em outras regiões do Brasil. De modo a incentivar o uso do equipamento, o projeto distribuiu gratuitamente bicicletas aos moradores locais, de modo que seja a ferramenta de locomoção mais utilizado na ilha.

Figura 14 - Bike Noronha.

Fonte: Férias Brasil, Fernando de Noronha

4.2.5 Atividades náuticas

A APACC já possui diversas atividades náuticas, categorizadas como transporte de passageiros com embarcações, mergulho e fotografias subaquáticas. Em visita de campo, junto com a equipe do ICMBio, operadores locais e com os representantes institucionais das prefeituras foram identificadas outras atividades náuticas potenciais de serem implantadas na UC. Destaca-se, no entanto, que para a implantação de tais atividades é necessário avaliar, em

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conjunto com a equipe do ICMBio as áreas onde poderão ocorrer, bem como a identificação das fragilidades ambientais das áreas para que sejam propostas atividades condizentes com a capacidade de suporte. A implantação de tais atividades visa oferecer ao visitante novas oportunidades de visitação dentro da APACC, diversificando, inclusive, algumas atividades já existentes. Assim, o turista pode permanecer por mais tempo na região, incrementando e desenvolvendo a economia local. Propõe-se as seguintes atividades náuticas: (i) Passeio de orla com jangada artesanal; (ii) travessia com brinquedos náuticos; (iii) trilha subaquática para educação e interpretação ambiental; (iv) mergulho de batismo, noturno e em naufrágios; (v) pesca turística noturna e (vi) esportes náuticos com kitesurf e windsurfe.

As trilhas subaquáticas têm sido uma das atrações mais procuradas durante o verão no Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA), em Ubatuba (SP), que são realizadas em conjunto com o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e com a ONG Ecosteiros. Este tipo de atração tem um conceito diferente, pois além das belezas naturais da superfície da Ilha Anchieta, segundo maior ilha do Estado, ela tem parte de seu percurso com mergulhos livres e passeios de caiaque. Segundo SMA/SP (2017), o obejtivo do passeio é fazer com que os visitantes conheçam um pouco mais sobre as espécies do parque, promovendo a sensibilização ambiental; além de despertar nas pessoas a existência de um universo de atividades relacionadas ao ambiente marinho, assom como ressaltar a importância dos ecossistemas deles. As trilhas possuem diferentes níveis de dificuldade, que contemplam pessoas de diferentes idades e níveis de condicionamento. Existem as seguintes modalidades:

• Trilha de mergulho livre ao longo de 350 m de costão, com paradas nos pontos de treinamento e de interpretação ambiental. É acompanhado por balsa de apoio e segurança;

• Aquário natural, sem precisar mergulhar. Piscina natural situada em uma praia protegida das ondas e com profundidade inferior a 1 metro;

• Trilha em caiaques ao longo de 350 m de costão, com paradas em pontos para interpretação do ecossistema. Está incluído o uso de colete salva-vidas além dos demais equipamentos de segurança;

• Trilha dos ecossistemas que consiste em caminhada terrestre ao longo de 300 m, cortando a região do parque;

• Trilha do Engenho e parte histórica da ilha.

Todas as atividades são gratuitas, acompanhadas por monitores voluntários, que realizam o módulo prático do curso “Educação Ambiental em Unidades de Conservação Marinha” promovido pela USP. O turista só deve pagar o ingresso do parque.

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Figura 15 – Piscina Natural na praia do engenho do Parque Estadual Ilha Anchieta.

Fonte: (SMA/SP, 2017)

Figura 16 – Trilha subaquática com caiaque no Parque Estadual Ilha Anchieta.

Fonte: (SMA/SP, 2017)

Na APACC pode ser implantado, além das atividades apresentadas do Parque Estadual Ilha do Anchieta, o passeio com embarcações de fundo de vidro. Este tipo de atividade é oferecido no Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha, com embarcação do Projeto Natureza Viva. A embarcação Navi possibilita o passeio de barco com visão do fundo do mar através de uma grande lente de vidro no fundo do barco. Ela foi desenvolvida originalmente pela Marinha Soviética para uso militar. O passeio marítimo, que pode ser realizado de noite também, é acompanhado de um instrutor qualificado e material descritivo, que auxilia o turista a interpretar a natureza submarina de Fernando de Noronha.

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Figura 17 – Embarcação do Projeto Navi no Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha.

Fonte: G1

4.3 Matriz Resumo de atividades x municípios

A seguir é apresentada tabela resumo com a proposta das atividades potenciais para cada município objeto da pesquisa.

Tabela 1 – Resumo das atividades potenciais por município

Atividades potenciais Paripueira São Miguel dos

Milagres Porto de Pedras

Maragogi

Bilheteria

Bilheteria

Atividades no manguezal

Trilhas interpretativas

Caiaque

StandUp Padlle

Passeio Noturno (lua cheia)

Observação de fauna/ flora

Passeio de jangada sem motor

Atividades de praia

Aluguel de Bicicleta

Passeio para caminhada de longo curso

Atividades esportivas

Atividades náuticas

Passeio de orla com jangada artesanal

Travessia (caiaque oceânico, SUP, canoa polinésia)

Trilha subaquática para

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educação e interpretação ambiental

Mergulho de batismo

Mergulho noturno

Mergulho em naufrágios

Pesca Turística noturna (Tainha e Agulhinha)

Esportes náuticos (kitesurf, windsurf)

4.4 Priorização das atividades turísticas nos municípios da APACC abrangidos pelo Projeto

Como demonstrado ao longo do documento, pode-se classificar as atividades turísticas apresentadas no estudo de duas formas: as (1) atividades existentes, que são aquelas que já ocorrem na APACC, mesmo que de maneira incipiente e sem ordenamento; e as (2) atividades potenciais, propostas com objetivo de abrir novas opções ao turista, além de fomentar a educação e interpretação ambiental na região. Entende-se que para o aprimoramento da gestão da UC deve-se buscar tanto o fortalecimento e modernização das atividades e parcerias já existentes, bem como o desenvolvimento de novos modelos de parceria para e quando forem implantadas novas atividades na APACC. Dessa maneira, a proposta para a ordem de prioridade da regularização, ordenamento e implementação das atividades de visitação na APACC foi organizada de duas maneiras, estando vinculadas às atividades existentes e às atividades potenciais8.

A priorização de regularização da parceria está relacionada às atividades existentes. Apesar de precárias, algumas atividades turísticas na APACC, principalmente aquelas relacionadas às piscinas naturais de Maragogi e Paripueira, estão ordenadas e já possuem instrumentos que regularizam a exploração do serviço na UC por meio das autorizações emitidas pelo ICMBio, por exemplo. Acredita-se que o que deve ser feito, neste caso, é fortalecer as parcerias já

8 É importante salientar que a proposta de ordenamento e implementação baseou-se também no atual zoneamento da UC e sobre as regras/ normas de cada zona, além disso buscou-se também consolidar uma matriz no modelo ROVAP sinalizando a atuação situação da UC no que tange aos diferentes usos turísticos na APACC. Para implantação das atividades, sugere-se que, durante a revisão do atual plano de manejo, sejam estabelecidas regras e normas para o desenvolvimento das atividades. Desta forma, entende-se que os objetivos de conservação e desenvolvimento sustentável será preservado, proporcionando melhores experiências para os visitantes, comunidade local e órgãos gestores.

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estabelecidas através do aprimoramento dos instrumentos jurídicos de parcerias disponíveis9. Há, no entanto, atividades que estão em processo de ordenamento pelo ICMBio, como por exemplo, o passeio às piscinas naturais de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. Estas necessitam de regramento específico o quanto antes, além do estabelecimento de instrumentos de parceria para a realização do serviço turístico, que respalde tanto o ICMBio quanto o operador, instituindo claramente as obrigações e deveres de ambas as partes. Sendo assim, a ordem de prioridade para as atividades existentes tem relação com a regularização e ordenamento atual da atividade, na qual deve-se avaliar e aprimorar os mecanismos jurídicos de modo a fortalecer a atividade e a gestão da APACC, além de garantir a conservação dos ecossistemas da UC. Portanto, as atividades existentes identificadas como “atividades sem ordenamento e regularização” devem ser priorizadas frente aquelas que já são ordenadas e que necessitam apenas de ajustes no modelo de parceria, marcadas como “atividades já ordenadas pelo ICMBio, mas que possuem instrumentos de parceria a serem aprimorados”.

1. Atividades sem ordenamento e regularização

2. Atividades já ordenadas pelo ICMBio, mas que possuem instrumentos de parceria a serem aprimorados

A intenção desta priorização é minimizar os impactos ambientais dos serviços turísticos que ainda não foram ordenados dentro da APACC e que, por isso, devem ser priorizados. No processo de regularização destes primeiros serviços sugere-se avaliar os modelos jurídicos indicados no estudo10, de modo a fortalecer as relações entre as partes. Em um segundo momento, as atividades que já são ordenadas, passarão pela atualização de seus modelos, tendo como base os contratos aplicados na primeira fase de implementação do projeto. Com relação às atividades potenciais propostas neste estudo, sugere-se que a ordem de priorização de implantação das novas atividades tenha como base os objetivos de criação da APACC, dentre os quais destaca-se (ICMBio, 2012, p.17):

• Objetivos gerais o ordenar o turismo ecológico, científico e cultural, e demais atividades

econômicas compatíveis com a conservação ambiental; o incentivar as manifestações culturais contribuindo para o resgate da

diversidade cultural regional.

• Objetivos específicos o Estabelecer linhas de pesquisas prioritárias para APA proporcionar meios e

incentivos para atividades de pesquisa científica e estudos, para subsidiar o manejo e monitoramento da APA;

o assegurar a divulgação para o reconhecimento da sociedade da importância da APA para a melhoria manutenção da qualidade de vida;

o propiciar desenvolvimento socioambiental da população local garantindo o acesso as informações conhecimento;

o incentivar a prática de atividades de baixo impacto;

9 A ser melhor discutido nos itens 13 e 14 do presente estudo 10 Apresentados nos itens 13 e 14

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Sendo assim, sugere-se a seguinte ordem de implantação para as novas atividades:

1. Atividades para o aprimoramento e organização da gestão da APACC

2. Atividades voltadas para a educação e sensibilização ambiental

3. Alternativas turísticas complementares

Esta ordem de prioridade foi construída com a finalidade de, primeiramente aprimorar e organizar a gestão das atividades turísticas que já são oferecidas na APACC, além de ordenar as atividades recorrentes, identificadas nas reuniões da visita de campo. Em seguida, são priorizadas as atividades voltadas para a educação e sensibilização ambiental, entendidas como essenciais para que o turista e a comunidade tenham o conhecimento sobre a UC. A intenção é fortalecer a imagem da APACC na região para “assegurar a divulgação para o reconhecimento da sociedade da importância da APA para a melhoria manutenção da qualidade de vida”. As atividades entendidas como alternativas turísticas visam complementar o panorama turístico da região, de modo a incentivar o desenvolvimento econômico local. A seguir são apresentadas as matrizes de priorização sugeridas conforme exposto acima. Estas visam auxiliar no monitoramento e avaliação da implementação das atividades e dos modelos jurídicos, permitindo aos gestores uma gestão eficiente sobre o planejamento e execução das atividades previstas no estudo.

4.4.1 Atividades existentes

Tabela 2 - Priorização das atividades existentes

Atividades existentes Paripueira São Miguel dos Milagres

Porto de Pedras

Maragogi

Passeios piscinas naturais

Catamarã

Lancha

Escuna

Jangada

Fotografia subaquática

Mergulho

Mergulho conduzido

Mergulho de batismo

Brinquedos náuticos (incipiente)

Caiaque

StandUp

Passeio no mangue

Trilhas ecológicas

Observação de fauna

Peixe-boi

Passeio de orla

Passeio embarcado (lancha,

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escuna e catamarã)

Venda de bebidas e lanches

Atividades recreativas

Legenda:

1. Atividades sem ordenamento e regularização

2. Atividades já ordenadas pelo ICMBio, mas que possuem instrumentos de parceria frágeis

4.4.2 Atividades potenciais

Tabela 3 - Priorização das atividades potenciais

Atividades potenciais Paripueira São Miguel dos Milagres

Porto de Pedras

Maragogi

Bilheteria

Bilheteria

Atividades no manguezal

Trilhas interpretativas

Caiaque

StandUp Padlle

Passeio Noturno (lua cheia)

Observação de fauna/ flora

Passeio de jangada sem motor

Atividades de praia

Aluguel de Bicicleta

Passeio para caminhada de longo curso

Atividades esportivas

Atividades náuticas

Passeio de orla com jangada artesanal

Travessia (caiaque oceânico, SUP, canoa polinésia)

Trilha subaquática para educação e interpretação ambiental

Mergulho de batismo

Mergulho noturno

Mergulho em naufrágios

Pesca Turística noturna

Esportes náuticos

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Legenda:

1. Atividades para o aprimoramento e organização da gestão da APACC

2. Atividades voltadas para a educação e sensibilização ambiental

3. Alternativas turísticas complementares

5 MODELAGEM ECONÔMICO-FINANCEIRA DO PROJETO

Conforme mencionado, um dos principais mecanismos proposto no presente projeto é a implantação de um sistema de bilheteria única para venda dos passeios às piscinas naturais, venda de outras atividades (conforme a potencialidade de cada local) e cobrança de taxa de visitação. Este sistema tem como objetivo:

• Controlar de forma mais efetiva e eficiente a visitação da APACC;

• Recepcionar, informar e orientar os visitantes a respeito da visitação na UC, com pequena exposição interpretativa, de forma a sensibilizar o turista de que está em uma UC, que deve ser preservada e cuidada;

• Vender os passeios às piscinas naturais (transporte de passageiros, atividades de mergulho e fotografia subaquática) e outras atividades propostas;

• Monitorar o número de visitantes, bem como seu perfil;

• Explorar a venda de produtos da UC e artesanato local.

