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15 Kindernothilfe Anuário

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15

KindernothilfeAnuário

04

06

10

20

03 Kindernothilfe

04 Notas sobre o trabalho da Kindernothilfe 2015

06 Ajuda concreta

10 Exemplo de um projeto: Suazilândia

12 Exemplo de um projeto: Paquistão

14 Exemplo de um projeto: Peru

16 Processo UPR: Nenhum caminho é demasiado árduo para

defender os direitos humanos

20 Análise dos resultados dos projetos

22 A educação escolar altera tudo – desde o início!

26 O fluxo de apoio financeiro e a responsabilidade

27 Compromissos voluntários

28 Relatório financeiro

30 Perspectivas para 2016

32 Ficha técnica

Conteúdo

22

Kindernothilfe

A Kindernothilfe é uma das maiores organizações

não-governamentais de cooperação para o desenvolvi-

mento e ajuda humanitária. Em 2015 as suas receitas

totalizaram 60 milhões de euros. Há mais de 55 anos

a Kindernothilfe se empenha a favor de crianças desfa-

vorecidas e os seus direitos em países em desenvolvi-

mento. A Kindernothilfe fortalece, protege e faz com

que 2 milhões de crianças participem em 783 projetos

em 31 países situados na África, Ásia, Europa Oriental

e América Latina.

Nosso objetivo é permitir que meninas e meninos

possam viver em permanência uma vida em dignida-

de – livres de pobreza, miséria e violência. Para tal, é

essencial que suas necessidades básicas e seus direitos

estejam assegurados, bem como a possibilidade de

incentivarem seu desenvolvimento com seus próprios

meios, junto com suas famílias e comunidades. A Kin-

dernothilfe realiza todos os projetos com organizações

parceiras locais. Os direitos humanos e os direitos da

criança, assim como o amor pelo próximo segundo a

crença cristã são os princípios básicos para o nosso

trabalho; ajuda para autoajuda, participação e sustenta-

bilidade são princípios orientadores.

Também na Alemanha nos empenhamos para as ne-

cessidades de crianças em países em desenvolvimento.

Com trabalho de campanha esclarecemos o público e

com o trabalho de defesa das nossas causas atuamos

na esfera política para que os dirigentes se empenhem

no sentido de melhorar o quadro legal das crianças em

países em desenvolvimento.

O trabalho da Kindernothilfe é apoiado por 313.000

doadores – 75.000 padrinhos, 1.000 voluntários, várias

celebridades, a fundação Kindernothilfe e outras orga-

nizações na Áustria, Suíça e Luxemburgo. Desde 1992,

a Kindernothilfe tem sido reconhecida pelo Instituto

Central de Questões Sociais da Alemanha (DZI,

Deutsches Zentralinstitut für soziale Fragen), tendo

recebido anualmente o selo de conformidade de dona-

tivos conferido pela DZI. No âmbito do prêmio de

transparência, a Kindernothilfe foi nomeada diversas

vezes pela excelência e transparência de seus relatórios.

Em 2015 recebeu ainda a classificação de "muito bom"

no teste de transparência Phineo.

A Kindernothilfe foi fundada em 1959, e está associada

à obra diacônica da igreja evangélica na Renânia. Ela

colabora em numerosas alianças com organizações

não-governamentais e é um membro da associação Ent-

wicklung-Hilft ("Desenvolvimento Ajuda"), entre outras.

A organização

3Anuário 2015

A organização

Senhor Borchardt, a Kindernothilfe teve resultados finan-

ceiros positivos. Como é que se deu este resultado?

Este ano pudemos verificar com satisfação um balanço positivo

de aproximadamente 795.000 euros. Os rendimentos subiram

em quase seis por cento, de modo que recebemos 5,4 milhões

de euros mais do que o planejado. Os motivos para este desen-

volvimento são: Para projetos de ajuda humanitária obtivemos

um acréscimo de mais de três milhões de euros de donativos

em comparação ao ano de 2014. Sobretudo os donativos para

o Nepal e para os refugiados da Síria foram excepcionalmente

elevados. Houve igualmente um balanço positivo em mais de

vinte por cento no que se refere às subvenções públicas para

o co-financiamento de projetos. Simultaneamente, as nossas

despesas reduziram-se em 2,6 milhões de euros. Para a subven-

ção de projetos, apenas pudemos pôr à disposição 2,1 milhões

de euros menos do que no ano anterior, entre outros devido

à falta de meios. E, finalmente, pudemos, do mesmo modo,

Uma ideia dos desenvolvimentos mais significativos no

país e no estrangeiro dá-nos a comissão diretiva da

Kindernothilfe: Katrin Weidemann, Jürgen Borchardt e

Christoph Dehn.

Donativos: Início da nova

forma de fazer donativos:

„Ichbindabeitrag“ (Participo

com o meu donativo)

Foto: Hartmut Schwarzbach

Campanha: conferência

de imprensa e ações em favor

do Red Hand Day

Foto: Christian Herrmanny

Simbabué: Grande encontro

de todos os parceiros da

auto-ajuda

Foto: sócio da Kindernothilfe

Campanha: Relatório de

dívidas 2015 da Kindernothilfe

e erlassjahr.de

Foto: Angelika Böhling

Nepal: Ajuda imediata

após o grave terremoto ao

nosso parceiro AMURT

Foto: AMURT

Festa da Igreja Evangélica:

Grande programa de palco da

Kindenothilfe em Estugarda

Foto: Ralf Krämer

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

poupar 0,5 milhões de euros nas diferentes áreas dos serviços

administrativos.

Senhora Weidemann, este ano houve mais donativos para

a ajuda humanitária do que no ano passado. Como é que

“investiram” os fundos?

A guerra civil na Síria já se estende por cinco anos. Com o

nosso trabalho na região montanhosa de Chouf oferecemos

uma perspectiva para o futuro dos refugiados sírios e evitamos

que eles tenham que percorrer o perigoso caminho para a

Europa. Uma outra zona de intervenção é o Nepal, que até

aos nossos dias nunca tinha sido um país-parceiro da Kinder-

nothilfe. Depois dos dois grandes terremotos no centro do

Nepal em abril e maio de 2015 que provocou quase 9.000

mortos, decidimos oferecer ajuda humanitária. Encontrámos

duas organizações com as quais pudemos, antes de mais, ins-

taurar centros de proteção para crianças. Simultaneamente ini-

ciou-se a construção de escolas e a formação de professores,

para eles saberem reconhecer as lesões psíquicas e os medos

das crianças e saber lidar com eles de modo eficiente.

Notas sobre o trabalho da Kindernothilfe 2015 Foto: Jürgen Schübelin

4 Anuário 2015

Senhor Dehn, em 2015 o Nepal e o Líbano foram aceitados

como novos parceiros. Estão a planear mais alterações no

vosso portefólio?

No ano passado escolhemos os países de atuação da Kinder-

nothilfe um índice de bem-estar adaptado por nós, o Inequality-

adjusted Human Development Index. Além do índice de pobre-

za e da qualidade de vida de um determinado país, ele integra

igualmente a distribuição desigual de hipóteses de vida na

valorização. É com base neste índice que vamos terminar o

nosso trabalho na Rússia no final de 2016 e no Chile no final de

2018. Originalmente, queríamo-nos retirar do Cosovo em 2016,

porém a situação dos refugiados voltou a trazer o estabele-

cimento de ensino profissional de Mitrovica para o foco das

nossas atenções. Os refugiados que retornaram quase que

duplicaram o número de alunos.

A taxa de colocação está em quase 100 por cento. Por essa razão,

decidimos continuar com o nosso bem sucedido trabalho.

Quais as qualificações das organizações parceiras que tive-

ram um papel importante em 2015?

No ano do relatório trabalhámos juntamente com as nossas

organizações parceiras para aperfeiçoar os instrumentos de

programação e inspeção. Os nossos parceiros não devem

apenas comprovar o que fizeram num determinado período.

Devem igualmente fazer um levantamento das mudanças

repercutadas pelas suas atividades: De que modo se alterou a

vida das crianças? Quais as repercussões dos novos conheci-

mentos e capacidades que puderam obter através das forma-

ções? Um exemplo em que as alterações são bastante eviden-

tes é o trabalho do nosso grupo de auto-ajuda. São famílias que

trabalham para saír da pobreza absoluta. As crianças passam a

ir regularmente para a escola e alimentam-se suficientemente.

Diminuem os problemas do alcóol e a violência contra as crian-

ças, em contrapartida as meninas e os meninos obtêm novas

hipóteses nas suas vidas.

Além disso, intensificámos o nosso trabalho em promover for-

mações para a proteção da criança. Num projeto subvencionado

pelo Ministério da Cooperação Económica e do Desenvolvimen-

to, que organizámos juntamente com cinco organizações de

apoio ao direito da criança, formamos organizações em direito

da criança em nove países. Entretanto, quase todas as nossas

organizações parceiras seguem uma política de apoio à criança.

Senhora Weidemann, o que concluís após finalização

a campanha de educação da Kindernothilfe?

A educação na primeira infância é uma solução para finalmente

conseguirmos ganhar a luta contra a pobreza, pois medidas de

educação de qualidade para os mais pequenos têm o potencial

de fortificar sociedades inteiras no seu desenvolvimento, e isto

com sucesso garantido. Este é o resultado de um estudo da

Universidade Ludwig-Maximilian em Munique que demos em

comissão. Exemplificado por 15 projetos de três contintentes, o

estudo comprova empiricamente que o apoio e a educação na

primeira infância são mais efetivos do que qualquer outra medi-

da educacional no âmbito do apoio a jovens e adolescentes. Ain-

da assim, o desenvolvimento de projetos deste teor em muitos

países da África, da América Latina e da Ásia apenas progride

muito lentamente. Apresentámos este problema ao Comité para

a Educação e Investigação no Bundestag e conseguimos avançar

com um projeto de legislação no Parlamento (vide p. 18).

A Kindernothilfe pode congratular-se por uma nova coope-

ração com empresas?

É verdade, em agosto acordámos uma cooperação com a

Procter&Gamble (P&G) Alemanha e a Rewe Group. A P&G e a

Rewe Group organizaram connosco a ação “pedaço para a felici-

dade” (Stück zum Glück). O objetivo desta iniciativa de angariação

de fundos a longo prazo é melhorar as perspectivas das crianças

em situação de rua em Bangladeche. O apoio visa a construção de

um edifíco em que as crianças se possam sentir seguros. Do mes-

mo modo, também visa cuidar e apoiar aproximadamente 300

crianças em situação de rua durante um período de três anos.

Março de 2016

Katrin Weidemann, presidente

Christoph Dehn, vice-presidente e responsável pela programação

Jürgen Borchardt, responsável pelas finanças e a administração

contato: [email protected]

Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Haiti: Reconstução de

seis escolas de montanha

destruídas pelo terramoto

Foto: Jürgen Schübelin

Líbano: Viagem de imprensa

com a atriz alemã Natalia

Wörner ao projeto de famílias

sírias refugiadas

Foto: BILD/Guenther

Estudo: Apresentação do

estudo da Kindernothilfe sobre

a educação na primeira infância

Foto: Bastian Strauch

Campanha: grande final

da campanha da Kindernothilfe

Action!Kidz em Buchholz

Foto: Kettwig

Índia: Lena Gercke promove

a maratona de angariação

de fundos da cadeia de

televisão RTL para o projeto

da Kindernothilfe

Foto: RTL/Daniel van Mol

Peru: O apresentador

Johannes B. Kerner promove a

gala da cadeia de televisão ZDF

em “Ein Herz für Kinder” (um

coração pelas crianças) no

projeto da Kindernothilfe

Foto: Christian Herrmanny

5Anuário 2015

Ajuda concreta

crianças/jovens

1959

1969

1979

1989

1999

2009

2015

5

4.970

69.460

113.210

120.640

588.700

1.979.810 Foto: Stephen Davies

Foto: Bastian Strauch

Continentes 2015 2014projetos

crianças/jovens

gastos em euros projetos

crianças/jovens

gastos em euros

total África 194 1.649.510 14.360 M. € 196 1.529.300 15.542 M. €

total Ásia 435 241.100 16.187 M. € 439 192.200 16.545 M. €

total Europa do Leste 6 1.400 276 M. € 8 1.400 667 M. €

total América Latina 148 87.800 12.694 M. € 156 91.000 12.920 M. €

Varios países* 110 M. €

Total 783 1.979.810 43.627 M. € 799 1.813.900 45.755 M. €

* estes incluem sobretudo gastos que transcendem os continentes, sobretudo em programas de avaliação

6 Anuário 2015

África

projetoscrianças/

jovensdespesas em euros conteúdo do projeto gupos-alvo

África do Sulprojetos desde 1979

20 16.070 1.251.799 alimentação, educação básica/profissional, saúde, VIH e SIDA, higiene, pequenas empre-sas, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial e de deficiências, fortalecimento da autoconfiança e personalidade, proteção ambiental

crianças traumatizadas e negligenciadas, com necessidades especiais, crianças em situação de rua, órfãos, outros meninos em risco, crianças que assumem responsabilidades domésticas , vítimas de violência e abuso, pessoas socialmen-te excuídas, pais, tutores, multiplicadores

Burundidesde 2007

3 75.210 411.616 alimentação, agricultura/pecuária/silvicultura,desenvolvimento da comunidade rural, capacita-ção de parceiros, grupos de autoajuda (GA)

crianças desnutridas, traumatizadas e negli-genciadas, crianças com deficiências, órfãos, outras crianças em risco, refugiados, pessoas socialmente excluídas, mães e tutores, multipli-cadores, decisores

