“encontro histórico” sacode a eleição prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de...

8
“Encontro histórico” sacode a eleição Crise: emprego na indústria de SP varia 0,01% no mês Pág. 2 A maior rede de Bolsonaro no Facebook é excluída por fraude Prefeitos em massa dão apoio a Márcio França em S. Paulo Centenas de prefeitos de vários partidos decidem se somar na reta final o auditório do Hotel Pestana, em São Paulo, 314 prefeitos de vários partidos, vice-prefeitos, vereadores e outras lide- ranças deram seu apoio a Márcio França para o governo paulista. O prefeito de Santos, Paulo Alexandre, falou em nome dos prefeitos do PSDB que apoiam França: “o que mais admiro em Márcio França é a sua lealdade e a sua capacidade”. Paulo Skaf, candi- dato a governador pelo PMDB no primeiro turno das eleições, e os candidatos ao Senado Marcelo Barbieri (MDB), Ma- rio Covas Neto (PODEMOS) e Professora Cidinha (MDB) também prestaram apoio a Márcio França. Página 3 26 a 30 de Outubro de 2018 ANO XXIX - Nº 3.679 ‘Bolsonaro passou limites aceitáveis, votarei contra ele’, declara Goldman Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL As revelações sobre as liga- ções de Wilson Witzel (PSC), adversário de Eduardo Paes (Dem) no Rio, com Luiz Carlos Azenha, comparsa do traficante RJ: Relação com advogado do traficante Nem derruba Witzel Nem, da Rocinha, tiveram im- pacto devastador. Na pesquisa Ibope divulgada nesta terça- feira, a distância entre Witzel e Paes caiu 8 pontos. Pág. 4 Que ninguém se iluda. Ele não afirma essas barba- ridades por se exaltar com facilidade e padecer de incon- tinência verbal. Pelo contrá- Saudoso da ditadura, Bolsonaro ameaça opositores com exílio e prisão rio, Bolsonaro pensa assim porque é um fascistoide ou, para usar uma expressão em voga nos idos de 1964, um go- rilão dos mais fedidos. Pág. 3 Após 3 dias, EUA nada sabe sobre bombas em carta A maior concentração de serviços de espionagem do planeta não tem a menor ideia sobre a epidemia de explosivos no país, enviados a Soros, aos Clintons, a ex-diretor da CIA e a Barack Obama. Página 7 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira, 22, um grupo de 68 páginas e 43 contas da rede social que, juntas, formavam a principal e mais influente rede de apoio e difusão de ideias do candidato do PSL à Presidên- cia, Jair Bolsonaro. Segundo a empresa, essas páginas – que pertencem a um mesmo grupo chamado Raposo Fernandes Associados (RFA) – violaram as políticas de autenticidade e spam, ao criar endereços fal- sos”, aponta o jornalista Luís Fernando Toledo. Pág. 3 PF investiga bolsonarista por ameaça à presidente do TSE A Polícia Federal instaurou inquérito, na terça-feira, para investigar um bolsonarista que ofendeu a ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em um ví- deo. A investigação foi aberta a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Segundo Dodge, a peça “con- tém graves ofensas à honra da ministra Rosa Weber, im- putando-lhe tanto fatos defi- nidos, em tese, quanto conduta criminosa, além de difamar-lhe a reputação, mediante impu- tação de fatos extremamente ofensivos”. Página 3 Para o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman é preciso conter a “direita que baba, que morde, que quer causar mal às pessoas”. P. 3 Márcio França 40 Carlos Moura - STF Fátima Meira

Upload: others

Post on 19-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

“Encontro histórico” sacode a eleição

Crise: emprego na indústria de SP varia 0,01% no mêsPág. 2

A maior rede de Bolsonaro no Facebook é excluída por fraude

Prefeitos em massa dão apoio a Márcio França em S. PauloCentenas de prefeitos de vários partidos decidem se somar na reta final

o auditório do Hotel Pestana, em São Paulo, 314 prefeitos de vários partidos, vice-prefeitos, vereadores e outras lide-ranças deram seu apoio a Márcio França para o

governo paulista. O prefeito de Santos, Paulo Alexandre, falou em nome dos prefeitos do PSDB que apoiam França:

“o que mais admiro em Márcio França é a sua lealdade e a sua capacidade”. Paulo Skaf, candi-dato a governador pelo PMDB no primeiro turno das eleições, e os candidatos ao Senado Marcelo Barbieri (MDB), Ma-rio Covas Neto (PODEMOS) e Professora Cidinha (MDB) também prestaram apoio a Márcio França. Página 3

26 a 30 de Outubro de 2018ANO XXIX - Nº 3.679

‘Bolsonaro passoulimites aceitáveis, votarei contra ele’, declara Goldman

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

As revelações sobre as liga-ções de Wilson Witzel (PSC), adversário de Eduardo Paes (Dem) no Rio, com Luiz Carlos Azenha, comparsa do traficante

RJ: Relação com advogado do traficante Nem derruba Witzel

Nem, da Rocinha, tiveram im-pacto devastador. Na pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, a distância entre Witzel e Paes caiu 8 pontos. Pág. 4

Que ninguém se iluda. Ele não afirma essas barba-ridades por se exaltar com facilidade e padecer de incon-tinência verbal. Pelo contrá-

Saudoso da ditadura, Bolsonaro ameaça opositores com exílio e prisão

rio, Bolsonaro pensa assim porque é um fascistoide ou, para usar uma expressão em voga nos idos de 1964, um go-rilão dos mais fedidos. Pág. 3

Após 3 dias, EUA nada sabe sobre bombas em carta

A maior concentração de serviços de espionagem do planeta não tem a menor ideia sobre a epidemia de explosivos no país, enviados a Soros, aos Clintons, a ex-diretor da CIA e a Barack Obama. Página 7

12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40%“O Facebook removeu na

segunda-feira, 22, um grupo de 68 páginas e 43 contas da rede social que, juntas, formavam a principal e mais influente rede de apoio e difusão de ideias do candidato do PSL à Presidên-cia, Jair Bolsonaro. Segundo a

empresa, essas páginas – que pertencem a um mesmo grupo chamado Raposo Fernandes Associados (RFA) – violaram as políticas de autenticidade e spam, ao criar endereços fal-sos”, aponta o jornalista Luís Fernando Toledo. Pág. 3

PF investiga bolsonarista por ameaça à presidente do TSE

A Polícia Federal instaurou inquérito, na terça-feira, para investigar um bolsonarista que ofendeu a ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em um ví-

deo. A investigação foi aberta a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Segundo Dodge, a peça “con-tém graves ofensas à honra da ministra Rosa Weber, im-

putando-lhe tanto fatos defi-nidos, em tese, quanto conduta criminosa, além de difamar-lhe a reputação, mediante impu-tação de fatos extremamente ofensivos”. Página 3

Para o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman é preciso conter a “direita que baba, que morde, que quer causar mal às pessoas”. P. 3

Márcio França 40

Carlos Moura - STF

Fátima Meira

Page 2: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

2 POLÍTICA/ECONOMIA 26 A 30 DE OUTUBRO DE 2018HP

www.horadopovo.com.br

Editor-Geral: Clóvis Monteiro NetoRedação: fone (11) 2307-4112E-mail: [email protected]: [email protected] E-mail: [email protected]ção: Rua Mazzini, 177 - São Paulo - CEP: 01528-000Sucursais:Rio de Janeiro (RJ): IBCS - Rua Marechal Marques Porto 18, 3º andar, Tijuca - Fone: (21) 2264-7679E-mail: [email protected] Brasília (DF): SCS Q 01 Edifício Márcia, sala 708 - CEP 70301-000Fone-fax: (61) 3226-5834 E-mail: [email protected] Horizonte (MG): Rua Mato Grosso, 539 - sala 1506Barro Preto CEP 30190-080 - Fone-fax: (31) 271-0480E-mail: [email protected] Salvador (BA): Fone: (71) 9981-4317 -E-mail: [email protected] Recife (PE): Av. Conde da Boa Vista, 50 - Edifício Pessoa de Melo, sala 300 - Boa Vista - CEP 50060-004 Fones: (81) 3222-9064 e 9943-5603E-mail: [email protected]ém (PA): Avenida Almirante Barroso/Passagem Ana Deusa, 140 Curió-Utinga - CEP 66610-290. Fone: (91) 229-9823Correspondentes: Fortaleza, Natal, Campo Grande, Rio Branco, João Pessoa, Cuiabá, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.

HORA DO POVOé uma publicação doInstituto Nacional de

Comunicação 24 de agostoRua José Getúlio,67, Cj. 21Liberdade - CEP: 01509-001

São Paulo-SPE-mail: [email protected]

C.N.P.J 23.520.750/0001-90

Escreva para o [email protected]

Pesquisa da CNI desmente o discurso de recuperação econômica do governo Temer

Demanda interna de bens industriais cai 0,6% em agosto, afirma pesquisa Ipea

Níveis de produção e emprego na indústria recuaram, diz CNI

A C o n f e d e r a ç ã o Nacional da In-d ú s t r i a ( C N I ) , sindicato patro-

nal do setor industrial brasileiro, desmente em pesquisa a suposta “re-cuperação econômica” da qual o governo Temer se aproveita para fazer um balanço positivo da sua gestão.

Divulgada nesta ter-ça-feira (23), a pesquisa mensal Sondagem In-dustrial realizada por amostra de 2.190 em-presas de grande, médio e pequeno porte aponta que em setembro tanto os níveis de produção quan-to de emprego caíram na comparação com o mês anterior, assim como so-bre o mesmo mês do ano passado.

Os índices que me-dem a evolução tanto de um como de outro estiveram abaixo dos 50 pontos – que segundo a metodologia da entidade, representa queda.

Para a produção, o esquema de pontuação da CNI mediu a ativi-dade industrial em 47,2 pontos em setembro. Em agosto, esse mesmo índi-ce estava em 54,1 pontos o que indica uma queda intensa apenas na pas-sagem de um mês para o outro. Em setembro de 2017, estava em 48,1 pontos.

“A demanda fraca e a fragilidade financeira das empresas dificultam a recuperação da indús-tria”, afirma o econo-mista da CNI Marcelo Azevedo, completando que qualquer expectativa de melhora da demanda só poderá vir da demanda do mercado externo.

O emprego nas indús-trias brasileiras também padece de acordo com a pesquisa, contribuindo para a formação da le-gião de desempregados e subempregados no Bra-sil , estimada em 27,5 milhões de pessoas de

acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Neste caso, o indicador para emprego oscilou de 49,1 pontos em agosto para 49,2 pontos em se-tembro. Como abaixo da linha divisória dos 50 pontos, representa retração do mercado de trabalho no setor. Em se-tembro do ano passado, o índice era de 49,0 pontos – ou seja, nada foi recu-perado em um período de 12 meses.

A pesquisa confirma os últimos dados de agosto divulgados pelo IBGE, que apontaram retração da produção industrial de -0,3% em agosto.

A queda foi puxada pelo principal estado da Federação, São Paulo, que registrou recuo de 0,9% no período. No em-prego, em setembro, a variação no setor foi de 0,01% no estado.

Nos demais estados industriais, os resultados da produção foram seme-lhantes: Rio de Janeiro (-0,3%), Santa Catarina (-0,7%), Espírito Santo (-0,9%), Pará (-1,1%) e Amazonas (-5,3%).

OCIOSIDADE

As indústrias brasilei-ras operaram em setem-bro com apenas 68% da sua capacidade instalada, relata a pesquisa da CNI. Para chegar a esse resul-tado, houve queda de 1 ponto percentual no UCI (Utilização da Capacida-de Instalada) de agosto para setembro.

Já é sabido pelo IBGE, que divulga mensalmen-te os resultados da pro-dução industrial do país, que as indústrias es-tão produzindo a níveis 14,1% mais baixos que o período anterior à eclo-são da crise econômica. Ou seja, o setor produtivo permanece no limbo da recessão.

Pesquisa foi realizada pela CNI por amostra de 2.190 empresas

Emprego na Indústria paulista cresce 0,01% em setembro, diz Fiesp

O ministro Luís Ro-berto Barroso, relator no Supremo Tribunal Fede-ral (STF) do inquérito dos Portos, negou pedido da defesa de Michel Te-mer, que tentava anular o indiciamento dele na investigação que apura se houve favorecimento da empresa Rodrimar S/A na edição do Decreto dos Por-tos, assinado pelo chefe do executivo em maio do ano passado.

A defesa alegava que, devido ao foro por prer-rogativa de função ga-rantido ao presidente da República, a PF não teria competência para indi-ciar Temer. Em decisão adotada na terça-feira (23), Barroso assinalou que o indiciamento está previsto em lei e não há impedimentos sobre sua incidência sobre qualquer ocupante de cargo público e que, portanto, não pode haver privilégios.

“Impedir o indiciamen-to apenas de uma classe

de pessoas, sem funda-mento constitucional ou legal, configuraria uma violação aos prin-cípios da igualdade e da República, ao conferir um privilégio exclusivo e injustificado a deter-minadas autoridades”, afirmou.

De acordo com o mi-nistro, o indiciamento é ato privativo da polícia, assim como a denúncia é papel do Ministério Público. E que nenhum órgão pode interferir no entendimento do outro.

“O indiciamento, a denúncia e a sentença representam, respecti-vamente, atos de com-petência privativa do Delegado de Polícia, do Ministério Público e do Poder Judiciário, sendo vedada a interferência recíproca nas atribui-ções alheias, sob pena de subversão do modelo acusatório, baseado na separação entre as fun-ções de investigar, acu-

sar e julgar”, apontou. Temer é alvo de um

inquérito aberto no ano passado para investigar irregularidades na edição do Decreto 9.048/2017. A suspeita é que o decreto foi editado para favore-cer empresas específicas que atuam no porto de Santos (SP) mediante pa-gamento de propina. No indiciamento de Temer, a Polícia Federal informou ao STF ter encontrado indícios de que ele prati-cou crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Entre outros pontos, a PF afirma ter identi-ficado repasses de R$ 5,6 milhões para Temer entre 2000 e 2014, além de repasses de R$ 17 milhões em propina ao MDB, partido de Temer. A procuradora-geral da República, Raquel Do-dge, tem até a semana que vem para decidir se denuncia ou não Michel Temer pelos crimes.

O nível de emprego no conjunto da indústria paulista em setembro teve uma variação ínfima, sem ajuste sazonal, de + 0,01% em relação ao mês anterior (agosto), com um saldo de 500 empregos entre admissões de demissões ocorridas no mês.

Considerando-se o ajuste sazonal, esse mesmo número representa, na verdade, uma desaceleração de -0,06%, na comparação entre os me-ses, ou seja, foram criados menos empregos que o mês anterior.

Observando as variações de nível de emprego, de um mês em relação ao mês anterior, desde dezembro de 2017, sob o critério com ajuste sa-zonal, temos uma série percentual negativa em todo o período dos nove meses: Jan -0,08 / fev -0,06 / mar -0,16. O mês de abril variou -0,19, em maio -0,27, em junho tivemos -0,26 completando o segundo trimes-tre. Julho, agosto e setembro foram respectivamente -0,10 / -0,09 / -0,06.

Na comparação interanual, de setembro/18 sobre setembro/17, a variação é de - 1,37% correspondendo a um saldo negativo de 30 mil postos de trabalho. Apesar do acumulado do ano (jan. a set.) ter uma variação de +0,62% com saldo de 13.500 admis-sões, no acumulado dos 12 últimos meses a variação ainda é negativa em -1,44%.

Esse quadro desalentador do nível de emprego na indústria paulista - que sabemos, representa o maior parque industrial do Brasil, talvez até da América Latina - é especial-mente dramático porque vem de um acúmulo de fechamento de empregos descomunal.

