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Ciência& Tecnologia PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL Crianças e jovens par�cipam de feiras de fomento ao pensamento cien�fico Revista de divulgação cien�fica do Museu Dica/UFU/SNCT 2014 Uberlândia/MG Ano VI Edição 2015 IMPRESSO - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Descobrindo a ciência PÁG. 22 Pequi Equipe da UFU desenvolve espécie sem espinhos PÁG. 17 Cien�stas da UnB pesquisam o uso medicinal PÁG. 19

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Page 1: Ano VI Edição 2015 Descobrindo a ciência - dica.ufu.brdica.ufu.br/revistas/2014.pdf · doxos e paradigmas, publicado no Jor-nal da Ciência, o professor Kerr combina com sabedoria

Ciência&TecnologiaPARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Crianças e jovens par�cipam de feiras de fomento ao pensamento cien�fico

Revista de divulgação cien�fica do Museu Dica/UFU/SNCT 2014 • Uberlândia/MG • Ano VI • Edição 2015

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Descobrindo a ciência

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Pequi Equipe da UFU desenvolve espécie sem espinhosPÁG.17

Cien�stas da UnB pesquisam o uso medicinalPÁG.19

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Com foco no tema “Ciência e Tec-nologia para o Desenvolvimento Social”, o Ministério da Ciência,

Tecnologia e Inovação (MCTI) realizou a 11ª edição da Semana Nacional de Ciên-cia e Tecnologia (SNCT). Como de costu-me, a revista Ciência e Tecnologia para a Transformação Social traz alguns desta-ques da programação da SNCT elabora-da em Uberlândia/MG, além de divulgar projetos e pesquisas a respeito de as-suntos capitaneados pelo tema central da Semana. Neste número são divulga-dos os tradicionais eventos Ciência Vi-va e Brincando e Aprendendo, assim co-mo reportagens sobre o projeto que alia tecnologia e resgate da história cultural em Uberlândia, do Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM); o trabalho do Centro de Engenharia para o Desenvol-vimento Social (Ceds), da UFU, que tem como escopo desenvolver projetos de Engenharia para comunidades caren-tes; o Programa Talentos Matemá�cos (PTM), que es�mula o aprendizado e o interesse pela área de Ciências Exatas; a pesquisa que analisa a relação entre professor e estudante depois de uma reprovação; o projeto Telescópio I�ne-rante, que tem o obje�vo de popularizar os conhecimentos relacionados à Astro-nomia; e os estudos que apontam que os altos teores proteicos e de fibras da planta ora-pro-nóbis são um importante complemento nutricional. A entrevista foi feita com a pesquisadora Sarah Tava-

Em pleno período de de-núncias de corrupção apre-goadas no país, é oportu-no mencionar um grande feito do professor Kerr, pu-blicado na revista Pesquisa Fapesp*.

Segundo informações trazidas nes-se periódico, em depoimento ao Dossiê Fapesp, o professor Kerr, primeiro dire-tor cien�fico da Fundação, contou que sofreu uma tenta�va de corrupção du-rante a sua gestão, por conta de uma balança analí�ca que era novidade na época e que demandava muitos pedi-dos de compra. De acordo com relatos, um dia entrou em sua sala um vendedor com a proposta de que em cada balan-ça aprovada, o professor Kerr receberia 15%. Diante dessa situação, o professor Kerr reagiu da seguinte forma: “Chamei a Paulina (secretária) e perguntei-lhe quantas balanças eu já havia autorizado. ‘Creio que 20’, disse ela. Então, Paulina, reduza o preço em 15%; esse dinhei-ro vai dar para pagar mais uns dois ou três projetos”. O vendedor achou que o professor Kerr não �nha entendido, e ele respondeu: “Foi assim que entendi, e qualquer coisa diferente disso vai ‘no tapa’”. No final, “o rapaz saiu de lá e jun-tou os outros vendedores para dizer que a Fapesp era uma organização honesta e que, dali para a frente, eles sempre informassem nas propostas o valor do aba�mento concedido à Fundação”.

São esses os exemplos do grande mestre Warwick Estevam Kerr, pelos quais nos orgulhamos. É, pois, uma his-tória cujas lições deveriam imperar na conduta de qualquer cidadão e que ain-da resta a muitos brasileiros a aprender. Parabéns, professor Kerr!

Dalira Lúcia Cunha Maradei CarneiroEditora/coordenadora da comissão de comunicação da SNCT em Uberlândia

EDITORIAL

SNCT e os bons exemplos do Dr. Kerr

A Revista Ciência & Tecnologia para a Transformação Social - UFU é uma publicação independente do Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica) do Ins�tuto de Física (INFIS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). É editada anualmente desde a SNCT 2009, para a divulgação de temas ligados à ciência e tecnologia e à documentação das a�vidades realizadas durante a SNCT na cidade de Uberlândia/MG.

Expediente: Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Ins�tuto de Física (INFIS), Museu Diversão com Ciência e Arte (DICA). Av. João Naves de Ávila, nº 2.121, Bloco 1A, sala 1A 217, Santa Mônica, Uberlândia/MG, CEP 38.408-100. Reitor: Elmiro Santos Resende. Vice-reitor: Prof. Eduardo Nunes Guimarães. Coordenação do Museu Dica: Silvia Mar�ns. Edição e Redação: Dalira Lúcia C. M. Carneiro / Coordenação de Jornalismo Dica-UFU. Jornalismo: Sirlene Rodrigues (Brasília/DF) e Rosiane Magalhães (Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM, Campus Uberlândia Centro). Colaboração: estudantes de jornalismo/UFU: Bruno Prado, Débora Bringsken, Lucas Tondini, Marina Colli, Priscila Diniz. Secretária de Redação: Daízi Freitas. Fotografia: Gilberto Pereira. Revisão: Rafael Abrahão de Sousa. Projeto Gráfico e Diagramação: Adriana Por�rio. Contato: [email protected] - (34) 3230-9517. Impressão: Gráfica da UFU. Tiragem: 2 mil exemplares. Distribuição gratuita.

Ciência&TecnologiaPARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Capa: Durante a Feira Ciência Viva (2014), crianças explicam suas descobertas cien�ficas a visitantes. Foto: Priscila Diniz. Agradecimento: As fotos do pequi (na capa e internas) são de autoria do fotógrafo Milton Santos e foram gen�lmente cedidas pela DIRCO/UFU.

res Correa Cunha, do Centro de Estudos, Pesquisa e Projetos Econômico-Sociais do Ins�tuto de Economia (Cepes/IE/UFU), que analisa o papel da pesquisa como agente transformador da realida-de socioeconômica.

Outra matéria discute sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em geral e, especificamente, o IDH do Bra-sil. Em conexão, destaca pesquisas de-senvolvidas na UFU e na Universidade de Brasília (UnB) que visam à melhoria da qualidade de vida da população. Os protagonistas são a equipe do profes-sor Warwick Estevam Kerr, do Ins�tuto de Gené�ca e Bioquímica (Igeb) da UFU, e o grupo liderado pelo professor César Koppe Grisólia, do Laboratório de Gené-�ca do Ins�tuto de Ciências Biológicas (IB) da UnB. Vale registrar que o profes-sor Kerr, hoje com seus mais de 90 anos, se encontra aposentado, mas deixa um legado que expressa valores que devem (ou deveriam) estar presentes no labor cien�fico.

Nas palavras de Geraldo Mendes dos Santos, pesquisador do Ins�tuto Nacio-nal de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em seu ar�go in�tulado Dr. Kerr, para-doxos e paradigmas, publicado no Jor-nal da Ciência, o professor Kerr combina com sabedoria os dotes de humanista e cien�sta, sendo que a sua conduta se baseia no mandamento divino “Amarás o próximo como a � mesmo”: “Com is-so, ele exorta a nós pesquisadores que transformemos nossos laboratórios em espaço sagrado reservado ao cul�vo de ideias e ideais, ao trabalho em busca da cidadania plena, da formação do cará-ter, da promoção integral do ser huma-no e em prol da sociedade. Sua máxima é que a a�vidade cien�fica deve benefi-ciar prioritariamente ao povo. Sua mar-ca, como a de todos os grandes líderes, é despertar, mo�var, entusiasmar os jo-vens cien�stas”.

*Edição Especial Fapesp 40 Anos (2002), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Fale com a gente! Escreva para

[email protected]

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NESTA EDIÇÃO

So�ware gera imagem gráfica a par�r da música

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20 BRINCANDO E APRENDENDO 32 PANORAMA SNCT 2014

Oficinas marcaram a Semana do Livro do IFTM - Campus Uberlândia

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FOTOS: ACERVO DA PROFESSORA CARLA REGINA/IFTM�UFU

Ora-pro-nóbis é fonte de ferro na mesa do brasileiro 20 FO

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Pesquisa analisa papel do professor na reprovação40

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A pesquisa cien�fica e as polí�cas públicas6

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Feira Ciência Viva reúne em mostra pesquisas de estudantes 22

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A equipe do professor Kerr constatou que o pequi sem espinhos produz em menos tempo e tem uma quan�dade enorme de polpa – 35 vezes mais que o pequi convencional.

Pesquisadores da UFU desenvolvempequi sem espinhos

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Telescópio I�nerante populariza noções astronômicas 38

• Jogo ensina princípios da Gené�ca• Estande simula lançamento de foguetes• Oficina de arte reu�liza descartáveis

• Circuito promove visitas a Museus• Gincana e Olimpíada para a Matemá�ca• Projeto visa resgate cultural

Sarah Tavares, entrevistada desta edição

Daniel Cury, autor da pesquisa

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Dança e teatro abrem a SNCT

SNCT 2014 - UBERLÂNDIA

Grupo Teatral Trupe de Truões se apresenta na abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2014, no Teatro Rondon Pacheco

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A abertura oficial da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em

Uberlândia aconteceu no dia 13 de ou-tubro, no Teatro Rondon Pacheco. O evento contou com a presença de estu-dantes e professores da rede de ensino, da população em geral, e dos responsá-veis pela organização do evento na cida-de: o secretário de Gestão Estratégica de Ciência e Tecnologia, Vitorino Alves da Silva e a coordenadora Administra�va Liberace Maria Ramos Ferreira, ambos da Prefeitura Municipal de Uberlândia; a pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudan�s da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), profes-sora Dalva Maria de Oliveira Silva; o diretor do Ins�tuo Federal do Triângulo Mineiro – Campus Uberlândia, profes-sor Ednaldo Gonçalves Cou�nho; a co-ordenadora regional da SNCT, profes-sora Sílvia Mar�ns; e o presidente do Núcleo de Apoio à Gestão de Inovação, Robson Xavier.

Uma das atrações foi o espetáculo “Simbá e o Marujo”, que deu sequência ao evento assim que a mesa de abertu-

ra apresentou suas considerações ini-ciais. De acordo com o ator e produtor Ronan Vaz, a peça explora a potencia-lidade dos objetos, como os sons e as luzes, trazendo equilíbrio entre as téc-nicas de teatro de objetos, acrobacias e sombras.

Outra apresentação foi a dança con-temporânea “Duas Marias Gotejando”, que trabalha a temá�ca da água suges-�onada pelo �tulo no qual se apresen-ta o verbo “gotejando”, provocando uma imaginação de goteiras e quedas d’água, algo explorado no corpo entre as duas bailarinas que alternam movi-mentos.

Segundo Rosana Ar�aga, coreógra-fa e produtora da Cia. Zanza Dança, a ideia de envolver a comunidade local de maneira intera�va com a ciência e a arte possibilita que o público as receba de forma lúdica e diver�da. “Quando penso em criação, em cria�vidade, logo penso em diversão. Penso tam-bém em arte como um resultado exu-berante dessa criação, que é a própria natureza, a galáxia, enfim, o universo”, salienta. Em relação ao tema da SNCT

Dança é arte e ciência

O fragmento coreográ-fico “Duas Marias Gotejando”, apre-

sentado na abertura da SNCT 2014, foi elaborado com a ideia de produzir várias significações para o público. De acordo com a coreógrafa e produtora da Cia. Zanza Dança, Rosana Ar�aga, a questão dos significados é algo muito ques�onável no campo da arte, pois nenhum deles per-manece enrijecido. Se há um significado a ser compar�lhado, ele logo alcança voos por meio das metáforas, da imaginação do espectador, enfim, transcen-de as origens. Nesse sen�do, a mente que quer encontrar signi-ficados na arte acaba se limitan-do bastante. “A meu ver, a arte não necessita ser traduzida em palavras. A arte da dança, muito

menos, pois ela fala por meio do corpo, e não dos lábios. Arte mui-tas vezes é comida para os olhos e alimento para a alma. Ou seja, vale mais o efeito que a arte tem sobre você, como foi que ela to-cou o seu espírito”, acrescenta.

