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Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 1 Composição do Plenário O Plenário do Tribunal do CADE começa o ano de 2018 com uma cadeira vaga devido ao término do mandato de Gilvandro Araújo. O lugar do ex-conselheiro deve ser ocupado pela advogada indicada pelo Presidente Michel Temer, Paula Farani de Azevedo Silveira, após a saba�na agendada para o dia 06 de fevereiro no Senado. A indicação de Paula Silveira representa uma verdadeira mudança de direção nas indicações presidenciais que abriram agora maior espaço para a atuação de mulheres e da classe de advogados atuantes na incia�va privada. O Plenário do CADE em 2018 contará com uma composição inédita: (possivelmente 03) mulheres, duas advogadas de carreira e desejada estabilidade, tendo em vista a inexistência Institucional O ano de 2017 foi bastante movimentado na defesa da concorrência no Brasil. O Conselho Administra�vo de Defesa Econômica (CADE) julgou um total de 639 processos, sendo 379 Atos de Concentração (59,3%), 13 Processos Administra�vos (2%), 75 Requerimentos de TCC (11,8%) - 72 homologados e 3 rejeitados, além de ter analisado outros 72 diversos �pos de procedimentos (inves�gações, consultas, recursos e pedidos de autorização precária). O CADE gerou a expecta�va de recolhimento de R$ 976,0 milhões para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), sendo R$ 846,7 milhões ob�dos por meio de contribuições pecuniárias em sede de Termos de Compromisso de Cessação (TCC) homologados e R$ 129,2 milhões por meio de condenações pecuniárias aplicadas por condutas an�compe��vas. Antitruste no Brasil: perspectivas para 2018 Processos por tipo (2017) Processos julgados por mês e tipo (2017) 0 47 54 46 48 47 69 50 61 51 46 68 52 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 11 5 28 16 6 31 19 27 9 9 28 13 34 20 22 25 14 36 18 41 8 10 32 8 17 28 21 44 15 33 Dez Ato de Concentração Processo Administrativo Requerimento de TCC Outros Procedimentos Ato de Concentração 379 (59,4%) Processo Administrativo 13 (2%) Requerimento de TCC 75 (11,7%) Outros Procedimentos 172 (26,9%) TOTAL 639 Fonte: CADE Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

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Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 1

Composição do PlenárioO Plenário do Tribunal do CADE começa o ano de 2018 com

uma cadeira vaga devido ao término do mandato de Gilvandro

Araújo. O lugar do ex-conselheiro deve ser ocupado pela

advogada indicada pelo Presidente Michel Temer, Paula Farani

de Azevedo Silveira, após a saba�na agendada para o dia 06 de

fevereiro no Senado.

A indicação de Paula Silveira representa uma verdadeira

mudança de direção nas indicações presidenciais que abriram

agora maior espaço para a atuação de mulheres e da classe de

advogados atuantes na incia�va privada.

O Plenário do CADE em 2018 contará com uma composição

inédita: (possivelmente 03) mulheres, duas advogadas de

carreira e desejada estabilidade, tendo em vista a inexistência

Institucional

O ano de 2017 foi bastante movimentado na

defesa da concorrência no Brasil. O Conselho

Administra�vo de Defesa Econômica (CADE) julgou

um total de 639 processos, sendo 379 Atos de

Concentração (59,3%), 13 Processos

Administra�vos (2%), 75 Requerimentos de TCC

(11,8%) - 72 homologados e 3 rejeitados, além de

ter analisado outros 72 diversos �pos de

procedimentos (inves�gações, consultas, recursos e

pedidos de autorização precária).

O CADE gerou a expecta�va de recolhimento de

R$ 976,0 milhões para o Fundo de Defesa de

Direitos Difusos (FDD), sendo R$ 846,7 milhões

ob�dos por meio de contribuições pecuniárias em

sede de Termos de Compromisso de Cessação (TCC)

homologados e R$ 129,2 milhões por meio de

condenações pecuniárias aplicadas por condutas

an�compe��vas.

Antitruste no Brasil:perspectivas para 2018

Processos por tipo (2017)

Processos julgados por mês e tipo (2017)

0

4754

46 48 47

69

5061

5146

68

52

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

115

28

166

31

19

27

99

28

13

34

20

22

25

14

36

18

41

810

32

817

28

21

44

15

33

Dez

Ato de Concentração

Processo Administrativo

Requerimento de TCC

Outros Procedimentos

Ato de Concentração379 (59,4%)

Processo Administrativo13 (2%)

Requerimento de TCC75 (11,7%)

Outros Procedimentos172 (26,9%)

TOTAL639

Fonte: CADE

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

de encerramentos de mandatos previstos para este ano.

As novas indicações somadas à composição jovem e com

experiência profissional e linhas de atuação diversas

certamente enriquecerão ainda mais os debates

jurídico-econômicos que vem sendo travados nas Sessões de

Julgamento.

Fortalecimento do Ministério Público FederalO Ministério Público Federal (MPF) que já vinha reforçando

a sua atuação no controle de condutas an�concorrenciais e na

prevenção da concentração de mercado, ganhou um

importante reforço no final de 2017 com a nomeação de

Amanda Athayde Linhares Mar�ns para o cargo de assessora

chefe do Gabinete do Membro do MPF junto ao CADE.

Amanda Athayde, ex-chefe de gabinete da

Superintendência Geral (SG) e ex-coordenadora do programa

de leniência do CADE, é uma das grandes responsáveis pelo

aprimoramento de toda a estrutura dos acordos de leniência

e negociações de Termos de Cessação de Conduta (TCC) no

CADE, tendo liderado importantes frentes de trabalho,

inclusive na edição e atualização de documentos

ins�tucionais pela Autarquia, a exemplo dos guias de

leniência e de TCC.

Melhoria da Estrutura de Trabalho do CADEO Orçamento Anual do CADE para 2018 ganhou aumento. A

expecta�va é que o órgão comece o ano com R$ 66,163

milhões, valor aproximadamente 1,82 vezes maior do que o

disponibilizado no ano passado. O aumento vem em resposta

ao histórico de queixas do CADE e de órgãos não

governamentais compostos por advogados atuantes na defesa

da concorrência no Brasil (como OAB CECORE/SP, OAB

CECORE/DF e IBRAC) para incremento das verbas.

Com esse aumento de orçamento, o CADE pretende inves�r

na contratação e qualificação de servidores e na busca de

ferramentas que permitam intensificar a sua atuação

inves�ga�va.

A melhoria de estrutura de trabalho também virá no âmbito

de recursos humanos. O CADE pretende regulamentar as

regras para viabilizar o teletrabalho (home office) por seus

servidores, a �tulo de experiência-piloto, no ano de 2018.

O projeto está previsto para ser executado pelo prazo de 12

meses, com início em 15 de janeiro de 2018. Segundo o CADE, a

evolução das tecnologias de informação e de comunicação impõe

uma redefinição do espaço de trabalho, notadamente a par�r da

implantação do processo eletrônico, viabilizando o trabalho

remoto ou à distância e gerando bem-estar aos seus servidores.

Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 2

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

Composição do PlenárioO Plenário do Tribunal do CADE começa o ano de 2018 com

uma cadeira vaga devido ao término do mandato de Gilvandro

Araújo. O lugar do ex-conselheiro deve ser ocupado pela

advogada indicada pelo Presidente Michel Temer, Paula Farani

de Azevedo Silveira, após a saba�na agendada para o dia 06 de

fevereiro no Senado.

A indicação de Paula Silveira representa uma verdadeira

mudança de direção nas indicações presidenciais que abriram

agora maior espaço para a atuação de mulheres e da classe de

advogados atuantes na incia�va privada.

O Plenário do CADE em 2018 contará com uma composição

inédita: (possivelmente 03) mulheres, duas advogadas de

carreira e desejada estabilidade, tendo em vista a inexistência

Investigações & JulgamentosAtos de Concentração

O ano de 2017 foi o que o CADE mais reprovou Atos de

Concentração sobre a vigência da Lei 12.529/2011. Foram três

casos reprovados diante de uma média de 1,8 operações

rejeitadas nos 5 anos anteriores (2012-2016).

As reprovações refletem não apenas a complexidade das

transações que passaram pelo crivo do Conselho em 2017,

mas, também, o amadurecimento da Autarquia para efetuar

análises mais técnicas, menos flexíveis e mais sistema�zadas

de grandes concentrações.

Prova disso foi a edição pelo CADE, no meio do ano

passado, do Manual Interno da Superintendência-Geral para

Atos de Concentração apresentados sob rito ordinário que

formalizou os procedimentos a serem seguidos para esse �po

de encerramentos de mandatos previstos para este ano.

As novas indicações somadas à composição jovem e com

experiência profissional e linhas de atuação diversas

certamente enriquecerão ainda mais os debates

jurídico-econômicos que vem sendo travados nas Sessões de

Julgamento.

Fortalecimento do Ministério Público FederalO Ministério Público Federal (MPF) que já vinha reforçando

a sua atuação no controle de condutas an�concorrenciais e na

prevenção da concentração de mercado, ganhou um

importante reforço no final de 2017 com a nomeação de

Amanda Athayde Linhares Mar�ns para o cargo de assessora

chefe do Gabinete do Membro do MPF junto ao CADE.

Amanda Athayde, ex-chefe de gabinete da

Superintendência Geral (SG) e ex-coordenadora do programa

de leniência do CADE, é uma das grandes responsáveis pelo

aprimoramento de toda a estrutura dos acordos de leniência

e negociações de Termos de Cessação de Conduta (TCC) no

CADE, tendo liderado importantes frentes de trabalho,

inclusive na edição e atualização de documentos

ins�tucionais pela Autarquia, a exemplo dos guias de

leniência e de TCC.

