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ANTENAS PLANARES INTEGRADAS COM FSSs PARA APLICAÇÕES EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES SEM FIO RICARDO CÉSAR DE OLIVEIRA MOREIRA Orientador: Prof. Dr. Antonio Luiz Pereira de Siqueira Campos NATAL RN 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

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ANTENAS PLANARES INTEGRADAS COM FSSs PARA

APLICAÇÕES EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES SEM FIO

RICARDO CÉSAR DE OLIVEIRA MOREIRA

Orientador: Prof. Dr. Antonio Luiz Pereira de Siqueira Campos

NATAL – RN

2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANTENAS PLANARES INTEGRADAS COM FSSs PARA APLICAÇÕES

EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO SEM FIO

RICARDO CÉSAR DE OLIVEIRA MOREIRA

Dissertação de Mestrado submetida ao corpo docente da

Coordenação do Programa de Pós-graduação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA ELÉTRICA.

NATAL – RN

 

ii

A todos aqueles que eu amo, com carinho.

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha saúde e conclusão deste trabalho.

Ao Prof. Antonio Luiz Pereira de Siqueira Campos, pela orientação e por tudo

que ele representa como Educador, Pesquisador, Professor e Amigo.

Ao Prof. Adaíldo Gomes d’Assunção, por todas as suas contribuições diretas ou

indiretas no desenvolvimento desse trabalho.

Ao Prof. Ronaldo Martins de Andrade, por todas as suas contribuições diretas ou

indiretas no desenvolvimento desse trabalho.

Aos amigos Lincoln Machado, Davi Bibiano, Robson Cipriano e Gustavo

Cavalcante pela grande paciência e companheirismo em todos os momentos, além das

significantes contribuições para o desenvolvimento desse trabalho.

Aos demais professores, funcionários e amigos da UFRN.

À minha mãe, Rosaura, e ao meu pai, Ranulfo, por tudo o que eles tem me

dado durante todos estes anos.

Às minhas irmãs Rossana e Rejane por toda a ajuda que puderam me dar, e à

minha noiva, Marília pelo carinho, paciência e estímulo.

Este trabalho contou com o suporte financeiro da CNPQ.

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma investigação teórica e experimental sobre as

propriedades das antenas de microfita integradas com superfícies seletivas em

frequência (Frequency Selective Surface – FSS). A integração se dá por meio da

inserção da FSS no plano de terra da antena patch de microfita. Essa integração visa a

melhoria de algumas características das antenas como, por exemplo, ganho, largura de

banda, dentre outras. As FSS utilizam elementos do tipo patch quadrado nas células

unitárias.

Especificamente, os resultados simulados são obtidos utilizando-se o programa

computacional comercial CST Studio Suite®

versão 2011. A partir de uma antena

padrão, projetada para operar em sistemas de comunicações sem fio dos padrões IEEE

802.11 a/b/g/n, as dimensões da FSS são variadas de forma a obter uma otimização de

alguns parâmetros da antena, como casamento de impedância e seletividade nas bandas

de operação.

Após a otimização dos parâmetros investigados, são construídos dois protótipos

de antenas patch de microfita com e sem a FSS no plano de terra. São feitas

comparações dos resultados simulados com os resultados experimentais obtidos pelo

analisador de rede ZVB 14 da Rohde & Schwarz®

. A comparação visa validar as

simulações efetuadas e mostrar as melhorias obtidas com a FSS integrada no plano de

terra da antena. Na construção dos protótipos, foram utilizados substratos dielétricos da

Rogers Corporation do tipo RT-3060 com permissividade relativa igual a 10,5 e baixa

tangente de perdas. Sugestões de continuidade do trabalho são apresentadas.

Palavras-Chave: Antenas Patch de Microfita, Padrões IEEE 802.11 a/b/g/n,

Superfícies Seletivas em Frequência, Integração.

v

ABSTRACT

This work presents a theoretical and experimental analysis about the properties

of microstrip antennas with integrated frequency selective surfaces (Frequency

Selective Surface - FSS). The integration occurs through the insertion of the FSS on

ground plane of microstrip patch antenna. This integration aims to improve some

characteristics of the antennas. The FSS using patch-type elements in square unit cells.

Specifically, the simulated results are obtained using the commercial computer

program CST Studio Suite®

version 2011. From a standard antenna, designed to operate

in wireless communication systems of IEEE 802.11 a / b / g / n the dimensions of the

FSS are varied to obtain an optimization of some antenna parameters such as impedance

matching and selectivity in the operating bands.

After optimization of the investigated parameters are built two prototypes of

microstrip patch antennas with and without the FSS ground plane. Comparisons are

made of the results with the experimental results by 14 ZVB network analyzer from

Rohde & Schwarz ®. The comparison aims to validate the simulations performed and

show the improvements obtained with the FSS in integrated ground plane antenna. In

the construction of prototypes, we used dielectric substrates of the type of Rogers

Corporation RT-3060 with relative permittivity equal to 10.2 and low loss tangent.

Suggestions for continued work are presented.

Key-Words: Microstrip patch antennas, IEEE standards 802.11 a / b / g / n, Frequency

Selective Surfaces, Integration.

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SUMÁRIO

Capítulo 1 – Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 2 – Antenas de Microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.1 – Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.2 – Métodos de Alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.3 – Métodos de Análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.3.1 – Modelo de Linha de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.3.2 – Modelo de Cavidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.3.3 – Método dos Momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.4 – Conclusão do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 3 – Superfícies Seletivas em Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.1 – Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.2 – Métodos de Análises . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.3 – Técnicas de Medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.4 – Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.4 – Conclusão do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 4 – Técnicas de Integração de Antenas com FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.1 – Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.2 – Primeiro Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.3 – Segundo Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.4 – Terceiro Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.5 – Quarto Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.6 – Quinto Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.7 – Conclusão do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 5 – Resultados Comparativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.1 – Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.2 – Estruturas Analisadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 6 – Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .

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LISTA DE FIGURAS

2.1 – Antena de microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.2 – Geometrias comuns de elementos patch de microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.3 – Formas típicas de alimentação de antenas de microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.4 – Linhas do campo elétrico associado à linha de microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.5 – Antena patch de Microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.6 – Vista superior e lateral da antena com os comprimentos físicos e os comprimentos

efetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.7 – Distribuição de cargas e densidade de corrente no patch de microfita

3.1 – Tipos de elementos de FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.2 – pólos conectados pelo centro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.3 – As espiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.4 – Os elementos de interior sólido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.5 – Combinações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.6 – Medição em câmara anecóica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.7 – Medidor de precisão de FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.8 – Sistema para medição em uma FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.9 – FSS usada como antena refletora (dual band) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.10 – FSS usada como antena refletora (triple band) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.2 – EBG com plano de terra simétrico e assimétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.3 – Coeficiente de reflexão para a antena patch com plano terra simétrico e

assimétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.4 – Geometria e dimensões usadas pelos autores para o patch da antena . . . . . . . . . . . .

4.5 – Plano terra da antena usando UC-PBG como estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.6 – Perda de retorno para a antena proposta sem UC-PBG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.7 – Diagrama de radiação para antena sem UC-PBG em 5,4 GHz e 5,96 GHz . . . . . . .

4.8 – Eficiência total de radiação para 5,4 GHz 5,96 GHz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.9 – Antena Cassini de alto ganho quad-band . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.10 – A DSL FSS abordada para as quatro frequências da antena Cassini . . . . . . . . . . .

4.11 – Comparação dos resultados de desempenho de transmissão entre os valores

medidos e simulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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4.12 – Antena patch usando uma FSS como superstrato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.13 – As três configurações de FSS para o superstrato acima da antena patch . . . . . . . .

4.14 – Geometria da antena patch para GPS com uma estrutura EBG fractal . . . . . . . . .

4.15 – A resposta S11 para os valores medidos e simulados da antena GPS com FSS

fractal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.1 – Dimensões da antena patch triangular padrão desenvolvida neste trabalho . . . . . . .

5.2 – Resposta S11 para a antena padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.3 – Dimensões da antena patch triangular com FSS no plano de terra desenvolvida

neste trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.4 – Coeficiente de transmissão para a FSS utilizada como ponto de partida . . . . . . . . .

5.5 – FSS com T fixo e W variando de 3 mm até 8 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.6 – FSS com W fixo e T variando de 6 mm até 10 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.7 – Comparação entre os resultados obtidos do parâmetro S11 para T variando de 6

a 10 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.8 – Comparação entre os resultados obtidos do parâmetro S11 para W variando de 3

a 8 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.9 – Comparação entre os resultados obtidos do parâmetro S11 para a antena sem FSS

e com FSS com W = 5 mm e T = 10 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.10 – Carta de Smith da antena padrão: (a) sem FSS e (b) com FSS . . . . . . . . . . . . . . . .

5.11 – Comparação entre os resultados simulados e medidos obtidos para a antena sem

FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5.12 – Comparação entre os resultados simulados e medidos obtidos para a antena com

FSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

FSS Frequency selective surface (Superfície seletiva de freqüência)

GPS Global Positioning System (Sistema de posicionamento global)

WLAN Wireless Local Area Network (Rede local sem fio)

WiFi Wireless Fidelity (Fidelidade sem fio)

RFID Radio-Frequency Identification (Identificação por radiofrequência)

WiMAX Worldwide Interoperability for Microwave Access (Interoperabilidade Mundial

para Acesso de Micro-ondas)

VHF Very High Frequency (Frequência Muito Alta)

UHF Ultra High Frequency (Freqüência Ultra Alta)

TE Polarização transversal eléctrica

TEM Transversal Electromagnetic (Transversal Eletromagnético)

TM Polarização transversal magnética

MCE Método do circuito equivalente

FDTD Finite difference time domain (Diferenças finitas no domínio do tempo)

EDP Equação diferencial parcial ou Equação de derivadas parciais

PML Perfect matched layer (Camada perfeitamente casada)

EBG Electromagnetic Band-Gap

PBG Photonic Band Gap

HGA High Gain Antenna

DSL Double Square Loop

IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

VSWR Voltage Standing Wave Ratio (Amplitude máxima de tensão sobre a amplitude

mínima de tensão)

14

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

As antenas são componentes indispensáveis em sistemas de

comunicação sem fio. Elas são os dispositivos que permitem transferir o sinal

de um meio guiado em ondas que, por sua vez, propagam-se no espaço livre e

podem ser recebidas por outra antena. Da mesma forma, uma antena pode

detectar um sinal que se propaga no espaço livre e transformá-lo em uma onda

guiada.

Certamente, esta década tem presenciado um uso extensivo de

aparelhos celulares, GPS, satélites, WLAN, WiFi, tecnologia Bluetooth,

dispositivos RFID, WiMAX, dentre outros, este crescimento das comunicações

sem fio tem sido o responsável pelo desenvolvimento de novas técnicas de

projeto de antenas, incluindo as modernas técnicas computacionais a baixo

custo.

A demanda por novos sistemas de comunicações sem fio tem requerido

o desenvolvimento de novas configurações de antenas de microfita, também

conhecidas como antenas tipo patch, pois estas antenas são amplamente

utilizadas na faixa de frequências de micro-ondas devido a sua grande

facilidade de integração com outros componentes de circuito que facilitam a

construção de arranjos planares e de circuitos integrados em frequências de

micro-ondas.

O avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos na construção de

dispositivos com tecnologia planar decorreu da necessidade crescente de

implementação de dispositivos com dimensões e peso cada vez menores, para

aplicações diversas, tal como na atividade aeroespacial. Observa-se que uma

atenção especial tem sido dedicada ao estudo de superfícies seletivas de

frequência (Frequency Selective Surface – FSS).

As FSS são estruturas formadas por um arranjo tradicionalmente

periódico de elementos do tipo patch ou por elementos do tipo abertura, ou

ainda, uma combinação dos dois tipos de elementos. Estruturas de FSS com

Introdução

15

elementos do tipo abertura podem ser usadas para fornecer características

passa-faixa enquanto que estruturas do tipo patch apresentam características

de filtro rejeita-faixa.

As estruturas periódicas têm um grande número de aplicações e têm

contribuído significativamente para melhorar o desempenho dos circuitos de

comunicações.

Neste trabalho, é efetuada uma análise de antenas de microfita

integradas como FSS para aplicações em sistemas de comunicação sem fio.

Para este estudo foram analisados computacionalmente diversas estruturas

afim de se encontrar a melhor configuração, levando-se em consideração

tamanho da estrutura, forma do elemento irradiante, patch e a resposta em

frequência. Uma vez tendo encontrado uma configuração ideal foi introduzido

FSS usando elementos do tipo patch retangular sobre o plano terra em busca

de otimizar os parâmetros de resposta da antena e obter múltiplas frequências

com a melhor largura de banda possível. Por fim foi feita a construção das

antenas e comparados os valores medidos com os simulados, como forma de

obter uma conformidade das respostas e validar os resultados.

No Capítulo 2, é apresentada uma introdução às antenas de microfita

bem como as principais formas de alimentação e os métodos de análise mais

populares.

No Capítulo 3, é apresentada uma descrição das superfícies seletivas de

frequência, mostrando-se um breve histórico, os tipos e as formas de

elementos mais usados, técnicas de medições e aplicações, dentre outros

aspectos.

No Capítulo 4, é apresentado um levantamento na literatura onde foram

observadas as causas e efeitos do uso de antenas patch integradas as

estruturas seletivas em frequência. Dentre a vasta quantidade de artigos

publicados na área foram descritos cinco das mais diversas aplicações.

No Capítulo 5, são apresentados os resultados numéricos comparando

os resultados das simulações e medições para o modelo da perda de retorno

(S11), usando FSS com elementos do tipo patch retangular.

16

Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as conclusões dos principais

aspectos abordados neste trabalho e sugestões para trabalhos futuros como

forma de ampliar o conhecimento aqui aplicado.

17

CAPÍTULO 2

ANTENAS DE MICROFITA

2.1 – Introdução

Concebidas no início dos anos 50 como linhas de transmissão para

circuitos integrados em micro-ondas, estruturas do tipo microfita passaram

por grandes transformações até atingirem as configurações atuais. Sua

geometria original, composta por um plano de terra e por um substrato

dielétrico que suporta uma fita condutora, evoluiu para outras de maior

complexidade, porém mais versáteis, dando origem às denominadas antenas

de microfita, sendo seu desenvolvimento um tópico relevante e atual.

Este tipo de antena recebeu considerável atenção a partir da década

de 1970, embora a ideia de uma antena de microfita tenha sido concebida em

1953 [1] e tendo sido emitida uma patente em 1955 [2]. A estrutura básica de

uma antena de microfita é ilustrada na Figura 2.1. Ela consiste em uma fita

metálica de pequena espessura (t<< , em que é o comprimento de onda

no espaço livre) posicionada a uma distância, correspondente a uma

pequena fração do comprimento de onda (h<< , usualmente

, acima de um plano de terra. O patch de microfita é projetado de

modo que seu diagrama seja máximo em uma direção normal a ele (radiador

broadside). Isto pode ser alcançado com uma escolha adequada

(configuração de campo) do ponto de excitação sob o patch. Uma radiação

end-fire pode ser também obtida com uma escolha criteriosa do modo de

propagação. Em geral, no caso de um patch retangular seu comprimento L é

tal que

. O elemento radiador e o plano terra são separados por

uma camada dielétrica, chamada de substrato.

Em aplicações aeronáuticas, aeroespaciais, de satélite e de mísseis

de alto desempenho, nas quais tamanho, peso, custo, desempenho,

facilidade de instalação e perfil aerodinâmico são limitantes, antenas planares

podem ser úteis. Atualmente, há diversas outras aplicações governamentais

e comerciais, como celulares, GPS e sistemas de comunicações sem fio, que

18

têm especificações semelhantes. Para atender esse requisitos antenas de

microfita [1]-[3] podem ser usadas. Estas antenas são discretas, moldáveis a

superfícies planas e não-planas, de fácil construção e de baixo custo com a

tecnologia de circuitos impressos, mecanicamente robustas quando

montadas em superfícies rígidas, dependendo da forma do patch e do modo

selecionado. São versáteis em termos de frequência de ressonância,

polarização, diagrama e impedância. Além disso, ao adicionar cargas entre o

patch e o plano terra, como pinos e diodos varactores, podem ser projetados

elementos adaptativos com frequência de ressonância, impedância,

polarização e diagramas variáveis [1].

Figura 2.1 – Antena de microfita.

Dentre as desvantagens operacionais das antenas de microfita

podemos citar: baixa eficiência, baixa potência, alto Q (algumas vezes, acima

de 100), fraco desempenho de varredura, radiação espúria da alimentação e

pequena largura de banda, tipicamente de apenas uma fração de 1% ou, no

máximo, de alguns poucos por cento. Em algumas aplicações, substratos

com maior espessura são utilizados para estender a eficiência a valores da

ordem de 90%, porém quando se faz uso de substratos maiores tem-se o

aumento de ondas de superfície, estas por sua vez são indesejáveis, pois

extraem potência da quantidade total disponível para radiação direta (ondas

espaciais). As ondas de superfície viajam no interior do substrato e podem

ser espalhadas em curvas e descontinuidades da superfície, como

truncamento do dielétrico e do plano de terra [2], degradando o diagrama de

radiação da antena e suas características de polarização. Ondas de

superfície podem ser eliminadas com o uso de cavidades,

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consequentemente, podemos manter maiores larguras de banda [3]. Existem

alguns métodos que são empregados para aumentar a largura de banda em

antenas de microfita, dentre eles temos o arranjo de elementos de microfita.

Além disso, as antenas de microfita podem ressoar em outras frequências

além da faixa de operação a qual ela foi projetada. Estas antenas

apresentam grandes dimensões físicas nas frequências de VHF e,

possivelmente, UHF. Quando combinadas em grandes arranjos, há uma

permuta entre largura de banda e volume de varredura [3].

Diferentes materiais podem ser usados como substrato no projeto de

antenas de microfita. Em geral, a permissividade elétrica relativa desses

materiais tem valores na faixa de 2,2 a 12. Os substratos mais adequados

para antenas de bom desempenho são espessos e têm baixa constante

dielétrica, pois permitem maior eficiência, maior largura de banda e facilitam a

radiação dos campos. Entretanto, essas propriedades têm o custo de

elementos de maiores dimensões [2]. Substratos finos com altos valores de

constante dielétrica são desejáveis para circuitos de micro-ondas, que

exigem campos mais confinados, para minimizar a radiação e acoplamentos

indesejáveis e elementos de pequenas dimensões. Entretanto, devido às

maiores perdas esses substratos são menos eficientes e resultam em

larguras de banda relativamente menores [3]. Como antenas de microfitas

são geralmente integradas com outros circuitos de micro-ondas, um equilíbrio

deve ser encontrado entre bom desempenho da antena e bom projeto do

circuito.

Frequentemente, antenas de microfita são também referenciadas

como antenas patch. Elementos radiantes e linhas de alimentação são, em

geral, impressos no substrato dielétrico. O patch radiante pode ser quadrado,

retangular, dipolo, circular, elíptico, triangular ou de geometria diversa.

Diversas geometrias são ilustradas na Figura 2.2. Os patchs quadrado,

circular, dipolo e triangular são as mais comuns, devido à facilidade de

análise e fabricação, bem como suas atraentes características de radiação,

especialmente baixa radiação em polarização cruzada. Dipolos de microfita

são atraentes por possuírem uma largura de banda inerentemente grande e

ocuparem menos espaço, o que os torna adequados para a formação de

arranjos.

20

Figura 2.2 – Geometrias comuns de elementos patch de microfita.

2.2 – Métodos de Alimentação

Diversas configurações podem ser usadas para alimentação de

antenas de microfita. As quatro mais populares são: linha de microfita, cabo

coaxial, acoplamento por abertura e acoplamento por proximidade. Essas

formas de alimentação são ilustradas na Figura 2.3 [1] [3] [6].

A linha de alimentação de microfita também consiste em uma fita

condutora que, em geral, tem largura muito menor que a do patch. Este tipo

de alimentação é de fácil fabricação, casamento de impedância e

modelagem. No entanto, à medida que a espessura do substrato aumenta,

ondas de superfície e radiação espúria gerada pela alimentação aumentam o

que, na prática, limita a largura de banda (tipicamente, 2 a 5%) [1] [3] [6].

A alimentação com cabo se dá através de um condutor interno coaxial

que se conecta diretamente ao patch radiante e outro condutor externo que

se conecta ao plano terra. A alimentação por cabo coaxial é de fácil

construção e casamento, apresentando baixa radiação espúria, contudo, tem

pequena largura de banda e é mais difícil de modelar, especialmente no caso

de substratos espessos ( ) [1] [3] [6].

21

Figura 2.3 – Formas típicas de alimentação de antenas de microfita.

Tanto a alimentação por linha de microfita como a por cabo coaxial

possuem assimetrias inerentes, gerando modos de ordens superiores que

produzem radiação de polarização cruzada. Para superar alguns desses

problemas, foi introduzida a alimentação sem contato através de

acoplamento por abertura e acoplamento por proximidade. Dentre as quatro

formas de alimentação citadas, são as de fabricação mais difícil e também de

menor largura de banda. No entanto, o acoplamento por abertura é de

modelagem razoavelmente simples e tem radiação espúria moderada. Essa

forma de acoplamento consiste em dois substratos separados por um plano

terra. Na face superior do substrato de baixo há uma linha de microfita, cuja

energia é acoplada ao patch através de uma fenda no plano terra que separa

os dois substratos. Essa disposição permite otimização independente do

mecanismo de alimentação e do elemento radiante. Tipicamente, o substrato

inferior consiste em um material de alta constante dielétrica e o substrato

superior de uma espessa camada de material de baixa constante dielétrica.

No acoplamento por proximidade o plano de terra se localiza na parte inferior

do substrato do lado de baixo, o patch se localiza na parte superior do

substrato do lado de cima e a linha de microfita se localiza exatamente entre

os dois substratos, não havendo qualquer impedimento para o acoplamento

entre os dois. O fato de se ter plano terra entre os dois substratos

proporciona para estes dois métodos de alimentação a vantagem de isolar a

alimentação do elemento radiante, minimizando, assim, a interferência da

22

radiação espúria na formação do diagrama e na pureza de polarização [1] [3]

[6].

2.3 – Métodos de Análise

Há inúmeros métodos para a análise de antenas de microfita. Os

métodos mais populares são: o método da linha de transmissão, o método da

cavidade ressonante e métodos de análise de onda completa. O método da

linha de transmissão é o mais simples de todos e provê uma boa percepção

física, mas é menos preciso e seu uso para modelar o acoplamento é mais

difícil. Comparado com o método da linha de transmissão, o método da

cavidade ressonante é mais preciso, mas, ao mesmo tempo, mais complexo.

Este método também provê uma boa percepção física e seu uso para

modelar o acoplamento também é difícil, embora isso tenha sido feito com

sucesso. Já os métodos de onda completa, quando aplicados

apropriadamente, são muito precisos, versáteis e podem tratar elementos

isolados, conjuntos finitos e infinitos, elementos cascateados, elementos de

formas arbitrárias e acoplamento. Entretanto, estes são os métodos mais

complexos e, frequentemente, provêm pouca percepção física [1] [3] [6].

2.3.1 – Método da Linha de Transmissão

Este método representa uma antena de microfita como um conjunto de

duas estreitas aberturas (fendas) radiantes, cada uma de largura W e altura

h, separadas por uma distância L. Basicamente, o método da linha de

transmissão representa a antena de microfita por duas fendas, separadas por

uma linha de transmissão de baixa impedância Zc e comprimento L [1].

Assim, pode ser visto na Figura 2.4, típicas linhas de campo elétrico

associadas à linha de microfita. A linha de microfita é uma estrutura não

homogênea que consiste em dois dielétricos, tipicamente o substrato e o ar.

A maior parte das linhas de campo elétrico fica confinada no substrato e parte

das linhas sofre um franjeamento. Como resultado, esta linha de transmissão

não suporta o modo transmissão TEM (Transverse Eletric Magnetic), uma

vez que os valores das fases podem ser diferentes no ar e substrato. Em vez

23

disso, o modo dominante de propagação seria o modo quase-TEM. Assim,

como algumas das ondas propagam-se no ar e outras no substrato, uma

constante dielétrica efetiva é introduzida pra levar em conta o

franjeamento e a velocidade de propagação na linha de microfita [1].

Figura 2.4 – Linhas do campo elétrico associado a linha de microfita.

Para definir a constante dielétrica efetiva, assume-se que o condutor

central da linha de microfita, com suas dimensões originais e altura acima do

plano terra, seja depositado sobre um único dielétrico, como indicado na

Figura 2.4(c). A constante dielétrica efetiva é definida como a constante

dielétrica de um material uniforme tal que a linha de transmissão da Figura

2.4(c) tenha características elétricas idênticas, particularmente a constante de

propagação, às da linha verdadeira da Figura 2.4(a). Para uma linha de

microfita com ar acima do substrato, a constante dielétrica efetiva tem valores

no intervalo 1< < . Para a maioria das aplicações, em que a constante

dielétrica do substrato for muito maior que a unidade >> 1, o valor de

será próximo do valor da constante dielétrica do substrato. Portanto, a

linha de microfita se comporta mais como uma linha homogênea sobre uma

camada dielétrica (somente o substrato) e com constante dielétrica efetiva

que se aproxima do do substrato. A expressão para o é dada por [1].

[

] (2.1)

24

em que:

= Constante dielétrica efetiva

= Constante dielétrica do substrato

= Altura do substrato

= Largura do patch

= Comprimento do patch

Considerando a Figura 2.5, que ilustra uma antena patch de microfita

retangular com comprimento L, largura W sobre um substrato de altura h. O

eixo das coordenadas é selecionado de modo que o comprimento L é

longitudinal à direção x, a largura W é longitudinal à direção y e a espessura

é longitudinal à direção z [1].

Figura 2.5 – Antena Patch de Microfita.

Para operar no modo TM10, o comprimento do patch tem que ser um

pouco menor que ⁄ em que é o comprimento de onda no dielétrico e é

igual a √ , em que é o comprimento de onda no espaço livre. O

modo TM implica que o campo varia de um ciclo de ⁄ ao longo do

comprimento do patch. Na Figura 2.5, a antena patch de microfita é

representada por duas fendas separadas por uma linha de transmissão de

largura L e um circuito aberto em ambos os lados. Ao longo da largura do

patch, a tensão é máxima e a corrente é mínima devido às aberturas nas

extremidades. Os campos nas bordas podem ser resolvidos em componentes

normais e tangenciais com relação ao plano terra [1].

25

A partir da Figura 2.6 vemos que as componentes normais do campo

elétrico nas duas extremidades ao longo da comprimento estão em direções

opostas e, portanto, fora de fase uma vez que o comprimento do patch é λ/2

e, portanto, eles se anulam na direção broadside. As componentes

tangencias, vistas na Figura 2.6(b), estão em fase, significando que os

campos resultantes se combinam radiando campo máximo na direção normal

à superfície da estrutura. Por isso as bordas ao longo da largura L pode ser

representada como dois slots de radiação, onde cada parte é λ/2 estes estão

em fase e radiando na metade do espaço acima do plano terra. Os campos

ao longo da largura podem ser modelados como fendas radiando e,

eletricamente, o patch da antena de microfita parece maior do que suas

dimensões físicas. As dimensões do patch ao longo da largura já foram

aumentadas em cada extremidade pela distância ∆L, que é dada

empiricamente por [9]:

( ) (

)

( ) ( )

(2.2)

O comprimento efetivo do patch torna-se:

(2.3)

Para uma dada frequência de ressonância, , o efeito da largura é

dado por [9]:

(2.4)

Para uma antena patch de microfita retangular, a frequência de

ressonância para qualquer modo TM é dada por [James e Hall]:

[(

)

(

)

]

(2.5)

em que m e n são módulos ao longo de L e W, respectivamente.

Para a radiação eficiente, a largura W é dada por [Bahl and Bhartia]:

26

√(

(2.6)

(a) (b)

Figura 2.6 – Vista superior e lateral da antena com os comprimentos físicos e

os comprimentos efetivos.

2.3.2 – Modelo de Cavidade

Embora o modelo de linha de transmissão discutido na seção anterior

seja fácil de usar, ele possui algumas desvantagens inerentes.

Especificamente, ele é útil para patches de formato retangular e ignora

variações do campo ao longo das bordas radiante. Estas desvantagens

podem ser superadas usando o método da cavidade.

No método da cavidade, a região inferior do substrato dielétrico é

modelada como uma cavidade delimitada por paredes elétricas na parte

superior e inferior. As bases para estas suposições são ( ) [9]

Quando a espessura do substrato é fina, os campos em seu interior

não variam muito na direção normal ao patch, z.

27

O campo elétrico só tem componente na direção z, e o campo

magnético tem componentes transversais e na região delimitada

pelo patch metálico e o plano terra. Estas observações são

provenientes da parede elétrica superior e inferior.

Figura 2.7 – Distribuição de cargas e densidade de corrente no patch de

microfita.

Considerando a Figura 2.7, observamos que quando o patch de

microfita é alimentado, uma distribuição de cargas é estabelecida na

superfície superior e inferior do patch, assim como na parte superior do plano

de terra. Estas distribuições são controladas por dois mecanismos, o

mecanismo da atração e o da repulsão, discutido por [1]. O mecanismo da

atração ocorre entre as cargas de sinais opostos existentes na face inferior

do patch e no plano terra, e tende a manter a concentração de cargas nesta

face. O mecanismo de repulsão ocorre entre cargas de mesmo sinal na face

inferior do patch e tende a empurrar algumas cargas desta face em direção

às bordas e à face superior do patch. O movimento destas cargas cria

densidades de corrente correspondentes e nas faces inferior e superior

do patch respectivamente. Na maioria dos casos práticos a razão entre

espessura e largura é muito pequena, o mecanismo de atração domina, e a

maior parte da concentração de carga e fluxo de corrente permanece sob o

patch. Uma pequena quantidade de corrente flui em torno das bordas em

direção a face superior do patch. Entretanto esse fluxo de corrente diminui à

medida que a razão entre espessura e largura diminui [1].

Se a antena de microfita fosse tratada somente como uma cavidade

isso não seria suficiente para determinar as amplitudes absolutas dos

28

campos elétrico e magnético. Na verdade, ao tratar as perdas da cavidade,

assim como o material em seu interior, como não tendo perdas, a cavidade

não radiaria e sua impedância de entrada seria puramente reativa. Além

disso, a função representando a impedância teria somente pólos reais. Para

levar em conta a radiação, um mecanismo de perda deve ser introduzido com

isso temos a resistência de radiação e a resistência de perda . Estas

duas resistências permitem que a impedância de entrada seja complexa e

que sua função tenha pólos complexos, os pólos imaginários representam,

por meio de Rr e RL, a radiação e as perdas dielétricas e de condução. Para

introduzir perdas à microfita usando o modelo de cavidade, o que, então,

representaria uma antena, a perda é considerada através da introdução de

uma tangente efetiva de perdas 𝒮ef que é dado por:

𝒮

(2.7)

em que é o fator de qualidade total da antena e é expresso na forma:

(2.8)

em que representa o fator de qualidade do dielétrico e é dado por:

𝒮 (2.9)

em que:

é a frequência de ressonância angular

é o total de energia armazenado no patch à ressonância

perda dielétrica

é a tangente de perdas do dielétrico

A variável representa o fator de qualidade do condutor e é dado

como:

(2.10)

29

em que:

é a perda no condutor

Δ é a quantidade de penetração no condutor

altura do substrato

representa o fator de qualidade para radiação e é dado por:

(2.11)

em que é a potencia irradiada pelo patch.

Substituindo as equações (2.8), (2.9), (2.10) e (2.11) na Equação (2.7),

tem-se:

𝒮 𝒮

(2.12)

Assim, a Equação (2.12) descreve a tangente de perda total efetiva

para a antena de microfita.

2.3.3 – Método dos Momentos - Solução de Onda Completa

Um método que fornece análise de onda completa para antenas patch

de microfita é o Método dos Momentos (MoM). Neste método, as correntes

de superfícies são usadas para modelar o patch de microfita e o volume da

corrente de polarização é usado para modelar os campos no dielétrico. O

Método dos Momentos é a técnica de resolução de equações integrais

complexas por redução destas a um sistema de equações lineares simples.

Este método utiliza uma técnica conhecida por método dos resíduos

ponderados. Na verdade os termos método dos resíduos ponderados e

método dos momentos são sinônimos.

As técnicas de resíduos ponderados começam por estabelecer um

conjunto de funções de base e a solução real. Os parâmetros variáveis são

determinados de forma a garantir uma melhor aproximação das funções de

base, com vista a minimizar os resíduos.

Newman e Tulyathan demonstram como se obtém uma integral a partir

das correntes. Implementando-se o Método dos Momentos, estas equações

30

do campo elétrico são convertidas em uma matriz de equações que pode ser

resolvida com várias técnicas de álgebra para obter os resultados [1].

Considere a função básica para ser resolvida pelo Método dos

Momentos:

( (2.13)

em que F é o operador linear, g é a função desconhecida ou seja a função a

ser encontrada e h é a fonte ou a função conhecida. O objetivo aqui é

encontrar g, pois F e h são conhecidos. A função desconhecida g pode ser

expandida com uma combinação linear de N termos dado por:

(2.14)

em que é uma constante desconhecida e é a função desconhecida

usualmente chamada de base ou função expressão. Substituindo a equação

(2.13) na (2.14) e usando a propriedade da linearidade do operador F,

podemos escrever:

∑ (

(2.15)

As funções de base devem ser escolhidas de modo que cada (

da Equação (2.15) possa ser calculado. As constantes desconhecidas não

podem ser determinadas diretamente, pois existem incógnitas e somente

uma equação. Um método para se obter essas constantes é o método da

ponderação dos restos. Neste método, um conjunto de soluções de teste é

estabelecido com um ou mais parâmetros variáveis. Os restos são uma

medida da diferença entre a solução teste e a solução real. Os parâmetros

variáveis são escolhidos de modo que garantam um melhor ajuste das

funções de julgamento com base na minimização dos restos. Isto é feito

definindo N funções de ponderação (ou teste) { } no

domínio do operador F. Tomando o produto interno destas funções, a

equação (2.15) se torna:

∑ ( (

( (2.16)

em que m = 1, 2, ... N

Escrevendo em forma de Matriz como mostrado em [9], nós obtemos:

31

[ ][ ] [ ] (2.17)

em que

[ ] [

( ( )( ( )

( ( )( ( )

] (2.18)

[ ]

[

]

(2.19)

[ ]

[ (

(

(

( ]

(2.20)

As constantes desconhecidas agora podem ser encontradas

usando técnicas algébricas tais como decomposição LU ou eliminação de

Gauss. Deve ser lembrado que as funções de ponderação devem ser

adequadamente escolhidas para que os elementos de { } sejam

linearmente independentes, não só por isso, mas também para minimizar os

cálculos necessários para avaliar o produto interno. Uma das escolhas para a

função de ponderação pode ser igualar as funções de base com as de

ponderação, . Isto é chamado de Método de Galerkin descrito por

Kantorovich e Akilov [9].

De acordo com a teoria de antenas, Balanis, nós podemos escrever a

integral do campo elétrico como:

( (2.21)

em que E é o campo elétrico incidente, J é a corrente de indução

desconhecida e é o operador linear.

O primeiro passo na solução do Método dos Momentos é a expansão

de J como um somatório finito da função de base dado como:

∑ (2.22)

em que é a função de base e é o coeficiente desconhecido. O segundo

passo envolve a definição de um conjunto de funções de ponderação M

linearmente independentes, . Pegando o produto interno nos dois lados e

substituindo a Equação (3.19) na Equação (3.18) temos:

32

( ) ∑ ( ( ) (2.23)

em que j = 1, 2, ... M

Escrevendo a Equação (2.23) na forma matricial,

⌊ ⌋[ ] ⌊ ⌋ (2.24)

em que

( ( ) (2.25)

( ) (2.26)

e J é o vetor corrente contendo as quantidades desconhecidas.

O vetor E contem as quantidades do campo incidente conhecido e os

termos da matriz Z são funções da geometria. Os coeficientes da corrente de

indução não conhecidos são os termos do vetor J. Usando algum esquema

de álgebra anteriormente mencionado, estas equações podem ser resolvidas

para dar a direção e em seguida os outros parâmetros, tais como os campos

elétricos e magnéticos dispersos podem ser calculados diretamente a partir

das correntes induzidas. Assim, o método dos momentos foi brevemente

explicado para uso em problemas de antena. Os resultados apresentados

neste trabalho foram obtidos com o programa comercial Ansoft Design, que é

um simulador que utiliza o Método dos Momentos na análise das estruturas.

2.4 – Conclusão

Nesse capítulo foi feito uma breve introdução às antenas de microfita

bem como as principais formas de alimentação das mesmas. Também foi

descrito os métodos mais populares de análise de antenas de microfita, como

método da linha de transmissão, método dos momentos e modelo de

cavidade.

33

CAPÍTULO 3

SUPERFÍCIES SELETIVAS EM FREQUÊNCIA

3.1 – Introdução

Nos últimos anos observamos um avanço tecnológico na construção

de dispositivos com tecnologia planar. Este avanço decorreu da necessidade

crescente de implementação de dispositivos com dimensões e peso cada vez

menores, para aplicações diversas, tais como nas atividades aeroespaciais.

Observa-se que uma atenção especial tem sido dedicada ao estudo de

superfícies seletivas em frequência (Frequency Selective Surfaces – FSS).

As superfícies seletivas em frequência podem ser definidas como um

arranjo periódico de elementos do tipo patch condutor ou por elementos do

tipo abertura, ou ainda, uma combinação dos dois tipos de elementos, com

capacidade de rejeitar ou deixar passar certas frequências, dependendo do

tipo de elemento usado. Se elementos do tipo patch o arranjo periódico

apresenta características de um filtro rejeita-faixa. Caso sejam usados

elementos do tipo abertura, o arranjo periódico se comporta como um filtro

passa-faixa, como ilustrado na Figura 3.1. Na medida em que os elementos

da estrutura vão entrando em ressonância com a onda incidente, o arranjo

periódico permite a transmissão total da onda, para o caso de elementos do

tipo patch, ou no caso de elementos do tipo abertura ele se comporta como

um condutor perfeito refletindo totalmente a onda incidente na direção

contrária a de propagação. Vale ressaltar que no caso tipo abertura a

frequência da FSS passa pela estrutura com o mínimo de perdas de inserção

e, consequentemente, para frequências fora da banda de operação o sinal é

refletido. Esse comportamento dos arranjos periódicos faz com que eles

tenham um grande número de aplicações e contribuam significativamente

para melhorar o desempenho dos circuitos de comunicações.

Uma FSS pode ainda ser definida como um anteparo-fino ou anteparo-

espesso, dependendo da espessura do elemento. O termo FSS anteparo-

fino, usualmente, refere-se a um anteparo com elementos do tipo circuito

34

impresso, isto é elementos tipo patch ou abertura, que possuem espessura

menor que , onde é o comprimento de onda para a frequência de

ressonância do anteparo.

(a) (b)

Figura 3.1 – Tipos de elementos de FSS: Elementos do tipo abertura. (b)

Elementos do tipo patch condutor.

As dimensões e o formato dos elementos, assim como a

periodicidade, estão diretamente relacionados com a frequência de operação

e a largura de banda das FSS, assim como a espessura, permissividade e as

características dielétricas do substrato também podem influenciar na resposta

da estrutura, pois estes parâmetros alteram o comprimento de onda e,

consequentemente, a frequência de operação da FSS. Dentre as formas

mais encontradas na literatura aplicadas as superfícies seletivas de

frequência estão: Patch Retangular, Patch Circular, Cruz de Jerusalém,

Dipolo Cruzado, Espira Quadrada, Espira Quadrada Dupla, Espira Quadrada

com Grade e Espiras Duplas Concêntricas. Observa-se também que

dependendo das mudanças na geometria das estruturas aumenta-se

consideravelmente a complexidade de entendimento da análise e o esforço

computacional, pois a configuração de cada elemento, bem como o

espaçamento entre eles contribui para a forma como os campos são

espalhados.

Dentre as formas mais encontradas na literatura aplicadas em FSSs

estão: o patch retangular, o patch circular, a cruz de Jerusalém, o dipolo

35

cruzado, a espira quadrada, a espira quadrada dupla, a espira quadrada com

grade e as espiras duplas concêntricas. Observa-se também que

dependendo das mudanças na geometria das estruturas aumenta-se

consideravelmente a complexidade de entendimento da análise e o esforço

computacional, pois a configuração de cada elemento, bem como, o

espaçamento entre eles contribui para a forma como os campos são

espalhados.

Dentre os elementos encontrados na literatura podemos dividi-los em

quatro grupos, segundo o pesquisador americano [7, 8, 14], sendo eles:

Os elementos do Grupo 1 são os N-polos conectados pelo centro. Eles

podem ser vistos na Figura 3.2 e as formas mais comuns são: o dipolo fino, o

dipolo cruzado, a cruz de Jerusalém e o tripolo [7].

Figura 3.2 – N – pólos conectados pelo centro.

O Grupo 2 é ilustrado na Figura 3.3 e é formado pelos elementos do

tipo espira, dentre os quais podemos citar: as espiras quadradas, as espiras

quadradas duplas, as espiras quadradas com grade e as espiras duplas

concêntricas como os elementos mais comuns [7].

Figura 3.3 – As espiras.

36

O Grupo 3 é composto pelos elementos sólidos e os mais comuns são:

os patches retangulares, os patches circulares e os patches hexagonais [7],

como ilustrado na Figura 3.4.

Figura 3.4 – Os elementos de interior sólido.

Por fim, o Grupo 4 é formado a partir de uma modificação ou

combinação dos elementos típicos. A Figura 3.5 ilustra duas das inúmeras

combinações possíveis.

Figura 3.5 – Combinações.

3.2 – Métodos de análises

Na literatura observam-se várias técnicas de análise para determinar

as características de transmissão e reflexão de uma FSS usando elementos

do tipo patch condutores ou do tipo abertura. Estas técnicas se subdividem

nos métodos quase-TEM que são classificados como métodos aproximados

e nos métodos de onda completa.

Para os métodos aproximados destaca-se o método do circuito

equivalente (MCE) como o mais utilizado em análises de FSS, pois esta

técnica usa uma aproximação quase-estática para calcular as componentes

do circuito e permite uma rápida resposta computacional [11]. Em [13] foi

37

proposto um novo método do circuito equivalente usando decomposição

modal para a análise de FSS multicamadas. O MCE tem uma diferença dos

métodos tradicionais de cálculo de campo baseado na solução direta das

equações de Maxwell, pois o mesmo focaliza os processos de transporte

elétrico no meio, utilizando a equação de continuidade e a teoria de circuitos

elétricos para obter, a partir de modelos matemáticos apropriados, um

sistema de equações algébricas para a distribuição de potenciais elétricos

num espaço discretizado de elementos de volume [15] [16]. Nesta análise os

vários segmentos de fita condutora que formam o elemento patch, em um

arranjo periódico, são modelados como componentes indutivos ou

capacitivos em uma linha de transmissão. Da solução deste circuito, são

encontradas as características de transmissão e reflexão da FSS [11].

Assim como nos métodos aproximados existem vários métodos de

onda completa, dentre as quais podemos destacar, atualmente, a técnica das

diferenças finitas no domínio do tempo (FDTD). Esta técnica possibilita a

análise de qualquer tipo de elemento, bem como a análise de perdas

dielétricas e/ou magnéticas e a análise de estruturas não homogêneas [7].

Apesar de sua simplicidade, na época em que foi proposto, não havia

recursos computacionais para a simulação de problemas complexos e isso

atrasou os estudos do método, porém no atual nível de desenvolvimento

computacional, a técnica FDTD passou a ser empregada na solução de

diversos problemas. Além disso, pelo fato do FDTD ser um método que utiliza

um algoritmo baseado em equações diferenciais parciais (EDP), ele não

requer uma abordagem através de funções de Green e assim permite o

estudo da onda em todo seu espectro de frequências e em ambientes

complexos. Para simulações nas quais a região modelada estende-se ao

infinito, utilizam-se condições de contorno para limitar o domínio

computacional. As condições de contorno mais utilizadas são planos

condutores (magnéticos ou elétricos) perfeitos, em função do grau de simetria

do problema, ou em situações mais comuns, a camada perfeitamente casada

(Perfect Matched Layer – PML) proposto por Berenger. Com isto pode-se

limitar o domínio computacional e diminuir reflexões indesejadas.

Outro método empregado é o da expansão modal, que permite uma

análise capaz de fornecer detalhes das respostas em frequências e da

38

polarização, este tem sido bem sucedido na predição do desempenho de

uma estrutura periódica [7]. O método dos momentos ou a técnica do

gradiente conjugado é usado no método da expansão modal e é verificado

um grande esforço computacional, sendo desaconselhável para a análise de

FSS com elementos mais complexos, como por exemplo, espiras quadradas

duplas [15].

Em conjunto com esses métodos, podem ser utilizadas técnicas de

inteligência artificial, como algoritmos genéticos ou redes neurais, para

análise e/ou síntese de FSS [7].

3.3 – Técnicas de medição

Vários métodos têm sido usados para medir as propriedades de

transmissão e reflexão de uma FSS. Uma técnica precisa de medição é

ilustrada na Figura 3.6. A medição é feita usando-se um medidor de campo e

um gerador de varredura. As antenas são separadas por uma distância

relativamente grande, garantindo-se que a onda incidente estará na região de

campos distante. Os absorvedores da câmara anecóica eliminam as

reflexões no solo e nas paredes da câmara, enquanto os absorvedores na

estrutura eliminam as difrações nas bordas da FSS [7].

Figura 3.6 – Medição em câmara anecóica.

39

Outra configuração de medição que produz resultados precisos é o

uso de antenas cornetas e lentes, ilustrado na Figura 3.7. Este modo pode

ser usado para medições, que exigem uma maior precisão, do desempenho

de transmissão e reflexão de ondas na FSS para os casos de polarizações

TE e TM. Essas lentes dielétricas transformam a onda esférica das cornetas

em um feixe colimado de ondas planas.

Figura 3.7 – Medidor de precisão de FSS.

Existe também o método que usa cornetas de ganhos padronizados

como antenas transmissora e receptora. Entretanto, este método pode

produzir resultados menos precisos que os métodos anteriores e, por isso,

normalmente este método se limita a medições para polarização TEM. Estas

imprecisões podem ser decorrentes de difrações ocasionadas nas bordas do

painel de testes [7]. Estas difrações podem ser atribuídas a grande largura do

feixe das antenas cornetas e a pequena espessura da FSS. Entretanto, a

adição de absorvedores nas bordas das estruturas podem reduzir esse

problema. A Figura 3.8 ilustra o método.

40

Figura 3.8 – Sistema para medição em uma FSS.

3.4 – Aplicações

As estruturas periódicas apresentam um grande número de aplicações

e tem contribuído de forma significativa para os avanços de tecnologias

planares.

A aplicação mais conhecida da FSS é o anteparo das portas dos

fornos de microondas. Este anteparo é constituído de um arranjo periódico

que funciona como um filtro passa-faixa, que deixa passar a faixa de

frequência da luz visível e reflete a frequência de 2,45GHz do forno de

microondas.

Para sistemas de antenas com refletor duplo, uma FSS pode ser

usada como subrefletor. Diferentes alimentadores são utilizados

independentemente e colocados no foco real (ou virtual) do subrefletor.

Consequentemente, apenas um refletor principal é necessário para operação

multifrequencial. Para este caso temos o clássico exemplo da nave espacial

americana Voyager, na qual foi utilizada uma antena de alto ganho e um

subrefletor formado por uma FSS [7, 12].

41

Em uma antena refletora multifuncional, são necessárias FSS de alto

desempenho para demultiplexar duas faixas separadas de frequência ou para

multiplexar três ou quatro faixas.

A Figura 3.9 ilustra FSSs sendo usadas como antenas refletoras do

tipo banda dupla (dual band). O alimentador 2 é colocado no ponto focal do

refletor principal, enquanto que o alimentador 1 é colocado no ponto focal do

subrefletor, que é formado por uma FSS. Esse anteparo é projetado para

refletir a faixa de frequência do alimentador 1, mas é totalmente transparente

para a faixa de frequência do alimentador 2 [7]. Já a Figura 3.10 demonstra o

uso de FSS para antenas refletoras, porém para banda tripla (triple band).

Observa-se que a FSS1 e a FSS2, foram instaladas dentro dos limites da

antena e refletem as frequências f1 e f2, respectivamente. Os alimentadores

são colocados em diferentes pontos focais para as três bandas f1, f2 e f3.

Desse modo consegue-se reduzir consideravelmente o volume, massa e o

mais importante, no custo da antena, com subrefletores FSS [7].

Figura 3.9 – FSS usada como antena refletora (dual band).

42

Figura 3.10 – FSS usada como antena refletora (triple band).

Radomes FSS com elementos tipo abertura podem ser projetadas

para produzir características passa-faixa. Em outras palavras, na frequência

de operação da antena, o sinal passa através da radome com o mínimo de

perdas de inserção. O radome pode ser projetado para uso acoplado a

superfícies de automóveis ou aeronaves, para garantir um espalhamento

mínimo de sinal [7], [10].

3.5 – Conclusão

Neste Capítulo, foi apresentada a uma introdução sobre superfícies

seletivas de frequência abordando-se os principais aspectos introdutórios

sobre o assunto. Primeiro, foi feita uma introdução sobre o tema, abordando-

se aspectos constitutivos e comportacionais das FSSs. Depois, foram citados

alguns métodos de análise utilizados para a obtenção das características de

espalhamento de FSSs. Em seguida, algumas técnicas de medição foram

descritas e ilustradas. Por fim, algumas aplicações usuais de FSSs foram

detalhadas.

43

CAPÍTULO 4

Técnicas de Integração de Antenas com FSS

4.1 – Introdução

A partir do levantamento na literatura foram observados causas e efeitos

do uso de antenas patch integradas com superfícies seletivas em frequência.

As FSS possuem inúmeras aplicações. Inicialmente, as aplicações estavam

concentradas no uso em sub-refletores do tipo Cassegrain de antenas

parabólicas. Atualmente as aplicações envolvem, entre outras, radomes,

sistemas de antenas para aviões, foguetes e mísseis, filtros eletromagnéticos

para antenas refletoras e estruturas absorvedoras [7] [15].

Em um sistema com duplo refletor, uma FSS pode ser usada como sub-

refletor. Em sistemas como este, são utilizados diferentes alimentadores

colocados, independentemente, no foco real e virtual do sub-refletor.

Consequentemente, apenas um refletor principal é necessário para a operação

multibanda. Desta forma são conseguidas significativas reduções de massa,

volume e custo da antena com a FSS utilizada como sub-refletor. Para uma

antena refletora multibanda são necessárias FSS de alto desempenho para

demultiplexar duas faixas separadas ou multiplexar três ou quatro faixas [7]

[15].

Na literatura têm sido encontradas também aplicações de FSS

multicamadas, como por exemplo, o cascateamento dessas estruturas para

bloquear sinais de comunicação. Um exemplo bem simples é o caso de FSS

utilizada como painel que bloqueia o sinal de redes sem fio. Os painéis podem

ser usados como papéis de paredes em locais como escritórios (cobrindo

inclusive janelas), impedindo o acesso não autorizado a redes sem fio de

empresas. Esses painéis podem atuar nas versões passiva ou ativa. Na versão

passiva, a barreira é permanente, impedindo o acesso em uma determinada

área. Já na versão ativa, é possível que o acesso a uma determinada área seja

ligado ou desligado, possibilitando, caso necessário, o aumento ou diminuição

do alcance de uma rede. Estes painéis filtram o sinal da rede sem fio e

44

permitem que outros sinais como ondas de rádio e redes celulares continuem a

ser recebidos normalmente [7] [15].

4.2 – Primeiro Estudo de Caso

Neste primeiro artigo [17], os autores mostraram que a FSS no plano

terra melhorou não apenas a largura de banda, mas provocou uma redução na

frequência de ressonância, isso implica que as dimensões podem ser

reduzidas, para a frequência de operação voltar ao que era, produzindo uma

miniaturização.

Em um primeiro momento eles analisaram a resposta de uma antena

planar com plano terra contínuo, como ilustrado na Figura 4.1. Para esta

configuração os autores deste trabalho conseguiram uma ressonância próxima

de 1,8 GHz com uma banda de 500 MHz.

Posteriormente eles analisaram duas outras estruturas usando em seu

plano terra uma estrutura EBG, a diferença entre as duas é que uma é

simétrica e a outra assimétrica. As EBG simétrica e assimétrica estão ilustradas

na Figura 4.2.

(a) (b)

Figura 4.2 – Antena de Microfita com EBG no plano terra: (a) simétrico e (b)

assimétrico.

Os resultados apresentados para o parâmetro S11 (dB) da estrutura

simétrica comprovam um deslocamento na frequência central para 1,7 GHz

sendo que para a estrutura sem EBG é de 1,8 GHz e um aumento na largura

de banda de -10 dB. O deslocamento da frequência é observado na Figura

4.3(a) e a largura de banda na Figura 4.3(b).

44

(a) (b)

Figura 4.3 – Coeficiente de reflexão para a antena patch com plano terra: (a)

simétrico e (b) assimétrico.

4.3 – Segundo Estudo de Caso

Neste segundo artigo [18], os autores propuseram uma Antena fractal de

microfita compacta usando uma FSS para formar uma estrutura PBG. Com

isso, os autores mostraram que o uso da FSS suprimiu as ondas de superfície

e melhoraram os diagramas de radiação. A geometria do patch é mostrado na

Figura 4.4 e possui 14,7mm de cada lado. O substrato do material escolhido

para a antena tem 2mm de espessura, 50x60mm de dimensão e um εr = 10,2.

Figura 4.4 – Geometria e dimensão usadas pelos autores para o patch da

antena [18].

45

Para os elementos fractais de primeira e segunda ordem tem-se as

dimensões 10,39 e 7,35 mm de lado, respectivamente. A Figura 4.5 demonstra

o arranjo proposto neste trabalho para a célula UC-PBG que foi utilizada no

plano de terra. Esta consiste em um patch em losango com quatro lados

estreitos com elementos indutivos. O comprimento do lado mais largo do

losango mede 0,8mm, já a parte estreita tem 0,1mm. O intervalo entre duas

células adjacentes tem 1,8mm. A antena está sendo alimentada por uma linha

de microfita com 100 de impedância e a largura desta linha de microfita é de

1,79mm. O substrato tem 50mm de comprimento por 60mm de largura.

(a) (b)

Figura 4.5 – Plano terra da antena usando UC-PBG como estrutura [18].

Um dos parâmetros analisados pelos autores foi a perda de retorno,

S11, entre as antenas com e sem estruturas UC-PBG. Para a antena com UC-

PBG foram observadas duas frequências de ressonância, uma em 5,4GHz com

uma perda de retorno de -31,02 dB e outra em 5,96GHz com -18,26dB. Estes

parâmetros são ilustrados na Figura 4.6.

46

Figura 4.6 – Perda de retorno para a antena proposta sem UC-PBG.

Um outro parâmetro também analisado na antena sem UC-PBG foi o

diagrama de radiação na Figura 4.7(a) e (b). Nesta observa-se um lóbulo de

7,3 dBi de magnitude para a frequência de 5,4 GHz e um outro lóbulo de 6,4

dBi para a segunda frequência que é de 5,96 GHz. Temos também a eficiência

total da antena de 93,45 % e 89,07 % para as duas frequências de

ressonância, 5,4 GHz e 5,96 GHz respectivamente.

(a)

47

(b)

Figura 4.7 – Diagrama de radiação para antena sem UC-PBG em: (a) 5,4 GHz

e (b) 5,96 GHz.

Posteriormente o autor fez as mesmas análises para a antena com a

UC-PBG. Para a frequência de ressonância em 5,4 GHz o ganho no plano E e

H são de 0,1 dBi. A eficiência total é de 93,67 % (> 0,22%) comparada com as

estruturas sem UC-PBG. Na frequência de 5,96 GHz houve uma melhoria de

0,2 dBi com relação a mesma frequência sem UC-PBG, já a eficiência é de

90,01 % isso dá um ganho de 0,94 % maior que a forma original, ou seja, sem

UC-PBG. A Figura 4.8 comprova os valores anteriormente comentados.

(a)

48

(b)

Figura 4.8 – Eficiência total de radiação para: (a) 5,4 GHz e (b) 5,96 GHz.

4.4 – Terceiro Estudo de Caso

Nesse outro artigo [19], os autores mostraram que a integração da FSS

como subrefletor em uma antena parabólica permitiu que, com apenas um

refletor principal, a antena operasse com 4 bandas de frequência, reduzindo

peso e tamanho, o que é fundamental em aplicações de satélites. As bandas

cobertas por esta estrutura são: S; X; Ku e Ka, estas são frequências bastante

utilizadas em enlaces de comunicação de dados. A Figura 4.9 ilustra a simples

antena Cassini de alto ganho (HGA – High Gain Antenna).

Figura 4.9 – Antena Cassini de alto ganho quad-band.

49

A geometria adotada para a FSS e a configuração para as quatro

bandas pode ser visualizada na Figura 4.10 em duas perspectivas, uma vista

lateral e outra superior. Na vista superior é demonstrada a FSS utilizada, que

neste caso é uma espira quadrada dupla (DSL – Double Square Loop), na qual

w1 = w2 = 0,254mm, G2 = 0,5mm, G1 = 1,27 mm, D2 = 1,73mm, D1 = 2,73mm e

a periodicidade P = 4mm. Na vista lateral podemos observar que são utilizadas

duas FSSs em cascata separadas por um honey comb (espuma). O substrato

utilizado foi o Duroid 6010.5 que é um substrato qualificado para aplicações

espaciais, este por sua vez possui uma alta constante dielétrica (εr 11).

Figura 4.10 – A DSL FSS abordada para as quatro frequências da antena

Cassini [19].

Os resultados ilustrados na Figura 4.11 mostraram-se satisfatórios, pois

a comparação entre os valores simulados e medidos mostrou uma boa

concordância para o design dos elementos da FSS em espira quadrada dupla.

Nota-se que para as frequências 2,3 e 13,8 GHz o antepara deixa passar e

para as frequências de 7,2; 8,4; 32 e 34 GHz são refletidas.

50

Figura 4.11 – Comparação dos resultados de desempenho de transmissão

entre os valores medidos e simulados.

4.5 – Quarto Estudo de Caso

Nesse quarto trabalho [20], os autores mostram que é possível obter

uma antena dual-band utilizando uma FSS como superestrato. Como uma das

importantes características da camada de superstrato são suas frequências de

ressonância e fator de alta qualidade para cada frequência de ressonância, os

autores conseguiram uma alta diretividade, obtendo ganho de 18 dBi, para a

antena com a FSS. Uma outra vantagem de utilizar a FSS para esta finalidade

foi a de viabilizar o projeto tanto no âmbito comercial como técnico, por ser de

baixo custo e de fácil implementação, já que os superstratos são difíceis de

serem fabricados na prática e de se encontrar comercialmente um material com

uma constante específica. Além disso, afim de alcançar a largura de banda

desejável muitas vezes é necessário usar várias camadas dielétricas que leva

ao aumento da espessura total da estrutura. Portanto, as estruturas FSS

podem ser uma boa alternativa para camada dielétrica e para antenas diretivas.

A configuração adotada pelos autores foi uma antena patch com o

superestrato acima, Figura 4.12.

51

Figura 4.12 – Antena patch usando uma FSS como superstrato.

Conforme ilustrado na Figura 4.13, os autores analisaram três tipos de

FSS, sendo uma espira quadrada e duas espiras quadradas duplas. Observem

que para o terceiro caso, Figura 4.13(d), os elementos da FSS foram

arranjados de forma diferente do caso anterior, sendo a espira maior impressa

em um lado da FSS e a espira menor do outro lado. Os elementos da FSS têm

periodicidade P = 5,175 mm e o comprimento das espiras são: a11 = a22 = a32 =

4,8 mm; t11 = t21 = t31 = 0,2 mm; a21 = a31 = 4,3 mm; t22 = t32 = 0,1 mm. Ambos

foram impressos no material da Rogers RT/Duroid 5870.

Figura 4.13 – As três configurações de FSS para o superstrato acima da

antena patch.

52

4.6 – Quinto Estudo de Caso

Esse outro artigo [21], demonstra uma antena para uso em sistemas

global de posicionamento (GPS). Antenas para este tipo de aplicação precisam

ter polarização circular, alto desempenho e miniaturização. Como forma de

atender estes critérios, os autores deste artigo propuseram o uso de uma FSS

com geometria fractal de Minkowski, para formar um plano terra EBG e permitir

o projeto de uma antena para operar nas faixas de GPS. A antena escolhida foi

uma antena patch quadrada com uma fenda em uma das bordas e um slot no

centro, alimentada a 45º ao longo do eixo. As dimensões adotadas para esta

antena patch foram: L = 27.8 mm, L1 = 5 mm, W1 = 1mm, L2 = 2 mm e W2 = 0,6

mm. O substrato usado foi o Rogers TMM10, com constante dielétrica εr =

10,2, a espessura h = 1,905 mm e o plano terra com 80x80 mm. A Figura 4.14

demonstra não só estes parâmetros como também o uso da FSS no plano terra

e a periodicidade P = 15 mm. Neste trabalho, os elementos do tipo fractal de

Minkowski quadrado foram obtidos a partir da aplicação de um fator de redução

de escala a um gerador de malhas Minkowski, que parte de um patch

quadrado, interação 0, até a segunda interação que tem como resultado a FSS

com fractal apresentada na Figura 4.14.

Figura 4.14 – Geometria da antena patch para GPS com uma estrutura EBG

fractal [21].

53

Os resultados medidos e simulados comprovam que a antena patch

para GPS proposta apresenta um bom desempenho, pois ela fornece a

polarização circular com uma melhora de 3 dB dentro de uma faixa de

frequência razoavelmente ampla, abrangendo a largura de banda GPS L2.

Também foi observado uma melhoria de 1,5 dB de ganho e 60 % na largura de

banda para a relação axial, tudo isso em comparação com a mesma antena

sem EBG. Na Figura 4.15 podemos visualizar um comparativo dos valores

obtidos na perda de retorno simulada e medida para a antena com EBG. Os

gráficos mostram a perda de retorno superior a 10 dB a partir de 1,56 GHz até

1,59 GHz.

Figura 4.15 – A resposta S11 para os valores medidos e simulados da antena

GPS com FSS fractal [21].

4.7 – Conclusão

Nesse capítulo foi apresentado um estudo bibliográfico que demonstra o

grande potencial de antenas integradas com superfícies seletivas de

frequências em diversas configurações. Em particular, no desenvolvimento de

dispositivos de microfita com FSS torna-se viável a fabricação de dispositivos

de baixo custo, mais leves e compactos que os atuais com características

como: multibanda, diretividade, ganho, dentre outras.

55

CAPÍTULO 5

RESULTADOS COMPARATIVOS

5.1 – Introdução

Neste capítulo são apresentados os resultados comparando

simulações e medições para a perda de retorno (S11), considerando as

diversas configurações de antenas investigadas. O projeto dessas antenas

inicia a partir de um modelo padrão de antena patch com formato triangular,

alimentado por linha de microfita, sobre o substrato (Rogers RT6010) de

permissividade relativa de 10,5, espessura de 0,127 cm e plano de terra

truncado com uma reentrância. A forma e dimensões do elemento radiador e

do plano de terra truncado podem ser vistos na Figura 5.1.

Figura 5.1 – Dimensões da antena patch triangular padrão desenvolvida neste trabalho.

A partir da teoria de Antenas e com base no estado da arte

apresentado no Capítulo 4, a antena foi projetada para trabalhar nas faixas

de operação dos padrões IEEE 802.11 b/g/n (2,4 – 2,4835 GHz) e IEEE

802.11 a/n (5,15 – 5,35 GHz e 5,725 – 5,825 GHz).

56

Inicialmente, foi analisado o parâmetro S11 para a antena sem a FSS,

somente com plano de terra truncado e com reentrância. A Figura 5.2 ilustra

a perda de retorno da antena padrão. Pode-se observar três bandas de

ressonância para um VSWR menor ou igual a 2 (– 10 dB). Dessas três

bandas de ressonância, duas comportam as faixas de operação de interesse

que são as faixas de operação dos padrões IEEE 802.11 b/g/n (2,4 – 2,4835

GHz)e IEEE 802.11 a/n (5,15 – 5,35 GHz e 5,725 – 5,825 GHz), destacadas

pelas barras cinzas. Sendo que na primeira banda de ressonância obteve-se

um bom casamento de impedância tendo a frequência de ressonância de 2,4

GHz atingido – 15 dB. Na terceira faixa de ressonância, obteve-se também

um bom casamento de impedância tendo a frequência de ressonância de 5,0

GHz atingido – 25 dB.

Figura 5.2 – Resposta S11 para a antena padrão.

Como forma de otimizar a resposta da respectiva antena foi aplicada

uma superfície seletiva em frequência com elementos do tipo patch quadrado

em seu plano de terra. As antenas com FSS serão referenciadas como

57

antena WxTy, em que x e y são as dimensões de W e T em mm. Essas

dimensões podem ser visualizadas na Figura 5.3. W é a largura do patch

quadrado e T é a distância do início de um elemento ao início do outro, ou

seja, é a periodicidade da FSS. O elemento escolhido para a célula individual

foi o patch quadrado. Inicialmente, ela foi projetada com as dimensões de W

= 5mm e T = 10mm, sobre o substrato dielétrico utilizado na antena padrão. A

escolha da geometria se deve ao fato da sua simplicidade, que permite que a

mesma seja construída com as técnicas de fabricação utilizadas na UFRN.

Figura 5.3 – Dimensões da antena patch triangular com FSS no plano de terra desenvolvida

neste trabalho.

Para obtenção da resposta da FSS foi utilizado o programa

computacional comercial Ansoft Designer®. A frequência de ressonância da

FSS foi de 13 GHz com uma largura de banda de – 10 dB de

aproximadamente 2 GHz, como pode ser observado na Figura 5.4. Para a

faixa de operação desejada (2,4 – 5,825 GHz), representada pela barra

cinza, a FSS apresentou coeficiente de transmissão maior que – 4 dB, o que

fará com que a mesma atue como plano de terra auxiliando na radiação da

antena. O interesse do estudo é observar em quais parâmetros da antena a

FSS auxiliará. Sendo que o maior interesse é no casamento de impedância e

na melhoria da seletividade da antena.

