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ANO 6 Nº 70 fevereiro - março 2007 Página Página A Locação e fretamento: a distinção necessária Apresentação de Pesquisa Página 2 Fretamento e Locação 4 5 Legislação ___________________________________________________________________________________________________________________ Aspectos Jurídicos e Financeiros Página Página A direção do Transfretur está motivando uma discussão importante sobre empresas que contém em sua razão social o termo locação, mas na prática caracterizam-se classica- mente como empresas de transporte de passagei- ros e acabam por burlar a legislação, atuando no segmento de fretamento. O assunto é bastante delicado porque há minúcias que diferenciam as atividades. As características tanto de uma atividade como outra esbarram em divergências por vezes sutis e o motivo pelo qual empresas passam a atuar de maneira irregular no serviço de fretamento está relacionado principalmente à fuga das legislações que regulam o transporte de passageiros, e à própria responsabilidade que o fretamento de pessoas possui perante o Código Civil e o Código Nacional de Trânsito. E a locação, não. O serviço de locação prima eminen- temente pelo aluguel do bem. Se um veículo é locado e junto com ele um motorista, não há configuração em fretamento. E se uma van for alugada junto com o motorista? A questão aí passa a ser de outra natureza, por exemplo: havendo contratação também do motorista, em veículo de porte igual ou su- perior a van, quantas pessoas transportadas caracterizam a atividade de fretamento? Depende da quantidade de pessoas ou da freqüência do transporte? O debate deve se dar de maneira orga- nizada entre órgãos reguladores e fiscali- zadores. Segundo o Presidente da Associa- ção Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), José Adriano Donzelli, “nosso negócio é locação de bens móveis, ou seja, ceder o uso de um bem por um período a terceiros em vista de uma remuneração”. (Veja matéria na página 4). Característica da locação - A assessora jurídica da Fresp e do Transfretur, Regina Ro- cha, comenta a dimensão legal do assunto ao esclarecer didaticamente as diferenças entre as atividades: “A entrega do veículo pelo locador ao locatário para usá-lo livremente é condição in- dispensável para a caracterização da locação. De posse do veículo, o locatário tem total liberdade, ou seja, vai para onde quiser, na hora que quiser, escolhe o percurso que melhor lhe agrada, sem se preocupar com nada, afinal ele tem a posse do veículo por aquele período previsto no contrato. Ele se autodetermina em relação ao bem, sua vontade é completamente soberana. Assim, o objeto do contrato é a coisa locada, e não o seu aproveitamen- to ou satisfação de utilidade. A ca- racterística da locação é o regresso da coisa locada para o seu dono, ao passo que o serviço fica per- tencendo a quem pagou, não sendo possível sua restituição”. As agências reguladoras, segundo apurou o Transfretur, variam na compreensão e ciência sobre o assunto. Por sua vez, a diretoria do sindicato visa abrir o debate e promover ações conjuntas de ma- neira a colaborar na fiscalização para evitar que ou- tra ‘modalidade de clandestino’ insira-se no segmen- to prejudicando as empresas que atuam conforme a legislação, recolhendo inclusive os tributos pertinentes à atividade. Confira matérias nas páginas 4 e 5.

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Page 1: ANO 6 Nº 70 fevereiro - março 2007 - transfretur.org.br · de maneira irregular no serviço de fretamento está ... um motorista, não há confi guração em fretamento. E se uma

ANO 6 Nº 70 fevereiro - março 2007

Página Página

ALocação e fretamento: a distinção necessária

Apresentação de Pesquisa

Página

2Fretamentoe Locação4 5

Legislação ___________________________________________________________________________________________________________________

Aspectos Jurídicose Financeiros

Página Página

A direção do Transfretur está motivando uma discussão importante sobre empresas que contém em sua razão social o termo

locação, mas na prática caracterizam-se classica-mente como empresas de transporte de passagei-ros e acabam por burlar a legislação, atuando no segmento de fretamento. O assunto é bastante delicado porque há minúcias que diferenciam as atividades.

