antigos carnavais 10 anos

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1 Antigos Carnavais 10 anos fazendo o carnaval de rua de Natal Um relato carnavalesco da alegria de fazer carnaval para o povo

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livro da banda antigos carnavais 10 anos

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Antigos

Carnavais

10 anos fazendo o carnaval

de rua de Natal Um relato carnavalesco da alegria

de fazer carnaval para o povo

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Antigos Carnavais é um movimento cultural de Carnaval de Rua Coordenação: Gutenberg Costa, Geir Albuqueque, Márcia Moreno, Múcio Araújo, Marcelo Sena, Elaynne Costa e Adrovando Claro. Organização e edição: Adrovando Claro Textos: Gutenberg Costa, Adriana Amorim e Priscila Soares Fotos: João Maria Alves, Canindé Soares, Adrovando Claro, Fernando Pereira, Ivanaldo Soares, Rodney Sivori, Clovis Tinoco e arquivo Antigos Carnavais Contato: [email protected] Site: http://antigoscarnavais.tripod.com

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É tempo de carnaval

Sobre carnaval, o escritor e pesquisador Hiram Araújo em seu livro sobre o referido as-sunto, deixa-nos a sua lamentação: “As maiores dificuldades que os pesquisadores encontram ao estudar o carnaval são: a carência de livros especializados e a escassez de documentos e regis-tros escritos...”.

Os estudiosos do carnaval divergem quanto á origem da palavra, para uns deriva de car-rum navalis, que veio dos carros navais que faziam a aberturas das festas Dionísias gregas. Já outros acham que ela veio de Gregório I, o grande, em 590 depois de Cristo. E assim dizem que veio das seguintes origens: carne levandas, carne levale, carneval e carnaval. Outras correntes afirmam que a palavra carnaval surgiu em Milão, em 1130, na França, em 1268 e ainda na Ale-manha, nos anos de 1800.

O carnaval foi criado através dos cultos agrários e sua oficialização veio das festas a Di-oniso, durante o reinado de Pisístrato na Grécia, cerca de quinhentos anos antes de Cristo. O car-naval começa como festa pagã e só é reconhecido oficialmente pela Igreja Católica em 590 de-pois de Cristo. No século XVIII, um novo modelo de carnaval foi sendo implantado como um moderno carnaval. Segundo vários memorialistas, o carnaval brasileiro só foi introduzido no nosso país, em 31 de março de 1641, para comemorar na cidade do Rio de Janeiro, a subida ao trono português de El Rei dom João V.

E esse chamado Entrudo deu inicio a uma divertida festa popular, mas muito violenta. Recorremos ao pesquisador Hiram Araújo, para afirmar que em Portugal, o ‘Entrudo’ carnava-lesco chegou ao ápice da violência nos reinados de Afonso VI (1656/1667) e João (1706/1750). O forte dessa festa conhecida como brinquedo do ‘Entrudo’ consistia principalmente no chama-do – ‘joga de tudo em todos’.

Outro que trata do assunto, é o folclorista Melo Morais Filho, em seu livro – ‘Festas e Tradições populares do Brasil’, onde o mesmo faz alusão ao nosso ‘Entrudo brasileiro’, trazido pelo português, onde em três dias o povo alegremente brincava o inocentemente – mela- mela. Conseqüentemente desse ‘mela- mela’, não escapava ricos e pobres, pretos e brancos, homens e mulheres. Sacudiam farinha, água suja, ovos podres e outras sujeiras encontradas ou previamen-te guardadas para este intuito meio violento. Esse tipo de ‘Entrudo’ chegou ao Brasil por volta de 1723. No carnaval do ano de 1855, a foliã Estela Serzefredo foi presa ao atirar um limão de cheiro no cortejo de D. Pedro I. Houve inúmeras proibições a este por parte de autoridades go-vernamentais, eclesiásticas e policiais militares. Não deu jeito e o povo continuou brincando.

Já a tradição carnavalesca denominada de – Zé Pereira, veio do português José Nogueira de Azevedo Paredes. Vários autores divergem da data exata do movimento do Zé Pereira - entre 1846 e 1850. O importante para a história é que este sapateiro lusitano um dia reuniu um grupo de foliões nas ruas do Rio de Janeiro, com tambores, bombos e zabumbas. E virou tradição com a marchinha que ficou conhecida até hoje: “E viva o Zé Pereira! Viva o Zé Pereira! Viva o Zé Pereira que a ninguém faz mal...”.

A primeira música propriamente com versão carnavalesca no Brasil foi a que a maestrina Chiquinha Gonzaga fez para o ‘Cordão’ Rosa de Ouro, denominada de ‘Abre Alas’ – Oh Abre Alas que eu quero passar/Eu sou da lira não posso negar/ Rosa de Ouro é quem vai ganhar...Os desfiles das agremiações eram intitulados de ‘Préstitos’, e estas eram chamadas de ‘Sociedades’, ‘Clubs’, ‘Cordões’e ‘Ranchos’. Depois vieram as Escolas de Samba, Blocos, Troças, Bagunças

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e Blocos de rua e de ‘Elite’. Em nossa pesquisa sobre o carnaval de Natal, lendo velhos empoeirados jornais no Instituto Histórico e Geográfico do RN, há uns quinze anos atrás, podemos observar referências ao então ‘brinquedo do ‘Entrudo’ natalense, como sen-do este, muito violento e brincado principalmente entre os mais jovens, nas imediações da Igreja Matriz, na Cidade Alta. O policia-mento o proibia, mas o povo folião sempre burlava a decisão poli-cial e o mela –mela resistia alegremente atacando todo mundo que saia às ruas em dias dedicados ao carnaval. Tivemos inúmeros car-navalescos que reinaram como soberanos Reis Momo, como Ca-valcante Albuquerque Maranhão - apelidado de ‘Cavalcante Grande’; Odilon Garcia; Amaro Andrade; Luizinho Doblechem; Zé Areia; Severino Galvão - o eterno Rei de Protesto; Paulo Maux -

que reinou dezessete anos sem concorrência oficial alguma; Givaldo Batista – radialista, e tantos outros saudosos. Tive-mos grandes nomes que ardorosamente lutaram pela resis-tência da nossa festa momesca, como Yoiô Barros, Zerôn-cio e seu filho Tota, Bum- Bum, Brasil, Mestre Severino Guedes, Mestre Melé, Mestre Lucarino e Raimundo Ama-ral, entre tantos outros que partiram deixando cada um a sua valiosa contribuição para a história carnavalesca da cidade do Natal. Na música, o destaque merecidamente maior ficará sempre para o nosso ‘Dosinho’, que lamenta-

velmente é muito mais conhecido e prestigiado pelo Estado de Pernambuco, do que em sua pró-pria terra papa jerimum.

Digo sempre que se houvesse mais resistência e criatividade o nosso carnaval voltaria, como no passado, com o povo nas ruas pulando ao som do irresistível frevo nas diversas Ban-das, Blocos e Troças. A Redinha é uma prova inconteste de resistência à famigerada invasão dessa franquia baiana que só afastou o verdadeiro folião de rua e em muito desvirtuou o nosso característico som pernambucano, tão defendido por Nelson Ferreira, Capiba e nos dias atuais pelo nosso Dosinho. O Trio elétrico baiano ‘matou’ nosso músico e nosso folião de rua...A Banda carioca de Ipanema, fundada em 1965, inspirou outras tantas no Brasil afo-ra. Em Natal surgiram entre outras as existentes: Siri, Baiacu na Vara, Independente da Ribeira, Cheiro de Alecrim e Antigos Carnavais. Todas estas, devendo uma justa reverência a nossa saudosa Bandagália. Ho-je estão vendo que sem à volta do alegre frevo, o ver-dadeiro folião não sai de casa... E parodiando eu dou por encerrada essa conversa comprida feito final de tarde no ‘Café Cova da Onça’: Só não vai atrás de uma Banda que já morreu!

Gutenberg Costa – Escritor, pesquisador e folclorista.