Para atingir este objetivo, o projeto prevê inicialmente a implantação de quatro bilheterias físicas, uma em cada munícipio, quais sejam: Maragogi, Paripueira, São Miguel dos Milagres e Porto das Pedras11. A seguir serão apresentados os principais arranjos construídos para a modelagem econômico-financeira, bem como as principais premissas adotadas. Destaca-se que os parâmetros de investimento e operação, que incluem os quantitativos e os valores monetários utilizados no estudo foram levantados junto aos operadores locais e outras informações disponibilizadas pelo ICMBio.

5.1 Modelagem para o Cenário-Base

O cenário-base de modelagem econômico-financeira do Projeto foi construído de acordo com uma demanda considerada realista para as atividades turísticas existentes na região da APACC. Essa demanda seria correspondente à utilização de 60% da capacidade máxima atualmente permitida para a operação de cada atividade. Foi considerado que todas as atividades operam durante 18 dias no mês. A Tabela 4 apresenta os valores de demanda considerados para cada atividade por município.

11 A partir da implantação destas bilheterias, pretende-se que o modelo seja replicado nos outros municípios da APACC, para tanto, será necessário também uma avaliação das atividades a serem exploradas/ comercializadas nestes outros municípios, caso a proposta seja esta.

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Tabela 4 – Demanda Diária por Atividade por Município

Demanda Diária por Atividade/Município Maragogi Paripueira SMMilagres Porto de Pedras

Catamarã 648 144 0 0

Lancha 306 7,2 0 0

Escuna 180 0 0 0

Jangada 0 0 270 90

Fotos sub 227 30 54 18

Mergulho conduzido 74 10 18 6

Mergulho de batismo 11 0 0 0

Avistamento do Peixe-boi 0 0 0 42

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã) 113 0 0 0

Stand Up 113 15 0 0

Trilhas ecológicas 0 0 0 0

5.1.1 Fluxo de Caixa do Projeto

Antes de apresentar o Fluxo de Caixa Livre do Projeto, faz-se necessário introduzir a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) quantifica o desempenho econômico-financeiro do Projeto em termos contábeis, sob o regime da competência. A DRE é peça fundamental na determinação do Fluxo de Caixa Livre do Projeto. É por meio da DRE que são apurados os impostos e repasses sobre receitas (ISS, PIS e COFINS) e rendas (Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) que compõem o Fluxo de Caixa Livre do Projeto. No cálculo da Receita Líquida foi considerada a receita de taxa de visitação destinada a remunerar o concessionário que irá operar as bilheterias e os sistemas de controle. Sobre o valor bruto dessas receitas, foram consideradas as contribuições PIS e COFINS, com alíquotas de 0,65% e 3,00%, respectivamente, e também a incidência de Imposto Sobre Serviços (ISS), com uma alíquota de 5,00%. Os custos operacionais do Projeto estão consolidados na rubrica OPEX (Custos Operacionais, ou, do inglês Operational Expenditure). Nela, estão contidos os custos com: Infraestrutura, T.I., equipamentos, serviços de terceiros, materiais e mão-de-obra. Para o cálculo do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) foi adotado o regime de lucro presumido. De acordo com as premissas assumidas, espera-se ao longo do Projeto um total de Receita de taxa de visitação com a implantação do sistema de bilheterias da ordem de R$ 52,88 milhões. Desse montante, considera-se que 40% (R$ 21,15 milhões) será destinado a remuneração da concessionária, 30% será destinado ao ICMBio e 30% às prefeituras locais (R$ 15,86 milhões para ambos). Do montante destinado a concessionária, estima-se um dispêndio de R$ 1,06 milhões em ISS, R$ 137,50 mil em PIS e R$ 634,63 mil em COFINS. Finalmente, prevê-se uma Receita Líquida de R$ 19,32 milhões. Em termos de OPEX estima-se um dispêndio total de R$ 14,57 milhões, compatível com um Lucro Antes dos Impostos (LAIR) de R$ 4,75 milhões. Por fim, para determinação do Lucro Líquido de R$ 2,45 milhões, admite-se um gasto com R$ 1,69 e R$ 0,61 milhões com IR e CSLL,

31

respectivamente. A Tabela 6, exibida mais adiante, expõe a evolução da DRE ao longo dos 20 anos do projeto. Os valores reais ao longo dos anos do Projeto são considerados constantes pois parte-se do pressuposto que receitas e custos cresceriam proporcionalmente. Em outras palavras, caso haja crescimento real dos custos, a taxa de visitação seria ajustada para obter uma receita capaz de absorver a variação nos custos. Para a montagem do Fluxo de Caixa Livre, os valores presumidos para os investimentos estão consolidados na rubrica CAPEX (Investimentos, ou, do inglês Capital Expenditures). Nela estão contidos os investimentos em infraestrutura para as bilheterias. Estima-se que sejam investidos R$ 2,45 milhões ao longo do Projeto, considerando tanto os investimentos iniciais como os reinvestimentos. Ainda, é previsto um Fluxo de Caixa Livre do Projeto nulo, bem como TIR decorrente destes fluxos de zero, compatíveis com a operação característica de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP ou OSC. Nas próximas subseções são apresentados os itens que compõem OPEX, CAPEX, Receita, e Tributos. Maiores detalhes sobre a memória do cálculo podem ser vistos no arquivo anexo no formato Excel, que acompanha este relatório.

Tabela 5 – Modelagem Econômica: DRE (R$ mil)

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

ANO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

RECEITA LÍQUIDA 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 966.22 19,324.38

SERVIÇOS 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

ISS 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 52.89- 1,057.71-

OUTORGA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PIS 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 6.88- 137.50-

COFINS 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 31.73- 634.63-

OPEX 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 14,572.80

LAIR 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 237.58 4,751.58

IR 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 1,692.34

CS 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 609.24

LUCRO LÍQUIDO - R$ 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 122.50 2,450.00

33

Tabela 6 – Modelagem Econômica: Fluxo de Caixa Livre (R$ mil)

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

ANO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

RECEITA 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

SERVIÇOS 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

TRIBUTOS 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 4,131.42

ISSQN 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 1,057.71

OUTORGA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PIS 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 137.50

COFINS 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 634.63

IRPJ 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 1,692.34

CSLL 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 609.24

OPEX 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 14,572.80

INFRAESTRUTURA 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 900.00

T.I. 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 420.00

EQUIPAMENTOS 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 480.00

SERVIÇOS 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 660.00

MATERIAIS 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 420.00

MÃO DE OBRA 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 10,368.00

ADMINSITRATIVO 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 1,324.80

CAPEX 576.44 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 121.44- 2,450.00

T.I. 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 1,750.00

EQUIPAMENTOS 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 200.00

MATERIAIS 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 325.00

SERVIÇOS 125.00 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 125.00

SPE 50.00 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 50.00

NIG 121.44 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 121.44- -

FLUXO DE CAIXA LIVRE (R$) 453.94- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 243.94 0.00

TIR 0.00%

Gráfico 1 – Modelagem Econômica: Fluxo de Caixa Livre do Projeto (R$ mil)

5.1.2 Receitas

Para o presente trabalho, entende-se como Receita o total de taxas de visitação a serem arrecadadas dos visitantes no momento de aquisição do bilhete para realizar as atividades turísticas em qualquer dos quatro municípios da APACC. A taxa de visitação está sendo calculada como um percentual do valor médio cobrado pelos prestadores em cada atividade. Desta forma, evita-se o estabelecimento de uma taxa fixa que possa representar um percentual alto do valor de determinada atividade, logicamente aquelas atividades de menor valor, e que, desta maneira, possa aumentar o preço da atividade e a afetar significativamente sua demanda. Considerou-se uma taxa de visitação maior para as atividades mais importantes e, consequentemente, mais lucrativas, quais sejam: os passeios de catamarã e lancha. As tabelas a seguir apresentam o percentual do valor das atividades considerado no cenário-base, bem como o preço médio por atividade.

Tabela 7 – Taxa de Visitação por Atividade (Percentual sobre o Valor das Atividades)12

CATAMARÃ 12.838%

LANCHA 12.838%

ESCUNA 6.419%

JANGADA 6.419%

FOTOS SUB 6.419%

MERGULHO CONDUZIDO 6.419%

MERGULHO DE BATISMO 6.419%

AVISTAMENTO DO PEIXE-BOI 6.419%

PASSEIO EMBARCADO (LANCHA, ESCUNA E CATAMARÃ) 6.419%

TRILHAS ECOLÓGICAS 6.419%

TAXA DE VISITAÇÃO POR ATIVIDADE

Tabela 8 – Preço Médio da Atividade (R$)

Taxa por visitante Preço médio da

atividade

Catamarã R$ 62,5

Lancha R$ 57,5

Escuna R$ 50,0

Jangada R$ 50,0

Fotos sub R$ 30,0

Mergulho conduzido R$ 95,0

Mergulho de batismo R$ 280,0

Avistamento do Peixe-boi R$ 50,0

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã) R$ 30,0

Trilhas ecológicas R$ 33,8

É importante destacar que o aumento no preço das atividades turísticas em decorrência da inclusão de uma taxa de visitação pode afetar a demanda por estas atividades. Esta variação na demanda não está sendo considerada na modelagem. Para que o modelo considerasse essa variação seria necessário saber qual a elasticidade preço da demanda por cada atividade. No

12 Como premissa, não está sendo considerada na modelagem econômico-financeira a atividade de stand up, já exercida na região, pois trata-se de uma atividade de baixo impacto e de difícil controle e fiscalizaçõa, uma vez que pode ter viabilidade em uma área bastante extensa.

35

entanto, acredita-se que manter a demanda inalterada não invalida o modelo, uma vez que o orçamento do turista típico destinado a “Passeios e Atrações Turísticas” é bastante superior ao preço das atividades oferecidas. A partir das premissas apresentadas, verifica-se o seguinte perfil de receita, destinado a remunerar os custos e gestão do parceiro:

Tabela 9 – Modelagem Econômica: Receita por Atividade (R$ mil)

ANO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

RECEITA 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

CATAMARÃ 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 549 10,980.97

LANCHA 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 3,995.08

ESCUNA 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 998.27

JANGADA 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 1,996.54

FOTOS SUB 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 55 1,094.77

MERGULHO CONDUZIDO 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 57 1,138.03

MERGULHO DE BATISMO 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 341.63

AVISTAMENTO DO PEIXE-BOI 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 232.93

PASSEIO EMBARCADO (LANCHA, ESCUNA E CATAMARÃ)19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 376.01

TRILHAS ECOLÓGICAS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

TOTAL - R$ 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

Gráfico 2 – Modelagem Econômica: Receita por Atividade (R$ mil)

A respeito das estimativas de receita apresentadas, destacam-se duas atividades exercidas predominantemente no município de Maragogi que juntas representam 70,8% das receitas do parceiro, quais sejam: passeios de catamarã (51,9% do total) e lancha (18,9%).

5.1.3 Investimentos (CAPEX)

Entende-se, no presente estudo, como Investimento (CAPEX) todo o esforço financeiro realizado pela concessionária no decorrer do projeto, que seja passível de mensuração e valoração e em acordo com as normas contábeis de reconhecimento geralmente aceitas no Brasil. A estimativa dos Investimentos (CAPEX) do projeto inclui todos os custos de infraestrutura (exceto construção de imóveis), móveis, equipamentos, utensílios, treinamento de equipe, investimentos em tecnologia da informação e investimentos necessários a constituição da SPE – Sociedade de Propósito Específico que deverá ser constituída para início do Projeto. Também foram considerados reinvestimentos de acordo com a vida útil de cada categoria. Ademais, foram considerados investimento em Necessidade de Investimento no Giro (NIG), sendo este, todos os dispêndios incorridos pelo parceiro com o descasamento entre os prazos de recebimento e pagamentos das suas contas operacionais. É importante destacar que todo esforço financeiro realizado a título de NIG retorna ao final do projeto. Esse efeito decorre do encerramento do projeto, quando os prazos de recebimentos e pagamentos expiram. Conforme as rubricas apresentadas, estão consolidados dentro CAPEX todos os Investimentos necessários à operação regular do projeto, de acordo com valor médio de parâmetros de investimento informados pelo contratante. Conforme demostram a Tabelas 10 e o Gráfico 3 abaixo, vislumbra-se um CAPEX total de R$ 2,45 milhões durante os 20 anos de projeto.

