ano xv, edição 2 leig@s missionÁri@s combonian@s · costura na comunidade de santa ana e são...

9
Com o desejo de parti- lhar algumas notícias de nossa caminhada, faze- mos chegar até você nosso segundo informa- tivo LMC deste ano. As notícias são sobre o dia a dia da missão aqui e além fronteiras. O relato missionário do Flávio em Moçambique, a reflexão sobre o Bem Viver, fruto do respeito, harmonia e fraternidade na relação com as pessoas e a Mãe Terra, escrito pela Rose que há quase uma década dedica-se a Causa Indíge- na em RO e que acom- panhou, no último dia 15 a manifestação realizada por 25 povos que que- rem suas terras respeita- das. O relato da retoma- da da caminhada de Gui- lherma, que a exemplo de tantas outras mulhe- res é guerreira e continua empenhada na constru- ção do Reino. As alegrias vividas em Contagem, no trabalho com as crianças, na animação missionária e na organização da ALMC. De maneira especial, des- tacamos o momento vi- vido de forma tão inten- sa na Romaria a Apareci- da, para celebrarmos os 60 anos de presença comboniana no Brasil. Foi um presente de Deus, oportunidade para recarregar as baterias e alimentar a mística. Oportunidade de nos sentirmos família e reno- var o compromisso com a Missão. É certo que muito temos que cami- nhar em termos de pre- sença Além Fronteiras e na Animação Missionária aqui. Muito recebemos e pouco temos consciência disso ainda, mas esta ta- refa é de todos nós. Breves notícias, mas principalmente o desejo de juntos alargar hori- zontes e levar em frente o sentimento de ser Igre- ja, abertos ao Mundo! LMC Brasil Editorial: “A Igreja do Brasil aberta ao Mundo!” Logo após o encerramento do 3 o Congresso Missionário Nacional, reali- zado em Palmas, o Diretor das Pontifi- cias Obras Missionária Brasileira, pe. Camilo Pauletti, viajou para Moçam- bique para visitar os missionários bra- sileiros que la se encontram e também rever a região onde atuou na Missão. No dia 1 o de agosto, a Missão Comboniana presente em Nampula, teve a alegria de acolhê-lo. Durante a sua visita aproveitou para conhecer o trabalho realizado pelos Leigos Mis- sionários Combonianos na Escola In- dustrial de Carapira e na pastoral; em especial o LMC brasileiro Flávio Schmidt, de São José dos Campos/SP, que está em Moçambique desde o início deste ano. Ao padre Camilo, nosso obrigado. Comunidade LMC recebe visita do pe Camilo Pauletti, Diretor das POM AGOSTO/2012 Ano XV, edição 2 Atividades da Escola Industrial de Carapira 1 e 2 Animação Missionária Conselho Conjunto 3 Rumo a Aparecida: 60 anos de presença comboni- ana no Brasil 4 e 5 “A serviço da construção do Reino” 6 Compromisso com o Meio Ambiente Mulheres Guerreiras 7 Bem viver é Ser 8 e 9 Datas Importantes Contatos 9 Nesta edição: I N F O R M A T I V O L E I G @ S M I S S I O N Á R I @ S C O M B O N I A N @ S

Upload: lamdieu

Post on 09-Nov-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Com o desejo de parti-

lhar algumas notícias de nossa caminhada, faze-mos chegar até você nosso segundo informa-tivo LMC deste ano. As notícias são sobre o dia a dia da missão aqui e além fronteiras. O relato missionário do Flávio em Moçambique, a reflexão sobre o Bem Viver, fruto do respeito, harmonia e fraternidade na relação com as pessoas e a Mãe Terra, escrito pela Rose que há quase uma década

dedica-se a Causa Indíge-na em RO e que acom-panhou, no último dia 15 a manifestação realizada por 25 povos que que-rem suas terras respeita-das. O relato da retoma-da da caminhada de Gui-lherma, que a exemplo de tantas outras mulhe-res é guerreira e continua empenhada na constru-ção do Reino. As alegrias vividas em Contagem, no trabalho com as crianças, na animação missionária e na organização da ALMC. De maneira especial, des-tacamos o momento vi-vido de forma tão inten-sa na Romaria a Apareci-da, para celebrarmos os 60 anos de presença comboniana no Brasil.