De 2011 a 2017, em todos os anos sofremos queda no nível de emprego, num total de 645 mil fechamentos de postos de trabalho. Essa é parte da dí-vida, que os governos Dilma e Temer deixaram com os trabalhadores e com a sociedade. Longe dessa lenga-lenga de “lenta” recuperação.

Sem emprego, sem renda, ou ainda, com a ilusão de que precarizando os dois, especialmente na indústria, que é o coração de qualquer economia sa-diamente desenvolvida, não há como a economia progredir e o país sair dessa crise medonha.

Os dados são da pesquisa “Nível de Emprego Regional” da FIESP de setembro/18 que é constituída por uma amostra de aproximadamente 2.700 indústrias distribuídas por todo o estado, compreendendo cerca de 1.100.000 de empregos.

De setembro sobre agosto, as vendas dos dis-tribuidores de aços plano no Brasil despencaram -13,8%. O setor é respon-sável por cerca de um ter-ço das vendas das usinas siderúrgicas no país. Na comparação com setembro de 2017 as vendas tiveram uma queda de -2,8%

O produto teve 257,9 mil toneladas comercia-lizadas. A informação é do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA) divulgada na terça-feira (23), conforme a Reuters.

A reposição de estoques também foram impacta-

das e os distribuidores compraram 18,6% menos aço de fornecedores no mês passado ante agos-to, totalizando 244,4 mil toneladas, volume que representa também uma queda de -7,2 % no com-parativo anual.

Ainda segundo o INDA, as importações de aço em setembro subiram 14,4 % ante agosto. Em relação às 113,6 mil toneladas de setembro de 2017 caíram 16,8%.

A compra e a venda de aço plano em outubro deve se manter estável ante setembro, projeta o Instituto.

Com a produção ainda mergulhada na recessão, a demanda interna por bens industriais recuou -0,6% em agosto na compa-ração com o mês anterior, segundo dados do Indica-dor Mensal do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Trata-se de um indicador de con-sumo aparente de bens industriais que, portanto, considera a demanda do-méstica, descontadas as exportações e acrescidas as importações.

O segmento relacionado ao investimento das indús-trias, de bens de capital, teve a queda mais expres-siva no mês: de -7,6% de ju-nho para agosto. No setor que produz bens de con-sumo semi e não duráveis (como roupas e calçados) a queda na demanda por bens industriais caiu -1%.

Das classes de produção, as vendas de bens para a indústria de transforma-ção tiveram a queda mais representativa: -1,6%. Neste caso, 14 de 22 seg-mentos tiveram recuo de um mês para o outro.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira ope-rou em agosto 14,1%

abaixo do que operava em 2011, antes da recessão econômica.

O que ainda resta de atividade na indústria está sendo abastecido por componentes industriais importados. Enquanto a produção interna repre-sentou queda de -0,8% no resultado geral, as impor-tações de bens industriais cresceram 1,1%.

Ministro Luís Barroso rejeita pedido de Temer e mantém seu indiciamento

Vendas de distribuidores de aços planos caem 13,8%

Na comparação anual queda foi de -2,8%

PRISCILA CASALE

Desde dezembro de 2017 saldo de emprego no setor é negativo. Na foto, fila de desempregados em SP

Indícios de corrução, lavagem de dinheito e organização criminosa

Apenas bens de capital teve queda de -7,6%

Page 3: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

A candidatura de Jair Bolsonaro é uma fraude à democracia, quanto infames são os métodos utilizados para fabricar um mito com a consistência da argila. Dizê-lo nesse tom não é um destempero produzido por um ponto de vista obstinado; é uma constatação com base em elementos que já foram apon-tados à Justiça Eleitoral antes das conven-ções partidárias e que podem ser aferidos a qualquer tempo em ambiente de auditoria.

O emprego de fakes news, o impulsiona-mento de matérias tendenciosas por robôs nas redes sociais e o uso de perfis falsos são procedimentos de deslealdade com o próprio eleitor e de fácil constatação, tanto que geram a reação de diversos partidos políti-cos. Mas há algo ainda não observado pelo controle social: o patrocínio do erário para urdir essa impostura que se transformou em um devaneio para milhões de brasilei-ros arrastados pelo embuste. No dia 6 de junho de 2018, com considerável an-tecedência às con-venções, o Partido Pátria Livre teve a iniciativa precurso-ra de peticionar ao Tribunal Superior Eleitoral pedindo providências regu-latórias “de salva-guarda do processo democrático, como é internacionalmen-te concebido”, pro-vidência até hoje a repousar na mesa da Presidência sem qualquer desfecho. O do-cumento mostrou o vício de pré-candidaturas que ganhavam corpo com “extensa cober-tura midiática”, em propaganda eleitoral disfarçada em entrevistas e talks shows. Já se construía para o eleitor a falsa percepção de que necessariamente ou só eles existem, ou só eles teriam capacidade para o concur-so democrático e o exercício do poder. Sem absolver a outros, Jair Bolsonaro foi quem mais usou esse espaço minguado de escrúpu-lo, despertando a intolerância enrustida no coração de alguns, produzindo alucinações em mentes frágeis de outros e anestesiando o senso crítico de pessoas originalmente esclarecidas.

Quem não sabia com dois anos de antece-dência das pretensões presidenciais do algoz da sinceridade? Pois lá estava ele, nos canais de televisão, histriônico, patético, agressivo tanto com a língua portuguesa quanto com os valores da civilidade. E ali chegara porque, à custa do contribuinte, produzia horrores no Congresso Nacional e, dessa forma, se candidatava para a audiência de programas que se sustentam com a vulgaridade. Mas, muito mais do que isso – e esse é o ponto sensível da causa – viajava pelo país com o seu circo mambembe, custeado por verba de impostos e fantasiado de protetor dos melhores costumes.

Bolsonaro inventou a figura do deputado nacional para justificar o uso de recursos públicos nas andanças por um Brasil com dimensões de continente. Deixou de ser o representante do povo do seu estado, nos termos da Constituição Federal, para adotar essa estampa enganosa, com a qual subtraiu o dinheiro dos contribuintes e exerceu a soberba particular.

Leia o artigo na íntegra em www.hora-dopovo.org.br

*Jurista, autor e professor de ética e responsabilidade de agentes públicos; foi candidato à Vice-Presidência da República pelo Partido Pátria Livre.

3POLÍTICA/ECONOMIA26 A 30 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Márcio França recebe apoio de centenas de prefeitos paulistas

Encontro histórico reuniu 314 prefeitos na terça-feira (23) em hotel de S. PauloBolsonaro e a farra

das passagens aéreas

Candidato do PSB à reeleição ao governo de São Paulo tira selfie

“Dória não deve medir os outros pela sua régua”

Fotos: HP/SCJurista e conferencista Leo Alves

LÉO DA SILVA ALVES (*)

Saudoso da ditadura, Bolsonaro ameaça opositores com exílio e prisão

Maior rede de Bolsonaro no Facebook é excluída por fraude

PF instaura inquérito para investigar o bolsonaristaque insultou Rosa Weber

Divulgação

Alberto Goldman anuncia que votará contra a “direita que baba e causa mal às pessoas”

Na terça-feira (23/10), 314 prefeitos do Estado de São Paulo apoiaram o candidato Márcio Fran-

ça, do PSB, para o governo estadual.

“Este é um encontro histó-rico de prefeitos paulistas para apoiar um candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Poucas vezes se viu uma reunião com tantas lideranças políticas reunidas”, disse Jonas Donizette, presidente do PSB no estado.

Ao encontro, ocorrido no audi-tório do Hotel Pestana, no bairro do Paraíso, na capital do Estado, compareceram, além dos prefei-tos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças políticas de diversos partidos.

Paulo Skaf, candidato a gover-nador do MDB no primeiro turno das eleições e os candidatos ao Senado Marcelo Barbieri (MDB), Mario Covas Neto (PODEMOS) e Professora Cidinha (MDB) também participaram do encon-tro e prestaram apoio a Márcio França.

“Este é um encontro his-tórico de prefeitos paulistas para apoiar um candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Poucas vezes se viu uma reu-nião com tantas lideranças políticas reunidas”

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre, do PSDB, falando em nome dos prefeitos de seu parti-do quer estão apoiando Márcio França, declarou, sob aplausos: “O que mais admiro em Márcio França é a sua lealdade e a sua capacidade”, lembrando que esta também é a opinião do ex--governador Geraldo Alckmin, de quem Márcio França foi vice--governador.

Paulo Alexandre denunciou as arbitrariedades do candidato de seu partido, João Doria, que, “no desespero”, tentou expulsá--lo do partido. “Diante de uma crise como esta, que é a maior dos últimos 80 anos, é mais fácil fugir da Prefeitura. Mas nós es-tamos aqui honrando cada voto que recebemos”, disse o prefeito de Santos, criticando a saída de Doria da Prefeitura de São Paulo.

O presidente do MDB, deputa-do federal Baleia Rossi, falou em nome das lideranças emedebistas do Estado. Disse que “se somar-mos os votos de Paulo Skaf e Már-cio França, com certeza França será o governador do Estado no próximo domingo”.

Rossi citou a presença de prefeitos, ex-prefeitos, deputa-dos, vereadores do partido e dos candidatos ao Senado, Cidinha e Marcelo Barbieri.

Estavam presentes, também, Carlos Cruz, presidente da As-sociação dos Municípios de São Paulo (APM), o deputado Arnal-do Jardim (PPS), a ex-vereadora Lídia Correa (PPL), Jorge Venân-cio, dirigente nacional do PPL e o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (MDB).

O deputado estadual, Barros Munhoz (PSB), criticou a “pi-rotecnia e a irresponsabilidade de Doria” que, “não tendo o que falar, inventou mentiras estapa-fúrdias contra Márcio França”.

“Doria representa uns gorilas, que é como se chamava a extre-ma-direita de 50 anos atrás”, disse Munhoz.

O deputado Campos Machado (PTB) destacou que, “na capital, Márcio França tem mais de 60% de apoio dos eleitores. Agora nós temos que levantar o interior do estado contra o impostor”.

Márcio França chegou ao ato acompanhado de Paulo Skaf (MDB). Eles tiveram muita difi-culdade para chegar até o palco, pela quantidade de prefeitos que

queriam abraçar o candidato e tirar selfies.

No palco, além das lideran-ças políticas, estava também a candidata a vice-governadora na chapa de França, a coronel da PM Eliane Nikoluk.

A coronel Eliane, ao discursar, disse que se sentia orgulhosa de ser companheira de chapa de Márcio França que será, na opi-nião dela, “o melhor governador de São Paulo”.

A professora Lúcia, esposa de Márcio França, afirmou, em seu discurso, que, quando Márcio dis-se a ela que iria disputar a eleição, ela só pediu uma coisa: que a vice fosse uma mulher. “Porque é mui-to importante a participação das mulheres. E nós somos um casal de verdade. Temos participação efetiva nas decisões”.

O candidato a governador pelo MDB no primeiro turno, Paulo Skaf, disse que “o interior tem que conhecer o perfil desse can-didato enganador que é o Doria, porque a capital já o conhece e não vota nele”. “A gente tem que respeitar o resultado das urnas e obedecer. Foi o que eu fiz no domingo com o resultado. Eu tenho certeza que, se fosse ao contrário, nós estaríamos aqui juntos do mesmo jeito”, pros-seguiu Skaf. “Vamos ganhar no interior também”, e chamou os peemedebistas para “gastarem a sola do sapato até a vitória”.

Márcio França agradeceu o apoio de Paulo Skaf e a todos os prefeitos e lideranças presentes. Ressaltou que “as divergências não podem significar inimizades e ódios”. “Essas eleições foram atípicas. Ocorreu um episódio, que foi o atentado ao Jair Bol-sonaro, que alterou o rumo das eleições. Houve também uma re-jeição muito grande ao esquema adotado pelo PT”.

“Eu enfrentei o PT na minha cidade”, disse Márcio França. “Quando fui prefeito a primeira vez, ganhei do PT. Na segunda vez, eu os derrotei novamente. Eu disputei com o PT a minha vida inteira. Mas eu não tenho ódio do PT. Eu não quero que as pessoas do PT morram. Aliás, eu não quero isso para ninguém, ao contrário. Eu sou brasileiro. Eu sou de São Paulo. Eu quero o meu país unido nova-mente. O que o senhor João Doria quer é pegar carona nisso tudo. Não tivesse a eleição presidencial, ele tomaria de 80% a 20%”.

“O que se trata agora não é de partido, é de caráter. Ou você tem caráter ou não tem caráter. Ou você está disposto a dizer a verdade ou não. Se você mente, como o meu adversário faz, ele não tem o respeito de ninguém”, frisou França.

“Ele tem de respeitar os pre-feitos que foram eleitos. Mas ele desrespeita os prefeitos. Doria não é mais do que ninguém. Mas se acha superior. As pessoas que estão com ele, têm medo dele. Por isso ele não tem o respeito de nin-guém”, acrescentou o candidato.

“A mudança em São Paulo já começou. A nossa própria união já é o símbolo dessa mudança. Gente de vários pensamentos, de vários partidos. Tem empresário, tem sindicalista. Tem pessoas que mexem com o agronegócio e tem trabalhadores do campo. É assim que a gente construiu o Brasil. Temos que ter uma Pátria comum a todos”, afirmou Márcio França.

E, dirigindo-se aos prefeitos: “se preparem, vocês terão os dois melhores anos de suas vi-das. Sabe por quê? Por causa da coragem de vocês. Eu respeito a coragem de vocês e serei um go-vernador dos prefeitos”, concluiu Márcio França, sob aplausos.

SÉRGIO CRUZ

“Este é um encontro histórico de prefeitos paulistas para apoiar um candidato ao Palácio dos Bandei-rantes. Poucas vezes se viu uma reunião com tantas lideranças políticas reunidas”, disse Jonas Donizet-te, presidente do PSB no estado.

O candidato do PSB ao governo de São Paulo, Márcio França, em sua conta no Twitter, rebateu a acusação da equipe de campanha de seu adver-sário, João Doria (PSDB), de que um vídeo, clara-mente forjado, em que o ex-prefeito de São Paulo participaria de uma orgia com cinco mulheres, teria partido de sua campanha.

“É lamentável que Dó-ria nos faça essa acusação, que chega a ser quase tão grave quanto a violência de que ele é vítima. Repu-diamos tanto a declaração do candidato, quanto a di-vulgação desse tipo vídeo. São Paulo não merece esse constrangimento. Doria não deve medir os outros pela sua régua”, escreveu

Márcio França.O vídeo, como observa-

ram diversos especialis-tas, é tosco – como disse um deles, “um trabalho preguiçoso”, mostrando onde foram inseridas ima-gens do rosto de Doria, que não pertenciam ao vídeo original. Portanto, uma falsificação detectá-vel com facilidade.

Apesar da falsidade do vídeo ser constatada apenas algumas horas de-pois de sua divulgação na Internet, na terça-feira, a equipe de Doria, entrevis-tada por Lauro Jardim, de “O Globo”, fez acusações à campanha do adversário. O próprio Doria – bem ao seu jeito – fez insinuações, ao dizer que “lamento muito que a campanha em

São Paulo tenha chegado a esse nível”.

No entanto, no debate com Márcio França, pro-movido pelo SBT/Folha de S. Paulo/UOL, o pró-prio Doria, ao se referir ao vídeo – respondendo a pergunta de uma jornalis-ta da “Folha de S. Paulo” -, depois de classificá-lo de “fake news”, fez questão de dizer, com ênfase, que “não estou fazendo acusa-ções ao meu adversário”.

