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Política Sociedade & País Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa SOCIALISTA ~ N”1049 27 JANEIRO 2000 100$ - 0,5 Quem disse ? «Famílias chilenas inteiras foram perseguidas e dizimadas apenas por terem cometido o crime de acreditar nos valores que Salvador Allende personificava» Eduardo Barroso DNA, 22 de Janeiro Ano judicial Combater a morosidade A abertura oficial do novo ano judicial ocorreu anteontem, terça- feira com as presenças de Jorge Sampaio, António Costa, Cunha Rodrigues, Cardona Ferreira e de Pires de Lima. Na sua intervençªo Jorge Sampaio defendeu que todos os agentes da justiça, e nªo só os advogados, devem cumprir prazos, observando que o combate à lentidªo dos tribunais passa ainda pela «simplificaçªo dos actos» que diariamente sªo praticados por juizes, magistrados do MinistØrio Pœblico e funcionÆrios judiciais. Elegendo a morosidade como principal inimigo a abater, o Presidente da Repœblica lembrou que as responsabilidades, na Justiça, devem ser partilhadas por todos. O Presidente da Repœblica apontou, ainda, algumas medidas que considera urgentes como a revisªo do regime de notificaçıes e os critØrios de domicílio, a informatizaçªo dos tribunais e o fim dos recursos dilatórios para os tribunais superiores. O ministro da Justiça mostrou-se de acordo com o Presidente da Repœblica no sentido de que Ø preciso mudar o regime das notificaçıes. António Costa, que falava no final da sessªo solene de abertura do ano judicial, mostrou-se satisfeito por todos os intervenientes na cerimónia terem trazido contributos extremamente œteis para «a mudança» da Justiça. A propósito da questªo das notificaçıes, um dos pontos altos do discurso de Jorge Sampaio, o titular da pasta da Justiça referiu que «as notificaçıes sªo uma chaga do sistema judicial». «Uma carta que sai de um tribunal custa 500 escudos. É a correspondŒncia mais cara que existe no país e, curiosamente, a œnica que nªo chega ao destinatÆrio. E nªo chega ao destinatÆrio porque a notificaçªo Ø feita por tal forma que quem nªo quer ser notificado pode-se furtar à notificaçªo», enfatizou. Daí que António Costa esteja convicto de que Ø necessÆrio «adoptar nos tribunais a regra normal das comunicaçıes, que Ø a via postal sem aviso de recepçªo». A cimeira luso-espanhola, que se realizou e quarta-feira em Salamanca, ficou marcada por um quadro de excelentes relaçıes diplomÆticas e políticas entre Portugal e Espanha. Os dois países preparam-se para avançar com projectos comuns de acessibilidades ferroviÆrias de alta velocidade e rodoviÆrias. Nos próximos anos, estarªo construídas cinco auto-estradas a ligar os dois países da Península IbØrica. Na cimeira, o primeiro-ministro de Espanha manifestou total apoio e empenhamento no sucesso do Conselho Europeu ExtraordinÆrio de Lisboa, em Março, e que serÆ dedicado à temÆtica do emprego. Lançamento de campanhas mundiais Pela aboliçªo da pena de morte Aberto concurso nacional Oito mil novas vagas para professores O «Presidium» da Internacional Socialista (IS) esteve reunido sÆbado passado em Sintra. Foi a primeira reuniªo do órgªo dirigente desde que o camarada António Guterres foi eleito presidente da IS, durante o congresso de Paris, em Novembro. No final da reuniªo do «Presidium», o secretÆrio-geral do PS anunciou que a Internacional irÆ levar a cabo, a nível mundial, quatro grandes campanhas: a aboliçªo universal da pena de morte, o cancelamento da dívida externa dos países mais pobres do mundo, o fim à violŒncia contra as mulheres e um alerta para o fenómeno da pobreza no continente africano. O concurso nacional de profes-sores abriu, no dia 24, com oito mil novas vagas de quadro e com horÆrio completo para todos os níveis de ensino, do prØ-escolar ao secundÆrio. Os resultados deste concurso deverªo ser conhecidos com a afixaçªo das listas a 17 de Março. Segundo o MinistØrio da Educaçªo, a abertura do concurso nacional para o ano lectivo 2000/2001 visa prosseguir o objectivo do Executivo socialista de promover a estabilizaçªo do corpo docente.

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Page 1: Ano judicialCabrito assado à nortenha, queijo de Serpa e vinhos Tapada dos Chaves, Quinta do Carmo e Porto Ferreira faziam parte da ementa do jantar oferecido por Guterres ao primeiro-ministro

27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA1

Política Sociedade & País

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

SOCIALISTA

~

Nº1049 27 JANEIRO 2000 100$ - 0,5

Quem disse ?

«Famílias chilenasinteiras foramperseguidas edizimadas apenas porterem cometido o crimede acreditar nosvalores que SalvadorAllende personificava»

Eduardo BarrosoDNA, 22 de Janeiro

Ano judicial

Combatera morosidadeA abertura oficial do novo anojudicial ocorreu anteontem, terça-feira com as presenças de JorgeSampaio, António Costa, CunhaRodrigues, Cardona Ferreira e dePires de Lima.Na sua intervenção Jorge Sampaiodefendeu que todos os agentes dajustiça, e não só os advogados,devem cumprir prazos,observando que o combate àlentidão dos tribunais passa aindapela «simplificação dos actos» quediariamente são praticados porjuizes, magistrados do MinistérioPúblico e funcionários judiciais.Elegendo a morosidade comoprincipal inimigo a abater, oPresidente da República lembrouque as responsabilidades, naJustiça, devem ser partilhadas portodos.O Presidente da Repúblicaapontou, ainda, algumas medidasque considera urgentes como arevisão do regime de notificaçõese os critérios de domicílio, ainformatização dos tribunais e o fimdos recursos dilatórios para ostribunais superiores.O ministro da Justiça mostrou-sede acordo com o Presidente daRepública no sentido de que épreciso mudar o regime dasnotificações.António Costa, que falava no finalda sessão solene de abertura doano judicial, mostrou-se satisfeitopor todos os intervenientes nacerimónia terem trazido contributosextremamente úteis para «amudança» da Justiça.A propósito da questão dasnotificações, um dos pontos altosdo discurso de Jorge Sampaio, otitular da pasta da Justiça referiuque «as notificações são umachaga do sistema judicial».«Uma carta que sai de um tribunalcusta 500 escudos. É acorrespondência mais cara queexiste no país e, curiosamente, aúnica que não chega aodestinatário. E não chega aodestinatário porque a notificação éfeita por tal forma que quem nãoquer ser notificado pode-se furtarà notificação», enfatizou.Daí que António Costa estejaconvicto de que é necessário«adoptar nos tribunais a regranormal das comunicações, que éa via postal sem aviso derecepção».

A cimeira luso-espanhola, que se realizou e quarta-feiraem Salamanca, ficou marcada por um quadro deexcelentes relações diplomáticas e políticas entre Portugale Espanha. Os dois países preparam-se para avançar comprojectos comuns de acessibilidades ferroviárias de altavelocidade e rodoviárias. Nos próximos anos, estarãoconstruídas cinco auto-estradas a ligar os dois países daPenínsula Ibérica. Na cimeira, o primeiro-ministro deEspanha manifestou total apoio e empenhamento nosucesso do Conselho Europeu Extraordinário de Lisboa,em Março, e que será dedicado à temática do emprego.

Lançamento de campanhas mundiaisPela abolição da pena de morte

Aberto concurso nacionalOito mil novas vagas para professores

O «Presidium» da Internacional Socialista (IS) estevereunido sábado passado em Sintra. Foi a primeirareunião do órgão dirigente desde que o camaradaAntónio Guterres foi eleito presidente da IS, duranteo congresso de Paris, em Novembro. No final dareunião do «Presidium», o secretário-geral do PSanunciou que a Internacional irá levar a cabo, a nívelmundial, quatro grandes campanhas: a aboliçãouniversal da pena de morte, o cancelamento dadívida externa dos países mais pobres do mundo, ofim à violência contra as mulheres e um alerta parao fenómeno da pobreza no continente africano.

O concurso nacional de profes-sores abriu,no dia 24, com oito mil novas vagas de quadroe com horário completo para todos os níveisde ensino, do pré-escolar ao secundário.Os resultados deste concurso deverão serconhecidos com a afixação das listas a 17de Março.Segundo o Ministério da Educação, aabertura do concurso nacional para o anolectivo 2000/2001 visa prosseguir o objectivodo Executivo socialista de promover aestabilização do corpo docente.

Page 2: Ano judicialCabrito assado à nortenha, queijo de Serpa e vinhos Tapada dos Chaves, Quinta do Carmo e Porto Ferreira faziam parte da ementa do jantar oferecido por Guterres ao primeiro-ministro

ACÇÃO SOCIALISTA 2 27 JANEIRO 2000

A SEMANA

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1982

SEMANAEDITORIAL A Direcção

ENTREVISTA AO AUTORDE «CEM ANOS DE SOLIDÃO»

No canto superior direito da primeirapágina da edição de 28 de Janeiro do«AS» vinha em lugar destacado o anúnciode um grande comício do PS agendadopara o dia seguinte no Pavilhão dosDesportos, em Lisboa, sob o lema «Poruma alternativa socialista».O PS intensifica a luta contra a AD noGoverno e para o comício estavamprevistas intervenções de Mário Soares,Jorge Sampaio, Manuel Alegre, BejaSantos, César Oliveira e Jorge Miranda.Nas páginas 8 e 9 os leitores do órgãooficial do PS podiam deleitar-se com umaentrevista de Jean-Paul Liegeois, do jornal«L´Unité», a Gabriel García Márquez, oautor de «Cem Anos de Solidão», um dosmais belos romances do século.«Garantindo a cumplicidade dos políticosda democracia-cristã para que o seugolpe de Estado tivesse êxito, Pinochet eos militares tiveram que levar a cabo umaterrível repressão porque tinham todo opovo contra eles», afirmava GabrielGarcía Márquez, numa entrevista em queabordava, entre outros temas, a situaçãode muitos países da América Latina sobo domínio de sangrentas ditaduras com

a bênção do então presidente dos EUA,o ultraliberal e conservador RonaldReagan. J. C. CASTELO BRANCO

28 de Janeiro

Quem disse?

«Reagan nega a qualquer povo latino-americano o direito de se �mexer�, demodificar o contexto político do país emque vive. O direito de se autodeterminar.Para Reagan, tudo o que �mexe� faz ojogo da União Soviética»Gabriel García Márquez

Jantar diplomático: relações luso-polacas

O primeiro-ministro, António Guterres,recordou a história da Polónia ao destacara importância do país para a estabilidadeda Europa na intervenção que fez no jantarque ofereceu quinta-feira, dia 20, em Sintra,ao seu homólogo polaco, Jerzy Buzek.Guterres lembrou o cerco de Viena em1683 pelo império otomano, quando acapital austríaca foi salva pelo rei daPolónia, John Sobieski, considerando que,provavelmente, sem o apoio polaco ahistória da Europa seria completamentediferente.Congratulando-se com o facto de os doispaíses já hoje serem parceiros da NATO eem breve o serem também na UniãoEuropeia, António Guterres salientou as

afinidades entre os dois povos dos doisextremos da Europa, enquanto que Buzek,por seu turno, ao agradecer, evocou o 25de Abril e os estudantes da Universidadede Coimbra.Cabrito assado à nortenha, queijo de Serpae vinhos Tapada dos Chaves, Quinta doCarmo e Porto Ferreira faziam parte daementa do jantar oferecido por Guterres aoprimeiro-ministro da Polónia, no Palácio daVila, em Sintra.Jaime Gama, Elisa Ferreira, Seixas daCosta, Artur Santos Silva e outros nomesdos meios empresariais, nomeadamenteligados a grupos económicos portuguesespresentes no mercado polaco, incluíam-seentre os participantes no jantar.

Cinema: duplicar longas-metragens

O Ministério da Cultura vai investir 27milhões de contos no sector do cinema,audiovisual e multimédia até 2003, fixandocomo um dos objectivos a duplicação dacriação de longas-metragens portu-guesas.Terça-feira, dia 25, no Centro Cultural deBelém, o ministro Manuel Maria Carrilhoanunciou, já para 2000, o investimento detrês milhões de contos e um conjunto demedidas que visam, além do reforço

financeiro, uma «aposta no aumento ediversificação da produção» cinemato-gráfica, audiovisual e multimédia.Até 2003, no domínio do cinema, oMinistério da Cultura espera aumentar oapoio à produção nacional de longas-metragens a mais duas por ano, de formaa atingir 48 no final da presente legislatura.Neste conjunto insere-se a atribuição, pelaprimeira vez, a projectos infantis e juvenisna área das curtas-metragens.

Presidenciais: Sampaio continua«100 por cento disponível»

O Presidente da República, Jorge Sampaio,afirmou que se tivesse de tomar hoje umadecisão quanto à sua recandidatura aocargo estaria «100 por cento disponível».Jorge Sampaio, em conversa informal comjornalistas no Palácio de Belém, dissemanter actualmente a posição expressa hácerca de dois anos numa entrevista à RádioRenascença.O Presidente da República acrescentou quea sua decisão definitiva - e o respectivoanúncio - depende da «avaliação pessoal epolítica» que fizer no momento consideradopor si oportuno.Recusando falar sobre os aspectos

partidários da corrida ao cargo, JorgeSampaio teceu no entanto algunscomentários sobre a respectiva campanhaeleitoral.«Terá de ser paradigmática» e exemplar emmatéria de «gastos, contas econtribuições», sustentou, manifestando oseu contentamento com o consensopartidário em matéria de financiamento dospartidos.Recorde-se que Jorge Sampaio temdefendido ao longo dos anos a reduçãodos gastos em campanhas eleitorais, o seufinanciamento público e a transparência doseu controlo.

Brasil/500 anos: Soares visita local das celebrações

O camarada Mário Soares, co-residente dacomissão de honra Portugal-Brasil para ascomemorações dos 500 anos dodescobrimento do Brasil, visitou no dia 21Porto Seguro, local onde decorrerão asprincipais cerimónias alusivas àscelebrações, em Abril.Soares viajou do Rio de Janeiro para PortoSeguro em avião da força aérea brasileiraacompanhado pelos restantes membros dadelegação portuguesa - o secretário deEstado da Presidência do Conselho deMinistros, Vitalino Canas, o assessor político

do Presidente da República, Marques daCosta, o embaixador de Portugal no Brasil,Francisco Knopfli e o comissário-geral paraas comemorações dos descobrimentosportugueses, Joaquim Romero deMagalhães.Entre as obras anunciadas para assinalar os500 anos da chegada das naus capitaneadaspor Pedro Álvares Cabral estão a construçãode um centro comercial de artesanato e deum aldeamento para a população índia quehabita a região de Coroa Vermelha, a cercade 20 quilómetros de Porto Seguro.

Internacional SocialistaPelo fim da Pena de Morte

Sintra foi o palco escolhido para a primeira reunião do «Presidium» da Internacional Socialistaapós a eleição de Novembro, em Paris, do camarada António Guterres para presidente.Nesta reunião debateu-se a estratégia e as principais linhas de intervenção da InternacionalSocialista para os próximos três anos, período de vigência da presidência do secretário-geral do PS.Num mundo em permanente mutação tecnológica e cultural, o pensamento do socialismodemocrático e da social democracia vive na permanente procura de novas respostas paranovos desafios, de novas soluções para novos problemas.Trata-se, como referiu António Guterres na sua tomada de posse como primeiro-ministro, deafirmar no plano ideológico, uma nova síntese criadora, à altura das interrogações com queo mundo nos interpela na aurora do novo século e milénio.Uma síntese que se reclama, desde logo, herdeira dos valores do século das luzes. Doprimado da razão, do combate a todas as formas de irracionalidade na acção política, tenhamelas a ver com os nacionalismos exacerbados, os fundamentalismos religiosos ou o racismoe a xenofobia.Fazendo jus aos princípios fundamentais da «liberdade, igualdade e fraternidade», foi aprovadodurante a reunião da IS o lançamento de quatro grandes campanhas a nível mundial: aabolição universal da pena de morte, o cancelamento da dívida externa dos países maispobres do mundo, o fim à violência contra as mulheres e um alerta para o fenómeno dapobreza no continente africano.Estas quatro campanhas que fazem parte de uma nova visão da Internacional Socialistapara o século XXI serão aprofundadas na reunião do Conselho da organização, que serealizará em Bruxelas no próximo mês de Abril, onde será igualmente debatido um documentosobre a Plataforma Global da organização. Este documento reveste-se da maior importância,pois tem por base a necessidade de se assegurar a governabilidade do fenómeno daglobalização e tem como objectivo a exploração de uma nova síntese entre a meta do plenoemprego, o crescimento económico, a modernização e a coesão social, valores amplamentedefendidos por António Guterres.Neste sentido foram igualmente criados dois grupos de trabalho para analisar asconsequências da última reunião da Organização Mundial do Comércio (a meta da IS écompatibilizar comércio livre e comércio justo) e os resultados saídos da conferência mundialde Kyoto (Japão) sobre ambiente, o que salienta a importância que a Internacional Socialistaestá a dar a estes assuntos.