Tabela 10 – Modelagem Econômica: CAPEX (R$ mil)

CAPEX 576.44 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 121.44- 2,450.00

T.I. 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 1,750.00

EQUIPAMENTOS 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 200.00

MATERIAIS 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 325.00

SERVIÇOS 125.00 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 125.00

SPE 50.00 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 50.00

NIG 121.44 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 121.44- -

Gráfico 3 – Modelagem Econômica: CAPEX (R$ mil)

A atividade de bilheteria demandará uma grande proporção dos investimentos em tecnologia de informação (71,4% do total). O desenvolvimento e atualização de software será imprescindível para execução das atividades do parceiro, uma vez que é por meio destes sistemas que se darão as vendas online, controle e monitoramento da demanda por atividades turísticas. A modelagem do Projeto considera que os imóveis onde as bilheterias físicas se instalarão serão alugados ou cedidos pelas prefeituras (mediante acordos) e não comprados/construídos. Portanto, os investimentos em infraestrutura se darão no âmbito de aquisição de materiais e equipamentos, representando 13,3% e 8,2% dos investimentos totais, respectivamente. Por fim, destacam-se os investimentos em serviços, que representam 5,1% dos investimentos totais.

5.1.4 Custos Operacionais (OPEX)

Para o presente estudo, entende-se como Custos Operacionais (OPEX) todo esforço econômico-financeiro decorrente das atividades operacionais do projeto, que seja passível de mensuração e valoração, em acordo com as normas contábeis de reconhecimento geralmente aceitas no Brasil. Para a estimativa dos Custos Operacionais (OPEX) do Projeto, foram considerados o escopo, a qualidade e o prazo dos serviços a serem prestados na operação regular do projeto. Nesse sentido, os custos operacionais foram apenas considerados quando do início da operação, enquanto os demais custos pré-operacionais estão classificados no CAPEX. Assim, foram mensurados e agrupados 7 (sete) rubricas de OPEX, sendo elas: (i) Infraestrutura, que considera sobretudo pagamentos de aluguel; (ii) Mão-De-Obra; (iii) Tecnologia da informação; (iv) Equipamentos (manutenções); (v) Serviços (utilidades, marketing, taxa de cartão, serviços de terceiros); (vi) Materiais (informativos, eventos, promoções, limpeza) e; (vii) Despesas Administrativas. Conforme demostram a Tabelas 11 e os Gráfico 4 a abaixo, vislumbra-se um OPEX total de R$ 14,57 milhões durante os 20 anos de projeto.

Tabela 11 – Modelagem Econômica: OPEX (R$ mil)

OPEX 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 14,572.80

INFRAESTRUTURA 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 900.00

T.I. 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 420.00

EQUIPAMENTOS 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 480.00

SERVIÇOS 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 660.00

MATERIAIS 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 420.00

MÃO DE OBRA 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 10,368.00

ADMINSITRATIVO 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 1,324.80

Gráfico 4 – Modelagem Econômica: OPEX (R$ mil)

Estima-se que o maior custo operacional do parceiro seja o de mão de obra, que representa 71,1% dos custos operacionais totais ao longo dos anos do Projeto. Estão sendo considerados o total de 24 funcionários, 6 para cada uma das 4 bilheterias. Seguidamente os maiores custos operacionais da concessionária seriam despesas administrativas (9,1% dos custos totais) e infraestrutura (6,2%).

5.1.5 Depreciação

É comum a confusão entre a depreciações fiscal, depreciação contábil e depreciação econômica. A depreciação fiscal é função das alíquotas fiscais aplicáveis a cada item do CAPEX e é utilizada para reduzir a base fiscal na apuração do Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CS). A depreciação econômica determina os prazos de reinvestimento e o plano de manutenção das máquinas, equipamentos e edificações. Entretanto, há casos em que se usa a depreciação econômica para determinar a apuração do imposto de renda, o que é um equívoco grave. Além disso, a depreciação talvez seja um dos itens mais importantes no caso de projetos de infraestrutura intensivos em capital, já que essa rubrica pode reduzir consideravelmente a base de cálculo do imposto de renda, com efeitos importantes já no início do empreendimento. Por isso, os impactos no resultado econômico do projeto são extremamente importantes devido a essa rubrica. Entretanto, conforme a legislação fiscal em vigor13, para o projeto foi adotado o regime de tributação baseado no lucro presumido, o qual não requer o cálculo da depreciação fiscal. Assim, não é necessário o cálculo da depreciação fiscal para apuração do Lucro Antes dos Impostos (LAIR).

13 Vide http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2005/pergresp2005/pr517a555.htm.

5.1.6 Tributos

Para o presente trabalho, entende-se como Tributos todo o recurso financeiro devido - ou de direito - aos governos Municipais, Estaduais e Federal, decorrente de fatos geradores originados nas atividades do projeto, que sejam passíveis de mensuração e valoração e em acordo com as normas contábeis de reconhecimento geralmente aceitas no Brasil. Assim, para a estimativa dos gastos com Tributos do Projeto, foram observados o escopo, a qualidade, o prazo e os tipos de serviços a serem prestados na operação regular do projeto. Ademais, foram considerados dois grupos de incidência fiscal: tributos sobre a receita e tributos sobre a renda. Os tributos sobre receita foram estimados de acordo com o tipo de receita e os respectivos encargos. Assim, sobre o valor bruto das receitas foi admitida a incidência de PIS e o COFINS, com alíquotas de 0,65% e 3,00%, respectivamente. Ainda sobre o valor bruto das receitas considerou-se a incidência de Imposto Sobre Serviços (ISS), com alíquota de 5,00%. Para estimar os tributos sobre a renda foram considerados o Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sob o regime de lucro presumido, conforme previsão do Art. 46 da Lei Federal nº 10.637. Desse modo, adotou-se a alíquota de presunção de 32% na determinação da base de cálculo de IR e CSLL, em acordo com o Art. 223 da RIR/1999. Ademais, admitiram-se as alíquotas de 25% para o IR e 9% para o CSLL. Conforme demostram a Tabela 12 e os Gráfico 5 abaixo, vislumbra-se um total de Tributos de R$ 4,13 milhões durante os 20 anos do projeto.

Tabela 12 – Modelagem Econômica: Tributos (R$ mil)

TRIBUTOS 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 4,131.42

ISSQN 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 1,057.71

PIS 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 137.50

COFINS 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 634.63

IRPJ 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 1,692.34

CSLL 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 609.24

Gráfico 5 – Modelagem Econômica: Tributos (R$ mil)

5.1.7 TIR

A Taxa Interna (TIR) deve ser entendida como o parâmetro de remuneração do capital empregado no projeto. A TIR também deve ser vista como o retorno esperado pelo investidor para o projeto, de modo a garantir o custo de oportunidade do capital investido14. A natureza do Projeto, bem como o arranjo jurídico proposto estabelecem a constituição de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP. Sendo assim, o Projeto é compatível com uma TIR igual a zero. Ou seja, não a finalidade de obtenção de retorno ao investidor.

5.1.8 Sensibilidade

Entende-se, no presente estudo, como Sensibilidade as variações da Taxa Interna de Retorno do Projeto em resposta a mudanças nos Custos Operacionais (OPEX) e nos Investimentos (CAPEX) estimados para o Projeto. Foram considerados os intervalos de 5% de variação. Conforme demostra a Tabela 13 a seguir, o Projeto apresenta uma sensibilidade muito maior a variação dos custos operacionais do que aos investimentos. Uma variação de 5% nos custos operacionais já seria suficiente para levar a taxa interna de retorno para -13,35%, enquanto o mesmo aumento de 5% no valor dos investimentos implicaria em uma redução da TIR de 0,00% para - 2,13%.

Tabela 13 – Sensibilidade da TIR a Variações no OPEX e CAPEX (em R$ mil)

0.0% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15%

-15% 69.21% 41.97% 22.37% 7.04% -6.93% - -

-10% 60.76% 36.75% 18.96% 4.56% -9.12% - -

-5% 53.62% 32.21% 15.91% 2.22% -11.26% - -

0% 47.50% 28.21% 13.13% 0.00% -13.35% - -

5% 42.20% 24.65% 10.57% -2.13% -15.38% - -

10% 37.55% 21.46% 8.20% -4.20% - - -

15% 33.44% 18.57% 5.97% -6.22% - - -

OPEX

CA

PEX

5.2 Cenário com Atividades Potenciais

Este cenário foi construído com o objetivo de incorporar à modelagem a receita de atividades potenciais da região da APACC. Os mesmos conceitos e premissas apresentados anteriormente foram aplicados para a construção deste segundo cenário. Embora este estudo tenha apresentado diversas atividades potenciais na região, foram consideradas na modelagem econômico-financeira do projeto apenas aquelas atividades cuja a atividade de fiscalização e controle são mais viáveis. Neste sentido, foram excluídas as atividades de passeios de bicicleta, caiaque, caminhada de longo percurso, e stand up.

14 Vide CHAGUE, Fernando D., DE-LOSSO, Rodrigo, GIOVANNETTI, Bruno C. & FILGUEIRAS, Felipe S. C. M. Modelagem Econômico-Financeira: Conceitos, Equilíbrio, Desequilíbrio e Reequilíbrio in SENNES, Ricardo, LOHBAUER, Rosane M., SANTOS, Rodrigo Machado M., KOHLMANN, Gabriel B., BARATA, Rodrigo S. Novos Rumos para a Infraestrutura: Eficiência, Inovação e Desenvolvimento. São Paulo: LEX, 2014. (Doc. XIV- 4)

45

A Tabela 14, abaixo, apresenta as atividades potenciais incluídas no modelo:

Tabela 14 – Atividades Potenciais Considerada na Modelagem Econômico-Financeira por Município

Atividade/Cidade Maragogi Paripueira SMMilagres Porto de Pedras

Mergulho de batismo x

Passeio de orla x

Passeio Noturno (lua cheia) x x

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental

x x x x

Turismo de observação de fauna/ flora x x x x

Para considerar as atividades potenciais da região, assumiu-se que 30% dos turistas que visitam as piscinas naturais optariam também por realizar alguma atividade turística potencial. A partir daí, calculou-se a demanda potencial para cada município. Esta demanda estaria dividida igualmente entre todas as atividades potenciais do município. A partir deste parâmetro de demanda e do valor médio destas atividades, foi possível estabelecer a receita com os atrativos turísticos potenciais. As Tabelas 15 e 16 apresentam os valores de demanda diária das atividades potenciais por município bem como o preço médio de cada atividade.

Tabela 15 – Demanda Diária por Atividade Potencial por Cidade

Demanda Maragogi Paripueira SMMilagres Porto de Pedras

Mergulho de batismo 0,0 18,9 0,0 0,0

Passeio de orla 0,0 18,9 0,0 0,0

Passeio Noturno (lua cheia) 0,0 0,0 45,0 15,0

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental

283,5 18,9 45, 15,0

Turismo de observação de fauna/ flora 283,5 18,9 45, 15,0

Tabela 16 – Preço Médio da Atividade (R$)

Atividade Preço médio da atividade

Mergulho de batismo R$ 200,0

Passeio de orla R$ 30,0

Passeio Noturno (lua cheia) R$ 50,0

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental R$ 33,8

Turismo de observação de fauna/ flora R$ 40,0

Para prever a receita com taxa de visitação, os seguintes valores percentuais de taxa de visitação foram aplicados sobre o preço médio das atividades:

46

Tabela 17 – Taxa de Visitação por Atividade (Percentual sobre o Valor das Atividades)

MERGULHO DE BATISMO 5.797%

PASSEIO DE ORLA 5.797%

PASSEIO NOTURNO (LUA CHEIA) 5.797%

TRILHA SUB AQUÁTICA PARA EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL 5.797%

TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE FAUNA/ FLORA 5.797%

TAXA DE VISITAÇÃO POR ATIVIDADE

Com base nas premissas apresentadas, previu-se o Fluxo de Caixa Livre do Projeto, conforme apresentado na Tabela 18 abaixo:

Tabela 18 – Modelagem Econômica: Fluxo de Caixa Livre (R$ mil)

ANO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

RECEITA 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

SERVIÇOS 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 1,057.71 21,154.22

TRIBUTOS 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 206.57 4,131.42

ISSQN 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 52.89 1,057.71

OUTORGA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PIS 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 6.88 137.50

COFINS 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 31.73 634.63

IRPJ 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 84.62 1,692.34

CSLL 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 30.46 609.24

OPEX 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 728.64 14,572.80

INFRAESTRUTURA 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 45.00 900.00

T.I. 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 420.00

EQUIPAMENTOS 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 24.00 480.00

SERVIÇOS 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 33.00 660.00

MATERIAIS 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 21.00 420.00

MÃO DE OBRA 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 518.40 10,368.00

ADMINSITRATIVO 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 66.24 1,324.80

CAPEX 576.44 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 - 280.00 - 175.00 121.44- 2,450.00

T.I. 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 175.00 - 1,750.00

EQUIPAMENTOS 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 40.00 - - - 200.00

MATERIAIS 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 65.00 - - - 325.00

SERVIÇOS 125.00 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 125.00

SPE 50.00 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 50.00

NIG 121.44 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 121.44- -

FLUXO DE CAIXA LIVRE (R$) 453.94- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 122.50 157.50- 122.50 52.50- 243.94 0.00-

TIR 0.00%

Ao incluir atividades potenciais no modelo, foi possível obter uma receita da ordem de R$ 5,12 milhões com taxa de visitação. A inclusão dessa receita permitiu que a redução do percentual de taxa de visitação cobrada dos turistas, ao mesmo tempo que a taxa de retorno do investimento se mantivesse igual a zero, ou seja, este novo arranjo permitiria que o parceiro e/ou investidor obtivesse o mesmo retorno e que o turista fosse menos onerado com a taxa de visitação. A inclusão de novas receitas, provenientes das atividades potenciais da região, é compatível com uma redução da ordem de 9,7% da taxa de visitação. Esta passou de 12,84% para 11,59% nas atividades de catamarã e lancha, e de 6,42% para 5,8% nas demais atividades oferecidas.