Etiópiadesde 1973

73 681.100 4.510.204 alimentação, trabalhos de projeto específicos de género, saúde, VIH e SIDA, prevenção contra catástrofes, pequenas empresas, microcréditos, agricultura/pecuária/silvicultura, desenvolvimento da comunidade rural/urbana, competências de vida, educação em direitos humanos, capacitação de parceiros, reabilitação psicossocial e de defici-ências, educação básica/profissional, grupos de autoajuda (GA), ajuda de emergência, fortaleci-mento da autoconfiança e personalidade, proteção ambiental, água

crianças exploradas, doentes, desnutridas, crianças traumatizadas e negligenciadas, crianças com deficiências, crianças de rua, órfãos, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, mães e tutores, multiplicado-res, decisores

Maláuidesde 1998

12 82.890 822.055 educação básica/escolar/profissional, alimenta-ção, saúde, VIH e SIDA, reabilitação psicossocial e de deficiências, GA

crianças negligenciadas, crianças com defici-ências, crianças em situação de rua, órfãos, crianças que assumem responsabilidades domésticas, outras crianças em risco

Quéniadesde 1974

21 120.490 1.785.795 educação básica/escolar/profissional, alimen-tação, saúde, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, prevenção contra violência e catástrofes, pequenas empresas, competências de vida, desenvolvimento da comunidade rural, reabilitação psicossocial e de deficiências, GA, fortalecimento da autoconfiança e personalidade, proteção ambiental

crianças exploradas, doentes, desnutridas, crianças traumatizadas e negligenciadas, crian-ças com deficiências, crianças em situação de rua, órfãos, outras crianças em risco, vítimas da violência/abuso, mães e tutores, multiplicado-res, decisores

Ruandadesde 1994

13 151.760 1.240.894 saúde, educação básica, prevenção de catás-trofes, desenvolvimento da comunidade rural, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, reabilitação psicossocial, capacitação de parcei-ros, assistência jurídica, GA

crianças negligenciadas, crianças que assumem responsabilidades domésticas, vítimas da vio-lência/abuso, outras crianças em risco, pessoas socialmente excluídas, pessoas em conflito com a lei, mães/tutores decisores

Somáliadesde 2011

6 22.920 776.551 saúde, educação básica, prevenção contra ca-tástrofes, desenvolvimento da comunidade rural, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, reabilitação psicossocial, capacitação de parcei-ros, assistência jurídica, GA

refugiados, crianças em risco, pais, multiplica-dores

Suazilândiadesde 1985

5 13.860 370.106 educação profissional, alimentação, educ. integra-dora, agricultura/pecuária/silvicultura, desenvol-vimento da comunidade rural, GA

crianças doentes, desnutridas e negligenciadas, crianças com deficiência, órfãos, crianças que assumem responsabilidades domésticas, outras crianças em risco, refugiados, pessoas social-mente excluídas, pais e tutores

Ugandadesde 1981

21 281.200 1.107.365 educação profissional/básica, alimentação, saúde, trabalhos de projeto específicos de género, VIH e SIDA, desenvolvimento da comunidade rural, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial, capacitação de parceiros, GA, fortalecimento da autoconfiança e personalidade, proteção ambiental, água

crianças doentes, desnutridas e negligenciadas, crianças com deficiência, órfãos, crianças que assumem responsabilidades domésticas, outras crianças em risco, refugiados, pessoas social-mente excluídas, pais e tutores

Zâmbiadesde 1998

10 158.570 1.372.686 alimentação, trabalhos de projetos específicos de gênero, saúde, prevenção contra violência, VIH e SIDA, agricultura/pecuária/silvicultura, pequenas empresas, desenvolvimento da comunidade rural/urbana, reabilitação psicossocial, assistência jurídica, GA

crianças negligenciadas, crianças que assumem as responsabilidades domésticas, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, pessoas socialmente excluídas, pessoas em conflito com a lei, mães/tutores, multiplicado-res, decisores

Zimbabuédesde 2010

10 45.440 679.939 VIH e SIDA, higiene, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, pequenas empresas, educação em direitos huma-nos, reabilitação psicossocial e de deficiências, capacitação de parceiros, assistência jurídica, GA, fortalecimento da autoconfiança e personalidade, proteção ambiental

crianças traumatizadas e negligenciadas, crian-ças com deficiências, crianças em situação de rua, órfãos, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, pessoas socialmente excluídas, pais/tutores, multiplicadores

em toda a África

total África 194 1.649.510

31.095

14.360.105

7Anuário 2015

Ásia

projetoscrianças /

jovensdespesas em euros conteúdo do projeto gupos-alvo

Afeganistãoprojetos desde 2002

5 12.890 274.393 educação básica/escolar/profissional, educação para a paz, pequenas empresas, desenvolvimento da comunidade rural, competências de vida, reabili-tação de deficiências, GA

crianças exploradas, crianças com deficiências, outras crianças em risco, pessoas socialmente excluídas, decisores

Bangladechedesde 11971

17 7.690 736.333 educação profissional/básica, saúde, desenvo-limento da comunidade rural, prevenção contra catástrofes, competências de vida trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial, GA

crianças trabalhadoras, desnutridas e negligen-ciadas, crianças com deficiências, crianças em situação de rua, órfãos, vítimas de abuso, pessoas socialmente excluídas, minorias étnicas, grávidas, pais

Filipinasdesde 1977

27 61.980 1.845.854 reconstrução, alimentação, educação para a paz, saúde, desenvolvimento comunitário, educação básica, pequenas empresas, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, reabilitação psicos-social, reabilitação de deficiências, GA, ajuda de emergência

crianças trabalhadoras, desnutridas e exploradas, crianças com deficiências, crianças de rua, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, refugiados, minorias étnicas, pessoas socialmen-te excluídas, pais, decisores

Índiadesde 1959

325 92.680 7.130.119 educação básica/escolar/profissional, alimentação, trabalhos de projeto específicos de género, saúde, VIH e SIDA, agricultura/pecuária/silvicultura, desenvolvimento da comunidade rural/urbana, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação piscossocial e de deficiên-cias, GA, fortalecimento da personalidade, proteção ambiental, água

crianças trabalhadoras, doentes, desnutridas, crianças traumatizadas e negligenciadas, crianças com deficiências, crianças em situação de rua, órfãos, crianças que assumem responsa-bilidades domésticas, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, minorias étnicas, refu-giados, grávidas, pessoas socialmente excluídas, pais/tutores, multiplicadores, decisores

Indonésiadesde 1978

6 2.840 570.874 educação profissional/básica, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibili-zação, reabilitação de deficiências, reabilitação de crianças em situação de rua

crianças com deficiências, crianças em situação de rua, crianças pré-escolares, professores/edu-cadores

LíbanoSince 2013

3 2.620 887.293 educação básica, reabilitação psicossocial, ajuda de emergência

crianças traumatizadas, refugiados, vítimas de violência, pais/tutores, multiplicadores

Nepaldesde 2015

4 12.600 761.979 trabalhos de projeto específicos de género, reabi-litação psicossocial, ajuda de emergência, ajuda à reconstrução

crianças subnutridas e traumatizadas, crianças que assumem responsabilidades domésticas, outras crianças em risco, pais, grávidas, multipli-cadores

Paquistãodesde 1977

25 29.390 2.672.781 alimentação, saúde, prevenção contra violência e catástrofes, educação básica/escolar/profissional, pequenas empresas, agricultura/pecuária/silvicultu-ra, desenvolvimento da comunidade rural, compe-tências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial e de deficiências, GA, ajuda de emergência, fortalecimento da personalidade, proteção ambiental, água

crianças trabalhadoras e exploradas, crianças com deficiências, crianças em situação de rua, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, pessoas em conflito com a lei, multiplica-dores, decisores

Sri Lankadesde 1975

11 6.580 675.394 educação básica/profissional, educação para a paz e em direitos humanos, desenvolvimento comuni-tário, trabalhos de projeto específicos de género, prevenção contra violência, pequenas empresas, competências de vida, trabalho de defesa de interes-ses e sensibilização, reabilitação psicossocial e de deficiências, fortalecimento da personalidade

crianças trabalhadoras e traumatizadas, crianças com deficiências, órfãos, outras crianças em ris-co, vítimas de violência/abuso, minorias étnicas, pessoas em conflito com a lei, pessoas socialmen-te excluídas, mães e tutores

Tailândiadesde 1983

12 11.830 558.194 luta contra o tráfico humano, alimentação, traba-lhos de projeto específicos de género, saúde, educ. básica/escolar/profissional, VIH e SIDA, desenvolvi-mento da comunidade rural, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psi-cossocial, assistência jurídica, GA, fortalecimento da personalidade

crianças trabalhadoras, crianças traumatizadas e negligenciadas, órfãos, outras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, minorias étnicas, refu-giados, pessoas socialmente excluídas, pessoas em conflito com a lei

em toda a Ásia

total Ásia 435 241.100

73.814

16.187.028

Europa de Lesteprojetos

crianças/ jovens

despesas em euros conteúdo do projeto gupos-alvo

Cosovoprojetos desde 1998

1 630 62.749 educação profissional minorias étnicas

FederaçãoRussa

desde 1998

5 730 213.161 VIH e SIDA, competências de vida, reabilitação psicossocial e de deficiências, fortalecimento da personalidade

crianças doentes e negligenciadas, crianças com deficiências, crianças em situação de rua, outras crianças em risco, pais/tutores

Total 6 1.400 275.910

8 Anuário 2015

América Latinaprojetos

crianças/ jovens

despesas em euros conteúdo do projeto gupos-alvo

Bolíviaprojetos desde 1974

24 19.540 1.538.278 saúde, prevenção contra violência, desenvolvi-mento da comunidade rural, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, reabilitação de deficiências, educação profissional

crianças trabalhadoras e exploradas, criançascom deficiências, crianças em situação de rua, ou-tras crianças em risco, vítimas de violência/abuso, pais, responsáveis

Brasildesde 1971

49 12.690 2.366.325 alimentação, educação para a paz, trabalhos de projeto específicos de género, prevenção contra violência, pequenas empresas, agricultura/pecu-ária/silvicultura, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial e de deficiências, educação escolar/profissional, proteção ambiental, água

crianças com deficiências, crianças em situa-ções de vida difíceis, vítimas de violência/abuso, minorias étnicas, pais, famílias, comunidades/organizações comunitárias, assistentes sociais/educadores, decisores a nível municipal, estadual e nacional

Chiledesde 1969

14 2.450 830.258 educação para a paz, trabalhos de projeto específicos de género, saúde, prevenção contra a violência, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial e de deficiências, fortale-cimento de parceiros de interesses, fortalecimento da personalidade, desenvolvimento da sociedade civil: p. ex. observatório dos direitos da criança

crianças trabalhadoras e exploradas, crianças com deficiências, outras crianças em risco, minorias étnicas, refugiados, vítimas de violência/abuso, grávidas, mães/tutores, multiplicadores, decisores

Equadordesde 1979

7 2.620 686.219 alimentação, agricultura familiar, saúde, prevenção contra violência, educação básica, desenvolvimen-to da comunidade rural, competências de vida, educação em direitos humanos, reabilitação psi-cossocial, fortalecimento da personalidade, água

crianças trabalhadoras e exploradas, crianças em situação de rua, pais, multiplicadores, decisores

Guatemaladesde 1976

19 10.710 1.780.123 alimentação, agricultura familiar, promoção de mulheres, educação para a paz, saúde, prevenção contra violência, educação básica, desenvolvimen-to da comunidade rural, competências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial, assistência jurídica, GA

crianças trabalhadoras e negligenciadas, vítimas de violência/abuso, mulheres, pais/tutores, profis-sionais de saúde, multiplicadores, decisores

Haitídesde 1973

14 16.300 3.789.379 alimentação, agricultura familiar, educação na pri-meira infância, saúde, prevenção contra violência, desenvolvimento da comunidade rural, compe-tências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização em direitos humanos, reabilitação psicossocial, assistência jurídica, educação esco-lar/profissional

crianças trabalhadoras e negligenciadas, crianças em situação de rua, vítimas de violência/abuso, pais/tutores, professores, profissionais de saúde, multiplicadores, decisores

Hondurasdesde 1979

13 16.080 910.311 alimentação, agricultura familiar, educação na pri-meira infância, saúde, prevenção contra violência, desenvolvimento da comunidade rural, compe-tências de vida, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial, assistência jurídica, educação escolar/profissional

crianças trabalhadoras e negligenciadas, crianças em situação de rua, vítimas de violência/abuso, pais/tutores, professores, profissionais de saúde, multiplicadores, decisores

Perudesde 1984

7 7.410 602.147 alimentação, saúde, prevenção contra violên-cia, pequenas empresas, trabalho de defesa de interesses e sensibilização, educação em direitos humanos, reabilitação psicossocial e de deficiên-cias, educação escolar/profissional, fortalecimento da personalidade, proteção ambiental, desenvolvi-mento da sociedade civil no âmbito dos direitosda criança

crianças trabalhadoras, desnutridas e negli-genciadas, crianças com deficiência, vítimas de violência/abuso, pessoas socialmente excluídas, grávidas, pais, multiplicadores, decisoresem toda

a América Latina

total América Latina

1*

148 87.800

191.564

12.694.604

Foto: Peter MüllerFoto: Jürgen Schübelin

* Projeto da iniciativa NGO-IDEAs (vide página 31)

9Anuário 2015

África Suazilândia

A Suazilândia é um dos países mais pobres do mundo.

O número de doentes com SIDA é um dos mais elevados do

mundo. A fome, o desespero e a morte fazem parte do dia

-a-dia das crianças. Porém, em algumas regiões cresce uma

nova geração com coragem e a vontade de alterar algo.

“Uma ideia fantástica, mas nunca será realizada. Não temos

meios suficientes , somos demasiado pobres, é impossível.”