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

SALAMANCA Cimeira luso-espanhola

TGV VAI CHEGAR FINALMENTEA PORTUGAL

A cimeira luso-espanhola, que serealizou e quarta-feira emSalamanca, ficou marcada por umquadro de excelentes relaçõesdiplomáticas e políticas entrePortugal e Espanha. Os dois paísespreparam-se para avançar comprojectos comuns deacessibilidades ferroviárias de altavelocidade e rodoviárias.Nos próximos anos, estarãoconstruídas cinco auto-estradasa ligar os dois países da PenínsulaIbérica. Na cimeira, o primeiro-ministro de Espanha manifestoutotal apoio e empenhamento nosucesso do Conselho EuropeuExtraordinário de Lisboa, emMarço, e que será dedicadoà temática do emprego.

um clima marcado pelasexcelentes relações entrePortugal e Espanha, decorreuem Salamanca terça e quarta-

feira mais uma cimeira luso-espanhola.Nas conclusões da reunião aos mais altonível entre os governos de António

Guterres e de Jose Maria Aznar, oprimeiro-ministro português anunciou queos dois países ibéricos vão apresentar àComissão Europeia um projecto comumde transporte ferroviár io de altavelocidade. Como salientou o ministro daPresidência e do Equipamento Social,Jorge Coelho, após ter reunido com o seuhomólogo espanhol, Arias Salgado, ogrupo de trabalho entrará em funçõesdentro de três meses. Constituído o grupode trabalho, estudar-se-á depois o trajectode ligação entre Madrid e Lisboa, troçoque permitirá a Portugal ficar ligado àsprincipais redes europeias de altavelocidade ainda durante a presentedécada. Pela parte espanhola, acredita-se que o troço entre Lisboa e Madridpoderá estar concluído em 2007.Ainda no domínio das acessibilidades, osgovernos de Portugal e de Espanhacomprometeram-se a ter cinco ligaçõesentre os dois países nos próximos anos,completando os troços de Vilar Formosoe do Itinerário Principal 4, via Bragança.Antes de António Guterres e de Jose MariaAznar chegarem à presidência dosrespectivos governos, não exist iaqualquer ligação por auto-estrada entre

os dois países.A cimeira luso-espanhola ficou tambémmarcada pela ideia de os dois governosse prepararem para impulsionar asassociações representativas dosrespectivos países no sentido de que seencontrem com mais frequência, troquemexperiências e desenvolvam projectos deintercâmbio. A Espanha já tem experiênciadeste género com países como o ReinoUnido e a Itália. O primeiro-ministroespanhol frisou a importância deste ponto,sublinhando que deseja um maiorintercâmbio entre professores e alunos dosdois países da Península Ibérica.Portugal e Espanha também decidiramconstituir uma comissão técnica para oacompanhamento da aplicação das regrasprevistas no convénio luso-espanhol sobrerepartição de recursos hídricos. Equipasmistas vão igualmente ser formadas naárea do combate aos angariadores demão-de-obra barata nacional paraEspanha, sobretudo para as colheitas demorango e de tomate. Os ministroespanhol do Trabalho, Manuel Pimentel,aceitou que todas as equipas defiscalização espanhola possuam tambémum elemento de nacionalidade

portuguesa. Por outro lado, após aexperiência do corrente ano, em que seabriram quatro processos-crime contraangariadores de mão-de-obra e dedetectaram mais de 3 500 casos detrabalhadores sem direitos laboraismínimos, os executivos de Madrid e deLisboa acordaram em ampliar o númerode equipas de fiscalização.No domínio da cooperação policialtambém se registaram novidades.Portugal, que já tem em marcha umprograma de investimentos para aaquisição de lanchas rápidas, vai passara ter uma vigilância mais apertada na lutacontra o tráfico de droga por via marítima.Por via terrestre, em Quintanilha, distrito deBragança, vai funcionar uma esquadrapolicial mista para impedir a imigraçãoclandestina.No plano europeu, também houvecoincidência de posições entre os doisexecutivos. O primeiro-ministro deEspanha prometeu a António Guterres totalapoio à agenda da presidência portuguesada União Europeia, sobretudo, no queconcerne à realização da cimeiraextraordinária de Lisboa sobre emprego,no mês de Março.

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ACÇÃO SOCIALISTA 4 27 JANEIRO 2000

POLÍTICA

PELA ABOLIÇÃODA PENA DE MORTE

INTERNACIONAL SOCIALISTA Lançamento de campanhas mundiais

O «Presidium» da InternacionalSocialista (IS) esteve reunidosábado passado em Sintra. Foi aprimeira reunião do órgão dirigentedesde que o camarada AntónioGuterres foi eleito presidente da IS,durante o congresso de Paris, emNovembro. No final da reunião do«Presidium», o secretário-geral doPS anunciou que a Internacional irálevar a cabo, a nível mundial,quatro grandes campanhas: aabolição universal da pena demorte, o cancelamento da dívidaexterna dos países mais pobres domundo, o fim à violência contra asmulheres e um alerta para ofenómeno da pobreza nocontinente africano. Na reunião deSintra, o primeiro-ministro e todo o«Presidium» da IS manifestaram oseu repúdio pelo mais recenteatentado perpetrado pelo grupoterrorista da ETA. Num sentidocompletamente diferente, aInternacional manifestou a suasatisfação pela importante vitóriaalcançada pelo camarada RicardoLagos nas eleições para aPresidência da República do Chile.

stas quatro campanhas fazemparte da visão da IS para oséculo XXI e serãoaprofundadas na reunião do

Conselho da organização, que se realizaráem Bruxelas nos dias 10 e 11 de Abril. Nareunião que decorreu na Penha Longa, osecretário-geral do Partido Socialista epresidente da IS também procedeu àescolha dos membros da nova comissãoexecutiva. Uma escolha que foi feita entreos elementos que compõem o«Presidium».Na Comissão Executiva da IS liderada porAntónio Guterres estão o primeiro-ministrodo Reino Unido, Tony Blair, o chefe doGoverno sueco, Goran Persson, o líder dossocialistas belgas, Elio di Ruppo, odirigente máximo da EsquerdaDemocrática de Itália, Walter Veltroni, oprimeiro secretário do Partido SocialistaFrancês, Francois Holland, e o candidatoà presidência do Governo espanhol e líderdo PSOE, Joaquín Almunia. Na equipaexecutiva de António Guterres entrarãoainda o ministro de Estado do Senegal,Osmane Dieng, e o presidente do PartidoRadical Social Democrata do Chile,Anselmo Sule.

Governar e regulara globalização

Além dos pontos relacionados com ascampanhas mundiais que serão

promovidas nos próximos três anos, opresidente da IS também adiantou que,durante a reunião do Conselho emBruxelas, será aprovado o documentosobre a Plataforma Global da organização,cuja equipa que prepara o documento épresidida pelo ex-chefe do Governoespanhol, Felipe González. Essedocumento tem como pontos base anecessidade de se assegurar agovernabil idade do fenómeno daglobalização e tem como objectivoexplorar-se uma nova síntese entre a metado pleno emprego, o crescimentoeconómico, a modernização e a coesãosocial. «É preciso compatibilizar estesvalores», afirmou António Guterres no finalda reunião de Sintra, garantindo, depois,que a IS continuará a ter como princípiosfundamentais a «liberdade, a igualdade ea fraternidade».O «Presidium» da Internacional Socialistatambém decidiu organizar anualmente umfórum internacional temático, que será

aberto a empresários, a sindicatos e aentidades representativas da sociedadecivil. Encontros que terão como objectivoproporcionar uma maior aproximaçãoentre os dirigentes socialistas e sociais-democratas de todos os continentes e osproblemas mais acesos à escala mundial.Foram igualmente criados dois grupos detrabalho para analisar as consequênciasda última reunião da Organização Mundialdo Comércio (a meta da IS é compatibilizarcomércio livre e comércio justo) e osresultados saídos da conferência mundialde Kyoto (Japão) sobre ambiente.

Apoio aos socialistas espanhóis

Segundo António Guterres, na reunião deSintra, a IS encarou com «preocupação» orecente golpe de Estado ocorrido noEquador, desejando que seja rapidamenterestabelecida a normalidade democrática, emanifestou a sua clara oposição àintervenção do exército russo na Tchechénia.

Numa reunião que se prolongou por váriashoras no dia de sábado, o «Presidium» daIS, por unanimidade, manifestou a sua«mais profunda satisfação pela vitória donosso companheiro Ricardo Lagos nasrecentes eleições presidenciais naRepública do Chile. A nossa Internacionalfaz chegar ao presidente eleito Lagos asuas calorosas fel icitações e seusmelhores desejos de êxito neste hora dereafirmação pelo povo chileno dosprincípios e valores comuns». No mesmosentido, a IS «manifestou o seu desejo deêxito ao Partido Socialista OperárioEspanhol (PSOE) nas eleições que terãolugar no dia 12 de Março, ao mesmo tempoque expressa o seu mais firme apoio aJoaquín Almunia como candidato àpresidência do Governo de Espanha».Ainda em relação ao país vizinho, o«Presidium» da IS expressou a sua «maisfirme condenação pelo atentadoperpetrado sexta-feira, em Madrid, pelogrupo terrorista ETA». A IS manifestou a suasolidariedade «com a família da vítima ecom o povo espanhol». Em Sintra,«demonstrou também a sua preocupação«pela ruptura do processo de diálogo paraacabar com a violência terrorista, comocondição irrecusável de convivência livree em paz». A IS, por isso, «reage com todaa energia contra o uso da violência e todaa cobertura que a possa justificar. Umasociedade democrática como Espanhanão pode aceitar o fenómeno do terror, jáque todas as opiniões podem colocar-seem paz e com plena liberdade».Finalmente, também por unanimidade, o«Presidium» da IS transmitiu que está aacompanhar com satisfação a vitória de«Tarja Halonen» na primeira volta daseleições presidenciais na Finlândia.Enviamos a ela e ao Partido SocialistaFinlandês os nossos melhores desejos deêxito na segunda volta das eleiçõespresidenciais, que se realizará a 6 deFevereiro próximo».Entre outros importantes dirigentes da IS,est iveram na reunião de Sintra osecretário-geral da organização, LuísAyala, o secretário nacional para asRelações Internacionais do PS, JoséLamego, o presidente do Part idoDemocrático Trabalhista do Brasil, LeonelBrizola, a l íder do Part ido Social-Democrata do Japão, Takako Doi, osprimeiros-ministros do Mal i e deMarrocos, respectivamente, Ibrahim Keitae Abderrahman Youssoufi, os ex-chefesde Estado da Bolívia e da Argentina, JaimePaz Zamora e Raúl Alfonsín, o presidentedos Jovens da Internacional Socialista(IUSY), Umberto Gentiloni, o presidente doGrupo Parlamentar do Partido SocialistaEuropeu, Enrique Barón Crespo, e o ex-primeiro-ministro de Espanha FelipeGonzález.

E

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 21 de Janeiro

O Conselho de Ministros aprovou:

� Um projecto de proposta de lei que autoriza o Governo a legislar em matéria deformação de contratos de arrendamento urbano para comércio, indústria e exercíciode profissão liberal e de contratos de trespasse;� Um decreto-lei que prevê a criação de cartórios notariais de competênciaespecializada;� Um decreto-lei que confere competência para a conferência de fotocópias às juntasde freguesia e ao serviço público de correios, CTT - Correiros de Portugal, SA, àsCâmaras de Comércio de Indústria reconhecidas nos termos do decreto-lei n.º 244/92, de 29 de Dezembro, aos advogados e aos solicitadores;� Um decreto-lei que prevê que a fotocópia simples de documento autêntico ouautenticado seja suficiente para a instrução de processo administrativo gracioso;� Um decreto-lei que prevê que a instrução de actos e processo dos registos e donotariado possa ser efectuada com fotocópia de documento autêntico ou autenticado,desde que conferida com o original ou documento autenticado exibido perante ofuncionário que o receba;� Um decreto-lei que dispensa de escritura pública na realização de um conjunto deactos previstos no Código das Sociedades Comerciais, no regime do EstabelecimentoIndividual de Responsabilidade Limitada e no regime do Agrupamento Complementarde Empresas;� Um projecto de decreto-lei que regula a criação de serviços de polícia municipal;� Um projecto de decreto-lei que regula as condições e o modo de exercício defunções de agente de polícia municipal;� Um decreto-lei que estabelece o regime especial de licença extraordinária, dedispensa de prestação de trabalho e de relevação de faltas escolares, aplicável aosmembros das tripulações da Caravela «Boa Esperança» e dos veleiros na viagemcomemorativa do V Centenário da Descoberta do Brasil;� Um diploma que altera o decreto regulamentar que regula o regime contratual deinvestimento estrangeiro aplicável aos projectos com especial interesse para aeconomia nacional;� Um diploma que altera o decreto-lei n.º 559/99, de 17 de Dezembro, dandoacolhimento na ordem jurídica nacional às derrogações introduzidas pela Decisãon.º 1999/713/CE, da Comissão, de 21 de Outubro de 1999, as quais permitem olevantamento parcial do embargo às exportações portuguesas de bovinos vivos e deprodutos de origem bovina;� Um decreto-lei que cria as Escolas Superiores de Saúde de Aveiro e de Setúbal;� Um decreto-lei que aprova o Estatuto da Denominação de Origem ControladaBucelas;� Um decreto regulamentar que aplica às carreiras e categorias com designaçõesespecíficas, da Direcção-Geral dos Impostos, a revalorização no decreto-lei n.º 404-A/98, de 18 de Novembro, que aprovou a reestruturação de carreiras na AdministraçãoPública;� Um decreto que desafecta do Regime Florestal Parcial uma área de 22 hectares deterreno baldio, situada na freguesia de Mundão, concelho de Viseu e integrada noPerímetro Florestal de São Salvador, para efeitos de expansão da zona industrial deMundão;� Uma resolução que autoriza o Instituto do Emprego e Formação Profissional aadquirir o imóvel para o Centro de Emprego de Alcântara;� Uma resolução que nomeia o novo Conselho de Administração do ICEP -Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal;� Uma resolução que nomeia os novos representantes de Portugal no Comité dasRegiões da União Europeia;� Uma resolução que nomeia Luís Manuel Antunes Capucha como novo representanteefectivo do Governo no Conselho Económico e Social.

DISPENSA DE ESCRITURAPÚBLICA

CARTÓRIOSESPECIALIZADOS

DESTAQUE � CM Arrendamento urbano

O Governo pode agora legislar em matériade formação de contratos de arrendamentourbano para comércio, indústria e exercíciode profissão liberal e de contratos detrespasse.A decisão foi tomada, na passada sexta-feira, dia 21, pelo Conselho de Ministros,reunido em Lisboa.O projecto de proposta de lei aprovadoprevê a possibilidade de celebração decontratos de arrendamento sujeitos aregisto, ou para comércio, indústria ouexercício de profissão liberal, bem comopara trespasse, cessão de exploração deestabelecimento comercial e cessão daposição de arrendatário, através decontrato escrito, dispensando-se aescritura pública.O arrendamento urbano sujeito a registo eo arrendamento para comércio, indústriaou exercício de profissão liberal é um tipode contrato que pode ser celebrado comdispensa de escritura pública sem que daíadvenha prejuízo para a certeza, asegurança ou até o efeito probatório domesmo contrato.Destaque-se que já é actualmente comum

a respectiva celebração ao arrepio dostermos legalmente exigidos, emmanifestação particular de confiançarecíproca nos contratos celebrados entrecomerciantes e profissionais liberais.A mesma ordem de razões vale para acessão da posição contratual noarrendamento.Também o trespasse e a cessação deexploração de estabelecimento comercialestão sujeitos ao que os representantesdas associações profissionais e dasconfederações de comércio e indústriareputam ser um «excesso de forma» quepouco ou nada acrescenta à salvaguardados interesses dos celebrantes.Neste contexto, o Executivo socialistaentendeu ser esta uma área de possívelintervenção no sentido da simplificação edesburocratização já que, porquepraticados especialmente entrecomerciantes ou profissionais liberais,estes contratos são protagonizados, logono seu processo de formação, por quemtem o maior nível de conhecimento eprotecção próprio dessas classesprofissionais.

DESTAQUE � CM Notários

O Conselho de Ministros aprovou, no dia21, um decreto-lei que prevê a criação decartórios notariais de competênciaespecializada.A verificação de grande desproporçãoentre a oferta e a procura de serviçosnotariais que provoca aos utentes doscartórios situações de dispêndio de tempodesproporcionadas à importância doserviço prestado e as preocupações degarantia da certeza e da segurança docomércio jurídico envolvido pela actividadenotarial aconselham à criação de serviçosalternativos.Este diploma vem possibilitar a criação de

serviços alternativos, a serem prestados noâmbito de cartórios notariais decompetência especializada, quefuncionarão nas instalações deorganismos ou institutos públicos,associações patronais ou empresariais,câmaras de comércio e industria e ordensprofissionais.A criação destes novos cartórios, cujacompetência é definida em função dosintervenientes nos actos notariais ou daactividade exercida pelas entidades que osacolhem, permite uma especialização defunções e, consequentemente, a prestaçãode um serviço mais célere e eficaz.

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ACÇÃO SOCIALISTA 6 27 JANEIRO 2000

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

ADMINISTRAÇÃO INTERNAO ministro da Administração Interna,Fernando Gomes, confirmou sexta-feira,dia 21, em Santarém, que o Executivosocialista vai financiar em 90 por cento oscustos de instalação das políciasmunicipais.

Segundo Fernando Gomes, as autarquiaspoderão substituir a sua própriafiscalização administrativa pelos políciasmunicipais.O Governo, entretanto, aprovou emConselho Ministros, os decretos-lei queregulam a criação das polícias municipaise os apoios para a instalação de quartéis,compra de veículos, material decomunicações, armas e fardas.Para Fernando Gomes, as políciasmunicipais «vão retirar à PSP e à GNR umacarga administrativa e de fiscalização detrânsito e pequenas funções que absorvemgrande parte dos quadros», permitindolibertar meios humanos para «o combateà criminalidade».«A criação das novas polícias depende davontade das câmaras municipais e obrigaos novos agentes a terem formação policialna Escola Prática de Polícia», referiu ogovernante.O Governo prevê que, por ano, sejamformados 300 polícias municipais, cujaactuação será desenvolvida emcomplementaridade com a da PSP e daGNR.Para Fernando Gomes, trata-se de um«processo gradativo», que deverá serposto em prática «onde as questões desegurança mais se fazem sentir, como nosgrandes centros urbanos e nas áreasmetropolitanas».O ministro fez estas declarações antes departicipar na sessão de encerramento doseminário organizado pela AssociaçãoNacional de Municípios Portugueses sobreo tema «Políticas Desportivas Locais,Regionais e Nacionais».

COMUNIDADESO secretário de Estado das Comunidades,José Lello, salientou, no dia 20, em Lisboa,a importância do plano estratégico demarketing direccionado aos emigrantesportugueses, aos residentes e espanhóis,classificando-o de oportuno e objectivo.O governante, que falava no encerramentodo seminário «Três Vertentes do Turismo

Português», referiu tratar-se de um planoimportante porque permite uma nova visãoe uma nova abertura ao considerar osportugueses residentes no estrangeirocomo turistas em Portugal.

«Esse plano estratégico é ajustado aomercado que até aqui não foi tido emdevida conta, porque em Portugal existiao desconhecimento total da realidadeactual das comunidades portuguesas noestrangeiro», disse. Segundo Lello, osportugueses residentes no estrangeiro têmdado um vasto contributo, através da suapresença e participação quer no turismoquer na economia, áreas que considera derelevada importância para Portugal.José Lello explicou que tal como o País temevoluído ao longo dos últimos 30 anos,também «as comunidades portuguesastêm evoluído nos países de acolhimento,integrando-se, valorizando-se erepresentam hoje em dia uma mais valiapara Portugal».Apresentado no seminário pelo secretáriode Estado do Turismo, Cabrita Neto, oplano estratégico de marketing paraportugueses residentes no estrangeiro temcomo objectivo melhorar a atractividade dePortugal para decisões de viagem turísticae reforço do País como destino que aliahistória, tradição e modernidade.

ECONOMIA E FINANÇASO ministro das Finanças e da Economia,Pina Moura, anunciou segunda-feira, dia24, no Porto, que a taxa de IRC (impostosobre os lucros das empresas) baixará em

este ano de 34 para 32 por cento, o quesignifica que o Orçamento de Estado 2000cumprirá metade da baixa de quatropontos percentuais prevista para toda alegislatura.«A taxa de imposto sobre rendimento depessoas colectivas para as empresas comum volume de vendas entre 30 mil contose 100 mil contos baixará de 32 para 25 porcento», acrescentou o governante quefalava na conferência de Imprensa à saídada reunião com o Conselho Consultivo daAssociação Empresarial de Portugal.

EDUCAÇÃOO ministro da Educação, Guilhermed�Oliveira Martins, apelou na sexta-feira, dia21, em Seia, ao empenhamento dasescolas na formação cívica em ligação àcomunidade.

O governante falava na abertura do «VIIEncontro Nacional das EscolasAssociadas da UNESCO», onde salientoua importância do diálogo de culturas,reconhecimento das suas diferenças eigualdade de oportunidades.Oliveira Martins apelou às escolasassociadas da UNESCO para seresponsabilizarem no desenvolvimento de«um projecto educativo para a cidadania»e definiu como estratégia neste domínio a«batalha pela qualidade».O ministro anunciou para Março, após asférias do Carnaval, a realização nas escolasde um «Dia da Cidadania», «umaoportunidade para que as escolasapresentem o seu projecto de cidadania».Oliveira Martins afirmou ainda que oMinistério da Educação está a dar «grandeprioridade à educação cívica», pelo queevidenciou a importância de a experiênciadas Escolas Associadas da UNESCOpoder ser comunicada a outrosestabelecimentos escolares.Educação ambiental, formaçãodemocrática, poder local,descentralização, acompanhamento dasinstituições locais, participação doscidadãos foram áreas que o governantedefiniu como passíveis de, no âmbito daeducação cívica, serem ministradas pelasescolas.Num discurso essencialmente virado paraas escolas, Oliveira Martins defendeu sernecessário apostar na «batalha daqualidade» com a participação dos

professores, educadores, comunidadeescolar e agentes sociais, numaperspectiva de «cultura para a paz, deaproximação entre os cidadãos».«O futuro da Educação passa pelaeducação da cidadania», expressouGuilherme d�Oliveira Martins paraacrescentar que a revisão curricular queestá a ser finalizada e que «entra emvelocidade cruzeiro no ano lectivo 2001/02» vai incluir uma área dedicada àformação cívica.

IGUALDADEA ministra para a Igualdade, Maria deBelém, elogiou, no dia 24, em Vila doConde, a importância do «papel dasmulheres no desenvolvimento daagricultura portuguesa».

«Há todo um esforço para trazer à luz dodia a importância das mulheres naagricultura e do seu papel fundamental nodesenvolvimento do sector», acrescentou.A governante lembrou que «durante muitosanos as mulheres trabalharam naagricultura sem serem reconhecidas comotrabalhadoras».«Integradas numa exploração familiar, nãoexistiam pura e simplesmente, o seutrabalho era desvalorizado», frisou.Maria do Belém falava aos jornalistasdepois de uma visita a uma exploraçãoagrícola, onde foi recebida por mais deuma dezena de jovens agricultoras e poruma parada de tractores, por elasconduzidos.«É uma oportunidade de regresso àagricultura, nomeadamente para asmulheres», defendeu a ministra que semostrou «muito sensibilizada» com otrabalho das jovens agricultoras.A ministra para a Igualdade, que visitouainda o Museu da Agricultura de Vairão eentregou diplomas a jovens que acabaramum curso da Associação dos JovensAgricultores de Portugal (AJAP),considerou a agricultura como «um espaçode actividade profissional fundamental»para o Governo socialista.

INDÚSTRIA E ENERGIAO secretário de Estado da Indústria eEnergia considerou, no dia 20, emMatosinhos, que a indústria de calçadonacional «está no bom caminho», mas temde «apostar cada vez mais decididamente

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA7

PARLAMENTO

na distribuição, comercialização, marketinge concepção do produto».«Do ponto de vista tecnológico as nossasempresas estão a par do que se faz emtermos internacionais», afirmou VítorSantos, salientando que a indústrianacional «tem métodos de organização,grande experiência e saber acumulado emtermos de gestão e organização dosprocessos produtivos», mas tem agora de«dar passos de outra natureza».Vítor Santos, que falava na sessão deinauguração da Mostra Portuguesa deCalçado, que decorreu na Exponor,destacou que o sector está a conhecer«algumas alterações, passando da fase desubcontratação dependente e de respostaàs grandes encomendas para umasituação completamente nova». «Asnossas encomendas eram basicamentetomadoras de preços», explicou,salientando que «a indústria começa agoraa trabalhar pequenas séries, comsolicitações de curto prazo».Na opinião do governante, esta situação«vai ter implicações sobretudo ao nível daorganização das empresas, naestruturação de uma rede de distribuiçãoque lhes permita responderproactivamente às alterações que estão apercorrer todo o sector, não apenas emPortugal, mas em termos internacionais».Na análise que fez do sector considerouque «uma maioria cada vez maissignif icativa das empresas está jápreparada para essa situação, e as outrasestão rapidamente a adaptar-se a ela», peloque se justifica a «perspectiva optimista»de futuro que os industriais do sectordemonstram.

PESCASO secretário de Estado das Pescashomologou, no dia 24, o apoio à criaçãode dois Centros Comunitários, emMontegordo e Vila Real de Santo António,projectos que envolvem um investimentototal de 156 mil contos.

Segundo José Apolinário, os projectosapresentados pela Câmara de Vila Real deSanto António no âmbito da IniciativaComunitária Pesca, criarão 46 postos detrabalho, 36 dos quais serão ocupados porprofissionais provenientes do sectorpiscatório.Da totalidade do investimento, 44 mil

contos são suportados pelo orçamento daautarquia, enquanto os restantes 102 milcontos são assegurados pela IniciativaComunitária Pesca.

PORTOSO secretário de Estado dos Portos, NarcisoMiranda, que presidiu, no dia 21, emAveiro, à primeira reunião do ConselhoMarít imo Portuário, garantiu haverfinanciamento para os compromissosassumidos pelo anterior Executivo para osector.

«Há no PIDDAC condições para garantir osfinanciamentos necessários para cumpriros objectivos traçados pelo Governoanterior», assegurou.O secretário de Estado aludiu também aoPlano de Desenvolvimento Regional, queestá na fase final de apreciação, o qual,segundo disse, «terá uma fatia muitosignificativa para investimento no sectorportuário».Concretizando, Narciso Miranda referiuverbas para as pescas, recreio eacessibil idades, nomeadamente asferroviárias que se articulam com asmarítimas.«São uns bons milhões de contos»,comentou.O Conselho Nacional Marítimo Portuáriodebateu também as linhas de orientaçãodas concessões, que visam «libertar asadministrações portuárias de tarefas quepodem ser desempenhadas por outrasentidades».Mantêm-se como tarefas públicas a cargodas administrações dos portos oplaneamento, a fiscalização dos contratos,a articulação com as comunidades e asintervenções de requalificação urbana daszonas ribeirinhas.O Conselho Nacional Marítimo Portuárioreuniu sexta-feira, em Aveiro, pela primeiravez desde que foi instituído.Trata-se de um órgão que reúne as cincoadministrações portuárias nacionais, oInstituto Marítimo Portuário nacional e ostrês regionais e o Instituto de Navegaçãoe Transporte Marítimo, tendo por missãoharmonizar as políticas do sector.

TURISMOOs emigrantes portugueses, quejuntamente com os residentes e osespanhóis condicionarão o futuro do

turismo em Portugal, vão ter um planoestratégico de marketing próprio.O anúncio foi feito, quinta-feira, em Lisboa,pelo secretário de Estado do Turismo,Cabrita Neto, que participava na cerimóniade encerramento do seminário «TrêsVertentes do Turismo Português».Recorde-se que este segmento turístico,até agora pouco explorado, reveste umagrande importância pois representa doismilhões de visitantes cuja permanênciamédia nos dois últimos anos foi de 17dias.Cabrita Neto lançou um desafio ao seuhomólogo das ComunidadesPortuguesas, José Lello, presente noseminário, no sentido de se juntaremesforços para conhecer bem o grupo emcausa e apostar nos seus interesses.Nos próximos anos, o turismo português«já não vai crescer ao ritmo registado nosúltimos tempos. Temos de pensar no tipode actividade que queremos, porquetemos l imitações geográf icas e derecursos» referiu.

O governante acrescentou que «nospróximos quatro a cinco anos joga-se ofuturo do turismo português».O plano estratégico de marketing paraportugueses residentes no estrangeirotem como object ivo melhorar aatractividade de Portugal para decisõesde viagem turística e reforço do País comodestino que alia história, tradição emodernidade.Os instrumentos a serem empregues paraa concretização do referido objectivo sãoa cooperação com as agências deviagens a operar nas comunidadesportuguesas, o estímulo às estadias emestabelecimentos hoteleiros e a realizaçãode circuitos turísticos.Para durar dois anos, este plano, intitulado«Portugal - histór ia, tradição emodernidade», tem segmentos alvodefinidos e aposta num marketing mixdetalhado para cada mercado alvotentando também um aumento daduração das estadas e das despesasturísticas.

PELO PAÍS Governação Aberta

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 27 JANEIRO 2000

PARLAMENTO

NÃO À REDUÇÃO DAS VERBASPARA A COMISSÃO FEDERAL

DE ESTRANGEIROS

DEPUTADO PAULO PISCO Comunidades/Suíça

O deputado socialistaPaulo Pisco manifestou aoembaixador da Suíça emPortugal a suapreocupação pelaredução das verbas paraa Comissão Federal de

Estrangeiros (CFE) e pela transferência datutela desse organismo para a polícia.Nesse sentido, o deputado socialista eleitopelo Círculo da Europa enviou recentementeuma carta ao embaixador da Suíça emPortugal, solicitando um encontro para trocade impressões, não tendo até hoje obtidouma resposta.No passado dia 12, o Conselho Federal daSuíça decidiu reduzir as verbas previstaspara a CFE de um milhão e oitocentos milcontos (15 milhões de francos suíços) para620 mil contos (cinco milhões de francos) etransferiu a tutela deste organismo para aDirecção Federal dos Estrangeiros, serviçoque pertence ao Departamento Federal deJustiça e Polícia.Na carta enviada ao embaixador HansrudolfHoffmann, Paulo Pisco refere que as

medidas adoptadas causam «as maioresapreensões», nomeadamente pelo impactoque vai ter na comunidade portuguesa naSuíça.O deputado do PS salienta na missiva quea adopção dessas medidas afiguram-se«contraditórias com o percurso deaproximação da Suíça à União Europeia,consubstanciada nos acordos UE-Suíça,nos quais a liberdade de circulação decidadãos comunitários é um elementofundamental».«Com a passagem da Comissão Federal deEstrangeiros para tutela do DepartamentoFederal de Justiça e Polícia criam-se desdelogo elementos de intimidação psicológicaque certamente terão efeitos negativos nascomunidades estrangeiras e na forma comoelas são encaradas e aceites pela opiniãopública, criando assim constrangimentos àintegração», lê-se na carta.De acordo com Paulo Pisco, a redução dasverbas previstas vão «limitar a capacidadede implementação de projectos dascomunidades, designadamente a nível daformação e do associativismo».

A VITÓRIA DA ESQUERDAPERSEGUIDA QUE NUNCA SE RENDEU

DEPUTADO MEDEIROS FERREIRA Eleição de Lagos

O deputado do GP/PSMedeiros Ferreirasustentou no dia 20, naAssembleia daRepública, que «a vitóriado candidato socialistaRicardo Lagos nas

eleições presidenciais do Chile é a vitóriafinal da transição democrática naquelarepública sul-americana e a vitória daesquerda sofrida, perseguida, oprimida,reduzida, mas que nunca se rendeu desde1973 até hoje. É a vitória da esquerda dadedicação, do esforço e do sacrifício. Étambém a vitória da inteligência táctica daesquerda».Medeiros Ferreira, num voto decongratulação pela vitória de RicardoLagos nas eleições presidenciais do Chile,considerou que «de certa forma esta vitóriaé uma reparação moral que a naçãochilena presta ao partido Salvador Allende30 anos depois, noutro contexto, com

outros protagonistas e novos objectivos».

Esbirros da ditadurade Pinochet

O camarada deputado lembrou ainteligência táctica e o realismo político deRicardo Lagos no «compromisso políticodoloroso de 1988» para promover umatransição para a democracia pactuada.Tudo isto, frisou, num contexto em que osmilitantes do Partido Socialista chilenoainda tinham «diante dos olhos aimpiedosa repressão e as marcas datortura dos esbirros da ditadura dePinochet».Segundo sublinhou o deputado do PS,«Ricardo Lagos não inventou nenhuma via,a sua via foi a do sacrifício, da prudênciapolítica como valor moral, da resistência àopressão, e da firmeza na demarcação doterritório da esquerda democrática eprogressista». J. C. CASTELO BRANCO

«LISTAS DE ESPERA III»

DEPUTADA LUÍSA PORTUGAL Saúde

O Grupo Parlamentar do Partido Socialistacontinua a defender uma «visão sistémica epositiva» do Sistema de Saúde em que apedra basilar seja o Serviço Nacional deSaúde (SNS).A confirmação foi dada pela deputada do PSLuísa Portugal, na passada reunião plenáriada Assembleia da República, realizada no dia19, a propósito do projecto de lei laranja que,pela terceira vez, pretendeu trazer a lume oproblema das listas de espera.Luísa Bastos começou a sua intervenção coma garantia de que o SNS «deverá incorporartodas as medidas inovadoras e criativas quetenham um valor acrescentado para umamelhor gestão e melhorias de desempenho,mas, que não sejam pontuais, avulsas epautadas apenas por uma qualquer vontadede marcar agenda política».«Admitimos que as listas de espera são umadisfunção importante no SNS, pelosdesequilíbrios que gera e principalmentepelas desigualdades que provoca. Admitimosesta disfunção e estamos a resolvê-la»,garantiu, acrescentando que «não entenderisto é propor uma espécie de terapêutica pelaprovocação, que causa um padrão decomunicação também ela disfuncional e quesó pode ser entendida como a presença deuma baixa de autoestima por parte dabancada do PSD».Depois de recordar que o partido laranja teveresponsabilidade política no estado da Saúdeportuguesa, a parlamentar do PS interpelou:

«Os senhores deputados do PSD não sederam conta que o combate às listas deespera já começou e tem continuado emexecução, desde 1996, com o Executivosocialista?».Ao falar sobre a Estratégia de Saúde 1998/2002, que o PSD viabilizou e que se encontraem vias de concretização, Luísa Portugalobservou que o diploma proposto pelabancada da oposição se sobrepõe àquela lei,indicando a precipitação contraditória dainiciativa lesgislativa laranja.Quanto aos tão citados e instrumentalizados80 mil doentes em listas de espera, adeputada socialista esclareceu que, de entreeles, «já foram recuperados 20 mil casos».Para que não ficassem dúvidas a parlamentarnão deixou passar a oportunidade de lembrarque «após uma correcção do número decasos, e a quantificação da espera comseleccão das prioridades baseada emtempos clínicamente aceitáveis, iniciou-se em1999 um Programa de Promoção do Acesso,que inclui a recuperação das listas de espera,com um financiamento específico de seismilhões de contos».«Há ainda que ter em conta outroscomponentes deste Programa de Acesso, deque realço o desenvolvimento da cirurgiaambulatória, a conclusão do projecto doCartão de Utente e a informatização dosutentes para corrigir duplicações e ainda oalargamento dos horários de atendimento nosCentros de Saúde e nos Hospitais, bem como

TRANSFERÊNCIADE PORTAGENS PARA GRIJÓ

DEPUTADO BARBOSA RIBEIRO Requerimento

O deputado socialista Barbosa Ribeiro, numrequerimento, solicitou no dia 20 ao Ministériodo Equipamento Social que «tome todas asmedidas» no sentido de a Brisa não transferirpara Grijó, Gaia, as cabinas de portagensdos Carvalhos, na A1.No requerimento, Barbosa Ribeiro,simultaneamente vereador na Câmara deGaia, pede ao Ministério que o informe sobre«a situação do projecto» da Brisa, retomadodois anos depois de ter sido «reprovado portodas as partes».O deputado socialista salienta no documentoque existe «um grande descontentamento»e um «forte espírito de revolta» em Grijó,devido aos «graves prejuízos» para os

moradores e aos «fortes impactos negativos»do projecto.A contestação à transferência das cabinasde portagens iniciou-se recentemente,quando populares das zonas da Regedoura,Figueirinha e Chamusca começaram areceber telefonemas da Brisa propondo anegociação da expropriação de terrenos.A população contesta a demolição de algunsedifícios, entre os quais uma escola demúsica, habitação, anexos, carpintaria,marcenaria e serralharia, a colocação dascabinas nas traseiras de três moradias e apoluição sonora e ambiental causada pelapassagem da auto-estrada a menos de trêsmetros de algumas casas.

a contractualização de serviços», referiu.Em jeito de síntese, Luísa Portugal sublinhouo muito que foi feito neste sector atendendoàs peculiaridades do mesmo e ao tempodisponível. É que, notou, «os problemas dasaúde não se resolvem apenas por vialegislativa, resolvem-se principalmente pelamotivação dos profissionais e pela credibili-zação de cada um dos serviços de Saúde».«Ignorar o que se está a fazer no terreno épura incompetência. Ignorar discussõeshavidas e legislação aprovada é má fé política

e nada acrescenta», frisou.Para terminar, Luísa Portugal reconheceu:«continuamos a ter listas de espera, emboranão com a magnitude que se quer fazeracreditar», e assegurou a continuidade,durante este ano, do Plano Integrado, comum investimento orçamental na ordem dosnove milhões de contos.«Enquanto houver um doente em lista deespera, o Partido Socialista procurará assoluções para o seu problema», concluiu.

MARY RODRIGUES

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA9

INTERNACIONAL

SEIXAS DA COSTA VAI CONDUZIRPREPARAÇÃO DA REVISÃO

DO TRATADO DA UE

SEGURO SATISFEITOCOM O AGENDAMENTO

DO PARECER DO PE SOBRE A CIG

ONU RESPONSABILIZA UNITAPELO IMENSO SOFRIMENTO

DO POVO

PSOE PROPÕE ACORDO À IUPARA DERROTAR DIREITA

UNIÃO EUROPEIA CIG

O secretário de Estado dos AssuntosEuropeus, Francisco Seixas da Costa,chefiará o grupo preparatório daConferência Intergovernamental (CIG) paraa revisão do Tratado da União Europeia(UE).Está prevista para 14 de Fevereiro aabertura formal das negociações entre osgovernos dos Quinze sobre a controversareforma das instituições europeias e doprocesso de decisões comunitário, comvista à preparação da União para oalargamento a mais de uma dezena depaíses, principalmente do Leste.O anúncio formal da nomeação de Seixasda Costa foi feito segunda-feira, emBruxelas, pelo ministro dos NegóciosEstrangeiros, Jaime Gama, durante oprimeiro Conselho de Assuntos Gerais daUE, sob presidência portuguesa.Seixas da Costa foi o representante dePortugal na CIG que negociou o Tratadode Amesterdão, entre 1996 e 1997, tendointegrado a delegação portuguesa ao«grupo de reflexão» que em 1995 preparouaquela conferência.Um comunicado da Secretaria de Estadoindica que, durante a presidênciaportuguesa da União, que decorrerá atéJunho, Seixas da Costa chefiará o gruponegocial que «reunirá todos os quinze dias»para preparar as reuniões ministeriais -presididas por Jaime Gama - que terãolugar à margem dos Conselhos deAssuntos Gerais.Seixas da Costa pretende estruturar odebate em torno da «dimensão e

composição da Comissão Europeia», da«reavaliação do poder relativo do voto decada país no seio do Conselho deMinistros»e das «questões que deixarão deser sujeitas a unanimidade e passarão aser votadas por maioria qualificada», diz anota oficial.

Lançamento da CIG

O debate abrangerá igualmente outrasquestões que decorram das anteriores eque «sejam essenciais para implementaro Tratado de Amsterdão», bem como«quaisquer outros temas que os Estados-membros entendam dever incorporar» nanova CIG.Aqueles temas foram definidos «à luz domandato negocial que decorre dasconclusões da cimeira de Helsínquia» delíderes dos Quinze, em Dezembro último,sublinha o comunicado.Seixas da Costa abordou já aquelasquestões com os seus homólogos daFrança, Holanda e Alemanha, durantedeslocações que efectuou a Paris, Haia eBerlim, e tenciona visitar as restantes 11capitais da União até ao lançamento da CIG.O secretário de Estado esteve tambémpresente na Comissão Constitucional doParlamento Europeu (PE), com a qualdebateu a agenda e o mecanismo defuncionamento da CIG.O lançamento da CIG carece de umparecer favorável do PE, que deverá servotado no início de Fevereiro, acrescentaa nota oficial.

PARLAMENTO EUROPEU Eurodeputados socialistas

Os eurodeputados socialistas portuguesescontinuam a sua intensa actividade noParlamento Europeu, intervindo sobretemas de relevante interesse para aconstrução de uma Europa dos cidadãosnão subordinada à teologia do mercado eem defesa do modelo social do VelhoContinente.Numa intervenção na sessão plenária doParlamento Europeu, o camarada AntónioJosé Seguro manifestou a sua satisfaçãopor ter sido possível chegar-se a consensosobre a data do agendamento do parecerdo PE sobre a CIG, mantendo intacta apossibilidade desta começar no dia 14 deFevereiro.Num outra intervenção em Estrasburgocentrada sobre as prioridades dapresidência portuguesa da UE, Segurorealçou a ideia de que o Governoportuguês está a fazer das questõessociais e do emprego uma prioridade deagenda querendo deixar «uma marca quepara nós, social istas, é uma marcaimportante».

O camarada Luís Marinho, por sua vez,defendeu em Estrasburgo que a reformado sistema judiciário deverá ser incluídana agenda da CIG, numa intervenção apropósito do relatório THEATRO, que apelapara a necessidade de dotar a UE deinstrumentos específicos, através dacriação de normas penais uniformes emtodos os Estados-membros. J. C. C. B.

ANGOLA Tragédia

A comunidade internacional continua aapontar a UNITA como a principalresponsável pela imensa tragédia que seabateu sobre a população de Angola.Num relatório sobre a realidade angolanarecentemente divulgado pela ONU, osecretário-geral desta organização KofiAnnan, responsabiliza o movimento deSavimbi pela deterioração da situação,acusando a UNITA de ter faltado aoscompromissos estabelecidos noprotocolo de Lusaca em 1994.No relatório afirma-se que a guerra civil emAngola está a causar uma grave crisehumanitária e ameaça alastrar aos paísesvizinhos.As Nações Unidas estiam que 20 porcento da população angolana tenha sidoobrigada a deixar as suas áreas deresidência devido ao reacender da guerra,com dois milhões de pessoasdeslocadas.As hostilidades, refere o secretário-geralda ONU, «continuaram devido ao imensosofr imento do povo angolano e àdestruição das estruturas do país».

Entretanto, recentemente, mais de cemcivis foram mortos no Bié.

Homens do Galo Negromassacram civis no Bié

Os sobreviventes que chegaram ao Cuítoimputaram a responsabilidade à UNITA.O massacre chegou ao conhecimentopúblico pelas notícias difundidas pela RádioEcclésia, emissora católica angolana,através de um seu correspondente no Bié,que cita relatos de um grupo de fugitivos.

ESPANHA Eleições

O Partido Socialista Operário Espanhol(PSOE) apresentou, no dia 24, à coligaçãopró-comunista Izquierda Unida (IU) umaproposta de acordo pré-eleitotral paraderrotar o PP, partido de José María Aznar,actualmente no poder, nas eleiçõeslegislativas agendadas para 12 de Março.Esta proposta que visa retirar a direita dopoder e formar um «Governo deprogresso» foi apresentada pelo secretário-geral do PSOE, Joaquin Almunia, emconferência de Imprensa realizada no finalde uma reunião da direcção do partido, emMadrid.Candidato do PSOE à chefia do Governo,Almunia propôs ao líder da IU, FranciscoFrutos, que a coligação pró-comunista

«renuncie a apresentar candidaturas nas34 províncias onde nunca conseguiu obterrepresentação».

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 27 JANEIRO 2000

SOCIEDADE & PAÍS

GOVERNO INVESTE 280 MILHÕES DE CONTOSPARA MELHORIA DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS

AMBIENTE Plano

Governo do PS vai investir 280milhões de contos até 2005para melhorar as origenssuperficiais de água para

consumo humano, numa série de medidasque inclui a construção de estações detratamento e a monitorização das águas.O conjunto de acções, previsto no PlanoNacional Orgânico para Melhoria dasOrigens Superficiais para Produção deÁgua Potável, constitui uma exigência deBruxelas no âmbito da directivacomunitária sobre a matéria, tendo em vistaa qualidade da água consumida pelaspopulações.Um diagnóstico feito no período entre 1996e 1998 permitiu concluir que o maiorproblema das captações superficiaisreside na descarga de águas residuais,pelo que a primeira medida a tomar passapela construção de estações de tratamento(ETAR) em todo o país, equivalentes a umapopulação que ascende aos cincomilhões.O objectivo do plano, que será entregue aBruxelas este mês, é proteger as origensclassificadas com o parâmetro mais alto(designado de A1), para evitar adegradação e assegurar a manutenção daboa qualidade.Ao mesmo tempo, o objectivo é que asorigens classificadas no parâmetro abaixo(A2) atinjam a qualidade máxima até 2005

e que as de pior qualidade (A3) atinjam oparâmetro superior nos mesmos anos.A solução para a melhoria das captaçõessuperficiais passa igualmente pelaconclusão do programa de encerramentodas lixeiras, bem como pela introdução desistemas integrados de despoluição, deque é exemplo a bacia do rio Lis, «vítima»de sucessivas descargas, em especialpelas suiniculturas da região.O plano inclui ainda a implementação demelhorias nas práticas agrícolas, quepassa pelo efectiva aplicação do códigodas boas práticas, cujo constante

incumprimento se traduz, nomeadamente,na presença de nitratos na água,provenientes de adubos e fertilizantes.A limitação das albufeiras, através de faixasde protecção que abranjam toda a baciahidrográfica, é outra das acções previstas,pretendendo ir além dos planos deordenamento, que protegem as baciasapenas numa extensão de 500 metros.

Diagnóstico

O diagnóstico feito revelou a existência de34 origens superficiais dentro dos

parâmetros máximos (A1) - que servem890 mil habitantes -, 30 com classificaçãoA2 - servindo mais de cinco milhões dehabitantes - e apenas duas com a piorqualidade (59 mil).Uma das albufeiras classificada no piorescalão é a de S. Domingos (próximo dePeniche), cuja má qualidade se deve àpresença de substâncias orgânicas,provenientes das descargas dassuiniculturas locais.A outra é a albufeira da Vigia (no rioGuadiana) que apresentou um excesso defenóis - grupo de hidrocarbonetos que emgrandes quantidades envenenam osorganismos aquáticos, podendo causarum odor e sabor desagradáveis na água -, o que pode ser provocado pelaquantidade elevada de estevas (vegetaçãonatural).Os dados referem-se a 66 origens de águasuperficiais (albufeiras e rios) que servemmais de dez mil habitantes cada, tendo odiagnóstico analisado não só a situaçãomas também as tendências.Em 1998, segundo o relatório sobreControlo de Qualidade das Águas deAbastecimento para Consumo Humano,223 mil habitantes foram servidos comágua contaminada com organismosmicrobiológicos e outros 82 mil comnitratos, proveniente de origens superficiaise subterrâneas.

ESTADO APOIA MÚSICACULTURA Financiamentos

Estado, através do InstitutoPortuguês das Artes doEspectáculo, decidiu apoiareste ano, de um total de 75

candidaturas, 40 festivais de música e ciclosde concerto, num total de 126.250 contos,mais 17 por cento em relação a 1999.A iniciativa contemplada com a maior fatiado bolo - dez mil contos - é o XXII FestivalInternacional de Música da Póvoa doVarzim, seguindo-se o Festival de Músicada Costa do Estoril, com 9 250 contos.O XX Festival de Música dos Capuchosreceberá nove mil contos, enquanto oFestival Música em Leiria contará com setemil contos.O Estado vai atribuir seis mil contos ao IIIFestival Internacional de Órgão de Lisboa,e a mesma quantia ao VIII FestivalInternacional de Música de Coimbra.O XIX Estoril Jazz � Jazz num dia de Verãovai receber 5 500 contos, enquanto quecom cinco mil contos serão beneficiadoso Primavera Musical 2000 e o FestivalMúsica Viva 2000.Quatro mil contos é quanto vai receber a

organização do Festival de Música deEspinho e três mil o Festival Internacionalde Música de Tomar e o FestivalInternacional de Música de Santarém.Com 2 500 contos vão ser beneficiados oCiclo de Piano do Palácio da Bolsa e o IIFestival de Música Sacra do Algarve.Os eventos Cantigas de Maio - XI Edição,XXIII Festival Música Verão 2000, III FestivalInternacional Musica de Aveiro, III Festival

de Jazz do Valado dos Frades, Integral dosConcertos para 1,2,3 e 4 Pianos de Bach,VII Festival Internacional Música de Gaia2000 e VIII Festival Internacional Músicapara Jovens vão receber, cada um, doismil contos.A mesma verba será entregue aos XIEncontros da Primavera, I I I FestivalInternacional de Música de Santa Maria daFeira 2000, II Concertos de Primavera, IIFestival Intercéltico do Porto, FestivalInternacional Guitarra de Aveiro, XVIIIFestival de Música Antiga de Óbidos eEncontros Musicais da Tradição Europeia.Guimarães Jazz 2000 contará este anocom dois mil contos, tal como vaiacontecer com as organizações dosEncontros com o Barroco 2000, CantarLiberdade, IV Jornadas Nova Música -Aveiro 2000, Tons de Jazz - II Ciclo de JazzTorres Vedras, Solar dos Zagallos - Festivalde Música, Festival Internacional deGuitarra e Co-Lab Festival Internacional deMúsica Experimental Improvisada.O VI Festival de Música Évora Clássica serácontemplado pelo Estado com 1 500

contos, enquanto o Festival de MúsicaElectrónica Blue Spot 2000 vai poder gerirmil contos.O Estado decidiu atribuir também milcontos aos Jovens Músicos de Guimarãese a Outonalidades.Além destes 40 apoios, mantêm-se osprotocolos tri-anuais, assinados em 1999,com a Juventude Musical Portuguesa eConcurso Internacional de Piano da Cidadedo Porto. Cada uma destas entidades vaireceber este ano mais 10 mil contos.O júri do Concurso Público para aSelecção dos Festivais de Música e Ciclosde Concertos a Apoiar pelo Estado em2000 foi constituído por eminentes figurasdo panorama cultural nacional.As candidaturas foram seleccionadas tendoem conta o «rigor na instrução dacandidatura e na clareza na apresentaçãodo projecto», «credibilidade na direcçãoartística», «solidez da estrutura organizativa»,«garantias de viabilização financeira», «graude complementariedade do apoiosolicitado» e «enquadramento programáticoe da adequação estratégica».

