ano xv, edição 2 leig@s missionÁri@s combonian@s · costura na comunidade de santa ana e são...
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Com o desejo de parti-
lhar algumas notícias de nossa caminhada, faze-mos chegar até você nosso segundo informa-tivo LMC deste ano. As notícias são sobre o dia a dia da missão aqui e além fronteiras. O relato missionário do Flávio em Moçambique, a reflexão sobre o Bem Viver, fruto do respeito, harmonia e fraternidade na relação com as pessoas e a Mãe Terra, escrito pela Rose que há quase uma década
dedica-se a Causa Indíge-na em RO e que acom-panhou, no último dia 15 a manifestação realizada por 25 povos que que-rem suas terras respeita-das. O relato da retoma-da da caminhada de Gui-lherma, que a exemplo de tantas outras mulhe-res é guerreira e continua empenhada na constru-ção do Reino. As alegrias vividas em Contagem, no trabalho com as crianças, na animação missionária e na organização da ALMC. De maneira especial, des-tacamos o momento vi-vido de forma tão inten-sa na Romaria a Apareci-da, para celebrarmos os 60 anos de presença comboniana no Brasil.
Foi um presente de Deus, oportunidade para recarregar as baterias e alimentar a mística. Oportunidade de nos sentirmos família e reno-var o compromisso com a Missão. É certo que muito temos que cami-nhar em termos de pre-sença Além Fronteiras e na Animação Missionária aqui. Muito recebemos e pouco temos consciência disso ainda, mas esta ta-refa é de todos nós. Breves notícias, mas principalmente o desejo de juntos alargar hori-zontes e levar em frente o sentimento de ser Igre-ja, abertos ao Mundo!
LMC Brasil
Editorial: “A Igreja do Brasil aberta ao Mundo!”
Logo após o encerramento do 3o Congresso Missionário Nacional, reali-zado em Palmas, o Diretor das Pontifi-cias Obras Missionária Brasileira, pe. Camilo Pauletti, viajou para Moçam-bique para visitar os missionários bra-sileiros que la se encontram e também rever a região onde atuou na Missão. No dia 1o de agosto, a Missão Comboniana presente em Nampula, teve a alegria de acolhê-lo. Durante a sua visita aproveitou para conhecer o trabalho realizado pelos Leigos Mis-sionários Combonianos na Escola In-
dustrial de Carapira e na pastoral; em especial o LMC brasileiro Flávio Schmidt, de São José dos Campos/SP, que está em Moçambique desde o início deste ano. Ao padre Camilo, nosso obrigado.
Comunidade LMC recebe visita do pe Camilo Pauletti, Diretor das POM
AGOSTO/2012
Ano XV, edição 2
Atividades da Escola Industrial de Carapira
1 e 2
Animação Missionária Conselho Conjunto
3
Rumo a Aparecida: 60 anos de presença comboni-ana no Brasil
4 e 5
“A serviço da construção do Reino”
6
Compromisso com o Meio Ambiente Mulheres Guerreiras
7
Bem viver é Ser 8 e
9
Datas Importantes Contatos
9
Nesta edição:
INFORMATIVO
LEIG@S MISSIONÁRI@S
COMBONIAN@S
Atualmente, tenho contribuído com as atividades da
EIC principalmente de duas maneiras: ministrando
aulas da disciplina de Educação Cívica e Moral para as
turmas do 2º ano e auxiliando o Irmão Manfred,
missionário comboniano, nas atividades da adminis-
tração, principalmente com relação aos funcionários e
à produção da empresa escolar.
Ministrar esta disciplina, tem sido para mim uma
grande oportunidade e desafio, pois o programa de
conteúdos possibilita um trabalho de desenvolvimen-
to da consciência crítica dos alunos, tratando de
assuntos que vão das necessidades como pessoa
humana, do respeito ao outro, da luta pela liberdade,
passando pela discussão da realidade de desenvolvi-
mento e subdesenvolvimento econômico, corrupção,
neo-colonialismo, relações de trabalho, direitos e
deveres, organização de sindicatos. As aulas têm sido
um espaço aberto de discussão dos temas, tentando
fazê-los buscar na realidade que conhecem as
questões discutidas e a refletir, através de textos e
vídeos, situações que acontecem no mundo, mas
principalmente na África.
Com certeza os frutos de transformação social que
podem surgir a partir de uma tomada de consciência
não serão previsíveis, e muito menos visíveis no curto
e médio prazo, mas aos poucos vai se percebendo,
nas relações entre eles, alguma mudança, mesmo que
de modo sutil. Isso já anima a dar continuidade neste
empenho, na esperança de concretizar a construção
do mundo novo possível, onde haja justiça e paz para
todos!