No que diz respeito ao traba-lho do corpo na dança, o baila-rino necessita do conhecimento prá�co do seu próprio corpo, por exemplo, do seu peso, ao cons-truir uma relação verdadeira do peso com o espaço e o tempo. Segundo Ar�aga, essa relação se estabelece ao construir respos-tas para as seguintes questões: Como entregar verdadeiramen-te esse peso ao chão ou a outro corpo? Como se dá essa transfe-rência? Como criar equilíbrios na interação total de peso entre dois ou mais corpos? Em qual direção

irão se colocar esses vetores? Em que momento um corpo vai atu-ar com um peso leve, pesado ou pesadíssimo? Sem isso, não se consegue criar uma força cênica capaz de atrair o olhar do espec-tador.

Na avaliação da coreógrafa, as ciências humanas e as exatas muito contribuem com a experi-ência da arte, criando mecanis-mos de estudo e reflexão, além de ampliar a visão do ar�sta ou mesmo espelhar a relação entre arte e sociedade. “Enfim, todas as formas de ciência fazem parte da vida, e na vida é que a dança se faz. A ciência e a arte são formas didá�cas de enxergar o mundo nas suas par�cularidades, mas, na prá�ca, essas fronteiras não existem”, conclui.

“A meu ver, a arte não necessita ser traduzida em palavras (...). Arte muitas vezes é comida para os olhos e alimento para a alma”. Rosana Ar�aga

Grupo Teatral Trupe de Truões FOTOS: GILBERTO PEREIRA

O secretário municipal de Gestão Estratégica de Ciência e Tecnolo-gia, Vitorino Alves da Silva e o diretor do IFTM/UFU, Campus Uber-lândia, Ednaldo Gonçalves Cou�nho

Sílvia Mar�ns, coordenadora da SNCT e Dalva Maria de Oliveira Silva, pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudan�s da UFU

Priscila Diniz

de 2014, “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social”, Ar�aga acre-dita que a dança, em comparação com o desenvolvimento social, decorre das experiências do espírito, proporcio-nando a imaginação, a inteligência e a capacidade de criar. “A par�r dessa interferência no indivíduo ou numa co-munidade, como consequência surge a transformação social”, ressalta.

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Sarah Tavares Correa Cunha (foto) possui mes-trado em Economia pela

Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara). É pesqui-sadora do Centro de Estudos, Pesquisa e Projetos Econômico-Sociais do Ins�tuto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/IEUFU), atu-ando principalmente nos seguin-tes temas: desenvolvimento so-cioeconômico, desenvolvimento regional, história econômica e crescimento populacional. Nesta entrevista, a economista analisa o relevante papel da pesquisa como agente transformador da realidade socioeconômica.

Quais inves�mentos das uni-versidades e/ou governo você destacaria como impactantes para melhorar o nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que hoje ocupa a 79ª posição no ranking mundial?

Primeiramente, acredito que o papel das universidades é sub-sidiar o governo com pesquisas e estudos capazes de diagnos�car os problemas sociais nos diferen-tes aspectos relacionados ao IDH. Ou seja, cabe a essas ins�tuições produzir pesquisas que consigam retratar os níveis de educação, saúde e renda da sociedade bra-sileira como um todo, mas respei-tando suas diversidades, a fim de subsidiar o governo em suas polí-�cas públicas. O governo, por sua vez, ao obter melhor conhecimen-to das realidades socioeconômi-cas do Brasil, poderia desenvolver

polí�cas públicas eficazes e cada vez mais eficientes, capazes de elevar o IDH.

Essas pesquisas possuem que �po de impactos diretos na qua-lidade de vida da população?

As pesquisas por si só não ge-ram impactos sociais. Como eu disse anteriormente, elas servem para informar ao governo e à so-ciedade sobre a atual conjuntura e se houve mudanças ao longo do tempo. Tais estudos somente têm efeitos quando são capazes de subsidiar as polí�cas econô-micas e sociais, tornando-as mais eficientes. O IDH é um indicador sucinto e, por isso, não pode por si só medir a qualidade de vida de uma população. Mesmo as-sim, oferece bons indicadores sobre educação, saúde e renda, considerados de extrema impor-

tância para a qualidade de vida de uma sociedade.

O que mais os atores sociais (governo e sociedade) pode-riam fazer para melhorar esses números?

A sociedade, ao conhecer melhor a realidade, pode de-sempenhar seu papel mais adequadamente no sen�do de demandar melhorias nas polí-�cas públicas. Em outras pala-vras, de posse dos indicadores que mostram onde e quais são as deficiências e os problemas, a população pode fundamentar suas demandas e se ar�cular, por meio do governo, para que sejam atendidas. Já especifica-mente sobre o papel do gover-no, deve-se procurar conhecer não somente o IDH, mas os diversos indicadores que são

produzidos por pesquisas realiza-das por diferentes ins�tuições, com vistas a produzir polí�cas locais mais eficientes, capazes de o�mizar a qualidade de vida da população. Essas polí�cas, em nível municipal e regional, são primordiais para um país heterogêneo como o Brasil.

Em sua opinião, na prá�ca, o que o governo deve priorizar den-tro dessas polí�cas públicas?

O governo deve dar prioridade à educação. Acredito que o Brasil precisa de polí�cas públicas mais eficazes nessa área, priorizando a qualidade do ensino e a ampliação de pesquisas cien�ficas e tecnoló-gicas. O conhecimento é a principal condição para formular polí�cas públicas eficientes, isto é, capazes de promover os resultados deseja-dos. Além disso, no geral, é preciso considerar as especificidades regio-

nais, ou seja, deve-se dar impor-tância às polí�cas locais, pois elas podem garan�r melhorias econô-micas e sociais para o país como um todo.

E o que a pesquisa, a Ciência e a Tecnologia podem fazer para nos ajudar a dar um salto no nos-so IDH?

A pesquisa, a Ciência e a Tecnologia são as chaves do co-nhecimento. Com esse tripé é possível diagnos�car onde e quais são os problemas que puxam o IDH para baixo, bem como pro-mover ganhos na renda, na edu-cação e na longevidade da nossa população. Somente por meio desse conhecimento é que será possível desenvolver soluções efi-cientes e capazes de melhorar o índice nacional.

"As pesquisas por si só não geram impactos sociais. Tais estudos somente têm efeitos quando são capazes de subsidiar as políticas

econômicas e sociais, tornando-as mais eficientes."

"O conhecimento é a principal condição

para formular polí�cas públicas eficientes, isto é, capazes de

promover os resultados desejados."

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ENTREVISTAPor Sirlene Rodrigues

Priorizar a Educação e ampliar pesquisas cien�ficas e tecnológicas: o caminho para melhorar o IDH Brasil

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1º NORUEGA 0,9442º AUSTRÁLIA 0,9333º SUÍÇA 0,9174º HOLANDA 0,9155º ESTADOS UNIDOS 0,9146º ALEMANHA 0,9117º NOVA ZELÂNDIA 0,9108º CANADÁ 0,9029º CINGAPURA 0,90110º DINAMARCA 0,900111213141516171819202122232425262728293031323334353637383940414243444546474849505152535455565758596061626364656667686970717273747576777879º BRASIL 0,744

A Ciência e a Tecnologia es-tão in�mamente ligadas ao desenvolvimento so-

cial. Prova disso é que as nações mais desenvolvidas investem pe-sado em pesquisas. Em matéria de transformação social, pesquisa é a porta e inves�mento, a chave. Todos os países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apostam alto na educação, e é esta a variável que mais arrasta o Brasil para baixo no IDH, segundo o relató-rio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O Brasil ocupa a 79ª posição em uma lista de 187 países e está atrás dos vizinhos Chile, Argen�na, Uruguai e Venezuela.

Apesar de o nosso país ter me-lhorado no IDH, ainda há muito a ser feito, especialmente na capi-talização do ensino. Inicia�vas das universidades federais em pesquisa cien�fica e tecnológica fornecem instrumentos capazes de impac-

Pesquisa, a porta; inves�mento, a chave

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

tar a qualidade de vida da popula-ção, porque alavancam o empre-endedorismo em diversas áreas da cadeia produ�va. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Universidade de Brasília (UnB) são alguns desses exemplos, como você acompanha nesta matéria especial sobre Ciência, Tecnologia, IDH e em-preendedorismo.

Compreendendo o IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede o progresso de uma nação a par�r de três dimen-sões básicas: renda, saúde e educa-ção.

O obje�vo da criação do Índice foi oferecer um contraponto a outro indicador muito u�lizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. O PIB considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento, ao passo que o IDH amplia a perspec�-va sobre o desenvolvimento huma-

no. Criado pelo Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 1990, a par�r do traba-lho de dois economistas – o paquis-tanês Mahbub Ul Haq e o indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998 –, o IDH é uma medida geral e sinté�ca que, apesar de ampliar a perspec�va so-bre o desenvolvimento humano, não abrange nem esgota todos os aspectos de desenvolvimento.

O índice é calculado anualmen-te. Dinâmico, devido ao movimen-to de entrada e saída de países e às adaptações metodológicas, ele possibilita a análise de tendências. O IDH tornou-se referência mun-dial e é índice-chave dos Obje�vos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas. No Brasil, é u�lizado pelo Governo Federal e por adminis-trações regionais.

Vale ressaltar que o IDH varia de 0 a 1, sendo considerados de bai-

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Com um IDH de 0,744, o Brasil melhorou uma posição em relação a 2012, aparecendo agora em 79º entre os 187 países e territórios re-conhecidos pela Organização das Nações Unidas. Esse IDH brasileiro é superior à média da América La�na e do Caribe (0,740).

Brasil é o 79º em uma lista de 187 países

Embora apresente problemas no sistema educacional, o IDH do Brasil é visto como de “Desenvolvimento Humano Elevado”. O IDH acima de 0,793 é considerado “Muito Elevado”, nível que o Brasil ainda não alcançou, apesar de possuir bons resultados eco-nômicos e sociais nos úl�mos anos. A expecta�va de vida em nosso país também au-mentou, colaborando para a melhoria do índice, e, apesar dos problemas educacionais, de 1980 a 2013, o IDH do Brasil foi o que mais cresceu entre as nações da América La�na e do Caribe, com alta acumulada de 36,4%, um crescimento médio anual de 0,95% no período.

O Brasil é um dos países mais citados no úl�mo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH). Nesse sen�do, têm sido implementadas polí�cas sociais e an�cíclicas que cons�-tuem exemplos com vistas a reduzir vulnerabilidades e aumentar a resiliência.

O que mostra o IDH do Brasil

Sirlene Rodrigues, de Brasília

xo desenvolvimento os países que a�ngem menos de 0,499 pontos; de médio desenvolvimento, os que pos-suem notas de 0,500 até 0,799; e de alto desenvolvimento, os que a�n-gem pontuação superior a 0,800.

Quanto mais perto de 1, melhor é o desenvolvimento de um país. Na comparação com os 187 países pes-quisados, o Brasil ficou na 79ª posi-ção. A Noruega, que possui o melhor IDH do mundo, obteve o índice de 0,944 pelo quinto ano consecu�vo, e o pior desempenho de desenvol-vimento humano é do Níger (0,337). Dois países apresentam o mesmo IDH que o Brasil: Geórgia (que fica entre a Europa e a Ásia) e Granada (localizada na América Central).

Atualmente, os três pilares que cons�tuem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma:

• Vida longa e saudável (saúde): medida pela expecta�va de vida;• Acesso ao conhecimento (educação): medido pela média de anos de educação de adultos e pela expecta�va de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar;• Padrão de vida (renda): medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em poder de compra.

UNIVERSIDADEFEDERAL DEUBERLÂNDIA

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Apesar de os números mostra-rem sensível melhora nos in-dicadores sociais brasileiros,

ainda há muito a ser feito. A variável que mais arrasta o Brasil para baixo é a educação. Entre outras razões, a questão educacional é resultado de um passivo histórico de muitas décadas. Desde 1985, por exemplo, a Argen�na possuía uma média de anos de estudo superior à do Brasil hoje.

De acordo com a coordenadora do Relatório do Desenvolvimento Humano Nacional do PNUD, Andrea Bolzon, os brasileiros precisam ques�onar se na dimensão educa-ção o país está engajado em pro-cessos con�nuos de formação. Ela também pergunta se há atuação em defesa da priorização da edu-cação no Brasil. “Como brasileiros e brasileiras, podemos par�cipar de decisões em nível polí�co e comu-nitário que favoreçam o desenvol-

Ques�onada se o inves�mento em Ciência e Tecnologia pode im-pactar o empreendedorismo, via aumento da variável educação, a coordenadora do PNUD é re�cen-te: “Sim! Polí�cas públicas e ações conjunturais contribuem direta ou indiretamente para o aumento dos indicadores. Para aumentar o IDH, portanto, é necessário que os inves-�mentos tenham impacto direto ou indireto em alguma dessas dimen-sões, fazendo com que as pessoas vivam mais, com uma renda per capita maior, mais anos de estudo e maior expecta�va de anos de es-colaridade”, afirma.