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA11

SOCIEDADE & PAÍS

«RECONVERSÃO» PARA OITO MIL PESSOASDROGA Casal Ventoso

erca de oito mil toxicodepen-dentes «sem-abrigo» recebe-ram apoio, até ao final deNovembro do ano passado, no

Gabinete de Reconversão do CasalVentoso, na sua maioria homens (84 porcento).Estes dados foram divulgados nasegunda-feira, dia 24, na cerimónia deassinatura de dois protocolos relativos aoCasal Ventoso, em que estiverampresentes o secretário de Estado daPresidência do Conselho de Ministros,Vitalino Canas, a coordenadora nacional doProjecto Vida, Elza Pais, o presidente daCâmara Municipal de Lisboa, João Soares,e o vice-reitor da Universidade Católica deLisboa, Pio Alves de Sousa, entre outros.Ao abrigo do primeiro protocolo, aUniversidade Católica, através da suaFaculdade de Ciências Humanas, ficamandatada para fazer um estudo sobre asvárias valências do Plano Integrado dePrevenção da Toxicodependência no Bairrodo Casal Ventoso (PIPTBCV), para avaliaros resultados obtidos e recomendar novasformas de intervenção no combate aofenómeno.O estudo científico sobre o PIPTBCV, queterá de estar terminado em Outubro de2001, embora sejam divulgadosperiodicamente relatórios parcelares sobreo mesmo, incidirá não só sobre a área datoxicodependência - abrangendo asestruturas do Gabinete de Apoio, do Centrode Acolhimento, o Centro de Abrigo, e asEquipas de Rua � e a venda de droga,como na intervenção urbanística levada acabo no bairro e vertente sociológica.Para já, está definida a análise dadocumentação, das notícias saídas naImprensa, sondagens à populaçãoresidente sobre os efeitos que aintervenção da Câmara de Lisboa temvindo a ter, bem como estudos com apopulação toxicodependente, integrada ounão nos programas que têm sido

desenvolvidos pelo Gabinete deReconversão.Na mesma cerimónia foi assinado umoutro protocolo entre o Governo, o ProjectoVida, a autarquia lisboeta e o Gabinete deReconversão do Casal Ventoso que dácontinuidade, até 31 de Dezembro desteano, ao Plano Integrado de Prevenção daToxicodependência no bairro, uma vez queo anterior protocolo caducou no último diado ano transacto.

Aposta na continuidade

A concepção do anterior protocolo não foialterada neste novo documento, sendodada continuidade à experiência integradade prevenção secundária datoxicodependência, especialmentedireccionada para os toxicodependentessem abrigo.De acordo com os números divulgados, oGabinete de Reconversão prestou, entre12 de Dezembro de 1996 e 31 de Julho de

1998, apoio a 4 547 toxicodependentessem abrigo, dos quais 3 817 homens e 730mulheres, através do seu Gabinete deApoio.De 1 de Agosto em diante, o Gabinete deApoio passou a ser gerido pela instituiçãoprivada Ares do Pinhal, tendo prestadodesde essa data e até 30 de Novembro de1999, cuidados a 3 337toxicodependentes, 2 459 homens e 465mulheres.No total, de 12 de Dezembro de 1996 a 30de Novembro de 1999, as duas estruturasatenderam 7 884 toxicodependentes semabrigo no Casal Ventoso (6 634 homens e1 250 mulheres), disponibilizando apoioclínico (2 741), serviço social (3 601),psicologia (3 145), enfermagem (7 963),alimentação (143 201 refeições) e higienee roupas (17 627).O Centro de Acolhimento, a funcionardesde Outubro de 1998, em Alcântara, edestinado a preparar para integração emprojecto terapêutico mais prolongado apopulação toxicómana inserida no PlanoIntegrado, recebeu, entre esta data e 31de Novembro do ano passado, 109toxicodependentes (85 homens e 24mulheres), tendo prestado apoio clínico,consultas externas e internamentos a 1 078,apoio psicossocial e avaliação a 8 308 ecuidados de enfermagem a 1 389.O Centro de Acolhimento é um espaço emregime residencial temporário e prestaserviço que incluem dormida, alimentação,cuidados terapêuticos especializados eactividades ocupacionais, comcapacidade para 50 pessoas.No Centro de Abrigo, que começou afuncionar na mesma altura, foram servidasaté Novembro passado 125 621 refeições,prestados cuidados de higiene a 1 553toxicodependentes, apoio clínico(pequenos actos) a 153 e apoiopsicológico a 232.O Centro destina-se à populaçãotoxicómana que vive no Casal Ventoso na

condição de «sem-abrigo», a qual é, na suamaioria, integrada no Programa deMetadona, cuja supervisão eacompanhamento cabe ao Gabinete deApoio.

«Um caso exemplar»

Situado na Rua do Arco Carvalhão, temuma capacidade de 125 utentes e visaproporcionar abrigo temporário,assegurando os serviços de dormida,alimentação e higiene e funcionando todosos dias entre as 19 horas e as 10 e 30.As Equipas de Rua - unidades deintervenção directa junto da populaçãotoxicodependente, com vista à redução deriscos e encaminhamento para o Gabinetede apoio - entre Janeiro e Novembro de1999, f izeram 19 043 abordagensinformais, 1 126 sistémicas (continuadas),82 de urgência e 139 às famílias.No total das valências do Gabinete deReconversão do Casal Ventos - Gabinetede Apoio ao Toxicodependente (situado naAvenida de Ceuta), Centro de Acolhimentoe Centro de Abrigo - existem 195 camas esão fornecidos tratamentos de substituiçãoopiácea por metadona a igual número deutentes.Destes números foi dada conta aosecretário de Estado que tutela a área,Vitalino Canas, que aproveitou para visitar,acompanhado por João Soares, oscentros, bem como os projectos derealojamento, entre os quais a Quinta daCabrinha (248 fogos já disponibilizados) ea segunda fase do projecto (na Avenidade Ceuta), com mais 400 fogos queestarão prontos até ao final do ano.Vitalino Canas destacou a «grande obra» eo trabalho «corajoso» e «empenhado»levado a cabo pela Câmara Municipal deLisboa no Casal Ventoso e sublinhou aintervenção como «um caso exemplar» dacooperação entre várias entidades,públicas e privadas.

OITO MIL NOVAS VAGAS PARA PROFESSORESEDUCAÇÃO Aberto concurso nacional

concurso nacional de profes-sores abriu, no dia 24, com oitomil novas vagas de quadro ecom horário completo para

todos os níveis de ensino, do pré-escolarao secundário.Os resultados deste concurso deverão serconhecidos com a afixação das listas a 17de Março.Segundo o Ministério da Educação, aabertura do concurso nacional para o anolectivo 2000/2001 visa prosseguir oobjectivo do Executivo socialista depromover a estabil ização do corpo

docente.Numa nota, o gabinete ministerial da 5 deOutubro refere que a abertura destasvagas significa que entre 1997 e 2001 oministério aumenta em cerca de 25 porcento os lugares no quadro.«A este número, acrescenta, haverá aindaque somar o número que irá ser posto aconcurso para os Quadros de VinculaçãoDistrital (QVD) dos educadores de infânciae professores do 1º ciclo previsto para 17de Fevereiro».Para o Ministério da Educação, a criaçãode lugares nos quadros a preencher por

concurso «é a forma eficaz de garantir ascondições de qualidade e de equidade navinculação profissional, substituindo-seassim, gradualmente, as situaçõescontratuais».O Ministério adianta ainda que «esteaumento no número de vagas verificou-seem 98/99 e 99/2000 e representou nosQuadros de Zona Pedagógica umcrescimento em relação ao concurso de97/98, equivalendo a um preenchimento decerca de 19 mil novos lugares».Segundo a mesma nota, o Ministério daEducação pretende também, durante a

actual legislatura, rever as condições parao exercício da docência (educação pré-escolar e ensinos básico e secundário),nomeadamente no que diz respeito aoenquadramento jurídico do sistema deconcurso e de colocações e da criação deincentivos à fixação de docentes em zonasisoladas.Já para Fevereiro, o gabinete ministerialprevê terminar o processo de aprovaçãodo enquadramento legal e respectivaaplicação relativa ao alargamento daprotecção social de desemprego aprofessores contratados.

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 27 JANEIRO 2000

SOCIEDADE & PAÍS

MAIOR REDUÇÃODA MORTALIDADE FEMININA PREMATURA

MAIOR CRESCIMENTO DOS SALÁRIOSE DAS PENSÕES

OCDE Portugal

ortugal foi o país da OCDE queentre 1970 e 1992 registoumaior redução de mortalidadeprematura de mulheres,

enquanto o Japão obteve a maior reduçãopara os homens, segundo um artigo darevista «Estudos Económicos» da OCDE,publicada sexta-feira, dia 21.Em quase todos os países da OCDE, aredução da mortal idade femininaprematura foi mais forte (entre 5 e 20pontos percentuais) do que a dos homens,sendo excepções a Holanda, Noruega eGrã-Bretanha, segundo um estudo deZeynep Or, publicada no número 30 darevista da OCDE.O estudo assinala que a melhoria na saúdedevida às condições de trabalho foi o factormais importante de redução damortalidade prematura, seguido doaumento do rendimento por habitante.Zeynep Or observa que as condições detrabalho estão relacionadas com outrosfactores como a classe social e aeducação, sendo que esta última quedetermina a escolha do emprego, o estilode vida e a atitude face aos cuidados demedicina preventiva.O documento destaca que a despesapública no sector da saúde influencia osníveis de saúde da população,particularmente para as mulheres, com

uma contribuição muito próxima da queadvém do aumento do rendimento.O artigo publicado na revista «EstudosEconómicos» destaca que, ao contrário doque é sugerido por alguns autores, verifica-se uma relação positiva entre a despesapública no sector e a saúde, o que éimportante num momento em que sedebate o papel do sector público nofornecimento de cuidados de saúde.O estudo assinala que os resultados da

saúde são aval iados usando umamedida da mortalidade prematura, emvez dos indicadores clássicos, parafacilitar a quantificação do impacte decada factor.O trabalho de Zeynep Or analisa tambémos determinantes da mortal idadeprematura em 21 países da OCDE,incluindo Portugal, nas últimas duasdécadas.O documento conclui que nos países

TRABALHO UGT exige

União Geral de Trabalhadores(UGT) prometeu no dia 18 deJaneiro «lutar na negociaçãocolectiva» por um maior

crescimento dos salários e das pensões,«em todos os sectores e empresas,incluindo a administração pública».Esta promessa consta de uma resoluçãoque foi aprovada, por unanimidade, nareunião do Secretariado Nacional da UGT.Além disso, ficou definido que a centralsindical vai «exigir ao Governo que, na suaproposta de Orçamento de Estado,contemple uma diminuição do IRS quegaranta uma correcção dos salários e daspensões».Segundo o secretário-geral da UGT,camarada João Proença, os salários epensões perderam 1,5 por cento nosúltimos três anos, devido aos desvios dainflação relativamente às previsõesgovernamentais.João Proença, que participou numareunião com o ministro das Finanças e da

Economia, afirma, porém, que «a posiçãodo Governo não tem a abertura queesperávamos para a redução da cargafiscal sobre os trabalhadores por conta deoutrem».Sobre os valores da actualização dosescalões do IRS apresentados peloministro Joaquim Pina Moura, Proençadeclara-os «manifestamente insuficientes».

Concertação social

O documento aprovado pelos sindicalistasprevê, também, «uma polít ica deconcertarão social visando a celebraçãode acordos sobre as matérias maisrelevantes para os trabalhadores»No documento, a central da Buenos Aireslamenta, ainda, a exclusão da política derendimentos da lista de temas a negociar.Sobre a concertação social, João Proençagarantiu que a UGT não assinará acordosque não traduzam «verdadeiroscompromissos».

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industrializados os factores ambientaispodem ser mais importantes do que asdespesas médicas na explicação dasvariações de mortalidade prematura.Salienta-se que o impacto negativo dapoluição do ar é particularmente visível nospaíses que tiveram um crescimentoeconómico e industrialização aceleradosnas duas décadas consideradas,nomeadamente na Grécia, Portugal eEspanha.O texto refere que é difícil distingir entre osefeitos das mudanças nas condições detrabalho e os reflexos dos níveis deescolaridade crescente.O estudo regista que não estãosuficientemente analisadas as razões doaumento das despesas de saúde e o nívelde eficiência global na utilização dessesrecursos para conseguir melhoresresultados ao nível da saúde daspopulações.O autor afirma que é necessáriodesenvolver dados comparáveis maisdetalhados sobre a saúde para serpossível efectuar análises comparativasdos diversos sistemas de saúde,melhorando a extensão dos dados eindicadores do ambiente social,económico e físico e dos estilos de vida,com dados diferenciados sobre homense mulheres.

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AUTARQUIAS

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

Albufeira

Câmara investe no saneamento

A Câmara Municipal de Albufeira adjudicoua execução parcial da empreitada deremodelação da ETAR de Vale Faro, SistemaElevatório da Balaia e remodelação da ETARde Ferreiras, no valor de 1,8 milhões decontos.

Educação musical

O município de Albufeira disponibilizou umaverba de 360 mil escudos destinada aoprojecto «Expressão e Educação Musical no1º Ciclo do Ensino Básico» na Escola dosCaliços, durante o corrente ano lectivo.O projecto, que tem por objectivo possibilitarum maior desenvolvimento das capacidadesdos alunos numa área que apresentaenormes carências, resulta de um protocoloentre a Direcção Regional de Educação doAlgarve e a autarquia de Albufeira.

Alcântara

II «Alcântara na Desportiva»

Desde o início de Novembro que está adecorrer a 2ª edição de «Alcântara naDesportiva», uma iniciativa com diversasmodalidades desportivas promovida pelaJunta de Freguesia de Alcântara.

Tal como no ano anterior, nesta iniciativaparticipam atletas de todos os escalõesetários dos clubes e colectividades existentesna Freguesia de Alcântara.«Alcântara na Desportiva» é uma realizaçãoque termina no final de Fevereiro e quepretende ser não só um espaço desportivo,mas igualmente um espaço de convívio ede sã convivência.

Cascais

Recuperação de arruamentos

A Câmara Munic ipal de Cascaisadjudicou o início de um conjunto deobras para o concelho, orçadas em maisde 227 mil contos, que vão beneficiardirectamente a população residente.

Com estas obras agora adjudicadas vaiser possível iniciar os trabalhos para ainsta lação de saneamento básico,s inal ização, pavimentação ecalcetamento na Rua dos Malmequeres,em Cascais, Rua da Escola, Rua da Eirado Rei, Rua 6 de Outubro, Largo de Stª.Barbara e Beco do Escondidinho, emSão Domingos de Rana, bem como asRuas Barros Queiroz, da Fonte, dosGoivos e A a poente do aglomeradohabitacional de Atibá, no Estoril. Tambéma Rua das Açucenas, em Bicesse, vai serrecuperada.Nesta mesma altura foram lançadasobras, orçados em mais de 260 milcontos, para a construção das Ruas doPinhal e do Golfe, no Estoril, da ligaçãoda Rua S. Domingos à Rua Furriel JoãoVieira, em Alvide e para a reparação decalçadas em todas as freguesias doconcelho.

Coimbra

Calendário 2000

O pelouro da Cultura, Turismo e EspaçosVerdes da Câmara Municipal de Coimbraeditou um calendário para o ano 2000.

Tendo como pano de fundo o ambiente,o calendário é ilustrado com algumas

das árvores mais característ icas doconcelho de Coimbra.De grande beleza estética e importânciadidáctica e pedagógica, o calendário2000 é da autor ia dos designersFernando Correia e Nuno Farinha.

Faro

Euro 2004

As câmaras municipais de Faro e deLoulé tomaram um conjunto de medidascom vista à construção do EstádioIntermunicipal, de forma a que o Sul doPaís e a grande região turística que é oAlgarve sejam palco do grande eventodesportivo e mediático que será o Euro2004.

Entre outras medidas, os dois municípiostomaram várias providências relativasaos PDM�s dos dois concelhos, tendo emvista prevenir ou ultrapassar eventuaisl imi tações ou di f iculdadesadministrativas.

Santo Tirso

Autarquia revê PDM

A Câmara Municipal de Santo Tirsodecidiu recentemente iniciar o processode revisão do PDM, documento queregula o ordenamento urbanístico doterritório concelhio desde Setembro de1994.

Com o object ivo de promover aparticipação de todos os munícipes noprocesso de elaboração desta revisão,foi aberto um período de participaçãopúblico que decorre desde 15 de Janeiroaté 15 de Abril.

Sintra

Sintrolândia vai criar milharesde empregos

Sintrolândia é o nome escolhido peloRegisto de Pessoas Colectivas para aempresa municipal criada no dia 21 e quevai coordenar o projecto de um parquetemático a construir na concelho de Sintra.Ricardo Vilar, arquitecto da Cameron HallPortugal, empresa responsável peloprojecto, disse que o processo de criaçãoda empresa municipal esteve três semanasà espera de uma decisão sobre o nome adar ao parque, o que atrasou aapresentação pública do projecto.A construção do parque temático onde osespaços verdes não vão faltar, e de umazona de entretenimento nocturno, deverádemorar um ano e meio e estar concluídana Páscoa de 2002, com um investimentode 50 milhões de contos na primeira fase.A zona temática, que vai chamar-seFantasia Park, é dedicada às descobertasportuguesas, havendo representações doBrasil, África, Japão e Portugal, comrestaurantes típicos, pontos de venda deartigos produzidos nas diferentes regiões,zonas culturais e salas de espectáculo.Além do parque temático, o Sintrolândiaterá uma zona de bares e um parque dediversões para manter os jovens noconcelho e porque na zona do CampoRaso, onde vai ser instalado, não existemzonas residenciais perto.O Museu do Ar é outro dos projectos paraa primeira fase, da responsabilidade daForça Aérea Portuguesa, não havendoainda certezas para o prazo de conclusãoporque as negociações estão a decorrer.Para a segunda fase está planeada aconstrução de dois ou três hotéis, númeroque vai depender do sucesso da primeirafase, e o Factory Outlet Center, onde serãoinstaladas várias fábricas de confecçãodas marcas mais conhecidas com vendadirecta dos seus produtos ao público, masa metade do preço.Na terceira fase vai ser construído umcomplexo desportivo, um campo de golfemunicipal, um instituto politécnico para adifusão da indústria do mármore e umBusiness Center, para a instalação deempresas.O projecto, que no total ascende a 200milhões de contos, abrange uma área de500 hectares, dos quais 300 vão serrequalificados e os restantes destinados anovas construções.A fase de construção do projecto vai gerar4 400 postos de trabalho e para amanutenção do parque vão sernecessários 2 000 trabalhadores comqualificação técnica adequada.Segundo as expectativas da Cameron Hall,o parque terá 1,3 milhões de visitantes porano podendo atingir 25 a 30 mil pessoasnos meses de Verão.A escritura de constituição da empresamunicipal vai ser hoje assinada entre aCâmara Municipal de Sintra e a CameronHall Portugal, no Palácio Valenças, emSintra.

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ACÇÃO SOCIALISTA 14 27 JANEIRO 2000

PS EM MOVIMENTO

O Grupo Parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional dos Açoresapresentou no dia 20 de Janeiro um projecto que regulamenta nas áreas doplaneamento familiar e educação sexual nos Açores.O documento, divulgado em conferência de Imprensa, na Horta, defende a introduçãoem todos os Centro de Saúde da Região e nos Serviços de Ginecologia e Obstetríciados Hospitais de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, de consultas deplaneamento familiar.Segundo a deputada Fernanda Mendes, autora da proposta, este diploma, casovenha a ser aprovado em plenário, permitirá definição na política regional deplaneamento familiar, bem como na implementação da educação sexual nosestabelecimentos de educação na Região.No seu entender, este objectivos implicam preparação de técnicos por forma afornecer as respostas adequadas à diversidade de situações que se apresentamnesse domínio.

Planeamento familiar

Segundo a proposta, as consultas de planeamento familiar abrangerão as áreas deinformação sobre direitos sexuais e reprodutivos e sobre os métodos contraceptivos,além de preverem o fornecimento gratuito de meios contraceptivos, a detecção deindivíduos com problemas de infertilidade e genéticos e o rastreio de cancro genitale prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, nomeadamente as transmitidaspelo HIV e pelos vírus das hepatites B e C.

AÇORES PS quer educação sexual

BAIXA DA BANHEIRA Órgão oficial

Saiu mais um número do órgão oficial daSecção da Baixa da Banheira do PS. Non.º 2 desta publicação de periodicidadetr imestra l é dada uma completainformação da actividade desenvolvidapela Secção, para além de diversosartigos sobre problemas locais.Destaque ainda para interessantesart igos de opinião sobre temas daactualidade.«A terceira idade é o começo de umanova vida, daí a necessidade de umaestreita ligação com a juventude», refereo camarada Daniel Justo, coordenadorda Secção, num artigo sobre o AnoInternacional do Idoso.

CAMPOLIDE Faleceu Carlos Filipe

A Secção de Campolide está de luto. Ocamarada Carlos Alberto Amaral Filipe, umdos mais destacados e dedicadosmi l i tantes desta est rutura, fa leceu nopassado dia 19, vítima de doença súbita.Militante do PS desde 1976, membro doactual e de anteriores secretariados daSecção, o camarada Carlos Fi l ipe eratambém um autarca de eleição. Tesoureiroda Junta de Freguesia de Campolide desde1983, foi um dos principais impulsionadoresda mudança da sede da Junta para o novoedifício, bem como da sua modernização.Num comunicado, a Secção de Campoliderealça o «elevado carácter» de Carlos Filipe,sublinhando que «cedo granjeou o respeito e a amizade de todos os que com eleconviveram ou trabalharam».À família enlutada e à Secção de Campolide, o «Acção Socialista» apresenta asmais sentidas condolências pela morte de Carlos Filipe, um militante exemplar quesempre norteou a sua actividade política em torno dos valores da igualdade,liberdade e fraternidade.

GAIA PS critica Nuno Cardoso

O presidente do PS/Gaia, camaradaBarbosa Ribeiro, acusou no dia 21 opresidente da Câmara do Porto, NunoCardoso, de actuar isoladamente,«colocando em causa a estratégia dopartido para o distrito do Porto».Numa carta enviada à Federação Distritaldo Porto do PS, o dirigente dos socialistasde Gaia pede àquele órgão partidário «umapolít ica clara de condenação» dasdeclarações produzidas pelo presidente daCâmara do Porto e solicita uma «reuniãourgente entre o PS/Porto e o PS/Gaia parauma análise em profundidade das próximasautárquicas».O camarada Barbosa Ribeiro sustentou que «os socialistas de Gaia não podem tolerar acumplicidade política implícita na reunião num café público, a horas de expediente ecom a comunicação social presente, entre os dois autarcas (Nuno Cardoso e Luís FilipeMenezes)».Barbosa Ribeiro referia-se à posição assumida pelo autarca portuense após um encontrocom o seu homólogo de Gaia, no final da qual Nuno Cardoso e Luís Filipe Menezes semanifestaram dispostos a ultrapassar divergências políticas para alcançar consensosna Área Metropolitana do Porto.«Não é num café que se tratam assuntos sérios da Área Metropolitana do Porto», disseBarbosa Ribeiro, acrescentando que o PS/Gaia considera que «a atitude do presidenteda Câmara do Porto só veio dar cobertura à política demagógica e feita à custa de purofoguetório de Luís Filipe Menezes em Gaia».

Politicamente reprovável

«Numa altura em que o PS/Gaia trava uma luta tenaz e sem tréguas contra o populismodemagógico do presidente da Câmara de Gaia, a atitude de Nuno Cardoso é politicamentereprovável, dado que põe em risco todo o esforço despendido diariamente pelossocialistas» do concelho, afirma o PS/Gaia, em comunicado.

Com a presença da camarada Edite Estrela,dirigente nacional do PS, realizou-se no passadodia 15, na Chamusca, uma reunião da ComissãoPolítica Distrital.Na reunião, que contou com a presença de 90dirigentes distritais, ficou mais uma vez patentea vitalidade política do PS no distrito de Santaréme o reconhecimento do bom trabalho que está aser desenvolvido pela Federação Distrital.

Reeleição de Sampaio

A Comissão Política Distrital, entre outros pontos,analisou as actividades para 2000 e a suametodologia de funcionamento, bem comoreafirmou a «necessidade de assegurar areeleição do Presidente da República, quequeremos acreditar, será novamente eleito o nosso camarada Jorge Sampaio».Para se alcançarem estes objectivos, na reunião «foi reconhecida a necessidade decontinuar a desenvolver iniciativas públicas sectoriais e temáticas, que se traduzam numamaior abertura do PS à sociedade civil»

CHAMUSCA Reunião da Comissão Política

LEIRIA Gabinete do Eleitor

Os deputados do PS eleitos pelo círculo de Leiria querem ser os porta-vozes dosproblemas e das aspirações dos cidadãos do distrito.Para atingir tal objectivo com maior eficácia está em funcionamento desde o dia 24 o«Gabinete do Eleitor» que funciona nas instalações do Governo Civil de Leiria, na Rua Dr.Manuel Arriaga.O atendimento aos eleitores, sob marcação prévia, decorre todas as segundas-feiras,entre as 11 e as 13 horas.As marcações deverão ser efectuadas por telefone ou fax para o Governo Civil ou paraa Federação do PS/Leiria.

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA15

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

INTERNACIONAL SOCIALISTA António Guterres e Goran Persson*

AS RESPONSABILIDADESDOS SOCIALISTAS DEMOCRÁTICOS

s dirigentes do movimentosocialista democrático mundialreúnem-se em Lisboa.Apresentamo-nos aqui com

experiência, contextos políticos e historiaisdiversos, mas o desafio político que se noscoloca é o mesmo: criar desenvolvimentoe justiça social, de modo a incluir atotalidade dos cidadãos nas nossassociedades.As disparidades crescentes entre os queganham e os que perdem com o processode globalização aplanam o terreno para aviolência, a criminalidade e o extremismopolítico.Para mudar este curso das coisasprecisamos de instituições e medidas, nãosó ao nível nacional e regional mas tambémao nível global. A Internacional Socialista éa maior organização política do mundo,com cerca de 150 partidos-membros eperto de uma centena de candidatos àfiliação. Mais de 1/3 são partidos que estãonos governos dos respectivos países, sósou em coligação. Treze dos 15 Estados daUnião Europeia são governados total eparcialmente por partidos da nossa famíliapolítica. Na Europa, considerada na suaglobalidade, são 20. Somos, além disso,um importante factor de influência na cenapolít ica mundial. Na América Latina,existem mais de 40 partidos em cerca de12 países. A Argentina e o Chile elegeramrecentemente Presidentes que nos sãopoliticamente próximos. Em África, existem25 partidos � sendo o maior o ANC sul-africano � e inúmeros movimentosinspirados no nosso ideário. Na Ásia, hádez anos atrás, dif ici lmente seencontravam partidos socialistasdemocráticos. Actualmente, também aí seassiste ao nascimento do movimentosocialista democrático.Este desenvolvimento deve ser visto à luzda globalização operada na última décadae como resultado do fim da guerra-fria. Osocialismo democrático é o único modelopolítico que põe as pessoas à frente domercado. Tal não significa que sejamoscontra a economia de mercado. Pelocontrário: a globalização da economiaconduziu a um crescimento e a umdesenvolvimento que nós saudamos. Maso que não aceitamos é uma economia damercado em que os recursos não sejamjusta e igualmente distribuídos, implicandoa exclusão total de muitos dos nossosconcidadãos.Para a nossa família política, a cooperaçãoe a solidariedade para além das fronteirasnacionais são factos naturais. Tal como hácem anos houve um esforço deorganização com vista à criação de ummodelo que combinasse odesenvolvimento económico surgido daindustrial ização com objectivos deprogresso e justiça social, procuramos agirhoje de forma concertada com vista aatingir um novo equilíbrio, numa época de

globalização. O crescimento económico eo combate ao desemprego foram e sãoos nossos objectivos comuns. Por isso, osGovernos da União Europeia sob a nossaresponsabilidade colocam a questão doemprego e da promoção da coesão socialno centro das preocupações da União.Os nossos objectivos comuns começamem casa, ao nível nacional. Nas antigasdemocracias, os velhos laços desolidariedade foram debil i tados. Asdemocracias modernas estão a serquestionadas por a nova ordem políticanão ser capaz de fazer frente à pressãodos mecanismos selectivos edistribuidores das forças do mercado ouimpedir o desenvolvimento em vez de oincrementar. Uma das nossas tarefasfundamentais consiste no aprofundamento

da democracia e no alargamento daparticipação, de modo a abranger todasas pessoas nas decisões que terãoinfluência no seu quotidiano.Uma segunda tarefa consiste emdesenvolver a cooperação e a integraçãoa nível regional, não apenas na Europa masno mundo inteiro. A União Europeia é umexemplo inspirador para a Ásia, a África ea América, como modelo de integraçãoregional aberta e instrumento deregularização da globalização. Mas, nopresente, a maioria dos projectos decooperação situa-se mais no âmbito daintegração dos mercados do que noâmbito da integração dos cidadãos.A terceira tarefa situa-se no âmbito dademocracia e dos direitos humanos. Nãoobstante a onda de democratização

verificada após a guerra-fria, crimes contraos direitos humanos são ainda hojefrequentes.Os incidentes verificados nas últimasdécadas contra a população civil noRuanda, nos Balcãs e na Tchetchéniademonstram que o mundo não sehumanizou. Os direitos humanos, sociaise culturais devem ser realçados hoje commaior amplitude, como consequência daglobalização. Há que repensar oenquadramento e a base legal do direitode ingerência humanitária e reforçar osistema das Nações Unidas.Um próximo passo será o desenvolvimentoda cooperação com os Estados Unidos ecom a Rússia. Os processos internosnestes países são de grande importânciapara o resto do mundo, em particular naárea da política de segurança. No âmbitoda Internacional Socialista, Goran Perssonserá especialmente responsável pelasrelações com a Rússia e com aComunidade de Estados Independentes,enquanto Tony Blair terá a seu cargo odiálogo transatlântico. Queremos procederao incremento das relações daInternacional Socialista com os actorespolíticos globais.A integração da Federação Russa nosdiferentes segmentos da cooperaçãoeuropeia é uma condição para acontinuidade da democracia e dodesenvolvimento nesses enormes países.As crises económicas e sociais na Rússiaconstituem um entrave ao incremento dademocracia, sendo esta uma condiçãopara um desenvolvimento sustentável. Étarefa urgente apoiar tanto no plano políticocomo no plano prático os movimentospopulares e os partidos políticos que lutampelo aprofundamento da democracia epelos direitos humanos. O alargamento daUnião Europeia é um importante projectopara a paz e democracia não só na Europa.Uma integração bem sucedida constituiráum exemplo para outras partes do mundo.O debate global de ideias políticas relativasà paz, democracia e justiça social não éapenas uma preocupação dos membrosda Internacional Socialista. No âmbito dopróximo fórum mundial que iremospromover serão convidados professoresuniversitários, entidades do mundofinanceiro, do comércio e da indústria,políticos e outros, com o propósito dediscutir as estruturas futuras para oprogresso global.O nosso movimento internacional está naprimeira linha deste projecto e é o principalimpulsionador deste programa deprogresso global. Os desafios e asdificuldades são muitos, e não temos apretensão de ter todas as respostas. Mas,ao contrário dos movimentos de direita,pensamos que a nossa responsabilidadee a nossa solidariedade ultrapassam oquadro das fronteiras nacionais.* Primeiros-ministros de Portugal e da Suécia; In «Expresso»

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 27 JANEIRO 2000

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

QUALIDADEE DEMOCRACIA

INSUFICIÊNCIA E DESPERDÍCIOSNO SNS EM VEZ DE EFICIÊNCIAQUALIDADE E HUMANIZAÇÃO

SISTEMA POLÍTICO Paulo Pisco

SAÚDE João Nóbrega

qualidade da democracia e anecessidade de credibilizar osistema político tem sido umdos temas recorrentes das

discussões nos últimos tempos. Se aimagem do sistema político se degradoufortemente, isso deve-se, em boa parte, àprópria acção de alguns actores políticosque decidiram adoptar estratégias depopularidade fácil e rápida, com propostase atitudes insensatas, pondo em causa aclasse e as instituições que eles própriosrepresentam. Assim se atingiu fortementea nobreza, honestidade e boa-fé da política,o que é injusto e perverso para o própriosistema democrático.Os partidos têm actuado neste processocom comportamentos diferentes, comclaras diferenças entre o PCP e o PP.Enquanto o PP já passou da defesa de umamoralização demagógica, para umavalorização da política e das instituições querepresentam, o Partido Comunista tem umaestratégia diferente, preferindo, acima detudo, atacar as políticas e as orientaçõesdo Governo. Já o PSD tem-se evidenciadonos últimos tempos pela utilização de umaestratégia e linguagem estranhas, o quecertamente se fica a dever ao facto dopartido atravessar um período dedesorientação política e de fragmentaçãointerna, cheio de tensões e expectativas

negativas, com reflexos óbvios na suapostura e acção política. Os seus dirigentesrecorrem com frequência a ataquespessoais e, tão mau como isso, pretendemincutir na opinião pública a ideia que a nossademocracia não está consolidada porqueo PS detém um grande poder na sociedadeportuguesa.O PSD quer fazer passar a ideia de que ofacto do PS ter maior representatividadepolítica na sociedade, na Assembleia daRepública, nas Câmaras e no ParlamentoEuropeu, legitimamente obtida emsucessivas vitórias eleitorais, é um sinal dedebilidade democrática. Só que esta teseconfigura a negação da vontade dosportugueses e é tão incoerente que encerraem si própria uma intenção de duvidosademocraticidade, já que põe em causa umpoder legitimamente conferido pelo voto. Eé precisamente aqui que o feitiço se voltacontra o feiticeiro, levando o PSD a atropelarprincípios e valores democráticos. Alémdisso, é uma ofensa aos portugueses, queestariam assim a ser coniventes com este«jogo antidemocrático» Ao que parece, oPSD quer fazer passar a mensagem quesó haverá verdadeira democracia quandochegar ao poder e que, até lá, todos nósvivemos numa espécie de fase pré-democrática, não percebendo que assimestá a dar uma imagem falsa e redutora da

nossa democracia ao tentar que umamentira ganhe ares de verdade.Portanto, o problema não se põe ao nívelda qualidade da nossa democracia que,como todas as democracia, estão empermanente aperfeiçoamento, mas daqualidade de alguns dos nossos políticos.Os mesmos que não têm poupado esforçospara desvalorizar a presidência daInternacional Socialista pelo primeiro-ministro e secretário-geral do PS, AntónioGuterres, não obstante ser esse um cargointernacional de grande relevo, ou disparamsobre a presidência portuguesa da UniãoEuropeia por não se conseguir realizar aCimeira com África, passando ao ladodaquilo que verdadeiramente interessa, queé tirar esse continente do abismo em quese encontra.A tese do PSD de que existe uma perigosaconcentração de poder no PS é a revelaçãode uma grande dificuldade em digerir asderrotas em sucessivas eleições. Não épreciso estar muito atento à vida políticapara perceber que não foi durante alegislatura do PS que se agravou aqualidade da nossa democracia. Pelocontrário, melhorou bastante, desde logopelo respeito conferido à Assembleia daRepública e ao papel dos deputados, pelodiálogo com a sociedade civil, pela vontadede descentralizar os poderes do Estado,

abdicando o próprio Governo desse poder,pelo incentivo a uma maior participação dasociedade civil nas decisões sobre os seusinteresses, pela criação dos referendosregionais e também pela nomeação paracargos públicos relevantes depersonalidades de vários quadrantespolíticos, entre elas muitas do PSD,infinitamente mais do que os socialistasnomeados pelo PSD, durante os anos emque foi Governo.A qualidade da democracia também se vêpela colaboração de todos os partidos naimplementação de reformas que vão aoencontro das mais profundas expectativasdos portugueses, designadamente nosdomínios da saúde, justiça, impostos ousegurança social. Os partidos não podempassar o tempo a bloquear reformas paradepois gritarem aos sete ventos que oGoverno não faz as mudanças que asociedade precisa. Este é certamente umdos factores que rouba qualidade àdemocracia, porque a coberto do pretextode se querer melhorar isto ou aquilo, o quena realidade se está a fazer é impedir aaprovação de medidas que permitiriam aosportugueses ter uma vida melhor e maisfácil, com mais segurança e bem-estar, commenos diferenças e maior igualdade deoportunidades.In «Expresso»

claro, para quem se dedique apensar o SNS, que há questõescentrais do sistema de saúde.São, sumariamente, as insufi-

ciências e os desperdícios da gestãoorçamental, além da sua baixa eficiência,reduzida qualidade de cuidados esecundarização do cidadão.Como sair deste xadrez? Há vias, que nóssocialistas, defensores de valores como atransparência, solidariedade, igualdade deoportunidades e justiça social, permitemresolver o jogo a favor do cidadão. Semprea favor da pessoa.A competição dentro do sector público eentre o sector público e o sector privado sãomecanismos saudáveis, com funçãoestruturante, orientadores de uma reformaviável, dentro do todo da reforma daadministração pública.

Se queremos ganhos em saúde, temos deservir os interesses dos cidadãos, sabercomo servir, nunca esquecendo que cadaum de nós é cidadão. Somos sempreusufrutuários da estrutura que criamos oudeixamos que os outros criem.O nosso problema não se resolve com maisdinheiro, a solução passa antes demais pormelhor gestão do que temos. Há que premiarquem gere melhor, quem produz melhor enão cobrir as dívidas dos mais gastadoresque não asseguram ganhos em saúdeproporcionais.Não haja ilusão que a privatização resolvetudo, há é que melhorar de forma contínua aqualidade de intervenção das organizaçõespúblicas, com inovação, libertas de pressõesexteriores que a forcem a assumir essa novapostura. Este processo de melhoria é algoque constitui a sua própria razão de intervir

e actuar. Melhoria que tem de ser contínua,sem fim à vista. Não basta aumentar aeficiência hoje, há que criar organizaçõesaptas a melhorar, ainda que nãoconheçamos as condições de amanhã.Temos de melhorar o relacionamento com ocidadão, com serviços de qualidade.Temos de aproximar o cidadão do serviçopúblico, melhorando a acessibilidade.É profunda a alteração? Certamente que sim.Temos é de achar que vale a pena e sabemosjá que a alma não é pequena.É importante saber que o processo é umconjunto de actividades que a partir de umconjunto de dados cria um produto de valorpara o cidadão. Além disso, que acorporização das relações organizacionaisé a estrutura. O processo e a estrutura sãoindissociáveis, resultam da comunicaçãointerpessoal.

Sejamos capazes de definir a estratégia deactuação, pois o contexto socio-político queenvolve as organizações que constituem aadministração pública o obrigam, bem comoa sua medição.A mudança é constante, as pessoas e asorganizações necessitam continuamente dese ajustarem mutuamente, por forma aredefinirem-se e melhorarem os seusresultados, quer individuais quer colectivos,e constitui aprendizagem.Com a aprendizagem as organizaçõestransformam-se, de modo mais ou menosacelerado, num processo de mudança.É aqui que a transformação cultural paraestruturas mais abertas e participativas eprocessos de decisão mais rápidos, comautonomia e responsabilização, éfundamental na melhoria do produto que sepresta ao cidadão.

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA17

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A REFORMA, A REESTRUTURAÇÃOOU O REEQUILÍBRIO

SISTEMA FISCAL Casimiro Ramos

funcionamento do sistemafiscal português será sempreum tema para debate.Apesar das suas insuficiências,

mas também das suas virtudes (pelomenos, a capacidade de arrecadar receitae os seus intuitos redistributivos), todos osfiscalistas estão cientes, das dificuldadesque existem para melhorar ou reformar osistema, no sentido de conseguir umamaior justiça fiscal para o universos doscontribuintes Portugueses.Considerando a importância que o IRS e oIRC, têm no total das Receitas Fiscais(cerca de 42 por cento) por um lado, e nasimplicações no campo de incidência, quedeles deriva noutros impostos, por outro,parece relevante que se analise a evoluçãodestes dois impostos nos últimos 9 anos.

1. A evolução contributivaem IRS e IRC

O número de contribuintes em 1998 foi decerca de 3.5 milhões, mais 350 mil do queem 1995 e mais 490 mil do que em 1992.Este acréscimo do número decontribuintes, teve maior significado a partirde 1996 e deve-se essencialmente aoaumento do número de contribuintes emIRS (um crescimento de 11.1 por cento de1995 para 1998, contra 3.7 por cento de1992 para 1995).A matéria colectável, por sua vez, tambémapresenta um crescimento maissignificativo a partir de 1995. Tal facto ficoua dever-se ao aumento mais acentuado damatéria colectável de IRC, que teve umcrescimento de 53 por cento de 1992 para1995 e de 72 por cento de 1995 para 1998(no período de 1992 a 1995, a matériacolectável em IRC cresceu 1.6 vezes). Porsua vez, a matéria colectável em IRS teveum crescimento, mais ou menosprogressivo.Ao crescimento da matéria colectável,correspondeu, como é lógico, o aumentodo valor das colectas.A este respeito, também foi o aumento dacolecta em IRC (cresceu 47 por cento de1995 para 1998), que mais contribuiu parao crescimento do valor das colectas a partirde 1995, permitindo que no total dascolectas, o crescimento de 1992 para 1998tenha sido de 77 por cento.A evolução das matérias colectáveis e dascolectas, com crescimentos superiores aocrescimento do número de contribuintes,nomeadamente a partir de 1995, teve comosignificado um alargamento da basetributável e um aumento do valor dascolectas por contribuinte, factor essencialpara manter o financiamento do sistema.Trabalhando estes dados e calculando oindicador de matéria colectável e decolecta por contribuinte, apesar de seregistarem crescimentos relevantes aonível do IRS é mais uma vez no IRC, queestes indicadores registam um aumento

mais significativo, a partir de 1995.Digno de registo é também o facto do pesodas colectas em relação às matériascolectáveis ter sido praticamente inalteradono período de 1991 a 1995 (cerca de 21por cento no IRS, entre 38 por cento a 34por cento em IRC e cerca de 25 por centono conjunto dos dois impostos). Istosignifica que, em termos gerais, o Governonão subiu a carga fiscal, confirmando-sea promessa da não subida de impostos.No entanto, a análise genérica destesnúmeros, não esclarece a inegáveliniquidade do sistema, as fugas querealmente existem e os montantes, que defacto por diversas razões, deixam de serarrecadadas pela administração pública.

2. A relaçãoEstado/Contribuinte

Se a eficiência da máquina f iscal,sobretudo nos últ imos quatro anos,nomeadamente através da melhoria dossistemas de controlo e fiscalização terãopermitido ao Estado arrecadar a mais,cerca de mil milhões de contos(pressupondo a mesma colecta porcontribuinte de 1995 a 1998), no conjuntodos dois impostos não podemos ignorar,o elevado número de contribuintes em IRC,que nada pagam ou que pagam valoresirr isórios, da não declaração derendimentos em espécie, dasubfacturação, das despesas empoladas,etc., etc. etc.Durante muitos anos, o Estado enquanto

cobrador de impostos colocou-sesistematicamente perante o contribuinte,no pressuposto de que este não eracumpridor. Então, a soluçãosistematicamente encontrada para que onível de receitas não baixasse, era o desubir ano após anos, as taxas do imposto.Essa metodologia, errada logo no principioda presunção do incumprimento, leva aque sistematicamente uns, paguemabsurdamente mais que outros e pior quetudo, também pelos outros. Isto é, asobrecarga recai na maior parte doscontribuintes por conta de outrem, cujorendimento advém exclusivamente dosalário legal e realmente declarado.O primeiro passo para eliminar estapresunção de incumprimento e para darmaior transparência ao sistema fiscal erasem dúvida a adopção do principio datributação pelo rendimento real. Narealidade é a aplicação dessametodologia, que explica o sucessivocrescimento da matéria colectável em IRC,nomeadamente nas pequenas e médiasempresas.No entanto, a adopção do principio datributação pelo rendimento real, mantendoem vigor taxas que na sua génesis nãotinham por base este principio, acentua asinjustiças e os empresários têmdificuldade em entender um nível detributação, que está entre os 38 por centoe 34 por cento (acrescendo ainda ascontribuições para a segurança social),quando o nível de tributação em IRS, sesitua nos 21 por cento. Ou seja, não é

aceite com razoabil idade, que umaempresa tenha um «sócio» (Estado) queno fim do ano receba 1/3 dos dividendos.Estamos, assim, num ciclo vicioso em queexistem um conjunto de questões, quedevem ser clarificadas.- Se os sistemas de controlo e fiscalizaçãosão eficientes no actual sistema, aslacunas estarão no sistema.- Se o sistema tem a malha larga, partindodo principio do incumprimento, tal éincompatível com a tr ibutação pelorendimento real, pois as taxas sãoinadequadas.- Se a postura do próprio contribuinteperante o Estado é a de incompreensãopara com o sistema, então estamos nasituação em que o doente não colaboracom o médico e logicamente dificulta aterapia.- Confundir deficiências do sistema cominsuficiências dos métodos de fiscalização,nomeadamente acreditar que olevantamento generalizado do sigilobancário é a grande solução, traduzir-se-ána prática por punir exemplarmente algunscontribuintes, sem que na generalidadehaja alterações ao sistema, ou seja admitira incapacidade de o melhorar.

3. O reequilibriodo sistema

Uma vez que, no que respeita ao IRS, temsido possível não aumentar a carga fiscal(nomeadamente pelo intensivo recursodos contribuintes às diversas modalidadesde benefícios fiscais e também pelomecanismo de deduções à colecta,introduzido pelo Governo a partir de 1999),tudo aponta para que ao nível do IRC, opapel das empresas e empresários sejadeterminante.Se as taxas de IRC se situarem em valoresrazoáveis, esse será um primeiro passopara que não existam empresários (sócios-gerentes) a declaram como rendimento oSalário Mínimo Nacional, que possa serdiminuído o número de trabalhadorescontratados em situação precária, que assituações dos trabalhadoresindependentes (liberais) seja transparente,que o principio da tr ibutação pelorendimento real, seja realmente aplicado.O contexto actual, apresentado pelaevolução nos últimos anos do número decontribuintes e respectiva carga fiscal,demonstra que a proposta do Governo emreduzir as taxas de IRC é oportuna, lógicae indispensável para diminuir a iniquidadedo sistema.Como em qualquer sistema, o sistemafiscal é composto por vários intervenientese a sua relação é interdependente eindispensavelmente leal. Se alguma daspartes não cumpre lealmente com os seusdeveres, então, de facto não haverásistema que nos valha.*Deputado do GPPS

O

Evolução das colectas

Evolução das colectas por contribuinte

Fonte: Min.Finanças

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ACÇÃO SOCIALISTA 18 27 JANEIRO 2000

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

MICRÓBIOS E ROBOTS António Brotas*

O MOLUSCO DE EINSTEINCONTO DO MILÉNIO

chegada, o prestigiado Presi-dente da ACUM (Academia dasCiências Universal Microbiana)trocou umas palavras de

circunstância com o colega (e candidatoà sua sucessão), que tratara dos detalhese o arrastara para aquele encontro.«Sabe, eu não dou muita importância aestas iniciativas do ministro Ogag, massempre é preferível falar para os jovens doque para os políticos.»«Sim, os jovens de hoje são os políticosde amanhã, são eles o nosso futuro.»«Pois - rosnou para dentro o Presidente -, assim vais longe. No mínimo, apresidente da ACUM, e talvez até�.»Vieram chamá-los. Ao entrar na salami lhares de jovens micróbioslevantaram-se e aplaudiram fazendovibrar as membranazinhas. Na realidade,não eram micróbios verdadeiros, masrobots de micróbios. A sessão eratransmitida por videoconferência paramilhões de outras salas onde biliões dejovens micróbios, estes verdadeiros, aseguiam em directo com a possibilidadede intervirem com perguntas e curtasintervenções.Um elaborado programa e umcompl icado s istema de l igaçõespermitiam escolher as perguntas dosmicróbios reais e fazer sínteses das suasintervenções que depois eramapresentadas pelos micróbios robotsdiante dos conferencistas.Embora o sistema ainda não estivesseinteiramente apurado, a Administração jáusava amplamente o concei to decidadão-robot. O que se fazia, ali, era,exactamente, uma apl icação numdomínio, o das conferências científicas,em que revelara não estar a indainteiramente afinado.Em sessões anteriores, os programaselaborados a part i r de e lementosestat ís t icos t inham el iminado asperguntas inteligentes e originais com oargumento de serem raras. Asintervenções dos jovens micróbios-robots t inham a ta l ponto s idodesinteressantes e banais que o públicot inha f icado com uma péssimaimpressão da juventude.Tinha havido uma reacção e, em partedevido a ela, e com algum apoio daAcademia, tinham sido feitos programasalternativos, muito controversos e desdelogo classificados de «elitistas», em quese procuravam seleccionar as«perguntas inteligentes» e fazer síntesesinteressantes.Naquela reunião ia ser testado um destesprogramas. Os conferencistas,carregando num botão com a indicação«pi», podiam fazer com que os robots,em vez das perguntas «médias»,fizessem «perguntas inteligentes».O acompanhante do Presidente fez as

apresentações. O Presidente, a lgodistraído, não reteve nada do que eledisse e entreteve-se a contar as vezesem que fez uso de efeitos especiais(conhecidos de todos os oradores ) paraobter os aplausos dos robots. Tãoentretido estava nesta contagem, que foiapanhado de surpresa e teve de entrarde repente no assunto, quando lhederam a palavra:«Meus senhores (os jovens gostamsempre de ser tratados por senhores).Venho fazer-vos uma comunicação damaior importância. Como sabeis, a nossacomunidade científica, além dos seusestudos originais, tem dedicado uma boaparte do seu tempo a deci f rar ovalorosíssimo espólio científico da extintaespécie humana que, pode-se dizer, seauto-liquidou com aquela questão daglobal ização que diminuiu abiodiversidade e a deixou exposta aonosso mortífero ataque. Esta espécie(que durou menos que os dinossauros)era, no entanto, dotada de um notávelhardware biológico. Por estranho quepareça, tendo conseguido sobrevivercom técnicas rudimentares durantemilénios, veio a desaparecer quaseinstantaneamente (em termosgeológicos) no momento exacto em quea sua Ciência tinha um desenvolvimentoexplosivo.»Num dos úl t imos séculos da suaexistência, houve um humano, umcientista, chamado Albert Einstein, quese destacou e fo i justamentehomenageado pelos seus semelhantes.Os nossos matemáticos trabalham hojeintensamente para decifrar a obra deAlbert Einstein (a que se seguiram outrasainda mais complexas) e não a terãoainda inteiramente compreendido, maseste grande autor teve a simpática ideia

de escrever obras de divulgação e écom base numa delas, que eu vos trago,hoje, aqui , uma informaçãoimportantíssima para nós, micróbios:«Nós vivemos no interior de um imensomolusco, finito, mas sem limites».Sent iu-se na sala um ambiente desatisfação. Embora a questão dos limitesnão fosse muito clara, a ideia de viveremno inter ior de um molusco eramanifestamente agradável para os jovensmicróbios.Aprovei tando o bom ambiente, oPresidente carregou no botão «pi» edisse: «Podem agora fazer perguntas.»O primeiro a falar foi um pequeno robotcom uma expressão inteligente: «Comoé a pele dele?». «De quem?». «Domolusco». «Não tem». «Então como é queestá separado do exterior?».«Não háexterior». «Então, o molusco está dentrode quê?». «Está dentro de ele próprio».Houve um silêncio e, depois, o pequenorobot disse: «Não entendo». Outras vozesse foram em seguida ouvindo: «Eutambém não». «Eu também não».«Vou tentar explicar», disse o Presidente.«Vocês têm os 6 pontos cardiais queaprenderam na escola: Norte, Sul, Este,Oeste, para Cima e para Baixo. Oshumanos não viviam espalhados peloespaço em blocos de gelatina como nós,mas estavam praticamente confinados àsuperfície do planeta Terra. Por isso sóusavam 4 pontos cardiais. Nos temposem que só sabiam navegar à vela, umhumano, um espanhol chamado Fernãode Magalhães (a cultura histórica doPresidente tinha algumas falhas) saiucom uns barcos do porto de Sevilhanavegou sempre para Oeste e regressouvindo do Este. Se tivesse navegado paraNorte, teria regressado vindo do Sul. Nonosso molusco a situação é a mesma.Se andarmos sempre numa direcçãoregressamos vindos do lado oposto».Um robot com ar de líder estudantillevantou-se no meio da sala e disse:«Quer o senhor dizer que o nosso espaçonão é euclideano?».«Exactamente», disse o Presidente.«Então, se o nosso espaço não éeuclideano, porque é que nos obrigamno 17º ano de escolaridade a fazer umexame de acesso ao Ensino Superior dacadeira de Geometr ia Descr i t ivaeuclideana a 4 dimensões? Esta cadeiradeve ser substituída por uma cadeira deTopologia.»«Não», disseram imediatamente outrosrobots. «A Geometria Descritiva servepara elevar as nossas médias para entrarna Universidade».A polémica estudantil estalou na sala e oPresidente teve a maior dificuldade emdar a palavra a dois robots que já atinham pedido.O primeiro foi um robot com um ar muito

sério que perguntou:«Já resolveram o problema do �pavé� ?�Que �pavé�?». «Eu não entendo umespaço finito que não possa ser visto defora se não me indicarem um volumebem definido, o �pavê�, que repetido emN exemplares encostados uns aos outrospossa preencher esse espaço». OPresidente reconheceu que os micróbiosmatemáticos ainda não tinham resolvidoo problema, mas disse que andavam aprocura da solução nos arquivos doshumanos.O último interveniente foi um pequeninorobot, que estava na úl t ima f i la ecomeçou a falar muito lentamente:«Se eu tiver um irmão gémeo, ele ficarparado e eu partir numa dessas viagenspara um lado com regresso vindo dooutro, como é que o senhor me garanteque não nos vamos encontrar, ele a mime eu a ele virados do avesso?» «Viradosdo avesso?». «Sim, com a mão esquerdatocada pela direita.»O Presidente sentiu-se ele próprio viradodo avesso e compreendeu que já não eracapaz de dar mais nenhuma explicação.A polémica estudantil reacendera-se etodos queriam falar. O indicador do nívelde entropia discretamente encrustado nopúlpi to do orador at ingira n íveisaltíssimos, sinal de que de um momentopara o outro a reunião ficaria fora decontrole. Decidiu, então, dirigiu-se à salae dizer:«Vou pedir aqui ao meu colega mais novopara vos explicar todas estas questões.»O acompanhante não se fez rogado.Dir ig iu-se ao púlpi to, desl igouimediatamente o botão das «perguntasinteligentes», e perguntou:«Vocês querem que eu vos explique tudoisto de um modo muito simples?».«Sim, sim», gritaram os robots de ummodo quase unânime.«Muito bem. Vocês sabem o que é o �bigbang� ?».«Sim, já aprendemos nas cadeiras deFísica. Até já fizemos exames sobreisso.»«Ópt imo, basta re lacionar o queaprenderam em Fís ica com o queouviram agora: o �big bang� foi o instanteem que nasceu o molusco em que agoravivemos».«Fica tudo claro?». «Sim, sim.»«Há mais alguma dúvida?» «Não, não.»«Talqualmente como os humanos naúltima fase», pensou o Presidente, masguardou o comentário para si e, comonão havia mais perguntas, encerrou asessão.No dia seguinte a Imprensa sublinhou aexcepcional clareza da intervenção doacompanhante, que quase todos osjornais apresentaram como futuroPresidente da ACUM.* Membro da Comissão Política Concelhia de Lisboa do PS

À

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27 JANEIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA19

CULTURA & DESPORTO

QUE SE PASSA Mary Rodrigues SUGESTÃO

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

Concerto em Albufeira

Este sábado, dia 29, pelas 21 e 30, oAuditório Municipal será palco de umconcerto de acordeão, a cargo de GonçaloPescada, que inclui peças de Bach,Sacrlatti, Haydn, Moszkowski, Satrauss,Precz, Vlassow e Iwanow.Até ao dia 8 de Fevereiro estará patenteao público, no Museu Munixcipa deArqueologia, uma exposição de HeráldicaTemplária, da autoria de Miguel Botto.

Imagens em Braga

O Museu da Imagem alberga umaexposição colectiva de dez fotógrafosespanhóis intitulada «Sem Objectiva».A mostra, patente ao público até ao dia 20de Fevereiro, integra trabalhos de ElenaFernández de Prada, Isabel García, ZoraidaMarques, Enrique Lista, Suso Fandinho,Salvador Cidras, Antonio García Pereira,Adolfo Barcia, Rut Masso e Marcos Vilarino.

CD em Coimbra

As pinturas de António Macedo encontram-se em exibição, até ao dia 27 de Fevereiro,nas Galerias do Átrio e do Jardim.«Folha a Folha» - Canto e Guitarra deCoimbra, é o disco compacto de JorgeCravo, Manuel Borralho, José Ferraz deOliveira e Gouveia Ferreira, que seráapresentado sábado, dia 29, às 18 horas,na Casa Municipal da Cultura.De quarta-feira a sábado, a partir das 21 e30, no Escola da Noite, assista à peça«Jacques e o Amo», um texto de MilanKundera, traduzido por Teresa Curveiro eencenado por Sílvia Brito.

Fotografias em Faro

A partir de amanhã e até ao dia 3 deFevereiro, os cinemas Santo António eGolden City exibem a fita «Joana d�Arc»,um drama épico de Luc Besson, com MillaJovovick, John Malkovich e Faye Dunawaynos principais papéis.Até ao dia 15 de Fevereiro poderá visitar,no Museu Arqueológico Municipal, amostra «Museu Aberto do Descobrimento».Os melhores trabalhos apresentados noconcurso de fotografia subordinado aotema «Património Hidráulico na Serra doCaldeirão», vão ficar expostos até 17 deFevereiro na sede da associaçãoambientalista algarvia In Loco.

Histórias em Guimarães

«Uma História Simples», de David Lynch,é o filme a exibir-se, hoje, às 21 e 45, noAuditório da Universidade do Minho.O Cinema São Mamede estreia, amanhã,o épico «Joana d�Arc», exibindo-o até aodia 31.Para os mais pequeninos a BibliotecaMunicipal Raúl Brandão reservou o conto

de Maria da Conceição Campos - «EraJunho e Foi Natal» - para a sessão deamanhã, às 10 e 30.

Teatro em Lisboa

São duas as produções cinematográficasque debutam amanhºã nas salas lisboetas.Trata-se de «Joana d�Arc», de Luc Besson;e «Beleza Americana», de Sam Mendes,um filme galardoado com os Globosd�Ouro 1999.A peça «O Museu do Pau Preto», deMiguel Hurst , contará, a part i r deamanhã, no Teatro Maria Matos, cincoséculos de emigração afr icana,ilustrando os problemas de integração dequem parte para outro país, outra cor eoutra cultura.Uma exposição com esculturas sobrepoemas de Fernando Pessoa, F. Helderline Saint-John Perse, realizadas por SimoneBoisecq, encontra-se patente ao públicona Casa Fernando Pessoa. A exposiçãoestará patente até ao dia 15 de Março.

Desportoem Montemor-o-Velho

No domingo o desporto é rei: o PavilhãoMunicipal acolhe, pelas 11 horas, oCampeonato Distrital de IniciadosMasculinos de Basquetebol. Por seu turno,o Centro de Recreio Popular daFormoselha foi escolhido para «arena» nodesafio de futebol de 11 masculinos juvenisentre o Fornoselha e o Flechas.

Concerto no Porto

O novo Auditório da Fundação de Serralvesserá inaugurado este sábado, dia 29, comum concerto do pianista Miguel BorgesCoelho, que interpretará obras de Ravel,Chopin, Scriabin e Stravinsky.A VI Festa do Livro do Porto abriu já a suasportas no Mercado Ferreira Borges,proporcionando a oportunidade de adquirirmais de meio milhão de livros a preços desaldo.Diariamente, até 12 de Fevereiro, das 15às 24 horas, entre 30 a 40 mil títulos delivros clássicos ou modernos, de romanceou ficção científica, infantis, técnicos oumesmo de ensaio estão disponíveis eacessíveis.

Debate em Sintra

A Federação das Associações de Pais doconcelho realiza um encontro de reflexãoe debate sobre «Prevenção da Violência eSegurança nas Escolas», no dia 29, a partirdas 14 e 30, na Escola EB 2,3 AntónioSérgio, no Cacém.A famosa Colecção Berardo estará, a partirdo dia 30, no Sintra Museu de ArteModerna. Assim, a inauguração da mostra«Novas Aquisições» decorrerá nodomingo, às 16 horas, permanecendoaberta ao público até ao final de Abril.Até ao dia 4 de Fevereiro terá oportunidadede apreciar, no Centro Lúdico de Rio deMouro, a mostra colectiva de ilustraçãoinfantil «Os Meninos e o Mar».

Sábado, 29 de JaneiroDas 16 às 19 horas

Tenda - Centro de Pedagogiae Animação - CCB

ENTRADA LIVRE

Ciclo de Grandes Orquestras

Filarmónica de Nova IorqueKurt Masur � Maestro

28 de Janeiro, 19 horas

Grande Auditório Fundação Calouste Gulbenkian

GALA NOVAERA

A Rádio Nova Era realiza, dia 29, noPavilhão Rosa Mota, Porto, a maior festada Península Ibérica que distingue o quede melhor se fez no panorama musicalde 1999.Lit, em estreia europeia, PedroAbrunhosa & Os Bandemónio, The Gift,Santos & Pecadores, Sara Tavares,Repórter Estrábico, Tim, Brand NewHeavies são os artistas que actuarãonesta quarta edição da «gala Nova Era»,enquanto as presenças de James,Bloodhound Gang, Guano Apes, DaWeasel e Rui Veloso aguardamconfirmação.Este ano, na categoria «Melhor Balada»,foram nomeadas as canções «ExFactor», de Lauryn Hill, «Beijo», de PedroAbrunhosa, «When U Say Nothing AtAll», de Ronan Keating, «Fala-me deAmor», dos Santos & Pecadores, e«Secretely», de Skunk Anansie.«Hey Boy, Hey Girl», dos ChemicalBrothers, «Canned Heat», deJamiroquay, «Sing It Back», de Moloko,«Big Love», de Pete Heller, e «TurnAround» de Phats �N� Small, são asnomeações para «Melhor Dance».Quanto à «Melhor Estreia», constam osnomes de Britney Spears, ChristinaAguilera, Jennifer Lopez, Ronan Keatinge Sara Tavares.Uma das bandas de Da Weasel, GuanoApes, Red Hot Chilli Peppers, SkunkAnansie e The Gift vencerá a categoria«Melhor Grupo».A Nova Era irá ainda atribuir, entreoutros, os galardões para o «MelhorSingle», «Prémio Carreira», «MelhorHomem» e «Melhor Mulher», estandonomeados Olavo Bilac, Rui Veloso e Time Lúcia Moniz, Sara Tavares e SóniaTavares, respectivamente.

Ver ten te lunar

Brancura brancuravéu de águana fronte do sonhofrescura na febrea correr a espraiar-sea encher velhas rugasda vertente lunar!No azul incorpóreoum corpo indecisosuspenso�E os veios de alvuraunidos num riocom margens de sombraaos poucos morrendomorrendono espelho do mar!

Edmundo Bettencourt

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ACÇÃO SOCIALISTA 20 27 JANEIRO 2000

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaÓrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

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SOC IAL ISTA

«O socialismo democrático é oúnico modelo político que põe aspessoas à frente do mercado»António Guterres e GoranPersson, primeiros-ministros dePortugal e da SuéciaExpresso, 22 de Janeiro

«(Pinochet) está velho, doente ecansado? Não me interessa. Estávivo e lúcido e merece, para alíviodaqueles que defendem o valorda vida humana e dos seusdireitos, um julgamento exemplar»Eduardo BarrosoDNA, 22 de Janeiro

«A televisão portuguesa deviapassar urgentemente este filmeadmirável (Missing) de CostaGravas. E devia, a seguir aomesmo, promover um amplodebate sobre todas asatrocidades que então secometeram. Era a melhor maneirade o julgarmos (Pinochet)»Idem, ibidem

«O desejo de aceder ao poder é aforça que move as diferentesfacções do �pêpêdê� e do�pêssedê�»Edite EstrelaExpresso, 22 de Janeiro

«Durão Barroso parece um líderacossado. Nunca teve chamanem rasgo, mas agora aparecemacilento e atordoado, sem ideiase sem rumo»Idem, ibidem

A REORGANIZAÇÃODO SISTEMA BANCÁRIO

bolsa portuguesa terá ganhoalguma tranquilidade com asfusões e aquisiçõesrecentemente efectuadas.

A estrutura bancária portuguesa nãopoderia manter-se como estava. A pressãogerada pela gradual integração do sistemafinanceiro europeu, a unificação monetáriaem curso na União e nomeadamente noespaço do Euro, conjugadamente com aaceleração da internacionalização dastrocas e a globalização económica mundialcriaram condições para umreordenamento do sistema.A perturbação lançada na reorganizaçãodo sistema bancário pela actuação deAntónio Champalimaud na negociaçãocom o Banco Santander Central Hispano,travada de certa forma pelo despacho doentão ministro Sousa Franco, veio achamar a atenção da opinião pública paraeste processo já em curso.O despacho ulteriormente publicado peloministro Pina Moura permitiu, na suaprimeira fase de concretização, ultrapassaro diferendo visível entre o Governoportuguês e a Comissão Europeia,perspectivando uma das l inhas dereordenamento do sistema bancário efinanceiro em geral.Neste reordenamento do universo

empresarial bancário, a Caixa Geral deDepósitos, com cerca de ¼ do mercado,variando segundo o tipo de negócios, terápossibilidade de ter um papel decisivo.Uma presença do Estado no sectorbancário, onde dispõe de um gruposignificativo, nomeadamente a CGD e oBanco Nacional Ultramarino, permiteintervir neste processo.Os grupos estrangeiros, nomeadamenteespanhóis, presentes no mercadobancário nacional, não chegarão a 1/5 domercado português. Em qualquer caso, aforte internacionalização do sector tem aver menos com o mercado e mais com onovo sistema de supervisão financeira ede integração dos sistemas bancários dospaíses membros da União Europeia. Acriação do euro, moeda já adoptada em11 Estados europeus, bem como ofuncionamento do Banco Central Europeue do Sistema Europeu de Bancos Centraissão realidades novas, à luz das quais sedeve ponderar o fenómeno daconcentração do sector bancário, à escalaportuguesa e no quadro do mercadoeuropeu.É claro que as fusões já anunciadas edecididas do BES com o BPI e do BCP/Atlântico com o Banco Mellocorrespondem à criação de dois

fortíssimos grupos bancários e financeirose à perda de peso decisório (que nãonecessariamente accionista) de mais umadas famílias da antiga finança no sectorbancário em favor da chamada tecno-estrutura e de gestores profissionais. Masa hipótese de fusão destes dois novosgrupos do sector financeiro nacional,possivelmente ultrapassando metade domercado bancário nacional, poderiasuscitar questões em termos deconcentração, se considerássemosapenas o mercado nacional e não omercado europeu.Em qualquer caso, a repercussão destesmovimentos de fusões e aquisições nointeresse dos cidadãos terá que ser vistano quadro de um mercado que nunssegmentos é local ou regional e noutros énacional, europeu ou mundial. Há que terem conta que é uma área onde o processode europeização política e financeira bemcomo de globalização económica mundialse confronta com a necessidade deadoptar sempre no terreno concreto dasrealidades económicas e sociais umaprática socialista democrática, quecompatibilize o bem-estar dos cidadãoscom a eficácia empresarial e o objectivonacional e europeu do desenvolvimentoeconómico e social.

A