Em nota à impren-sa, a assessoria de Már-cio França afirmou que “Márcio França repudia esse tipo de campanha, as fake news, as montagens e as falsificações e, acima de tudo, qualquer tipo de ataque pessoal a quem quer que seja”.

Muito se diz – e in-clusive os mais ingênuos chegam a acreditar – que Bolsonaro, se eleito, vai preferir governar por métodos democráti-cos, respeitando a Cons-tituição e as instituições republicanas.

“Se a maioria do povo está com ele, por que iria se queimar tentando implantar uma ditadu-ra?”, é o que perguntam os partidários da políti-ca de “amaciamento”.

Poderíamos respon-der que é da natureza do capitão; ele sempre defendeu a ditadura e a tortura. O erro, se-gundo ele, “foi não ter matado 30 mil”.

Porém, melhor que isso é remeter os ama-

ciadores ao vídeo que Bolsonaro gravou ago-ra, no dia 21 de outu-bro. É ele mesmo quem fala, não seu filho, nem o general Mourão, nem Paulo Guedes, nem al-gum outro encarregado de fazer as afirmações mais extremadas que ele depois relativiza no velho estilo “morde e assopra”.

Bolsonaro diz, no ví-deo: “[Lula] aguarde, o Haddad vai chegar aí também. Mas não será para visitá-lo, não, será para ficar alguns anos ao teu lado.”

Todos sabem a ra-zão pela qual Lula está preso, mas que crime cometeu Haddad? O de contestar o candidato

Bolsonaro? O de dizer que ele não tem cora-gem de comparecer a um debate?

Diz mais: “A Folha de São Paulo é a maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo. Imprensa livre para-béns, imprensa vendida meus pêsames!”

Que crime cometeu a Folha, o de investigá-lo? A imprensa que o apoia é livre, e a que não o apoia é vendida? Este é o critério que, numa República, deve reger a colocação da verba publicitária do governo?

Leia o texto na ínte-gra em www.horadopo-vo.org.br

S.R.

Ex-presidente do PSDB e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman divulgou, na quarta-feira (24), em suas redes sociais um vídeo no qual anuncia que, para conter a “direita que baba, que morde, que quer causar mal às pesso-as”, votará em Fernando Haddad (PT).

Em seu vídeo, intitula-do “Eu não quero pagar pra ver”, o tucano conta que a forma agressiva com que Bolsonaro trata seus opositores e as insti-tuições democráticas, vai fazê-lo “acabar votando em Haddad”.

Goldman fez questão de lembrar que, em todas as eleições desde 2002, PT

e PSDB foram adversários nos segundos-turnos das eleições. “Minhas posições foram muito fortemente anti-petistas. Especifica-mente quando eu estava no governo Fernando Hen-rique Cardoso, eu era ape-nas um deputado”, disse.

“O PT nunca se mani-festou como um partido pensando no progresso do país, sempre amar-rando o desenvolvimento deste país, fazendo o papel de partido reacio-nário. Nunca estive com eles, fui oposição”.

Para Goldman, é im-portante pontuar que o grupo de Bolsonaro “saiu do armário de forma vio-lenta por gloria, honra e

trabalho do PT. Bolsona-ro é produto do PT.”

“Nunca pensei que po-deria um dia votar neles, nunca quis votar neles. Agora nós estamos em uma situação absoluta-mente diferente, de re-pente eu me sinto em uma situação difícil. (...) Temos duas candidaturas, a de Haddad pelo PT e a de Bolsonaro, por esta direita raivosa”, continuou.

Goldman acrescentou ainda que as ameaças feitas por Bolsonaro e seus seguidores ao STF e a opositores “vermelhos” “ultrapassou qualquer limite do aceitável”.

Leia mais em www.horadopovo.org.br

Em um país em que vereadores são condenados por uma viagem irregular custeada pelo Mu-nicípio, o candidato midiático sustentou pelo menos dois anos de campanha com transporte aéreo pelo país pago pelo contribuinte. Se o chamado Tribunal da Democracia fe-char os olhos tam-bém para isso, dará o atestado da sua inutilidade como órgão de jurisdição.

O esquema descrito tem uma característica em comum com aquele denunciado pela “Fo-lha de S. Paulo”, que motivou a ação do PDT pedindo a investigação da campanha do candidato Jair Bolsonaro: é uma empresa – na verdade, duas – que forjava perfis e os organizava para bene-ficiar o mesmo candidato, sem ligação oficial com a campanha (v. Bolsonaro copia Lula e diz que não tem culpa se pagam sua despesa sem ele saber).

Resta saber quanto essas empresas gastaram

com o impulsionamen-to no Facebook – pois é impossível chegar a tal alcance sem pagar.

Esse gasto, por fora da contabilidade oficial, é completamente ilegal.

Veja a seguir os prin-cipais trechos de matéria do jornal “O Estado de S. Paulo”, na segunda-feira, 22/10, do jornalista Luís Fernando Toledo.

C.L.O Facebook removeu

na segunda-feira, 22, um grupo de 68 páginas e 43 contas da rede social que, juntas, formavam a principal e mais influente

rede de apoio e difusão de ideias do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro. Segundo a em-presa, essas páginas – que pertencem a um mesmo grupo chamado Raposo Fernandes Associados (RFA) – violaram as po-líticas de autenticidade e spam, ao criar endereços falsos e múltiplas contas com os mesmos nomes para administrar os gru-pos. O conteúdo compar-tilhado pelas páginas não teve influência sobre a decisão do Facebook. (...)

Continue lendo em www.horadopovo.org

A Polícia Federal ins-taurou um inquérito, na terça-feira (23), para investigar a publicação na internet de um vídeo com ofensas à ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. A investiga-ção foi aberta a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

No vídeo, o coronel da reserva do Exército, Carlos Alves, afirma que, se o TSE aceitar ação contra o candidato do PSL à presidência, Jair Bolsonaro, irá sofrer as consequências. “Se aceitarem essa denúncia ridícula e derrubarem Bolsonaro por crime eleitoral, nós vamos aí derrubar vocês aí, sim”, diz. O autor do vídeo também se refere à mi-nistra Rosa Weber como “salafrária e corrupta”.

A PGR solicitou à PF que, além de fazer a identificação do au-tor do vídeo e ouvir o

depoimento dele, apure se houve crimes de ca-lúnia, difamação, injú-ria e ameaça. Segundo Dodge, a peça “contém graves ofensas à honra da ministra Rosa Weber, imputando-lhe tanto fa-tos definidos, em tese, quanto conduta crimino-sa, além de difamar-lhe a reputação, mediante imputação de fatos ex-tremamente ofensivos”.

“Neste grave contex-to de ofensa às Insti-tuições democráticas e a seus integrantes, no-tadamente ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Elei-toral, também vislum-bro a caracterização, em tese, do crime de amea-ça aos Ministros dessas Cortes, principalmente à Ministra Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, além de outras pessoas referidas no ci-tado vídeo”, escreveu a procuradora.

Leia mais em www.horadopovo.org.br

Page 4: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 26 A 30 DE OUTUBRO DE 2018

As revelações, feitas pela revista Veja do último fim de semana, sobre as ligações de Wilson

Witzel (PSC), adversário de Eduardo Paes (Dem) no se-gundo turno do Rio, com Luiz Carlos Azenha, comparsa do traficante Nem, da Rocinha, causaram impacto na pes-quisa Ibope, divulgada nesta terça-feira. O ex-juiz caiu de 60% das intenções de voto na pesquisa anterior para 56% agora, se computados os votos válidos. Enquanto isso, Eduardo Paes (Dem) subiu de 40% antes para 44% nesta terça-feira. A diferença, por-tanto, entre os dois desabou oito pontos percentuais após as denúncias.

As imagens de Witzel ao lado de um meliante como Luiz Carlos Azenha, que foi preso em flagrante tentando dar fuga ao maior traficante do Rio, escondendo-o no porta--malas de seu carro, foram arrasadoras para o candidato. Parece que a população do Rio de Janeiro, de repente, perce-beu que o ex-juiz, que surgiu do nada, não é bem essa “flor que se cheire”, que foi ven-dida na campanha digital do primeiro turno.

Quando o povo viu a troca de mensagens íntimas entre Witzel e o advogado de Nem, o Azenha, que tinha sido con-denado por tentar subornar a Polícia Federal no momento da prisão do traficante, a más-cara caiu. Azenha, cobrando e recebendo pagamento de

Witzel em casa, por serviços prestados na campanha, e o candidato tentando esconder a amizade entre os dois, de-pois que cresceu nas pesqui-sas, causou indignação em muita gente.

E a promessa, então, feita por Witzel, de que se ele [Aze-nha] ficasse quieto e não o procurasse mais, ganharia um cargo no governo? A imagem, vendida pelo ex-juiz, de vestal da moralidade, amigo do Bre-tas, defensor da Lava Jato e outras invencionices, desabou. Pelo que se vê, tudo não passa mesmo é de mais uma pica-retagem para tentar enganar o povo fluminense. E tudo foi relatado em detalhes pelo pró-prio Azenha à revista Veja. Não só relatado, como também com provas do que dizia.

Witzel já tinha sido aponta-do como amigo íntimo do rei da propina do Rio de Janeiro, o pseudo-empresário Mário Peixoto, prestador de serviços em quase todas as áreas da administração estadual, e au-tor da ‘mesada’ de R$ 200 mil aos membros do Tribunal de Contas do Estado e à cúpula do PMDB estadual. Agora, Witzel foi também desmasca-rado por suas “ligações” com traficantes do porte do Nem, chefe do tráfico da Rocinha. Esta é a ficha corrida do “bol-sonarista carioca”, que foi “alavancado” malandramente pelos esquemas milionários das “fake news”, bancados por sinistras empresas privadas.

SÉRGIO CRUZ

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ--SP) julgou um número recorde de ações contra os planos de saúde de janeiro a se-tembro de 2018, cerca de 24.623 decisões, sendo em média 130 decisões por dia útil.

Do total de processos, 52% foram motivados pelas negativas de cobertu-ras e tratamentos e 28%, por reajustes das mensalidades dos planos. Esse é o maior número já registrado desde 2011, quando a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) começou a coletar os dados do setor. Em 2011, 5.141 ações foram julgadas nos primeiros nove meses.

O número dos processos cresceu mes-mo com a diminuição do número de 1,4 milhões dos clientes de planos de saúde em São Paulo, que caiu de 18,6 milhões em 2014 para 17,2 milhões até esse ano.

O número de idosos beneficiários dos planos de saúde cresceu 2,5% em 2018, na comparação com o mesmo mês no ano passado, segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess).

O percentual destoa das outras faixas etárias. Houve redução de vidas de 0 a 18 anos (0,6%) e de 19 a 58 anos (0,3%).

As despesas assistenciais com pessoas de 59 anos ou mais deverão superar a soma das demais faixas etárias em 2030 e chegar a R$ 231,8 bilhões, afirma o instituto.

TJ-SP julgou 24,6 mil ações contra planos de saúde no ano de 2018

Denúncias de laços com traficante Nem derrubam W. Witzel no Ibope

TJ-BA acusa assassino de mestre Moa por homicídio duplamente qualificado

Após censura em entrevista com Bolsonaro, jornalista demite-se de programa da Rádio Guaíba

Diferença entre o ex-juiz e seu adversário, o ex-prefeito Eduardo Paes, caiu oito pontos, de acordo com a pesquisa da última terça-feira

A Justiça da Bahia aceitou a denúncia do Ministério Público do estado (MP-BA) e o barbeiro suspeito de matar o mestre de capoeira Moa do Katendê a facadas, em Salvador, se tornou réu. A informação foi divulgada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) nesta terça--feira (23).

Pela morte de Moa, Paulo Sérgio Ferreira de Santa-na, de 36 anos, é acusado de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilidade de defesa

O jornalista Juremir Macha-do, da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, que pertence ao Grupo Record em Porto Alegre, pediu demissão do programa “Bom Dia” após o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) conceder entrevista com a condição de que apenas o âncora Rogério Mendelski falasse.

Durante vinte e cinco mi-nutos de entrevista com Bol-sonaro, Juremir precisou ficar em silêncio, apenas ouvindo. Ao longo de dez anos que par-ticipou do programa, Juremir sempre foi autorizado a fazer perguntas e comentar.

Além de Juremir, outros dois jornalistas, Jurandir So-ares e Voltaire Porto, acompa-nharam os questionamentos e as declarações do presidenciá-vel – mas foram impedidos de se manifestar.

Segundo Mendelski, ao lon-go da conversa por telefone, Bolsonaro não soube da pre-sença de outros jornalistas no estúdio. No entanto, ele admitiu a existência de um pedido prévio.

“Só para avisar nossos ou-vintes que o silêncio de vo-cês [demais jornalistas] foi uma condição do candidato, que queria conversar com o apresentador”, disse Rogério Mendelski, o âncora. “Podemos dizer que o candidato nos cen-surou?”, questionou Juremir. “Não, eu não diria isso”, res-pondeu Mendelski. “Por que nós não podíamos fazer per-guntas?”, devolveu Juremir. “Eu achei humilhante e por isso estou saindo do progra-ma. Foi um prazer trabalhar aqui dez anos”, disse Juremir, levantando-se e deixando o estúdio. A cena pôde ser vista

Luiz Carlos Azenha, braço direito de Nem, sua esposa, Witzel e a irmã de Azenha

Rep

rod

ução

Rodrigo Leste

A TEIA DA ARANHA

DOURADA

Além de Jane, estão no apartamento Alfredo, Gui, Geleia, Renato e Sabrina, que reluta em aceitar a proposta de Alfredo de “interpretar” a Tatá, irmã do senador Cheiroso que foi presa, acusada de corrup-ção ativa.

— ...Detesto a minha voz, Fredo. E sou travada, entende? Travadaça.

— Qual é, Sabrina? — diz Renato. — Já vi uma foto sua numa peça, acho que é Li-berdade, Liberdade, não era isso?

— Eu era criança, Renato, não sabia o que estava fazendo... E a Jane? Ela podia fazer a cena.

— Tá forçando amizade, Sabrina — fala Alfredo. — Você sabe, a Jane é morena demais pro papel.

Jane ri, apontando a pele do braço. Sa-brina faz caretas involuntárias, mostra que não está gostando nem um pouco da ideia.

— Tá. OK. Mas e a Tayná? Ela é branca igual a um fantasma, Fredo — diz Sabrina. — Por que não chama ela?

— Tayná?! Tá de sacanagem, Sabrina — diz Alfredo, rindo. — Ela é a maior mosca morta, aí é que não sai nada mesmo. Sem chance.

— Ninguém é ator de verdade nesse filme, Sabrina — insiste Renato. — Tudo é na base do faz de conta, é tudo fake mesmo, Fake Film, como disse o Gui.

— Fake Film! Um a zero pra mim — Gui ri e ergue o dedo indicador.

— Aqui, Sabrina, do jeito que eu vejo a cena você não vai ter que falar muito — ex-plica Alfredo. — É mais a situação da Tatá apavorada no presídio, cagando de medo das outras presas, deprimida e tal. E não foi você que falou que temos que pôr mulheres no filme?

— Engraçadinho! E como é que você vai conseguir filmar num presídio? — pergunta Sabrina.

— Tô pensando em fazer num ambiente neutro, aqui mesmo, um plano fechado mos-trando mais a figura da “coxinha” sentada na cama tremendo, talvez rezando. Podemos usar efeitos de edição pra criar o ambiente. Pôr a sombra da grade da cela projetada na cama, no seu corpo, um troço assim, né, Gui?

— De boa, Fredo, dá pra fazer — res-ponde Gui.

— Legal, Fredo, bela sacada — diz Ge-leia, brincando de enquadrar Sabrina na tela do iPad.