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Como foi o carnaval há cem anos em Natal?(1907-2007) Gutenberg costa Em 1907, em Recife, capital do Estado de Pernambuco, ocorre um marco na história da mú-sica de carnaval, com a introdução de um ritmo contagiante denominado entre os carnavalescos pernambucanos de “Frevo”. Daí vieram os frevos: ‘Frevo-de-Bloco’, ‘Clubes-de-Frevo’, ‘Frevo-de-Rua’, ‘Frevo-Canção’ e ‘Marcha-Frevo’. Além das orquestras volantes chamadas de “Freviocas” e os que dançam o frevo são chamados de - ‘passistas de frevo’. Esse ritmo só che-garia a Natal muitos anos depois e na então capital do país em 1935. E por falar no Rio de Janeiro, ocorreu um escândalo masculino, segundo a historiadora Enei-da Moraes com base no que foi publicado na carioca ‘Gazeta de Notícias’, dando como surgi-mento em 1907 de homens vestidos de mulheres nas ruas durante o animado carnaval carioca. Em Natal, a nossa imprensa já reclamara desde escândalo desde 1891. Natal na frente da moder-na capital do Brasil! Ainda no Rio de Janeiro durante o seu corso oficial, as filhas do Presidente do Brasil, Afonso Pena (1847/1909), são vistas participando desse evento, em um carro aberto. Com as filhas da maior autoridade brasileira indo participarem de um carnaval aberto e popular de rua, quebrava-se então o protocolo familiar presidencial dos antigos carnavais, antes de 1907. Mas o que teria ocorrido no carnaval natalense durante os três dias alegres e rebeldes momes-cos do ano de 1907: Dois elitizados Clubes sociais receberam com pompa os foliões natalenses: ‘Teatro Carlos Gomes’, na Ribeira e o novo ‘Natal Club’, do centro da Cidade Alta. O povo brincou com liberdade e euforia na Rua da Palha, na Cidade Alta e pelas principais ruas do bair-ro da Ribeira. As agremiações de rua eram compostas de alguns grupos de ‘Zé Pereira’, além dos já famosos e antigos Clubes Carnavalescos ‘Vassourinhas’, ‘Aurora Natalense’ e Vasculhadores’, que juntos levavam alegria a nossa festiva gente. As famílias mais abastadas adquiriam suas fantasias em casas comerciais, estas vindas da capital do país em navios e larga-mente anunciadas pelo jornal A República. Muita batalha de confete e serpentina entre os foli-ões da chamada elite natalense, que desfrutavam já da então lança-perfume, que timidamente aparecia por estas bandas, em recipiente de vidro - a suíça ‘Rodo’. As passeatas dos Clubes, Cordões e Sociedades eram chamadas de ‘Préstitos’ desde 1901. As agremiações eram organiza-das, com sede, diretoria e sócios contribuintes. Desfilavam fantasiados com roupas brilhantes, chapéus enfeitados, lenços de seda perfumados e geralmente a cavalos. Havia uma certa rivalidade entre esses Clubes de rua e suas cores oficiais eram diferenciadas, com portentosos estandartes bordados a mão. Tinham seu mestre de manobra que organizava os desfiles e seu diretor social que orgulhosamente dava uma festa a seus confrades em sua resi-dência. Estas levavam alegorias tematizando os seus desfiles. As mulheres saíam em grupos pa-ra vê-los sempre acompanhadas pelos pais, esposos, mães e irmãos atentos aos cavaleiros que tivessem a ousadia de jogar um lenço perfumado a uma dessas jovens expectadoras dos Présti-tos. Nem todas as mulheres podiam ver o carnaval devido à proibição dos pais e maridos. A elas só cabiam o papel de assisti-los nos preparativos, cuidar da culinária para os foliões visitantes ou costurar as suas fantasias e estandartes, pois os Clubes de rua não as aceitavam como inte-grantes em suas apresentações carnavalescas. O dia mais comemorado era a terça-feira gorda. O policiamento não era muito favorável à brincadeira popular de rua, principalmente com o cha-mado ‘povão’, devido o excesso de bebida alcoólica, brigas e mela-mela. A Igreja Católica in-centivava seus fiés a ficarem em casa rezando até a quarta-feira onde todos os brincantes e os caseiros iam unidos tomarem as santas cinzas em forma de cruz nas suas testas.

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Agora perdoados dos peca-dos, aliviados, esperariam o “deus” momo de 1908. Logo após o carnaval de 1907, falece em Natal, a 28 de março, Lourival Açucena, o grande boêmio e animador de nossas festas populares. O mes-mo era natalense, tendo nascido a 17 de outubro de 1827. Poeta, músico, dramaturgo, seresteiro, cantor, animador social de fes-tas, rodas boêmias e folguedos folclóricos. Desse modo come-çamos o carnaval de 1908, sem o animado e bom Lourival. E

assim cada folião, segundo a história pouco deixada em empoeirados e velhos jornais, marcou o seu tempo com sua alegria em favor do nosso carnaval...

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A Imprensa Carnavalesca Natalense Que a nossa Natal já teve bons carnavais todo mundo sabe, principalmente através da nossa memória fotográfica e o que pouca gente tem conhecimento é que existiram inúmeros jornais que circularam durante o seu animado período momesco. A linguagem usada nesses veículos era geralmente cômica e ao mesmo tempo informativa de seus clubes. Traziam quadras poéticas humorísticas e quase sempre o seu corpo redacional era assinado por pseudônimos, notadamente com o intuito de esconder seus verdadeiros redatores e ao mesmo tempo satirizar os seus adver-sários, que faziam parte de outras agremiações rivais. Cabiam aos ditos jornais diários e maiores, apenas o registro dos desfiles oficiais, propagan-das anunciando a chegada dos grandes centros comerciais do País como o Recife e o Rio de Ja-neiro, de vários produtos, tais como fantasias, confetes, serpentinas ou lança perfume, além de esporádicos convites particulares dos principais blocos, troças e bagunças, anunciado ao povo folião natalense, o dia, local e hora de sua saída, como podemos ver um destes que foi publicado no jornal, que necessariamente não era carnavalesco, mas sim recreativo e cultural, nominado de “O Torpedo”, que com destaque anunciou em suas páginas, o “ Carnaval da Divisão Branca”, do ano de 1909, com o seu roteiro saindo da Ribeira até a avenida Rio Branco, no centro, onde naquele tempo já ocorria um grande movimento momesco nas imediações da rua Vigário Barto-lomeu. Um dos primeiros registros que temos é o do jornal “O Parafuso” de 19 de março de 1916, que denuncia alegremente a presença do governador Ferreira Chaves, em meio ao povão festivo do carnaval da rua da Palha, atual Vigário Bartolomeu, no centro. Circularam entre ou-tros veículos de comunicação carnavalesca, felizmente registrados pelos escritores Manoel Ro-drigues de Melo, em seu “Dicionário da Imprensa no RN”, FJA/Cortez editora, 1987 e José Ra-mos Tinhorão, no seu mais recente “A Imprensa Carnavalesca no Brasil”, Editora hedra, 2000: - “O Zé Pereira”, que circulou nos carnavais de 1928 até 1940. “O Frevo”, foi outro jornal famo-so, embora com vida breve entre 1939 e 1942. Um dos mais antigos em circulação me parece que foi “O Bombo”, que representava oficialmente o Bloco “Balança Porém Não Cai”, que era patrocinado pela então Federação Carnavalesca e circulou entre 1946 e 1956. Houve também o “Chico Folia”, que trazia impresso como informação aos seus leitores, letras de marchas, sam-bas e frevos de sucesso da época, ou seja 1960. A partir daí pode até ter existido algum jornal ou informativo entre as dezenas de blocos chamados de elite, que de tão organizados que eram, com música, sede e poder aquisitivo, não seria difícil ter o seu veiculo de informação entre os seus sócios ou componentes foliões. No ano de 2004, o Movimento Cultural e Carnavalesco Antigos Carnavais , para comemo-rar o seu terceiro ano de agitação, lançou um informativo centralizado na memória do nosso car-naval, com trechos de depoimentos de Câmara Cascudo,Umberto Peregrino e Augusto Severo Neto entre outros, trazendo na capa o folião popularmente conhecido como Zé Fufú, em traje do caricato “Amigo da Onça, na esquina da ruas João Pessoa com a Deodoro, dos anos cinqüenta. O referido tablete tem como designe o artista gráfico Marcelo Sena, que o ilustrou com belas fotografias de Zé Areia, Raimundo Amaral e Adiel de Lima, exemplo maior de três irreverentes carnavalescos do passado, este último citado folião, anda vivo, está aí para contar-nos como conseguiu uma farda de aluna da conceituada Escola Doméstica para escandalizar a sociedade estudantil dos anos oitenta. O mais, é quem teve a felicidade de ter vivido os antigos carnavais da cidade do Natal, aonde estiver agora cantarolar até a quarta-feira de cinzas, aquela tão atual e inesquecível canção _ “Recordar é viver, eu ontem sonhei com você...” Gutenberg Costa - Escritor e folclorista

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Memórias do carnaval de Natal

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Antigos Carnavais: um movimento em respeito ao verdadeiro carnaval de rua

