antecedentes da ii guerra mundial

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Universidade da Beira Interior AS ORIGENS DA II GUERRA MUNDIAL Mário Matos Nº 18672

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Breve trabalho sobre a II Guerra Mundial: os antecedentes e como interpreto determinados pontos. Realizado para a disciplina de História do Séc XX, do 1S/2A da Licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior.

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Page 1: Antecedentes da II Guerra Mundial

Universidade da Beira Interior

AS ORIGENS DA

II GUERRA MUNDIAL

Mário Matos

Nº 18672

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História do séc. XX

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I. INTRODUÇÃO

A Segunda Guerra Mundial, iniciada em Setembro de 1939, foi o conflito mais

sangrento até a data em toda a história da Humanidade, não só pelas vítimas mortais e

prejuízos monetários, mas igualmente pelos distúrbios provocados a nível psicológico,

destruição de vidas de famílias inteiras e o atraso provocado a nível de todos os

sectores, desde o económico ao social, passando pelo educacional. Esta guerra total

provocou uma devastação em tudo superior à Primeira Guerra Mundial e contou com o

envolvimento directo ou indirecto de mais de sete dezenas de países nos quatro

continentes.

Não existem justificações para qualquer que seja a guerra, no entanto as suas

origens podem ser descortinadas e, se bem que não perfeitamente traçadas, poder-se-á

sempre apontar um conjunto de causas para a “explicação” do desencadeamento do

conflito.

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II. AS CAUSAS

O Tratado de Versalhes

Uma das causas apontadas para o desencadear deste conflito é o acordo assinado

em 1919 pelas potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial (Inglaterra, França e

EUA) e as vencidas (Alemanha e Áustria), o Tratado de Versalhes. [anexo 1]

Após o final da Primeira Guerra Mundial os países participantes na guerra

queriam ver reconhecidos os (poucos) gastos provocados pela guerra das trincheiras, a

morte de milhares de soldados só para ganhar um metro de terra. Desta vontade surgiu o

Tratado de Versalhes que não era mais do que um acordo entre as partes envolvidas

para o pagamento de indemnizações por parte dos vencidos aos vencedores e uma forma

de tentar limitar militarmente a Alemanha para evitar futuros avanços, no entanto, as

imposições foram demasiado pesadas.

Para além das pesadas indemnizações a pagar, a Alemanha perdia Alsácia e

Lorena para a França, devia proceder à desmilitarização da Renânia e veria o seu

número de soldados reduzido. Estaria ainda proibida de utilizar artilharia pesada

(tanques e aviões) e possuir apenas submarinos da marinha abaixo da 10.000 toneladas.

Um diktat humilhante segundo os alemães.

Os problemas económicos, perdas, danos e humilhação sofridas pelo povo

alemão tiveram nefastas consequências internas para a Alemanha.

O acordo assinado em Versalhes, França, pretendia assegurar o entendimento

político e a paz entre os países. No entanto, a aceitação das humilhantes imposições

colocadas à Alemanha foi um dos factores que contribuiu para a queda da República de

Weimar e um dos factores que mais influenciou a ascensão do Nazismo.

Dificuldades económicas do pós-guerra

A especulação bolsista que despoletou em 1929, a maior crise do mundo

capitalista foi também um dos factores responsáveis pelo segundo conflito mundial.

A subida de preços no pós-guerra e as crises monetárias atingiram drasticamente

aqueles que viviam de rendimentos fixos, atirando pequenos proprietários e assalariados

para a miséria.

As dificuldades económicas, nomeadamente a crise de 29, abalaram

profundamente as democracias liberais mais frágeis e generalizaram uma vaga de

regimes totalitários. No entanto, as democracias com maior tradição como a francesa e

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inglesa sobreviveram à crise juntamente com os EUA através do intervencionismo do

Estado, salvando o liberalismo. Estas medidas proteccionistas visavam proteger as

economias nacionais face aos produtos de mercados externos.

As modificações foram de tal maneira drásticas que a produção mundial desceu

40% e o desemprego rondava a cifra dos 70 milhões de desempregados, sendo que nos

principais países industrializados o número de pessoas sem trabalho era

assustadoramente grande, enquanto que nos cantos mais desfavorecidos do mundo a

pobreza continuava a aumentar para números alarmantes devido à diminuição de

procura das fontes de matéria-prima.