Atividades na Escola Industrial de Carapira por Flávio Schmidt, LMC em Carapira/Moçambique
Passados alguns meses de sua chegada, Flávio
Schmidt, leigo missionário comboniano brasilei-
ro que se encontra no norte de Moçambique nos
conta um pouco do seu dia a dia. Eis o seu relato:
Aqui em Carapira, localizada na Província de Nampu-
la, em Moçambique, a comunidade LMC internacio-
nal fica na Escola Industrial de Carapira (EIC). Den-
tro do espaço da escola, existem casas destinadas a
alguns professores e dentre estas, uma é ocupada pela
nossa comunidade, que atualmente é formada por três
pessoas: Liliana Ferreira, portuguesa, Carlos Barros,
português e eu.
A EIC funciona como um centro internato que rece-
be alunos de várias cidades da Província de Nampula,
de modo que ficam alojados aqui para poderem estu-
dar. A escola proporciona, além do conteúdo do ensi-
no básico, duas opções de formação profissional:
mecânica de automóveis e serralheria mecânica. Com
relação ao ensino básico, a formação, que leva três
anos, refere-se ao período da 8ª a 10ª classe. Os
alunos têm geralmente entre 14 a 17 anos.
Por ser uma escola industrial, esta possui um setor de
produção escolar, que presta serviços para clientes
externos, visando criar fundos para o sustento da
escola. Os setores existentes são oficina mecânica,
auto-retificação, serralheria, serraria, carpintaria,
construções, manutenção elétrica e agricultura.
Página 2 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS
“ tem sido para mim uma grande
oportunidade e desafio ...”
Foi realizado em Vitória/ES, na casa das Irmãs
Missionárias Combonianas o 3º Encontro dos
Conselhos Conjuntos. Cristina participou representando
os Leigos Missionários Combonianos, juntamente com
pe. Jorge Padovan que é membro do Conselho Provin-
cial. Foi um momento importante de avaliação e breve
partilha de nossa caminhada. Estas ocasiões, aproxi-
mam e nos fortalecem na bonita caminhada de união
como Família Comboniana. Em meio a riquezas e
desafios vamos tecendo os laços de nossa História
segundo o carisma de São Daniel Comboni.
Animação Missionária: ter o coração do tamanho da Humanidade
Por Cristina Paulek, lmc em Contagem/MG
Não podemos pensar pequeno, como batizados, temos que “ter o cora-
ção do tamanho da Humanidade”.
Este é o alerta que como presença comboniana tentamos di-
fundir com nossas vidas e em nossas animações
missionárias!
Com muito entusiasmo estamos realizando no decorrer deste
ano na Paróquia São Domingos, diversas atividades de Ani-
mação Missionária. De maneira especial, foi significativo o
final de semana dedicado a Animação Missionária Ad gentes
em preparação as comemorações dos 60 anos de presença
comboniana no Brasil e dos 15 anos de organização do pro-
jeto Leigos Missionários Combonianos, que tem como
referência, a casa do bairro Ipê Amarelo. Foram momentos
muito marcantes: uma tarde com as crianças e adolescentes da
paróquia, uma noite com a juventude e lideranças das comuni-
dades e a Missa, onde reuniram-se as várias comunidades e
celebramos juntos numa grande festa. Também estamos visi-
tando todas as comunidades com a equipe missionária da
Paróquia neste mês de agosto, para lembrar do nosso grande
chamado a sermos discípulos missionários. E já no próximo
mês teremos o 3° Festival de Música Missionária. Testemun-
hos, informação e formação missionária com o intuito de des-
pertar a consciência e o compromisso missionário da Igreja
local cada vez mais aberta ao mundo e propiciar o conheci-
mento de um carisma tão atual como o de São Daniel Com-
boni e seus missionários.