• O IDH brasileiro passou de 0,545 para 0,744 (crescimento de 36,4%).• A renda per capita do Brasil (um dos critérios usados no cálculo do IDH) cresceu 56%.• A expecta�va de vida do povo brasileiro aumentou 11,2 anos.• O tempo médio de estudo do brasileiro passou de 2,6 para 7,2 anos.

decente a todos os envolvidos?”, pergunta.

A coordenadora enfa�za que o PNUD acredita que polí�cas públi-cas adequadas fazem parte do ca-minho obrigatório a ser percorrido pelos países para a�ngir um cenário de maior desenvolvimento humano, com redução das desigualdades. O tema do próximo RDH, que será lan-çado no final de 2015, será “o mun-do do trabalho”.

Evolução do IDH do Brasil nas úl�mas décadas (entre 1980 e 2013)

O Brasil em números

• Renda per capita anual (PIB per capita): US$ 14.275,00• Escolaridade da população: 7,2 anos• Expecta�va de vida: 73,9 anos

Dados considerados no IDH brasileiro em 2013

vimento humano. Melhorar como país, como cidade, como bairro é uma responsabilidade de cada cida-dão. Para ficarmos só nos indicado-res que compõem o IDH, sabemos o que está sendo feito ao nosso redor que permite aumentar a esperança de vida das pessoas? Por exemplo, estamos engajados em campanhas que promovem um trânsito menos violento?”, indaga a coordenadora do PNUD. Ela explica que o número de mortes em acidentes de trânsito entra no cálculo da esperança de vida ao nascer.

Andrea Bolzon também chama a atenção quanto à necessidade de realizar a�vidades comunitárias para melhorar a educação. “Estamos pre-sentes nas associações comunitárias que cuidam das escolas de nossos filhos? Na dimensão ‘renda’, somos atuantes em termos do engaja-mento em processos de produção sustentáveis, que garantam renda

Muito a ser feito

Alavancar o empreendedorismo

• A expecta�va de vida ao nascer no Brasil aumentou 11,2 anos.• A média de anos de estudo aumentou 4,6 anos.• A expecta�va de anos de escolaridade cresceu 5,3 anos.• A Renda Nacional Bruta (RNB) per capita aumentou 55,9%.• A expecta�va de vida ao nascer da África do Sul atualmente é de 56,9 anos, taxa que o Brasil a�ngiu antes de 1980.• A média de anos de estudo na Índia é de 4,4 anos, índice que o nosso país alcançou em 1995. • A expecta�va de anos de estudo na China,de 12,9 anos, é próxima à do Brasil em 1990.• A RNB per capita da Colômbia hoje é próxima à do Brasil em 2005.• A RNB per capita da Bolívia hoje (US$ 5.552,00) é pouco mais da metade da RNB brasileira em 1980 (US$ 9.154,00).• África do Sul, Índia, China, Colômbia e Bolívia possuem IDH menor que o do Brasil.

De 1980 a 2013

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• É um país de Alto Desenvolvimento Humano, segundo o Relatório Global de 2014.• Ocupa a posição 79 no ranking do IDH, entre 187 países.• Subiu uma posição entre 2013 e 2014.• Entre os 102 países de “Muito Alto e Alto Desenvolvimento Humano”, apenas 18, entre eles o Brasil, subiram no ranking do IDH entre 2013 e 2014.• Na América do Sul, é o quinto país mais desenvolvido (Chile, Argen�na, Uruguai e Venezuela têm um IDH maior).• O Brasil possui IDH superior à média da América La�na e do Caribe.• Se considerarmos o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China (BRICS), apenas a Rússia apresenta um IDH maior que o do Brasil. Nosso país tem a melhor Expecta�va de Anos de Estudo (15,2 anos) do grupo e a segunda Melhor Esperança de Vida ao Nascer (73,9).

Andrea Bolzon, coordenadora do Relatório do Desenvolvimento Humano Nacional

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O caminho do tesouro

Enquanto nações subdesenvolvidas, desenvolvidas ou em desenvol-vimento trabalham pesado para

melhorar o IDH, o minúsculo Butão, país localizado na Ásia, aos pés da Cordilhei-ra do Himalaia (entre a Índia e o Tibete), não mede esforços para proporcionar fe-licidade à sua população. O conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB) – que en-globa não só o crescimento econômico, mas também as dimensões sociais, am-bientais, espirituais e culturais do desen-volvimento – surgiu há mais de 30 anos e é levado a sério em todas as instâncias do poder público local.

Em vez de medir apenas as riquezas materiais, o Butão passou a medir a fe-licidade, o bem-estar da população e o desenvolvimento sustentável, porque o

A felicidade é a maior riquezaProduto Interno Bruto (PIB) não abar-cava esses conceitos. A conta do Butão é simples: quando um país vende seus recursos naturais, por exemplo, o resul-tado final é �do como crescimento, mas os danos ambientais e sociais podem ser irreversíveis.

O cálculo do FIB inclui: padrão de vida econômica, educação de qualida-de, saúde, proteção ambiental, expecta-�va de vida e longevidade comunitária, acesso à cultura, bons critérios de go-vernança, gerenciamento equilibrado e bem-estar psicológico.

O Butão é menor que o estado do Rio de Janeiro e tem 72,5% de sua área coberta por florestas. São 34 rios e uma biodiversidade de dar inveja a muitos países ricos.

O governo butanês analisa 73 variáveis para a�ngir o bem-estar e a sa�sfação com a vida, as quais estão abrigadas em nove itens gerais:

1. Bom padrão de vida econômico; 2. Gestão equilibrada do tempo; 3. Bons critérios de governança; 4. Educação de qualidade; 5. Boa saúde; 6. Vitalidade comunitária; 7. Proteção ambiental; 8. Acesso à cultura; 9. Bem-estar psicológico.

Para se chegar à riqueza, o ca-minho é simples: pesquisa, a porta; inves�mento, a chave.

Todos os países que fizeram essa leitura e esse dever de casa ates-taram os resultados posi�vos do

inves�mento. Segura de que a pes-quisa é a porta do desenvolvimen-to, a equipe do Warwick Estevam Kerr, do Ins�tuto de Gené�ca e Bio-química (Igeb) da UFU, investe pe-sado no desenvolvimento de uma

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iguaria da culinária brasileira, o pequi. O professor Kerr e o técnico do Igeb/UFU, Francisco Raimundo da Silva, têm desenvolvido pequi sem espinhos na estação experi-mental da fazenda Água Limpa des-de 2005. A espécie foi descoberta durante uma expedição no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, em 2004.

Kerr e Silva visitaram o Xingu, com auxílio financeiro do Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPq), e conheceram o pequi sem espinhos por intermédio do fru�cultor Bdijai Tchucarramae, da aldeia indígena Tchucarramae. Dos 300 pequizeiros que havia na localidade, um produ-zia os frutos diferentes, o que atraiu a atenção do pesquisador.

A equipe do professor Kerr cons-tatou que o pequi sem espinhos produz em menos tempo e tem uma quan�dade enorme de polpa – 35 vezes mais que o pequi con-

Pequi sem espinhos é matéria de pesquisas da UFU

Francisco Silva mostra o pequizeiro

UNIVERSIDADEFEDERAL DEUBERLÂNDIA

Irresponsabilidade ambiental empurrará o IDH para baixo

Para o professor Gustavo Macedo de Melo Bap�sta, diretor do Cen-tro de Estudos Avançados Mul�-

disciplinares da Universidade de Brasília (Ceam/UnB), não contabilizar os esto-ques de recursos naturais é empurrar o IDH para baixo daqui a alguns anos. Ele explica que, em um futuro não muito distante, a escassez de recursos naturais para gerar riquezas vai impactar nega�-vamente o IDH, porque esse índice conta com o PIB per capita como variável.

O especialista em Meio Ambiente pondera que as tendências catastróficas devem levar em conta que o homem tem condições de propor alterna�vas que le-vem a um consumo mais consciente. “O caso recente de escassez de água experi-mentado pelos paulistas mostrou como a população passou a fiscalizar os desper-dícios, como se organizou para minimi-zar os impactos e propor alterna�vas de armazenamento e de consumo. Em uma situação de crise, as pessoas se solidari-zam, mas é fundamental que os gestores façam avaliações prospec�vas para ten-tar evitá-la”, alerta.

Na avaliação do professor Gustavo Melo, as nações devem buscar modelos sustentáveis e não deixar que os recursos cheguem a patamares crí�cos de escas-

sez. “As pessoas só passam a refle�r so-bre o consumo quando a escassez bate às suas portas. Existem estudos que mos-tram que uma parcela significa�va da po-pulação ainda acha que a água ‘surge’ na torneira”, lamenta.

Para diminuir o impacto ambiental provocado pela geração de riquezas, Gustavo Melo chama à razão e à solida-riedade tanto governantes quanto gover-nados. “Existe uma linha de pensamento que se baseia numa lógica chamada de-crescimento, mas que funciona bem se o indivíduo tem suas demandas básicas assis�das. Considero que, enquanto a população não �ver acesso à educação, à saúde, à moradia, entre outras neces-

sidades, fica di�cil convencê-la a consu-mir menos, principalmente se isso gera momentaneamente uma sensação de ascensão e de inserção social. Em nosso país, todos têm smartphone e acesso a redes sociais, independentemente de sua condição social, mas não se tem aces-so a um serviço de saúde decente, por exemplo. Manda-se uma mensagem por WhatsApp, mas não se consegue marcar um exame de mamografia. É uma cultura baseada no ‘ter’ a qualquer custo; qual-quer coisa, é só dividir em várias presta-ções. Mas espero que um dia as pessoas percebam que não se deve ter tanto se o próximo não tem o mínimo necessário. É uma questão de compaixão, e ainda acredito na espécie humana”, afirma.

O professor cita pequenas cidades do Rio Grande do Norte com exemplo de desenvolvimento sustentável, com inves-�mento em coleta sele�va, coopera�va para produção de mel e de outros produ-tos, além de uma compreensão do bem-estar cole�vo muito grande. Ele explica que, nessas condições de produção, as pessoas permanecem nas pequenas ci-dades onde nasceram ao invés de migra-rem para os grandes centros urbanos.

Para resolver o problema, o pesqui-sador sugere conscien�zação sobre a fi-nitude dos recursos naturais. “Sabemos que irão faltar recursos naturais; então, sejamos mais solidários, compar�lhando e preservando. Dessa maneira, garan�-remos desenvolvimento com sustentabi-lidade”, conclama.

Professor Gustavo Melo, do CEAMUnB

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Enquanto na Universidade Fe-deral de Uberlândia a equipe do Dr. Kerr trabalha na produ-

ção do pequi sem espinhos, o grupo liderado pelo professor César Koppe Grisólia, do Laboratório de Gené�-ca do Ins�tuto de Ciências Biológi-cas (IB) da Universidade de Brasília (UnB), concluiu que o pequi é eficien-te redutor da ação dos chamados ra-dicais livres e está qualificado como coadjuvante no tratamento contra o câncer. Os radicais livres são molé-culas que se formam no organismo humano e reagem de forma dano-sa às células sadias, provocando o processo de envelhecimento – eles estão relacionados com as doenças cardíacas, como o Mal de Parkinson e o Mal de Alzheimer.

O estudo deu origem à disserta-ção de mestrado Avaliação do po-tencial mutagênico, an�mutagênico

de proteger as células dos efeitos colaterais das drogas usadas no tra-tamento contra o câncer. Ou seja, a pesquisa em Ciência e Tecnologia empreende também a indústria far-macêu�ca.

No desenvolvimento da pesqui-sa, o extrato de polpa de pequi foi aplicado nas células de ovário em hamsters chinesas que estavam subme�das a uma combinação de substâncias usadas no tratamento de pacientes com câncer. Os testes revelaram que o pequi exerceu efei-to protetor contra os danos causa-dos às células em tratamento. Além de amenizar a ação degenera�va das drogas, o extrato da fruta não afetou o índice prolifera�vo das cé-lulas sadias, algo esperado no trata-mento oncológico.

Outro resultado da equipe do professor César Koppe foi constatar o potencial terapêu�co do óleo de pequi na cura de lúpus e diabetes e, ainda, na redução do estresse �sico em maratonistas. Os 126 atletas voluntários �veram amostras de sangue recolhidas antes e depois de duas maratonas. Em duas semanas eles tomaram cápsulas gela�nosas de óleo de pequi uma vez por dia. A ideia era analisar os radicais livres que, por causa da a�vidade �sica intensa, são produzidos em maior quan�dade.

Após ingerirem as cápsulas, os atletas �veram menos inflamação muscular e menos estresse oxida�vo – essa diminuição da produção oxida�va é também a esperança de retardar o evelhecimento. Agora, a equpe do Dr. Koppe testa a ingestão de cápsulas de óleo de pequi em 60 pacientes com lúpus, para comprovar se a substância de fato atua na redução de danos gênicos e celulares causados por radicais livres.

Atletas na ponta

Equipe da UnB pesquisa o uso medicinal do pequi

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Professor César Grisólia, do IB da UnB

O potencial terapêu�co da fruta é matéria de estudos no Laboratório de Gené�ca do Ins�tuto de Ciências Biológicas

UNIVERSIDADEFEDERAL DEUBERLÂNDIA

Moringa: o xodó do Brasil

Outro feito do professor Kerr que mudou a vida de mi-lhões de pessoas do Brasil é a moringa. A árvore de origem africana é a xodó do cien�sta. A espécie chegou ao Brasil por carta, presente de um amigo norte-americano.

Riquíssima fonte de vitaminas, a moringa virou remédio contra

a desnutrição de crianças.

Ela contém mais de 92 nu-trientes e 46 �pos de an�oxi-dantes, além de 36 substân-cias an�-inflamatórias e 18 aminoácidos, até mesmo os nove aminoácidos essenciais que não são fabricados pelo corpo humano. As folhas fres-cas possuem sete vezes mais vitamina C que a laranja; 17 vezes mais cálcio que o leite; 10 vezes mais vitamina A que a cenoura; 15 vezes mais po-tássio que a banana; duas ve-zes mais proteína que o leite; e 25 vezes mais ferro que o espinafre.

De folha verde-escura, a moringa é usada em sopas, no arroz e na salada, e serve para enriquecer sucos, bolos, geleias e mingaus. O profes-sor Kerr cul�va as árvores e doa gratuitamente as semen-tes da planta Brasil afora.

Professor Estevam Kerr

vencional –, além de ser mais macio e adocicado. “Dá até para comer cru”, comenta Silva. Ele recorda que a produção na UFU começou com sementes e galhos colhidos no Xingu. “Começamos a fazer a pro-pagação aqui. Plantamos sementes e descobrimos uma forma de fazer enxer�a”, rememora Silva, que de-monstra ter saudades do tempo de convivência com o professor Kerr, que hoje, aos 93 anos, está apo-sentado. Ele explica que a enxer�a é feita na muda de um pequizeiro convencional, denominado cava-lo, quando o seu caule a�nge mais ou menos o diâmetro de um lápis. Espera-se, agora, dar con�nuidade aos estudos iniciados pelo profes-

e an�oxidante do extrato aquoso de polpa de pequi, da estudante do IB, Juliana Khouri. Esse �tulo com-plicado indica que o pequi é capaz

sor Kerr, que �veram como frutos as teses de doutorado e os diversos ar�gos publicados.

Vale destacar que a polpa do fruto é u�lizada na culinária, cozi-da como molho, junto com o arroz ou frango. Mas também vira sor-vete, mousse, cremes salgados e doces, em conserva, licores, patê, biscoito, farinha, risoto, farofa e li-cor. Além de toda essa variedade, a polpa pode ser transformada em sabão, óleo e creme para a pele – o óleo, inclusive, é extraído da cas-tanha, sendo bastante u�lizado na indústria de cosmé�cos. Derivados do fruto já são exportados para di-versos países como EUA, Emirados Árabes, Japão, Alemanha e Itália.

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Ora-pro-nóbis é realidade na alimentação do brasileiroAltos teores proteicos e de fibras fazem da planta um importante complemento nutricional

Bruno Prado

Em tempos de discussões sobre o combate à fome da popu-lação de baixa renda e a qua-

lidade nutricional da alimentação dos brasileiros, a solução pode es-tar próxima. Diversas pesquisas das áreas de Nutrição, Ciências Agrárias e Agronomia apontam o uso da cac-tácea ora-pro-nóbis (Pereskia acu-leata Miller) como uma alterna�va para elevar os teores proteicos de diversos pratos da culinária nacio-nal.

Originária do con�nente america-no e encontrada também no sul dos

Estados Unidos e da América La�na, a ora-pro-nóbis (derivado de termo em la�m), também conhecida como lobrobó, significa “rogai por nós”, e, de acordo com tradições, esse nome foi dado por algumas pessoas que a colhiam no quintal de uma igreja en-quanto um padre rezava a missa. Ao falar sobre o plan�o, Carla Regina Amorim dos Anjos Queiroz, douto-ra em Agronomia – Ciência do Solo e docente do Ins�tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM - Campus Uberlândia), diz que o interesse pela ora-pro-nóbis surgiu quando busca-va um tema de pesquisa para o dou-torado. “Procurei por uma espécie

vegetal que fosse na�va, comes�vel e cujo interesse agronômico ainda es�vesse pouco explorado. À época [em 2009], havia pouco estudo cien-�fico envolvendo essa espécie, prin-cipalmente em seus aspectos agro-nômicos”, ressalta. E complementa: “a hortaliça é bastante promissora, uma vez que, por ser na�va, adap-tável a climas mais secos e pouco susce�vel a pragas e doenças, pode ser uma farta fonte de folhas dispo-níveis quando plantada nos quintais das residências”.

Entre os anos de 2010 e 2012, Queiroz coordenou um projeto de análise do teor proteico e de mine-rais em folhas de ora-pro-nóbis. Se-

gundo a docente, o resultado tem sido muito posi�vo. “As folhas pos-suem teor de proteínas variável en-tre 20 e 30% (valores aproximados) do seu conteúdo seco, ou seja, re-�rada a porcentagem de água pre-sente naturalmente em suas folhas quando in natura. É um resultado bastante relevante, principalmente por ser considerada uma fonte pro-teica vegetal de alta qualidade”, diz. A maioria dos estudos sobre a planta contou com a colaboração dos pro-fessores Reginaldo Rodrigues de An-drade e Cláudia Maria Tomás Melo, além de vários alunos, de acordo com Queiroz.

A u�lização das folhas secas ou frescas da ora-pro-nóbis já é uma realidade, inclusive para o público infan�l. Queiroz conta que, do inte-resse de uma aluna do Curso Supe-rior de Tecnologia em Alimentos do IFTM – Campus Uberlândia, surgiu a oportunidade de melhorar as ca-racterís�cas nutricionais de bolos de chocolate elaborados a par�r de pré-misturas comerciais, sem preju-dicar a aceitação desses produtos.

“Os resultados mostraram que a adição de folhas in natura é viável e não interferiu nega�vamente na apreciação feita pelas crianças do Ensino Fundamental de uma escola municipal, além de melhorar a quali-dade nutricional dos bolos”, ressalta.Rosilene Amélia Rosa, 42, cozinheira de uma escola em Patos de Minas, afirma que a hortaliça ainda não é bem aceita entre os alunos por não ser conhecida do público, mas reco-nhece sua importância. “Como vive-mos em uma ‘era detox’, u�lizamos muito as folhas ba�das com outras coisas, porque seus nutrientes são fortes, têm poder de cura, entre ou-tros” destaca.

“A ora-pro-nóbis tem o uso mui-to difundido em lugares onde já é conhecida há muitos anos, como a região mineradora de Minas Ge-rais”, acrescenta Queiroz. Na cidade de Sabará, na Grande Belo Horizon-te, há um fes�val anual que leva o nome da cactácea e conta com di-versos pratos em que a inclusão da planta é indispensável, seja como acompanhamento de carnes ou

como um complemento nutricional.Em Uberlândia, no distrito de Cru-zeiro dos Peixotos, também há um restaurante que serve regularmente pratos �picos da região com a inser-ção das folhas de ora-pro-nóbis.

Ques�onada sobre o consumo da hortaliça em maior escala e as pers-pec�vas de futuro, Carla Queiroz mostra o�mismo. “O trabalho com o uso de hortaliças não convencionais é promissor, porém, lento. Tem sido feito um trabalho de divulgação e resgate do emprego da ora-pro-nó-bis na região de Sobradinho, Uber-lândia, com produção e distribuição de mudas, além de informações de cul�vo e uso como alimento por meio de car�lhas. Convém destacar que o Governo Federal incen�va o uso de hortaliças não convencionais como fonte de nutrientes de fácil acesso e baixo custo”, conclui a pro-fessora.

Ingredientes300 gramas de ora-pro-nóbis1 e ½ kg de frango caipira cortado em pedaçosBanha de porco1 cebola picada1 tomate picado

Modo de preparoPrimeiro, tempere o frango a gos-to. No fogão a lenha, com a gor-dura de porco bem quente, des-peje o frango na panela. Deixe cozinhar por cerca de meia hora. Enquanto isso, corte a ora-pro-nóbis com as mãos, para preser-var o aroma e o sabor. Agora, o frango já deve estar pronto – ob-serve se está dourado. É hora de acrescentar o tomate, a cebola e, por fim, a ora-pro-nóbis. Depois de adicionar os úl�mos ingre-dientes, deixe cozinhar por mais alguns minutos e está pronto.

Fonte: Valéria Filomena Taroco – Globo Rural (12/12/2013)

Frango caipira com ora-pro-nóbis

“As folhas possuem teor de proteínas

variável entre 20 e 30%* do seu conteúdo

seco. É um resultado bastante relevante,

principalmente por ser considerada uma fonte

proteica vegetal de alta qualidade”

– Carla Regina Amorim dos Anjos Queiroz, doutora em

Agronomia e docente do Ins�tuto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM

- Campus Uberlândia). *Valores aproximados

Flor da Ora-pro-nóbis e estufa para produção de folhas (à esquerda)

FOTOS: ACERVO DA PROFESSORA CARLA REGINA/IFTM

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Priscila Diniz

A tradicional Feira Ciência Viva, neste ano de 2014, teve como tema central “Ciência e

Tecnologia para o Desenvolvimento Social”. O evento, em sua 19ª edi-ção, realizado entre os dias 6 e 7 de novembro, no Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), reuniu tra-balhos apresentados por alunos dos Ensinos Fundamental, Médio e Técnico, envolvendo diversas áreas do conhecimento.

Os assuntos dos trabalhos fo-ram subdivididos em três gru-pos. No grupo 1, os subtemas foram: Ciência e Tecnologia para a Educação; A História e o Desenvolvimento Tecnológico; A Tecnologia em Mobilidade e Espaço Urbano; e Ciências e Tecnologias em Linguagens e Artes. No segundo grupo: Engenharia e Desenvolvimento Social; Ciência e Tecnologia na Agropecuária; Tecnologia em Mobilidade e Espaço

Urbano; Ciência, Computação e Telecomunicações; e Nanociência e Nanotecnologia. E no grupo 3: Ciência e Tecnologia na Saúde; Meio Ambiente e Desenvolvimento Social; e Biotecnologia e Desenvolvimento Social.

No total, foram inscritos 53 trabalhos, em que 21 foram sele-cionados e receberam a premia-ção de uma medalha. Segundo o coordenador da Feira, professor Adevailton Bernardo dos Santos, a alta qualidade dos trabalhos sur-preendeu os avaliadores. Ele conta que a novidade nesta edição da fei-ra foi a seleção de um trabalho para representar Uberlândia na Feira

Feira Ciência Viva es�mula e promove ideias de estudantesEntre os mais de 50 trabalhos, o de Gabriel Eurípedes de Jesus Farias, aluno da rede estadual, representou Uberlândia na Febrace 2015

Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), que aconteceu em São Paulo em março de 2015. A sele-ção do trabalho para par�cipar da Febrace teve de atender às normas da feira, como: texto subme�do à inscrição na Feira Ciência Viva; cria�vidade e caráter inovador na proposta; apresentação e domínio do conteúdo; metodologia u�li-zada e viabilidade – ênfase para o conteúdo de metodologia cien�fi-ca; profundidade e abrangência no desenvolvimento do tema; inter-

disciplinaridade na abordagem do tema e ar�culação do tema com o co�diano; referências bibliográficas u�lizadas; banners, protó�pos e or-ganização do estande.

A Feira Ciência Viva é um even-to anual realizado desde 1995 e faz parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Uberlândia, desde 2009. É uma realização do Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica) do Ins�tuto de Física (Infis) da UFU, em par-ceria com o Ins�tuto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) – Campus Uberlândia e a Prefeitura de Uberlândia.

A elevada qualidade dos trabalhos dos estudantes surpreendeu os avaliadores da Feira Ciência Viva

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Priscila Diniz

Dentre os trabalhos premia-dos na 19ª Feira Ciência Viva, um foi seleciona-

do para representar a cidade de Uberlândia na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), cuja mostra aconteceu entre os dias 16 e 20 de março de 2015 na Universidade de São Paulo (USP). O vencedor foi Gabriel Eurípedes de Jesus Farias, aluno do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Lourdes de Carvalho, com a apre-sentação do trabalho in�tulado Uso da Câmera Fotográfica na Educação Matemá�ca: fotogra-fando e descobrindo a presença da matemá�ca no co�diano. Sob a orientação do professor Welerson Santos Castro e coorientação do professor Bruno França Cardoso, o estudo mostra que os alunos têm grandes dificuldades em aprender conteúdos da Matemá�ca. Além disso, a pesquisa analisou uma metodologia de ensino que pode contribuir para a melhoria do aprendizado dessa disciplina.

Segundo Farias, a ideia inicial foi encontrar uma tecnologia aces-sível que atuasse na construção da relação entre a Matemá�ca e a realidade no processo de aprendi-zagem dos alunos. “A câmera foto-gráfica surge então como proposta mo�vadora para mostrar a pre-sença da Matemá�ca no ambiente �sico co�diano dos estudantes”. A pesquisa foi feita na mesma esco-la que Farias estuda e aplicada a alunos do 7º ano do ensino fun-damental. Para a coleta inicial de dados, a turma respondeu a um

Estudante usa câmera fotográfica no estudo da Matemá�caProjeto representou Uberlândia na Febrace

ques�onário que buscava mensurar seu gosto pela Matemá�ca e avaliar seu desempenho. Dos alunos pes-quisados, 44,44% responderam que discordam totalmente da afirma�-va “Gosto de Matemá�ca” e outros 16,67% disseram que discordam em maior parte. Na afirma�va “Sempre que uso a câmera fotográfica per-cebo a presença da Matemá�ca”, 72,22% discordaram totalmente.

Farias explica que, visando con-duzir os estudantes para a cons-trução do conhecimento acerca de certos conceitos matemá�cos, em uma das três aulas constru�vistas que envolviam a�vidades com fo-tografias da qual eles par�ciparam, por exemplo, foi-lhes apresentado um cartaz com fotos de objetos e paisagens que con�nham ângulos e discu�am a localização desses nas imagens, bem como a respec�va classificação de cada um. “Com isso, eles perceberam, na prá�ca, que ângulo é uma região compreendi-da entre retas que se interceptam em um ponto denominado vér�ce”, observa. Posteriormente, os alunos pesquisados receberam a proposta da a�vidade de fotografar a escola pensando nos ângulos nela con�dos e elaboraram �tulos para suas foto-grafias, trabalhando, assim, com a interdisciplinaridade.

Posteriormente, a turma respon-deu a outro ques�onário, semelhan-te ao primeiro, obje�vando verificar a evolução ocorrida devido à apli-cação prá�ca do método, de suas concepções e de seu conhecimento sobre os conteúdos matemá�cos abordados.

Os resultados foram sig-nificantes: 55,56% dos alunos concordaram to-talmente que passaram a gostar de Matemática com as aulas que inclu-íram atividades com câ-mera fotográfica.

Na afirma�va: “Agora, percebo que a Matemá�ca está presente no mundo onde vivo”, 50% dos pesquisados concordaram total-mente e outros 33,33% concorda-ram em maior parte.

Segundo Castro, a aplicação do método de processamento de dados colaborou para a constru-ção do relatório de pesquisa a fim de mensurar, em porcentagens, as questões respondidas pelos educandos. “Verificar a mudan-ça no aprendizado dos alunos foi impressionante. Quando olhei os ques�onários finais e observei que mais da metade dos pesquisados passaram a gostar de Matemá�ca, esse é um resultado relevante” afirma Castro. Ele acrescenta que, “enquanto professor, garan�r um aprendizado assim é muito gra�-ficante”.

Farias conclui que a pesqui-sa mostrou que o uso de câ-mera fotográfica no ensino da Matemá�ca promove a interação dos alunos com o espaço concre-to onde vivem. “Essa relação traz uma série de bene�cios, como a conscien�zação do estudante de que a disciplina está presente em seu mundo. Além disso, a aula com essa metodologia aumen-ta o interesse dos discentes pela Matemá�ca e reduz as dificulda-des deles”, afirma.

Veja algunsprojetos de

educação cien�fica que ensinam com

diversão!

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Maquete facilita a explicação dos lançamentos de foguetes espaciais

Zezinho, o mascote da SNCT Uberlândia

Cerca de 1.200 alunos dos ensinos fun-damental e médio, de escolas públicas e par�culares de Uberlândia e região, além da comunidade em geral, par�ci-param do Brincando e Aprendendo, que aconteceu nos dias 15 e 16 de outubro, na Arena Tancredo Neves (Ginásio do Sabiazinho). O evento contou com a�vi-dades interdisciplinares que envolveram as temá�cas: Astronomia, Antropologia, Fotografia, Gené�ca, Música, Meio Am-biente e Alimentação.

Confira nas páginas seguintes!

Brincando e Aprendendo

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Marina ColliPriscila Diniz

Entre as a�vidades do Brincan-do e Aprendendo, o “Lança-mento de Foguetes” chamou

muito a atenção dos alunos que vi-sitaram o evento. Coordenado pela professora Jaqueline Peixoto, do Ins�tuto de História da Universida-de Federal de Uberlândia (UFU), a a�vidade apresentou o surgimento dos foguetes, bem como o seu fun-cionamento e perspec�vas futuras.

Segundo Peixoto, a oficina abor-dou o ensino e a aprendizagem so-bre as leis da Física; a produção de foguetes e suas funcionalidades; e o conhecimento dos principais corpos celestes já iden�ficados no

universo. Ela acrescenta que foi uma a�vidade desenvolvida para atender as crianças e adolescentes dos Ensinos Fundamental e Médio. “U�lizamos uma linguagem cien�-fica e lúdica com o obje�vo de es-�mular a curiosidade e a pesquisa para o estudo e desenvolvimento da Ciência”, explica.

Os visitantes �veram a oportuni-dade de presenciar um lançamento de foguete construído com garrafa PET, um projeto simples com o in-tuito de demonstrar a Lei de Ação e Reação. Na prá�ca, u�lizando o ar e a água como combus�veis, ao bombear o ar dentro da garrafa PET de dois litros, contendo um terço de água, o ar empurra esse líquido até expulsá-lo e impulsionar o foguete.

Crianças aprendem a ciência dos foguetes

Marina Colli e Priscila Diniz

O estande “Desenvolvendo no-vos líderes”, organizado pela Meta Consultoria, Empresa

Júnior da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia (Femec/UFU), pro-pôs a�vidades visando es�mular os par�cipantes a desenvolver o pen-samento crí�co, as habilidades de trabalho em equipe e o raciocínio ló-gico. “Além de conhecer o trabalho desenvolvido pela Meta, crianças e adolescentes �veram a oportuni-dade de aprender como se tornar um grande líder no seu co�diano”,

Desenvolvendo novos líderes

salienta o diretor de Marke�ng da empresa, Breno Alves Santana.

Durante o evento, foram reali-zadas a�vidades como montagem de torres de fita crepe, busca de soluções ao “desarmar uma bom-ba” hipoté�ca e, até mesmo, mon-tagem de um castelo com palitos de picolé. Nessa úl�ma, uma das crianças ficava totalmente vendada e �nha de ser orientada por outra pessoa para que ela pudesse man-ter o equilíbrio da torre. A ideia, segundo Santana, é fazer com que o liderado tenha confiança nas a�-vidades elaboradas pelo líder (veja quadro ao lado).

Segundo Santana, esses �pos de a�vidades são fundamentais para o estudante aprender a aplicar o co-nhecimento no seu dia a dia. “Tra-balhamos conceitos relacionados à u�lização de raciocínio lógico volta-do para a resolução de problemas”, ressalta.

Otávio dos Reis Teixeira, consul-tor de Qualidade da Meta, ressaltou a importância da temá�ca trabalha-da e de conhecer o perfil dos par�ci-pantes. “Nós montamos a�vidades variadas de acordo com a idade do público, e a ideia é que as crianças passem a orientar umas às outras no seu co�diano”, afirma.

“Estamos gostando mui-to do evento. As crianças estão mo�vadas e curio-sas. É uma oportunidade de dialogar com elas de uma forma diferente, fora daquele ambiente de sala de aula, mostrando outras estruturas e tendo outras condições de aprendiza-do”, observa Peixoto.

Na opinião da estudante Nicole Almeida, da Escola Municipal Prof. Ladário Teixeira, foi um momento especial para conhecer o mundo da tecnologia aeroespacial. “Eu achei muito interessante e me diver� muito. Aprendi e �rei minhas dúvi-das”, diz.

• Problemas de lógica com pa-litos de fósforo: os par�cipantes encontravam uma configuração dos palitos e posteriormente de-veriam alterá-la de acordo com as instruções, até chegar a um resul-tado pré-definido, es�mulando, assim, a capacidade de raciocínio lógico;

Desafios • Construção de torres em duplas, com palitos de picolé: nesta, um par-�cipante se encontrava vendado e era instruído pelo outro companheiro com vistas a construir a maior torre possível em cinco minutos. Depois disso, eram inver�dos os papéis, o que es�mulava a capacidade de tra-balhar em equipe;

• Cabo de guerra, u�lizando be-xigas e latas de refrigerantes: nesse caso, dois par�cipantes deveriam atritar uma bexiga contra o cabelo para torná-la eletricamente carre-gada e, dessa maneira, tentar atrair para o seu lado a lata de refrigeran-te que se encontrava no centro da mesa, desenvolvendo o aprendizado sobre Física, além de es�mular uma compe�ção saudável;

• Construção de uma torre u�li-zando cartolina, tesoura, cola e uma régua: o grupo só poderia u�lizar �-

ras de cartolina do tamanho do comprimento e da largura da ré-gua de 30 cm e, no final, a torre deveria ser maior que a própria régua e capaz de equilibrá-la em seu topo, momento em que fo-ram incen�vados o trabalho em equipe e a capacidade de seguir as regras apresentadas no início da a�vidade;

• Desafio do esquadrão de desarmamento de bombas: ela-boração de estratégia para co-locar suavemente uma bolinha dentro de um balde que estava a 1,2 m de distância, e, para isso, deveria ser u�lizada uma revista, duas folhas de papel A4, 1,2 m de barbante e 60 cm de fita crepe, possibilitando desenvolver habili-dades como a capacidade de tra-balho em equipe e a cria�vidade na resolução de problemas.

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SNCT 2014 • BRINCANDO E APRENDENDO

Empresa Júnior ofereceu desafios às habilidades de liderança

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Lucas Tondini

Os estandes “Can�nho da Gené�ca I” e “Can�nho da Gené�ca II” reuniram cerca

de 200 alunos de escolas públicas e privadas. O evento, promovido pelo curso de Biotecnologia, do Ins�tuto de Gené�ca e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia (INGEB/UFU), teve como obje�vo despertar o interes-se dos alunos pela Ciência.

De acordo com Raphael Henrique Oliveira, um dos mem-bros responsáveis pela organização da a�vidade, a melhor maneira de ensinar e aprender é diminuindo a barreira entre quem ensina e quem aprende.

“O nosso intuito é me-lhorar o sistema de edu-cação, incrementando-o com a�vidades intera�vas e mais dinâmicas, a fim de fazer com que o ato de aprender seja prazeroso, interessante e diver�do”, diz Oliveira.

Dessa maneira, os conheci-mentos sobre Gené�ca, Química, Bioquímica e áreas do conhecimen-to que envolvem a Biotecnologia foram passados de uma forma inte-ra�va para as crianças e os adoles-centes, por meio de jogos didá�cos

REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014

Aprendendo Gené�ca de forma diver�da

como teste de paternidade, jogo da Gené�ca, estrutura intera�va de DNA; e de uma maneira exposi�va, numa visão mais realista e menos abstrata, a exemplo da extração do DNA de morango.

O jogo da Gené�ca foi a a�vida-de que mais chamou a atenção no estande. Ele é formado por peças que simulam as “casas” de um ta-buleiro, e os par�cipantes andam sobre essas casas cada vez que acertam alguma pergunta sobre o tema trabalhado; ao final, o ven-

cedor ganha um prêmio simbóli-co. Segundo Oliveira, a a�vidade envolveu alunos de várias idades e abordou temas de ciências em ge-ral, como Química, Física, Biologia, Gené�ca e Bioquímica.

Para a estudante de Biotecnologia Luisa Diniz, é importante que os alu-nos tenham contato com a Ciência logo cedo. “É preciso mostrar que a Ciência e a Gené�ca podem ser vistas sob um aspecto mais prá�-co. Por isso realizamos brincadeiras e jogos para despertar o interesse

Outra a�vidade realizada durante o Brincando e Aprendendo foi “Ressignificando o lixo: oficina de brinquedos”, com o intuito de dar um novo des�no aos objetos descartados no lixo, a par�r da criação e elaboração de brinquedos com materiais recicláveis. Garrafas PET, caixinhas de ovo, rolo de papel higiênico, dentre outros foram itens disponibilizados para a criação de novos objetos, que foram feitos pe-las crianças que passaram pela oficina.

Daniela Benevides, estudante de Biologia e uma das responsáveis pelo evento, ressalta que as a�vidades destacaram a questão ecológi-ca. “Hoje em dia, com a situação crí�ca do meio ambiente, é impor-tante que as crianças saibam como preservá-lo”, observa a estudante, salientando a importância do descarte correto e do reaproveitamento do lixo. “A�tudes como essa podem evitar enchentes ocasionadas por lixo em bueiros e o acúmulo de lixo, o que pode ser um fator para atrair animais que causam doenças”, complementa.

Um dos brinquedos mais criados pelas crianças foi o bilboquê, que consiste em uma esfera de madeira (que no caso foi feita com garra-fas PET), com um ori�cio central, presa por uma corda numa espécie de suporte. Davi Santos, aluno do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Glaucia Santos Monteiro, transformou a garrafa PET em uma pulseira e num porquinho. Ele conta que aprendeu a preser-var e cuidar mais da natureza. “Não podemos desperdiçar materiais recicláveis porque eles podem virar coisas legais para a gente brincar”,

O outro papel do lixo

deles [estudantes] pelo tema”, afir-ma.

Ainda de acordo com Oliveira, o “Can�nho da Gené�ca” superou to-das as expecta�vas e foi uma expe-riência única na vida de todos que fizeram parte dele. “A sensação de repassar um pouco do que se sabe e está aprendendo, superar as difi-culdades que �veram no decorrer do evento e ensinar literalmente brincando foi um momento ímpar que serviu de grande aprendizado para todos”, enfa�za Oliveira.

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Estudantes par�cipam do Jogo da Gené�ca, uma forma lúdica de trabalhar

os conteúdos cien�ficos

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Oficina de brinquedos divulgou ideias para reaproveitamento de materiais

Projeto "Can�nho da Gené�ca" superou as expecta�vas

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Priscila Diniz

Na 4ª edição do evento Brincando e Aprendendo, as alunas Joyce Cris�na de

Freitas, Ana Carolina Fagundes de Castro, Marcela Magna Oliveira Prado e Bianca Maria Ribeiro Guedes, do curso de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), apre-sentaram o tema “Charges, o que há por trás delas?”. A intenção foi trabalhar o raciocínio lógico e indu-�vo das crianças por meio de inter-pretações de charges recortadas de jornais e revistas.

Segundo Freitas, a ideia surgiu quando a equipe associou a a�vi-

dade do Programa Ins�tucional de Bolsa de Iniciação Cien�fica Biologia (PIBID), que busca o crescimento in-telectual por meio do ensino midiá-�co, à proposta do evento Brincando e Aprendendo.

Na dinâmica foi apresentado um mural com várias charges que envol-vem questões sobre Educação e que são vivenciadas na sociedade. Na prá�ca, os estudantes sentam em roda e uma música toca enquanto um objeto passa de mão em mão. Quando a música encerra, o aluno que tem o objeto em mãos re�ra uma charge do mural e é desafiado a interpretá-la. Então, todo o grupo de alunos é mo�vado a debater so-

Interpretando as charges da Educação

SNCT 2014 • BRINCANDO E APRENDENDO

Priscila Diniz

O aluno Igor Alvez Pelegrini, do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de

Uberlândia (UFU), desenvolveu um so�ware capaz de desenhar for-mas e apresentar cores conforme os sons captados no ambiente por meio do computador. Nesse pro-grama, apresentado no estande “Cores da Música” do Brincando e Aprendendo, Pelegrini u�lizou vá-rios instrumentos musicais como violão, violino e pandeiro para mos-trar, na prá�ca, como o sistema cap-ta os sons do ambiente e os inter-preta como desenhos ar�s�cos.

O estudo de Pelegrini é resulta-do de um trabalho cien�fico envol-vendo a arte e a música. O progra-ma foi construído na plataforma Processing que, de acordo com o estudante, u�liza a linguagem de programação Java e é bastante usa-da no processamento de so�wares que envolvem as artes visuais e a tecnologia. O obje�vo inicial da Processing foi servir como um ca-

derno de esboços de so�wares e para auxiliar nas fundamentações prá�cas e aplicações teóricas da programação de computadores em criações visuais. “Atualmente é usa-da por milhares de pesquisadores, ar�stas e estudantes, tanto para a aprendizagem como para a produ-ção”, diz Pelegrini.

A aplicação dos conhecimen-tos se torna similar aos conceitos aprendidos em sala de aula pelos alunos que visitaram o estande, a exemplo de círculos cromá�cos, cores quentes e frias, cores análo-gas e complementares. Uma das questões abordadas foi a sinestesia que, segundo Pelegrini, é uma con-dição neurológica que faz com que o cérebro interprete sensações de maneiras diferentes para a maioria das pessoas. Ele conta que esse fe-nômeno acontece com poucos indi-víduos que, por sua vez, percebem que uma cor pode ter um sabor e um som pode ter uma forma.

Durante o evento também foram abordados aspectos da arte con-temporânea a par�r da reprodução

A tecnologia em prol da artedas formas que o so�ware elabora conforme o som é emi�do no espa-ço. Na música foram trabalhadas as tabelas cromofônicas, que são com-binações de sons tratados como co-res, feitas por diversos pesquisado-res em diferentes épocas.

As crianças e os jovens puderam perceber que o programa funciona como um simulador capaz de dar forma ao som. Para Pelegrini, um dos momentos mais marcantes da apresentação do seu trabalho foi quando um aluno com deficiência audi�va entrou no estande com um tradutor, sendo o primeiro da turma a experimentar a forma como seu som era desenhado, por meio dos instrumentos musicais dispostos na sala. “Ver a alegria de uma criança que percebe pela primeira vez a música por meio das ondas colori-das projetadas pelos instrumentos musicais que ela mesma tocava é de imensa gra�dão e realização do meu trabalho. A ideia agora é me-lhorar o so�ware e disponibilizá-lo para acesso público na Internet”, conclui.

bre o tema abordado. Ana Carolina Fagundes de Castro conta que o tra-balho provocou a reflexão dos alu-nos acerca da comunicação presen-te no co�diano, despertando o lado crí�co ao passar uma mensagem.

Ao relacionar a brincadeira com os conhecimentos que as crianças adquirem em sala de aula, foram ressaltados os temas “cidadania” e “direitos humanos”. Com isso, de acordo com Freitas, é possível es�-mular o desenvolvimento de habili-dades a exemplo da interpretação, que se faz presente em todas as disciplinas, seja em textos, imagens, figuras ou problemas matemá�cos.

Na avaliação de Castro, a temá-�ca das charges levou os alunos a refle�rem sobre seu papel dentro e fora da escola. “Quando a atenção de crianças e jovens é es�mulada para a educação, há o incen�vo na formação de novos pesquisadores que irão trabalhar pela Ciência e Tecnologia do nosso país”, observa.

Estudantes exploram o significado de charges atuais sobre questões da Educação

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Pelegrini demonstra como o so�ware captura e reproduz o som do violino em cores e movimentos

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REVISTA UFU SNCT EDIÇÃO 2014SNCT 2014 • PANORAMA

Priscila Diniz

Nos dias 3 e 8 de outubro aconteceram, na Escola Esta-dual Américo René Giannet-

�, feiras de ciências organizadas por Flávio Antônio Mar�ns, professor de Física. As apresentações foram divi-didas, no primeiro dia, para os alu-nos do 2º ano do Ensino Médio, e, no segundo, para os estudantes do 1º ano do Ensino Médio. O obje�vo foi selecionar trabalhos para a feira Ciência Viva, e, por isso, a ênfase das avaliações teve foco no tema central deste ano: “Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento social”.

Na escola foram montados es-tandes para cada grupo, e os traba-lhos apresentados variaram entre os subtemas: Biotecnologia e desen-volvimento social; tecnologia para a melhoria da mobilidade urbana; En-genharia e desenvolvimento social; o uso do laser na Medicina; susten-tabilidade e desenvolvimento so-cial; dessanilização da água do mar; fer�lizantes feitos por ureia bovina; tecnologia e mobilidade no espaço urbano; e �pos de energia (eólica, nuclear, solar, termoelétrica e foto-voltaica).

O aluno Breno Henrique Corrêa Guimarães, do 2º ano, desenvolveu, junto ao seu grupo, uma proposta de dessalinização da água do mar para o uso residencial. “Estamos vi-venciando a escassez de água doce, e a questão é controlar esse pro-

Escola apoia feira cien�fica

blema. Fizemos o levantamento de todo o custo, e o inves�mento inicial seria de R$ 37 mil, sendo que o valor da conta de água ficaria em torno de R$ 0,35 a cada 20 litros”, conta Guimarães. O estudante acrescenta que esse é um projeto atual e pode resolver o problema de escassez da água de forma sustentável, uma vez que foi planejada uma quan�dade limite de re�rada da água do mar, bem como o seu tratamento para retornar ao oceano.

Estudar a produção de ener-gia elétrica foi o tema usado pela maioria dos alunos do 1º ano do Ensino Médio. Eles construíram vá-rias maquetes com a intenção de demonstrar as diferentes formas

de produção de energia, visando à sustentabilidade. O aluno Abner Everton Bruno, do 1º ano do Ensino Médio, desenvolveu com sua equi-pe uma maquete que demonstra a produção de energia nuclear. “Esse projeto é importante para o desen-volvimento social, já que trabalha

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Débora Bringsken O Circuito de Museus aconteceu no dia 25 de outubro, em que fo-

ram disponibilizados ônibus gratuitos que levaram aproximadamente 50 pessoas, incluindo a equipe de monitores do Museu Dica, até o Parque Gávea e o Museu Municipal. No Parque Gávea, os visitantes conheceram a Trilha Astronômica e o Planetário do Museu Dica, e, no Museu Municipal, �veram contato com parte do acervo de objetos que contam a história da cidade de Uberlândia.

Esse Circuito faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Uberlândia. É realizado pelo Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica), do Ins�tuto de Física (Infis) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com o apoio da Prefeitura de Uberlândia (PMU).

Circuito de Museus

com uma energia que não depende do vento, nem do sol e u�liza pouca água”, afirma.

U�lizar a energia mecânica para transformá-la em elétrica foi a ideia que Beatriz Cris�na Gonçalves teve juntamente com a sua equipe. Ela salienta que a intenção foi produ-zir uma manivela, como se fosse os pedais de uma bicicleta, gerando a energia necessária para as lanternas ou, então, para a motorização das bi-kes. “É uma forma mais sustentável, pois hoje o tema das ciclovias está muito em evidência para conseguir-mos um trânsito mais organizado e menos poluente. A ideia geral é tra-balhar com o plano de que a energia mecânica pode ser transformada em energia elétrica de maneira me-nos poluente”, diz.

O professor Flávio enfa�za que abordou a leitura de vários ar�gos cien�ficos a fim de orientar a produ-ção dos trabalhos na feira. “Os alu-nos �veram dois meses para elabo-rarem os projetos e a apresentação, e muitos deles me surpreenderam com suas pesquisas e propostas”, destaca.

O aluno do 1ª ano do Ensino Mé-dio, Pedro Oliveira, ressaltou que uma feira de Ciências faz muita dife-rença no aprendizado. “Ficar só na sala de aula, copiando e ouvindo ex-plicações dos professores, deixa mui-tos conceitos passarem despercebi-dos, o que prejudica o aprendizado. Aulas prá�cas são muito melhores que as teóricas porque chamam mais a atenção, e os próprios alunos têm a oportunidade de testar seus conhecimentos”, conclui.

Estudantes apresentam trabalhos sobre biotecnologia e desenvolvimento social

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SNCT 2014 • PANORAMA

IFTM organiza 2ª Semana do Livro e da BibliotecaPriscila Diniz

O Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) – Campus Uberlândia promoveu, de 21 a 23 de outubro, a 2ª Semana do Livro e da Biblioteca. Com o tema “Livros ao vento”, a Semana, organizada pelas servidoras Ana Clara Santos Costa e Sara Emmanuela Moreira, contou com sarau cultural e oficinas.

No sarau, a comunidade escolar apresentou músicas, danças e declamações de poemas, de acordo com a temá�ca “Festa no céu”, uma homenagem aos autores Ariano Suassuna, Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro e Gabriel García Márquez. As oficinas oferecidas foram: contação de histórias; apresentações cria�vas u�lizando o programa Prezi; confecção e edição do Currículo La�es; o que não fazer em uma apresentação; dicas de redação para o ENEM; e startups/empreendedorismo.

Priscila Diniz

De 7 a 9 de outubro aconteceu, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a VII Semana da Física. Realizado anualmente, o evento tem como obje�vo ampliar os conhecimentos dos estudantes de Física (Licenciatura, Bacharelado em Física de Materiais e Bacharelado em Física Médica) e divulgar essa área do conhecimento para a comunidade de Uberlândia e região. Em sua sé�ma edição, a Semana contou com a presença de profissionais renomados que atuam nas áreas de Ensino de Física, Física Médica e Física da Matéria Condensada.

Semana da Física

Talentos Matemá�cosPrograma es�mula o aprendizado e o interesse pela área tecnológica

Priscila Diniz

O Programa Talentos Matemá-�cos (PTM) é um segmento do projeto in�tulado Núcleo

de Apoio à Gestão da Informação (i9 Nagi), desenvolvido pela Universida-de Federal de Uberlândia (UFU), com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), da Prefeitura de Uberlândia (PMU), e de empresas da indústria tecnológica da cidade. O PTM tem como obje�vo aproximar os alunos de escolas públicas à realidade acadêmica e contribuir para o desen-volvimento do pensamento computa-cional, visando despertar o interesse dos estudantes para os cursos da área de Tecnologia. Nesse sen�do, nas co-munidades escolares são promovidas a�vidades lúdicas, cria�vas e educa-�vas que simplificam os conhecimen-tos das Ciências Exatas. Par�ciparam do PTM os alunos do 9º ano do Ensi-no Fundamental e estudantes do En-sino Médio de Uberlândia.

O PTM surgiu no início de 2013. Desde então, todo ano o programa é dividido em duas fases. Na primeira, que acontece no primeiro semestre do ano, é realizada a Gincana PTM, com provas que es�mulam o racio-

cínio lógico e computacional a par�r dos conceitos de Ciência da Compu-tação.

A segunda fase, que acontece no úl�mo semestre do ano (Olimpíada PTM), é direcionada para alunos que desejam saber um pouco mais sobre os conceitos de programação e suas aplicações na área. Para isso, é ofere-cido um curso de Scratch, uma lingua-gem de programação mais simples que pode ser usada por crianças a par�r de oito anos de idade.

O coordenador do PTM, Marce-lo Rodrigues de Sousa, professor da Faculdade de Computação (FACOM) da UFU, afirma que o interesse em desenvolver a percepção dos estu-dantes para a área de Exatas ocorre porque há uma grande demanda para trabalhar nesse segmento do merca-do de trabalho no Brasil. “Muitas es-colas par�culares têm projetos que mo�vam seus alunos a prosseguir nas Ciências Exatas, e o PTM vem com essa proposta para as escolas públi-cas”, explica.

Em 2014, em sua 2ª edição, o PTM atendeu 75 escolas. A Gincana ocor-reu em 12 ins�tuições de ensino, e as demais par�ciparam da Olimpíada. Durante a Gincana foram realizadas

a�vidades compe��vas na Faculda-de de Educação Física e Fisioterapia (Faefi) da UFU. Segundo Sousa, esse �po de evento permite apresentar al-guns conceitos básicos de Ciência da Computação aos alunos, bem como propicia o emprego do raciocínio lógi-co e computacional e do trabalho em equipe.

Durante a Olimpíada PTM, os alu-nos desenvolveram jogos com base no aprendizado adquirido no curso de Scratch.

“Cada �po de jogo tem sua caracterís�ca, mas o pon-to principal é que os par-�cipantes aprendem uma linguagem que colabora no desenvolvimento do raciocínio computacional, pois eles têm que progra-mar”, explica Sousa.

O professor acrescenta ainda que os par�cipantes são livres para usar a cria�vidade no desenvolvimento de seus jogos e precisam empregar con-ceitos de Física, Matemá�ca e outras

disciplinas exigidas pela programação em computadores. Na Olimpíada fo-ram realizadas compe�ções de pro-gramação como o jogo de �ro (no qual há a presença de uma mira em que o jogador tenta acertar o alvo por meio do mouse do computador, a exemplo dos jogos Counter Strike e Angry Bir-ds); o jogo de plataforma (que ins�ga o jogador a correr, pular entre obstá-culos e enfrentar inimigos, como Su-per Mario Bros e Sonic); o jogo �po mul�player (que permite a disputa entre vários jogadores e/ou equipes, como Mortal Kombat e Fifa); e a Ma-ratona PTM (na qual os estudantes desenvolveram uma ferramenta u�-lizando a linguagem de programação Scratch, versão 2.0). Esta úl�ma foi o evento final da 2ª Olimpíada PTM, que aconteceu no Campus Santa Mô-nica da UFU.

Marcelo acredita que esse pro-grama é importante tanto para as crianças e os adolescentes do ensino público de Uberlândia, quanto para os estudantes das universidades. “As pessoas precisam entender o signifi-cado de inovar e desenvolver aplica-�vos, além de obter noções de Com-putação e Engenharia”, ressalta. Ele ainda afirma que o Programa Talentos Matemá�cos é um momento em que os alunos têm contato com a área de inovação tecnológica, sendo também uma forma de igualar oportunidades e descobrir a vocação desses indiví-duos.

Oficina de contação de histórias durante a Semana do Livro no IFTM

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2ª Olimpíada PTM

E. M. Prof. Leôncio do Carmo ChavesE. E. Dr. Duarte Pimentel de UlhôaE. E. Ignácio Paes Leme

Escolas vencedoras da Gincana e Olimpíada de 2014:

1º lugar - Trio do Game – Pâmela Cris�na de Oliveira, Rafaela Cris�na Domingos Silva e Dayane dos Reis Santos, da E. E. Professor Inácio Cas�lho

2º lugar - Inventei na Hora – Isadora Ferreira de Camargos Rosa e Pedro Henrique Alves Mar�ns, da E. M. Professor Eurico Silva

3º lugar - Patrulheiros da Muralha – San�ago Soares Rocha, Marco Antonino Oliveira Lange e Pedro Antônio Magalhães Santana, da E. M. Professor Ladário Teixeira

2ª Gincana PTME. M. Prof. Mário Godoy CastanhoE. E. Marechal Castelo BrancoE. E. do Bairro Jardim das PalmeirasM

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Projeto alia tecnologia e resgate da história cultural em UberlândiaCrianças e adolescentes do Bairro Patrimônio par�ciparam de oficinas oferecidas pelo IFTM – Campus Uberlândia (Centro)

Rosiane Magalhães

Crianças e jovens entre oito e 15 anos, frequentadoras do Centro de Formação do Bairro

Patrimônio, em Uberlândia, par�-ciparam de oficinas de informá�ca básica e de fotografia oferecidas no Ins�tuto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM – Campus Uberlândia – Centro). Tais ações integram a se-gunda etapa do projeto de extensão e pesquisa “Espaço virtual de in-terlocução com a cultura negra em Uberlândia”, desenvolvido por estu-dantes e professoras de Licenciatura em Computação do Campus.

De acordo com a professora Sírley Cris�na Oliveira, uma das co-ordenadoras do projeto, a escolha pelo Patrimônio se deve ao fato de ele ser um bairro historicamente cons�tuído, em grande parte, por negros descendentes de escravos. “Embora o Patrimônio seja uma re-ferência histórica para a cidade e re-gião no que diz respeito à cultura e à iden�dade negra, muitas transfor-mações vêm ocorrendo no bairro: moradores an�gos estão par�ndo para outros setores da cidade, ma-nifestações culturais e rituais da cul-tura negra apresentam fortes sinais de esgotamento e novos moradores não se iden�ficam com as prá�cas culturais e ar�s�cas desenvolvidas pela população tradicional do bair-ro”, jus�fica a doutora em História Social.

Nessa etapa do projeto, foram trabalhadas as seguintes problemá-�cas: “Como os jovens que habitam

e frequentam o Bairro Patrimônio enxergam a sua história?”; “Esses jovens/crianças entre oito e 15 anos conhecem as prá�cas culturais e ar-�s�cas dos negros?”; “Eles perce-bem as transformações, os valores da modernidade, do progresso que vem suplantando a cultura e a histó-ria da comunidade afrodescendente da cidade de Uberlândia?”; “Como a informá�ca e as diferentes tecno-logias computacionais podem ser u�lizadas para divulgar a cultura e a história dos negros do Patrimônio?”

“Para responder às questões,

optamos por trabalhar com essas crianças e jovens. Aliamos a edu-cação computacional aos temas da cultura dos afrodescendentes do bairro e oferecemos aulas de in-formá�ca que tratassem tanto das linguagens formais do computador quanto do embasamento teórico que fundamenta a história dos ne-gros do Patrimônio”, explica a pro-fessora Maria de Lourdes Ribeiro Gaspar, também coordenadora do projeto e mestre em Educação.

Segundo as coordenadoras, as principais oficinas desenvolvidas

O projeto de extensão e pesquisa in�tulado “Espaço virtual de interlocução com a cultura negra” foi iniciado em março de 2012. Na primeira etapa, professores e estudantes de licenciatura entre-vistaram moradores que permanecem no bairro e alguns que já se mudaram. Foi possível constatar que todos reconhecem o “embran-quecimento do bairro” e as dificuldades em preservar a cultura e a iden�dade da comunidade negra que o habitavam no passado. Mes-mo assim, avaliam que as transformações urbanís�cas, o progresso e a modernidade avassaladora que entrou no bairro não foram capa-zes de destruir a cultura, a iden�dade, a arte e a história dos negros. Para eles, existe resistência, luta da comunidade negra com relação a isso.

Espaço Virtual é projeto de extensão

“Para responder as questões, optamos por trabalhar com essas crianças e jovens. Aliamos a

educação computacional aos temas da cultura dos afrodescendentes do bairro”.

“Foi possível perceber que muitos enxergam

o Patrimônio como um lugar da tradição

africana”.

foram as de escrita (com a ferra-menta Word) e as de desenho (com o programa Paint). Por meio delas, estudantes expressaram suas visões sobre o bairro.

“A [oficina] de linguagem Word foi fundamental, pois possibilitou aos estudantes o contato com uma ferramenta imprescindível para a produção do conhecimento. A escri-ta digital tornou possível a constru-ção de textos, poesias, depoimen-tos que apresentaram os olhares e as percepções que as crianças têm sobre o bairro. Pôde-se perceber que muitos enxergam o Patrimônio como um lugar da tradição africa-na”, observa Gaspar.

Outra habilidade trabalhada foi a fotografia, com a proposta de mostrar aos jovens os princípios fo-tográficos e de edição de imagens. “A oficina também contemplou um passeio fotográfico para docu-mentar fotograficamente o acervo material e imaterial do bairro e de seus habitantes. A ideia era que os estudantes �vessem contato com as

marcas, os símbolos, a memória, a tradição e os sen�mentos que cons-�tuem a história do Patrimônio”, ressalta Oliveira.

Oficinas foram desenvolvidas en-tre os meses de junho e dezembro de 2013 com aproximadamente 40 par�cipantes. “A segunda etapa do projeto nos possibilitou refle�r acer-ca do papel das novas tecnologias informacionais na produção e divul-gação da história e da cultura dos afrodescendentes que habitam a cidade de Uberlândia. As oficinas de informá�ca aliaram tanto o aspecto técnico da área quanto as reflexões polí�cas e sociais que fundamentam a questão do negro no Brasil”, defi-ne a doutora em História Social.

70 trabalhos são expostos na Feicon e na FNPDébora Bringsken

Com a orientação dos professo-res e o apoio da equipe pedagógica do Ins�tuto Federal de Educação Ci-ência e Tecnologia (IFTM) – Campus Uberlândia, os alunos apresentaram seus trabalhos na Feira de Conheci-mentos (Feicon) e na Feira de Novos Produtos (FNP), durante a VII Sema-na Mul�disciplinar que aconteceu em outubro. No total, foram 70 tra-balhos inscritos e apresentados, di-vididos nas áreas de Ciências Huma-nas, Ciências Agrárias (Alimentos, Vegetal e Animal), Ciências Biológi-cas, Ciências Exatas e Meio Ambien-te. Aproximadamente 800 alunos de escolas estaduais e municipais de Uberlândia visitaram o evento.

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As crianças par�ciparam de diferentes a�vidades, buscando reconhecer costumes e tradições da comunidade

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de Astronomia enquanto observam o céu. “A Astronomia é uma das ci-ências que mais encanta as pessoas e uma porta para despertar o inte-resse dos estudantes pela Ciência”, ressalta.

Para Ferrari, a Astronomia está entrelaçada a todos os conteúdos escolares. Segundo ele, é possível verificar sua presença a par�r do ponto de vista de qualquer uma das disciplinas do currículo, mas que ainda é vista pelos educadores como o estudo do Sistema Solar e dos pontos cardeais. “Num proces-so educa�vo como o nosso que, infelizmente, valoriza um ensino focado no ves�bular, temos poucas chances de abordar a Astronomia com seu aspecto integrador, viven-cial e extremamente significa�vo”, observa.