A ascensão de governos autoritários e fascistas

Um dos mais importantes motivos foi o surgimento, na década de 30, de

governos totalitários com forte índole militarista e expansionista. As dificuldades

económicas e sociais deram origem a uma crise nas democracias liberais e uma escalada

de regimes autoritários e fascistas.

Envolta num clima de humilhação a Alemanha era um alvo fácil para a subida

de regimes mais radicais ao poder desde que garantissem uma recuperação rápida e

eficaz da economia. Aproveitando a grave crise económica de 1929 e utilizando

habilmente a humilhação do diktat de Versalhes, Adolf Hitler encetou esforços para a

Revolução Nacional-Socialista cujo objectivo principal era tornar a Alemanha uma

superpotência.

Após a aniquilação implacável da oposição política (Social Democratas,

Comunistas e Liberais) e conquista do apoio de desempregados, rurais e burguesia, o

Partido Nazi vence as eleições de 1932 com esmagadora maioria. Hitler é nomeado

chanceler e implementa, dois anos mais tarde, o regime nazista.

Para reerguer a Alemanha era, no entanto, necessário violar a Tratado de

Versalhes, na medida em que este impedia a conquista do “espaço vital” e limitava

demasiado militarmente. Contornado as potências ocidentais, o führer assume-se como

acérrimo anticomunista e assina com o Japão (Novembro de 1936) e Itália (Janeiro de

1937) o Pacto Anti-Comintern, cuja finalidade é travar o avanço da URSS e atacá-la.

Em Itália, aproveitando o descontentamento social, a crise económica e a

inoperância governativa, Mussolini “marcha sobre Roma”, em Outubro de 1922, em

frente dos seus camisas negras, e obriga Vítor Manuel III a demitir o Governo e nomeá-

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lo chefe deste órgão. Dois anos depois el duce vence as eleições e instaura uma ditadura

fascista.

Também o Japão vive uma instabilidade interna. Após o ano de 1931 o governo

japonês assume uma política externa agressiva, explorando mercados externos ainda

não expostos à influência ocidental como forma de tentar recuperar da “grande

depressão” e impor-se nos mercados internacionais.

Em 1937 o Japão ocupa a Manchúria e invade o território chinês, iniciando o

conflito asiático. Esta sua política expansionista acabará provocar um choque com os

interesses norte-americanos na Ásia (Filipinas), levando à guerra entre estes dois países.

Intervenção de Hitler e Mussolini na Guerra Civil de Espanha

Os interesses do regime fascista italiano e nazi alemão conduziram a uma

cooperação e ajuda às forças fascistas que tentavam subir ao poder um pouco por toda a

Europa, tentando seguir o modelo de sucesso alemão e italiano.

Após a vitória da Frente Popular nas eleições de 1936 em Espanha, os generais

Mola e Franco revoltam-se contra a República e, apoiados na coligação de forças

conservadoras iniciam uma guerra civil que durou quase três anos.

Enquanto Inglaterra e França optaram por uma política de não intervenção,

Hitler e Mussolini apoiaram os nacionalistas liderados por Franco, nomeadamente

através das ajudas da Legião Condor e Grupo de Tropas Voluntárias.

Os republicanos, cada vez mais isolados, solicitaram apoio à URSS que, devido

à distância e bloqueio naval foi incapaz de equilibrar a situação a favor dos republicanos

que, em Março de 1939, acabaram por ser derrotados.

A guerra civil de Espanha foi um campo de ensaio para os carros de combate e

aviões bombardeiros alemães e permitiu a Estaline perceber que seria impossível

envolver-se directamente com a Alemanha.

Apesar de não ter acordado as potências europeias, esta cooperação entre

fascismo italiano e nazismo alemão foi a confirmação dos seus interesses em afirmar os

regimes fascistas como vias capazes de solucionar a crise.

O fracasso da intervenção da Sociedade das Nações (SDN)

A SDN foi uma organização internacional iniciada em 1919 com o objectivo de

regular a paz entre as nações, manter a harmonia nas relações internacionais. Assente

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numa das cláusulas do Tratado de Versalhes, iniciou a sua actividade apenas a 10 de

Janeiro de 1920.