58

Figura 5.4 – Coeficiente de transmissão para a FSS utilizada como ponto de partida.

5.2 – Estruturas Analisadas

Para se analisar a influência das dimensões físicas do patch quadrado

utilizado na FSS, foram implementados 11 modelos computacionais no

programa computacional comercial CST. As dimensões W e T foram variadas

de um modelo pro outro. A dimensão W, ou largura do patch quadrado, foi

variada de 3 a 8 mm, como ilustrado na Figura 5.5. A periodicidade da FSS,

T, foi variada de 6 a 10 mm, como ilustrado na Figura 5.6. A quantidade de

células nas FSSs foi mantida a mesma, ou seja, cada modelo de antena foi

implementado com uma FSS no plano de terra composta de 7 x 6 células,

num total de 42 células. Cada antena foi simulada e os melhores resultados

são comparados com os da antena padrão. Para esses resultados, além do

parâmetro S11 foram obtidos os diagramas de radiação e as cartas de Smith,

para que fosse analisada a influência da FSS no desempenho da antena.

59

Figura 5.5 – FSS com T fixo e W variando de 3 mm até 8 mm.

60

Figura 5.6 – FSS com W fixo e T variando de 6 mm até 10 mm.

61

Considerando a periodicidade das células da FSS integrada ao plano

de terra da antena patch a dimensão T foi variada de 6 a 10 mm e o S11 foi

obtido para cada um dos cinco modelos computacionais. Pode ser observado

que a primeira banda de ressonância praticamente não foi alterada quando T

variou. Reduzindo T de 10 para 9 mm, ocorreu uma melhora no casamento

de impedância, mas a antena deixou de operar na banda superior do padrão

IEEE 802.11 a/n (5,725 – 5,825 GHz). Para os demais valores de

periodicidade, houve uma piora no casamento de impedância e para os

valores de T iguais a 8 e 7 mm a antena também deixou de operar na banda

superior do padrão IEEE 802.11 a/n, já para T igual a 6mm, apesar da piora

no casamento de impedância, surgiu uma quarta banda de ressonância que

permitiu que a antena operasse nas duas bandas do padrão IEEE 802.11 a/n.

Com isso, conclui-se que para W = 5mm a melhor periodicidade é de 10 mm.

Esses resultados são ilustrados na Figura 5.7.

Figura 5.7 – Comparação entre os resultados obtidos do parâmetro S11 para T variando de 6

a 10 mm.

62

Outro conjunto de simulações foi obtido para T fixo igual a 10 mm e

variando-se a dimensão W de 3 a 8 mm. O parâmetro S11 foi obtido para

cada um dos seis modelos computacionais. Pode ser observado que todas as

bandas de ressonância foram afetadas pela variação de W. Aumentando-se

W de 5 para 8 mm, ocorreu uma melhora no casamento de impedância, mas

a antena deixou de operar na banda superior do padrão IEEE 802.11 a/n e na

banda do padrão IEEE 802.11 b/g/n, ou seja, houve uma grande degradação

de desempenho da antena original. Aumentando-se W de 5 para 7 mm,

praticamente não ocorreu melhora no casamento de impedância e a antena

deixou de operar na banda superior do padrão IEEE 802.11 a/n.

Aumentando-se W de 5 para 6 mm, a primeira banda de ressonância não se

altera, enquanto que na segunda houve uma melhora no casamento de

impedância e um aumento na seletividade da banda. As dimensões de W

iguais a 3 e 4 mm não alteraram a primeira banda de ressonância e

provocaram uma piora no casamento de impedância para a segunda banda

de interesse. Conclui-se que para T = 10 mm o melhor valor de W é de 6 mm

ou 5 mm. Os resultados podem ser observados na Figura 5.8.

Figura 5.8 – Comparação entre os resultados obtidos do parâmetro S11 para W variando de 3

a 8 mm.

63

A Figura 5.9 ilustra uma comparação entre os resultados simulados

para o S11 da antena sem FSS e aqueles obtidos para a antena com uma

FSS de W = 5 mm e T = 10 mm. Claramente, pode-se observar que houve

uma melhora no casamento de impedância para a segunda banda de

ressonância, enquanto que a primeira não se alterou. Notamos ainda uma

melhora na seletividade da segunda banda. Assim, notamos que a FSS

melhorou não apenas o casamento de impedância, mas também a

seletividade da antena.

Figura 5.9 – Comparação entre os resultados obtidos do parâmetro S11 para a antena sem

FSS e com FSS com W = 5 mm e T = 10 mm.

Para comprovar a melhora no casamento de impedância na frequência

de ressonância da segunda banda de interesse, foram obtidas as cartas de

Smith para a antena sem FSS e com FSS com W = 5 mm e T = 10 mm. A

Figura 5.10(a) ilustra a carta de Smith obtida para a antena sem a FSS. A

impedância na frequência de ressonância de 5,03 GHz foi de 48,14 . A

Figura 5.10(b) ilustra a carta de Smith obtida para a antena com a FSS. A

64

impedância na frequência de ressonância foi de 49,9 , bem mais próximo

do valor desejado de 50

(a)

(b)

Figura 5.10 – Carta de Smith da antena padrão: (a) sem FSS e (b) com FSS.

65

Com o propósito de validar as simulações efetuadas neste trabalho,

foram construídas duas antenas uma sem FSS e outra com FSS (W = 5 mm

e T = 10 mm). As antenas foram construídas sobre o substrato RT – 6010 da

Rogers Corporation, com permissividade relativa de 10,5 e espessura de

0,127 cm. O propósito das medições foi o de comprovar as melhorias

discutidas nas simulações.

A Figura 5.11 compara os resultados simulados com os resultados

medidos para a antena sem a FSS. Os resultados medidos apresentaram

uma primeira banda de ressonância mais larga que os resultados simulados.

Entretanto, ambos os resultados comportam a banda dos padrões IEEE

802.11 b/g/n. Na segunda banda de interesse, os resultados medidos

apresentaram duas ressonâncias, mas ambas comportaram as bandas de

operação dos padrões IEEE 802.11 a/n. Podemos observar uma boa

concordância entre os resultados e ainda que a antena construída é

apropriada para operar nos padrões IEEE 802.11.

Figura 5.11 – Comparação entre os resultados simulados e medidos obtidos para a antena

sem FSS.

66

A Figura 5.12 compara os resultados simulados com os resultados

medidos para a antena com a FSS. Os resultados medidos apresentaram

uma primeira banda de ressonância em total concordância com os resultados

simulados, ambos os resultados comportando a banda dos padrões IEEE

802.11 b/g/n. Na segunda banda de interesse, os resultados medidos, assim

como para a antena sem FSS, apresentaram duas ressonâncias, mas ambas

comportaram as bandas de operação dos padrões IEEE 802.11 a/n.

Podemos observar uma boa concordância entre os resultados e ainda que a

antena construída é apropriada para operar nos padrões IEEE 802.11.

Figura 5.12 – Comparação entre os resultados simulados e medidos obtidos para a antena

com FSS.

67

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentado um estudo de simulação e

experimental através do uso de antenas do tipo patch integradas a

superfícies seletivas de frequência com células periódicas. Este trabalho

propôs uma antena patch triangular alimentada por linha de microfita e plano

de terra truncado com uma reentrância.

Dentre os parâmetros analisados temos a perda de retorno (S11), a

largura de banda e o casamento de impedância, estes por sua vez foram

analisados e comparados inicialmente para as diversas configurações obtidas

com a antena padrão, sem uso de FSS, e para as antenas com FSS em seu

plano de terra. O programa computacional comercial CST® foi utilizado na

obtenção dos resultados simulados, baseado nestes resultados foi feito uma

seleção de qual estrutura apresentou melhor resposta aos parâmetros

analisados comparados aos da antena padrão. A antena com FSS escolhida

foi a W5T10, onde W5 representa a largura do patch quadrado e T10 a

periodicidade dos elementos, ambos em mm, esta escolha se deu em virtude

das análises, pois foi a configuração que melhor apresentou melhoria nos

valores analisados.

Este trabalho mostrou-se satisfatório pelo fato da antena proposta ser

uma antena multibanda, que trabalha em três frequências de operação com

bandas de ressonância para um VSWR menor ou igual a 2 (-10 dB) e estas

bandas são as faixas do padrão IEEE 802.11 b/g/n (2,4 – 2,4835 GHz) e do

IEEE 802.11 a/n (5,15 – 5,35 GHz e 5,725 – 5,825 GHz).

O objetivo inicial deste trabalho foi propor através do emprego da FSS

deslocar as frequências mais altas para atender a banda superior do padrão

IEEE 802.11 a/n e com isso conseguir reduzir o tamanho da antena, ou seja,

obter uma miniaturização em virtude do uso da FSS, entretanto isso não foi

possível, porem nesta mesma análise foi observado uma outra contribuição

deste trabalho ao se fazer uso de FSS no plano de terra, pois obtivemos uma

melhora no casamento de impedância e uma seletividade de frequência,

68

fazendo com que houvesse um deslocamento das frequências mais altas

com um aumento na largura de banda, com isso a antena passou a ressoar

nas três faixas de operação do IEEE anteriormente citadas.

Como continuidade desse estudo, sugere-se a análise desta antena

com o uso de outras formas geométricas de FSS como por exemplo a

geometria fractal de Gosper que tem conforme a literatura a finalidade de

ajustar a frequência de operação e a largura de banda das estruturas

periódicas sem alterar seu tamanho original. Uma outra possibilidade de

estudo seria a utilização de outros materiais com alta permissividade elétrica,

como é o caso dos substratos dielétricos cerâmicos e também o emprego de

metamateriais.

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