As características tanto de uma atividade como outra esbarram em divergências por vezes sutis

e o motivo pelo qual empresas passam a atuar de maneira irregular no serviço de fretamento está

relacionado principalmente à fuga das legislações que regulam o transporte de passageiros, e à própria responsabilidade que o fretamento de pessoas possui perante o Código Civil e o Código Nacional de Trânsito. E a locação, não.

O serviço de locação prima eminen-temente pelo aluguel do bem. Se um veículo é locado e junto com ele

um motorista, não há confi guração em fretamento. E se uma van for alugada junto com o motorista?

A questão aí passa a ser de outra natureza, por exemplo: havendo contratação também do

motorista, em veículo de porte igual ou su-perior a van, quantas pessoas transportadas caracterizam a atividade de fretamento? Depende da quantidade de pessoas ou da freqüência do transporte?

O debate deve se dar de maneira orga-nizada entre órgãos reguladores e fi scali-

zadores. Segundo o Presidente da Associa-ção Brasileira das Locadoras de Automóveis

(Abla), José Adriano Donzelli, “nosso negócio é locação de bens móveis, ou seja, ceder o uso de um bem por um período a terceiros em vista de uma remuneração”. (Veja matéria na página 4).

Característica da locação - A assessora jurídica da Fresp e do Transfretur, Regina Ro-cha, comenta a dimensão legal do assunto ao esclarecer didaticamente as diferenças entre as atividades: “A entrega do veículo pelo locador ao locatário para usá-lo livremente é condição in-dispensável para a caracterização da locação. De posse do veículo, o locatário tem total liberdade, ou seja, vai para onde quiser, na hora que quiser, escolhe o percurso que melhor lhe agrada, sem se preocupar com nada, afi nal ele tem a posse do veículo por aquele período previsto no contrato. Ele se autodetermina em

relação ao bem, sua vontade é completamente soberana. Assim, o objeto do contrato é a

coisa locada, e não o seu aproveitamen-to ou satisfação de utilidade. A ca-

racterística da locação é o regresso da coisa locada para o seu dono, ao passo que o serviço fi ca per-tencendo a quem pagou, não sendo possível sua restituição”.

As agências reguladoras, segundo apurou o Transfretur, variam na compreensão e ciência sobre o assunto. Por sua vez, a diretoria do sindicato visa abrir o debate e promover ações conjuntas de ma-neira a colaborar na fi scalização para evitar que ou-tra ‘modalidade de clandestino’ insira-se no segmen-to prejudicando as empresas que atuam conforme a legislação, recolhendo inclusive os tributos pertinentes à atividade. Confi ra matérias nas páginas 4 e 5.

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Fundada em 1969Nº de carros: 170 (ônibus, microônibus e vans)Nº de funcionários: 210 (motoristas, manutenção e

administração)Receita:99% contínuo e 1% eventualIdade Média da Frota:

8 anosTipo de ônibus:Marcopolo / Busscar e Mercedes-Benz e Chassi: Volkswagen, Volvo e Mercedes-Benz.

PERFIL

Imagem _____________________________________________________________________________________________________________________

Fresp divulga pesquisa sobre imagemdo fretamento

NNo dia 28 de fevereiro, cerca de 70 pes-soas, entre empresários e representan-tes dos órgãos regulamentadores, par-

ticiparam da apresentação do resultado da pes-quisa quantitativa promovida pela Fresp junto a distintos públicos usuários ou não do serviço de fretamento. Valeska Peres e Rogério Belda, ambos da ANTP, que delineou as diretrizes da

pesquisa, assistiram à apresentação e comentaram o resultado promissor para o setor. A pesquisa foi realizada pela Foco Estratégico entre maio e ju-nho passado.

O Presidente-executivo do Transfretur, Jorge Miguel dos Santos, adiantou “que sem o tra-balho e o envolvimento da ANTP na pesquisa não teríamos chegado até a Foco Estratégico. O nosso passo agora é intensifi car a absorção

de carros”.Rogério Belda foi enfático ao afi rmar que “o go-

verno não tem que fi scalizar a operação, mas fazer com que os empresários garantam a segurança e as regras do trânsito”.