Inicialmente seriam 32 os países membros desta organização, podendo

posteriormente qualquer nação fazer parte da SDN, exceptuando a Alemanha, Turquia e

URSS. Apesar disso, os problemas começaram quando uma das principais

superpotências do pós-guerra, os EUA, decidiu desvincular-se da organização.

No entanto, a impotência da SDN relativamente à cessão do Pacto Germâno-

Soviético (partilha da Polónia entre Alemanha e URSS) e a passividade face às políticas

expansionistas e imperialistas da Alemanha (remilitarização da Renânia, participação na

guerra civil espanhola, anexação da Áustria e invasão da Boémia e Morávia), do Japão

(invasão da Manchúria, inclusão em territórios chineses) e Itália (invasão da Abissínia e

participação na guerra civil espanhola) conduziram à sua extinção em Setembro de

1939, ano em que se inicia a Segunda Guerra Mundial, com a invasão alemã à Polónia.

O único ponto positivo da SDN foi o facto de ter preparado terreno para uma das

mais bem sucedidas organizações internacionais de sempre, a Organização das Nações

Unidas (ONU). [anexo 2]

Criada a 24 de Outubro de 1945 com os mesmos propósitos da SDN, a ONU

continua a aumentar a sua influência em todo mundo e, apesar de alguns fracassos em

determinados conflitos, a sua actuação e sobretudo o papel das suas organizações

especializadas tem disponibilizado todo o tipo de ajuda a povos carenciados no campo

da saúde, alimentação, educação até ao desenvolvimento técnico e económico.

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III. CONCLUSÃO

Um conflito da importância da Segunda Guerra Mundial não se explica

facilmente. No entanto, podemos apontar uma conjuntura de factores que são

comummente apontados pela maioria dos historiadores como responsáveis pelo encetar

da Segunda Grande Guerra.

Com as dificuldades económicas do pós-guerra e, nomeadamente da crise de 29,

as democracias liberais europeias mais frágeis regrediam dando lugar a regimes

autoritários e fascistas que, face a passividade da SDN, concretizavam as suas

necessidades expansionistas.

Liderado por Hitler, o regime nazi negava todos os princípios do Tratado de

Versalhes. A contínua violação do acordo foi sendo permitida e, apenas depois das

tropas alemãs entrarem na Polónia, em Setembro de 1939, Inglaterra e França declaram

guerra à Alemanha.

A Segunda Grande Guerra foi, assim, resultado de um acumular de situações que

em conjunto despoletaram o maior e mais sangrento conflito da Humanidade tendo

provocado milhões de mortos, feridos, destruição de vias de comunicação, zonas rurais

de cultivo arrastadas e o chocante genocídio de milhões de judeus, ciganos, deficientes e

idoso em campos de concentração alemães. Além de todas estas consequências, foi

igualmente no decorrer deste conflito que se lançaram as Bombas Atómicas sobre

Nagasaki e Hiroshima que deixaram um rasto de destruição que ainda hoje paira sobre

estas cidades japonesas.

Trabalho de: História do séc. XX Docente: Alexandre Costa

Aluno: Mário Matos, N.º 18672 Curso: Ciências da Comunicação

Ordem: 2A/1S – Exercício 6

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ANEXOS

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ANEXO 1 – TRATADO DE VERSALHES

O Tratado de Versalhes foi um acordo de paz assinado pelas potências

vencedoras da Primeira Guerra Mundial (França, Inglaterra e EUA) e as vencidas

(Alemanha e Áustria), encerrando oficialmente a Primeira Guerra Mundial.

O tratado foi assinado na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, em França,

no dia 28 de Junho de 1919, após seis meses de

difíceis negociações entre as partes envolvidas.

O tratado foi a continuação e confirmação do

armistício de Novembro de 1918 (em

Compiègne), colocando um ponto final no

conflito.

O documento era composto por mais de

440 artigos que tentavam assegurar a paz e

entendimento entre os países, a Constituição da Sociedade Das Nações (SDN). No

entanto, e lendo atentamente as cláusulas, pretendia-se que principalmente que a

Alemanha aceitasse todas as responsabilidades da guerra e pagasse pesadas

indemnizações (cerca de 269 biliões de marcos) a alguns países da Tríplice Entende.

