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  • 1 Antnio J. Freire Da Alma Humana Antnio J. Freire (Mdico, 1877 1958)

    Da Alma Humana

  • 2 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    Da Alma Humana ( METAPSICOLOGIA EXPERIMENTAL)

    Douter de tout ou tout croire, ce sont deux solutions galement comodes, qui Iautre nous dispensent de rflchir. H. POINCAR 2 Edio FEDERAO ESPRITA BRASILEIRA (Departamento editorial) Rua Figueira de Melo, 410 e Avenida Passos, 30 Rio de Janeiro

  • 3 Antnio J. Freire Da Alma Humana ndice Prefcio Cap.I - Do Complexo Humano Cap.II - Do Espiritismo Cap.III - Do Corpo Vital ou Duplo Etrico Cap.IV - Do Perisprito Cap.V - Experincias do Coronel A. Rochas dAiglun Cap.VI - Experincias de Hector Durville e de L. Lefranc Cap.VII - Experincia de Charles Lancelin Cap.VIII - Biometria Cap.IX - Experincias do Dr. H. Baraduc Cap.X - Consideraes Gerais (Concluses) Cap.XI - Da Aura humana Cap.XII - Do Duplo humano Cap.XIII - Das Radiaes mentais e emocionais

  • 4 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    IN MEMORIAM

    Ao engenheiro Gabriel Delanne Ao Mestre querido, consagrado mundialmente pelo rigor

    cientfico e disciplina experimental que soube imprimir aos seus trabalhos onde clares geniais.

    As suas obras sobre a alma humana, mediunidades e reencarnacionismo so clssicas e modelos para o futuro.

    O seu tratado magistra, em dois grossos volumes de 1.400 pginas - As aparies materializadas dos vivos e dos mortos- , uma maravilha de inteligncia, de anlise crtica, e de erudio. Esta obra-prima devia ser lida, relida e meditada por espiritualistas, materialistas e agnsticos. Se assim fosse, uma nova e redentora Luz descerias do Cu Terra, iluminando a Humanidade no sentido do Divino, da fraternidade e do Amor cristo.

    O engenheiro Gabriel Delannne lanou bases fortes e seguras para a construo da futura Religio-cincia, atravs da sua valiosa e opulente bibliografia.

    Respeitosa e grata homenagem do AUTOR

  • 5 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    Prefcio Esta monografia compe-se de alguns artigos publicados na Revista de Espiritismo, antigo rgo da Federao Esprita Portuguesas, artigos agora refundidos e atualizados, e de alguns captulos inditos.

    Desde que tivemos a felicidade de ingressar no Espiritismo, descrentes e inconformados com o dogmatismo catlico que foi a religio da nossa infncia, imediatamente iniciamos o estudo da alma humana num sentido cientficos.

    Lemos e meditamos, durante longos meses, os valores mximos do Espiritismo: Allan Kardec, G. Delanne, Lon Denis e Erneto Bozzano, e s depois, muito tempo depois, que observamos e experimentamos os fenmenos espritas. O engenheiro Gabriel Delanne foi o nosso Mestre preferido.

    Desde a nossa entrada no Espiritismo, compreendemos que no era possvel iniciar o conhecimento da fenomenologia supranormal esprita sem previamente adquirir os mais largos e profundos conhecimentos da composio, estrutura e mecnica da alma humana, e das suas relaes e afinidades com os Mundos terrestre, astral e espirituais, dentro do nosso sistema solar.

    O Espiritismo, em ltima anlise, , para ns, a cincia da alma humana, estudada luz do dinamismo do seu potencial e virtualidades divinas. Talvez seja esta a mais completa definio do Espiritismo, abrangendo todo o seu complexo objetivo.

    Dois aspectos principais fundamentam esta definio: 1 o estudo da alma humana na sua sucessivas reencarnaes (palingenesia), regidas pela lei da causalidade psquica (carma). Assim, a evoluo, dentre do determinismo do Reencarnacionismo, este orientado e regido pela Lei crmica, so, em sntese, as trs colunas basilares do Espiritismo: Evoluo, Reencarnacionismo e Carma, tendo por complemento e a intercomunicao entre o Mundos terrestre e os Mundos ultra-terrestres, sendo este intercmbio psquico a caracterstica direta, por processos variados, atravs das mltiplas mediunidades, os encarnados com os desencarnados; 2 o estudo da alma humana atravs das suas dissociaes, exteriorizaes e projees a distncia, podemos ir at s materializaes, quer do duplo dos vivos, quer esprito dos falecidos.

    A demonstrao experimental da sobrevivncia da alma humana a mais bela coroa de glria conquistada pelo Espiritismo; resta, agora, receber das Cincias, Religies e Filosofias e consagrao que lhe devida, em nome dos mais elementares princpios de justia, de lealdade e da gloriosa vitria sobre o materialismo e o atesmo, os maiores inimigos da Humanidade.

    Todos os fenmenos, inerentes ao Espiritismo, so, de fato, transcendente, inabituais, supranormais, tocando as raias do maravilhoso, do inverossmil, mesmo do inacreditvel, para todos aqueles que no tenham estudado, compreendido e assimilado as naes modernas relativas substancialidade e s extraordinrias possibilidades experimentais da alma humana.

  • 6 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    Felizmente, j ultrapassamos a poca obscura da alma humana considerada como entidade imaterial e abstrata. Este triunfo para a Humanidade, abrindo largas e luminosas clareiras ao Pensamento contemporneo no domnio experimental do psiquismo humano, o produto dum trabalho inteligente, contnuo, tenaz, orientado e produzido pelos neo-espiritualistas dentro do mtodo positivo oficial - observao e experimentao, repetindo experincias em todos os pases civilizados, dentro dos Grupos espritas experimentais.

    O materialismo e o atesmo, soberanos nos ltimos sculos, dominando, desptica e ininteligentemente, Cincias e Filosofias, escabujam no estertor duma agonia delirante de autolatria e de descrena.

    As Religies, que se contam por dezenas,arruinadas moralmente, cadaverizadas nos seus interesses materiais, mais pronunciadamente centrpetas do que centrfugas, foram impotentes para dar uma batalha decisiva e gloriosa ao materialismo e ao atesmo, os inimigos mais prejudiciais e nefastos para a Humanidade, espoliando-a do sentido do Divino e do sentimento religioso, bases do seu progresso espiritual.

    Dada a falncia das Religies, compete ao Espiritismo, pela sua estrutura cientfica e sentido cristo, despido de dogmas e de ritualismo, proclamar e orientar um Renascimento espiritual, propagando os seus princpios basilares com nobreza e iseno, com inteligncia e cultura cientfica, e difundido os grupos espritas experimentais.

    Na poca atual, s as obras cientficas podem valorizar e impor o Espiritismo.

    *

    O Espiritismo no tem sacristias nem confessionrios, s tendo por Catedral a Divina Criao, expressa na admirvel e encantadora Natureza, livro maravilhoso, aberto por Deus a toda a Humanidade, nos seus infinitos e magnificentes esplendores.

    O Espiritismo sobe da Terra aos Cus, iluminando as inteligncias, purificando os sentimentos, confortando e explicando as dores mais cruciantes, envolvendo, na sua nsia indmita do Infinito e da Eternidade, esses Mundos etreos vibrantes de Luz, de Verdade, de Amor, e ... de Justia tambm.

  • 7 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    Captulo I

    DO COMPLEXO HUMANO

    (Noes gerais. - Opinies de alguns cientistas contemporneo sobre os poderes supranormais da alma humana. - Do ternrio ao setenrio humano) Desde a mais remota antiguidade o estudo da alma humana tem sido o objetivo das mais variadas especulaes por parte das Escolas filosficas e das Religies, teorizando conceitos que, modernamente, a Psicofsica, a Psicopatologia, o Biomagnetismo e outros ramos da Psicologia experimental tm confirmado, por vezes, numa base cientfica dentro da fenomenologia esprita. O Espiritismo, impondo-se, no meado do sculo passado, com um carter impressionante de expanso mundial, abriu novos e largos horizontes ao pensamento contemporneo numa vasta e profunda sistematizao dos mais variados e imprevistos fenmenos anmicos e espritas, paralelos na sua mesmo origem e manifestaes, inerentes constituio psquica humana, imprimindo uma nova orientao ao estudo cientfica, firmada na observao e na mesma experimentao, bases do clssico mtodo positivo. O valor do Espiritismo, quer nos seus aspectos cientfico e filosfico, quer nas suas facundas aplicaes morais e sociais, s pode ser bem compreendida quando sejam estudadas separadamente as duas categorias de fenmenos psquico: anmicos e espritas. Os mais elementares princpios de metodologia impem a vantagem de iniciar o estudo do Espiritismo pelas possibilidades e fenmenos supranormais inerentes ao Animismo circunscritos ao plano terrestre. Os fenmenos espritas na sua pureza de origem e de ao raros. Uma boa parte doa fenmenos supranormais, erradamente supostos espritas, so, de fato, produzidos pelo Animismo, devidos exclusivamente s faculdades transcendentes de dissociao e exteriorizao da alma humana dos encarnados. So produes terrestres e no astrais. Trata-se dos vivos, e no dos falecidos. Evitem-se, pois, as confuses pelo estudo, reflexo, sendo crtico e a prtica experimental com experimentadores esclarecidos e devidamente treinados. O bom xito das sesses espritas experimentais depende da compreenso e aplicao das condies expostas. No entanto, uma grande parte dos fenmenos supranormais so de composio mista, participando simultaneamente os vivos ou encarnados, e os espritos desencarnados falecidos h mais ou menos tempo, atravs de variadas e complexas mediunidades, um dos captulos mais transcendente e aliciante do Espiritismo, j estudadas e sistematizadas por sbios de renome mundial. E esta intercomunicao entre os Mundos - terrestre e supraterrestre - que

  • 8 Antnio J. Freire Da Alma Humana d ao Espiritismo um carter original, privativo da sua tcnica, que se torna inconfundvel com todas as outras correntes e sistemas neo-espiritualistas. A anlise dos fenmenos puramente anmicos, independentes da ao esprita, leva concluso da existncia do perisprito, percorrendo a escala ascendente, em complexidade, da fenomenologia anmica; telepatia, telestesia, ideoplastia, exteriorizao anmica da motricidade e da sensibilidade, tendo por resultante final a dissociao, exteriorizao e projeo a distncia do duplo humano, o fenmeno mais completo e transcendente ligado ao Animismo, vulgarmente designado por bicorporeidade e bilocao, de que o Espiritismo conta numerosos casos, quer voluntrios e experimentais, da alma humana e, por conseqncia, da sua sobrevivncia. (1). O duplo humano, na sua dissociao psquica e exteriorizao, um fato comprovado experimentalmente pelo Espiritismo, e suficiente, se outras provas no houvesse, para fundamentar a existncia e independncia, em certas circunstncias experimentais, da alma humana e, por conseqncia, da sua sobrevivncia. O duplo humano pode aparecer desde uma aparncia fludica visvel, mas no tangvel, aos clarividentes, at a completa materializao, revelada pela fotografia, impresses digitais e palmares, moldagens do rosto e membros, efeitos electro-qumicos, vrios fenmenos dinmicos acusados por aparelhos registradores, etc. Os fenmenos anmicos associam-se, maravilhosa e convincentemente, aos fenmenos espritas para comprovarem, separada ou conjuntamente, a existncia experimental da alma humana e a sua sobrevivncia. Este fato duma importncia capital para orientar o progresso espiritual da Humanidade e marcar-lhe as mais seguras atitudes para atingir a sua finalidade no sentido do Divino, despertando-lhe o sentimento religioso, e impondo-lhe a tica crist para linha de conduta das suas atividades psquicas. Esta transcendente conquista experimental um dos mais gloriosos triunfo do Espiritismo, fato que o deveria impor ao respeito e considerao das Cincia e das Religies. * Alm de muitos outros fenmenos anmicos e espritas, a dissociao e exteriorizao do duplo humano com todos os seus poderes fsicos e psquicos e, paralelamente, a materializao das almas falecidas - vulgarmente chamadas espritos -, revestindo tambm integralmente todas as suas qualidades fsicas e faculdades anmicas que os individualizaram durante o ltima estgio terrestre, provam duma forma concludente que a morte , em ltima anlise, o prolongamento e a projeo da Vida nos Mundos supraterrestres sem nada perder da sua individualidade integral terrestre; quer morfolgica, quer psquica, no seu duplo aspecto: mental e emocional. O Alm-tmulo patenteia os mesmos afetos e os mesmos dios, iguais vcios e semelhantes virtudes, que constituam o valor moral terrestre dos falecidos, das almas desencarnadas.

  • 9 Antnio J. Freire Da Alma Humana O homem possui, pois, uma organizao dual: um organismo fsico, corporal, dominado e orientado por um organismo psquico, espiritual, que, em certas circunstncias da vida terrestre, se liberta temporriamente do seu subordinado,e, pela morte, adquire plena independncia e completa liberdade nos Mundos astral e espirituais. A morte a libertao da grilheta terrestre. A vida e a morte so dois termos reversveis e complementares para cada ciclo evolutivo da alma humana atravs do Reencarnacionismo, expresso na pluralidade das existncias sucessivas, de Mundo para Mundo, regidas pela Lei da causalidade moral. Toda evoluo da Vida, no seu duplo aspecto psquico e morfolgico, da Vida e da forma, do Esprito e da matria, em que a Humanidade se debate na nsia duma perfectibilidade no seu mais alto significado intelectual e moral, nas suas aplicaes sociais, resume-se em mobilizar o potencial divino contido no seu esprito atravs duma srie infinita de existncia sucessivas, solidrias entre si, numa correlao e intimidade justas e lgicas de causas e de efeitos, regidas pela Justia imanente de causalidade moral, enunciada por Jesus-Cristo no Monte das Oliveiras. O seu memorvel Sermo da Montanha, o mais sbio e justo Cdigo de Conduta, oferecido meditao da Humanidade, atravs de todas as Religies e Filosofias, traa-lhe, em sulcos de Luz, de Paz e de Amor, a sua luminosa trajetria para Deus - fonte germinal de toda Vida e de toda a Luz, de todo o Progresso e de toda a Evoluo. E a consagrao da Sabedoria Divina, descida do Cu Terra, pelo verbo de Jesus, nas asas redentoras e refulgentes dos evangelhos - a Bblia ideal da Humanidade, repercutindo-se de conscincia para conscincia, de Mundo para Mundo. Jesus-Cristo, proclamando e exemplificando a Lei universal do amor e da renncia, fez vibrar o Divino na alma de todos os Povos, fundindo toda a Humanidade na Fraternidade universal. E esta a linha retilnea para Deus. * O estudo da alma humana fundamental para obter a compreenso do mistrio da existncia na sua origem e finalidade. E a este fecundo labor que os espritas tm consagrado o melhor do seu esforo, alargando os limites da sua observao, repetindo experincias sobre experincia, aqui, acol, alm, estudando as infinitas modalidades do dinamopsiquismo humano, classificando as inmeras mediunidades da sua complexa e transcendente fenomenologia supranormal, inabitual, quer derivada do Animismo, quer do seu complemento natural, o Espiritismo, estabelecendo e sistematizando os princpios e as leis que determinam e orientam a Evoluo Espiritual da Humanidade. * S arcaicos e insubsistentes preconceitos de escola, ou a efervescncia do orgulho humano aliando a uma desenfreada egolatria, traduzida no materialismo e no atesmo, ou,

  • 10 Antnio J. Freire Da Alma Humana ainda, interesses inconfessveis de origem religiosa, podem arregimentar os adversrios do Espiritismo. O Espiritismo, forte e vigoroso, persuasivo e convincente, s tem um aliado: a Verdade experimental; - uma certeza moral: o Cristianismo na sua pureza original; - uma aspirao: o regresso Primitividade crist, pela f acendrada e intelectualizada da Humanidade e pela simplicidade e moralidade dos costumes. Os fatos impostos pela observao e experimentao so a melhor e a mais invulnervel couraa do Espiritismo. O seu triunfo depende apenas duma propaganda orientada cientificamente. Quando Moral, livro algum dos mais caracterizados moralistas pode rivalizar com os Evangelhos, esse maravilhoso poema, tecido de luz e de amor, de renncia e de altrusmo. Do Calvrio irradia o sol mais resplandecente que ilumina a Humanidade. * A experimentao esprita acessvel a todos aqueles que possuam os conhecimentos indispensveis da sua teoria e da sua mecnica transcendente, da sua tcnica e da sua aparelhagem, e a compreenso da alta finalidade moral e social, de renovao espiritual, que est confiada ao Espiritismo no prximo ciclo evolutivo da Humanidade. Nesta categoria de trabalhos supranormais - supranormais por invulgares, mas sempre despidos de todo o sobrenaturalismo - , a matria prima das experincias constituda por foras inteligentes e conscientes (mdiuns, espritos-guias e outras entidades astrais), polarizando no Bem ou no Mal, por vezes superiormente espiritualizados, gozando duma liberdade de ao no tempo e no espao que ultrapassa os limites a que estamos habituados. No se manipulam substncias inertes e passivas como nos laboratrios de Fsica e de Qumica. E um laboratrio invisvel para a vista normal; s acessvel ao conhecimento da clarividncia. As experincias espritas so da natureza coletiva e no individual como nas cincias oficiais. O esquecimento ou a ignorncia desta primordial condio no experimentalismo esprita muito tem concorrido para os insucessos de certos investigadores que tm pretendido desvendar os mistrios do Alm, despiodos dos conhecimentos indispensveis, e da devida disposio moral, fosse qual fosse o seu alto valor intelectual e consagrao cientfica. * Ao contrrio dos antigos Santurios, do Oriente e do Ocidente, onde as portas se encontravam fechadas aos profanos, e s fraqueadas ao estudo esotrico duma casta sacerdotal privilegiada, o Espiritismo, cnscio da altssima misso que lhe compete na renovao e reforma moral e espiritual do pensamento contemporneo, procura divulgar os processos em que fundamenta a sua tcnica experimental, e os princpios baseados nas duas leis fundamentais em que assenta toda a Evoluo no seu maios alto significado integral, abrangendo Cus e Terras, Deuses e Homens, todo o Cosmos: a Lei de causalidade moral (Carma). A Evoluo no poderia ter realidade prtica e efetiva sem o concurso destas Leis divinas que a impulsionam e orientam num sentido justo e sbio, progressivo e espiritual.

  • 11 Antnio J. Freire Da Alma Humana Compreendido, assim, o sentido profundo da Vida num ritmo justo e evolutivo, num lgico entrelaamento de causas e efeitos, o Homem, na sua incoercvel ascenso evolutiva, torna-se o rbitro do seu destino, colhe em cada vida o fruto do que houver semeado nas suas vidas anteriores, conquistando pelo seu prprio esforo, trabalhando e lutas, ora de tristeza, logo, derrotado aqui, vitoriosa alm, todo o seu desenvolvimento moral e intelectual. E, assim, dinamiza os germes divinos potencializados no seu esprito, mobilizando todas as suas nobres aspiraes e empreendimentos, libertando-se, pela atividade e livre arbtrio, das algemas da predestinao, caminhando, forte e consciente da sua fora e liberdade, para a sua gloriosa e triunfante finalidade no sentido do Divino que o conduzir a Deus, origem e fim de toda a evoluo da Humanidade. * Foi to profunda e renovadora a ao exercida pelo Espiritismo no estudo objetivo e experimental da alma humana, quer no seu estgio terrestre, quer no seu estgio astral, que poderemos, talvez, dividir em dois perodos as frases porque tm passado as concepes da alma humana desde os tempos mais remotos at a poca contempornea. Anteriormente ao Espiritismo, atravs de todos os ciclos da civilizao, a alma humana foi objetivo dee estudos aturados e profundos por um grande nmero dos maiores pensadores. Filosofias e Religies deram-lhe o contributo dos seus mais ilustres representantes. Este primeiro perodo que denominaremos - precientfico - caracterizado pela aplicao do mtodo racionalista, essencialmente sinttico e analgico, especulativo e introspectivo, sem carter cientfico nitidamente determinado, tendo produzido, no entanto, obras admirveis sobre vrios pontos de vista de inteligncia e de cultura filosfica e religiosa. O segundo perodo que designarem - cientfico - iniciado pelo Espiritismo, marcando o seu advento um profundo Renascimento Espiritualista, caracterizado pela aplicao do mtodo positivo - observao e experimentao - aos fenmenos supranormais provenientes do Animismo e do Espiritismo. * O estudo comparativo dos elementos constitutivos do ser humano, atravs dos variados sistemas espiritualistas antigos e modernos, quer das Filosofias, quer das Religies, , em verdade, difcil, complexo e confuso. No entanto, um estudo profundo leva concluso que as suas dissemelhanas so mais aparentes do que reais. Todas elas so alimentadas pela mesma raiz comum, muito embora a terminologia difira de escola para escola, e o nmero de elementos anmicos varie de sistema para sistemas para sistemas. No fundo de todos os sistemas, mesmo aparentemente divergentes, h, em, geral, uma perfeita correlao de idias-bases; uma certa unidade na diversidade, ainda que os ternos variem qualitativa e quantitativamente nos diversos sistemas espiritualistas - Filosofias e Religies.

  • 12 Antnio J. Freire Da Alma Humana Um conjunto de circunstncia de tempo e de lugar tem determinado a confuso que lavra ainda no estudo e classificao dos corpos psquicos do completo humano. A diversidade que se encontra no nmero dos elementos psquicos, relativos constituio humana, nas diferentes religies, e sistemas filosficos espiritualistas, quer antigos, quer modernos, tm, talvez, duas origens: terica e experimental. Algumas escolas filosficas criaram as suas classificao como produto de meras especulaes, acomodando-se s necessidades das manifestaes do dinamopsiquismo humano. Foi assim que se criou, como necessidade imperiosa, independentemente de toda a experimentao, a teoria do mediador plstico, como intermedirio indispensvel entre os dois elementos irredutveis - o esprito e o corpo fsico. E assim ficou transformado o binrio no ternrio clssico, por necessidade terica, que o mtodo experimental veio confirmar mais tarde plenamente, comprovando a existncia do perisprito, elemento intermedirio do ternrio esprita. Percorrendo os diagramas andrognicos dos tradicionalismo secretistas e iniciticos do esoterismo arcaico e dos sistemas hermticos, filosficos e religiosos de todas as pocas, encontra-se nitidamente vincada e diferenciada a funo do mediador plstico como intermedirio entre o esprito e o corpo fsico, entre o pensamento e a ao, atravs duma sinonmia variada e, por vezes, confusa: mano-maya-kosha (Vedanta) ; Kama-rupa (Budismo esotrico) ; baodhas (Zend Avesta) ; Kha (Egito) ; rouach (Cabala hebraica) ; mago (Tradicionalismo latino) ; eidlon (Tradicionalismo grego) ; Khi (Tradicionalismo chins) ; carne sutil da alma (Pitgoras) ; corpo sutil e etreo (Aristteles) ; astroeid (No-platnicos da Escola de Alexandria) ; evestrum (Paracelso) ; corpo fludico (Leibnitz) ; duplo (Lepage Renour) ; alma (Dr. H. Baraduc) ; aerossoma (Nognsticos) ; corpo astral (Hermetistas e Alquimistas) ; perisprito (Allan Kardec-Espiritismo). S. Paulo, (I Tes. V, 23), um dos mais ldimos representantes do Cristianismo, considera o homem constitudo por um ternrio - corpo, alma, esprito - exercendo a alma a funo de mediador plstico. Muitos representantes, dos mais ilustres da Primitividade crist, entre outros: - Atansio, Baslio, Fulgncio e Aenbio admitem tambm o ternrio humano - esprito (pneuma), uma alma fludica, mediador plstico, (psique), e um corpo carnal (soma). O Catolicismo romano restringe-se ao binrio - corpo carnal e esprito - empregando sinonimicamente os termos esprito e alma - sem todavia explicar como exercida a ao do esprito sobre o organismo material. A existncia deste mediador plstico - segundo C. Lancelin - foi outrora ensinada nas criptas sagradas da ndia e do Egito, fazendo parte do ensino dos Grandes Mistrios, constituindo uma das principais revelaes comunicadas aos iniciados. Por este motivo reveste nomes variados. Na poca atual denomina-se comumente - corpo astral, perisprito ou aerossoma. Os trs princpios constitutivos do ternrio humano (corpo fsico, perisprito e esprito), embora de composio diferente e oposta, interpenetram-se da mais ntima maneira.

  • 13 Antnio J. Freire Da Alma Humana O homem - diz Elifas Levi, La clef des grands mystres - um ser inteligente e corporal, feito imagem de Deus e do Universo - uno em essncia, triplo em substncia, imortal e mortal, possuindo um corpo material, um mediador plstico luz, em parte voltil (fluindo magntico) e em parte fixa (corpo fludico ou aromal). O mediador plstico formado de luz astral e transmite ao corpo humano uma dupla imantao. Poetanro, agindo sobre esta luz pela sua volio, pode dissolv-la ou coagul-la, projet0la ou atra-la. E o espelho da imaginao e do sonho. Rege o sistema nervoso e assim produz os movimentos do corpo. Esta luz pode dilatar-se indefinidamente e comunicar a sua imagem a distncias considerveis. Imanizando os corpos submetidos sua ao, atrai-os para si, contraindo-se. Pode tomar todas as formas evocadas pelo pensamento, e, nas coagulaes passageiras da sua parte irradiante, aparecer vista e at oferecer uma certa resistncia ao contacto e a distncia. O magnetismo humano a ao dum mediador plstico sobre um outro para dissolv-lo ou coagul-lo. Aumentando a elasticidade da luz vital e a sua fora de fixao, poderemos envi-la aos lugares mais distantes e retir-la carregada de imagens. E nesta luz que se gravam e concentram as formas, por ela que vemos os reflexos dos mundos supra-sensveis. A hipnose favorece este fenmeno, o que se produz coagulando mais intensamente a parte fixa do mediador plstico. Esta luz o agente eficiente das formas e da vida, porque simultaneamente - movimento e calor. Quando chega a fixar-se e a polarizar-se em volta dum centro, produz uma entidade vivente, atraindo as substncias plsticas necessrias para aperfeio-la e conserv-la. Esta substncia plstica, formada, em ltima anlise, de terra e gua, foi com razo chamada barrona Bblia. Porm, esta luz no o esprito mas somente o instrumento do esprito. No tambm o corpo do protoplastes como supunham os teurgos da Escola de Alexandria, mas sim a primeira manifestao fsica do sopro divino. Deus criou-a para toda a eternidade e o homem, imagem de Deus, modificou-a e parece multiplic-la. Alguns fantasmas fludicos a que os antigos davam nomes diversos: - larvas, lemures, empusas, e a Cabala designava por elementares, evocados por vezes, na Grcia, so apenas coagulaes da luz vital de durao transitria, espcies de miragens anmicas, emanaes imperfeitas da vida humana. Assim se expressa, sobre o mediador plstico, Elias Levi, criptnimo do Abade Afonso Lus Constant, discpulo de Fourier e de H. Wronski, e um dos mais modernos ilustres representantes dos Cabalistas modernos. Ouamos, agora, Charles Henry, matemtico e psiclogo consagrado, professor da Sarbona, antigo diretor do Laboratrio da Fisiologia das Sensaes (Matin, de 2 de Agosto, de 1.925) : O corpo - como est comprovado - animado duma fora irradiante, como vossa lmpada, como vosso calorfero. Calculemos esta radiao, devida ao calor, aos elementos eletromagntico, atrao do nosso globo... Mas se fizermos estes clculos conscienciosamente, vamos encontrar uma surpresa angustiosa, uma incgnita, uma fora que no de natureza conhecida. Refazei vossa experincia dez vezes, cem vezes, calculai durante noites inteiras, encontrareis essa potncia atuando, inscrevendo-se, manifestando-se, mas sem ser possvel capt-la, idealmente fludica, desafiando todas as balanas, todos os microscpios, mas irradiando continuamente como uma constncia obsidente.

  • 14 Antnio J. Freire Da Alma Humana Para Rutot e M. Schaerer (La Mtagnomia - Bulletin du Conseil de Recherches Mtapsychiques de Belgique, n 1, 1.926) todo indivduo, desde o nascimento at a morte, emite uma radiao vibratria de freqncia determinada que lhe prpria. Como submetido a mltiplas aes de diversa natureza, estas excitaes determinam diversos estados de alma, provocando contnuas radiaes energticas da mesma freqncia, mas de intensidade e amplitude variveis proporcionando ao grau das sensaes, das excitaes e das emanaes sentidas. Vamos ainda servir-nos da autoridade do eminente antroplogo belga, A. Rutot, membro da Academia Rala da Blgica, e do biologista M. Scherer (1). A projeo radiante dum pensamento ou de uma ao psquica determinada atravs do meio especial que nos propomos denominar, de acordo com certos autores - atmosfera energtica humana -, animada duma velocidade de translao da ordem da luz ou da telegrafia sem fio, isto , quase instantnea. Esta velocidade extraordinria de transmisso do pensamento no mais uma simples hiptese, no simplesmente comprovada pelo conhecimento dos fatos, certamente provveis, de telepatia e das manifestaes de ordem esprita, porque trs psiquitas eminentes: o Dr. Yourivitch, M. du Boourg de Bozas, engenheiro francs e, M. Grunwald, engenheiro alemo, tm realizado, cada um deles, uma srie de experincias, donde resulta que as vibraes de energia psquica tm comprimentos de ondas e velocidades de freqncia tais que se colocam na srie ultra-violeta, depois dos raios X e dos raios gama do rdio. Os raios de ordem psquica so, pois, dotados duma penetrao extraordinria, atravessando, sem dificuldades, uma forte espessura de folhas de chumbo para descarregar e eletroscpio. Estas propriedades tm-lhe feito atribuir, pelo Dr. Youritch, o nome de raios Y, e chega a crer-se que, sob o intenso bombardeamento dos raios psquicos, os corpos, mesmo os reputados impenetrveis, so, no s atravessados, mais ainda as suas molculas parecem, s vezes, desagregarem-se a ponto de produzirem, em certos casos, uma espcie de desmaterializao momentnea dos corpos slidos. Concebe-se assim que, em presena dum agente animado de tal potncia de translao e de penetrao, a disperso duma ao psico-fsica na atmosfera energtica humana seja ultra-rpida e que os fenmenos de convergncia com outras aes, que da resultam , possam passar-se num tempo muito rpido, tornando-se assim um tempo de natureza especial que denominaremos tempo qualificativo energtico, muito diferente do exigido para as relaes materiais ordinrias, E assim se pode explicar que, passando-se um fato, por exemplo, na Amrica, possa ser percebido quase simultaneamente na Europa por um crebro vibrando unissonamente com a freqncia dos raios psquicos projetados em todos os sentidos pelo acontecimento realizado em pas longnquo. Dentro do Espiritismo, esta teoria tem a sua confirmao em vrias ordens de fenmenos supranormais, tais como: a Telepatia, a Telestesia, a Clarividncia, etc. *

  • 15 Antnio J. Freire Da Alma Humana Para C. Lancelin, integrado nas correntes tradicionalistas do Iniciatismo oriental e do Hermetismo ocidental, o homem fundamentalmente constitudo pelo ternrio: 1 o esprito (emanao direta da Divindade) ; 2 a alma (mltipla pela sua organizao e funes, formada por teres diferenciados e por fluidos astrais, sendo, pela sua dupla polarizao, o intermedirio plstico, entre o corpo fsico e o esprito) ; 3 o organismo material (nico elemento conhecido e estudado pela cincia oficial). A Sabedoria antiga, essencialmente inicitica e secretista, metodologicamente sinttica e analgica, considerava o ternrio como Lei universal em que envolvia o prprio Deus atravs do macrocosmos e do microcosmos, fazendo desdobrar a Vida, no seu mais alto significado espiritual, nas suas mltiplas manifestaes e em toda a sua linha evolutiva nos trs planos csmicos: divino, astral e fsico. E esta tambm a orientao do Espiritismo na sua concepo trinitria do homem integral e do Universo: o esprito em relao com o plano divino; o perisprito em relao com o plano astral; finalmente, o corpo carnal em relao com o plano fsico planetrio. H uma confuso e certas nebulosidades, ainda que s aparentes, para todos aqueles que se iniciam no estudo dos elementos constitutivos do homem integral, quer visveis, quer invisveis aos nosso limitados sentidos, sendo as divergncias, de escola para escola, de religio para religio. Uns admitindo somente o corpo fsico, como os materialistas; outros admitindo o binrio - alma ou esprito e o corpo - , no confundindo as funes do esprito com as da alma, agora empregando estes dois termos indistintamente, sinonimicamente; outros admitindo o ternrio clssico - esprito, perisprito ou corpo astral e o corpo fsico - como sucede no Espiritismo e num grande nmero de Escolas ocultistas e hermticas ocidentais. A escola vedantina, um dos sistemas filosficos mais profundo do oriente, s admite o quinquenrio, mas o seu terceiro elemento anmico - manomoyakosha - na realidade constitudo pelos corpos astral e mental, e se no inclua na sua classificao o atma, o elemento superior espiritual, porque considera o esprito como a essncia ntima da vida, animando todo o Universo, numa alta concepo panvitalista. De fato, a vendana setenria. O iniciatismo egpcio, quer nos Mistrios Tebanos, quer nos Mistrios Menfticos, o Zend Avesta, a Cabala hebraica, os arcaicos sistemas espiritualistas industnicos, os antigo centros iniciticos greco-romanos, perfilham o setenrio humano. O mesmo sucede com as correntes neo-espiritualistas contemporneas: a Teosofia, o Rosacrucianismo, a Asntroposofia, o Martinismo, etc. Existem alguns sistemas ocultistas ocidentais, que vo mais alm ainda, admitindo o nonrio. Stanislas de Guaita, um dos mais eruditos e profundos ocultistas contemporneo, tentou uma classificao baseada no setenrio a fim de unificar os ensinos da Cabala com o Ocultismo oriental e ocidental: 1 o esprito puro, 2 a alma inteligente e espiritual, 3 a alma passional, lgica e compreensiva, 4 a alma instintiva e impulsiva, 5 o corpo astral, 6 o corpo fosforescente (vitalidade), 7 o corpo material (sarcossoma). As investigaes realizadas por sbios orientalistas contemporneos, de F. Lenormant a G. Maspero, do Marqus S. Ives Alveydre a Fabre dOlivet, de H. P. Blavatsky a Annie Wi Besant,

  • 16 Antnio J. Freire Da Alma Humana levantam a ponta do vu dessa cincia misterial, cultivada fervorosamente nos centros iniciticos do oriente, fonte germinal das cincias, das filosofias e das religies. A composio setenria do homem constituda uma das bases fundamentais de todo o esoterismo do oriente e da Grcia antiga. Este setenrio representava apenas um desdobramento do ternrio clssico. Este resultado foi obtido pelo mtodo experimental a que no seriam estranhos os processos hipnomagnticos e a clarividncia que os antigos hierofantes sabiam aplicar maravilhosamente pelo amplo conhecimento das foras latentes do homem e no manejo das foras ocultas da Natureza, em parte inacessveis aos modernos ocultistas. Ainda que a distanciados pelo tempo e integrados num novo ciclo de civilizao, os contemporneos chegaram a resultados aproximadamente iguais ao estudo da alma humana, seguindo processos anlogos. As dessemelhanas, mais aparentes do que reais, quer entre os antigos, quer entre os outros, explicam-se pela manifesta impossibilidade de poderem dispor de passivos em igualdade de condies, e na variabilidade do poder hignomtico de experimentador para experimentador, e ainda no grau de acuidade dos clarividentes. A diversidade no mnimo dos elementos anmicos obtidos experimentalmente, podendo ir de trs a nove, sempre redutveis ao ternrio clssico, categorizando-os, sem nada perderem na sua diferenciao, na trs classes fundamentais: 1 elementos superiores espiritual (relativos ao esprito) ; 2 elementos intermedirios funcionando como mediador plstico (relativos alma ou perisprito) ; 3 elementos inferiores (relativos ao corpo fsico). * Dum modo geral, a fim de metodizar o estudo dos elementos constitutivos do ser humano atravs das variadas correntes espiritualistas tradicionais e contemporneas, devemos agrup-la em duas categorias: a primeira admitindo o ternrio; a segunda baseada no setenrio. O ternrio impe-se pela sua clareza e simplicidade, tornando-se mais compreensvel e demonstrvel nos campos da observao e da experimentao, satisfazendo amplamente o conhecimento do mecanismo dum grande nmero de fenmenos anmicos e espritas. O setenrio humano , evidentemente, muito mais complexo, constituindo um sistema mais completo e perfeito, correspondendo a um desdobramento do ternrio nos seus elementos diferenciados, experimentao direta nos moldes do mtodo positivo, o setenrio d uma explicao mais pormenorizada e minuciosa duma categoria de fenmenos transcendentes, numa correlao lgica de Deus, do Universo e da Humanidade, dentro duma unidade harmnica da origem e finalidade csmica. O setenrio estabelece fecundas hipteses de trabalho para a aplicao da origem e finalidade da Vida no rotativismo dos ciclos reencarnacionistas atravs da pluralidade das existncia (Palingenesia) . O estudo da trajetria das almas, desde a desencarnao terrestre s

  • 17 Antnio J. Freire Da Alma Humana novas reencarnaes, mais completo e compreensvel face do setenrio humano, sobretudo tomadas em considerao as teorias dos germes permanentes de vida para vida. Pelo menos, uma aliciante e fecunda hiptese de trabalho, abrangendo toda a vida pstuma da alam humana. Sem pretender fazer a anlise comparada das variadas correntes neo-espiritualistas que adotam o setenrio, devemos, no entanto, mencionar, pelas condies especiais que revestem: a Teosofia e o Rosacrucianismo. A Teosofia talvez, a mais ldima representante do tradicionalismo oriental, radicada no Budismo esotrico; o Rosacrucianismo o fiel representante do tradicionalismo ocidental, radicando no Hermetismo e no Cristianismo esotrico. Um estudo profundo e uma rigorosa anlise comparada levam concluso de que reais, patenteando palpveis paralelismo e unidade de vista na interpretao e resoluo dos problemas transcendentes ligados misteriosa Vida universal na sua origem e finalidade. O seu estudo de importncia capital para todos aqueles que pretendam compreender, pelo menos, face duma interessante hiptese de trabalho, os pormenores da evoluo desde os tempos mais recuados, e a mecnica reencarnacionista, expressa na pluralidade das vidas sucessivas e alternantes, do mundo para mundo. S o conceito setenrio pode dar integral explicao das modalidades porque vai passando a alma do desencarnado, atravs dos nveis dos Mundos supra-sensveis e supra-terrestre, nas suas oscilaes rtmicas de subida e descida, numa ntima correlao com os seus corpos anmicos at uma nova reencarnao terrestre. Nesta complexa trajetria s prevalece a trada divina que constitui a individualidade humana, enquanto o que o quaternrio inferior representativo da personalidade, efmera e transitria, desaparece para dar lugar a melhores e mais perfeitos veculos ao servio da trada espiritual, a fim de melhor poder dinamizar o potencial divino no ciclo dos seus sucessivos renascimentos, indispensveis a toda a evoluo anmica. Em concluso: Para o estudo da alma humana post-mortem, e para melhor compreenso da sua evoluo pstuma atravs dos diferentes planos csmicos at a sua nova reencarnao terrestre, seria conveniente decompor o setenrio num ternrio conjugado com um quartenrio. O ternrio seria constitudo pela trada superior da natureza espiritual, permanente, realizando a verdadeira individualidade - o ego . Os restantes quatro elementos inferiores, traduzidos na personalidade, modificveis e substitudos de reencarnao para reencarnao, estes expresses nos elementos intermedirios anmicos mais grosseiros e pelo corpo fsico (corpos: somtico ou carnal, vital, astral e mental inferior ou concreto). Admitindo esta mecnica progressiva, poderamos, talvez, formular o seguinte postulado: A evoluo humana diretamente proporcional sucessiva perfectibilidade dos corpos inferiores que constituem a personalidade, variveis de vida para vida, de reencarnao para reencarnao, sob a superior orientao e comando da individualidade, expressa na trada divina e espiritual - o ego.

  • 18 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    CaptuloII

    DO ESPIRITISMO (Sua concepo do ternrio humano: 1 - o corpo fsico, incluindo o corpo vital ou duplo etrico, em relao com

    o Mundo terrestre; 2 - o perisprito ou corpo astral; 3 - o esprito ou alma humana em relao com os

    Mundos espirituais) A alma j no , perante o pensamento contemporneo, nem a sombra trgica, de Homero, nem o hspede misterioso da glndula pineal, de Descartes. Tudo se moderniza, e a alma tambm... A alma humana deixou de ser um mito, uma fico, um mero conceito abstrato, para entrar no domnio da realidade objetiva e experimental atravs das suas aparies e das suas dissociaes astrais, do seus desdobramentos e bilocaes, das suas manifestaes ectoplasmtica e telepticas, fenmenos irredutveis decantada teoria das alucinaes, por estar comprovada a sua realidade objetiva, quer pela fotografia, quer por variados processos fsico-qumicos e mltiplos aparelhos registradores. Os mtodos introspectivo e escolstico, clssicos na velha filosofia, fizeram da alma humana um joguete dos mais ilgicos e abstrusos conceitos metafsico, considerando-a um todo homogneo, no diferenciado nitidamente o perisprito do esprito no seu mecanismo e ao, s sabendo extrair-lhe, mais ou menos hipoteticamente, as trs faculdades fundamentais clssicas: sensibilidade, inteligncia e vontade. Foi necessrio que hipnomagnetismo avanasse na sua fora consciente e indmita, indiferente aos sarcasmos dos ignaros e excomunho da cincia catedrtica, para que fossem explorados os encaninhos mais recnditos da alma humana e dissociadas analiticamente as suas diversas camadas concntricas. A antomo-fisiologia da alma humana hoje um fato laboratorial em vida de realizao, orientada no mtodo experimental. O biomagnetismo, renegado apriorsticamente pela cincia oficial, foi a espada de Alexandre que cortou o n grdio que enlaava a alma ao corpo fsico, desarticulando-a, projetando-a luz da anlise direta, para assim dissecar as suas partes constitutivas e investigar da sua natureza e do seu mecanismo ntimo.

  • 19 Antnio J. Freire Da Alma Humana Este novo experimentalismo pertence, em grande parte, ao nosso sculo. E, se muito est feito, muito mais h de fazer. No entanto, esta transporta a grande barreira, e grandes vias esto abertas a todos os investigadores do neo-psquismo experimental. Os trabalhos experimentais, inerentes ao Espiritismo, dando todo o relevo a uma fenomenologia variada, complexa e transcendente, baseada no dinamismo anmico e na dissociao dos elementos constitutivos do homem, muito concorrem para desvendar a misteriosa composio e mecanismo da alma humana. E dentro do estudo experimental desse perturbante dinamismo anmico e metapsquico que o Espiritismo d o golpe de misericrdia no materialismo, sejam quais forem as explicaes capciosas ou as sutilezas ilgicas com que pretendem falsificar e desvirtuar a natureza e origem do experimentalismo esprita, desde a telecinesia telepsquia, deste a materializao do fantasma dos vivos formao ectoplsmica das materializao dos desencarnados, impropriamente chamados mortos, equivalentes a ressurreio integrais, ainda que temporrias - tipo Katie King e Estela Livermore e muitos outros. Os fatos, na sua rigidez grantica, desafiam o espao e o tempo, e um conjunto de fatos, quando bem sistematizados e observados, vale incomparavelmente mais do que as teorias mais bem arquitetadas. O Espiritismo no seu duplo ponto de vista - esttico e dinmico - no estuda apenas a alma humana nas suas potencialidades e polimorfismo. Vai mais longe ainda, estudando a alma dos desencarnados nas suas complexas modalidades, estabelecendo por variados processos medinicos as mais estreitas e ntima relaes espirituais entre o Mundo fsico visvel e esse fericos Mundos hiperfsicos invisveis ao nossos limitados e falazes sentidos orgnicos. Mundos radiantes de promessas e de esperanas ilimitadas e misteriais que Cincia compete observar e desvendar - desocultando o oculto -, como diz o sbio professor Grasset. E essa grande misso da Cincia, sejam quais forem o ineditismo, transcendncia e raridade dos fenmenos aparentados sua observao e experimentao, que a cincia oficial, alis, no tem sabido cumprir para com o Espiritismo. * A classificao dos elementos essenciais constitutivos do ser humano varia nas diversas correntes exotricas, atravs das escolas do oriente e do ocidente, sendo, respectivamente, de trs, cinco, sete e nove princpios fundamentais, como j ficou exposto nos captulos anteriores. O ternrio, adotado pelo Espiritismo, impe-se pela sua natural clareza e simplicidade, contendo na sua essncia os sete princpios inerentes alma humana. face do Espiritismo, o ser humano constitudo por trs elementos essenciais e diferenciados, com natureza, organizao, estrutura, funes e finalidade distintas, interpretando-se mutuamente sem perderem a sua autonomia, formados de matrias sucessivamente mais rarefeitas e sutilizadas, constituindo um sistema solidrio e harmnico:

  • 20 Antnio J. Freire Da Alma Humana 1 - corpo fsico - incluindo o corpo vital ou duplo etrico; 2 - o perisprito - ou corpo astral; 3 - o esprito - centelha divina, mnada, ou alma humana. O corpo fsico, nico elemento visvel normalmente, formado pela matria plenria mais grosseira, sendo constitudo por rgos, aparelhos e sistemas, tendo por unidade fundamental - a clula - nas suas mximas modalidades e diferenciaes, pertencendo o seu estudo Anatomia, Histologia e Fisiologia. O corpo fsico, representativo da forma inferior da evoluo - a evoluo morfolgica ou da forma - , contrastando com a modalidade superior da evoluo - e evoluo da Vida ou anmica - , o elemento de somenos importncia, transitrio e de durao efmera, sede da vida vegetativa e orgnica, automticas e inconscientes por hbitos ancestrais inveterados e multimilenrios, produto dum atavismo quase todo individual, mero e passivo instrumento da evoluo da alma na vida de relao terrestre, de que o esprito agente e motor nas suas complexas e ilimitadas virtualidades. O duplo etrico, de natureza fsica, detentor da vitalidade, ser estudado no prximo captulo. O perisprito, indevidamente dominado, por vezes, corpo etrico, e geralmente designado por corpo astral, constitudo por camadas concntricas de matria hiperfsica, sucessivamente menos condensadas e mais quintessenciadas, policromas, de volume e dimetros variveis, servindo de trao de unio - medidor plstico - entre o corpo fsico e o esprito, mantendo entre estes dois elementos simplesmente relaes de contigidade, recolhendo sensaes e transmitindo ordens, sugeridas pelos corpos superiores espirituais, por intermdio de vibraes fludicas, de que o corpo fsico apenas um instrumento secundrio e passivo, s necessrio em nossas etapas terrestres, atravs dos ciclos das reencarnaes evolutivas e crmicas. O esprito, na sua mais alta expresso. irredutvel a uma banal definio, por desconhecermos a sua natureza ntima, inacessvel nossa anlise direta. Consideramos, no entanto, o esprito com a parte nobre e divina da nossa individualidade, imutvel e imortal, triunfado do espao e do tempo, atuando na purificao e progresso do perisprito que o reveste e corporiza, atravs do qual vai dinamizando as pontecialidades que contm em germe, que poderemos talvez esquematizar como um centro de foras latentes expandindo-se e radicando-se nas camadas do perisprito, onde imperam sobretudo a fora-vontade, a fora-pensamento e a conscincia oral, com um substrato de matria hiperfsica, elevada ao mximo grau de quintessenciao. No temos a pretenso de definir o esprito na sua misteriosa origem a essncia, nem mesmo no seu complexo dinamismo: - germe divino, secreto Laboratrio das foras espirituais que constituem as nossas individualidades em todo o seu transcendente domnio de

  • 21 Antnio J. Freire Da Alma Humana operatividade; - ncleo de energias formidveis, trazendo em potencial toda a razo de ser da nossa evoluo atravs de Infinito e da Eternidade; centelha divina que nos impulsionam atravs das sinuosidade das nossas curvas evolutivas, para esses paramos de Luz onde ainda s veladamente vislumbramos o Bem, o Belo, a Verdade - a Fraternidade e o Amor Divino. * Em todo o Universo s existe uma realidade - o Esprito - e duas aparncias: - fora e matria - que, em ltima anlise, se reduzem a uma s - energia. A matria energia concentrada, como a energia a matria liberada. O esprito o rbitro da verdadeira evoluo - a evoluo da Vida - que apenas a sua eflorescncia pela sucessiva e gradual realizao das suas virtualidades germinativas, enquanto a matria representa apenas a evoluo da forma perecvel e transitria, instrumento passivo da manifestao da vida terrestre. A Vida, quer no seu aspecto fsico-qumico, quer nos seus aspectos psquicos: - mental, emocional e moral - atravs dos seus inmeros e complexos estados de conscincia, reduz-se, em todas as suas mltiplas e transcendentes modalidades, num pandinamismo, solidariamente universal, apenas a vibraes cuja altura, comprimento e intensidade variam ao infinito, desde o microcosmos ao macrocosmos. A cincia oficial conhece apenas limitado nmero de estados da matria. Os nossos sentidos fsicos no vo alm dos trs estados clssicos: slido, lquido e gasoso. As memorveis experincias sobre a dissociao da matria e da radioatividade confirmam o conceito do Espiritismo sobre a unidade da matria. A matria csmica ou fluido inter-estelar talvez o ponto de partida e de chegada das condensaes, expanses e dissociaes de todos os corpos da natureza, regressando pela sua dissociao multimilenria ao seu estado inicial, ultimando assim o seu ciclo involutivo (arco descendente), e evolutivo (arco ascendente), nos turbilhes pandinmicos do Cosmos. O estado radiante, descoberto pelo sbio William Crookes, a quem o Espiritismo tonto deve, abre Cincia uma ampla via de possibilidade nos domnios dos fluidos, radiaes e emanaes, que nos deixa antever a criao duma nova cincia - a Hiperfsica - assombrosa nas suas manifestaes de energia e de atividade, dominado as foras fsico-qumicas clssicas num novo dinamismo, cuja energia e resistncia sero proporcionais rarefao fludica, quintessenciao da matria onde a energia liberada atingir os paroxismos do imprevisto, ultrapassando as possibilidades da Fsica nuclear. Assim como a Fsica clssica domina o mundo visvel e irreal da forma, a Hiperfsica saber conquistar o mundo invisvel e real da idia, enunciando as leis que regem o mecanismo da alma humana, desde a fora indmita da vontade at a fora vibratria do pensamento; desde a febricitante imaginao criadora at a fixidez rgida da memria; desde a exploso do

  • 22 Antnio J. Freire Da Alma Humana dio expanso do altrusmo, nesse ddalo inextrincvel e complexo dos estados de conscincia atravs dos planos: emocional, mental e moral. O Espiritismo, na sua fenomenologia transcendentalssima, abriu Cincia horizontes ignorados e vastssimos, descerrando-lhe as portas de novos Mundos irredutveis aos microscpio e ao telescpio, que marcam os estreitos limites da cincia oficial contempornea. * O ternrio humano - corpo fsico, perisprito ou corpo astral e esprito - so constitudos por matria na sua mais elevada diferenciao, desde a matria grosseira do nosso corpo fsico at a matria sutilizada do esprito, que deve atingir logicamente a sua mxima quintessenciao. Distanciados por natureza o corpo fsico e o esprito, ao perisprito que complete estreitar estes limites atravs das suas camadas de densidades sucessivamente decrescentes, cada vez mais eterizando as medida que se elevam para o esprito, pois seria ilgico admitir a homogeneidade do perisprito. S pela interpenetrao das camadas mais fludicas nas menos fludicas se pode compreender a correlao e harmonia do ser humano, a solidariedade ntima e estreita dos componentes do seu ternrio, conservando todos eles a autonomia que lhes prprio, estado os elementos interiores numa interdependncia subalterna, regidos pela lei do ritmo vibratria e pela lei da polarizao... O homem, na situao de encarnado, est acorrentado Terra pela grilheta do seu corpo fsico, mas mantm o contato com o mundo astral por intermedirio dos corpos fludicos do seu perisprito, transpondo o abismo que separa o mundo visvel dos mundos invisveis, estabelecendo a ponte que vai da matria terrestre, tangvel, dominada pelos nossos limitados sentidos fsicos, matria intangvel, fludica, que pertence ao domnio dos espaos siderais e s visvel aos nossos sentidos astrais, de natureza hiperfsica, expressos na clarividncia. * Estes trs elementos fundamentais da natureza humana - corpo fsico, perisprito e esprito - esto em ntima relao e interdependncia com trs planos ou mundos do nosso Universo: terrestre, astral e divino, ou sejam, respectivamente: o mundo fenomenal, o mundo das leis e o mundo dos princpios. Sendo estes princpios resultante da Oniscincia e da Onipotncia divinas, onde imperam o Infinito Amor aliada Suprema Justia, conclui-se que a Harmonia e em cada Universo ser a lgica resultante da relao causal que una integralmente, em toda a sua pureza e ao, as leis aos princpios e os fenmenos a essas leis. Teramos, assim, uma evoluo ideal e uma felicidade ednica, pela conjugao da Vontade humana com a Vontade Divina. A dor e o sofrimento no poderiam substituir; e se subsistem cruciantemente porque neste estgio da nossa Humanidade a Vontade Divina, expressa no amor e na fraternidade, foi substituda pelo egosmo e o orgulho, plos diablicos onde gravita a atividade psquica da

  • 23 Antnio J. Freire Da Alma Humana maioria da nossa Humanidade. A estes dois grandes venenos da alma humana - o orgulho e o egosmo - , onde se radicam as nossas maiores calamidades sociais, nesta poca tenebrosa de misria moral, s a Humanidade pode apelar para os antdotos preconizadas por Jesus-Cristo, expressos na Fraternidade universal: o altrusmo, a renncia e a abnegao. * O Dr. Encausse, escritor neo-espiritualista de renome mundial, mais conhecido pelo criptnimo de Papus, apresenta uma imagem frisante a fim de fazer sobressair a funo de mediador plstico que complete ao perisprito ou corpo astral: a gua e o azeite so imescveis, porm, se lhes juntaremos carbonato de sdio, obteremos um sabo homogneo. Assim tambm o corpo fsico e o esprito, dois elementos altamente diferenciados e irredutveis, transformar-se-o num bloco harmnico, por intermdio do corpo astral que os une em perfeita e ntima solidariedade. O Dr. Encausse, que foi um distintssimo mdico dos Hospitais de Paris, muito tendo concorrido para o renascimento neo-espiritualista contemporneo, d ainda outra sugestiva e engenhosa comparao: o homem comparado a uma equipagem, sendo o carro representado pelo corpo fsico, o cavalo pelo corpo astral e o cocheiro pelo esprito. O carro, pela sua natureza grosseiramente material e ainda pela sua inrcia, corresponde bem ao nosso corpo fsico. O cavalo, unido pelos tirantes ao carro (sistema nervoso), e pelas rdeas ao cocheiro (sentidos astrais), move todo o sistema sem participar da direo. E esta funo do perisprito ou corpo astral. O cocheiro dirige e orienta a direo e a velocidade da equipagem pelas rdeas do governo sem participar da trao direta - a funo do esprito. Uma sntese feliz do general Fix: o esprito quer, o perisprito transmite, o corpo fsico executa. o puro conceito da unidade no ternrio a sntese do general Fix; ou como diria Paracelso - o homem uno em pessoa mas triplo na essncia; ou, ainda, numa concepo setenria mais complexa: o homem constitudo por uma trada divina em relao com os Mundos espiritruais, e por um quaternrio humano em relao com os Mundos terrestre, astral e mental inferior. A trada constitu a individualidade espiritual e eterna; o quaternrio representa a personalidade efmera a transitria, de vida para vida, de renascimento para renascimento, regidos pelo inexorvel Carma, expresso da lei de causalidade psquica, que ns tecemos, dia a dia, hora a hora, com nossos pensamentos, palavras, atos e intenes, muito especialmente com os nossos pensamentos e emoes, que , por esse motivo, exigem extrema vigilncia, orientando-os no sentido da Fraternidade e da Solidariedade humanas.

  • 24 Antnio J. Freire Da Alma Humana

    Captulo III

    DO CORPO VITAL OU DUPLO ETRICO

    (Sua estrutura e funes. Sua ao preponderante nas mediunidades anmicas e esprita, na crise da morte, e na projeo da viso panormica) Dentro do critrio esprita, baseado na observao e na experimentao, o complexo humano est condensado no ternrio clssico: o corpo fsico, incluindo o duplo etrico ou corpo vital, o perisprito ou corpo astral, e o esprito ou alma humana. Cada um destes corpos est intimamente ligado, pela sua origem, natureza e atividade, com os respectivos Mundos csmicos: o corpo fsico, e o seu ssia, o duplo etrico - ambos de

    natureza fsica -, em correlao direta e exclusiva com o nosso Mundo planetrio, terrestre; o corpo astral ou perisprito, com o Mundo astral; o corpo espiritual ou anmico, com os Mundos espirituais e divinos. Este ternrio de carter individual est, a seu turno, ligado ao supremo ternrio csmico: Deus, Homem, Natureza. E nesta trindade cosmognica - Deus, Homem, Natureza - moldada e vivificada pelo Divino Criador ao influxo da Vida Universal, dominado o Infinito e a Eternidade, que so pensados e produzidos todos os arqutipos, princpios, leis e fenmenos, com funo da Onipotncia divinas: para o Mundo divino os arquitetos e os princpios; para os Mundos mental e astral as leis; para o Mundo terrestre os fenmenos fsico-qumicos e outros, numa harmonia preestabelecida que s o homem desconcerta, confunde e obscurece enquanto no atingir a sua funo supra-humana pela dinamizao dos potenciais contidos no seu esprito. * O duplo etrico ou corpo vital, tambm designado, por alguns autores, corpo dico, no tem sido devidamente diferenciado por alguns escritores neo-espiritualistas, confundindo-o, por vezes, com o duplo astral, e outras vezes, incorporando o corpo vital dentro do perisprito, atribuindo ao perisprito qualidades e propriedades que so exclusivas do duplo etrico ou corpo vital. No entanto, o duplo etrico tem funes preponderantes especficas, de capital importncia, quer na vitalidade do corpo fsico ou orgnico de que faz parte constituinte, quer nas materializaes e em todas as modalidades dos fenmenos supra-normais que dependam da metergia e da ectoplasmia. So precisamente estas duas propriedades que constituem as suas principais funes: biolgicas, fisiolgicas e medinicas.

  • 25 Antnio J. Freire Da Alma Humana O duplo etrico tem, pois, uma individualidade prpria, caracterstica, inconfundvel, ainda que fazendo parte integrante do corpo fsico ou somtico. O corpo fsico, orgnico, carnal, compe-se de duas partes distintas: o corpo fsico, propriamente dito, composto de slidos, lquidos e gases, tecido num complexo polizico celular, maravilhosamente sistematizado em rgos, sistemas e aparelhos, objetos da Anatomia, Histologia e Fisiologia oficiais; enquanto que o duplo etrico formado por quatro grupos de substncias eterizadas, designados por alguns autores por etres nmeros 1, 2, 3, e 4, pertencentes regio etrica do Mundo terrestre, tendo por limite e ltima camada ou zona da estratosfera, diferenciados, portanto, do ter espacial, que envolve e penetra todo o Cosmos. Os teres constituintes do corpo etrico, nas suas mltiplas combinaes, so incomparavelmente mais grosseiros do que o ter csmico, facilmente acessveis clarividncia, formando a aura da sade. Dada a sua organizao, o duplo etrico, pelas suas origem, natureza e funes, pertence, como o corpo fsico carnal, ao nosso Mundo fsico ou terrestre, estando-lhe vedada a sua entrada no Mundo astral pela sua natureza e densidade. Estas condies so de grande importncia em certos casos de desencarnao de suicidas, de ateus, de sibaritas, etc. A morte e dissoluo do duplo etrico segue de perto, num intervalo de algumas horas a alguns dias, a morte do corpo fsico. Em geral, os fantasmas, que flutuam nos cemitrios por cima das sepulturas, so constitudos exclusivamente pelo duplo etrico, visveis a qualquer modesto mdium clarividente, enquanto que, depois do falecimento, o perisprito ou corpo astral, englobando os corpos anmicos e espirituais, e com toda a individualidade do desencarnado, ascende ao Mundo astral. Muitas vezes, clarividentes incultos confundem estes simulacros do fantasma do duplo etrico nos cemitrios com os verdadeiros fantasmas dos falecidos. Cumpre registrar, que, por vezes, em condies muito dolorosa, ainda que no vulgares, o verdadeiro fantasma do falecido, do desencarnado, fica ligado ao corpo fsico por tempo varivel, proveniente de anmalas atraes magnticas, temporrias mas dolorosas. Os mdiuns devem evitar os cemitrios para evitar possveis obsesses. Se, por infelicidade, por circunstncia especiais de m orientao moral durante a vida terrestre, de apego aos prazeres grosseiros e orientao atesta, de incredulidade e descrena, o desprendimento e exteriorizao do perisprito, hora da morte, arraste parte aprecivel do corpo vital, o fantasma, o esprito, flutuaria na atmosfera terrestre at que se expurgasse de toda a matria etrica - pois, s liberto da substncia do corpo vital, o esprito poderia ascender ao Mundo astral, sua verdadeira ptria depois da desencarnao. Nestas condies, a alma sofre cruciantemente porque no pode ter ponto de apoio terrestre nem, to-pouco, entrada no Mundo astral, vivendo numa confuso indescritvel, numa ansiedade dolorosa, impossibilitado o esprito de exercer convenientemente tanto os seus sentidos fsicos, como os sentidos astrais. Por vezes, estas almas sofredoras so levadas pelos seus Espritos-guias s sesses espritas,

  • 26 Antnio J. Freire Da Alma Humana onde, pela catequese, moralizao e preces, o esprito sofredor pode colher confortantes ensinamentos e alvios, compreendendo, assim, a sua angustiosa situao na atmosfera terrestre, ainda que temporria e transitria, mas sempre dolorosa. Durante perto de vinte anos, das nossas experincias em Portugal e no estrangeiro, alguns Espritos desta categoria vieram s sesses de que fazamos parte. Em geral, exceo dos Espritos que eram ateus e renegavam Deus, todas as outras classes eram de fcil catequese, acabando por compreender a sua situao quer, em geral, melhorava desde logo. Por vezes, a desmagnetizao, repetida noutras sesses sucessivas, prestava grandes servios ao Esprito perturbado, acabando por cur-lo radicalmente. As mortes bruscas, acidentais, produzem grandes perturbaes nos primeiros tempos da desencarnao. O magnetismo, quando aplicado com proficincia e bondade, pode prestar relevantes servios a estes Espritos sofredores; por vezes, ficam curados numa s sesso. As preces, dos componentes do grupo experimental esprita, so de magnfico efeito auxiliar, conjuntamente com as aplicaes magnticas a fim de expurgar o perisprito da parte etrica que ainda lhe esteja agregada, o que se consegue com s passes magnticos dispersantes. esta uma das mais belas e fraternas misses que compete ao Esprito e da se concluir o dever de organizar o maior nmero possvel de Grupos espritas familiares. O ideal seria um grupo em cada Famlia, porque, assim a Humanidade entraria, em acelerado, na sua evoluo espiritual, ouvindo e assimilando os conselhos dos seus Espritos-guias, confortando e moralizando os Espritos sofredores, por vezes da sua prpria famlia ou da roda dos seus conhecimentos e amizade. Para ser um esplndido diretor destes grupos familiares no indispensvel ser sbio ou possuir grande cultura; mas indispensvel possuir um bom corao, ter piedade pelos infortnios e atribulaes alheias, quer dos vivos, quer dos falecidos. Enfim, cultivar a bondade, a modstia, o altrusmo, e existir dentro do grupo esprita familiar uma sincera amizade e confiana entre todos os assistentes. esta a condio do xito. O Espiritismo uma Luz que no parte de baixo, para iluminar as inteligncias e adoar os coraes, impregnando-os das virtudes crists: - ao amor do prximo, e da fraternidade, tal qual o Divino Mestre apostou e exemplificou no Calvrio. Os Grupos espritas familiares, quanto bem dirigidos e orientados, sabendo cultivar a prece em benefcio alheio, so a escola ideal do Cristianismo, em esprito e verdade. Representam um glorioso e fecundo regresso poca urea da Primitividade Crist. * O duplo etrico, corpo vital, ainda designado, por alguns autores, corpo dico, radioativo, transmitindo a sua radioatividade especialmente aos mentais.

  • 27 Antnio J. Freire Da Alma Humana O corpo vital polarizado, apresentado, quando dissociado experimentalmente, a cor azul sobre toda a metade do lado esquerdo e alaranjado sobre o lado direito. Quando associadas normalmente as suas duas metades, no seu conjunto apresenta uma cor cinzento-clara, mais ou menos luminosa e fluorescente na obscuridade, sob o aspecto de vagas luminosidades e clares a que o sbio investigador, o coronel Rochas dAiglun, deu o nome de lohes, sujeitos s leis da refrao e da polarizao. O corpo vital, quando exteriorizado e bem condensado, apresenta um notvel abaixamento de temperatura que pode ir a 0 , dando impresso ao tato de um aglomerado de finas musselinas geladas, fornecendo assim, na sua invisibilidade vista normal, um meio seguro de determinar a sua posio, dimenso, delineamentos e contornos. O corpo vital tem sido fotografado muitas vezes, sendo visvel a uma mediana clarividncia. Os agentes fsico-qumicos exercem sobre o duplo etrico uma reao intensa, particularmente a eletricidade, luz, presso atmosfrica, temperatura e umidade, podendo provocar a sua reintegrao no corpo fsico. A luz tem uma ao dissolvente, sobretudo a luz branca. Mas, pelo treino metdico do passivo, o corpo vital habitua-se a luz de intensidade mdia, preferentemente ao azul n 13. O ouro, a prata, o mercrio e o estanho exaltam a sua personalidade, podendo ir at desorganizao do duplo etrico, enquanto que o cobre, o lato, o nquel e o ferro diminuem a sua sensibilidade; os cidos, ao contrrio, hipersensibilidade e dor. A presso atmosfrica abaixo da normal - 760 mm - condensa o corpo vital, donde o seu maior mecnico; acima da normal produz dilatao, donde maior poder luminoso, o que tem grande importncia para melhor orientar as experincias. A umidade atmosfrica atua como dissolvente da substncia fludica, etrea, do corpo vital; enquanto que os gases: oxignio, azoto, hidrognio etc., no tm ao sensvel. Quanto menor for o estado higromtrico, em melhores condies se efetuar a condensao do corpo vital exteriorizado. O corpo vital ou corpo dico exerce uma ao qumica sobre vrios sais, em especial sobre os sais de prata que reduz, devido luminosidade e fluorescncia que lhe prpria, donde deveria a sua ao sobre as placas fotogrficas. O corpo vital bom condutor da eletricidade proporcionando ao seu grau de condensao. A eletricidade e o magnetismo fsico, quando positivos. A experincia torna-se duma clareza flagrante quando se aproxima o plo positivo ou negativo dum im ou magnete natural. *

  • 28 Antnio J. Freire Da Alma Humana O nosso corpo fsico s pode substituir, desde que se satisfaam, simultaneamente, as seguintes condies: alimentos apropriados para uma eficincia assimilao; oxignio e outros elementos para a sua respirao; e vitalidade, captada do sol, transformada e enviada a todo o organismo ao longo de toda a rede nervosa, funo que pertence exclusivamente ao corpo vital ou duplo etrico. Desde que subsistissem a alimentao e a respirao, - se faltasse a ao do corpo vital - , a morte do corpo fsico seria irremedivel. Compreende-se o motivo que determinou experimentadores e clarividentes, desde as mais remotas eras, a designar o corpo vital por duplo etrico, desde que o corpo vital tem na sua estrutura uma rede etrica onde circula a vitalidade, paralela circulao sangunea, envolvendo e penetrando todos os tecidos, clulas, rgos, aparelhos e sistemas do corpo fsico, constituindo, assim, uma duplicata do seu ssia, o corpo fsico ou carnal. O corpo vital, quando exteriorizado do corpo fsico pela ao biomagntica, apresenta dois cordes visveis fludicos: 1 o cordo vital ou etrico que liga ao corpo fsico, inserindo-se na regio esplnica (bao); 2 o cordo astral que liga o corpo vital ao perisprito. A ruptura completa do cordo vital ou etrico traduz a morte do corpo fsico. A sua desorganizao e putrefao s so provenientes da dissociao e exteriorizao do duplo etrico ou corpo vital. * Transposto este terrvel e confuso perodo de transio que a Humanidade atravessa neste calamitoso ciclo de falso progresso, em que s tumultuam vcios e grosseiras paixes, a definio da morte basear-se- numa nova orientao intimamente ligada integridade do corpo vital, e a Medicina tomar novos fecundos rumos, agora ainda imprevistos para os seus mais ldimos Representantes. Os fatos acabam por vencer o mais empedernido misonesmo, a mais radicada neofobia. O tempo precioso dissolvente dos falsos preconceitos, e a Verdade acaba por impor-se sempre, dominadora e triunfante, em especial quando baseada em fatos. Ora, a composio e estrutura do corpo vital ou duplo etrico no uma fico, mas uma realidade objetiva no campo experimental neo-espiritualista. O grupo de doenas, que a Patologia mdica classifica - sin materia - , possvel que estejam radicadas, na sua origem, em perturbaes do corpo vital ou mesmo do corpo astral ( detentor da sensibilidade orgnica) , ou ainda, no corpo mental concreto. Todos estes corpos, ainda que invisveis vista normal, so substanciais, com realidade e autonomia prprias, embora intimamente ligados, em perfeita e harmnica cooperao com o corpo fsico ou somtico. Com um amplificador de sons tm-se registrado as pulsaes cardacas do corpo vital.

  • 29 Antnio J. Freire Da Alma Humana O corpo vital est em ntima relao fisiolgica e patolgica com o corpo fsico. Todas as doenas produzem repercusso no corpo vital; as perturbaes na aura da sade so comprovativas. E no corpo vital - detentor, transformador e emissor da vitalidade solar - que existe o laboratrio produtor do biomagnetismo, cujo poder curativo dos seus eflvios para grande nmero de doenas , por vezes, extraordinrio, tomando a aparncia de milagre. O biomagnetismo, assim designado para o diferenciar do magnetismo telrico ou terrestre, embora repudiado pela Medicina oficial, ocupar um dos lugares mais importantes na sua futura Teraputica. Para ns no uma profecia: uma certeza. As aplicaes magnticas so, em ltima anlise, uma transfuso de vida, elaborada pelo corpo vital, duplo etrico ou corpo dico. * Desde tempos imemoriais, o corpo vital foi objeto de estudo, na sua correlao com a alma humana, nos antigos Santurios do Oriente e do Ocidente orientados especialmente na anlise dos elementos constitutivos do homem, e na descoberta das Foras ocultas da Natureza. Os principais instrumentos de trabalho dos hierofantes era uma clarividncia proficientemente treinada, conjugada com o conhecimento profundo do biomagnetismo nas suas complexas aplicaes. As experincias realizadas na Europa, no sculo atual, pelos habilssimos investigadores coronel de Rochas, Dr. H. Baraduc, C. Lancelim, L. Lafranc H. Durville, etc., comprovaram no s esse vetustos conhecimentos, conseguindo mesmo ampli-los em certos setores por processos modernos, que teremos ocasio de descrever em captulos subseqentes. Tanto a tradio oriental, expressa modernamente, depois de 1.875, na Teosofia, como a tradio ocidental, expressa no sistema Rosacruz, que remota ao sculo XVII, no deixam dvidas de que o corpo vital ou duplo etrico ocupava um lugar de relevo dentro do antigo esoterismo. Neste sentido, vamos fazer algumas transcries de autores consagrados. A Dr. Annie Besant, eminente presidente da Sociedade Teosfica, falecida recentemente, refere-se nos seguintes termos ao corpo vital ou duplo etrico: E a vitalidade, a energia construtora que coordena as molculas fsicas e as rene num organismo definido. E o sopro de vida no organismo, ou, antes, esta poro do Sopro de Vida universal de que um organismo se apropria durante o breve perodo de tempo ao qual damos o nome de Vida. A designao de duplo etrico exprime exatamente a natureza e a constituio da parte mais sutil do nosso corpo fsico; esta designao , pois, significativa e fcil de reter. Este elemento, o duplo etrico, formado de teres variados , e duplo porque constitui uma duplicata do nosso corpo fsico, sua sombra por assim dizer.

  • 30 Antnio J. Freire Da Alma Humana O duplo etrico perfeitamente visvel ao olho treinado do clarividente; a sua cor dum cinzento violenta e a sua contextura grosseira ou fina segundo a qualidade e natureza correspondente do corpo fsico. O duplo etrico perfeitamente visvel ao olho treinado do clarividente; a sua cor dum cinzento violeta e a sua contextura grosseira ou fina segundo a qualidade e natureza correspondentes do corpo fsico. graas ao duplo etrico que a fora vital - o prana - circula ao longo dos nervos e lhes permite de atuar como transmissores da motricidade e da sensibilidade s impresses externas. As faculdades, os poderes do pensamento, do movimento, da sensibilidade, no residem na substncia nervosa, quer fsica, que teres. So modos de atividade do ego, operando nos seus corpos ou veculos mais internos; mas a sua expresso sobre o plano fsico tornada possvel pelo Sopro da Vida que circula ao longo dos filetes nervosas. Durante o sono natural, o ego, a alma, exterioriza-se para fora do nosso corpo fsico, deixando conjuntamente as duas partes: grosseiras e etrea (corpo fsico e duplo etrico). A morte, a alma exteriorizando-se tambm, mas desta vez definitivamente, arrastando consigo o duplo etrico que abandona, completa e definitivamente, o corpo fsico. Como o duplo etrico no pode passar ao Mundo astral, o ego desembaraa desde elemento, mais ou menos rapidamente, indo o duplo etrico desagregar-se acompanhando o seu associado da vida inteira terrestre - o corpo fsico. Este duplo etrico aparece, s vezes, na cmara morturia, imediatamente depois da morte mas sempre a pequena distncia do cadver. E ainda o duplo etrico a causa determinante das numerosas aparies dos fantasmas, errando em volta do tmulo onde jaz o corpo fsico que vitalizou durante a vida terrestre. C. W. Leadbeater, ilustre bispo da Igreja Liberal, radicada na Teosofia, falecido h anos, expressa-se nos seguintes termos sobre o duplo etrico: Aparece nitidamente ao clarividente como uma massa de vapor fracamente luminosa, dum cinzento violceo, interpenetrando a parte mais densa do corpo fsico e estendendo-se alm da periferia, constituindo esta parte exterior - a aura de sade. Esta aura ligeiramente azulada, quase incolor, parecendo ser estriada, composta duma infinidade de linhas retas, irradiando igualmente em todas as direes. Logo que o corpo est em perfeita sade, estas linhas so regulares e paralelas. Em caso de doena, produz-se uma mudana brusca imediata: na vizinhana da parte afetada, as linhas tornam-se irregulares, entrecruzando-se desordenadamente, retraindo-se como as ptalas duma flor fanada. Ouamos ainda o culto hindu, J. C. Chatterji: O que vida, num certo ponto de vista, pode ser forma, isto , matria sobre outro ponto. A forma desaparecer; mas a vida subsistir. Tomemos como exemplo o corpo humano: aqui, a forma mais grosseira esta matria slida, lquida e gasosa que todos podemos ver - o corpo fsico. Esta forma diretamente dirigida e sustentada por uma fora que a vida vegetativa, o elemento duplo etrico. Este elemento vida em relao ao corpo fsico.

  • 31 Antnio J. Freire Da Alma Humana Se o corpo morrer, o duplo etrico sobreviver, ainda que durante pouco tempo. O duplo etrico , pois, vida em relao ao corpo fsico, mas forma em relao ao princpio superior: o corpo astral. O duplo etrico acaba por desagregar-se, mas o corpo astral sobreviver sua decomposio. Logo que o corpo astral se desagregue e se disperse a seu turno, o corpo mental persiste como vida, e assim sucessivamente. O mesmo elemento simultaneamente vida e forma: vida do corpo inferior e forma superior. Tudo vibrao no Universo: - nenhuma diferena de essncia entre os princpios. Eles so vida ou forma, masculinos ou femininos, positivos ou negativos, segundo o ponto de vista em que nos colocarmos. Logo que uma vibrao cessa, uma outra, mais sutil, continua. Do alto ao baixo da escala, no Universo, as formas acabam por se partir, mas a Vida persiste porque eterna. * A Cincia ignorada a existncia dos quatro teres terrestres, que, dentro das suas mltiplas e complexas combinaes, organizam o corpo vital ou duplo etrico. Estes teres no tm parentesco algum fsico-qumico com o ter espacial, universal, pois, no seu dinamismo, no interpenetrando o plano astral, imediatamente superior atmosfera terrestre. De fato, no existe por enquanto artifcio ou instrumento algum que permita observar os quatro tipos de ter terrestre, nem to-pouco existe recipiente capaz de capt-los e cont-los. S os clarividentes os podem estudar nos seus mais ntimos pormenores de estrutura em plena liberdade de ao, e, por vezes, a fotografia registr-los. Ao lado dos mais potentes microscpio, genunas maravilhas de quanto pode realizar o engenho humano, a Cincia deveria tambm possuir, lado a lado, dos seus laboratrios, um grupo de clarividentes proficientemente educados e treinados, cuja vidncia ultrapassa, de muito, os melhores instrumentos de observao visual no domnio das substncias fludicas e eterizadas. S pela clarividncia e pelo hipnomagnetismo a Cincia poder analisar, compreender e resolver os mais complexos e misteriosos problemas da Biologia e da Psicologia, e, duma maneira geral, toda a fenomenologia supranormal do metapsiquismo humano. Os clarividentes naturais so raros. na aquisio de clarividentes de valor comprovado, que a Cincia poder basear o seu progresso em linha segura e acelerada, como elementos indispensveis e complementares para os seus meios laboratoriais de observao e experimentao. S assim o Invisvel - precisamente a parte mais rica e aliciante dos ensinamentos e vibraes da Natureza - se tornar visvel e palpvel Cincia contempornea. Ser essa a hora bendita, de resgate e de redeno para a Humanidade, rf do sentido do Divino e do sentimento religioso, desde que se deixou fascinar, iludir e enfeudar ao atesmo, proclamado, urbi et orbe, pela cincia oficial. A Cincia tem para com a Humanidade o dever imposto pelas leis da Fraternidade, da Solidariedade humana e da Lealdade, de operar uma viragem redentora e progressiva, orienta no Espiritualismo cientfico, traduzido no moderno Espiritismo. Procedendo assim, a Cincia

  • 32 Antnio J. Freire Da Alma Humana abriria largussimos e profundos horizontes sua investigao e conhecimento dentro do psiquismo humano, penetrando nos segredos mais ntimos da Biologia e da Vida universal, ainda ignorados pela cincia oficial. * O corpo vital ou duplo etrico tem sido objeto de aturados e fecundos estudos por alguns sistemas espiritualistas, particularmente por Tesofos e Rosacrzios, graas aos seus admirveis clarividentes. Para os Rosacrzios o duplo etrico compe-se de quatro teres diferenciados e especficos: ter qumico, ter da vida, ter luminoso e ter refletor. Estas quatro variedades do ter terrestre, circunscritas so nosso planeta terrestre, so polarizadas, no ultrapassando a estratosfera planetria, no penetrando, portanto no Mundo astral, em conseqncia da sua densidade ser muito superior da substncia astral e sua baixa escala vibratria. A prpria ao da gravidade impediria a sua ascenso astral. Este fato reveste-se de grande importncia e de aplicao prtica, particularmente nas mortes bruscas dos suicidas, provocando-lhes tormentos confrangedores, pavorosos sofrimentos, que excedem a previso mais pessimista. Se os candidatos ao suicdio pudessem prever as dores cruciantssimas que os esperavam, o suicdio desaparecia da superfcie da Terra. No conhecemos maior horror, nem mais angustioso sofrimento! A bibliografia esprita contm algumas mensagens expressivas e arrepiantes desses Espritos sofredores. Em nossas experincias durante dzias de anos, tivemos a dolorosa oportunidade, em casos muito raros, de conversar com alguns suicidas a fim de confort-los. Com grande parte dos suicidas no possvel estabelecer a comunicao medinica. Com duas pessoas da nossa amizade, falecidas h dezenas de anos, numa foi possvel a sua comparncia s sesses dos Grupos. O nosso Esprito-guia afirmou essa impossibilidade pedindo as nossas oraes para esses desventurados. * As funes do duplo etrico no ponto de vista filosfico e psquico so da maior importncia. Resumidamente, tomamos para base, desta curta descrio das propriedades relativas aos quatro teres, as indicaes fornecidas pelo Rosacrucianismo, obtidas, certamente, pelos seus mais hbeis e proficientes clarividentes: 1 O ter qumico - por intermedirio do seu plo positivo seleciona e regula a assimilao alimentar, manuteno e crescimento do corpo carnal, fsico ou somtico; enquanto que, pela ao do seu plo negativo, comanda a desassimilao e as excrees. 2 O ter da Vida - Preside fora instintiva da propagao e reproduo das espcies.

  • 33 Antnio J. Freire Da Alma Humana Quer no homem, quer nos animais, em todos os Reinos da Natureza, os sexos so determinados pelo ter da Vida: se predominam as foras inerente ao plo positivo na ato da fecundao, o produto da concepo ser masculino; predominado as foras do plo negativo, a gestao dar um produto feminino. 3 O ter luminoso - As foras que operam atravs do seu plo positivo so, parcialmente, a origem do calor animal; as foras que emergem do seu plo negativo vo atuar sobre os sentidos fsicos ou fisiolgicos: viso, audio, olfato, paladar e tato. Envolvendo e interpretando os rgos anatmicos dos seus sentidos corporais, existe, justapondo-se e interpenetrando-os, uma duplicata etrica para cada rgo. Ao aparelho auditivo ou visual corresponde um mesmo aparelho etrico e da mesmo forma para todo o sistema nervoso. Um pensamento, uma emoo, s podem chegar a atuar sobre o crebro fsico por intermdio do crebro etrico. Este fato de magna importncia para compreender a mecnica das mediunidades, em particular as de ordem intelectual ou subjetivas. Os Espritos desencarnados, despojados, pela morte, do seu corpo etrico, s podem atuar sobre os mdiuns pelo seu respectivo corpo vital ou duplo etrico, o que constitui o fundamento de todas as mediunidades. O mdium ser tanto melhor quanto for mais ativa e intensa a dissociao do seu corpo vital ou duplo etrico para, assim, se unir ao perisprito das entidades astrais comunicantes. 4 O ter refletor - O seu nome deriva de nele se refletirem e fixarem as imagens de todos os pensamentos e atos do seu portador. E um precioso arquivo do subconsciente e uma modesta sucursal da Memria da Natureza onde ficam registrados todos os acontecimentos que se realizem na sua esfera de ao. A Psicometria e a Memria da Natureza tm no ter refletor os elementos para a viso supranormal dos clarividentes especializados nesta mediunidade, circunscrita camada terrestre correspondente a este ter refletor. Mas a integral, completa e autntica Memria da Natureza est inscrita em planos supra-terrestre onde esto fixados em imagens todos os acontecimentos inerentes a este planeta desde a sua Nebulosa primordial, viso s acessvel a raros clarividentes. A maior parte dos clarividentes limitam-se a registrar os reflexos desses mundos superiores na atmosfera do nosso planeta, reflexos mais ou menos refratados e sujeitos, por vezes, a correes. A Psicometria merece ser estudada criteriosamente para seu melhor rendimento experimental, baseada nas propriedades do ter refletor, podendo o seu estudo prestar altssimo servios Cincia, como j vem prestando. A Viso panormica que se desenrola no momento da morte fsica, projetando, como numa pelcula cinematogrfica, todos os acontecimentos desde a morte ao nascimento do corpo orgnico, obriga, assim, o recm-falecido a um exame de conscincia integral e completo para que compreenda todo o bem e todo o mal praticado durante toda a sua vida terrestre e o

  • 34 Antnio J. Freire Da Alma Humana lugar que vai ocupar no Mundo astral, tendo tambm por base o arquivo registrado no ter refletor do seu corpo eltrico (subconsciente). A Viso panormica um dos momentos mais solenes e graves que se seguem morte; da maior importncia para o recm-falecido estabelecer a sua melhor atitude e orientao logo que se fixe num sub-planos do Mundo astral. Nas cmaras morturias, deve, pois, reinar a maior calma, serenidade e resignao, preces fervorosas e afetivas para auxiliar o desprendimento terrestre do falecido. Todas as manifestaes tumultosas e estridentes provenientes da separao e da saudade so altssimas prejudiciais ao ente falecido, perturbando-o em momento to delicado e solene em que ter de fazer um minucioso exame de conscincia a fim de compreender a sua nova e imediata situao no mundo astral. Seja qual for a intensidade do afeto que ligue a Famlia e os amigos ao defunto, a resignao silenciosa acompanhada de oraes e preces sentidas e fervorosas prestam grandes servios e auxlio alma desencarnada. Esto contra-indicadas todas as coroas de flores artificiais, mas so de grande utilidade as flores naturais, de preferncia as de perfumes suaves. Em transes to angustiosos, sempre que seja possvel, devem ser consultados espritas cultos e experimentadores que, nestas dolorosas emergentes, podem prestar relevantes servios, quer ao falecido, quer famlia. * O corpo vital ou duplo etrico - no demais repetir - exerce uma ao preponderante e decisiva no mecanismo de todas as mediunidades, quer subjetivas, quer objetivas. Nas manifestaes supranormais de ordem fsica ou objetiva, desde os movimentos sem contato (telecinesia), s materializao ectoplsmicas, organizadas em grande parte pelo corpo vital ou duplo etrico do respectivo mdium, a sua ao preponderante como principal agente de ectoplasma, que constitui a substncia materializante, tanto para as materializaes dos duplos dos vivos (bilocao), como para as materializaes dos falecidos e ainda para formar as etruturas das hastes e alavancas que determinam os movimentos telecinsicos (cantilevers, do Prof. W. J. Crawford). Nas manifestaes medinicas intelectuais ou subjetivas tambm de capital importncia a ao do corpo vital do mdium, porque s atravs deste corpo fludico, o perisprito, dos desencarnados, habitando o Mundo astral, pode atuar direta ou intuitivamente no corpo fsico do mdium, quer sobre o brao e mo para efetuar a psicografia, quer sobre o crebro fsico, por intermdio do crebro etrico, para todas as manifestaes mentais e emocionais. Estes fatos tm uma explicao clara e racional: estudada e comparada a anatomia dos mdiuns e dos falecidos, reconhece que os habitantes humanos do Mundo astral perderam morte, pela sua desencarnao, os dois corpos fsicos: o corpo fsico, carnal ou somtico, e o

  • 35 Antnio J. Freire Da Alma Humana corpo vital ou duplo etrico. Compreende-se, assim, que os Espritos comunicantes no poderiam atuar diretamente pelo seu perisprito sobre o corpo fsico do mdium, atentas as suas densidades, e da graduao da escala das suas respectivas vibraes. Como j dissemos anteriormente, os Espritos astrais comunicantes s podem atuar sobre o crebro fsico dos mdiuns por intermdio do crebro etrico medinico. Se, por hiptese, no existisse o duplo etrico, seriam completamente impossvel as manifestaes supranormais, precisamente a base da arquitetura do Espiritismo cientfico. O corpo vital ou duplo etrico a ponte, a plataforma, que d passagem intercomunicao dos dois Mundos - o terrestre com o astral - , estabelecendo com a sua efetiva e insubstituvel ao de presena o intercmbio mental, moral e emocional entre encarnados, habitados a Terra, e os desencarnados, habitando os Mundos astral e espirituais. A ausncia do duplo etrico abriria um abismo intransponvel entre os dois Mundos terrestre e ultra-terrestres. A escala regular da graduao vibratria ficaria suspensa e no ultrapassaria praticamente o perisprito dos habitantes astrais, impossibilitados de encontrar continuidade vibratria em nosso mundo fsico. Dentro deste critrio, que a observao e a experimentao confirmavam plenamente, auxiliadas pela clarividncia, poderamos definir os mdiuns como seres em que o corpo vital ou duplo etrico pode dissociar-se e exteriorizar-se, mais ou menos completamente do seu corpo fsico ou somtico. Pela quantidade exteriorizada do seu corpo vital se poderiam aquilatar os valores medinicos, conjugada com a atrao ou repulso entre o duplo etrico dos mdiuns e os perispritos das entidades astrais comunicantes. Compreende-se que o corpo vital grosseiro e impuro dum mdium no se possa adaptar e vibrar em sintonia harmnica e simptica com um Esprito comunicante relativamente evolucionado, porque as suas escalas de vibraes so profundamente diversas em comprimento de onda, e intensidade ou velocidade. * Infelizmente, as funes do duplo etrico no esto ainda estudadas, teoricamente e praticamente, como seria desejar, dentro do Espiritismo, no obstante o primacial papel que ele desempenha no mecanismo das diversas categorias de mediunidade, confundindo-se, por vezes, as suas funes com as do perisprito e corpo astral. Os investigadores e experimentadores espritas tm um fecundo e vastssimo campo de observao e de estudo relativos ao duplo etrico, elemento de grande influncia no experimentalismo do Espiritismo. O estudo e observao dos centros de fora (chacras), inerentes ao corpo vital, so de pleno interesse para a anlise da formao, natureza e circulao da vitalidade no corpo humano e para o desenvolvimento de algumas faculdades supra-normais. A extenso e complexidade destes estudos esto fora do quadro desta monografia; de resto, a Humanidade, no seu presente estgio, com raras excee