Melhoria da Estrutura de Trabalho do CADEO Orçamento Anual do CADE para 2018 ganhou aumento. A

expecta�va é que o órgão comece o ano com R$ 66,163

milhões, valor aproximadamente 1,82 vezes maior do que o

disponibilizado no ano passado. O aumento vem em resposta

ao histórico de queixas do CADE e de órgãos não

governamentais compostos por advogados atuantes na defesa

da concorrência no Brasil (como OAB CECORE/SP, OAB

CECORE/DF e IBRAC) para incremento das verbas.

Com esse aumento de orçamento, o CADE pretende inves�r

na contratação e qualificação de servidores e na busca de

ferramentas que permitam intensificar a sua atuação

inves�ga�va.

A melhoria de estrutura de trabalho também virá no âmbito

de recursos humanos. O CADE pretende regulamentar as

regras para viabilizar o teletrabalho (home office) por seus

servidores, a �tulo de experiência-piloto, no ano de 2018.

O projeto está previsto para ser executado pelo prazo de 12

meses, com início em 15 de janeiro de 2018. Segundo o CADE, a

evolução das tecnologias de informação e de comunicação impõe

uma redefinição do espaço de trabalho, notadamente a par�r da

implantação do processo eletrônico, viabilizando o trabalho

remoto ou à distância e gerando bem-estar aos seus servidores.

de caso e apresentou regras sobre a organização das reuniões

de submissão prévia.

Apesar da preocupação causada pelas reprovações, 2017

também foi um ano de vitórias para a análise de operações

mais simples (Atos de Concentração sumários) que

con�nuaram a ser analisadas de forma célere (média de 15

dias), consolidando a determinação da Resolução nº 16/2016

que estabeleceu o prazo máximo de 30 dias para a análise e

aprovação pela Superintendência Geral desse �po de

transação.

Além da operação referente à aquisição dos negócios de

u�lidades domés�cas de vidro da Owens-Illinois Brasil pela

Nadir Figueiredo que já recebeu sinal vermelho da

Superintendência-Geral logo no início do ano, podemos ainda

mencionar pelo menos 03 grandes casos do estoque de Atos

de Concentração complexos que devem ser analisados no

começo de 2018:

Ato de Concentração No. 08700.002155/2017-51Requerentes: Companhia Ultragaz S.A. e Liquigás Distribuidora

S.A.

Data de no�ficação: 07/04/2017.

Objeto: Aquisição, pela Ultragaz, de 100% das ações

representa�vas do capital social da Liquigás, atualmente

de�das pela Petrobrás.

Mercado(s) impactado(s): Distribuição de gás liquefeito de

petróleo.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (28/08/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Cris�ane Alkmin em 29/08/2017.

Ato de Concentração No. 08700.002165/2017-97Requerentes: Votoran�m Siderurgia e ArcelorMi�al.

Data de no�ficação: 08/04/2017.

Objeto: Aquisição do controle da Votoran�m Siderurgia S.A.

pela ArcelorMi�al Brasil S.A.

Mercado(s) impactado(s): Aços longos comuns.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (05/09/2017).

Relatoria: Caso redistribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Polyanna Vilanova em 07/11/2017.

Ato de Concentração No. 08700.001097/2017-49Requerentes: Bayer Ak�engesellscha� e Monsanto Company.

Data de no�ficação: 20/04/2017 (Emenda).

Objeto: Aquisição global da Monsanto pela Bayer, através da

aquisição de controle unitário da empresa.

Mercado(s) impactado(s): Sementes em diversas culturas,

biotecnologia em algodão, soja e defensivos agrícolas.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (03/10/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria do

Conselheiro Paulo Burnier em 05/10/2017.

A esperada retomada da economia em 2018 deve incrementar

o movimento das operações no Brasil. Espera-se que o aumento

do rigor demonstrado pelo CADE em 2017 na análise de casos

complexos sirva de alerta para que as partes que desejem

consumar esse �po de transação, neste ano, estreitem a sua

comunicação com o órgão e iniciem a negociação de remédios o

quanto antes, aso preocupações an�truste sejam iden�ficadas.

Condutas Unilaterais Apesar da atuação modesta do CADE em 2017 na análise de

condutas unilaterais (somente três casos foram julgados), esse

�po de inves�gação deve ganhar força em 2018. Isso porque o

tema foi eleito como pauta pelo novo Superintendente-Geral,

Alexandre Cordeiro Macedo, nomeado em outubro de 2017.

Do estoque de casos envolvendo condutas unilaterais

pendentes de julgamento, podemos aguardar a análise, no

começo do ano, do famoso caso envolvendo a Empresa Brasileira

de Correios e Telégrafos (Correios) acusada pelo Sindicato das

Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região de

discriminação de rivais e de abusar de sua posição dominante

através de estratégias para estender o seu monopólio legal a

outros itens.

A Superintendência Geral já emi�u parecer nesse caso em

20/04/2017, oportunidade em que se posicionou favoravelmente

à condenação dos Correios por prá�ca de ações judiciais repe�das

e sem fundamento obje�vo (sham litigation), restrição pura à

concorrência (naked restraint) e discriminação de preços e

condições de contratação.

A inves�gação de condutas unilaterais an�compe��vas é de

suma importância para a manutenção de um ambiente

compe��vo saudável. Sendo a bandeira do mandato de

Alexandre Cordeiro, espera-se que questões concorrenciais que

já estão em amplo debate pela Federal Trade Commission (FTC)

e pela Comissão Europeia (EC) comecem a ser monitoradas pelo

CADE com mais rigor, tais como restrições à distribuição e à

revenda no mercado de luxo, cláusulas de nação mais

favorecida, privacidade e big data.

Cartéis O ano de 2017 terminou com 08 casos de cartel julgados,

diante de 20 analisados no ano de 2016. A redução

considerável pode encontrar jus�fica�va no direcionamento

de esforços do CADE para a análise de grandes concentrações.

A defasagem em relação aos demais anos certamente será

recompensada em 2018, considerando os diversos

procedimentos de busca e apreensão deflagrados pela

Autarquia em 2017.

Como resultado, aguarda-se a instauração de diversos

procedimentos administra�vos com a retomada pelo CADE de

seu protagonismo nas inves�gações ex officio que vinham

sendo ofuscadas nos úl�mos anos pelas inves�gações

baseadas em acordos de leniências.

O assunto deverá ser, inclusive, uma das prioridades da

gestão do Presidente Alexandre Barreto que pretende

imprimir ritmo à instrução de diversos casos relacionados ao

setor de autopeças e à Lava Jato.

Outros casos que estão atualmente no estoque também

devem encontrar o seu desfecho em 2018, tais como: a

inves�gação dos gigantes das telecomunicações por conduta

coordenada (Claro, Oi e Telefônica) em licitação promovida pelos

Correios e a inves�gação do suposto cartel do sal que aguarda

inserção em pauta de julgamentos desde março de 2017,

quando a Superintendência Geral emi�u parecer opinando pela

condenação de 19 empresas e 3 sindicatos por colusão no

mercado de sal marinho entre 1984 e 2012.

Cartel em licitaçõesO ano de 2018 também promete fortes frentes

inves�ga�vas em cartel em licitações, principalmente em vista

da recomendação de condenação pela SG, logo no início do

ano, de um suposto cartel envolvendo seis empresas

prestadoras de serviços terceirizados de tecnologia da

informação em licitações no Distrito Federal realizadas entre

os anos de 2005 e 2008.

Novos acordos de leniência envolvendo concorrências públicas

também devem ser firmados ao longo de 2018, seguindo o

exemplo de 2017 que contou com 14 acordos firmados

(divulgados) no âmbito da operação Lava Jato, com o destaque

para duas leniências envolvendo as obras do metrô de São Paulo

que implicaram a instauração de 2 inquéritos administra�vos no

final do ano de 2017.

As inves�gações de cartéis em licitações também contam

com o crescente auxílio do banco de dados ob�dos pelos

diversos acordos de cooperação firmado entre o CADE e

en�dades da Administração Pública e os algoritmos e técnicas

de detecção de combinações de preços fornecidos pelo

Programa Cérebro.

Para 2018, também se espera a integração do Programa

Cérebro com o sistema Comprasnet - u�lizado na realização

de pregões eletrônicos em licitações. Com a integração, o

CADE visa a iden�ficar padrões de oferta duvidosos online

durante a própria realização do pregão.

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Atos de ConcentraçãoO ano de 2017 foi o que o CADE mais reprovou Atos de

Concentração sobre a vigência da Lei 12.529/2011. Foram três

casos reprovados diante de uma média de 1,8 operações

rejeitadas nos 5 anos anteriores (2012-2016).

As reprovações refletem não apenas a complexidade das

transações que passaram pelo crivo do Conselho em 2017,

mas, também, o amadurecimento da Autarquia para efetuar

análises mais técnicas, menos flexíveis e mais sistema�zadas

de grandes concentrações.

Prova disso foi a edição pelo CADE, no meio do ano

passado, do Manual Interno da Superintendência-Geral para

Atos de Concentração apresentados sob rito ordinário que

formalizou os procedimentos a serem seguidos para esse �po

de caso e apresentou regras sobre a organização das reuniões

de submissão prévia.

Apesar da preocupação causada pelas reprovações, 2017

também foi um ano de vitórias para a análise de operações

mais simples (Atos de Concentração sumários) que

con�nuaram a ser analisadas de forma célere (média de 15

dias), consolidando a determinação da Resolução nº 16/2016

que estabeleceu o prazo máximo de 30 dias para a análise e

aprovação pela Superintendência Geral desse �po de

transação.

Além da operação referente à aquisição dos negócios de

u�lidades domés�cas de vidro da Owens-Illinois Brasil pela

Nadir Figueiredo que já recebeu sinal vermelho da

Superintendência-Geral logo no início do ano, podemos ainda

mencionar pelo menos 03 grandes casos do estoque de Atos

de Concentração complexos que devem ser analisados no

começo de 2018:

Ato de Concentração No. 08700.002155/2017-51Requerentes: Companhia Ultragaz S.A. e Liquigás Distribuidora

S.A.