As imposições à Alemanha incluíam a redução em 13,5% das suas colónias

ultramarinas, perda de Alsácia e Lorena para a França, desmilitarização da Renânia

(região fronteiriça com a França), o alargamento do território belga para Este do

território alemão, a desmilitarização (a um máximo de 100.000 soldados), a proibição

da utilização de artilharia pesada, tanques e aviões e possuir apenas submarinos da

marinha abaixo da 10.000 toneladas. Um excessivo teor humilhante para a Alemanha

que nunca devia ter acarretado com tantos prejuízos.

Os problemas económicos, perdas, danos e humilhação sofridas pelo povo

alemão tiveram nefastas consequências internas para a Alemanha. A conjuntura de

todos estes factores é geralmente apontada como uma das mais significantes causas que

levaram à queda da República de Weimar e a ascensão do nazismo que,

consequentemente, seria um dos factores responsáveis pela Segunda Guerra Mundial.

Woodrow Wilson com os comissários

americanos de paz

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ANEXO 2 – A ORGANIZAÇÃO DA NAÇÕES UNIDAS (ONU)

Após a tragédia semeada pela Segunda

Guerra Mundial o mundo necessitava de um uma

organização internacional que pudesse assegurar a

paz mundial. Ainda durante a guerra se lançaram

algumas bases gerais para a futura instituição,

mas apenas se fundou a 24 de Outubro de 1945,

na Conferência de São Francisco (Califórnia) por

51 países, logo após a Segunda Guerra Mundial,

com o objectivo de manter a paz, desenvolver a

solidariedade e cooperação internacional,

defender a igualdade entre nações e

autodeterminação dos povos assim como a defesa

dos direitos do Homem.

A ONU conta com mais de 192 Estados-membros e membros sem

reconhecimento pleno (como Taiwan, reclamado pela China) e sede em Nova Iorque.

Todos os Estados-membros estão representados na Assembleia-geral, onde se

debatem os grandes temas da actualidade. Ao conselho de Segurança, constituído por 15

países membros, cinco dos quais permanentes e com direito a veto (EUA, Rússia,

Inglaterra, França e China), tomar decisões sobre a paz e segurança internacional. O

secretário-geral é eleito pela Assembleia-geral, sob proposta do Conselho de Segurança,

tendo tarefas administrativas, de coordenação e ligação entre os diferentes órgãos. Cabe

ao Conselho económico e Social coordenar as actividades das Instituições

Especializadas (FAO, OMS, OIT, UNESCO, OIEA, FMI, COM, BIRD, ITU).

O número de países pertencentes à organização continua a crescer e, embora

tenha fracassado em alguns conflitos, a actuação da ONU tem sido bastante positiva,

sobretudo pelo facto de as organizações especializadas terem vindo a disponibilizar todo

o tipo de ajuda a povos carenciados no campo da saúde, alimentação, educação até ao

desenvolvimento técnico e económico

Um dos seus mais extraordinários feitos foi a Declaração Universal dos Direitos

do Homem, em 1948.

Sede da ONU, Nova Iorque

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BIBLIOGRAFIA ACTIVA

(por fonte e ordem alfabética)

Internet:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Versalhes

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_das_Na%C3%A7%C3%B5es

http://www.guerras.brasilescola.com/segunda/

Obras consultadas:

OLIVEIRA, Ana Rodrigues; CANTANHEDE Francisco; MENDONÇA, Maria

Olívia – História 9º ano, Texto Editora, 1997,

PINTO, Célia do Couto; ROSAS, Maria Antónia Monterroso – O tempo da

História, Volume 1 e 2, Porto Editora, 2004

BIBLIOGRAFIA PASSIVA

(por fonte e ordem alfabética)

Internet:

http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/nonio/xx/glos.htm

http://www.notapositiva.com/dicionario_historia/tratadoversalh.htm

http://www.arqnet.pt/portal/universal/segundaguerra/sgm1944.html

http://www.unb.br/acs/unbagencia/ag0805-60.htm

Obras consultadas:

REMOND, René – Introdução à História do nosso Tempo. Do Antigo Regime aos

nossos Dias, Gradiva, pgs 294-392

CAROL, Anne e outros – Resumo de História do séc. XX, Plátano Edições Técnicas,

1999