5.3 Atividades Acessórias

Os cenários de modelagem apresentados acima não consideram as atividades de lanchonete e venda de produtos da UC e artesanato local, uma vez que não há informação detalhada sobre custos, demanda e preço dos produtos que seriam comercializados. No entanto, as atividades acessórias podem apresentar um comportamento similar ao das atividades potenciais em relação a seu impacto financeiro. Ou seja, podem permitir uma redução do valor da taxa de visitação a ser paga pelos turistas que realizam os passeios oferecidos.

5.4 Considerações sobre os Cenários de Modelagem Econômico-financeiro

A partir dos dois cenários apresentados, verifica-se que é possível obter receita suficiente das atividades turísticas existentes por meio de uma taxa de visitação que cubra os custos do projeto, gere receita para o ICMBio e para as prefeituras locais e seja capaz de atender o propósito de operação da OSCIP. Ou seja, o sistema de implantação de bilheteria única, caso se comporte futuramente de acordo com as premissas adotas na modelagem financeira, seria viável. Atividades turísticas potenciais e acessórias podem ter como consequência:

(i) A elevação da receita e, como consequência, a possibilidade de investir em ampliação do sistema, tornando-o ainda mais atrativo para para o ICMBio, para as prefeituras locais e para a comunidade que se beneficiará da operação da OSCIP, ou

(ii) A redução da taxa de visitação cobrada do turista ao mesmo tempo que a taxa interna de retorno se mantivesse inalterada.

5.5 Atividades de Contrapartida das Prefeituras

A análise econômico-financeira do Projeto mostrou que O ICMBio e as prefeituras dos municípios devem obter, juntos, o total de 60% da taxa de visitação arrecada. As prefeituras dos quatro municípios onde a OSCIP atuará receberão o total de 30% dessas taxas (além do valor do ISS arrecadado em decorrência da implementação do projeto). O objetivo deste projeto é otimizar a gestão das Áreas de Proteção Ambiental sob responsabilidade do ICMBio para melhor absorver o potencial de exploração e de geração de benefícios econômicos e sociais da região e, com isto, viabilizar o enfrentamento das dificuldades de gestão destes ativos. Neste sentido, é proposto que as prefeituras ofereçam contrapartidas quanto a utilização destes recursos financeiros arrecadados, de modo a contribuir com o objetivo do projeto. Espera-se, por exemplo, que as prefeituras realizem atividades de monitoramento ambiental nas piscinas, dentre outras atividades determinadas pela equipe técnica. Caso as prefeituras não realizem as atividades previstas como

contrapartida, estes recursos arrecadados deverão ser destinados ao ICMBio de modo a garantir, juntamente com a OSCIP, que estas atividades sob responsabilidade das prefeituras sejam executadas.

5.6 Fluxo de Cobrança da Bilheteria Única

Conforme exposto, as atividades de turismo na região da APACC são realizadas de maneira descentralizadas. Cada operador cobra o valor do passeio diretamente do turista. Com a implementação do projeto, espera-se que a venda dos passeios seja realizada de maneira centralizada e organizada. Desta forma, o sistema de bilheteria única realizaria a arrecadação dos recursos da venda dos passeios por um preço de tabela por meio da bilheteria online ou física. Assim, é necessário definir, juntamente com a equipe técnica, a melhor forma de estabelecer os fluxos financeiros dos agentes envolvidos. Uma possibilidade que visa a manter a atual dinâmica dos operadores, é que a OSCIP realize a arrecadação e repasse ao valor proporcional a cada operador à medida que esses realizem os passeios. Desta forma, todos os dias os operadores poderiam realizar o saque do valor correspondente a operação daquele dia. Para isso, seria preciso haver um controle do total de tickets vendidos cujos passeios foram realizados com determinado operador, e este realizaria o saque do valor que lhe cabe com a OSCIP com a frequência que achar conveniente. Este arranjo tem como ponto positivo manter a atual dinâmica dos operadores, que arrecadam a receita das atividades de maneira direta, predominantemente à vista, e tem seu fluxo de caixa atualizado todos os dias em que operam. O ponto negativo deste arranjo está relacionado à necessidade de capital de giro da OSCIP, que estaria adiantando vendas com cartão de crédito, por exemplo, aos operadores. É necessário que a OSCIP seja capaz de gerir este possível descasamento entre receitas e despesas decorrentes dos repasses que podem ser diários, se este arranjo se concretizar. A tributação da receita das atividades deve ser de responsabilidade dos operadores. No entanto, o sistema de arrecadação centralizado permitiria melhor controle das prefeituras, que poderia contar com a prestação de contas da OSCIP em para seu planejamento fiscal.

6 VIABILIDADE DAS ATIVIDADES EXERCIDAS E POTENCIAIS

Esta seção tem como objetivo verificar viabilidade financeira das atividades turísticas exercidas e potenciais na região da APACC. Conforme exposto no primeiro relatório deste projeto, as ferramentas tradicionais de análise de viabilidade financeira não se mostram adequadas para aplicação nas atividades de turismo desenvolvidas nos municípios abarcados pelo Projeto. Estas ferramentas são elaboradas para estruturas de projetos complexas, normalmente envolvendo grandes empreendimentos, investimento de acionistas e bancos, administração centralizada, dentre outras características. Por outro lado, as atividades turísticas analisadas e potenciais, apresentam características distintas devido ao caráter da própria UC (Uso Sustentável onde não existe o domínio sobre a área da UC por parte do ICMBio). Elas são atividades desempenhadas de maneira descentralizada, por profissionais autônomos, sem investimentos programados e sem planejamento de longo prazo. Portanto, as atividades em questão são mais semelhantes às atividades desempenhadas para garantir o sustento dos profissionais envolvidos e não para remunerar o capital investido no setor.

Diante desse fato, recomenda-se adoção de análise por margens de lucro, ou seja, analisar o valor remanescente que permanece com os operadores das atividades é positivo, depois de descontar todos os seus custos operacionais. Para realizar essa análise foram considerados estimativas de custos, receita, tributos e taxas para atividades turísticas exercidas e potencias da região, com base em informações fornecidas pelos operadores e outras informações disponibilizadas pelo ICMBio. Para calcular a receita de cada atividade foram considerados três cenários de demanda das atividades turísticas, a saber:

• Cenário otimista: considerado a capacidade máxima de demanda atualmente permitida para cada atividade e operação da atividade durante 22 dias no mês;

• Cenário realista: considerado demanda média correspondente a 60% da capacidade máxima de turistas em cada atividade e operação de 18 dias no mês;

• Cenário conservador: considerado demanda média de 40% da capacidade máxima de turistas em cada atividade e operação de 15 dias no mês.

Os preços médios considerados e demanda máxima são compatíveis com os dados informados no primeiro relatório deste Projeto e nas premissas de modelagem econômica já apresentadas. Sempre que aplicável à atividade, foram considerados os seguintes custos dos operadores:

• Custos de Manutenção: manutenção de ativos necessários a operação, tais como embarcações, kits de mergulho, equipamentos de fotografia, bicicletas, entre outros;

• Gasolina;

• Comissão do guia turístico;

• Taxa municipal;

• Imposto sobre Serviço (ISS)15

• Mão de obra

• Financiamento16 Os resultados abaixo mostram o valor remanescente da operação de cada atividade considerando todos os operadores de cada município. As premissas adotadas para compor cada rubrica, bem como memória de calculo podem ser consultados no arquivo em Excel anexo a este relatório para consulta e avaliação da equipe gestora da APACC e CGEUP/ ICMBio.

15 Este foi o único imposto considerado. Assumiu-se uma tarifa média de 3% sobre a receita. Não foram considerados PIS, COFINS e Imposto de Renda e Contribuição Social na análise. 16 Para todas as atividades que necessitam de investimentos, foi considerado um custo de financiamento que seria pago pelo operador durante a vida útil do bem adquirido. A taxa de juros utilizada para calcular o valor da parcela mensal de financiamento foi de 1,5% a.m., correspondente a taxa média de juros no primeiro semestre/17 divulgada pelo Banco Central do Brasil para aquisição de outros bens.

Tabela 19 – Lucro Mensal das Atividades Exercidas e Potenciais (R$)

MUNICÍPIOS

CENÁRIO OTIMISTA REALISTA CONSERVADOR OTIMISTA REALISTA CONSERVADOR OTIMISTA REALISTA CONSERVADOR OTIMISTA REALISTA CONSERVADOR

LlUCRO DAS ATIVIDADES EXISTENTES (R$) 1,309,446 91,702- 682,425- 160,572 6,166 58,455- 236,391 23,679 65,385- 165,073 50,233 7,187-

CATAMARÃ 1,099,497 265,738 88,295- 144,518 19,737 32,506-

LANCHA 208,073- 319,495- 363,484- 17,778- 23,217- 25,230-

ESCUNA 19,879 133,037- 195,857-

JANGADA 236,391 23,679 65,385- 160,595 82,295 43,145

FOTOS SUB 2,420- 94,732- 134,295- 9,294 528- 4,737-

MERGULHO CONDUZIDO 201,156 95,341 49,992 24,538 10,174 4,018

MERGULHO DE BATISMO 84,196 37,924 18,094

PASSEIO DE ORLA 115,211 56,558 31,421

PEIXE BOI 4,479 32,061- 50,331-

LUCRO DAS ATIVIDADES POTENCIAIS (R$) 256,247 119,251 52,302 12,395 23,192- 35,417- 29,535- 44,132- 51,296- 16,464- 34,711- 43,666-

BICICLETA 58,723 32,047 18,708 7,046 2,175 261- 2,244 75- 1,235- 3,694 795 655-

CAIAQUE 52,612 25,935 12,597 447 4,425- 6,860- 3,932- 6,252- 7,412- 2,483- 5,382- 6,832-

PASSEIO ORLA POTENCIAL 10,571

PASSEIO NOTURNO 5,289- 7,973- 9,315- 3,611- 6,966- 8,644-

STAND UP POTENCIAL 71,974 37,553 20,342 1,018- 7,303- 10,446- 2,249- 5,242- 6,739- 378- 4,120- 5,990-

TRILHA SUBAQUÁTICA 20,096 1,589- 10,883- 7,222- 11,181- 12,879- 11,296- 13,182- 13,990- 10,370- 12,727- 13,737-

TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE FAUNA/ FLORA 52,842 25,305 11,537 2,571 2,457- 4,972- 9,014- 11,408- 12,605- 3,317- 6,310- 7,807-

LUCRO TOTAL (R$) 1,565,693 27,549 630,123- 172,967 17,026- 93,873- 206,856 20,453- 116,681- 148,609 15,522 50,853-

MARAGOGI PARIPUEIRA SÃO MIGUEL DOS MILAGRES PORTO DAS PEDRAS

A análise por meio do método de margens de lucro para atividades existentes e potenciais mostra que, caso a demanda máxima ocorra, todos os municípios apresentariam valor remanescente positivo para os operadores. No entanto, o cenário realista reverteria esse resultado nos munícipios de Paripueira e São Miguel dos Milagres. Caso demanda seja baixa suficiente a ponto de prevalecer o cenário conservador, todos os municípios apresentariam valor remanescente negativo. Ou seja, neste caso, os operadores teriam dificuldades em honrar seus compromissos. Em relação as atividades existentes, destaca-se que:

• Os passeios de catamarã são os que apresentam maior potencial de lucro para os operadores.

• Os passeios de lancha, no entanto, apresentam valor remanescente negativo em todos os cenários nos munícipios em que há essa atividade. Tal conclusão pode decorrer de imprecisão das premissas de custos assumidas, uma vez que não haveria razoabilidade econômica na continuidade de atividade deficitária por parte dos operadores.

• As atividades de mergulho e passeio de orla são as mais resilientes e apresentam valor remanescente positivo em todos os cenários de demanda. Isso ocorre, provavelmente porque a infraestrutura (embarcações) e mão de obra utilizada nestas atividades são as mesmas de outras atividades. Isso faz com que estas atividades funcionem como uma espécie de “receita acessória” dos operadores, que evitam ociosidade na operação por meio dessas atividades.

Em relação as atividades potenciais, destaca-se que:

• Apenas o município de Maragogi apresenta potencial de gerar lucro aos operadores. Isso se da, provavelmente, pelo perfil de demanda atual das atividades turísticas nesse município.

• Para que as atividades potenciais sejam viáveis, é necessário otimizar custos, de modo a aproveitar a infraestrutura e mão de obra ociosa em outras atividades, fazendo com que a receita gerada seja capaz de cobrir os custos da operação.

A análise da viabilidade das atividades de turismo na região da APACC mostra que dois fatores são determinantes para viabilizar as atividades existentes e garantir expansão por meio das atividades potenciais: (i) perfil de demanda, que é uma vantagem comparativa do município de Maragogi e; (ii) otimização do aproveitamento da infraestrutura e mão de obra existentes de modo a reduzir possíveis casos de ociosidade na operação. Atualmente, o potencial de expansão das atividades na região, de forma geral, não é alto, uma vez que no cenário realista apenas os municípios de Maragogi e Porto das Pedras apresentariam valor remanescente dos operadores positivo. É importante considerar que este valor remanescente não é um expressivo e poderia se reverter em prejuízo caso o número de operadores autorizados aumentasse de forma significativa.