Resgatar e preservar uma das mais antigas e populares festas do País não são tarefas fáceis. Mas é isso o que pre-tende o Movimento Antigos Carnavais, um projeto ousado e perseverante que visa, principalmente, valorizar a cultura popular carnavalesca do Rio Grande do Norte, em especial a de Natal, levando

o público a conhecer diversos aspectos do verdadeiro e velho carnaval de rua. Não somente conhecer, o bloco Antigos Carnavais vem proporcio-nando, a cada ano, a legítima folia dos carnavais de outrora, com repre-sentações das décadas de 1940, 1950 e 1960. Através de um autêntico carnaval natalense, os foliões podem desfrutar de músicas, banda de rua, baile e concurso de fantasias, retratando momentos inesquecíveis das antigas festas momescas da cidade, sem pagar nada por isso. O povo é convocado a ir as ruas, acompanhando a banda fantasiado ou não, mas com uma alegria contagiante, livre de conceitos e preconceitos de mica-retas e outras iguarias. O bloco faz carnaval autêntico com banda tocan-do apenas frevo, que é a verdadeira música do carnaval nordestino. O Movimento Antigos Carnavais surgiu em 2002, quando o escritor, pesquisador e folclorista Gutenberg Costa organizou uma exposição fo-tográfica a partir do material que ele vem coletando há duas décadas so-bre a memória carnavalesca de Natal, desde o início do século XX até os dias atuais. E foi a partir do sucesso obtido com a mostra que o proje-to incluiu a realização de um baile carnavalesco à moda antiga. O primeiro baile foi promovido em 2003, com música de orquestra, re-pertório antigo, decoração de época e espaço reservado à memória do carnaval da capital potiguar. A cada ano, também são entregues Troféus Memória Antigos Carnavais a personalidades que contribuíram ou con-tribuem com a festa de Momo.

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RESUMO SOBRE A HISTÓRIA DA SOCIEDADE CULTURAL E CARNALESCA ANTIGOS CARNAVAIS DA CIDADE DO

NATAL/RN.

Declaro para a história e interesses afins que o acima denominado, partiu de minha idéia em pesquisar a história do carnaval natalense no propósito de vir um dia a publicar um livro sobre o assunto. Desde 2002 foi dada a partida para a coleta de fotografias entre os meus fa-miliares e amigos. Tivemos a primeira Exposição de fotografias na Capitania das Artes, entre 05 a 19 de Fevereiro, denominada de VE-LHOS CARNAVAIS DE NATAL. A criação da Banda Antigos Car-navais, com o seu primeiro baile denominado de ‘baile da Saudade’ que aconteceu no pátio da Capitania das Artes. Em 2003 e 2004 a exposição de fotos abrigou-se no Palácio da Cul-tura. A Banda saiu inicialmente do estreito Beco da Lama e houve a premiação do Troféu Memória a dezenas de personalidades do passa-do carnavalesco. O Troféu criado artisticamente por Marcelo Sena, então responsável por toda arte visual da Banda desde o seu início, 2002 , a Banda ANTIGOS CARNAVAIS, teve como principais fun-

dadores: Augusto Maranhão, que foi escolhido como o presidente de honra; Gutenberg Costa, idealizador, pesquisador e arquivista da referida Organização carnavalesca; Marcelo Sena; Mú-cio Araújo; Assunção Ferreira; Fernando Towar, Mery Medeiros, Geir Albuquerque, Adrovando Claro e Augusto Santana, entre outros. Em 2002 e 2003 a coordenação da banda ficou a cargo de Gutenberg Costa. No ano de 2004, principalmente por motivos de saú-de de Gutenberg a coordenação ficou com Marcelo José Araújo de Sena. O Baile da Saudade em 2004, foi realizado na Rua Tavares de Lira. Em 2004 comemoramos o aniversário do amigo e participante da banda cantor Fernando Luís. A partir de 2005, não organizamos exposições foto-gráficas. Em 2007 realizamos o Seminário 100 anos do Frevo, na Capita-nia das Artes. Em 2006 foi confeccionado um bolo de cinco metros de cumprimento na rua para o folião de rua comemorar os nossos cinco anos de folia, com o patrocínio do Supermercado Rede Mais do bairro de Feli-pe Camarão e Supermercado Veneza de Nova Descoberta. A partir de 2006 o Baile da Saudade, foi patrocinado pela Prefeitura e realizado na Rua Chile, Bairro da Ribeira. Em 2007, tivemos uma Banda com 40 músicos e saímos pela primeira vez durante o carnaval (segunda- feira) pela Praia do meio, Rocas e Santos Reis. Os Músicos a partir de então estão sendo coman-dados pelo maestro Resende. A coordenação da Banda desde 2007, vem sendo feita pelos no-mes de Adrovando Claro, Geir Albuquerque , Márcia Moreno, Gutenberg Costa, Múcio Araújo, Marcelo Duarte e Elaynne Costa.

Gutenberg Medeiros Costa

Fundador da SOCIEDADE CULTURAL E CARNAVALESCA ANTIGOS CARNAVAIS

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Antes de tudo, manter a Tradição. “Água mole em pedra dura, tanto bate ate que fura.” O bloco pernan-bucano Galo da Madrugada nasceu em Recife(PE) com poucas pessoas numa brincadeira, tipo troça carna-valesca, do bairro São José. Hoje, com mais de 40 anos de existência é o maior bloco de carnaval do mun-do. Muriçocas do Miramar é um blo-co que nasceu em João Pessoa(PB) há décadas e começou com um gru-pinho de moradores do bairro Mira-mar, que deu o nome de sua agremi-ação a um protesto contra as muriço-cas do citado bairro. Aos poucos

vem se tornando um grandioso bloco carnavalesco, que em quantidade de foliões, só perde para o Galo da Madrugada. Em Natal(RN), o folclorista Gutenberg Costa, reuniu no apertado beco da lama em 2002, menos de 100 pessoas em torno de uma bandinha com 17 músicos, denominada Antigos Carnavais. O evento natalense foi crescendo e teve que mudar a sua concentração para Praça André de Albuquerque, cidade alta, passando por ruas mais largas até a Ribeira, devido aos milhares de pessoas que acompa-nham a sua orquestra com 50 músicos, Rei Momo, Rainha, Padri-nho, Madrinha e Homenagea-do. A diretoria executiva é comporta de sete pessoas que trabalham três meses vo-luntariamente para que 15 dias antes da data oficial do carnaval a banda dos Antigos Carnavais saia às ruas, ou seja, faz a abertura do período carnavalesco de Na-tal, sempre com o evento ocorrendo com muita paz e alegria momesca.

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Dez anos do mais popular carnaval aberto de rua de Natal Antigos Carnavais. dez motivos para você participar deste carnaval de rua e não ficar em casa desolado, triste e na solidão: 1- Ritmo musical agradável - o som é total-mente de frevo e marchas carnavalescas com 50 músicos. “ Eu quero botar meu bloco na rua...” 2- Alegria contagiante - para todas as idades de oito a oitenta anos. “Recomendação dos pediatras e geriatras”. 3- Confraternização - presença de família,

amigos de trabalho, sindicatos, profissionais liberais, imprensa, etc. “Todas as tri-bos” 4- Respeito aos participantes – não é permitido aos foliões trajar roupas inti-mas, fazer violência e portar drogas. “Não se faça de doido, não ...” 5- Segurança – com policiamento durante todo o trajeto do evento. “Seguro morreu de velho..” 6- Organização – não é permitido carro de som ou automóvel com transmissão de musicas em ritmo de axé, aqui manda o frevo. “Bagunça organizada.” 7- Liberda-de – o evento é totalmente aberto ao publico, sem cordas de isolamento (exceto a banda de frevo e seus músicos), cobrança de ingressos ou obrigatoriedade de rou-pas (a banda tem uma camisa anual que serve de suvenir e lembrança aos turistas e interessados). O folião pode levar sua fantasia, sua bebida ou comida, apesar do evento ter algumas breves paradas em bares e distribuição de aguardente . “Nós sofre, mas goza”. 8- Premiação – São escolhidos pela coordenação do evento 10 foliões que estejam fantasiados com a originalidade dos Antigos Carnavais para receberem kits de brindes. “Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar..” 9- Cinema – Mostra de Cinema de Carnaval na rua, cultura também é carnaval. As origens do carnaval do século passado, fazem a alegria e a tradição do carna-val de hoje. “Abre alas que eu quero passar...” 10- Carna-val para todos as idades. “Só não vai quem já morreu...” Lembrete: o bom humor sadio, equilibrado, amigo faz um bem enorme a sua saúde. Levar a vida com alegria e dançando carnaval é benéfico ao nosso organismo. Sorria e brinque um carnaval à moda antiga, vista uma fantasia, improvise se for ocaso, corte uma toalha ou lençol velho e transforme-se em papangu. Corta a ironia e a sátira. Vi-bre com alegria os bons momentos de sua vida, você me-rece!!!

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Padrinho e Madrinha da Banda Todo ano acontece a escolha do Padri-nho e Madrinha da Banda. Em 2010, houve a escolha unica de homenagear o grande compositor e cantor Dosinho como padrinho especial da Banda An-tigos Carnavais, por seu trabalho pela musica do carnaval de Natal e do Nor-deste. Os jornalistas Leo Sodre e Eliza-beth Venturini foram os indicados para serem homenageados em nome dos comunicadores do Rio Grande do Nor-te, como Padrinho e Madrinha da Ban-

da em 2009. No ano de 2008, foram escolhidos como madrinha, Aníria Bar-bosa, professora, produtora cultural e carnavalesca, fundadora de agremia-ções do carnaval do bairro da redinha e para Padrinho, Pedro Grilo Neto, poe-ta, escritor e artista plástico, presidente da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN. O Homenageado do Ano de 2008 foi Anderson Miguel, advogado, empresário e amante dos antigos carna-vais, apoiador da cultura do RN e dire-

tor presidente da uma empresa de mão de obra. Outros Padrinhos e Madrinhas da Banda Antigos Carnavais: 2005 - Rochinha e Leide Camara, 2006 - Roberto Guedes e Carminha Medeiros, 2007 - Babal e Glori-nha Oliveira.

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Uma pequena história da nossa Banda ‘Antigos Carnavais’ (*) Gutenberg Costa Tudo começou com um sonho de um menino pobre que pelas ruas ainda sem calçamento do bairro do Alecrim, saia alegremente no bloco de papangus, organizado pela ativista cultural dona Marlene Teixeira, nas manhãs e tardes de carnaval. Esta mulher guerreira cortava seus lençóis e toalhas de mesa, para vestir dezenas de meninos, entre eles, os seus próprios filhos. Era um saudoso tempo governado por Paulo Maux e seu rival Severino Galvão. O gordo Paulo abraçan-do os foliões e o magro Severino os borrifando perfume, de uma bomba, marca detefon. A ban-da Antigos Carnavais, espelhada nas gloriosas Banda de Ipanema, do Rio de Janeiro e Banda-Gália de Natal, surgiu de um apelo nosso ao então secretário municipal Armando José, em 2002, que de pronto, deu total apoio e 20 músicos para sairmos pelos becos estreitos da artéria chama-da ‘da Lama’ e adjacências da Cidade Alta. Região dos primeiros carnavais natalense nas ani-madas Ruas Grande e da Palha. Um pequeno estandarte doado por Augusto Maranhão e carre-gado alegremente por Fernando Towar. Em sua primeira organização, além de mim, esteve os bravos Marcelo Sena e Múcio Araújo. Os três cavaleiros da alegria! Neste ano fomos até filmado pelo cineasta Carlos Tourinho, que aportara por aqui há pouco tempo. Depois a coisa foi crescendo a cada ano, com históricas brigas com os sucessores

de Armandinho, Franklin Delano e Mar-celo China. Intrigas do bem para se fazer um carnaval de popular de rua, aberto sem cobrança alguma do folião que esta-va desanimado com o som invasor dos baianos, deixando o frevo pernambucano, que sempre foi a nossa identidade musi-cal, esta já centenária e aprovada pelo nosso povo momesco. A cada ano a nos-sa Banda foi homenageando personalida-des carnavalescas, organizando exposi-ções fotográficas e promovendo o seu Baile da Saudade, na Rua Tavares de Li-ra, local de nossa chegada no Bairro da

Ribeira. Depois tivemos a chegada dos aguerridos carnavalescos para engrandecimento da nossa organização de Gêir Albuquerque, Márcia Moreno e do fotografo Adrovando Claro, que conti-nuam até hoje na luta desenfreada para mostrar que é possível trazer o povo de volta ao carnaval de Rua em Natal. Quando completamos cinco anos, com a ajuda do supermercado Veneza do grupo Rede

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Mais, colocamos um bolo gigante de cinco metros na Rua Princesa Isabel, para o povo que lá nos acompanhava. Tudo filmado pela câmera dos jovens cineastas Diogo Moreno e Adrovan-do Claro. Nossa boneca gigante pres-tou a maior homenagem em vida à personagem popular mais conhecida de todos de Natal, conhecida como auto se intitulara ‘Embaixatriz Severina’ ou ‘Administradora Geral do Estado’. Natal era outra no tempo da lúcida prima da rainha Elizabeth, dando ordens e moralizando as nos-sas contas públicas. Era mais temida sozinha, do que todo Tribunal de Contas... De nossas boas brigas trouxemos a eleição aberta do Rei Momo e Rainha, antes em clu-be fechado, para o nosso Baile da Saudade, na Ribeira. Brigamos com o poderoso Trio elétrico e o Axé baiano e até fizemos o grande potiguar compositor e cantor Dosinho, emocionar-se ao ouvir a nossa música carro chefe da Banda ‘Não se Faça de Doido Não’. Atendendo nossas su-gestões então secretário Dácio Galvão, o tratou de merecidamente o homenagear. Historicamen-te devemos muito a Dosinho, que é mais prestigiado em Pernambuco do que na sua própria ter-ra.

Incontáveis foliões se co-locaram a nos apoiar com sua presença, apoio e alegria desde 2002 até os dias atuais, mas um fato que me levou as lágrimas foi quando o amigo Rochinha em 2005, vendo a Banda começar a tocar um frevo, correu em dire-ção a um camelô e comprou rapi-damente uma colorida sombri-nha, par lhe acompanhar em sua esfuziante caminhada. Atitude rochiana, que precisaria de Beri-lo Wanderley e Newton Navarro, juntos para a transcreverem para

os séculos seguintes. Como esta, vemos a cada ano os muitos gestos dos acompanhantes anôni-mos, que ainda acreditam que o carnaval de rua não morreu depois daquele trágico acidente de 1984. Tudo isto é sinal que o nosso bom frevo de rua atrai anualmente mais gente de todas as idades, sem violência, cordão excludente e pagamento de camisetas. O povo tem o devido direi-to de livremente divertiren-se como naqueles velhos tempos de Djalma Maranhão, Tota Zerôn-cio, Zé Areia, Melé, Lucarino, Bum-Bum e tantos outros quixotescos do nosso carnaval de rua natalense.

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Como o objetivo da Banda Antigos Carnavais é primordialmente fazer carnaval de Rua em Natal e paralelamente mostrar o seu lado histórico e cultural, em 2010 realizamos a primeira ‘Mostra

de Cinema Carnaval’, aberta ao povo, exibindo documentários carnavalescos em um telão, to-das as noites, de 25 a 28 de janeiro, no Bar .Amarelinho no centro de Natal. Sabemos que a maior homenagem que se pode fazer a estes dignos momescos citados, é sair de casa, fantasiado ou não e cair ao som do frevo das bandas carnavalescas, que já tradicio-nalmente afronta o todo poderoso ritmo eletrizante fora de época. (*) Fundador da Banda Antigos Carnavais e autor da obra inédita: ‘História do Carnaval da cidade do Natal’.

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“O Dia de Finados talvez seja mais alegre do que o carnaval em Natal” Anualmente, o projeto cultural e carnavalesco Mo-vimento Antigos Carnavais prestigia, através do Troféu Memória, uma personalidade viva do passa-do que contribuiu com a história carnavalesca de Natal e do Rio Grande do Norte. A edição 2005 do projeto homenageou o fotógrafo e carnavalesco Ru-bens Pessoa, paraibano de nascimento, mas potiguar de coração. Um apaixonado pelo samba, pelo folclore e pela cidade que adotou como sendo sua, Rubens Pessoa, apesar de ter recebido da Prefeitura do Natal uma placa de homenagem como o Carnavalesco 2003, culpa os órgãos públicos pelo fato de o tradicional carnaval ter desaparecido. “A maior decepção da minha vida, hoje, é ver o carnaval de Natal, que já foi uma coisa fabulosa, acabado”, lamentou.

Rubens conta que o carnaval de Natal na década de 1940 era tão animado e sadio, que todos brinca-vam. “Hoje, o Dia de Finados talvez seja até mais alegre do que o carnaval em Natal”. Sobre a idéia de resgatar os antigos carnavais, o carnavalesco diz achar difícil, embora não seja impossível. “É preci-so preparar o espírito do povo primeiro”. O carnavalesco Rubens Pessoa participou de inú-meras troças quando criança, e teve destacada par-ticipação quando, com outros carnavalescos, fun-dou a Escola de Samba Pioneiros do Samba, na década de 1940. Seu maior feito histórico, no en-tanto, deveu-se a fundação e participação direta na Escola de Samba Imperadores do Samba, no bairro das Quintas, a partir de 1955 até o ano de 1999, de onde recebeu agremiação carnavalesca com vários títulos e troféus entre as campeãs do passado.

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O homenageado da edição 2005 do Movimento Antigos Carnavais é a memória viva do carnaval do Rio Grande do Norte. A entrega pública do Troféu Memória ocorreu numa quarta-feira, dia 19 de janeiro, às 19 horas, durante o Ensaio Geral, na rua João Pessoa, em Cidade Alta.

Na ocasião, foram entregues as faixas dos padrinhos 2005, Rochinha e Leide Câma-

ra, ao Rei Momo, Augusto Santana, e à Rainha da Banda, Maraíze Soares. Houve, também, o lançamento do novo CD do cantor e com-positor carnavalesco Dosinho, homenageado na edição 2004 do An-tigos Carnavais.

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Mudanças na banda a partir de 2007 com os 100 anos do Frevo O Movimento Cultural e Carnavales-co Antigos Carnavais, fez em 2007 a entrega do diploma Centenário do Frevo, destinado a aqueles que resisti-ram e resistem no gosto e preferência pelo centenário e bom Frevo. A entre-ga foi no dia 31 de janeiro, numa quarta-feira, ás 19 hs, na Capitania das Artes, onde ocorreu uma mesa redonda sobre os 100 anos do frevo, com os nomes dos pesquisadores Lei-de Câmara, Rochinha, Gutenberg Costa, Múcio Araújo, Zé Dias e Dosi-nho. A banda Antigos Carnavais também estimulou os foliões durante o seminário a saírem fantasi-

ados como nos velhos e bons carnavais de rua do século passado, iniciativa do povo, sem venda de abadás, sem corda isolando(aspectos que separam o povo da folia, muito comum em micaretas regionais), apenas vibrando com o frevo e com a ale-gria no asfalto. Neste ano foi criado tam-bém um concurso de fantasias para as me-lhores criações que se apresentassem vo-luntariamente na saída da Banda, receben-do kits de carnaval. A banda, instituiu uma boneca no estilo do carnaval de Olinda da folclórica Seve-rina Embaixatriz, prima paterna, segundo

a própria, da rainha da Inglaterra, Elizabeth, que quem sabe um dia virará também boneca e sai-rão juntas, sem preconceito racial algum. Neste ano a madrinha da banda foi a cantora Glorinha Oli-veira e o Padrinho, foi o cantor Ba-bau. O grande homenageado foi Dosinho e o centenário do Frevo, além de uma homenagem póstuma ao cantor e compositor Braguinha. Foi criado inclusive o site da ban-da: http://antigoscarnavais.tripod.com

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Padrinho Grilo e Madrinha Aníria Todo ano a Associação Cultural e Carnavalesca “Antigos Carnavais, elege nomes de personalidades que representam o carnaval aqui no estado. Foram eleitos para representar a alegria do carnaval de rua do ano de 2008, Aníria Barbosa, como Madrinha da Banda e Pedro Grilo Neto, como Padrinho. Aníria é professora, produtora

cultural e carnavalesca, fundadora de agremiações do carnaval do bairro da redinha como o “Redinha dos meus amores” que já está em seu 5º ano de folia e arrasta em média 300 foliões nos dias de festa. Alegre e sorridente Aníria sempre gostou de carnaval, da alegria que as pessoas transmitem até mesmo para os que não gostam de sair as ruas. Criada na Praia do Meio, desde pequena era criativa, inventava instrumentos e suas próprias fantasias para brincar o carnaval. Vê nos Antigos Carnavais o resgate da história dos dias de Momo e uma oportunidade para unir as pessoas para brincar de pé no chão, escutando boa música extravasando a felicidade. Para Aníria ter sido escolhida como madrinha foi uma “honra, pura felicidade, satisfaz o ego”. Como Padrinho, Pedro Grilo Neto, poeta, escritor e artista plástico, presidente da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte, os Antigos Carnavais é o resgate do carnaval dos tempos de criança. O Poeta sempre foi um menino muito levado e só foi brincar carnaval depois dos 15 anos de idade, pois tinha uma família muito formal. Sempre gostou do carnaval porque deixa as pessoas muito a vontade, é como uma onda arrastando o povo. Se sente duplamente honrado por ter sido escolhido como padrinho, primeiro, por ter sido o nome mais votado entre muitos outros e segundo por conhecer a importância do evento como resgate histórico para a cidade.

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A filmografia do carnaval natalense. (*) Gutenberg Costa Oficialmente o carnaval natalense foi filmado três vezes (1954,1960 e 1975). E para se ter uma idéia do que foi filmado ou o que ocorrera em animação em cada ano, foi necessário recorrer a uma pesquisa em nossos principais jornais de cada ano. Em 1954 o carnaval começou num domingo, dia 28 de fevereiro. Carnaval filmado: Ainda no citado jornal de 24 de fevereiro, saiu à histórica manchete: - “A filmagem do carnaval animará ainda mais a grande folia de 1954 – o cinegrafista José Seabra entrará em ação logo no sábado gordo – o filme será exibido em todo o Brasil..”. Além da prefeitura de Natal, várias firmas apoiaram o referido cineasta nesta marcante empreitada de filmagem do nosso carnaval. E os equipamentos foram trazidos do Rio de Janeiro pelo próprio Zé Seabra – (1922/1978). Os principais bailes de carnaval que foram noticiados nesta ‘Tribuna’, foram: ‘Aero Clube’, ‘América’, ‘Brasil Clube’, ‘Assen’, ‘Alecrim Clube’ e ‘CSSA’. Na Federação Carnavalesca, a presidência estava com o senhor ‘Marcelo Fernandes’. A Rainha do carnaval natalense, era a jovem ‘Rosângela Maldonado’, que obteve 172.711 votos, colhidos pela Associação dos Cronistas Carnavalescos. O Rei momo oficial, o aguerrido folião ‘Luiz Obson Doblechem’, que desbancou o veterano ‘Zé Areia’. Rei do Protesto: Zé Areia, também vestido de Rei momo saiu irreverentemente ás ruas. Corso: O carnaval oficial ocorreu na Avenida Deodoro, no centro da cidade. Blocos nas ruas: ‘Bloco Jardim da Infância’, ‘Deliciosos na Folia’, ‘Azes do Ritmo’, ‘Corsários Negros’ e o famoso ‘Balança Porém não Cai’. Balanço do carnaval: No jornal Tribuna do Norte, o jornalista ‘Rômulo Wanderley’, comenta em sua coluna – ‘A Nota da Manhã’, fazendo alusão ao que ocorreu nesse ano: ”... muitos homens fantasiados de mu-lher e poucas mulheres fantasiadas de homem... O carnaval foi fraco, não resta dúvida... os 50 cruzeiros de uma lança-perfume da para dois quilos de carne de segunda ou um quilo de café... o corso na Avenida Deodoro não cor-respondeu á expectativa do povo. A rua João Pessoa ficou triste”. Fundada no Bairro das Quintas a Escola de Samba ‘Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperadores do Samba’, em 25 de setembro. Iniciativa do carnavalesco ‘Rubens Pessoa’, ex-fotógrafo profissional e aposentado da Assessoria de Imprensa do Governo do Estado. A citada ‘Escola’ durante sua existência foi campeã em diversas oportunidades. A mesma tinha em seus quadros a mais famosa baiana de nossas Escolas, a saudosa – ‘Mamãe Dolores’. A citada agremiação é oriunda de outra Escola – ‘Pioneiros do Samba’, também fundada pelo incansável - ‘Rubens Pessoa’. Apesar da crise financeira no país, da inflação dos produtos carnavalescos e da proibição da então Igreja, o nosso carnaval de 1954, foi filmado pelo que se sabe pela primeira vez, embora não se saiba aonde esteja este histórico filme. Em 1960 o carnaval de Natal é filmado pela segunda vez. Ano bissexto, com o domingo de carnaval no dia 28 de fevereiro. Realezas: O Rei Momo foi o gordo carnavalesco - ‘Paulo Maux’ e a Rainha a jovem - ‘Diva Nóbrega’. Nos Clubes sociais ‘AERO’, ‘ASSEN’ ‘ABC’, ‘Alecrim’ e ‘América’ os bailes foram animadíssimos e começaram logo na sexta-feira, todos devidamente decorados para chamar à atenção dos seus sócios e foliões avul-sos. Rádios: O jornal ‘A República’ de 25 de fevereiro, já divulgava as duas equipes das Rádios ‘Poti’ e ‘Nordeste’ que iriam fazer cobertura no carnaval. Carestia e apoio oficial ao carnaval: Os ‘preços altos’ deste ano chamavam à atenção dos leitores do jornal e data acima citados, com a seguinte manchete: “Com cerveja a 50 e lança perfume a 200, natalense vai precisar de bom dinheiro para brincar o carnaval”. Apoio oficial: O então Prefeito ‘José Pinto Freire’ não poupou apoio ao carnaval de rua, segundo o presidente da ‘Federação Carnavalesca’, ‘Omar Pimenta’. O comércio local colaborou, cedendo as taças ás agremiações campeãs. Djalma Maranhão, forte candidato a prefei-tura de Natal, esteve presente ao lado das agremiações e do povo folião. Mais de quarenta agremiações foram ins-critas na dita organização: ‘Xamêgo’, ‘Cacareco’, ‘Azes da Folia’, ‘Na Base do Amor’, ‘Karfagestes’, ‘Imperadores do Samba’ - tri-campeão, ‘Bandoleiros do Amor’, ‘Aza Branca’, ‘Imperadores do Ritmo’, ‘Malandros do Samba’, ‘Serralheiros na Folia’, ‘Bambelô do Calixto’, ‘Inocentes do Samba’ e ‘Índios Tupinambás’, ‘Favela Chegou’, ‘Animadores do Samba’, ‘Dominados pelo Amor’, ‘Índios Carijós’, ‘Índios Guaiacurus, ‘Satélite’, ‘Bloco Urso’, ‘Índios Aimorés’, ‘Acadêmicos do Samba’, ‘Milionários’, ‘Pirilampos’, ‘Malabaristas’, ‘Shangay’, ‘Xamego’, ‘Bacurinhas’, ‘Jardineiros’, ‘Índios Amararís’, ‘Bossa Nova’, ‘Carnaval do Passado’, ‘Brotinhos na Folia’, ‘Cancioneiros do Amor’, ‘Filhinhos do Cacareco’, ‘Teleguiados’, ‘Peraltas’, ‘Hi Fi’ e ‘Índios Flexa Ligeira’. Corso e comissão: O palanque oficial do carnaval foi armado na Rua Deodoro, Cidade Alta. A comissão julgadora dos desfiles foi constituída dos nomes: ‘Grimaldi Ribeiro’, ‘Omar Pimenta’, ‘Antônio Pio Cavalcanti’, ‘Serquiz Farkat’, ‘Benivaldo Azevedo’, ‘João Gomes da Rocha’ e ‘Rubens Massud’. O Governador ‘Dinarte Mariz’ passou o carnaval no interior do Estado. Boato no carnaval: O jornal ‘A República’, de 03 de março, na quarta feira de cinzas dá um tópico sobre uma acontecida ‘rebelião’ com nossa oficial majestade. Antes mesmo de reinar, o Rei