Data de no�ficação: 07/04/2017.

Objeto: Aquisição, pela Ultragaz, de 100% das ações

representa�vas do capital social da Liquigás, atualmente

de�das pela Petrobrás.

Mercado(s) impactado(s): Distribuição de gás liquefeito de

petróleo.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (28/08/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Cris�ane Alkmin em 29/08/2017.

Ato de Concentração No. 08700.002165/2017-97Requerentes: Votoran�m Siderurgia e ArcelorMi�al.

Data de no�ficação: 08/04/2017.

Objeto: Aquisição do controle da Votoran�m Siderurgia S.A.

pela ArcelorMi�al Brasil S.A.

Mercado(s) impactado(s): Aços longos comuns.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (05/09/2017).

Relatoria: Caso redistribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Polyanna Vilanova em 07/11/2017.

Ato de Concentração No. 08700.001097/2017-49Requerentes: Bayer Ak�engesellscha� e Monsanto Company.

Data de no�ficação: 20/04/2017 (Emenda).

Objeto: Aquisição global da Monsanto pela Bayer, através da

aquisição de controle unitário da empresa.

Mercado(s) impactado(s): Sementes em diversas culturas,

biotecnologia em algodão, soja e defensivos agrícolas.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (03/10/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria do

Conselheiro Paulo Burnier em 05/10/2017.

A esperada retomada da economia em 2018 deve incrementar

o movimento das operações no Brasil. Espera-se que o aumento

do rigor demonstrado pelo CADE em 2017 na análise de casos

complexos sirva de alerta para que as partes que desejem

consumar esse �po de transação, neste ano, estreitem a sua

comunicação com o órgão e iniciem a negociação de remédios o

quanto antes, aso preocupações an�truste sejam iden�ficadas.

Condutas Unilaterais Apesar da atuação modesta do CADE em 2017 na análise de

condutas unilaterais (somente três casos foram julgados), esse

�po de inves�gação deve ganhar força em 2018. Isso porque o

tema foi eleito como pauta pelo novo Superintendente-Geral,

Alexandre Cordeiro Macedo, nomeado em outubro de 2017.

Do estoque de casos envolvendo condutas unilaterais

pendentes de julgamento, podemos aguardar a análise, no

começo do ano, do famoso caso envolvendo a Empresa Brasileira

de Correios e Telégrafos (Correios) acusada pelo Sindicato das

Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região de

discriminação de rivais e de abusar de sua posição dominante

através de estratégias para estender o seu monopólio legal a

outros itens.

A Superintendência Geral já emi�u parecer nesse caso em

20/04/2017, oportunidade em que se posicionou favoravelmente

à condenação dos Correios por prá�ca de ações judiciais repe�das

e sem fundamento obje�vo (sham litigation), restrição pura à

concorrência (naked restraint) e discriminação de preços e

condições de contratação.

A inves�gação de condutas unilaterais an�compe��vas é de

suma importância para a manutenção de um ambiente

compe��vo saudável. Sendo a bandeira do mandato de

Alexandre Cordeiro, espera-se que questões concorrenciais que

já estão em amplo debate pela Federal Trade Commission (FTC)

e pela Comissão Europeia (EC) comecem a ser monitoradas pelo

CADE com mais rigor, tais como restrições à distribuição e à

revenda no mercado de luxo, cláusulas de nação mais

favorecida, privacidade e big data.

Cartéis O ano de 2017 terminou com 08 casos de cartel julgados,

diante de 20 analisados no ano de 2016. A redução

considerável pode encontrar jus�fica�va no direcionamento

de esforços do CADE para a análise de grandes concentrações.

A defasagem em relação aos demais anos certamente será

recompensada em 2018, considerando os diversos

procedimentos de busca e apreensão deflagrados pela

Autarquia em 2017.

Como resultado, aguarda-se a instauração de diversos

procedimentos administra�vos com a retomada pelo CADE de

seu protagonismo nas inves�gações ex officio que vinham

sendo ofuscadas nos úl�mos anos pelas inves�gações

baseadas em acordos de leniências.

O assunto deverá ser, inclusive, uma das prioridades da

gestão do Presidente Alexandre Barreto que pretende

imprimir ritmo à instrução de diversos casos relacionados ao

setor de autopeças e à Lava Jato.

Outros casos que estão atualmente no estoque também

devem encontrar o seu desfecho em 2018, tais como: a

inves�gação dos gigantes das telecomunicações por conduta

coordenada (Claro, Oi e Telefônica) em licitação promovida pelos

Correios e a inves�gação do suposto cartel do sal que aguarda

inserção em pauta de julgamentos desde março de 2017,

quando a Superintendência Geral emi�u parecer opinando pela

condenação de 19 empresas e 3 sindicatos por colusão no

mercado de sal marinho entre 1984 e 2012.

Cartel em licitaçõesO ano de 2018 também promete fortes frentes

inves�ga�vas em cartel em licitações, principalmente em vista

da recomendação de condenação pela SG, logo no início do

ano, de um suposto cartel envolvendo seis empresas

prestadoras de serviços terceirizados de tecnologia da

informação em licitações no Distrito Federal realizadas entre

os anos de 2005 e 2008.

Novos acordos de leniência envolvendo concorrências públicas

também devem ser firmados ao longo de 2018, seguindo o

exemplo de 2017 que contou com 14 acordos firmados

(divulgados) no âmbito da operação Lava Jato, com o destaque

para duas leniências envolvendo as obras do metrô de São Paulo

que implicaram a instauração de 2 inquéritos administra�vos no

final do ano de 2017.

As inves�gações de cartéis em licitações também contam

com o crescente auxílio do banco de dados ob�dos pelos

diversos acordos de cooperação firmado entre o CADE e

en�dades da Administração Pública e os algoritmos e técnicas

de detecção de combinações de preços fornecidos pelo

Programa Cérebro.

Para 2018, também se espera a integração do Programa

Cérebro com o sistema Comprasnet - u�lizado na realização

de pregões eletrônicos em licitações. Com a integração, o

CADE visa a iden�ficar padrões de oferta duvidosos online

durante a própria realização do pregão.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

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Atos de ConcentraçãoO ano de 2017 foi o que o CADE mais reprovou Atos de

Concentração sobre a vigência da Lei 12.529/2011. Foram três

casos reprovados diante de uma média de 1,8 operações

rejeitadas nos 5 anos anteriores (2012-2016).

As reprovações refletem não apenas a complexidade das

transações que passaram pelo crivo do Conselho em 2017,

mas, também, o amadurecimento da Autarquia para efetuar

análises mais técnicas, menos flexíveis e mais sistema�zadas

de grandes concentrações.

Prova disso foi a edição pelo CADE, no meio do ano

passado, do Manual Interno da Superintendência-Geral para

Atos de Concentração apresentados sob rito ordinário que

formalizou os procedimentos a serem seguidos para esse �po

de caso e apresentou regras sobre a organização das reuniões

de submissão prévia.

Apesar da preocupação causada pelas reprovações, 2017

também foi um ano de vitórias para a análise de operações

mais simples (Atos de Concentração sumários) que

con�nuaram a ser analisadas de forma célere (média de 15

dias), consolidando a determinação da Resolução nº 16/2016

que estabeleceu o prazo máximo de 30 dias para a análise e

aprovação pela Superintendência Geral desse �po de

transação.

Além da operação referente à aquisição dos negócios de

u�lidades domés�cas de vidro da Owens-Illinois Brasil pela

Nadir Figueiredo que já recebeu sinal vermelho da

Superintendência-Geral logo no início do ano, podemos ainda

mencionar pelo menos 03 grandes casos do estoque de Atos

de Concentração complexos que devem ser analisados no

começo de 2018:

Ato de Concentração No. 08700.002155/2017-51Requerentes: Companhia Ultragaz S.A. e Liquigás Distribuidora

S.A.

Data de no�ficação: 07/04/2017.

Objeto: Aquisição, pela Ultragaz, de 100% das ações

representa�vas do capital social da Liquigás, atualmente

de�das pela Petrobrás.

Mercado(s) impactado(s): Distribuição de gás liquefeito de

petróleo.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (28/08/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Cris�ane Alkmin em 29/08/2017.

Ato de Concentração No. 08700.002165/2017-97Requerentes: Votoran�m Siderurgia e ArcelorMi�al.

Data de no�ficação: 08/04/2017.

Objeto: Aquisição do controle da Votoran�m Siderurgia S.A.

pela ArcelorMi�al Brasil S.A.

Mercado(s) impactado(s): Aços longos comuns.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (05/09/2017).

Relatoria: Caso redistribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Polyanna Vilanova em 07/11/2017.

Ato de Concentração No. 08700.001097/2017-49Requerentes: Bayer Ak�engesellscha� e Monsanto Company.

Data de no�ficação: 20/04/2017 (Emenda).

Objeto: Aquisição global da Monsanto pela Bayer, através da

aquisição de controle unitário da empresa.

Mercado(s) impactado(s): Sementes em diversas culturas,

biotecnologia em algodão, soja e defensivos agrícolas.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (03/10/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria do

Conselheiro Paulo Burnier em 05/10/2017.

A esperada retomada da economia em 2018 deve incrementar

o movimento das operações no Brasil. Espera-se que o aumento

do rigor demonstrado pelo CADE em 2017 na análise de casos

complexos sirva de alerta para que as partes que desejem

consumar esse �po de transação, neste ano, estreitem a sua

comunicação com o órgão e iniciem a negociação de remédios o

quanto antes, aso preocupações an�truste sejam iden�ficadas.