7 CONCLUSÃO DA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA E DE VIABILIDADE DAS ATIVIDADES

A modelagem econômico-financeira foi dividida em três grandes etapas: (i) renda disponível; (ii) viabilidade econômico-financeira da bilheteria unificada; e (iii) potencial econômico de cada atividade. A seguir detalharemos cada uma das etapas e a sua importância dentro da modelagem econômico-financeira do projeto apresentada no relatório 1 e no presente relatório.

A primeira etapa consistiu em mensurar qual era o valor médio gasto pelos turistas em visita a região, seguido do comparativo desse gasto médio com o preço das atividades e passeios oferecidos, de modo a diagnosticar potencial disposição a gastar não capturada. Essa informação é de extrema relevância, uma vez que a implementação de novas atividades e/ou aumento do preço das atividades existentes para custear possível ordenamento, está sujeita a renda disponível dos turistas. Caso o gasto médio do turista da região indicasse indisponibilidade de renda, não seria possível sugerir novas atividades ou taxas. No caso em tela, existe renda não capturada do turista médio, ou seja, a disposição a gastar do turista com atividades de lazer é maior do que os possíveis pacotes de atividades e passeios oferecidos na região. Isso indica que é possível implementar novas atividades e/ou cobrar um sobre-preço das atividades já existente de modo a custear o ordenamento turístico. Essa informação é de extrema relevância, pois, como dito, não seria razoável sugerir o ordenamento caso não houvesse renda dos turistas suficiente para banca-lo. A segunda etapa constituiu em modelar os custos operacionais (OPEX), investimentos (CAPEX) e tributos a serem custeados pelo possível operador da bilheteria unificada de modo a diagnosticar a viabilidade econômica da atividade. Em outras palavravas, diante da renda disponível dos turistas para custear o ordenamento turístico (bilheteria unificada) foi necessário verificar se esse valor seria suficiente para viabilizar a atividade econômica da bilheteria por um possível agente privado. Assim, foram dimensionados os custos e investimentos envolvidos na operação e mensuradas as taxas a serem cobradas nos “ingressos” de cada atividade. Se consideradas apenas as atividades já existentes deveriam ser cobradas taxas adicionais de 12,8% para as atividades de catamarã e lancha e 6,4% para as demais atividades. Ou seja, deveriam ser adicionados aos preços das atividades essa taxa, a qual seria repartida entre o futuro operador da bilheteria, ICMBio e prefeituras na seguinte proporção: 40%, 30% e 30%, respectivamente. Verificou-se que no cenário “realista” (60% da demanda potencial total) a cobrança de 12,8% e 6,4% sobre o preço das atividades, com repasse de 40% desse valor ao futuro operador da bilheteria seria suficiente para viabilizar a atividade econômica (TIR real de 0%). O mesmo ocorre, quando é considerado no estudo de viabilidade da bilheteria unificada a operação de atividades potenciais, que hoje ainda não são exercidas. Neste cenário há uma redução da taxa de 12,8% para 11,6% nas atividades de catamarã e lancha e de 6,4% para 5,8% nas demais atividades existentes. Esta segunda taxa também é a que atribuída ao valor dos passeios potenciais. Assim, diagnosticou-se a capacidade dos turistas em custear o ordenamento (renda disponível) e a viabilidade econômico-financeira de operar a bilheteria unificada se aplicadas taxas de visitação citadas sobre os preços das atividades já praticadas. Por fim, a terceira etapa buscou diagnosticar a viabilidade econômico-financeiras de cada atividade individualmente. É importante ressaltar que a qualidade do diagnóstico foi restrita a disponibilidade de informações sobre cada atividade. Neste sentido, a ausência de informações precisas, principalmente, sobre os custos de operação, restringiu a assertividade do diagnóstico.

O estudo de viabilidade econômico-financeiras de cada atividade individualmente é importante para dimensionar o número de operadores, uma vez que essas atividades são prestadas pelos habitantes locais, constituindo do seu meio se sustento. Uma vez que a renda disponível dos turistas é dada, o aumento ou a diminuição do número de operadores, afeta diretamente a renta dos prestadores. Quanto maior o número de operadores, dado o limite de oferta do serviço, menor a renda a ser apropriada por cada prestador. Apesar das limitações informacionais, o estudo aponta para a saturação do número de operadores das atividades ligadas as piscinas. Apesar de indicar a inviabilidade de algumas atividades isoladamente, o que pode ser explicado por erro dimensionamento dos custos – principalmente de mão-de-obra, a avalição conjunta destas atividades aponta que o número de operadores já está próximo do limite máximo e que apenas em cenários de alta demanda haveria espaço – renda – para inclusão de novos operadores. No que diz respeito as atividades potenciais, apenas o município de Maragogi apresenta viabilidade para desenvolvimento destas, uma vez que existe um custo fixo atrelado a oferta destas atividades e que requerer um nível mínimo de demanda, a qual só é observada em Maragogi.

8 ALTERNATIVAS DE ESTRUTURAÇÃO JURÍDICA

Considerando as sugestões e direcionamentos apresentados pelo ICMBio em face ao Produto 1, delineou-se o interesse em aprofundar e detalhar o modelo de parceria via Organização da Sociedade Civil (OSC) para implantação e operacionalização de um sistema de bilheteria único em toda a APACC, sem transferência de recursos do ICMBio para o parceiro privado, para a comercialização dos bilhetes que serão necessários para a realização de algumas das atividades previstas para a APACC (“Sistema Único de Bilheteria ou Bilheteria”). No próximo item, passaremos a tratar deste sistema.

9 SISTEMA ÚNICO DE BILHETERIA

Conforme já apresentado e discutido ao longo do trabalho, o Sistema Único de Bilheteria compreenderá a instalação de uma estrutura física em cada um dos municípios inseridos na APACC, de maneira gradativa, conforme prioridades definidas pelo próprio ICMBio, bem como a implantação e gerenciamento de uma plataforma digital para viabilizar a comercialização on-line dos bilhetes (“Bilheteria On-line”). Esta estrutura física também contemplará, além da própria bilheteria, um centro de visitantes, de maneira a concentrar neste local o ordenamento, comercialização e operacionalização de todas as atividades previstas para a APACC (“Bilheteria Física”). Considerando que a APACC se situa geograficamente em terreno completamente submerso, não abrangendo porções de terra em solo firme, o ICMBio não teria à sua disposição imóveis para que as Bilheterias Físicas pudessem ser instaladas. Uma vez que o modelo desenhado pelo ICMBio prevê a instalação das Bilheterias Físicas em cada um dos municípios abrangidos pela APACC, seria função do ICMBio, no sentido de proporcionar a implantação do Sistema Único de Bilheteria nos moldes pretendidos, identificar e viabilizar a utilização de imóveis em cada município pelo parceiro privado. Dentre as obrigações do do parceiro privado, inclui-se o credenciamento dos prestadores de serviço (“Operadores Locais”), os quais deverão estar autorizados pelo ICMBio para desenvolver suas respectivas atividades e, nos casos em que haja transporte de pessoas em catamarãs, lanchas, escunas, dentre outras, (“Embarcações”), deverão portar alvarás de funcionamento das Embarcações emitidos pelas Prefeituras. Face ao interesse de promover a

interação da população local no desenvolvimento das atividades da APACC, o ICMBio, encarregado de conceder as Autorizações aos interessados em atuar nas atividades da APACC, poderá definir requisitos para concedê-las, como por exemplo, ser residente em município localizado próximo à APACC. Nesse sentido, os critérios para o credenciamento no Sistema Único de Bilheteria promoverão o desenvolvimento turístico da APACC por meio da própria população local. Outra incumbência da OSC é o gerenciamento dos recursos advindos do Sistema Único de Bilheteria, os quais representam uma contraprestação pecuniária a ser paga pelos visitantes para a OSC em razão da venda dos bilhetes. Referidos recursos contemplam (i) os valores a serem repassados aos Operadores Locais periodicamente, conforme será definido no Contrato, (ii) os valores referentes à amortização dos investimentos realizados pela OSC para a implantação da Bilheteria, (iii) os valores relativos à manutenção e operacionalização da Bilheteria, e (iv) os valores que serão revertidos diretamente para outros projetos e ações na gestão da própria APACC, conforme interesses a serem apontados pelo próprio ICMBio. Em síntese, o modelo do Sistema Único de Bilheteria delineado para a APACC consiste na parceria com uma OSC para implantação de uma Bilheteria Física e uma Bilheteria On-line, por meio das quais serão vendidos ingressos para a realização das atividades previstas na APACC. Feita essa síntese do modelo desenhado pelo ICMBio, passemos às considerações quanto à modelagem jurídica a ser adotada.

9.1 Instrumento Jurídico de Parceria – Acordo de Cooperação

A Lei Federal nº 13.019/14 estabelece como possível a parceria entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil (“OSC”), amparando tal relação em três instrumentos jurídicos elegíveis: o Termo de Colaboração, Termo de Fomento e Acordo de Cooperação. Além destes instrumentos jurídicos, existe também o Termo de Parceria, instituído e regulamentado pela Lei nº 9.790/99 e pelo Decreto nº 3.100/99 as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (“OSCIP”), quando há transferência de recursos. Considerando que o Termo de Colaboração, o Termo de Fomento e o Termo de Parceria pressupõem a transferência de recursos por parte do ente público ao seu parceiro, podemos afirmar que tais instrumentos não se adequam ao modelo desenhado pelo ICMBio. Em razão disso, podemos afirmar que, em observação ao modelo de projeto desejado pelo ICMBio, o instrumento jurídico de parceria mais adequado a ser celebrado com o parceiro privado é o Acordo de Cooperação, que deverá ser celebrado observando-se as características e requisitos previstos nas Leis nº 13.019/14 e nº 13.204/15. Dentre os requisitos verificados nas leis apontadas acima, destacamos que o Acordo de Cooperação, como regra, não necessita de chamamento público. Entretanto, observado o artigo 29 da Lei 13.019/14, caso o objeto do Acordo de Cooperação envolva a celebração de comodato, doação de bens ou outra forma de compartilhamento de recurso patrimonial, torna-se necessária a realização de chamamento público nos termos da referida lei, sendo este um ponto a ser observado pelo ICMBio por conta da questão do imóvel a ser utilizado para instalação da Bilheteria Física, conforme apontado mais acima.

9.2 Termo de Parceria com OSCIP

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) é uma qualificação às Organizações da Sociedade Civil (OSC) que atendam aos requisitos da Lei nº 9.790/99.

No caso da APACC, OSCIP são pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos que tenham como finalidade defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável, conforme artigo 3º, inciso VI do referido texto legal. Como já sinalizado no estudo anterior, o Decreto nº 4.340/2002 prevê, expressamente, a possibilidade de gestão compartilhada de Unidades de Conservação com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), que tenham como finalidade institucional a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, e o Poder Público. O Termo de Parceria, instituído e regulamentado pela Lei nº 9.790/99 e pelo Decreto nº 3.100/99, é o instrumento jurídico celebrado entre a OSCIP e o ICMBio pelo qual se formaliza a gestão compartilhada, o qual deverá especificar um Programa de Trabalho (“Programa de Trabalho”) de acordo com o Plano de Manejo da Unidade de Conservação e estabelecer metas a serem atingidas no prazo de vigência do Termo.

“Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias. § 1º A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo. § 2º São cláusulas essenciais do Termo de Parceria: I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução ou cronograma; III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado” (Lei nº 9.790/99)

Dentre as atividades passíveis de compartilhamento, encontra-se o turismo sustentável.

“Art. 21. A gestão compartilhada de unidade de conservação por OSCIP é regulada por termo de parceria firmado com o órgão executor, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999” [...] Art. 25. É passível de autorização a exploração de produtos, sub-produtos ou serviços inerentes às unidades de conservação, de acordo com os objetivos de cada categoria de unidade. Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, entende-se por produtos, sub-produtos ou serviços inerentes à unidade de conservação: I - aqueles destinados a dar suporte físico e logístico à sua administração e à implementação das atividades de uso comum do público, tais como visitação, recreação e turismo” (Decreto nº 4.340/2002)(Grifos nossos)

Esse instrumento jurídico é aplicável nos casos em que há transferência de recursos público da União para a OSCIP, o qual deve discriminar direitos, responsabilidades e obrigações das partes observando os requisitos da Lei nº 9.790/99 e o Decreto nº 3.100/99. À luz do que foi sinalizado pelo ICMBio, tratando-se de uma parceria em que não se prevê transferência de recursos ao parceiro privado, o instrumento adequado a ser formalizado é o Acordo de Cooperação para a instituição do Sistema Único de Bilheteria.

9.3 Parceria com Organização da Sociedade Civil – OSC

Como é sabido, o marco legal das Organizações da Sociedade Civil – OSCs é Lei Federal nº 9.637/1998, que as qualifica como pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, em funcionamento há, no mínimo, três anos, cujas atividades sejam relativas a promoção do ensino, da pesquisa científica, do desenvolvimento tecnológico, da proteção e preservação do meio ambiente, da cultura e da saúde. Parafraseando o estudo anterior, escopo do projeto 1 apresentado, a Lei Federal nº 13.019/14 estabelece como possível a parceria entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil, amparando tal relação em três instrumentos jurídicos elegíveis: o Termo de Colaboração, Termo de Fomento e Acordo de Cooperação. Os dois primeiros envolvem transferência de recursos financeiros, enquanto o último não. Para tanto, os instrumentos jurídicos devem conter obrigatoriamente um Plano de Trabalho, o qual descreve o objeto da parceria, contendo a descrição das atividades ou projetos a serem desenvolvidos e metas a serem atingidas. No caso da APACC, a OSC é aquela qualificada pelo Poder Público cujas atividades sejam dirigidas ao ensino à proteção e preservação do meio ambiente, nos termos da Lei nº 9.637/98.

9.4 Participação das Municipalidades na gestão do Projeto

Conforme anteriormente exposto, faz-se necessário relembrar que independentemente de outros atores atuando na gestão da APACC, a Constituição17 incumbe aos Municípios o dever de proteger e preservar o meio ambiente em nome toda sociedade, fato este que se repete na Lei Nacional das Unidades de Conservação – Lei do SNUC.18 Desse dever constitucional de conservar o meio-ambiente, e a necessidade de concretizá-lo, decorre a possibilidade de os Municípios desempenharem uma atividade fiscalizatória, a qual pode demandar dispêndios financeiros.

17 “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; (...) Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. ” (Constituição Federal) 18 “Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições: III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação.” (Lei do SNUC)

Tais dispêndios podem ser solucionados por meio fontes alternativas de recursos, no caso, é possível instituir taxa relativa ao exercício do poder de polícia fiscalizatório da APACC, nos preceitos da Constituição Federal e das lei tributárias nacionais19. Paralelamente a atuação fiscalizatória dos municípios, os Municípios também podem atuar na gestão da APACC em conjunto com o modelo a ser desenvolvido pelo parceiro privado por meio da concessão de Licenças Administrativas20, formalizadas por Alvarás21, aos interessados em executar as atividades na APACC. Nas palavras do I. Celso Antônio Bandeira de Mello, Licenças Administrativas são:

"Licença é o ato vinculado, unilateral, pelo qual a Administração faculta a alguém o exercício de uma atividade, uma vez demonstrado pelo interessado o preenchimento dos requisitos legais exigidos".

E como nos explica a Dra. Maria Sylvia Zanella:

“Alvará é o instrumento pelo qual a Administrativa Pública confere licença ou autorização para a prática de ato ou exercício de atividade sujeitos ao poder de polícia do Estado. Mais resumidamente, o alvará é o instrumento de licença ou da autorização. Ele é a forma, o revestimento exterior do ato; a licença e a autorização são o conteúdo do ato"

Nesse sentido, as Prefeituras poderão estabelecer requisitos, em conjunto com o ICMBio e observando as características deste projeto, para expedir os alvarás de funcionamento das Embarcações, as quais serão condicionantes para o credenciamento junto ao Sistema Único de Bilheteria. A Licença Administrativa não tem prazo de validade e só perderá seus efeitos em caso de anulação, cassação ou revogação. A anulação ocorre em caso de ilegalidade em sua expedição, a cassação, por sua vez, na hipótese de descumprimento pelo particular das condições impostas pela Prefeitura, e a revogação se advier interesse público incompatível com a Licença. Assim, a Licença Administrativa possibilita um gerenciamento mútuo dos operadores das atividades da APACC em conjunto com o parceiro privado, e igualmente permite o controle do ICMBio que poderá solicitar acesso aos dados de Licenciamento junto a Prefeitura quanto aos dados de credenciados junto ao Sistema Único de Bilheteria.

19 “Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição” (Constituição Federal) (Grifos nossos) “Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. (...) Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” (Código Tributário Nacional) 20 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 21 ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 418. 21 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 18 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 225.

9.5 Projeto Toyota APA Costa dos Corais – Parceria no Desenvolvimento da APACC

Atualmente, na APACC, já está sendo desenvolvido o Projeto Toyota APA Costa dos Corais (“Projeto APACC”), uma iniciativa da Fundação Toyota do Brasil em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica que visa a conservação e sustentabilidade da área, por meio do suporte e financiamento das comunidades locais para o desenvolvimento de atividades e negócios sustentáveis ligados à pesca e ao turismo responsável. Para tanto, a Fundação Toyota do Brasil realiza um aporte anual de recursos financeiros à APACC, em que parte é destinada diretamente às ações de desenvolvimento na área, e a outra parte destinada a um Fundo de Perpetuidade (indowment fund), só podendo ser utilizado quando a APACC for autônoma para gerar os recursos necessários para manter as atividades previstas no Plano de Manejo. Por sua vez, a Fundação SOS Mata Atlântica é responsável pelo desenvolvimento do Projeto APACC, realizando a interface com o ICMBio através de Acordo de Cooperação, instrumento jurídico no qual não se prevê transferência de recursos entre as partes (“Acordo”). O Acordo, além de dispor sobre a não transferência de recursos, característica típica desse instrumento, também atribui ao ICMBio a tarefa de definir um Plano de Trabalho para as atividades a serem desenvolvidas no âmbito do Projeto APACC, apontando ações e metas, e de elaborar Relatórios de Andamento das Ações. Não menos importante, o Acordo também prevê a possibilidade de terceiros comporem o Fundo de Perpetuidade da APACC, sendo de responsabilidade da Fundação SOS Mata Atlântica regularizar juridicamente a iniciativa destes terceiros. Em suma, o vínculo jurídico entre o ICMBio e a Fundação SOS Mata Atlântica resume-se à permissão da referida fundação para atuar conjuntamente com o ICMBio no desenvolvimento da APACC.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do modelo desenhado pelo ICMBio para gestão e desenvolvimento da APACC, definiu-se o interesse em celebrar parceria com entidades do terceiro setor, mais especificamente OSCs, para estruturar o Sistema Único de Bilheteria, que será composto por uma Bilheteria Física em cada município e uma Bilheteria On-line. Preliminarmente, mais uma vez, quanto à Bilheteria Física, é necessário frisar a necessidade do ICMBio de identificar e viabilizar, juntos aos municípios, a utilização de imóveis pelo parceiro privado, não fazendo parte do escopo do presente estudo esta análise. Superada essa questão, tendo em vista que o modelo do Sistema Único de Bilheteria não pressupõe transferência de recursos financeiros para o parceiro privado, a parceria deve ser instituída por meio de Acordo de Cooperação, observando-se a Lei nº 13.204/2015. É o que ocorre, por exemplo, no Projeto Toyota APA Costa dos Corais, subsidiado pela Fundação Toyota. O projeto, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica, foi formalizado junto ao ICMBio por meio de Acordo de Cooperação - sem transferência de recursos entre as partes, portanto – para estabelecer a ação conjunta das partes no desenvolvimento de ações na APACC. No projeto em questão, o ICMBio, além de acompanhar as ações do particular, também participa mais diretamente da gestão da APACC por meio da emissão de Autorizações aos interessados em se credenciar no Sistema Único de Bilheteria para executar as atividades previstas para a APACC.

Por fim, as Municipalidades também estarão envolvidas no desenvolvimento da APACC, podendo se atribuir de atividades fiscalizatórias e a instituição de taxa relativa à referidas atividades de polícia, bem como por meio do controle fiscalizatório das Embarcações realizado via emissão do alvará de funcionamento, que será um pré-requisito para o credenciamento dos interessados em desenvolver atividades que envolvam o transporte de passageiros por catamarãs e lanchas. Em suma, a modelagem econômico-financeira apresentada evidenciou que é possível (i) obter um arranjo financeiro para o Projeto de modo a não onerar significativamente o turista, uma vez que as maiores taxas de visitação sugeridas não ultrapassam 10,5% do preço das atividades, e, (ii) oferecer um investimento atrativo à iniciativa privada. Conforme foi analisado, o orçamento do turista típico é superior a todas as atividades oferecidas, a exceção do mergulho de batismo. Dado que o mergulho de batismo atrai turistas já dispostos a dispender quantias maiores de dinheiro com esta atividade, pode-se argumentar que a taxa de visitação a ser introduzida estaria dentro de orçamento do turista típico da região. Conforme apresentado, caso haja expansão das atividades por meio da inclusão de atividades potenciais e ou de receitas acessórias, o Poder Concedente pode optar, basicamente por dois caminhos: (i) manter as taxas de visitação inalteradas e aumentar as receitas do ICMBio, prefeituras e concessionário, tornando o projeto ainda mais atrativo ao investidor ou (ii) reduzir as taxas de visitação de modo a manter a taxa interna de retorno do investidor. Verifica-se que a demanda destinada a atividades turísticas em Maragogi torna os negócios financeiramente mais rentáveis do que as mesmas atividades oferecidas nos outros municípios analisados. Este munícipio se destaca também quanto ao potencial de expansão por meio das atividades potenciais. Por fim, verifica-se que para haver expansão por meio das atividades potenciais nos municípios de Paripueira, São Miguel dos Milagres e Porto das Pedras, dois fatores precisam ser levados em conta: é necessário pensar em soluções para lidar com a baixa demanda (em comparação com Maragogi) e otimizar custos para que essa expansão seja viável.

11 ESCLARECIMENTOS JURÍDICOS

Não se limitando à análise jurídica acima para a Estruturação do Projeto, acrescentamos ao presente “Produto 2: Viabilidade Econômica e Jurídica do Modelo de Parceria Ambiental Público-Privada para a APA Costa dos Corais” um apêndice contendo o esclarecimento de algumas questões levantadas pelo ICMBio.

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABETA. (1 de junho de 2017). Caminhada e caminhada de longo curso. Fonte: ABETA: http://abeta.tur.br/pt/atividades/caminhada-e-caminhada-de-longo-curso/ Almeida, N. d. (2013). Turismo e seus processos de criação de destinos em cidade. Bonito: IX Turismo em Debate em 01/11/2013 no Curso de Turismo UFMS. BRIGHAM, Eugene F. & EHRHARDT, Michael C. Financial Management, 12th. ed. Mason: South-Western, 2008.

CHAGUE, Fernando; DE-LOSSO, Rodrigo; GIOVANNETTI, Bruno C.; FILGUEIRAS Felipe S. C. M. Modelagem econômico-financeira: conceitos, equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio. In: Sennes, Ricardo; Lohbauer, Rosane; Santos, Rodrigo M. M.; Kohlmann, Gabriel B.; Barata, Rodrigo S.. (Org.). Da Silva, B. P. (2014). Infraestrutura logística e turismo em Alagoas no período 2004-2013. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Curso de Mestrado em Economia Aplicada. DE-LOSSO, Rodrigo, RANGEL, Armênio S. e SANTOS, José C. S. Matemática Financeira Moderna. São Paulo: Cengage, 2011. Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil – 2010/2011, 2012. Gonzaga, E. P., & Izidoro, F. B. (2016). Perfil dos turistas e dos condutores do passeio de observação do peixe-boi-marinho em Alagoas. Maceió: XI Connepi: Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. ICMBio, & APACC. (2017). Apresentação - Visitação nas piscinas naturais a Zona de Conservação do Peixe-Boi 05/2017. São Miguel dos Milagres. ICMBio. (2012). Plano de Manejo da APA Costa dos Corais. Tamandaré. ICMBio. (2016). Dados de Visitação 2007 – 2016 . Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Coordenação Geral de Uso Público e Negócios. ICMBio. (30 de maio de 2017). Guia do visitante da APA Costa dos Corais. Fonte: ICMBio: http://www.icmbio.gov.br/apacostadoscorais/guia-do-visitante.html ICMBio. (2017). Turismo de Base Comunitária em Unidades de Conservação Federais: Princípios e Diretrizes. ICMBIO. PORTARIA N° 145, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2014 Mariano, A. B., Gomes, C. C., & Salvadori, J. (s.d.). Melhor Prática vencedora: Políticas Públicas (Não Capital) - Voucher Único Digital. Bonito: Secretário de Turismo, Indústria e Comércio; Diretor de Turismo, Indústria e Comércio; COMTUR. Ministério do Turismo (2010). Turismo Náutico: Orientações Básicas. Brasília: Ministério do Turismo; Secretaria Nacional de Políticas de Turismo; Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico; Coordenação-Geral de Segmentação. Ministério do Turismo. Anuário Estatístico de Turismo, Vol 43, Ano base 2015, 2016. Ministério do Turismo, Fundação Getulio Vargas. Sondagem do Consumidor, Intenção de Viagem. Abril 2017.