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Paulo Maux, teve conhecimento de uma rebelião para derrubá-lo do trono. A dita rebeldia teria sido ‘comandada’ pelas ex-majestades: - ‘Zé Seabra’, ‘Aureliano Medeiros Filho’, ‘Luizinho Doblecheque’ e ‘Zé Areia’ que vi-sava recolocar no trono, o mais célebre Rei - ‘Luizinho Doblecheque’... pretendiam atirar o Rei Momo Paulo Maux, da ponte de Igapó sobre o rio Potengi”. Apesar do citado boato, o nosso Rei ‘Paulo’ reinou com tranqüi-lidade por muitas décadas à frente desses citados concorrentes. Paz e almo-ço: Talvez sentindo esse acirramento, o então deputado federal Djalma Maranhão promoveu entre todas as majestades uma farta confraternização, segundo o jornal Tribuna do Norte, de 29 de fevereiro de 1960. O ainda incansável folião Djalma Maranhão, conforme a imprensa teria visitado muitas residências de amigos durante o período momesco, nas ilustres companhias dos jovens foliões – Newton Navarro e Walflan de Queirós. Historicamente, Djalma foi o Prefeito de Natal, que mais participou e apoi-ou o carnaval. A Escola campeã de 1960 foi a “Imperadores do Samba”. Na entrega das taças aos campeões, houve um destacado incidente, quando a Escola “Azes da Folia”, em segundo lugar, teria amassado a sua taça e a jogado em direção ao palanque oficial das autoridades. Já os clubes mais animados segundo a crônica social do jornal ‘A República’ foram: AABB, AS-SEN, CSSA, Alecrim Clube, Clube dos Sargentos da Polícia Militar, América e Clube dos Caçadores. O carnaval de 1960 foi historicamente filmado e este filme em preto e branco e com sonoridade, não se sabendo até o momento quem o teria dirigido (cineasta). Esta citada cópia, nos chegou através do pesquisador e médico Ernane Rosado, em 2009. São imagens que retratam alegria de rua com o seu prefeito José Pinto e o Rei Momo Paulo Maux. Outra vez o carnaval natalense foi filmado. Era o ano de 1975, com o dia 9 de fevereiro sendo o do-mingo gordo de carnaval. Os desfiles oficiais ocorreram nas Avenidas Deodoro e Floriano Peixoto. O Órgão res-ponsável pelos festejos foi a Secretaria Municipal de Turismo e Certames. O secretário era ‘Paulo Macedo’. O Rei Momo foi outra vez o já veterano ‘Paulo Maux’ e a Rainha, a Jovem ‘Iolanda Ferreira da Silva’. O Prefeito da cida-de do Natal era ‘Jorge Ivan Cascudo Rodrigues’, que apoiava o carnaval e era muito amigo dos carnavalescos. As agremiações que fizeram parte do programa oficial foram as: Índios: “Igaporés, Guainazes, Bororós, Tupinam-bás, Apáches, Tabajaras, Potiguares, Guaranis, Surubajás e Gaviões”. Escolas de Samba: “Pirilampos, Império Ser-rano, Mangueira, Berimbau, Império do Samba, Caboclinhos, Esperança, Império do Salgueiro, Cacique no Samba, Balanço do Morro, Imperadores, Malandros e Asa Branca e Bafo da Onça – de Macaiba”. Clubes: O ‘América’ começou com a festa dos ‘Trópicos’, uma tradicional do jornalista ‘Jota Epifânio’. Outros clubes que realizaram bailes: Aero Clube, Assen, Albatroz, Atlântico e Alecrim Clube, Intermunicipal da Cidade da Esperança, Redinha Clube e Racing das Rocas. Blocos e Bagunças: O ‘Ynrra’ era constituído de vários componen-tes, entre eles: “Amador, Marcílio, Flavinho, Sérgio Sapo, Lourenço, Tasso, Nelson, Paulo Freire, Eduardo, Marce-lo, Galego Solon, Gondim, Wilsinho, Eudes, Wilson, Chagas e Niltinho”, segundo o colunista social Epifânio. ‘Cafargestes’ – esse do Bairro das Rocas, ‘Bagunça do Careca’ - do Bairro do Alecrim, ‘Saca-Rolha’ - com 48 componentes, ‘Turma do Sereno’ - do Bairro das Rocas, ‘Donzelos’ - da família Gosson, ‘Os Anjos’, ‘Jardineiros’, ‘Lunik’, ‘Xafurdo’, ‘Deuses’, ‘Apaches’, ‘Ressaka’, ‘Jardim de Infância’, ‘Filhos de Mãe’, ‘Zamby’, ‘Rapazes da Moda’, ‘Arrocho’, ‘Terríveis’, ‘Magnatas’ e ‘Os Lordes’. Glória: Nossa famosa cantora ‘Glorinha Oliveira’, ani-mou o clube Albatroz e o então – ‘Carnaval da Saudade’, uma popular prévia carnavalesca da ‘Rádio Cabugi’ e do jornal ‘Tribuna do Norte’, foi realizada sob o comando do saudoso radialista ‘Assis de Paula’, na Avenida Tavares de Lira, onde recebeu as ilustres presenças de ‘Câmara Cascudo’, ‘Newton Navarro’, ‘Governador Cortez Pereira’ e o Vereador folião - ‘Érico Harckadt. Meia proibição: Na coluna do jornalista ‘Woden Madruga’, do dia 7 de feve-reiro, o seguinte destaque foi dado: “O Secretário de Segurança proibiu o uso de tangas... Nas praias pode, no car-naval, não!...”. A Escola de samba campeã 75 foi a ‘Malandros do Samba’. Festa nas Rocas na porta do mestre Me-lé. E o nosso carnaval estava sendo filmado pela terceira vez, agora com patrocínio das lojas ‘A Sertaneja’, do saudoso empresário ‘Radir Pereira’. Foram feitas imagens dos clubes América e Aero - segundo o jornal ‘Tribuna do Norte’, na coluna de Jota Epifânio, do dia 13 de fevereiro. E as filmagens que foram feitas mos-tram o grande carnaval que houve nos referidos Clubes. Lamentável que não se saiba até o momento quem teria sido o responsável pelas filmagens, nem onde as mesmas estão ou se ainda existem. Natal é mesmo, como definiu o mestre Câmara Cascudo: “Não consagra, nem desconsagra!”. (*) Pedagogo, folclorista e pesquisador do carnaval natalense.

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Cinema, frevo e alegria na saída da Banda Antigos Carnavais Um feito histórico de resgate do carnaval natalense foi a mostra de Cinema da Banda Antigos Carnavais, apresentada numa quinta-feira,dia 28 de janeiro de 2010, no Bar Amarelinho, cen-tro de Natal, um docu-mentário inédito de 10 minutos produzido nos anos 60. O filme de autoria desconheci-da apresenta o prefeito José Pinto premiando integrantes da Imperatriz do Samba, Malandros do Samba, Asa Branca entre outras entidades do carnaval natalense da época. Há cenas de

carnaval nos clubes Assen, ABC, Clube de Sargento da PM e do Alecrim F. C. U-ma filmagem rápida do corso na avenida Deodoro e imagens da rainha Diva No-brega, do Rei Paulo Maux, do Djalma Maranhão e de outras personalidades do século passado, fa-zem parte do docu-mentário Carnaval em Natal dos Anos

60. A mostra de Cinema da banda, foi de 25(segunda-feira) a 28(quinta-feira) de janeiro de 2010. Na quinta, além do encerramento da mostrade cinema de carna-val, houve o ensaio geral da Banda Antigos Carnavais com a rainha do evento, Sá-mila Fernandes e do homenageado especial Dosinho. A Capitania das Artes ofere-ceu aos convidados um coquetel.

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Banda na rua é o objetivo todos os anos, mesmo sem recursos

maiores “Antigos Carnavais”, cujo foco

central é o resgate e a preservação de uma das mais antigas e populares fes-tas do nosso país e do nosso Estado: O CARNAVAL.

Nosso objetivo é proporcionar o conhecimento do nosso trabalho nes-ta área, é buscar cada vez mais a soli-dariedade e o apoio da povo e conse-qüentemente dos próprios carnavales-

cos, que é tem nossa parceira há 10 anos e tanto nos honra a cada perío-do momesco. Somos um grupo de profissio-nais liberais que encontramos no carnaval uma forma de contribuir-mos para a consciência das novas gerações da necessidade da preser-vação dos valores mais reais do po-vo brasileiro. Sua espontaneidade, criatividade, ironia, alegria, rebeldia. Resgatar e preservar o autêntico car-naval natalense é nosso objetivo maior. Temos em nosso arquivo mais de quinhentas fotografias anti-

gas retratando o nosso bom e saudoso carnaval, de 1909 a 2005. Organizamos palestras, seminá-rios, exposições fotográficas e pesquisamos a sério o assunto.

Assim exposto, esperamos contar com a divulgação de todos que nos ajudam quanto aos eventos dos Antigos Carnavais”, que não fecha rua e nem cobra valor algum do folião para poder brincar o verdadeiro car-naval ao som de frevo e marchas car-navalescas.

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CONCURSO DE FANTASIAS DO MOVIMENTO ANTIGOS CARNAVAIS Com o propósito de resgatar a cultura carnavalesca do século passado, em especial das décadas de 1940, 1950 e 1960, foi instituído o Concurso de Fantasias do Movimento Antigos Carnavais. A idéia é resgatar a memória dos foliões carnavalescos de antigamente, que atraiam atenções e animavam os eventos de clubes e ruas. Para participar, o interes-sado basta aparecer fantasiado na concentraçao do evento. Para tanto, as fantasias deverão obedecer ao tema “Antigos Carnavais”, exibindo criatividade em

modelos parecido tais como Colombi-nas, Odaliscas, Ciganas, Marinheiros, Palhaços, Piratas, Caciques, Havaianas, Árabes, Romanos, Papangus, Presidiá-rios, Princesas, Colegiais, Pierrôs, entre outras. A premiação sempre consta de kits de carnaval, troféu e medalhas às melhores fantasias. Os participantes tem livre criatividade para pesquisar e resga-tar os carnavais de épocas. Tudo incen-tivando ao povo usar a criatividade e criar sua própria fantasia, lembrando os

antigos carnavais de rua. A cada ano aumenta o nú-mero de populares que aparecem na saída da banda, inteiramente fantasiados de palhaços, pierrôs, co-lombinas, piratas, árabes, mascarados e enfim op-tando pela liberdade de escolher sua vestimenta car-navalesca e sair brincando com alegria. As inscrições são gratuitas e feitas na hora da con-vocação do concurso no palco instalado no local.

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Depoimentos “Prefiro dizer a frase assim: Quem não gosta de frevo,bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça ou doente do pé. Conheci o movimento de resgate aos Antigos Carnavais, idealizado por Gutenberg Costa, já no seu segundo ano de vida ou seja a nove anos atrás, procurei a direção e disse que gostaria de ajudar, fui re-cebida de braços abertos por todos e é com enorme prazer e orgulho que faço parte dessa irmandade chamada Banda Antigos Carnavais, onde hoje tenho espaço na coordenação. Espero que as nossas próxi-mas gerações possam entender e continuar nosso trabalho em prol do carnaval de rua, com toda exuberância e pureza que nos trás, sen-tir a alegria e o cheiro do povo, sair as ruas dançar, cantar, frevar e não ter vergonha de ser feliz .” (Márcia Moreno)

Fui convidado pelo nosso querido amigo Gutenberg Costa para fazer um trabalho para o saudoso Celso da Silveira (os 50 anos de atividades) apos a exposição fotográfica fomos tornando-se cúmplice dos nossos trabalhos, onde fui convidado para fazer parte do Grupo Antigos Carnavais (2000). A idéia era fazer uma exposição fotográfica dos antigos carnavais de rua da nos-sa cidade, sendo da antiga coordenação dos antigos carnavais a ter mais dor de cabeça, mais no final com muitas conquistas. As idéias surgiram à medida que íamos trabalhando, muito foi proposto, mais conseguimos o ponto máximo nas nossas idéias carnavalescas como a 1ª exposição fotográfica sobre carnaval, revitalização do antigo baile da saudade, corço pelas ruas da cidade à moda antiga onde todos brincavam como antigamente. Hoje somos considerados como os incentivadores e revitalizadores dos ANTIGOS CARNAVAIS, pois a nossa proposta sempre foi a revitali-zação dos antigos costumes do passado carnavalesco das marchinhas de carnaval e dos ve-lhos e queridos carnavais. (Marcelo Sena)

“Gutenberg me convidou um tempo atrás pra acompa-nhar a banda registrando através de fotografia a folia na rua. Com o tempo fui me aproximando mais da banda e ajudando principalmente na divulgação pela internet, com informações para a imprensa e os foliões que nos acompa-nham todos os anos. Apesar de não ser um folião de “pinotar” no meio da rua com a banda, gosto da proposta de resgatar um carnaval que é o típico brasileiro: DE

RUA. Ver o povo feliz atrás da banda, sem pagar nada pela brincadeira, mostra como o frevo é ainda uma resistência histórica frente as micaretas fora de época que só visam lu-cros comerciais. A banda Antigos Carnavais ainda tem muito chão pela frente e aos pou-cos vai ter mais reconhecimento e admiração do povo que gosta de carna-val .” (AdrovandoClaro)

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Letras de Marchinhas de Carnaval ABRE ALAS (Chiquinha Gonzaga, 1899) Ó abre alas que eu quero passar Ó abre alas que eu quero passar Eu sou da lira não posso negar Eu sou da lira não posso negar Ó abre alas que eu quero passar Ó abre alas que eu quero passar Rosa de ouro é que vai ganhar Rosa de ouro é que vai ganhar ALLAH-LÁ-Ô (Haroldo Lobo-Nássara, 1940) Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô Mas que calor, ô ô ô ô ô ô Atravessamos o deserto do Saara O sol estava quente Queimou a nossa cara Viemos do Egito E muitas vezes Nós tivemos que rezar Allah! allah! allah, meu bom allah! Mande água pra ioiô Mande água pra iaiá Allah! meu bom allah AURORA (Mário Lago-Roberto Roberti, 1940) Se você fosse sincera Ô ô ô ô Aurora Veja só que bom que era Ô ô ô ô Aurora Um lindo apartamento Com porteiro e elevador E ar refrigerado Para os dias de calor Madame antes do nome Você teria agora Ô ô ô ô Aurora BALANCÊ (Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936) Ô balancê balancê Quero dançar com você Entra na roda morena pra ver

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Ô balancê balancê Quando por mim você passa Fingindo que não me vê Meu coração quase se despedaça No balancê balancê Você foi minha cartilha Você foi meu ABC E por isso eu sou a maior maravilha No balancê balancê Eu levo a vida pensando Pensando só em você E o tempo passa e eu vou me acabando No balancê balancê BANDEIRA BRANCA (Max Nunes-Laércio Alves, 1969) Bandeira branca amor Não posso mais Pela saudade que me invade Eu peço paz Saudade mal de amor de amor saudade dor que dói demais Vem meu amor Bandeira branca eu peço paz CABELEIRA DO ZEZÉ (João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963) Olha a cabeleira do zezé Será que ele é Será que ele é Será que ele é bossa nova Será que ele é maomé Parece que é transviado Mas isso eu não sei se ele é Corta o cabelo dele! Corta o cabelo dele! CACHAÇA (Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953) Você pensa que cachaça é água Cachaça não é água não Cachaça vem do alambique E água vem do ribeirão Pode me faltar tudo na vida Arroz feijão e pão Pode me faltar manteiga

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E tudo mais não faz falta não Pode me faltar o amor Há, há, há, há! Isto até acho graça Só não quero que me falte A danada da cachaça CHIQUITA BACANA (Braguinha-Alberto Ribeiro, 1949) Chiquita bacana lá da Martinica Se veste com uma casa de banana nanica Não usa vestido, oi! não usa calção Inverno pra ela é pleno verão Existencialista com toda razão Só faz o que manda o seu coração, ôi! CIDADE MARAVILHOSA (André Filho, 1934) Cidade maravilhosa Cheia de encantos mil Cidade maravilhosa Coração do meu Brasil Cidade maravilhosa Cheia de encantos mil Cidade maravilhosa Coração do meu Brasil Berço do samba e das lindas canções Que vivem n'alma da gente És o altar dos nossos corações Que cantam alegremente Jardim florido de amor e saudade Terra que a todos seduz Que Deus te cubra de felicidade Ninho de sonho e de luz ÍNDIO QUER APITO (Haroldo Lobo-Milton de Oliveira, 1960) Ê ê ê ê ê índio quer apito Se não der pau vai comer Lá no bananal mulher de branco Levou pra pra índio colar esquisito Índio viu presente mais bonito Eu não quer colar Índio quer apito A JARDINEIRA (Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938) Ó jardineira porque estás tão triste

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Mas o que foi que te aconteceu Foi a camélia que caiu do galho Deu dois suspiros e depois morreu Vem jardineira vem meu amor Não fiques triste que este mundo é todo seu Tu és muito mais bonita Que a camélia que morreu MAMÃE EU QUERO (Jararaca-Vicente Paiva, 1936) Mamãe eu quero, mamãe eu quero Mamãe eu quero mamar Dá a chupeta, dá a chupeta Dá a chupeta pro bebe não chorar Dorme filhinho do meu coração Pega a mamadeira e vem entrá pro meu cordão Eu tenho uma irmã que se chama Ana De piscar o olho já ficou sem a pestana Olho as pequenas mas daquele jeito Tenho muita pena não ser criança de peito Eu tenho uma irmã que é fenomenal Ela é da bossa e o marido é um boçal MARCHA DO REMADOR (Antônio Almeida - 1969) Se a canoa não virar olê olê olá Eu chego lá Rema rema rema remador Quero ver depressa o meu amor Se eu chegar depois do sol raiar Ela bota outro em meu lugar MÁSCARA NEGRA (Zé Keti-Pereira Mattos, 1966) Quanto riso oh quanta alegria Mais de mil palhaços no salão Arlequim está chorando Pelo amor da colombina No meio da multidão Foi bom te ver outra vez Está fazendo um ano Foi no carnaval que passou Eu sou aquele pierrô Que te abraçou e te beijou meu amor Na mesma máscara negra Que esconde o teu rosto Eu quero matar a saudade

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Vou beijar-te agora Não me leve a mal Hoje é carnaval ME DÁ UM DINHEIRO AÍ (Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959) Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí! Não vai dar? Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão Que eu vou fazer bebendo até cair Me dá me dá me dá, ô! Me dá um dinheiro aí! O TEU CABELO NÃO NEGA (Lamartine Babo-Irmãos Valença, 1931) O teu cabelo não nega mulata Porque és mulata na cor Mas como a cor não pega mulata Mulata eu quero o teu amor Tens um sabor bem do Brasil Tens a alma cor de anil Mulata mulatinha meu amor Fui nomeado teu tenente interventor Quem te inventou meu pancadão Teve uma consagração A lua te invejando faz careta Porque mulata tu não és deste planeta Quando meu bem vieste à terra Portugal declarou guerra A concorrência então foi colossal Vasco da gama contra o batalhão naval PIERRÔ APAIXONADO (Noel Rosa-Heitor dos Prazeres, 1935) Um pierrô apaixonado Que vivia só cantando Por causa de uma colombina Acabou chorando, acabou chorando A colombina entrou num butiquim Bebeu, bebeu, saiu assim, assim Dizendo: pierrô cacete Vai tomar sorvete com o arlequim Um grande amor tem sempre um triste fim

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Com o pierrô aconteceu assim Levando esse grande chute Foi tomar vermute com amendoim PIRATA DA PERNA DE PAU (Braguinha, 1946) Eu sou o pirata da perna de pau Do olho de vidro da cara de mau Minha galera Dos verdes mares não teme o tufão Minha galera Só tem garotas na guarnição Por isso se outro pirata Tenta a abordagem eu pego o facão E grito do alto da popa: Opa! homem não! QUEM SABE, SABE (Jota Sandoval-Carvalhinho, 1955) Quem sabe, sabe Conhece bem Como é gostoso Gostar de alguém Ai morena deixa eu gostar de você Boêmio sabe beber boêmio também tem querer SACA-ROLHA (Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953) As águas vão rolar Garrafa cheia eu não quero ver sobrar Eu passo mão na saca saca saca rolha E bebo até me afogar Deixa as águas rolar Se a polícia por isso me prender Mas na última hora me soltar Eu pego o saca saca saca rolha Ninguém me agarra ninguém me agarra SASSARICANDO (Luiz Antônio, Zé Mário e Oldemar Magalhães, 1951) Sassassaricando Todo mundo leva a vida no arame Sassassaricando A viúva o brotinho e a madame O velho na porta da Colombo É um assombro Sassaricando

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Quem não tem seu sassarico Sassarica mesmo só Porque sem sassaricar Essa vida é um nó TA-HÍ! (Joubert de Carvalho, 1930) Taí eu fiz tudo pra você gostar de mim Ai meu bem não faz assim comigo não Você tem você tem que me dar seu coração Meu amor não posso esquecer Se dá alegria faz também sofrer A minha vida foi sempre assim Só chorando as mágoas que não têm fim Essa história de gostar de alguém Já é mania que as pessoas têm Se me ajudasse Nosso Senhor Eu não pensaria mais no amor YES, NÓS TEMOS BANANAS (Braguinha-Alberto Ribeiro, 1937) Yes, nós temos bananas Bananas pra dar e vender Banana menina tem vitamina Banana engorda e faz crescer Vai para a França o café, pois é Para o Japão o algodão, pois não Pro mundo inteiro, homem ou mulher Bananas para quem quiser Mate para o Paraguai Ouro do bolso da gente não sai Somos da crise, se ela vier Bananas para quem quiser

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Baile da Saudade, escolha da Rainha e do Rei Momo do Carnaval de Natal

Banda se preparando para saída com boneca Severi-na, Imperatriz do Brasil e com o estandarte.

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Banda na praia do meio e no bairro das Rocas, fazendo o carnaval do sabado e da segun-da—feira na cidade “fantasma” de Natal.

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Maestro Resende, Aniversario da Banda, camiseta suvenir e Dosinho homenageado nos 100 anos do Frevo

Banda nas Rocas fazendo “barulho”para animar o carnaval do bairro.

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Mulheres participam da Banda, boneca Severina na folia, Dosinho e Múcio nos 100 anos do Frevo, rainha da banda de 2010 e banda ensaiando no Restaurante do Sesc.

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Glorinha Oliveira recebendo o certificado dos 100 anos do Frevo, Leide Camara e Rochinha na palestra do Frevo, banda ensaia no restaurante do Sesc e faz uma mostra fotográfica. Povo na rua sem corrente de iso-lamento e prestigiando o primeiro ano da banda. Integrantes da banda com Rei Momo e Rainha do Bloco do Shopping Popular da Cidade Alta em 2009, prestigiando o carna-val de rua.

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Apoio Cultural: