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Ano XXVIII Nº 342 fevereiro de 2018 N as últimas décadas do século XIX o Rio de Janeiro ainda guardava aspectos da velha cidade colonial de ruas estreitas e esburacadas, com tílburis e carroças de aluguel cha- madas de “andorinhas’ trafegando aos solavancos. A vida social se con- centrava na Rua do Ouvidor e adjacências, onde estavam instala- dos renomados estabelecimentos comerciais, lojas de luxo, restauran- tes famosos como o Maison Modern e o Coblenz e uma infinidade de cafés, entre os quais o Braço de Ouro, o Papagaio e o Globo. Como capital do império a Corte era o cen- tro da atividade cultural do país. Natural portanto que atraísse so- nhadores vindos das províncias em busca de realização e de fama , dis- postos a sacrificar tudo pelo ideal literário. Foi se formando assim, de maneira espontânea, um grupo de escritores, poetas e jornalistas – “a geração de 89” – que se reunia de início na confeitaria Pascoal e de- pois na Colombo, à Rua Gonçalves Dias. Muito extensa a lista de seus integrantes – uns assíduos, outros eventuais – tinha como principais componentes Emílio de Menezes, José do Patrocínio, Luiz Murat, Pedro Rabelo, Coelho Netto, Aluísio Azevedo, Pardal Malet, Paula Ney, Olavo Bilac. Os então iniciantes Martins Fontes, Leôncio Correia e Bastos Tigre registrariam mais tar- de reminiscência daquela alegre boêmia de que participaram em tão ilustres companhias. A roda começava a se formar à tarde em torno das pequenas mesas de tampo de mármore. Os intelectuais vinham chegando aos poucos, uns em trajes elegantes, portando as inseparáveis bengalas, outros vestindo paletós surrados, as cabeleiras cobertas de caspas. Cha- mavam a atenção as costeletas, polainas, lapela florida e as calças cor de “laranja madura” do poeta Guimarães Passos, sempre com o cigarro esmagado entre os lábios. Entre infindáveis aperitivos, e a qual- quer pretexto, nasciam trocadilhos, sátiras, frases de espírito e pilhéri- as, divulgavam-se anedotas, diziam- ROCHA ALAZÃO E A RODA ALEGRE DA COLOMBO Rui Ribeiro Paula Ney Rui Ribeiro é escritor, crítico, e advogado. Autor de Notas de Realejo - estudos sobre literatura e MPB. se versos, muitos versos, “enter- ravam-se” vivos com epitáfios mordazes. Admirado nacional- mente, Olavo Bilac era o astro principal do cenáculo, declama- do poemas, improvisando pales- tras em que mesmo os temas banais ganhavam brilho pela for- ça de sua imaginação. Embora estranhos ao meio literário, políticos, altos funcioná- rios públicos e capitalistas insta- lavam-se em mesas vizinhas para acompanhar a tertúlia. Isso au- mentava a frequência e o prestí- gio da casa. Comerciante inteli- gente, Manuel Lebrão, seu pro- prietário, tratava o grupo com deferência especial, “fiando, es- quecendo dívidas, servindo do- ses duplas como simples”. Em contrapartida, era incensado pe- los boêmios, tendo até sido ho- menageado em soneto que o pro- clamava como “mecenas de todo literato honesto e leal que está passando por um mau momento”. As reuniões se prolongavam por horas e se encerravam aos pou- cos, com alguns de seus integran- tes seguindo para os teatros. Após as sessões, a noite terminava em ceias fartas, em companhia de atri- zes, se havia dinheiro ou crédito para a despesa. Porque os recur- sos eram escassos, provindo de “bi- cos” em jornais, venda de comédi- as teatrais, ou de direitos autorais sobre livros. Era constante a presença de Henrique Martins Rocha nas reuni- ões. Dono de um corpanzil descon- juntado de “seis arrobas de peso, dois metros de altura”... firmado sobre largos “sapatos de sola du- pla número quarenta e quatro”, re- cebeu a alcunha de Alazão por con- ta de sua cabeça comprida, cava- lar, e o rosto alongado coberto de placas roxas. Especialista na “arte” de “morder” ou de “dar facadas” (ex- pressões usadas na época para o hábito de pedir dinheiro), ninguém lhe escapava, nem os próprios com- panheiros. Aperfeiçoara-se de tal maneira que dispunha de repertó- rio especial de abordagem para co- mover a vítima. Ora era a necessi- dade socorrer viúva cega, com o fi- lho na cadeia e a filha no hospício, ora para se livrar da ameaça de se- nhorio feroz pelo atraso no paga- mento do aluguel e assim por dian- te. Para os mais conhecidos, che- gou à perfeição de pedir por mími- ca, à distância, caso não fosse pos- sível o assalto direto. A mão aberta em leque significava “cinco mil réis”, o polegar e o indicador em “V” indi- cava “dois mil réis” e apenas um dedo em pé queria dizer “um mil réis”. Era um verdadeiro terror para os que frequentavam o centro da cidade. Pela fuga de clientes que provocou na confeitaria Colombo, o proprietário Manuel Lobão encon- trou solução conciliatória para re- verter a situação. Estabeleceu que no início de cada mês concederia uma mesada ao Alazão e “todas as noites, à hora de fechar-se a casa, ele receberia no balcão uma dúzia de empadas, uma língua afiambrada, uma posta de peixe ou de rosbife, o que sobrasse, em suma, e ainda um chope duplo, sob a condição de não lhe por os pés na casa. ”Transformou-se assim em singular obreiro que era pago para não trabalhar”, afirmaria o espiritu- oso Emílio de Menezes. O “mordedor” sabia também divertir os companheiros contando aventuras mirabolantes, dignas do lendário barão de Munchhausen, em que figurava como protagonista principal. Invadido por vezes pela nostalgia rememorava tempos pas- sados quando, dizendo-se rico e poderoso, possuía carruagens de luxo, cavalos de puro sangue, ca- marotes no teatro lírico e era corte- jado por aduladores. Para muitos, esta seria mais uma de suas costu- meiras mentiras. Outros pondera- vam terem ouvido comentários de que Alazão descenderia de médico renomado e de muitas posses. Quando o rapaz completou quinze anos o pai o teria mandado à Euro- pa para estudar. Ele optaria porém em circular inicialmente pelos paí- ses do velho continente, fixando-se depois em Paris, durante seis anos, a pretexto de frequentar o curso de medicina. Não passaria contudo do primeiro ano. Preferiria as noitadas na zona boêmia do Quartier Latin e Montmartre ao saber do embuste, ao pai o chamaria de volta, mas o estróina não aguentaria por muito tempo a disciplina doméstica e de- sertaria. Erraria pelos subúrbios aplicando golpes para sobreviver: fez-se médico-parteiro, veterinário, dentista, jogador de baralho. Após bebedeira, acordou certa manhã numa hospedaria barata. Lá conhe- ceu e fez amizade com Paula Ney que depois o nomeou seu “secretá- rio”. Incumbia-lhe, entre outras obri- gações, tratar com credores e “au- xiliar em raptos e outras aventuras de amor”. Faria ponto durante o dia na Rua do Ouvidor e a noite no Lar- go do Rocio e nas imediações dos teatros. “Poderia “morder” as pes- soas do círculo de relações do che- fe, todas de “alta qualificação, como políticos, gente das finanças e do comércio, industriais, funcionários de categoria, clero e nobreza”. Após o falecimento de Paula Ney, em 1897, Rocha Alazão enfren- taria dias de fome e miséria, ema- greceria. Morreria logo depois de seu protetor, passando para a his- tória de literatura mesmo sem ser li- terato. divulga ção