O aldeão Mr. Nhleko abanava a cabeça, resignado. O parceiro da

Kindernothilfe ACAT perguntou há anos aos 200 afilhados da co-

munidade Sidlangatsini o que gostariam de fazer com o dinheiro

que tinham recebido da Kindernothilfe no Natal. Normalmente

era gasto em prendas ou numa festa. A resposta das crianças

surpreendeu todos: “Queremos o campo grande do qual vocês

desistiram há anos!” As meninas e os meninos estavam fartos:

Era frequente não terem o suficiente para comer em casa. As

colheitas das pequenas hortas familiares nunca chegavam para

Os órfãos do reinado

alimentar as famílias, no entanto a solução estava à mão de se-

mear, acharam as crianças. Na altura, alguns de entre os adultos

decerto sorriram perante tamanha ingenuidade.

Mas a ACAT, em contrapartida, achou esta ideia grandiosa e re-

solveu ajudar as crianças a realizá-la. A organização construíu

condutas de abastecimento de água a partir de poços em áreas

mais elevadas até às falésias, arranjou uma pequena bomba de

água e instruíu os meninos e os seus pais nos conhecimentos

da agricultura. “Durante a semana há pais que ajudam” explica

o diretor da ACAT Enock Dlamini. “Mas durante o fim-de-sema-

na todas as crianças estão aqui.” A ACAT instruíu a população

a avaliar a altura ideal para cultivar determinadas plantas. “

É sobretudo o feijão-frade que se adequa à cultura nesta zona

climática. É muito nutritivo, é robusto contra doenças e sobre-

vive a períodos de seca”, diz o diretor da ACAT. “O feijão-frade

é bastante caro, o que significa que as crianças podem vender

O trabalho no estrangeiro

Foto: Ralf Krämer

10 Anuário 2015

Projeto 74701

Apoio a pequenas empresas (Entrepreneurial and Skills development Programme)

Região: 8 regiões e distritos Shiselweni e Lubombo

Situação do projeto: As regiões deste projeto ficam nos dis-

tritos mais pobres do país. Cerca de 70 % dos habitantes vivem

abaixo do índice de pobreza nacional. A agricultura é pratica-

mente o único meio de rendimento. Devido a frequentes períodos

de seca, a população sofre de subnutrição crónica. As crianças

deixam de prosseguir os estudos primários devido à pobreza.

Grupo-alvo: 38.760 pessoas, entre estas 27.790 meninos –

órfãos e outras crianças em situação precária, viúvas sem ren-

dimentos, pais e avós encarregados de educação das crianças,

doentes com SIDA que necessitam de apoio

Objetivos do projeto: alimentação garantida, rendimentos

mais altos através de grupos de poupança e crédito, mais

conhecimentos sobre o SIDA e VIH, fornecimento de medica-

mentos aos doentes de SIDA e aos afetados pelo VIH, menos

descriminação através de exclarecimento sobre a doença

Parceiros do projeto: Africa Cooperative Action Trust (ACAT)

Lilima Suazilândia, uma organização cristã não-governamental

empenhada desde 1982 no trabalho de desenvolvimento da

província que trabalha sobretudo com mulheres e crianças da

população rural.

Exemplos de iniciativas e resultados em 2015: Aproximada-

mente 230 famílias conseguiram dar os primeiros passos para

saír da pobreza e apoiam outras para conseguirem o mesmo.

Campanhas de esclarecimento sobre o VIH e o SIDA levam as

pessoas a alterar a sua atitude, a evitar a propagação desta

doença e a deixar de discriminar famílias afetadas. A população

cultivou aproximadamente 100 hortas novas. Antes do início da

grande seca no final de 2015 cultivaram o suficiente para con-

sumo próprio e até ainda conseguiram vender legumes e fru-

tos. Graças aos grupos de poupança e crédito e às formações

lecionadas por colaboradores da ACAT assim como por volun-

a parte do cultivo de que não necessitam para a família. De

seguida, usam a horta para cultivar legumes.”

As crianças semearam, plantaram por exemplo 4.000 mudas

de tomate na terra e protegeram, acariciaram e regaram as

pequenas plantas. No final de um ano conseguiram ter uma co-

lheita fantástica. Mr. Nhleko foi observado a apreciar os frutos

da sua enorme colheita de tomate. Confessou que as crianças

tinham tornado possível o impossível.

Depressa se discutiu, se os jovens agricultores não deveriam

ter mais campos, uma ideia que a ACAT apoiou imediatamente.

Sobretudo as avós cujos filhos tinham sido vítimas do SIDA,

tários das aldeias, 185 mulheres puderam fundar micro-em-

presas obtendo, assim, os seus próprios rendimentos. Desde

então, as famílias passaram a nutrir-se de forma mais saudável,

as suas habitações estão em melhor estado e os filhos volta-

ram a ir para a escola. O trabalho dos voluntários consistia, por

exemplo, em visitar duas vezes por semana órfãos, ajudar nas

lides da casa e oferecer apoio no cultivo das hortas.

Garantia da sustentabilidade: O objetivo é integrar o mais

que possível tanto o grupo-alvo como o contexto regional nas

fases do projeto, de forma que a população entenda o projeto

como seu. Graças às formações, é possível continuarem as

suas atividades a longo prazo sem ajuda externa.

Planos para 2016: Além da promoção de clubes de poupança

e crédito, do apoio ao cultivo de hortas e à fundação de micro

-empresas, a função dos colaboradores da ACAT é fundar um

clube infantil com 30 meninos e meninas. Durante os encontros

semanais do clube, os colaboradores irão debater questões

como o respeito pelos concidadãos, os direitos da criança e a

proteção contra uma infeção VIH.

Riscos: Controvérsias entre os aldeões – por essa razão, urge

envolver desde o início líderes e outras pessoas influentes nos

projetos. Colheitas perdidas pela seca – a população aprende,

por exemplo, a utilizar águas usadas para regar as plantações.

Prazo: 28.02.2006–31.03.2022

Medidas de apoio: apadrinhamento

Orçamento total do projeto: 857.926 euros

participação da Kindernothilfe em 2015: 87.964 euros

participação da Kindernothilfe em 2016: 87.242 euros

Ingrid Hach, coordenadora do projeto na África do Sul

e na Suazilândia

contato: [email protected]

e já não tinham apoio deles na velhice, poderiam sobreviver

melhor com a colheita destes campos. “E nós próprios ficamos

a ganhar com este projeto” sabe Sibongile de 14 anos. “Quando

algum dia ficarmos sózinhos, estamos preparados, pois sabe-

mos como sobreviver.”

No final de 2015 um período de seca assalou entre outros países

africanos a Suazilândia. A terra ficou ressequida e rigíssima,

nada mais cresce. A Kindernothilfe apoia as crianças e as suas

famílias na comunidade Sidlangatsini com alimentos até que

possam novamente semear e plantar na época das chuvas.

Gunhild Aiyub, gabinete de imprensa, [email protected]

11Anuário 2015

Para que as pessoas possam estar preparadas para enfrentar

os efeitos da mudança climática, devem cedo ter consciência

de como é frágil o equilíbrio ecológico. Por essa razão, o par-

ceiro da Kindernothilfe Research and Development Foundation

(RDF) fundou nas escolas clubes do ambiente: Aqui as crianças

e os professores discutem sobre questões da mudança climá-

tica e o efeito deste nas suas vidas. Participam em campanhas

de esclarecimento nas suas aldeias – por exemplo, sobre o

problema do lixo – cultivam jardins na escola e plantam árvo-

res: “Aprendemos a plantar mais e mais árvores para preservar

o nosso ambiente, porque somos responsáveis por ele. Quan-

to mais árvores houver, melhor qualidade de vida teremos”

exclama Daivan de onze anos que vem de Chachro. Padam, um

menino de nove anos de Bharmai, sabe que „as alturas em que

chove são outras – é a alteração climática. Eu aprendo a viver

com esta nova situação. Deveríamos plantar mais árvores, para

que as nossas aldeias se tornem mais verdes. O meu clube de

apoio ao ambiente está a ocupar-se disso.”

Para a gente do deserto de Thar a reflorestação é extremamen-

te importante, porque as árvores e os arbustos novos ajudam

a manter a riqueza de espécies, a reduzir a erosão, a manter a

capacidade natural do solo de reter as águas e a oferecer som-

bra tanto aos homens como ao animais. Além disso, algumas

plantas podem ser utilizadas para a alimentação dos animais

domésticos.

A organização-parceira procura, juntamente com a população

rural, medidas ideais de como se adaptar às alterações climáti-

cas dentro das difíceis condições do deserto de Thar. Para tal, é

importante que as pessoas adquiram mais conhecimentos, que

os apliquem na prática e que os transmitam aos seus conter-

râneos. Um bom exemplo são os fornos de baixo consumo,

que foram introduzidos e desenvolvidos com muito sucesso no

âmbito deste projeto.

Há gerações que as mulheres do deserto de Thar cozinham

sobre lume aberto. Os fornos de baixo consumo são murados,

de forma que se solte menos fumo e calor. Os riscos de incên-

dio reduziram-se significativamente na nossa casa!” exclama

Nirmi (39 anos) de Sokro, aliviada. “E as paredes da cozinha

não se sujam tão rapidamente. Por causa das duas aberturas

Viver com a mudança climática

Ásia Paquistão

Os habitantes do deserto de Thar no sudoeste do Paquis-

tão sofrem muito com a mudança climática. Juntamente

com o Ministério para a Cooperação e o Desenvolvimento

Económico (Bundesministerium für wirtschaftliche Zusam-

menarbeit und Entwicklung –BMZ) a Kindernothilfe e o

seu parceiro nacional no distrito de Tharparkar apoiam um

projeto que ajuda as pessoas a fazer face às novas condi-

ções climáticas.

Foto: Silke Wörmann

O trabalho no estrangeiro

12 Anuário 2015

Projeto 25752

Apoio local a estratégias de adaptação às alterações climáticas e proteção dos recursos naturaisRegião: quatro comunidades (Chachro, Khinsar, Mithrio Cha-

ran e Rajoro) no distrito de Tharparkar, província de Sindh no

sudoeste do Paquistão

Situação do projeto: Períodos de seca prolongados em

simultâneo com cheias, desmatamento, fertilizantes químicos

e exploração descontrolada de recursos diminuem a produ-

tividade da agricultura. A população apenas tem poucos

conhecimentos sobre métodos agrícolas apropriados, produ-

ção animal que preserve recursos naturais, aproveitamentos

adequados dos recursos hídricos e preservação do solo. A

fome e a pobreza levam grande parte da população a emigrar,

pelo menos temporariamente, para as grandes urbes.

Parceiros do projeto: Research Development Foundation

(RDF)

Grupo-alvo: 139.600 pessoas (pequenos agricultores, arren-

datários, camponeses e criadores de gado) de 19.952 unidades

familiares, tomando em consideração as mulheres, as crianças

e os jovens

Objetivo do projeto: ajudar a população a enfrentar condições

meteorológicas extremas e a saber lidar melhor com estas si-

tuações por meio de estratégias e técnicas próprias; utilização

de recursos adequados; desenvolvimento autónomo de planos

para a redução de riscos; iniciativas lançadas pelas autoridades

locais e organizações da sociedade civil para a adaptação às

alterações climáticas; divulgação de conhecimentos ao grande

público

Exemplos de iniciativas e resultados em 2015: As comunidades

puderam cultivar 5.000 plantas resistentes à seca em terre-

nos municipais que são utilizadas entre outros para a produ-

ção de forragens. Especialistas formados no âmbito do projeto

vacinaram 23.980 cabras e 15.674 ovelhas entre outros contra

a febre aftosa. Os animais tornam-se assim mais resistentes

contra doenças, fornecem mais leite e carne, sobrevivem

melhor à escassez de alimentos e alcançam preços de venda

mais elevados. Aldeãs construíram 1.835 fornos de baixo

do forno posso cozinhar simultaneamente caril e naan, chapatti

ou arroz, o que poupa tempo.” Mathri (34 anos) de Kagia está

feliz: “A minha roupa já não fica cheia de fuligem como antiga-

mente; os meus filhos estão mais seguros e já não têm tanto

calor quando me fazem companhia na cozinha.”E Amzan (53

anos) salienta por que razão os novos fornos são tão impor-

tantes para o meio ambiente: “Precisamos de muito menos

lenha. Estamos conscientes de que a madeira é valiosa, porque

o número de árvores e arbustos aqui na região se vai reduzindo

cada vez mais.”

consumo (ao todo 3.351 fornos desde 2013 em 70 aldeias).

As mulheres formadas nos cursos oferecidos pelo projeto

orientavam as suas vizinhas. Estes fornos precisam de menos

lenha, quase que não difundem fumo e provocam menos con-

juntivites e irritações das vias respiratórias. Do mesmo modo,

também diminuíu significativamente o perigo de queimaduras

e de incêndios.

Planos para 2016 (seleção): 30 comunidades estão a rever

os planos para a adaptação às alterações climáticas. Em 60

aldeias são oferecidas formações de técnicas de gestão de

riscos e sistemas de alerta rápido. As comunidades constroem,

sob orientação, 125 sistemas de recuperação, armazenagem e

reutilização das águas pluviais como modelos de demonstração

para os habitantes das aldeias. Nos encontros dos representan-

tes da sociedade civil e do governo, que ocorrem trimestralmen-

te, a RDF discute o progresso do projeto e possíveis alterações.

Riscos: No caso de que as condições climáticas extremas se

prolongarem por demasiado tempo, as atividades têm que ser

interrompidas ou não ocorrem de todo (por exemplo a reflo-

restação, o cultivo de espécies resistentes à seca). Durante

períodos de seca prolongados, os habitantes da aldeia preocu-

par-se-ão em primeira linha com a sua própria sobrevivência,

em vez de participarem no projeto.