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TAXA OUTORGA 0,0%

TAXA OUTORGA

OUTORGA - -

PRAZO DO CONTRATO 20

VPL - Taxa 10,00%

VPL 269,84-

TIR 0,00%

CAPEX 2.450,00 11,6%

OPEX 14.572,80 68,9%

TRIBUTOS 4.131,42 19,5%

REMUNERAÇÃO PRIVADO 0,00 0,0%

RECEITA 21.154,22 100,0%

OPEX 0,0%

CAPEX 0,0%

OUTORGA 0,0%

DEMANDA 0,0%

CATAMARÃ 12,838%

LANCHA 12,838%

ESCUNA 6,419%

JANGADA 6,419%

FOTOS SUB 6,419%

MERGULHO CONDUZIDO 6,419%

MERGULHO DE BATISMO 6,419%

AVISTAMENTO DO PEIXE-BOI 6,419%

PASSEIO EMBARCADO (LANCHA, ESCUNA E CATAMARÃ) 6,419%

STAND UP 0,000%

TRILHAS ECOLÓGICAS 6,419%

BICICLETA 0,000%

CAIAQUE 0,000%

CAMINHADA DE LONGO DE CURSO 0,000%

MERGULHO DE BATISMO 0,000%

PASSEIO DE ORLA 0,000%

PASSEIO NOTURNO (LUA CHEIA) 0,000%

STAND UP 0,000%

TAXA DE VISITAÇÃO POR ATIVIDADE

SENSIBILIDADE

Item R$ Em %

TRILHA SUB AQUÁTICA PARA EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL0,000%

TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE FAUNA/ FLORA 0,000%

SELECIONAR O CENÁRIO 2

CENÁRIO OTIMISTA (DEMANDA MÁXIMA) 1

CENÁRIO REALISTA (60% DA DEMANDA MÁXIMA) 2

CENÁRIO CONSERVADOR (60% DA DEMANDA MÁXIMA) 3

RECEITA DESTINADA A CONCESSIONÁRIA 40%

RECEITA DESTINADA A APACC 30%

RECEITA DESTINADA A PREFEITURA 30%

PERCENTUAL DE VISITANTES QUE BUSCA UMA ATIVIDADE POTENCIAL30%

DIAS DE OPERAÇÃO POR MÊS 18

DISTRIBUIÇÃO DA RECEITA

0,0% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15%

-15% 69,21% 41,97% 22,37% 7,04% -6,93% #NÚM! #NÚM!

-10% 60,76% 36,75% 18,96% 4,56% -9,12% #NÚM! #NÚM!

-5% 53,62% 32,21% 15,91% 2,22% -11,26% #NÚM! #NÚM!

0% 47,50% 28,21% 13,13% 0,00% -13,35% #NÚM! #NÚM!

5% 42,20% 24,65% 10,57% -2,13% -15,38% #NÚM! #NÚM!

10% 37,55% 21,46% 8,20% -4,20% #NÚM! #NÚM! #NÚM!

15% 33,44% 18,57% 5,97% -6,22% #NÚM! #NÚM! #NÚM!

0,0% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15%

-15% #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM!

-10% #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM!

-5% #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM!

0% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

5% 14,81% 14,81% 14,81% 14,81% 14,81% 14,81% 14,81%

10% 31,19% 31,19% 31,19% 31,19% 31,19% 31,19% 31,19%

15% 51,46% 51,46% 51,46% 51,46% 51,46% 51,46% 51,46%

OUTORGA

DEM

AN

DA

OPEX

CA

PEX

1 1 1 1 1

ANO 0 1 2 3 4

RECEITA 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

SERVIÇOS 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

TRIBUTOS 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

ISSQN 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89

PIS 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88

COFINS 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73

IRPJ 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

CSLL 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

OPEX 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

INFRAESTRUTURA 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00

T.I. 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

EQUIPAMENTOS 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00

SERVIÇOS 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00

MATERIAIS 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

MÃO DE OBRA 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40

ADMINSITRATIVO 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24

CAPEX 576,44 - 175,00 - 280,00

T.I. 175,00 - 175,00 - 175,00

EQUIPAMENTOS 40,00 - - - 40,00

MATERIAIS 65,00 - - - 65,00

SERVIÇOS 125,00 - - - -

SPE 50,00 - - - -

NIG 121,44 - - - -

FLUXO DE CAIXA LIVRE (R$) 453,94- 122,50 52,50- 122,50 157,50-

TIR 0,00%

FLUXO DE CAIXA LIVRE ACUMULADO 454- 331- 384- 261- 419-

VPL 454- 123 52- 122 157-

VPL - ACUMLADO 454- 331- 384- 261- 419-

FLUXO DE CAIXA LIVRE

CAPEX

-453,94

122,50

-52,50

122,50

-157,50

122,50

-52,50

122,50

-600,00

-400,00

-200,00

-

200,00

400,00

0 1 2 3 4 5 6

800,00

OPEX

TRIBUTOS

RECEITA

576,44

-

175,00

-

280,00

-

175,00

-

-200,00

-

200,00

400,00

600,00

800,00

0 1 2 3 4 5 6 7

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

-

200,00

400,00

600,00

800,00

0 1 2 3 4 5 6

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

-

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

0 1 2 3 4 5 6

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

-

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

0 1 2 3 4 5 6

1 1 1 1 1 1 1 1 1

5 6 7 8 9 10 11 12 13

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00

21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00

33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00

21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40

66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24

- 175,00 - 280,00 - 175,00 - 280,00 -

- 175,00 - 175,00 - 175,00 - 175,00 -

- - - 40,00 - - - 40,00 -

- - - 65,00 - - - 65,00 -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

122,50 52,50- 122,50 157,50- 122,50 52,50- 122,50 157,50- 122,50

296- 349- 226- 384- 261- 314- 191- 349- 226-

122 52- 122 157- 122 52- 122 157- 122

296- 349- 226- 384- 261- 314- 191- 349- 226-

122,50

-157,50

122,50

-52,50

122,50

-157,50

122,50

-52,50

122,50

7 8 9 10 11 12 13 14 15

-

280,00

-

175,00

-

280,00

-

175,00

-

7 8 9 10 11 12 13 14 15

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

7 8 9 10 11 12 13 14 15

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

7 8 9 10 11 12 13 14

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

7 8 9 10 11 12 13 14

1 1 1 1 1 1

14 15 16 17 18 19 TOTAL RISCO

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 4.131,42

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 1.057,71

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 137,50

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 634,63

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 1.692,34

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 609,24

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 14.572,80

45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 900,00 0%

21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 420,00 0%

24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 480,00 0%

33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 660,00 0%

21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 420,00 0%

518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 10.368,00 0%

66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 1.324,80 0%

175,00 - 280,00 - 175,00 121,44- 2.450,00

175,00 - 175,00 - 175,00 - 1.750,00 0%

- - 40,00 - - - 200,00 0%

- - 65,00 - - - 325,00 0%

- - - - - - 125,00 0%

- - - - - - 50,00 0%

- - - - - 121,44- - 0%

52,50- 122,50 157,50- 122,50 52,50- 243,94 0,00

279- 156- 314- 191- 244- 0

52- 122 157- 122 52- 244 0

279- 156- 314- 191- 244- 0

122,50

-157,50

122,50

-52,50

243,94

15 16 17 18 19

280,00

-

175,00

-121,44 16 17 18 19

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

15 16 17 18 19

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

15 16 17 18 19

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

15 16 17 18 19

ANO 0 1 2 3

RECEITA LÍQUIDA 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83

SERVIÇOS 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

ISS 52,89- 52,89- 52,89- 52,89-

OUTORGA - - - -

OPEX 728,64 728,64 728,64 728,64

LAIR - R$ 276,19 276,19 276,19 276,19

ANO 0 1 2 3

ISS 52,89 52,89 52,89 52,89

PIS 6,88 6,88 6,88 6,88

COFINS 31,73 31,73 31,73 31,73

IR 84,62 84,62 84,62 84,62

CSLL 30,46 30,46 30,46 30,46

TOTAL - R$ 206,57 206,57 206,57 206,57

REGIME PRES PRES PRES PRES

ANO 0 1 2 3

RECEITA TOTAL 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

ISS 52,89 52,89 52,89 52,89

PIS 6,88 6,88 6,88 6,88

COFINS 31,73 31,73 31,73 31,73

IR 84,62 84,62 84,62 84,62

CSLL 30,46 30,46 30,46 30,46

TOTAL- R$ 206,57 206,57 206,57 206,57

DESPESAS IR/CS ANUAIS - PRESUMIDO

DESPESAS IR/CS ANUAIS

4 5 6 7 8 9 10 11 12

1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89-

- - - - - - - - -

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 276,19

4 5 6 7 8 9 10 11 12

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

PRES PRES PRES PRES PRES PRES PRES PRES PRES

4 5 6 7 8 9 10 11 12

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

DESPESAS IR/CS ANUAIS - PRESUMIDO

DESPESAS IR/CS ANUAIS

13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 1.004,83 20.096,51

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22

52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 1.057,71-

- - - - - - - -

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 14.572,80

276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 276,19 5.523,71

13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 1.057,71

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 137,50

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 634,63

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 1.692,34

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 609,24

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 4.131,42

PRES PRES PRES PRES PRES PRES PRES -

13 14 15 16 17 18 19 TOTAL

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 1.057,71

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 137,50

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 634,63

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 1.692,34

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 609,24

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 4.131,42

DESPESAS IR/CS ANUAIS - PRESUMIDO

DESPESAS IR/CS ANUAIS

REGIME PIS COFINS IR CS ISS ICMS

REAL 1,65% 7,60% 25,0% 9,0% 5,0% 18,0%

PRESUMIDO 0,65% 3,00% 8,0% 2,88% 5,0% 18,0%

1 1 1 1 1 1

ANO 0 1 2 3 4 5

RECEITA LÍQUIDA 966,22 966,22 966,22 966,22 966,22 966,22

SERVIÇOS 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

ISS 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89-

OUTORGA - - - - - -

PIS 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88-

COFINS 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73-

OPEX 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

LAIR 237,58 237,58 237,58 237,58 237,58 237,58

IR 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

CS 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

LUCRO LÍQUIDO - R$ 122,50 122,50 122,50 122,50 122,50 122,50

ANO 0 1 2 3 4 5

TRIBUTOS 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

ISS 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89

OUTORGA - - - - - -

PIS 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88

COFINS 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73

IR 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

CS 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

CAIXA MÍNIMO 121,44 - - - - -

CAIXA MÍNIMO 121,44 - - - - -

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

-

100,00

200,00

300,00

0 1 2 3 4 5 6

1 1 1 1 1 1 1 1 1

6 7 8 9 10 11 12 13 14

966,22 966,22 966,22 966,22 966,22 966,22 966,22 966,22 966,22

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89-

- - - - - - - - -

6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88-

31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73-

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

237,58 237,58 237,58 237,58 237,58 237,58 237,58 237,58 237,58

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

122,50 122,50 122,50 122,50 122,50 122,50 122,50 122,50 122,50

6 7 8 9 10 11 12 13 14

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 52,89

- - - - - - - - -

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 6,88

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 31,73

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 84,62

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 30,46

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

6 7 8 9 10 11 12 13

1 1 1 1 1

15 16 17 18 19 TOTAL

966,22 966,22 966,22 966,22 966,22 19.324,38

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22

52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 52,89- 1.057,71-

- - - - - -

6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 6,88- 137,50-

31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 31,73- 634,63-

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 14.572,80

237,58 237,58 237,58 237,58 237,58 4.751,58

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 1.692,34

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 609,24

122,50 122,50 122,50 122,50 122,50 2.450,00

15 16 17 18 19 TOTAL

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 4.131,42

52,89 52,89 52,89 52,89 52,89 1.057,71

- - - - - -

6,88 6,88 6,88 6,88 6,88 137,50

31,73 31,73 31,73 31,73 31,73 634,63

84,62 84,62 84,62 84,62 84,62 1.692,34

30,46 30,46 30,46 30,46 30,46 609,24

- - - - -

- - - - 121,44- -

206,57 206,57 206,57 206,57 206,57 206,57

14 15 16 17 18 19

1 1 1 1 1

ANO 0 1 2 3 4

RECEITA 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

CATAMARÃ 549 549 549 549 549

LANCHA 200 200 200 200 200

ESCUNA 50 50 50 50 50

JANGADA 100 100 100 100 100

FOTOS SUB 55 55 55 55 55

MERGULHO CONDUZIDO 57 57 57 57 57

MERGULHO DE BATISMO 17 17 17 17 17

AVISTAMENTO DO PEIXE-BOI 12 12 12 12 12

PASSEIO EMBARCADO (LANCHA, ESCUNA E CATAMARÃ)19 19 19 19 19

STAND UP - - - - -

TRILHAS ECOLÓGICAS - - - - -

BICICLETA - - - - -

CAIAQUE - - - - -

CAMINHADA DE LONGO DE CURSO - - - - -

MERGULHO DE BATISMO - - - - -

PASSEIO DE ORLA - - - - -

PASSEIO NOTURNO (LUA CHEIA) - - - - -

STAND UP - - - - -

TRILHA SUB AQUÁTICA PARA EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL- - - - -

TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE FAUNA/ FLORA - - - - -

TOTAL - R$ 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

RISCO 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

-

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

0 1 2 3 4 5 6 7

1 1 1 1 1 1 1 1 1

5 6 7 8 9 10 11 12 13

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

549 549 549 549 549 549 549 549 549

200 200 200 200 200 200 200 200 200

50 50 50 50 50 50 50 50 50

100 100 100 100 100 100 100 100 100

55 55 55 55 55 55 55 55 55

57 57 57 57 57 57 57 57 57

17 17 17 17 17 17 17 17 17

12 12 12 12 12 12 12 12 12

19 19 19 19 19 19 19 19 19

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

- - - - - - - - -

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

1 1 1 1 1 1 RISCO

14 15 16 17 18 19 TOTAL

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22 0%

549 549 549 549 549 549 10.980,97

200 200 200 200 200 200 3.995,08

50 50 50 50 50 50 998,27

100 100 100 100 100 100 1.996,54

55 55 55 55 55 55 1.094,77

57 57 57 57 57 57 1.138,03

17 17 17 17 17 17 341,63

12 12 12 12 12 12 232,93

19 19 19 19 19 19 376,01

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

- - - - - - -

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71 21.154,22

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

1.057,71 1.057,71 1.057,71 1.057,71

16 17 18 19

1 1 1 1 1 1 1

ANO 0 1 2 3 4 5 6

OPEX 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

INFRAESTRUTURA 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00

T.I. 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

EQUIPAMENTOS 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00

SERVIÇOS 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00

MATERIAIS 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

MÃO DE OBRA 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40

ADMINSITRATIVO 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24

TOTAL - R$ 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00 45,00

21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00 24,00

33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00 33,00

21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00

518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40 518,40

66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24 66,24

728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64 728,64

1 1 1

17 18 19 TOTAL %

728,64 728,64 728,64 14.572,80 100%

45,00 45,00 45,00 900,00 6%

21,00 21,00 21,00 420,00 3%

24,00 24,00 24,00 480,00 3%

33,00 33,00 33,00 660,00 5%

21,00 21,00 21,00 420,00 3%

518,40 518,40 518,40 10.368,00 71%

66,24 66,24 66,24 1.324,80 9%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