Foi um presente de Deus, oportunidade para recarregar as baterias e alimentar a mística. Oportunidade de nos sentirmos família e reno-var o compromisso com a Missão. É certo que muito temos que cami-nhar em termos de pre-sença Além Fronteiras e na Animação Missionária aqui. Muito recebemos e pouco temos consciência disso ainda, mas esta ta-refa é de todos nós. Breves notícias, mas principalmente o desejo de juntos alargar hori-zontes e levar em frente o sentimento de ser Igre-ja, abertos ao Mundo!

LMC Brasil

Editorial: “A Igreja do Brasil aberta ao Mundo!”

Logo após o encerramento do 3o Congresso Missionário Nacional, reali-zado em Palmas, o Diretor das Pontifi-cias Obras Missionária Brasileira, pe. Camilo Pauletti, viajou para Moçam-bique para visitar os missionários bra-sileiros que la se encontram e também rever a região onde atuou na Missão. No dia 1o de agosto, a Missão Comboniana presente em Nampula, teve a alegria de acolhê-lo. Durante a sua visita aproveitou para conhecer o trabalho realizado pelos Leigos Mis-sionários Combonianos na Escola In-

dustrial de Carapira e na pastoral; em especial o LMC brasileiro Flávio Schmidt, de São José dos Campos/SP, que está em Moçambique desde o início deste ano. Ao padre Camilo, nosso obrigado.

Comunidade LMC recebe visita do pe Camilo Pauletti, Diretor das POM

AGOSTO/2012

Ano XV, edição 2

Atividades da Escola Industrial de Carapira

1 e 2

Animação Missionária Conselho Conjunto

3

Rumo a Aparecida: 60 anos de presença comboni-ana no Brasil

4 e 5

“A serviço da construção do Reino”

6

Compromisso com o Meio Ambiente Mulheres Guerreiras

7

Bem viver é Ser 8 e

9

Datas Importantes Contatos

9

Nesta edição:

INFORMATIVO

LEIG@S MISSIONÁRI@S

COMBONIAN@S

Atualmente, tenho contribuído com as atividades da

EIC principalmente de duas maneiras: ministrando

aulas da disciplina de Educação Cívica e Moral para as

turmas do 2º ano e auxiliando o Irmão Manfred,

missionário comboniano, nas atividades da adminis-

tração, principalmente com relação aos funcionários e

à produção da empresa escolar.

Ministrar esta disciplina, tem sido para mim uma

grande oportunidade e desafio, pois o programa de

conteúdos possibilita um trabalho de desenvolvimen-

to da consciência crítica dos alunos, tratando de

assuntos que vão das necessidades como pessoa

humana, do respeito ao outro, da luta pela liberdade,

passando pela discussão da realidade de desenvolvi-

mento e subdesenvolvimento econômico, corrupção,

neo-colonialismo, relações de trabalho, direitos e

deveres, organização de sindicatos. As aulas têm sido

um espaço aberto de discussão dos temas, tentando

fazê-los buscar na realidade que conhecem as

questões discutidas e a refletir, através de textos e

vídeos, situações que acontecem no mundo, mas

principalmente na África.

Com certeza os frutos de transformação social que

podem surgir a partir de uma tomada de consciência

não serão previsíveis, e muito menos visíveis no curto

e médio prazo, mas aos poucos vai se percebendo,

nas relações entre eles, alguma mudança, mesmo que

de modo sutil. Isso já anima a dar continuidade neste

empenho, na esperança de concretizar a construção

do mundo novo possível, onde haja justiça e paz para

todos!

Atividades na Escola Industrial de Carapira por Flávio Schmidt, LMC em Carapira/Moçambique

Passados alguns meses de sua chegada, Flávio

Schmidt, leigo missionário comboniano brasilei-

ro que se encontra no norte de Moçambique nos

conta um pouco do seu dia a dia. Eis o seu relato:

Aqui em Carapira, localizada na Província de Nampu-

la, em Moçambique, a comunidade LMC internacio-

nal fica na Escola Industrial de Carapira (EIC). Den-

tro do espaço da escola, existem casas destinadas a

alguns professores e dentre estas, uma é ocupada pela

nossa comunidade, que atualmente é formada por três

pessoas: Liliana Ferreira, portuguesa, Carlos Barros,

português e eu.

A EIC funciona como um centro internato que rece-

be alunos de várias cidades da Província de Nampula,

de modo que ficam alojados aqui para poderem estu-

dar. A escola proporciona, além do conteúdo do ensi-

no básico, duas opções de formação profissional:

mecânica de automóveis e serralheria mecânica. Com

relação ao ensino básico, a formação, que leva três

anos, refere-se ao período da 8ª a 10ª classe. Os

alunos têm geralmente entre 14 a 17 anos.

Por ser uma escola industrial, esta possui um setor de

produção escolar, que presta serviços para clientes

externos, visando criar fundos para o sustento da

escola. Os setores existentes são oficina mecânica,

auto-retificação, serralheria, serraria, carpintaria,

construções, manutenção elétrica e agricultura.

Página 2 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

“ tem sido para mim uma grande

oportunidade e desafio ...”

Foi realizado em Vitória/ES, na casa das Irmãs

Missionárias Combonianas o 3º Encontro dos

Conselhos Conjuntos. Cristina participou representando

os Leigos Missionários Combonianos, juntamente com

pe. Jorge Padovan que é membro do Conselho Provin-

cial. Foi um momento importante de avaliação e breve

partilha de nossa caminhada. Estas ocasiões, aproxi-

mam e nos fortalecem na bonita caminhada de união

como Família Comboniana. Em meio a riquezas e

desafios vamos tecendo os laços de nossa História

segundo o carisma de São Daniel Comboni.

Animação Missionária: ter o coração do tamanho da Humanidade

Por Cristina Paulek, lmc em Contagem/MG

Não podemos pensar pequeno, como batizados, temos que “ter o cora-

ção do tamanho da Humanidade”.

Este é o alerta que como presença comboniana tentamos di-

fundir com nossas vidas e em nossas animações

missionárias!

Com muito entusiasmo estamos realizando no decorrer deste

ano na Paróquia São Domingos, diversas atividades de Ani-

mação Missionária. De maneira especial, foi significativo o

final de semana dedicado a Animação Missionária Ad gentes

em preparação as comemorações dos 60 anos de presença

comboniana no Brasil e dos 15 anos de organização do pro-

jeto Leigos Missionários Combonianos, que tem como

referência, a casa do bairro Ipê Amarelo. Foram momentos

muito marcantes: uma tarde com as crianças e adolescentes da

paróquia, uma noite com a juventude e lideranças das comuni-

dades e a Missa, onde reuniram-se as várias comunidades e

celebramos juntos numa grande festa. Também estamos visi-

tando todas as comunidades com a equipe missionária da

Paróquia neste mês de agosto, para lembrar do nosso grande

chamado a sermos discípulos missionários. E já no próximo

mês teremos o 3° Festival de Música Missionária. Testemun-

hos, informação e formação missionária com o intuito de des-

pertar a consciência e o compromisso missionário da Igreja

local cada vez mais aberta ao mundo e propiciar o conheci-

mento de um carisma tão atual como o de São Daniel Com-

boni e seus missionários.

Página 3 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

Aconteceu... Noticias da ALMC

Lugar de grande inspiração missionária, onde

realizou-se a Conferência de Aparecida em

2007, nos reunimos em grande Romaria

Comboniana em Aparecida do Norte para

celebrar os 60 anos de presença Comboniana

no Brasil. Foi um momento privilegiado de

encontro, partilha e conscientização missio-

nária de nossas co-

munidades. Viven-

ciamos uma grande

festa da Família

Comboniana, com

caravanas vindas de diversas regiões do

Brasil para juntos agradecer e celebrar a

vida de tantos missionários e missionárias,

combonianos e combonianas que aqui dedica-

ram suas vidas na construção do Reino

nestes 60 anos de caminhada na Igreja do

Brasil. Dificuldades e desafios, estiveram

presentes, mas a História nos mostra que

não faltou ousadia, coerência, empenho e

compromisso por parte de muitos dos que se

“Rumo à Aparecida”: 60 anos de presença Comboniana no Brasil

Página 4 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

“A Igreja do

Brasil aberta

ao Mundo”

empenharam e se empenham nas lutas pela

defesa e promoção da vida, no anúncio da

Boa Nova do Evangelho. Com um rosto todo

particular, como grandes companheiros de

uma caminhada de Igreja que soube se abrir

à vida do povo, por onde passam marcam a

diferença. Este tempo de graça é oportuni-

dade de agradecer, celebrar e renovar o

compromisso e o empenho missionário. A

missão, e a missão comboniana em particular,

não pode ser genérica. É o rosto dos que

estão a margem, os pequeninos, os excluídos.