Prazo: 01.01.2013–31.12.2018

Medidas de apoio: 1+3=4 (projeto co-financiado)

Orçamento total do projeto: 1.135.728 euros

despesas da Kindernothilfe: 107.894 euros

recursos do BMZ (Ministério para a Coope-

ração e o Desenvolvimento Económico): 1.027.834 euros

Total de despesas 2015: 243.094 euros

participação da Kindernothilfe: 23.094 euros

participação do BMZ 220.000 euros

Christine Idems, assessora para a ajuda humanitária

contato: [email protected]

Juntamente com as mulheres, a RDF adaptou a construção

do forno de baixo consumo às condições locais, de modo que

apenas sejam usados materiais que estejam à disposição.

Daí que seja possível as próprias mulheres fazerem pequenos

arranjos e, caso seja necessário, até consigam contruír um

forno novo.

Christine Idems, assessora para a ajuda humanitária

contato: [email protected]

13Anuário 2015

América Latina Peru

O árduo trabalho com tijolos e a tentação do ouro Em 2013 Girasol trabalhava todos os dias numa tijolaria –

um trabalho árduo. Na altura tinha apenas doze anos. Hoje,

ela e o irmão mais novo vão para a escola. Os seus pais

deixaram-se convencer que a educação é a chave para um

futuro melhor.

Girasol lança a bola de voleibol para o céu. Ela joga despreo-

cupada com os seus amigos no intervalo da escola. A menina

de catorze anos é uma de entre 250 crianças – na sua maioria

ex-trabalhadores em tijolarias – que a Kindernothilfe pôde

alcançar com o seu parceiro local, o IINCAP (Instituto de Inves-

tigación, Capacitación y Promoción „Jorge Basadre“) em Caja-

marca no norte do Peru. Há apenas dois anos, Girasol ajudava

o seu pai diariamente na pedreira. Removia o calcário com uma

pá, empurrava carrinhos-de-mão com carga pesada e produzia

tijolos. Girasol trabalhava como um adulto. Até aí, nunca tinha

ido para a escola e poucas vezes tinha tempo para ir A brincar.

Hoje Girasol está orgulhosa por ter um uniforme escolar. Todos

os dias recebe uma refeição quente e obtém apoio financeiro

do projeto para comprar material escolar. Agora, a jovem ape-

nas auxilia ocasionalmente os seus pais nos fins de semanas,

contribuindo para o rendimento familiar.

Em Cajamarca é frequente as crianças trabalharem em tijolarias:

Já meninos entre os quatro e cinco anos misturam a argila, car-

regam tijolos que pesam até três quilos até aos fornos, removem

as rebarbas dos tijolos. A pele das crianças fica com fissuras e

até sangra. Não é raro ficarem com infeções urinárias graves

quando batem a fria e húmida argila. E o peso dos tijolos leva a

graves danos na estrutura óssea ainda em desenvolvimento das

crianças. O projeto da Kindernothilfe apoia as famílias a quebrar

com este círculo vicioso de pobreza e trabalho infantil: Aquele

que obtém uma boa educação escolar, tem a hipótese de conti-

nuar os estudos e a ter um rendimento adequado. Muitos jovens

do projeto conseguiram formar-se como mecânicos, padeiros

ou seguem outras carreiras profissionais. “A vida das famílias

melhorou consideravelmente graças ao projeto”, diz a assistente

social do IINCAP Antonieta Torell Rabanal. “Mas o número dos

trabalhadores menores aumenta em geral. As crianças estão

O trabalho no estrangeiro

Foto: Christian Herrmanny

subnutridas, o índice de pobreza é altíssimo. O motivo deste

acréscimo é sobretudo a exploração mineira.”

Aqui, a exploração mineira consiste numa das maiores minas de

ouro do mundo nas proximidades de Cajamarca: Yanacocha. A

demanda por este metal precioso diminuíu. Há anos que os traba-

lhadores mineiros são despedidos continuamente, muitos partem

para outras regiões, pais desempregados mandam os seus filhos

para as tijolarias para ganharem algum dinheiro. Uma vez que

praticamente não existem outras fontes de rendimento, há muita

gente da região a trabalhar na manufatura de tijolos. Por causa da

crescente concorrência, o preço dos tijolos desceu e as famílias

apenas ganham sessenta por cento do que ganhavam há três

anos, enquanto que os custos de vida sobem. Há crianças que

apenas trabalham para receberem uma refeição quente por dia.

Graças ao projeto da Kindernothilfe Action!Kidz, que em 2015

angariou quase 100.000 euros em todo a República Federal,

as famílias puderam ser apoiadas na compra de uniformes e

material escolar assim como em cursos suplementares. Com os

300.00 euros reunidos na gala de solidariedade da cadeia de te-

levisão ZDF “Ein Herz für Kinder” (um coração para as crianças),

a IINCAP pode apoiar mais 250 crianças durante um período de

três anos no âmbito de um segundo projeto.

texto e fotos: Christian Herrmanny

contato: [email protected]

14 Anuário 2015

Projeto 88003

Combate às formas mais graves de trabalho infantil

Região: Cajamarca

Situação do projeto: Cajamarca é a segunda região mais po-

bre do Peru. A maioria dos habitantes são pequenos campone-

ses, tem um nível de escolaridade baixo e, por essa razão, não

encontra empregos bem remunerados. Uma vez que o rendi-

mento de muitas famílias não é suficiente, aproximadamente

A metade das crianças e jovens têm que apoiar as famílias

ganhando dinheiro. Muitos têm que trabalhar para poderem

pagar uniformes, material escolar e transportes.

Grupo-alvo: 250 crianças e jovens dos 6 aos 18 anos e as suas

185 famílias

Objetivo do projeto: Combate à exploração da mão-de-obra

infantil, educação-base para as crianças, formação laboral para

os jovens

Parceiros do projeto: Instituto de Investigación, Capacitación

y Promoción „Jorge Basadre'' (IINCAP) – uma colaboração

entre assistentes sociais, agrónomos e enfermeiras, entre

outros, que desde 1983 assistem e apoiam crianças, jovens e

adultos de entre a população mais pobre na seu desenvolvi-

mento.

Atividades do projeto e resultados em 2015: Financiamen-

to de material escolar e uniformes, aulas de explicação em

matemática e espanhol, ofertas de tempos livres, cursos para

fortalecer a auto-estima, cursos para soluções de conflitos

não-violentas, formações para pais e filhos sobre os direitos da

criança, cursos para desenvolver ideias de negócio para os pais.

Todas as crianças do projeto vão para a escola, mais de 85 %

puderam passar para o próximo ano, o que se deve a um melhor

ensino através da formação de professores, financiada pela

IINCAP. Nove jovens iniciaram uma formação profissional, por

exemplo como farmacêutica, 30 pais puderam estabelecer o

seu próprio negócio e quase que duplicaram, deste modo, o

rendimento familiar.

Planos para 2016: Continuação das atividades do projeto,

mais formações para professores, colaboração com institui-

ções de ensino públicas para sensibilizar a opinião pública

para o problema do trabalho infantil; início do segundo projeto

financiado por “Ein Herz für Kinder” com mais 250 crianças.

Futuro do projeto: O projeto toma em consideração as

diversas causas que levam ao trabalho infantil: o baixo

rendimento dos pais, os custos da educação escolar e

formação profissional, um ensino de qualidade medíocre,

a falta de consciência da opinião pública acerca das conse-

quências do trabalho infantil assim como a falta de colabo-

ração das autoridades envolvidas. O projeto encoraja as

crianças e todos os envolvidos em Cajamarca a colaborar

e empenhar-se activamente. As formações também trans-

mitem conhecimentos duradouros.

Riscos: Em 2016 haverá eleições presidenciais no Peru que

poderão levar a uma alteração da orientação política do país

e a um tendência de negligenciar assuntos sociais. Por causa

de um agravamento da situação económica assim como do

fenómeno metereológico El Niño, os rendimentos familiares

poderão alterar-se de modo a que as crianças tenham que

contribuir para o sustento da família e o trabalho infantil, por

consequência, aumentará.

Prazo: 11.12.2013–31.12.2016

Medidas de apoio: apadrinhamento

Orçamento total do projeto: 751.398 euros

participação da Kindernothilfe em 2015: 68.000 euros

participação da Kindernothilfe em 2016: 147.000 euros

(Os 300.000 euros de „Ein Herz für Kinder“destinam-se igual-

mente para outro projeto em Cajamarca)

Kathrin Meindl, coordenadora do projeto no Haiti e no Peru

contato: [email protected]

Foto: Christian HerrmannyAnuário 2015 15

Realizar e garantir todos os direitos humanos no mundo

inteiro – uma ambição nobre que nós, simples humanos,

porventura nunca alcançaremos plenamente. Mas pode-

remos tentar aproximar-nos um pouco a cada dia deste

objetivo. Uma medida para tomar este caminho é um proce-

dimento denominado UPR (vide caixa) das Nações Unidas:

Estados das Nações Unidas controlam mutuamente os seus

progressos e retrocessos e permitem às suas sociedades

civis tomar parte neste processo. Podemos observar se este

procedimento resulta ou não e de que forma, tomando o

exemplo das Honduras.

Receita: Pegue na sala dos direitos humanos das Nações

Unidas em Genebra. Junte 60 representantes dos estados-

membros que aí apresentam, um a um, de forma ora gentil,

ora firme, recomendações durante um minuto e cinquenta se-

gundos de como a República das Honduras poderia melhorar

a sua situação dos direitos humanos. Além disso, junte: uma

delegação do governo das Honduras, que irá mais tarde aceitar

ou não as recomendações. E que promete que as recomen-

dações aceites serão implementadas numa intensidade de 1

(ação mínima) a 6 (ação específica). Após dois anos e meio, os

„Nenhum caminho é demasiado árduo para defender os direitos humanos“ Honduras

estados das Nações Unidas verificam-se a implementação se

realizou. E pronto, está garantida uma vida humana para todos

nas Honduras – sem violência nem miséria, mas, isso sim,

boas hipóteses de desenvolvimento para todos. Ora, se tudo

fosse assim tão simples …

Chama-se UPR (Universal Periodic Review, ou seja: revisão

periódica universal) o processo a que a República das Hondu-

ras aqui se submete. Todos os estados das Nações Unidas têm

que se submeter a este procedimento de quatro em quatro

anos. O objetivo é um controlo mútuo da situação dos direitos

humanos. Wilmer Vásquez está no meio da sala dos direitos

cívicos e escuta uma voz espanhola que soa dos altifalantes:

“Desenvolva medidas, sobretudo através da educação, para

fortalecer os jovens e impedir que eles adiram a grupos crimi-

nosos!” O representante colombiano arrisca muito com a sua

proposta para as Honduras, uma vez que o seu próprio país

deveria, antes de mais, arrumar a própria casa no que se refere

a este assunto. Muitos outros estados também criticam a

situação das crianças. Argumenta-se o problema das crianças

refugiadas que arriscam sózinhas o caminho ilegal penoso para

os EUA, para escaparem à pobreza e a uma vida sem perspeti-

O trabalho no estrangeiro

texto e fotos: Bastian Strauch

contato: [email protected]

Wilmer Vásquez na Sala dos Direitos Humanos

das Nações Unidas

16 Anuário 2015

vas. Do mesmo modo, comenta-se com frequência a opressão

social das mulheres, dos defensores de direitos humanos e das

minorias. A Vásquez, entretanto, não escapa uma palavra. As

mais importantes são anotadas no seu caderno.

Depois de 60 estados se terem manifestado, fazendo 152

recomendações diferentes à sua pátria hondurenha no que

se refere a condições de vida mais favoráveis, Vásquez, de 45

anos, resume: “estou feliz e ao mesmo tempo infeliz”. Vásquez

pertence a uma mão-cheia de hondurenhos nesta sala que não

representam o governo. Ele dirige a maior organização não-lu-

crativa em favor dos direitos da criança do país, Coiproden, que

também é apoiada pela Kindernothilfe, e assiste ao processo

como representante da sociedade civil hondurenha.

“Estou contente”, diz, “porque o mundo põe publicamente o

dedo nas feridas dolorosas das Honduras, feridas estas, que

são da responsabilidade do estado.“ A taxa de homicídios está

entre as mais altas do mundo (90,2 homicídios por 100.000

habitantes por ano, na Alemanha são 0,8). 66,5 por cento dos

hondurenhos vivem abaixo do limiar da pobreza. A corrupção, a

violência e a impunidade (apenas quatro por cento dos delitos

são levados a tribunal) destabilizam cada vez mais as estru-

turas já de si pouco estáveis do país. São apenas alguns dos

números assustadores proferidos pelos estados que fizeram

o exame. A intervenção dos representantes do governo das

Honduras entristeceu Vásquez. Durante praticamente uma

hora, leram o seu próprio relatório sobre os direitos humanos

incluíndo uma longa lista de adaptações legislativas e admi-

nistrativas, cujo sentido é, afinal, documentar que a situação

dos direitos humanos melhorou. “É uma maneira de atirar areia

para os nossos olhos”, comenta Vásquez, “o governo tem que

aceitar que as mudanças legislativas até agora não passam de

tigres de papel que pouco ou nada resultam numa melhoria da

situação. Não é por acaso que as Honduras receberam mais

sugestões hoje do que nas audições há quatro anos e meio. Na

altura já foram 129, agora são 23 mais.” O que terá, além disso,

amargurado Vásquez: “O representante do Congresso Nacional

aqui presente falou de uma boa cooperação com a sociedade

civil para melhorar a situação dos direitos humanos. Isto fez-

me sentir um gosto amargo da provocação.”