Condutas Unilaterais Apesar da atuação modesta do CADE em 2017 na análise de

condutas unilaterais (somente três casos foram julgados), esse

�po de inves�gação deve ganhar força em 2018. Isso porque o

tema foi eleito como pauta pelo novo Superintendente-Geral,

Alexandre Cordeiro Macedo, nomeado em outubro de 2017.

Do estoque de casos envolvendo condutas unilaterais

pendentes de julgamento, podemos aguardar a análise, no

começo do ano, do famoso caso envolvendo a Empresa Brasileira

de Correios e Telégrafos (Correios) acusada pelo Sindicato das

Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região de

discriminação de rivais e de abusar de sua posição dominante

através de estratégias para estender o seu monopólio legal a

outros itens.

A Superintendência Geral já emi�u parecer nesse caso em

20/04/2017, oportunidade em que se posicionou favoravelmente

à condenação dos Correios por prá�ca de ações judiciais repe�das

e sem fundamento obje�vo (sham litigation), restrição pura à

concorrência (naked restraint) e discriminação de preços e

condições de contratação.

A inves�gação de condutas unilaterais an�compe��vas é de

suma importância para a manutenção de um ambiente

compe��vo saudável. Sendo a bandeira do mandato de

Alexandre Cordeiro, espera-se que questões concorrenciais que

já estão em amplo debate pela Federal Trade Commission (FTC)

e pela Comissão Europeia (EC) comecem a ser monitoradas pelo

CADE com mais rigor, tais como restrições à distribuição e à

revenda no mercado de luxo, cláusulas de nação mais

favorecida, privacidade e big data.

Cartéis O ano de 2017 terminou com 08 casos de cartel julgados,

diante de 20 analisados no ano de 2016. A redução

considerável pode encontrar jus�fica�va no direcionamento

de esforços do CADE para a análise de grandes concentrações.

A defasagem em relação aos demais anos certamente será

recompensada em 2018, considerando os diversos

procedimentos de busca e apreensão deflagrados pela

Autarquia em 2017.

Como resultado, aguarda-se a instauração de diversos

procedimentos administra�vos com a retomada pelo CADE de

seu protagonismo nas inves�gações ex officio que vinham

sendo ofuscadas nos úl�mos anos pelas inves�gações

baseadas em acordos de leniências.

O assunto deverá ser, inclusive, uma das prioridades da

gestão do Presidente Alexandre Barreto que pretende

imprimir ritmo à instrução de diversos casos relacionados ao

setor de autopeças e à Lava Jato.

Outros casos que estão atualmente no estoque também

devem encontrar o seu desfecho em 2018, tais como: a

inves�gação dos gigantes das telecomunicações por conduta

coordenada (Claro, Oi e Telefônica) em licitação promovida pelos

Correios e a inves�gação do suposto cartel do sal que aguarda

inserção em pauta de julgamentos desde março de 2017,

quando a Superintendência Geral emi�u parecer opinando pela

condenação de 19 empresas e 3 sindicatos por colusão no

mercado de sal marinho entre 1984 e 2012.

Cartel em licitaçõesO ano de 2018 também promete fortes frentes

inves�ga�vas em cartel em licitações, principalmente em vista

da recomendação de condenação pela SG, logo no início do

ano, de um suposto cartel envolvendo seis empresas

prestadoras de serviços terceirizados de tecnologia da

informação em licitações no Distrito Federal realizadas entre

os anos de 2005 e 2008.

Novos acordos de leniência envolvendo concorrências públicas

também devem ser firmados ao longo de 2018, seguindo o

exemplo de 2017 que contou com 14 acordos firmados

(divulgados) no âmbito da operação Lava Jato, com o destaque

para duas leniências envolvendo as obras do metrô de São Paulo

que implicaram a instauração de 2 inquéritos administra�vos no

final do ano de 2017.

As inves�gações de cartéis em licitações também contam

com o crescente auxílio do banco de dados ob�dos pelos

diversos acordos de cooperação firmado entre o CADE e

en�dades da Administração Pública e os algoritmos e técnicas

de detecção de combinações de preços fornecidos pelo

Programa Cérebro.

Para 2018, também se espera a integração do Programa

Cérebro com o sistema Comprasnet - u�lizado na realização

de pregões eletrônicos em licitações. Com a integração, o

CADE visa a iden�ficar padrões de oferta duvidosos online

durante a própria realização do pregão.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 5

Atos de ConcentraçãoO ano de 2017 foi o que o CADE mais reprovou Atos de

Concentração sobre a vigência da Lei 12.529/2011. Foram três

casos reprovados diante de uma média de 1,8 operações

rejeitadas nos 5 anos anteriores (2012-2016).

As reprovações refletem não apenas a complexidade das

transações que passaram pelo crivo do Conselho em 2017,

mas, também, o amadurecimento da Autarquia para efetuar

análises mais técnicas, menos flexíveis e mais sistema�zadas

de grandes concentrações.

Prova disso foi a edição pelo CADE, no meio do ano

passado, do Manual Interno da Superintendência-Geral para

Atos de Concentração apresentados sob rito ordinário que

formalizou os procedimentos a serem seguidos para esse �po

Acordos, Resoluções e GuiasSEAE fortalecida e alinhada com o CADE

O CADE deve firmar um acordo para estabelecer o protocolo

de atuação conjunta com a Secretaria de Acompanhamento

Econômico (SEAE), órgão responsável pela promoção da

concorrência entre en�dades governamentais e a sociedade.

O acordo certamente reforçará ainda mais a atuação da SEAE

que vem ganhando força nos úl�mos anos ao se envolver em

discussões an�truste de grande relevância para além da esfera

administra�va.

Como exemplos dessa atuação, podemos citar o ú�l

Relatório de Promoção da Concorrência lançado pela SEAE em

janeiro de 2018, sumarizando todas as ações adotadas pelo

órgão no ano anterior, bem como fornecendo um compêndio

das principais ações de promoção para a defesa da

concorrência no Brasil.

Vale também ressaltar o grande número de casos em que as

diversas Coordenações da SEAE emi�ram pareceres legais e

econômicos para suportar análises de setores diversos da

economia (ex. distribuição de gás liquefeito de petróleo,

correspondência bancária, etanol, transporte rodoviário e

ferroviário etc.).

A SEAE também atuou em diversas ações judiciais como

amicus curiae, além de ter se pronunciado, por meio do Sr.

Subsecretário Ângelo José Mont’Alverne Duarte, na Audiência

Pública do Senado ocorrida em 20/09/2017, para tratar sobre

a regulamentação do transporte individual privado de

passageiros.

Segundo pronunciamentos do Presidente do CADE,

Alexandre Barreto, a minuta do acordo já foi concluída,

aguardando apenas assinatura para ser publicada.

Resolução CADE/BACENO Grupo de Trabalho ins�tuído em 2017 deve concluir, ainda

no início do 1º trimestre deste ano, a redação da resolução

conjunta que estabelecerá os limites de atuação e de

coordenação entre CADE e Banco Central (BACEN) em matérias

que envolvam defesa da concorrência no âmbito do Sistema

Financeiro Nacional (SFN).

A incia�va representará um grande progresso na

aproximação dos dois órgãos que vêm arrastando um

intrincado li�gio judicial desde 1990, sobre a definição de

competência para analisar e aprovar Atos de Concentração

entre ins�tuições financeiras.

Atualmente, tanto o CADE quanto o BACEN emitem

opiniões sobre os aspectos concorrenciais de Atos de

Concentração. Ambos os pareceres são independentes e não

vincula�vos.

Em relação a condutas, embora o BACEN também tenha

de caso e apresentou regras sobre a organização das reuniões

de submissão prévia.

Apesar da preocupação causada pelas reprovações, 2017

também foi um ano de vitórias para a análise de operações

mais simples (Atos de Concentração sumários) que

con�nuaram a ser analisadas de forma célere (média de 15

dias), consolidando a determinação da Resolução nº 16/2016

que estabeleceu o prazo máximo de 30 dias para a análise e

aprovação pela Superintendência Geral desse �po de

transação.

Além da operação referente à aquisição dos negócios de

u�lidades domés�cas de vidro da Owens-Illinois Brasil pela

Nadir Figueiredo que já recebeu sinal vermelho da

Superintendência-Geral logo no início do ano, podemos ainda

mencionar pelo menos 03 grandes casos do estoque de Atos

de Concentração complexos que devem ser analisados no

começo de 2018:

Ato de Concentração No. 08700.002155/2017-51Requerentes: Companhia Ultragaz S.A. e Liquigás Distribuidora

S.A.

Data de no�ficação: 07/04/2017.

Objeto: Aquisição, pela Ultragaz, de 100% das ações

representa�vas do capital social da Liquigás, atualmente

de�das pela Petrobrás.

Mercado(s) impactado(s): Distribuição de gás liquefeito de

petróleo.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (28/08/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Cris�ane Alkmin em 29/08/2017.

Ato de Concentração No. 08700.002165/2017-97Requerentes: Votoran�m Siderurgia e ArcelorMi�al.

Data de no�ficação: 08/04/2017.

Objeto: Aquisição do controle da Votoran�m Siderurgia S.A.

pela ArcelorMi�al Brasil S.A.

Mercado(s) impactado(s): Aços longos comuns.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (05/09/2017).

Relatoria: Caso redistribuído por sorteio para a relatoria da

Conselheira Polyanna Vilanova em 07/11/2017.

Ato de Concentração No. 08700.001097/2017-49Requerentes: Bayer Ak�engesellscha� e Monsanto Company.

Data de no�ficação: 20/04/2017 (Emenda).

Objeto: Aquisição global da Monsanto pela Bayer, através da

aquisição de controle unitário da empresa.

Mercado(s) impactado(s): Sementes em diversas culturas,

biotecnologia em algodão, soja e defensivos agrícolas.

Análise Concorrencial da SG: Impugnou a operação com

recomendação de reprovação pelo CADE (03/10/2017).

Relatoria: Caso distribuído por sorteio para a relatoria do

Conselheiro Paulo Burnier em 05/10/2017.

A esperada retomada da economia em 2018 deve incrementar

o movimento das operações no Brasil. Espera-se que o aumento

do rigor demonstrado pelo CADE em 2017 na análise de casos

complexos sirva de alerta para que as partes que desejem

consumar esse �po de transação, neste ano, estreitem a sua

comunicação com o órgão e iniciem a negociação de remédios o

quanto antes, aso preocupações an�truste sejam iden�ficadas.

Condutas Unilaterais Apesar da atuação modesta do CADE em 2017 na análise de

condutas unilaterais (somente três casos foram julgados), esse

�po de inves�gação deve ganhar força em 2018. Isso porque o

tema foi eleito como pauta pelo novo Superintendente-Geral,

Alexandre Cordeiro Macedo, nomeado em outubro de 2017.

Do estoque de casos envolvendo condutas unilaterais

pendentes de julgamento, podemos aguardar a análise, no

começo do ano, do famoso caso envolvendo a Empresa Brasileira

de Correios e Telégrafos (Correios) acusada pelo Sindicato das

Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região de

discriminação de rivais e de abusar de sua posição dominante

através de estratégias para estender o seu monopólio legal a

outros itens.

A Superintendência Geral já emi�u parecer nesse caso em

20/04/2017, oportunidade em que se posicionou favoravelmente

à condenação dos Correios por prá�ca de ações judiciais repe�das

e sem fundamento obje�vo (sham litigation), restrição pura à

concorrência (naked restraint) e discriminação de preços e

condições de contratação.

A inves�gação de condutas unilaterais an�compe��vas é de

suma importância para a manutenção de um ambiente

compe��vo saudável. Sendo a bandeira do mandato de

Alexandre Cordeiro, espera-se que questões concorrenciais que

já estão em amplo debate pela Federal Trade Commission (FTC)

e pela Comissão Europeia (EC) comecem a ser monitoradas pelo

CADE com mais rigor, tais como restrições à distribuição e à

revenda no mercado de luxo, cláusulas de nação mais

favorecida, privacidade e big data.

Cartéis O ano de 2017 terminou com 08 casos de cartel julgados,

diante de 20 analisados no ano de 2016. A redução

considerável pode encontrar jus�fica�va no direcionamento

de esforços do CADE para a análise de grandes concentrações.

A defasagem em relação aos demais anos certamente será

recompensada em 2018, considerando os diversos

procedimentos de busca e apreensão deflagrados pela

Autarquia em 2017.

Como resultado, aguarda-se a instauração de diversos

procedimentos administra�vos com a retomada pelo CADE de

seu protagonismo nas inves�gações ex officio que vinham

sendo ofuscadas nos úl�mos anos pelas inves�gações

baseadas em acordos de leniências.

O assunto deverá ser, inclusive, uma das prioridades da

gestão do Presidente Alexandre Barreto que pretende

imprimir ritmo à instrução de diversos casos relacionados ao

setor de autopeças e à Lava Jato.

Outros casos que estão atualmente no estoque também

devem encontrar o seu desfecho em 2018, tais como: a

inves�gação dos gigantes das telecomunicações por conduta

coordenada (Claro, Oi e Telefônica) em licitação promovida pelos

Correios e a inves�gação do suposto cartel do sal que aguarda

inserção em pauta de julgamentos desde março de 2017,

quando a Superintendência Geral emi�u parecer opinando pela

condenação de 19 empresas e 3 sindicatos por colusão no

mercado de sal marinho entre 1984 e 2012.

Cartel em licitaçõesO ano de 2018 também promete fortes frentes

inves�ga�vas em cartel em licitações, principalmente em vista

da recomendação de condenação pela SG, logo no início do

ano, de um suposto cartel envolvendo seis empresas

prestadoras de serviços terceirizados de tecnologia da

informação em licitações no Distrito Federal realizadas entre

os anos de 2005 e 2008.

Novos acordos de leniência envolvendo concorrências públicas

também devem ser firmados ao longo de 2018, seguindo o

exemplo de 2017 que contou com 14 acordos firmados

(divulgados) no âmbito da operação Lava Jato, com o destaque

para duas leniências envolvendo as obras do metrô de São Paulo

que implicaram a instauração de 2 inquéritos administra�vos no

final do ano de 2017.

As inves�gações de cartéis em licitações também contam

com o crescente auxílio do banco de dados ob�dos pelos

diversos acordos de cooperação firmado entre o CADE e

en�dades da Administração Pública e os algoritmos e técnicas

de detecção de combinações de preços fornecidos pelo

Programa Cérebro.

Para 2018, também se espera a integração do Programa

Cérebro com o sistema Comprasnet - u�lizado na realização

de pregões eletrônicos em licitações. Com a integração, o

CADE visa a iden�ficar padrões de oferta duvidosos online

durante a própria realização do pregão.

competência legisla�va para apurar abusos à livre

concorrência come�dos por ins�tuições financeiras, o CADE

ainda con�nua sendo o órgão de referência na instauração de

processos administra�vos para inves�gações dessa natureza,

bem como para assinatura de acordos de leniência.

Especula-se que o texto da resolução a ser emi�da

proponha a análise conjunta de Atos de Concentração,

resguardando ao CADE a competência exclusiva para apreciar

os aspectos concorrenciais e ao BACEN a competência

exclusiva para apreciar os aspectos regulatórios.

A minuta da resolução também deve coordenar esforços

conjuntos entre os órgãos para inves�gação de condutas

an�compe��vas e deverá ser subme�da à consulta pública

antes de ser publicada.

Resolução sobre compar�lhamento de informações

O CADE deve colocar em votação, durante as primeiras

sessões de julgamento do ano, a resolução sobre o

compar�lhamento de informações e provas oriundas de

processos administra�vos e inves�gações internas com

terceiros.

A resolução, criada com o escopo de fomentar as Ações de

Reparação de Danos em Cartéis (ARDC) e regulamentar os

procedimentos no órgão para acesso a documentos nessas

situações, vem sendo idealizada desde dezembro de 2016,

quando uma minuta foi publicada no site da Autarquia para

consulta pública.

Em paralelo à minuta da resolução, esforços legisla�vos

também foram iniciados visando a fomentar esse �po de

demanda judicial no país. Dentre eles, o maior destaque é o

Projeto de Lei nº 283/2016 que tramita no Senado e que

aguarda inclusão em pauta desde 21/09/2017.

A aprovação da resolução e, no futuro, das demais medidas

legisla�vas, representará um importante passo para o

incipiente enforcement an�truste privado no país.

Novos GuiasEspera-se que o CADE edite 2 novos guias em 2018: o de

Remédios Concorrenciais e o de Dosimetria de Multas, dando

sequência à importante inicia�va promovida pela Autarquia

nos úl�mos anos que já promoveu a publicação de 5 guias

temá�cos: Gun Jumping em 2015 e Análise de Concentrações

Horizontais, Compliance, Termo de Compromisso de Cessação

e Leniência em 2016, além de 3 guias de procedimentos

internos lançados em 2017: Diligências de Busca e Apreensão

Cíveis, Guia de Fluxos de Gestão e Fiscalização de Contratos e

Manual Interno da Superintendência-Geral para Casos

Ordinários.

Os guias editados têm como obje�vo conferir mais

transparência aos trâmites dos procedimentos adotados pelas

autoridades e têm servido de referência para servidores,

advogados e para a sociedade.

O Guia de Remédios Concorrenciais, aguardado para o 1º

semestre, deve trazer orientações sobre a aplicação de

remédios estruturais e comportamentais em Atos de

Concentração como condições necessárias à eliminação de

possíveis impactos an�concorrenciais advindos de operações

para viabilizar a concre�zação do negócio pelas partes

envolvidas.

Espera-se que o Guia de Dosimetria de Multas, a ser

possivelmente publicado no 2º semestre de 2018, confira mais

segurança jurídica aos administrados e traga alento para as

calorosas discussões que muitas vezes tomaram conta do

Plenário do CADE sobre a u�lização do critério de cômputo da

vantagem auferida na definição de multas por condutas

an�compe��vas.

O inciso I do art. 37 da Lei An�truste Brasileira (Lei nº

12.529/2011) estabelece que a multa a ser aplicada pela

autoridade an�truste será de 0,1% a 20% do faturamento da

empresa condenada, com a ressalva de que o valor resultante

“nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível

sua es�mação”.

A jurisprudência do CADE se consolidou, ao longo dos anos, no

sen�do de basear o cômputo das multas em alíquotas incidentes

sobre a base de cálculo do faturamento bruto registrado pelas

empresas no ramo de a�vidade em que a conduta

an�compe��va ocorreu. Usualmente, as alíquotas estabelecidas

são de até 2% em casos de condenações por condutas unilaterais

e de 15 a 20% - chegando cada vez mais próxima do limite

máximo -, em casos de condenações por cartéis hardcore.

No entanto, discussões iniciadas em 2015 pelos

conselheiros Cris�ane Alckmin e João Paulo Resende passaram

a defender a elaboração do cálculo da multa com base na

es�ma�va da vantagem auferida pelos infratores. Embora

suportadas por racional econômico e bases legais, a posição

de Alckmin e Resende não conquistou a simpa�a dos demais,

criando verdadeira bipolarização de teses entre os

conselheiros do CADE.

As discussões �veram o seu ápice durante a 98ª Sessão de

Julgamento, ocorrida em 01/02/2017, quando o Plenário do

CADE rejeitou a homologação de um Termo de Cessação de

Conduta (TCC) em virtude da falta de consenso entre os

conselheiros pelo melhor método de aferição da contribuição

pecuniária.

