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16 | 20 JAN 2016 | QUARTA-FEIRA Especial Festa das Fogaceiras Alberto Oliveira e Silva O “Trovador” honra a tradição fogaceira há quase 46 anos. Se- rafim Costa, um dos actuais donos e gerente, realça que, desde os tempos de “Elsinha Martins”, a fundadora do café /pastelaria, a “Rainha da Feira” constituiu-se em marca e ex- pressão de qualidade da casa. “A Fogaça foi sempre o nosso ex-libris; o nosso pro- duto emblemático”, sublinhou o empresário, acentuando que, hoje como antes, a receita tra- dicional do pão doce que con- quistou o país mantém-se co - mo guia das suas pasteleiras. Serafim Costa explicou que a fundadora foi não apenas “a primeira proprietária”, mas também “a primeira paste- leira”. Referiu que o estabele- cimento, situado na zona his- tórica da cidade de Santa Maria da Feira, tem apostado na es- tabilidade da sua equipa de funcionários. Apenas o inevi- tável passar dos anos levou ao início de uma renovação pro- gressiva. A “Festa das Fogaceiras” é época alta de produção e ven- da de fogaça. Ramiro Luís, o outro dono do Trovador, jun- tou-se à conversa, vincando que não é só no dia de hoje que este produto tem muita saída. Disse que também é muito procurado nos dias que ante- cedem a maior festividade do concelho santamariano. Assi- nalou que são muitos os fei- renses que vão comprando o pão doce da terra para o ofe- recer a colegas de trabalho e a amigos de fora. O seu sócio salientou que a fogaça da sua casa vende-se bem “durante todo o ano”, com este pico natural em dia de en- chente humana na cidade ca- pital do município. Já agora, como vivem estes empresários a “cultura foga- ceira”? Costa adiantou-se na resposta, mostrando-se con- cordante com a decisão da câ- mara municipal e do Agrupa- mento de Produtores (AP) de levar às escolas a História e realidade da Rainha da Feira. “É positivo; assim, as crianças tornam-se defensoras da Fo- gaça!”, declarou. Os dois responsáveis inte- gram a AP, que tem na “certifi- cação” da marca “Fogaça da Feira”, feita através da “receita tradicional”, uma das suas mis- sões mais importantes. “A qualquer momento, sairá a certificação oficial”, enfatizou Costa. Ramiro Luís também consi- derou que, este, será um passo positivo para a defesa deste produto emblemático de Santa Maria da Feira. Em causa as imitações que vão aparecendo e que urge combater. Sublinhou, porém, que “a qualidade” da Fogaça nunca estará em causa. “Afirmou-se de há 500 anos aos dias de hoje sem qualquer tipo de protec- ção oficial; o mercado sabe destrinçar o que é genuíno do que é falso”, declarou. Já agora, se a receita é a mesma, o que distingue as fo- gaças de cada produtor? Sera- fim Costa explicou: “as mãos [de quem produz] não são iguais e também depende do processo de cozedura e de le- vedura”. Os empresários ainda subli- nharam a qualidade dos “Ca- ladinhos” do Trovador, “outro doce tradicional da Feira”, e no geral da sua pastelaria. | “Trovador” encarna a mística fogaceira Tradição Estabelecimento da zona história da capital concelhia tem a “Fogaça da Feira” como emblema há quase 46 anos Alice, Lina e Teresa, as pasteleiras do Trovador Serafim Costa, Arlindo Pinheiro, funcionário da casa há muitos anos, e Ramiro Luís A Fogaça do Trovador tem muita saída Saudades da Escola de Hotelaria Durante anos, o café e pastelaria foi vizinho de uma Escola de Hotelaria, grande fornecedora de clientela. A instituição abandonou a cidade e deixou saudades. Os empresários também se queixaram dos parquí- metros, que – considera- ram – afastam gente da rua e do comércio local. Vincaram que a “zona histórica” merecia uma atenção por parte da au- tarquia. | FOTOS: D.R.

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Page 1: “Trovador” encarna FOTOS: D.R. a mística fogaceiracafeotrovador.net › diario-aveiro-2016.pdf · 2016-04-05 · 16 | 20 JAN 2016 | QUARTA-FEIRA Especial Festa das Fogaceiras

16 | 20 JAN 2016 | QUARTA-FEIRA

Especial Festa das Fogaceiras

Alberto Oliveira e Silva

O “Trovador” honra a tradiçãofogaceira há quase 46 anos. Se-rafim Costa, um dos actuaisdonos e gerente, realça que,

desde os tempos de “ElsinhaMartins”, a fundadora do café/pastelaria, a “Rainha da Feira”constituiu-se em marca e ex-pressão de qualidade da casa.

“A Fogaça foi sempre o

nosso ex-libris; o nosso pro-duto emblemático”, sublinhouo empresário, acentuando que,hoje como antes, a receita tra-dicional do pão doce que con-quistou o país mantém-se co -

mo guia das suas pasteleiras.Serafim Costa explicou que

a fundadora foi não apenas “aprimeira proprietária”, mastambém “a primeira paste-leira”. Referiu que o estabele-cimento, situado na zona his-tórica da cidade de Santa Mariada Feira, tem apostado na es-tabilidade da sua equipa defuncionários. Apenas o inevi-tável passar dos anos levou aoinício de uma renovação pro-gressiva.

A “Festa das Fogaceiras” éépoca alta de produção e ven -da de fogaça. Ramiro Luís, ooutro dono do Trovador, jun-tou-se à conversa, vincandoque não é só no dia de hoje queeste produto tem muita saída.

Disse que também é muitoprocurado nos dias que ante-

cedem a maior festividade doconcelho santamariano. Assi-nalou que são muitos os fei-renses que vão comprando opão doce da terra para o ofe-recer a colegas de trabalho e aamigos de fora.

O seu sócio salientou que afogaça da sua casa vende-sebem “durante todo o ano”, comeste pico natural em dia de en-chente humana na cidade ca-pital do município.

Já agora, como vivem estesempresários a “cultura foga-ceira”? Costa adiantou-se naresposta, mostrando-se con-cordante com a decisão da câ-mara municipal e do Agrupa-mento de Produtores (AP) delevar às escolas a História erealidade da Rainha da Feira.“É positivo; assim, as criançastornam-se defensoras da Fo-gaça!”, declarou.

Os dois responsáveis inte-gram a AP, que tem na “certifi-cação” da marca “Fogaça daFeira”, feita através da “receitatradicional”, uma das suas mis-sões mais importantes. “A

qualquer momento, sairá acertificação oficial”, enfatizouCosta.

Ramiro Luís também consi-derou que, este, será um passopositivo para a defesa desteproduto emblemático de SantaMaria da Feira. Em causa asimitações que vão aparecendoe que urge combater.

Sublinhou, porém, que “aqualidade” da Fogaça nuncaestará em causa. “Afirmou-sede há 500 anos aos dias de hojesem qualquer tipo de protec-ção oficial; o mercado sabedestrinçar o que é genuíno doque é falso”, declarou.

Já agora, se a receita é amesma, o que distingue as fo-gaças de cada produtor? Sera-fim Costa explicou: “as mãos[de quem produz] não sãoiguais e também depende doprocesso de cozedura e de le-vedura”.

Os empresários ainda subli-nharam a qualidade dos “Ca-ladinhos” do Trovador, “outrodoce tradicional da Feira”, e nogeral da sua pastelaria. |

“Trovador” encarnaa mística fogaceiraTradição Estabelecimento da zona história da capital concelhiatem a “Fogaça da Feira” como emblema há quase 46 anos

Alice, Lina e Teresa, as pasteleiras do Trovador

Serafim Costa, Arlindo Pinheiro, funcionário da casa há muitos anos, e Ramiro Luís

A Fogaça do Trovador tem muita saída

Saudadesda Escolade HotelariaDurante anos, o café epastelaria foi vizinho deuma Escola de Hotelaria,grande fornecedora declientela. A instituiçãoabandonou a cidade edeixou saudades. Os empresários tambémse queixaram dos parquí-metros, que – considera-ram – afastam gente darua e do comércio local.Vincaram que a “zonahistórica” merecia umaatenção por parte da au-tarquia. |

FOTOS: D.R.