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$: Antes Que O Dia Amanheça - megapro.com.br... conquistou. Não passa de uma invejosa fracassada, que não tem onde cair morta! CLOSE EM SIMONE. FUNDE COM/ _____ FLASHBACK 1. MANSÃO$
Direção de Dramaturgia MEGAPRO

Central MEGAPRO de Produções (CMP) Cap. 11

“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva do MEGAPRO e por conter informações confidenciais,

não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o

prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”

Antes Que O Dia

Amanheça

Novela de

JOÃO CARVALHO

Escrita por

João Carvalho

Direção

Lucas Luciano

Weslley Vitoritti

Direção Geral

Lucas Luciano

Direção Artística

Weslley Vitoritti

Personagens deste capítulo

BELIZA

CAIO CAMILA

CECÍLIA CLARA COSME

DAMIÃO

DIANA

GABRIEL HUGO

JACK

JUJU

LEIA LETÍCIA

LUAN

MALU MECA

PÉRSIA

RICARDO

SIMONE TEREZA

ZUCA

Ant. Que O Dia Aman. Capítulo 11 Pag.: 2

CENA 01. CADEIA. SALA DE VISITAS. INTERIOR. NOITE.

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR –

SIMONE OLHA PARA A FOTO E PARA ANA. AINDA INCRÉDULA.

SIMONE — Os dois?! No meu escritório?

ANA — Pra você ver... Simone, a Léia nunca foi sua amiga. Ela queria

status, fama... Queria ser o que você é, conquistar o que você conquistou. Não passa de uma invejosa fracassada, que não tem onde cair morta!

CLOSE EM SIMONE. FUNDE COM/

____________________________

FLASHBACK 1. MANSÃO DE SIMONE. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA.

LÉIA NO CELULAR. SIMONE DESCE AS ESCADAS LENTAMENTE, SEM QUE ELA

PERCEBA.

LÉIA — (CEL.) Mas a Simone não pode nem desconfiar! Tem que ser

tudo sigilo. Olha, César... Faz o que eu tô mandando. Boca

fechada!

SIMONE — (INTERROMPE) O que eu não posso desconfiar, Léia?

LÉIA SE ASSUSTA E DESLIGA O CELULAR RAPIDAMENTE. VAI ATÉ SIMONE, QUE ESTÁ

DESCONFIADA.

LÉIA — Que susto, Simone. É uma surpresa! Não posso te contar

ainda, mas você vai adorar quando souber!

CLOSE EM SIMONE.

FLASHBACK 2. ESCRITÓRIO DE SIMONE. SALA DE CÉSAR. INTERIOR.

DIA.

LÉIA E CÉSAR SE BEIJANDO. ELES VEEM A MAÇANETA MEXENDO E SE AFASTAM.

SIMONE ABRE A PORTA.

SIMONE — Ué, Léia! Que que cê tá fazendo aqui? Pensei que tivesse ido

visitar sua tia de São Paulo.

LÉIA — Não, não. Eu passei aqui só pra perguntar o César por você. É

que eu queria me despedir.

SIMONE — (DESCONFIADA) Ah, sim!

EM LÉIA SORRINDO.


FLASHBACK 3. MANSÃO DE SIMONE. SALA DE ESTAR. INTERIOR.

NOITE.

SIMONE ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO EM CASA. LÉIA TENTA ACALMÁ-LA.

SIMONE — Não gosto quando a Malu sai assim. Sozinha. Fico preocupada

com assalto, essas coisas.

LÉIA — Deixa a menina ir, Simone. Deixa ela se divertir! E olha... A

Malu sabe se cuidar, ela é responsável. Não tem motivo pra se

preocupar.

EM SIMONE PREOCUPADA.

FLASHBACK 4. MANSÃO DE SIMONE. SALA DE ESTAR. INTERIOR.

NOITE.

SIMONE — (Tel.) Quanto você quer?

BANDIDO — (Cel./OFF) 500... Eu quero 500 mil na minha mão, madame!

EM SIMONE ESPANTADA.

SIMONE — (Tel.) 500 mil? É muito dinheiro...

LEIA — É pela Malu, Simone. Por favor... Não nega. Não nega!

SIMONE OLHA PARA O DESESPERO DE LEIA. VOLTA AO TELEFONE.

SIMONE — (Tel.) Tá bem, tá bem. E como eu te entrego esse dinheiro e

tenho certeza de que cê vai me entregar a Malu bem?

FLASHBACK 5. LOTE VAZIO. EXTERIOR. DIA.

LOTE COMPLETAMENTE DESERTO. ALGUMAS CASAS TAMBÉM ABANDONADAS A SUA VOLTA. O CARRO DE SIMONE CHEGA ALI. A CÂMERA MOSTRA O CARRO DO

BANDIDO JÁ PARADO ALI. SIMONE ESTACIONA. ELA E LEIA DESCEM, EM SEGUIDA. O BANDIDO ENCAPUZADO APROXIMA-SE DELAS.

BANDIDO — E o dinheiro?

SIMONE — Tá no meu carro. Numa mochila. Cadê a minha filha?

BANDIDO — O dinheiro, primeiro.

SIMONE — E como é que eu vou ter certeza de que ela tá bem? Primeiro,

eu quero ver a minha filha.

O BANDIDO VAI ATÉ O CARRO. TIRA MALU DE LÁ, DESAMARRADA. PÕE UM REVÓLVER EM SUA CABEÇA. ELA CHORA.

MALU — Mãe, por favor, mãe. Entrega o dinheiro! Por favor...


SIMONE — Fica calma, minha filha.

MALU — Léia, me ajuda!

LÉIA — Vai ficar tudo bem, meu amor.

BANDIDO — Viu? Tá satisfeita? Agora traz o dinheiro aqui, que eu entrego a menina.

