antonio carlos ferreira: novo diretor jurídico aos ... · esperem dele ética, lealdade, respeito...

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ASSOCIAÇAO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Fev/Mar 2003 Edição 010 Antonio Carlos Ferreira: PCS e PRX devem contemplar juniores Pág . 5 • • Profissionais liberais No encorte Juris Tontum •• • • Os novos tempos processuais Pág . 9 • • • • A leitura dos famosos Pág . 12 Novo diretor jurídico laIa aos advogados da CAIXA Esperem dele ética, lealdade, respeito profissional e humano - é o que promet e o novo dIretor jurídico Antonio Carlos Ferreira. Nesta primeira entrevista ao veículo dos advogados da C4/X4, o dir etor di z também que os juniores estão na agenda da D/jUR, que uma de suas prioridades é suprir as carências das unidad es, que havelá contato per - manent e com a área jurídica. Para ouvir o diretol; o Boletim da ADVOCEF colheu sugestões entre os profissionais da área jurídica da C4/X4. Acompanhe a entrevIsta, que continua nas páginas centrais: BOLETIM DA ADVOCEF O que devem 05 advo!!ados espe- rar do novo diretor jurídico! ANTONIO CARLOS FERREIRA - Como disse em minha aos quando assumi a Di- reto ri a Jurídi ca da CAIXA, vou pro- curar imprimir à da DIJUR cri- térios coerentes com aqueles que sempre desejei fossem adotados na Empresa, pautados sobretudo pela ética, lealdade, respeito profissional e humano, requisitos essenciais para a construção de uma relação permanente de co nfiança e companheirismo entre os dos da CAIXA e as diferentes unida- des que compõem nossa área e com as quais ela se relaciona. BOLETIM DA ADVOCEF • O se- nhor estava entre 05 que acredi· taram, dez anos, na consti- tuição de uma entidade de ad· vo!!ados na CAIXA.. Existem hoje outras entidades, como a dos !!erentes e en!!enheiros. A ADVOCEF, consolidada, vem obtendo da Administração um importante reconhecimento, fruto da união de seus inte!!rantes. Como o senhor a vê, hoje, e quais são as suas expeaativas quanto ao relaci· onamento! ANTONIO CARLOS FERREIRA - As expedativas são as melhores possiveis. De fato, a corajosa e bem sucedida criação da ADVOCEF e sua consolida- ção e representatividade, a ponto de a iniciativa ter sido repetida por outros da Empresa, foram pos- síveis em função da condução firme e responsável de seus Espe- ro, durante o tempo em que estiver à frente da DljUR, manter e aprimorar o relacionamento harmônico, respeitoso e produtivo com a ADVOCEF, bem as- sim com as demais entidades que re- presentam os da CAiXA, baseado no permanente. --

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Page 1: Antonio Carlos Ferreira: Novo diretor jurídico aos ... · Esperem dele ética, lealdade, respeito profissional e humano -é o que promete o novo dIretor jurídico Antonio Carlos

ASSOCIAÇAO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Fev/Mar 2003 Edição 010

Antonio Carlos Ferreira:

PCS e PRX devem contemplar juniores

Pág. 5

• • • • • • • • • • •

Profissionais liberais No encorte Juris Tontum

• • •• • • • •

Os novos tempos processuais

Pág. 9

• • • • • • • • • • •

A leitura dos famosos Pág. 12

Novo diretor jurídico laIa aos advogados da CAIXA

Esperem dele ética, lealdade, respeito profissional e humano - é o que promete o novo dIretor jurídico Antonio Carlos Ferreira. Nesta primeira entrevista ao veículo dos advogados da C4/X4, o diretor diz também que os juniores estão na agenda da D/jUR, que uma de suas prioridades é suprir as carências das unidades, que havelá contato per­manente com a área jurídica.

Para ouvir o diretol; o Boletim da ADVOCEF colheu sugestões entre os profissionais da área jurídica da C4/X4. Acompanhe a entrevIsta, que continua nas páginas centrais:

BOLETIM DA ADVOCEF • O que devem 05 advo!!ados espe­rar do novo diretor jurídico!

ANTONIO CARLOS FERREIRA -Como disse em minha mensa~em aos advo~ados quando assumi a Di­retoria Jurídica da CAIXA, vou pro­curar imprimir à ~estão da DIJUR cri­térios coerentes com aqueles que sempre desejei fossem adotados na Empresa, pautados sobretudo pela ética, lealdade, respeito profissional e humano, requisitos essenciais para a construção de uma relação permanente de co nfiança e companheirismo entre os advo~a­dos da CAIXA e as diferentes unida­des que compõem nossa área e com as quais ela se relaciona.

BOLETIM DA ADVOCEF • O se­nhor estava entre 05 que acredi·

taram, há dez anos, na consti­tuição de uma entidade de ad· vo!!ados na CAIXA.. Existem hoje outras entidades, como a dos !!erentes e en!!enheiros. A ADVOCEF, consolidada, vem obtendo da Administração um

importante reconhecimento, fruto da união de seus inte!!rantes. Como o senhor a vê, hoje, e quais são as suas expeaativas quanto ao relaci· onamento!

ANTONIO CARLOS FERREIRA - As expedativas são as melhores possiveis. De fato, a corajosa e bem sucedida criação da ADVOCEF e sua consolida­ção e representatividade, a ponto de a iniciativa ter sido repetida por outros se~mentos da Empresa, só foram pos­síveis em função da condução firme e responsável de seus diri~entes. Espe­ro, durante o tempo em que estiver à frente da DljUR, manter e aprimorar o relacionamento harmônico, respeitoso e produtivo com a ADVOCEF, bem as­sim com as demais entidades que re­presentam os empre~ados da CAiXA, baseado no diálo~o permanente.

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Page 2: Antonio Carlos Ferreira: Novo diretor jurídico aos ... · Esperem dele ética, lealdade, respeito profissional e humano -é o que promete o novo dIretor jurídico Antonio Carlos

rI +j Qij.] I !~ii ADVOCEF

Associação Nacional dos Advogados da CAIXA.

DIRETORIA EXECUTIVA Presidente Darli Barbosa (londrina) Vice-Presidente Sandra Rosa Bustelll Jesion (São Paulo) I A Tesoureiro Altair Rodrigues de Paula (londrina) 2° Tesoureiro Gilberto Gemin da Silva (Londrina) 1.0. secretário Alceu Paiva de Miranda (londrina) 2° secretário Francisco Spisla (londrina) Diretor Re2ional None Mariano Moreira Junior (Manaus) Diretor Re2ional Nordeste Leandro Cabral Morais (Natal) Diretor Re210nal Sudeste Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória) Diretor Ree.ional Centro­Oeste Isabella Gomes Machado (Bra-5í1ia) Diretor Ree.ional Sul Ed~ar Luiz Dias (Curitiba)

CONSElHO DELIBERATIVO Titulares Domingos Simião da Silva (Belo Horizonte), Gerhard Winning Fi­lho (Uberlândia), Roslmelre Ro­cha Mcauchar (Juiz de Fora), Sil­vio do La~o Padilha (Belo Hori­zonte) e Simone Solan~e de Cas­tro Rachid (Belo Horizonte). Suplentes Luciano Palva No~ueira (Belo Ho­rlzonte) e Umberto Parma Macha­do (Belo Horizonte).

CONSElHO FISCAL Titulares Davi Duarte (Porto AleQre), Glsela Ladeira Bizarra (Brasília) e Luís Fernando Miguel (Porto Alegre). Suplentes Maria dos Prazeres de Oliveira (Recife) e Paulo Ritt (Maceió).

Conselho Editorial: Darli Bar­bosa, Jailton Zanon da Silveira e Roberto Maia. Editor: MárIo Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662) - E-mail: [email protected] Editoração eletrônica: José Roberto Vazquez Elmo. Tlraeem: 700 exemplares. Impressão: Promoarte. Periodicidade: bimestral.

Endereço em Brasília: SBS, Quadra 2, lote 1 - BL S sala 1205 - Edifício Emplre Center CEP 70070-100 Fone 1611 224-3020

Endereço em Londrina/PR: Rua Santa Catarina, 50 I sala 602 CEP 86.010-470 Fone (43) 3323-5899 - E-maU: [email protected] Slte: vvvvw.advocef.org.br

Discaeem Gratuita: 0800 51 02822

Editorial

As muelanfas como sina' ele avanco

Os dias vão e as vidas se esten­dem num curso constante, rumo às suas realizações.

Grupos distintos, em distantes realidades locais ou globais, esten: dem seus sustentáculos de poder e propõem a guerra, o ódio e a des­truição, por vezes escudados em de­veres ditos divinos.

Felizmente, nem tudo se resu­me ao belicismo e nem todos prati­cam a cartilha da desagregação.

No seio do país, iniciamos a di­visar os primeiros passos de novas propostas que, por novas, carregam também o estigma de passíveis de desconfiança.

Em nossa atividade profissional, iniciam-se lentamente as mudanças por todos esperadas.

A nova DiretoriaJurídica, recém instalada no comando de uma área técnica essencial aos interesses da CAIXA, traz com seus integrantes a esperança de um novo curso ao tra­tamento de questões historicamen­te esqueCidas.

A defesa judicial e extrajudicial da Em presa, executada de maneira aguerrida e com enormes sacrifíci­os pessoais e institucionais, está a merecer a atenção e uma nova pos­tura de seus dirigentes.

É chegada a hora de termos uma Diretoria capacitada a ouvir e fazer­se ouvir, dentro e fora dos quadros técnicos. Pessoas com ousadia para demonstrar a importância da existên­cia da área e com coragem para exi­gir o reconhecimento de seus inte­grantes. De igual forma, administra­dores capazes de formular propos­tas de funcionamento compatíveiS com a realidade vivenciada por to­dos quantos vislumbram na área jU­rídica não um fim em si mesmo, mas caminho à plena realização das fun­ções da CAIXA no cenário nacional.

.:.

Almejar, ter esperanças, cons­truir em conjunto, são prerrogati­vas e deveres de seres humanos comprometidos consigo mesmos e com seus ideais.

Fiquem nossos leitores com as primeiras e importantes palavras do nosso diretor jurídiCO, em entrevista exclusiva ao Boletim. De forma aberta e no estilo que tem marca­do sua exitosa trajetória profissio­nal, o Dr. Antonio Carlos fala-nos sobre algumas das principais ques­tões de interesse do nosso quadro.

Também na linha do planeja­mento exigível de entidades repre­sentativas, trazemos informações e nOVidades na organização do nos­so já consagrado Congresso anual. Os preparativos de sua nona edição se iniciam com uma antecedência que demonstra o grau de compro­metimento dos que estão a traba­lhar em prol de nossos interesses comuns .

Dent ro do projeto editorial em curso, com o propósito de aproxi­mar cada vez mais o Boletim dos anseios e interesses da comunida­de leitora, a ADVOCEF inaugura nes­ta edição a seção "Cena Jurídica".

Formatado como uma pequena resenha de notícias, curiosidades, fatos e frases de efeito, a seção pro­põe-se a compi lar informações oriundas das mais diversas fontes, com conteúdo técnico, acad~mico ou geral, sempre focando as especificidades do meio jurídico.

Bons advogados não fogem de sua responsabilidade profissional. Este o tema do encarte desta edi­ção, para proveito e deleite de todos.

Diretoria Executiva da ADVOCEF

f'1f'VIf' IRIUIR'Ü .: ~\AIRÇ'O [)I(' 'lmn

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ADVOCEF faz reunião em londrina Para debater assuntos como a

criação de um Plano de Cargos e Salários, cobrança de honorários e vários outros de interesse dos ad­vogados da CAIXA, a Diretoria Exe­cutiva da ADVOCEF reuniu-se em 16.03.2003, em sua sede em Lon­drina/PR. Além do presidente Darli Barbosa e da vice-pres idente Sandra jesiOn, compareceram: Francisco Spisla (2. 0 Secretário), Altair Rodrigues de Paula (1.0 Te­soureiro), Mariano Moreira Junior (Diretor Regional Norte), Leandro Cabral Morais (Diretor Regional Nordeste), Angelo Ricardo Alves da Rocha (Diretor Regional Sudes­te), Silvio Lago padilha (do Conse­lho deliberativo), Davi Duarte e Gisela Ladeira Bizarra (do Conse­lho Fiscal), e Alfredo Ambros io Neto, convidado.

Darli Barbosa preside reunião

Entre as decisões (leia de­talhes nas matérias desta pági­na e da seguinte), f icou defini­da a realização do próximo Congresso da ADVOCEF em

In,erpre,afões para os honorários

Na reunião de londrina ficou definido como devem ser In­terpretadas as decisões que fixam honorários do FGTS - Planos Econõmlcos. Veja caso a caso:

(a) casos de sucumbência reciproca: os honorários são de­vidos pela CAIXA;

(b) casos em que cada parte arcará com os honorários de seus patronos: estes são devidos pela CAIXA;

(c) casos de sucumbência reciproca com compensação: a CAIXA não pagará honorários aos advogados da parte contrária.

(d) casos em que há compensação de honorários, ou com­pensação e distribuição entre as partes: os honorários serão devidos pela CAIXA;

(e) casos em que os honorários são pagos proporcional­mente às respedivas sucumbências: deverão ser co­brados do fundista.

A ADVOCEF encaminhará pedido de providências ao Diretor da Área de FGTS.

Foi aulorizada também a contratação do escritório Castim &

Rabelo, para auxiliar na cobrança de honorários no Rio Grande do Norte. Com remuneração de 10% sobre o valor recebido, a empresa vai tratar prinCipalmente da elaboração de cálcu los, plani lhas, conferência, agi lização, acompanhamento - tudo re­ferente às execuções do FGTS-Planos Econômicos.

Goiãnia, no período de 14 a 17 de agosto deste ano. O evento estará centrado nos temas refe­rentes às alterações no Regula­mento de Honorários, Estatuto Social da Associação e outros que serão propostos pela categoria. Poderão participar como repre­sentantes os advogados associa­dos até 30 de abril ou inscritos até 15 dias após a admissão, con­forme fo i comunicado às unida­des por e-mai!o

Outras Informações podem ser obtidas com a Comissão Organ izadora, composta por Alfredo Ambrósio Neto, jusce li­no Malta Laudares, Grey Bellys Dias Lira e Ivan Seógio Vaz Porto, todos do jURIR/GO. Te lefones: (62) 216-1536, 216-1552 e 216-1547.

Os 2% e u ue A remuneração de 2% paga à

ADVOCEF para administrar a arrecada­ção e rateio de honorários, prevista no artigo 30, parágrafo lodo Regu lamen­to de Honorários, pertence ao patrimônio da entidade. Cabe o escla­recimento, portanto, para que o percentual cobrado não seja confun­dido com a verba destinada ao Fundo Especial referida no parágrafo segun­do do mesmo artigo. A ADVOCEF deci­diu divulgar a observação, para evitar mal-entendidos.

Outras decisões da reunião de lon­drina: reivindicar junto à DljUR o rea­juste das diárias dos advogados e a aquisição de exemplares do Novo Có­digo Civil para as unidades jurídicas. Computador, scanner e impressora se­rão comprados para a sede da ADVOCEF em Brasília. Para trabalhar lá, com os colegas advogados, serão contratadas até duas estagiárias. Ficou definida tam­béRl a abertura de concurso para a cri­ação de uma bandeira para ADVOCEF.

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Normativo alterado, Cartilha

aprovada A ADVOCEF decidiu cobrar o

encaminhamento das sullestões que enviou à DljUR para alterar o Manual Normativo de Honorári­os. (O assunto já foi apresenta­do pelo presidente da ADVOCEF, na reunião com o diretor jurídiCO Antonio Carlos Ferreira). São in­clusões de itens e subitens, re­Ilularizando, em seus detalhes técnicos e burocráticos, a cobran­ça de honorários nas diversas hi­póteses em que são devidos. No substitutivo enviado procura-se corrillir omissões e aperfeiçoar trechos que induzem a dúvidas. Nos acordos com mutuários be­neficiados com o desconto de 100%, por exemplo, a intenção é rellulamentar e padronizar os pro­cedimentos conforme foi acorda­do entre a ADVOCEF e a CAIXA em 25.04.02.

Na reunião, foi aprovada a Cartilha de Orientação Sobre a Ar­recadação, o Controle e o Rateio dos Honorários Advocatícios, que define o papel da ADVOCEF e das comissões de honorários na fis­calização e prestação de contas mensal. O documento será divul­Ilado por meio eletrônico, im­presso e através do site da ADVOCEF. A versão em papel será distribuída pelo representante da Associação nas unidades.

Até que haja uma definição da catelloria, a Diretoria Executi­va da ADVOCEF vai delellar a apreciação de pedidos de redu­ção de honorários às Comissões de Honorários que assim deseja­rem. O valor devido não poderá ultrapassar a importância de R$ 5.000,00.

Assistência jurídica a advogados

A ADVOCEF vai auxiliar na defesa da advollada Mallda Esmeralda dos Santos, ci­tada em inquérito do Ministério Público Fe­deral. Mallda, Ilerente do jurídico de Manaus, emitiu parecer autorizando que a CAIXA pros­selluisse na venda de um imóvel incluído em ação civi l pública. A Ilerente arllumen­tou que não se tratava de venda direta - proi­bida por liminar - mas de leilão público. Em conseqüência, o Ministério Público Federal requisitou à Polícia Federal a instauração de inquérito por crime de desobediência à or­dem judicial.

Numa primeira audiência, o MPF ofereceu a oportunidade de tran­sação (pallamento ou prestação de serviço comunitário). Como a ação tramitava no juiZado Especial, entendeu-se que não era o foro compe­tente, sendo o feito encaminhado para apreciação pelo juiz sinllular (de Vara Federal).

Indicado para atuar no caso, o advogado Davi Duarte comentou: "O que se nota é uma arbitrariedade e exercício i1ellal da profissão, pelo membro do MPF, e tais atos precisam ser atacados para evitar novas e maiores investidas". Atendendo sua sullestão, a ADVOCEF deverá buscar a parceria da DljUR, para apresentar denúncia à Procuradoria Ileral da República.

A ADVOCEF vai também colaborar na defesa dos advollados do Dis­trito Federal, no Caso Serra Pelada, ressaltando junto ao Tribunal de Ética da OAB/DF a lisura dos profissionais e a injustiça de que são vítimas. Para prestar assistência, em nome da Associação, foi desillnado o advollado Leopoldo Viana Batista júnior.

I I ' Contrafé Em Itu, São Paulo, o juiz da 3" Vara Cível decidiu favor"velmente

pelo aumento das passallens de ônibus. Inconformado, o prefeito, poeta, reclamou:

Recebo a intimação Com justa indignação Ciência tenha o juiz.

Respeito devo àjustiça Não porém à mão que atiça Sentença cruel e infeliz.

Pede a Viação Itu-Avante Tarifa vil e exorbitante Rejeitando serviço melhor.

Os ônibus sempre lotados HOIários desrespeitados E o povo vivendo o pior.

Manifestou-se o promotor Parecer de extremo valor Sullerindo a conciliação.

À peça o juiz não se ateve De examiná-Ia se absteve Precipitada foi a decisão. '

O juiz seguiu a trilha Só analisou a planilha Que a viação produziu.

Prefeito não foi ouvido já o aumento descabido O conspícuo juiz deferiu.

A cassação da liminar É o recurso elementar Garante a lei afinal.

Providência já foi adotada E a sentença será reformada Se Deus quiser, no Tribunal.

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Reunião na DlJUR

Em exame a situafão dos ;uniores o trabalho elaborado pela Comis­

são de Advogados juniores será anali­sado pela consultoria que irá rever o Plano de Cargos e Salários (PCS) da CAIXA. A informação foi dada ao presi­dente da ADVOCEF, Darli Barbosa, no encontro que manteve em Brasília, dia 10 de abril, com o diretor jurídico An­tonio Carlos Ferreira e a diretora de Recursos Humanos, Diva de Souza Dias. A situação dos novos advogados deverá receber atenção especial tam­bém na próxima edição do Programa de Partici pação nos Resultados (PRX). Os valores diferenciados do último fo-

Reunião em Brasília: Darli .. Diva e Antonio Carios

ram estabelecidos no Acordo Coletivo em vigor, assinado com a CONTEC.

Jvst;~a através dos sociólogos Alguns aspedos positivos da globalização, como a difusão da Informação,

poderiam ser usados para auxiliar o Poder Judiciário em todo o mundo. Seria importante, por exemplo, uma Rede de juízes Democráticos Progressistas, onde os magistrados trocariam experiências, tratando de problemas comuns das diversas sociedades (a corrupção, entre eles). As sugestões são do sociólo­go português Boaventura de Sousa Santos, que esteve em Porto Alegre em janeiro deste ano para participar do 11 Fórum Mundial de juízes e do Fórum Social Mundial. "O judiCiário é um poderoso instrumento de poder que pode ajudar a nos conduzi r a todos para outra sociedade que está em formação", afirmou. "A mudança passa primeiro, porém, pela desburocratização e demo­cratização da própria justiça."

O judiciário precisa ser enxugado, sobrando tempo para sentenças de con­teúdo analítico, que exigem maior envolvimento. Segundo Boaventura, "há situações que poderiam receber julgamento de pessoas com formações dife­rentes das jurídicas. Talvez, no futuro, ocorra uma interligação de competênci­as. SOCiólogos, psicólogos e outros profissionais poderiam elaborar sentenças em determinadas ocasiões. "Não há necessidade de que sempre sejam juris­tas. Às vezes, as questões são complexas, como no caso de menores".

Defensor da informatização, Boaventura disse que "é preciso tirar dos tribu­nais o que não é conflito, as sentenças automáticas como cobrança de paga­mentos". O Judiciário precisa aprofundar a sua democratização interna e acei­tar reformas das leis processuais, promovendO a aceitação da diversidade. "É um aprendizado coletivo, que o judiciário também tem que fazer. Pode se ter mais criatividade para no espírito da Constituição interpretar as leis de modo que o direito à diversidade e à diferença seja reconhecido", acredita.

Sem essa transformação, emergencial, adequando-se às necessidades da sociedade contemporânea, o judiciário pode se tornar uma instituição irrelevante, com a tendência dos conflitos deixarem de ser discutidos em tribunais convencionais para serem decididos em tribunais de arbitragem. "Isso pode criar muita segmentação, uma justiça de primeira classe para cidadãos de primeira classe e uma justiça de segunda classe para cidadãos de segunda classe."

No início dos anos 70, Boaventura exilou-se no Brasil, indo morar em uma favela carioca, onde pesquisou para sua tese de doutorado. Com a Revolução dos Cravos, em 1974, ele voltou a Portugal, para lecionar na Universidade de Coimbra. Seu livro "Reconhecer para Libertar" (Editora Record) foi um dos mais vendidos durante o Fórum Mundial dejuízes, em Porto Alegre.

