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Page 1: Ao encontro da Palavra - Fé/Esperança/Caridadeparoquiaz.org/ficheiros/tblMenu95_10.pdf · Ao encontro da Palavra ... 3º encontro – A Caridade de Deus 15/01/2011 Nesta formação

Ao encontro da Palavra - Fé/Esperança/Caridade

3º encontro – A Caridade de Deus 15/01/2011

Nesta formação o Padre Rui Santiago falou sobre o Amor de Deus, referindo que nos 1º e 2º encontros - “A Tua

Fé em nós; a tua Esperança de nós” – são a chave para compreender o Amor de Deus.

A caridade (“caritas” – latim – para traduzir a palavra bíblica “ ´ágape” – amor máximo).

A grande dificuldade de vermos que Deus é Amor é a forma como o comunicamos “põe-te quieto; vais para a rua

etc”. Não adianta verbalmente estarmos a comunicar uma coisa quando o contexto nos diz outra!

Mas, ao menos no Amor normalmente consideramos sempre que Deus vem em primeiro (o mesmo não se pode

dizer da Fé e da Caridade).

Duas ideias – chave para este encontro:

1º Quando falamos do Amor com profundidade humana estamos a falar de um projecto; não de um sentimento.

Amar é querer amar! No casamento prometemos querer amar; não prometemos sentir o que sentimos hoje. O

Amor pertence ao mundo íntimo da vontade; não do sentimento! Não há hipótese de romantismo, porque implica-

me ao seguimento, a um programa de vida.

O Amor de Deus que se apresenta a nós é um amor em projecto!

A “traqueia” não pode ser bloqueada, se não deixamos de receber o sopro de Deus, a Ruah; o Espírito Santo; o

coração no mundo hebraico tem a ver com os “princípios éticos”. Na antropologia bíblica; os rins são o local onde se

centra o Amor não está no coração do Homem; mas sim nos rins (nas entranhas), na operatividade.

2º O amor acontece sempre entre iguais, ou então cria essa igualdade. Este Amor transforma-me!

“Se o rei se apaixona pela pastora, faz-se pastor, para a fazer rainha”. O Amor é isto!

O que significa nós sermos “à imagem e semelhança de Deus” se não nesta possibilidade de Deus se fazer igual a

nós, e de nos fazer igual a Si? Um Amor que nos converte!

“A fecundidade humana vai muito além da procriação” – exº Jesus de Nazaré, Moisés, Madre Teresa etc.

Quando falamos de fecundidade no sentido humano não falamos da lógica animal; porque animal que não

procria foge à lógica da perpetuação da espécie.

Ser pessoa humana é ser capaz de desobedecer às leis naturais! O ser humano é capaz de encontrar motivos

maiores do que a sua própria existência! O ser humano é capaz de construir-se como Deus é: Deus que nada possui,

e que Se dá e tudo dá!

Quem aprende a amar verdadeiramente, a amar bem, vai-se tornando mais simples. É uma das coisas da vida que

dá mais trabalho!

Amar ao jeito de Deus que é graça, é presente, é algo que não conseguimos controlar!

A fé de Deus que está no nosso coração pode ser a fé num ídolo; na Eucaristia dizemos precisamente o contrário

– “o nosso coração está em Deus”. É sermos excêntricos, estarmos centrados fora de nós mesmos. Dizê-lo de

alguém, é afirmar um jeito de viver não auto-centrado mas ex-centrado, centrado fora de si mesmo, dado, entregue,

aliado…

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Nós proclamamos isto sempre que proclamamos o Credo; em latim “expecto” – fora do peito! Dizemos que

vamos dar o coração a Deus; que acreditamos em Deus que tem o nosso coração!

O melhor escrito sobre estas coisas, depois dos Evangelhos, é a 1ª carta de João – prólogo - “O que era desde o

princípio… para que a nossa alegria seja plena.”

João ou um seu discípulo (não sabemos quem a escreveu, mas era um homem com muita fé, maturidade, tinha

uma sábia simplicidade da experiência da fé), quer no Evangelho, quer nas cartas começa “no princípio”. Isto

significa dizer que está em marcha uma história com princípio, com Esperança!

A Palavra “ecoa”. Deus fala, mas depois fica silencioso; isso é que nos permite reconhecer o eco.

“Os grandes enamorados de Deus vivem uma profunda intimidade com Deus. (…)

O silêncio é o princípio contínuo do agir de Deus em nós. (…)

Toda a palavra de Deus faz eco em nós; é importante criar espaços interiores para que a Palavra passe. (…)

Deus demora-se connosco, tem uma infinita paciência connosco. Deixa-se tocar e aproxima-se, faz-se nosso. (…)

1ª Carta de João capítulo 4º

Vers. 7 – Amados, ama, amemo-nos… Redundâncias… mas simples:

Vers 8 Quem não ama não conheceu Deus porque Deus é Amor!