VOLTA À CENA/ __________________________

OS OLHOS DE SIMONE SE ENCHEM DE LÁGRIMAS. ELA DEVOLVE AS FOTOS PARA

ANA E SE VIRA CONTRA ELA.

SIMONE — (RESPIRA FUNDO) Eu coloquei um demônio dentro da minha

casa. (T) Eu alimentei esse demônio... Alimentei ao ponto dele

tomar tudo o que é meu!

ANA — Ela foi muito esperta. Ela é muito esperta, mas se a gente se

unir... Se a gente se unir, Simone. Nós conseguimos provar a

verdade. Provar que você é inocente. Que isso tudo foi armação

dela.

SIMONE — Ana, você pode voltar aqui amanhã? Eu tô muito abalada e eu

não tô em condições de conversar. Deixa eu digerir tudo isso!

Por favor...

ANA — Eu te entendo.

ANA VAI SAINDO DALI. SIMONE PÕE A MÃO NO OMBRO DELA.

SIMONE — Obrigada!

ANA SORRI PARA SIMONE E SE RETIRA. CLOSE NELA, MUITO ABALADA. CORTA

PARA/

CENA 02. MANSÃO DOS SENRA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

CAMILA JOGADA NO SOFÁ COCHILANDO. LÉIA ENTRA AGITADA E BATE A PORTA. CAMILA ACORDA ASSUSTADA.

CAMILA — Ei... Tá achando que é porteira?

LÉIA — Não me enche, garota! Cuida da tua vida!

LÉIA SOBE AS ESCADAS RAPIDAMENTE, NERVOSA.

CAMILA — Ih, a cobra tá estressada! Morrendo de medo do seu bote

hein!

CAMILA RI. NELA. CORTA PARA/


CENA 03. CADEIA. CELA. INTERIOR. NOITE.

A CARCEREIRA LEVA SIMONE NOVAMENTE PARA SUA CELA. ELA TENTA ESCONDER A

CHATEAÇÃO. UMA PRISIONEIRA NEGRA E ALTA, APROXIMADAMENTE 50 ANOS, DE NOME BETE SE APROXIMA DELA.

BETE — Quer um cigarro?

SIMONE — Não, Bete. Não fumo!

BETE — Tu tá mal, né? No fundo eu sei que tu não tem culpa de assassinato nenhum. Mas sabe qual é o problema? A justiça nem

sempre é justa!

SIMONE — O problema é que a gente fecha os olhos pra coisas importantes. Tenta fingir demência e acaba se enrolando no próprio rabo.

BETE — Tá desiludida com alguma coisa, né?

SIMONE — Eu não quero falar sobre isso!

BETE — Opa. Tá bem. (T) Olha, ninguém ia te falar com medo de você

dar com a língua nos dentes, mas eu confio em você. A gente tá conversa com uma carcereira novinha que entrou faz pouco tempo e ela vai ajudar a gente a sair desse inferno.

SIMONE — Ham?! Como assim ajudar a gente? E ela é advogada?

BETE — (DEBOCHA) Que advogada, boba?! Aqui na cadeia tem de tudo. Muita gente fatura rios de dinheiro com droga, com venda

de aparelho celular. Tem gente que até golpe em velhinho já deu aqui. Eu mesma já fiz isso. (T) Olha... A Mulambenta... Aquela altona... Então, ela conseguiu uma grana e vai pagar pra

carcereira tirar a gente daqui.

SIMONE — E a troco de que ela vai salvar todo mundo?

BETE — A troco da vida dela. Mulambenta tá me devendo uma grana. Já avisei que se não me pagar vai levar facada no pescoço, e como aqui todo mundo é meu fechamento, minha parceria, eu

vou ajudar todo mundo. E aí? Topa?

CLOSE EM SIMONE CONFUSA. CORTA PARA/

CENA 04. HOTEL. QUARTO COLETIVO. INTERIOR. NOITE.

LOCAL SIMPLES. DOIS PEQUENOS SOFÁS E DUAS CAMAS DE CASAL SEPARADAS POR UMA PAREDE MÉDIA. CLARA E MALU ENTRAM JUNTAS. CLARA SE SENTA NO SOFÁ. CAIO E GABRIEL VEM DE ENCONTRO A ELA.

CAIO — Já passei no mercado. Fiz algumas comprinhas. Agora você vai

comer como se deve, Clara.


CLARA — Eu tenho um namorado ou um mãe chata?

TODOS RIEM.

MALU — Levanta a mão pro céu e agradece por ter o Caio. Ele ficou

muito preocupado contigo.

CLARA — E eu agradeço todos os dias!

GABRIEL — Galera, já ligaram pros seus pais?

CAIO — Eu só vou ligar amanhã. Quero respirar o ar mexicano

primeiro. Me sentir estabilizado. Aí depois eu ligo.

MALU — Ah, Clara... Eu liguei pra sua mãe. Ela ficou meio preocupada contigo, mas disse que qualquer coisa é pra ligar.

CLARA — Depois eu ligo pra ela e falo que tá tudo bem.

CAIO — E você, Gabriel? Ligou pra sua mãe, pra sua irmã?

GABRIEL — Não. E nem vou... É melhor deixar as duas serem feliz por lá, sem mim.

MALU — Já tá entrando no clima do México, é? Dramático.

GABRIEL — (RI) Y soy Rebelde!

TODOS RIEM DELE. CORTA PARA/

CENA 05. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA.

SONOPLASTIA: ONE LAST TIME – ARIANA GRANDE.

IMAGENS AÉREAS DO AMANHECER NA CAPITAL CARIOCA. IMAGEM DOS PRÉDIOS E

DAS PESSOAS INDO PARA SEUS TRABALHOS. TAKE FINAL NA FACHADA DA CASA DE CLARA. CORTA PARA/

CENA 06. CASA DE CLARA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA.

DIANA E RICARDO ENTRANDO.

DIANA — Agora que já fez todos os exames eu fico mais tranquila.