Com informações da Folha de São Paulo, Carta Maior e Reuters

O diretor Antonio Carlos informou que as alterações propostas para o Normativo de Honorários estão sendo estudadas pelas áreas envolvidas. Na questão dos honorários referentes aos contratos da EMGEA, a CAIXA ainda aguarda o ajuste de valores estabele­cidos no acordo com a empresa. O pre­sidente daADVOCEF comun icou ao di­retor que será encaminhada à Direto­ria de Fundo de Garantia a cobrança do cumprimento do acordo entre CAI­XA e ADVOCEF a respeito dos honorári­os nos processos do FGTS·Planos Eco­nômicos.

Aumentar as penas dos conde­nados auxilia no combate ao crime organizado? Não, respondeu o ad­vogado e jornalista Hélio Bicudo à pergunta da Folha de São Paulo. O atual vice·prefeito do município de São Paulo e preSidente da CMDH­SP lembrou que as novas leis pe­nais "são duríssimas", como no caso dos crimes hed iondos, e que medi­das como a diminuição da idade de responsabilidade penal ferem a Constituição. Tudo isso só servi lá, se­gundo o jurista, "para que adiemos ainda mais o que já deveria ter sido feito: a reforma do aparelho do Es­tado no setor da segurança e da dis­tribuiÇão dajustiça".

No mesmo espaço, o procura­dor de justiça aposentado Luiz An­tonio Fleury Filho, autor de 22 pro­jetos, sete dos quais visam a aplica­ção de penas maiores e um prevê a prisão perpétua com trabalho obri­gatório para crimes hediondos, res­pondeu obviamente "sim". O exilo­vernador de São Paulo criticou tam­bém os mecanismos legais que re­duzem a pena e concedem regali­as. "Aqu i é que a coisa pega. A nos­sa atual legislação, extremamente liberal, permite, por exemplo, a um assaltante condenado a seis anos de reclusão obter a progressão quan­do houver cumprido um sexto de sua pena." Concluiu: "Pena é pena e, para crimes graves, deve ser comprida e cumprida".

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A DIJUR o que se pode esperar do novo

diretor jurídico da C41X4? Uma gestão pautada principalmente pela ética, lealdade, respeito pro­fissional e humano, responde An­tonio Carlos Ferreira, advogado da Empresa desde 1984 e, até assu­mir o novo cargo, gerente do jURIR/SP. Nesta entrevista ao Bo­letim da ADVOCEF; que teve te­mas sugeridos por profissionais da C4IAA em todo o país, Antonio Carlos promete contato perma­nente com os jurídico~ na Matriz e nos Estado~ e destaca que "o resultado da D/jUR é a soma do

, e a soma de todos,

as dificuldades dos jurídicos Regi­onais. Assim, ele concorda que a interiorização da justiça Federal e a criação dos juizados Especiais Fe­derais indicam um quadro comple­xo a ser enfrentado. Por isso é uma de suas prioridades e já estuda, com a Diretoria de Recursos Hu­mano~ altemativas para apontar so­luções. E, em meio de tudo, adian­ta uma boa notícia: a C4IAA vai pror­rogar por dois anos a vigência do último concurso, o que garante pos­síveis futuras contratações dos já habilitados.

esforço e da contribuição de cada advogado, de cada bancária e demais colaboradores lotados nas diver­sas unidades jurídicas".

Antonio Carlos Ferreira nasceu em São Paulo, tem 46 ano~ é casado, tem dois filhos (Felipe, de 21 ano~ e Ana luiza, de 10 anos). Ingressou na C4IAA em maio de 1979. Formou-se em Direito em 1981. Exerceu funções de confiança de assistente em diversas áreas, assistente-chefe nas antigas GERGE/SP e SUREG/CP. Foi supervisor de rede e gerente executi­vo operaCional na então SUARE No Ministério da Fa­zenda, foi chefe da Divisão de legislação Aplicada e respondeu pela Delegacia do Patrimônio da União no Estado de São Paulo. Na C4IAA, foi também gerente do extinto jurídico Regional de Campinas (por três anos) e por quase três anos esteve à frente do jURIR/SP.

O novo diretor garante que o preparo técnico do advogado da CAIAA é compaiável aos melhores da administração pública. Explica que há casos que exi­gem o acompanhamento de profissionais de fora, mas são exceção, para atender determinadas especialida­des e também devido ao volume de trabalho. Ressal­ta, a propósito, que uma "ampla revisão da terceirização" é uma das prioridades da administra­ção da C4IAA, em todos os setores.

Ninguém melhor que o próprio diretor conhece Leia a entrevista:

BOLETIM DA ADVOCEF - A <:0-municação é sempre uma pre­ocupação imponante. Como se dará o diálo!!o entre a DlJUR. Jurídicos. advo!!adoSf

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Sem dúvida, a comunicação fran­ca e leal se constitui num dos prin­cipais fatores de sucesso de qual­quer administração. Sob este aspec­to minha preocupação é a de man­ter permanentemente aberto um canal eficiente de contato entre as unidades jurídicas sediadas na Matriz, as regionais e representa­ções. Não se pode ignorar que o resultado da DljUR é a soma do es­forço e da contribuiçào de cada ad­vogado, de cada bancário e demais colaboradores lotados nas diversas unidades jurídicas. Por isso, a DljUR não pode ser infensa a receber crí­ticas, construtivamente formuladas, a respeito de sua atuação. Serão realizadas reuniões de trabalho

periódicas com os gerentes regio­nais, além de encontros e seminá­rios que possam reunir advogados que trabalham com os mesmos as­suntos em diferentes unidades, vi­sando ao necessário intercâmbio de suas experiências.

o último concurso terá vigência prorrogada por dois anos

BOLETIM DA ADVOCEF - O se­nhor vem de uma carreira pro­fissional não exclusivamente Ii­!!ada à área jurídica. É reconhe­cida a sua capacidade de admi­nistrador e conhecedor dos ne­!!ócios da CAIXA. De que ma­neira essa experiência pode re­presentar um !!anho na Direto­ria Jurídica e em sua valoriza-

ção perante a administração! ANTONIO CARLOS FERREIRA -

É difícil fazer essa ligação, já que entendo que ganhos e valorização são sempre conseqüência de um trabalho eficiente e produtiVO reali­zado por toda a área, que possa ser reconhecido pela instituiÇão. Pretendo, é claro, utilizar a experi­ência que adquiri em atividades fora da área jurídica em sua condução, sempre que isso se mostrar possí­vel e agregar resultados, mas reco­nheço também, além do conheci­mento jurídico de todos, em mui­tos dos colegas advogados capacitação administrativa e profun­do conhecimento dos negócios da Empresa. A valorização da área jurí­dica perante a administração, como disse anteriormente, decorre da par­ticipação de todos, realizando uma advocacia contenciosa e consultiva de qualidade e eficazes, visando, sempre, aos melhores resultados.

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di. Antonio Carlos

Suprir as carências das unidades é uma das prioridades

BOLETIM DA ADVOCEF - Nor­mas recentes da DlJUR definem que devem ser contratados ad­vo!!ados terceirizados para os casos de maior relevância e complexidade, ou quando hou­ver excesso de processos idên­ticos_ Essas definições Indicam que os quadro técnicos da Em­presa nâo dispõem de profissi­onais suficientemente capaci­tados ou não os dispõem em número suficiente para aten­der às demandas! Ou há ain­da outra justificativa!

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Se~uramente o normativo men­cionado não existe em função de capacitação insuficien te do advo­~ado da CAIXA, cujo preparo téc­nico e intelectual não f i ca em nada a dever aos melhores qua­dros jurídicos da administração pú­blica. Al iás, as causas de maior re­levâ ncia e com plexidade são acompanhadas em sua quase to­tal idade por advo\lados do qua­dro da CAIXA, sendo essa a re~ra e a mais adequada alternativa ad­mini st rat iva . As defini ções normativas questionadas se refe­rem, de um lado, a casos pecu lia­res que recomendam acompanha­mento, em caráter excepcional, por profissionais especializados não en­contrados na Empresa, e de outro, à ausência de condições para aten­der demandas num determi nado momento, em que os processos se avo lumam extraordinar iame nte. Seja como fo r, uma das ações priori tárias da nova admin istração da CAIXA é promover a ampla revisão da terceirização na empresa, onde se Incluem as atividades jurídicas.

BOLETIM DA ADVOCEF - Há limitação de pessoal e apoio ad­ministrativo para os JURIR_ Por que não se aplica às unidades jurídicas o mesmo critério de verificação de custo/ benefício

que é utilizado para os pon­tos-de-venda!

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Não se pode desconhecer que os pontos-de-venda, de modo ~eral, também vêm enfrentando ~rave e an\lustiante insuficiência quantitativa de recursos materiais e humanos. Nas unidades jurídi­cas a situação também é aflitiva, pois, além de insuficiência quanti­tat iva de recursos humanos, não há o número de ca r ~os

comissionados correspondentes às necessidades e importância da área, circunstância que acarreta, muitas vezes, a transferência de empre\lados para outras unidades da Empresa. A respeito desse as­sunto, estamos, em conjunto com a Diretoria de Recursos Humanos, analisando al ternativas para, pelo menos, minimizar o problema.

BOLETIM DA ADVOCEF - A DIjUR recebeu recentemente equipamentos de informática, mais advo!!ados e funções, re­almente necessários_ Mas os Jurídicos Re!!ionais continuam com extremas dificuldades, inclusive básicas como a falta de computadores. Há planos para eles!

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Com toda a certeza, esta será uma das minhas preocupações priorilárias. Sendo oriundo de jurí­dico Re\lional e até recentemen­te ~erente de um deles, conheço perfeitamente suas carências e vou procu rar, no exercício da DljUR, d i ri~ir meus melhores esforços no sentido de dar às unidades jurídi­cas re~ i o nais condições de pres­tar seus serviços adequadamente.

BOLETIM DA ADVOCEF - O Po­der Judiciário tem crescido como nunca nos últimos anos, com o aumento de varas fede­rais, a interiorização da Justi­ça Federal, a criação dos Juizados Especiais Federais_ Enquanto no último ano foram instaladas mais de 200 JuizadOS Especiais e 26 turmas recursais, o número de advo­!!ados continua esta!!nado_ Há pa!!amento de multas e pedi-

Ferreira dos de instauração de inquéri­to pela suposta prática de cri­me de desobediência de ordens judiciais, !!erando um !!rande estresse para os profissionais_ No Rio de Janeiro, por exem­plo, há advo!!ados responden­do por cerca de 10_000 proces­sos_ O senhor concorda que o quadro é Insuficiente perante a demanda! O que pretende fazer a respeito! Há previsão de novo concurso!

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Realmente, a interiorização da jus­t iça Federal e a criação dos juizados Especiais Federais indicam um qua­dro complexo a ser enfrentado pela área jurídica da CAIXA. Pretendemos expor objetivament," à direção da Empresa os reflexos desta deman­da crescente de processos, definin­do ações que sejam adequadas ao seu enfrenta-menta. Quanto a con­curso público, a CAIXA estará pror­rogando por mais dois anos a villên­cia do último certame, \laranti ndo possíveiS futuras contra-tações dos já habilitados.

Vem aí novo Plano de Cargos

e Salários

BOLETIM DA ADVOCEF - Qual é a sua avaliação e quais são seus planos sobre o funciona­mento e finalidades das REJUR! Há Intenção de criar mais Re­presentações JurídiCas!

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Haja vista a interiorização da j usti­ça Federal, torna-se preVisível a cri­ação de novas representações. Porém, para a implantação de uma nova REjUR é essencial a existên­cia de condições, pelo menos ra­zoáveis, de trabalho aos advollados que vierem a ser lotados naquela nova unidade. Não sendo possível reun ir condições míni mas de traba­lho ao advo~ado, deve-se evitar a instalação de uma nova REjUR.

BOLETIM DA ADVOCEF - A CAIXA tem perdido muitos dos

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novos advo!!ados, atraídos por carreiras de maior valorização. NO final do ano passado, foi apresentado à DlJUR um es­tudo da ADVOCEF, elaborado pela Comissão dos Advo!!ados Juniores, su!!erindo a equipa­ração dos salários dos advo­!!ados da CAIXA com a AGU. o senhor já tem uma posição a respeito desse documento! Há perspectiva de cuno prazo para essa questão, a fim de evitar a rotatividade de mão de obra especializada e propiciar mai­or atrativldade a todos os pro­fissionais da área jurídica'

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Os novos advo~ados da CAIXA vêm revelando elevado ~abarito profissional e acentuada identifi­cação com a Empresa. lamenta­velmente, muitos deles des li ~a­

ram-se da CAIXA em busca de me­lhores salários em outras institui­ções. Essa questão inte~ra a a~en­da da DljUR. Por outro lado, a nova admin istração da CAIXA não desconhece a necess idade de implantação de um novo Plano de Car[los e SaláriOS e já determinou providências a respeito.

Advogados juniores

estão na agenda da

OUUR

BOLETIM DA ADVOCEF - Os advo!!ados contam inclusive com um reajuste salarial. Ba­seiam-se na constatação de que AGU, Fazenda Nacional, INSS e Procuradoria da Repú­blica, por exemplo, percebem salários bem mais altos, para um serviço de mesmo nível e com uma car!!a menor de tra­balho. O que o senhor acha dis­so, É possível informar desde já as linhas !!erais do quadro de carreira que o senhor estu­da' Como fica a situação dos advo!!ados que não aderiram ao acordo'

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Todos essas per[luntas e preten­sões são bastante relevantes. Cada uma delas deve merecer a solu­ção que as circunstâncias compor­tam e ao seu tempo. Creio que em

relação a cada um desses proble­mas, cuja solução não depende de decisão exclusiva da Diretoria jurídi­ca, a ADVOCEF e a DljUR poderão estabelecer conversações, visando a encontrar as alternativas que me­lhor atendam aos interesses da CAI­XA e de seus advo~ados.

BOLETIM DA ADVOCEF - A CAI­XA tem respondido nos últimos tempos a uma série de questionamentos de ór!!ãos ex­ternos, em especial do Ministé­rio Público, acerca de terceirização de atividades, in­cluindo as jurídicas. Como pre­tende a DlJUR enfrentar o cres­cimento das demandas técnicas sem desrespeitar recomenda­ções e compromissos assumidos pela CAIXA'

ANTONIO CARLOS FERREIRA - Como mencionei anteriormente, a Administração da CAIXA está pro­movendo a ampla revisão da terceirização na Empresa e definin­do uma política a propÓSito do as­sunto. A terceirização das ativida­des jurídicas não é a solução ideal, porém, é necessária como instru­mento de gestão, haja vista as di­mensões cont inenta is de nosso país, sua peculiaridades re[lionais, e também visa a desafo[lar as uni­dades jurídicas em decorrência de massificação de Iití[l ios.

BOLETIM DA ADVOCEF - Mui­tas condenações de processos de Juizados Especiais poderiam ser evitadas ou reduzidas se os advo!!ados tivessem maior acesso às informações das áre­as técnicas responsáveis. A fal­ta de autorização para acordos, nos Juizados, também impos­sibilita uma economia si!!nifi­cativa dos valores de indeniza­ção a serem pa!!os. Como o se­nhor pretende solucionar esses problemas'

ANTONIO CARLOS FERREIRA - São duas questões distintas. Na pri­meira, há diSPOSiÇão normativa de que as áreas administrativas devem prestar os subsídios à defesa da CAI­XA, e é evidente que caso isso não ocorra, ou ocorra de modo incom­pleto, poderá resultar em prejuízo. Os regionais, e a DljUR, se deman­dada, devem sempre adotar ações no sentido de destacar a importân­cia dessas informações, e os even­tuais prejuízos à CAIXA. já em rela-

ção à política de acordos nos juizados Especiais, bem como em outras instâncias, estão em curso propostas nesse sentido, com a par­ticipação da GETEN, que estarão sen­do submetidas à decisão do Conse­lho Diretor da CAIXA.

A terceirização

será revista e terá

nova política

BOLETIM DA ADVOCEF - Na Intranet, há esclarecimentos so­bre os principais tópicos do novo códl!!o Civil, que interessam às relações com os clientes na li­nha de frente. A GEMAC tam­bém distribuiu esse material a todos os empre!!ados. Como o senhor vê essa frente de atua­ção do advo!!ado na CAIXA! O senhor tem outros projetos des­se tipo para aperfeiçoar a pres­tação de serviços Jurídicos no campo preventivo'

ANTONIO CARLOS FERREIRA -A atuação preventiva do adVO[lado da CAIXA deve ser prioritária, pois identi­fica possíveiS riscos jurídicos e evita lití[lIOS. O trabalho relativo ao novo Códi[lO Civil mostrou um modo mui­to interessante de realizá-lo, envol­vendo em alguns casos advogados de \árias unidades jurídicas, além de um grupo permanente de trabalho composto por advo~ados da GEAjU e os consultores jurídicos da DIjUR. Certamente outros projetos desse tipo constarão do plano de ação da DIjUR para os próximos anos.

BOLETIM DA ADVOCEF - O se­nhor quer dizer al!!o mais aos advo!!ados'

ANTONIO CARLOS FERREIRA -Cabe-me convocar a todos os cole­[las para a caminhada que estamos Iniciando. Nossos desafios são imensos, mas me anima a certeza de que a CAIXA poderá contar, mais uma vez, com o sent im en to de máxima solidariedade de todos que compõem a área juríd ica na realiza­ção de sua dignificante missão, vi­sando ao combate à miséria, ao de­semprego, à falta de saneamento ambiental e de habitações di[lnas. Estou contando com o empenho, profiSSionalismo e espírito público de todos os cole[las.

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Os novos

Nilson Naves, presidente do ST J

A juíza Leila Paiva, presidente do juizados Especiais Federais, explicou objetivamente como funciona o juizado Especial Federal da 3' Região: "Agora eu não coloco mais o processo embai­xo do braço para estudá-lo em casa. Eu tenho 28 mil processos à minha dispo­sição, sobre a mesa, na tela do compu­tador". A declaração foi fe ita durante o seminário sobre os juizados Federais, em São Paulo, nos dias 10 e 11 de março. Os participantes do evento de­pois puderam conhecer as vantagens do processo eletrônico no Fôrum con­siderado modelo: economia anual de papel de aproXimadamente R$ 54 mil por Vara; valorização dos recursos hu-

tempos processuais manos, focados na atividade-fim; melhoria do atendimento; maior segu­rança; economia de espaço físico; tem­po de tramitação do processo reduzi­do em 500%.

No mesmo seminário, o presiden­te do Superior Tribunal de justiça, Nilson Naves, destacou a existência de 237 juizados Especiais no país, além de 26 turmas recursais. Em 2002, neles fo­ram julgados 103.682 feitos e mais de 258.213 tramitam atualmente. Mas, principalmente, o ministro referiu-se à causa do sucesso dos juizados: o apro­veitamento da tecnologia. "Na verda­de, nenhuma instituição que, nos dias correntes, deseje cumprir sua missão a contento pode ficar indiferente aos cam inhos abertos pelOS avanços tecnológicos", afirmou ele. A segu ir, deu exemplos de avanços obtidos no STj com recursos da informática e da Internet:

- Revista Eletrônica dajuriSprudên­cia, página certificada que disponibillza o inteiro teor dos acórdãos no si te do STj. Não é mais necessário pedir cópi­as autenticadas dos acórdãos, nem redigilá-Ios.

-Malote Digital, que permite trans­ferir ao Supremo, diariamente, via internet, informaçôes sobre processos encaminhados àquela Corte, bem como recebê-Ias dos Tribunais Regionais da I' e 4' Regiões. O procedimento eslá em

fase de implantação nas demais Regi­ões e nos Tribunais dejustiça.

- Sistema Push, pelo qual os advo­gados recebem, por via eletrôn ica, o andamento dos processos, os informa­tivos de jurisprudência e notícias do Tri­bunal.

- Clipping de Lell islação, no qual é divulgado diariamente o texto integral dos principais atos oficiais publicados nos Diários dajustiça e OfiCial da União.

Advogados da CAIXA têm chamado a atenção para a importância do pro­cesso de informatização dajustiça, tema abordado na edição anterior do Bole­tim da Advocef. Observadores atentos de notícias como as destacadas acima, os profissionais repassam cópias entre si, na esperança de evitar que se ve­jam todos em pouco tempo "atropela­dos" pelas transformações que encami­nham a modernização e a agilização da justiça. A preocupação pode ser sen­tida no conteúdo deste e-mail: "Ou a CAIXA, por seu órgão jurídico, acompa­nha desde já estas novidades, Invest in­do em pessoas e estruturas para res­ponder com eficiência e tempestiVidade estas modernizações, ou estará fadada a ser mera espedadora destes novos tempos, em prejuízo dos seus interes­ses como parte processual e como ente com extensa responsabilidade perante a sociedade".

Fontes: S7] e CAIXA

A Justifa de olhos abertos Quarentena para sempre Uma mulher sentada, de olhos vendados, com uma balan­

ça e uma espada: esta imagem não serve mais para ajustiça, segundo a desembargadora gaúcha Maria Berenice Dias. "Ain­da que venha aumentando a participação feminina nos qua­dros da magistratura", salientou. Na sua opinião, a justiça deve ser dinâmica, deve dispensar tratamento diferenciado a par­tes em posições desiguais. "A espada -se visava a representar efetividade - traduz mais a idéia de agressividade e não se compatibiliza com a postura socializante e sensível que deve ter o julgador", escreveu em artigo publicado no site Espaço Vital.

Os argumentos da desembargadora do Tribunal de justiça do Rio Grande do Sul compôem, na verdade, sua proposta de criação de uma Ouvidoria da justiça, para agilizar a prestação jurisdicional, disponível para denúncias, sugestôes e reclama­ções. Sugere, para ocupar o cargo, um desembargador apo­sentado, eleito por todos os magistrados, com mandato limi­tado e sem pOSSibilidade de reeleição.

Levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo mostra que 18 ex-ministros do Superior Tribunal de justiça e do Supremo Tribunal Fe­deral atuam como advogados em 529 proces­sos nos própriOS tribunais em que trabalharam. Entre as causas apontadas para a procura des­ses profissionais eslá o "trânsito fácil no STJ". A revista Consultor jurídico realizou uma enquete com intemautas para saber se "deve haver qua­rentena para o juiz aposentado atuar no tribu­nal de onde saiu". O resultado foi o selluinte:

Não: 10.5%; Sim, de 2 anos: 19,1%; Sim, de 4 anos: 29,6%; Sim, para sempre: 40,9%. Fo­ram computados 2104 votos no total.