728,64 728,64 728,64 14.572,80 100%

CAPEX 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T.I. 175 - 175 - 175 - 175 - 175 - 175 -

EQUIPAMENTOS 40 - - - 40 - - - 40 - - -

MATERIAIS 65 - - - 65 - - - 65 - - -

SERVIÇOS 125 - - - - - - - - - - -

SPE 50 - - - - - - - - - - -

TOTAL - R$ 455 - 175 - 280 - 175 - 280 - 175 -

INVESTIMENTO - R$ MILHARES 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T.I. 175 - 175 - 175 - 175 - 175 - 175 -

T.I. 175 175 175 175 175 175

EQUIPAMENTOS 40 - - - 40 - - - 40 - - -

EQUIPAMENTOS 40 40 40

MATERIAIS 65 - - - 65 - - - 65 - - -

MATERIAIS 65 65 65

SERVIÇOS 125 - - - - - - - - - - -

SERVIÇOS 125

TOTAL - R$ 405 - 175 - 280 - 175 - 280 - 175 -

12 13 14 15 16 17 18 19 TOTAL %

175 - 175 - 175 - 175 - 1.750,00 73%

40 - - - 40 - - - 200,00 8%

65 - - - 65 - - - 325,00 14%

- - - - - - - - 125,00 5%

- - - - - - - - 50,00 2%

280 - 175 - 280 - 175 - 2.400,00 100%

12 13 14 15 16 17 18 19 TOTAL %

175 - 175 - 175 - 175 - 1.750 73%

175 175 175 175 1.750 73%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

40 - - - 40 - - - 200 8%

40 40 200 8%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

65 - - - 65 - - - 325 14%

65 65 325 14%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- - - - - - - - 125 5%

125 5%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

- 0%

280 - 175 - 280 - 175 - 2.400 100%

Receita total por entidade no cenário otimista Maragogi Paripueira SMMilagres Porto das Pedras

Receita destinada a Concessionária 40% 40% 40% 40%

Cenário Otimista 6.226,35R$ 884,87R$ 720,20R$ 329,93R$

Cenário Realista 3.735,81R$ 530,92R$ 432,12R$ 197,96R$

Cenário Conservador 2.490,54R$ 353,95R$ 288,08R$ 131,97R$

Receita destinada a APACC 30% 30% 30% 30%

Cenário Otimista 4.669,76R$ 663,65R$ 540,15R$ 247,45R$

Cenário Realista 2.801,86R$ 398,19R$ 324,09R$ 148,47R$

Cenário Conservador 1.867,90R$ 265,46R$ 216,06R$ 98,98R$

Receita destinada a Prefeitura 30% 30% 30% 30%

Cenário Otimista 4.669,76R$ 663,65R$ 540,15R$ 247,45R$

Cenário Realista 2.801,86R$ 398,19R$ 324,09R$ 148,47R$

Cenário Conservador 1.867,90R$ 265,46R$ 216,06R$ 98,98R$

Receita total atividades existentes / dia Maragogi Paripueira SMMilagres Porto das Pedras

Cenário Otimista 15.566R$ 2.212R$ 1.801R$ 825R$

Cenário Realista 9.340R$ 1.327R$ 1.080R$ 495R$

Cenário Conservador 6.226R$ 885R$ 720R$ 330R$

Receita por atividades existentes /dia (Otimista) Maragogi Paripueira SMMilagres Porto das Pedras

Catamarã 8.665,54R$ 1.925,67R$ -R$ -R$

Lancha 3.764,69R$ 88,58R$ -R$ -R$

Escuna 962,84R$ -R$ -R$ -R$

Jangada -R$ -R$ 1.444,26R$ 481,42R$

Fotos sub 728,55R$ 96,28R$ 173,31R$ 57,77R$

Mergulho conduzido 752,08R$ 101,63R$ 182,94R$ 60,98R$

Mergulho de batismo 329,50R$ -R$ -R$ -R$

Avistamento do Peixe-boi -R$ -R$ -R$ 224,66R$

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã) 362,67R$ -R$ -R$ -R$

Stand Up -R$ -R$ -R$ -R$

Trilhas ecológicas -R$ -R$ -R$ -R$

Capacidade diária Máxima ICMBio

Demanda Máxima por Atividade/Cidade Maragogi Paripueira SMMilagres Porto das Pedras

Catamarã 1080 240 0 0

Lancha 510 12 0 0

Escuna 300 0 0 0

Jangada 0 0 450 150

Fotos sub 378 50 90 30

Mergulho conduzido 123 17 30 10

Mergulho de batismo 18 0 0 0

Avistamento do Peixe-boi 0 0 0 70

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã) 188 0 0 0

Stand Up 188 25 0 0

Trilhas ecológicas 0 0 0 0

Taxa por visitante Maragogi Paripueira SMMilagres Porto das Pedras

Catamarã 8,02R$ 8,02R$ -R$ -R$

Lancha 7,38R$ 7,38R$ -R$ -R$

Escuna 3,21R$ -R$ -R$ -R$

Jangada -R$ -R$ 3,21R$ 3,21R$

Fotos sub 1,93R$ 1,93R$ 1,93R$ 1,93R$

Mergulho conduzido 6,10R$ 6,10R$ 6,10R$ 6,10R$

Mergulho de batismo 17,97R$ -R$ -R$ -R$

Avistamento do Peixe-boi -R$ -R$ -R$ 3,21R$

Passeio embarcado (lancha, escuna e catamarã) 1,93R$ -R$ -R$ -R$

Stand Up -R$ -R$ -R$ -R$

Trilhas ecológicas -R$ -R$ -R$ -R$

Total

40%

8.161,35R$

4.896,81R$ 21.154.221,46R$

3.264,54R$

30%

6.121,01R$

3.672,61R$ 15.865.666,10R$

2.448,41R$

30%

6.121,01R$

3.672,61R$ 15.865.666,10R$

2.448,41R$

52.885.553,66R$

Total #REF!

20.403R$ #REF!

12.242R$

8.161R$

Total

10.591R$

3.853R$

963R$

1.926R$

1.056R$

1.098R$

330R$

225R$

363R$

-R$

-R$

Preço médio da

atividade

Parâmetro para definição

da taxa de visitação

62,5R$ 12,84%

57,5R$ 12,84%

50,0R$ 6,42%

50,0R$ 6,42%

30,0R$ 6,42%

95,0R$ 6,42%

280,0R$ 6,42%

50,0R$ 6,42%

30,0R$ 6,42%

42,5R$ 0,00%

33,8R$ 6,42%

Receita total por entidade no cenário otimista Maragogi Paripueira SMMilagres

Receita destinada a Concessionária 40% 40% 40%

Cenário Otimista -R$ -R$ -R$

Cenário Realista -R$ -R$ -R$

Cenário Conservador -R$ -R$ -R$

Receita destinada a APACC 30% 30% 30%

Cenário Otimista -R$ -R$ -R$

Cenário Realista -R$ -R$ -R$

Cenário Conservador -R$ -R$ -R$

Receita destinada a Prefeitura 30% 30% 30%

Cenário Otimista -R$ -R$ -R$

Cenário Realista -R$ -R$ -R$

Cenário Conservador -R$ -R$ -R$

Receita total atividades potenciais / dia Maragogi Paripueira SMMilagres

Cenário Otimista -R$ -R$ -R$

Cenário Realista -R$ -R$ -R$

Cenário Conservador -R$ -R$ -R$

Receita por atividades potenciais /dia (Otimista) Maragogi Paripueira SMMilagres

Bicicleta -R$ -R$ -R$

Caiaque -R$ -R$ -R$

Caminhada de longo de curso -R$ -R$ -R$

Mergulho de batismo -R$ -R$ -R$

Passeio de orla -R$ -R$ -R$

Passeio Noturno (lua cheia) -R$ -R$ -R$

Stand Up -R$ -R$ -R$

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental -R$ -R$ -R$

Turismo de observação de fauna/ flora -R$ -R$ -R$

Parâmetro para as atividades potenciais 30%

Demanda Maragogi Paripueira SMMilagres

Bicicleta 94,5 9,5 19,3

Caiaque 94,5 9,5 19,3

Caminhada de longo de curso 94,5 9,5 19,3

Mergulho de batismo 0,0 9,5 0,0

Passeio de orla 0,0 9,5 0,0

Passeio Noturno (lua cheia) 0,0 0,0 19,3

Stand Up 94,5 9,5 19,3

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental94,5 9,5 19,3

Turismo de observação de fauna/ flora 94,5 9,5 19,3

Taxa por visitante Maragogi Paripueira SMMilagres

Bicicleta

Caiaque

Caminhada de longo de curso

Mergulho de batismo -R$ -R$ -R$

Passeio de orla -R$ -R$ -R$

Passeio Noturno (lua cheia) -R$ -R$ -R$

Stand Up

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambiental -R$ -R$ -R$

Turismo de observação de fauna/ flora -R$ -R$ -R$

Onde há atividade potencial?

Atividade Maragogi Paripueira SMMilagres

Bicicleta x x x

Caiaque x x x

Caminhada de longo de curso x x x

Mergulho de batismo x

Passeio de orla x

Passeio Noturno (lua cheia) x

Stand Up x x x

Trilha sub aquática para Educação e interpretação ambientalx x x

Turismo de observação de fauna/ flora x x x

Porto das Pedras Total

40% 40%

-R$ -R$

-R$ -R$ -R$

-R$ -R$

30% 30%

-R$ -R$

-R$ -R$ -R$

-R$ -R$

30% 30%

-R$ -R$

-R$ -R$ -R$

-R$ -R$

-R$

Porto das Pedras Total

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

Porto das Pedras Total

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

-R$ -R$

Porto das Pedras

6,4

6,4

6,4

0,0

0,0

6,4

6,4

6,4

6,4

Porto das Pedras Preço médio da atividadeParâmetro para definição da

taxa de visitação

38,8R$ 0,00%

42,5R$ 0,00%

30,0R$ 0,00%

-R$ 200,0R$ 0,00%

-R$ 30,0R$ 0,00%

-R$ 50,0R$ 0,00%

50,0R$ 0,00%

-R$ 33,8R$ 0,00%

-R$ 40,0R$ 0,00%

Porto das Pedras

x

x

x

x

x

x

x

TOTAL DO CONTRATO

TOTAL 2.644.277,68R$ 52.885.553,66R$

Receita destinada a Concessionária 1.057.711,07R$ 21.154.221,46R$

Receita destinada a APACC 793.283,30R$ 15.865.666,10R$

Receita destinada a Prefeitura 793.283,30R$ 15.865.666,10R$

Taxa de visitação 793.283,30R$ 15.865.666,10R$

ISS -R$

RECEITAS TOTAIS (CENÁRIO REALISTA) POR ANO

Investimentos Valor mínimo Valor máximo

Total 330.000,00R$ 480.000,00R$ Infraestrutura

T.I. 150.000,00R$ 200.000,00R$

Equipamentos 30.000,00R$ 50.000,00R$

Materiais 50.000,00R$ 80.000,00R$

Serviços 100.000,00R$ 150.000,00R$

Custos Operacionais (Mês) Valor mínimo Valor máximo

Total mensal 54.200,00R$ 56.200,00R$ Infraestrutura 3.500,00R$ 4.000,00R$

T.I. 1.500,00R$ 2.000,00R$

Equipamentos 2.000,00R$ 2.000,00R$

Serviços 2.500,00R$ 3.000,00R$

Materiais 1.500,00R$ 2.000,00R$

Mão de obra 43.200,00R$ 43.200,00R$

Adminsitrativo

Média Vida útil (anos)

405.000,00R$ 9 Premissa de não construção (aluguel do espaço)

175.000,00R$ 2 Desenvolvimento de software/site

40.000,00R$ 4 Compuadores, sistema de verifiação de bilhtes, sistema de segurança, telefonia

65.000,00R$ 4 Mobiliário (Balcões, armários, cadeiras de espera)

125.000,00R$ Elaboração de conteúdo informativo, constratação de sinalização das trilhas

Média

60.720,00R$ 3.750,00R$ Aluguel

1.750,00R$ Gestão de software/site

2.000,00R$ Manutenção de equipamentos

2.750,00R$ Água, luz, internet

1.750,00R$ Materiais

43.200,00R$ Gerente de operações, vendedores, limpeza, administração, pessoal para treinamento dos prestadores, visitantes e moradores

5.520,00R$ Despesas administrativas

Gerente de operações, vendedores, limpeza, administração, pessoal para treinamento dos prestadores, visitantes e moradores