RICARDO — E eu posso voltar a trabalhar, né?!

DIANA E RICARDO OLHAM PARA O SOFÁ E VEEM JACKSON SENTADO NELE. MUITO SEM GRAÇA E COM OS OLHOS VERMELHOS.

JACKSON — Pai!

RICARDO — Oi, filho.


JACKSON ENCHE OS OLHOS DE LÁGRIMA, SE LEVANTA RAPIDAMENTE E ABRAÇA

RICARDO. ABRAÇA MUITO FORTE, COMO SE ESTIVESSE PEDINDO SOCORRO. DIANA SE EMOCIONA AO LADO.

JACKSON — Me perdoa, por favor. Eu não sei o que deu na minha cabeça. Pai, eu te juro. Eu te juro que eu vou parar, mas é que toda vez que eu tento... Toda vez que eu tento eu não consigo. Eu fico

sem forças.

RICARDO — Eu te perdoo, meu filho. Mas olha o que você tá fazendo com a tua vida, cara? Você é novo! Bonito! Forte! Eu não quero te ver na cadeia, não quero ter que ir no seu enterro.

JACKSON — Eu te amo, pai. Eu quero poder te dar muito orgulho! Me

ajuda!

RICARDO — Eu vou te ajudar, filho! Eu tô com você!

DIANA, COMPLETAMENTE EMOCIONADA, SE JUNTA AOS DOIS E OS ABRAÇA. NOS TRÊS JUNTOS. CORTA PARA/

CENA 07. RUA. EXTERIOR. DIA.

JACKSON SAINDO DE CASA. ELE LIMPA OS OLHOS. NELE. MARCELA NA ENTRADA DE

SUA CASA. ELA VAI RAPIDAMENTE ATÉ JACKSON.

MARCELA — E seu pai? Como é que ele tá?

JACKSON — (RÍSPIDO) Tá bem!

MARCELA — Complicado isso que aconteceu com ele, né?!

JACKSON — Menina, eu não tô com tempo pra ficar aqui ouvindo suas

fofoquinhas não. Não precisa se preocupar com a minha família.

MARCELA — Ei, ei. Não precisa ser grosso, tá? Eu tô sendo educada com você!

JACKSON — Tá bom. Me desculpa. Mas, novinha... Eu tô com a cabeça quente, tá? Eu tô cheio de coisa pra resolver. Da próxima vez

não pergunta pra mim, não. Pergunta diretamente pra minha mãe ou pro meu pai que eles te respondem melhor. Fui!

JACKSON DEIXA MARCELA SOZINHA COM CARA DE TACHO.

MARCELA — Grosso! Mal educado!

EM MARCELA. CORTA PARA/

CENA 08. HOTEL. QUARTO DE LÍDIA. INTERIOR. DIA.

RENATO ACORDA SEM CAMISA E DE CUECA. LÍDIA VEM EM SUA DIREÇÃO COM UMA BANDEJA DE CAFÉ DA MANHÃ. ELE SORRI E SE AJEITA NA CAMA.


RENATO — Mas que mulher é essa, hein?!

LÍDIA — Eu gosto de cuidar de quem eu gosto!

ELA ENTREGA A BANDEJA PARA RENATO E SE SENTA A SEU LADO NA CAMA,

PASSANDO A MÃO EM SEU PEITORAL.

LÍDIA — Quando eu olho pra você parece que eu tô sonhando. Eu não

mereço um homem como esse.

RENATO — Eu que não merecia uma mulher como você!

LÍDIA — Desde a primeira vez que eu te vi eu senti uma coisa diferente, sabe? Uma coisa que eu nunca tinha sentido antes. Renato, eu fiquei muito tempo sem ter um homem na minha

cama e você me renovou, eu me sinto mulher de novo.

RENATO — Talvez tenha sido a naturalidade de como tudo aconteceu. Não passou nem um mês e eu já tô vidrado na sua. (RI) É sério! Lídia, eu não sou um homem de uma mulher só! Mas contigo é

diferente, saca?!

LÍDIA — Ah, para. Cê tá me falando isso pra me agradar!

RENATO — Não, não! Eu tô falando isso porque é o que eu sinto. Lídia, eu tô gostando de você de verdade. Pode acreditar. E pouco me importa a diferença de idade, essas coisas. Pra mim o que

importa é o que eu sinto. E eu tô bem certo do que eu tô sentindo agora.

LÍDIA SE APROXIMA DE RENATO E OS DOIS SE BEIJAM.

LÍDIA — Você é lindo!

RENATO — Lídia... Eu vou te pedir uma coisa, mas eu não quero que você me chame de maluco!

LÍDIA — Então vai! Peça!

RENATO — (NO OUVIDO DELA) Casa comigo?!

LÍDIA ARREGALA OS OLHOS, MAS NÃO CONSEGUE ESCONDER O ENCANTO. SE VIRA

PARA RENATO E LHE DÁ UM BEIJO. ELA RI.

LÍDIA — A gente acabou de se conhecer. Tu nem sabe da minha vida direito e já quer casar comigo?

RENATO — Eu tenho certeza do que eu acabei de te pedir agora. Eu quero casar contigo, Lídia. E você? Quer casar comigo?

LÍDIA ENCARA RENATO. TEMPO. ELA SORRI.

LÍDIA — Eu prometi pra mim mesma que não iria casar, mas... O que eu sinto por você é mais forte que qualquer promessa que eu

tenha feito. É claro que eu aceito!


LÍDIA E RENATO SE BEIJAM. ELE COLOCA A BANDEJA AO LADO E OS DOIS SE

ENROLAM NAS COBERTAS. CORTA PARA/

CENA 09. CAFETERIA. INTERIOR. DIA.

ANA E TEREZA TOMAM CAFÉ JUNTAS. CONVERSA EM ANDAMENTO.

ANA — E você tinha que ver a cara da coitada... E sabe qual é o pior? Não ter como reagir. Porque ela não tem como reagir. Tá presa, não dá nem pra falar umas verdades na cara da bruaca.

TEREZA — Mas você guardou as fotos, né?

ANA — Todas! No pendrive, reveladas, no meu computador, no Drive,

no HD externo. Até em disquete eu coloquei. Eficácia jurídica ela não tem nenhuma. A não ser que você consiga provar aquela história que me contou do testamento falso...

TEREZA — O seu marido é aliado da Léia, Ana, e isso a gente sabe. Mas

o que a gente precisa saber é até aonde ele vai quando ela manda. Pensa comigo... O César sempre teve uma boa relação com advogados até porque ele é um empresário. Eu acho que

ele pode ter contratado o Thompson pra falsificar o testamento. E essas fotos vão provar que os dois são cúmplices.

ANA — Você tem que ficar de olho. Tem que ficar de olho, viu?! Ela é esperta. Anda rastejando. Qualquer coisa suspeita você me conta. Duas cabeças pensam melhor do que uma.

TEREZA — Não, claro. Lá em casa eu tô de olho. Agora é esperar ela dar

uma fora pra conseguir mais coisas contra ela.

EM TEREZA. CORTA PARA/

CENA 10. APTO DE CÉSAR. QUARTO. INTERIOR. DIA.

CÉSAR SE ARRUMANDO. LÉIA SE OLHANDO NO ESPELHO. ELA PASSA UM BATOM VERMELHO.

CÉSAR — E você acha que a Ana pode ter procurado a Simone?

LÉIA — Se ainda não procurou vai procurar! Bem a cara dela.

CÉSAR — Sabe uma coisa que eu não entendo?! Porque você quis o

dinheiro logo dos Senra. O patrimônio da Simone tá lá, trancado. Teria sido muito mais fácil ter se apropriado do dinheiro dela.

LÉIA — Mas você é uma anta, né, César? Um jumento. Eu não quero nada com o dinheiro da Simone. Acorda! E a Simone só tá lá

atrás das grades porque me passou a perna. Me fez de otária. Quis achar que eu era burra! Agora aceite as consequências.

CÉSAR — A minha preocupação agora é com a Ana.


LÉIA — Outra que eu não tenho um pingo de preocupação... Não vou

ficar me preocupando com outra jumenta. Aliás, vocês dois formavam o casal perfeito. Duas antas... Sem ambição... Levanta a mão pro céu e agradece por eu ter aparecido no seu caminho, senão hoje você taria comendo carne de porco com angu na

casinha fuleira da tua mãe. (T) Aprende uma coisa, César... Na vida a gente precisa ter sonho, ambição. Tem gente que é viciado em comprar flores, tem gente que é viciado em comprar

vinho, carro de luxo... O meu vício é ser rica. É ser rica. Vou fazer o quê? Não dá pra mudar minha realidade.

CÉSAR — E aí vale até passar por cima da própria família?

LÉIA SE APROXIMA DE CÉSAR E SEGURA EM SEU QUEIXO.

LÉIA — (FALA BAIXO) Vale tudo, meu bem!

ELA SAI DO QUARTO. EM CÉSAR ASSUSTADO. CORTA PARA/

CENA 11. CASA DE BELIZA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA.

LETÍCIA PINTANDO SUAS UNHAS DA MÃO. TOCA A CAMPAINHA. ELA SE LEVANTA E

VAI ATENDER. REVELA-SE FABINHO.

LETÍCIA — Oi, meu amor! Tá sumido!

FABINHO — Letícia, eu preciso falar com você!

CLOSES ALTERNADOS. CORTA PARA/

CENA 12. CADEIA. PÁTIO. INTERIOR. DIA.

BETE CONVERSANDO COM AS OUTRAS PRESIDIÁRIAS. SIMONE VAI EM SUA DIREÇÃO. ELA VAI ATÉ SIMONE.

BETE — Fala, Simone. E aí?

SIMONE — Eu tomei uma decisão, Bete.

BETE — Vai com a gente?

SIMONE ENCARA BETE. TEMPO.

SIMONE — Como é que vai ser o esquema?

BETE SORRI PARA SIMONE. CORTA PARA/

CENA 13. CASA DE BELIZA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA.

FABINHO ENTRA.

LETÍCIA — Senta. Fica à vontade. Quer uma água? Um suco?


FABINHO — Não. Eu tô bem assim. Letícia, eu vim conversar com você

sobre o nosso namoro.

LETÍCIA — Nosso namoro?! O que que tem ele? Nosso namoro tá ótimo. A gente só tá um pouco distante mesmo por causa do seu serviço, mas eu entendo. Sei que você trabalha muito e/

FABINHO — /Não, Letícia. O nosso namoro tá desgastado há muito tempo. (T) Não me leva a mal, mas nós somos pessoas completamente

diferentes. Olha, você adora festas... Eu já sou mais na minha. Você gosta de barraco, confusão. Eu não tô te julgando. Eu adoro você e eu tenho muito respeito por você!

LETÍCIA — Até demais, né...

FABINHO — Tá vendo? A gente pensa diferente. Não dá! Não dá! Eu

tentei. E tentei porque gosto de você de verdade, mas chega... Eu acho melhor a gente colocar um ponto final aqui. E eu também... (TRAVA)

LETÍCIA — Fala!

FABINHO — Eu tô apaixonado por outra mulher, Letícia. Eu não acho justo

com você e nem comigo, eu estar gostando de outra pessoa e te iludindo. Eu não gostaria que fizesse comigo. Então eu não vou fazer contigo.

LETÍCIA — Fabinho, pensa bem, meu amor. É só uma fase. Vai passar.

Todo namorado passa por isso... E se você ficou com essa outra mulher não tem problema. Eu te pedoo. Sério. De coração. Eu não vou jogar na sua cara, nem nada.