Durante a 109ª Sessão de Julgamento, ocorrida em

16/08/2017, o presidente Alexandre Barreto e o conselheiro

Maurício Bandeira Maia, então recém empossados,

posicionaram-se publicamente para apoiar a manutenção dos

parâmetros tradicionalmente u�lizados para a definição das

sanções com base no percentual do faturamento.

A Conselheira Polyanna Vilanova, apesar de ter tomado

posse em 06/11/2017, já teve oportunidade de se manifestar

a respeito e também acompanhou o entendimento tradicional

pela manutenção dos percentuais de faturamento.

O placar de teses antagônicas tem, no momento, o

Presidente Barreto e os Conselheiros Burnier, Maia e Vilanova

a favor da manutenção dos critérios de faturamento,

enquanto segue com Resende e Alckmin a favor da vantagem

auferida. Resta saber a posição que o(a) futuro(a)

conselheiro(a) que ocupará a cadeira de Gilvandro Araújo

adotará.

As paixões despertadas pelo tema culminaram em trata�vas

legisla�vas para lidar com a controvérsia, principalmente em

situações em que a vantagem auferida ultrapassar os 20% do

faturamento da empresa infratora. Nesse contexto,

destacam-se o Projeto de Lei nº 7.238/2017 da Câmara dos

Deputados que aguarda designação de relator na Comissão de

Cons�tuição e Jus�ça e de Cidadania (CCJC) e o já mencionado

Projeto de Lei nº 283/2016 do Senado.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 6

SEAE fortalecida e alinhada com o CADEO CADE deve firmar um acordo para estabelecer o protocolo

de atuação conjunta com a Secretaria de Acompanhamento

Econômico (SEAE), órgão responsável pela promoção da

concorrência entre en�dades governamentais e a sociedade.

O acordo certamente reforçará ainda mais a atuação da SEAE

que vem ganhando força nos úl�mos anos ao se envolver em

discussões an�truste de grande relevância para além da esfera

administra�va.

Como exemplos dessa atuação, podemos citar o ú�l

Relatório de Promoção da Concorrência lançado pela SEAE em

janeiro de 2018, sumarizando todas as ações adotadas pelo

órgão no ano anterior, bem como fornecendo um compêndio

das principais ações de promoção para a defesa da

concorrência no Brasil.

Vale também ressaltar o grande número de casos em que as

diversas Coordenações da SEAE emi�ram pareceres legais e

econômicos para suportar análises de setores diversos da

economia (ex. distribuição de gás liquefeito de petróleo,

correspondência bancária, etanol, transporte rodoviário e

ferroviário etc.).

A SEAE também atuou em diversas ações judiciais como

amicus curiae, além de ter se pronunciado, por meio do Sr.

Subsecretário Ângelo José Mont’Alverne Duarte, na Audiência

Pública do Senado ocorrida em 20/09/2017, para tratar sobre

a regulamentação do transporte individual privado de

passageiros.

Segundo pronunciamentos do Presidente do CADE,

Alexandre Barreto, a minuta do acordo já foi concluída,

aguardando apenas assinatura para ser publicada.

Resolução CADE/BACENO Grupo de Trabalho ins�tuído em 2017 deve concluir, ainda

no início do 1º trimestre deste ano, a redação da resolução

conjunta que estabelecerá os limites de atuação e de

coordenação entre CADE e Banco Central (BACEN) em matérias

que envolvam defesa da concorrência no âmbito do Sistema

Financeiro Nacional (SFN).

A incia�va representará um grande progresso na

aproximação dos dois órgãos que vêm arrastando um

intrincado li�gio judicial desde 1990, sobre a definição de

competência para analisar e aprovar Atos de Concentração

entre ins�tuições financeiras.

Atualmente, tanto o CADE quanto o BACEN emitem

opiniões sobre os aspectos concorrenciais de Atos de

Concentração. Ambos os pareceres são independentes e não

vincula�vos.

Em relação a condutas, embora o BACEN também tenha

competência legisla�va para apurar abusos à livre

concorrência come�dos por ins�tuições financeiras, o CADE

ainda con�nua sendo o órgão de referência na instauração de

processos administra�vos para inves�gações dessa natureza,

bem como para assinatura de acordos de leniência.

Especula-se que o texto da resolução a ser emi�da

proponha a análise conjunta de Atos de Concentração,

resguardando ao CADE a competência exclusiva para apreciar

os aspectos concorrenciais e ao BACEN a competência

exclusiva para apreciar os aspectos regulatórios.

A minuta da resolução também deve coordenar esforços

conjuntos entre os órgãos para inves�gação de condutas

an�compe��vas e deverá ser subme�da à consulta pública

antes de ser publicada.

Resolução sobre compar�lhamento de informações

O CADE deve colocar em votação, durante as primeiras

sessões de julgamento do ano, a resolução sobre o

compar�lhamento de informações e provas oriundas de

processos administra�vos e inves�gações internas com

terceiros.

A resolução, criada com o escopo de fomentar as Ações de

Reparação de Danos em Cartéis (ARDC) e regulamentar os

procedimentos no órgão para acesso a documentos nessas

situações, vem sendo idealizada desde dezembro de 2016,

quando uma minuta foi publicada no site da Autarquia para

consulta pública.

Em paralelo à minuta da resolução, esforços legisla�vos

também foram iniciados visando a fomentar esse �po de

demanda judicial no país. Dentre eles, o maior destaque é o

Projeto de Lei nº 283/2016 que tramita no Senado e que

aguarda inclusão em pauta desde 21/09/2017.

A aprovação da resolução e, no futuro, das demais medidas

legisla�vas, representará um importante passo para o

incipiente enforcement an�truste privado no país.

Novos GuiasEspera-se que o CADE edite 2 novos guias em 2018: o de

Remédios Concorrenciais e o de Dosimetria de Multas, dando

sequência à importante inicia�va promovida pela Autarquia

nos úl�mos anos que já promoveu a publicação de 5 guias

temá�cos: Gun Jumping em 2015 e Análise de Concentrações

Horizontais, Compliance, Termo de Compromisso de Cessação

e Leniência em 2016, além de 3 guias de procedimentos

internos lançados em 2017: Diligências de Busca e Apreensão

Cíveis, Guia de Fluxos de Gestão e Fiscalização de Contratos e

Manual Interno da Superintendência-Geral para Casos

Ordinários.

Os guias editados têm como obje�vo conferir mais

transparência aos trâmites dos procedimentos adotados pelas

autoridades e têm servido de referência para servidores,

advogados e para a sociedade.

O Guia de Remédios Concorrenciais, aguardado para o 1º

semestre, deve trazer orientações sobre a aplicação de

remédios estruturais e comportamentais em Atos de

Concentração como condições necessárias à eliminação de

possíveis impactos an�concorrenciais advindos de operações

para viabilizar a concre�zação do negócio pelas partes

envolvidas.

Espera-se que o Guia de Dosimetria de Multas, a ser

possivelmente publicado no 2º semestre de 2018, confira mais

segurança jurídica aos administrados e traga alento para as

calorosas discussões que muitas vezes tomaram conta do

Plenário do CADE sobre a u�lização do critério de cômputo da

vantagem auferida na definição de multas por condutas

an�compe��vas.

O inciso I do art. 37 da Lei An�truste Brasileira (Lei nº

12.529/2011) estabelece que a multa a ser aplicada pela

autoridade an�truste será de 0,1% a 20% do faturamento da

empresa condenada, com a ressalva de que o valor resultante

“nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível

sua es�mação”.

A jurisprudência do CADE se consolidou, ao longo dos anos, no

sen�do de basear o cômputo das multas em alíquotas incidentes

sobre a base de cálculo do faturamento bruto registrado pelas

empresas no ramo de a�vidade em que a conduta

an�compe��va ocorreu. Usualmente, as alíquotas estabelecidas

são de até 2% em casos de condenações por condutas unilaterais

e de 15 a 20% - chegando cada vez mais próxima do limite

máximo -, em casos de condenações por cartéis hardcore.

No entanto, discussões iniciadas em 2015 pelos

conselheiros Cris�ane Alckmin e João Paulo Resende passaram

a defender a elaboração do cálculo da multa com base na

es�ma�va da vantagem auferida pelos infratores. Embora

suportadas por racional econômico e bases legais, a posição

de Alckmin e Resende não conquistou a simpa�a dos demais,

criando verdadeira bipolarização de teses entre os

conselheiros do CADE.

As discussões �veram o seu ápice durante a 98ª Sessão de

Julgamento, ocorrida em 01/02/2017, quando o Plenário do

CADE rejeitou a homologação de um Termo de Cessação de

Conduta (TCC) em virtude da falta de consenso entre os

conselheiros pelo melhor método de aferição da contribuição

pecuniária.

Durante a 109ª Sessão de Julgamento, ocorrida em

16/08/2017, o presidente Alexandre Barreto e o conselheiro

Maurício Bandeira Maia, então recém empossados,

posicionaram-se publicamente para apoiar a manutenção dos

parâmetros tradicionalmente u�lizados para a definição das

sanções com base no percentual do faturamento.

A Conselheira Polyanna Vilanova, apesar de ter tomado

posse em 06/11/2017, já teve oportunidade de se manifestar

a respeito e também acompanhou o entendimento tradicional

pela manutenção dos percentuais de faturamento.

O placar de teses antagônicas tem, no momento, o

Presidente Barreto e os Conselheiros Burnier, Maia e Vilanova

a favor da manutenção dos critérios de faturamento,

enquanto segue com Resende e Alckmin a favor da vantagem

auferida. Resta saber a posição que o(a) futuro(a)

conselheiro(a) que ocupará a cadeira de Gilvandro Araújo

adotará.