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Ano XXVIII Nº 342 fevereiro de 2018

Nas últimas décadas doséculo XIX o Rio deJaneiro ainda guardava

aspectos da velha cidade colonial deruas estreitas e esburacadas, comtílburis e carroças de aluguel cha-madas de “andorinhas’ trafegandoaos solavancos. A vida social se con-centrava na Rua do Ouvidor eadjacências, onde estavam instala-dos renomados estabelecimentoscomerciais, lojas de luxo, restauran-tes famosos como o Maison Moderne o Coblenz e uma infinidade decafés, entre os quais o Braço deOuro, o Papagaio e o Globo. Comocapital do império a Corte era o cen-tro da atividade cultural do país.Natural portanto que atraísse so-nhadores vindos das províncias embusca de realização e de fama , dis-postos a sacrificar tudo pelo idealliterário. Foi se formando assim, demaneira espontânea, um grupo deescritores, poetas e jornalistas – “ageração de 89” – que se reunia deinício na confeitaria Pascoal e de-pois na Colombo, à Rua GonçalvesDias. Muito extensa a lista de seusintegrantes – uns assíduos, outroseventuais – tinha como principaiscomponentes Emílio de Menezes,José do Patrocínio, Luiz Murat,Pedro Rabelo, Coelho Netto, AluísioAzevedo, Pardal Malet, Paula Ney,Olavo Bilac. Os então iniciantesMartins Fontes, Leôncio Correia eBastos Tigre registrariam mais tar-de reminiscência daquela alegreboêmia de que participaram em tãoilustres companhias.

A roda começava a se formarà tarde em torno das pequenasmesas de tampo de mármore. Osintelectuais vinham chegando aospoucos, uns em trajes elegantes,portando as inseparáveis bengalas,outros vestindo paletós surrados, ascabeleiras cobertas de caspas. Cha-mavam a atenção as costeletas,polainas, lapela florida e as calçascor de “laranja madura” do poetaGuimarães Passos, sempre com ocigarro esmagado entre os lábios.Entre infindáveis aperitivos, e a qual-quer pretexto, nasciam trocadilhos,sátiras, frases de espírito e pilhéri-as, divulgavam-se anedotas, diziam-

ROCHA ALAZÃO E A RODA ALEGRE DA COLOMBORui Ribeiro

Paula Ney

Rui Ribeiro é escritor, crítico, eadvogado. Autor de

Notas de Realejo - estudos sobreliteratura e MPB.

se versos, muitos versos, “enter-ravam-se” vivos com epitáfiosmordazes. Admirado nacional-mente, Olavo Bilac era o astroprincipal do cenáculo, declama-do poemas, improvisando pales-tras em que mesmo os temasbanais ganhavam brilho pela for-ça de sua imaginação.

Embora estranhos ao meioliterário, políticos, altos funcioná-rios públicos e capitalistas insta-lavam-se em mesas vizinhas paraacompanhar a tertúlia. Isso au-mentava a frequência e o prestí-gio da casa. Comerciante inteli-gente, Manuel Lebrão, seu pro-prietário, tratava o grupo comdeferência especial, “fiando, es-quecendo dívidas, servindo do-ses duplas como simples”. Emcontrapartida, era incensado pe-los boêmios, tendo até sido ho-menageado em soneto que o pro-clamava como “mecenas de todoliterato honesto e leal que estápassando por um mau momento”.

As reuniões se prolongavampor horas e se encerravam aos pou-cos, com alguns de seus integran-tes seguindo para os teatros. Apósas sessões, a noite terminava emceias fartas, em companhia de atri-zes, se havia dinheiro ou créditopara a despesa. Porque os recur-sos eram escassos, provindo de “bi-cos” em jornais, venda de comédi-as teatrais, ou de direitos autoraissobre livros.

Era constante a presença deHenrique Martins Rocha nas reuni-ões. Dono de um corpanzil descon-juntado de “seis arrobas de peso,dois metros de altura”... firmadosobre largos “sapatos de sola du-pla número quarenta e quatro”, re-cebeu a alcunha de Alazão por con-ta de sua cabeça comprida, cava-lar, e o rosto alongado coberto deplacas roxas. Especialista na “arte”de “morder” ou de “dar facadas” (ex-pressões usadas na época para ohábito de pedir dinheiro), ninguémlhe escapava, nem os próprios com-panheiros. Aperfeiçoara-se de talmaneira que dispunha de repertó-rio especial de abordagem para co-mover a vítima. Ora era a necessi-dade socorrer viúva cega, com o fi-lho na cadeia e a filha no hospício,

ora para se livrar da ameaça de se-nhorio feroz pelo atraso no paga-mento do aluguel e assim por dian-te. Para os mais conhecidos, che-gou à perfeição de pedir por mími-ca, à distância, caso não fosse pos-sível o assalto direto. A mão abertaem leque significava “cinco mil réis”,o polegar e o indicador em “V” indi-cava “dois mil réis” e apenas umdedo em pé queria dizer “um milréis”. Era um verdadeiro terror paraos que frequentavam o centro dacidade. Pela fuga de clientes queprovocou na confeitaria Colombo, oproprietário Manuel Lobão encon-trou solução conciliatória para re-verter a situação. Estabeleceu queno início de cada mês concederiauma mesada ao Alazão e “todas asnoites, à hora de fechar-se a casa,ele receberia no balcão uma dúziade empadas, uma línguaafiambrada, uma posta de peixeou de rosbife, o que sobrasse, emsuma, e ainda um chope duplo, soba condição de não lhe por os pésna casa. ”Transformou-se assim emsingular obreiro que era pago paranão trabalhar”, afirmaria o espiritu-oso Emílio de Menezes.

O “mordedor” sabia tambémdivertir os companheiros contando

aventuras mirabolantes, dignas dolendário barão de Munchhausen, emque figurava como protagonistaprincipal. Invadido por vezes pelanostalgia rememorava tempos pas-sados quando, dizendo-se rico epoderoso, possuía carruagens deluxo, cavalos de puro sangue, ca-marotes no teatro lírico e era corte-jado por aduladores. Para muitos,esta seria mais uma de suas costu-meiras mentiras. Outros pondera-vam terem ouvido comentários deque Alazão descenderia de médicorenomado e de muitas posses.Quando o rapaz completou quinzeanos o pai o teria mandado à Euro-pa para estudar. Ele optaria porémem circular inicialmente pelos paí-ses do velho continente, fixando-sedepois em Paris, durante seis anos,a pretexto de frequentar o curso demedicina. Não passaria contudo doprimeiro ano. Preferiria as noitadasna zona boêmia do Quartier Latin eMontmartre ao saber do embuste,ao pai o chamaria de volta, mas oestróina não aguentaria por muitotempo a disciplina doméstica e de-sertaria. Erraria pelos subúrbiosaplicando golpes para sobreviver:fez-se médico-parteiro, veterinário,dentista, jogador de baralho. Apósbebedeira, acordou certa manhãnuma hospedaria barata. Lá conhe-ceu e fez amizade com Paula Neyque depois o nomeou seu “secretá-rio”. Incumbia-lhe, entre outras obri-gações, tratar com credores e “au-xiliar em raptos e outras aventurasde amor”. Faria ponto durante o diana Rua do Ouvidor e a noite no Lar-go do Rocio e nas imediações dosteatros. “Poderia “morder” as pes-soas do círculo de relações do che-fe, todas de “alta qualificação, comopolíticos, gente das finanças e docomércio, industriais, funcionáriosde categoria, clero e nobreza”.

Após o falecimento de PaulaNey, em 1897, Rocha Alazão enfren-taria dias de fome e miséria, ema-greceria. Morreria logo depois deseu protetor, passando para a his-tória de literatura mesmo sem ser li-terato.

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Página 2 - fevereiro de 2018

Periodicidade: mensal - www.linguagemviva.com.brEditores: Adriano Nogueira (1928 - 2004) e Rosani Abou Adal

Rua Herval, 902 - São Paulo - SP - 03062-000Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

Distribuição: Encarte em A Tribuna Piracicabana, distribuído aassinantes, bibliotecas, livrarias, entidades, escritores e faculdades.

Impresso em A Tribuna Piracicabana -Rua Tiradentes, 647 - Piracicaba - SP - 13400-760

Selos e logo de Xavier - www.xavierdelima1.wix.com/xaviArtigos e poemas assinados são de responsabilidade dos autoresO conteúdo dos anúncios é de responsabilidade das empresas.

Assinatura Anual: R$ 120,00Semestral: R$ 60,00

Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

Depósito em conta 19081-0 - agência 0719-6 - Banco do Brasil -Envio de comprovante, com endereço completo, para o email

[email protected]

Rosani Abou Adal

Rosani Abou Adal é poeta, jornalista e vice-presidente doSindicato dos Escritores no Estado de São Paulo.

Mestrado vira compêndio de haicai

O Haicai no Brasil:Comunicação & Cultura

Débora Novaes de Castro

Livro baseado na dissertaçãode mestrado da autora (incluindo575 haicais de autores diversos).Prólogo de Amálio Pinheiro. Textoda contracapa de Cleide Veronesi.Artes da capa e da contracapa porDaniela Jacinto. Contém Bibliogra-fia. Contém nota biográfica e rela-ção de obras publicadas.

São Paulo, Scortecci, 2016,196 páginas, 16cm x 23cm. ISBN978-85-366-4701-2. Contato:www.deboranovaesdecastro.com.br.

Do Prólogo: ”Nada mais opor-tuno do que uma pesquisadedicada a mostrar o quanto oshaicais são um gênero poéticoaberto e adaptadíssimo às nossasterras. Débora Novaes nos vaimontando um painel de como achegada dessa ‘poesia mínima’,máxima concentração de abruptoscontrastes e encaixes, desenca-deou o engenho tradutório dos bra-sileiros e latino-americanos. A che-gada imigrante de Bashô e todosos seus similares ao continentepropiciou o encontro feliz dessaforma radicalmente instantânea ecomprimida com uma cultura mes-tiça acostumada aos paradoxosdas aproximações e irrupções en-tre o conhecido e o desconhecido.Esta cultura de chegada, ‘em ritmorápido’, tradicionalmente apta areinventar gêneros breves, infiltra-se, por pendor lúdico e nativo, nozigue-zague faiscante das rimas eversos dos vários tipos de haicais.A cultura, assim, para quem sabeouvir, incrusta-se como filigrana emmeio às sonoridades das letras edas sílabas”.

Amostras:

Noturno

Na cidade, a lua:a joia branca que boiana lama da rua.(Guilherme de Almeida)

dia após dorapós dia, luz apósdor após lua(Cláudio Daniel)

Insetos que cantam…Parece que as sombras se amamnos cantos escuros.(Teruko Oda)

O poeta e o aviador

Entre teu céue o meuleve sussurro de asas.(Olga Savary)

Edson Kenji Iura é escritor,poeta, haicaísta, editor do sitehttp://www.kakinet.com/cms/ ediretor do Grêmio Haicai Ipê.

Edson Kenji Iura

www.poetarosani.com.br

Poemas traduzidos para o francês,

inglês,espanhol, italiano, húngaro e grego.

Rosani Abou Adal

Enquanto políticos e a magistratura recebem auxílio moradia, grava-ta e paletó, artistas se apresentam sem salários e verbas para produçãode seus espetáculos. Escritores sem nenhum auxílio para produção e im-pressão dos seus livros.

Não vamos falar dos artistas e intelectuais, em evidência na mídia,que conseguem patrocínios e recursos através das leis de incentivo.Estamos falando da maioria, sem espaço na mídia, que sobrevive semapoio dos órgãos públicos e da iniciativa privada.

A Prefeitura de São Paulo cortou verbas e cachês destinados à Cul-tura. As produções teatrais sobrevivem apenas com a bilheteria que nemsempre cobre os gastos com cenário, figurino, etc.

Poucos escritores conseguem cachês para palestras e eventos ouverbas para a produção de livros das poucas leis de incentivo destinadasà Literatura. Apenas uma minoria que domina o monopólio do mercadoalcança resultados satisfatórios.

Fomos assistir ao espetáculo Réquiem para um Rapaz Triste, peça apartir das personagens femininas de Caio Fernando Abreu, com RodolfoLima, apresentada no Teatro Arthur Azevedo, em São Paulo. Um trabalhode resistência realizado pelo esforço de Rodolfo. O ator interage com opúblico. Uma apresentação perfeita e iluminada pelo seu talento. Um mo-nólogo cujo personagem transcende o próprio personagem. Foi aplaudi-do em pé pelo pequeno e grande público presente. Sem cachês, verbasde apoio e muito profissionalismo fez seu trabalho.

Quantos escritores não conseguem lançar seus livros, porque nãopossuem recursos para a produção e impressão de suas obras.

Entra governante e sai governante e a situação piora.Somente com idealismo e pela resistência sobrevivemos.Perdemos batalhas, mas a luta nunca termina.Enquanto a Linguagem estiver viva, sobreviveremos (artistas e escri-

tores) sem nenhuma verba ou auxílio.Sem gravata e paletó.

E a luta continua

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Compram-se bibliotecas e lotes de livros usados.

Vendem-se obras de 2ª mão, de todasas áreas do conhecimento humano.

Rua Coronel Xavier deToledo, 234 Sobreloja RepúblicaSão Paulo - SP - (11) 3214-3325 - 3214-3647 - 3214-3646

[email protected] Face: Sebo Brandão São Paulohttps://www.estantevirtual.com.br/brandaojr

Página 3 - fevereiro de 2018

Em seu novo livro “O aviãoinvisível” (Ed. Ibis Libris,Rio, 2017), Raquel

Naveira oferece ao leitor um calei-doscópio de visões e sensaçõesestéticas sobre o mundo e seu tem-po, em 78 narrativas quepanoramizam sua aguda percepçãocrítica.