UNIVERSIDADEFEDERAL DEUBERLÂNDIA

Dica populariza conhecimentos relacionados à AstronomiaPriscila Diniz

A Astronomia é a ciência que estuda os astros e tem como função inves�gar a origem e

a evolução do universo, bem como as forças que reagem nele. Segundo Hélio Oliveira Ferrari, mestre em Engenharia da Computação e pro-fessor na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) – Campus Ituiutaba, foi graças aos estudos de Astronomia que os povos an�gos aprenderam a se orientar através dos astros e estrelas.

Ferrari conta que a Astronomia está presente nas tecnologias, bem como nos disposi�vos de GPS que nasceram com o avanço das tecnolo-gias digitais na época da corrida es-pacial. Muitos materiais que foram desenvolvidos para o ônibus espa-cial, como a fibra de carbono, se en-contram nos veículos convencionais. “A tecnologia dos sensores Charge Coupled Device (CCD) – Disposi�vo de Carga Acoplada, usados para os

telescópios espaciais, hoje faz parte também das câmeras digitais dos smartphones, cujos inventores ga-nharam o prêmio Nobel de Física”, acrescenta.

Com o obje�vo de popularizar os conhecimentos relacionados à Astronomia, os corpos celestes e seus fenômenos, o Museu Diversão com Ciência e Arte, do Ins�tuto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (Dica/Infis/UFU), em parceria com a Prefeitura de

Uberlândia (PMU), por meio das Secretarias de Gestão Estratégica, Ciência e Tecnologia, lançaram o projeto Telescópio I�nerante. A ideia é despertar o interesse de crianças e adolescentes a par�r de a�vidades que es�mulem a observação do céu em espaços públicos e escolas.

O projeto de extensão da UFU existe desde abril de 2014 e foi apro-vado pelo Programa de Extensão Integração UFU/Comunidade (PEIC/UFU). A a�vidade é orientada por monitores do Museu Dica, que usam telescópios e apontadores la-ser de longo alcance para indicar a localização dos corpos celestes aos visitantes.

A PMU oferece transporte e apoio técnico no desenvolvimento do projeto, e o Museu Dica disponi-biliza telescópios e monitores. Sílvia Mar�ns, professora do Infis, ideali-zadora e coordenadora do projeto, acredita que o Telescópio I�nerante permite a estudantes e pessoas de qualquer idade discu�r conceitos

As observações são abertas para o público em geral e, para agendar uma visita, é só entrar em contato com o Museu Dica pelo telefone (34) 3220-9517, por e-mail ([email protected]) ou diretamente no Museu, que fica no Bloco 3E do Campus Santa Mônica da UFU.

Como par�cipar

Prof. Hélio Oliveira Ferrari

1) Para quem gosta de obser-var o céu e não sabe por onde começar, existe um aplica�vo chamado Carta Celeste para celular que é muito legal: ele mostra a localização e os no-mes dos astros celestes.

2) Para você que está na es-cola, não espere receber seu conteúdo. Pergunte, pergunte, pergunte ... pergunte sempre. Mesmo que a resposta não venha na hora, não desista. Perguntar é o que faz você crescer.

3) Se ligar no céu, nas estrelas, na Lua, nos planetas, observar o nascer e o pôr do Sol e, prin-cipalmente, se perguntar sobre o mo�vo de as coisas aconte-cerem é uma ó�ma forma de melhorar nossa Educação e favorecer o avanço da Ciência. Só se faz pesquisa quando te-mos perguntas. É a pergunta que move o conhecimento.

Dicas do professor

Projeto da UFU beneficia comunidade carente

Débora Bringsken

A Faculdade de Ciências Integradas do Pontal, da Universidade Federal de Uberlândia (Facip/UFU), criou o Centro de Engenharia para o Desenvolvimento Social (Ceds). O projeto, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPq), visa fortalecer as ações do Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (Cieps/UFU). Segundo o professor e engenheiro de produ-ção que coordena o projeto, Hilano José da Rocha de Carvalho (foto), o Ceds tem como proposta desen-volver projetos de Engenharia para comunidades carentes, democra-�zando o conhecimento tecnoló-gico produzido na Universidade. “A ideia é gerar trabalho e renda numa perspec�va da economia so-lidária”, enfa�za.

Carvalho conta que o proces-so cien�fico e pedagógico desen-volvido pelo Ceds é estabelecido por meio de workshops, com o intuito de organizar trabalhadores para a produção, o consumo cons-ciente e o comércio justo, além da busca por melhores condições

de trabalho e qualidade de vida. Os trabalhos contam com a par-�cipação de alunos e professores de vários cursos da UFU, como Pedagogia, Administração, Serviço Social, e as diversas modalidades da Engenharia (Mecânica, Elétrica, Química, Civil e de Produção).

De acordo com Carvalho, o Ceds já realizou vários empreen-dimentos, e uma das beneficiadas é a Coopera�va de Reciclagem de Ituiutaba, a Coopercicla, fundada em 2003 e que recebe o apoio da UFU há cinco anos. “São pessoas que viviam no lixão da cidade, que foi desa�vado, e se agregaram co-le�vamente numa coopera�va de reciclagem. Elas vêm recebendo recursos como equipamentos e as-sessoria técnica de administração para que se organizem mais solida-mente e consigam gerar trabalho e renda”, diz o coordenador.

Segundo os organizadores da coopera�va, a UFU valorizou as a�vidades da Coopercicla com as ações implementadas. Além de re-cursos materiais, como a esteira de triagem, houve estudos da logís�ca das rotas da coleta e a realização de trabalhos na área social com os cooperados.

Para Carvalho, o papel do Ceds não é exercer caridade, mas sim auxiliar na evolução intelectual das pessoas, gerando oportunidade de inclusão social pelo trabalho e au-tonomia financeira e social. “A eco-nomia solidária tem a intenção de criar as condições apropriadas para que todos tenham possibilidades de se desenvolver, principalmente no que se refere à questão cogni�-va, pensando no desenvolvimento social brasileiro como um todo”, afirma.FO

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Estudantes assistem a demonstrações sobre os corpos e fenômenos celestes

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Priscila Diniz

O técnico em Assuntos Educacionais da Universidade Federal de

Uberlândia (UFU), Daniel Gonçalves Cury, desenvolveu a dissertação de mestrado in�tulada A relação entre professor e aluno do Ensino Superior vista por meio da reprovação. O trabalho foi defendido e aprovado no Programa de Pós-graduação em Psicologia da referida Universidade. Em uma perspec�va que considera a importância das relações sociais para a construção dos sujeitos, a pesquisa baseou-se na Psicologia-Histórico-Cultural e teve como foco o Ensino Superior de graduação. O obje�vo principal foi compreender as relações entre professores e alu-nos depois de uma reprovação, vi-sando inves�gar a influência desse aspecto na formação profissional.

Cury explica que, para a constru-ção dos dados, foram entrevistados cinco alunos e cinco docentes da UFU e u�lizada a análise de con-teúdo. Segundo ele, os resultados ob�dos demonstram aspectos tan-to da formação discente, quanto da formação docente inicial e con�nu-ada, além de fatores próprios da re-lação entre o estudante de gradua-ção e seus professores. “Referente à formação discente, foi possível estudar e entender um pouco mais sobre os sen�dos atribuídos à re-provação pelos estudantes e como a construção desses sen�dos pode influenciar em sua formação profis-

UNIVERSIDADEFEDERAL DEUBERLÂNDIA

Pesquisa analisa relação professor e estudante na reprovação

sional”, explica.O pesquisador desenvolveu três

categorias de análise. A primeira foi a formação discente, na qual os aspectos referentes aos cursos de graduação foram abordados, como a relação dos estudantes com as disciplinas nas quais foram reprovados, a insa�sfação no to-cante à avaliação e à metodologia de ensino, as ausências durante o

semestre le�vo e os sen�dos atri-buídos à reprovação. A segunda, a relação entre professores e alunos, concerne aos processos de ensino e aprendizagem, contemplando os aspectos relacionados a limites, dis-tanciamentos e possibilidades de aproximações existentes nessa re-lação, caracterís�cas dos professo-res vistos como bons mediadores, considerações sobre a responsabi-

lização pelo fracasso acadêmico e reflexões sobre os sen�mentos de impotência do aluno diante da au-toridade do educador. E a terceira foi a formação docente no Ensino Superior, em que foram tecidas algumas considerações sobre este processo e pormenorizadas refle-xões sobre a existência de lacunas na formação inicial do docente, sendo apresentada a necessidade

Um dos aspectos avaliados foi o sen�do da reprovação para o aluno, profissional em formação, e os possíveis impactos em sua carreira

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RA da Psicologia Escolar nesta etapa de ensino.

No que diz respeito à relação com as disciplinas cursadas nas quais o estudante foi reprovado, Cury aponta que, quanto à forma-ção docente, foi possível observar uma deficiência na sua formação inicial. Ele sugere a necessidade de tais indivíduos par�ciparem de cur-sos de formação con�nuada, sobre-tudo na área de Psicologia Escolar no Ensino Superior.

Em outra perspec�va, Cury ana-lisou a relação entre docentes e dis-centes, verificando os seus limites, as possibilidades de aproximação, as caracterís�cas daqueles que fo-ram apontados pelos alunos como bons professores, os sen�mentos do educandono que tange à auto-ridade do docente e a responsabili-zação pelo fracasso acadêmico.

Com essa pesquisa, Cury apon-ta como solução a possibilidade de inferir a mediação pedagógica oferecida pelo professor, já que ela compõe uma das bases sólidas do processo de ensino e aprendiza-gem. Além disso, a situação educa-cional é cons�tuída por questões afe�vas que influenciam direta-mente a aprendizagem.

A pesquisa permi�u concluir que essas dimensões repercutem nos modos com que o estudante se relaciona com o conteúdo da disci-plina, com o professor e com seu próprio aprendizado. O pesquisa-dor indica que é necessária a pre-sença da Psicologia Escolar na bus-

ca por propostas que colaborem tanto para a formação profissional de graduação quanto para a propo-sição de cursos de formação con-�nuada para o docente do Ensino Superior, em prol de um processo de ensino e aprendizagem que vise à emancipação intelectual de todos nele envolvidos.

Para Cury, um dos pontos fortes da pesquisa se refere à importância da mediação no processo de ensi-no e aprendizagem que ocorre no Ensino Superior. De acordo com ele, mostra-se como a atuação do-cente pode influenciar na formação discente e, consequentemente, na sua profissão como futuro profes-sor.

“Isso demonstra a existência de um ciclo

que precisa de atenção e de uma formação que

deve ser contínua. As relações interpessoais,

neste e em outros contextos, são essenciais para a nossa constituição

pessoal”.

A pesquisa de Cury conquistou o Prêmio UFU de Dissertações, promovido pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPP) da UFU.

Daniel Cury considerou a responsabilidade dos professores no sucesso dos alunos

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SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - SNCTAno: 2014 - Uberlândia/MGComissão organizadoraCoordenação geralSilvia Mar�ns

Silvia Mar�ns | Ins�tuto de Física (INFIS/UFU) / Museu DicaAdevailton dos Santos | Ins�tuto de Física (INFIS/UFU) / Museu DicaAlessandra Riposa� Arantes | Ins�tuto de Física (INFIS/UFU) / Museu DicaDalira Lúcia C. Maradei Carneiro | Ins�tuto de Física (INFIS/UFU) / Museu DicaMarlei José de Souza Dias | Ins�tuto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Campus UberlândiaRosiane Magalhães | Ins�tuto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Campus Avançado UberlândiaLiliane Ribeiro da Silva | Secretaria Municipal de Educação - Cemepe / Prefeitura Municipal de Uberlândia Débora Bernardes de Andrade | Secretaria Municipal de Gestão Estratégica, Ciência e Tecnologia / Prefeitura Municipal de Uberlândia Natália Pereira Gomes | Secretaria Municipal de Gestão Estratégica, Ciência e Tecnologia / Prefeitura Municipal de Uberlândia Renata Celia Barreto Fernandes | Secretaria Municipal de Gestão Estratégica, Ciência e Tecnologia / Prefeitura Municipal de Uberlândia

Equipe de apoioDaízi de Freitas | Secretária geralAdilmar Coelho | Analista de sistemasRafael Abrahão de Sousa | Revisor de textosGilberto Pereira - UFU | Fotógrafo e assessor técnicoMaísa Tardivo | Programadora visualAlexis Ferreira Da Silva | Programador visualEmílio Rodrigues de Sene | Programador visual

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Coordenação nacional:

Realização do evento em Uberlândia (2014):

Apoio: