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SUMÁRIO PRF Língua Portuguesa ................................................................................................................................................................ 3 Legislação de Trânsito ............................................................................................................................................................. 9 Éca no Serviço Público ......................................................................................................................................................... 13 Direito Penal e Processual Penal .......................................................................................................................................... 14

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SUMÁRIO

PRF

Língua Portuguesa ................................................................................................................................................................ 3

Legislação de Trânsito ............................................................................................................................................................. 9

Ética no Serviço Público ......................................................................................................................................................... 13

Direito Penal e Processual Penal .......................................................................................................................................... 14

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LÍNGUA PORTUGUESA

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Compreensão e Interpretação de Textos de Gêneros Variados

É difícil conceituar a manifestação artística chamada Literatu-ra. Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.), na obra Arte Poética, definiu o que hoje é conhecido como gêneros literários. Logo, convém reparar que a história da teoria dos gêneros pode ser contada a partir da Antiguidade greco-romana, quando surgiram também as primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental.

Gêneros literários se caracterizam como divisões feitas em obras literárias de acordo com características formais comuns, agrupando-as conforme critérios estruturais, con-textuais e semânticos, entre outros. Os gêneros literários se constituem como categorias dos textos literários, classifica-dos de acordo com a forma e com o conteúdo. Dessa forma, englobam o conjunto de características formais e temáticas das manifestações literárias. O termo “gênero” vem do latim ( genus e eris) e significa origem e nascimento.

Nesse sentido, os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e de conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. Eles se dividem em três categorias básicas: gêneros épico (“palavra narrada”), gênero lírico (“pa-lavra cantada”) e gênero dramático (“palavra representada”).

Convém salientar também que, na atualidade, os textos literários se organizam em três gêneros: gênero lírico; gênero narrativo; gênero dramático. Dentro de um determinado gê-nero literário há o predomínio de uma estrutura típica, que não corresponde à estrutura de outro gênero literário, visto que cada um apresenta características próprias.

Gênero Lírico

O gênero lírico é escrito em verso, em primeira pessoa do discurso (eu); expressa sentimentos e emoções; exterioriza um mundo interior; apresenta um caráter subjetivo; usa palavras no seu sentido conotativo; recorre a muitas figuras de linguagem.

O gênero lírico apresenta textos em versos por inter-médio de uma linguagem poética, de caráter sentimental com predominância da subjetividade do eu-lírico (primeira pessoa). O nome “lírico” surgiu de “lira” (latim), instrumento utilizado para acompanhar as poesias cantadas. Convém res-saltar que o “eu-lírico” se distingue do(a) autor(a), ou seja, o eu-lírico pode ser masculino ou feminino, independente de sua autoria. Alguns exemplos de textos líricos são: Soneto; Poesia; Ode; Haicai; Hino; Sátira, Elegia; Idílio, Écloga; Epitalâ-mio (também conhecidos como subgêneros do gênero lírico).

Os textos do gênero lírico, os quais expressam sentimen-tos e emoções, são permeados pela função poética da lingua-gem. Neles existe a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras.

Gênero Épico ou Narrativo

No gênero épico ou narrativo existe a presença de um(a) narrador(a), responsável por contar uma história cujas persona-gens atuam em um determinado espaço e tempo. Pertencem a esse gênero as seguintes modalidades: Épico; Fábula; Epopeia ou Poesia Épica; Novela; Conto; Crônica; Ensaio; Romance (também conhecidos como subgêneros do gênero narrativo).

O gênero narrativo é escrito majoritariamente em prosa; apresenta um(a) narrador(a) que conta a ação; narra uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários; apresenta a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclu-são; desenrola-se num tempo e num espaço; utiliza discurso direto, indireto e/ou indireto livre.

O gênero épico representa a mais antiga das manifesta-ções literárias e nele estão contidas as narrativas histórico--literárias de grandes acontecimentos, com presença de temas terrenos, mitológicos e lendários. Observe-se que o termo “épico” vem da palavra “epopeia”, que, do grego (épos), simboliza a narrativa em versos de fatos grandiosos centrados na figura de um herói ou de um povo.

Os elementos essenciais das narrativas épicas são: nar-rador (quem narra a história), enredo (sucessão dos acon-tecimentos), personagens (principais e secundárias), tempo (época dos fatos) e espaço (local dos episódios).

Gênero Dramático

O gênero dramático é feito para que haja a sua encena-ção; está dividido em atos e cenas; conta a história através da fala das personagens; apresenta indicações cênicas as quais auxiliam a representação.

De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poé-tica, os textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de en-cenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens, atores que contam uma história por intermédio de diálogos ou monólogos. Pertencem ao gênero dramático os seguintes textos: Auto; Comédia; Tragédia; Tragicomédia; Elegia; Farsa (também conhecidos como subgêneros do gênero dramático).

O gênero dramático envolve a literatura teatral em prosa ou em verso, aquela para ser apresentada e encenada. Do grego, a palavra “drama” significa “ação”. Por essa razão, o diálogo é um recurso muito utilizado, de modo que a tríade essencial dos textos literários dramáticos são: o autor, o texto e o público.

A classificação de gêneros literários sofreu algumas altera-ções ao longo dos anos. Atualmente, é entendida como algo flexível, sendo possível a mistura de gêneros e a subdivisão em vários subgêneros. Apesar da divisão em lírico, narrativo e dramá-tico, há uma característica comum aos três gêneros: a literatura.

Sendo gêneros literários, apresentam aspectos comuns que definem a literatura como uma expressão artística que possui funções recreativas, sociais e críticas. Assim, não só ocorre a manifestação de sentimentos e invenção de histórias por parte do autor, como também ocorre a crítica à sociedade e há referências a momentos históricos.

O texto literário, quer ocorra em verso ou em prosa, trans-mite a noção artística do autor, que trabalha com a função conotativa da linguagem, que utiliza uma linguagem mais po-ética e rebuscada, recorrendo ao uso de figuras de linguagem e que respeita estruturas no estilo e forma, como a métrica e a rima. O autor debruça-se sobre a seleção e combinação de palavras, para que transmitam o sentido pretendido, contri-buindo para a concretização da intenção do autor.

Reconhecimento de Tipos e Gêneros Textuais

Tipologia Textual

Texto Dissertativo: denotativo, objetiva provar uma tese, um posicionamento, possui introdução, desenvolvimento e conclusão.

Texto Argumentativo: usa argumentos e exemplos para comprovar algo.

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Texto Narrativo: conta uma história (fato, tempo, lugar, personagens, detalhes etc.).

Texto Descritivo: descreve coisa, lugar ou pessoa, com muitos adjetivos.

Esquema do texto dissertativo 1º parágrafo (introdução): tema e o objetivo na primeira

frase; citação dos argumentos na segunda frase.2º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do

argumento 1 em pelo menos duas frases.3º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do

argumento 2 em pelo menos duas frases.4º parágrafo (desenvolvimento): desenvolvimento do

argumento 3 em pelo menos duas frases.5º parágrafo (conclusão): tema e o objetivo na primeira

frase com outras palavras; soluções otimistas com verbos no infinitivo de preferência.

Exemplo de texto dissertativo• Introdução Acredita-se que Brasília se firmará como provável polo

turístico do século XXI. Mesmo concorrendo com belíssimas praias na costa brasileira e com a evidente exploração turísti-ca nas cidades vizinhas, a capital federal encanta brasileiros e estrangeiros por seu patrimônio histórico-cultural, sua organização e segurança.

• 1º argumento = 2º parágrafo Impossível não conceber que o litoral é um forte concor-

rente da cidade-sede do Brasil, já que é disputado na alta e baixa temporada por turistas do mundo inteiro. Além disso, o cerrado constitui atração interessantíssima por suas riquezas naturais, como as cachoeiras e quedas d’água de várias cidades circunvizinhas (Pirenópolis e Alto Paraíso, por exemplo), as águas termais de Caldas Novas, bem como a beleza histórica de Goiás Velho. Tudo isso há poucos quilômetros de Brasília.

• 2º argumento = 3º parágrafo No entanto, em seu gigantismo de inigualável beleza

arquitetônica, a cidade do poder, desenhada por Oscar Niemeyer, surge majestosa causando curiosidade latente aos turistas que a pretendem desvendar. Prova disso são os hotéis, com fluxo frequente de visitantes de várias origens e etnias, que aqui encontram empatia com este povo mes-clado, migrante de todo o território nacional, construtor da diversidade cultural e culinária da jovem capital.

• 3º argumento = 4º parágrafo Ressalte-se, ainda, que ações, como a reforma do Centro

de Convenções, bem como as construções da Terceira Pon-te e do reservatório de água Corumbá IV, tornam-na rota certa. A segurança – também respaldada pela premiação da ONU como a melhor cidade para uma criança crescer, no quesito qualidade de vida – e a organização da capital federal, evidenciada pela exatidão dos endereços facilmente encontrados pelo sistema inteligente de transportes, dão ao visitante sensação única de conforto.

• Conclusão Nesse sentido, há que se propagar toda essa atração da

capital do país, evidenciando-a como polo turístico do século XXI. Urge, entretanto, a garantia de condições favoráveis à execução plena de planejamentos turísticos.

Esquema Narrativo 1º parágrafo: fato, tempo, lugar.2º parágrafo: causa do fato, personagens.3º parágrafo: detalhes do fato, discursos.4º parágrafo: consequências do fato.

Discursos• Discurso Direto Simples Ela disse: – Vamos ao cinema? Ele respondeu: – Claro!• Discurso Direto com Travessão Explicativo – Vamos ao cinema? – disse ela. – Claro! – respondeu ele.• Discurso Direto Livre Ela disse: “Vamos ao cinema?” Ele respondeu: “Claro!”• Discurso Indireto Simples Ela o convidou para ir ao cinema. Ele aceitou o convite.• Discurso Indireto Livre Ela o convidou para ir ao cinema. Ele aceitou o convite.

“Tomara que ele realmente vá!”

Domínio dos Mecanismos de Coesão Textual

Ernani Terra e José de Nicola (2001, p. 226-227) explicam sobre a coesão textual:

Assim como um osso liga-se ao outro num esqueleto, as palavras, os termos da oração e as orações ligam-se para formar um texto. Essa ligação se dá pelo nexo estabelecido entre várias partes do texto, tornando-o coeso (nexo significa ‘ligação, vínculo’; daí expressões do tipo ‘Ficou falando coisas sem nexo’). A coesão é decorrente de relações de sentido que se operam entre elementos do texto. Muitas vezes a interpreta-ção de um termo depende da interpretação de outro termo ao qual faz referência, ou seja, a significação de uma palavra vai pressupor a de outra.

A avaliação da capacidade de expressão na modalidade escrita tem como base a observação da norma culta padrão da Língua Portuguesa. O uso das normas do registro formal culto da Língua Portuguesa pressupõem o domínio das regras da gramática normativa. Já a clareza, a precisão, a consis-tência e a concisão do texto produzido são qualidades que agregam uma boa escrita a textos dissertativos.

[...] clareza, que torna o texto inteligível e decorre: do uso de palavras e expressões em seu sentido comum, salvo quando o assunto for de natureza técnica, hipó-tese em que se empregarão a nomenclatura e termi-nologia próprias da área; da construção de orações na ordem direta, evitando preciosismos, neologismos, in-tercalações excessivas, jargão técnico, lugares-comuns, modismos e termos coloquiais; do uso do tempo verbal, de maneira uniforme, em todo o texto; do emprego dos sinais de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos estilísticos [...] (BRASIL, 1000, p. 9)

Segundo o Dicionário Online de Língua Portuguesa (2012), precisão é “Substantivo Feminino. Qualidade do que é preciso, exato, rigoroso. Exatidão na execução. Nitidez ri-gorosa no pensamento ou no estilo.” Ernani Terra e José de Nicola (2001, p.228-229) explicam sobre a coesão textual:

A coesão também é resultante da perfeita relação de sentido que deve haver entre as partes de um texto. Por isso, o uso adequado de conectivos (palavras que relacionam partes da oração ou orações de um período) é importante para que haja coesão textual. Não há coesão em um texto quando, por exemplo,

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empregam-se de modo inadequado conjunções e pronomes, deixando palavras ou frases desconec-tadas, quando a escolha vocabular é inadequada, quando há ambiguidades, regências incorretas, etc.

Conforme orienta Gonçalves (2015b, p.14) acerca da produção coesa e concisa: “Peque pela simplicidade, escre-va um texto simples, claro e objetivo, sem contorcionismos sintáticos.”

Primar pela clareza, precisão, consistência, concisão e aderência às normas do registro formal é fundamental. Deve--se escrever de forma clara e precisa, com consistência argu-mentativa para conseguir convencer o leitor de determinado ponto de vista. A concisão, arte de dizer muito com poucas palavras, atentando ao padrão culto da língua colaborará positivamente para o texto.

Concisão: resultado. É o ato de dizer a mesma coisa com um menor número de palavras. Usa recursos coesivos para que esse objetivo seja atingido. Por exemplo: usa-se um menor número de palavras para dizer a mesma coisa. (GONÇALVES, 2008, p.98)

Emprego de Elementos de Referenciação, Substituição e Repetição, de Conectores e de Outros Elementos de Sequenciação Textual

Vários elementos de referenciação podem ser em-pregados em um texto. No entanto, são os pronomes a classe de palavras recordista em questões de concursos públicos. Entendamos mais sobre o Pronome.

Macetes dos Pronomes DemonstrativosTempo• este, esta, isto: presente• esse, essa, isso: passado e futuro próximos• aquele, aquela, aquilo: passado e futuro distantesEspaço (distância)

Quando houver apenas 1 pronome demonstrativo no período:

• Quero isto: a paz. (certo = Catáfora)• Quero isso: a paz (errado)• Paz: é isto que eu quero. (errado)• Paz: é isso que eu quero. (certo = Anáfora)

Quando houver mais de um pronome demonstrativo na mesma frase, usa-se: “regra de fluxo invertido de distribuição pronominal para alocação dos pronomes demonstrativos”.

• este, esta, isto: t=teu (grudado)• esse, essa, isso: s=separado (próximo)• aquele, aquela, aquilo: l=longe (distante)Pronomes Relativos: 4 passos para substituir os invari-

áveis (que/quem) pelos variáveis: qual/quais; cujo(a,os,as).• Veja se “qual/quais” concordam com substantivo que vem

antes. Se forem seguidos de substantivos, exigem artigo.• Veja se “cujo(a,os,as)” concordam com substantivo que

vem depois, dando ideia de posse. Proíbem artigo.• Se houver verbo entre o pronome e o substantivo que

vem depois, o pronome atuará como sujeito e não po-derá ser substituído por “cujo(a,os,as)”, já que o verbo estabelece uma barreira que impede a concordância com o substantivo posterior ao pronome.

• Veja a regência do que vem depois do pronome, para checar se a preposição que o antecede está certa.

Dicas• Os pronomes pessoais eu e tu não podem vir antece-

didos de preposição, por isso devem ser substituídos pelos pronomes oblíquos mim e ti. Exemplos: O pro-blema será resolvido por mim e ti. O papo será entre mim e ti. Isso não se resolveria sem mim e ti. O dinheiro será dado para mim e ti. Observação: usa-se eu e tu quando o pronome funcionar como sujeito. Exemplo: Traga água para eu beber.

• Os pronomes ele(s), ela(s), nós e vós serão oblíquos quando precedidos de preposição para complementar verbos. Exemplos: A aula foi dada por ele. Passeamos com ela. O convite será feito por vós.

• Pronomes reflexivos são os pronomes pessoais oblí-quos que se referem ao sujeito da oração. Exemplos: Ela se machucou. Eu me vesti bem. Ele aproximou-se e levou consigo sua ira.

• Nos, vos e se atuam como pronomes recíprocos quando expressam ação mútua. Exemplos: Nós nos vestimos bem. Eles se amaram muito.

• Quando há ênclise em verbos terminados em -r, -s, -z, tais terminações saem e acrescenta-se l nos oblí-quos o, a, os, as. Exemplos: O bolo, eu vou: comprar (comprá-lo); vender (vendê-lo); partir (parti-lo); com-por (compô-lo). O bolo: nós compramos (compramo--lo); ela fez (fê-lo). Observação: quando seguido do pronome pessoal oblíquo nos (1ª pessoa do plural), sai o s e mantém-se o oblíquo. Exemplos: Afastamo-nos infelizmente. Sentamo-nos para conversar.

• Quando há ênclise em verbos terminados em -m, -ão, -õe, acrescenta-se n nos pronomes pessoais oblíquos enclíticos o, a, os, as. Exemplo: Eles consideraram-no inocente. A dúvida, dão-na como perdida. Ele supõe--nos bandidos.

• As expressões com nós, com vós podem ser usadas quando seguidas de uma palavra de reforço (ambos, mesmos, dois, etc) Exemplos: A bagagem seguirá com nós dois. A bagagem seguirá conosco. Preciso falar com vós mesmos. Preciso falar convosco. (Sarmento, p. 185)

• O pronome oblíquo é sujeito dos seguintes verbos no infinitivo: deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver. Exemplo: Deixe-me ouvir esta música. (Deixe que eu ouça esta música.)

• Cuidado para não confundir o pronome possessivo seu com a redução do pronome de tratamento senhor. Exemplo: Seu João é honesto.

• Usa-se dele(s), dela(s) no lugar de seu(s), sua(s) para tirar a ambiguidade. Exemplos: Ela arrumou sua cama. Ela arrumou a cama dela.

• Usa-se esse(s), essa(s), isso em referência a algo que já foi dito ou a uma pessoa já mencionada num texto. Usa-se este(s), esta(s), isto em referência ao que vai ser dito. Exemplo: Leve esta mensagem ao seu rei: “Rendam-se ou serão aniquilados.” (Sarmento, p. 195)

• Pronomes indefinidos: a) algum: sentido positivo quan-do colocado antes do substantivo e negativo quando depois. Exemplos: Algum aluno tomará posse. Aluno algum tomará posse. b) certo: será pronome indefinido quando vier antes do substantivo e será adjetivo quan-do vier depois. Exemplos: Certas coisas são importantes (algumas). As coisas certas são importantes (corretas). c) todo: tem valor de advérbio quando substitui comple-tamente. Exemplo: O pátio ficou todo alagado. d) todo e toda significam qualquer quando não são seguidos de artigo e inteiro quando seguidos de artigo. Exemplos: Todo cidadão deve votar. Todo o povo deve votar.

• Onde indica permanência em lugar, e aonde indica movimento a determinado lugar. Exemplos: O hotel onde dormi fica em Praia Grande/SP. Não sei aonde passarei as férias.

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FRASE, PERÍODO E ORAÇÃO

FRASE precisa ter sentido completo. Sem verbo, é frase nominal. Com verbo, é frase verbal. Início com maiúscula, fim com ponto, exclamação, interrogação ou reticências.

Ex.: Psiu! Chuva, fogo, vento, neve, tudo de uma vez. (frases nominais) Choveu , ventou, nevou, tudo de uma vez. (frase verbal) O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (frase verbal)

PERÍODO é frase com verbo, ou seja, é frase verbal. Sentido completo. Início com maiúscula, fim com ponto, exclamação, interrogação ou reticências. O período é sim-ples, quando tem só uma oração. Esta oração é chamada de oração absoluta.

Ex.: Entre as várias oportunidades de trabalho no mer-cado, destacam-se as vagas emconcurso público. (período simples tem apenas um verbo ou locução, com o mesmo sujeito; a oração é absoluta)

O período é composto, quando tem mais de uma ora-ção. Haverá oração principal, oração coordenada e oração subordinada.

Ex.: Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (período composto tem dois ou mais verbos independentes. Orações independentes são coordenadas)

O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (período composto. Uma oração tem função sintática para outra: uma é subordinada e a outra é principal).

ORAÇÃO só precisa ter verbo. O sentido não precisa ser completo.

Ex.: Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (três ora-ções, porque são três verbos independentes)

O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (duas orações, porque são dois verbos com sentidos próprios, inde-pendentes, ou seja, não formam locução verbal)

Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado, destacam-se as vagas em concurso público. (uma oração absoluta)

Morfossintaxe do Período Composto

• Oração Subordinada é parte da análise de outra oração.• Oração Principal tem outra que é parte de sua análise.• Oração Coordenada é completa em si. Sempre tem

outra oração coordenada com ela na frase.

Análise Passo a Passo:• Passo 1. Encontre e marque todos os verbos e locuções

verbais.• Passo 2. Separe as orações. Geralmente antes de con-

junção ou de pronome relativo.• Passo 3. Tente trocar uma das orações por ISSO. Deu

certo? Essa oração trocada por ISSO recebe o nome de Ora-ção Subordinada Substantiva.

• Passo 4. Não deu certo trocar por ISSO? Então procure pronome relativo. Tem? Então a oração com pronome relati-vo recebe o nome de Oração Subordinada Adjetiva.

• Passo 5. N.D.A.=Nenhuma Das Anteriores. Então podemos ter Oração Subordinada Adverbial ou Oração Coordenada.

Veja:(Cespe/IRBr) “Queremos saber se ele é poeta mesmo.”• Passo 1. Verbos: queremos saber (locução verbal),

é (ser).

• Passo 2. Oração 1: queremos saber. Oração 2: se ele é poeta mesmo.

• Passo 3. Queremos saber ISSO. Então a oração 2 é ora-ção subordinada substantiva. E a oração 1 é oração principal.

(Cespe/MMA) “O carro que pode usar gasolina e álcool dominou o mercado.”

• Passo 1. Verbos: pode usar (locução verbal), dominou.• Passo 2. Oração 1: o carro dominou o mercado. Lem-

bre-se: um verbo para cada oração, e separamos antes do “que”. Oração 2: que pode usar gasolina e álcool.

• Passo 3. O carro ISSO? Não deu certo. Não faz sentido. Então não pode ser oração subordinada substantiva.

• Passo 4. Procurar pronome relativo: que = o qual (o carro o qual pode usar gasolina e álcool dominou o mercado). Então a oração 2 é oração subordinada adjetiva. E a oração 1 é oração principal.

(Cespe/BB) “Quando compartilha seu papel social, a em-presa se valoriza.”

• Passo 1. Verbos: compartilha, valoriza.• Passo 2. Oração 1: quando compartilha seu papel social.

Oração 2: a empresa se valoriza.• Passo 3. Quando compartilha seu papel ISSO? Não deu

certo. (Note que trocamos a oração 2 por ISSO) Vamos tentar de novo: ISSO a empresa se valoriza? Não deu certo. Não fez sentido. (Note que trocamos a oração 1, desta vez) Então não pode ser oração subordinada substantiva.

• Passo 4. Procurar pronome relativo. Não apareceu: que, o qual, cujo, onde, quem. Então não pode ser oração subordinada adjetiva.

• Passo 5. N.D.A. Note o sentido temporal próprio de advérbios: quando compartilha seu papel social. Então a oração 1 recebe o nome de oração subordinada adverbial temporal. E a oração 2, o nome de oração principal.

(Cespe) “A cidade lembra Dubai, porém está insulada na estepe verde.”

• Passo 1. Verbos: lembra, está.• Passo 2. Oração 1: a cidade lembra Dubai. Oração 2:

porém está insulada na estepe verde.• Passo 3. A cidade lembra Dubai ISSO. (Atenção para

fazer a troca correta: trocar uma oração inteira. Trocamos a oração 2.) Não deu certo. Vamos tentar de novo: ISSO porém está insulada na estepe verde. (Trocamos a oração 1) Também não deu certo. Não fez sentido. Então não é oração subordinada substantiva.

• Passo 4. Procurar pronome relativo. Não aparece: que, o qual, onde, cujo, quem. Então não é oração subordinada adjetiva.

• Passo 5. N.D.A. Note que são oração independentes, e note o sentido de contraste, oposição. Vamos ter oração coordenada adversativa: porém está insulada na estepe verde. E a outra oração também coordenada.

Muito cuidado: não basta o sentido de tempo para ga-rantir que uma oração será subordinada adverbial. Sempre devemos aplicar o passo a passo na ordem rigorosa.

Veja:O ofício informou quando o ministro viajará.• Passo 1. Verbos: informou, viajará.• Passo 2. Oração 1: o ofício informou. Oração 2: quando

o ministro viajará.• Passo 3. O ofício informou ISSO. (Trocamos a oração 2

por ISSO.) Já deu certo, então vamos chamar a oração 2 de

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oração subordinada substantiva. E nossa análise está pronta. Não podemos pensar mais em oração subordinada adverbial temporal só porque vimos a palavra “quando” indicando tempo. E a oração 1 será oração principal.

Cuidado com pronome demonstrativo reduzido “o = aquele, o = aquilo”:

Ninguém sabe o que aconteceu.• Passo 1. Verbos: sabe, aconteceu.• Passo 2. Oração 1: ninguém sabe o (ninguém sabe

aquilo). Oração 2: que aconteceu.• Passo 3. Ninguém sabe isso. (errado) Repetir a oração 1,

e só trocar por ISSO a oração 2: ninguém sabe o ISSO. Não deu certo. Então não teremos oração subordinada substantiva.

• Passo 4. Procurar pronome relativo: Ninguém sabe AQUILO o qual aconteceu. (Trocamos QUE por O QUAL como teste que mostra se tratar de pronome relativo) Então a oração 2 será oração subordinada adjetiva.

Oração Subordinada Adjetiva (Desenvolvida)

• Tem pronome relativo.• Pode restringir (dizer parte) do termo referente ou

explicar (dizer todo) sobre o termo referente.

Veja:Os homens que são fiéis não mentem.• Passo 1. Verbos: são, mentem.• Passo 2. Oração 1: os homens não mentem. Oração

2: que são fiéis.• Passo 3. Os homens ISSO. Não deu certo. Então não

será oração subordinada substantiva.• Passo 4. Procurar pronome relativo: os homens OS

QUAIS são fiéis não mentem. (testamos a troca de “que” por “os quais” para provar que se trata de pronome relativo). Deu certo. Então a oração 2 é oração subordinada adjetiva.

Agora note o significado de parte dos homens (referente da oração adjetiva na oração principal).

Então: a oração 2 é oração subordinada adjetiva restri-tiva.

Regra: oração adjetiva restritiva não pode ficar entre sinais de pontuação.

Veja mais:Já entrou em vigor o novo Código Civil, que retirou tal

exigência.• Passo 1. Verbos: entrou, retirou.• Passo 2. Oração 1: Já entrou em vigor o novo Código

Civil. Oração 2: que retirou tal exigência.• Passo 3. Já entrou em vigor o novo Código Civil ISSO.

Não deu certo. Então não será oração subordinada subs-tantiva.

• Passo 4. Procurar pronome relativo: Já entrou em vigor o novo Código Civil, O QUAL retirou tal exigência. Deu certo. Então temos oração subordinada adjetiva.

Agora note o significado de todo do Código Civil (refe-rente da oração adjetiva na oração principal).

Então: a oração 2 é oração subordinada adjetiva expli-cativa.

Regra: oração subordinada adjetiva explicativa deve ficar entre sinais de pontuação (vírgulas, travessões, parênteses e variações).

EXERCÍCIOS

I – Destaque e classifique as orações subordinadas adjetivas nos períodos abaixo.1. A pessoa em quem confiei decepcionou-me.2. Perderam tudo quanto pouparam.3. Somos o que sonhamos um dia.4. O Dr. João, que é neurocirurgião, realizou os exames.5. O menino que entrou na loja era seu parente.6. Alberto, cujos pais eu conheço, sempre foi rapaz direito.7. Era sua mãe a pessoa que estava comigo ao telefone.8. As pessoas com as quais você falou não podem perma-

necer aqui.9. O homem, que Deus criou para o paraíso, escolheu a

desobediência.10. O cão, que nunca leu Machado, é talvez adepto do

humanitismo.

II – Classifique a palavra “que” como pronome relativo ou como conjunção integrante.1. Quero que te aperfeiçoes.2. Convém que cumpramos nosso destino.3. A mulher que eu vi era uma artista.4. Necessito de que venhas aqui amanhã.5. A primavera, que é a estação das flores, marca ciclos

de colheita.6. A boneca que te dei já se estragou.7. Tenho receio de que demores.8. Aquele que não ri não vive bem.9. O homem que espera nem sempre descansa.10. Espero que cada um traga a tarefa resolvida.11. O dia, que foi de sol, agora se encerra.12. O livro que comprei era um romance premiado.13. Desejo que venha comigo.14. Aquele que estuda com persistência terá sucesso em

seus planos.15. Espero que conquiste seus sonhos.

GABARITO

I.1. em quem confiei – or. subord. Adj. Restr. (OSAR)2. quanto pouparam – OSAR3. que sonhamos um dia – OSAR4. que é neurocirurgião – Or. subord. Adj. expl. (OSAE)5. que entrou na loja – OSAR6. cujos pais eu conheço – OSAE7. que estava comigo ao telefone – OSAR8. com as quais você falou – OSAR9. que Deus criou para o paraíso – OSAE10. que nunca leu Machado – OSAE

II.1. conjunção integrante (CI).2. CI.3. Pronome relativo (PR).4. CI.5. PR.6. PR.7. CI.8. PR.9. PR.10. CI.11. PR.12. PR.13. CI.14. PR.15. CI.

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Oração Subordinada Substantiva (Desenvolvida)

• Trocar por ISSO.• Analisar ISSO.• A função que ISSO tiver, será a mesma função da ora-

ção substantiva: sujeito, predicativo, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, aposto, agente da passiva.

Veja: (Cespe/IRBr) “Queremos saber se ele é poeta mesmo.”• Passo 1. Verbos: queremos saber (locução verbal),

é (ser).• Passo 2. Oração 1: queremos saber. Oração 2: se ele

é poeta mesmo.• Passo 3. Queremos saber ISSO. Deu certo. Então, a ora-

ção 2 é subordinada substantiva.

Analisando “ISSO”:Queremos saber ISSO. Sujeito = nós (subentendido).Verbo principal transitivo direto (quem sabe, sabe algo)

= sabe.Objeto direto = ISSO = se ele é poeta mesmo (oração 2).Então, a oração 2 é subordinada substantiva objetiva

direta, ou simplesmente objeto direto oracional.

Importante! Chamamos de conjunções integrantes as palavras “que” e “se”, quando iniciam oração subordinada substantiva.

(Idecan) Relacione adequadamente a classificação das orações subordinadas substantivas às respectivas orações.

1. Subjetiva.2. Objetiva direta.3. Objetiva indireta.4. Completiva nominal.5. Predicativa.6. Apositiva.

( ) Cada situação permite que se aprenda algo novo.( ) Só quero uma coisa: que tires a tua carteira.( ) Tenho esperança de que o trânsito melhore.( ) É importante que todos colaborem.( ) Meu desejo é que sejas classificado.( ) Lembrei-me de que já estava errado.

A sequência está correta ema) 1, 6, 3, 5, 2, 4.b) 2, 6, 4, 1, 5, 3.c) 1, 2, 3, 4, 5, 6.d) 6, 5, 4, 3, 2, 1.e) 2, 6, 4, 1, 3, 5.

Resolvendo a questão:“Cada situação permite que se aprenda algo novo.”• Passo 1. Verbos: permite, aprenda.• Passo 2. Oração 1: cada situação permite. Oração 2:

que se aprenda algo novo.• Passo 3. Cada situação permite ISSO. Sujeito = cada

situação. Verbo transitivo direto (quem permite, permite algo) =

permite.Objeto direto = ISSO = que se aprenda algo novo.Então, a oração 2 é subordinada substantiva objetiva

direta, ou simplesmente objeto direto oracional.

Importante! Chamamos de conjunções integrantes as palavras “que” e “se”, quando iniciam oração subordinada substantiva.

“Só quero uma coisa: que tires a tua carteira.”• Passo 1. Verbos: quero, tires.• Passo 2. Oração 1: só quero uma coisa.• Passo 3. Só quero uma coisa: ISSO. Deu certo. Então a

oração 2 é subordinada substantiva. Sujeito: eu (subenten-dido), verbo transitivo direto (quero), objeto direto (uma coisa), aposto = ISSO = que tires a tua carteira.

Então, a oração 2 é subordinada substantiva apositiva, ou simplesmente aposto oracional.

“Tenho esperança de que o trânsito melhore.”• Passo 1. Verbos: tenho, melhore.• Passo 2. Oração 1: tenho esperança. Oração 2: de que

o trânsito melhore.• Passo 3. Tenho esperança DISSO. Deu certo. Então,

a oração 2 é subordinada substantiva. Sujeito: eu (subenten-dido), verbo transitivo direto (tenho), complemento nominal de “esperança” (de que o trânsito melhore).

Então, a oração 2 é subordinada substantiva completiva nominal, ou simplesmente complemento nominal oracional, ou simplesmente complemento nominal oracional.

“É importante que todos colaborem.”Verbos: é (ser), colaborem.Oração 1: é importante. Oração 2: que todos colaborem.É importante ISSO. Sujeito: ISSO (o que é importante?),

verbo de ligação (é), predicativo do sujeito (importante).Então, a oração 2 é subordinada substantiva subjetiva,

ou simplesmente oração sujeito oracional.

“Meu desejo é que sejas classificado.”Verbos: é, sejas.Oração 1: meu desejo é. Oração 2: que sejas classificado.Meu desejo é ISSO. Sujeito = meu desejo. Verbo de liga-

ção = é. Predicativo = ISSO.Então, a oração 2 é subordinada substantiva predicativa,

ou simplesmente predicativo oracional.

“Lembrei-me de que já estava errado.”Verbos: lembrei-me (verbo pronominal, transitivo indi-

reto), estava (verbo de ligação).Oração 1: lembrei-me. Oração 2: de que já estava errado.Lembrei-me DISSO. Sujeito = eu (sujeito subentendido),

verbo transitivo indireto = lembrei-me.Então, a oração 2 é subordinada substantiva objetiva

indireta, ou simplesmente objeto indireto oracional.

Resposta para a questão: b.

Veja mais:“O pão foi comprado por quem precisava.”Verbos: foi comprado (locução verbal na voz passiva),

precisava.Oração 1: o pão foi comprado. Oração 2: por quem

precisava.O pão foi comprado por ISSO. Sujeito: o pão. Locução

verbal na voz passiva analítica.O pão foi comprado por ISSO. Agente da passiva:

por ISSO.Então, a oração 2 é subordinada substantiva agente da

passiva, ou simplesmente agente da passiva oracional.

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LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997

Institui o Código de Trânsito Brasileiro.

CAPÍTULO IDisposições Preliminares

Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terres-tres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pes-soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.

ComentárioAnexo I do CTB também define Trânsito – movimenta-

ção e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres.

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sis-tema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respecti-vas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.

ComentárioO direito a um trânsito seguro é dever dos órgãos do

Sistema Nacional de Trânsito (SNT), que responderá objeti-vamente por ação, omissão ou erro na execução.

§ 4º (Vetado)§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao

Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.

Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as ave-nidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.

Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consi-deradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo.

ComentárioAnexo I do CTB define VIA – superfície por onde transi-

tam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central.

Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a

qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele expressamente mencionadas.

Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os efeitos deste Código são os constantes do Anexo I.

CAPÍTULO IIDo Sistema Nacional de Trânsito

Seção IDisposições Gerais

Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, ha-bilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julga-mento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.

Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito:

I – estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsi-to, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento;

II – fixar, mediante normas e procedimentos, a padro-nização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito;

III – estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema.

ComentárioTodas as atividades desenvolvidas no trânsito deverão

ser exercidas por um órgão componente do SNT quer em âmbito municipal, estadual ou federal de acordo com as respectivas competências.

Seção IIDa Composição e da Competênciado Sistema Nacional de Trânsito

Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades:

I – o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, coorde-nador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo;

II – os Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal – CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;

III – os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

IV – os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

V – a Polícia Rodoviária Federal;VI – as Polícias Militares dos Estados e do Distrito

Federal; eVII – as Juntas Administrativas de Recursos de Infra-

ções – JARI.

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

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Art. 7ºA. A autoridade portuária ou a entidade conces-sionária de porto organizado poderá celebrar convênios com os órgãos previstos no art. 7º, com a interveniência dos Municípios e Estados, juridicamente interessados, para o fim específico de facilitar a autuação por descumprimento da legislação de trânsito.

§ 1º O convênio valerá para toda a área física do porto organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfandegados, nas estações de transbordo, nas instalações portuárias pú-blicas de pequeno porte e nos respectivos estacionamentos ou vias de trânsito internas.

Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão os respectivos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limites circunscricionais de suas atuações.

Art. 9º O Presidente da República designará o ministério ou órgão da Presidência responsável pela coordenação máxi-ma do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará vinculado o CONTRAN e subordinado o órgão máximo executivo de trânsito da União.

CAPÍTULO IIIDas Normas Gerais de Circulação e Conduta

Condutores de veículos – deveres e proibições

Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:I – abster-se de todo ato que possa constituir perigo

ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas;

II – abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.

ComentárioA infração para a inobservância das condutas acima está

tipificada no artigo 172 do CTB.

Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obri-gatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino.

ComentárioA infração para a inobservância das condutas acima está

tipificada no artigo 230 IX do CTB.

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter do-mínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

ComentárioA infração para a inobservância das condutas acima está

tipificada no artigo 169 do CTB.

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:

I – a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitin-do-se as exceções devidamente sinalizadas;

II – o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas;

ComentárioA infração para a inobservância das regras acima está

tipificada no artigo 192 do CTB.

III – quando veículos, transitando por fluxos que se cru-zem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem:

a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodo-via, aquele que estiver circulando por ela;

b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;

c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;

ComentárioA infração para a inobservância das regras acima está

tipificada no artigo 215 do CTB.

IV – quando uma pista de rolamento comportar várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles des-tinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de maior velocidade;

ComentárioAs infrações por inobservância da regra acima estão

tipificadas nos artigos 184 e 185 do CTB.

V – o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento;

ComentárioA infração para a inobservância da regra acima está

tipificada no artigo 193 do CTB.

VI – os veículos precedidos de batedores terão prio-ridade de passagem, respeitadas as demais normas de circulação;

VII – os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trân-sito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e devidamente identifica-dos por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes disposições:

a) quando os dispositivos estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos, todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário;

b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veículo já tiver passado pelo local;

c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestação de serviço de urgência;

d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deve-rá se dar com velocidade reduzida e com os devidos cuidados de segurança, obedecidas as demais normas deste Código;

ComentárioAs infrações por inobservância das regras acima estão

tipificadas nos artigos 189 e 190 do CTB.

VIII – os veículos prestadores de serviços de utilidade pú-blica, quando em atendimento na via, gozam de livre parada e estacionamento no local da prestação de serviço, desde que devidamente sinalizados, devendo estar identificados na forma estabelecida pelo CONTRAN;

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IX – a ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Código, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito de entrar à esquerda;

X – todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra-passagem, certificar-se de que:

a) nenhum condutor que venha atrás haja começado uma manobra para ultrapassá-lo;

b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;

c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa extensão suficiente para que sua manobra não ponha em perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário;

XI – todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:a) indicar com antecedência a manobra pretendida, acio-

nando a luz indicadora de direção do veículo ou por meio de gesto convencional de braço;

b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultra-passa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral de segurança;

c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de trânsito de origem, acionando a luz indicadora de direção do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, adotando os cuidados necessários para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou;

XII – os veículos que se deslocam sobre trilhos terão preferência de passagem sobre os demais, respeitadas as normas de circulação.

XIII – (Vetado)§ 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alíne-

as a e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se à trans-posição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da esquerda como pela da direita.

§ 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta esta-belecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.

Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:

I – se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslo-car-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;

II – se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.

Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.

Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapassar um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efetu-ando embarque ou desembarque de passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.

Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em vias com duplo sentido de direção e pista única, nos trechos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas travessias de pedestres, exceto quando houver sinalização permitindo a ultrapassagem.

Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condutor não poderá efetuar ultrapassagem.

Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.

ComentárioAs infrações por inobservância das regras de ultrapassa-

gem previstas do artigo 29 inc. IX ao artigo 34 estão tipificadas nos artigos 199, 202, 203, 205 e 211 do CTB.

Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que implique um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou fazendo gesto convencional de braço.

ComentárioA infração para a inobservância das regras acima está

tipificada no artigo 196 do CTB.

Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral a transposição de faixas, movimentos de conversão à direita, à esquerda e retornos.

Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, proce-dente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando.

Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão à esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a pista com segurança.

ComentárioA infração para a inobservância das regras acima está

tipificada no artigo 204 do CTB.

Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:

I – ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o máximo possível do bordo direito da pista e executar sua manobra no menor espaço possível;

II – ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da pista, quando houver, caso se trate de uma pista com circulação nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, tratando-se de uma pista de um só sentido.

Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.

ComentárioAs infrações por inobservância das regras acima estão

tipificadas nos artigos 216 e 217 do CTB.

Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio de sinalização, quer pela existência de locais apropriados, ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de segurança e fluidez, observadas as características da via, do veículo, das condições meteorológicas e da movimentação de pedestres e ciclistas.

ComentárioAs infrações por inobservância das regras acima estão

tipificadas nos artigos 206 e 207 do CTB.

Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes determinações:I – o condutor manterá acesos os faróis do veículo, utilizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis providos de iluminação pública e nas rodovias;

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II – nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo;

III – a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e por curto período de tempo, com o objetivo de advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a intenção de ultrapassar o veículo que segue à frente ou para indicar a existência de risco à segurança para os veículos que circulam no sentido contrário;

IV – o condutor manterá acesas pelo menos as luzes de po-sição do veículo quando sob chuva forte, neblina ou cerração;

V – O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes situações:

a) em imobilizações ou situações de emergência;b) quando a regulamentação da via assim o determinar;VI – durante a noite, em circulação, o condutor manterá

acesa a luz de placa;VII – o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de

posição quando o veículo estiver parado para fins de em-barque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga de mercadorias.

Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo regu-lar de passageiros, quando circularem em faixas próprias a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.

ComentárioAs infrações por inobservância das regras acima estão

tipificadas nos artigos 223, 224, 249, 250 e 251 do CTB.

Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:

I – para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;

II – fora das áreas urbanas, quando for conveniente ad-vertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo.

ComentárioA infração por inobservância das regras acima está tipi-

ficada no artigo 227 do CTB.

Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu veículo, salvo por razões de segurança.

Velocidade

Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ob-servar constantemente as condições físicas da via, do veículo e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade estabelecidos para a via, além de:

I – não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem causa justificada, transitando a uma velocidade anormalmente reduzida;

II – sempre que quiser diminuir a velocidade de seu veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo sem risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não ser que haja perigo iminente;

III – indicar, de forma clara, com a antecedência necessária e a sinalização devida, a manobra de redução de velocidade.

Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que pos-sa deter seu veículo com segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência.

Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma in-terseção se houver possibilidade de ser obrigado a imobilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou impedindo a

passagem do trânsito transversal.Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tem-

porária de um veículo no leito viário, em situação de emer-gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização de advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN.

Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a para-da deverá restringir-se ao tempo indispensável para embarque ou desembarque de passageiros, desde que não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção de pedestres.

Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via e é considerada estacionamento.

Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exceções devidamente sinalizadas.

§ 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos pa-rados, estacionados ou em operação de carga ou descarga deverão estar situados fora da pista de rolamento.

§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados de duas rodas será feito em posição perpendicular à guia da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver sinalização que determine outra condição.

§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono do condutor poderá ser feito somente nos locais previstos neste Código ou naqueles regulamentados por sinalização específica.

ComentárioAs infrações por inobservância das regras de estacio-

namento e parada estão tipificadas nos artigos 181 para estacionamento e 182,183do CTB por parada irregular.

Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo para eles e para outros usuários da via.

Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor.

Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.

Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios constituídos por unidades autônomas, a sinalização de re-gulamentação da via será implantada e mantida às expensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.

Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzidos pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio) ou acostamento, sempre que não houver faixa especial a eles destinada, devendo seus condutores obedecer, no que couber, às normas de circulação previstas neste Código e às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.

Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem circular nas vias quando conduzidos por um guia, observado o seguinte:

I – para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deverão ser divididos em grupos de tamanho moderado e separados uns dos outros por espaços suficientes para não obstruir o trânsito;

II – os animais que circularem pela pista de rolamento deverão ser mantidos junto ao bordo da pista.

ComentárioA infração por inobservância das regras acima está tipi-

ficada no artigo 247 do CTB.

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ÉTICA E MORAL

Ética

Ética é a parte da filosofia que se ocupa do estudo do comportamento humano e investiga o sentido que o homem confere às suas ações para ser verdadeiramente feliz e alcan-çar, como diriam os gregos, o “Bem viver”.

A ética faz parte do nosso dia a dia. Em todas as nossas relações e atos, em algum grau, utilizamos nossos valores éticos para nos auxiliar.

Em um sentido mais amplo, a ética engloba um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa, que estão ligados à prática do bem e da justiça, aprovando ou desaprovando a ação dos homens de um grupo social ou de uma sociedade.

A palavra ética deriva do grego ethos, e significa “com-portamento”. Heidegger, por sua vez, confere ao termo, o significado de “morada do ser”.

A ética pode ser dividida em duas partes: ética normativa e metaética. A primeira propõe os princípios da conduta correta, enquanto a segunda investiga o uso de conceitos de bem e mal, certo e errado etc.

O estudo da ética demonstra que a consciência moral nos inclina para o caminho da virtude, que seria uma qualidade própria da natureza humana. Logo, um homem para ser ético precisa necessariamente ser virtuoso, ou seja, praticar o bem usando a liberdade com responsabilidade constantemente.

Nesse aspecto, percebe-se que “o agir” depende do ser. O lápis deve escrever, é de sua natureza escrever; a lâmpada deve iluminar, é de sua natureza iluminar e ela deve agir dessa forma.

Os preceitos éticos de uma sociedade são baseados em seus valores, princípios, ideais e regras, os quais se consoli-dam durante a formação do caráter do ser humano em seu convívio social. Essa formação de conceitos se baseia no sen-so comum, qual seja, uma unanimidade no modo de pensar da maioria das pessoas, sem base em nenhuma premissa filosófica. Em suma, é o pensamento “meramente comum”.

Para melhor entendimento do que é senso comum, tomemos o seguinte: uma criança que adoece consegue explicar para os seus pais que está se sentindo mal, mesmo que racionalmente não saiba o significado do termo “mal”. Ela consegue dar a explicação porque tem a capacidade de “sentir” o que a palavra significa.

Quando falamos em ética como algo presente no homem, não quer dizer que ele já nasce com a consciên cia plena do que é bom ou mau. Essa consciência existe, mas se desen-volve mediante o relacionamento com o meio social e com o autodescobrimento.

Nas palavras do intelectual baiano Divaldo Franco, “a consciência ética é a conquista da iluminação, da lucidez intelecto moral, do dever solidário e humano”.

Para uma vida plena, é necessário recorrer à ética, à co-ragem para decifrar-se, à confiança na própria vida, ao amor como a maior manifestação do ser humano no grupo social, ao respeito por si e pelo outro e, principalmente, à verda-de, estando acima de quaisquer interpretações, ideias ou opiniões.

Moral

O termo moral deriva do latim – mos –, e significa “cos-tumes”. A moral é a “ferramenta” de trabalho da ética. Sem os juízos de valor aplicados pela moral, seria impossível determinar se a ação do homem é “boa ou má”.

Moral é o conjunto de normas, livre e consciente, adota-do, que visa organizar as relações das pessoas, tendo como base o bem e o mal, com vistas aos costumes sociais.

Apesar de serem semelhantes, e por várias vezes se confundirem, ética e moral são termos aplicados diferen-temente. Enquanto o primeiro trata o comportamento hu-mano como objeto de estudo e normatização, pro curando torná-lo o mais abrangente possível, o segundo se ocupa de atribuir um valor à ação. Esse valor tem como referências as normas e conceitos do que vem a ser bem e mal baseados no senso comum.

A moral, cuja influência se estende a vários fatores, altera, assim, os conceitos morais de um grupo para outro. Esses fatores podem ser sociais, históricos, geográficos etc.

Observa-se, então, que a moral é dinâmica, ou seja, ela pode mudar seus juízos de valor de acordo com o contexto em que esteja inserida.

Aristóteles, em seu livro A Política, descreve que “os pais sempre parecerão antiquados para os seus filhos”. Essa afirmação demonstra que, na passagem de uma geração familiar para outra, os valores morais mudam radicalmente.

Outro exemplo é o de que moradores de cidades praianas achem perfeitamente normal e aceitável andar pelas ruas vestidos apenas com trajes de banho, ao passo que mora-dores de cidades interioranas veem com estranheza esse comportamento. Essa mudança de comportamento e juízo de valor é provocada por um agente externo.

O ato moral tem em sua estrutura dois importantes aspectos: o normativo e o factual.

O ato normativo são as normas e imperativos que enun-ciam o “dever ser”. Ex.: cumpra suas obrigações, não minta, não roube etc.

Os atos factuais são os atos humanos que se realizam efetivamente, ou seja, é a aplicação da norma no dia a dia no convívio social.

O ato moral tem sua complexidade na medida em que afeta não somente a pessoa que age, mas aqueles que a cercam e a própria sociedade. Portanto, para que um ato seja considerado moral, ou seja, bom, deve ser livre, consciente, intencional e solidário.

Dessas características decorre a inserção da responsabili-dade, exigindo da pessoa que assuma as consequências por todos os seus atos, livre e conscientemente.

Por todos os aspectos que podem influenciar os valo-res do que vem a ser bom ou justo e, aliado a isso, devido à diversificação de informações culturais que o mundo contemporâneo globalizado nos revela em uma velocidade espantosa, faz-se relevante a sua aplicabilidade em todas as conjunturas, sociais, econômicas, políticas, etc.