FABINHO — Não dá! Eu quero continuar sendo teu amigo. Isso se você

quiser. Agora eu vou lá, tá? Me desculpa! Mas alguém precisava tomar essa atitude.

FABINHO SAI DALI. EM LETÍCIA SEM REAÇÃO. CLOSE NELA. CORTA PARA/

CENA 14. CADEIA. SALA DE VISITAS. INTERIOR. DIA.

ANA SENTADA EM UMA CADEIRA. SIMONE ENTRA E CUMPRIMENTA ANA. ELA SE SENTA A SUA FRENTE.

ANA — E aí? Como você tá?

SIMONE — Um pouco melhor. Consegui digerir um pouco melhor tudo o

que você me falou ontem, até porque eu preciso tomar uma decisão, né?!

ANA — Eu conversei com um advogado e ele me disse que seu caso é muito complicado, mas ele vai/

SIMONE — /Não... Não precisa!


ANA — Como assim não precisa?

SIMONE — Ana... Escuta... (T) Eu vou fugir daqui e eu preciso da tua

ajuda!

ANA ASSUSTADA. SIMONE CERTA DO QUE DIZ. CLOSES ALTERNADOS. CORTA PARA/

ABERTURA

CENA 15. CADEIA. SALA DE VISITAS. INTERIOR. DIA.

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 14 – ANA SEM ENTENDER.

ANA — Fugir da cadeia? Cê enlouqueceu, Simone? Isso só vai piorar a tua situação.

SIMONE — Não. Não vai. Eu preciso sair daqui pra provar a minha

inocência, Ana. A justiça do Brasil é lenta. Até conseguirem isso eu já vou tá morta e a Léia solta por aí fazendo mais vítimas. (T) Me ajuda!

ANA — E como eu vou te ajudar?

SIMONE — Eu posso confiar em você? Porque agora eu tenho até medo.

Me desculpa, mas é o que eu sinto.

ANA — Claro. Eu te dou a minha palavra. Eu fui tão enganada quanto você, Simone.

SIMONE — Eu tenho um cofre escondido no quarto de hóspedes. Ninguém nunca soube desse cofre. Nem a Léia. Eu preciso que

você tire o dinheiro que tá lá e coloca numa mochila. Qualquer mochila. Coloca umas roupas simples também. As mais simples que você achar. Você deve ter uma cópia da chave da casa/

ANA — /Tenho. O César deixou as chaves lá em casa!

SIMONE — Então! Tira o dinheiro e me encontra atrás da cadeia... As

câmeras vão estar desligadas. Vai dar certo!

ANA — E pra onde você vai?

SIMONE — Eu conheci uma amiga aqui dentro e ela vai providenciar uma identidade falsa. Eu vou na classe econômica. Tudo normalmente. Ana, eu posso contar com você?

ANA — Não, claro. Se é pra te favorecer eu faço!

SIMONE SORRI PARA ANA E SEGURA EM SUAS MÃOS. CORTA PARA/

CENA 16. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE.


TOMADA RÁPIDA. CORTA PARA/

CENA 17. SENRA ADVOCACIA. SALA DE LÉIA. INTERIOR. NOITE.

LÉIA SENTADA EM SUA CADEIRA. CÉSAR EM PÉ A SUA FRENTE.

LÉIA — Preciso localizar a Malu. Saber como ela tá, com quem que ela tá, né?

CÉSAR — Até onde eu sei foram os quatro... A Clara, namoradinha do

Caio, o Caio, a Malu e o Gabriel.

LÉIA — A Malu pode ser importante pra gente em algum momento e eu não posso perder ela de vista. Maldita hora que eu não fui impedir ela de ver a mãe. A Simone colocou essas coisas na

cabeça dela e a menina foi embora.

CÉSAR — A Malu sempre foi influenciável...

LÉIA — Completamente, né?! Mas, César... O Gabriel a gente conhece bem, a Malu óbvio, o Caio óbvio, mas e essa Clara, hein? Em que mundo habita?

CÉSAR — Sinceramente?! Não sei! O Ricardo você sabe que assumiu a

vaga de advogado particular da empresa. Fiquei com pena. O cara parecia legal... Mas é um baita de um babaca.

LÉIA — Essa Clara... Não sei! O Ricardo já conversou comigo algumas vezes. A Malu também, mas sei lá... Tem alguma coisa

escondida. Essa Clara tem algum segredo oculto que a gente desconhece.

CÉSAR — E o que isso vai mudar na sua vida, Léia?

LÉIA — Na minha, não. Mas na sua vai, imbecil! Esse segredinho pode ser muito útil pra você se vingar do Ricardo. Não foi ele que te

ferrou, que te meteu um soco na cara? Então... Aprende a jogar feito gente grande.

CLOSE EM CÉSAR. CORTA PARA/


CAIO PEGA SEU CELULAR E DISCA.

CÉSAR — (CEL.) Mãe?!

INTERCALA COM:

CENA 19. CASA DE CAIO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.


ANA ALEGRE COM O CELULAR NO OUVIDO.

ANA — (CEL.) Caio... Caio, graças à Deus, meu filho. Você não sabe

como eu fiquei desesperada. Por que você fez isso com a gente?

CAIO — (CEL.) Foi mal, mãe! Eu não queria te deixar preocupada, mas eu senti que já tava na hora de tomar as minhas decisões, sabe?! (T) Mãe, e o pessoal por aí? A Marcela...

ANA — (CEL.) Sua irmã tá no quarto dela. Tá todo mundo bem aqui. Nós duas estamos morrendo de saudades de você!

CAIO — (CEL.) Eu vou ligar amanhã e aí eu falo com a Marcela. Mãe,

eu vou desligar, tá? Gasta muito e eu só liguei pra te falar que tá tudo bem comigo e pra saber se tá tudo bem aí. Beijo.