A Ordem dos Advogados do Brasil defende uma quarentena de dois anos para os ex-minis­tros.

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Cena Jurídica Negro no STF

A nomeação de um negro para o STF (prete~dida por Lula) não é inédi­ta. No livro "História do Supremo TrI­bunal Federal", Leda Boechat revela que o jurista mineiro Pedro Lessa, que tomou posse em 1907, era "mulato claro, brilhantíssimo, estrela de primeira g randeza". Outro ministro, Hermenegildo Rodrigues de Barros, que tomou posse em 1919, era "um dos prodigiosos produtos da miscige­nação brasileira". No dia do casamen­to de sua filha, informa a autora, Rodrigues de Barros não atendeu aos apelos da família para faltar à sessão e não foi ao casamento.

Mulher legisladora

As mulheres compõem 50% da população brasileira mas estão repre­sentadas com apenas 8,2% na Câmara dos Deputados e 12,3% no Senado Fe­deral.

Desordem no Judiciário

Em palestra sobre os juizados Es­peciais Federais, o ministro Nelson Jobim, do STF, criticou a forma desor­ganizada com que o Poder judiciário trata de suas questões administrativas e buroCláticas. "Se alguém nos pergun­ta quais os nossos custos reais, não sa­bemos. Não sabemos quanto custa uma sentença, um acórdão. Temos que reconhecer nossa absoluta incapacida­de gerencial e administrativa", afirmou.

Contra os bancos

O judiCiário discrimina as institui­ções financeiras, que, para ganhar uma causa, necessitam "de forte argumen­tação". No seu preconceito, os juízes às vezes nem ouvem a defesa dos ban­cos. As declarações são de advogados, em matéria do jornal Valor Econômi­co. Eles se mostraram preocupados com o artigo 927 do Novo Código Ci­vil. segundo o qual quem conduzir uma atividade de risco que afete ter­ceiros deve responder objetivamente por isso. Embora o artigo não faça men­ção aos bancos, os especialistas acre­ditam que deve ser usado contra as Instituiçôes. "É um desafio na lei ao conceito do risco e pode aumentar bas-

tante o número de disputas entre in­yestidores e bancos", dissejosé Eduar­do Carneiro Queiroz, do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey jr Quiroga.

Teledefesa 1

Em uma semana, em São Paulo, uma média de4.818 policiais usam 1.774 veículos, percorrendo 267 mil qUilôme­tros para realizar 7.151 escoltas de pre­sos aos tribunais. Os dados são do jor­nalista Gilberto Dimenstein, da Folha de São Paulo. Ele informa que para enfren­tar o problema experimenta-se na ca­pital paulista uma sala de audiências vir­tual. na qual o preso pode ser acompa­nhado de seu advogado e o juiz faz o interrogatório pelas câmeras, vendo tudo pelos monitores. Há advogados alegando que a novidade dificulta o direito de defesa. "O que me parece mais uma reação à nOVidad e tecnológica do que apego aos direitos civis", comentou o jornalista.

Teledefesa 2

Quando juiz de Direito em São Paulo, em 1996, Luiz Flávio Gomes rea­lizou os primeiros teleinterrogatórios do país - dois no mesmo ano. Seu depOi­mento ao Boletim da ADVOCEF: "Eram crimes patrimoniais. Não tinha videoconferência na época, fiz o inter­rogatóri o na base do modem by modem. Não via o rosto do acusado, ele não me via. Só se via na tela as perguntas. Fiz muitas perguntas sobre o caso e todas foram respondidas. O réu estava na presença do seu advoga­do e lá havia um escrevente meu. Logo, tudo foi dito livremente." Concluiu o jurista: "Continuo firme na minha cren­ça. Avante."

Obras preservadas

o STj e o Senado vão editar gran­des obras na coleção "História do Direi­to Brasileiro", em um programa para a preservação da memória nacional e de aprox imação do cidadão com o Legislativo. Entre os livros do Direito Civil já estão definidos "Direito das Coisas", de Clóvis Bevilacqua, "Instituições de Direito Civil Brasileiro", de Lourenço Tri­go Loureiro, e "Consolidação das Leis Civis", de Augusto Teixeira de Freitas.

Entre os do Direito Penal. estão "Estu­dos de Direito", de Tobias Barreto, e "Código Penal dos Estados Unidos do Brasil", de Antônio José da Costa.

Os seis mais

Seis juristas brasi leiros aparecem na lista "Best Private Practice Lawyers", publicada pela revista The International Who 's Who of Internat ional Tax Lawyers. Nela, constam 333 advoga­dos de 38 países. Para compor a rela­ção, a revista pesquisa no mercado in­ternacional durante seis anos. Os bra­sileiros são: Abel Simão Amaro, Paulo Barros Carvalho, Condorcet Pereira d Rezende, Luciana Rosanova Galhardo, Ives Gandra Martins e Alberto Xavier.

Pesquisa 1

Opções mais votadas para o com­bate à violência, segundo oSjuízes ou­vidos pela Associação dos Magistrados do Brasil: cumprimento efetivo das leis (96,6%); evitar a entrada de armas e celulares nas prisões (96%); combate ao narcotráfico e ao crime organizado (95,8%); aparelhamento da poliCia com m elh or t ecnologia (95 ,2%); Interligação de bancos de dados das instituições judiciais, policiais e peni­tenciárias (94,7%).

Pesquisa 2

As maiores causas (la violência, segundo os juízes, são a má distribui­ção de renda, a corrupção na admi­nistração pública, a ineficiência do sis­tema prisional e o excesso de pro­cessos. Entre as causas legais e judi­ciais, foram apontados o despreparo do Legislativo para formular leis e a falta de efetivação da Lei de Execu­ção Penal. A morosidade no julgamen­to de processos foi a quinta causa

ais votada.

Pelas dívidas

Líderes do PMDB e PFL na Câma­ra garantiram ao presidente do 51j Nilson Naves que apóiam e tentarão aprovar logo o projeto que cria 183 varas federais no país. Os polítiCOS gostaram de saber que as instituições tornarão mais eficiente a execução das dívidas judiciais em favor da União.

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Ensaio Haikai, prática zen na poesia

coaxar de sapos festa na noite insônia com m{lsica

Esta pequena poesia é um haikai. É um poema tradicional japonês de dezessete sílabas, primeiro e terceiro versos em redondilha menor (cinco sí­labas) e o segundo em redondilha mai­or (sete sílabas). Esta métrica, rígida, bem no estilo oriental, não é obrigató­ria, mas pode ser seguida, embora as características da língua e escritajapo­nesa tenham peculiaridades que não se transferem para a nossa, como por exemplo, palavras que expressam emo­ções e que nós usamos como sinais (admiração: !, dúvida: ... etc).

Em japonês, o haikai não tem rima, mas sim uma intensa relação entre as palavras, uma conversa entre elas. Os temas são sempre concretos mas uma segunda leitura normalmente pode de­monstrar um sentimento. Ele es1á sem­pre presente mas não fala de si mes­mo. São as coisas, a paisagem, a natu­reza e, principalmente, as quatro esta­ções do ano que falam, denunciam, sugerem o sentimento.

O haikai é, na verdade, uma sín­tese, um registro, uma constatação. Costumo dizer que ele é um retrato, uma fotografia bem tirada. E forma, juntos com outras artes, um caminho

Pérolas da Internet

zen. De fato, \árias artes orientais são práticas zen, como o ikebana (arranjo f loral), o kendô (arte da espada), as artes marciais, o jardim, o kiu-dô (arco e flecha) etc. O haikai. como todas as outras artes, nos ensina a sermos O

instrumento, o veículo. Nada poderá ser bem feito por nós, se não for fei­to em nós, primeiro.

O haikai originariamente era uma brincadeira de cortesãos, al~o como as trovas, ou repentes. E floresceu com todo vi~or no século XVII com Baschô, um dos mais prolíficos representantes dessa arte, que teve como alunos Busson, Issa, Shiki. Ele tinha sido samurai e quando se tornou um mon­~e zen o haikai passou a ser prática zen. Dizia: "Quando o espírito es1á embebido de haikai, o sentimento in­terior se funde com as coisas exterio­res para determinar a forma do verso e tão bem que o objeto é apreendido tal qual ele se apresenta, sem que a visão própria crie a menor diver~ên­cia" Na maior parte, os haikai eram escritos em diários, muitas vezes de via~em, tendo ao lado um desenho ou pintura, quase sempre feito pelo pró­prio poeta.

No Brasil, Gui lherme de Almeida foi dos primeiros a cultivar essa forma de expressão poética completa. Te­mos, também, outros como MáriO

Francisco Spisla (*)

Quintana, Helena Kolody, o ~rande Paulo leminski, Alice Ruiz, Ricardo Silvestrin et alii. E Millôr Fernandes com um estilo um pouco diferente, mais humorístico, mas nem por isso fora do espírito.

Em meu livro Infinito Findo estão selecionados al~uns, inclusive com pin­turas de autoria de Gelson Amaral, que ~anhou o Prêmio Shell, do ano passa­do, de cenografia. E um deles foi se­lecionado no IX Concurso Nacional de Poesias Helena Kolody:

floresta queimada pintura surrealista? natureza morta

E como comecei. assim termino corn outro de minha autoria:

caçando vaga-lumes o menino aprisionou o infinito na ~arrafa

(') Francisco Spisla é advogado da C4IM em

londrina e 2. o Secretário da ADVOCEF. Tem 43 anos. Poeta, contista e ator, já

publiCOU um livro de poemas, Infinito Findo, e prepara outro,

só com haikais e figuras.

O caso dos charutos incendiados Te ndo comprado uma caixa de

charutos raros, um advo~ado de Charlotle, Carolina do Norte (EUA), con­tratou uma apólice de seguro contra incêndiO e outros riscos. Após fumar todo o estoque, o advo~ado foi à se~u­radora e pediU indenização, declaran­do que os charutos foram perdidos "numa série de pequenos incêndios".

Como a se~uradora se ne~ou a pa~ar, o advogado moveu um proces­so contra a empresa - e ganhou. Na sentença, o juiz aceitou a acusação de reivindicação frívola mas salientou que a apólice de seguro fora contratada com uma empresa que concordou que os charutos eram asse~u""'eis. A companhia

também os havia asse~urado contra fogo, sem definir no entanto o que seriacon­siderado "fo~o inacei1ável". Por isso, es­tava obrigada a pagar a reivindicação. A se~uradora desistiu da apelação e pagou US$ 15 mil para0 advo~ado.

Momentos após receber o che­que, o advo~ado foi preso, a mando da companhia de se~uro, por 24 casos de incêndios culposos premeditados. De acordo com o site Consultor Jurídi­co, "com sua própria reivindicação de se~uro e ajurisprudência do caso an­terior sendo usada contra ele mesmo, o advo~ado foi j ul~ado culpado por incendiar intencionalmente a sua pro­priedade coberta por se~uro. Ele foi condenado a 24 meses na prisão e a pa~ar US$ 24 mil de multa".

Fonte: Consultor jurídico, que ob­serva ser a história lenda urbana cria­da na década de 60, na Internet des­de 7996.

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Dize-me o que lês Na seção "O que estou lendo: publicada semanal­

mente" a revista Veja revela o que andam lendo persona­lidades da vida nacional. Conheça algumas dessas leituras, com a avaliação dos próprios leitores" como o presidente do Supremo Tribunal Federal e do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O período pesquisado é de agosto de 2002 a março de 200].