Já o Presidente da Fresp, Maurício Marques Garcias foi enfático ao admitir: “Estamos tímidos; oferecemos maior segurança, bem-estar e muitas empresas e seto-res nem sabem que nós existimos. Nosso cliente está

lá fora ávido por um produto de qualidade”.Consistência - Ao explicar o resultado da pesquisa

qualitativa e o aproveitamento de seus resultados, Rosa Moisés, que coordenou a pesquisa pela Foco Estratégico, disse que a o “método qualitativo mede as percepções, impressões e sensações dos usuários do fretamento”, e

que tais percepções tiveram uma homogeneidade bastante grande, fato que confere maior credibilida-de ainda à pesquisa.

Foram aferidos quatro grupos, que representam: os usuários, o se-tor executivo, o contratante (gerente de RH, por exemplo) e o não-con-tratante (gerente de RH, também). Mesmo o último grupo, não con-tratante, teve uma percepção muito boa dos benefícios que o serviço de fretamento pode trazer. “O usuário se atém a sua condição sem anali-sar outros quesitos, já o executivo tem a preocupação com a gestão do serviço; o contratante, em ge-

ral não usuário, preocupa-se com os benefícios para a empresa em termos de produtividade. E fi nalmente, o não-contratante tem uma visão mais crítica sobre parar em locais inapropriados”.

A assessora jurídica da Fresp e do Transfretur, Regina Rocha perguntou sobre a validade da pesquisa, que, de acordo com Rosa Moisés, “tem vida longa; a menos que aconteçam mudanças significativas no setor ou na política urbana”.

Valeska Peres ressaltou que é importante “reforçar o porquê da parceria Fresp-ANTP. Os transportes se comple-mentam, deve haver uma racionalização. O transportar sem qualidade não pode mais ser aceito. Temos de prestigiar o Grupo de Trabalho, através de redes integradas em que o transporte por fretamento esteja presente”. E fi nalizou: “Antes dos antagonismos, a cooperação”.

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DDesde 1969 a Gracimar está no mercado de fretamento, sobretu-

do, o fretamento contínuo. A empresa, situada na Vila Sô-nia – São Paulo, capital –, tinha apenas 11 anos e 12 ônibus, quando em 1979 foi comprada

pelos irmãos Waldir, Walter e Wilson Bellati que à época já administravam a Turismo Rodri-gues, e portanto, a partir desta experiência puderam multipli-car em muito o patri-mônio da irmã caçula a tal ponto que atual-mente a empresa pos-sui 170 veículos.

Aos poucos a sede de 600 m² deu lugar a uma espaçosa ga-ragem com todos os equipamentos deseja-dos e hoje a sede própria tem uma estrutura de 8500m² no

município de Taboão da Serra. De acordo com o Gerente

Geral, Sérgio Nestal, a Gracimar foi criando relacionamentos diferenciados com os clientes. Até porque também os clien-tes, segundo Nestal, “sofrem mutações de ordem estrutural e econômica. Logo, temos de trabalhar em cima da particula-ridade de cada um”.

Quanto às d i f i cu ldades , Sérgio destaca: “as inúmeras mudanças que ocorreram em

nossa política econômi-ca, estabelecendo-se

com isso um cons-tante clima de inse-gurança, inibindo investimentos mais relevantes e conse-qüentemente, com-

prometendo índices de crescimentos”.

Para o Diretor, Waldir Bellati, “a evolução dos preços dos in-sumos, principalmente no óleo diesel nos últimos anos, fez-nos repensar toda a nossa logísti-

ca de operações, resultando, inclusive, na interrupção de vá-

rios contratos que sem possibi l idade de re-passar esses aumentos tornaram-se inviáveis”.

Para Waldir, “é de-terminante estar sem-pre atento às mudan-ças no mercado, na evolução dos custos, em novas tecnologias, para se obter um cres-cimento sustentável”.

e econômica. Logo, temos de trabalhar em cima da particula-ridade de cada um”.