Como homem perfeito, Jesus levou o amor muito a sério, tanto na sua vertente de amor a Deus como na

vertente de amor aos irmãos.

É por esta razão que ele fazia sempre frente às pessoas que machucavam os irmãos e ferem a sua dignidade.

Vers- 9 – 10 Se não conhecermos o culto judaico não entendemos esta palavras. No ano litúrgico judeu havia

duas grandes festividades: a Páscoa e o dia da expiação, do grande perdão. Neste dia havia uma peregrinação ao

templo em Jerusalém e os judeus entregavam os animais

para sacrifício (eram degolados); só uma vez no ano,

neste dia, o sumo-sacerdote podia entrar no Santíssimo e

dirigir-se à Arca da Aliança. Entrava com uma grande

bacia com o sangue dos animais sacrificados, dirigia-se à

tampa da Arca da Aliança e espalhava o sangue. Os

querubins com a tampa formavam uma só peça

denominada de propiciatório. O sumo-sacerdote

espalhava o sangue pelo propiciatório (naquela cultura, o

sangue é o grande símbolo da vida), para pedir a Deus o

perdão em nome do povo, para depois trazer ao povo o perdão em nome de Deus. O propiciatório, é então o lugar

onde Deus fica fraco, onde permite que lhe façam festas e lhe segrede Esse sangue era depois aspergido sobre os

fiéis como sinal de purificação do homem e expiação dos pecados.

Quando João diz que Cristo é o propiciatório, a propiação, manifesta toda esta ternura de Deus por nós.

Vers 11- 13 “Deus deu-nos o Seu Espírito”. Para este homem tudo era simples!

O Espírito Santo é o Amor de Deus derramado nos nossos corações. Derramado implica movimento, não é um

lugar. Os símbolos bíblicos do Espírito são o vento, a brisa, o fogo, a água corrente, são sempre símbolos de

movimento, de liberdade!

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Na linguagem bíblica mais antiga este Espírito, tem um nome feminino “Ruah”! Este Amor de Deus envolve-nos;

não é Golias, mas sim David! RUAH, o HÁLITO do Deus Enamorado, que nos Cria num Beijo cheio de Intimidade e

Projecto, Sopro e Quentura das entranhas de Yahvéh... RUAH, Espírito Santo de tantos nomes, é o AMOR Difusivo de

Deus, DOAÇÃO recíproca entre o Pai e o Filho e a multidão dos seus Irmãos!

Dicotomia bíblica entre Espírito e Carne: O Espírito é doação, liberdade; a carne é a auto-preservação. Viver

segundo o Espírito é a lógica do Homem novo; Viver segundo a carne é a lógica do Homem velho que não se dá, que

se protege…

Vers 14 – 16 Deus é Amor. Quem permanece no Amor permanece em Deus e Deus permanece nele.

Vers 17 “…no dia do juízo termos plena confiança” - a perfeição do Amor consiste em ter Esperança!

Ver 18 – 21 No Amor não há medo, porque o medo implica castigo, e quem tem medo, não chegou à perfeição do

Amor. Quem ama a Deus, ama também a seu irmão.

À medida que vamos crescendo no conhecimento de Deus, melhor conhecemos o Homem e o seu lugar no plano

salvador de Deus.

Por outras palavras, quanto melhor conhecermos o mistério de Deus melhor preparados estamos para conhecer

a dignidade humana.

Se o Homem é a única imagem que o próprio Deus criou de si, então o amor aos irmãos é o único caminho seguro

para chegarmos ao conhecimento de Deus.

O único mandamento que Deus nos dá em Cristo é algo que não é mandatável: “Amai-vos uns aos outros como

Eu vos amei”. A única autoridade, a força do mandamento está em “como Eu”.

Este pedacinho de texto mostra-nos um Deus que se dá, dá, dá… E o que é que Ele pede em troca? Amem-se!

Evangelho de Marcos – cap. 1 Vers. 32 – 45

Muitas vezes Marcos utiliza os verbos no presente, não por acaso, mas para tornar o relato actual, para dizer este

Jesus que hoje continua a querer libertar e conduzir à paz aqueles que por ele se deixam tocar. E esta palavra “tocar”

tem um papel-chave em Marcos, que apresenta um Jesus em permanente contacto directo com as pessoas,

profundamente humano e afectivo, que tocava (Mc 1, 41… Os verbos no presente e este jeito profundamente

humano, próximo e afectivo, falam-nos de um Jesus que continua a estar próximo e disponível, e que só se conhece

numa relação interpessoal de intimidade.