— Vira isso pra lá, Geleia, porra, num enche o saco! — reclama Sabrina.

— O forte da tomada vai ser o áudio — prossegue Alfredo. — Podemos produzir sons que remetam ao ambiente do presídio: cachorros latindo, barulho de sirene, máqui-nas diversas, lavanderia, muita falação ao longe, alguém varrendo o pátio. Aí a gente grava vozes das presas gritando: “Tatá, sua burguesinha de merda, tá gostando do ‘ho-tel’?” — Vamos montar o som de mulheres rindo, xingando a prisioneira recém chega-da, um troço assim.

— Porreta! — comemora Renato. — Va-mos escrever essa cena. Se quiser, Fredo, faço um rascunho agora mesmo e você dá uma finalizada. Temos que ir resolvendo tudo, devo viajar na semana que vem, tá pintando um trampo em Curitiba pra mim.

Sabrina recorre a um antigo cacoete, começa a tatear as pontas do cabelo, mas já não diz que não.

Fim do Episódio 11

No episódio 10, o senador Cheiroso e um eminente ministro comemoram o êxito do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Episódio 11

também em vídeo, durante a transmissão pelo Facebook.

“Não podemos dizer nada. Foi uma condição do candida-to. ‘Eu falo para você, Men-delski’. Foi o que ele disse”, falou o âncora ao vivo depois que o jornalista havia saído. O apresentador também falou que havia pedido desculpa aos demais participantes antes da entrevista. Nos bastidores, o clima é de constrangimento e apoio a Juremir.

“A regra do jogo é que quem está ali, pergunta, opina, foi isso que sempre aconteceu. Não envolve a rádio, nem o jornal, nem a empresa. Me senti numa situação desagradável de não poder perguntar. É o segundo turno de uma eleição, ele é o candidato favorito nas pesqui-sas. Tem perguntas para fazer, por que não pode fazer? A ex-plicação foi ‘porque o candidato não quis’, me sinto censurado por ele. É um candidato que tem dificuldade de enfrentar o contraditório, de enfrentar perguntas que não possam ser do agrado dele”, falou Juremir, que continua trabalhando na empresa, onde mantém uma co-luna diária no jornal “Correio do Povo” e participa de outros programas na Rádio Guaíba, como o “Esfera Pública”.

A Rádio Guaíba pertence à Rede Record, do bispo Edir Macedo, apoiador de Bolso-naro. No dia 13 de outubro, o site de notícias Intercept Brasil publicou o relato de um funcionário do portal R7, também de propriedade de Edir Macedo, que denuncia censura e direcionamento na cobertura das eleições para publicar apenas notícias que favoreçam o candidato do PSL.

Ilustração: Eri Gomes

REDE formaliza apoio à candidatura de Ibaneis Rocha no Distrito Federal

A Rede, que integrou a aliança de reeleição do governador do Distrito Federal (DF) Rodrigo Rol-lemberg (PSB) no primei-ro turno, decidiu se posi-cionar favoravelmente à candidatura de Ibaneis Rocha (MDB) ao Palácio do Buriti.

A sigla de Marina Sil-va no DF passava por embates internos sobre o caminho a seguir após escancararem diferenças com a campanha de Rol-lemberg. Em nota pública assinada pela maioria do Elo (diretório partidário), os militantes reforçam as mágoas alimentadas durante o primeiro tur-no das eleições distritais e reiteram a decisão de seguir com o projeto eme-debista de conquistar o governo local.

“Vimos, na campanha à reeleição de Rodrigo Rollemberg, uma prá-tica política predatória, sustentada em ataques pessoais aos adversários, pouca ênfase na apre-sentação de propostas, uso do poder econômico em desfavor dos nossos

candidatos e ingratidão com quem o apoiou quando tinha a maior rejeição, e deslealdade com quem teve coragem em defendê-lo no momento em que ninguém o defendia”, pontua o texto, divulgado nesta quarta--feira (24).

Novos números para a disputa pelo governo do Distrito Federal foram di-vulgados nesta terça-feira (23), pelo Ibope. O instituto de pesquisas aponta que, a cinco dias da votação, o candidato do MDB, Ibaneis Rocha, continua isolado na liderança, com 75% dos votos válidos, enquanto o atual governador, Rodri-go Rollemberg(PSB), tem 25%. Os números são os

mesmos do levantamento anterior, publicado no dia 17 de outubro. A margem de erro é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Em votos totais, Iba-neis aparece com 66% e Rollemberg, com 22%. Os que responderam que pre-tendem votar em branco ou nulo são 9%, enquanto os indecisos somam 3%.

O instituto de pesqui-sas também mediu o ín-dice de rejeição aos candi-datos ao, perguntando aos eleitores em quem eles não votariam de jeito nenhum. Ibaneis Rocha é rejeitado por 16% dos eleitores, nú-mero que é de 59% para Rodrigo Rollemberg.

Bloqueios nas contas de Richa será de R$ 27 mi

Jornalista se demitiu durante a transmissão ao vivo

Nesta quarta (24), o juiz Eduardo Lourenço Bana determinou o blo-queio de R$ 27 milhões do ex-governador do Pa-raná Beto Richa (PSDB) pela Operação Quadro Negro, que apurou des-vios de recursos para obras de escolas públicas do Paraná.

O juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curi-tiba também determinou o bloqueio de R$ 263 milhões de outros alvos, sendo o deputado federal e ex-chefe da Casa Civil de Richa, Valdir Rossini (PSDB), o deputado esta-dual Paulo Miro (DEM) e mais 10 colaboradores, investigados nas ações de improbidade admi-nistrativa.

A decisão do juiz aco-lhe ação civil pública do Ministério Público Paranaense, que apon-ta supostos desvios em oito aditivos do Estado, autorizados pela admi-nistração pública com a empreiteira Valor em

Justiça do Paraná determina bloqueio de R$ 263 milhões de membros da quadrilha de Beto Richa

dezembro de 2014. Todos, segundo a promotoria, fru-to de fraudes à licitação, somam R$ 4,9 milhões.

A Operação Quadro Negro já contou com a delação premiada, já ho-mologada do dono da em-preiteira Valor, Eduardo Lopes de Souza, que havia confessado o pagamento de R$ 12 milhões à campa-nha de Beto Richa ao go-verno do Estado em 2014, advindos de desvios em obras nas escolas públicas do Paraná.

As investigações tam-bém apontaram que Maurício Fanini, ex-di-retor da Secretaria de Es-tado da Educação (Seed), protagonista dos desvios de recursos, seguia or-dens do ex-governador, que seria o principal be-neficiário do esquema fraudulento.

Os procuradores do processo dizem que mais de 20 mil alunos foram prejudicados com a au-sência das escolas que deveriam ser concluídas.

da vítima. Já por ferir o pri-mo da vítima, Germino do Amor Divino Pereira, de 51 anos, que tentou defender o capoeirista das agressões, o barbeiro é acusado de tenta-tiva de homicídio duplamente qualificado.

O caso está na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Salvador. O magistrado determinou a citação do réu para apresen-tar a sua defesa. Somente após a instrução com oitiva de todas as testemunhas – tanto de acusação quanto de defesa – e interrogatório do

réu, será definido se ele vai ou não a júri popular.

Moa do Katendê foi as-sassinado com 12 facadas no último dia 8 de outubro, após ter declarado voto no candidato do PT a presidente, Fernando Haddad. Desde que morreu, Moa do Katendê foi home-nageado por diversos grupos culturais e artistas brasileiros e internacionais. Nomes como Gilberto Gil, Caetano e Roger Waters prestaram tributo ao capoeirista. Nesta terça-feira, o capoeirista ganhou um docu-mentário.

Page 5: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

5GERAL26 A 30 DE OUTUBRO DE 2018 HP

“Não há boa governança sem coerência constitucional, e tampouco pode haver

Estado Democrático de Direito sem Estado Social com liberdades públicas”, diz a nota

Presidente do PROS seentrega, mas não ficará preso

Empresários do setor de supermercados pedem “respeito à democracia e desenvolvimento social”

Idosos com restrições no CPF chegam a 18,3% em setembro Em nota, CNBB, OAB, jornalistas e

magistrados defendem democracia

Justiça do Trabalho concede liminar contra empresa por assédio eleitoral

Músico, que sempre apoiou o partido, diz que houve ruptura na comunicação entre o PT e o povo

CNBB pede observãncia ao Estado de direito e respeito à Constituição

Mano Brown critica PT em comício de Haddad no Rio

A Associação Brasi-leira de Supermercados (Abras), que representa empresários do setor de supermercado, emi-tiu uma nota sobre as eleições em que pede "respeito à democracia e às diferenças e políticas voltadas para o desenvol-vimento social".

A nota defende ainda que o próximo governo busque soluções para o desemprego que, segun-

Em comício pró-Had-dad realizado na segunda-feira (23) no Rio, Mano Brown fez discurso cri-ticando a postura do PT. Para o rapper, que sempre apoiou e esteve ligado às candidaturas petistas, houve uma ruptura na co-municação entre o partido e o povo e “quem errou vai ter que pagar mesmo”.

A fala de Mano Brown, que ficou especialmente conhecido pelo seu tra-balho no conjunto de rap Racionais MC’s, destoou das demais feitas pelos apoiadores de Haddad. “Eu não gosto do clima de festa, acho que a cegueira que atinge lá atinge aqui também. Não temos mo-tivos para comemorar”, disse ao começar sua in-tervenção.

Fazendo alusão aos eleitores de Bolsonaro, disse que não consegue “acreditar que pessoas que me tratavam com tanto carinho, que me respe i tavam, que me amavam, (...) se trans-formaram em monstros. Eu não posso acreditar nisso. Essas pessoas não são tão más assim”.

“Se em algum momen-to a comunicação do pes-soal daqui [do PT] falhou, vai pagar o preço. Porque a comunicação é a alma, se não ta conseguindo fa-lar a língua do povo, vai perder mesmo. Falar bem do PT pra torcida do PT é

fácil; tem uma multidão que não está aqui que precisa ser conquistada, ou a gente vai cair no precipício”, continuou. “Se falhou, vai pagar. Quem errou vai ter que pagar mesmo, certo?”.

“O que mata a gente é a cegueira e o fanatis-mo, deixou de entender o povão, já era. Se nós somos o Partido dos Tra-balhadores, partido do povo, tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta pra base e vai procurar saber”, concluiu Mano Brown, vaiado pelos petistas da plateia.

Assim que a fala do rapper se encerrou, Ca-etano Veloso pegou o micro fone para uma intervenção de apoio. “Eu acho que a fala do Mano Brown é muito importante porque traz a complexidade do nosso momento.”

“O Brasi l tem sido bombardeado há décadas por uma imbecilização planejada (...) para acos-tumar a mente brasileira à idéia de que o cafajeste é o que nos representa”, afirmou. “Precisamos encontrar meios de dizer àqueles que se deixaram hipnotizar por essa onda, por isso estou aqui, (...) porque eu me oponho à cafajestização do homem brasileiro”, completou.

Mais tarde, Chico Bu-arque aproveitou o mi-crofone para falar que entende o sentimento de Mano Brown e que acre-dita na virada de Haddad sobre Bolsonaro frente ao crescimento da violência no Brasil.

Na quarta-feira (24), em entrevista ao G1, Ha-ddad disse que concorda com a análise de Mano Brown de que há uma ruptura na comunicação do PT com o povo.

O Conselho Federal da Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB), em con-

junto com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Asso-ciação Nacional dos Pro-curadores do Trabalho (ANPT), a Associação Na-cional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Ana-matra), o Sindicato Nacio-nal dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), a Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (Abrat) e a Federação Na-cional dos Jornalistas (Fe-naj), assinaram nota em que defendem a democra-cia e repudiam qualquer tipo de ataque aos direitos humanos e sociais.

A nota, publicada na última sexta-feira, (19/10), afirma “que não há desen-volvimento sem justiça e paz social, como não há boa governança sem coerência constitucional, e tampouco pode haver Estado Democrático de Direito sem Estado Social com liberdades públicas”.

Segundo as entida-des, que afirmam não ter nenhuma preferência a quaisquer cores partidá-rias ou correntes ideológi-cas, os episódios que vêem ocorrendo nos últimos dias, nas ruas e nas redes sociais, “de agressões ver-bais e físicas – algumas fatais – em detrimento de indivíduos, minorias e grupos sociais”, durante o processo eleitoral, revelam “crescente desprestígio dos valores humanistas e democráticos que inspiram nossa Constituição cidadã, fiadores da convivência civilizada e do exercício da cidadania”.

Os segmentos afirmam repudiar a toda manifes-tação de ódio, violência, intolerância, preconceito e desprezo aos direitos humanos, atribuídas sob qualquer pretexto con-tra indivíduos ou grupos sociais, bem como a toda e qualquer incitação polí-tica, proposta legislativa ou de governo que venha a tolerá-las ou incentivá-las. E reiteram “neces-sidade de preservação de um ambiente sociopolítico genuinamente ético, de-mocrático, de diálogo, com liberdade de imprensa, livre de constrangimentos e de autoritarismos, da corrupção endêmica, do

fisiologismo político, do aparelhamento das insti-tuições e da divulgação de falsas notícias como veí-culo de manipulação elei-toral, para que se garanta o livre debate de ideias e de concepções políticas divergentes, sempre lastre-ado em premissas fáticas verdadeiras”, destaca o documento.

O texto diz ainda que seus signatários exortam “todas as pessoas e insti-tuições a que reafirmem, de modo explícito, con-tundente e inequívoco, o seu compromisso infle-xível com a Constituição Federal de 1988, no seu texto vigente, recusando alternativas de ruptura e discursos de superação do atual espírito”.

As entidades também manifestaram a “defesa irrestrita e incondicional dos direitos fundamentais sociais, inclusive os traba-lhistas”, e o importante papel da Magistratura do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, da Auditoria Fiscal do Tra-balho e da advocacia tra-balhista, na preservação destes direito.

Na quarta-feira (24), o Conselho Episcopal Pasto-ral (Consep) da Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) voltou a defender que a demo-cracia seja respeitada e valores como justiça e paz social sejam preserva-dos. “Exortamos a que se deponham armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira”, disse o comu-nicado do CNBB.

Em reunião desde ter-ça-feira, na sede da CNBB, os bispos destacaram ain-da que cabe ao eleitor decidir em quem votar e aos líderes religiosos seguir o que prega o Evan-gelho. “Cabe à população julgar, na liberdade de sua consciência, o projeto que melhor responda aos princípios do bem comum, da dignidade da pessoa humana, do combate à sonegação e à corrupção, do respeito às instituições do Estado democrático de direito e da observância da Constituição Federal”, diz a nota.

do o texto, "afeta dire-tamente o consumo do setor".

O documento, assi-nado pelo presidente da entidade, João Sanzovo Neto, lista ainda questões como a redução dos juros bancários e a simplifica-ção tributária.

Outra representante do setor de comércio e serviços, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad)

também se posicionou: " Independentemente de quem seja eleito, no dia seguinte à votação ainda teremos nossas empresas para tocar e compromissos a honrar; e para isso é preciso que o país funcione dentro da normalidade, que as ins-tituições cumpram seus papéis, que as portas do diálogo estejam abertas", defendeu o presidente da Abad, Emerson Destro.

Com reajuste das aposentadorias abaixo da inflação, os aposentados têm enfrentado dificuldades para pagar suas contas. Segundo sondagem do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC) o mês de setembro fechou com 18,3 milhões de pessoas entre os 50 e os 84 anos que ficaram com restrições no CPF devido aos atrasos de contas.

Em 2018, as aposentadorias acima do salá-rio mínimo foram corrigidas em 2,07%, para uma inflação acumulada em 5,15% no percur-so de 12 meses, segundo o Índice de Preços ao Consumidor - terceira idade (IPC-3i), da FGV.

Neste cenário, Brás Ferreira, de 56 anos, tem que fazer uma ginástica para tentar pagar suas contas e manter seu nome limpo. “Faço tudo para não sair do orçamento e não ficar devendo nada. Mas preciso rebolar muito para que dê certo”, disse o aposentado em entrevista à folha de SP. Segundo Brás, os gastos com plano de saúde, remédios, energia e gás são os que mais pesaram neste ano.

Já o metalúrgico aposentado Antonio José dos Santos, de 67 anos, compromete toda a sua renda da aposentadoria com o aluguel, e para sobreviver tem que realizar bicos como pintor e consertos em geral. “Qualquer dinheiro que entra já ajuda. Vou tentar me virar assim antes de pegar um empréstimo, porque vai comprometer minha renda ainda mais e não vou ter como pagar”, disse Santos que vive com a mulher, que é funcionária pública, mas a soma da renda dos dois não permite pagar todas as contas.

Segundo o coordenador do IPC-3i, André Braz, os preços administrados por órgãos públicos, como água e luz, por exemplo, tem pesado no orçamento dos brasileiros e afeta es-pecialmente os aposentados. “Como os idosos acabam passando mais tempo em casa, ficam mais reféns disso. E esse é um gasto difícil de abrir mão, então há pouco espaço para substi-tuir por itens mais baratos, como acontece com a alimentação”, afirmou André Braz, também em matéria da folha de SP.

O presidente nacio-nal do PROS, Eurípe-des Júnior, entregou-se na terça-feira (23) à Polícia Federal para cumprir mandato de prisão temporária ex-pedido contra ele, alvo da Operação Partia-lis, desdobramento da Operação Asfixia, de junho de 2016.

A Operação Partialis investiga desvios de R$ 2 milhões na prefeitu-ra de Marabá (PA). O ex-prefeito da cidade, João Salame Neto, que também é do PROS é outro investigado da operação.

Mas o presidente do PROS não ficará preso devido à legislação elei-toral. A Lei Eleitoral prevê que “nenhuma autoridade poderá, desde cinco dias antes e até 48 horas depois do encerramento da eleição, prender ou de-ter qualquer eleitor”, a não ser em casos de flagrante, de senten-ças condenatórias por crimes inafiançáveis ou desrespeito a salvo-conduto.

Em Santa Catarina, à pedido do Ministério Pú-blico do Trabalho (MPT), a Justiça do Trabalho con-cedeu uma liminar con-tra a empresa Fibroplast para combater o assédio eleitoral em favor de Jair Bolsonaro (PSL) contra os trabalhadores.

O dono da empresa, Luiz Henrique Crestani, havia colado cartazes pelos corredores falando que, caso Bolsonaro ganhasse em primeiro turno, todos os funcionários teriam folga. Luiz gravou vídeos mostrando os cartazes.

Porém, isso é “ofensivo aos direitos fundamentais dos trabalhadores”, afir-mou o juiz do Trabalho que acatou o pedido do MPT, Ozeas de Castro.

Para Ozeas, “toda e

qualquer conduta prati-cada pelos integrantes do polo passivo que venha a coagir os empregados em votar em determinado can-didato ao pleito eleitoral, ou a participar de atividade ou manifestação política sob promessa de vantagem ou desvantagem ligadas ao contrato de trabalho”, deve ser acolhida pela Justiça do Trabalho como irregular.

Foi determinado, por fim, que Luiz Henrique deve divulgar a decisão judicial contrária à seus interesses e gravar um vídeo esclarecendo que não deverá mais adotar a conduta que tinha até agora. A multa cobrada será de R$ 20 mil para cada idem em caso de não cumprimento, além de processo criminal.

Bolsonaro diz que luta do negro, das mulheres e dos nordestinos contra a injustiça é “coitadismo”

Jair Bolsonaro afirmou na terça-feira, em entre-vista à TV Cidade Verde, do Piauí, que as políticas de combate aos preconcei-tos de todos os tipos “são um equívoco”. Para ele nada disso, política de co-tas e políticas afirmativas, deveria existir. “Você não tem que ter uma política para isso. Isso não pode continuar existindo, tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado do gay, coi-tada da mulher, coitado do nordestino”, argumentou.

Sobre a polít ica de cotas especificamente, u m a m e d i d a t o m a d a para compensar em par-

te os prejuízos causados aos negros pelos mais de trezentos anos de escravidão no Brasil, o candidato insistiu que é uma medida “totalmen-te equivocada”. O can-didato acha que não há relação entre este fato e as diferenças salariais, a dificuldade de acesso social do negro na so-ciedade brasileira, etc.

Para Jair Bolsonaro, política afirmativa “é coitadismo e reforça o preconceito”. “Precisa-mos acabar com isso”, destacou. “Não devemos ter classes especiais, por questão de cor de pele,

por região, seja lá o que for”, defendeu o presi-denciável do PSL.

No início da campanha ele já tinha defendido o fim das cotas raciais. “Eu sou contra a forma de cotas que está aí, que prejudi-ca o próprio negro. Você bota cota para negros, a princípio quais negros têm mais facilidade de passar em concurso, ou então ser admitido em vestibular? O negro filho de negro bem de vida”, disse.

Ele também disse que é contra a mulher receber salário igual ao homem por trabalho igual.

S.C.

Deputados do PSL liderados por Major Olímpio declaram apoio a Márcio França

O governador Már-cio França, candidato à reeleição para o go-verno de São Paulo pelo PSB, recebeu nes-ta quarta-feira (24) o apoio de um grupo de deputados eleitos pelo PSL, partido de Jair Bolsonaro.

Articulados pelo Major Olímpio, sena-dor eleito de São Paulo pelo PSL, três depu-tados federais e cinco estaduais assinaram um manifesto, que re-força a neutralidade do presidenciável da legenda nas eleições estaduais.

Os signatários são os deputados federais Coronel Tadeu, Abou Anni e Guiga Peixo-to, e estaduais Ma-jor Mecca, Delegado Bruno Lima, Rodri-go Gambale, Tenente Nascimento e Coro-nel Nishikawa. Eles destacaram os gestos de Márcio França em defesa dos policiais nos últimos meses.

O evento ocorreu em um hotel na zona sul da capital. Apesar de ser chamado pelo grupo de “nosso gran-de líder”, Major Olím-pio não compareceu ao ato por problemas de

agenda.No encontro, os

parlamentares eleitos entregaram a França um manifesto intitula-do “Por uma nova po-lítica em São Paulo”, em que defendem o voto em França como chance de se obter uma “alternância de-mocrática de poder” no estado.

Lido pelo Coronel Tadeu, o documento do PSL aponta para o fim da polarização entre PT e PSDB e cita os 24 anos inin-terruptos de governos tucanos em São Paulo “que desvalorizaram a polícia, o servidor público e praticaram acordos e sugestões de forma condenável”.

“Não precisa só ser só gestor, precisa ser político e conversar com os 646 prefeitos do Esta-do”, afirmou o deputado estadual eleito Rodrigo Gambale, criticando bordão de Doria. “Aqui não tem traidor, aqui tem palavra e compro-misso”, disse.

O PSL elegeu 15 deputados na Assem-bleia Legislativa de São Paulo e se tor-nou a maior bancada, maior até que o PSDB.

A Operação Partialis desvendou um esque-ma de contratos ilícitos na compra de gases me-dicinais pela prefeitura de Marabá, no interior do Pará. Uma parte dos R$ 2 milhões desviados foi utilizada na compra de uma aeronave pelo ex-prefeito. O dinheiro teria sido lavado por meio da venda de um avião ao PROS.

Segundo nota do PROS, a decretação de prisão de Eurípedes é “excessiva e desneces-sária”. O partido alega que “o próprio Minis-tério Público Federal ao ser ouvido sobre o pedido de prisão, ma-nifestou-se contrário à decretação por en-tender que não havia elementos suficientes para tanto”.

“O único fato que liga o presidente à re-ferida investigação, é a aquisição de uma ae-ronave feita pelo parti-do, aquisição essa feita dentro da legalidade e devidamente informa-da à justiça eleitoral”, diz a nota do PROS.

Page 6: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

INTERNACIONAL 26 A 30 DE OUTUBRO DE 2018HP6

Monge Macarius sob o tacão israelense

Argentinos fazem ato contra cortes orçamentários que causam fome e exclusão

Diretor do portal Middle East Monitor denuncia Salman, o “príncipe carniceiro”

Policiais israelenses prendem padre diante da Igreja do Santo Sepulcro

“Porque as 15 pessoas chegaram a Istambul no dia do crime?” questionou Erdogan

O gesto que se tornou símbolo da luta contra o racismo nos Estados Unidos

Corredores Carlos e Smith erguem o punho nas Olimpíadas do México

O presidente turco, Tayyip Erdogan, destacou que assassinato do jornalista saudita foi também “um crime político”. Já Trump o considerou além de “total fiasco”, muito “mal acobertado”

Ditadura saudita trucidou Khashoggi de forma “selvagem e premeditada”

Mem

o

Após os EUA desestabilizarem Honduras, Trump quer deter marcha de migrantes

Após os Estados Unidos de-sestabilizarem Honduras com a imposição de governos di-tatoriais, submissos aos seus ditames, o presidente Donald Trump tenta deter a marcha de mais de 7 mil imigrantes que marcham movidos pelo desespero, denunciou Oscar Chacón, diretor executivo da Aliança Américas.

Dirigente da rede de organi-zações de imigrantes latino-a-mericanos e caribenhos que vi-vem nos EUA, Chacón acredita que o que está se passando “é o resultado final de uma série de erros tomados pelo governo es-tadunidense, não apenas o apoio a uma eleição ilegítima em no-vembro passado, mas também, lembre-se, a um golpe em 2009 contra o presidente Manuel Zelaya. Um golpe que foi jus-tificado e apoiado pelo governo dos EUA”. “Então, de muitas formas, o que estamos vendo é a conseqüência lógica de todos esses equívocos que a política externa dos EUA tem tomado na região por muitos, muitos e muitos anos”, assinalou.

Em entrevista ao Democra-

cy Now, Chacón contestou a de-claração de Trump de que iria “cortar a ajuda” a Honduras, Guatemala e El Salvador, caso seus governos não detivessem o avanço da imigração, que cresce com a pauperização. “Em primeiro lugar, acho que é importante entender que a ajuda externa dos EUA não é o que a maioria dos americanos gosta de pensar que é. Muitas vezes é como um bumerangue, você coloca dinheiro nominal-mente no exterior, que é usado essencialmente para comprar mercadorias ou serviços dos próprios EUA”, esclareceu. E frisou: “no caso da América Central, especificamente, nos últimos quatro ou cinco anos, que mostram um aumento do montante nominal da ajuda externa dos EUA, foi princi-palmente destinado à defesa e à segurança”.

Imigrante hondurenha e dirigente do Centro Presente em Boston, Patricia Mon-tes reforçou a denúncia “do papel dos EUA na crise que Honduras vem enfrentando há muito tempo”. “Há dois

momentos particulares na história nos últimos 10 anos: o golpe de Estado contra Ze-laya e, claro, a recente reelei-ção inconstitucional de Juan Orlando Hernández, que aumentaram a instabilidade política e econômica do país”, sublinhou.

De acordo com Patricia Montes, “o que estamos vendo agora é o resultado desta polí-tica”. “As pessoas estão saindo porque não têm alternativas. Não se trata de procurar melhores oportunidades; é sobre buscar sobreviver. E Honduras tem um problema endêmico de corrupção e impunidade. O povo hondu-renho não confia nessas ins-tituições públicas. Precisamos ver mudanças fundamentais”, acrescentou.

Sobre as ameaças de corte da suposta “ajuda”, ela tam-bém contesta: “a maior parte da ajuda que vai a Honduras é para militarizar o país, milita-rizar nossa sociedade, armar a repressão contra a população. E essa não é a resposta. Essa não é a solução”.

Time-Life

Há 50 anos, no dia 16 de outubro de 1968, o gesto de dois atletas negros norte-ame-ricanos repercutia no mundo inteiro como protesto contra a discriminação nos Estados Unidos.

Naquele dia, os corredores John Carlos (ouro) e Tommie Smith (bronze), após recebe-rem suas medalhas nos 200 metros, nas Olimpíadas do México, inclinaram a cabeça e ergueram, cada um, uma mão vestida com uma luva preta e com essa mão cerrada em punho ouviram o hino dos EUA com todo o estádio em um silêncio.

Naquele ano, poucos me-ses antes, o maior líder da luta pelos direitos civis nos EUA, Martin Luther King foi assinado.

As manifestações contra a guerra do Vietnã espocavam nas universidades de costa a costa do país. O campeão mundial dos pesos pesados, Muhammad Ali (Cassius Clay), tivera seu título con-fiscado por se negar a atender ao alistamento para servir à agressão norte-americana no Vietnã.

O gesto de Carlos e Smith era o mesmo dos militantes do recém-criado Partido dos Pan-teras Negras que massificava

a luta pelos direitos civis agre-gando-a ao repúdio às degradas condições de vida nos bairros populares de maioria negra.

Para simbolizar o protesto contra “a pobreza a que os ne-gros são relegados na sociedade racista norte-americana”, os dois atletas subiram ao pódio apenas de meias. Carlos usava também um lenço negro em tor-no do pescoço para simbolizar o “orgulho negro”.

Harry Edwards, autor do livro The Revolt of the Black Athlete (A revolta do atleta negro) era à época o organiza-dor do Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos. Dentro da concepção dele, tratava-se de mostrar a preocupação por suas comunidades e o compromisso mais amplo com o movimento pelos direitos civis.

Entre as reivindicações da organização de Edwards es-tavam a devolução do título a Muhammad Ali e o banimento dos regimes de apartheid vi-gentes então: África do Sul e Rodésia (hoje Zimbábwe).

Eles foram criticados pela atitude diante do hino e da bandeira norte-americana mas Carlos respondeu que “quando eu ganho uma medalha, sou americano, não um negro ame-ricano. Mas se fizesse qualquer coisa errada já seria qualificado

como ‘Negro’. O fato é que nós somos negros e somos orgulhosos de sermos negros. A América Negra vai entender o que nós fizemos hoje”.

Como resultado do gesto, Smith e Carlos foram sus-pensos da condição de atletas do país pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos devido ao que eles consideraram “aberta desconsideração aos princí-pios olímpicos” e, dirigindo-se ao Comitê Organizacional do México, o Comitê pediu “desculpas pela descortesia e comportamento imaturo” dos atletas.

Carlos conta que “durante alguns instantes o silêncio foi tão grande “que se podia ouvir uma gia urinando sobre algodão. Me senti no olho de um furacão”.

“Logo começaram as vaias. Depois vieram os xingamen-tos: Vá pra África, Negro!”, conta o corredor.

Nos anos que se seguiram ao protesto, trabalhou como segurança em um bar noturno e também como zelador.

Com o tempo, a perseguição foi passando e, ele foi gradual-mente convidado de volta para trabalhar com o atletismo. Hoje, há uma estátua deles na Universidade do Estado de San Jose, onde estudaram.

Os movimentos sociais se manifestaram orga-nizando panelas populares e um 'lanchazo', na frente do Congresso Nacional, em Buenos Aires, para rechaçar o Orçamento 2019 impulsionado pelo governo que começou a ser votado na quar-ta-feira, 24, e também para denunciar o aumento da fome durante a gestão de Mauricio Macri.

Sob a consigna "Não ao Orçamento. Basta de fome e exclusão", participaram do protesto realizado na terça-feira, 23, o Movimento Evita, a Confederação de Trabalhadores e a Economia Popular (CTEP), a Corrente Classista Combati-va, a Frente Popular Darío Santillán, a Frente de Organizações e Luta (FOL), entre outras organizações.

No centro da capital argentina, às 13.30 ho-ras, os lanches preparados nas panelas populares começaram a ser distribuídos, atingindo uma multidão.

A atividade fez a divulgação e promoção de um projeto de lei de Emergência Alimentar, diante da crítica situação que sofrem os setores sociais mais carentes. A proposta concreta que está sendo apresentada por um grupo de par-lamentares, consiste em duplicar os alimentos que são fornecidos aos setores mais pobres, além de construir um registro oficial de comedores populares, hoje inexistente.

"Votar esse orçamento é garantir a fome e a desgraça dos 40 milhões de argentinos e argenti-nas para 2019. O povo não terá como chegar até o fim de cada mês. Trata-se de evitar que mais trabalhadores deixem de sofrer por não ter suas necessidades básicas resolvidas, os responsáveis vão ser os que aprovarem este orçamento", disse o deputado Leonardo Grosso, no Movimento Evita. A deputada Lucila De Ponti frisou que "a prioridade do país não pode ser cortar os gastos de todos lados para manter a ganância dos mais poderosos. Fome não!"

A polícia israelense prendeu, em Jerusa-lém, no dia 24, o monge Macarius Orshalemy da Igreja Ortodoxa Copta. A forma como o monge foi detido (com a foto acima em que podemos vê-lo estendido ao chão) é esclarecedor do desca-so para com as religiões históricas da região.

Tudo começou quan-do os padres coptas resolveram fazer ma-nutenção em seu setor da Igreja do Santo Se-pulcro, que é dividida em cinco partes, uma sob guarda dos coptas, outra a cargo da Igreja Católica Apostólica Ro-mana, a terceira fica com a Igreja Ortodoxa Grega, a quarta com a Igreja Armênia e a quinta com os religiosos da Igreja Ortodoxa Etíope.

Na região onde foi erguida a Igreja do Santo Sepulcro, teria acon-tecido a morte na cruz de Jesus, seu enterro e ressurreição.

A Autoridade de An-tiguidades (do governo israelense que ocupa a Jerusalém Oriental desde 1967) resolveu – passando por cima da direção religiosa que administra a Igreja – que os concertos teriam de ser feitos por um grupo de trabalhadores isra-elenses.

Os padres coptas se juntaram para impedir

a entrada dos israelenses na Igreja e a polícia foi convocada para disper-sar os padres.

Um dos padres que se recusou a acatar as ordens dos policiais is-raelenses acabou preso. Prender um guardião do templo do Santo Sepul-cro diante da região onde Jesus foi morto é bem simbólico da arrogância da dominação israelense sobre os territórios pa-lestinos.

As tensões entre a Igreja e o regime isralen-se já vinham crescendo, particularmente depois que a prefeitura de Je-rusalém decidiu que vai taxar as propriedades da Igreja na Jerusalém ocupada. Netaniahu defendeu a opressiva medida dizendo que as autoridades israelenses “protegem os interesses cristãos”.

O líder palestino, Saeb Erekat, condenou o comportamento da polícia e declarou que ele mostra o quanto o premiê de Israel mente ao dizer que protege os cristãos.

“Condenamos nos mais veementes termos a agressão covarde e brutal cometida pelas forças de ocupação contra os padres coptas e a vemos como uma agressão à Pa-lestina e ao Egito (uma vez que a Igreja Copta tem o centro religioso

França chama Israel a deter o plano de destruir aldeia beduína

O Ministério do Ex-terior da França con-clamou o governo is-raelense a “abandona-rem permanentemente os planos de demolir a aldeia de Khan al-Ahmar e a removerem a incerteza que ronda o destino da aldeia” no momento em que a ocupação isralense adianta as medidas de expropriação descon-siderando grande in-dignação internacional.

O governo da França acrescenta que a al-deia está localizada em “uma área que é chave para a continuidade territorial do Estado Palestino e portanto da

viabilização da solução dos dois Estados”.

“A França, em cola-boração com parceiros europeus tem chamado repetidamente às au-toridades israelenses a não levarem adiante a destruição de Khan al-Ahmar com a força-da evacuação de seus habitantes”.

O governo isralense oferece duas opções aos beduínos se eles concor-darem em sair por bem: um terreno próximo a um lixão que serve ao despejo dos dejetos de Je-rusalém ou outro que fica próximo a um local onde deságuam os efluentes de um esgoto da cidade.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, se choca com as declara-ções oficiais sauditas

ao destacar que “o crime selva-gem” foi “planejado”. “Houve um plano que começou a ser gerado em 28 de setembro, na primeira visita de Khashoggi ao consulado”.

Erdogan prosseguiu afir-mando que a Arábia Saudita informou sobre a detenção de 18 participantes do assassina-to. “Porque essas 15 pessoas, chegaram a Istambul no dia do crime? De quem essas pessoas receberam ordens para vir? Porque não deixaram investi-gar imediatamente no consu-lado, mas só dias depois? Por que não aparece o cadáver de alguém que reconhecidamente foi assassinado?”, questionou.

“As provas indicam que Khashoggi foi assassinado de maneira selvagem e que se tentou acobertar o crime. As provas indicam, sem lugar a dúvida, que o crime foi planeja-do”, reiterou o presidente turco.

Erdogan, deu tais declara-ções sobre conclusões da polícia turca, ao parlamento de seu país, no dia 23, conforme pro-metera já no domingo.

No entanto, houve uma decepção aos que aguardavam elementos mais concretos so-bre as investigações acerca do crime que tem desmascarado o regime saudita e deixado a nu a realidade da realeza saudita e do príncipe Bin Salman, atual-mente no comando da ditadura saudita e acerca do qual a mídia predominante vinha conside-rando um “reformador”.

Erdogan, apesar de ter dito que revelaria “tudo em deta-lhes” a respeito do assassinato, limitou-se a afirmações deter-minadas porém que continuam genéricas. Na declaração do presidente turco, como vere-mos a seguir, faltaram tanto os detalhes como a apresentação dos vastamente citados áudios e vídeos que estariam em poder da polícia da Turquia.

“Temos a certeza de que Khashoggi foi assassinado no consulado saudita”, limitou-se a dizer Erdogan. Fato que já havia sido admitido pelo próprio governo saudita – em uma mudança com relação a assertivas iniciais nas quais ne-gava insistentemente qualquer participação.

O presidente turco exigiu saber onde está o corpo do jornalista, ao mesmo tempo que pediu uma “comissão de investigação independente” sobre o caso.

“Faço um apelo à Arábia Sau-dita, ao rei Salman, custódio das duas mesquitas. O lugar onde se cometeu o crime é Istambul. Pe-ço-lhe que envie esses 18 detidos para que sejam julgados aqui”, conclamou Erdogan.

Em mais um desdobramen-to ainda não comprovado, o dirigente do Partido Patriótico da Turquia (Vatan), Dogu Perincek, afirma que partes do corpo do jornalista saudita, Jamal Khashoggi, desapare-cido desde o dia 2 de outubro, foram localizados em um poço nos jardins da residência do cônsul saudita.

Khashoggi desapareceu depois de ser visto pela última vez ao entrar no consultado da Arábia Saudita, no dia 2, por

volta das 13h30minh.Segundo o diário turco Ay-

dinlik, o lugar onde os pedaços do corpo foram localizados está na casa do até há pouco cônsul-geral Mohammad al-Otaibi, também a poucos metros do consulado geral do país.

A rede Sky News também divulgou há pouco a informação da localização de partes do corpo, citando “fontes anônimas” de que também teriam dito que Khashoggi foi “cortado em pe-daços”. Segundo a Sky, a cabeça decapitada foi encontrada com o rosto desfigurado. Essas partes do corpo estariam dentro de um poço na casa do cônsul. Mas nenhuma dessas fontes da infor-mação apresentou fotos, vídeos ou quaisquer elementos probató-rios do fim de Khashoggi.

Khashoggi, articulista do jornal norte-americano, Wa-shington Post, teve seu desa-parecimento primeiramente denunciado por sua noiva, que teria aguardado 11 horas, sem que ele surgisse de dentro do prédio do consulado, para então denunciar o fato à polícia turca.

Já o presidente Trump tem usado sua verve para falar do as-sunto sem dizer nada de conclu-sivo. Dia 24 disse que a morte de Khashoggi foi “um fiasco total desde o primeiro dia” e que foi “mal negócio, nunca deveria ter sido pensado. Alguém realmen-te fez essa confusão toda. E têm feito o pior encobrimento que se tem conhecimento”.

Ou seja, da palavras de Trump se pode depreender que o problema com a morte do jornalista saudita estaria na incapacidade de “encobrir” os vestígios do crime.

Diante de manifestações populares e exigências de de-putados democratas e republi-canos para que dê declarações mais claras sobre o assunto macabro, colocou o secretário de Estado, Mike Pompeo, para dizer que 21 sauditas devem perder seus vistos de entrada nos Estados Unidos. Como o leitor há de convir uma pena muito branda para o tamanho do crime e do escândalo em torno da barbárie já revelada acerca das operações da dita-dura saudita. Por muito menos os tomahawk voaram contra a Síria, a Líbia e o Iraque.

O que Trump não esconde é que a venda de armas vale a aceitação de qualquer des-culpa saudita para a morte do jornalista. Depois de muita pressão acabou, no entanto, verbalizando um pouco mais de desconfianças em relação ao ditador Salman. Em entrevista ao Washington Post acabou de-clarando que “bem o príncipe é quem toca as coisas por lá, mais ainda no atual estágio. Portanto, se alguém fosse [o reponsável] seria ele.” Logo a seguir, Trump pondera: “Eu quero acreditar nas versões” do príncipe, “realmente quero acreditar nelas”.

Será que o ditador deve botar as barbas reais de molho?

Por enquanto, além do dito acima, foi anunciada a ida da atual chefe da CIA, Gina Haspel, que antes deste ilustre posto, participou de sessões de tortura em detenção a serviço da CIA na Tailândia. O que ela estaria encarregada de extrair?

NATHANIEL BRAIA

Daud Abdullah, diretor do portal, Middle East Monitor, um dos últimos locais onde Khashoggi deu uma palestra, - como pode ser visto na foto desta página - esteve no Bra-sil para um debate na USP e nos concedeu uma entrevista que logo estará disponível em nosso portal.

Estas são algumas de suas declarações sobre o caso Khashoggi e a ditadura saudita:

“Não é aprimeira vez que os sauditas atuam con-tra a liberdade individual. Não é a primeira vez que praticam seqüestros ou são responsabilizados por assassinatos de dissidentes.

“O que este caso tem de caráter específico é que foi atingido um jornalista do Washington Post e muita perguntas ficaram no ar e

terão que ser esclarecidas. “Porque tantas pessoas

chegaram naquele dia a Is-tambul. Porque entre eles havia um especilista em au-tópsias e trazendo uma serra?

“E o mais questionador de tudo isso é que esse cri-me acontece sob o regime deste bin Salman a quem apresentavam como uma boa nova para a Arábia Saudita, apresentavam como um reformador... Um carniceiro.

“Quanto a Trump, as relações de proximidade e os negócios falam mais alto e ele tem tangenciado quando lhe perguntam so-bre a autoria do crime, tem se esquivado de responder com penalidades ao regime saudita, como tem costu-meiramente agido contra outros regimes na região.”

Page 7: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

INTERNACIONAL26 A 30 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Putin: EUA deflagrará corrida às armas nucleares se deixar Tratado

ANTONIO PIMENTA

O presidente Putin recebeu em Moscou John Bolton, conselheiro de Trump

Mike Africa (à direita) com seu filho Mike Africa Jr. quando deixa a prisão

Máfia de Bruxelas manda Itália refazerorçamento para manter arrocho da Troika

7

Com Trump, ‘relógio do Apocalipse’ está a 2 min da meia-noite

Preso político negro há 40 anos, Mike Africa é libertado

Epidemia de explosivos por correio se alastra nos EUA

Um dos principais pre-sos políticos negros dos Es-tados Unidos, Mike Africa foi libertado na última ter-ça-feira (23), após 40 anos, da prisão SCI Phoenix, na Pensilvânia. Ele é o segun-do integrante do grupo de militantes negros Move a deixar a penitenciária após ter sido ilegalmente jogado atrás das grades por quatro décadas por um crime que não cometeu.

Unindo a ideologia do partido dos Panteras Ne-gras – que combatia a se-gregação racial - com o cuidado da natureza e do meio-ambiente, o Move organizava comunidades onde os integrantes viviam em harmonia, colocando em xeque a dominação e a superexploração.

No dia 8 de agosto de 1978, o então prefeito da Filadélfia e ex-comissário de polícia da cidade, Frank Rizzo, conhecido por seu racismo e truculência, deu a ordem para que a comuni-dade Move 9 fosse cercada e os moradores despejados, sob a alegação de que esti-

vessem armazenando ar-mas – jamais encontradas.

Centenas de policiais participaram da ação. No tumulto, o policial James Ramp foi morto com um único tiro. Apesar de não portarem armas de fogo, todos os nove membros adultos – cinco homens e quatro mulheres - da casa Move 9, no bairro de Powelton Village, na Fila-délfia, foram responsabi-lizados e condenados com penas de 30 a 100 anos

Sob liberdade condicio-nal, Mike África se reuniu com sua esposa Debbie África - grávida de oito meses na época -, libertada em junho, e com o filho, Mike Africa Jr, que jamais havia estado com ambos os pais juntos. Júnior nasceu numa cela onde sua mãe o manteve escondido duran-te três dias debaixo das co-bertas, até que foi forçada a entregá-lo aos guardas.

“Estou em êxtase vindo de onde estava há apenas algumas horas. Não es-tava convencido que isso aconteceria, até que saí

pelos portões da prisão”, declarou Mike. Ele e a espo-sa foram mantidos em pri-sões separadas ao longo de todo o tempo. “Senti falta dela e a amei. Ela é minha garota desde que éramos crianças. Isso nunca mu-dou, de jeito nenhum”, declarou emocionado.

A libertação de Mike África reduz o número de membros do Movimento 9 ainda encarcerados para cinco. Além dele e da es-posa - livres -, dois outros morreram atrás das grades devido a complicações de saúde relacionadas à pri-são: Merle Austin África, em março de 1998, e Phil África, em janeiro de 2015 .

Bastante atuante, o Move também foi alvo em 1985 de um outro bárbaro cerco, quando um heli-cóptero da polícia lançou uma bomba no complexo Move, uma casa geminada no meio do bloco 6200 da Avenida Osage. O incên-dio matou onze membros do Move, incluindo cinco crianças, e destruiu 65 casas no bairro.

O Homeland ainda não tem qualquer pista de onde estão vindo os artefatos com explosivos enviados para a mansão do megaespeculador e financiador democrata, George Soros; para as residências dos Clin-tons - o ex-presidente Bill e a ex-senadora Hillary -, e de Barack Obama; para a sede da CNN em Nova Iorque ( conhecida em al-guns círculos como Clinton News Network) e para um ex-chefe da CIA, John Brennan. As ameaças estão levando a polícia a refor-çar a vigilância no país inteiro.

Conforme as agências de notícia, tra-ta-se pequenos tubos negros, tampados nas extremidades e com cabos e material explosivo no interior. Mas os secretas já co-meçaram a agir e, conforme o agente espe-cial encarregado do caso, Mason Brayman, “demos início a uma investigação penal”. Ele prometeu utilizar “todos os recursos em nível federal, estadual e municipal para “identificar os responsáveis”.

