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PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA Indicadores CNI Ano 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018 A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira caiu 3,4% no segundo trimestre de 2018, frente ao primeiro trimestre do ano. O indicador interrompeu a tendência de alta observada desde o segundo trimestre de 2016, reforçando o movimento registrado no primeiro trimestre do ano, quando caiu 0,5% na comparação com o quarto trimestre de 2017. Produtividade cai 3,4% no segundo trimestre Cabe ressaltar que o resultado do segundo trimestre é atípico, em razão da paralisação no transporte de carga rodoviária em maio. Com a atividade econômica retornando à normalidade, o indicador de produtividade do trabalho deve voltar a refletir aumento da eficiência. Entre o primeiro trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2018, a produtividade acumula crescimento de 5,5%. Entre 2016 e 2017, a pro- dutividade do trabalhador industrial brasileiro só não cresceu mais que a produ- tividade do trabalhador da indústria sul-coreana (4,3% e 5,8%, respectivamente), na comparação com os 10 prin- cipais parceiros comerciais do país. Os Países Baixos apresentaram desempenho praticamente igual ao bra- sileiro (aumento de 4,2% da produtividade), sendo segui- dos por Argentina (3,8%) e Japão (3,3%). Com isso, a produtividade do trabalho efetiva – que com- para o desempenho do Brasil com o desempenho médio dos parceiros – cresceu 2,3% no período. É o segundo maior aumento do indicador na série histórica que começa em 2000, reforçando a tendência de recuperação observada desde 2015. Produtividade do Brasil cresce mais que a média de seus principais parceiros comerciais em 2017 COREIA DO SUL BRASIL PAÍSES BAIXOS ARGENTINA JAPÃO REINO UNIDO ALEMANHA FRANÇA ESTADOS UNIDOS ITÁLIA 5,8 -0,6 4,3 4,2 3,8 3,3 2,8 2,1 1,3 0,7 0,5 MÉXICO Crescimento da produtividade do trabalho Indústria de transformação Produto por horas trabalhadas Variação acumulada entre 2016 e 2017 (%)

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Page 1: Ano 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018 … Indicadores CNI Ano 2 Número 2 • Abr-Jun 2018 Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do IBGE e da CNI. Produtividade do trabalho

PRODUTIVIDADENA INDÚSTRIA

Indicadores CNIAno 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018

A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira caiu 3,4% no segundo trimestre de 2018, frente ao primeiro trimestre do ano. O indicador interrompeu a tendência de alta observada desde o segundo trimestre de 2016, reforçando o movimento registrado no primeiro trimestre do ano, quando caiu 0,5% na comparação com o quarto trimestre de 2017.

Produtividade cai 3,4% no segundo trimestreCabe ressaltar que o resultado do segundo trimestre é atípico, em razão da paralisação no transporte de carga rodoviária em maio. Com a atividade econômica retornando à normalidade, o indicador de produtividade do trabalho deve voltar a refletir aumento da eficiência. Entre o primeiro trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2018, a produtividade acumula crescimento de 5,5%.

Entre 2016 e 2017, a pro-dutividade do trabalhador industrial brasileiro só não cresceu mais que a produ-tividade do trabalhador da indústria sul-coreana (4,3% e 5,8%, respectivamente), na comparação com os 10 prin-cipais parceiros comerciais do país. Os Países Baixos apresentaram desempenho praticamente igual ao bra-sileiro (aumento de 4,2% da produtividade), sendo segui-dos por Argentina (3,8%) e Japão (3,3%). Com isso, a produtividade do trabalho efetiva – que com-para o desempenho do Brasil com o desempenho médio dos parceiros – cresceu 2,3% no período. É o segundo maior aumento do indicador na série histórica que começa em 2000, reforçando a tendência de recuperação observada desde 2015.

Produtividade do Brasil cresce mais que a média de seus principais parceiros comerciais em 2017

COREIA DO SUL BRASIL

PAÍSES BAIXOSARGENTINA

JAPÃOREINO UNIDO

ALEMANHAFRANÇA

ESTADOS UNIDOSITÁLIA

5,8

-0,6

4,34,2

3,83,3

2,82,1

1,30,7

0,5MÉXICO

Crescimento da produtividade do trabalhoIndústria de transformação Produto por horas trabalhadasVariação acumulada entre 2016 e 2017 (%)

Page 2: Ano 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018 … Indicadores CNI Ano 2 Número 2 • Abr-Jun 2018 Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do IBGE e da CNI. Produtividade do trabalho

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Indicadores CNIAno 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018

A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira – medida como o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção – caiu 3,4% no segundo trimestre de 2018, frente ao primeiro trimestre do ano, considerando as séries livres de efeitos sazonais. O volume produzido pelo setor apresentou queda de 2,9%, enquanto as horas trabalhadas cresceram 0,5%, na mesma base de comparação.

O resultado reflete o impacto da paralisação no transporte de carga rodoviária, em maio, sobre a atividade econômica. Entre abril e maio de 2018, o volume produzido pela indústria de transformação caiu 12,4%, enquanto as horas trabalhadas caíram 1,7%, considerando as séries livres de efeitos sazonais.

O setor mostrou recuperação em junho, mas não retomou completamente os níveis registrados antes da paralisação, como mostrou a comparação entre o primeiro e o segundo trimestre do ano.

Este é o segundo trimestre seguido de redução da produtividade, praticamente interrompendo

Produtividade reforça movimento de quedaa tendência de crescimento observada desde o segundo trimestre de 2016. As quedas registradas reverteram parte do ganho acumulado entre o primeiro trimestre de 2016 e o quarto trimestre de 2017 (9,8%). Não obstante, entre o primeiro trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2018, o resultado ainda é positivo: aumento acumulado de 5,5%.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o resultado permanece positivo, mas verifica-se forte desaceleração do ritmo de crescimento da produtividade no último trimestre: de 5,5% no quarto trimestre de 2017, a taxa caiu para 3,4% no primeiro trimestre de 2018 e para 0,4% no segundo trimestre de 2018.

O resultado do segundo trimestre é atípico, em razão da greve dos caminhoneiros. Com a atividade econômica retornando à normalidade, o indicador de produtividade deve voltar a refletir aumento da eficiência. Para o terceiro trimestre de 2018, espera-se crescimento maior da produtividade na comparação com o mesmo trimestre de 2017.

Produtividade do trabalho trimestral, Indústria de transformação brasileiraProduto por horas trabalhadas

Sem efeito sazonal - Índice, base: média de 2010=100

Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do IBGE e da CNI.

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106,02018-II

PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Page 3: Ano 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018 … Indicadores CNI Ano 2 Número 2 • Abr-Jun 2018 Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do IBGE e da CNI. Produtividade do trabalho

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Indicadores CNIAno 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018

Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do IBGE e da CNI.

Produtividade do trabalho trimestral, Indústria de transformação brasileiraProduto por horas trabalhadas

Variação em relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal (%)

2015T4

2016T1

2016T2

2016T3

2016T4

2017T1

2017T2

2017T3

2017T4

2018T1

2018T2

0,1 -1,4 1,7 1,3 0,6 1,2 1,1 2,1 1,5 -0,5 -3,4

Em 2017, a produtividade do trabalho efetiva – que compara a evolução da produtividade do trabalho no Brasil com a produtividade média dos principais parceiros comerciais do país1 – cresceu 2,3%, na comparação com 2016. Esse aumento é o segundo maior da série histórica que começa em 2000, e reforça a tendência de recuperação do indicador observada desde 2015.

Entre 2016 e 2017, a produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira cres-ceu 4,3%. Na comparação com os 10 principais parceiros comerciais do Brasil, verifica-se que apenas na indústria sul-coreana o crescimento da produtividade do trabalho foi maior (5,8%). A indústria dos Países Baixos apresentou desempe-nho praticamente igual ao da indústria brasileira, com um aumento de 4,2%. Além desses países, Argentina e Japão se destacam com aumentos significativos (3,8% e 3,3%, respectivamente). Apenas a indústria mexicana registrou queda da produtividade do trabalho (-0,6%) no período.

Mesmo com o ganho recente de competitividade, o país precisa avançar mais. Na primeira metade da última década (2007-2012), a produtividade do trabalho na indústria de transformação do Brasil acumulou queda de 0,8%. Entre os 10 principais parceiros do país, apenas o Japão registrou queda

Produtividade do Brasil é 2,3% superior à média dos parceiros em 2017

da produtividade nesse quinquênio (-7,6%). Nas indústrias da Coreia do Sul, Argentina e França, o ganho de produtividade chegou a 26,1%; 10,7% e 9,3%, respectivamente. Em relação ao desem-penho médio dos parceiros, a produtividade do trabalho do Brasil foi 6,7% inferior no período.

No segundo quinquênio (2012-2017), a produti-vidade do trabalho na indústria de transformação brasileira mostrou recuperação, sobretudo nos anos de recessão2, e acumulou aumento de 9,1%. O Brasil teve o mesmo desempenho da Coreia do Sul (tam-bém com aumento de 9,1%). Eles foram superados apenas por França, Alemanha e Países Baixos, cujo ganho de produtividade ficou em torno de 10%. Com isso, a produtividade do trabalho efetiva acu-mulou aumento de 5,2% no segundo período.

