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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 277 Ano XXXI ~ N.º 366 Setembro 2007 Publicação Mensal ~ ISSN 0870-8789 (Distribuição Gratuita aos Associados) Preço Avulso - 4,25 (I.V.A. Incluído) Os prazos de pagamento e o C.I. na Administração Pública O interesse público da profissão O Orçamento e o Controlo de Gestão Prémio de Contabilidade “Luiz Chaves de Almeida” – prazo a expirar Curso de preparação para o exame de admissão à profissão de TOC Calendário de Formação

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Page 1: Ano XXXI N.º 366

JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 277

Ano XXXI ~ N.º 366Setembro 2007

Publicação Mensal ~ ISSN 0870-8789

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Os prazos de pagamento e o C.I. naAdministração Pública

O interesse público da profissão

O Orçamento e o Controlo de Gestão

Prémio de Contabilidade “Luiz Chavesde Almeida” – prazo a expirar

Curso de preparação para o exame deadmissão à profissão de TOC

Calendário de Formação

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007278

EditorialEditorial

Índice278 A Propósito de Obrigações

279 Contabilidade emmudança

280 A Administração PúblicaLocal e Central

283 Interesse público daprofissão

288 O Orçamento comoLimitação do Controlo deGestão

293 Síntese Económica

294 Consultório

303 Normalização Contabilística

304 Bibliografia

305 Noticiário

Separata:

FormaçãoLisboaCoimbraLeiria

PortoPonta Delgada

Índice

Ficha Técnica: Director: Severo Praxedes Soares • Directora-Adjunta: Maria Teresa O. Dias Neto • Coordenação: Isabel Maria Cipriano • Revisão:Cristina Moura Mendes • Mensário Técnico, fundado por Martim Noel Monteiro • Propriedade e Edição da Associação Portuguesa de Técnicos deContabilidade – APOTEC (Instituição de Utilidade Pública) • Redacção e Administração: Rua Rodrigues Sampaio, 50, 3.º - Esq. – 1169-029 LISBOA •Telefone: 213552900 • Telefax: 213552909 • http://www.apotec.pt • [email protected] • Tiragem: 8 200 exs. • Depósito Legal: 53873/92 •Registo n.º 105076 ICS • Assessores: Económico: Rogério Fernandes Ferreira – Contabilístico: Brito Nascimento; António José Neves Casaca – Fiscal:Fernanda Curado Ribeiro; José de Oliveira Sales Pires – Jurídico: Isabel Amado; Graça Lopes – Jurídico-Fiscal: João Filipe Gonçalves Pinto • Composiçãoe impressão: PENTAEDRO – Tel. 21 844 43 40 – 1700-249 Lisboa • Os originais recebidos para publicação são aceites na condição de que nem eles, nemqualquer tradução deles, tenham sido "adquiridos" ou publicados, e que não tenham sido apresentados para publicação em qualquer parte e que,será autorizada a sua livre publicação na nossa revista. • Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não vinculam a APOTEC.

Podemos afirmar que a luta pelo exercício da profissão de Técnico de Contas, emcondições de dignidade, começa na APOTEC desde a fundação.

Assim, e para lá do princípio que a APOTEC sempre perfilhou, e que nasceu com oseu principal fundador, Martim Noel Monteiro, de que a competência se avalia pelosconhecimentos que se demonstram, mais de que pelos títulos que se exibem, sempre aAssociação lutou pela ética, responsabilidade e dignidade no exercício da profissão.

Mais do que um estatuto, a APOTEC pugnou – e poder-se-á dizer que passados 30anos ainda mantém como objectivo – por um reconhecimento da sociedade face aoexercício profissional, e não somente do fisco.

Que o novo Estatuto que os Técnicos Oficiais de Contas pretendem, seja de facto umarealidade, menos estatisante, mais reconhecido, mas nunca uma imposição.

E que as palavras proferidas pelo Professor Sousa Franco sejam de facto objecto demerecida e cuidada tomada de decisão.

Deixemo-nos de sonhos megalómanos, ditatoriais, impróprios em Estados democrá-ticos, e indignos da confiança dos profissionais.

É preciso abandonar a ideia “doméstica” de governação, que mais não é do que umarraial da aldeia.

Urge dar voz aos profissionais! Ninguém pode representar um técnico de contas quenão partilhe da sua experiência profissional, que não comungue das suas dificuldades eque não sinta a sua vivência.

A vantagem da idade é sem dúvida o saber. Meu pai adoptava no trato com os filhos,uma postura pouco representativa da sociedade da altura, e ainda assim correndo algumrisco, dizia com frequência: pais impertinentes, fazem os filhos desobedientes.

Curioso era também, o conceito, nesse tempo, de interesse público – dizia-se o mesmodo padeiro (que tanto pão deu a quem sofria privações), do talhante, até mesmo do“homem do lixo” pois muito importante era para a saúde pública e para o ambiente.

É por demais evidente, independente da época, local ou momento, que assumirobrigações, acarreta responsabilidades. Saibamos pois, adequar a experiência dos profis-sionais às necessidades da sociedade.

A terminar, uma última nota, inspirada em alusões “científicas” que continuadamentese usam quando se pretende evidenciar algo que por si só, muito pouco representa, porisso pensamos ser obrigatório lembrar que a Ciência refere-se tanto a investigaçãoracional ou estudo da natureza direccionado à descoberta da verdade.

E a verdade para os técnicos de contas, é realidade com que todos os dias se deparam.

A Propósito deObrigações

Manuel PatuleiaPresidente da Direcção Central da APOTEC

A Associação Pública instituída não conflituará com a existência, mais quelegítima e necessária, das diferentes Associações que agrupam profissionaisdo sector. Terá funções próprias, funções acrescidas do poder, da autoridade,por isso é Associação Pública, mas funções exercidas em nome de umacategorial profissional dignificada, respeitada e mais responsabilizada.

António Sousa Franco, na tomada de posse da ATOC

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 279

O tema de que hoje nos voltamos a ocupar tem sidodemasiado recorrente, mas isso deriva de mudanças jáefectuadas e de outras mais extensivas que se procuramtambém já aplicar a partir de 1 de Janeiro de 2008.

Com as faculdades que a globalização vem consentindopropagam-se e começam a aplicar-se por todo o mundo práti-cas contabilísticas que se afastam extremamente das opçõesprudentes que dantes se seguiam na informação sobre o queera património (activos e passivos) e lucros ou prejuízosalcançados.

Está a procurar-se agora que a contabilidade tambémregiste como seus activos (e passivos) valores atribuíveis aperspectivas de negócios possíveis, por exemplo relativos acarteiras de encomendas por executar, tendências dos merca-dos onde a empresa considerada actua, valores derivados dadetenção de locais de negócios progressivamente afreguesados,etc. Dantes, estas perspectivações positivas não se conta-bilizavam. Era impensável considerar ganhos ou aumentos decapital próprio os benefícios económicos esperados ou quali-ficar como activos aumentos de valor esperados em activospor utilizar ou vender. Os procedimentos que se seguiam eramexactamente ao invés, ou seja, optava-se por contabilizaçõessob perspectivas pessimistas, reduzindo o resultado através daconstituição ou reforço de “provisões” relacionáveis comeventos em curso (existências de que se admitiam perdas emtransacções futuras, dívidas de cobrança duvidosa, equipa-mentos em obsolescência, passivos traduzidos em indemniza-ções admissíveis, etc.).

Em síntese: os princípios contabilísticos e as recomenda-ções dos doutrinadores encaminhavam-se no sentido da pru-dência, admitindo perdas estimadas como perdas efectivas,mas já não se consideravam como ganhos efectivos estimati-vas ainda que muito previsíveis de ganhos a obter em transac-ções firmadas, mas ainda não concretizadas.

Contabilidade em MudançaProfessor Doutor Rogério Fernandes Ferreira

Presidente do Centro de Estudos de Históriada Contabilidade da APOTEC

Ultimamente, sob pressões de instituições internacionais(v.g., IASB – International Accounting Standards Board), osprofissionais dos países da União Europeia aceitam, em regra,complacentemente, as imposições das normas internacionaisde contabilidades emanadas do IASB e que a União Europeiavem regulamentando para utilização de empresas e de gruposde empresas sob consolidação sediadas em seus países mem-bros.

Este movimento revela-se imparável e cada vez maisavassalador. Porém, as normas contabilísticas do IASB estãoa conduzir as contabilidades das empresas dos referidos paísesmembros da União Europeia a práticas ousadas, demasiadooptimistas, de que se receiam inconvenientes ou perigos de máutilização.

No futuro, pode deparar-se com questões delicadas. Nemtodos, porventura, se aperceberam de riscos de grandesignificância e das consequências que advirão desses novostratos contabilísticos, quer para as empresas e seus variadosstakeholders (accionistas, gestores, colaboradores, clientes,fornecedores, etc.) quer até para o próprio evoluir da econo-mia das nações.

Os cidadãos com responsabilidades sociais e políticas nãodevem deixar de meditar sobre estas ordens de problemasacerca dos quais não devem manter-se alheios. E os profis-sionais de contabilidade e de gestão não podem ocultar osperigos visíveis destas novas mudanças, sabendo todos nós deocorrências de certa gravidade que ocorreram com importan-tes empresas dos Estados Unidos da América do Norte.

As pessoas que se ocupam destas matérias terão ideiasnem sempre convergentes. Há os optimistas e os pessimistas.E há também quem só queira meditar em interesses e ganhospróprios, posições que assim assumidas não favorecerão tam-bém a tomada de medidas convenientes socialmente equili-bradas.

NAS TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS,INDIQUE SEMPRE NOME E N.º DE SÓCIO(A)

* * *COLABORE COM A APOTEC,

TORNANDO-A MAIS EFICIENTE

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007280

Contabilidade PúblicaContabilidade Pública

0. QUADRO DAS SIGLAS UTILIZADAS:

CCP Código da Contratação PúblicaCIVA Código do Imposto sobre o Valor AcrescentadoCPA Código do Procedimento AdministrativoCPPT Código do Procedimento e do Processo TributárioLEO Lei do Enquadramento OrçamentalLFL Lei das Finanças LocaisLGT Lei Geral TributáriaLOPTC Lei de Organização e Processo do Tribunal de

ContasPLC Pedido de libertação de créditoRGIT Regime Geral das Infracções TributáriasPOC Plano Oficial de ContabilidadePOCP Plano Oficial de Contabilidade Pública

Planos oficiais de contabilidade pública sectoriais:POCAL POC das Autarquias LocaisPOCED POC das entidades do sector da EducaçãoPOCISSSS POC das Instituições do Sistema de Solidarieda-

de e Segurança SocialPOCMS POC das entidades tuteladas pelo Ministério da

Saúde

1. Não raras vezes os serviços administrativos ou finan-ceiros de entidades da administração local e central retêm,sem processamento contabilístico, facturas de fornecedoresaté ou mesmo para além do prazo de vencimento acordado.Quando o pagamento se torna legitimamente exigível porparte dos credores geram-se situações de constrangimentogestionário e/ou relacional, como, por exemplo:

a) O cliente, entidade pública, dá-se conta demasiadotarde de que tem de pagar e pode optar, entre outrashipóteses, por:1) Solicitar ou forçar a dilatação do prazo de venci-

mento, podendo gerar mal-estar relacional com osfornecedores, para além de eventuais débitos dejuros de mora comerciais;

2) Pagar imediatamente, à margem dos procedimentosnormais da gestão de tesouraria, com riscos poten-

Administração Pública Local e CentralSistema de Controlo Interno e facturas defornecedores retidas por tempo excessivo

Joaquim S. AlexandreEconomista. Técnico Oficial de Contas. Formador Certificado pelo IEFP

Consultor e Auditor junto das Empresas e das Autarquias [email protected]

ciais de repercussão negativa nos financiamentosfuturos de défices próprios de fases cíclicas baixas;

b) O cliente reconhece a justeza da factura mas não estábem certo de ter de pagar aquele específico montante;

c) O cliente tem a factura do fornecedor em análise, porexemplo para confronto dos valores em débito com osfornecimentos obtidos;

d) O cliente não dispõe de autonomia financeira pelo que,mesmo dispondo de fundos, tem de efectuar um PLCcujo prazo normal de diferimento carece de algumtempo até ser deferido.

Na óptica dos fornecedores é comum imputar-se aos servi-ços financeiros dos clientes a responsabilidade por estassituações anómalas. Porém, o problema coloca-se, na maioriados casos, na sede mais abrangente que é a do SCI – sistemade controlo interno que, em muitas entidades públicas devedo-ras, mais não é (e não pode ser) do que um texto amorfo paraser mostrado às entidades de tutela jurisdicional, administra-tiva e/ou inspectiva, porém, sem qualquer efeito prático;

2. Um SCI eficiente e eficaz tem como características,dentre outras, reflectir os objectivos de missão e o alinhamen-to das directrizes gestionárias do órgão executivo em fun-ções – o que implica estar em sintonia com os normativosorgânicos e/ou estatutários da entidade pública a que se aplica.

Sendo classicamente definido como um instrumento deapoio à pilotagem da gestão das organizações, o SCI deve serconcebido de forma a produzir indicadores regulares da evo-lução e da performance gestionária e de conformidade legal.O nível de qualidade desta norma funcionará, de resto, comoponderador da valia e da consistência de certos métodos deobtenção de prova em auditoria.

Aparentemente atomizado pela vastidão do direito admi-nistrativo, o SCI é, de facto, o primeiro referencial indica-tivo do grau de cumprimento das normas que condicioname obrigam as entidades públicas, como sejam o CPA, a LEO,o POC público sectorial e o CCP, este ainda não reconhe-cido como tal no léxico quotidiano dada vigência excessiva-mente prolongada do Decreto-Lei n.º 199/99 e do Decreto Lein.º 59/99.

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Contabilidade PúblicaContabilidade Pública

Logo, um SCI deverá conter mecanismos de check-list queobviem a imprevistos, a adiamentos, a esquecimentos, à dele-gação deficiente, ao desconhecimento e/ou à negligência.

Tais mecanismos são análogos aos usados pelos revisoresoficiais de contas e/ou auditores, e deve ser actualizado numaóptica de aperfeiçoamento dinâmico, percorrendo os necessá-rios e suficientes patamares procedimentais e/ou processuaisde forma exaustiva, mesmo que alguns deles, até porquerotinados pela repetitividade do trabalho quotidiano, pareçamredundantes ou negligenciáveis.

3. Como é óbvio, o primordial e decisivo item é o deconfirmar / garantir o encaminhamento do suporte de titulaçãodo débito do fornecedor, no mesmo dia em que é recebido erecepcionado, para os serviços competentes da entidade, comum tempo máximo de retenção expressamente limitado emcada fase do seu trajecto interno, se mais do que uma fase decontrolo, conferência ou despacho tiver de ser percorrida.

O que implica a existência de um dispositivo de controlodocumental que, pelo menos, deverá integrar o fluxogramaactualizado de cada tipo de documento, dentro de 5 espéciesclássicas:

Documento Origem do Trajecto Reencaminhamento Fim do TrajectoIN/OUT Entidade Destinatário externo

IN/IN Entidade – Entidade –– Departamento X – Departamento Y

OUT/IN Expedidor externo EntidadeIN/OUT/IN Entidade Entidade externa Entidade

OUT/IN/OUT Expedidor externo Entidade Destinatário externo

A questão aqui abordada enquadra-se nos documentos dotipo OUT/IN que implica a necessidade de recursos humanospossuidores de formação e competências específicas de tria-gem, encaminhamento e follow-up documental, garantindo oconhecimento e controlo do cumprimento das diversas fasesde percurso, até ao término deste, até ao arquivamento final.

Só assim poderão ser produzidas estatísticas consistentesque permitam aferir, nesta particular actividade, a bondade ea qualidade do SCI.

4. Nesta análise propõe-se, para eventual adequação doSCI das entidades públicas abrangidas pelo quadro situacionalreferido, o enfoque dos condicionamentos legais e gestionáriosdissuasores e/ou preventivos das situações em que uma factu-ra de um fornecedor retida por tempo excessivo antes do seuprocessamento contabilístico.

5. Tais condicionamentos podem ser percepcionados pelaanálise individual ou pela conjugação parcial ou total de 3ópticas:

– óptica jurídica– óptica fiscal– óptica da nova LFL (no caso das entidades da Adminis-

tração Local)

6. Assim, na óptica jurídica directa, isto é, em que existeuma norma consignada à prevenção ou enquadramento de

uma determinada ocorrência, dispõe o Código Comercial emvigor, nos seus artigos 469.º, 470.º e, sobretudo, 471.º oseguinte:

Art.º 469.ºVenda sobre amostra ou por designação de padrão

As vendas feitas sobre amostra de fazenda, ou determinan-do-se só uma qualidade conhecida no comércio, consideram--se sempre como feitas debaixo da condição de a cousa (1) serconforme à amostra ou à qualidade convencionada.

Art.º 470.ºCompras de coisas que não estejam à vista nem possam

designar-se por um padrãoAs compras de cousas que se não tenham à vista, nem

possam determinar-se por uma qualidade conhecida em co-mércio, consideram-se sempre como feitas debaixo da condi-ção de o comprador poder distratar o contrato, caso, exami-nando-as, não lhe convenham.

Art.º 471Conversão em perfeitos dos contratos condicionais

As condições referidas nos dois artigos antecedentes ha-ver-se-ão por verificadas e os contratos como perfeitos, se ocomprador examinar as cousas compradas no acto da entregae não reclamar contra a sua qualidade, ou, não as examinan-do, não reclamar dentro de oito dias.

§ único. O vendedor pode exigir que o comprador procedaao exame das fazendas no acto da entrega, salvo caso deimpossibilidade, sob pena de se haver para todos os efeitoscomo verificado.(1) Respeitou-se a ortografia original do diploma, ainda em vigor maspublicado em 28 de Junho 1888

7. Mesmo que quisesse argumentar-se que estes artigos docódigo comercial apenas se referem è venda de mercadorias enão à prestação de serviços e, tal argumento não colhe porque:

a. O prazo de 8 dias concedido ao cliente para conferiruma factura respeitante ao fornecimento de bens, sendosuficiente, é totalmente redundante, logo dispensável,na prestação de serviços dado que o cliente tem apercepção da boa execução dos mesmos antes da chega-da do débito por parte do prestador.

b. Sem prejuízo das circunstâncias jurídicas em que umdeterminado facto pode ser julgado por analogia.

c. Assim, só com um grande esforço de condescendênciaseria aceitável, por analogia, o prazo de 8 dias paraverificação de uma factura referente a prestação deserviços: a verificação ou conferência já está realizadaantes da emissão da factura.

d. Tal procedimento é, de resto, perfeitamente controláveldesde que a moderna Contabilidade Pública tenha sidoimplementada, pois que o POCP e os Planos Oficiais deContabilidade Pública sectoriais – POCAL, POCISSSS,POCED e POCMS – prevêem contas próprias parafacturas em recepção e conferência. As diversas ofer-tas de software são facilmente configuráveis comuma mensagem de alerta quando a conta 228 – Forne-

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cedores – Facturas em recepção e conferência, se man-tiver creditada para além, por exemplo, de 3 dias.

8. No que concerne à óptica fiscal e, sem prejuízo daLGT, do RGIT e do CPPT, dispõe o n.º 1 do artigo 35.º doCIVA, o seguinte:

Prazo de emissão e formalidades das facturas e documen-tos equivalentes

1 – A factura ou documento equivalente referidos no artigo28.º devem ser emitidos o mais tardar no 5.º dia útil seguinteao do momento em que o imposto é devido nos termos doartigo 7.º.