Vásquez sabe do que fala. Há 25 anos que luta incansavelmen-

te pelas crianças e pelos seus direitos. Começou como assis-

tente social nas ruas e, entretanto, empenha-se como ativista

nos círculos diplomáticos – sempre numa posição de grande

tensão em relação ao governo e às autoridades. “Uma boa

cooperação entre governo e organizações não-governamentais

(ONG) teria significado que a situação dos direitos humanos

seria analisada e discutida em conjunto, para depois encontrar

soluções”, diz Vásquez. “Nada disto aconteceu.” Porém, não se

cansa de procurar o diálogo – numa receção organizada pelo

governo na noite anterior à audição em Genebra, foi o único

representante de um ONG a comparecer. “Nós precisamos do

governo e ele precisa de nós”, é a sua máxima.

Mas porque razão a relação entre o governo e as ONGs é de

tal modo tensa? ”Entre outros, porque muitas ONGs tentam

desmistificar uma ideia extremamente persistente nas Hon-

duras, que dificulta gravemente a implementação dos direitos

humanos” supõe Vásquez. “Gerações de políticos no governo

convenceram as pessoas de que o país já é pobre desde os

tempos coloniais e que apenas o resto do mundo o podería

tirar da pobreza. O desenvolvimento apenas seria possível com

ajuda financeira do exterior.” Assim, o país é sustentado há

dezenas de anos por países doadores, enquanto que grandes

quantidades de dinheiro fluem para canais corruptos. Um

exemplo recente: De acordo com a imprensa, cerca de 300

milhões de dólares foram desviados através de hospitais do

estado para apoiar a campanha eleitoral do partido que está

no governo. “Certamente que num mundo globalizado há

uma responsabilidade cada vez mais global, também da parte

dos países ricos em relação aos países mais pobres”, afirma

Vásquez. “Queremos comunicar às pessoas neste país que é

sobretudo o próprio Estado o responsável pelo bem-estar da

população. E que pode e deve reunir grande parte dos meios, se

17Anuário 2015

não desaparecessem de forma misteriosa.” Esta afirmação en-

furece por seu lado o governo que não deixa de ripostar contra

ela, culpando as ONGs de comprometer injustificadamente a

sua reputação e pondo em perigo, deste modo, os investimen-

tos e os fundos de desenvolvimento.

„O processo UPR é um meio muito importante para combater

esta dinâmica fatal e permitir uma melhor implementação

dos direitos humanos”, comenta Vásquez. Pois este processo

encoraja a alterar duas convicções: Primeiro, em persuadir os

hondurenhos dos seus direitos e da responsabilidade coeren-

te – este facto não é de modo algum evidente num país em

que nas ruas subsiste a lei do mais forte. E, em segundo lugar,

em exercer pressão internacional sobre os responsáveis para

que eles não possam mais ignorar a sua responsabilidade. (O

assunto “implementação dos direitos humanos” está descrito

na página 30)

Mas como pode um processo, que se desenrola bem longe nas

salas de mármore das Nações Unidas em Genebra, ter impacto

nas condições de vida das pessoas nas Honduras? Vásquez

responde a esta pergunta alguns dias mais tarde, já de regresso

às Honduras. Numa sessão do skype aponta a câmara do com-

putador para um jornal, em que o partido no poder publicou um

anúncio de uma página. Aí culpa um certo “sector da oposição”,

não identificado, de ter ocultado os progressos na implementa-

ção dos direitos civis para descreditar o governo aos olhos da

opinião pública. Mesmo que tal não seja proferido diretamente,

os culpados do artigo são os ONGs por terem intervenido no

processo UPR. “Está na vista”, comenta Vásquez, “que o proces-

so é levado muito a sério pelo governo. Ele parte do princípio

que a população observa bem os resultados. Isto para nós é, de

facto, apesar de sermos aqui descritos como “conspiradores

organizados”, um grande sucesso.

Este sucesso é ainda mais surpreendente, quando se tem em

conta que as ONGs durante a audição nem sequer detêm o

direito de usar a palavra, não passam de meros observadores

do processo. “Fizemos o nosso trabalho sobretudo antes do

processo,” explica Vásquez. “Criámos uma rede de 51 ONGs

hondurenhos para o processo UPR (Plataforma UPR), fizémos

análises e estudos sobre a situação dos direitos humanos,

elaborámos um relatório-sombra com recomendações nos-

sas a partir dos resultados destes estudos e entregámo-lo ao

conselho de direitos humanos do processo UPR.” Finalmente,

a Plataforma UPR ainda fez ações de lobbying com o relatório:

Contactou diversas embaixadas de diferentes continentes, con-

versou com diplomatas, deu entrevistas e por aí além. “O nosso

objetivo é que aqueles que redigem as recomendações para as

Honduras, tenham em conta o nosso ponto de vista.”

A Plataforma UPR realçou sobretudo a situação desesperada

de crianças, mulheres, ativistas dos direitos humanos e mino-

rias. “Foram grandes esforços que por vezes não nos levaram a

lado algum,” conta Vásquez, “pois não sabíamos se os estados

iriam aceitar as nossas recomendações. Além disso, é difícil

encontrar um interesse comum entre 51 organizações diferen-

tes. Todas têm prioridades que querem ver respeitadas – nós

como Coiproden, por exemplo, damos mais valor aos direitos

da criança.” Mas parece ter funcionado. As ONGs nas Honduras

nunca antes se tinham organizado assim para um processo

UPR. Outro sucesso são as recomendações que os represen-

tantes dos estados fizeram ao governo hondurenho. Vásquez:

“Em comparação ao primeiro ciclo UPR há quatro anos e meio,

podemos afirmar claramente: Parece que os interesses par-

ticulares de teor económico ou interesses de países vizinhos,

que em parte levaram alguns países a fazer recomendações

bastante insignificantes, desta vez não tiveram um papel tão

relevante.” E os problemas fundamentais das Honduras formu-

18 Anuário 2015

lados no relatório-sombra da Plataforma UPR foram proferidos

claramente e repetidas vezes. Vásquez: “Ouvir isto em Gene-

bra com os meus próprio ouvidos, alegrou-me e confirmou as

minhas convicções: Nenhum caminho é demasiado árduo para

defender os direitos humanos.”

Imediatamente após a audição na sala dos direitos humanos, o

trabalho de Vásquez continua: Encontra-se com outros repre-

sentantes da sociedade civil na cantina e analisa as recomen-

dações com eles. Após meia hora, a delegação posiciona-se

diante das câmaras e dos microfones dos meios de comunica-

ção hondurenhos. Ao vivo através do skype, Vásquez formula

a sua estimativa em relação ao processo para os seus compa-

triotas, afirmando sempre firmemente que “depende muito

do nosso governo que não só aceite as recomendações e crie

uma nova legislação, mas que também preencha as recomen-

dações com vida, pondo-as em prática: mais meios financeiros

para a educação e a saúde, insituições mais fortes, luta contra

a corrupção etc. – e nós, os cidadãos, devemos observar este

processo e exigir que tudo aconteça.”

Três meses mais tarde, no início de agosto: Vásquez espera,

nervoso, o próximo desenvolvimento no processo UPR. Que re-

comendações as Honduras aceitarão? Como vai o governo apli-

cá-las? A resposta será publicada em setembro. Vásquez tem

esperança na mudança e há desenvolvimentos na sociedade

hondurenha que vão nessa direção: Há meses que se formou

um “movimento dos indignados”. As pessoas descem para a rua

aos milhares para protestar contra a corrupção e a injustiça –

entre outros, exigem que o Estado permita a entrada no país

a uma comissão das Nações Unidas contra a impunidade e a

corrupção. A comissão podería fazer pesquisas independente-

mente. “É um bom sinal que os hondurenhos estejam a ganhar

coragem para exigir os seus direitos” diz Vásquez. Coragem

O processo UPR (Universal Periodic Review, ou seja:

revisão periódica universal) para os direitos humanos é um

instrumento das Nações Unidas com o qual os estados-

membros podem analisar mutuamente os seus progressos

e retrocessos. Após quatro anos e meio, todos os estados

têm que apresentar um relatório ao conselho dos direitos

humanos, para comprovar como aplicaram os direitos hu-

manos. Agentes da sociedade civil do país podem, entre-

tanto, entregar conjuntamente um relatório-sombra para

o processo. Além disso, as Nações Unidas apresentam

um relatório próprio. O relatório nacional é apresentado

durante uma audição na sala dos direitos cívicos, após o

que os estados examinantes têm a oportunidade de avaliar

a situação do país examinado e de fazer recomendações

para melhorias. O estado examinado deve aceitar ou rejei-

tar as recomendações e explicar como as vai aplicar. Uma

troika (que consiste de três estados) verifica, se as reco-

mendações foram ou não aplicadas após dois anos e meio.

O respetivo relatório é incluído no próximo ciclo da UPR.

esta, que também foi inspirada pelos seus próprios esforços.

“Espero que as manifestações se mantenham pacíficas e que

todos possam entrar num diálogo construtivo: Os cidadãos,

as ONGs e o governo – pois todos nós somos o Estado. Só

poderemos tornar possível uma vida melhor nas Honduras com

esforços unidos.”

Em Genebra, todos os estados-membros das Nações Unidas têm que se submeter ao processo UPR numa periodicidade de quatro anos e meio

Entrevista ao vivo via skype: Wilmer Vás-quez analisa o processo para a televisão hondurenha

A delegação hondurenha enquanto lê o seu próprio relatório sobre os direitos humanos

19Anuário 2015

Análise dos resultados dos projetos Foto: Katja Anger

O resultado que queremos alcançar com o nosso

trabalho é a melhoria a longo prazo das condições de

vida das crianças, dos jovens e das famílias. As con-

dições para um trabalho de projeto bem sucedido são:

Dar importância aos resultados, em vez de salientar as

próprias atividades. Além do mais, importa fazer uma

observação dos resultados.

Planejamento do projeto

Os nossos parceiros fazem o requerimento de cada projeto

com um documento pormenorizado. Critérios de qualida-

de importantes deste documento são a orientação pelos

direitos da criança e pelo impacto que o projeto terá. Exi-

gimos que o planejamento dos projetos seja feito de modo

a que as partes envolvidas participem ativamente, sobre-

tudo as crianças mais velhas e os jovens. Desta forma,

podemos garantir que os projetos sejam relevantes e os

conhecimentos adquiridos sejam aplicados no conceito do

projeto. No centro das nossas atenções está uma análise

da situação dos direitos da criança no local. É na base des-

ta análise que são formulados os nossos objetivos, ou seja,

quais as modificações concretas que devem ser atingidas

com este projeto. Estas modificações são desenvolvidas

numa lógica de intervenção na qual são formulados os

nossos objetivos, as estratégias e as atividades do projeto.

A preparação do projeto inclui igualmente os indicadores

com que medimos o progresso do projeto e a concretiza-

ção dos nossos objetivos. A intervenção do projeto é, na

sua totalidade, abordada num quadro lógico (logframe)

que resume os objetivos, resultados, indicadores, mas

também as resoluções e atividades.

Avaliação e controlo dos parceiros e dos grupos-alvo

dos projetos

Baseando-se na apresentação do projeto, os nossos

parceiros observam sistematicamente não apenas se as

atividades são realizadas, mas também se os objetivos são

de facto atingidos. Para realizar os indicadores definidos

na candidatura, são recolhidos dados que eles analisam

e, assim que possível, discutem com representates dos

grupos-alvo. Os nossos parceiros avaliam anualmente –

geralmente em conjunto com os grupos-alvo – o progresso

do projeto e a experiência obtida com ele e planeiam o ano

novo. Faz parte deste processo avaliar quais as estratégias

O trabalho no país e no estrangeiro

20 Anuário 2015

e atividades que foram bem sucedidas e que poderiam

eventualmente ser expandidas. Do mesmo modo, exami-

na-se quais as atividades que poderiam ainda ser aperfei-

çoadas. Pretendemos que as pessoas envolvidas partici-

pem tanto quanto possível no planejamento e na avaliação

dos resultados do projeto. Em muitos projetos empenham-

se grupos e comités que estabelecem objetivos próprios

tendo em vista as mudanças desejadas. Além disso, exami-

nam regularmente os progressos com meios simples,

frequentemente visuais. A participação ativa das pessoas

nos objetivos e na monitorização do projeto aumenta a

motivação das partes envolvidas. Elas identificam-se com

o projeto em questão e, frequentemente, também com o

seu resultado.

Supervisão dos projetos da Kindernothilfe

As nossas visitas aos projetos e os relatórios fornecem-

nos a maior parte dos indícios para a supervisão. Presta-

mos visitas regulares a todos os projetos e não perdemos

de vista o progresso, a adequação do conceito assim como

a qualidade da realização das atividades e o controlo do

projeto. Os relatórios anuais dos projetos seguem um mo-

delo uniforme, que presentemente estamos a rever, para o

podermos orientar ainda mais pelos direitos da criança e

pelo seu impacto. Os relatórios informam sobre a execu-

ção das atividades e os resultados conseguidos. Refletem

êxitos do mesmo modo que refletem problemas e fazem

propostas para como adaptar as estratégias e as ativida-

des do projeto. Estes relatórios são também a base dos

relatórios que depois serão enviados aos padrinhos.

Avaliação

Além de inúmeras avaliações de projeto próprias, damos

em comissão estudos em que são analisadas as aborda-

gens ao programa. No ano de 2015 focámo-nos na edu-

cação durante a primeira infância. Todos os projetos de

avaliação vão a concurso público e são avaliados por uma

auditoria externa independente. O nosso conceito de ava-

liação (http://bit.ly/1D5mN3C) que contém os critérios da

OECD (relevância, efetividade, eficiência, eficácia, susten-

tabilidade) assim como os padrões da Sociedade para a

Avaliação (Gesellschaft für Evaluation, DeGEval) é deter-

minante para o processo. Faz parte de qualquer avaliação

examinar os resultados obtidos e a sua sustentabilidade

assim como propostas de aperfeiçoamento. Por princípio,

é importante apoiar-se nos resultados da avaliação, pois

este procedimento aumenta a reputação de todos os

projetos. Do mesmo modo, o trabalho da Kindernothilfe

ganha com este procedimento enquanto “organização

em aprendizagem”. Após qualquer avaliação, os nossos

parceiros tomam posição em relação às conclusões e às

propostas. Discutimos estas últimas com eles e iniciamos

em conjunto, eventualmente, adaptações necessárias ao

plano original do projeto. Todos os relatórios de avaliação

são discutidos em equipa na nossa central administrativa.