“Não há lugar para a violência política nos EUA”, reagiu o presidente Donald Trump, aproveitando uma recepção, por sua esposa Melania, a um grupo de afeta-dos pela crise dos opioides. A Casa Branca, através da porta-voz Sarah Sanders, já ha-via condenado os ataques, chamando-os de “atos terroristas desprezíveis”. Para o vice, Mike Pence, trata-se de “atos covardes”.

Também receberam artefatos com ex-plosivos a congressista Maxime Waters e o ex-secretário de Justiça de Obama, Eric Holden, o da jurisprudência do “nenhum banqueiro ladrão preso”. Com exceção de dois destinatários, os artefatos foram enviados pelo correio, tendo como suposta remetente a ex-presidente do Diretório Nacional Democrata, Debbie Wasserman Schultz, que ficou conhecida por ter garfa-do na Convenção a Bernie Sanders, para favorecer Hillary. Como o endereço de Holden estava errado, o artefato acabou “voltando” para ela, na Flórida.

Até então, apenas as declarações mi-rabolantes dos candidatos e as fake news vinham causando alvoroço, mas agora há os misteriosos artefatos-bomba. Nenhum explodiu até aqui, mas a ameaça tumul-tuou a campanha eleitoral em curso, as eleições intermediárias, que vão ocorrer no dia 5 de novembro, das quais vários setores asseveram que serão um “referendo” sobre o governo Trump. “Vivemos momentos turbulentos”, declarou Hillary, dizendo que como pessoa “me encontro bem”, mas como norte-americana “estou preocupada”. Em uma coletiva de imprensa, o prefeito do Nova Iorque, Bill de Blasio, classificou o envio dos petardos como “um ato de terror dirigido a minar nossas liberdades”;

Não se sabe como esse tipo de ameaça – ou provocação – irá interferir no ânimo dos eleitores. Não chega a ser incomum, nos EUA, o envio de cartas-bomba, cartas-anthrax e outros expedientes, como visto no período que antecedeu a criação de um clima de histeria para a guerra do Iraque.

Para a Homeland, a situação está sob controle, com os pacotes tendo sido “identi-ficados imediatamente durante os procedi-mentos rotineiros de supervisão do correio de potenciais artefatos explosivos e foram tratados adequadamente como tal”. Com a maior concentração de serviços secretos do planeta em operação, o risco é alguém atrapalhar outro alguém na inditosa faina.

O presidente russo Vladimir Putin advertiu na quar-ta-feira (24) que

se os EUA abandonarem o Tratado de proibição de mísseis nucleares de curto e médio alcance (INF), em vigor desde 1987, e com o START, de limitação de mísseis nucleares intercon-tinentais, prestes a expirar em 2021, “só restará a corrida armamentista”, situação “extremamente perigosa”. “Se todos esses acordos são desmantela-dos, não ficará nada em matéria de restrição de armamentos [nucleares]”.

Putin alertou que se Washington trouxer de volta esses mísseis para a Europa a resposta da Rússia será “rápida e efi-caz”. As afirmações foram feitas durante a coletiva de imprensa que Putin, e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, em visita a Moscou, deram. O trata-do INF, assinado por Rea-gan e Gorbachev, eliminou 2.692 mísseis nucleares de curto e médio alcance na Europa e o risco iminente de uma hecatombe nuclear.

Agora, o contumaz ras-gador de acordos Trump colocou na mira o INF e enviou a Moscou o belicis-ta-mor John Bolton para comunicar mais esse passo para desmantelar os me-canismos internacionais de prevenção da prolife-ração e guerra nuclear. Na segunda-feira, Trump prometeu aumentar seu arsenal nuclear até que “as pessoas caiam em si” e reiterou o abandono unilateral do INF.

Na Europa, Alemanha e França se pronunciaram enfaticamente em defesa da preservação do Tratado INF, com o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, dizendo que “en-quanto houver pelo menos uma chance de manter o tratado em vigor, vamos lutar por ele com todos os meios diplomáticos possí-veis”. O presidente Emma-nuel Macron telefonou para Trump para reiterar a im-portância do INF “para a segurança europeia e nossa estabilidade estratégica”.

Ao receber Bolton na terça-feira, Putin foi direto ao ponto: “Tanto quanto eu me lembro, no brasão de armas dos Estados Unidos está representada uma águia: por um lado, segu-ra 13 flechas e, por outro lado, um ramo de oliveira como sinal de uma política pacífica – com 13 azeitonas. Pergunta: sua águia já co-meu todas as azeitonas, só restam flechas?”

A Rússia já havia ex-pressado sua recusa em descartar o acordo INF, sem ter com o que ser substituído, como na in-sinuação de Trump sobre futuramente incluir a Chi-na. “Renunciar ao acordo INF e depois falar de uma possibilidade hipotética e efêmera de firmar um

novo acordo é uma posição perigosa”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Além de que, no atual cenário político dos EUA, de divisão extremada con-tra e pró Trump e de his-teria anti-russa, seria mui-to improvável conseguir aprovar qualquer tratado desse tipo no Congresso norte-americano.

Tentando tornar mais palatável a retirada uni-lateral, Bolton disse em entrevista que, se não fosse pela China, “ele seria contra” a saída do INF. Mas, como Putin revelou durante a coletiva, o Con-gresso dos EUA “já incluiu [no novo orçamento] os custos de pesquisa e desen-volvimento” dos mísseis proibidos sob o INF. “Isso significa que a decisão já foi tomada”.

O líder russo admitiu que há “certas questões” relacionadas ao desenvolvi-mento de mísseis no mundo e às restrições que somente os EUA e a União Soviética – e hoje a Rússia – respecti-vamente assumiram.

Putin advertiu contra a “volta à situação com os Pershing II na Europa [nos anos 1980]”, assinalando que, como é óbvio, a Rússia responderá “de forma espe-lhada” se mísseis norte-a-mericanos de curto e médio alcance forem implantados na Europa. E que aqueles governos que concordarem com isso “terão de enten-der que estão colocando seu próprio território sob ameaça de um possível ataque retaliatório”.

“É realmente necessário levar a Europa a tal estado de tão alto grau de risco?”, questionou Putin, acrescen-tando “não ver qualquer razão para isso, mas, repito, não é nossa escolha”.

PRETEXTOPutin também contestou

os pretextos para a retirada unilateral do Tratado INF. Não foi apresentada “qual-quer prova” de que Moscou violou o tratado, enquanto os EUA instalaram um sis-tema de defesa antimísseis na Romênia, que pode ser usado para disparar mísseis de ataque e não apenas mís-seis antiaéreos, apontou. “Só precisa alterar o software do computador, num trabalho de algumas horas. Eles pró-prios violaram este Tratado”.

Outro atropelo dos EUA ao INF se refere aos “dro-nes aéreos não tripula-dos”, registrou Putin. Ele comparou as alegações de Washington de que a Rússia viola o tratado ao conhecido método do as-saltante que grita “pega o ladrão”. No encontro com Bolton, Putin se disse dis-posto a voltar a se reunir com Trump, por exemplo, em Paris durante a co-memoração do final da I Guerra Mundial, no dia 11 de novembro, o que foi bem recebido pelo conselheiro norte-americano.

O secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong, foi eleito na última terça-feira pela Assembleia Nacional para presidir o país.

“Sob a bandeira sagrada, diante da Assembleia Nacio-nal, os compatriotas e eleitores do país, juro, como presidente da República Socialista do Vietnã, lealdade absoluta à Pátria, ao povo e à Consti-tuição, e esforçar-me por cumprir as tare-fas a mim designa-das”, prometeu Phu Trong, agradecendo “a grande honra e a enorme responsabi-lidade” delegada.

Na história da na-ção vietnamita, apenas o comandante Ho Chi Minh liderou ao mes-mo tempo a organi-zação política e do Es-tado, de 1951 até sua morte em 1969, du-rante a heróica guerra contra a invasão dos Estados Unidos.

Phu Trong é o primeiro a assumir a responsabilidade desde a reunificação

do Vietnã em 1975, tendo se destacado recentemente por ter coordenado a luta contra a corrupção.

S e g u n d o P h u Trong, os importan-tes resultados econô-micos e sociais obti-dos nos últimos anos devem servir como patamar para seguir em frente, mas sem-pre levando em conta “os grandes desafios” que o país precisa en-frentar, que exigem redobrados esforços do conjunto do sis-tema político. Neste sentido, ressaltou, não se pode “dormir sobre os louros”, mas fortalecer a mobili-zação da sociedade e o aperfeiçoamento das instituições es-tatais para seguir avançando.

O Vietnam precisou escolher rapidamente um novo presidente após o falecimento de Tran Dai Quang no dia 21 de setembro. O cargo vinha sen-do ocupado de forma interina pela então vice-presidenta Dang Thi Ngoc Thinh.

Secretário-geral do PC, Nguyen Phu Trong é o novo presidente do Vietnã

“É o primeiro orçamento italiano que a União Euro-peia não gosta. Não estou surpreso. Este é o primeiro orçamento italiano que foi es-crito em Roma e não em Bru-xelas”, afirmou o vice-primei-ro-ministro italiano, Luigi di Maio, diante do veto, pela Co-missão Europeia, da proposta apresentada pela Itália, que mantém um déficit de 2,4% do PIB, ao invés dos 0,8% prometidos pelo governo que os italianos despacharam nas urnas. O veto foi anunciado pelo comissário [ministro] de Economia, Pierre Moscovici, e pelo vice-presidente, Valdis Dombrovskis, sob alegação de que fere as normas da UE para os gastos públicos.

Esta é a primeira vez que a Comissão Européia exige que um Estado membro da UE reescreva e reapresente seu orçamento. A Comissão deu um prazo de três semanas para Roma se enquadrar no arrocho exigido, ou ser punida com pesadas multas e cortes das verbas comunitárias. A pressão de Bruxelas ameaça empurrar a Itália para um pâ-nico financeiro, dada a frágil situação dos bancos italianos

e o repique do ágio dos títu-los italianos pelos abutres de mercado, sob risco de atingir o limiar de 4% acima dos papeis alemães, visto como prenúncio de crash.

Com o PIB da Itália ain-da abaixo do patamar pré crise, desemprego geral de 9,7% e de 31% entre os jovens, depois dos governos da Troika se sucederem cor-tando direitos trabalhistas e previdenciários, o governo Di Maio-Salvini admite alguns retoques mas não “mexer na substância do or-çamento”. Registre-se que o orçamento está dentro dos critérios de Maastricht. Em resposta a Dombrovskis e Moscovici, o ministro da Economia italiano, Giovan-ni Tria, afirmou que seu governo está consciente de não atender às normas do Pacto de Estabilidade [o programa de arrocho ditado por Merkel], acrescentado que foi “uma decisão difí-cil, mas necessária à luz do persistente atraso na recuperação”.

Moscovici também cri-ticou o novo chefe do Eu-rogrupo de ministros das

Finanças, o português Mário Centeno, por ter considerado “construtivas” as alterações já feitas por Roma, ao invés de defender a ditadura da aus-teridade. Moscovici também brandiu sobre as cabeças em Roma a ameaça de explosão da dívida italiana, que já é de 130% do PIB, e do colapso da banca italiana, a que se atribui 260 bilhões de euros em empréstimos impagáveis. No dia 19, dia seguinte da primeira advertência da UE sobre o orçamento italiano, o ágio em relação aos títulos alemães chegou a 3,41%.

Cinicamente, Moscovici, ao defender que o arrocho tem que ser mantido para evitar que a dívida vá mais longe, disse que no ano passado a Itália gastou no serviço da dívida “tanto quanto com educação”. Já Dombrovskis se mostrou muito preocupado com os pobres agiotas: “o gover-no italiano está consciente e abertamente contra os compromissos assumidos. É tentador curar dívidas com mais dívidas, mas em algum momento a dívida pesa demais”.

O presidente russo disse que agirá “de forma espelhada” se EUA realocar mísseis nucleares na Europa e que não vê “nenhuma razão para expor os europeus a tal risco, mas não é nossa escolha”

Page 8: “Encontro histórico” sacode a eleição Prefeitos em massa ... · 12,62 milhões de interações fraudulentas. Rejeição dele dispara e atinge 40% “O Facebook removeu na segunda-feira,

Nelson Werneck Sodré:a radiografia da ditadura

NELSON WERNECK SODRÉ

ESPECIAL

General NelsonWerneck Sodré

O general Nelson Werneck Sodré foi um dos homens mais ilustres que já nasceram em nosso país. Historiador, crítico literário, foi um dos intelectuais mais ativos e profícuos do Brasil.

Por isso, foi um dos primeiros brasileiros a ter seus direitos políticos cassados pela ditadura de 1964.

Mas o general Sodré não era homem que se conformasse com as injustiças, muito menos quando elas cobriam a sua Na-ção. O general era, antes de tudo, um patriota – e nos orgulhamos do papel que tivemos ao editar e publicar os seus primeiros textos

contra o neoliberalismo, no início da década de 90.

Porém, bem antes disso, Nelson Werneck Sodré enfrentou a ditadura.

Em pleno governo Médici, escreveu uma das autópsias do chamado “milagre brasileiro”, ou, na linguagem oficial da época, “modelo brasileiro de desenvolvimento”.

O texto abaixo é a conclusão dessa necrópsia, quando, em geral, a propaganda oficial es-palhava medo e estupidez – é o fecho do livro “Brasil: radiografia de um modelo” (Vozes, 1974).

C.L.

eliminação da democra-cia foi o processo polí-tico cirúrgico com que os interesses externos conseguiram implantar no Brasil o chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento”, que aparece como o modelo consequente da depen-

dência em relação ao capitalismo monopolista de Estado, estabe-lecido nas áreas do mundo ditas desenvolvidas, isto é, aquelas em que o capitalismo atingiu a referida etapa.

É, pois, — e este representa um de seus traços essenciais — um modelo de economia dependente. Para gerar tal modelo, o capitalis-mo brasileiro teria de passar por dura reforma, destinada a:

1) integrá-lo profundamente, sob laços de dependência, no con-junto da economia internacional capitalista;

2) modernizar as suas técnicas e processos, desde os de produção aos administrativos. A integra-ção correspondia, naturalmente, dadas as exigências do modelo, à desnacionalização da econo-mia brasileira; a modernização correspondia à introdução, por ato de vontade, impondo etapas avançadas, de alterações que importavam em violentar normas tradicionais e em liquidar áreas empresariais inadaptadas. Elas foram atropeladas por tratores pesados, que aravam o terreno: o trator apelidado produtividade, por exemplo.

Claro está que o processo po-lítico cirúrgico e o processo eco-nômico e financeiro estiveram, e permanecem, estreitamente ligados, como peças do mesmo sistema: um não pode existir sem o outro.

Só um regime autoritário po-deria criar as condições em que se tornou possível implantar, pela violência do Estado, um modelo que sacrifica os mais altos e nu-merosos interesses de todo um povo. Há razão, evidentemente, quando a propaganda procura destacar que todo mérito do sucesso do modelo decorre do regime político, com a diferen-ça de que o apelidado sucesso representa, na verdade, sucesso externo, conveniente ao capital externo, e, evidentemente, à reduzida minoria empresarial brasileira, rotinada na servidão e condicionada pela parcela de lucro que lhe cabe.

A ilusão inicial residia na suposição de que o chamado “modelo brasileiro de desenvolvi-mento” — que só se apresentou, em sua plenitude, a partir do ano de 1969, após o Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, que suprimiu toda e qualquer espécie de liberdade e a vigência de todo e qualquer direito ou garantia in-dividual — não alcançasse êxito.

Essa ilusão se enquadrava em outra: a de que era uma situação transitória.

Não era uma situação transitó-ria, de rápida duração; ela foi im-plantada com o sentido de durar, de permanecer, de eternizar-se e, por isso mesmo, constituiu pro-cesso inteiramente diferente dos anteriores, em que golpes de Esta-do ocorreram e formas ditatoriais foram transitoriamente impostas.

Agora não: é a forma específica de controle do Estado, nos países dependentes, para possibili-tar a sujeição de sua estrutura econômica aos interesses do capitalismo monopolista de Es-

tado vigente nos países matrizes imperialistas.

Desse engano decorria o outro: de que o chamado “modelo brasi-leiro de desenvolvimento” não po-deria, por contrariar os interesses da quase totalidade da população do país, apresentar índices signi-ficativos de crescimento — não poderia ter sucesso, em suma.

Ora, que isso poderia aconte-cer, como aconteceu, não restava dúvida, pelo menos depois que, entre 1964 e 1968, foi articulado o chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento”.

Com a montagem do referido modelo, criou-se, no Brasil, a dua-lidade, estabelecida pela existência paralela de uma área moderna, concentrada, eficiente, dotada de alta produtividade, associada a empresas externas ou por elas constituída, e uma área atrasada, dispersa, menos eficiente, de pro-dutividade discutível, constituída por empresas nacionais.

Esse paralelismo entre um se-tor avançado e um setor atrasado processou-se em toda estrutura, de alto a baixo.

Assim, persiste um fluxo pri-mário-exportador, que é o que a economia brasileira apresenta de mais antigo, ligado a produtos agrícolas tradicionais, alguns com a produção e mesmo a comercia-lização, inclusive com o exterior, já bastante desnacionalizada — como acontece com o algodão.

É o remanescente do velho sis-tema de economia exportadora de matérias-primas e alimentícios, em estado natural ou apenas beneficiados, que vinha sofrendo progressivo processo de transfor-mação — de pré-capitalista para capitalista, na área da produção, de nacional para estrangeiro, na área da comercialização — e que continua a pesar bastante na balança de comércio externo, mesmo nos dias atuais.

Surge, com o chamado “mo-delo brasileiro de desenvolvi-mento”, entretanto, um setor moderno primário-exportador, baseado principalmente em mi-nérios — do tipo daquele que decorre na função da Companhia Vale do Rio Doce e de sua associa-ção com os grandes monopólios siderúrgicos norte-americanos, para exploração e exportação de minério em Minas Gerais e no Pará, principalmente. Este setor primário-exportador vai em ascensão, enquanto o outro, o tradicional, entrou em declínio. A fase do café, pelo menos nas dimensões e nos moldes tradicio-nais, está próxima do fim.

No setor industrial, acontece a mesma coisa, pouco mais ou menos: mas, aqui, a área tradi-cional está em franco processo de liquidação, reduzida a umas poucas empresas, ou grupos de empresas, geralmente familiares, ditas “fechadas” porque contro-ladas por poucos sócios ou por membros da mesma família.

As estatísticas assinalam, com triste eloquência, como, entre o Poderio do Estado, de um lado, e dos monopólios estrangeiros, de outro, a empresa privada nacional vai sendo triturada e compelida ao desaparecimento, sem direito sequer ao mercado interno, que a legislação lhe reservara, de velhos tempos, ou tinha a intenção de reservar.

No setor fabril, ou funcionam as empresas estatais, e estas produzem, via de regra, apenas matérias-primas, ou as multina-cionais, a partir de certo nível de

grandeza. A pequena e a média empresa, de capitais nacionais, tende a desaparecer. Ela é, muitas vezes, na realidade, pouco rentá-vel e, quanto à famigerada produ-tividade, não constitui nenhum exemplo eloquente. Mas isso não deriva de seu caráter nacional.

Na indústria, pois, o processo

histórico assinalou etapas facil-mente identificáveis.

Na primeira, à época em que vi-gorava o célebre refrão do “essen-cialmente agrícola”, ela procurava vencer as dificuldades iniciais, atendendo ao mercado interno e lutando para que este, por força do protecionismo, lhe fosse reser-vado; na segunda, conhecida como de substituição de importações, valeu-se de emergências prote-cionistas e do desenvolvimento interno de relações capitalistas, para crescer e competir, no mer-cado interno, com os monopó-lios estrangeiros; na terceira, quando se abrem as perspectivas de desenvolvimento autônomo auto-sustentado, o processo é interrompido pela implantação do chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento”, ficando o mercado interno apropriado pelos monopólios estrangeiros e servin-do a estes de base territorial para o estabelecimento de fluxos de exportação não-nacionais.

Assim, na primeira etapa, o pré-imperialismo e o imperialismo in-troduziam no mercado interno as suas mercadorias, impondo preços e condições, submetido às tarifas de alfândega; na segunda, passou o imperialismo a produzir, aqui, à sombra de tais tarifas, aquilo que antes produzia fora e nos enviava; na terceira, dominado o merca-do interno brasileiro, passou a fabricar aqui as mercadorias e a exportá-las daqui, com largos e generosos subsídios do Estado brasileiro. Esta última etapa é a do chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento”.

Há, evidentemente, a ne-cessidade de manter o que, no velho sistema, ajudava o impe-rialismo e marcava a sua posição: o endividamento externo, por exemplo, como uma das formas mais eficazes de controle e de dependência; a submissão tec-nológica; a imposição dos preços que definem a “deteriorização da troca externa”.

E há que inovar, particular-mente, no todo ou em parte. O empréstimo do tipo compensa-tório, por exemplo, declina; mas avulta o empréstimo que corres-ponde apenas a financiamento da exportação norte-americana, por exemplo, como aquele que vai apenas alimentar a produção ou a comercialização das multi-nacionais, aqui.

A associação de empresas estrangeiras com empresas na-cionais assume, também, novas formas; mas há algo de peculiar, de novo, quando a associação aparece como o híbrido extrava-gante que surge da união entre as estatais brasileiras e multinacio-nais, para operar no Brasil e até no exterior.

Assim, a área antes dita into-cável, dos monopólios estatais, particularmente o da explora-ção petrolífera, é acorrentada a reboque de monopólios estran-geiros, fazendo desaparecer o antagonismo, que antes parecia irremediável, entre área estatal

e área privada estrangeira.A modernização empresarial

se completa na modernização do aparelho de Estado, agora a servi-ço do imperialismo, e este sempre preocupado com a eficácia. O setor público da economia é inte-grado no conjunto internacional do capitalismo, comandado pelo capitalismo monopolista de Esta-do com sede em uns poucos países e matriz nos Estados Unidos.

O regime se anunciava salva-dor e vem, realmente, impor a ordem social, pela repressão sis-temática, organizada, meticulosa. Busca-se difundir a ideia de que há relação causal entre o regime e índices abstratos de crescimen-to, que apenas significam o grau de concentração da economia. Desenvolvimento, assim compre-endido, parece derivar do regime, de seu autoritarismo. A área política, como é entendida, limita-se, fica tão estreita, tão reduzida quanto possível, ao mínimo que exige a simulação de divisão de poderes, de funcionamento da vontade popular: há eleições, há legislativo, há partidos políti-cos. Mas tudo formal, limitado, inexpressivo, porque a mínima demonstração de discordância é punida e os poderes são majestá-ticos no campo da punição. Como o chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento” pode apresen-tar índices numéricos de avanço, o próprio conceito de desenvolvi-mento passa a ser confuso.

O regime buscou legitimar-se pelo saneamento da economia e particularmente das finanças, no controle à inflação, e pela imposi-ção da “ordem”, no campo social e político. Valeu-se da capacidade ociosa da estrutura de produção e dos baixos índices vigentes; pelo aproveitamento daquela e pelo avultamento de seus índices, em face dos anteriores muito baixos, apresentou o quadro de contraste entre desenvolvimento material com “harmonia entre as classes” e caos, entre ordem social e rom-pimento dela, atingindo os limites extremos da sublevação e da inversão hierárquica militar, que alarmaram as classes possuidoras e as camadas médias.

O aproveitamento da ca-pacidade ociosa, no campo da economia, foi acompanhado da espoliação salarial e da compres-são dos vencimentos fixos, que acabaram estabelecendo graves desigualdades e empobrecendo as camadas médias e o proletariado sendo reduzido ao mínimo, ao estritamente necessário à repo-sição das energias físicas de cada trabalhador.

A extrema concentração em-presarial peculiar ao capitalismo monopolista de Estado gerou po-deres novos, na área internacio-nal. Tal concentração, realmente, parece ter atingido uma etapa tão avançada que a avizinha do fim. Nos Estados Unidos, as quatro maiores companhias em cada uma de suas indústrias fabricam, atualmente, as seguintes propor-ções da produção nacionaI dos bens citados: 100% dos vagões de passageiros; 99% do alumínio básico; 98% do vidro laminado, do vidro plano e dos automóveis; 96% das películas fotográficas; 95% dos motores de popa; 94% dos produtos de cobre; 93% das lâmpadas elétricas; 83% do sal; 82% dos cigarros; 81% das latas de conserva; 80% das toalhas e panos de prato.

Em 1970, as subsidiárias das corporações norte-americanas aumentaram suas despesas com fábricas e equipamentos no ex-terior em mais de 13 bilhões de dólares — 22% mais do que em 1969 — esperando, segundo estimativas oficiais, aumento da ordem de 16% e indo além dos 16 bilhões, em 1971. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, aquelas corporações criaram mais de 800 subsidiárias de sua propriedade direta, no exterior.

As vendas totais das subsidiá-rias das citadas corporações insta-ladas no estrangeiro, oriundas de 180 bilhões de dólares de ativos contábeis, foram superiores em 100 bilhões de dólares ao volume total das exportações mundiais; as vendas das corporações norte-a-mericanas situadas no estrangei-ro, em 1970, importaram em cinco vezes o valor das exportações dos Estados Unidos, o que, em suma, significa que a economia daquele país, a persistir tal rumo, acabará por ser mais importante fora do que no interior.

Pelo menos se espera que, por volta de 1975, quase um quarto do PNB norte-americano será produzido por firmas europeias e japonesas. Claro está que o Brasil começa a aparecer como área de crescente interesse para as aplicações das empresas mul-tinacionais, particularmente por força do regime político a que está submetido.

O modelo estabeleceu como princípio, realmente, o que vem sendo conhecido como “eco-nomia de escala”, isto é, uma economia oligopolista, em que número reduzido de empresas responde pela produção e pela comercialização, em cada setor, e que, consequentemente, a con-centração prossiga sua marcha.

Como explicou, recentemente, o Ministro da Fazenda: “Esta perspectiva histórica nos parece fundamental, no momento em que o Governo do Presidente Médici definiu as condições para a cons-trução, no Brasil, de um sistema econômico suficientemente forte e competitivo, capaz de utilizar plenamente as nossas potencia-lidades humanas e materiais. Porque é este o momento em que teremos de aceitar o desafio de correr o risco de criar grandes unidades econômicas, que, com os riscos que lhes são inerentes, serão os instrumentos da construção do poder nacional brasileiro”.

Mas, evidentemente, não nos está cabendo criar grandes uni-dades econômicas; elas estão criadas, pelo capitalismo mono-polista de Estado, e operam no Brasil, como em outros países, e operam nas condições que lhes são convenientes, e que poderão ser alteradas, amanhã, porque estão integradas na origem e não onde, eventualmente, por força do lucro, se instalaram.

Recentemente, conhecido mo-nopólio definiu sua distribuição geográfica, na América Latina, escalando a Argentina para pro-duzir máquinas de calcular; o Brasil, para produzir máquinas de escrever tamanho standard; o México, para produzir má-quinas de escrever portáteis. A escala, amanhã, como colocou o presidente da Massey Ferguson em relação ao Canadá, pode ser outra; não serão as autoridades nacionais brasileiras que a de-terminarão.

Um dos mais autorizados intérpretes dos interesses do imperialismo, a que prestou, servindo-o no Brasil, eminentes serviços, definiu o regime brasi-leiro da maneira seguinte: “Desde 1964, que o Brasil vem sendo governado por uma aliança entre militares e tecnocratas, sendo a classe política relegada tempora-riamente a um papel secundário.

Parece assegurado que o veredito da História pronunciará essa aliança não necessariamente santa, porém rigorosamente útil à luz de dois inquestionáveis frutos: estabilidade política e de-senvolvimento econômico. Porvu que ça dure…”

Aos militares, segundo o ar-ticulista, coube “a restauração e manutenção da ordem política e de disciplina social”; aos tecno-cratas, “racionalizar a conduta econômica, conter a inflação e ins-trumentar o desenvolvimento”.

A conjugação que foi imposta ao país, realmente, foi de mili-tares, tecnocratas e burocratas. A exclusão dos políticos era ine-vitável. Porque, sem sombra de dúvida, o que o articulista conhece como “racionalizar a conduta econômica” é, justamente, excluir dela o fator político, estabelecer normas acima das classes, ou me-lhor, ditas acima das classes, mas, na verdade, a serviço de determi-nada, ou de determinadas classes.

A omissão, a suposta neutra-lidade, a aceitação da existência de uma área operativa em que tudo se processasse em termos meramente técnicos, tem sido, de velhos tempos, uma das mais caras imposturas da reação. O imperialismo a vem burilando com esmero.

Mas é claro que não há decisão econômica, nem mesmo financeira, que não tenha razões políticas; não existe economia pura. A economia é feita pelos homens e para os ho-mens; traduz os seus interesses, busca racionalizá-los, mas sempre com determinada posição.

Todo ato, decisão, lei, na área econômica, corresponde — não é demais repetir — a uma transfe-rência de renda: de uma classe para outra, de uma área para outra, de uma atividade para outra. Não há economia, e jamais houve, sem política. O fato de haver leis eco-nômicas universais, isto é, em vigor em todo e qualquer modo de pro-dução, não importa em divorciar a economia da política, não importa em supô-las desligadas da política.

Muito ao contrário.É a reação que busca sustentar

a ideia de que é possível fazer eco-nomia sem interferência política.

O mesmo articulista, em outra oportunidade, escrevera que o Brasil ficara livre, com o golpe de 1964, de duas pragas, “quando uma nova geração de tecnocratas se decidiu a fazer mais economia do que política, substituindo ide-ologia por pragmatismo”.

Não importa mencionar as duas pragas; importa frisar a ideia — cara ao regime — de que o sucesso na economia, do ponto de vista dos interesses dominantes, derivara do distanciamento entre a economia e a política. Por isso mesmo, no referido artigo, o autor afirmava, com ênfase: “inexistem desenvolvimento dependente e independente”.

Isso é tão verdadeiro como dizer que a economia e a política podem ser separadas.

Porque, precisamente, o que caracteriza o chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento” é a dependência. A internaciona-lização da economia, em nossos dias, na área capitalista, não levou, segundo pareceu ao teórico brasileiro, a uma separação entre a economia e a política. Muito ao contrário: levou à derrocada de valores políticos antes caros à burguesia — entre eles, com destaque, o de nação. A burgue-sia, em escala mundial, já atirara fora, de há muito — e a imagem de Hitler nos faz lembrar isso – a bandeira da democracia.

Atira, agora, a bandeira na-cional. As grandes corporações multinacionais, quando operam em áreas subdesenvolvidas, des-nacionalizam, essencialmente. O chamado “modelo brasileiro de desenvolvimento” é criação específica da fase do capitalis-mo monopolista de Estado, que deforma as estruturas econômi-cas satelitizadas, enquanto as explora. Ele não apenas impõe a pauperização da maioria do povo; vai mais longe, porque impõe as formas autoritárias de Estado.

O que define o chamado “mo-delo brasileiro de desenvolvimen-to” não são os índices quantitati-vos altos — o Kuwait também os apresenta — mas o regime.

É o regime que o retrata, fielmente, integralmente, verda-deiramente.