Apesar do ganho nos últimos anos, no acumulado da última década (2007 a 2017), a produtividade do trabalho efetiva ainda mostra crescimento ne-gativo (-1,8%). O desempenho brasileiro (alta de 8,2%) foi muito inferior ao registrado pela maio-ria dos principais parceiros comerciais do Brasil, com destaque para: Coreia do Sul (alta de 37,5%), França (20,5%), Argentina (12,7%) e Países Baixos (12,3%). Em relação à 2000, início da série histó-rica, a queda da produtividade do trabalho efetiva chega a 19,5%.

COMPARAÇÃO INTERNACIONAL

1 Estados Unidos, Argentina, Alemanha, México, Japão, França, Itália, Coreia do Sul, Países Baixos e Reino Unido. A China não é considerada devido à falta de informações.2 Durante a crise, as unidades fabris menos produtivas acabam encerrando suas atividades. E, à medida que as empresas são forçadas a reduzir o número de trabalhadores, buscam reter os mais produtivos e dispensar os menos produtivos. Soma-se a esse efeito a mudança de comportamento tanto de empresas como de trabalhadores, que se esforçam mais no período recessivo para preservar suas posições (ver CNI. Produtividade fecha 2017 em alta. Produtividade na Indústria. Ano 1, n. 2, out-dez de 2017).

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Indicadores CNIAno 2 • Número 2 • Abr-Jun 2018

PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA | Publicação trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | www.cni.com.br | Diretoria de Políticas e Estratégia - DIRPE | Gerência Executiva de Pesquisa e Competitividade - GPC | Gerente-executivo: Renato da Fonseca | Análise: Renato da Fonseca e Samantha Cunha | Coordenação de Divulgação (DIRPE/GPC) | Coordenadora: Carla Gadelha | Design gráfico: Alisson Costa | Serviço de Atendimento ao Cliente - Fone: (61) 3317-9992 - email: [email protected] | Autorizada a reprodução desde que citada a fonte. Documento elaborado em 13 de setembro de 2018.

Veja maisMais informações como edições anteriores, metodologia da pesquisa e série histórica em: www.cni.com.br/produtividadenaindustria

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Produtividade do trabalho efetiva, Indústria de transformaçãoProduto por horas trabalhadas

Índice, base: 2000=100

Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do ADB, BLS, FUNCEX, IBGE, INDEC, INEGI, KOSIS, METI, Ministry of Health, Labor and Welfare, MOEL, OECD, The Conference Board e da CNI.

65

70

75

80

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90

95

100

105

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Produtividade do trabalho do Brasil e de seus principais parceiros comerciais e produtividade do trabalho efetiva, Indústria de transformação Produto por horas trabalhadas

Variação acumulada (%)

Fonte: Elaborado pela CNI, com base em estatísticas do IBGE, INDEC, INEGI, FUNCEX, The Conference Board e da CNI.

ANO BRASIL ESTADOS UNIDOS ARGENTINA ALEMANHA MÉXICO JAPÃO FRANÇA ITÁLIA COREIA

DO SULPAÍSESBAIXOS

REINO UNIDO

PRODUTIVIDADE EFETIVA

ANUAL

2011 -0,8 0,7 5,4 4,7 2,1 -2,4 4,0 2,0 3,0 4,0 2,2 -3,3

2012 -0,6 -0,8 -2,8 -2,4 2,4 -0,1 0,6 1,1 0,6 0,2 -2,3 0,5

2013 2,7 0,9 1,7 -0,7 -0,2 1,2 1,9 1,4 1,6 -0,4 -1,8 1,8

2014 -0,3 0,0 -1,7 4,4 1,9 2,1 2,2 1,9 0,6 1,8 3,0 -1,0

2015 0,3 -1,5 1,2 1,1 -0,5 -2,0 1,6 3,0 -1,4 1,8 -0,1 0,4

2016 1,8 0,4 -3,0 2,8 -1,5 -0,3 2,8 -0,4 2,4 2,2 0,1 1,7

2017 4,3 0,7 3,8 2,1 -0,6 3,3 1,3 0,5 5,8 4,2 2,8 2,3

ÚLTIMA DÉCADA

2007-2012 -0,8 6,3 10,7 1,1 6,7 -7,6 9,3 5,1 26,1 2,1 4,9 -6,7

2012-2017 9,1 0,4 1,8 10,1 -0,9 4,3 10,3 6,5 9,1 10,0 3,9 5,2

2007-2017 8,2 6,8 12,7 11,3 5,8 -3,6 20,5 11,9 37,5 12,3 9,0 -1,8