Quanto às d i f i cu ldades , Sérgio destaca: “as inúmeras mudanças que ocorreram em

nossa política econômi-ca, estabelecendo-se

com isso um cons-tante clima de inse-gurança, inibindo investimentos mais relevantes e conse-qüentemente, com-

prometendo índices de crescimentos”.

e econômica. Logo, temos de e econômica. Logo, temos de trabalhar em cima da particula-ridade de cada um”.

Quanto às d i f i cu ldades , Sérgio destaca: “as inúmeras mudanças que ocorreram em

nossa política econômi-ca, estabelecendo-se

com isso um cons-tante clima de inse-gurança, inibindo investimentos mais relevantes e conse-qüentemente, com-

prometendo índices

Editorial ______________________________

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“Dizem que a criatividade dos

brasileiros é incomparável, fazendo com que o mesmo tenha a capa-cidade de se adaptar a situações mais adversas possíveis, sobreviven-do a ambientes hostis e com seu famoso “jeitinho” atingir os seus objetivos que em outras culturas seria um processo inimaginável.

Acredito que temos que dar um basta nesta situação, pois, não é pos-sível continuar convivendo com tan-tas incertezas. Não bastasse termos que conviver com uma carga tribu-tária totalmente incompatível com a nossa realidade, ainda somos surpre-endidos por certas medidas de orga-nismos que regulamentam a nossa atividade e que não contribuem em nada para a sobrevivência da nossa categoria. Em paralelo a isso, o nível das difi culdades, seja para ampliar-mos o nosso roll de clientes ou para renegociarmos os nossos contratos, está cada vez mais complicado, pois, normalmente nos deparamos com o famoso “BUDGET” dos clientes, que são norteados por situações que não refl etem as nossas necessidades.

E o nosso BUDGET, ou melhor seria dizer: “BUNGT”? Acho que seria mais apropriado já que a rotina de incertezas compromete e muito a possibilidade de termos um plane-jamento de médio e longo prazo, levando-nos sistematicamente a ad-ministrar problemas de curtíssimo prazo, justamente para evitar o fami-gerado BUNGT.

Enfi m, aproveito a oportunida-de para parabenizar o Sr. Claudi-nei Brogliato - que apesar de todas as difi culdades, conseguiu elevar a representatividade do nosso seg-mento -, e desejar à nova diretoria sucesso, em todos os seus objeti-vos, que sem dúvida contribuirá de forma relevante aos anseios da categoria.

Waldir Bellati é Diretor daGracimar Transportes

e Turismo Ltda.

Série Conte sua HistóriaO Novos Caminhos trará sempre um breve histórico da trajetória das

companhias mais tradicionais até as mais jovens, tendo por base a ordem de registro da empresa na entidade desde sua fundação, em 1989.

Fundada em 1969Nº de carros: 170 (ônibus, microônibus e vans)Nº de funcionários: 210 (motoristas, manutenção e

administração)Receita:99% contínuo e 1% eventualIdade Média da Frota:

8 anosTipo de ônibus:Marcopolo / Busscar e Mercedes-Benz e Chassi: Volkswagen, Volvo e Mercedes-Benz.

PERFIL

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“Rotina de incertezas”“D

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Gracimar continua na batalha

dos e hoje a sede própria tem ca de operações, resultando,

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Diferenciação _______________________________________________________________________________________________________________

Locação e fretamento: a distinção necessária

O Novos Caminhos buscou ouvir representantes de órgãos reguladores, bem como, o presidente, da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, José Adriano Donzelli (Abla) - veja matéria abaixo - para saber deles a opinião sobre qual conduta os empresários de fretamento devem adotar em rel ação a mais este problema.