Seguir com a responsabilidade de ajudar a

Igreja do Brasil a “abrir-se ao Mundo”, doar

de sua riqueza. Agradecemos ao Cristo Mis-

sionário do Pai e desejamos que sejam inspi-

radoras as palavras de São Daniel Comboni:

“Frente aos desafios a única coisa que nunca

me fez desistir foi a certeza da minha voca-

ção missionária”. Coragem e ousadia para os

próximos 60 anos.

Retomando o Documento de Aparecida: a dimensão missionária é… … um processo: Aparecida nos convida como Igreja povo de Deus a assumirmos a nossa caminhada latino-americana pós-concilio Vaticano II, que com-pleta 50 anos: - a opção pelos pobres de Medellín

(1968) e Puebla (1979), a inculturação e a opção pelos outros de Santo Domingo (1992). Em Apare-cida (2007) a palavra chave é Missão. Colocar a missão no centro de nossas vidas. … o despertar de todos os batizados em discípulos missionários: tomar consciência do chamado miss-sionario , redescobrir a missionariedade do próprio batismo. “Sou Batizado? Então devo ser mis-sionário. Se não sou missionário, então não sou cristão!” … urgente e comprometedora para toda a Igreja. É preciso que todos os batizados tomem consciên-cia de seu papel e potencial missionário. Não pode haver missão sem compromisso com a defesa da vida. … mudança de foco: tornar a paróquia mis-sionária. Abandonar estruturas caducas. Colocar as estruturas a service. Ir ao encontro. Impulsionar á Missão Ad gentes. Mudar uma arraigada men-talidade colonialista, assistencialista. Promover a formação dos leigos e leigas. A Igreja do Brasil recebeu tanto, está na hora de despertar e partilhar.

Página 5 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

Para chegar a algum lugar é preciso caminhar consciente que no caminho encontramos obstáculos, mas com fé tudo se supera. Partilho um pouco com vocês o tempo que foi preciso que eu parasse a caminhada.

Retornando da missão em Moçambique em 2010 para férias e revisão de saúde, parei para uma cirurgia e o tratamento de quimi-oterapia. Uma parada para refletir e dialogar com Deus. Não foi fácil este tempo, mas com a força de Deus, consegui superar e estou me recuperando e voltando a ativa. Quero em primeiro lugar agradecer a Deus, meus familiares, meus irmãos LMC’s, vizinhos, padres combonianos e todas as pessoas da comunidade que me deram força e apoio nestes momentos difíceis. Assim com a força Dele, aos poucos vou retomando e já consegui dar um curso de costura na comunidade de Santa Ana e São Francisco, minha comunidade de origem, na Paróquia de Santa Amélia. Foi muito gratifi-cante, mesmo que o tempo foi pouco para tantas coisas que queríamos fazer. Agora em junho fui, a convite de pe. Eugênio, diocesano, ministrar um curso de corte e

costura em Monte Mor, interior de Campinas/SP. Trabalhamos juntos, pe. Eugênio, Lourdes e eu, em Nipepe-Moçambique, em 2004 no Projeto Lichinga. Não imaginava de nos encontrar novamente e estar juntos neste momento de minha vida. Ministrei o curso de costura durante os meses de junho e julho em duas comunidades. De volta a Curitiba agradeço a Deus pelo dom da vida e já estou pensando onde Deus me quer agora. Este é meu jeito de servir a Missão do Reino. Sinto-me feliz em poder estar com as pessoas, conversar, aprender e ensinar o que sei, ajudar os que precisam e oferecer a oportunidade de aprender um ofício. A vida é dom, mas passa rápido entre nossas mãos e apresenta-se muita frágil, pequenina; mas a semente de mostarda nas mãos do Criador é grandiosa.

Mais uma vez Obrigada por tudo o que fizeram por mim. Continuaremos unidos em oração e no ardor missionário a exemplo de São Daniel Comboni.

Abraços Gui

“A Serviço da construção do Reino”

por Guilherma Vicenti, LMC - Curitiba/PR

Página 6 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

“A vida é dom, mas passa

rápido entre nossas mãos e

apresenta-se muita frágil,

pequenina; mas a semente de

mostarda nas mãos do Criador é

grandiosa”.

Página 7 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

As crianças do Espaço Esperança

realizaram um bonito evento para consci-

entizar a comunidade sobre o nosso

Planeta e o futuro que queremos. Durante

a realização da Rio + 20, foram pesquisa-

dos temas referentes a sustentabilidade,

situação da água e do lixo. Foram levan-

tados os problemas da região, preparados

cartazes e um momento de formação com

a comunidade.

Contamos com a participação de alguns

convidados: Naldo nos falou sobre o Meio

Ambiente em nossa região que é Área de

Preservação Ambiental; Neuza, líder

comunitária apresentou seu trabalho com

Compromisso com o Meio Ambiente

Pela equipe do Espaço Esperança

caixas de

leite e a ne-

c e s s i d ade

de reutilizar

muito ma-

terial que

fatalmente

vai parar

nos lixões, pois ainda não temos coleta

seletiva na região; Sr Vitalino nos

presenteou com um belo poema sobre o

compromisso das crianças com o meio

ambiente. Da discussão toda, foi escrita

pe las cr ianças uma carta aos

governantes e a comunidade, pedindo

que se proteja a Bacia Hidrográfica da

Vargem das Flores e se implante a

coleta seletiva com urgência em nossa

região.

Fica o questionamento: Estamos mesmo

dispostos a repensar nossas atitudes

para que mais pessoas possam viver

com o mínimo de dignidade? As crianças

querem um futuro diferente!

Depois de um dia de trabalho, Patricia dedicou as quintas a

noite para encontrar-se com algumas mulheres, desejosas em

aprender algo mais sobre o mundo da

informática.

Os encontros aconteceram no pequeno laboratório de

informática que entrou em funcionamento este ano no

Espaço Esperança. E além de informática, falou-se da

vida, das lutas e sonhos. As mulheres, a maioria,

descascadoras de alho, nem sempre conseguiram vencer

o árduo trabalho para participarem das aulas com

assiduidade, mas foi cativante perceber o esforço e a dedicação de

cada uma. A Patricia, que também se demonstrou uma mulher guerreira,

agradecemos de coração sua dedicação.

“Mulheres Guerreiras!” - Comunidade do Vila Esperança

Bem Viver é Ser! por Rose Mary Cândido Plans, LMC em Rondônia

Podemos afirmar que as contradições,

interferências, mudanças de hábitos e

costumes, não tem o poder de mudar o que

esta intrínseco em cada povo. Por vezes não

são perceptíveis ao primeiro olhar, nem

tampouco com o olhar carregado de (pré)

conceitos.

Falar sobre o bem viver no

cotidiano do povo esta além de conceitos

teóricos e filosóficos, pois bem viver é o

chão, a lida, é a vida nas aldeias e periferias

onde muitos povos são obrigados a viver.

Bem viver é a memória viva contada e

recontada que traz resistência, coragem e

criatividade para resignificar o modo de ser e

bem viver de cada povo.

A História dos povos indígenas é a

história do Povo de Deus que vive num

constante êxodo. Sofrem com todo tipo de

investidas contra suas culturas e valores,

mas não envergam, diante dos grandes

faraós que surgem a cada tempo; não se

deixam abater; sua Terra é sua Vida.

Sempre que expulsos de sua terra, por

outras terras caminham, sem perder a con-

vicção: Somos Povo! Somos gente!

“De escravo nos fizeram os

seringalistas. Fomos divididos, espalhados,

trocados, como se a gente fosse roupa velha

e usada. Para sobreviver, fomos obrigados

a viver na cidade, em seringais e como

peões em fazendas; antes da demarcação de

nossas terras em 1976, fomos espalhados,

quase dizimados, principalmente por

doenças e quando a FUNAI demarcou parte

de nossas terras, colocaram para viver com a

gente o povo Gavião, que foram expulsos de

suas terras por fazendeiros.”

A Terra do povo Arara esta localizada

em Ji-Paraná–RO. Os primeiro contatos

ocorreram por volta de 1900 por seringalis-

tas e missionários Salesianos. Hoje a popula-

ção estima-se aproximadamente 350

pessoas.

“Mesmo passando por isto tudo, nem por

um dia deixamos de SER Povo Arara. Hoje

mais de cem anos após o primeiro contato,

estamos aqui continuando a nossa

história.”

Dona Janete Arara relata: “Muito jovem,

saí da aldeia, passei por seringais e garim-

pos; por muitos anos vivi na cidade, criei

meus cinco filhos; mas dentro de mim

havia sempre um grande desejo: quero

voltar pra minha terra, comer nossas

comidas, rever os parentes e falar nossa

lingual. Quando me perguntavam se eu era

índia eu dizia: não sou índia, Eu sou

Arara. Meus filhos precisavam sentir o que

é ser Arara e que tudo aquilo que eu dizia

não era apenas minha imaginação.

Tempos atrás fiquei muito doente e os

médicos disseram aos meus filhos:

façam os desejos dela, pois não podemos

garantir mais que três meses de vida a ela.

Eu em silêncio dizia pra Deus: deixa eu

viver pra pisar de novo na minha terra,

reencontrar os meus parentes. Naquele

Página 8 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS

“O Coração de Jesus é maior

que toda a África: nele há lugar

para todos.”

(Daniel Comboni)

“A missão se realiza através dos joelhos dos que

rezam, das mãos dos que contribuem

e dos pés dos que partem!”

Você pode ajudar!

Se você deseja apoiar as atividades e projetos de-

senvolvidos pelos LMC, nas diversas frentes em que

atuam, poderá fazê-lo através do

depósito bancário em nome da:

“Associação Leigos Missionários Combonianos”“Associação Leigos Missionários Combonianos”

Banco Itaú: AG 5636 - Conta Corrente: 02063-7

Rua das Mangueiras, 200 - Ipê Amarelo

Contagem - MG

site: http://www.leigoscombonianos.com.br

blog: www.leigoscombonianos.blogspot.com

Tel/Fax: 31-3356-7625

Email: [email protected]

“A missão nos interpela e pede uma resposta urgente e corajosa.”

LMC

Datas importantes:

07 a 09/Set - Convivência Missionária

08/Set - Reunião LMC - Ipê Amarelo

29/Set - Reunião do Conselho ALMC

02 a 09/Dez - 6a. Assembléia LMC Internacional - Maia/Portugal.

E Atenção, vem ai de:

25 A 27/01/13 - ASSEMBLÉIA ORDINÁRIA DA ALMC

Próximos aniversários:

10/Set - Terezinha Ramirez

24/Set Ana Ramirez

07/Out - Martha Ramirez

26/Out - Guilherma

22/Dez - Lourdes

Continuação:

tempo em que fiquei muito doente e senti

que iria morrer, tive a certeza de que

aquele não era meu lugar, aquela não era

minha vida, eu precisava voltar para meu

povo e ensinar o caminho aos meus filhos.

Eu não queria morrer longe da minha

terra.”

Bem viver é fazer o caminho de volta.

O Bem viver no cotidiano do povo Arara

consiste em: valorizar cada descoberta das

crianças, é ter tempo para brincar e se di-

vertir com suas saudáveis algazarras, é não

ser escravo do tempo e viver com intensi-

dade cada dia, é a roda de conversa diária,

é um olhar constante na história,

nastradições, mas sobretudo a indignação

que brota sobre, que futuro estão constru-

indo para os filhos e netos.

Bem viver para os Arara é a contem-

plação da vida e da natureza, e esta

Página 9 INFORMATIVO LEIGOS MISSIONÁRIOS COMBONIANOS Página 9

contemplação não é sinônimo de alienação,

nem de indiferença a toda esta conjuntura

que prega (sobretudo através da religião),

que os Arara precisam abolir suas práticas

antigas, que tudo isto é coisa do passado e

folclore, demonizando suas práticas

tradicionais de medicina e pajelanças. Como

falar de bem viver, quando os jovens são

obrigados a irem estudar na cidade,

trazendo uma série de interferências para

comunidade e tantas outras negligências e

descasos que o povo sofre.

Mas é em meio a todas estas

contradições que o povo preserva algo

sublime que esta além de um conceito

filosófico: Bem viver é Ser, não é uma

experiência de fora para dentro na vida do

povo, esta intrínseco, o modo de ser do

povo Arara e sua expressão do

Bem viver.