Ou seja, se a própria legislação fiscal obriga à rápidaemissão da factura não se compreenderia que, depois darecepção da mesma por parte da entidade adquirente, o prazopara a respectiva conferência fosse abusivamente prolongado.O entendimento do conceito de prolongamento abusivo deveser balizado pela regra de que entre o fornecedor e o adquirentepode acordar-se um prazo para recepção e conferência igualou inferior ao que estipula o art.º 471.º do Código Comercial,porém, nunca superior.

9. Aliás, a publicação recente do Decreto-Lei n.º 21/2007,de 29 de Janeiro e o Ofício Circulado n.º 30100 de 28 deMarço, aplicando a regra de inversão do sujeito passivo naliquidação e entrega do IVA no sector da construção civil,aporta uma responsabilidade acrescida às entidades públicasadjudicantes uma vez que o retardamento do processamentocontabilístico de uma factura equivale a igual mora na liqui-dação e entrega do imposto ao Estado e que o empreiteiro jánão pode debitar.

A verificar-se esta hipótese estaríamos na presença de umilícito fiscal grave, especialmente se o processamento dodébito for artificialmente diferido para o período tributárioseguinte, conotável com um planeamento fiscal agressivo,ilícito e doloso.

10. O problema decorrente de um atraso excessivo naverificação e contabilização de uma factura prende-se, ainda,com o risco de rapidamente se chegar ao prazo que legitima,por parte do fornecedor, o débito de juros comerciais cujataxa, actualmente, é de 10,58 %.

Outro problema decorrente de um atraso excessivo naverificação e contabilização de uma factura tem a ver com aviolação da boa-fé comercial: o fornecedor cria expectativasde cobrança no prazo de vencimento acordado que, não sendocumprido, pode redundar em prejuízos patrimoniais susceptí-veis de pedido cível de ressarcimento ou indemnização.

11. Ao nível das Autarquias Locais importa enfatizar oconteúdo específico da Nova LFL – Lei das Finanças Locais,Lei n.º 2/2007 de 15 de Janeiro – conforme o seu artigo 34.º:

Dedução às transferênciasQuando as autarquias tenham dívidas definidas por

sentença judicial transitada em julgado ou por elas nãocontestadas junto dos credores no prazo máximo de 60 diasapós a respectiva data de vencimento, pode ser deduzidauma parcela às transferências (1) resultantes da aplicação dapresente lei, até ao limite de 20% do respectivo montanteglobal.

Ou seja, é em sede da execução do próprio OE que, semprejuízo das regulamentações de que a LFL venha a serobjecto, se percepciona uma sanção condenatória ereintegratória automática pela via da diminuição das receitasduodecimais.

E que, num quadro de reincidência reiterada, pode condu-zir à efectivação de responsabilidade financeira, conformea LOPTC, Lei de Organização e Processo do Tribunal deContas, Lei n.º 98/97, de 26 de Agosto, alterada pela Lein.º 48/2006, de 29 de Agosto.

(1) Conforme definidas nos artigos 25.º (transferências para os municípios) e31.º (transferências para as freguesias) do diploma.

Contabilidade PúblicaContabilidade Pública

Levantamento das necessidades de formaçãoprofissional

Vimos por este meio lembrar a todos a relevância que tem para a APOTEC a devolução dos questionáriosde levantamento de necessidades de formação profissional que Vos foi enviado no Jornal de Contabilidaden.º 363 de Junho de 2007. Só através das Vossas resposta a APOTEC poderá fazer um cuidado levantamentodas reais necessidades de formação profissional dos seus associados, e deste modo poder dar as respostas quepermitam colmatar essas necessidades, nomeadamente através de formação financiada, como tem sido feito nosúltimos anos.

Agradecemos a TODOS a Vossa rápida resposta de forma a que possamos contribuir para melhorar econtinuar a engrandecer a actividade dos técnicos de contas.

O Questionário está agora disponível em www.apotec.pt.

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 283

XIII Jornada de Contabilidade e FiscalidadeXIII Jornada de Contabilidade e Fiscalidade

ÍNDICE

Introdução1. Interesse Público

1.1. A evolução Histórica de um Conceito Estruturante1.2. O Interesse Público e as Limitações da Actividade

Administrativa1.3. Interesse Público e Boa Administração1.4. Interesse Público e Mérito1.5. Conclusões (1.ª Parte)

2. O Interesse Público no Âmbito das Associações Profis-sionais

3. ConclusõesBibliografia

INTRODUÇÃO

O presente texto visa abordar de forma naturalmentesucinta e não exaustiva, bem como acessível e simples, oconceito de interesse público enquanto primeiro princípio dodireito administrativo.

Assim sendo, procuraremos esclarecer de que forma oconceito de interesse público vincula a Administração Públicaem todas as suas manifestações, bem como, de que forma asassociações profissionais, inseridas no âmbito da administra-ção autónoma, estão vinculadas àquele princípio.

1. INTERESSE PÚBLICO

1.1. A Evolução Histórica de um Conceito Estruturante

Hoje é expressão corrente dizer-se que a Administração ésubordinada à lei, que vigora o princípio primado da lei(1), ouseja, a Administração está hoje subordinada pelo direito.

Esta vinculação da Administração à lei é precedida pordois tipos de normas: por um lado, as normas através das quaisa ordem jurídica julgou dever proteger, de uma maneiraimediata, determinados valores ou interesses; por outro, asnormas de possibilidade.

O ordenamento jurídico ajuíza primeiro da necessidade dedispensar a sua protecção a um certo conflito de interesses,decide-se depois pela maior justeza dum dos interesses emcolisão, e finalmente, estabelece a favor deste uma barreira dedefesa, que circunscreve um certo domínio de lícito. A Admi-nistração fica, pois, também dominada e protegida pelas

Interesse público da profissão(*)

Tiago Caiado GuerreiroAdvogado

[email protected]

normas que concedem uma esfera de liberdade jurídica, pelasnormas materiais. Em face dos conflitos, das diferentes pre-tensões relativas aos bens jurídicos, o legislador vai umasvezes reconhecer maior dignidade à posição do particular econceder-lhe um círculo de lícito, impondo ao mesmo tempoà Administração o dever de respeitá-lo; outras vezes, pelocontrário, parece-lhe mais valioso o interesse da Administra-ção e isso mesmo o significa, taxando de ilícita a conduta doparticular que a viole.

As normas de possibilidade limitam a Administração.Através destas normas, a ordem jurídica reconhece à Adminis-tração a possibilidade de produzir alterações no mundo jurídi-co e estabelece os modos que reputa adequados para seprosseguir tal resultado. Neste caso, o legislador limita-se emassinalar o valor e merecimento abstracto de certos bens paraa Administração, deixando a tarefa de os obter através deexpedientes jurídicos que lhes propõe.

Antes de avançarmos na descoberta do princípio último quevincula a Administração – o interesse público – façamos umabreve análise da evolução histórica deste conceito. Este roteiroque agora se propõe não deve ser reduzido a um simplesconhecimento da história, mas sim da contemporaneidade, umavez que o passado tantas vezes se repete no presente.

Os alicerces do Estado contemporâneo devem ser procura-dos no começo da época moderna (séc. XIV). De facto, é nestaaltura que se desenvolve uma noção completamente nova paraexprimir o sentido da nova ordenação da sociedade envolvidaaté então nos vínculos contratuais de senhor e vassalo.

O fenómeno típico desta época é o da centralização eengrandecimento do poder real. O Soberano assume poderesabsolutos e cada vez mais os exercita como corolário de umaqualidade imanente à sua própria pessoa. A França é semdúvida o paradigma deste fenómeno.

Com o avanço do estado moderno começa a sentir-se osefeitos do barroco apostado em dizer alto aquilo que anterior-mente se fizera e calara. Uma vez mais, é na França quesurgem dois novos conceitos: a Soberania, poder que nãoadmite acima de si nenhum outro e a polícia, actividadeconcreta do soberano, ou dos seus agentes directos, destinadaa realizar o bem comum dos súbditos.

Seria apenas com o Iluminismo que as expressões sobera-nia e polícia viriam a receber um reconhecimento oficial.

Frederico o Grande diria que o príncipe é senhor absolutomas também o primeiro funcionário do Estado. É com basenesta ideia que os príncipes soberanos esclarecidos se lançamna tarefa de tutelar os mais diversos interesses, desde os maissignificativos interesses culturais, económicos ou políticos,até aos simplesmente mesquinhos.

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007284

Na verdade, este cenário reflecte a dimensão mais primáriado conceito de arbitrariedade. É o soberano que decide o queconvém ao bem público do Estado e a Administração dirige asua actuação para esse fim.

É esta subordinação incondicionada do súbdito que escla-rece de que forma a polícia podia intervir e colidir com aesfera dos interesses privados e lesá-los impunemente.

Com a Revolução Francesa, altera-se o cenário descrito.Desenvolve-se o conceito de direitos naturais subjectivos,imprescritíveis e inalienáveis, limite a qualquer actividadeestadual.

A articulação dos direitos subjectivos com o funcionamen-to de um corpo estadual através da ideia de contrato social, foisem dúvida o grande contributo de Rousseau, para o surgimentode mais um conceito essencial – a vontade geral. Era agora àvontade geral que se deveriam subordinar todas as vontadesparticulares na tutela dos direitos subjectivos.

A lei surgia como expressão da vontade geral – tutora dosdireitos subjectivos e guia da actividade administrativa.

Apesar deste estado de coisas, o Estado de direito quesurge sob o primado da lei, mantém-se em muito inalterado emrelação ao antecessor: a soberania transfere-se do príncipeabsoluto para a Nação. De qualquer modo, fica definitivamen-te estabelecido o princípio da Administração legal.

A administração encontra-se nesta nova fase sujeita a umadupla limitação: por um lado, busca a justificação da suaactividade no texto legal que distribui pelas várias autoridadesas tarefas que competem ao poder público. Por outro, aAdministração tem agora de respeitar o limite externo da suaactividade, constituído pela existência de direitos subjectivosdos particulares, cuja lesão importa a ilegalidade.

À medida que a Administração vai abandonando a atitudede indiferença perante a vida social e se vai sentindo obrigadaa intervir na conformação económica e cultural da Nação,cada vez mais a Administração autoridade ganha terreno àAdministração executiva.

O avanço da Administração executiva foi sendo controladapelo princípio da reserva de lei, enquanto princípio geralválido para a tutela da liberdade e propriedade individuais.Assim, a actividade administrativa só seria legal se não con-sistisse num ataque a estes dois valores.

É nesta época que se concretizam as preocupações libe-rais-burguesas da protecção dos direitos subjectivos, e sematerializa uma máquina jurídica adequada à sociedade bur-guesa a quem se dirigia.

Surgem vozes que reclamam a necessidade de o Estadointervir na vida social – a socialização do Estado. Com o iníciodo século XX, o Estado apercebe-se das lacunas que o livreexercício das iniciativas individuais deixara em aberto, eprocura com os meios que estão ao seu alcance preenchê-las.Assistia-se ao renascer de uma nova época de tensão entre oEstado e o indivíduo, tensão que se pode descrever como umfenómeno de “impaciência legislativa(2)”.

É precisamente nesta fase que surgem não só novos con-flitos de interesses aos quais urge dar soluções jurídicas, mastambém, uma nova política de Estado que implica um alarga-mento do âmbito do juridicamente relevante.

Em ambas as situações o legislador produz direito novonuma tentativa esgotante de manter a vida sob o seu domínio.Contudo, as duas tarefas são certamente superiores à suacapacidade, e, em muitos casos, o legislador começa a ceder

perante o facto de que complexidade das relações sociais édemasiado farta para se cingir aos artigos de uma lei ainda queminuciosamente elaborada.

Perante este cenário, era mais do que evidente que havianecessidade de criar uma fórmula que estabelecesse o equilí-brio Administração – indivíduo.

Este equilíbrio foi sendo alcançado através da extensão doconceito de legalidade. A Administração passa a ser encaradacomo uma serva da lei, a postular em todos os seus momentosum preceito jurídico que expressamente a autoriza a praticardeterminado acto.

A par do princípio da legalidade, também o princípio daseparação de poderes tem uma função primacial no que dizrespeito à proliferação dos interesses públicos que caracteri-zam o Estado Social de Direito.

Na verdade, é ao poder legislativo que compete a definiçãodos interesses públicos que à Administração compete prosse-guir. Assim, caberá ao legislador, vinculado a uma escala defins a que adere, repartir os bens da sociedade.

Deste modo, o primeiro interesse do Estado que a legisla-ção realiza é o da esquematização típica da vida segundocritérios de justiça distributiva – exteriorização de um interes-se público na justa composição de conflitos.

Contudo, este interesse público na justa composição deconflitos é um puro interesse formal. É um mero interesse daactividade específica de legislar. Importa sim que haja uminteresse, que, por se referir a uma necessidade colectiva, sepossa dizer interesse colectivo.

E é em face deste interesse colectivo que o Estado vaicolocar os fins individuais ou colectivos, para através dele ospoder avaliar. Para que esses fins estejam aptos a ser reconhe-cidos pelo direito, necessário se torna que no seu desenvolvi-mento contribuam para a realização do interesse colectivolivremente ajuizado pelo legislador. Apenas desta forma sepode dizer que o interesse público não é um interesse abstractoou um bem que pertença a uma esfera totalmente distinta daesfera do cidadão.

1.2. O Interesse público e as Limitações da ActividadeAdministrativa

Os interesses colectivos são interesses que o legisladorreconheceu como tendo instrumentalidade imediata para aactualização do bem comum, e a sua definição e tipificaçãosignificam a afirmação da necessidade imperiosa de seremsempre prosseguidos pelo agente administrativo.

É nesta medida que se pode afirmar que a lei não é para aAdministração uma vontade heterónoma. Na verdade, a fun-ção administrativa é e deve ser a execução da lei e o direitoconstitui para ela, além de um limite negativo, uma normapositiva que deve realizar.

A vontade de concretizar um certo interesse público mani-festado pelo legislador não é uma simples expressão de umanecessidade lógica, mas uma autêntica vontade que ao admi-nistrador compete actualizar e dar corpo.

O interesse público é, assim, o elemento decisivo davinculação administrativa. O interesse público específico re-cebido na norma e nela incorporado.

O interesse público determina o limite externo da compe-tência da administração.

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Podemos ainda afirmar que o interesse público se impõe àprópria lei, na medida em que tem de existir uma tipicizaçãodo interesse público. Esta exigência pretende assegurar que,em face de certas circunstâncias concretas da vida, o legisla-dor saberá lançar mão dos bens com utilidade para a satisfaçãoduma necessidade real. É preciso, portanto, para satisfazer osintentos do legislador, que o agente, ao actuar, esteja colocadoperante um interesse público concreto e real.

Para que haja certeza que o interesse venha a ser iniludi-velmente prosseguido há-de o legislador propor ainda umíndice de que em determinada circunstância o agente estáperante uma unidade daquele interesse público – ou seja, ospressupostos. Deste modo fica assegurada a adequação daactividade do agente ao interesse público.

Por meio da fixação de pressupostos típicos de interessepúblico estabelece a lei a fundamental e indispensávelvinculação do agente administrativo. Após este momento, jálhe concede de forma mais tranquila um conjunto de poderespara a realização do interesse público, que se denominacompetência.

É o princípio da preeminência do interesse público que vaideterminar uma específica fisionomia da actividade da Admi-nistração. É sobre a Administração que impende o ónus deencontrar os bens capazes de satisfazer o interesse público.Contudo, o ónus impõe ainda não só que se procure a solução,mas também, que encontre a melhor possível – a soluçãoóptima.

Desta forma está apresentado um último corolário doprincípio da supremacia do interesse público – o princípio daoptimização da acção administrativa.

Assim, o legislador confia em que a Administração consi-ga levar a cabo a sua tarefa, pois ela é, num ponto óptimo,constituída por funcionários especializados actuando sobrecontrolos institucionais, com conhecimento das técnicas ad-ministrativas, confia em que o administrador seja um bomadministrador. E bom administrador só pode significar oadministrador óptimo. Boa-administração é sinónimo de justaadministração.

A confiança que o legislador depositou no agente aoconceder-lhe a possibilidade de escolha dos bens susceptíveisde satisfazerem as necessidades públicas, isto é, ao conceder--lhe um poder discricionário, tem como pressuposto que elevai praticar o acto nos moldes definidos por lei. A escolhacontudo não é deixada ao arbítrio do administrador. Trata-sede uma escolha vinculada ao interesse público.

No acto administrativo têm um relevo especial os elemen-tos finalísticos, pois é através deles que se procede umaespecial vinculação do agente. O agente há-de proceder a umaapreciação subjectiva dos factos, ajuizando também da exis-tência de um interesse público específico.

Portanto, o primeiro momento da actividade administrati-va é o que se traduz em abstrair um conjunto de circunstânciasda vida real que, no entender do agente, se enquadrem noesquema abstracto dos pressupostos pensados pelo legislador.Nalguns casos, o agente segue um processo de subsunção quese conclui através de uma via puramente lógica; noutros, emsede axiológica, através de uma valoração. Ou seja, pressu-postos objectivos e pressupostos subjectivos.

A questão que se coloca é a de saber de que forma ointeresse público específico de cada acto administrativo se vaiprojectar nele.

O legislador, ao fixar os pressupostos do acto, indicoudesse modo ao agente a sua competência concreta e indivi-dualizada; enunciou um especial ramo do interesse público emcujo domínio o agente deve actuar e as particulares circuns-tâncias em que esse interesse público se corporiza. Assim,para que o acto seja válido é preciso:

i) que o acto seja um daqueles actos que a lei pensou comocapazes de satisfazer o interesse público típico; e

ii) que o acto possa satisfazer um interesse público indivi-dualizado.

Ambos os elementos apontados são estranhos ao processovolitivo do agente, com uma subsistência independente do juízoque em relação a eles se possa emitir. Se falta o fim típico, econsequentemente, o fim individualizado, e apesar disso sepratica o acto, é então de todo irrelevante a particular atitudesubjectiva do agente administrativo em face dessas disformidades.

A lei ao conceder poderes discricionários ao agente, indi-cou-lhe um interesse público a prosseguir, e, só na medida emque ele se nortear na sua escolha por esse interesse público, oacto pode parecer como sendo querido pelo legislador. O fimsubjectivo do agente, o escopo, foi assim pensado pelo legis-lador como um fim de interesse público – e nesse sentido sepode dizer que se trata dum fim subjectivo típico.

1.3. Interesse Público e Dever de Boa Administração

Quando falamos em dever de boa administração falamosnecessariamente em deveres de conteúdo positivo cujo fim éo alcançar o interesse público. Trata-se pois de um dever deprosseguir o fim para que foi concedido o poder.

Falamos pois do dever funcional da Administração – aAdministração fica não apenas obrigada a actuar, mas a actuarde determinada maneira.

O ordenamento jurídico pretende que:

i) o agente administrativo proceda a uma satisfação dointeresse público pondo em acção os meios que lheconcede, os poderes jurídicos; e

ii) satisfaça de modo substancial a necessidade pública emcausa.

Deste modo, o dever que impende sobre a Administraçãodeixa de ser um dever de administração para se transformarnum dever de boa administração. Propor não só meios a umdeterminado fim, mas propor, de certo modo, meios a um fimdeterminado. Esse certo modo apenas poderá ser aquele modopelo qual o interesse venha a ser substancialmente prosseguido.