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Furto

Código Penal

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno va-lor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto Qualificado§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;III – com emprego de chave falsa;IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)§ 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou iso-ladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

1) Conceito: subtrair para si ou para outrem, coisa alheia móvel.

Obs.: passemos a analisar cada elemento do tipo penal:a) Subtrair – pode ser praticado de duas formas:• Lançar mão de bem, tirando-o do poder de alguém,

ex.: O agente entre em uma loja, furtando uma blusa sem ninguém perceber.

• Quando a vítima entrega o bem na mão do agente, mas não autoriza a sua retirada. Ex.: a vendedora entrega a blusa na mão do agente para este provar, quando ela se distrai ele sai da loja levando a blusa sem pagar. Aqui é o caso em que o agente tem a posse vigiada do bem. Não confundir com crime de apropriação indébita, que estudaremos logo a frente, onde o agente tem a posse desvigiada do bem.

b) Coisa móvel – que pode ser removido. Não se utiliza a classificação de bens móveis e imóveis do Código Civil, pois se um bem classificado como imóvel para o Direito Civil puder ser removido, ele será objeto material do crime de furto.

• Da mesma forma os semoventes e os animais quando tiverem dono podem ser objeto de furto.

• O artigo 155 parágrafo 3º equipara à coisa móvel a ener-gia com valor econômico. Assim pode ser objeto de furto a energia elétrica, a TV a cabo, a internet, bem como a energia genética, que é o caso de sêmen de animais.

• O ser humano não poderá ser objeto de furto pois não é coisa, tratando-se pois do crime de sequestro.

• Cadáver poderá ser objeto de furto se pertencer a um museu ou universidade, do contrário será o crime previsto no artigo 211 do CP.

c) Coisa alheia – que tem dono. Assim:• Res nullius (coisa que nunca teve dono) e res derelicta

(coisa abandonada) – não são objetos do crime de furto;

• Res despereticta (coisa perdida) – se a coisa está per-dida é porque tem dono, podendo tratar-se de crime de furto, se a coisa foi encontrada em local privado, ou crime de apropriação de coisa achada, art. 169, parágrafo único, II do CP, se encontrada em local público.

d) Para si ou para outrem – a subtração da coisa alheia móvel deve ter o fim de assenhoramente definitivo, ou seja, não há a intenção de devolver. Assim aqui surge a figura do furto de uso:

Furto de uso – quando o agente desde o início tem in-tenção de usar momentaneamente a coisa alheia móvel e a devolvê-la, bem como restitui o bem que utilizou de forma imediata e integral. Ex.: o agente pega a bicicleta de seu vizinho, sem autorização deste para ir ao trabalho e logo após o final do expediente a restitui sem nenhum dano. Não haverá crime de furto.

2) Objetivo jurídico: patrimônio.3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.4) Sujeito passivo: qualquer pessoa física ou jurídica.5) Consumação e tentativa: há três teorias para explicar

o momento consumativo do crime de furto:a) Teoria da Apphreensio – Para o crime de furto se

consumar basta que o agente tocar na coisa e removê-la. Não aplicada.

b) Teoria da Ablacio – Para o crime de furto se consumar há a necessidade de que o agente retire o bem da esfera de disponibilidade da vítima e obtenha a posse mansa e pacífica deste. Esta teoria foi aplicada por muitos anos em nosso Direito Penal. Desta forma se, por exemplo, A subtraísse a bolsa de B e saísse correndo, e B também corresse atrás para recuperar o seu bem, o crime de furto somente estaria consumado quando A conseguisse despistar B, estando então com a posse da bolsa de forma mansa e pacífica. Entretanto, se B em perseguição conseguisse recuperar a sua bolsa, sem que A tivesse conseguido lograr com a posse mansa e pacífica desta, estaríamos diante do crime de tentativa de furto.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

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c) Teoria da Amotio – É a teoria aplicada em nosso Direito Penal. O crime de furto consuma-se com a retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima, sem haver a necessidade da posse mansa e pacífica do bem. Desta forma seguindo o mesmo exemplo: A subtrai a bolsa de B e sai correndo. B, vítima, sai em perseguição e retoma sua bolsa sem que A tenha conseguido a posse mansa e pacífica deste bem. A, segundo esta teoria responderá pelo crime de furto consumado.

Vejamos o entendimento dos Tribunais Superiores: se-gundo o entendimento do STF e do STJ, para a consumação do furto, basta a posse, ainda que momentânea, é desneces-sária a posse tranquila do bem subtraído por parte do agente, ou a sua retirada da esfera de vigilância da vítima, bastando a posse do objeto material por curto tempo.

6) Tentativa: quando o agente não consegue, por circunstâncias alheias a sua vontade, a posse, ainda que momentânea, da coisa.

7) Furto noturno: a pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

Obs.: verifica-se que se o crime de furto for praticado durante o repouso noturno a pena será aumentada de 1/3. Todavia, o que é repouso noturno? Este não se confunde com noite, que é ausência de luz solar. O repouso noturno é verificado quando determinada localidade dorme, momento em que o patrimônio fica mais vulnerável, e, portanto, mais fácil de ser subtraído. Assim, por vezes em uma capital, às 20h30min já é noite, mas não podemos dizer que aquela cidade está tranquila, pois na verdade deve estar ainda en-frentando alguns congestionamentos.

8) Furto privilegiado: se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Obs.: são requisitos para aplicação do furto privilegiado:a) Primariedade do criminoso – Primário é o não reinci-

dente, ou seja, aquele que após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória não praticou mais nenhum crime.

b) Coisa de pequeno valor – Segundo a jurisprudência é aquela cujo valor não excede a um salário mínimo.

Atenção: Não confundir “coisa de pequeno valor” com “coisa de valor insignificante”. A primeira trata-se de furto privilegiado se conjugado com o fato do criminoso ser pri-mário. A segundo é a aplicação do princípio da insignificância que torna o fato atípico, como, por exemplo, furtar uma caneta comum.

9) Furto qualificado: o crime de furto será qualificado quando se verificar:

a) Destruição ou rompimento de obstáculo – O obstáculo a ser destruído ou rompido deve ser diverso da coisa a ser subtraída, por exemplo, destrói-se uma janela, porta, trinco, cadeado para adentrar em uma casa e furtar. A destruição deve ocorrer para viabilizar a prática do crime de furto, fi-cando desta forma absorvido o crime de dano. Se, todavia, primeiramente o agente furtar e depois de consumado este crime destruir ou romper algum obstáculo, o crime de dano ocorrerá.

b) Com abuso de confiança – A vítima possui prévia confiança no agente, de forma a deixar seu patrimônio

vulnerável. Ex.: amizade, parentesco, relações profissionais.c) Mediante fraude – É a utilização de um meio enganoso

para iludir a vítima e efetivar a subtração. Ex.: disfarce de agente de inspeção da dengue para adentrar na residência da vítima.

d) Escalada – Ingresso anormal em determinado local, por exemplo, transpor muito, janelas, cavar túneis.

e) Destreza – Boa habilidade com as mãos, onde a vítima não percebe que está sendo subtraída. Ex.: batedores de carteira.

f) Com emprego de chave falsa – Instrumento utilizado para abrir ou fechar. Ex.: gazua, mixa, grampo, arame.

g) Mediante concurso de duas ou mais pessoas – Para computar o número de duas ou mais pessoas inclui-se os inimputáveis, bem como agente não identificável.

h) Subtração de veículo automotor que venha se trans-porta para o exterior ou para outro Estado – Já deve haver o dolo em retirar o veículo do Estado. Todavia, se o agente for detido antes de conseguir chegar a outro Estado ou País responderá pelo crime de furto simples e não tentativa de furto qualificado. Só restará configurado o presente crime se a apreensão ocorrer próximo da divisa.

Furto de Coisa Comum

Código Penal

Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-tém, a coisa comum:Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.§ 1º Somente se procede mediante representação.§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

1) Aplica-se tudo relativo ao crime de furto simples, salvo em relação ao sujeito ativo, que, no presente crime somente poderá ser praticado por condômino, co-herdeiro ou sócio, tratando-se, pois de crime próprio.

2) Se a coisa comum for fungível (pode ser substituído por outra) e não exceder a quota a que o sujeito ativo tem direito, não haverá crime.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROVAS

Conceito

Do latim probatio, é o conjunto de atos praticados pelas partes, pelo juiz (CPP, arts. 156, I e II, 209 e 234) e por tercei-ros (por exemplo, peritos), destinados a levar ao magistrado a convicção acerca da existência ou inexistência de um fato, da falsidade ou veracidade de uma afirmação. Trata-se, por-tanto, de todo e qualquer meio de percepção empregado pelo homem com a finalidade de comprovar a verdade de uma alegação. (CAPEZ, 2016, p. 409)

Sob a ótica objetiva prova é o elemento que autoriza a conclusão acerca da veracidade de um fato ou circunstância. O termo prova também é empregado, sob aspecto subjetivo, para definir o resultado desse esforço probatório no espírito do juiz. (REIS; GONÇALVES, 2018)

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

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Finalidade da Prova

A finalidade da atividade probatória é convencer seu destinatário: o juiz. Conforme ensina a doutrina, na medida em que não presenciou o fato que é submetido à sua apre-ciação, é por meio das provas que o juiz poderá reconstruir o momento histórico em questão, para decidir se a infração, de fato, ocorreu e se o réu foi seu autor. Só depois de resolvida, no espírito do julgador, essa dimensão fática do processo (decisão da quaestio facti) é que ele poderá aplicar o direito (ou seja, solucionar a quaestio juris).

O que se almeja com a prova, entretanto, é a demonstra-ção da verdade processual (ou relativa), já que é impossível alcançar no processo, como nas demais atividades humanas, a verdade absoluta.

Na ação penal privada, é possível distinguir uma finalida-de secundária da prova: convencer o querelante da inconsis-tência da imputação, já que ele poderá desistir da ação ou dar ensejo à perempção (art. 60, I e III, do CPP).