ANA — (CEL.) Beijo, meu filho. Fica com Deus!

MARCELA DESCE AS ESCADAS COM UM SHORT CURTO E UM CROPPED.

ANA — Ei, ei... Que roupa é essa? Tá indo pra onde?

MARCELA —Tô indo com umas colegas aí pra uma balada que inauguraram ontem.

ANA — E aí você decide ir pra balada e acha que pode ir sem falar

comigo?

MARCELA — Sem caretice, né, mãe? Meu irmão foi pra não sei onde e você tá tranquila. Eu não posso ir na balada ali da esquina.

ANA — Por falar nele. Ele ligou. Perguntou por você!

MARCELA — Da próxima vez que ele ligar me chama. Eu quero falar com ele. Agora eu posso ir, dona Ana?

ANA — Pode, Marcela. Mas eu não quero você chegando aqui em

casa nem drogada, nem bêbada, nem oito horas da manhã. Tá avisada?

MARCELA — Tá, mãe. Beijo.

ANA — Beijo. Se cuida!

MARCELA SE RETIRA DALI. ANA PEGA A MOCHILA QUE ESTÁ DO LADO DO SOFÁ E COLOCA EM CIMA DO SOFÁ. CLOSE EM ANA AFLITA. CORTA PARA/

CENA 20. CASA DE BELIZA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

BELIZA ASSISTINDO A NOVELA JUÍZO FINAL NA TELEVISÃO.

BELIZA — Essa Betina tem é que levar uma coça! Ah, se essa vagabunda aparece aqui na Vila. Eu dou tamancada!

LETÍCIA VEM AMUADA EM DIREÇÃO A BELIZA.


LETÍCIA — Tia!

BELIZA — Que que foi, menina? Tô assistindo a novela!

LETÍCIA — É que eu não tô me sentindo muito bem!

BELIZA — Eu também não tô. Deve ser caganeira. Senta no vaso que sai! Miranda tava me falando que tá numa onde de virose...

LETÍCIA — Não, tia! Sei lá... Eu/

A FALA DE LETÍCIA É INTERROMPIDA QUANDO ELA DESMAIA. BELIZA SE LEVANTA

RAPIDAMENTE. SE DESESPERA. TENTA ACORDAR LETÍCIA.

BELIZA — Acorda, menina! Para de palhaçada, hein! Anda! Levanta, trepeça! (COMEÇANDO A SE PREOCUPAR) Ai, meu Deus! Acorda, Letícia!

EM LETÍCIA DESMAIADA. CORTA PARA/

CENA 21. ESCRITÓRIO DE SIMONE. RECEPÇÃO. INTERIOR. NOITE.

VEMOS A MAÇANETA DA PORTA MEXENDO. LÉIA ENTRA. ELA ACENDE A LUZ. OLHA PARA TODOS OS LADOS, COMO SE PROCURASSE POR ALGO. VAI EM DIREÇÃO À SALA DE RICARDO. ENTRA. DEIXA A PORTA ENCOSTADA. CORTA PARA/

CENA 22. ESCRITÓRIO DE SIMONE. SALA DE RICARDO. INTERIOR. NOITE.

VÁRIOS PAPÉIS ESPALHADOS PELO LOCAL. LÉIA SE SENTA NA CADEIRA DE RICARDO

E TIRA AS DUAS GAVETAS DE SUA ESCRIVANINHA. COMEÇA A PROCURAR ALGO NAQUELAS GAVETAS, TIRANDO OS PAPÉIS PARA FORA. APÓS TIRAR TODOS OS PAPÉIS DE UMA DAS GAVETAS, ELA COLOCA ESTA PARA O LADO E COMEÇA A

PROCURAR NA OUTRA. TEMPO. PROCURA. ATÉ QUE ACHA VÁRIAS FOTOS DE RICARDO COM A FAMÍLIA, PORÉM AO INVÉS DE CLARA, HÁ A IMAGEM DE UM MENINO. ENTRE UM RETRATO E O OUTRO ESTÁ UMA CARTA ESCRITO NO TÍTULO:

“PARA MEU PAI”, DE “CELSO”. ELA ABRE A CARTA E COMEÇA A LER. VEMOS APENAS SUAS REAÇÃO – OLHOS ESTATALADOS, COLOCANDO A MÃO NA BOCA, INCRÉDULA.

LÉIA — (V.O) Transexual!

CORTA PARA/

CENA 23. APTO DE CÉSAR. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

CÉSAR LENDO A CARTA, INCRÉDULO. LÉIA OBSERVANDO SUA REAÇÃO E O INSTIGANDO AINDA MAIS.

LÉIA — Agora tá tudo explicado. A família do Ricardo precisava apoiar

o relacionamento da Clara com o seu filho porque ela é homem! É homem, César!


CÉSAR — Não. Não tô acreditando nisso...

LÉIA — Como você mesmo viu a carta... Essa carta tá mais na cara do

que nunca. E as fotos, César. Olha essas fotos. Cadê a Clara? Hein? E esse menino? César, teu filho tá namorando um travecão! Ele fugiu com travecão!

NERVOSO, CÉSAR PEGA UM PORTA RETRATO EM CIMA DA MESINHA DE CANTO E JOGA NA PAREDE. LÉIA TENTA SEGURAR O RISO.

LÉIA — E mais uma vez os outros fazendo você, a burra da Ana e seus

filhos de idiotas. (T) Meu amor, se valorize, vai! Olha isso! Parece bizarro, mas é a realidade.

CÉSAR — Eu tô sem saber o que falar. Sem saber o que fazer!

LÉIA SE APROXIMA DE CÉSAR, LHE DÁ UM BEIJO E ARRUMA A GOLA DE SUA BLUSA, COM UM SORRISO CÍNICO NO ROSTO.

LÉIA — Você sabe que a gente é parceria, né? Você me ajudou

muito... Agora é a minha hora de retribuir tudo o que você já fez por mim.

CÉSAR — Como?

LÉIA — Você precisa fazer alguma coisa que desmoralize, que faça a família dessa tal de Clara desmoronar. (T) César, você precisa

descobrir algum podre mais sério daquela família. Eu tô disposta a te ajudar, mas o interesse tem que partir de você! Pensa bem!

EM CÉSAR PENSATIVO. CORTA PARA/

CENA 24. BALADA. INTERIOR. NOITE.

MÚSICA ELETRÔNICA INVADINDO O AMBIENTE. VÁRIAS PESSOAS DANÇANDO, BEBENDO E SE DIVERTINDO. MARCELA ENTRA COM ALGUMAS AMIGAS. ELAS

COMEÇAM A DANÇAR. EFEITO DE LUZES. ELA OLHA PARA O LADO E DÁ DE CARA COM JACKSON, QUE TAMBÉM ESTÁ COM ALGUNS AMIGOS. ELA DANÇA SENSUALIZANDO E OLHANDO DIRETAMENTE PARA ELE.

AMIGO# — Ih, Jackson. Aquela gatinha tá olhando pra tu, cara!

JACKSON — (SORRI) É a minha vizinha!

AMIGO#1 — Xi... Já conhece o ditado, né?

JACKSON DEIXA OS AMIGOS FALANDO SOZINHOS E VAI ATÉ MARCELA. AS AMIGAS

DE MARCELA SE AFASTAM TAMBÉM. OS DOIS FICAM DE CARA UM PARA O OUTRO. MARCELA SORRI.

JACKSON — Será que até aqui a gente vai precisar se encontrar?

MARCELA — Já tô passando a acreditar em destino, sabia?!


JACKSON — Eu também. Mas sabe o que tá faltando pro nosso encontrar

ficar completo?

MARCELA — Ham...

JACKSON — Isso!

JACKSON ROUBA UM BEIJÃO DE MARCELA. OS AMIGOS DE JACKSON FICAM

IMPRESSIONADOS. NELES SE BEIJANDO. CORTA PARA/

CENA 25. HOSPITAL. CONSULTÓRIO. INTERIOR. NOITE.

LETÍCIA E BELIZA SENTADAS DE FRENTE PARA O MÉDICO, QUE FICA EM SILÊNCIO ENCARANDO PARA ELAS.

BELIZA — E então, doutor?

LETÍCIA — Ai... Eu vou morrer, doutor?

MÉDICO — Bom...

BELIZA — (NERVOSA) Fala, doutor. Perdi minha novela já...

MÉDICO — (P/ LETÍCIA) Você tá...

LETÍCIA ARREGALA OS OLHOS. CORTE IMEDIATO PARA/

CENA 26. CASA DE MECA E ZUCA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

ZUCA, COSME E DAMIÃO SENTADOS NO SOFÁ. MECA EM PÉ.

MECA — Grávida! A Letícia tá grávida! Falei agora com a Beliza e ela

me confirmou. Mas essa menina também, hein! Ao invés de se preservar.

ZUCA — (APAVORADA) Meu Deus... Coitada da Beliza! Mas também não fala besteira, Meca. Você fala como se ela tivesse feito filho

sozinho, com o dedo.

MECA — Ai que horror, Zuca!

DAMIÃO COM OS OLHOS ARREGALADOS. ELE SE LEVANTA RAPIDAMENTE E SOBE AS ESCADAS CORRENDO.

COSME — Damião!

COSME SE LEVANTA E CORRE ATRÁS DO IRMÃO. CORTA PARA/

CENA 27. CASA DE MECA E ZUCA. QUARTO DE DAMIÃO E COSME. INTERIOR. NOITE.


DAMIÃO ENTRA RAPIDAMENTE E SE SENTA EM SUA CAMA. COSME ATRÁS DELE. SE

SENTA A SUA FRENTE.

COSME — Que cara é essa? Que que foi?

DAMIÃO — Tu não ouviu? A Letícia tá grávida!

COSME — E você tá chateado, né, meu irmão? Supera!

DAMIÃO — Não é isso, Cosme! Eu e a Letícia... A gente ficava, sacou?

COSME FICA SEM ACREDITAR.

COSME — Não... Não, Da/

DAMIÃO — Cosme, o filho da Letícia pode ser meu!

CLOSES ALTERNADOS. CORTA PARA/

CENA 28. CADEIA. CELA. INTERIOR. NOITE.

SIMONE E AS OUTRAS PRESIDIÁRIAS REUNIDAS. BETE COMANDA.

BETE — Tudo certo agora?

TODAS — Tudo!

BETE — Então vamos!

A CARCEIRA, DE APROXIMADAMENTE 30 ANOS, VAI ATÉ A CELA E ABRE-A. SIMONE MUITO NERVOSA. FAZ O SINAL DA CRUZ. SEGUE AS OUTRAS QUE VÃO SAINDO EM FILA. BETE À FRENTE COM UM REVÓLVER EM MÃOS. CLOSE EM SIMONE. ANDAM

PELO CORREDOR. CORTA PARA/


MALU ARRUMANDO AS MALAS DE GABRIEL. CLARA E CAIO DEITADOS NA OUTRA CAMA. GABRIEL TOMANDO BANHO. AO TIRAR AS ÚLTIMAS PEÇAS DE ROUPA, ELA VÊ UMA FOTO DE GABRIEL COM CECÍLIA E COM MARIELLE AINDA BEBÊ NO HOSPITAL.

ELA ESTRANHA. GABRIEL SAI DO BANHEIRO COM UMA TOALHA ENROLADA NA CINTURA.

GABRIEL — Ô, meu amor. Tirou minhas roupas pra mim? Valeu, viu!

MALU — (SÉRIA) Quem é essa criança e essa mulher, Gabriel? Hein, me fala!

MALU ENTREGA AS FOTOS PARA GABRIEL. ELE ENCARA MALU, QUE ESTÁ SÉRIA.

CORTA PARA/

CENA 30. BALADA. INTERIOR. NOITE.


MARCELA E JACKSON DANÇANDO E SE BEIJANDO.

JACKSON — Ali tem um quartinho. Vamo lá?

MARCELA PENSATIVA.

JACKSON — Para de caretice, vai! Vamo!

MARCELA SORRI E VAI COM JACKSON. CLOSE NELES. CORTA PARA/

CENA 31. CASA DE BELIZA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

LETÍCIA SENTADA NO SOFÁ. BELIZA NERVOSA ANDANDO DE UM LADO PARA O

OUTRO.

BELIZA — Como você foi fazer uma coisa dessas, Letícia?

LETÍCIA — Aconteceu, tia!

BELIZA — Vai acontecer é umas boas bordoadas na tua cara! (T) Letícia, quantas vezes eu te falei que tinha que se preservar?! Quantas vezes?! Agora a pergunta nem é essa né... Quem é o pai dessa

criança?

LETÍCIA — Claro que é o Fabinho, né! Tá doida?

BELIZA — (RI) Ah, eu que tô doida né? Letícia, eu te peguei no sofá com o Damião. Não tô falando que um dia você tenha engravidado dele, mas olha só... Do jeito que ele tava aqui, quem não me

garante que vocês dois já não se pegaram outras vezes, hein?!

LETÍCIA — Eu... Eu garanto!

BELIZA — Tu não tá em condições de garantir nada. Não garantiu nada até agora. Agora você se vira. Dá um jeito de contar pro pai dessa criança, se é que você sabe quem é... Porque eu não vou

sustentar filho dos outros sozinha. Não hora do bem e bom não fui eu que tava lá. Agora aguenta!

BELIZA VAI PARA SEU QUARTO.

LETÍCIA — Será que é do Damião?

EM LETÍCIA PREOCUPADA. CORTA PARA/

CENA 32. CADEIA. ENTRADA. INTERIOR. NOITE.

SONOPLASTIA: INSTRUMENTAL TENSÃO.

AS PRESIDIÁRIAS ANDANDO COMO SE ESTIVESSEM EM FILAS. DENTRE ELAS, SIMONE AINDA AMEDRONTADA, MAS SENDO ACOMPANHADA POR BETE. CHEGAM NA PORTARIA. A CARCEREIRA JUNTO DELAS. BETE ENTREGA O DINHEIRO PARA A

CARCEREIRA RAPIDAMENTE. INICIA-SE UMA BRIGA ENTRE DUAS DETENTAS. BETE


TENTA CONTROLAR A GRITARIA DELAS. SIMONE SAI. TODAS SAEM EM SEGUIDA.

CORTA PARA/

CENA 33. RUA. FACHADA DA CADEIA. INTERIOR. NOITE.

A CARCEREIRA SAI POR ÚLTIMO. UM CARRO A ESPERA. ELA ENTRA NO CARRO. AS

OUTRAS PRESIDIÁRIAS SEGUEM RAPIDAMENTE.

BETE — Não fica aí, menina. Eles tão chegando!

SIMONE — Podem ir! Eu tô esperando uma pessoa! Valeu, Bete! Obrigada!

BETE ABAIXA A CABEÇA E SAI DALI RAPIDAMENTE. UM CARRO VERMELHO PASSA POR ALI. SIMONE SE ASSUSTA. ABAIXA O VIDRO. REVELA-SE ANA.

ANA — Anda! Vem! Vou te levar no aeroporto!

SIMONE — Tá doida? E se alguém te ver?

ANA — Esse é aquele carro do César que ficava na empresa. Eu vou

vender esse carro. Anda, vem! Não dá pra ficar esperando aí.

SIMONE ENTRE NO CARRO. ANA DÁ O ARRANCO. O CARRO SAI RAPIDAMENTE, CANTANDO PNEU. CORTA PARA/

CENA 34. AEROPORTO. INTERIOR. NOITE.

SIMONE ENTRA DISFARÇADA COM UMA PERUCA LOIRA. VAI CARIBAR O PASSAPORTE E VAI EM DIREÇÃO A PISTA DE PARTIDA. NELA. RESPIRA FUNDO E OLHA PARA TRÁS.

SEGUE EM SEGUIDA. CORTA PARA/

CENA 35. AVIÃO. INTERIOR. NOITE.

VÁRIAS PESSOAS ENTRAM NO AVIÃO E VÃO TOMANDO SEUS ASSENTOS. SIMONE ENTRA. VAI EM DIREÇÃO AOS ÚLTIMOS BANCOS E SE SENTA EM UM DELES. OLHA

PELA JANELA. ARRUMA SEU CINTO. RESPIRA OFEGANTE. CLOSE EM SEU ROSTO. TEMPO NELA.

AEROMOÇA — Atenção, passageiros! Apertem os cintos! Vamos decolar!

EM SIMONE.

SIMONE — Eu vou voltar, Léia. E você vai pagar por tudo que me fez... Se um dia você foi o meu demônio... Pode ter certeza, que agora eu

serei o seu!

CLOSE EM SIMONE DECIDIDA.

EFEITO FINAL: CONGELA EM SIMONE DECIDIDA. FLASHES LARANJA E AMARELO ENFESTAM A TELA.


Escrita por

JOÃO CARVALHO

direção de

WESLLEY VITORITTI LUCAS LUCIANO

participações especiais

JANDIRA MULHER GARÇOM

ENFERMEIRO

Esta obra é de propriedade da MEGAPRO e de seu autor. © 2018

SOBE OS CRÉDITOS AO SOM DE METAMORFOSE AMBULANTE – RAUL SEIXAS.

antes que o dia amanheça - megapro.com.br... conquistou. não passa de uma invejosa fracassada, que...

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