Fernando Henrique Cardoso" ainda presidente da República" em setembro do ano passado, lia "100 Discur­sos Históricos", de Carlos Figueiredo (Leitura):

"O livro contém um discurso feito por Péricles há cer­ca de 2400 anos. O primeiro" na história" que menciona a palavra democracia. "

Marco Aurélio Mello, preSidente do Supremo Tribu; nal Federal" lia "Todo Poder às Mulheres - Esperança de Equilíbrio para o Mundo", de Marco Aurélio Dias da Silva (Best Seller):

"Revela o papel e o tra­tamento diferenciado a mu­lher nas diversas sociedades no correr dos anos. "

Modesto Carvalhosa, advogado, lia "Em Busca de Novo Modelo"" de Celso Fur­tado (Paz e Terra):

"Traz uma profunda reflexão sobre a crise contempo­rânea no Brasil e no mundo e aponta os caminhos que países como o nosso devem seguir para retomar o desen­volvimento. "

Tânia Alves, atriz, lia "Memórias de Uma Gueixa", de Arthur Golden (lmago).

"Descreve o universo das gueixas com lirismo e poe­sia" sem deixar de mostrar o sofrimento dessas mulheres,

que" muitas vezes, são vendidas ainda na infância. A histó­ria nos faz acreditar no milagre do amor. "

Amyr Klink" navegador, lia "O Último Lugar da Terra", de Roland Huntford (Companhia das Letras):

"O livro mostra como uma expedição com poucos re­cursos, liderada pelo norueguês Roald Amundsen" venceu o grupo do inglês Rober.t Scott apOiado por uma nação muito mais rica" na luta pela conquista do Pólo Sul. As lições de organização e humildade são bem interessantes. "

José Renato Nalini" preSidente do Tribunal de Alça­da Criminal de São Paulo, lia "O Ocidente e sua Sombra", de Gilberto de Mello Kujawski (Letraviva):

"É uma instigante reflexão sobre o Ocidente e sua cultura. Mostra como a modernidade se caracteriza tam­bém pelo efêmero e pelo descartável. Reflete sobre como a busca de resultados imediatos confunde o prazer com felicidade. "

Mauro Marcelo, delegado especialista em crimes ele­trônicos, lia "Mentes Criminosas & Crimes Assustadores", dejohn Douglas e Mark Olshaker (Ediouro):

"Analisa crimes que abalaram a SOCiedade americana e as investigações da polícia inglesa sobre jack" o Estripador. Um dos autores é um ex-agente do FBI que criou a unida­de de análise de criminosos violentos. "

Marcelo Noschese, diretor da Louis Vuitton no Bra­sil, lia "A Lanterna na Popa", de Roberto Campos (Topbooks):

"Interessante panorama do Brasil. das relações inter­nacionais e da diplomacia. Perfeito painel para entender o histórico econõmico do país desde o pós-guerra até os dias de hoje. "

Edmundo Bontempo, gerente-geral da Seagram do Brasil, lia "jack Definitivo - Segredos do Executivo do Século", dejack Welch (Editora Campus):

"Descreve as mudanças feitas pelo autor na General Electriç quando era seu principal executivo" para reduzir o peso da buro­cracia e tomar a empresa mais humana e eficiente. "

Antonio Kehdi Neto

No juris Tantum encartado nesta edição do Boletim da Advocef, o advoga­do da CAIXA Antonio Kehdi Neto exami­na a atividade dos profissionais liberais" categoria cada vez mais importante no país. Interessado na área da responsabili­dade civil, Antonio chama a atenção para as características especiais desses traba­lhadores "que, inserindo-se nas normas do Código do Consumidor, têm asua res­ponsabilidade ainda pautada no pressu­posto da culpa (subjetiva), contrariamen­te às demais atividades regulamentadas pelo referido diploma legal". Em seu es­tudo" Antonio Kehdi Neto pretende de­monstrar "que a regra (não objetivação

da responsabilidade dvil dos profissionais liberais) não pode ser interpretada de modo absoluto".

Natural de Franca (SPl, Antonio Kehdi tem 35 anos. Concluiu o curso de Direito em 1990" na Universidade Estadual Paulista (UNESP), onde é mestrando em Direito das Obrigações. É especialista em Direito Processual Civil pela Universidade de Ri­beirão Preto (UNAERP).lngressou na CAI­XA em 1989. Na área jurídica desde 1992, trabalha hoje na REjUR de Ribeirão Preto/ SP. Até o ano passado exerceu também a atividade de professor de Direito Consti­tucional na UNIFIAN (Faculdades Integra­dasAnhangüera).

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RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS L.BERAIS

1. Generalidaaes De capital importância na atualidade são

as atividades desenvolvidas pelos profissio­nais liberais, tais como médicos, dentistas, advogados, enQenheiros, arquitetos, fisio­terapeutas, fonoaudiólo~os, psicólogos, ve­terinários, enfermeiros com formaçao uni­versitiria, economistas, farmacêuticos, con­tabilistas, elc.

Tal qual ocorre nos demais segmentos, a atividade dos profissionais liberais, nos úl­timos tempos, tem crescido de forma verti­ginosa, contribuindo para isso a prolifera­cão de cursos superiores em nosso país, ao mesmo tempo tornando mais acessível aos interessados a obtenção de vagas nas di­versas universidades hoje existentes.

Assim, a exemplo do que ocorre nos cam­pos dos mais diversos setores da econom ia, o que se tem visto é a massificação das ati­vidades dos profissionais liberais, o que, na seara da responsabilidade civil, tem um re­f lexo de exlremo vulto.

Por profissional liberal, na definição de De Plácido e Silva 1, se deve entender o titu­lar de toda profissão que possa ser exercida com autonomia, isto é, livre de qualquer subordinacão a um patrão ou chefe. Trata­se, se~undo o autor, de expressão usada para desi~nar toda profissão, em regra de natureza inteledual, que se exerce fora de todo espírito especulativo, revelada pela in­dependência ou autonomia do trabalhador que a exerce.

No campo da responsabilidade civil. quandO se tratava de violação praticada por profissionais daquela estirpe, o dever de re­paração sempre derivou da norma inserta no arti~o 159 do Códi~o Civil de 1.916, que cedeu passo ao arti~o 186 da Lei n' 10.406, de 10 de janeiro de 2.002 - novo CódiQo Civil - hoje em vigor. Isso, não apenas na seara das profissões objeto dessas considerações, como ainda nos demais ramos de ativida­de, inclusive dos prestadores de serviços em geral, gênero do qual faz parte a espécie dos profissionais liberais.

Portanto, o fundamento da responsabi­lidade civil daqueles profissionais sempre se assentou na existência de culpa em sen­tido amplo, abrangidos o dolo, consistente na vontade deliberada de praticar o ato ilí­cito, e a culpa em seu campo estrito, levan­do-se em conta a existência do quaisquer dos institutos que compõem o trinômio im­prudência, ne~li~ência e imperícia.

Com o advento do Códi~o de Defesa do Consumidor houve uma grande revolu­cão no âmbito da responsabilidade civil. pois que o referido diploma acabou por inverter o seu fundamento, passando da teoria subjetiva, calcada na culpa, para a objetiva, decorrente do risco da atividade profissional.

1 VocabuláriO JurídiCO, va I. 111, p.467/468

Or. Antonio Kehdi Neto (0)

JURIS TANTUM

A\~VOCEf ASSOCIAÇÃO NACIONAL

DOS ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Fev/Mar 2003 - Edição 010

Assim, o chamado fornecedor de produ­tos e servicos, que naquele Codex assume mais de u~a feição, passou a responder ob­jetivamente pelos danos causados aos con­sumidores, isto é, ainda que não tenha a~i­do com culpa.

A par dessÇl inovação legal, tem-se Que aquele CódiQo, ao traçar a responsabilidade civil dos profissionais liberais, deixou-os de fora daquela alteração, pois que o pará~rafo 4° de seu arti!ao 14 veio assim dispor: "A res­ponsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a veri­ficacão de culpa." Infere-se, pois, que nes­se ~pedo o Código de Defesa do Consumi­dor manteve o fundamento subjetivista.

Assim é que, suportando o dano, aí enten­dido o de ordem material e o de cunho moral (dano extrapatrimonial), cabe ao lesado com­provar não somente a ação ou omissão ilícita do ofensor, das quais tal prejuízo foi origina­do (nexo de causalidade), mas também a cul­pa do autor da ofensa, sem o que não há que se falar no dever de reparação.

Porém, à vista da inovação trazida pelo Códi!ao do Consumidor, Que evoluiu para o campo da responsabilidade sem culpa, é de se inda~ar se o le~islador andou bem, ao permanecer no campo da teoria subjetiva para o caso dos profissionais liberais.

Com efeito, embora as relações desses pro­fissionais com a sua clientela, via de regra, se verifique na base da fidúcia, v.g. o caso do paciente que procura pelo médico da família, ou do cliente que busca os serviços do advo­gado de sua confiança, é imperioso conside· rar que o aumento da SOCiedade de consu­mo, a massificação dos contratos e a evolu­ção tecnológica contribuíram para o incre­mento das atividades exercidas pelos profiSSi­onais liberais, e por isso questionamos se a permanênCia do referido prestador de servi­ços no campo da responsabilidade subjetiva

foi medida de acerto por parte do le~islador do Códi~o de Defesa do Consumidor.

A doutrina mais autorizada não tem dúvi­da em enquadrar a relação do profiSSional liberal com o seu cliente dentro do contexto daquele diploma consumerista. Afinal, se as­sim não fosse, por certo que não teria o Códi­~o um dispositivo espeCial, reservado ao refe­rido profiSSional, talo caso do parágrafo 4° de seu arti~o 14.

No entanto, não obstante o aumento Si!} nificativo do número daqueles profissionais, o avanco tecnoló!aico, principalmente no cam­po da medicina, e a proliferação das socieda­des de consumo, aQiu bem o legislador, ao manter aquele tipo de responsabilidade den­tro de uma sistemática que é embasada no critério da necessária e antecipada prova de que tenha havido, pelo prestador do serviço, o dolo ou a culpa.

Com efeito, is~o se justifica porque os pro­fissionais liberais, que mantêm com seus cli­entes um vínculo de natureza essencialmen­te contratual, eis que decorrente de um acor­do de vontade entre as partes, quando atu­am nessa condição (de profissionais liberais), entabulam avenças cujo conteúdo encerra uma obri~ação de "meio" e não obrigação de "resultado" .

Nesse prisma, entende-se que o médico, por exemplo, contratualmente, não está obri­gado a curar o seu paciente, ou seja, não está adstrito à obtenção do resultado busca­do, e que deu ensejo à realizaçâo do trata­mento. Ainda no caso, é evidente que deverá o médico ser o mais diligente possível no trato da questão para com o seu paciente, envidando todos os esforcos e períCia técni­ca para real izar o que lhe foi pedido pelo seu contratante. Isso, porém, não significa que o referido profissional haverá, necessa­riamente, de obter o resultado buscado pelo paciente, eis que a ciência médica, conquan­to hoje altamente evoluída, está sujeita a inú­meras vicissitudes, as quais poderão frustrar aquele desiderato, sem que por isso se pos­sa falar em culpa do profissional.

2. Obrigaçãa de meio e obrigação de resultado

Conforme já salientado, existe vinculo jurí­dico entre o profissional liberal e o seu clien­te, o qual assume uma feição nitidamente contratual.

No caso do méd ico, por exemplo, Maria Helena Diniz 2 é taxativa, ao afirmar a na­tureza contratual da responsabilidade da­quele profissional, por haver entre ele e o paciente um contrato, que se apresenta como uma obri!aação de meio, já que não comporta o dever de cura do paciente, porém de prestar~lhe os cuidados consci­enciosos e atentos, consoante os progres­sos da medicina.

2 Curso de Direito Civil Brasileiro, vaI. 7, p.250

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E assim também o advo~ado. o conta­dor, o veterinário, etc. Evidente que estes prestadores de sel'Viços são obriQ,ados a aQir com extrema diligência e acuidade no desempenho de suas atividades, de for­ma a cumprir a sua parte no contrato.

Não se admite que, a pretexto da perma­nência desses profissionais no campo da responsabilidade subjetiva, possam eles desempenhar seu mister de forma inadver­tida e sem o mínimo de precaução. Não é razoável. por exemplo, tolerar-se a perda de prazo [njustlficada pelo advogado, eis que desse modo estaria caraderlzada manifesta negligência no desempenho do mandato que lhe fora outorgado pelo seu cl iente.

Frise-se. em contrapartida, que o advo­gado não está, efetivamente, obrigado a atingir o resultado buscado, o qual deu ensejo à propositura da ação judicial em favor de seu constituinte. Até porque, esse desiderato não está a depender de seu exclusivo alvedrlo. eis que o julg,amento da causa é ato privativo da autoridade ju­diciária, que poderá ou não acolher a pre­tensão por ele deduzida em prol do outor~ante do mandato.

Em ~e ral, a obtenção dos resultados desses serviços estão sempre na depen­dência de circunstâncias alheias ao empe­nho, à competência e à vontade do profis­sional, de sorte que não seria razoável exi­~i r do mesmo uma completa garantia de perfeição daqueles resultados.

No caso das obrigações de meio, tipi­camente atribuídas aos profissionais li­berais, não é dever do prestador de servi­ço a consecução do resultado para o qual fOi contratado, mas tão somente exercer O seu labor com perícia, nele empreen­dendo o ~rau máximo de zelo, boa von­tade e tlroeinlo.

já nas chamadas obrl~ações de resu[ta­do, que no campo de atuação dos profissi­onais liberais são poucas, não basta ao pro­fissional atuar com diligência, CUidado e perícia, porquanto a obtenção do resulta­do é dever do mesmo, sem o que poderá estar caraderlzado o dever de reparação do dano causado ao tomador do serviço.

Com efeito, tratando-se também de uma relação de ordem contratual. na sea­ra das obrigações de resultado (caso da cirur~ ia estética/cosmética) o profissional, ao deixar de cumprir o contrato, não atin­gindo o resultado almejado, fica obriga· do a responder por este ou, se for o caso, a reparar o dano que causou ao tomador do serviço.

Nesse passo, quando a relação contratual encerra uma obrigação de re­su[tado, é dever do profissional [o~rar o atlngimento do Intento para o qual foi contratado, sob pena de responder na órbita c[vil pelos danos ocasionados ao seu cliente.

Em suma, nas prestações de serviços praticadas por profissionais liberais há duas espécies de obrigações, as que são de meio, em sua maciça maioria, e as que são de resultado.

Dependendo de onde se insere a obri­gação, adotar-se-ão regimes jurídicos di­versos, no que respeita à atribuição de responsabilidade aos profissionais.

3. Enquadramento das atividades prestadas eelos profissionais

liberais no código de defesa do consumidor

Tal como já argumentado, os serviços prestados pelos profissionaIs liberais inse­rem-se na regulamentação do diploma consumerista, encerrando, portanto, típica relação de consumo.

O profissional liberal é, assim, verda­dei ro fornecedor de serviços, estando ca­raaerizado pelo prOfundo conhecimen­to técnico e especialização quanto à sua atividade. Desse modo, não se há de en­contrar maiores dificuldades para se in­serir o re ferido profiss ional na definição de fornecedor que nos dá o artigo 3° do Código do Consumidor.

Em contrapartida, o tomador dos servi­ços, o chamado cliente, se subsume no pre­ceito Insculpido no arti~o 2° daquele mes­mo Codex,

Por isso, não há dúvida de que a espé· cie da atividade do profissional liberal se insere no gênero prestação de serviços, que hoje encontra azo no Código de De· fesa do Consumidor. Até porque, con­forme argumentado, caso não se t ratas­se de uma típica relação de consumo, por certo que não teria o referido diploma reservado especial dispositivo aos pro­fissionais IIbera[s (art [go 14, pará~rafo 4°), sobretudo se formos pensar que no cam­po da responsabilidade civi l. pelo menos quanto ao profiSSional liberal. nenhuma Inovação adveio com o diploma consumerlsta.

Segui ndo esse raciocínio, não fosse a Intenção do legislador daquele Códi~o in· serlr em seu contexto as atividades presta­das pelos profissionais liberais, e certamen­te não teria ele feito qualquer menção a tais prestadores de serviços.

4. Natureza dos serviços prestados eelo

profissional liberal e responsabilidade

No caso dos profissionais liberais. as­sume especial relevo a verificação do pres­suposto culpa na apuração de responsa­bilidade pelos danos por eles provocados aos seus clientes.

A idéia de responsabll[dade é bastante antiga e, conjuntamente com a de repara­ção, se confunde com a própria idéia de direito, conforme a história tem nos mos­trado.

Os princípios de não lesar a ninguem e de recompor o equilíbriO, através da repa­ração do dano causado ao ofendido, ja·

mais ficaram ausentes do direito ao longo dos tempos.

De uma visão objetiva da responsabili­dade civil, reinante nos primórdios da civili­zação, passou-se a uma ótica essencialmen­te subjetivista, de sorte a se exi~ir a presen­ça da culpa ou do dolo quando se tratava de imputar responsabilidade a outrem.

No campo da responsabilidade civil, o artigo 159 do Código Civil hoje revo~ado ganhou especial destaque, e nele se en­contrava a pedra de toque para a imputa­ção de responsabilidade na maior parte das relações jurídi cas vivenciadas pelo nosso direito, dentre as quais a do profis­sionalliberal e seu cliente.

Porém, o advento do Código do Con· sumidor, sem embargo de não ter altera­do o fundamento da responsabilidade da­quele profissional. ainda calcado na pre­sença da culpa, passou a ser o diploma regente da relação por ele mantida com o tomador dos serviços, ni tidamente uma relação de consumo.

O Código do Consumidor, diversamen­te do re~ime do Código Civil hoje revo~a·

do, inst ituiu a responsabi lidade objetiva do fornecedor de produtos e serviços nas chamadas relações de consumo, deixan­do de fora os profiss ionais liberais. Tem­se, pOiS, que para estes últimos, sem a pro­va da cu lpa, não há dever de reparação.

Já se disse que o fundamento da ma­nutenção dos profissionais no campo da responsabilidade decorrente da culpa (cu[· pa em sentido estrito ou dolo) reside no fato de exercerem eles, via de re~ra, obri­gações de melo e não de resultado, cujas diferenciações já foram feitas alhures.

No entanto, mais um fator merece ser menCionado, O qual ve io contribuir para a prevalência da responsabilidade subjetiva dos referidos profissionais. A verdade é que os profissionais liberais prestam ser­viços personalizados, os quais, na lição de Fábio Ulhoa Coelho l , normalmente "não possuem qualquer elemento empre· sarial que justifique se <oeitar de ex­ploração de atividade e<onômi<a oro eanizada de tal forma que possibilite a distribuição de perdas entre os seus <lIentes diretos".

Para o referido autor 4 , a natureza dos serviços prestados pelo profissional libe­rai é Intultu personae, o que implica na indispensável con fiança do consumidor na pessoa do prestador de tais serviços, fator este que, Inclusive, motiva a escolha do profissional e a celebração do contrato com o mesmo.

Com efe ito, se m a presen ça da pessoa[id ade na relação prestador/ tomador dos serviços, não há, no escól io do festejado Jurista, como prevalecer oca· ráter subjetivo da responsabilidade civil do profissional liberal. Ass im, na consecução de serviços típicos do profissional liberal.

) O EmpresárIo e 05 DireItos do Consumidor. p.98 4 Op. Clt., p. 98

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'~NTUM • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • porém, sob atividade empresarial, onde impera a estr i ta im pessoa li dade e a inexistência do elemento confiança do tomador para com o prestador, a apura­ção da responsabilidade pelos danos cau­sados no desempenho da atividade do profissional se dá prescindindo-se do ele­mento culpa.

De outra parte, na hipótese de estar pre­sente a confiança do cliente para com o profissional, não há como se abstrai r a culpa na at ividade de apuração e imputa­ção de responsabilidade, ainda que o ser­viço seja prestado por pessoa j uridica, v.g. as sociedades de advogados, de médicos, dentistas, etc.

Portanto, ao Que se infere. para efeito de se perqui rir O fundamento da respon­sabilidade civil do profissional liberal, a doutrina nos fornece mais de um cami­nho a ser percorri do. O primeiro, verifi car se se trata de obrigação de meio ou de resu ltado, demandando, na primeira hi­pótese, a presença da culpa, nos termos do arti~o 14, pala~rafo 4", do Código do Consumidor, e, na segunda hipótese, pres­cindindo daquele elemento, pois que as­sim estar-se-á configurada a responsabi­lidade objetiva, pela qual o profissional deverá responder pelo dano decorrente do fato de não ter atin~ido a final idade específi ca para a qual foi contratado. O segundo caminho a ser explorado reside na apuração da existência ou não do ca­râter de pessoalldade e confiança ent re o tomador e o prestador dos serviços. Pre­sentes tais requ isitos, tem-se por inequí­voca a aplicação do arti go 14, parágrafo 4", do Cód i~O de Defesa do Consumidor, jamais podendo ser responsabilizado o profissional, sem que tenha ele labo rado com culpa ou dolo. Inexistentes aqueles pressu postos, mo rmente cons iderando que neste caso o desempenho da ativida­de se darâ sob o enfoque empresarial, mis­ter Institu ir-se regime j urídico diverso, eis que assim o profissional responderá ob­Jetivamente, portanto independentemen­te de culpa.

S. Insuficiência da teoria da culpa na

apuração da responsabilidade civil

dos profissionais liberais

Segundo Oscar Ivan Prux S , em brilhan­te artigo, denominado "Um Novo Enfoque Quanto à Responsabilidade Civi l do Pro­fissional liberal", a teor ia da culpa não pOde ser aplicada em todos os casos de responsabilidade civil de ordem pessoal dos prof issionais liberais. Segundo o au­tor, "nas obrll!ações de resultado ela se mostra inadequada, e nas a$!,res­sôes aos direitos dos consumidores que são perpetradas através de con·

S Revista de Direiro do Consumidor nO 19, p.20S

dutas e práti cas de mercado lna ofer· ta, na propaeanda eneanosa, na co­brança de dívidas, no uso de práti· cas e cláusulas abusi"as, etc., ela se revela, além de Inadequada, quase Impenlnente".

Ass im, caso O profissional liberal vei­cu le propaganda enganosa, v.g. O advo­gado que se auto-promove sob o falso arQumento de jamais ter perdido uma causa, não poderá se eximir da obrigação de reparar os danos praticados, sob o es­cudo da responsabilidade subjetiva.