Objeto da Prova

O Objeto da prova é toda circunstância, fato ou alegação referente ao litígio sobre os quais pesa incerteza, e que pre-cisam ser demonstrados perante o juiz para o deslinde da causa. São, portanto, fatos capazes de influir na decisão do processo, na responsabilidade penal e na fixação da pena ou medida de segurança, necessitando, por essa razão, de ade-quada comprovação em juízo. Somente os fatos que revelem dúvida na sua configuração e que tenham alguma relevância para o julgamento da causa merecem ser alcançados pela atividade probatória, como corolário do princípio da eco-nomia processual.

Em princípio, apenas os fatos, principais ou secundários, devem ser provados, já que se presume que o juiz esteja de-vidamente instruído sobre o direito (jura novit curia1). Pode o juiz, no entanto, exigir que a parte faça prova da vigência de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, conforme norma inserta no art. 376 do Novo CPC, aplicável, por analogia, ao Processo Penal. No que se refere ao direito municipal e estadual, a exigência, pelo juiz, de prova da vi-gência da norma pressupõe que não seja emanada do local em que exerce suas funções.

Nem todos os fatos e circunstâncias relacionados à causa, todavia, precisam ser provados, pois a atividade probatória tem feição essencialmente utilitária, de modo a restringir seu objeto aos acontecimentos úteis e relevantes ao julga-mento da causa.

Disso decorre, logicamente, que não se admitirá que a prova verse sobre:

a) fatos impertinentes (alheios à causa) ou irrelevantes (relacionados à causa, mas sem influência na decisão), pois nada justifica que se deturpe a atividade instrutória, de ma-neira a retardar a entrega do provimento jurisdicional, em busca de informações que em nada irão contribuir para o julgamento da lide penal;

b) fatos notórios, entendidos esses como os aconte-cimentos ou situações que são de conhecimento geral. A doutrina, em geral, defende a desnecessidade de produção de prova acerca de fatos que são conhecidos de todos os habitantes da região por qual tramita o processo, embora não sejam de notoriedade global;

Para Guilherme de Souza Nucci, porém, fatos notórios que dispensam demonstração são apenas aqueles “nacional-mente conhecidos, não se podendo considerar os relativos a

1 Expressão latina que sintetiza o dever de o juiz conhecer a norma jurídica e de aplicá-la mesmo quando as partes não a tenham invocado.

uma comunidade específica, bem como os atuais, uma vez que o tempo faz com que a notoriedade esmaeça, levando a parte à produção da prova”. 2

Há, todavia, uma ressalva importantíssima em relação a esse tema: o fato criminoso que constitui objeto da imputa-ção jamais pode ser tido como notório, de modo a dispensar a prova de sua ocorrência, daí por que somente os fatos notórios acidentais dispensam comprovação.

c) fatos impossíveis, ou seja, aqueles cuja ocorrência se mostra contrária às leis das ciências naturais;

d) fatos cobertos por presunção legal de existência ou veracidade. Se a lei toma como verdadeiro determinado fato ou situação, as partes não precisam com prová-los, como se dá, por exemplo, com a inimputabilidade do menor de 18 anos. Se a presunção legal for de caráter relativo, contudo, admite-se que a parte a quem ela desfavorece produza prova na tentativa de infirmá-la.

Acaso se proponha a produção de alguma prova irrele-vante, impertinente ou protelatória, o juiz deve indeferir o requerimento (art. 400, § 1º, do CPP), sem que isso importe em cerceamento de defesa.

No processo penal, diversamente do que ocorre no pro-cesso civil, os fatos incontroversos ou admitidos não estarão, necessariamente, excluídos do esforço probatório, uma vez que a condenação criminal não pode fundar-se em conclu-sões errôneas, mesmo que sejam incontestes.

Isso não quer dizer que o juiz esteja impedido de reco-nhecer a veracidade de certa alegação com base apenas na confissão do acusado (autoria da infração, por exemplo), já que o que releva é saber se há ou não nos autos informações que permitam superar a presunção de não culpabilidade do réu. Assim, se o juiz criminal não está obrigado a admitir como verdadeiro um fato apenas porque as partes não di-vergem sobre ele, é certo também que poderá, em certas hipóteses, formar sua convicção apenas com base na con-fissão do acusado, desde que, por seu teor, mostre-se apta a afastar a incerteza que paira sobre o espírito do julgador.

Fonte de Prova

Pode-se conceituar como fonte de prova “tudo quanto possa ministrar indicações úteis cujas comprovações sejam necessárias”3. Assim, são fontes de prova a denúncia ou a queixa, pois das afirmações nelas insertas deriva a necessida-de da atividade probatória, bem como, eventualmente, a res-posta escrita, o interrogatório e as declarações do ofendido.

Sistemas de Avaliação da Prova

Diz o art. 155 do Código de Processo Penal:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão ex-clusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pes-soas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.

2 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 13. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 371.

3 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 33. ed., v. 3, p. 237.

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Como se pode ver, o CPP permanece fiel, salvo no que diz respeito às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, ao sistema da livre convicção do juiz (ou da persuasão racional), que confere ampla liberdade ao magistrado para formar seu convencimento, sem subordinar-se a critérios predetermi-nados pela lei acerca do valor que se deve atribuir a cada um dos meios de prova. Nesse sistema, porém, o juiz deve fundamentar a sentença (art. 93, IX, da CF), de maneira a demonstrar que seu convencimento é produto lógico da aná-lise crítica dos elementos de convicção existentes nos autos.

A fundamentação, conforme ensina a doutrina, tem fina-lidade intraprocessual, na medida em que permite às partes e às instâncias superiores o exame dos processos intelectuais que levaram à decisão, e extraprocessual, pois garante “um respeito efetivo pelo princípio da legalidade na sentença e a própria independência e imparcialidade dos juízes uma vez que os destinatários da decisão não são apenas os sujeitos processuais, mas a própria sociedade”.

O livre convencimento do magistrado é limitado, porém, pela proibição de o juiz fundamentar sua decisão exclusiva-mente nos elementos informativos colhidos na investigação (art. 155, caput, segunda parte), já que em tal etapa não é garantido o exercício do contraditório, prerrogativa de esta-tura constitucional (art. 5º, LV, da CF).

Assim é que, para que possa formar sua convicção em relação a determinado fato ou circunstância, o juiz deve valer--se, necessariamente, de algum elemento de convicção pro-duzido ou reunido perante o juízo ou tribunal, mostrando-se a prova colhida na fase investigatória, portanto, ineficaz para, de forma isolada, servir de lastro para a decisão. Dessa dis-posição decorre a inafastável conclusão de que os elementos colhidos na fase investigatória podem ser utilizados para, complementarmente, embasar a decisão do juiz.

É importante constatar que não se faz distinção, para esse fim, acerca de qual das partes se beneficiaria da prova, o que leva à conclusão de que também para reconhecer fato ou circunstância útil à defesa do acusado o juiz está impedi-do de fundamentar a decisão com base exclusivamente em elementos colhidos na fase anterior ao processo.

Essa limitação, porém, não atinge o objeto das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, em relação às quais o contraditório é exercido, de modo diferido, por meio do exame das referidas provas durante a instrução. Prova cau-telar é a decorrente de procedimento próprio cautelar de produção antecipada de provas”, enquanto prova antecipada é aquela colhida, no curso da investigação ou nos autos da ação penal, mesmo que sem a ciência ou participação do investigado ou acusado, em razão do temor de que já não exista ao tempo da instrução, como, por exemplo, quando houver necessidade de testemunha ausentar-se por enfer-midade ou por velhice (art. 225 do CPP).

A colheita antecipada de prova, que pode ser determina-da até mesmo de ofício pelo magistrado, no curso da ação ou antes de seu exercício, pressupõe que se demonstre a necessidade de sua produção precoce em decorrência do perigo de seu perdimento (art. 156, I, do CPP).

Por prova não repetível entende-se aquela cuja repro-dução em juízo tornou-se inviável em decorrência de acon-tecimento ulterior à sua colheita, tal como ocorre com o depoimento de testemunha que faleceu após ser ouvida na fase do inquérito.

Não é demais lembrar que, mesmo no tocante às provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, é condição essen-

cial à sua validade a observância do contraditório, que, no entanto, “pode ser prévio ao ato, concomitante, ou diferido”.

Há outras mitigações, no Código, ao sistema do livre convencimento, como a determinação de observância das limitações estabelecidas pela lei civil no tocante à prova do estado das pessoas (art. 155, parágrafo único) e a previsão de indispensabilidade do exame de corpo de delito para comprovar a materialidade de infração que deixa vestígio (art. 158 do CPP).

No tocante às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, todavia, vigora o sistema da íntima convicção do juiz (ou da certeza moral do juiz), que confere ampla liberdade aos juízes leigos para avaliação das provas, dispensando-os de funda-mentar a decisão. Fala-se que, em tal hipótese, há valoração secundum conscientiam da prova, pois o julgador decide de acordo com sua íntima convicção, pouco importando sobre quais fatores ela se sustenta. Ainda assim, o art. 593, § 3º, do CPP prevê a possibilidade de o Tribunal anular, por uma vez, a decisão dos jurados, por entendê-la manifestamente contrária à prova dos autos.

Do sistema da prova legal (ou da certeza moral do legis-lador ou, ainda, da prova tarifada) não há senão resquícios em nosso ordenamento, como, por exemplo, a previsão de que somente à vista da certidão de óbito o juiz pode declarar a extinção da punibilidade em razão da morte do acusado (art. 62 do CPP), além das hipóteses previstas nos arts. 155, parágrafo único, e 158.

Esse sistema afirmou-se, historicamente, como tentati-va de limitar o arbítrio das decisões imotivadas, por meio do estabelecimento de valores predeterminados para cada modalidade de prova ou da exigência de que determinados fatos fossem provados por certos meios específicos.

Tal sistema retirava do juiz a possibilidade de valorar a prova, pois os critérios de validade ou de preponderância de um elemento de convicção sobre outro eram previamente estabelecidos (ou tarifados) pela lei.