São textos que nos remetem(ou nos fazem resgatar) os temposde ouros da crônica no Brasil, ver-tente em que pontificaram, desde osprimórdios, mestres como Medeirose Albuquerque, Machado de Assis eJoão do Rio, Cecília Meireles,Clarice Lispector, Carlos Drummondde Andrade, Rubem Braga, PauloMendes Campos, José Carlos deOliveira, Fernando Sabino e OttoLara Resende. Raquel abrange aomesmo tempo o questionador e filo-sófico, discutindo temas e questõespresentes no nosso quotidiano,transcendendo o mero flagrante ouregistro dos acontecimentos parainserir-se na categoria de uma nar-rativa densa e reflexiva sobre tudoque nos cerca, pois nada escapa aoseu sensível radar de arguta obser-vadora da alma e da condição hu-manas.

Essa obra de Naveira realizaum meticuloso rastreamento do pró-prio sentido da existência, num iti-nerário que transita do lírico ao so-cial, do histórico ao geográfico, daliteratura à filosofia, do onírico aomitológico, do tangível pelos olhosao místico tateado pelo espírito.Enfim, um delicado, sofisticado epoético panorama das re(l)(a)çõesda autora com o universo e com aspessoas, suas influências literáriase referências culturais, em que va-lores e sentimentos são visitados

Uma autora com o sentimento do mundoRonaldo Cagiano com ternura e expansão espiritual,

num movimento de percepção so-bre a vida e seus contornos.

Suas crônicas, mais que reve-lar o homem real e a cidade viva, oser em transição e a história emmutação, a realidade com suas do-res, delícias, sonhos, frustrações emetamorfoses, nesse tempo de ta-manha dissolução, de tanta perple-xidade, dissolução e paradoxos, éum convite à reflexão e aodesnudamento do humano em suasdiversas projeções e representa-ções.

Em cada crônica, Raqueldeslinda, como se retirassepalimpsestos, como numa imersãoem universos e ambientes desco-nhecidos, para aclarar outras di-mensões, além da geográfica e apa-rente. Numa interpretação sobre avariada linguagem e os signos quehabitam seu inconsciente de escri-tora e de humanista, vamos encon-trar um percurso sobre as ideias esobre a arte em suas diversas ma-nifestações: do livro ao cinema, dapintura ao teatro, da História à psi-cologia, da literatura clássica à con-temporânea, do seu Pantanal e doseu Mato Grosso a São Paulo, me-trópole apressurada que adotou poralguns anos, revisita dos mitos an-cestrais que nos habitam aos totense tradições que constroem identida-de e formação. Enfim, um poutpourri delineando a singela aferiçãode uma observadora atenta às ex-periências individuais e coletivas eàs demandas existenciais, que sabetransformar o corriqueiro e o banalem matéria e circunstância para orefinamento literário, extrai poesiado inaudito, constituindo-se nummergulho nesse mosaico que cons-titui a nossa crônica diária, povoa-da de nuances e mistérios, iluminan-

do tudo que aí está e poucos sãocapazes de captar ou reconhecersuas verdades ou enganos, seja nomultifacetado das cidades e doshomens, seja no familiar, no sagra-do, no profano, nos pequenos atosheróicos, seja na ação anônima ousilenciosa dos que trabalham naartesania do tecido social, e, aomesmo tempo, no surreal, insólito eabsurdo da nossa própria trajetória,muitas vezes invisível como o aviãoque dá título ao livro.

“O avião invisível”, como ates-ta Mafra Carbonieri na apresenta-ção da obra, coloca a autora, semdúvida e sem favor algum, na gale-ria dos grandes escritores brasilei-ros. Sua bibliografia, que contemplaum amplo espectro criativo – poe-sia, crônica, conto, ensaio, crítica,resenhas, seminários, palestras –nada deve aos nomes bafejadospela grande mídia. Esta sempre au-sente, silenciosa, negligente e cri-minosa incensa a mediocridade evaloriza o lixo literário (com suaspanelinhas, guetos, grupelhos,máfias, gangues e altares depseudo-sumidades) em detrimentode verdadeiros escritores – comoRaquel – que, com a perícia e ouri-vesaria dos genuínos estilistas, es-crevem sobre o que é essencial eprofundo, com uma inegável res-ponsabilidade estética e ética, por-que sintonizada com os sentimen-tos e valores universais. A autoracontempla em suas crônicas umamplo espectro com a mesma pro-fundidade e senso de investigação,mesmo quando trata de temas quemuitas vezes canalizam uma visãomais personalista, o faz com inde-pendência crítica, isenção e semsectarismo, tratando de aspectosque interessam mais a uma discus-são dialética que ao maniqueísmo

ideológico, como nos temas da reli-giosidade e da política, por exem-plo, fruto de sua versatilidade e doseu modo holístico e eclético de con-siderar ou manusear os assuntosque lhe são caros.

Essas crônicas radiografam omundo, o tempo, as pessoas, regis-tro afetivo para perenizar seu senti-mento sobre esse mundo em que “atodo momento, tudo muda, cai aochão, esfacela-se, apodrece, restau-ra-se, constrói-se, como um mapadecadente sem fim, apagando-se eredesenhando-se continuamente”,mas que só um escritor, um bomescritor como Raquel, detida no es-sencial e profundo, é capaz de cap-tar e perenizar.

Ao sairmos dessas páginas,temos aquela agradável sensaçãoe o prazer da leitura, pois como di-ria Mallarmé, “no fundo, o mundo éfeito para acabar num belo livro”,como neste “O avião invisível”, dedeliciosa viagem entre mundos einstâncias que só a boa literatura écapaz de nos levar, como nos leva-ram, pelas suas asas, as crônicasde Raquel Naveira.

Roberto Scarano

Trabalhista - Cível - Família

Rua Major Basílio, 441 - Cjs. 10 e 11- Mooca - São PauloTel.: (11) 2601-2200 - [email protected]

OAB - SP 47239

Advogado

Ronaldo Cagiano é escritor,autor de Eles não moram mais

aqui (Prêmio Jabuti, 2016),reside em Portugal.

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Página 4 - fevereiro de 2018

Sigo sozinho singrandomansos mares de silêncio

onde as gaivotas desenhamvoos carregados de ternura...

Minha caravelanão tem pressa de chegarE assim prossigo viajando

na solidão marítimadesfiando um turbilhão

de lembranças...Recordações dos momentostão doces que eternizaram

a sublime poesia do nosso viver!Tudo passa – eu sei

Só não passaa saudade que sinto de você.

Ausência dos sons do violinona hora do ângelus.Dos sons do repique,tamborins e cuícasno desfile da escola de samba.

Ausência dos arrulhosdas minhas crianças,algazarra, brincadeirasdos filmes na TV, Mágico de OZ,Sítio do Pica- Pau Amarelo,Alice no País das Maravilhase tantos outros.

Ausência das flores recém nascidas,papoulas vermelhas floridas,

silêncio nas tardes domingueiras...Falta o colo materno,o ombro carinhoso do pai.

Ausência de tudo que faz sonhar,esperar para o amanhecerbrilhante de luz, sem agouros,sem desesperança.

Estou perdidamente emaranhadaem seus fios de delícias e doçuras.Já não encontro o começo da meada,não sei nem mesmose há uma ponta de saída,ou se a loucuravai num ritmo crescenteaté subjugar a minha vida.Não importa.Quero seus nós de sedacada vez mais cegos e apertadosa me costurar nas malhas e nos pelos.Enquanto você me amarra,permanece atadona própria trama redonda do novelo.

AUSÊNCIA INFINITARita de Cássia

Rita de Cássia é escritora, poeta e membro do Grupo Literário -Sarau do Beco (Fortaleza - CE), da Sociedade Amigas do Livro

(SAU - Fortaleza - CE) e da União Brasileira de Escritores.

NÓFlora Figueiredo

Flora Figueiredo é escritora, poeta, cronista, tradutora ecompositora. Exerceu o cargo de Vice-presidente

da Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil.

LEMBRANÇAS

Ernani Fraga é escritor, poeta,dramaturgo e advogado.

Raymundo Farias de Oliveira

...depois de escalavraratalhos e perdasnas paredes em jarroda casa de águaela não podia maisacordar na flor...

Trouxe filhos ao mundocheia de amor e esperança.Com infinita ternuratoquei seus coraçõesmas... o toque foi tãoleveque eles não sentiram.

FRUTOErnani Fraga

SENTIMENTO

Sonia Sales é escritora, poeta,historiadora e membro da

Academia Carioca de Letras.

Sonia Sales

Raymundo Farias de Oliveira é escritor eprocurador do Estado aposentado.

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Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra:1. www.deboranovaesdecastro.com.br, LIVROS.

2. E-mail: [email protected]. Correio: Rua Ática, 119 - ap. 122 - Jd. Brasil

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Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS

- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Antologias:

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEI-

ROSPoemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Em tantos modelospossíveis de literaturalonga, temos hoje três

que me parecem capilares: asobras em que situações, pessoase tempos estão concentrados naambiência externa. Nelas, os ele-mentos são dispostos de modo asustentar ações, verbos reverbe-ram. Um bom exemplo é ÉricoVeríssimo, com sua alusão àamplidão dos pampas gaúchos.Outra literatura é a que elabora aconstrução interior, cujo maiornome na literatura brasileira éClarice Lispector. Nessa situação,temos a interlocução diálogomonologal. Já mestre Machado éuma referência ao terceiro grupo,aquele que equilibra a capitulaçãointerior e o tracejamento da paisa-gem com a mesma luminosidade.

O Rio de Todas as NossasDores, primeiro romance de JoãoCaetano do Nascimento, é um li-vro raro, pois nasceu naintersecção entre a primeira e aterceira condição, com pequenapropensão a deter-se mais na últi-ma. Robusta, a obra desnuda ascamadas sociais menosfavorecidas dentro do jogo político-econômico, contextualizando aqui-lo que as escolas chamam de ro-mance social. Em suas linhas, háum profundo estudo dos estratosque sempre ficaram relegados naliteratura, arte ou mídia a uma con-dição menor, indiferente ou fadadaao exotismo. A pobreza descrita nolivro não é plástica ou pontual, mascruel, orgânica e dolorida, comosão de fato todas as pobrezas re-ais. O romancista, que demorouum longo inverno (quase seis dé-cadas) para florescer no mundo li-terário, todavia revela domínio totalsobre a sua matéria-prima – a es-crita - aliando a isso a consciênciaampliada do indivíduo pensante,andando convicto no chão pedre-goso onde pisa. Não opina, mas dávoz a personagens que têm opi-nião.

O enredo de O Rio de Todasas Nossas Dores aborda novedias na vida de um homem que sehospeda numa pensão sórdida deuma favela. Seu motivo é simples:vingar o pai, desalojado e morto há

Escobar Franelas

Um rio com o sangue frio das indiferenças

28 anos no mesmo local onde seencontra agora. Para isso, ele dei-xou para trás seu nome original,Vicente, para tornar-se Luís Silva,uma máquina movida pela vingan-ça. A missão que o move faz comque seja um ator camaleônico,focado apenas no objeto de suaperseguição: o dr. Fulgêncio, donoda fábrica Papeleira, o algoz de seupai e de toda a gente da Vila da Ale-gria, eufemismo que talvez seja acartada mais sarcástica da obra.Vicente/Luís gravita em torno deum mundo de pessoas de diversosmatizes e significações, desde oirascível militar Randolfo até a qui-eta e sensível Celestina, emprega-da da pensão; ou Tiziu, o garotoque está pós-graduando nas ruas,sem pai nem mãe; e até Alice, mu-lher que deixou a vida Secretária doproprietário da fábrica e aproximou-se de sindicalistas e do povo dolugar, indo inclusive morar na vila.Agora é inimiga declarada deFulgêncio. A própria empresa setorna personagem, com o papelque lhe é dado pela história e ascircunstâncias que a tornam pro-tagonista.

Diante dos imediatismos pro-postos pela hiperconectividade e aconsequente superficialidade im-posta pelas redes sociais, síntesede que a literatura está constante-mente ameaçada pela pós-modernidade, é possível perceberque a sociedade está perdendo a

capacidade de imaginar, de so-nhar, de interpretar jogos maiscomplexos. Neste embate, porém,é muito saudável ver que O Riode Todas as Nossas Dores é umalento. Feito nas condições maislibertárias possíveis – o autorautopublicou a obra – assim comoteve o apoio de pessoas próximaspara os trabalhos de revisão,diagramação e montagem, traz nopróprio título um diagnóstico líricodaquilo que de fato oferece. A su-jeira que suas águas transportam,bordeando a Vila da Alegria, numacontinuidade irresoluta e férrea,adquire um simbolismo candente,quando pensamos que a vingan-ça é um fel que o vingador carre-ga em seu caminho sinuoso, atéexpiar o sangue inimigo nas águasplácidas de um rio improvável eincompreensível, maior que todasas nossas dores.

ServiçoTítulo: O Rio de Todas as

Nossas DoresAutoria: João Caetano do Nas-

cimentoPáginas: 2281ª edição (do autor): 2017

Escobar Franelas é escritor,poeta, contista, artista e

educador.

não quero palatar ostrasnem pedalarraízes insanassó quero a(r)mar e faroltenda no ventoejacular marésengravidar absintos e fendasrosnar cantigasde ninar e sol

DESEJOCarlos Pessoa Rosa

Carlos Pessoa Rosa é escritor,contista, poeta, médico e editor

do meiotom poesia & prosa.www.meiotom.art.br/

HaicaiMaria Thereza Cavalheiro

Um zunir de abelhas.Forte aroma na redomade frutas vermelhas.

O asfalto molhado.Cai o dia em nostalgia.

Desliza o passado

Maria Thereza Cavalheiro éescritora, poeta, tradutora,

advogada e jornalista.

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Terá valido a pena o sacrifício do Crucificado?

Outrora, agora – sempre?Na sala não muito grande, papéis na

mesa.Havia uma “cadeira do dragão” (lembrava

os antigos assentos de barbeiros, pesados ede madeira, com uma cobertura de zinco, liga-da a um regulador de voltagem): sentiam-se oschoques no corpo inteiro, e era muito fácil umcardíaco morrer ali – o instrumento era maisutilizado, quando o interrogado não falava “ape-nas” com choques elétricos nas mãos, no pê-nis etc.

Passara o ritual (para mim foi o primeiro)dos choques nas mãos, nos ouvidos e o “tele-fone”: tapas com as mãos abertas nos dois ou-vidos.

O militar sem farda olha o Crucifixo na pa-rede.

E diz: “Pede para Ele”.Olho: o militar sem farda, o Crucifixo.“Pede para Ele” – insistiu.Ele cortava as palavras, abolia sujeitos,

predicados, verbos: só interessava a eficá-cia (a lógica do Processo).

O homem sem farda queria que eu ape-lasse ao Crucificado para que a “cadeira do dra-gão” não fosse ligada – que fosse cessada atortura (mas essa palavra eles não usavam).

“Ele Te Salvará?”, perguntou com sorrisocínico.

Cristo quieto na parede.O homem musculoso ligou a máquina: gri-

tos, mais gritos – só gritos.Ouviam-se berros vindos de salas vizinhas.

As celas eram no térreo.Um minuto (creio) parecia uma hora, ou a

eternidade toda.(Eu sabia: deste lugar-comum, eu não

conseguiria escapar.)Por que não morrer?Eram equipes diversas: entrava uma, saía

outra.Eles enxugavam-se com toalhas.Quem me interrogava agora tinha cabelo

escovinha.Quanto tempo aguentarei?O Crucificado continuava em silêncio.Escutei barulho de carros, pneus rangen-

do.Alguém – me informaram – havia morrido.O médico calculara mal.Havia um médico e o chamavam de vez

em quando.Ele pega um aparelho e, curtamente, di-

zia: “Esse aguenta mais um pouco”.“Esse está no limite”.Um guarda no térreo (eu estava no primei-

ro andar) berrava eufórico: gol do Corinthians.OBAN (Operação Bandeirantes), Rua

Tutóia, Bairro Paraíso, São Paulo.Departamento de Operações de Informa-

ção (Doi).Centro de Operações de Defesa Interna

(Codi).

Na transferência da OBAN para o DOPS– 19 de dezembro de 1970, pessoas faziamcompras de natal.

“Saiam da frente, são terroristas”, gritavamos agentes, e as pessoas nos olhavam horrori-zadas.

Um agente (naquelas caminhonetes),no transcurso da OBAN para o DOPS, dis-se: “Não temos nada contra vocês. Se a re-volução de vocês ganhar, pagando bem, agente bate também naqueles que vocêsmandarem”.

Acreditem: certa vez, quando estava sen-do torturado, lembrei de T.S. Eliot (1888-1965):(...) “Mas aquilo que apenas vive/Pode ape-nas morrer (...)

Lembrar-se de versos na hora da panca-da, soará inverossímil.

(Mas foi o que me salvou.)O Crucificado? Eu não sei se Ele ainda está

lá, se existe aquela sala, se aquilo tudo foi de-molido, se as pessoas que estavam comigo nacela já morreram, como os torturadores – paraque serve aquela construção agora? Uma De-legacia de Polícia?

Pude dizer o nome que eles queriam: elejá havia chegado o Uruguai.

Como sabia? A gente sabia.Para eles, eu agora era um trapo inútil, mas

com processo nas costas, e eu precisava con-tinuar a viver.

Repito: faz 48 anos. Eu tinha 25.(Anos mais tarde, ouvi Vandré e Gardel,

lembrando-me daqueles dias de minha juven-tude.)

Não sei por que resolvi ouvir Gardel?O Crucificado? Perdi-o de vista. Talvez

esteja numa igreja velha.

Sim: o bairro chamava-se “Paraíso”.Havia alguns homens com fardas, fios li-

gados e aquela cadeira enorme.(Não, não era tão grande assim. Agora

me parece. Faz 48 anos.)“Um cardíaco já morreu aqui”, contou che-

fe de uma equipe.A quem mais odiavam?Prestes e Lamarca: vieram de suas entra-

nhas – o Exército.Textos meus em cima da mesa.Um panfletário e violento artigo contra a

morte do estudante Edson Luís de Lima Souto(1950-1968), assassinado pela Ditadura no “Ca-labouço”, no Rio de Janeiro.

Escrito no jornal do “Centro AcadêmicoAndré da Rocha” – Faculdade de Direito daUFRGS.

Eles só pediam um nome: de alguém queestava fugindo para o Uruguai, mas eu calcula-va: ele ainda não havia chegado lá.

Era preciso aguentar mais um pouco.Não sei se conseguiria – estava um baga-

ço. Pensava: eu já estava morto? Levaram-mepara a cela, sentia-me cego, sangue escorren-do por todo o lado e – sempre há um pior que ooutro – um agente jogou um balde d’água nomeu corpo.

Havia na cela, mais um sete ou oito pre-sos.

Alguém improvisou um curativo para mim.Queria ter guardado o seu nome.

Crucificado

Emanuel Medeiros Vieira

Emanuel Medeiros Vieira é escritor,poeta, crítico e membro da Associação

Nacional de Escritores.

(Memória)

Livraria Asabeça - www.asabeca.com.br - Link direto:http://www.asabeca.com.brdetalhes.php?sid=14062017135017&prod=7981&friurl=_-VIVA-O-BRASIL--Odette-Mutto-_&kb=669#.WUFpcFXyuM8

Livraria Cultura -www.livrariacultura.com.brLink direto: http://www.livrariacultura.com.br/p/livros/literatura-nacional/contos-e-cronicas/viva-o-brasil-46412605

Livraria Martins Fontes Paulista - www.martinsfontespaulista.com.brLink direto: http://www.martinsfontespaulista.com.br/viva-o-brasil-534465.aspx/p

Cia dos Livros - www.ciadoslivros.com.br - Link direto: http://www.ciadoslivros.com.br/viva-o-brasil-contos-745138-p627207

VIVA O BRASIL...de Odette Mutto

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Livros

Profa. Sonia Adal da Costa

Revisão - Aulas Particulares

Tel.: (11) 2796-5716 - [email protected]

Concursos

Rosani Abou Adal

Rosani Abou Adal é poeta, jornalista e vice-presidente doSindicato dos Escritores no Estado de São Paulo.

III International Babel Book Award, promovido pela FundaçãoWeltsprachen, está com inscrições abertas até 31 de março para ro-mances inéditos escritos em língua portuguesa. Escritores de qualquernacionalidade, desde que tenham, no mínimo, dois livros publicados emseu país de origem (incluindo não-ficção), poderão se candidatar.

As línguas homenageadas neste primeiro decênio são alemão,bengali, português, russo, árabe, francês, espanhol, hindi, chinês-mandarim e inglês.

É obrigatório o uso de pseudônimo. Os interessados poderão ins-crever originais, com um mínimo de 200.000 caracteres com espaços,e apresentados com um tipo de letra e entrelinha que facilite a leitura dacomissão julgadora inicial e do júri final. Os trabalhos deverão ser envia-dos no formato pdf com até 50Mb.

Premiação: 200 mil euros.Regulamento e Inscrições: http://babelbookaward.com/Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa 2018,

categorias poesia, romance, conto, crônica e dramaturgia (com exce-ção de adaptações), para livros publicados em versão impressa ou digi-tal, entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2017 com ISBN, está cominscrições abertas até 18 de março. Será realizado em três etapas su-cessivas de análise e votação: Avaliação, Intermediário e Final.

Premiação: R$ 100.000,00 (cem mil reais) para o primeiro coloca-do; R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para o segundo colocado; R$40.000,00 (quarenta mil reais) para o terceiro colocado; e R$ 30.000,00(trinta mil reais) para o quarto colocado.

Regulamento e inscrição: itaucultural.org.br/oceanos/2018

Cena 3 Poética, antologia, editor Rogé-rio Salgado, RS Edições, Belo Horizonte (MG),126 páginas.

A obra reúne poemas, contos e trovas deAnatália Moreira Freire, Angélica Villela San-tos, Antônio Galvão, Carlos Ramalho, CecyBarbosa Campos, Cláudio Márcio Barbosa,Else Dorotéa Lopes, Euna Britto de Oliveira,Fernanda Nicácio, Fernando Antônio Fonse-ca, Helbert Vinicius de Faria, Helenice MariaReis Rocha, Irineu Baroni, João BatistaMariano, José Ângelo Vieira, José Hilton Rosa,Márcia Araújo, Maria Aparecida de MelloCalandra, Maria da Cruz Pereira Nunes, Maxde Almeida Fonseca, Paulo Dias Neme, Pau-lo Siuves, Regis D’Almeida, Roberta M. Sena, Rogério Salgado,Rosangela Godolphim Plá, Túlio Souza, Valdemar Alves, Vitória VelosoMaia e Walnélia Corrêa Pederneiras.

O livro foi enviado pelo escritor cearense Valdemar Alves.RS Edições: [email protected]

A Misteriosa Família de Jesus, bio-grafia, Antonio Sérgio Valente, Fonte Edito-rial, São Paulo, 150 páginas. R$35,90.

ISBN 978-85-92384-04-3.O autor é escritor, romancista, contis-

ta, economista e advogado.Os textos apócrifos cristãos têm sido

incorporados de forma sistemática no es-tudo acadêmico do cristianismo primitivonas últimas décadas. Não é possível pres-cindir na exegese contemporânea da leitu-ra de textos fascinantes como, por exem-plo, o Evangelho de Tomé, o Apocalipse dePedro ou os Atos de Paulo e Tecla. Mas atarefa que se apresenta aos estudiosos daliteratura bíblica não se limita apenas a in-seri-los na discussão, ou a ampliar listas

canônicas com outras listas alternativas.Fonte Editorial: www.fonteeditorial.com.br

Alvéolo Poético, Paulo Veiga, LedprintEditora, São Paulo, 116 páginas.

ISBN: 978-85-92505-14-1.A capa é de Jackson Santana.O autor é escritor, poeta, romancista,

cronista, contista e advogado, pós-gradua-do em Ciências Políticas.

Foi agraciado com a Comenda PeroVaz de caminha do Instituto Histórico e Cul-tural Pero Vaz de Caminha e com a MedalhaJornalista D’Almeida Vitor (Brasília).

Exerceu o cargo de diretor da UniãoBrasileira de Escritores.

A obra reúne 105 poemas e sonetos,dos mais variados temas, com ritmos ca-denciados que obedecem uma métrica bemmarcada.

Ledprint Editora: www.ledprint.com.br

Gente solidária que planta sonhosEleva nossa alma ao vale das ilusõesRenascemos fortes para plantarAmizade fraterna de priscas erasLuz que ilumina trevasDesvenda enigmas e mistériosOcultos na sabedoria

Pessoa iluminada de flores e coresEterno amigo de dias nubladosRei que reina fraternidadeEsperança e bondadeIlustre camarada dos companheirosRazão que prova o absurdoAtravés da lógica da ilógica

Camarada dos Companheiros

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Notícias

Jorge Tufic, escritor, jornalis-ta e poeta, faleceu no dia 14 de fe-vereiro, em São Paulo, aos 87anos. Nasceu em Sena Madureira(AC) em 13 de agosto de 1930. Pu-blicou os livros de poemas Varandade pássaros, Chão sem mácula,Retrato de Mãe, Quando as noitesvoavam, entre outras importantesobras. Autor da letra do Hino doAmazonas através da música deCláudio Santoro. Membro da Aca-demia Amazonense de Letras. Foiagraciado com o diploma “O poetado ano”, em 1976, prêmio concedi-do pelo Sindicato dos JornalistasProfissionais do Amazonas em ra-zão de sua vasta atividade literária.É sócio-fundador da Academia Inter-nacional Pré-Andina de Letras.Membro do Clube da Madrugada, da União Brasileira de Escritores (Seção do Amazonas e de São Pau-lo) e do Conselho Estadual de Cul-tura. Fez parte da equipe da pági-na artística de O Jornal do Clubeda Madrugada e do Jornal da Cul-tura da Fundação Cultura do Ama-zonas. Colaborou no SuplementoLiterário de Minas Gerais, entre ou-tros jornais.

O Brasil será o país homena-geado pela Feira do Livro de Frank-furt, em 2023. Em 2018, Geórgiaserá o convidado de honra.

A Editora do Brasil lançou aColeção HQ Brasil que abriga clás-sicos da literatura brasileira de his-tória em quadrinhos. O primeiro vo-lume lançado é O peru de Natal eoutros contos, de Mário de Andrade,o segundo, A missa do galo e ou-tros contos, de Machado de Assis,adaptados por Francisco Vilachã.

A Secretaria Municipal deCultura de São Paulo abrirá ins-crições para editais nas áreas dedança, teatro, música, circo e lite-ratura. A publicação do Edital de Pu-blicação de Livros está prevista parao dia 20 de abril.

A Associação Brasileira deDifusão do Livro promoverá o16ºSalão de Negócios, de 26 de feve-reiro a 3 de março, em Foz doIguaçu (PR). www.abdl.com.br/

E x t r a o r d i n á r i a s :mulheres que revoluci-onaram o Brasil, lançadapela Seguinte e Companhiadas Letras, de AryaneCararo e Duda Porto deSouza, retrata mulheres re-volucionárias (Dandara,Niède Guidon, Maria daPenha, entre outras) que

viveram desde o século XVI até aatualidade.

Políbio Alves, escritorparaibano, lançará O que resta dosmortos (Ce qui rest des morts), obratraduzida para a língua francesapela professora doutora RoselisBatista Ralle da Universidade deReims Champagne-Ardenne, naFrança.

O Grupo Livrarias Curitibainaugurou mais uma loja, em SãoPaulo, no Shopping Metrô Tucuruvi,Av. Dr. Antonio Maria Laet, 566.

O Silêncio das Palavras, An-tologia de Poesias, Contos e Crôni-cas, com tema livre, Scortecci Edi-tora com apoio da Canon do Brasile Bignardi Papéis, está com inscri-ções abertas até o dia 31 de maioou até o preenchimento das vagas.Serão publicados dois volumes nosgêneros poesias, contos ou crôni-cas. Informações e inscrições:w w w . s c o r t e c c i . c o m . b r /formulario.php?id=570

Carpinejar lançou Filhote deCruz-Credo, com ilustrações deSandra Lavandeira, pela EditoraBertrand Brasil.

Léo Alves lançou Abismo –Quando o fim se torna recomeço,obra autobiográfica, pela EditoraLiterare Books.

A nova diretoria da Associ-ação Brasileira de Editores Cien-tíficos foi empossada no dia 8 defevereiro, em Botucatu (SP). O pro-fessor Rui Seabra Ferreira Junior foireeleito presidente. O professorRicardo Antunes de Azevedo ocupao cargo de vice-presidente, AnaMarlene Freitas de Morais (secre-tária-geral), Milton Shintaku (primei-ro secretário), Benedito Barraviera(primeiro tesoureiro) e Suzana Cae-tano da Silva Lannes (segundo te-soureiro). O professor Sigmar Rodepermanece na diretoria como pre-sidente anterior (past president).

O Centro Literário dePiracicaba realizará reunião no dia24 de fevereiro, sábado, das 15 às17 horas, na Biblioteca Municipal dePiracicaba Ricardo Ferraz de ArrudaPinto, R. Saldanha Marinho, 333. Ade março será no dia 31.

A História de Nicolas I, Rei doParaguai e Imperador dosMamelucos, livro anônimo publica-do em 1756 na Europa que conta ahistória de Nicolas, ganhou sua pri-meira versão em português pelaEditora UNESP.

O Grupo Oficina Literária dePiracicaba realizará reunião no dia7 de março, quarta, das 19h30 às21h30, na Biblioteca Municipal dePiracicaba Ricardo Ferraz de ArrudaPinto, R. Saldanha Marinho, 333.

O Rei da Vela, peça de Oswaldde Andrade, está em cartaz no Tea-tro Sérgio Cardoso, de 15 a 25 defevereiro, quinta e sexta-feira, às19h30, sábado e domingo, às 18horas, Rua Rui Barbosa, 153, emSão Paulo. O espetáculo do GrupoTeatro Oficina é dirigido por Zé Cel-so. O elenco é composto por Mar-celo Drummond, Tulio Starling,Sylvia Prado, Camila Mota, ReginaFrança, Zé Celso, RoderickHimeros, Ricardo Bittencourt,Daniele Rosa, Tony Reis e JoanaMedeiros.

O Psiu Poético Beagá serárealizado de 14 a 28 de março, emBelo Horizonte (MG), na EscolaMunicipal Professor Paulo Freire, R.Paulo Campos Mendes, 311, noPalácio das Artes, Sala Juvenal Dias,Av. Afonso Pena, 1537, entre outroslocais.

Domício Proença Filho, ex-presidente da Academia Brasileirade Letras, lançou Dionísio esface-lado, poemas, pela Editora Autênti-ca. A obra é uma espécie de canci-oneiro do Quilombo de Palmares.

A Academia Paraibana deLetras Jurídicas realizará reuniãono dia 9 de março, às 15h30, noAuditório do CEJUS, Av. Rio Gran-de do Sul, 1411, em João Pessoa(PB). Será lançado o livro Temas deDireito do Acadêmico EveraldoDantas Nóbrega. Dentre as pautas,Edital para ocupação da Cadeira 41e Assinatura do Termo de Coopera-ção Técnica com a UniversidadeEstadual da Paraíba – Campus V.

Experiências de africanoslivres no século XIX, Editora Ala-meda com apoio da FAPESP, é temada Dissertação de Mestrado em His-tória defendida por Mariana AlicePereira Schatzer Ribeiro, em 2014na UNESP de Assis, intitulada Entrea fábrica e a senzala: um estudo so-bre o cotidiano dos africanos livresna Real Fábrica de Ferro São Joãodo Ipanema-Sorocaba - SP (1840-1870), com a orientação da Prof.Dra. Lúcia Helena Oliveira Silva.

O Sarau Bodega do Brasil,sob a curadoria do cantor ecordelista Costa Senna, coordena-do por Cacá Lopes, Adão Santos,Ornela Jacobino, Ângela Dizioli eJúbilo Jacobino, será realizado nodia 24 de fevereiro, sábado, das 18às 21 horas, no Espaço CulturalPeriferia, Centro da Ação Educativa,Rua General Jardim, 660, em SãoPaulo. Aberto aos interessados.w w w . f a c e b o o k . c o m /sarau.bodegadobrasil

Nicanor Parra, escritor e po-eta chileno, faleceu no dia 23 dejaneiro em Las Cruces (Chile). Nas-ceu em 5 de setembro de 1914, emLa Reina (Santiago, Chile). Foiagraciado com o Prêmio Nacional deLiteratura do Chile, Prémio RainhaSofia de Poesia Iberoamericana ecom o Prêmio Cervantes. Autor dePoemas e Antipoemas, El ÚltimoApaga la Luz, entre outras obras.

Alberto da Cunha Melo –Poesia completa, obra organiza-da por Cláudia Cordeiro Tavares daCunha Melo, Editora Record, reúnecerca de dois mil poemas do autorpernambucano. Alberto da CunhaMelo, poeta, jornalista e sociólogo,nasceu em Jaboatão dosGuararapes (PE) em 8 de abril de1942. Faleceu em 13 de outubro de2007 em Recife (PE). Foi agracia-do com o Prêmio de Poesia da Aca-demia Brasileira de Letras.

A TopLivros, livraria e distri-buidora que oferece livros a preçosacessíveis a todas as camadas so-ciais, abriu uma loja no Shopping daModa Verão, de Guaratuba (PR),sem vendedores ou seguranças.Cerca de mil livros são vendidos aopreço fixo de dois por R$ 10.

doispontos, periódico editadopelos departamentos e programasde pós-graduação em Filosofia daUniversidade Federal de São Carlose da Universidade Federal doParaná, lançou novo numero dedi-cado a Bergson, sob o títuloBergson, suas leituras e seus leito-res, em uma abordagem que pre-tende ressaltar sua relação com ahistória da Filosofia. http://revistas.ufpr.br/doispontos/index

A Associação Brasileira deEditores de Livros Escolaresempossou nova diretoria e conse-lho fiscal para o biênio 2018/2019que terá como presidente Guilher-me Luz. José Ângelo Xavier de Oli-veira é o 1º vice-presidente e JorgeYunes o 2º vice. Antonio Luiz Riosda Silva (1º diretor tesoureiro). Di-retores: Elzimar Albuquerque eVicente Avanso. Conselho Fiscal:Alessandro Gerardi, Patrícia Souzae Richard Alves.

Jorge Tufic

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