As paixões despertadas pelo tema culminaram em trata�vas

legisla�vas para lidar com a controvérsia, principalmente em

situações em que a vantagem auferida ultrapassar os 20% do

faturamento da empresa infratora. Nesse contexto,

destacam-se o Projeto de Lei nº 7.238/2017 da Câmara dos

Deputados que aguarda designação de relator na Comissão de

Cons�tuição e Jus�ça e de Cidadania (CCJC) e o já mencionado

Projeto de Lei nº 283/2016 do Senado.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 7

SEAE fortalecida e alinhada com o CADEO CADE deve firmar um acordo para estabelecer o protocolo

de atuação conjunta com a Secretaria de Acompanhamento

Econômico (SEAE), órgão responsável pela promoção da

concorrência entre en�dades governamentais e a sociedade.

O acordo certamente reforçará ainda mais a atuação da SEAE

que vem ganhando força nos úl�mos anos ao se envolver em

discussões an�truste de grande relevância para além da esfera

administra�va.

Como exemplos dessa atuação, podemos citar o ú�l

Relatório de Promoção da Concorrência lançado pela SEAE em

janeiro de 2018, sumarizando todas as ações adotadas pelo

órgão no ano anterior, bem como fornecendo um compêndio

das principais ações de promoção para a defesa da

concorrência no Brasil.

Vale também ressaltar o grande número de casos em que as

diversas Coordenações da SEAE emi�ram pareceres legais e

econômicos para suportar análises de setores diversos da

economia (ex. distribuição de gás liquefeito de petróleo,

correspondência bancária, etanol, transporte rodoviário e

ferroviário etc.).

A SEAE também atuou em diversas ações judiciais como

amicus curiae, além de ter se pronunciado, por meio do Sr.

Subsecretário Ângelo José Mont’Alverne Duarte, na Audiência

Pública do Senado ocorrida em 20/09/2017, para tratar sobre

a regulamentação do transporte individual privado de

passageiros.

Segundo pronunciamentos do Presidente do CADE,

Alexandre Barreto, a minuta do acordo já foi concluída,

aguardando apenas assinatura para ser publicada.

Resolução CADE/BACENO Grupo de Trabalho ins�tuído em 2017 deve concluir, ainda

no início do 1º trimestre deste ano, a redação da resolução

conjunta que estabelecerá os limites de atuação e de

coordenação entre CADE e Banco Central (BACEN) em matérias

que envolvam defesa da concorrência no âmbito do Sistema

Financeiro Nacional (SFN).

A incia�va representará um grande progresso na

aproximação dos dois órgãos que vêm arrastando um

intrincado li�gio judicial desde 1990, sobre a definição de

competência para analisar e aprovar Atos de Concentração

entre ins�tuições financeiras.

Atualmente, tanto o CADE quanto o BACEN emitem

opiniões sobre os aspectos concorrenciais de Atos de

Concentração. Ambos os pareceres são independentes e não

vincula�vos.

Em relação a condutas, embora o BACEN também tenha

Setores em evidênciaPropriedade Industrial

O CADE deve finalmente concluir, no 1ª semestre de 2018, o

julgamento do processo administra�vo mais emblemá�co

envolvendo an�truste e propriedade industrial no Brasil:

Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (ANFAPE)

vs. montadoras Fiat, Ford e Volkswagen.

A inves�gação tramita no CADE há mais de 10 anos e apura

o suposto abuso de direito de propriedade industrial

competência legisla�va para apurar abusos à livre

concorrência come�dos por ins�tuições financeiras, o CADE

ainda con�nua sendo o órgão de referência na instauração de

processos administra�vos para inves�gações dessa natureza,

bem como para assinatura de acordos de leniência.

Especula-se que o texto da resolução a ser emi�da

proponha a análise conjunta de Atos de Concentração,

resguardando ao CADE a competência exclusiva para apreciar

os aspectos concorrenciais e ao BACEN a competência

exclusiva para apreciar os aspectos regulatórios.

A minuta da resolução também deve coordenar esforços

conjuntos entre os órgãos para inves�gação de condutas

an�compe��vas e deverá ser subme�da à consulta pública

antes de ser publicada.

Resolução sobre compar�lhamento de informações

O CADE deve colocar em votação, durante as primeiras

sessões de julgamento do ano, a resolução sobre o

compar�lhamento de informações e provas oriundas de

processos administra�vos e inves�gações internas com

terceiros.

A resolução, criada com o escopo de fomentar as Ações de

Reparação de Danos em Cartéis (ARDC) e regulamentar os

procedimentos no órgão para acesso a documentos nessas

situações, vem sendo idealizada desde dezembro de 2016,

quando uma minuta foi publicada no site da Autarquia para

consulta pública.

Em paralelo à minuta da resolução, esforços legisla�vos

também foram iniciados visando a fomentar esse �po de

demanda judicial no país. Dentre eles, o maior destaque é o

Projeto de Lei nº 283/2016 que tramita no Senado e que

aguarda inclusão em pauta desde 21/09/2017.

A aprovação da resolução e, no futuro, das demais medidas

legisla�vas, representará um importante passo para o

incipiente enforcement an�truste privado no país.

Novos GuiasEspera-se que o CADE edite 2 novos guias em 2018: o de

Remédios Concorrenciais e o de Dosimetria de Multas, dando

sequência à importante inicia�va promovida pela Autarquia

nos úl�mos anos que já promoveu a publicação de 5 guias

temá�cos: Gun Jumping em 2015 e Análise de Concentrações

Horizontais, Compliance, Termo de Compromisso de Cessação

e Leniência em 2016, além de 3 guias de procedimentos

internos lançados em 2017: Diligências de Busca e Apreensão

Cíveis, Guia de Fluxos de Gestão e Fiscalização de Contratos e

Manual Interno da Superintendência-Geral para Casos

Ordinários.

Os guias editados têm como obje�vo conferir mais

transparência aos trâmites dos procedimentos adotados pelas

autoridades e têm servido de referência para servidores,

advogados e para a sociedade.

O Guia de Remédios Concorrenciais, aguardado para o 1º

semestre, deve trazer orientações sobre a aplicação de

remédios estruturais e comportamentais em Atos de

Concentração como condições necessárias à eliminação de

possíveis impactos an�concorrenciais advindos de operações

para viabilizar a concre�zação do negócio pelas partes

envolvidas.

Espera-se que o Guia de Dosimetria de Multas, a ser

possivelmente publicado no 2º semestre de 2018, confira mais

segurança jurídica aos administrados e traga alento para as

calorosas discussões que muitas vezes tomaram conta do

Plenário do CADE sobre a u�lização do critério de cômputo da

vantagem auferida na definição de multas por condutas

an�compe��vas.

O inciso I do art. 37 da Lei An�truste Brasileira (Lei nº

12.529/2011) estabelece que a multa a ser aplicada pela

autoridade an�truste será de 0,1% a 20% do faturamento da

empresa condenada, com a ressalva de que o valor resultante

“nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível

sua es�mação”.

A jurisprudência do CADE se consolidou, ao longo dos anos, no

sen�do de basear o cômputo das multas em alíquotas incidentes

sobre a base de cálculo do faturamento bruto registrado pelas

empresas no ramo de a�vidade em que a conduta

an�compe��va ocorreu. Usualmente, as alíquotas estabelecidas

são de até 2% em casos de condenações por condutas unilaterais

e de 15 a 20% - chegando cada vez mais próxima do limite

máximo -, em casos de condenações por cartéis hardcore.

No entanto, discussões iniciadas em 2015 pelos

conselheiros Cris�ane Alckmin e João Paulo Resende passaram

a defender a elaboração do cálculo da multa com base na

es�ma�va da vantagem auferida pelos infratores. Embora

suportadas por racional econômico e bases legais, a posição

de Alckmin e Resende não conquistou a simpa�a dos demais,

criando verdadeira bipolarização de teses entre os

conselheiros do CADE.

As discussões �veram o seu ápice durante a 98ª Sessão de

Julgamento, ocorrida em 01/02/2017, quando o Plenário do

CADE rejeitou a homologação de um Termo de Cessação de

Conduta (TCC) em virtude da falta de consenso entre os

conselheiros pelo melhor método de aferição da contribuição

pecuniária.

Durante a 109ª Sessão de Julgamento, ocorrida em

16/08/2017, o presidente Alexandre Barreto e o conselheiro

Maurício Bandeira Maia, então recém empossados,

posicionaram-se publicamente para apoiar a manutenção dos

parâmetros tradicionalmente u�lizados para a definição das

sanções com base no percentual do faturamento.

A Conselheira Polyanna Vilanova, apesar de ter tomado

posse em 06/11/2017, já teve oportunidade de se manifestar

a respeito e também acompanhou o entendimento tradicional

pela manutenção dos percentuais de faturamento.

O placar de teses antagônicas tem, no momento, o

Presidente Barreto e os Conselheiros Burnier, Maia e Vilanova

a favor da manutenção dos critérios de faturamento,

enquanto segue com Resende e Alckmin a favor da vantagem

auferida. Resta saber a posição que o(a) futuro(a)

conselheiro(a) que ocupará a cadeira de Gilvandro Araújo

adotará.

As paixões despertadas pelo tema culminaram em trata�vas

legisla�vas para lidar com a controvérsia, principalmente em

situações em que a vantagem auferida ultrapassar os 20% do

faturamento da empresa infratora. Nesse contexto,

destacam-se o Projeto de Lei nº 7.238/2017 da Câmara dos

Deputados que aguarda designação de relator na Comissão de

Cons�tuição e Jus�ça e de Cidadania (CCJC) e o já mencionado

Projeto de Lei nº 283/2016 do Senado.

(desenhos industriais) por parte das montadoras ao exercerem

o seu direito de registro no mercado secundário (reposição)

de peças automo�vas.

Após todos os órgãos instrutórios terem emi�do parecer

opinando pela condenação das montadoras1 , o início do

julgamento do caso, ocorrido durante a 115ª Sessão de

Julgamento do CADE em 21 de novembro de 2017, trouxe

esperança de reviravolta às representadas, após o Procurador

Geral do CADE, Walter Agra, ter revogado o parecer anterior

emi�do pela ProCADE para sugerir o arquivamento do caso.

Na sequência, o Conselheiro Relator Paulo Burnier seguiu o

entendimento da SG e votou pela condenação das

montadoras, recomendando a aplicação de multa mínima às

três empresas - equivalente a 0,1% dos seus faturamentos

brutos em 2009, ano anterior à instauração do Processo

Administra�vo.

O caso está sendo revisto pelo Conselheiro Mauricio Maia e

deve ainda ser analisado e votado pelos demais membros do

Plenário até nova inserção em pauta de julgamento. O

desfecho terá grande impacto no sistema nacional de

propriedade intelectual e na polí�ca industrial brasileira e

deve ser acompanhado pelo mercado e pelos especialistas dos

mais diversos setores.

TecnologiaO Departamento de Estudos Econômicos do CADE (DEE),

órgão responsável pela elaboração de estudos e pareceres

econômicos no CADE, deve lançar, em 2018, dois estudos

envolvendo a análise de mercados de tecnologia.

O primeiro, iniciado em fevereiro de 2017, terá como

escopo a organização atual do setor de transporte individual

de passageiros, dando sequência aos outros dois estudos

anteriores lançados pelo DEE sobre o tema: “O mercado de

transporte individual de passageiros: Regulação,

externalidades e equilíbrio urbano” e “Rivalidade após a

entrada: o impacto imediato do aplica�vo Uber sobre as

corridas de táxi”.

Já o segundo, iniciado no final do ano de 2017, deve tratar

do impacto concorrencial das plataformas online para aluguel

de acomodações por temporada na organização do setor

hoteleiro no Brasil.

Ambos os estudos foram demandados pela

Superintendência Geral e se inserem no interesse do DEE e do

CADE em compreender o funcionamento e os impactos

concorrenciais da economia compar�lhada baseada em

plataformas digitais.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

Rio de Janeiro São Paulo Tóquio | lickslegal.com 8

Projetos de Lei Apesar do ano eleitoral, alguns projetos de lei relevantes

envolvendo alterações na legislação concorrencial devem ser

movimentados em 2018. Dentre eles, vale mencionar os

seguintes:

Projeto de Lei do Senado 350/2015Alterações: Leis 4.595/1964 e 12.529/2011.

Escopo: Definir a competência do CADE no âmbito da

concorrência no Sistema Financeiro Nacional.

Status: Em análise pela Comissão de Assuntos Econômicos.

Projeto de Lei do Senado 283/2016 Alterações: Lei 12.529/2011.

Escopo: Tornar a multa à prá�ca de cartel por empresa ou grupo

Propriedade IndustrialO CADE deve finalmente concluir, no 1ª semestre de 2018, o

julgamento do processo administra�vo mais emblemá�co

envolvendo an�truste e propriedade industrial no Brasil:

Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (ANFAPE)

vs. montadoras Fiat, Ford e Volkswagen.

A inves�gação tramita no CADE há mais de 10 anos e apura

o suposto abuso de direito de propriedade industrial

(desenhos industriais) por parte das montadoras ao exercerem

o seu direito de registro no mercado secundário (reposição)

de peças automo�vas.

Após todos os órgãos instrutórios terem emi�do parecer

opinando pela condenação das montadoras1 , o início do

julgamento do caso, ocorrido durante a 115ª Sessão de

Julgamento do CADE em 21 de novembro de 2017, trouxe

esperança de reviravolta às representadas, após o Procurador

Geral do CADE, Walter Agra, ter revogado o parecer anterior

emi�do pela ProCADE para sugerir o arquivamento do caso.

Na sequência, o Conselheiro Relator Paulo Burnier seguiu o

entendimento da SG e votou pela condenação das

montadoras, recomendando a aplicação de multa mínima às

três empresas - equivalente a 0,1% dos seus faturamentos

brutos em 2009, ano anterior à instauração do Processo

Administra�vo.

O caso está sendo revisto pelo Conselheiro Mauricio Maia e

deve ainda ser analisado e votado pelos demais membros do

Plenário até nova inserção em pauta de julgamento. O

desfecho terá grande impacto no sistema nacional de

propriedade intelectual e na polí�ca industrial brasileira e

deve ser acompanhado pelo mercado e pelos especialistas dos

mais diversos setores.

TecnologiaO Departamento de Estudos Econômicos do CADE (DEE),

órgão responsável pela elaboração de estudos e pareceres

econômicos no CADE, deve lançar, em 2018, dois estudos

envolvendo a análise de mercados de tecnologia.

O primeiro, iniciado em fevereiro de 2017, terá como

escopo a organização atual do setor de transporte individual

de passageiros, dando sequência aos outros dois estudos

anteriores lançados pelo DEE sobre o tema: “O mercado de

transporte individual de passageiros: Regulação,

externalidades e equilíbrio urbano” e “Rivalidade após a

entrada: o impacto imediato do aplica�vo Uber sobre as

corridas de táxi”.

Já o segundo, iniciado no final do ano de 2017, deve tratar

do impacto concorrencial das plataformas online para aluguel

de acomodações por temporada na organização do setor

hoteleiro no Brasil.

Ambos os estudos foram demandados pela

Superintendência Geral e se inserem no interesse do DEE e do

CADE em compreender o funcionamento e os impactos

concorrenciais da economia compar�lhada baseada em

plataformas digitais.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

econômico proporcional ao tempo de duração da infração à

ordem econômica; ins�tuir o ressarcimento em dobro aos

prejudicados que ingressarem em juízo, ressalvados os réus que

assinarem acordo de leniência ou termo de compromisso de

cessação de prá�ca, além de outros incen�vos ao acordo de

leniência, desde que este seja feito mediante apresentação de

documentos que permitam ao CADE es�mar o dano causado;

determinar a sustação do termo da prescrição durante a vigência

do processo administra�vo; e tornar a decisão do Plenário do

CADE apta a fundamentar a concessão de tutela da evidência.

Status: Em análise pela Comissão de Cons�tuição e Jus�ça e

Cidadania.

Projeto de Lei da Câmara dos Deputados 7238/2017Alterações: Lei 12.529/2011.

Escopo: Realizar mudança legal no sen�do de assegurar que o

percentual de 20% do faturamento bruto anual previsto pelo

ar�go 37 da Lei seja expressamente declarado como patamar

máximo de punição em casos de condenação por conduta

an�compe��va, ainda que inferior ao valor da vantagem

auferida quando a quan�ficação for possível.

Status: Em análise pela Comissão de Cons�tuição e Jus�ça e

de Cidadania.

1 Superintendência Geral em 15/06/2016, Procuradoria Geral do CADE em 02/03/2017 e Ministério Público Federal em 17/07/2017.

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Apesar do ano eleitoral, alguns projetos de lei relevantes

envolvendo alterações na legislação concorrencial devem ser

movimentados em 2018. Dentre eles, vale mencionar os

seguintes:

Projeto de Lei do Senado 350/2015Alterações: Leis 4.595/1964 e 12.529/2011.

Escopo: Definir a competência do CADE no âmbito da

concorrência no Sistema Financeiro Nacional.

Status: Em análise pela Comissão de Assuntos Econômicos.

Projeto de Lei do Senado 283/2016 Alterações: Lei 12.529/2011.

Escopo: Tornar a multa à prá�ca de cartel por empresa ou grupo

Pauta InternacionalSeguindo o excelente trabalho internacional desenvolvido

nos úl�mos anos, o CADE sediou, em 2017, a 5ª Conferência

Internacional dos BRICS sobre concorrência e recebeu, pelo 5º

ano consecu�vo, 4 estrelas no ranking realizado anualmente

pela revista britânica Global Compe��on Review (GCR),

especializada em polí�ca de concorrência e regulação.

A expecta�va é que em 2018 a Autarquia con�nue ampliando a

sua frente de atuação internacional mediante o prosseguimento da

celebração de acordos de cooperação com autoridades

estrangeiras e intensifique a campanha para adesão do Brasil como

membro permanente do Comitê de Concorrência da Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A confirmação, no início de janeiro, de que o Brasil se tornou

membro do programa de Competência e Proteção ao Consumidor

na América La�na (Compal), vinculado à Conferência das Nações

Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), é uma clara

evidência de que o CADE já começou 2018 com o pé direito nas

relações internacionais.

Quais são as perspectivas para a defesa da concorrência no Brasil em 2018?

econômico proporcional ao tempo de duração da infração à

ordem econômica; ins�tuir o ressarcimento em dobro aos

prejudicados que ingressarem em juízo, ressalvados os réus que

assinarem acordo de leniência ou termo de compromisso de

cessação de prá�ca, além de outros incen�vos ao acordo de

leniência, desde que este seja feito mediante apresentação de

documentos que permitam ao CADE es�mar o dano causado;

determinar a sustação do termo da prescrição durante a vigência

do processo administra�vo; e tornar a decisão do Plenário do

CADE apta a fundamentar a concessão de tutela da evidência.

Status: Em análise pela Comissão de Cons�tuição e Jus�ça e

Cidadania.

Projeto de Lei da Câmara dos Deputados 7238/2017Alterações: Lei 12.529/2011.

Escopo: Realizar mudança legal no sen�do de assegurar que o

percentual de 20% do faturamento bruto anual previsto pelo

ar�go 37 da Lei seja expressamente declarado como patamar

máximo de punição em casos de condenação por conduta

an�compe��va, ainda que inferior ao valor da vantagem

auferida quando a quan�ficação for possível.

Status: Em análise pela Comissão de Cons�tuição e Jus�ça e

de Cidadania.