Reveste-se de interesse essencialmente histórico a men-ção aos sistemas das provas irracionais (ou ordálios), que se baseavam na crença de que um Deus ou um ser sobrenatural interferia no resultado de certas provas, conferindo proteção aos inocentes, de modo a fazer evidenciar a inocência ou a culpa do acusado. Por isso, o réu era submetido (normalmen-te em caso de falta ou de divergência de testemunhos) a de-terminada provação (ordálio ou juízo de Deus), cujo resultado definiria se a acusação era ou não verdadeira: na sujeição à prova do ferro em brasa, por exemplo, o inocente sairia ileso; no duelo, acreditava-se que o inocente sempre sairia vencedor, em razão de pretensa proteção divina.

Ônus da Prova

Diz o art. 156 do Código de Processo Penal:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:I — ordenar, mesmo antes de iniciada a ação pe-nal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;II — determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

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Ensina a doutrina que a necessidade de existência de regras de distribuição do ônus da prova deriva da constata-ção de que nem sempre o juiz consegue superar o estado de dúvida em relação a determinado fato ou circunstância relevante para a causa e, ainda, da proibição de que, nessa situação de incerteza, opte por não julgar a lide (non liquet).

São essas regras, portanto, que indicarão ao juiz como decidir quando os fatos submetidos a sua apreciação não estiverem suficientemente elucidados.

Além disso, os princípios sobre a distribuição do ônus da prova orientam o esforço das partes no tocante à demonstra-ção da tese que defendem, estabelecendo as consequências e prejuízos que advirão de seu desempenho processual.

Vale destacar que o ônus não pode ser entendido como um dever ou uma obrigação da parte, na medida em que seu descumprimento não lhe acarreta nenhuma sanção. É, portanto, uma faculdade outorgada pela norma para que um sujeito de direito possa agir no sentido de alcançar uma situação favorável no processo.

O processo penal pátrio, de estrutura acusatória, pres-tigia a serenidade e a imparcialidade do juiz no tocante às pesquisas probatórias, de modo a desonerar-lhe do encargo de ser o principal responsável pela reunião de informações e vestígios relativos à infração.

A lei assegura-lhe, no entanto, meios de, supletivamente, reunir elementos que possibilitem optar pela condenação ou absolvição do acusado. Assim é que poderá, em busca da verdade real, ordenar, de ofício, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes e, ainda, no curso da ação, determinar a produção de provas que possibilitem a elucidação do fato criminoso (art. 156, I e II, do CPP). Constata-se, pois, que o processo penal pátrio apresenta modelo acusatório integra-do pelo princípio da investigação.

O ônus probatório é, portanto, atribuído às partes, que repartem a incumbência de demonstrarem as respectivas alegações. Por isso, reza o art. 156 do CPP que a prova da alegação incumbirá a quem a fizer.

É importante lembrar, porém, que essa regra geral tem de ser interpretada à luz do princípio in dubio pro reo, uma vez que milita, em favor do acusado, a presunção de não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF).

Disso decorre que, no processo penal, o ônus da prova recai inteiramente sobre o autor, no que se refere à demons-tração “do crime na integridade de todos os seus elementos constitutivos”.

Não basta para o desfecho condenatório, pois, que a acusação comprove a existência material do fato, o nexo de causalidade e que a conduta foi praticada pelo réu, incum-bindo-lhe, também, a demonstração do elemento subjetivo e da reprovabilidade da conduta.

Essa exigência, porém, não autoriza concluir que haja ne-cessidade de a acusação provar fato negativo (por exemplo, que o acusado não agiu acobertado por causa excludente de ilicitude), já que é suficiente que o Ministério Público ou o querelante demonstre a ocorrência de fatos positivos cuja prática evidencie o dolo ou culpa do agente e que sejam incompatíveis com a licitude da conduta.

No mais das vezes, a demonstração da ilicitude e do dolo deriva da própria comprovação do comportamento, do qual são presumidamente indissociáveis.

Acaso o acusado alegue qualquer circunstância que te-nha o condão de refutar a acusação, caberá à defesa sua

demonstração. É o que ocorre quando invoca, em seu favor, por exemplo, excludente de ilicitude ou culpabilidade, álibi ou, ainda, circunstância excepcional que contrarie as regras da experiência comum.

Ressalte-se, no entanto, que, em relação às circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, o legislador optou, em atenção ao princípio in dubio pro reo, por aliviar o ônus do acusado, de modo a estabelecer que, se houver fundada dúvida sobre sua existência, o réu deve ser absolvido (art. 386, VI, do CPP).

Portanto, ainda que o acusado não produza prova in-contestável da ocorrência de uma daquelas circunstâncias justificantes ou dirimentes (erro de tipo e de proibição, co-ação moral irresistível e obediência hierárquica, legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal, e inimputabilidade e embriaguez completa involuntária), o juiz deverá optar pela absolvição se houver prova capaz de gerar dúvida razoável em seu espírito. Não basta, entretanto, mera alegação da ocorrência de qualquer circunstância dessa natureza, no interrogatório ou pelo defensor, para que o réu possa ser absolvido, já que a dúvida, para ser fundada, deve advir de elementos de convicção idôneos.

Princípios que Regem a Atividade Probatória

Princípio do contraditório (ou da audiência bilateral)

O princípio do contraditório estabelece a necessidade de garantir a ambas as partes o direito de presenciar a produção das provas ou de conhecer o seu teor, de manifestar-se sobre elas e, ainda, de influir no convencimento do juiz por meio da produção de contraprova. Tem como corolário o princípio da igualdade de armas, que garante aos litigantes a paridade de instrumentos processuais para a defesa de seus interesses.

Princípio da comunhão dos meios de prova (ou da aqui-sição da prova)

O princípio da comunhão dos meios de prova estabelece que, uma vez produzida, a prova pode socorrer qualquer das partes, independentemente de qual dos litigantes a indicou ou introduziu no processo.

Princípio da imediação (ou imediatidade)

O princípio da imediação exige que o juiz tenha contato direto com as provas de que se valerá para decidir, daí por que, em regra, é inválida a prova produzida sem a presença do magistrado.

Princípio da identidade física do juiz

O princípio da identidade física do juiz determina que a decisão seja proferida, salvo em hipóteses excepcionais, pelo juiz que teve contato direto com a colheita da prova (art. 399, § 2º, do CPP).

Princípio da oralidade

O princípio da oralidade consagra a preponderância da linguagem falada sobre a escrita em relação aos atos des-tinados a formar o convencimento do juiz. Decorre desse princípio a opção pela qual os depoimentos de testemunhas

Page 19: AP595 - 27-12 · ... há que se propagar toda essa ... em todo o texto; do emprego dos sinais de ... sentido que deve haver entre as partes de um texto. Por isso, o uso adequado de

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são prestados oralmente, salvo em casos excepcionais, em que a forma escrita é expressamente admitida (art. 221, § 1º, do CPP).

Princípio da concentração

O princípio da concentração consubstancia-se na exigên-cia de que a atividade probatória seja realizada em uma única audiência ou, na impossibilidade, em poucas audiências sem que haja grandes intervalos entre elas.

Princípio da publicidade

O princípio da publicidade garante que a instrução seja acompanhada não apenas pelos sujeitos processuais, mas pelo público, vedando, assim, qualquer atividade secreta (art. 93, IX, da CF). Quando o interesse público ou a tutela da intimidade exigir a restrição à presença popular, no en-tanto, a lei pode estabelecer a publicidade restrita dos atos instrutórios (art. 5º, LX, da CF). O Código de Processo Penal prevê as seguintes exceções à regra da publicidade ampla:

a) possibilidade de o juiz determinar, para tutela da inti-midade, vida privada, honra ou imagem do ofendido, dentre outras providências, o segredo de justiça em relação a dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a respeito da vítima, para evitar sua exposição aos meios de comunicação (art. 201, § 6º);

b) possibilidade de o juiz ou tribunal, de ofício ou a re-querimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato processual seja realizado a portas fechadas e com número limitado de pessoas, sempre que da publicidade puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem (art. 792, § 1º).

O Código Penal, por outro lado, estabelece que as ações em que se apuram crimes contra a dignidade sexual trami-tarão em segredo de justiça (art. 234-B).

Princípio do privilégio contra a autoincriminação

O princípio do privilégio contra a autoincriminação con-fere ao investigado ou acusado o direito de abster-se de praticar qualquer conduta que possa acarretar a obtenção de prova em seu desfavor.

Princípio da autorresponsabilidade

O princípio da autorresponsabilidade atribui às partes o ônus de produzir prova de suas alegações, estabelecendo que elas terão de arcar com as consequências processuais de eventual omissão.

Princípio da investigação

O princípio da investigação dispõe que o juiz deve zelar pela obtenção de provas que permitam o esclarecimento do fato submetido a julgamento, sem que esteja limitado, na formação de sua convicção, pelos elementos trazidos ao processo pelas partes.

Meios de Prova

Embora o Código enumere alguns meios probatórios (como o exame de corpo de delito e outras perícias, o interro-gatório do acusado, a confissão, as declarações do ofendido,

as testemunhas, o reconhecimento de pessoas ou coisas, a acareação, os documentos, os indícios e a busca e apreen-são), é consenso que tal relação não esgota os meios de prova admitidos em nosso ordenamento, já que não tem caráter taxativo, mas exemplificativo.

Além desses meios legais ou nominados, há outros, di-tos inominados, como as filmagens (videofonogramas) e arquivos de áudio (fonogramas), as fotografias e a inspeção judicial.

A admissibilidade dos meios de prova é estabelecida por exclusão: em princípio, tudo aquilo que, direta ou indi-retamente, possa servir para formar a convicção acerca da ocorrência de um fato é aceito como meio de prova.

Esse sistema de liberdade de prova, que se afina com as aspirações do processo penal de busca da verdade real, é limitado, porém, pelo princípio de vedação da prova ilícita, que tem previsão constitucional.

São também inadmissíveis, os meios de prova que, por sua natureza, não se prestam à finalidade almejada (de-monstração da verdade de um fato ou circunstância), como aqueles que derivam de crenças não aceitas pela ciência (psicografia, ordálios etc.), bem ainda aqueles que afrontam a moral, como, por exemplo, a reprodução simulada de um estupro.