As avaliações mais significativas são apresentadas a um

maior círculo de funcionários.

Criação de redes especializadas e iniciativas conjuntas

No consórcio de análise dos resultados da VENRO tro-

camos pontos de vista com os colegas de outras organi-

zações, para desenvolver os projetos e influenciá-los em

conjunto. No conselho consultivo do instituto de avaliação

DeGEval e no grupo de acompanhamento que desenvolve

o sistema de monitorização de Engagement Global repre-

sentamos os interesses da sociedade civil. Como membros

da DeGEval participamos regularmente em conferências e

também participamos em grupos de trabalho.

Além disso, participamos atualmente ativa e intensamente

em três iniciativas: A iniciativa da VENRO “orientação pe-

los resultados do trabalho no país” ocupa-se com métodos

para poder avaliar de forma simplificada e pouco custosa

a representação no exterior e as iniciativas de educação. O

projeto da VENRO “parceria para a qualidade e os resulta-

dos” baseia-se nos Development Effectiveness Principles e

promove o intercâmbio internacional no que se refere aos

resultados dos projetos.

Uma vez que é um dos nossos objetivos mais importantes

que a avaliação dos resultados obtidos seja feita pelos nos-

sos grupos-alvo, empenhamo-nos na iniciativa NGO-IDEAs.

Depois de, nos passados anos, a termos introduzido com

êxito em grupos de auto-ajuda de sete países asiáticos, é

a América Latina que está no foco das nossas atenções.

Seis parceiros em três países usaram já os instrumentos

com crianças e mães em projetos do desenvolvimento

comunitário, educação na primeira infância assim como

a promoção dos direitos da criança a nível das comunida-

des. No ano de 2016 juntar-se-ão mais cinco parceiros de

quatro países.

Formação dos parceiros e colaboradores

É um grande desafio avaliar os resultados de projetos.

Verificar se as atividades planeadas foram efetivamente

realizadas ou se os conteúdos das formações foram, de

facto, transmitidos e se as infraestruturas foram usadas,

é simples. Apenas, exprimir em números o quanto a vida

das pessoas foi alterada com estes projetos é muito, mas

muito mais difícil. Para conseguir responder a este desafio,

formamos os nossos parceiros e os nossos colaboradores.

Do mesmo modo, o diálogo com os nossos parceiros que

acompanha sempre o processo, contribui para que tanto

eles como nós compreendamos melhor a orientação pelos

resultados dos projetos.

Albert Eiden, coordenador para o desenvolvimento

qualitativo da programação

contato: [email protected]

21Anuário 2015

A educação altera tudo – desde o início!

O trabalho no país e no estrangeiro

Um sistema educativo de alta qualidade para as crianças

pequenas pode fortalecer permanentemente sociedades

inteiras no seu desenvolvimento. Um estudo efetuado pela

Universidade Ludwig Maximilian em Munique e comis-

sionado pela Kindernothilfe comprovou esta máxima. Os

resultados do estudo foram, entre outros, discutidos com

deputados na Comissão do Bundestag para a Cooperação

Económica e o Desenvolvimento e serviram de base para

um projeto de legislação que em 2015 foi aceitado pelo

Parlamento.

O ponto de partida

Todo o ser humano tem o direito de desenvolver as suas

capacidades a partir do dia do seu nascimento e consoante as

suas necessidades individuais. Inúmeros estudos científicos

e conclusões retiradas do campo da prática comprovam pelo

mundo fora, que os fundamentos estabelecidos nos primeiros

anos de vida da criança influenciam-na profundamente no seu

desenvolvimento emocional, físico, psíquico e social. 85 por

cento das estruturas do cérebro desenvolvem-se até aos três

anos de idade. A educação na primeira infância é pois funda-

mental para uma vida escolar e profissional, feliz assim como

para uma qualidade de vida e uma participação na sociedade

satisfatória. Está comprovado que os programas de educação

para a primeira infância que incluem também o ambiente social

da criança melhoram a sua alimentação, reforçam o elo com a

família e favorecem a sua competência social.

Cooperações para o desenvolvimento públicas e privadas têm

consciência destes factos, porém ainda não os transformaram

no assunto central das suas atividades. Enquanto que nos

países industrializados três de entre quatro crianças tiram pro-

veito da educação na primeira infância, nos países em vias de

desenvolvimento apenas uma em cada dez crianças tem aces-

so a este tipo de educação. Em casos individuais, as crianças

são apoiadas antes de entrarem na escola em todos os aspetos

da sua aprendizagem. Apenas, muitos meninos nestas idades

poucas hipóteses têm de serem apoiados, pois vivem em re-

giões longínquas ou pertencem a uma etnia desfavorecida, etc.

As razões para estas práticas de desigualdade possivelmente

têm que ver com uma priorização injusta, poucos recursos

e falta de estrégias de como promover sistematicamente a

educação na primeira infância em contextos de extrema pob-

reza.

Objetivos do estudo científico

Para investigar este problema com mais profundidade, a

Kindernothilfe convidou a Universidade Ludwig Maximilian em

Munique a fazer um estudo. O professor Markowetz trabalhou

intensamente durante seis meses com os seus colaboradores

Janina Wölfl e Klaus Jahn. Estes obtiveram apoio, por sua vez,

de uma equipa de especialistas multidisciplinares constituída

por seis professores catedráticos. Um objetivo importante

deste estudo foi a questão se existe, de facto, esta falta de

estratégias em contextos de extrema probreza e quais as

soluções que tiveram êxito na prática. Outro objetivo do estudo

foi definir a aceção de educação na primeira infância e de ana-

lisar de forma crítica a concretização habitual destes projetos

de educação na primeira infância.

22 Anuário 2015

A educação altera tudo – desde o início!

Foto: Jakob Studnar

Assim, pode-se dizer que o estudo teve dois objetivos:

1. Para tornar os projetos da Kindernothilfe e dos seus parcei-

ros mais significativos, foi necessário identificadar abordagens

bem sucedidas de baixo limiar, que possam servir como orien-

tação. No decorrer deste processo, deveriam ser identificados

critérios de qualidade já comprovados em 15 projetos, assim

como estratégias para implementar de forma económica estes

mesmos critérios de qualidade.

2. É importante sensibilizar o público profissional e influenciar

a política de apoio da Cooperação para o Desenvolvimento.

Daí que foi importante esclarecer de forma bem clara, qual a

importância de um sistema de educação na primeira infância

no âmbito da cooperação para o desenvolvimento bi- e multila-

teral. Além disso, urge formular recomendações para a coope-

ração de desenvolvimento - sobretudo público - e a política de

apoio alemãs.

A ideia de ligar dois objetivos tão diversos com um projeto de

investigação é excepcional e inovadora. Este estudo foi extre-

mamente enriquecedor para a Kindernothilfe, uma vez que

uniu os dois mandatos e levou à interação e à aprendizagem

entre os setores: Apelar ao sentimento de compaixão e à

responsabilidade para com as crianças que sofrem privações

neste mundo, contribuir para a superação da miséria e apoiar o

empenho na promoção da informação e da educação.

Metodologia e abordagem

Num primeiro passo foi criado um enquadramento teórico

e referencial. Neste contexto fez-se um registo dos atuais

progressos e resultados assim como uma análise do status

quo do debate sobre a educação na primeira infância. Basean-

do-se nestes fatos, criou-se um enquadramento referencial

que avaliasse o status quo da educação na primeira infância.

Indicadores como a avaliação da qualidade do processo e os

resultados dos conceitos e da abordagem da educação na

primeira infância fazem parte deste enquadramento. Após isto,

avaliaram-se conceitos e abordagens de diversas organizações

num denominado global mapping. Neste contexto, é importante

assegurar que sobretudo as variáveis dos efeitos e dos resul-

tados positivos e negativos da educação na primeira infância

sejam identificados. Do mesmo modo, deveriam ser salientadas

as estratégias de implementação bem sucedidas.

A partir deste enquadramento de referências e dos resultados

do global mapping criou-se, por fim, um catálogo de critérios

de qualidade. Este catálogo foi avaliado pelo grupo de especia-

listas assim como pelos colaboradores em oficinas. O catálogo

contém seis dimensões centrais, que devem ser respeitadas no

que diz respeito à educação na primeira infância:

fatores de contexto (p. ex. político, cultural),

o programa pedagógico (p. ex. a participação dos pais, a

qualificação dos colaboradores, o ponto de vista das

crianças),

a qualidade do processo (p. ex. a colaboração com as

autoridades, ofertas organizadas num sistema de rede)

a qualidade dos resultados do desenvolvimento infantil

(p. ex. social, cognitivo, linguístico)

a qualidade da organização (p. ex. a situação laboral dos

colaboradores) e

a qualidade das estruturas (p. ex. o espaço, o equipamento,

a gestão).

A equipa de investigação analisou 15 projetos da Kindernothilfe

na Ásia, em África e na América do Sul com a ajuda destes

critérios de qualidade. No início, responderam 16 coordenadores

de projeto, 65 colaboradores, 142 pais e 152 crianças através

de um questionário sobre quais os critérios mais relevantes

para eles. As respostas foram reunidas numa base de dados e

analisadas estatisticamente. De seguida, a equipa fez doze ent-

revistas mais aprofundadas com coordenadores e avaliou-as.

Foram documentados cinco decursos da primeira infância na

prática, para também poder comprovar as normas de qualida-

de e de desempenho, mas também os fatores de contexto e de

influência em casos individuais.

Resultados

Os investigadores chegaram à conclusão, que a Kindernothilfe

não tinha apenas reconhecido o enorme potencial da educação

na primeira infância, como também o tinha já aplicado nos

projetos escolhidos com modelos estratégicos e operacionais.

Chegaram à conclusão: as ofertas de formação são extrema-

mente eficientes, formações sobre assuntos da saúde e

alimentação mostram um efeito imediato e melhoram a vida

das crianças e, deste modo, também a sua maturação e o

23Anuário 2015

seu desenvolvimento. O mesmo se pode afirmar sobre os

projetos que fortalecem o núcleo familiar. O estudo salienta a

importância fundamental da família e aquilo que ela transmite

de positivo: amor paternal, o elo emocional, as relações fami-

liares, a comunicação entre os membros da família, atividades

estimulantes assim como aconchego e proteção da criança.

Além disso, os jogos livres e a aprendizagem através do jogo

são fundamentais para as crianças aquirirem conhecimentos à

medida que vão crescendo. Resultados semelhantes podem ser

observados na análise das teorias de vida das famílias, apoios

psíco-sociais, garantia de cuidados essenciais permanentes

para as famílias e mobilização da comunidade. A educação na

primeira infância deveria sempre ter uma orientação global e

participativa: sustento, assistência e educação.

A equipa também concluíu que a oferta de formações e atividades

deveria ser alargada no sentido de transmitir mais conhecimen-

tos com relevância pedagógica: A influência da música e das

artes aplicadas, da língua, cultura, educação assim como a ajuda

psíco-social e o jogo pedagógico no desenvolvimento da criança

deveriam ter um papel mais relevante nas formações. Também o

apoio às crianças deficientes ainda poderia ser melhorado.

Recomendações

A equipa de investigadores formulou inúmeras recomendações

para o trabalho de projeto. Os seguintes aspetos são os mais

importantes para a educação na primeira infância:

estabelecer elos emocionais com as crianças, repeitando-as

usar jogos como parte integrante da educação

formar os pais a orientar os seus filhos de forma adequada

promover a cooperação de projetos pedagógicos, apoiar as

crianças na transição do jardim infantil para a escola

oferecer apoio psíco-social às crianças e às suas famílias

formar colaboradores especializados e criar uma situação

laboral satisfatória para eles.

No que diz respeito à política a equipa de investigadores

propõe:

Assegurar o acesso à educação: A possibilidade de obter

educação na primeira infância é, até à data, pura e simples-

mente insuficiente e deveria ser promovida em todo o mundo.

Todas as crianças têm o direito à educação na primeira

infância. Os governos têm que instaurar programas em todas

as regiões que alcancem tanto aquelas crianças que vivem

em zonas de conflito como aquelas que são marginalizadas e

discriminadas. É importante financiar estes programas e criar

iniciativas que valorizem o trabalho da educação na primeira

infância, p. ex. por meio de campanhas de esclarecimento.

Melhorar a qualidade e mantê-la: A qualidade dos projetos

de educação na primeira infância tem o potencial de ser melho-

rada a vários níveis. Por meio de uma abordagem holística da

educação na primeira infância (sustento, assistência, educação)

é possível fazê-lo: Melhorando a qualificação do pessoal peda-

gógico e criando planos de educação cujo foco seja o apoio de

um desenvolvimento holístico. Os sistemas públicos deveriam

integrar um sistema de monitorização que tenha tanto cada

criança no centro das atenções, como também o nível sisté-

mico. Além disso, deveriam fazer controlos de qualidade

regulares.

Como utilizar os resultados

Um dos objetivos deste estudo foi influenciar a política de

apoio financeiro pública. Houve inúmeras conversas pessoais

Os colaboradores da Kindernothilfe empenham-se em que todas as crianças deste mundo tenham a oportunidade de obter desde pequeninas uma educação adequada.

Foto: Kindernothilfe

24 Anuário 2015

com deputados e colaboradores do Ministério das Finanças e

do Desenvolvimento Económico (BMZ) e, além disso, mais dois

eventos. O resultado dos estudos foi extensamente apresen-

tado pelo diretor do projeto de investigação o prof. Dr. Marko-

wetz e uma colaboradora da Kindernothilfe à Comissão das

Finanças e do Desenvolvimento Económico onde foi também

discutido. Participaram nesta sessão 25 deputados e um

secretário do estado do BMZ. Foi gratificante ter o diretor da

organização-parceira da Kindernothilfe World Relief Malawi pre-

sente nesta sessão, uma vez que tinha participado no estudo e

transpôs a sua experiência para a prática.

Além disso, organizou-se um pequeno-almoço parlamentar

com o tema educação no âmbito da cooperação para o desen-

volvimento, em que participaram 28 deputados e colaboradores

dos gabinetes dos deputados. O interesse manifestado é enorme

e os temas das discussões são promissores, o que sugere que

o assunto chegou finalmente ao Bundestag. O mesmo também

se pode reconhecer no pedido ao Bundestag “Melhorar o início

da vida das crianças em países em desenvolvimento ou em

transição – a base para uma sociedade estável” (documento

18/6329), cujo tema é a educação na primeira infância e que

foi aceite pelo Parlamento em dezembro. Neste pedido está

patente a experiência da Kindernothilfe neste campo. A Kinder-

nothilfe manterá o contato com os deputados que tomaram

parte nestas sessões.

Para sensibilizar a opinião pública especializada, o estudo foi

apresentado e discutido numa conferência bem frequentada

com o título “Educação na primeira infância – é ou não é um as-

sunto para a Cooperação para o Desenvolvimento?”. O auge da

conferência foi um debate com representantes de alto nível do

A Kindernothilfe apresentou o estudo em setembro de 2015 numa conferência em Berlim. Foto: Bastian Strauch

Parlamento, dos sindicatos e da sociedade civil. Na sequência

do debate trocaram-se inúmeros contatos e pedidos e houve

uma troca de impressões com o BMZ.

Para fortalecer conceptualmente as atividades dos projetos

da Kindernothilfe e dos seus parceiros no âmbito da educação

da primeira infância, a equipa de investigação apresentou os

resultados do estudo aos colaboradores da Kindernothilfe. Já

está planeada uma segunda sessão informativa com exemplos

de projetos. Para uma leitura mais aprofundada recomenda-se

o download do dossier sobre a educação na primeira infância

(bit.ly/1VUDyHL) e do estudo (bit.ly/1Tg4mM3) que estão dis-

poníveis online. O estudo foi traduzido e distribuído juntamente

com um resumo das conclusões principais assim como com a

apresentação de possibildades de empenho. Para poder utilizar

os resultados das atividades, foi elaborado um plano de ação,

que, consoante o continente, contém diferentes projetos,

p. ex. discussões com os coordenadores da Kindernothilfe

sobre como apoiar melhor a educação na primeira infância,

oficinas com parceiros de diferentes países em que se fala dos

seus projetos, avaliação de conceitos já estabelecidos assim

como formações.

Continuar-se á a trocar impressões sobre este assunto com

o apoio do grupo de trabalho de educação da Kindernothilfe.

Uma vez que ainda não passou muito tempo, é impossível

avaliar, se a programação dos projetos e a política se alteraram.

O desenvolvimento, porém, tem sido favorável.

Albert Eiden, coordenador para o melhoramento da qualidade

na programação

contato: [email protected]

25Anuário 2015

O fluxo de apoio financeiro e a responsabilidade

83,8 cêntimos de cada euro doado são utilizados para

as despesas de projeto. Desse total, 73,7 cêntimos vão

para projetos que apoiam ao mesmo tempo as crianças,

suas famílias e a comunidade. Com 6,1 cêntimos finan-

ciamos o monitoramento e controle dos projetos por

peritos de países sediados em Duisburg. Eles garantem

que as doações contribuam para melhorar a situação

das crianças e seu ambiente de forma sustentável.

Gastamos 4,0 cêntimos para mudar a longo prazo con-

dições e estruturas. Somente assim se pode combater a

pobreza e a injustiça cometida às crianças de forma du-

radoura. É através do trabalho de lobby e de campanha

que atuamos na esfera política e divulgamos informa-

ção sobre problemas globais no âmbito das atividades

Transparência e Controle

em educação e relações públicas. Um exemplo: Muitos

produtos são baratos apenas porque são fabricados por

crianças em países pobres. Portanto, nosso comporta-

mento de consumo na Alemanha tem influência sobre

o problema do trabalho infantil. Só se estas correlações

forem conhecidas é que se conseguirá mudar algo de

maneira sustentável.

16,2 cêntimos investimos em outras tarefas: A Kinder-

nothilfe usa 5,5 cêntimos para a administração. Nossos

colaboradores fazem com que o trabalho seja realizado

sem dificuldades e de forma eficiente – por exemplo,

através de contabilidade profissional, controlling ou

recursos modernos de processamento de dados. Dessa

forma garantimos que sua doação será utilizada da

melhor maneira em prol das meninas e dos meninos.

10,7 cêntimos por cada euro doado são utilizados em

publicidade e atendimento ao doador. A Kindernothilfe

é suportada em 90 por cento por doações. Apenas se

conseguirmos continuamente patrocinadores para o

nosso trabalho é que poderemos no futuro apoiar as

crianças nos países do hemisfério sul. Por isso, esses

custos também são um investimento que acabará por

beneficiar as crianças.

Despesas em projetos

Relações Públicas e administração

envia a Requerimentos de projeto

Encerramento anual Kindernothilfe/

Atestado de um auditor independente

Resultados da avaliação

Informações sobre apadrinhados

Todos os documentos de 1

envia a Relatório anual Kindernothilfe com

atestado de um auditor independente

Relatórios anuais de projeto

Relatórios sobre o desenvolvimento

da criança e seu ambiente

Cartas de crianças

envia a Confirmação

de dinheiro recebido

Planejamento anual incluindo

orçamento

Relatórios financeiros

Relatórios de progresso

Encerramento anual de projeto

Relatórios anuais de projeto

Cartas de crianças

Relatórios sobre o desenvolvimento

da criança e seu ambiente

Doadores

Kindernothilfe Parceiros e estrutura de

coordenação no paísProjeto

Documents

Donativos Donativos Donativos

Documents Documents Documents

16,2 %

83,8 %

26 Anuário 2015

Auto-comprometimento da Kindernothilfe

Um bom trabalho requer fundamentos vinculativos, um enquadramento fiável e um controle rigoroso. Por isso, a

Kindernothilfe estabeleceu metas e se comprometeu com os demais códigos já existentes. O objetivo é tornar o trabalho

ainda mais transparente, verificável e eficaz.

Estatuto da Associação da Kindernothilfe

Quem: Os grêmios da KindernothilfeQuando: Em 1961, na versão de 2012O quê: orientação dos trabalhos no interior e no exterior do país composição e tarefas dos órgãos da associação

Código de Gobernanza Corporativa Diacónico(DCGK)

Quem: A KindernothilfeQuando: Desde 2007O quê: comunicação aberta e transparente divisão clara das competências

entre a Diretoria Executiva e os Conselhos de Fiscalização trabalho de qualidade em todos os níveis determinação das tarefas dos órgãos da associação, dos departa-

mentos e da Diretoria Executiva controle do trabalho meta: funcionamento interdependente em todos os níveis da

Kindernothilfe

Código da VENRO "Trabalho de relações públicas relacionado com o Desenvolvimento"

Quem: A Kindernothilfe e os membros da Associação Política das Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento da Alemanha (VENRO)Quando: Assinado no ano de 1998O quê: normas profissionais e éticas em relação à comunicação com a

mídia e os doadores utilização transparente, eficaz e responsável dos recursos proibição de alugar, vender ou trocar informações pessoais de doa-

dores a Kindernothilfe jamais exporá as pessoas em situação de vulnerabi-

lidade de forma humilhante em fotos e em relatórios a Kindernothilfe não divulga as crianças dos programas de apadri-

nhamento por meio de catálogos e não obriga as pessoas a doar recursos

Código de Conduta da VENRO

Quem: Os membros da Kindernothilfe e da VENROQuando: Desde 2008O quê: padrões uniformes, controle mais rígido e profissionalismo compro-

vável maior transparência possível estabelecer padrões uniformes para

todas as organizações de assistência humanitária fortalecimento dos órgãos de controle sem vínculo à organização e

do Instituto Central Alemão para Questões Sociais (DZI)

Código da VENRO "Proteção das crianças contra abuso e exploração na cooperação para o desenvolvimento e ajuda humanitária”

Quem: Os membros da Kindernothilfe e da VENROQuando: Desde 2009O quê: compromete todos os membros, entre outros, a: comprometer-se a proteger as crianças do abuso (sexual, emocional

e físico), bem como da exploração e da negligência criar um ambiente em que os Direitos Humanos e os Direitos da

Criança e do Adolescente são aplicados incluir as crianças nas atividades direcionadas a elas e sensibilizar a

própria organização e os parceiros para o tema garantir e preservar a dignidade das crianças perante a mídia e em

todos os trabalhos que envolvem relações pública

Iniciativa Sociedade Civil Transparente

Quem: Os membros da Kindernothilfe e da VENRO, Transparency Deutschland e. V., Bundesverband deutscher Stiftungen, DZI, Deutscher Fundraising Verband, Deutscher Kulturrat, Deutscher Naturschutzring, Deutscher Spendenrat, Maecenata Institut für Philanthropie und ZivilgesellschaftQuando: Em 2010O quê: 10 informações fundamentais que todas as Organizações da Sociedade Civil deveriam publicar em seus websites, entre elas: o estatuto, os nomes dos principais representantes, informações sobre a origem dos recursos, informações sobre a utilização dos recursos e a estrutura organizacional

O texto completo dos estatutos da associação, assim como os códigos podem ser consultados em alemão em:www.kindernothilfe.de/selbstverpflichtungen

Método da Kindernothilfe para a Prevenção contra a Corrupção (Código de Conduta Anticorrupção)

Quem: KindernothilfeQuando: Desde 2008O quê: Código de Comportamento e Integralidade cujo papel é exigir aos

funcionários uma conduta responsável, ética, moral e em conformi-dade com a lei

evitar e combater a corrupção os funcionários da Kindernothilfe têm a obrigação de comunicar,

tanto na Alemanha quanto no exterior, qualquer tipo de corrupção detectado

Implementação do cargo do provedor

27Anuário 2015

5,4 %5,8 %

88,8 %

16,2 %

83,8 %

Relatório Financeiro 2015No ano de 2015 os rendimentos atingiram um montan-

te de 59.955.087 euros e as despesas um montante de

59.160.509 euros. Deste modo, terminámos o ano com um

balanço positivo de 794.578 euros.

RendimentosOs rendimentos com um montante de cerca de 60 milhões de

euros compõem-se de donativos, contibuições e subvenções

assim como rendimentos extraordinários. O aumento de cerca

de 3,4 milhões em relação ao ano de 2015 deve-se em grande

parte aos donativos para a ajuda humanitária no Nepal e para

os refugiados sírios no Líbano. Consequentemente, os dona-

tivos para a ajuda humanitária de 8,9 milhões de euros estão

a mais de metade acima do nível do ano passado. Também as

subvenções do Ministério para a Cooperação e o Desenvolvi-

mento Económico para o co-financiamento de projetos (BMZ)

assim como outros rendimentos extraordinários atingiram um

aumento significativo em relação ao ano passado.

Estrutura de receitas

Donativos 88.8 %

Contribuições / ajudas de custo 5.4 %

Outros rendimentos 5.8 %

Total: 100 %

Estrutura das despesas

Despesas de projeto 83.8 %

Financiamento de projeto 73.7 %

Acompanhamento de projeto 6.1 %

Trabalho de educação, informação e de sensibilização 4.0 %

Despesas com publicidade e administração 16.2 %

Publicidade e Atendimento ao doador 10.7 %

Administração 5.5 %

Total: 100.0 %

DespesasAs despesas de 59,2 milhões compõem-se de despesas para os

projetos e para a publicidade/angariação de fundos assim como

para a administração. No âmbito da consolidação orçamental,

as despesas para os projetos reduziram-se por 2,1 milhões e as

despesas para a publicidade/angariação de fundos assim como

para a administração por 570 mil euros. A redução das despesas

para os projetos deve-se em grande parte ao fato de poderem

estar à disposição menos meios financeiros para projetos a

curto e longo prazo do que no ano anterior, devido ao desenvol-

vimento da gestão dos donativos. Em 2016 os meios financeiros

aumentarão novamente, porque uma grande parte do apoio

financeiro obtido em 2015 para a ajuda ao Nepal e para os refu-

giados sírios no Líbano será gasta.

ResultadoO relatório anual regista um balanço positivo de 795 mil euros.

Ao capital da associação são adicionados 936 mil euros de he-

ranças e para o financiamento de projetos são retiradas verbas

da reserva de contingências de 141 mil euros.

28 Anuário 2015

Despesas em áreas específicas (em milhares de euros) total

Educação 24,9 % 10.859

Ajuda humanitária 17,2 % 7.528

Redução da pobreza 14,8 % 6.449

Fortalecimento político e jurídico 12,9 % 5.618

Desenvolvimento de qualidade 10,8 % 4.698

Saúde 8,3 % 3.634

Trabalho psicossocial 3,7 % 1.610

Segurança alimentar 3,6 % 1.582

Prevenção contra violência 2,0 % 854

Demais 1,8 % 795

Total 43.627

Ajuda humanitária: Construções, prevenção contra catástro-

fes, ajuda de emergência, ajuda à reconstrução

Educação: Capacitação profissional, educação infantil, educa-

ção básica, promoção de competências de vida, ensino médio

Segurança alimentar: Alimentação, agricultura, pecuária e

silvicultura

Fortalecimento político e jurídico: Trabalhos de projeto espe-

cíficos de gênero, lobby e trabalho de sensibilização, educação

em direitos humanos, assistência jurídica, desenvolvimento da

sociedade civil, como, por exemplo, grupos de autoajuda

Prevenção contra a violência: Educação para a paz, preven-

ção contra qualquer forma de abuso e negligência, proteção da

criança

Redução da pobreza: Incentivo de pequenas empresas,

microcréditos, desenvolvimento da comunidade rural/urbana,

proteção ambiental

Saúde: Previdência de saúde/serviços de saúde, VIH e SIDA,

higiene, reabilitação de deficiências, saúde reprodutiva, abaste-

cimento de água

Trabalho psicossocial: Reabilitação psicossocial, fortaleci-

mento da autoconfiança e personalidade Desenvolvimento de

qualidade : Desenvolvimento da capacidade de parceiros

100 %

Certificado do Auditor de Contas

De acordo com § 317 HGB deixámos verificar o nosso relatório anual de 2015, composto pelo balanço, as contas de lucros e perdas e o apêndice assim

como o ponto de situação pela agência de auditoria PKF FASSELT SCHLAGE Partnerschaft mbB. Passamos a citar, de seguida, o relatório do auditor,

que incide sobre o relatório anual completo e o ponto de situação em 2015. Salientamos que o apêndice e o ponto de situação de 2015 não são publi-

cados aqui, mas apenas no nosso site.

Examinamos as demonstrações contábeis à luz da contabilidade, bem

como o relatório de gestão da Kindernothilfe e.V., Duisburg, relativos ao

exercício compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2015.

A contabilidade e a apresentação das demonstrações contábeis e do

relatório de gestão nos termos da legislação comercial da Alemanha são

incumbências dos representantes legais da associação. Nossa tarefa con-

siste em dar o nosso parecer sobre as demonstrações contábeis, com base

nos exames por nós realizados e sob consideração da contabilidade, bem

como sobre o relatório de gestão.

Conduzimos nossos exames das demonstrações contábeis de acordo

com o artigo 317º do Código Comercial da Alemanha [HGB] e segundo

os princípios alemães aplicáveis à realização de auditorias, definidos pelo

Instituto de Auditores de Contas [IDW]. Nossos exames foram planejados e

conduzidos de forma a que qualquer incorreção ou infração que resultaria

em mudanças significativas da apresentação das posições patrimonial,

financeira e de resultados, que emana das demonstrações contábeis, leva-

dos em consideração os princípios da contabilidade regular, e do relatório

de gestão, tivesse sido detectada com a segurança necessária. Nossos

procedimentos foram definidos de acordo com os conhecimentos sobre

os negócios e o enquadramento econômico e jurídico da associação e em

conformidade com a expectativa de erros eventuais. No âmbito da audito-

ria verificamos, preponderantemente com base em amostras conscientes,

a eficácia do sistema de controle interno de acordo com as normas con-

tábeis, bem como comprovantes de dados contabilizados, de demonstra-

ções contábeis e do relatório de gestão. A auditoria avaliou os princípios

contábeis utilizados, as apreciações principais dos representantes legais

e a análise criteriosa da apresentação geral das demonstrações contábeis

e do relatório de gestão. Na nossa opinião, nossa auditoria constitui uma

base suficientemente sólida para a nossa avaliação.

Nossa auditoria não resultou em objeções.

Partimos da convicção de que as demonstrações contábeis, levados em

consideração os princípios da contabilidade regular, refletem, de fato, as

posições patrimonial, financeira e de resultados da Associação. O relatório

de gestão, em geral, dá uma noção correta da situação da Associação e

apresenta, de forma adequada, as oportunidades e os riscos futuros.

Duisburgo, 21 de março de 2016

PKF FASSELT SCHLAGE Parceiros

Auditoria de Contas, Consultoria Fiscal, Advocacia

Schienstock, Auditor de contas

Dr. Fasselt, Auditor de contas

29Anuário 2015

Os seguintes assuntos estarão no foco da nossa atenção no

ano de 2016:

No âmbito de um processo de participação de larga escala foi

desenvolvido um plano estratégico para os anos de 2016 até

2020. O plano tem um objetivo prioritário e resume a consciên-

cia da Kindernothilfe: „A Kindernothilfe é a ponte segura entre

as crianças e aqueles que se empenham em favor delas.“

Para concretizar este objetivo nos próximos cinco anos, a

Kindernothilfe prossegue as seguintes diretrizes:

1. A Kindernothilfe reforça o seu perfil como organização de

defesa dos direitos das crianças.

2. A Kindernothilfe age consoante os princípios da eficácia do

desenvolvimento.

3. A Kindernothilfe permanece financeiramente estável.

4. A Kindernothilfe usa ativamente as oportunidades da

digitalização global.

Para o ano de 2016 resultam dos pontos acima mencionados

os seguintes destaques operacionais:

No que se refere às atividades no país e às atividades de

programação, desenvolvemos um sistema para priorizar os

conteúdos e a extensão dos nossos assuntos centrais.

Para podermos desenvolver ainda mais a ajuda humanitária,

há que esclarecer as condições básicas e os objetivos.

Criamos as condições para que nos anos vindouros os

princípios estabelecidos em Istambul para um desenvolvi-

mento garantido participação, gestão financeira transpa-

rente e sustentabilidade sejam uma evidência em todas as

áreas de trabalho.

Para manter a capacidade financeira da Kindernothilfe,

serão dados os primeiros passos na direção de um plano

trienal para optimizar o portefólio de financiamento. Entre

outros, o objetivo é ganhar novos dadores permanentes que

deverão manter uma ligação mais prolongada à Kindernothilfe

através de melhores métodos de comunicação e projetos

com prazos mais compridos. Um aumento da contribuição

para o apadrinhamento de uma criança deverá compensar o

último aumento de há já 22 anos e garantir o financiamento

de projetos a longo prazo.

As primeiras iniciativas contribuem para que nos próximos

três anos melhore não apenas a rentabilidade das atividades

da programação e dos projetos, mas também o efeito

positivo em favor das crianças.

Para poder usufruir das oportunidades do progresso pela

digitalização, todos os processos da instituição devem ser

examinados, modernizados e, assim que possível, digitaliza-

dos. Ao mesmo tempo, será examinado o “modelo de empresa”

da Kindernothilfe. Queremos, assim, encontrar uma resposta

à questão de como a Kindernothilfe se poderá afirmar

futuramente nesta era de comunicação e interação digital.

Ajuda Humanitária

Mesmo que o fenómeno metereológico El Niño tenha recebido

o seu nome na América Latina, os seus efeitos são percetíveis

globalmente: Em África, a sul do Sara, espera-se a mais grave

ameça de fome de há dezenas de anos. Em alguns países não

chove há quase dois anos, noutras regiões chuvas torrenciais

destroem as colheitas. Pelo menos 18 milhões de pessoas

sofrem com os efeitos das condições climáticas extremas. Sob

o hashtag #istmirnichtegal (não me é indiferente) chamamos

a atenção para esta catástrofe eminente nas redes sociais.

No Nepal examinamos de momento opções para a transição

da ajuda humanitária após os dois terramotos de 2015 para

uma assistência ao desenvolvimento a longo prazo. Podemos

expandir claramente o nosso empenho para ajudar as crianças

sírias refugiadas no Líbano. Esperamos que possamos alcançar

pelo menos 14.000 crianças. Também pretendemos prosse-

guir com o nosso apoio a um centro de jovens no Cosovo que

também oferece formações. Trata-se de um projeto que dá

perspetivas a jovens cosovares para o futuro no seu país, cujo

apoio queremos reforçar.

Time to talk

168 milhões de crianças no mundo inteiro são obrigadas a traba-

lhar, 85 milhões de entre elas trabalham em condições deplorá-

veis. Para que no debate sobre o trabalho infantil possamos dar

uma voz às crianças que trabalham e para que as suas avalia-

ções e propostas sejam ouvidas na próxima conferência mundial

sobre o trabalho infantil na Argentina no ano de 2017, estamos a

Foto: Bastian Strauch

A organização

Perspectivas para 2016

30 Anuário 2015

organizar, juntamente com organizações parceiras, iniciativas e

cientistas, um inquérito às crianças afetadas. No âmbito destas

consultas, as crianças entre os cinco e os dezassete anos podem

proferir opiniões sobre a sua situação particular, definir as cau-

sas do trabalho infantil e propor possíveis soluções.

Relatório de previsão, riscos e hipóteses

Desenvolvimento financeiro: Para as finanças no ano de 2016

prevê-se rendimentos num montante de 59,5 milhões de euros

e despesas num montante de 59,8 milhões de euros. A previsão

dos rendimentos baseia-se no princípio da prudência e tem em

conta um aumento dos contributos para os apadrinhamentos

de 8 euros por mês para um total de 39 euros mensais.

No futuro, as finanças da Kindernothilfe serão assseguradas no

âmbito de uma estratégia dupla:

Considerando as atividades já iniciadas para um aumento

permanente das receitas (ou seja, o alargamento da base

das doações, a angariação de novos doadores permanentes,

a expansão do co-financiamento), o portefólio do financia-

mento deverá ser melhorado. O objetivo desta iniciativa não

é apenas aumentar as doações através de campanhas

e publicidade de angariação de fundos a curto prazo em

relação aos custos destas campanhas. Também pretende-

mos a médio e longo prazo construir uma pirâmide de

doadores equilibrada e aumentar o montante do donativo de

todos os doadores durante o tempo que fazem os donativos.

Simultaneamente, queremos aumentar a rentabilidade dos

setores centrais da empresa: na nossa central administrati-

va, através de uma otimização adicional dos processos e de

um com ela relacionado desenvolvimento da TI; nos países

onde decorrem os nossos projetos, através de uma reforma

das estruturas de coordenação assim como de um aumento

da eficiência nos programas e nos projetos. Deste modo,

podemos melhorar os resultados do nosso trabalho com

as crianças, mantendo os mesmos custos.

Projetos e programação: Alguns de entre os nossos parceiros

sofrem muito com a restrição da sua mão de manobra. Contro-

lo do estado e repressões, restrição da liberdade de expressão

– tudo isto de mão em mão com a corrupção e procedimentos

arbitrários da parte do estado – afetam cada vez mais as po-

ssibilidades de os parceiros se empenharem pelos direitos da

criança e na luta contra a pobreza. Outros fatores de risco são

o agravamento da situação económica em alguns dos países

em que mantemos projetos, os tumultos e os conflitos étnicos

que são cada vez mais frequentes assim como a ameaça do

terrorismo em algumas das regiões no mundo.

A fraqueza do euro em relação ao dólar americano leva a que

em alguns países os nossos parceiros tenham à disposição

menos meios financeiros na moeda do país. Uma vez que não

temos meios suficientes para compensar as perdas de poder

de compra, no pior dos casos, somos obrigados a cortar pro-

gramas e/ou atividades ou a adiá-los. Isto pode levar a que os

nossos objetivos, ou parte deles, e os resultados originalmente

pretendidos não venham a ser alcançados.

Reduzimos o risco de o financiamento ser mal empregue ou

até desviado ao utilizarmos os recursos de forma efetiva e

económica. Deste modo, reforçamos a nossa posição como

organização em favor dos direitos da criança. Por essa razão,

planeámos atividades que acompanham o cíclo completo do

projeto (a partir do início do projeto, passando pelo planea-

mento concreto, pela implementação e gestão e finalmente

até ao controlo e à avaliação) e cujo objetivo é uma gestão

financeira eficiente e económica.

Katrin Weidemann, presidente

Christoph Dehn, vice-presidente e responsável pela

programação

Jürgen Borchardt, responsável pelas finanças e a

administração

contato: [email protected]

Planejamento financeiro Em milhares de euros

1. Rendimentos

1.1. Donativos

1.2 Subsídios/Contribuições

1.3. Outros rendimentos

1.4 Rendimentos extraordinários

Rendimentos totais

2. Despesas

2.1. Despesas de projetos

2.2 Acompanhamento de projetos

2.3 Educação, informação, apoio

2.4 Relações públicas, atendimento ao doador

2.5 Administração

Despesas totais

Retirada de reservas

Planejado 2016

51.645

6.005

1.545

300

59.495

43.695

3.740

2.425

6.535

3.360

59.755

-260

Previsão 2017

53.400

6.250

1.600

300

61.550

45.265

3.830

2.490

6.700

3.440

61.725

-175

Perspectiva 2018

55.700

6.500

1.650

300

64.150

46.515

3.910

2.540

6.830

3.510

63.305

845

Este planeamento financeiro básico toma em consideração um aumento a longo prazo das receitas assim como a dedução de reservas para projetos da ajuda humanitária, sobretudo para o Nepal e para os refugia-dos sírios no Líbano.

31Anuário 2015

Selo de Donativos

A Kindernothilfe garante a probidade na utilização dos donati-

vos recebidos. Isto é comprovado anualmente através do Selo

de Donativos que lhe é concedido desde 1992 pelo Instituto

Central Alemão para Questões Sociais (DZI), com sede em

Berlim. O certificado atesta a utilização dos donativos em

conformidade estatutária e econômica.

ficha técnica

Editores: Kindernothilfe e.V., Düsseldorfer Landstraße 180, 47249 DuisburgTelefone: 00 49.203.7789-0, Fax: 00 49.203.7789-118,Serviço de Atendimento: 00 49.203.7789-111E-Mail: [email protected]ção: Gunhild Aiyub (Editor in Chief)Guido Oßwald (Relatório financeiro)Design Gráfico: Ralf KrämerFoto: Jakob StudnarTradução: Susana Correia

Dados bancáriosBank für Kirche und Diakonie eG – KD-BankIBAN DE92 3506 0190 0000 4545 40BIC GENODED1DKD