A Administração é, no momento em que se lhe indica adirecção do seu munus, remetida pelo legislador para asregras técnicas convenientes – as regras com recurso à quaiso agente pode encontrar a conduta óptima, a única quesatisfará a necessidade pública.

Num caso, porém, essa remissão é puramente mediata, poiso legislador no próprio preceito indicou o conteúdo do acto. Écomo se sabe, o caso dos actos que se traduzem no exercício depoderes vinculados. Isto é, o legislador no próprio preceitojurídico que confere cristaliza a regra de agir do agente.

Noutros casos, naqueles em que há discricionariedade, osujeito é remetido para regras não jurídicas, de cujo uso há--de resultar a conveniente satisfação do interesse da lei. Aquio legislador confia em que o agente conheça as regras da sua

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função e que saiba fazer delas um uso proveitoso, mas dequalquer maneira pretende que ele actue para cada interessepúblico concreto. Só desse modo a sua administração seráboa administração.(3)

No segundo caso que citámos, as regras encontram-seescritas, contidas em preceitos internos e, noutros casos,resultam mesmo de praxes e costumes administrativos.

Contudo, o elemento máximo e vinculador da actividadeadministrativa há-de ser o interesse público subjectivado ereconhecido, adequado ao fim legal. Aos actos praticados emdesconformidade com o fim público vai a lei atribuir a próprianegação de consistência jurídica.

Numa formulação negativa, o dever de boa administraçãosurge como um dever imposto ao agente de não procederarbitrariamente.

1.4. Interesse Público e Mérito

É fundamental reconhecer a relevância directa do interessepúblico no juízo sobre o mérito, isto é, sobre a oportunidadee a conveniência dos actos administrativos, na medida em queo agente administrativo disponha de poderes discricionáriosde avaliação ou decisão.

Ao conceder um poder à Administração, a lei atribui-lheum dever de o exercitar para a realização de um determinadointeresse público. Impôs ao agente a necessidade de serviresse interesse público. E apenas por esse motivo lhe concedeualguma margem de discricionariedade para escolher os meios.

O agente deve em primeiro lugar consciencializar o inte-resse público a satisfazer e deve assumi-lo como fim da suaactividade.

Assim, se a vontade do agente não coincidir com o interes-se público, a solução a que se vai chegar não pode ser amelhor, ou seja, não representa a satisfação óptima do interes-se público substancial.

De acordo com o que foi dito, podemos afirmar que numprimeiro momento, o único princípio a que o agente deveobediência é o que se traduz num dever de boa administração.

1.5. Conclusões

i) O interesse público possui sempre uma dimensãonormativa: as necessidades que engloba hão-de serexigências associadas a bens comunitários e, portanto,a valores de uma forma ou de outra avaliados erelacionados entre si, isto é, objecto de opções queconstituem em normas, independentemente do respec-tivo grau de formalização.

ii) O interesse público, numa sociedade politicamenteorganizada, só será reconhecido como tal se for quali-ficado por uma autoridade dotada de poder normativo.Trata-se de uma opção político-normativa, que obrigae habilita a Administração a desenvolver as suas acti-vidades nas diversas áreas da vida social, tendo comofinalidade a pacificação das necessidades colectivas ecomo tarefa a gestão de meios institucionais, humanose materiais adequados à prossecução desse objectivo.

iii) A primeira concretização do interesse público é feitapela Lei Constitucional, onde se define princípios

definidores do Estado que impõem à Administração arealização de fins e a execução de tarefas.

iv) O sistema de administração executiva baseia-se naatribuição aos órgãos públicos de poderes próprios deautoridade em face dos particulares.

v) Os elementos primordiais da construção do direitoadministrativo estão associados ao conceito de inte-resse público.

2. O INTERESSE PÚBLICO NO ÂMBITO DAS ASSO-CIAÇÕES PROFISSIONAIS

Retomando o ora mencionado, o primeiro princípio cons-titucional sobre o poder administrativo é o princípio da pros-secução do interesse público. De acordo com o artigo 266.º,número 1 da Constituição da República Portuguesa (doravanteCRP) “A Administração Pública visa a prossecução do inte-resse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmen-te protegidos dos cidadãos.”

É esta dimensão normativa do interesse público que nospermite afirmar que este princípio é também critérioorganizatório na medida em que “Os órgãos e os agentesadministrativos estão subordinados à Constituição e à lei edevem actuar, no exercício das suas funções, com respeitopelos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da jus-tiça, da imparcialidade e da boa fé.”(4)

Conforme referido(5), o interesse público deve ser entendi-do como o interesse geral de uma comunidade e como umaexigência de satisfação das necessidades colectivas.

Assim sendo, é inquestionável que apenas por lei podem serdefinidos os interesses públicos entregues à Administração. Ouseja, não é reconhecido à Administração, autonomia na defini-ção dos interesses que há-de prosseguir. E, verificando-sesituações em que a lei não conseguiu determinar com exaustãoo interesse público, caberá à Administração o papel de intérpre-te dentro dos limites à priori e legalmente definidos.

A negação de autonomia à Administração na definição dointeresse público, que num determinado momento e contextohá-de ser entendido como o móbil da função administrativa,está ligado ao princípio da obrigatoriedade da sua prossecu-ção. Ou seja, à Administração não cabe ajuizar do interessepúblico, mas apenas materializá-lo, adoptando, em relação acada caso concreto, as melhores soluções do ponto de vistatécnico e financeiro.

É também no âmbito do interesse público que podemosdelimitar a capacidade jurídica das pessoas colectivas públi-cas e dos respectivos órgãos.

As pessoas colectivas públicas, nomeadamente as associa-ções profissionais, inserem-se no âmbito da AdministraçãoAutónoma, que se caracteriza pelo poder de auto-administra-ção. Ou seja, são os órgãos destas entidades que definem comindependência a orientação das suas actividades.

A par deste poder de auto-administração, e porque tambémprosseguem fins de interesse público, o Governo tem sobre asassociações profissionais um poder de tutela administrativa(6)

que consiste num conjunto de poderes de intervenção a fim deassegurar a legalidade ou o mérito da sua actuação.

Há contudo a necessidade de estabelecer um equilíbrio noâmbito da tutela administrativa. Este equilíbrio pode serencontrado no princípio geral de que a tutela administrativa

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não se presume. Ou seja, só poderá existir tutela quandoexpressamente prevista por lei e nos precisos termos em quea lei a definir.

Por este meio, reconhece-se à entidade tutelada legitimida-de para impugnar administrativa e contenciosamente, os actospelos quais a entidade tutelar exerça os seus poderes de tutela.

Todavia, é em face desta tutela administrativa que se podefalar em poderes das entidades tuteladas. Não fosse a existên-cia de um poder de tutela, e às entidades colectivas não seriamreconhecidos quaisquer poderes. A tutela não deverá ser en-tendida como limitativa de poderes, mas sim como inequívocaatribuição de poderes.

Trata-se pois, de um poder que possibilita a prossecução dointeresse público pelas pessoas colectivas a quem o mesmo foiconfiado. Relembre-se assim que “A Administração Públicavisa a prossecução do interesse público, no respeito pelosdireitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.”

Na extensão do conceito de interesse público, as associa-ções públicas – onde se inserem as associações profissio-nais – têm um cunho constitucional que se exprime em doisprincípios fundamentais:

i) a legislação que lhes respeita é reserva relativa daAssembleia da República [artigo 165.º, número 1, alí-nea s) da CRP]; e

ii) as associações só podem ser constituídas para satisfa-ção de necessidades específica (artigo 267.º, número 4da CRP).

Esta dimensão constitucional das associações públicas, en-volve um conjunto de deveres e sujeições como a colaboraçãocom o Estado em tudo que lhes seja solicitado, especialmenteno âmbito das suas atribuições específicas, a obrigação de res-peitar, na sua actuação, os princípios gerais de direito adminis-trativo aplicáveis no desempenho da prossecução do fim públi-co cometido, nomeadamente, o princípio da legalidade e o prin-cípio da audiência prévia do arguido em processo disciplinar(7).

As decisões unilaterais de autoridade, no caso das asso-ciações profissionais, bem como a recusa de inscrição naassociação a quem a ela se julgue com direito e as queapliquem sanções disciplinares, são tidos como actos adminis-trativos definitivos e executórios, contenciosamente impugná-veis perante os tribunais administrativos; e são responsáveispelos prejuízos causados a terceiros no desenvolvimento dasactividades de gestão pública, respondendo nos termos geraisdo direito administrativo.

Assim sendo, as associações profissionais são parte inte-grante da Administração Pública e por serem dotadas depoderes públicos(8) ficam sujeitas ao controle do Provedor deJustiça (artigo 23.º da CRP).

A atribuição de um estatuto de interesse público a umaassociação profissional implica que a actuação dos seus mem-bros seja pautada por princípios deontológicos como a idonei-dade e a responsabilidade técnica.

É da articulação daqueles princípios que há-de irromperum conjunto de direitos dos profissionais no independenteexercício da profissão.

3. CONCLUSÕES

A atribuição do estatuto de interesse público a uma asso-ciação pública está dependente da ponderação de vários prin-cípios que foram aqui, breve e sinteticamente, analisados. Da

ponderação dos mesmos, será possível concluir se estamos ounão, perante uma associação de interesse público.

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(*) Comunicação apresentada na XIII Jornada de Contabilidade e Fiscalidadeda APOTEC, 1 de Março de 2007.

(1) Artigo 3.º do Código do Processo e do Procedimento Administrativo(Princípio da Legalidade) Os órgãos da Administração Pública devemactuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos limites dos poderes quelhe estejam atribuídos e em conformidade com os fins para que os mesmospoderes lhes forem conferidos (n.º 1).

(2) A expressão é de Carnelutti – La crisi della legge, in Rivista di DirittoPublico, 1930 – I – 424.

(3) Interesse Público, Legalidade e Mérito, Rogério Ehrhardt Soares, Coimbra,1952 (pp. 190).

(4) Artigo 266.º, número 2 da CRP.(5) Supra – ponto 1.5 (Conclusões), pp. 13.(6) O poder de tutela não se confunde com o poder de superintendência. Este

traduz-se num poder de orientação que consiste quer na orientação daactividade desenvolvida, na definição de objectivos de gestão e aprovaçãode orçamentos e contas, quer no próprio financiamento que é feito peloGoverno. Assim, o poder de superintendência é um poder mais intenso, maisforte do que a tutela administrativa, uma vez que esta tem apenas por fimcontrolar a actuação das entidades a ela sujeitas, ao passo que a superinten-dência se destina a orientar a acção das entidades a ela submetidas.

(7) A doutrina administrativa mais recente entende que o princípio da legali-dade deve envolver todas as manifestações da Administração Pública,inclusive as da administração de prestações e não apenas as de adminis-tração agressiva. São razões para este entendimento:i) os interesses público que cabe à administração prosseguir têm de sersempre definidos por lei, não podendo esta determiná-los;ii) nos termos do artigo 266.º da CRP, a subordinação da administração àConstituição, à lei e aos princípios gerais de direito administrativo valepara toda a actividade administrativa sem distinções;iii) ao prestar serviços ou fornecer prestações a administração tambémpode lesar direitos dos particulares, nomeadamente, pode recusar o reco-nhecimento de um direito num caso em que a lei o imponha, pode privaralguém de direitos já adquiridos, etc.; eiv) é necessário que a lei fixe, no domínio de actuação da administraçãode prestações, os critérios selectivos para a concessão de tais prestações,sendo por esse mesmo motivo, que a lei é o fundamento em que aadministração se baseia para agir nestes domínios.

(8) Às associações profissionais são reconhecidos os seguintes benefícios:i) privilégio da unicidade – consiste na impossibilidade de existir mais doque uma associação para cada interesse público a prosseguir;ii) princípio da inscrição obrigatória;iii) possibilidade de impor a quotização obrigatória;iv) controlo do acesso à profissão ao nível legal e deontológico; ev) exercício de poderes disciplinares sobre os seus membros, poder esseque se estende à interdição do exercício da profissão.

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ÍNDICE

Introdução

1. Controlo de Gestão: Conceito e sua Evolução

2. Limitações do Controlo de Gestão

3. O Orçamento como Limitação do Controlo de Gestão

Conclusão

Referências

INTRODUÇÃO

Tal como um automóvel, também as organizações neces-sitam de ser conduzidas/controladas para que se tenha acerteza que caminham na direcção pretendida pelos seusgestores. Assim, é necessário desenvolver e por em prática umconjunto de instrumentos e mecanismos que permitam, emprincípio, assegurar que esses objectivos definidos venham aser atingidos. Daqui, surge a necessidade de as empresas//organizações implementarem sistemas de controlo de gestão,os quais foram evoluindo ao longo dos anos e que podem edevem variar em função do tipo de organização e da suaenvolvente.

No entanto, os sistemas de controlo de gestão possuemalgumas limitações, uma vez que não existe uma receita queaplicada a uma qualquer organização seja a panaceia paratodos os males da mesma. Neste sentido e partindo da defini-ção de controlo de gestão desenvolvida por Anthony e Dearden(1980)(1), assumimos que o controlo de gestão tem limitaçõese que nem sempre consegue cumprir os objectivos que sepropõe alcançar. De entre algumas das limitações encontradasao longo da literatura, tentamos, em particular, justificar aexistência de uma delas.

O presente trabalho encontra-se organizado em três partes.A primeira, apresenta o conceito de controlo de gestão e suaevolução até aos nossos dias. A segunda, enumera um conjun-to de limitações do controlo de gestão identificadas pelaliteratura ao longo do tempo. Na terceira parte, tentamosjustificar a existência de uma das principais limitações docontrolo de gestão. Por último, apresentamos as principaisconclusões do estudo efectuado.

O Orçamento como Limitação doControlo de Gestão

João Manuel Afonso AlvesDocente da Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança/Doutorando

em Ciências Empresariais – Contabilidade e Controlo de Gestão – FEUP

1. CONTROLO DE GESTÃO: CONCEITO E SUA EVO-LUÇÃO

Segundo Giglioni e Bedein (1974), as bases daquilo queem 1974 podia ser identificado como o processo de controlotornaram-se bem conhecidas nos finais das primeiras décadasdo século XX. Estas bases começaram por ser introduzidas,essencialmente, por Taylor, Emerson e Church. Contudo, sóem 1928 aparece o primeiro conjunto de princípios sobrecontrolo e os primeiros textos que se seguiram eram predo-minantemente orientados para o controlo contabilístico efinanceiro e para uma boa aplicação dos recursos da empresa.Em 1941, aparecem as primeiras tentativas de exploração docontrolo integrado. Com o aparecimento dos primeiroslivros de gestão, verifica-se uma tentativa de desenvolver aciência da teoria de controlo de gestão, com vista à criação deuma teoria unificada e de modelos gerais de controlo degestão.

Vickers (1954) refere que o controlo é um meio de compa-rar o estado actual ou hipotético de um determinado aspectocom uma qualquer norma que, supostamente, regulamentaesse aspecto. O controlo deveria ser capaz de, continuamente,comparar o que estava a acontecer com aquilo que deveriaestar a acontecer. No fundo, podemos afirmar que nesta épocao controlo ainda era visto como uma forma de verificar se asregras preestabelecidas estavam ou não a ser cumpridas. Porexemplo, saber se o que foi orçamentado foi ou não executado,se os desvios, caso se verificassem, eram para mais ou paramenos. Esta ideia de controlo, em nossa opinião, não estácompletamente desactualizada, mas sim incompleta, dado queo sistema de controlo não tem apenas como objectivo verificarse aquilo que se está a passar na organização se encontra ounão de acordo como o preestabelecido.

Apesar de todos os desenvolvimentos que se verificaramao nível do controlo de gestão até ao início da década desetenta, Giglioni e Bedein (1974) reconhecem que a teoria docontrolo não alcançou o nível de sofisticação de outras fun-ções da gestão durante o mesmo período, mas isso forneceuaos gestores uma ampla oportunidade para manterem as ope-rações das suas empresas sob controlo. Os autores concluíram,à data, que seria necessário continuar a pesquisar nesta área doconhecimento, no sentido de se alcançarem elevados níveis desatisfação. No entanto, limitaram-se apenas à apresentaçãodas diferentes designações que foram surgindo sobre controloou controlo de gestão.

Contabilidade de GestãoContabilidade de Gestão

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De acordo com Lowe (1971), as organizações precisam deum sistema de planeamento e de controlo dentro delas pró-prias devido a determinadas características e à natureza dosseus negócios, sendo as principais, entre outras, o facto de aempresa definir determinados objectivos que são distintos eseparáveis dos próprios colaboradores da empresa e a neces-sidade de economizar o mais possível os recursos utilizadospara se atingirem os objectivos pretendidos. Os autores reco-nhecem que é necessário que exista um sistema de controlo degestão unificado que assegure que as acções desenvolvidasestão de acordo com os planos da empresa e com o atingir dosseus objectivos. Para Lowe (1971), um sistema de controlo degestão pode ser definido como um sistema de informaçãoorganizacional que procura reunir responsabilidade e retornode informação e que visa assegurar que a empresa adopta asalterações necessárias dentro do seu ambiente e que o compor-tamento no trabalho dos seus colaboradores é medido comreferência a um subconjunto de objectivos, em conformidadecom a totalidade dos objectivos da empresa, tentando fazercom que a discrepância entre os dois possa ser reconciliada ecorrigida.

Uma das primeiras definições de controlo de gestão, queembora criticada posteriormente, e que, em nossa opinião,apresenta ainda alguma actualidade e validade para certostipos de organizações, foi a apresentada por Anthony e Dearden,(1980). Segundo estes autores, o controlo de gestão é oprocesso pelo qual os gestores asseguram que a organizaçãoatinge as estratégias definidas, pelo planeamento estratégico,de forma eficiente e eficaz, identificando como principaisfases do controlo de gestão as seguintes: 1. programação;2. orçamentação; 3. avaliação; e 4. análise e reporte. Osmesmos autores definem ainda controlo operacional e planea-mento estratégico. O primeiro, como o processo que asseguraque determinadas tarefas específicas são levadas a cabo deforma eficiente e eficaz. Este tipo de controlo é menos com-plexo do que o controlo de gestão porque está, essencialmen-te, relacionado com procedimentos específicos e equipamen-tos, ao passo que o controlo de gestão depende, sobretudo, docomportamento e motivação das pessoas envolvidas. O segun-do, como o processo de decisão dos objectivos da empresa edas estratégias com vista à persecução desses objectivos.

Para Anthony e Dearden (1980), o controlo de uma orga-nização como um todo é designado de controlo de gestão, oqual inclui o controlo operacional. Para os autores o controlode gestão é exercido pelos gestores, referindo que os factoresque estão na base da complexidade das organizações são,entre outros, os seguintes:

– Inexistência de uma interligação clara e bem definidaentre o planeamento estratégico e o controlo de gestão;

– O sistema de controlo de gestão não opera, muitas vezes,de forma automática. Alguns indicadores podem serfornecidos automaticamente, mas as principais informa-ções são captadas pela observação e sensibilidade dosgestores;

– A conexão entre o que é observado, o que necessita deser mudado e a acção requerida pelos gestores nemsempre é a mais adequada;

– O controlo de gestão requer um elevado nível de coorde-nação. As organizações são constituídas por muitas divi-sões, sendo que o sistema de controlo deve assegurar

uma boa coordenação entre o trabalho das diferentesdivisões, o que nem sempre é simples de executar;

– O controlo não é automático, é exercido por pessoas//gestores e da forma como é por estes entendido. Muitasvezes, são transmitidos determinados procedimentos aosgestores intermédios, os quais são percepcionados porestes de uma forma diferente daquela que lhes foi trans-mitida e que era pretendida pelos seus superiores hierár-quicos.