… Um leproso, no tempo de Jesus e naquela cultura, tinha que ficar fora das povoações de maneira a não ter

contacto com ninguém. Esta “lepra” não era a diagnosticada medicamente hoje. Era o nome de qualquer marca

estranha ou problema de pele que provocasse o medo do contágio e se manifestasse como castigo de Deus por

algum pecado. Por isso, em nome da Lei de Deus, os sacerdotes eram os encarregados de mandar esses impuros

para fora do lugar e das pessoas com quem viviam e só eles mesmos podiam voltar a admiti-los. Quando alguém

passasse numa região em que estivesse um leproso, era o próprio leproso que devia começar a gritar “Impuro!

Impuro!” Se não o fizesse, a pena da Lei era a morte. Mas… Uma vez estava Jesus a caminho e VEIO UM LEPROSO

TER COM ELE… Não só não gritou para afastar Jesus, como saiu ao seu encontro… Que lata!!! E que imprudência…

Um leproso aproximou-se (isto dá morte por apedrejamento)! O que é que ele já teria ouvido falar sobre Jesus

para se aproximar dele?

Jesus mandou o leproso calar-se, não contar a ninguém, porque ia começar a correr o segredo de que Ele era o

Messias, e Jesus não queria isso!

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O leproso faz precisamente o contrário daquilo que Jesus lhe pede! Porque é que Jesus depois não podia entrar

nas cidades? Porque ele estava impuro já que tinha estado em contacto com um leproso!

É também na base desta distinção entre a intimidade e a multidão que compreendemos uma outra característica

de Marcos: o segredo messiânico, isto é, a proibição que permanentemente Jesus fazia aos discípulos e àqueles que

curava para não o apregoarem como Messias. Pode parecer-nos enigmático, mas a questão era que Jesus sabia bem

quais as esperanças messiânicas que bailavam nas ideias e nos corações daquele povo… Na prática, acontecia muitas

vezes que Jesus dizia àqueles que curava: “Livra-te de falar disto a alguém! (…) Mas ele, porém, assim que se retirou,

começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava

fora, em lugares despovoados” (Mc 1, 44-45).

Evangelho de Marcos – cap. 2

O PERDÃO DE DEUS É UMA DINÂMICA DE RECRIAÇÃO em nós por parte de Deus. Por isso os evangelhos nos

apresentam este poder libertador do Perdão com o sinal das curas das doenças, que naquele tempo eram

consideradas como manifestações de espíritos impuros que possuíam o interior das pessoas, ou castigos de Deus por

algum pecado grave. Em Jesus de Nazaré ESTE PERDÃO LIBERTADOR É O TRAÇO MAIS VISÍVEL DA GRAÇA DE DEUS:

“Os teus pecados estão perdoados, disse ao paralítico, levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa” (Mc 2, 5-11).

Onde está a condição para o perdão? Onde está a penitência? Onde está a moeda de troca?

Quatro (significa universalidade – na altura não se sabia que o mundo era redondo, dizia-se “os quatro cantos”)

pagãos levam o paralítico para Jesus o curar. Como a casa estava cheia de gente, entram pelo tecto. Não há

obstáculos.

Estar sentado significa o mal porque Jesus é o caminho!

Jesus anda sempre a sair (êxodos)… e começa a bater tudo contra Jesus! Ele não está quieto, tal como o fogo, a

brisa etc.

O amor de Deus aparece como um projecto que implica seguimento!

Evangelho de Marcos – cap. 3

Jesus continuava em movimento…! Depois, pôs-se a caminho em direcção ao mar…

Voltando, passou por Levi, o cobrador de impostos, convidou-o a juntar-se à festa do Reino de Deus num “Segue-

me” recriador e a festa principiou mesmo dentro da sua casa. Novamente, Jesus, numa casa, cheia, desta vez de

cobradores de impostos e outros que tais. E os fariseus de fora, falando… e Jesus respondendo…

E um companheiro nosso a partilhar com um jeito que já todos lhe conhecemos e amamos: “Parece que Jesus

nunca cabe em casa nenhuma!” A sua presença enche e ultrapassa… Ou é preciso destapar o tecto ou é preciso ouvir

e responder ao que vem de fora… Nenhuma casa comporta aquele homem! Por isso ele se dirige para a beira-mar…

Nada pode guardar, conservar, fechar a Boa Notícia que acontece naquele homem… Vai para o mar, mas uma

multidão segue-o; vai à montanha mas apenas chama doze para serem seus discípulos; sai da montanha para

Cafarnaum e de novo uma multidão segue-o.

Os escribas vão de Jerusalém a Cafarnaum (é longe) e dizem que Ele está possuído e Jesus chamou-os para junto

de Si e pergunta como é que Satanás põe expulsar Satanás.

Jesus vez disse que o único pecado que não tinha perdão era o pecado contra o Espírito; mas não explicou! Hoje

podemos interpretar que estava a dizer que é pecado rejeitar algo que é bom, só porque é bom! Reconhecer a

presença do Espírito, mas rejeitá-la!

Aquele que fizer a vontade de Deus, é a minha mãe e os meus irmãos – universalidade!