O Secretário Adjunto de Transportes, da Secretaria Municipal de São Paulo, Eduardo Wagner, que respondeu pron-tamente ao fax enviado pelo Novos Caminhos afi rmou que: “causa estranheza a suposta constatação da existência no mercado de empresas que têm em sua razão social o caráter de locação, conforme alega o Transfretur, não tendo a Pas-ta conhecimento desta situação, bem como, não procede o DTP com este tipo de cadastramento para a modalidade”. Exatamente, as empresas que possuem o termo locação na razão social não estão no perfi l atendido pelo DTP, por isso, diz-se que burlam a legislação. Não se trata de erro na emissão do Termo de Autorização, mas sim de ausência de fi scali-zação. Infelizmente, até o fechamento da edição a EMTU não respondeu ofi cialmente as perguntas.

A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) foi fundada em 1977 e é a entidade que represen-ta os empresários do setor de locação de veículos. Atualmente a Abla conta, nacionalmente, com 1.974 locadoras associadas que perfazem uma frota de 224 mil veículos. Os dados são de 2005. A atividade de locação se desen-volveu com Adalberto Camargo a partir de 1956, motivada, sobretudo, segundo a própria Abla, pelo Plano de Me-tas de Juscelino Kubitesck, que impulsionou principalmente a instalação de montadores automobilísticas no país.

Para se associar a Abla: “A Empresa deve atuar com exclusividade no Setor de Locação de Automóveis. Da mes-ma forma, no objeto social e no cartão do CNPJ devem constar apenas a atividade de Locação de Automóveis; e ser empresa regularmente constituída e atuante há no mínimo doze meses”, entre outras exigências. Confira bre-víssima entrevista com o Presidente da entidade, José Adriano Donzelli.

Novos Caminhos - Como a ABLA interpreta a ação de empresas que atuam no transporte de pessoas se passando por locadoras de veículos? Estas operações podem ser consideradas como locação?

José Adriano Donzelli - Para nós da ABLA, estas empresas não são locadoras de carros, uma vez que não há em nosso portifólio de atuação o transporte de passageiros. Nosso negócio é locação de bens móveis, ou seja, ceder o uso de um bem por um período a terceiros em vista de uma remuneração, e se há empresas que se transvestem de locadoras e assim o fazem não podem e não devem ser reconhecidas e tratadas como locadoras.

NC - Uma afi rmação comum no setor de transporte é que não existe locação de veículos com motorista, e que se houver passaria a ser uma prestação de serviços. É possível alugar veículos com motorista? Como funciona este mercado?

JAD - Esta não é uma afi rmação comum no setor, até porque é uma prática comum se alugar um carro com mo-torista, mas como um serviço agregado à locação, permitindo maior comodidade ao usuário, portanto, é um ser-viço individualizado, não voltado a transporte de passageiros, esporádico e não regular, que tem sua atuação mais voltada ao atendimento de executivos.

Como se formou a Abla

Artesp já apreende novos clandestinos

Abla apóia Transfretur

Novos Caminhos - O Transfretur averiguou que há no mercado de fretamento de passa-geiros empresas que atuam de maneira irregular, pois, têm em sua razão social o caráter de locação, mas funcionam na prática tal qual qualquer empresa de fretamento. A ARTESP tem ciência da existência destas empresas?

Marco Antônio Assalve - Sim, a ARTESP tem conhecimento da existência destas empre-sas. Para inibir e restringir a atuação das mesmas ela fiscaliza e apreende quando constata a irregularidade cometida pelas locadoras no transporte coletivo intermunicipal de passageiros.

NC - Há alguma possibilidade do Transfretur, da FRESP, enfim, do segmento de fretamento colaborar na res-trição da atuação de tais empresas?

MAA - Sim, o Transfretur e a FRESP podem colaborar divulgando a ação da ARTESP, no combate as irregula-ridades cometidas pelas locadoras no transporte irregular coletivo de passageiros, pois o transporte somente é autorizado as empresas devidamente registradas junto à ARTESP e que atendam ao Decreto nº. 29.912/89. Não há legislação que discipline o transporte coletivo por locadora.

NC - Atualmente, as empresas de locação que atuam como empresas de fretamento estão se espraiando, o que é possível fazer para restringir?

MAA - Continuar com a fiscalização intensiva para coibir este transporte irregular.

A Artesp, em nome do Diretor de Logística, Sr. Marco AntônioAssalve, respondeu aos questionamentos do Transfretur, enviados por fax.

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NLocar bens difere de prestar serviços

Não é de hoje que o setor de trans-porte tem se deparado com uma novidade circulando pelas ruas e

rodovias do país. São veículos de transporte coletivo – microônibus (inclua-se também as vans) e até ônibus, com placa cinza e até ver-melha, intitulados locadoras de veículos.

Nada de mais se fosse realmente uma simples locação de veículo, como ocorre com os automóveis, onde o sujeito faz a locação por período, com quilometragem livre ou com franquia.

A entrega do veículo pelo locador ao locatário para usá-lo livremente é condição indispensável para a caracterização da locação. De posse do veículo, o locatário tem total liberdade, ou seja, vai para onde quiser, na hora que quiser, escolhe o percurso que melhor lhe agrada, sem se preocupar com nada, afi nal ele tem a posse do veículo por aquele período previsto no contrato. Ele se autodetermina em relação ao bem, sua vontade é completamente soberana. Assim, o objeto do con-trato é a coisa locada, e não o seu aproveitamento ou satis-fação de utilidade. A característica da locação é o regresso da coisa locada para o seu dono, ao passo que o serviço fi ca per-tencendo a quem pagou, não sendo possível sua restituição. Não há como confundir um contrato de locação de bens com outro cujo objeto é a prestação de serviços, mesmo que este envolva o uso de bens para cumprir suas fi nalidades. O objeto, neste caso, é a realização de um serviço; não a locação.

Serviço é uma obrigação de fazer, ou seja, de levar pes-soas de um ponto a outro no caso de transporte e não uma obrigação de dar um bem para outrem, como na locação. No contrato de transporte a pessoa paga para ser levada de um ponto a outro, portanto, não basta entregar o veículo nas mãos do contratante, é preciso realizar o transporte nos mol-des do contrato.

A pergunta que se faz é porque essas pessoas estariam fazendo isso. A resposta resume-se num vasto leque de vanta-gens. A primeira e mais atrativa é a questão de não ter que se submeter a nenhum dos muitos poderes concedentes, é circu-lar livremente sem lenço e quase sem documento. Não precisar se preocupar com a quantidade, idade ou especifi cações dos veículos da frota, inspeção veicular, pintura e um incontável número de adesivos, documentos e sinalizações obrigatórias, treinamento do condutor, pagamento de taxas. Enfi m, todos os procedimentos burocráticos a que são submetidas todas as empresas de transportes.

Sabemos que a ausência de regulamentação é um sério ris-co, uma porta aberta para a desarticulação completa do setor o que pode causar incontáveis prejuízos a sociedade como um todo, usuária ou não desse tipo de transporte.

Há também a questão tributária. Já decidiu o Supremo Tribunal Federal - STF (RE-AgR-446003) que sobre a locação de veículos não incide o Imposto sobre Serviço de Qualquer Natu-reza (ISSQN), de competência do município. Também não há ICMS e as locadoras ainda podem ser optantes pelo SIMPLES.

Não é preciso criar nenhuma lei para isso, basta fi scalizar e é isso que precisamos e esperamos dos poderes concedentes, das secretarias de fazenda e dos sindicatos profi ssionais, para não estender a lista de entes que têm o poder para fazer algu-ma coisa.

Regina Rocha é assessorajurídica da Fresp e do Transfretur

Locação de Veículos x Transporte de Pessoas

OEvasão fiscal é conseqüência

Operação de transporte dis-farçada de locação de ve-ículo além de ser clandes-

t ina gera evasão f iscal aos cofres públicos.

É certo que o principal objetivo dos que operam transporte de pas-sageiros disfarçados por locadora de veículos é fugir da regulamentação vigente que obviamente não teriam como cumprir. O poder público regulamenta a ati-vidade, mas assim o faz, por que é co-responsável pelo transporte de pessoas. Desta forma, limita a atuação no transporte de passageiros àqueles que reúnem condições técnicas, econômicas e legais para fazê-lo.

Esta, portanto, é a primeira motivação para se disfarçar como locadora de veículo, mas em con-seqüência o que acontece é uma evasão fiscal. Se a operação de transporte se restringir ao território municipal o ISSQN não é recolhido, se o transporte for intermunicipal o que não é recolhido é o ICMS. Isso se dá pelo fato que na locação de veículos não há incidência dos dois impostos. Assim, já que a operação está disfarçada de locação, por lógica, não se recolhem os impostos.

E não há remendo: recolher impostos numa operação disfarçada delataria o próprio disfarce. Desta forma, cometem-se duas irregularidades: fo-gem da regulamentação operando clandestinamen-te o transporte de pessoas e sonegam impostos.

Se não bastassem tais i r regular idades, estes operadores praticam concorrência ruinosa e des-leal. Enquanto as empresas regularizadas têm que se submeter a uma série de exigências inclusive de capital social mínimo, seguro de passageiros, registro de empregados, área exclusiva para manu-tenção de veículos, controle ambiental de emissão de poluentes e de resíduos, entre outros tantos que incontestavelmente geram custos e despesas adicionais, ainda recolhem os impostos devidos.

Uma empresa que opera disfarçada como lo-cadora de veículo, somente considerando o não recolhimento de impostos pode fazer um preço pelo menos 5,3% menor, se o transporte for mu-nicipal; e 13,6% menor se for intermunicipal. Se considerar os demais custos da i legalidade a di-ferença pode ultrapassar os 35%.

Pode-se d izer que com estes números, apa-rentemente, ganham os contratantes, mas perde a sociedade que paga pela infra-estrutura, pela desorganização urbana e pe la desestruturação econômica.

Como evitar ou minimizar isso?Não há outra ação se não a fiscalização dos ór-

gãos reguladores e das secretarias da fazenda dos municípios e dos Estados. E esta fiscalização tem que ocorrer no campo, não atrás das mesas dos gabinetes ou através de decretos, portarias que nunca são cumpridos pelos ilegais, mas que agre-gam mais exigências e custos aos legais que não podem se eximir da sua responsabilidade.

Jorge Miguel dos Santos éDiretor-executivo do Transfretur

os automóveis, onde o sujeito faz a locação por período, com

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Novos Caminhos é o órgão de divulgação do Transfretur Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e para Turismo de São Paulo e Região - e da Associtur - Associação dos Transportadores de Turistas, Industriários, Colegiais e Similares do Estado de São Paulo.www.transfretur.org.br

Cartas, dúvidas e sugestões: Rua Marquês de Itú, 95 - 1° andar cjs. A/B - CEP 01223-001 - Tel.: (0xx11) 3331 -8022 - e-mail´s: [email protected] - [email protected] Miguel dos Santos - Diretor-executivo

Diretoria: Silvio Valdemar Tamelini, Claudinei Brogliato, Marcelo Laurindo Félix, José Parada Garcia, José Boiko, Jerônimo Ardito, Ricardo Luiz Gatti Moroni, José Martinho, Eidi Shiguio, Iutaka Soyama

Editoração e produção: Stilo ArteJornalista Responsável: Gislene Bosnich - MTB. [email protected]

Tiragem: 2000 exemplares

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Primeiros meses de 2007 apresentam defl ação

Mês Standard E/S Standard 3T Luxo E/S Luxo 3T Super Luxo MicroônibusÍndice % no mês Índice % no mês Índice % no mês Índice % no mês Índice % no mês Índice % no mês

Dez-05 195,41 -0,02 188,08 -0,03 196,20 -0,01 191,46 -0,02 194,83 -0,02 132,94 -0,01

Jan-06 195,48 0,03 188,20 0,06 196,25 0,03 191,56 0,05 194,91 0,04 132,98 0,03

Fev-06 195,48 0,00 188,18 -0,01 196,25 0,00 191,54 -0,01 194,90 -0,01 132,98 0,00

Mar-06 195,54 0,03 188,27 0,05 196,30 0,02 191,61 0,04 194,96 0,03 133,03 0,04

Abr-06 195,60 0,03 188,38 0,06 196,35 0,02 191,71 0,05 195,03 0,04 133,07 0,03

Mai-06 198,74 1,60 191,49 1,65 199,01 1,35 194,30 1,35 197,58 1,30 135,69 1,97

Jun-06 198,55 -0,10 191,18 -0,17 199,02 0,01 194,32 0,01 197,36 -0,11 135,61 -0,06

Jul-06 199,61 0,54 191,82 0,33 200,24 0,61 195,16 0,43 198,62 0,64 136,32 0,53

Ago-06 199,54 -0,04 191,69 -0,07 200,17 -0,03 195,05 -0,05 198,54 -0,04 136,28 -0,03

Set-06 199,63 0,05 191,73 0,02 200,29 0,06 195,12 0,04 198,66 0,06 136,34 0,05

Out-06 199,72 0,04 191,86 0,07 200,36 0,03 195,23 0,06 198,74 0,04 136,38 0,03

Nov-06 199,76 0,02 191,94 0,04 200,39 0,01 195,29 0,03 198,80 0,03 136,42 0,03

Dez-06 199,98 0,11 191,98 0,02 200,67 0,14 195,42 0,06 199,06 0,13 136,57 0,11

Jan-07 199,91 -0,03 191,90 -0,04 200,62 -0,03 195,35 -0,03 199,01 -0,03 136,51 -0,04

Fev-07 199,84 -0,04 191,63 -0,14 200,61 -0,01 195,17 -0,10 198,91 -0,05 136,49 -0,01

AéreoNão é novidade que, apesar do caos de final de ano nos aeropor-tos brasileiros, as empresas aére-as vêm conquistando o gosto e o bolso do brasileiro. Recentemen-te, uma das grandes companhias enviou um release com o texto bastante explícito: “companhia oferece tarifas reduzidas para vários destinos, alinhando seus preços aos cobrados nos ônibus executivos”. É a hora e a vez do fretamento mostrar seus dife-renciais.

EstradasAs estradas administradas

pela Intervias não registraram nenhum acidente com vítima fatal entre 29 de dezembro de 2006 e 1º de janeiro de 2007. Houve 16 acidentes sendo que oito pessoas sofreram aciden-tes sem gravidade. A maior parte das chamadas ao 0800 se deveu à solicitação de socorro mecânico (31,9%), pedido de orientação (24,3%), e pedido de apoio ao Centro de Controle Operacional (17,5%).

Como o fretamento pode apro-veitar o fato do Brasil ter sido eleito o 5º melhor destino para 2007 segundo divulgação de um jornal norte-americano, o Miami Herald. A pesquisa foi realizada com jornalistas e diz respeito a preferência do próprio estaduni-denese. À frente do Brasil, estão em ordem: China, o próprio Esta-

dos Unidos, Marrocos e a vizinha, Argentina. Duas revistas, a Travel Weekly, que incluiu o Brasil no TOP dos destinos turísticos para 2007, prêmio semelhante ao concedido pela Condé Nast Traveler, premia-ram o país. O Rio de Janeiro apa-rece especialmente pelo carnaval e pelo Pan 2007 e São Paulo pela fama de cidade gastronômica.

Turismo receptivo

FalecimentoFaleceu no dia 26 de mar-

ço, o empresário Mituo Horika-wa, da Mitur Turismo, vítima de uma parada cardíaca. Fundador da empresa em 1981, Mituo ti-nha vários problemas de saúde, que não o impediram de cons-truir uma empresa sólida com um patrimônio de 50 ônibus.

Notas _______________________________________________________________________________________________________________________

Mituo no momento em que recebe certifi cadode cadastro da então prefeita Marta Suplicy,em maio de 2004