Como referimos anteriormente, a definição apresentadopor Anthony e Dearden (1980) parece-nos actual e tem aindaaplicação em muitas das organizações. O próprio Anthony em1998, citado por Nixon e Burns (2005), reconhece que adefinição de controlo de gestão que apresentou pela primeiravez em 1950 continua genericamente válida na actualidade,necessitando, obviamente, de ser ajustada à medida que asorganizações e a sociedade evoluem.

Lowe e Puxty (1989) criticam fortemente a ideia defendidapor Anthony e Dearden, (1980) por estes fazerem depender osresultados do controlo de gestão apenas de factores internos àprópria organização. Lowe e Puxty (1989) preconizam que osucesso do controlo de gestão e da organização tambémdepende, em grande parte, da envolvente externa às empresase do comportamento humano dentro das próprias organiza-ções. Estes autores não se limitaram apenas a criticar traba-lhos antigos e tentam identificar alguns aspectos que podemcontribuir para a concretização dos objectivos de um sistemade controlo de gestão.

Simons (1990) refere que os sistemas de controlo degestão não são apenas importantes para a implementação daestratégia, mas são também importantes para a formação daestratégia. O autor define sistemas de controlo de gestão comoos sistemas que fornecem mais do que simples indicadores,mas sim procedimentos formalizados e sistemas que usam ainformação para manter ou alterar o modelo ou o padrão daactividade organizacional. Neste sentido, os sistemas de con-trolo de gestão incluem procedimentos formalizados, orça-mentos, meio ambiente, análise competitiva, avaliação e re-porte de performance, afectação de recursos e recompensas acolaboradores. Em nossa opinião, a definição apresentada porSimons (1990) completa, e bem, as definições de sistema decontrolo de gestão apresentadas por Anthony e Dearden,(1980) e por Lowe e Puxty (1989).

Gray (1990) critica a definição de Simons (1990) pelofacto de o modelo apresentado por este autor estabelecer umarelação de contingência entre controlo de gestão e a estratégiada empresa, sem, contudo, especificar suficientemente a rela-ção entre as incertezas estratégicas e o controlo de gestão, oimpacto do controlo de gestão na formulação da estratégia e ofacto de ignorar a potencial influência das características degestão da empresa no desenho do sistema de controlo.

De acordo com Jack Welch, citado por Nixon e Burns(2005), as organizações antigas foram construídas sob contro-lo, mas o mundo tem mudado a um ritmo em que o controlose tem tornado uma limitação, sendo necessário balancearliberdade e controlo. Esta ideia, embora vinda de um gestor enão de um estudo científico, parece-nos aplicável a determi-nados tipos de organizações, sobretudo naquelas em que aspessoas constituem o seu principal activo. Pensamos que nasorganizações de capital intensivo o controlo não deve ser visto

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como uma limitação, mas ainda como um meio para seatingirem os objectivos predeterminados.

Nixon e Burns (2005) concluem, com base na sua expe-riência e na revisão de literatura efectuada, que existe, actual-mente, uma grande lacuna entre aquilo que é a prática e o quepreconiza a literatura sobre o controlo de gestão. Referemainda que a combinação entre o controlo social/informal e ocontrolo técnico se pode efectuar de formas diferentes, sendoque apenas uma delas é óptima.

2. LIMITAÇÕES DO CONTROLO DE GESTÃO

As organizações são complexas e um bom sistema decontrolo de gestão para uma determinada organização poderáser mau para uma outra, embora as organizações possamparecer muito idênticas. Segundo Vickers (1954), nem todasas acções podem ser controladas, sendo que o mais importanteé que aquilo que é menos controlável pareça estar a sê-lo.Ainda de acordo com o autor, o campo do controlo é estrita-mente limitado, por isso é necessário:

– Tornar o campo de actuação do controlo o mais amplopossível;

– Reconhecer algumas limitações;– Compreender os princípios de acção fora do campo do

controlo e ter a coragem para agir sobre ele.De acordo com Lowe (1971), nos sistemas de planeamento

e controlo de gestão é essencial colocar uma grande ênfasenos aspectos do comportamento social e humano. Isto estárelacionado com o facto de num sistema de controlo de gestãoexistir uma componente humana muito significativa e poressa via ser necessário ter em atenção e observar o compor-tamento humano dentro das organizações. Assim, determi-nados aspectos, tais como níveis de ambição, pressão, confli-tos, entre outros, são muito relevantes para que o sistemade controlo de gestão seja eficaz e eficiente e dessa formase possa obter o sucesso pretendido pelas organizações. Quan-do Anthony e Dearden (1980) apresentam o exemplo docontrolo exercido pelo termóstato e o exercido pelo condutorde um automóvel, reconhecem que o primeiro reage sempreda mesma forma em função das regras preestabelecidas,mas que o segundo pode reagir de diferentes formas perantesituações idênticas, ou seja, sempre que o controlo é exer-cido pelo homem os resultados podem ser diferentes, paramelhor ou para pior, em função daquilo que era esperado. Éimperativo que as pessoas se sintam motivadas dentro dasorganizações, pois só desse modo se podem obter bons resul-tados.

Neste sentido, uma das principais limitações do controlode gestão pode estar nos efeitos negativos que o impacto doorçamento, considerada também uma das principais compo-nentes do controlo de gestão, pode criar no comportamentodos seus colaboradores e dessa forma condicionar os objecti-vos que as empresas se propõem atingir. Durante muitos anos,sobretudo até aos finais da década de sessenta, o orçamento foivisto como o principal sistema de controlo das organizações(Becker e Green, 1962; Schiff e Lewin, 1970). Becker e Green(1962) referem que o orçamento começou por ser implementadoao nível da Administração Central e Local e só depois pelasempresas. Os autores concluem que o processo de elaboração

e acompanhamento do orçamento deve ter em conta a moti-vação e as expectativas dos colaboradores da empresa e casoisso não se verifique, os objectivos vertidos no orçamentodificilmente serão atingidos. De notar, que o orçamento éainda hoje utilizado como principal meio de controlo naAdministração Pública em Portugal e, em nossa opinião, emalgumas empresas.

Uma outra limitação ou dificuldade identificada por Goolde Campbell (1987) reside no facto de as empresas possuíremuma actividade muito diversificada o que causa enormesproblemas e conflitos. Os autores realizaram um estudo emdezasseis grandes empresas do Reino Unido e constataramque as empresas tendem a possuir um sistema de controlo degestão diferente em função do tipo de produtos quecomercializam e do tipo de mercados onde actuam. Do estudorealizado os autores identificaram, ainda, três estilos princi-pais de gestão estratégica: planeamento estratégico; controloestratégico; e controlo financeiro.

Merchant e Simons (1986) elaboraram um estudo nosentido de compreender quais os principais problemas dedesempenho e manutenção do controlo de gestão em organi-zações complexas. Estes autores começam por concluir queembora muito se tenha escrito sobre o assunto, não existeainda um paradigma de pesquisa dominante e que os resulta-dos dos trabalhos existentes são difíceis de comparar. Deacordo, ainda, com Merchant e Simons (1986), as definiçõesde controlo estão circunscritas essencialmente por dois aspec-tos chave: um foco no comportamento dos participantes daorganização; e no interesse desse comportamento nos resulta-dos da organização. Os autores reconhecem assim, que parauma compreensão do processo de controlo em organizaçõescomplexas é necessário estudar as acções das organizações edos seus membros e os processos através dos quais os resul-tados e objectivos desejados são elaborados e alcançados. Osautores identificaram e analisaram seis tipos de pesquisa emáreas relevantes do registo dos propósitos do controlo emorganizações complexas:

– Princípios de gestão;– Teoria do controlo cibernético;– Teoria da agência;– Pesquisa em controlo psicológico;– Teoria da contingência;– Estudos de caso.As limitações da implementação de sistemas de controlo

de gestão, em organizações complexas, que garantam aconcretização de forma eficaz e eficiente dos objectivos defi-nidos para a empresa não residem apenas nos aspectos detec-tados por Merchant e Simons (1986). Estes autores encontramlimitações em cada uma das abordagens, essencialmente por-que não é possível generalizar, ou seja, predizer que a mesmasituação se aplica a todas as organizações, e reconhecem nãoexistir, ainda, um modelo que sirva para colmatar todos osproblemas, qualquer que seja a organização. Assim, podemosdizer que existem outros tipos de limitações do controlo degestão que ainda estão por identificar, pois cada organizaçãoé diferente de todas as outras. Trata-se, efectivamente, de umamatéria que continua a carecer de estudos e que à medida queo tempo passa se torna mais premente devido à crescentecomplexidade das organizações.

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3.O ORÇAMENTO COMO LIMITAÇÃO DO CONTRO-LO DE GESTÃO

No ponto anterior verificamos algumas das possíveis limi-tações que impossibilitam o controlo de gestão de conseguiratingir os objectivos a que se propõe. Neste ponto, centrar--nos-emos no impacto que o orçamento pode causar na moti-vação dos colaboradores por entendermos que se trata de umadas principais limitações do controlo de gestão, a qual étransversal a qualquer tipo de organização.

O controlo de gestão é exercido e depende essencialmentede pessoas e também sabemos que cada vez mais as pessoassão os principais activos das organizações. Assim, é necessá-rio que as organizações mantenham os seus colaboradorescom um elevado nível de motivação, pois só dessa formaconseguirão alcançar os seus objectivos.

Becker e Green (1962) analisaram o impacto que osorçamentos podem causar na motivação das pessoas e na suaperformance e concluíram que o facto de os colaboradores,dos diferentes níveis, participarem na feitura do orçamentopode ser bom, mas também pode ser mau, uma vez que cadaum tenta defender sempre os seus interesses, os quais colidem,quase sempre, com os da organização. Deste modo, as organi-zações tendem a solicitar a colaboração dos diferentes colabo-radores para elaborarem um orçamento fictício, enquanto overdadeiro orçamento é mantido de forma secreta. Os autoresconcluíram, ainda, que é aconselhável comparar a performanceda organização com aquilo que estava orçamentado e darconhecimento dessa comparação aos colaboradores, por di-versas razões: a) se a performance exceder ligeiramente asexpectativas do orçamento, então o nível de ambição doscolaboradores aumentará e o orçamento deve ser revisto paracima no sentido de se alcançar a máxima eficiência; b) se aperformance da empresa está ligeiramente abaixo das expec-tativas do orçamento, então não é necessário efectuar altera-ções ao orçamento, mas os resultados devem ser comunicadosaos colaboradores para que estes se esforcem e se atinjam osobjectivos do orçamento; c) se a performance da empresa seencontrar bastante abaixo do orçamentado, talvez seja melhorrever o orçamento para baixo. Caso tais revisões não seefectuem, o nível de motivação dos colaboradores cairá epassarão a ver o orçamento como inatingível e, assim, osresultados da empresa não serão alcançados. Nestes casos, oorçamento deve ser revisto em baixa de modo que se torne, aosolhos dos colaboradores, atingível e seja possível alcançar amaximização dos resultados novamente. Pensamos que setrata de um conjunto de observações válidas, mas a últimapoderá ser perigosa para a organização, uma vez que oscolaboradores podem, de forma propositada, contribuir parauma fraca performance da empresa, pois sabem que a gestãocorrigirá o orçamento para baixo, diminuindo, deste modo, onível de exigência sobre os colaboradores.

Cada um dos diferentes tipos de controlos como sejam osrealizados com recurso a máquinas são apenas um meio, o fimé o controlo de gestão em que os actores/pessoas são maisimportantes que os procedimentos (Druker, 1964).

Schiff e Lewin (1970) ao tentar perceber qual o papel doorçamento financeiro no processo de controlo da empresa pelaavaliação do relacionamento com as pessoas que controlam(gestores de topo) e quem é controlado (restantes colaborado-

res da empresa), concluem que no processo de elaboraçãodo orçamento, os colaboradores (controlados) exercemuma influência significativa no resultado do orçamento devi-do às folgas que os gestores intermédios têm na elaboraçãodo mesmo. Isto pode ser visto como uma vantagem, na medidaem que os colaboradores de níveis inferiores da empresaao participar no processo de elaboração do orçamentotentam reflectir, nesse documento, as suas aspirações, aumen-tando, por conseguinte, a sua motivação. Os autores tambémdefendem que o controlo descentralizado aumenta a eficiên-cia da organização devido ao facto de aumentar a partici-pação no processo de tomada de decisões ao nível local.No entanto, também reconhecem que os gestores têm algumaslimitações no processo de elaboração do orçamento e quenão têm espaço de manobra para impor determinados objecti-vos. Assim, para os autores, esta situação seria ultrapassadase fosse nomeada uma comissão específica para a elabora-ção do orçamento e que estivesse directamente dependentedo responsável máximo da empresa. O sucesso desta comis-são dependeria da forma como estabelecessem o seu modode operação no interior da organização, reconhecendo, noentanto, que esta sugestão carece de ser experimentada nocampo.

Bruckley e Mckenna (1972) enumeraram diversos estu-dos, baseados em análises empíricas, que provam que oorçamento pode provocar, por exemplo, insegurança nos cola-boradores das empresas, sendo que a segurança ocupa, napirâmide das necessidades básicas de Maslow, a segundaposição. Assim, para estes autores o orçamento não deveriaser considerado como um elemento de pressão sobre osgestores e restantes colaboradores das organizações, massim um elemento de suporte e de orientação, tendo comoprincipal objectivo constituir um meio de autocontrolo doscolaboradores e não um mecanismo de policiamento do seucomportamento e do seu desempenho. Bruckley e Mckenna(1972) referem também que o orçamento não deve ser comu-nicado pelos contabilistas, mas por alguém que seja capaz detransmitir aos colaboradores, através de uma linguagem dife-rente, quais são os objectivos do orçamento, com vista aminimizar o impacto negativo que algumas das medidasanunciadas possam causar nos colaboradores. Por exemplo,apresentar aos colaboradores um orçamento que preveja umaredução nos custos com o pessoal. Esta medida pode levar oscolaboradores a pensar que os seus vencimentos podem vira ser diminuídos ou que isso pode conduzir a futurosdespedimentos.

Frow et al. (2005) elaboraram um estudo, com base numadeterminada empresa, com o objectivo de fornecer evidênciasobre como as empresas e os seus gestores em contextosorganizacionais contemporâneos procuram conciliar, porum lado, a necessidade de metas previsionais e do controloorçamental por indivíduo e, por outro lado, a consecução eadopção da mudança estratégica. Os resultados obtidosdo estudo sugerem que as responsabilidades individuais, noque respeita ao desempenho orçamental, continuam a ter umpeso significativo, mesmo em contextos organizacionais dis-tintos dos tradicionais e que seriam supostamente mais ade-quados para uma bem sucedida colocação em prática decontrolos orçamentais. Daqui se infere, que ainda hoje oorçamento é importante na implementação de sistemas de

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controlo de gestão e que o comportamento individual nodesempenho orçamental pode contribuir decisivamente paraque a organização não consiga atingir os objectivos a que sepropõe.

CONCLUSÃO

O controlo de gestão tem-se revelado um instrumentoimportantíssimo para o cumprimento dos objectivos definidospelas organizações. O seu conceito e a forma como deve serdesenvolvido e implementado no seio das organizações tem,no entanto, sido amplamente debatido, motivado pela grandecomplexidade das organizações.

Neste sentido, não foi possível até aos dias de hoje encon-trar um sistema de controlo de gestão que seja aplicávela qualquer tipo de organização e que permita garantir queos objectivos a que o mesmo se propõe alcançar sejam conse-guidos, ou seja, a concretização dos objectivos definidospela empresa de forma mais eficiente e eficaz possível.Com efeito, existem diversas limitações apontadas aos siste-mas de controlo de gestão, as quais se relacionam, entreoutras, com vários aspectos, a saber, a complexidade dasorganizações, o comportamento dos seus colaboradores aosdiversos níveis, o impacto negativo, nos colaboradores, causa-do pelos orçamentos, os produtos comercializados pela em-presa, os mercados em que a mesma se insere e a sua estruturaorganizacional.

Dado que o controlo de gestão é assegurado essencialmen-te por pessoas, entendemos que os orçamentos constituemuma das suas principais limitações, na medida em que podeminfluenciar negativamente o comportamento dos colaborado-res da organização e, deste modo, implicar a não execução dopróprio orçamento e por conseguinte o não cumprimento, deforma eficaz e eficiente, dos objectivos previstos. Este aspectoé tanto mais importante, quanto maior for a dependência decapital humano por parte da organização.

REFERÊNCIAS

Anthony, R. e Dearden, J. (1980). The Nature of Management Control.In Management Control System, Homewood: Illinois, Richard D.Irwin, Inc., 3-20.

Becker, S. e Green, D. (1962). Budgeting and Employee Behavior.Journal Of Business, 5, 392-402.

Buckley, A. e Mckenna, E. (1972). Budgetary Control and BusinessBehaviour. Accounting and Business Research, 3, 137-150.

Druker, P. F. (1964). Controls, Control and Management. In ManegementControls: New Directions in Basic Research (pp. 286-296). NewYork: McGraw-Hill Inc.

Frow, N. e Marginson, D. e Ogden, S. (2005). Ecouraging StrategicBehaviour while Mainttaning Management Control: Multi-funcionalProject Teams, Budegts, and the Negotation of Shared Accountabilitiesin Contemporary Enterprises. Mangement Accounting Resarch, 16,269-292.

Giglioni, G. B. e Bedein, A. G. (1974). A Conspectus of Management ControlTheory: 1900-1972. Academy of Management Journal, 17, 292-305.

Goold, M. e Campbell, A. (1987). Managing Diversity: Strategy and Controlin Dversified British Companies. Long Range Planing, 20, 42-52.

Gray, B. (1990). The Enactment of Management Control Sistems: ACritique of Simons. Academy of Management Journal, 15, 145-148.

Lowe, E. A. (1971). On the Idea of a Management ControlSystem:Integrating Accounting and Management Control. Journal ofManagement Studies, 8, 1-12.

Lowe, T. e Puxty, T. (Eds.). (1989). The Problems of a Paradigm: ACritique of the Prevailing Orthodoxy in Management Control (Vol.Critical Perspectives in Management Control). Basingstoke: TheMacmillan Press Ltd.

Merchant, K. A. e Simons, R. (1986). Research an Control in Complex orga-nizations: An Overview. Journal of Accounting Literature, 5, 4-27.

Nixon, W. A. J. e Burns, J. (2005). Management Control in the 21st

Century. Mangement Accounting Resarch, 16, 260-268.Schiff, M. e Lewin, A. Y. (1970). The Impact of People on Budgets. The

Accounting Review, 45, 259-268.Simons, R. (1990). The Role of Management Control Systems in Creating

Competitive Advantage: New Perspectives. Accounting , Organizationsand Society, 15, 127-143.

Vickers, G. (1954). Positive and Negative Controls in Business. Journalof Industrial Economics, 6, 173-179.

(1) O controlo de gestão é o processo pelo qual os gestores asseguram que aorganização atinge as estratégias definidas, pelo planeamento estratégico,de forma eficiente e eficaz.

Atendendo às necessidades cada vez maiores dos nossos Associados na área da Legislação Laboral, a APOTEC tem àdisposição dos mesmos um serviço de Consultadoria presencial na área do Direito do Trabalho.

Abaixo publicamos as normas de funcionamento deste benefício dos Sócios da APOTEC.

REGULAMENTO

1.º Para os Associados da APOTEC está instituído um serviço de consultadoria presencial.2.º Esta consultadoria versará exclusivamente a área da legislação laboral, e dela poderão usufruir todos os Associados, desde

que tenham as respectivas quotizações regularizadas.3.º Este serviço funcionará quinzenalmente, em privado, na sede da APOTEC, em Lisboa, mediante marcação prévia.4.º O custo de inscrição é de € 25,00 (vinte e cinco euros) por marcação.5.º A marcação pode ser efectuada telefonicamente, indicando o número e o nome do Sócio.6.º Caso não haja vaga para a data pretendida pelo Associado, será este disso informado, considerando-se a inscrição para a

primeira data possível.7.º Em tudo o que o regulamento for omisso resolverá a Direcção Central.

Serviços disponíveis para os Associados

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(*) Elaborado por: Paulo Nogueira Filho (Jornalista)

Síntese EconómicaSíntese Económica(*)

Lisboetas pagam mais IRS

As famílias que vivemem Lisboa pagam, em mé-dia, quase mais 2111 eurospor ano em IRS que no res-to do País. De acordo com as estatísticas divulgadaspela Direcção-Geral dos Impostos (DGCI), em 2005cada um dos agregados familiares residentes na capi-tal entregou ao Fisco 5024 euros de imposto sobre orendimento de pessoas singulares (IRS). Mais 9,1 porcento que no ano anterior e bastante acima da médiade 2913 euros registada fora de Lisboa.

Esta diferença é explicada pelo maior rendimentoobtido pelas famílias residentes na capital. Enquantoem Lisboa um rendimento bruto médio dos agregadosronda 38 mil euros por ano, no resto do país fica-sepelos 34063 euros. Sendo o IRS um imposto progres-sivo, ou seja, a taxa aumenta à medida que os rendimen-tos aumentam, é natural que os residentes da capitalvejam os montantes pagos ao Fisco crescerem maisrapidamente que os seus proveitos anuais. Esta situaçãoé visível no facto de, segundo os números da DGCI, acapital representar apenas 29,7 por cento do rendimen-to bruto total mas pagar 37,7 do IRS liquidado.

No total, o Estado encaixou 7431 milhões de eurosem IRS em 2005. É, juntamente com o imposto sobreo valor acrescentado (IVA), uma das maiores fontes dereceitas fiscais. Para os trabalhadores por conta deoutrem e pensionistas, o IRS teve, em 2005, uma taxaefectiva de 6,8 por cento que até diminuiu face aos 7por cento do ano anterior. Se se considerarem outrosrendimentos ligados à propriedade ou profissões libe-rais cresce para 14,4 e até teve um agravamento de 0,3pontos face a 2005.

A reduzida taxa de tributação efectiva não signifi-ca, ainda assim, que não estejam a aumentar os rendi-mentos mais elevados. Entre 2004 e 2005, surgiramquase 440 novas declarações do escalão mais elevadodo IRS, ou seja, com rendimento anual acima de 250mil euros. Estas famílias apresentaram, no conjunto,um rendimento bruto de 1559 milhões de euros eproporcionaram ao Estado uma receita de 551 milhõesde euros, mais 6 milhões que em 2004.

Tal como acontece com as famílias, também nocaso das empresas a capital contribui com a maiorfatia dos impostos pagos. Metade do encaixe de IRCconseguido pelo Fisco veio de empresas com sede emLisboa. Ao todo, entregaram 1456 milhões de eurosem 2005, 51 por cento do total, apesar de as empresaslisboetas representarem apenas 29 das empresas queprestaram contas ao Fisco. Lisboa alberga a sede degrande parte das maiores empresas nacionais e, poresse motivo, os encargos fiscais suportados tendem aser superiores ao verificado em outras regiões do país.O número de contribuintes com rendimentos anuaisbrutos acima dos 250 mil euros aumentou 14,7 porcento. Mesmo assim, representam apenas 1 por centodo total de agregados.

Bolsa perde 140 mil accionistasAs principais empresas e bancos cotados na Bolsa

voltaram a ver a sua base accionista reduzir-se significa-tivamente. EDP, PT, Brisa, Cimpor e os bancos BCP, BESe BPI chegaram ao final de 2006 com menos 140 mil accionistas, oque representa uma perda de 16 por cento face ao ano anterior. Em2005, o ritmo de saída de pequenos investidores destas empresas tinhasido um pouco superior (16,3 por cento).

Entre 2004 e 2006, perderam 310 mil accionistas, o que estarárelacionado com a subida das cotações, que permitiu a tomada de mais--valias, além da natural tendência de substituição da aplicação directaem acções pela via indirecta dos fundos de investimento. A EDP, que éa empresa que tem mais accionistas, perdeu em 2006 cerca de 83 mil.A Galp, que entrou na Bolsa em Outubro, tem cerca de 110 mil.

Selo só é obrigatório em OutubroTerminou no dia 31 de Julho passado o prazo para que os automo-

bilistas comprassem o selo do carro, pagando o respectivo ImpostoMunicipal sobre Veículos (IMV). No entanto, o que nem toda a gentesabe é que a sua afixação só se torna obrigatória a partir do dia 1 deOutubro, tal como define a Portaria 629/2007.

Aliás, este é o último ano em que vai vigorar o sistema deestampilha fiscal colada no pára-brisas do carro. Com efeito, deacordo com o novo Código do Imposto Automóvel, no dia 1 de Janeirode 2008 serão abolidos o Imposto Municipal sobre Veículos, o Impos-to de Circulação e o Imposto de Camionagem.

No próximo ano, os condutores serão chamados a pagar o Impostode Veículos de acordo com o mês de matrícula. As Finanças deverãonotificar os proprietários para pagar o imposto no mês anterior ao darespectiva liquidação. O documento de pagamento servirá decomprovativo sempre que as autoridades policiais questionarem oscontribuintes sobre a legalidade da viatura.

Os automóveis matriculados depois de 1 de Julho de 2007 já nãoterão de comprar o selo do carro. A estas viaturas será aplicada a novatributação automóvel, que conjuga o Imposto Único sobre Veículos(ISV) com o Imposto Único de Circulação (IUC). Outra das novidadesda nova tributação automóvel é o facto de os carros parados terem depagar imposto, dado que o facto tributário passa a ser a propriedadee não a utilização do veículo. O Estado deveráabsorver uma despesa fiscal da ordem dos 11 mi-lhões de euros, no primeiro ano, com a aplicação donovo Imposto Único Automóvel.

Fisco e PJ treinam com MonopólioOs quadros médios e superiores da Admi-

nistração Fiscal e alguns elementos da PolíciaJudiciária têm um novo instrumento de comba-te à fraude e evasão fiscal. Há alguns meses aschefias dos Impostos treinam os seus conheci-mentos numa espécie de monopólio fiscal. Umjogo para maiores de 12 anos – Tax Bem! O

jogo da educação fiscal – distribuído pelo Centro de Formação daDirecção-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI).

Também os elementos da Polícia Judiciária que se dedicam aocombate ao crime económico e que integram as 15 brigadas mistasreceberam esta ferramenta de trabalho. O objectivo do jogo é alcançara meta final – a grande Árvore da Cidadania –, ficando a conhecer osdeveres fiscais dos cidadãos, os seus direitos e a aplicação dosimpostos. Para se chegar à meta (que corresponde à casa nº 71) épreciso passar por três tipos de casas no tabuleiro: casas de sorte ouazar, casas de cartas com perguntas e casas neutras…

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IES – ANEXO F

Questão

Sobre o Q09, campo 413 do Anexo F daIES, quando uma empresa está a beneficiarentre 2005-2009 da isenção da seg. social,devido ao beneficio da interioridade, quevalores devem constar neste campo na decla-ração de 2006? O valor da isenção relativa sóaos colaboradores que começaram a benefi-ciar em 2006 ou o valor da isenção relativaaos que já beneficiaram em 2005 e portantoem 2006 estão no seu segundo ano de bene-ficio, mais aqueles que começaram a benefi-ciar no ano de 2006?

Sócio n.º 30028

Resposta do Assessor Fiscal

Considerando que, de acordo com asinstruções deve ser considerado o valorplurianual total das isenções para a segu-rança social multiplicado por (1-taxa efecti-va do IRC), será de indicar o valor globaldas isenções quer dos que iniciaram noano de 2006, como também dos iniciadosem 2005.

FCR2007-05-29

IMOBILIZADO – VENDAA COLABORADORES

Questão

Uma empresa tem no seu imobilizadomobílias já totalmente amortizadas, e pre-tenda substitui-las por novas. Uma vez quejá não vai necessitar mais das mobílias anti-gas e tendo colaboradores interessados emadquiri-las, qual a melhor forma de o fazer?Na altura da aquisição daquele mobiliário, aempresa tinha uma actividade totalmenteisenta, não podendo exercer o direito à de-dução do IVA suportado. A venda aos cola-boradores poderá ter alguma implicaçãonestes na esfera de IRS? Quais as implica-ções a nível de IRC para a empresa? Equanto ao IVA, esta venda é sujeita?

Sócio n.º 15416

Resposta do Assessor Fiscal

Qualquer vantagem acessória de nature-za económica, compreendendo simples di-

reitos, benefícios ou regalias, auferida portrabalhador por conta de outrem, concedidapela entidade patronal por força da relaçãode trabalho, poderá ser considerada remune-ração do trabalho, ao abrigo da alínea b) don.º 3 do artigo 2.º do CIRS. A venda de bensdo imobilizado da empresa a trabalhadoresseus por valor simbólico, poderá, em abs-tracto, configurar uma dessas situações, tudodependendo, obviamente, do valor de mer-cado do bem em causa. Se a venda respeitaro valor de mercado do bem, tal hipótesenunca se colocará. Para a empresa, tal ven-da, gera uma normal mais-valia tributável.Por outro lado, a transmissão onerosa dessesbens está sujeita a IVA.

SP2007-07-03

IMPOSTO DO SELO – JUROS DEMORA

Questão

Um cliente habitualmente debita jurosde mora aos seus clientes, derivados doatraso de pagamento de facturas e cheques.Quanto a IVA penso que não há dúvidas -está isento. Quanto ao imposto de selo, te-nho entendido que não está sujeito por nãoestar especificamento previsto na TabelaGeral do mesmo. No entanto, há colegas queentendem que está sujeito por se encontrarenquadrado na verba 17.2.1.

Sócio n.º 16081

Resposta do Assessor Fiscal

A verba 17.2.1 respeita a «juros» poroperações aí referidas quando «realizadaspor ou com intermediação de instituições decrédito, sociedades financeiras ou outrasentidades a elas legalmente equiparadas equaisquer outras instituições financeiras».

SP2007-07-25

IMPOSTO DO SELO E IMPOSTOSUCESSÓRIO

Questão

Aquando do falecimento, em 19/02/2003,foi elaborado o inventário (relação de bens)para efeitos de Imposto Sucessório tendosido acrescida em mais dois inventários adi-

cionais posteriores. Entre os bens moveis eimóveis encontram-se bastantes participa-ções em sociedades por quotas e em socie-dades anónimas que de acordo com a ava-liação das finanças através da nota de liqui-dação de Imposto Sucessório se cifram emvários milhões de euros. As questões quecoloco são as seguintes:

1. Na data do óbito, o imposto que esta-va em vigência era o ImpostoSucessório, mas na data da liquida-ção, ainda que provisória ocorreu jáem 2007, em plena vigência do Im-posto de selo que regula as transmis-sões gratuitas. Que normativo aplicare se não se poderá aplicar analogica-mente um princípio consagrado nocódigo penal que expressa que seaplica sempre a lei mais favorável àdata da condenação?

2. Face ao actual Imposto do Selo astransmissões gratuitas (nas sucessõespor morte) entre Pais e Filhos sãosujeitas mas isentas de imposto (arti-go 6.º n.º1 alínea e) do CIS). O Im-posto Sucessório não tinha nenhumdispositivo semelhante de isenção prin-cipalmente nas transmissões de parti-cipações das sociedades anónimas?

Sócio n.º 16793

Resposta do Assessor Fiscal

1. De acordo com o n.º 3 do artigo 31.ºdo DL 287/2003, de 12 de Novembro, apartir da data da entrada em vigor do CIMT,é revogado o Código do Imposto Municipalde Sisa e do Imposto sobre as Sucessões eDoações, aprovado pelo Decreto-Lei n.º41969, de 24 de Novembro de 1958, bemcomo todos os benefícios fiscais relativos aoimposto sobre as sucessões e doações cria-dos por legislação extravasante ao Códigoaí referido. O n.º 5 do mesmo artigo dispõeque as disposições revogadas continuam aaplicar-se aos factos tributários ocorridosaté à data da entrada em vigor dos novosCódigos e alterações referidos no artigo 32.ºdo DL 287/2003, incluindo os factos quetenham beneficiado de isenção ou de redu-ção de taxa condicionadas e que venham aficar sem efeito na vigência dos novos Códi-gos. Assim, tendo o facto tributário – faleci-mento – ocorrido na vigência dos diplomasrevogados, a Administração Fiscal, face aesta norma transitória, tem legitimidade paraliquidar o Imposto sobre sucessões e Doa-ções, desde que o concretize dentro do prazode caducidade. De notar que em matéria

ConsultórioConsultório

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 295

fiscal não é possível a interpretação analógicapor força do princípio da tipicidade fechadaa que os impostos estão subordinados cons-titucionalmente.

2. O art.º 12.º do Código do Impostosobre Sucessões e Doações previa isençõesdiversas, como por exemplo: para transmis-sões bens que não ultrapassassem 374,10por cada herdeiro; isenção no valor de3 641,22 por cada filho ou o cônjuge sobre-vivo; isenção de 1 820,61 nas transmissõesa favor de descendentes. Eram ainda isentosas transmissões de PPR, PPA, contas pou-pança-habitação, poupança-reformado oupoupança-emigrante. O imposto sobre atransmissão gratuita de acções era pago, poravença sobre o rendimento (dividendos),pelo que não deve ser novamente liquidadoISD aquando da transmissão por sucessão(art.º 182.º do CIMSISD).

FCR2007-07-26

IMT – CONSTRUÇÃO CIVIL

Questão

Uma empresa de Construção Civil com-pra imóveis para REVENDA. A compra deum terreno rustico para construção de umamoradia e consequente venda, está isento deIMT?

E no caso de compra de um lote (urbano)para construção de uma moradia econsequente venda, está isento de IMT?

E no caso da compra de um lote (urbano)e consequente venda do lote, está isento deIMT?

Sócio n.º 17069

Resposta do Assessor Fiscal

A compra de terreno (rústico ou urbano)para construção de moradia e consequentevenda do imóvel construído não beneficiade isenção de IMT. A compra de lote deterreno para revenda pode beneficiar de isen-ção de IMT se forem cumpridos os requisi-tos referidos no art.º 7.º do CIMT que aseguir se transcreve: “1 – São isentas doIMT as aquisições de prédios para revenda,nos termos do número seguinte, desde quese verifique ter sido apresentada antes daaquisição a declaração prevista no artigo112.º do Código do Imposto sobre o Rendi-mento das Pessoas Singulares (IRS) ou naalínea a) do n.º 1 do artigo 109.º do Código

do Imposto sobre o Rendimento das PessoasColectivas (IRC), consoante o caso, relativaao exercício da actividade de comprador deprédios para revenda. 2 – A isenção previstano número anterior não prejudica a liquida-ção e pagamento do imposto, nos termosgerais, salvo se se reconhecer que oadquirente exerce normal e habitualmente aactividade de comprador de prédios pararevenda. 3 – Para efeitos do disposto naparte final do número anterior, considera-seque o sujeito passivo exerce normal e habi-tualmente a actividade quando comprove oseu exercício no ano anterior mediante cer-tidão passada pelo serviço de finanças com-petente, devendo constar sempre daquelacertidão se, no ano anterior, foi adquiridopara revenda ou revendido algum prédioantes adquirido para esse fim. 4 – Quando oprédio tenha sido revendido sem ser nova-mente para revenda, no prazo de três anos, ehaja sido pago imposto, este será anuladopelo chefe de finanças, a requerimento dointeressado, acompanhado de documentocomprovativo da transacção.” A aquisiçãopara revenda deixará de beneficiar de isen-ção, nos termos do n.º 5 do art.º 11.º doCIMT, logo que se verifique que aos prédiosadquiridos para revenda foi dado destinodiferente ou que os mesmos não foram re-vendidos dentro do prazo de três anos ou oforam novamente para revenda.

FCR2007-07-27

IRC – COIMA AO PAGAMENTOPOR CONTA JUL. 2002

Questão

Foi agora instaurado, mais propriamen-te no dia 12/07/07, processo contra-ordenacional por infracção ao art.º 96, n.º 1a) CIRC. O que pretendo saber é se decor-ridos 5 anos, este pagamento já não estáprescrito, se sim, como devo reagir?

Sócio n.º 18144

Resposta do Assessor Fiscal

O procedimento por contraordenaçãoextingue-se, por prescrição, logo que decor-ridos 5 anos sobre a prática do facto, comodispõe o art.º 33.º do RGIT. Porém, o prazode prescrição interrompe-se e suspende-senos termos estabelecidos no regime geral doilícito de mera ordenação social (n.º 3 do

art.º 33.º do RGIT). Assim, considerandoque o prazo estabelecido para efectuar o1.º pagamento por conta relativo ao ano de2002 terminou em 31 de Julho desse ano,o prazo da prescrição conta-se a partir dodia 1 de Agosto de 2002 e termina em 31de Julho de 2007, pelo que o procedimentocontraordenacional para aplicação da coimapor falta desse pagamento por conta aindanão prescreveu.

FCR2007-07-20

IRC – PAGAMENTOS POR CONTA

Questão

Para o cálculo dos pagamentos por contade IRC, e de acordo com o art.º 97.º doCIRC, deve ser usado como base o impostoliquidado no exercício anterior. As tributa-ções autónomas devem ser incluidas no“imposto liquidado”?

Sócio n.º 12431

Resposta do Assessor Fiscal

Não. A colecta a considerar será a apu-rada no campo 351 do Q10 adicionada doIRC de anos anteriores indicada no campo363 do mesmo quadro.

FCR2007-07-12

IRC – PAGAMENTOS POR CONTAEXERCÍCIO DE 2002

Questão

Recebeu hoje uma sociedade a notifica-ção para pagamento de coima por falta deentrega do pagamento por conta de 2002.Efectivamente esta sociedade, em 2002 sóefectuou o primeiro pagamento por por con-ta e entregou a declaração de limitação/sus-pensão para os seguintes (art.º 99). Face aoexposto agradeço que me informem qual oprocedimento mais correcto a aplicar a esteassunto.

Sócio n.º 10442

Resposta do Assessor Fiscal

Se a sociedade efectuou o 1.º paga-mento por conta, comunicou que não

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007296

iria efectuar o 2.º nem o 3.º e no final seconstatou que o imposto pago foi sufi-ciente para assegurar o IRC devido no final(admitindo-se um erro de 20%), não haverálugar a aplicação de coima, pelo que deveráapresentar defesa no serviço de finanças daárea da sede, nos termos do art.º 80.º doRGIT.

FCR2007-07-26

IRC – PEC EXERCÍCIO DE 2003

Questão

Uma determinada empresa (sociedadepor quotas) iniciou a sua actividade co-mercial em 01/Julho/2002. Esta empresafoi hoje notificada para apresentaçãode defesa ou pagamento antecipado dacoima, em virtude de ter sido violado oart.º 98 n.º 1 do CIRC (falta de entregado PEC – exercício de 2003). Queria sa-ber a v/opinião no sentido de ser esclare-cido se se aplica a Lei 32 B/2002, de30 de Dezembro, que diz que nos doisprimeiros exercícios os contribuintes fi-cam desonerados daquele imposto, ou sea coima está bem aplicada?

Sócio n.º 9349

Resposta do Assessor Fiscal

A alteração introduzida pela Lei do OEpara 2003, Lei n.º 32-B/2002, de 30/12, aon.º 4 (actualmente n.º 10) do art.º 98.º doCIRC, que passou a afastar a obrigatoriedadede efectuar o PEC no 2.º anode actividade,entrou em vigor em 1/1/2003, pelo que seaplica aos PEC devidos a partir dessa data,isto é às sociedades que iniciaram a suaactividade em 2002, cujo 2.º ano estava adecorrer, bem como às que iniciaram em2003 e seguintes. Assim, deve a sociedadeque recebeu a notificação, apresentar defe-sa, no prazo de 10 dias, no serviço de finan-ças competente. Notificado da decisão deaplicação da coima, pode ainda, no prazo de20 dias, recorrer para o tribunal administra-tivo e fiscal da circunscrição, sendo apre-sentado no serviço tributário onde tiver sidoinstaurado o processo de contraordenaçãofiscal.

FCR2007-07-12

IRS – MAIS VALIAS

Questão

Quando há a venda de um imovel, queera de habitação propria, pode ser conside-rado como despesa o valor da comissão daimobiliaria? No meu entender não se poderáincluir essa despesa, mas na repartição definanças dizeram ao meu cliente que sim,daí a minha questão.

Sócio n.º 17876

Resposta do Assessor Fiscal

As despesas pagas que respeitem àcomissão paga ao intermediário não podemser consideradas no cálculo da mais-valia.As despesas que podem ser consideradassão apenas as efectuadas com a realizaçãoda escrituta de compra – encargos notariais,o seu registo na conservatória do registopredial e a sisa ou IMT.

FCR2007-05-18

IRS – PAGAMENTO DE RENDAS ATITULARES DE CAT. F – NÃO

RESIDENTES

Questão

Tenho um cliente que paga rendas a pes-soas colectivas não residentes em territórionacional. As dúvidas consistem no seguinte:

1. Qual a taxa de retenção a efectuar nafonte pelo pagamento das rendas, 15ou 25%?

2. Estas entidades podem ficar dispensa-das de retenção se no ano anterior nãoatingirem um determinado valor(antes era 2 000 contos), agora julgo9.975,59€?

3. E se uma entidade declarar no autodo contrato ser não residente e nasFinanças ter sempre o seu domicíliofiscal como residente em TerritórioNacional, o que fazer nestes casos?

Sócio n.º 17866

Resposta do Assessor Fiscal

1. A taxa de retenção sobre rendimentosprediais pagos a não residentes é de 15% nostermos da alínea a) do n.º 1 do art.º 101.º doCIRS.

IRS – REMUNERAÇÃO AADMINISTRADORES NÃO

RESIDENTES

Questão

Empresa portuguesa “A” tem 2 Adminis-tradores não executivos espanhóis que são,em Espanha, beneficiários da Segurança So-cial. Estão inscritos na Segurança Social efeita prova do seu enquadramento emEspanha.

A Assembleia Geral decidiu atribuir-lheuma remuneração anual de 5.000,00 a pro-cessar trimestralmente (4×1.250,00).

Pergunto:– Estão sujeitos ao desconto de 10%

para a Segurança Social (portuguesa)?– Estão sujeitos a retenção de IRS?

O Art.º 100 do CIRS é aqui aplicável?– Há possibilidade de afastar a retenção

invocando a “Convenção com Es-panha”?

Sócio n.º 12394

Resposta do Assessor Fiscal

De acordo com o disposto no art.º 16.ºda convenção celebrada entre Portugal eEspanha as remunerações pagas a um resi-dente em Espanha na qualidade de membrodo conselho de administração de uma socie-dade residente em Portugal podem ser tribu-tadas como rendimentos da categoria A,de acordo com o disposto na alínea a) don.º 3 do art.º 2.º do CIRS. Estes rendimentossão sujeitos a retenção de IRS à taxa libe-

ConsultórioConsultório

2. Sim, considerando que a dispensa deretenção só não é possível quando a reten-ção tem carácter definitivo, o que não é ocaso. O não residente (tenha havido ounão retenção) é obrigado a entregar a decla-ração de rendimentos com o anexo F. Estaobrigação deve ser cumprida pelo represen-tante.

3. Não. o enquadramento no contratodeverá reflectir a residência fiscal na data dasua celebração. Havendo mudança de resi-dência o arrendatário deve ser disso infor-mado. Esta informação é necessária, nomea-mente para efeitos da informação necessáriapara entrega da retenção efectuada e paradeclarar os rendimentos e retenções: utili-zando a dec. mod. 10 se for residente ou adeclaração modelo 30 se for não residente.

FCR2007-06-29

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 297

IRS – RENDIMENTOS CAPITAIS –– ENGLOBAMENTO

Questão

Nos juros pagos por uma entidade a umassociado sobre valores pagos adian-tados, pode a retenção ser considerada emdefinitivo, ou é obrigatório o seu engloba-mento?

Sócio n.º 8203

Resposta do Assessor Fiscal

Não. Os rendimentos de capitais referi-dos estão sujeitos a IRS nos termos da alíneaa) do n.º 2 do art.º 5.º do CIRS. A retençãode IRS deve ser efectuada à taxa de 15%, deacordo com o disposto da alínea a) do no 1do art.º 101.º do CIRS, a qual tem a naturezade entrega por conta, pelo que é obrigatórioo englobamento desses rendimentos (art.º22.º do CIRS).

FCR2007-07-20

IRS – RENDIMENTOS NOESTRANGEIRO

Questão

Um residente que apenas tem rendimen-tos obtidos nos EUA, que obrigações temem termos de IRS? Trata-se de um ex-emigrante naquele país a residir actualmenteem Portugal.

Sócio n.º 4610

Resposta do Assessor Fiscal

Os residentes em território português es-tão sujeitos a IRS em relação aos rendimen-tos obtidos dentro e fora do território portu-guês de acordo com o estabelecido no art.º15.º do CIRS. Sendo os rendimentos obtidosem país com o qual Portugal celebrou con-venção para evitar a dupla tributação interna-cional, aplicar-se-ão as regras nela estabe-lecidas. A convenção celebrada com os EUAdispõe de forma diferente conforme a nature-za dos rendimentos obtidos. Assim, não ten-do sido identificados os rendimentos obtidosnaquele país iremos supor que estão em causapensões em virtude de emprego anterior (nãopúblico). Neste caso, dispõe o art.º 20.º daconvenção que as pensões obtidas por umresidente em Portugal só podem ser tributa-das em Portugal. Assim, o titular dos rendi-mentos deve apresentar a declaração modelo3 com o anexo J e indicar no campo 416 ovalor das pensões recebidas.

FCR2007-07-12

IRS – VENDA DE CASA

Questão

Em 1985 foi doada ao meu ex-maridouma casa com reserva do direito de habita-ção sobre o imóvel e com reserva de usufru-to dos móveis, sendo o seu valor de 249,40€.Em 21/11/2001 foi efectuada a renúncia aodireito de uso e habitação, o valor patrimonialera de 298,56€. No ano de 2006 vendemosa casa por 50.000€, a casa foi avaliada por20.400€. A nossa dúvida é no preenchimen-to da declaração de IRS de 2006, deveremosconsiderar o ano de aquisição o ano de 1985e preenchemos o anexo G1, ou o anexo G econsideramos o ano de 2001 como ano deaquisição? Ou teremos que preencher osdois anexos? E neste caso como preencher oanexo G1, qual o valor que deveremos colo-car na realização? Esta casa esteve arrenda-da nos anos de 2001 a 2004, (em 2001 asrendas foram de 3.241.19€), por este factoo valor patrimonial da casa não deveria tersido actualizada em 2001? Com o valor davenda da casa efectuei obras na minha casade habitação, poderei considerar que houvereinvestimento?

Sócia n.º 17521

Resposta do Assessor Fiscal

A aquisição dos direitos reais sobre oimóvel referenciado foi efectuada em datasdiferentes, visto que os direitos de uso,habitação e usufruto foram adquiridos em21/11/2001 e os restantes os direitos adqui-ridos em 1985, por doação. Assim, de acor-do com o disposto no art.º 5.º do DL 442-A//88 e art.º 10.º n.º 1 a) do CIRS, estãosujeitos a IRS apenas os ganhos obtidoscom a alienação dos direitos adquiridosem 2001. Deste modo, o alienante deverádeclarar no quadro 4 do anexo G a alie-nação dos direitos de uso, habitação e usu-fruto e no anexo G1 os restantes direitosobre o imóvel alienado. O valor de aqui-sição dos direitos de uso, habitação e usu-fruto é o correspondente ao valor patrimonialna data da renúncia. O valor de aquisiçãodos respantes direitos é 249,40€ (valor

patrimonial à data da doação). O valor derealização a considerar para cada um dosdireitos será o valor que proporcionalmentecorresponder a cada uma das partes em fun-ção do valor patrimonial dos direitos, tendoem conta as datas de aquisição. Para a indi-cação do valor seria necessário conhecer-mos o valor patrimonial do imóvel na datada doação (valor de todos os direitos). Su-pondo que este valor era de 1000 então o va-lor de realização para a parte sujeita seria de:(1000 – 249,40) : 1000 × 50 000 = 37 530,00;e para a parte não sujeita de249,40 : 1000 × 50 000 = 12 470,00. Quantoà possibilidade de não tributação da mais--valia por reinvestimento, a resposta énegativa, pois que o imóvel alienado nãoera a habitação permenente do alienante.

FCR2007-05-21

ConsultórioConsultório

ratória de 25% nos termos da alínea c) don.º 2 do art.º 71.º do CIRS. Os rendimentose respectiva retenção devem ser declaradosna declaração modelo 30.

FCR2007-06-18

IRS/IRC – RETENÇÃO MEDIADORADE SEGUROS

Questão

Uma empresa que é uma mediadora deseguros, quando factura às companhias temde ser com retenção? Em termos contabi-lísticos existe alguma característica especialem termos de contabilização por esta seruma mediadora?

Sócio n.º 18037

Resposta do Assessor Fiscal

A retenção não deve constar da facturamas do recibo. A companhia de segurosquando efectuar o pagamento das comis-sões deverá efectuar retenção de IRS àtaxa de 20% se o mediador for uma pessoasingular, nos termos da alínea b) do nº 1do art.º 101.º e art.º 8.º do DL 42/91.Se o mediador for uma pessoa colectivabeneficiará da dispensa de retenção pre-vista na alínea d) do n.º 1 do art.º 90º doCIRC.

FCR2007-06-21

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007298

IVA – AQUISIÇÕESINTRACOMUNITÁRIAS DE SERVIÇOS

Questão

Adquirimos ao mercado intracomunitárioconsultoria, software e até formação, para osquais deduzimos e liquidamos IVA. Temoscolocado no campo 10 e 11, no entanto e,como o campo 10 é cruzado com os valoresenviados para INTRASTAT (chegadas debens da comunidade europeia), têm sidoencontradas diferenças pois os serviços nãosão comunicados para INTRASTAT. Ques-tionamos sobre os campos correctos da de-claração periódica do IVA onde deveremoscolocar o IVA referente a estes serviços.

Sócio n.º 30028

Resposta do Assessor Fiscal

As aquisições intracomunitárias sãoregistadas nos campos 10 e 11 da declaraçãoperiódica do IVA. Contudo, é de ter emconsideração que as prestações de serviçosnão estão sujeitas às regras do RITI, queapenas contempla a aquisição onerosa debens móveis corpóreos (artigo 3.º do RITI).Estão abrangidas pelo CIVA e, tratando-sede serviços enumeradas no n.º 8 do artigo 6.ºdo CIVA (vg. serviços de consultoria, forne-cimento de programas informáticos, ensinoprestado à distância) adquiridos por sujeitopassivo nacional, com sede ou domicílio emPortugal, como no caso enunciado, tais ser-viços são tributados em território portuguêssendo, porém, sujeito passivo do imposto, opróprio adquirente, que, assim, liquidará oimposto, com direito a dedução, como setratasse de operação interna por si praticada(campos 3 e 4) (alínea a) do n.º 1 do artigo2.º, in fine, e n.º 8 do artigo 6.º, ambos doCIVA).

SP2007-05-31

IVA – MERCADO ESPANHOL

Questão

Uma empresa de contrução civil comsede em Espanha presta serviços em Portu-gal.

1. A facturação aos seus clientes (sujei-tos passivos de IVA) será isenta deIVA ou está inserida no actual regimede IVA para a construção civil?

2. A aquisição de materiais de constru-ção para aplicação nas suas obras emPortugal será feita com IVA ou estáisento?

3 No caso de aquisição de materiais deconstrução em Portugal para as suasobras em Espanha é considerado Im-portação? E consequentemente isentode IVA?

Sócio n.º 17069

Resposta do Assessor Fiscal

Uma empresa de contrução civil comsede em Espanha presta serviços em Portu-gal. A facturação aos seus clientes (sujeitospassivos do IVA) será isenta de IVA ou estáinserida no actual regime de IVA para aconstrução civil? O conceito de sujeito pas-sivo definido na alínea a) do n.º 1 do artigo2.º do Código do IVA, assume um caráctertransnacional, o que implica que as entida-des residentes no estrangeiro sejam conside-radas sujeitos passivos do imposto quandorealizem operações tributáveis no territórionacional, desde que integradas no exercícioda sua actividade económica. Nos termos daalínea a) do n.º 1 do artigo 1.º do Código doIVA, estão sujeitas a imposto “as transmis-sões de bens e as prestações de serviçosefectuadas no território nacional, a títulooneroso, por um sujeito passivo agindo comotal” encontrando-se delimitado no artigo 6.ºo conceito de operações realizadas no terri-tório nacional. As operações tributáveis rea-lizadas em território nacional, aqui reali-zadas a título oneroso, por sujeitos passivosnão residentes, sem estabelecimento estávelem território nacional, são operações tribu-táveis no território nacional, ficando, porém,os sujeitos passivos não residentes, obriga-dos a nomear um representante, sujeito pas-sivo do imposto no território nacional, mu-nido de procuração com poderes bastantes, aquem competirá cumprir todas as obrigaçõesdecorrentes da aplicação do CIVA, incluindoa do registo, e que será igualmente o respon-sável pelo pagamento do imposto que semostre devido pelas operações realizadaspelo representado, isto, no caso de não dis-porem de sede, estabelecimento estável oudomicílio noutro Estado-Membro, situaçãoem que aquela «obrigatoriedade» se torna«facultativa». Nesta circunstância, o sujeitopassivo não residente pode dispensar-se denomear representante. A nomeação do re-presentante deve ser comunicada à partecontratante antes de ser efectuada a opera-ção (cfr. n.os 1, 3, 4 e 5 do artigo 29.º do

ConsultórioConsultório

CIVA). Na falta de representante nos termosdo artigo 29.º, quer este seja de nomeaçãoobrigatória ou facultativa, a qualidade de su-jeito passivo transfere-se para o sujeito pas-sivo nacional adquirente dos bens das pres-tações de serviços efectuadas no territórionacional por sujeitos passivos que aqui nãotenham sede, estabelecimento estável oudomicílio, de acordo com o disposto na alí-nea g) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA. Aosadquirentes nacionais compete, neste caso,liquidar, em nome próprio, o imposto que semostrar devido, independentemente da na-tureza do serviço adquirido, imposto esse,que, todavia, poderá deduzir de acordo como disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 19.ºdo CIVA. Deste modo, não funciona, nestecaso, ainda que se verifiquem os requisitosobjectivos para tal, o regime de inversão dosujeito passivo previsto na alínea j) do n.º 1do artigo 2.º do CIVA, já que o prestador deserviço, não residente, deixou de ser, à faceda lei, objectiva e subjectivamente, o sujeitopassivo do imposto. Ao invés, havendo no-meação de um representante, a este competecumprir todas as obrigações decorrentes doCIVA, em nome do representado, designa-damente as de pagamento do imposto que semostre devido pelas operações por ele reali-zadas e as de facturação, competindo-lhe,neste particular, emitir uma factura ou docu-mento equivalente por cada prestação deserviços, que deverá ser processada em nomedo representado, fazendo referência à repre-sentação. Estes documentos devem ser pro-cessados de harmonia com o disposto noartº 35º, nº 5 do Código do IVA, e noDec.-Lei nº 147/2003, de 11 de Julho, deacordo com o disposto no artº 5º do Dec.--Lei nº 198/90, de 19 de Junho. A empresade construção civil com sede em Espanha, éuma entidade não residente, sem estabeleci-mento estável em território nacional masque aqui pratica operações tributáveis. Paraefeitos do cumprimento das obrigações de-correntes da aplicação do CIVA, nomeada-mente da declaração e pagamento do impos-to que se mostre devido, os sujeitos passivosnão residentes, sem estabelecimento estávelem território nacional mas que aqui efec-tuam operações tributáveis, estão obrigadosa nomear um representante, sujeito passivodo imposto no território nacional, munidode procuração com poderes bastantes, casonão disponham de sede, estabelecimentoestável ou domicílio noutro Estado-Mem-bro, situação em que esta «obrigatoriedade»se torna «facultativa». A haver represen-tante a este compete cumprir todas as obri-gações decorrentes da aplicação do CIVA,

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 299

Os interessados em participarem neste prémio instituído pelo Centro de Estudos de História da Contabilidade daAPOTEC poderão apresentar os seus trabalhos até ao dia 30/11/07 na sede da APOTEC.Os trabalhos apresentados candidatam-se aos seguintes prémios:

• Prémio A........... € 1.000,00 • Prémio B........... € 500,00Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50 – 3.º Esq.1169-029 Lisboa – Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].

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2007 APOTEC

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APOIOS DE:

UNIVERSIDADE DO MINHOUNIVERSIDADE DA MADEIRAINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE AVEIROINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE COIMBRAINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE LISBOAINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTOINSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

incluindo a do registo, e será devedor do im-posto que se mostre devido pelas operaçõesrealizadas pelo representado não residente.A nomeação do representante deve ser comu-nicada à parte contratante antes de ser efec-tuada a operação (cfr. n.os 1, 3, 4 e 5 do artigo29.º do CIVA). Na falta de representante,quer este seja de nomeação obrigatória oufacultativa, as obrigações decorrentes da apli-cação do CIVA devem ser cumpridas peloadquirente nacional, sujeito passivo do im-posto, de acordo com o disposto na alínea g)do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA, competindo--lhe, assim, liquidar, em nome próprio, o im-posto que se mostrar devido, que, todavia,poderá deduzir de acordo com o disposto naalínea d) do n.º 1 do artigo 19.º do CIVA.Neste caso, a empresa espanhola não estáobrigada a nomear um representante seu emterritório nacional, pelo que, não o tendofeito, como a lei lhe faculta, a qualidade desujeito passivo é desde logo assumida emnome próprio, pelo adquirente nacional dosserviços de construção civil que aquela lhepreste. Está-se perante um sujeito passivonão residente, sem estabelecimento estávelem território nacional que, todavia, dispõe

de sede noutro Estado membro, e, que, porvia disso, não está obrigado a nomear umrepresentante em território nacional paraefeito do cumprimento das suas obrigaçõesfiscais em sede de IVA. Nestas condições, osujeito passivo do imposto é o próprio adqui-rente nacional dos bens e serviços aqui for-necidos pela empresa espanhola. A regra dainversão do sujeito passivo pressupõe. A in-versão do sujeito passivo, cabendo ao adqui-rente a liquidação e entrega do imposto quese mostre devido, sem prejuízo do direito àdedução, nos termos gerais do IVA, devendoas facturas emitidas pelos prestadores dosreferidos serviços, conter, nos termos don.º 13 do artigo 35.º do CIVA, a expressão«IVA devido pelo adquirente». Deste modo,para que haja inversão do sujeito passivo, énecessário que cumulativamente: a) se este-ja em presença de aquisição de serviços deconstrução civil; b) o adquirente seja sujeitopassivo do IVA em Portugal e aqui pratiqueoperações que confiram, total ou parcial-mente, o direito à dedução do IVA.

SP2007-07-10

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IVA – CÁLCULO DO IVA

Questão

Uma padaria vende um pão a 0,09€ eemite um talão ao cliente. O IVA (taxareduzida) é de, 0,004...., logo inexistente!!???Com proceder neste caso?

Sócio n.º 30167

Resposta do Assessor Fiscal

A transmissão de bens efectuada porretalhistas a particulares está dispensada daobrigação da emissão de factura, sendo es-tes, todavia, obrigados a emitir talão devenda previamente numerado, nos termosdo artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 198/90, de19 de Junho, ou através de máquinas regis-tadoras, terminais electrónicos ou balançaselectrónicas com registo obrigatório dasoperações no rolo interno da fita da máqui-na, por cada transmissão de bens. Os talõesde venda devem ser datados, numeradossequencialmente e conter os seguintes ele-mentos:

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007300

IVA – COMÉRCIO DE AUTOMÓVEIS

Questão

Um sujeito passivo de IVA (regime nor-mal trimestral – actividade – comércio deautomóveis), quando adquire veículos pararevenda a sujeitos passivos de IVA na UniãoEuropeia, existem alguns que se negam avendê-los sem liquidação de IVA, em vigorno país em causa. O que pretendo saber é,neste caso, o mesmo poderá pedir o reem-bolso do IVA, ao país liquidante, ou a Por-tugal, ou se poderá deduzi-lo na sua conta-bilidade. Nos casos em que o mesmo nãopaga IVA, como deverá agir em termos deliquidação de IVA no momento da venda doveículo a particulares, dado inclusivé estar--se a liquidar IVA sobre a totalidade datransacção e não sobre o valor do lucro,entre o valor da aquisição e o valor da venda,como pretendemos fazer neste caso.

Sócio n.º 18144

te da natureza da entidade a quem esteadquirira as viaturas, designadamente umparticular. Na determinação do valor tribu-tável da transmissão efectuada no territórionacional, só poderão aplicar o método damargem os sujeitos passivos revendedoresque tenham adquirido as viaturas usadas nointerior da União Europeia, em qualqueruma das seguintes condições previstas non.º 1 do artigo 3.º do Regime Especial:

a) a uma pessoa que não seja sujeitopassivo do imposto;

b) a um sujeito passivo, desde que atransmissão feita por este tenha be-neficiado de isenção ao abrigo dedisposição legal, vigente no Estadomembro onde tiver sido efectuada atransmissão, idêntica ao disposto non.º 33 do artigo 9.º ou no artigo 53.ºdo CIVA; ou

c) a um sujeito passivo revendedor, des-de que à transmissão feita por estetenha sido aplicado o regime especialde tributação da margem vigente noEstado membro onde tiver sido efec-tuada a transmissão; ou

d) a outro sujeito passivo revendedor,desde que a transmissão dos bens poresse outro sujeito passivo revendedortenha sido efectuada ao abrigo dodisposto no “regime especial” ou deregulamentação idêntica à do “regi-me especial” vigente no Estado mem-bro onde a transmissão dos bens tiversido efectuada.

Ainda que se verifique uma das condi-ções atrás referidas, os sujeitos passivosrevendedores poderão, quando da transmis-são das viaturas no mercado nacional, optar,caso a caso, pela determinação do valortributável nos termos gerais do CIVA, liqui-dando o imposto com base no preço devenda (artigo 7.º, n.º 1, do Regime Espe-cial). A determinação do valor tributávelnos termos gerais do CIVA mostrar-se-áobrigatória para os sujeitos passivos que nãosejam revendedores e para aqueles sujeitospassivos que, sendo revendedores, não te-nham adquirido as viaturas numa das condi-ções elencadas no nº 1 do artigo 3.º doRegime Especial. Assim, relativamente àaquisição intracomunitária de uma viaturausada e sua posterior transmissão no merca-do nacional, a que seja aplicável o regimeespecial de tributação da margem, o respec-tivo enquadramento em sede de IVA, a par-tir da entrada em vigor do Decreto-Lein.º 199/96, é o seguinte:

a) Relativamente à aquisição intraco-munitária de bens efectuada no terri-tório nacional, a mesma não se en-

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a) Denominação social e número deidentificação fiscal do fornecedor dosbens;

b) Denominação usual dos bens trans-mitidos;

c) O preço líquido de imposto, as taxasaplicáveis e o montante de impostodevido, ou o preço com a inclusão doimposto e a taxa ou taxas aplicáveis(n.º 1, 2 e 3 do artigo 39.º do CIVA).

Os retalhistas referidos no artigo 39.ºdevem, sempre que não emitam factura oudocumento equivalente, efectuar o registodas operações realizadas diariamente pelomontante global das contraprestações rece-bidas pelas transmissões de bens tributáveis,imposto incluído. O registo deve ser efec-tuado o mais tardar no primeiro dia útilseguinte ao da realização das operações eapoiado em documentos adequados, taiscomo fitas de máquinas registadoras, talõesde venda, talão recapitulativo diário oufolhas de caixa, que, aliás, poderão substi-tuir o mesmo registo desde que contenhama indicação inequívoca de um único totaldiário. Os registos diários deverão ser objec-to de relevação contabilística ou de inscri-ção nos livros referidos no artigo 50.º, con-forme os casos, no prazo previsto no artigo45.º (ver artigo 46.º, n.º 1, 2, 3, 4 e 5 doCIVA).

SP2007-05-29

Resposta do Assessor Fiscal

Relativamente às aquisições noutrosEstados membros de viaturas usadas, haveráque ter em consideração o disposto na alíneaa) do artigo 1.º do RITI, que estabelece asujeição a imposto das aquisições intra--comunitárias de bens efectuadas no territó-rio nacional, a título oneroso, por um sujeitopassivo agindo nessa qualidade, quando ovendedor for um sujeito passivo registadopara efeitos do imposto sobre o valor acres-centado noutro Estado membro que não es-teja aí abrangido por um regime particularde isenção de pequenas empresas. Decorredesse normativo a obrigação, por parte dossujeitos passivos que, no território nacional,efectuem aquisições intracomunitárias deviaturas usadas, de proceder à liquidação docorrespondente imposto, sempre que otransmitente seja um sujeito passivo do IVAnoutro Estado membro, nas condições aiprevistas. Na determinação do valor tri-butável dessas aquisições intracomunitáriasde viaturas usadas, deverá o sujeito passivoter em conta o disposto no n.º 3 do artigo17.º do RITI, determinando a inclusão nessevalor do imposto automóvel (IA) devido,ainda que não seja liquidado simultanea-mente. Após a entrada em vigor do RegimeEspecial de tributação aprovado pelo DL199/96, de 18 de Outubro (Regime Especialde Tributação dos Bens em Segunda Mão,Objectos de Arte, de Colecção e Antiguida-des), as aquisições efectuadas por sujeitospassivos do IVA em Portugal, por força dodisposto no n.º 1 do artigo 14.º do RegimeEspecial, deixaram de estar sujeitas a tribu-tação no mercado nacional, quando o vende-dor for um sujeito passivo revendedor noEstado membro de expedição ou transportedos bens e tiver aí aplicado o IVA de harmo-nia com o regime especial de tributação damargem vigente no respectivo pais. Nasaquisições intracomunitárias de viaturas usa-das, quando o vendedor for um sujeito pas-sivo que não tenha, no respectivo país, apli-cado o regime especial de tributação damargem ai vigente, continua a ser devidoimposto pela aquisição intracomunitária,como se refere inicialmente (1.º e 2.º pará-grafos). Quando o vendedor for um particu-lar as referidas aquisições não se encontramsujeitas a tributação, situando-se fora docampo de incidência do IVA. Verificada aposterior venda das viaturas usadas no mer-cado nacional como operações sujeitas aIVA nos termos da alínea a) do n.º 1 doartigo 1.º do respectivo Código, caberá aotransmitente, quando actue na qualidade desujeito passivo, proceder à liquidação docorrespondente imposto, independentemen-

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 301

contra sujeita a IVA nas condiçõesprevistas no n.º 1 do artigo 14.º doRegime especial de tributação pelamargem;

b) A determinação do IVA devido pelatransmissão no mercado nacional, far-se-á do seguinte modo:Margem (c/IVA incluído) = preço devenda – preço de compra; Valortributável = margem (c/IVA incluí-do) × 100/121; IVA a pagar = valortributável × 21%.

O Regime dos Bens em 2.ª Mão – que seencontra regulamentado pelo D.L. nº 199//96, de 18 de Outubro – assenta na tributa-ção da margem do lucro, abrangendo todasas aquisições e transmissões de bensefectuadas no espaço comunitário. Assim,as aquisições efectuadas por sujeitos passi-vos do IVA em Portugal, por força do dis-posto no nº 1 do artigo 14.º do RegimeEspecial, deixaram de estar sujeitas a tribu-tação no mercado nacional, quando o vende-dor for um sujeito passivo revendedor noEstado membro de expedição ou transportedos bens e aí tiver aplicado o IVA de harmo-nia com o regime especial de tributação damargem vigente no respectivo País. De acor-do com a Directiva 94/5/CE, do Conselho de14.02.1944, e n.º 3 do artigo 5.º do referidoRegime Especial, o imposto liquidado pelosujeito passivo revendedor nas transmissõesde bens sujeitas ao regime especial de tribu-tação da margem não é dedutível pelo sujei-to passivo adquirente, ainda que este destineesses bens à sua actividade tributada. Pareceser este o caso que se refere. Sendo assim, oIVA suportado na origem, mostra-seirrecuperável no País em que foi liquidado epago. Neste sentido, deve o respectivo mon-tante considerar-se como um custo da em-presa para efeitos fiscais, porque abrangidopelo art.º 23º, n.º 1, al. f), e não excluído emqualquer das alíneas do n.º 1 do art.º 42.º,ambos do CIRC.

SP2007-08-02

IVA – DEDUÇÃO DO IVA NOGASÓLEO

Questão

Tenho na empresa onde trabalho tantocarros de mercadorias como de passageiros.Sempre deduzi os 50% de IVA no gasóleo,mas agora o responsavel pela contabilidadediz que isso é errado e que só devo deduziros 50% do gasoleo do IVA nas viaturas demercadorias. Isto está correcto? Ou devo

IVA – CONSTRUÇÃO CIVIL /INVERSÃO DO SUJEITO PASSIVO

Questão

Uma empresa dedica-se á fabricação emontagem de estores. Para o efeito, adquireas matérias compostas por laminas (réguas),calhas fitas, parafusos, motores, etc. Após afabricação dos respectivos estores a em-presa monta os mesmos nas obras para asquais é contratada. Dado que esta montagemimplica o fornecimento dos materiais, poisos mesmos implicitamente estão incluídosno produto final, julgo que de acordo com odescrito no Ofício nº 30 100 de 2007/03/28não estamos perante uma prestação de ser-viços conforme al. J), nº 1, artº 2º do CIVA,logo deverá ser emitida factura liquidandopara o efeito IVA à taxa de 21%. É correctaesta minha interpretação? É que existemalguns adquirentes (empreiteiros/donos deobra) que têm interpretação contrária, ou

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continuar a deduzir em ambas as viatu-ras?

Sócio n.º 18013

Resposta do Assessor Fiscal

O imposto relativo aos consumos degasóleo é totalmente dedutível quando setrate dos bens a seguir indicados (alínea b)do n.º 1 do artigo 21.º do CIVA):

I) Veículos pesados de passageiros(DL n.º 394-B/84, de 26.12);

II) Veículos licenciados para transpor-tes públicos, exceptuando-se os rent--a-car (DL n.º 394-B/84, de 26.12;

III) Máquinas consumidoras de gasóleo,GPL, gás natural ou biocombus-tíveis, que não sejam veículos ma-triculados (Lei 57/05, de 13.12);

IV) Tractores com emprego exclusivoou predominante na realização deoperações culturais inerentes à ac-tividade agrícola (Lei 65/90, de28.12);

V) Veículos de transporte de mercado-rias com peso superior a 3500 Kg(aditado pelo DL n.º 220/2000, de09.09, em vigor a partir de30.03.2000).

Se a empresa tem viaturas de transportede mercadorias com peso superior a 3500Kg, relativamente a estas, pode deduzir oIVA do gasóleo na sua totalidade.

SP2007-06-05

seja, entendem que se deveria aplicar a regrade inversão do sujeito passivo.

Sócio n.º 15256

Resposta do Assessor Fiscal

São sujeitos passivos do imposto as pes-soas singulares ou colectivas que de ummodo independente e com carácter dehabitualidade exerçam actividades de pro-dução, comércio ou prestação de serviços,disponham de sede, estabelecimento estávelou domicílio em território nacional e prati-quem operações que confiram o direito àdedução total ou parcial do imposto, quandosejam adquirentes de serviços de construçãocivil, incluindo a remodelação, reparação,manutenção, conservação e demolição debens imóveis, em regime de empreitada ousubempreitada (alínea j) do n.º 1 do artigo2.º do CIVA). Por outro lado, considera-setransmissão de bens a entrega de bens mó-veis produzidos ou montados sob encomen-da, quando a totalidade dos materiais sejafornecida pelo sujeito passivo que os produ-ziu ou montou (alínea e) do n.º 3 do artigo3.º do CIVA). Deste modo, a montagem deestores fabricados pela empresa que os mon-ta e que fornece a totalidade dos materiaispara o efeito, não se considera para efeitosde IVA como uma serviço mas sim comouma transmissão. Neste caso, o fornecedor(empresa que procede à montagem, develiquidar o imposto devido, por tal situaçãonão estar abrangida pelas regras de inversãodo sujeito passivo. Todavia, se essa opera-ção decorrer no âmbito de um serviço deconstrução, a facturação que o prestador doserviço (empreiteiro) fizer ao adquirente(dono da obra) considera-se abrangida pelaregra de inversão. Ou seja, Exemplo: A(empreiteiro) efectua serviços de construçãoa B (dono da obra e sujeito passivo de IVA),subcontratando o fornecimento e montagemde estores, a C (fabricante e fornecedor dosbens). C (fabricante), ao facturar a A (em-preiteiro) a montagem dos estores que fabri-cou com materiais por si fornecidos na tota-lidade, liquida o IVA que se mostrar devido.Todavia, porque tal operação decorre noâmbito de um serviço de construção, afacturação de A (empreiteiro) a B (dono daobra) está abrangida pela regra de inversão,pelo que será B o sujeito passivo do impos-to, esteja ou não descriminada na factura amontagem dos estores.

SP2006-05-14

Page 26: Ano XXXI N.º 366

JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007302

dos em 50% do seu valor (n.º 1 e 2 do artigo40.º-A do CIRS), passando a retenção quetiver sido efectuada, a ter a natureza depagamento por conta do imposto devido afinal (n.º 7 do artigo 71.º do CIRS).

SP2007-07-24

IVA – DUPLA TRIBUTAÇÃO

Questão

Existe a obrigatoriedade, ou não, defacturar IVA numa prestação de serviçosde consultadoria, na qual o prestador deserviços é sujeito passivo em Portugal e oadquirente é uma empresa Holandesa? Equanto à obrigatoriedade, ou não, de incluirna declaração de rendimentos os rendimen-tos provenientes de distribuição de lucros deuma empresa sujeita a IRC, quando a mes-ma pessoa tem também rendimentos cat. A,ou quaisquer outros rendimentos.

Sócio n.º 15877

Resposta do Assessor Fiscal

Não obstante o prestador do serviço deconsultadoria ser sujeito passivo em territó-rio nacional, onde tem a sua sede, não temde liquidar imposto pela prestação do servi-ço à empresa Holandesa, desde que estaprove que tem na Holanda a qualidade desujeito passivo (alínea c) do n.º 8 e n.º 9 doartigo 6.º do CIVA). A factura deve conter amenção «não é devido imposto em Portugalpor força do n.º 9 do artigo 6.º do CIVA» ououtra semelhante. Os lucros das entidadessujeitas a IRC colocados à disposição dostitulares residentes em território nacional,são tributados a título definitivo à taxaliberatória de 20% (alínea c) do n.º 3 doartigo 71.º do CIRS). Por conseguinte, oenglobamento não é obrigatório. Contudo,os titulares que o queiram fazer, podemoptar pelo seu englobamento para efeitos detributação conjunta com os restantes rendi-mentos que possua, de acordo com o n.º 3 doartigo 22.º e alínea c) do n.º 6 do artigo 71.º,ambos do CIRS. Neste caso, feita a opção,esses rendimentos serão apenas considera-

tual» (n.º 1 do artigo 9.º da 6.ª Directiva doConselho de 17 de Maio de 1977 e n.º 4 doartigo 6.º do CIVA). Na circunstância, ocongresso de actividade médica foi realiza-do em Madrid por iniciativa de sujeito pas-sivo espanhol e aí frequentado pelo adqui-rente nacional. É devido imposto à taxa dodireito interno espanhol. Contudo, o sujeitopassivo nacional pode solicitar à administra-ção fiscal espanhola o reembolso da impor-tância paga. Ao caso não é aplicável o dis-posto no n.º 9 do artigo 6.º do CIVA, por nãose verificarem as condições aí previstas.

SP2007-06-05

IVA – DEDUÇÃO NA COMPRA DEMOTO 4

Questão

Na compra de uma MOTO 4, com afunção de se deslocar aos clientes, pode serconsiderado como despesa e com IVA adeduzir? No meu entender não se poderádeduzir esse IVA, mas o meu cliente diz quesim, daí a minha questão.

Sócio n.º 17952

Resposta do Assessor Fiscal

Dado que o bem não se destina a venda,nem a sua exploração constitui objecto deactividade do sujeito passivo (alínea a) don.º 2 do artigo 21.º do CIVA), o impostocontido na despesa relativa à aquisição, damoto 4, está excluído do direito à deduçãonos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 21.ºdo CIVA.

SP2007-07-25

IVA – FACTURAÇÃO DECONGRESSO COM IVA

Questão

No seguimento da nossa actividade foiefectuada a inscrição de um participantenum congresso referente à actividade médi-ca. Este congresso foi realizado em Madride foi facturado por uma sociedade Espanho-la. A nossa questão surge quando verifica-mos que a factura foi-nos enviada com IVAIncluido, à taxa de 16%. Deveria este valorde IVA estar incluido, ou seria uma opera-ção isenta, uma vez que a congressista é umsujeito passivo de IVA? Que tratamentodevemos dar a este documento, em sede deIVA (Efectuar autoliquidação sobre a base?)uma vez que foi pago adiantadamente e nãoserá devolvido. O que pretendemos é preve-nir as proximas situações que poderão vir asurgir.

Sócio n.º 30188

Resposta do Assessor Fiscal

Por «lugar da prestação de serviço» en-tende-se o lugar onde o prestador dos mes-mos tenha a sede da sua actividade económi-ca ou um estabelecimento estável a partir doqual os serviços são prestados ou, na falta desede ou de estabelecimento estável, o lugardo seu domicílio ou da sua residência habi-

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Page 27: Ano XXXI N.º 366

JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 303

Na sequência da divulgação feita no Jornal de Contabili-dade n.º 362 de Maio 2007 a páginas 174 e 175, informamosque os diversos documentos que compõem a estrutura doProjecto de Novo Modelo Contabilístico produzido pelaComissão de Normalização Contabilística, mereceram a apro-vação do Conselho Geral da CNC na sua reunião efectuadaem 3 de Julho.

De acordo com o que se pode ler no site da CNC este novomodelo, apelidado de “Sistema de Normalização Contabilística”(SNC), visa substituir o POC e legislação complementar,prevendo-se que entre em vigor a partir de 1 de Janeiro de2008.

Muito embora os diversos documentos (1) constituam umaproposta a submeter à aprovação governamental, pela suaimportância, pensamos que é oportuna divulgação da suaexistência no nosso jornal:

SISTEMA DE NORMALIZAÇÃOCONTABILÍSTICA (SNC)

Proposta de Projecto de Decreto-Lei que cria o SNC (2)Proposta de Anexo ao Decreto-Lei que cria o SNC (2)Estrutura Conceptual (2)

NORMAS CONTABILÍSTICAS E DE RELATOFINANCEIRO

NCRF 1 – Estrutura e Conteúdo das DemonstraçõesFinanceiras (2)

NCRF 2 – Demonstração de Fluxos de Caixa (2)NCRF 3 – Adopção pela primeira vez das NCRF (2)NCRF 4 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas

Estimativas Contabilísticas e Erros (2)NCRC 5 – Divulgações de Partes Relacionadas (2)NCRF 6 – Activos Intangíveis (2)NCRF 7 – Activos Fixos Tangíveis (2)NCRF 8 – Activos Não Correntes Detidos para Venda e

Unidades Operacionais Descontinuadas (2)NCRF 9 – Locações (2)NCRF 10 – Custos de Empréstimos Obtidos (2)NCRF 11 – Propriedades de Investimento (2)NCRF 12 – Imparidade de Activos (2)NCRF 13 – Interesses em Empreendimentos

Conjuntos e Investimentos em Associadas (2)NCRF 14 – Concentrações de Actividades Empresarias (2)NCRF 15 – Investimentos em Subsidiárias e

Consolidação (2)NCRF 16 – Exploração e Avaliação de Recursos

Minerais (2)NCRF 17 – Agricultura (2)NCRF 18 – Inventários (2)NCRF 19 – Contratos de Construção (2)NCRF 20 – Rédito (2)

Normalização ContabilísticaNormalização Contabilística

Sistema de Normalização Contabilística (SNC)(Projecto de Novo Modelo Contabilístico)

NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes eActivos Contingentes (2)

NCRF 22 – Contabilização dos Subsídios do Governoe Divulgação de Apoios do Governo (2)

NCRF 23 – Os Efeitos de Alterações em Taxas deCâmbio (2)

NCRF 24 – Acontecimentos Após a Data do Balanço (2)NCRF 25 – Impostos Sobre o Rendimento (2)NCRF 26 – Matérias Ambientais (2)NCRF 27 – Instrumentos Financeiros (2)NCRF 28 – Benefícios dos Empregados (2)

NORMA CONTABILÍSTICA E DE RELATOFINANCEIRO PARA PEQUENAS ENTIDADES

NCRF-PE – Norma Contabilística e de RelatoFinanceiro para Pequenas Entidades (2)

NORMAS INTERPRETATIVAS

NI 1 – Consolidação — Entidades de FinalidadesEspeciais (2)

NI 2 – Uso de Técnicas de Valor Presente ParaMensurar o Valor de Uso (2)

MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS(entidades que apliquem as NCRF)

Balanço (2)Demonstração dos Resultados por Naturezas (2)Demonstração dos Resultados por Funções (2)Demonstração das Alterações no Capital Próprio (2)Demonstração dos Fluxos de Caixa – Método Directo (2)Demonstração dos Fluxos de Caixa – Método Indirecto (2)Anexo (2)

MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS(entidades que apliquem a NCRF-PE)

Balanço (2)Demonstração dos Resultados por Naturezas (2)Demonstração dos Resultados por Funções (2)Anexo (2)

CÓDIGO DE CONTAS

Quadro Síntese de Contas (2)Código de Contas (2)Notas de Enquadramento (2)

(1) Encontra em curso de análise/preparação interna um documentosobre a elaboração/preenchimento dos modelos de demonstra-ções financeiras.

(2) A versão completa pode ser lida no site da CNC www.cnc.min-financas.pt

Page 28: Ano XXXI N.º 366

JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007304

BibliografiaBibliografia

A obra em título, ORDENAÇÃO EXPLICATIVA ECONTABILIZAÇÃO DO IVA – 10.ª EDIÇÃO, é da autoriade GIL FERNANDES PEREIRA.

Conforme consta da nota de apresentação a esta décimaedição, “tendo em linha de conta as alterações surgidas poste-riormente à publicação da 9.ª edição desta obra, justificava-seuma nova edição devidamente actualizada até Abril de 2007,face às alterações introduzidas ao Código do IVA e legislaçãocomplementar, nomeadamente através do DL n.º 236/2006 de20/12, Lei n.º 53-A/2006, de 29/12, DL n.º 21/2007, de 29/01,etc., mantendo-se a mesma estrutura e matérias já considera-das anteriormente.

No primeiro capítulo inclui-se o desdobramento das contasdo POC, com a indicação da sua correspondência nos quadrose campos das declarações periódicas e anuais do IES –– Informação Empresarial Simplificada e do IVA.

Também se apresentam variadíssimos exemplos decontabilização com base no POC e Código do IVA, incluindoo regime de tributação dos combustíveis aplicável aosrevendedores. A segunda parte do mesmo capítulo foi preen-chida com sugestões para a execução dos registos dos contri-buintes sem contabilidade organizada.

A terceira parte contém as “Notas e comentários” que sejulgaram úteis mencionar, nomeadamente os esclarecimentosda administração fiscal que se consideraram mais relevantespara uma melhor interpretação dos exemplos focados.

A obra em título, NOVO REGIME DO ARRENDA-MENTO URBANO – MANUAL PRÁTICO, é da autoria deANTÓNIO VIDEIRA, sendo editada pela Áreas Editora.

Segundo o autor, “a ideia foi de fazer um livro, eminente-mente prático, sem preocupações de natureza teórica ou dou-trinária, que se torne um facilitador de trabalho, não só dosque aplicam o direito como particularmente dos cidadãos emgeral.

Reúne numa única obra, não só a totalidade dos diplomaslegais que regulam a matéria, mas também coloca à disposiçãodo público em geral, um conjunto de questões (150) e respec-tivas respostas, tentando de modo simples mas rigoroso,esclarecer muitas das dúvidas com as quais os utilizadoresdesta temática se deparam.”

ANTÓNIO DE SANTA CRUZ GOUVEIA VIDEIRA élicenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universi-dade Clássica de Lisboa e Técnico Superior Jurista do quadro

Ordenação Explicativa e Contabilização do IVA – 10.ª EdiçãoO segundo capítulo é dedicado às obrigações de factura-

ção.O terceiro capítulo abrange as obrigações declarativas dos

sujeitos passivos.Os capítulos IV e V contêm o texto do Código do IVA e o

Decreto-Lei n.º 290/92 do Regime do IVA nas TransacçõesIntracomunitárias.

O capítulo VI inclui o regime dos bens em circulação, coma redacção do D.L. n.º 147/2003.

O capitulo VII é preenchido com o regime especial –– Serviços por via electrónica, aprovado pelo artigo 5.° doD.L. n.º 130/2003.

O capítulo VIII menciona a regulamentação da cobrança ereembolsos do IVA (DL. n.° 229/95).

O ultimo capítulo abrange o regime da renúncia à isenção doIVA nas operações relativas a bens imóveis (D.L. n.º 21/2007).

GIL FERNANDES PEREIRA é Técnico Oficial de Con-tas, autor de inúmeras obras dedicadas à contabilidade efiscalidade, sendo também sócio da APOTEC.

Título: ORDENAÇÃO EXPLICATIVA E CONTABILIZA-ÇÃO DO IVA – 10.ª EDIÇÃO1VOL. 575 PÁG.

Autor: GIL FERNANDES PEREIRAEdição: EDIÇÃO DO AUTOREncomendas: Tel./fax 239 823 646

Novo Regime do Arrendamento Urbano – Manual Prático

da Direcção Geral dos Impostos. Foi Coordenador das Rela-ções Fiscais Internacionais da DGCI, assessor do SubdirectorGeral dos Impostos sobre o Rendimento e Benefícios Fiscaise assessor do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais doXIV Governo Constitucional. Desde 2003 exerce funções deChefe de Divisão de Fiscalização do Departamento do Patri-mónio Imobiliário da Câmara Municipal de Lisboa. Formadornas áreas do Direito Fiscal e Administrativo. Tem aindacolaborado com este Jornal, através da publicação de artigos,nomeadamente as alterações ao Orçamento do Estado.

Título: NOVO REGIME DO ARRENDAMENTO URBA-NO – MANUAL PRÁTICO1VOL. 510 PÁG.

Autor: ANTÓNIO VIDEIRAEdição: ÁREAS EDITORAEncomendas: [email protected]

Registe-se em www.apotec.pt

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007 305

A formação profissional promovida pela APOTEC nãoconfere créditos de acordo com o Regulamento do Controlo deQualidade instituído pela CTOC.

No entanto as Acções de Formação Profissional daAPOTEC apesar de não conferirem créditos, conferem dé-bitos significativos no activo formativo de todos aquelesque as frequentam.

Salientamos ainda o facto de que a Formação minis-trada pela APOTEC obedece aos requisitos formais neces-sários, sendo válida para efeitos do cumprimento das obri-gações de formação profissional para os empregadores,exigidas pelo artº 163º da Lei 35/2004 de 19 de Julho. Nestaconformidade é emitido o Certificado de Formação Profis-sional.

Face à pertinência deste assunto para a APOTEC, a Direc-ção Central remeteu à Autoridade da Concorrência um docu-mento “Comentários ao Regulamento da Formação de Cré-ditos para efeitos do Controlo de Qualidade da Câmara dosTécnicos Oficiais de Contas”, conforme noticiado na ediçãoanterior deste Jornal.

Recordamos que, ao estabelecer tais regras algumas total-mente inexequíveis e outras altamente limitativas, a CTOCpretende manter na prática o mesmo quadro até ao momentoexistente, revestido agora de um carácter mais formal sob aforma de Regulamento que continua a impedir e sem funda-mento aduzido, que outras instituições possam de igual forma

NoticiárioNoticiário

Ainda a Formação Profossionaldar o seu contributo na área da formação profissional dosprofissionais de contabilidade.

A APOTEC espera assim que seja possível e com ocontributo de todos os envolvidos em igualdade de oportuni-dades alcançar um elevado nível de progresso técnico emelhoria de eficiências através da implementação de medidasestruturais nesta matéria.

Porque os Sócios da APOTEC continuam a apostar naQUALIDADE, deixamos aqui um mapa resumo das Acçõesde Formação promovidas no último semestre:

SEDE 25SECÇÃO REGIONAL DE LISBOA 3

SECÇÃO REGIONAL DE COIMBRA 3SECÇÃO REGIONAL DE LEIRIA 3

SECÇÃO REGIONAL DA MADEIRA 2SECÇÃO REGIONAL DA GUARDA 1

SECÇÃO REGIONAL DE VISEU 1SECÇÃO REGIONAL DE BRAGA 3SECÇÃO REGIONAL DO PORTO 7

TOTAL 48

Mais um ciclo formativo se aproxima. Consulte o calendá-rio formativo que acompanha este Jornal, e também disponí-vel em www.apotec.pt.

PATROCÍNIOS DE: APOIOS:

Este prémio está aberto a dois tipos de concorrentes:a) Concurso Aberto.b) Concurso Restrito.

Os trabalhos deverão entrar na sede da APOTEC até ao dia 28/09/07 e candidatam-se aos seguintes prémios.• Concurso aberto • Concurso restrito

1º prémio ...............€ 1.500,00 1º prémio.................€ 1.000,002º prémio ...............€ 1.000,00 2º prémio................. . € 500,003º prémio ..................€ 500,00 3º prémio................. . € 250,00

Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50 – 3.º Esq.1169-029 Lisboa • Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].

UNIVERSIDADE DO MINHOUNIVERSIDADE DA MADEIRAINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE AVEIROINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE COIMBRAINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE LISBOAINSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTOINSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

"LuizChaves deAlmeida"

PRÉMIODE

CONTABILIDADE 2007

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JORNAL DE CONTABILIDADE N.º 366 • SETEMBRO 2007306

NoticiárioNoticiário

ObjectivoO curso destina-se a todos aqueles que se irão propor ao

exame para TOC da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas eabordará todas as matérias constantes dos programas das váriasáreas, tanto numa perspectiva teórica como numa perspectivaprática, a qual incluirá a resolução de exercícios constantes deexames anteriores, de modo a preparar da melhor forma oscandidatos ao exame.

Duração61 horas

Horáriodas 19.00h às 23.00h – Terças-feirasdas 10.00h às 17h.00h – Sábados

Curso de preparação para o exame de admissão àprofissão de Técnico Oficial de ContasData de realização do exame: 2007-11-17

Associado n.º NIF: Tel.: Fax:Nome:Morada:Código Postal: E-mail:B.I. n.º Data de emissão: - - Arq. de Identif.:Naturalidade (Local Nascimento): Data Nascimento: - -Cheque n.º S/ Banco: Eur:

à ordem da APOTEC – Associação Portuguesa de Técnicos de ContabilidadeNIB: 003506980002601503078Em caso de transferência bancária é obrigatório o envio do respectivo comprovativo.

O Boletim deverá apenas conter inscrições de um mesmo participante. Agradecemos o preenchimento a letras maiúsculas. O Boletim pode serfotocopiado. Disponível também em www.apotec.pt

BOLETIM DE INSCRIÇÃOPreencher e remeter juntamente com o respectivo pagamento para:

APOTEC – Rua Rodrigues Sampaio, 50 – 3.º Esq. 1169-029 LISBOA

Custo de Inscrição

Associados APOTEC (a) X Sócios AEISCAL (b) X Outras Entidades (c) XTodos os Módulos € 330 € 495 € 660Módulo Contabilidade Geral € 135 € 205 € 270Módulo Contabilidade Analítica € 135 € 205 € 270Módulo Fiscalidade € 135 € 205 € 270Módulo Ética e Deontologia € 25 € 37 € 50

TOTAL

Atenção: Data limite de inscrição: 21 de Setembro de 2007. Número mínimo de inscrições em cada módulo: 20 participantes(a) Isento de IVA art.º 9.º, n.º 15(b) e (c) IVA incluído à taxa normal

Notas: ESTE CURSO NÃO CONTA PARA A ACTUAL CAMPANHA DE NOVOS-SÓCIOS.OS NOVOS ASSOCIADOS DEVEM PAGAR UM ANO DE QUOTAS.OS ESTUDANTES ESTÃO ISENTOS DO PAGAMENTO DE JÓIA E CARTÃO.

DatasInício: 2 de OutubroFim: 13 de Novembro

Terças 2, 9, 16, 23 e 30 de Outubro e 6 e 13 de NovembroSábados 13, 20 e 27 de Outubro e 3 e 10 de Novembro

LocalAPOTEC – SedeRua Rodrigues Sampaio, 50 – 3.º Esq. – Lisboa

Tema / Carga horáriaContabilidade Financeira 20 horasContabilidade Analítica 18 horasFiscalidade 20 horasÉtica e Deontologia 3 horas

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NoticiárioNoticiário

O dia nasceu envergonhado. O verão deste ano teimava emnão aquecer os dias. Dias especiais como este, necessitam do“astro rei” para que no espírito dos participantes reine adisposição para a diversão e para o convívio em plena MãeNatureza.

E pela manhã, até à hora combinada, os participantes láforam chegando. Mais de uma centena fizeram o check-in nolocal programado para a concentração. Vieram de quase todosos pontos do país, uns já organizados em grupo e outrossimplesmente sozinhos, imbuídos do desejo de aventura e deconvívio. Para regozijo da Secção Regional de Coimbra,podemos ainda contar com a presença dos seus mais represen-tativos dirigentes a nível nacional, como o Presidente, acom-panhado de dois membros da Direcção Central e ainda doDirector do Jornal de Contabilidade.

Na recepção, uns “lenços de pirata” amarelos, com ologótipo da APOTEC, fizeram a delícia de pequenos e graúdos,que logo os colocaram na cabeça, dando um aspecto coloridoe identificativo ao grupo.

Duas camionetas de passageiros aguardavam para quetodos fossem transportados para montante do rio Mondego,mais concretamente até à praia fluvial de Penacova, que distacerca de 20 km de Coimbra.

Após um breve e esclarecedor “briefing”, dado por um dosmonitores que nos acompanharam durante todo o dia, foi vera alegria dos participantes a empurrar e a embarcar para asprimeiras “pagaiadas” (termo dado ao remo do Kayak).

Depois de algum treino de sincronismo de equipa ehabituação às embarcações, lá fomos rio abaixo.

Os acompanhantes que por razões diversas não puderamdescer o rio nos kayak’s, foram visitar a região, acompanha-dos por membros da direcção da Secção Regional, tendo

Descida do Rio Mondegodesfrutado das vistas panorâmicas e da beleza das margens doMondego.

Para quem descia o rio, o primeiro ponto de adrenalina, foiultrapassar um “rápido”, provocado por um dique, em quesempre acompanhados por um monitor, cada embarcaçãopassava uma a uma, ficando sem dúvida a vontade de repetirpor mais que uma vez este ponto do rio.

E deixamo-nos ir na corrente do Mondego, apreciando osmilhafres no seu planar sob as encostas escarpadas, por ondeserpenteia o rio, no silêncio da natureza quebrado pelo chilre-ar dos pássaros e pelo chocalhar da água que pela força dacorrente sulcaca as pedras roliças do leito. Barcas serranaspresas a salgueiros, indiciam a riqueza que o rio oferece àpopulação ribeirinha, quer no cultivo das terras das suasmargens, quer na actividade piscatória tão influente nagastronomia desta região.

A hora do almoço aproximava-se e alguns participantes jáfaziam sentir que as forças não eram as mesmas, sem que ocorpo pudesse restabelecer a energia necessária para que as“pagaias” conseguissem levar a bom porto os kayak’s.

Numa enseada junto a uma povoação denominada Caneiro,lá estava tudo preparado para o retemperar da energia eproporcionar mais um óptimo momento de convívio.

Os enchidos e a carne variada grelhada, faziam parte domenu que incluía um fantástico e saboroso caldo verde,arrematado por uma fresca fruta da época.

A vontade de ficar mais tempo neste local aprazível, foicontrariada pelo aviso da organização, que pediu a todos quese juntassem para a tradicional foto de família.

E partimos novamente em direcção à próxima paragem,para saborear um aconchegante café, na praia fluvial dasCarvalhosas.

Após nova concentração do grupo, completamos o percur-so até à Portela do Mondego, onde deixamos as embarcaçõessob a promessa de para o ano voltarmos a repetir, longe dosnossos escritórios, dos papéis, leis e obrigações, mais um diade convívio com a família e amigos no seio da Natureza.

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