S. Ônus da prova

Tendo o Códl~o de Defesa do Consu­midor preconizado o carater objetivo da responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, com exceção dos pro­fissionais li berais, houve mani festa Ino­vação no que respeita à distribuição do ônus da prova em processos que tenham por objeto uma relação de consumo.

A regra é a atri buição do ônus da pro­va a quem alega. Assim, quanto à com­provação dos fatos constitutivos de seu direito, ao autor incumbe aquele ônus, nos termos do artigo 333, I, do Código de Processo Civil.

Porém, esse do~ma não é absoluto, e há multo vinha encontrando algumas ex­ceções, como nos casos das leis sobre Aci­dentes do Trabalho, de Acidentes Ferroviá­rios, Nucleares, etc., inclusive no anti~o Cód l~o Civil, em seus artigos 1.528,1.529 e 1.546 - nos dois primeiros casos as regras foram repetidas pelo novo CódiQO, com pequenas alterações -, de modo Que nes­sas hipóteses o réu é quem tinha o ônus de desconstituir as alegações do autor.

No caso do Código do Consumidor não fo i diferente, e a par da instituição da res­ponsabil idade objetiva, hipótese em que o fornecedor deverá responder pelos pre­juízos acarretados ao consumidor, Inde­pendentemente de culpa, o aludido di­ploma, em seu artl~o 6", VIII, previu a pos­sibilidade de se Inverter o ônus probandi. carreando-o intei ramente ao fo rnecedor no âmbito de um litígio.

Estatui o aludIdo disposit ivo que, den­tre outros, constituem-se em direItos do consumidor, "a facilitação da defesa de seus direitos, InclUSive com a In· versão do ônus da prova, a seu fa­"or, no processo cj"n, quando, a cri· térlo do juiz, for verossímil a alel!a­ção ou quando for ele hipossuficiente, sel!undo as rel!ras ordinárias de ex· periência" _

Referida norma encontra seu funda­mento na ampla deFesa e no contrad itó­rio, pr incíp ios tais que foram eri gidos em garantias constitucionais, nos termos do artigo 5°, LV, da Carta Maior.

Ainda sem se arredar dos preceitos constitucionais, urge verificar que a pre­conizada inversão do ônus da prova tam­bém encontra assento no artigo 170, V, da referida Carta. Afinal, o escopo de se faci-

litar a deFesa do consumidor somente é alcançado através da apl icação de medi­das desse jaez_

Na verdade, todo esse aparato, coloca­do à disposição do consumidor, visa a ob­tenção do necessário equilíbri o nas rela­ções de consumo, em especial dentro de um processo judicial. Porém, ao se utilizar o consumidor das regras ord inárias da processualísti ca, fica, senão impossível, mas bastante diFíc il a obtenção desse tão buscado equilíbrio. Não é preciso multo esforço para se vislumbrar o grau de difi­culdade que encontrará o cidadão comum do povo, o consum idor mediano, quando se vê ele d iante de um conflito com uma empresa m ult i nacional, dotada não so­mente de um poderio econômico in finita­mente superior ao de seu contendor, mas também bri lhantemente assistida por uma equipe de advo~ados altamente espeCi­alizada, afora inúmeras outras vantagens que o caráter de sumariedade deste traba­lho não nos permite aqui arrolar.

Por isso, cabe ao fornecedor, a parte mais forte da relação, jJ ri ncipalmente por­que detém as in fo rmações e demais espeCificações técnicas sobre o produto ou serviço, o f ie l cumprimento do dever de Info rmar, de se utllizar dos meIos de publicidade, através de lin~ua~em clara e acessíve l. de expor as qualidades de seu prOduto ou serviço, enfim, de dotar aque­le vínculo mantido com o consum idor da mais absoluta transparênc ia. Em virtude disso, muitas vezes o fo rnecedor é quem se encarregará de, diante de eventuallití­~i o, produzir toda a prova suficiente para elid ir a pretensão do consumidor.

Portanto, a inversão do ônus da prova se rve Justam ente para mi ni mizar as gri tantes diferenças existen tes entre as partes (fornecedor/consumidor), buscan­do o g rau máximo de equilíb ri o nessa relação_

Tra tando acerca da m até r ia ora enfocada, Nelson Nery Junior 6 argumenta que a previsão de inversão do ônus da prova é "aplicação do princípio consti­tucional da Isonomia, pois o consu­midor, como pane reconhecldamen· te mais fraca e vulnerável na relação de consumo ICOC 4° 1), tem de ser tratado de forma diferente, a fim dI' que seja alcançada a Il!ualdade real entre os paníclpes da relação de con· sumo".

Também o artl~o 38 do Código do Con­sumidor t rata da matéria ora abordada, preceituando que "o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina". Como numa rela­ção de consumo a comunicação publici­tári a ou Informação é de t itularidade do fornecedor, que é quem tem interesse na divulgação de seu produto ou serviço, sem dúvida que é ele o destinatári o específiCO da supra mencionada norma.

6 Código de ProcessO Civil Comenrado, p.1658

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No entanto, a regra da inversão do ônus da prova não é absoluta, eis que o artigo 60 , VIII, exi~e, para tanto, a verossimilhan­ça das aleg,ações do consumidor, ou que seja ele hipossuficiente.

Aliás, cumpre esclarecer que parte da doutrina assegura que o fato de ter o legis­lador inserido no dispositivo a partícula "ou" não significa que se dalá a referida inversão quando verificadas uma ou outra das hipóteses. Antes, é mister que na relação aqueles dois requisitos se mos­trem presentes de modo simultâneo.

Enquanto isso, Nelson Nery Júnior 7

afirma que tais hipóteses são alternati­vas, como, segundo ele, indica claramen­te a conjunção ·ou ". De qualquer modo, os fatos narrados pelo consumidor de­verão ser verossímeis, isto é, deverão estar imbuídos de um juízo de probabi­lidade, não se admitindo meras conjecturas ou suposições, marcadas pela absoluta incerteza. Por outro lado, quanto à hipossuficiência do artigo 60 ,

VIII, ensina o aludido autor 8 tratar-se não só da dificuldade econômica, mas também da dificuldade técnica do con­sumidor em poder desincumbir-se do ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito. Assim, a deficiente assistên­cia por advogado, quando nâo seja pos­sível ao consumidor aprimorá-Ia, confi­gura hipossuficiência.

Ainda no escólio daquele jurista 9, a in­versâo do ônus da prova opera-se ope judicis, ou seja, por obra da autoridade judiciária, e não ope legis, tal como ocorre na distribuição do ônus da prova contida no artigo 333 do Código de Processo Civil. Conclusão disso, é que a inversão do ônus probandi encerra uma regra de juízo, ca­bendo ao julgador verificar se estão ou não presentes os requisitos legais para que se leve a efeito tal inversão. Assim, somente nâo se dalá tal inversão na hipó­tese de não existir quaisquer daqueles pres­supostos. Caso contrário, ainda que pre­sente apenas um deles, é dever do juiz carrear o ônus da prova inteiramente ao fornecedor. A expressão "a critério do juiz", inserta no artigo 60

, VII1 , não Significa po­der discricionário para inverter ou não o ônus. Significa, segundo Wilson Carlos Rodycz 10, "que o juiz utilizará seus cri­térios para aferir a presença daque­les requisitos". Por isso, presentes tais pressupostos, a inversão será deferida. Caso contlário, o juiz não a deferilá.

Invertido o ônus, o fornecedor, no caso o de serviços, que é o objeto desse traba­lho, somente não será responsabilizado quando provar: a) que, tendo prestado o

7 Op. cit., p. 1658 8 Op. cit., p. 1658 9 Op. cit., p. 1658 10 A Inversão do 6nus da Prova no juizado Especial, www.direitobancariO.com.br

serviço, o defeito inexiste; b) a culpa ex­clusiva do consumidor ou terceiro. É isso que determina o artigo 14, parágrafo 30 ,

do Código de Defesa do Consumidor. Sobre tais excludentes de responsabi­

lidade, ensina-nos Maria Antonieta Zanardo Donato 11 que são elas numerus clausus, não se admitindo, assim, o elastecimento do elenco taxativo inserto na lei consumerista.

No caso do profissional liberal, é ver­dade que o Código do Consumidor man­teve-o no campo da responsabilidade subjetiva, cumprindo ao tomador do ser­viço a demonstração de que o mesmo não empregou a diligência e a prudência a que se encontrava adstrito. Afinal, via de regra, presta ele uma obrigação de meio e não de resultado. Aliás, quando se esti diante de uma obrigação de resultado, ensina-nos Oscar Ivan Prux 12 que, lia im· posição de que o devedor (no caso o fornecedor' obtenha para o credor (que é o consumidor de seus servi­ços, um resultado perfeitamente de­terminado, conduz a que se aplique o princípio da inversão do ônus da prova com conseqüências para os en­volvidos (consumidores e fornecedo­res) ". Depreende-se, por isso, a possibili­dade de se inverter aquele ônus (da pro­va), ainda quando o prestador do serviço seja um profissional liberal, o que ocorre quando se encontra ele jungido a uma obrigaçâo de resultado, v.g. a do cirur­gião plástiCO (cirur~ia estética), a do mé­dico radiologista, a do engenheiro, quan­do eslá a confeccionar o projeto (planta) para a construção de um prédio, etc.

Com efeito, quando se está diante da inversão do ônus da prova, a discussão sobre o cumprimento ou não da obriga­ção dirige-se ao fato de o resultado con­t ratado ter ou não sido obtido, o que auxilia na obtenção do equilíbrio da re­lação, facilitando a posição do tomador do serviço. Assim, nas obrigações de re­sultado, é dever do prestador demons­trar que o serviço foi realizado a conten­to, e que foi obtido o resultado previa­mente combinado entre as partes. Trata­se de aplicar a regra do artigo 14, pará­grafo 30 , do Código do Consumidor.

Isso, porém, não si~nifica que nas obri­gações de meio não possa haver a inver­são do ônus da prova, de forma a carreá­lo exclusivamente ao prestador do servi­ço. Sem se desgarrar da posição adotada pelO Código, contemplando a teoria subjetivista da responsabilidade do pro­fissional liberal, em situações especiais, no escólio de Oscar Ivan prux 13, ao prestador do serviço incumbe aquele

11 Proteção ao Consumido/; Conceito e Ex­tensão, p. 224 12 Op. cit., p. 209 1] Op. Cil., p. 205

ônus, como acontece quandO veicula ele uma propaganda enganosa, quando exer­ce abusivamente medidas de cobrança contra seus clientes, quando insere nos contratos celebrados cláusulas considera­das abusivas, etc. Aliás, nesses casos, as­sim como no caso de produtos ou serviços viciados, o referido autor prega a responsabilização do profiSSional liberal pelo critério subjetivo, porém, com presun­ção de culpa, critério pelo qual, segundo ele, se obtêm resultados práticos idênti­cos ao da responsabilidade objetiva.

A dificuldade de provar a culpa do profis­sionalliberal fica, assim, minimizada, diante da pOSSibilidade de se aplicar a regra do ar­tigo 60 , VIII, do Código de Defesa do Consu­midor, invertendo o ônus da prova, quando se está diante de situações tais quais as elencadas no parágrafo anterior, e sem se olvidar da necessidade de estarem presen­tes a verossimilhança das alegações do con­sumidor ou a sua patente hipossuficiência técnica, cultural e econômica.

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14 Op. cit., p. 215

(' ) Advogada da CAIXA em Ribeirão Preta/ SP

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