Página 3 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS
Aconteceu... Noticias da ALMC
Lugar de grande inspiração missionária, onde
realizou-se a Conferência de Aparecida em
2007, nos reunimos em grande Romaria
Comboniana em Aparecida do Norte para
celebrar os 60 anos de presença Comboniana
no Brasil. Foi um momento privilegiado de
encontro, partilha e conscientização missio-
nária de nossas co-
munidades. Viven-
ciamos uma grande
festa da Família
Comboniana, com
caravanas vindas de diversas regiões do
Brasil para juntos agradecer e celebrar a
vida de tantos missionários e missionárias,
combonianos e combonianas que aqui dedica-
ram suas vidas na construção do Reino
nestes 60 anos de caminhada na Igreja do
Brasil. Dificuldades e desafios, estiveram
presentes, mas a História nos mostra que
não faltou ousadia, coerência, empenho e
compromisso por parte de muitos dos que se
“Rumo à Aparecida”: 60 anos de presença Comboniana no Brasil
Página 4 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS
“A Igreja do
Brasil aberta
ao Mundo”
empenharam e se empenham nas lutas pela
defesa e promoção da vida, no anúncio da
Boa Nova do Evangelho. Com um rosto todo
particular, como grandes companheiros de
uma caminhada de Igreja que soube se abrir
à vida do povo, por onde passam marcam a
diferença. Este tempo de graça é oportuni-
dade de agradecer, celebrar e renovar o
compromisso e o empenho missionário. A
missão, e a missão comboniana em particular,
não pode ser genérica. É o rosto dos que
estão a margem, os pequeninos, os excluídos.
Seguir com a responsabilidade de ajudar a
Igreja do Brasil a “abrir-se ao Mundo”, doar
de sua riqueza. Agradecemos ao Cristo Mis-
sionário do Pai e desejamos que sejam inspi-
radoras as palavras de São Daniel Comboni:
“Frente aos desafios a única coisa que nunca
me fez desistir foi a certeza da minha voca-
ção missionária”. Coragem e ousadia para os
próximos 60 anos.
Retomando o Documento de Aparecida: a dimensão missionária é… … um processo: Aparecida nos convida como Igreja povo de Deus a assumirmos a nossa caminhada latino-americana pós-concilio Vaticano II, que com-pleta 50 anos: - a opção pelos pobres de Medellín
(1968) e Puebla (1979), a inculturação e a opção pelos outros de Santo Domingo (1992). Em Apare-cida (2007) a palavra chave é Missão. Colocar a missão no centro de nossas vidas. … o despertar de todos os batizados em discípulos missionários: tomar consciência do chamado miss-sionario , redescobrir a missionariedade do próprio batismo. “Sou Batizado? Então devo ser mis-sionário. Se não sou missionário, então não sou cristão!” … urgente e comprometedora para toda a Igreja. É preciso que todos os batizados tomem consciên-cia de seu papel e potencial missionário. Não pode haver missão sem compromisso com a defesa da vida. … mudança de foco: tornar a paróquia mis-sionária. Abandonar estruturas caducas. Colocar as estruturas a service. Ir ao encontro. Impulsionar á Missão Ad gentes. Mudar uma arraigada men-talidade colonialista, assistencialista. Promover a formação dos leigos e leigas. A Igreja do Brasil recebeu tanto, está na hora de despertar e partilhar.
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Para chegar a algum lugar é preciso caminhar consciente que no caminho encontramos obstáculos, mas com fé tudo se supera. Partilho um pouco com vocês o tempo que foi preciso que eu parasse a caminhada.
Retornando da missão em Moçambique em 2010 para férias e revisão de saúde, parei para uma cirurgia e o tratamento de quimi-oterapia. Uma parada para refletir e dialogar com Deus. Não foi fácil este tempo, mas com a força de Deus, consegui superar e estou me recuperando e voltando a ativa. Quero em primeiro lugar agradecer a Deus, meus familiares, meus irmãos LMC’s, vizinhos, padres combonianos e todas as pessoas da comunidade que me deram força e apoio nestes momentos difíceis. Assim com a força Dele, aos poucos vou retomando e já consegui dar um curso de costura na comunidade de Santa Ana e São Francisco, minha comunidade de origem, na Paróquia de Santa Amélia. Foi muito gratifi-cante, mesmo que o tempo foi pouco para tantas coisas que queríamos fazer. Agora em junho fui, a convite de pe. Eugênio, diocesano, ministrar um curso de corte e
costura em Monte Mor, interior de Campinas/SP. Trabalhamos juntos, pe. Eugênio, Lourdes e eu, em Nipepe-Moçambique, em 2004 no Projeto Lichinga. Não imaginava de nos encontrar novamente e estar juntos neste momento de minha vida. Ministrei o curso de costura durante os meses de junho e julho em duas comunidades. De volta a Curitiba agradeço a Deus pelo dom da vida e já estou pensando onde Deus me quer agora. Este é meu jeito de servir a Missão do Reino. Sinto-me feliz em poder estar com as pessoas, conversar, aprender e ensinar o que sei, ajudar os que precisam e oferecer a oportunidade de aprender um ofício. A vida é dom, mas passa rápido entre nossas mãos e apresenta-se muita frágil, pequenina; mas a semente de mostarda nas mãos do Criador é grandiosa.
Mais uma vez Obrigada por tudo o que fizeram por mim. Continuaremos unidos em oração e no ardor missionário a exemplo de São Daniel Comboni.
Abraços Gui
“A Serviço da construção do Reino”
por Guilherma Vicenti, LMC - Curitiba/PR
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“A vida é dom, mas passa
rápido entre nossas mãos e
apresenta-se muita frágil,
pequenina; mas a semente de
mostarda nas mãos do Criador é
grandiosa”.
Página 7 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS
As crianças do Espaço Esperança
realizaram um bonito evento para consci-
entizar a comunidade sobre o nosso
Planeta e o futuro que queremos. Durante
a realização da Rio + 20, foram pesquisa-
dos temas referentes a sustentabilidade,
situação da água e do lixo. Foram levan-
tados os problemas da região, preparados
cartazes e um momento de formação com
a comunidade.
Contamos com a participação de alguns
convidados: Naldo nos falou sobre o Meio
Ambiente em nossa região que é Área de
Preservação Ambiental; Neuza, líder
comunitária apresentou seu trabalho com
Compromisso com o Meio Ambiente
Pela equipe do Espaço Esperança
caixas de
leite e a ne-
c e s s i d ade
de reutilizar
muito ma-
terial que
fatalmente
vai parar
nos lixões, pois ainda não temos coleta
seletiva na região; Sr Vitalino nos
presenteou com um belo poema sobre o
compromisso das crianças com o meio
ambiente. Da discussão toda, foi escrita
pe las cr ianças uma carta aos
governantes e a comunidade, pedindo
que se proteja a Bacia Hidrográfica da
Vargem das Flores e se implante a
coleta seletiva com urgência em nossa
região.
Fica o questionamento: Estamos mesmo
dispostos a repensar nossas atitudes
para que mais pessoas possam viver
com o mínimo de dignidade? As crianças
querem um futuro diferente!
Depois de um dia de trabalho, Patricia dedicou as quintas a
noite para encontrar-se com algumas mulheres, desejosas em
aprender algo mais sobre o mundo da
informática.
Os encontros aconteceram no pequeno laboratório de
informática que entrou em funcionamento este ano no
Espaço Esperança. E além de informática, falou-se da
vida, das lutas e sonhos. As mulheres, a maioria,
descascadoras de alho, nem sempre conseguiram vencer
o árduo trabalho para participarem das aulas com
assiduidade, mas foi cativante perceber o esforço e a dedicação de
cada uma. A Patricia, que também se demonstrou uma mulher guerreira,
agradecemos de coração sua dedicação.
“Mulheres Guerreiras!” - Comunidade do Vila Esperança
Bem Viver é Ser! por Rose Mary Cândido Plans, LMC em Rondônia
Podemos afirmar que as contradições,
interferências, mudanças de hábitos e
costumes, não tem o poder de mudar o que
esta intrínseco em cada povo. Por vezes não
são perceptíveis ao primeiro olhar, nem
tampouco com o olhar carregado de (pré)
conceitos.
Falar sobre o bem viver no
cotidiano do povo esta além de conceitos
teóricos e filosóficos, pois bem viver é o
chão, a lida, é a vida nas aldeias e periferias
onde muitos povos são obrigados a viver.
Bem viver é a memória viva contada e
recontada que traz resistência, coragem e
criatividade para resignificar o modo de ser e
bem viver de cada povo.
A História dos povos indígenas é a
história do Povo de Deus que vive num
constante êxodo. Sofrem com todo tipo de
investidas contra suas culturas e valores,
mas não envergam, diante dos grandes
faraós que surgem a cada tempo; não se
deixam abater; sua Terra é sua Vida.
Sempre que expulsos de sua terra, por
outras terras caminham, sem perder a con-
vicção: Somos Povo! Somos gente!
“De escravo nos fizeram os
seringalistas. Fomos divididos, espalhados,
trocados, como se a gente fosse roupa velha
e usada. Para sobreviver, fomos obrigados
a viver na cidade, em seringais e como
peões em fazendas; antes da demarcação de
nossas terras em 1976, fomos espalhados,
quase dizimados, principalmente por
doenças e quando a FUNAI demarcou parte
de nossas terras, colocaram para viver com a
gente o povo Gavião, que foram expulsos de
suas terras por fazendeiros.”
A Terra do povo Arara esta localizada
em Ji-Paraná–RO. Os primeiro contatos
ocorreram por volta de 1900 por seringalis-
tas e missionários Salesianos. Hoje a popula-
ção estima-se aproximadamente 350
pessoas.
“Mesmo passando por isto tudo, nem por
um dia deixamos de SER Povo Arara. Hoje
mais de cem anos após o primeiro contato,
estamos aqui continuando a nossa
história.”
Dona Janete Arara relata: “Muito jovem,
saí da aldeia, passei por seringais e garim-
pos; por muitos anos vivi na cidade, criei
meus cinco filhos; mas dentro de mim
havia sempre um grande desejo: quero
voltar pra minha terra, comer nossas
comidas, rever os parentes e falar nossa
lingual. Quando me perguntavam se eu era
índia eu dizia: não sou índia, Eu sou
Arara. Meus filhos precisavam sentir o que
é ser Arara e que tudo aquilo que eu dizia
não era apenas minha imaginação.
Tempos atrás fiquei muito doente e os
médicos disseram aos meus filhos:
façam os desejos dela, pois não podemos
garantir mais que três meses de vida a ela.
Eu em silêncio dizia pra Deus: deixa eu
viver pra pisar de novo na minha terra,
reencontrar os meus parentes. Naquele
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“O Coração de Jesus é maior
que toda a África: nele há lugar
para todos.”
(Daniel Comboni)
“A missão se realiza através dos joelhos dos que
rezam, das mãos dos que contribuem
e dos pés dos que partem!”
Você pode ajudar!
Se você deseja apoiar as atividades e projetos de-
senvolvidos pelos LMC, nas diversas frentes em que
atuam, poderá fazê-lo através do
depósito bancário em nome da:
“Associação Leigos Missionários Combonianos”“Associação Leigos Missionários Combonianos”
Banco Itaú: AG 5636 - Conta Corrente: 02063-7
Rua das Mangueiras, 200 - Ipê Amarelo
Contagem - MG
site: http://www.leigoscombonianos.com.br
blog: www.leigoscombonianos.blogspot.com
Tel/Fax: 31-3356-7625
Email: [email protected]
“A missão nos interpela e pede uma resposta urgente e corajosa.”
LMC
Datas importantes:
07 a 09/Set - Convivência Missionária
08/Set - Reunião LMC - Ipê Amarelo
29/Set - Reunião do Conselho ALMC
02 a 09/Dez - 6a. Assembléia LMC Internacional - Maia/Portugal.
E Atenção, vem ai de:
25 A 27/01/13 - ASSEMBLÉIA ORDINÁRIA DA ALMC
Próximos aniversários:
10/Set - Terezinha Ramirez
24/Set Ana Ramirez
07/Out - Martha Ramirez
26/Out - Guilherma
22/Dez - Lourdes
Continuação:
tempo em que fiquei muito doente e senti
que iria morrer, tive a certeza de que
aquele não era meu lugar, aquela não era
minha vida, eu precisava voltar para meu
povo e ensinar o caminho aos meus filhos.
Eu não queria morrer longe da minha
terra.”
Bem viver é fazer o caminho de volta.
O Bem viver no cotidiano do povo Arara
consiste em: valorizar cada descoberta das
crianças, é ter tempo para brincar e se di-
vertir com suas saudáveis algazarras, é não
ser escravo do tempo e viver com intensi-
dade cada dia, é a roda de conversa diária,
é um olhar constante na história,
nastradições, mas sobretudo a indignação
que brota sobre, que futuro estão constru-
indo para os filhos e netos.
Bem viver para os Arara é a contem-
plação da vida e da natureza, e esta
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contemplação não é sinônimo de alienação,
nem de indiferença a toda esta conjuntura
que prega (sobretudo através da religião),
que os Arara precisam abolir suas práticas
antigas, que tudo isto é coisa do passado e
folclore, demonizando suas práticas
tradicionais de medicina e pajelanças. Como
falar de bem viver, quando os jovens são
obrigados a irem estudar na cidade,
trazendo uma série de interferências para
comunidade e tantas outras negligências e
descasos que o povo sofre.
Mas é em meio a todas estas
contradições que o povo preserva algo
sublime que esta além de um conceito
filosófico: Bem viver é Ser, não é uma
experiência de fora para dentro na vida do
povo, esta intrínseco, o modo de ser do
povo Arara e sua expressão do
Bem viver.