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Ano 2 (n. 4) - Jul. / Set. 2011

ISSN - 2236-4552

CAMINHOSRevista on-line de divulgação científica da UNIDAVI

“Dossiê Tecnologias”

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ - UNIDAVI

Reitor: Viegand EgerVice-Reitor: Célio Simão MartignagoPró-Reitoria de Administração: Udo Antônio SpaethPró-Reitoria de Ensino: Niladir ButzkePró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Ilson Paulo Ramos Blogoslawski

EDITORA UNIDAVIEditor Responsável: Jean Segata

Caminhos: revista on-line de divulgação científica da UNIDAVIPublicação Trimestral“Dossiê Tecnologias”

Coordenação: Ilson Paulo Ramos Blogoslawski

Equipe Técnica:

Contato:Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI

Rua Guilherme Gemballa, 13Jardim América – Rio do Sul/SC - 89160-000

Diagramação: Osmair José Pereira Arte: Mauro Tenório Pedrosa

Catalogação: Simone da Silva Conceição Secretaria: PROPPEX

Conselho Editorial:Prof. MSc. Adalberto Andreatta – UNIDAVI Prof. Dr. Aldemir de Oliveira – UNIDAVIProf. Dr. Adélcio Machado dos Santos – CEE Prof. Dr. Alexandre Meyer Luz – UFSCProfa. MSc. Andréia Pasqualini – UNIDAVIProf. Dr. Carlos Manholi – UELProf. MSc. Charles Roberto Hasse – UNIDAVIProfa. Dra. Everley Rosane Goetz Furtado – UNIDAVIProf. Dr. Fábio Alexandrini – UNIDAVIProf. MSc. Flavio Joaquim Fronza – UNIDAVIProf. Dr. Gustavo Leal Toledo – UFSJ

Profa. Dra. Hannelore Nehring – UNIDAVIProf. MSc. Ilson Paulo Ramos Blogoslawski – UNIDAVIProf. MSc. Jeancarlo Visentainer – UNIDAVIProf. MSc. Jean Segata – UNIDAVIProf. MSc. José Sérgio da Silva Cristóvam – UNIDAVIProf. Dr. José Ernesto de Fáveri – UNIDAVIProf. Dr. Lucídio Bianchetti – UFSCProf. Dr. Nivaldo Machado – UNIDAVIProf. Dr. Valdir Prigol – UNOCHAPECÓProfa. Dra. Simone Hedwig Hasse – UNIANCHIETAProf. Dr. Th eophilos Rifi otis – UFSC

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Sumário5

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Apresentação

Artigos

Caracterização físico-química das areias da região de pouso redondo para analisar a possibilidade de utilização em moldes para fundição

Simaqueila Alves dos SantosAnelise Grunfeld de Lucca

Admirável Mundo Novo? A Cibercultura e os Apocalíticos e Apologéticos do Ciberespaço

Segata, JeanAgostini, MarceloOliveira, GiovanaKorb, Angélica

Teores de cobre e chumbo e grau alcoolico de aguardentes coloniais comercializadas na região do Alto Vale do Itajaí

Profª. MSc. Franciane SchoeningerVanderléia de Campos

Elaboração de leite de soja aromatizado como alternativa na alimentação em creches e escolas públicas

Regiane Cristina MommMônica Aparecida Coelho

APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA NA UNIDAVI Oldemar Carvalho Junior Andréia Pasqualini Givanildo SilvaArno Adriano MuraraJoão Agnaldo MunizRoberta Schlemper

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Avaliação econômica e zootécnica de leitões na fase de creche, através do manejo ambiental de luminosidade à noite

Guillermo Ney Caprario Leopoldo Alberto Zimmermann 63

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ApresentaçãoO processo de investigação científica se baseia em fatos tais como são,

independentemente do seu valor emocional ou econômico. Este é o princípio básico do conhecimento científico que influencia a dinâmica da humanidade contribuindo para sua evolução. A ciência, segundo definição, é o conjunto de conhecimentos fundados sobre princípios certos, validado por meio de investigações científicas com respaldo legal. Dentro deste contexto a UNIDAVI, que tem como missão servir de polo irradiador do desenvolvimento regional pelo exercício solidário do ensino, da pesquisa e da extensão, com qualidade de suas ações e seus resultados, criou a revista de Tecnologias.

A revista on-line de Tecnologias, em versão exclusivamente eletrônica, tem como missão contribuir para o desenvolvimento regional através de publicações científicas que permeiam a complexidade entre sociedade e tecnologia, através da publicação de trabalhos científicos realizados por professores e acadêmicos do Colegiado da Área das Ciências Naturais, da Computação e das Engenharias (CINCE). Este novo meio de divulgação objetiva a disseminação da produção científica da UNIDAVI como forma de promover o debate e o enriquecimento da sociedade permitindo o entendimento dos assuntos abordados com vistas ao desenvolvimento sustentável. As relações entre várias disciplinas ou áreas de conhecimento estão presentes através da interdisciplinaridade abrindo espaços para contribuições de outras áreas do conhecimento.

O conselho editorial é composto por professores com competência acadêmica e ética assegurando a qualidade dos trabalhos publicados.

A partir de 2011 a revista de Tecnologias, em sua formatação eletrônica, será publicada no site da editora, disponibilizada a todos os integrantes da academia e para sociedade.

Assim sendo, iniciaremos a primeira edição da Revista de Tecnologias como parte de nossa construção acadêmica, integrando a tríade ensino, pesquisa e extensão.

Prof. MSc. Andreia PasqualiniCoordenadora dos Cursos de Engenharia de

Produção e Tecnologia em Processos Químicos

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7Revista Caminhos, On-line, “Dossiê Tecnologias”, Rio do Sul, a. 2, n. 4, p. 7-16, jul./set. 2011

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS AREIAS DA REGIÃO DE POUSO REDONDO PARA ANALISAR A POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO EM MOLDES PARA

FUNDIÇÃO1

Simaqueila Alves dos Santos2

Anelise Grunfeld de Lucca3

RESUMO A região do Alto Vale tem grandes empresas na área de metalurgia e para utilizar em seu processo buscam areia de outras regiões, sendo que dentro do Alto Vale do Itajaí possui uma quantidade de areia para extração considerável, sendo que esta é usada para construção civil, e a análise da possibilidade de uso na metalurgia é expressa após as analises feitas com essa areia a qual foi cedida pela empresa Areias Wega de Pouso Redondo. As análises de granulometria, caracterização visual dos grãos, perda ao fogo e análise química, mostram as características dessa areia, de forma a identificar as possibilidades de usar esta na área de metalurgia.

Palavras chave: Areia; Metalurgia; Caracterização da Areia.

ABSTRACTIn the region of Alto Vale there are many metallurgy companies and they use sand in their processes. For that they have to look for sand in other regions, since Alto Vale has a big amount of sand for extraction, which is used by thecivil engineering. Moreover, there is the possibility using on metallurgy as a consequence of the analyses when used the sand from AreiasWega atPouso Redondo. The analysis of particle size, visual characterization of grains, losson fireand chemical analysis show the characteristics of thissand, identifying the possibilities for using this sand on many areas of metallurgy.

Keywords: Sand; Metallurgy; Characterization of sand.

1 Projeto de Iniciação Científi ca 2 Acadêmica da UNIDAVI, do curso de Tecnologia em Processos Químicos. E-mail: [email protected] 3 Professora Orientadora Anelise Grunfeld de Lucca

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8 Revista Caminhos, On-line, “Dossiê Tecnologias”, Rio do Sul, a. 2, n. 4, p. 7-16, jul./set. 2011

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9Revista Caminhos, On-line, “Dossiê Tecnologias”, Rio do Sul, a. 2, n. 4, p. 7-16, jul./set. 2011

INTRODUÇÃO

A região do Alto Vale do Itajaí possui várias empresas do ramo metalúrgico localizadas em sua extensão. Equipadas com maquinário sofisticado utilizam técnicas avançadas de produção e fundem todos os tipos de ligas ferrosas e não-ferrosas para os mais variados setores industriais: desde imensos rotores para usinas hidrelétricas até pequenos componentes de motores ou peças artísticas.

A moldagem em areia é o processo mais amplamente empregado para a obtenção de peças fundidas. A versatilidade e economia deste processo permitem a sua liderança em confronto com os demais processos existentes. A fundição é a conformação de um metal no estado líquido. Este processo consiste em aquecer o metal até que ele se funda e se transforme em um líquido homogêneo, onde então será vertido em moldes adequados, adquirindo a forma desejada. Estes moldes podem ser construídos de vários materiais, sendo o mais utilizado a areia de sílica. Esta areia chamada areia-base, é um material refratário granular e inconsolidado, com alto teor de sílica; sendo ele um dos parâmetros mais importantes e de maior influência no resultado de um processo de fundição.

Segundo Dantas (2003), o setor de fundição apesar de consumir sucatas metálicas como matéria prima, gera grandes volumes de resíduos sólidos, entre os quais, areia de moldagem e poeiras diversas. O processo de fabricação de peças fundidas utiliza grande quantidade de areia para confecção dos moldes e machos. O índice de consumo de areia, dependendo do tipo de peça, varia de 800 a 1.000 Kg para cada peça de 1.000 Kg. Essa areia normalmente é extraída de jazidas de cava ou rios, sendo considerado um bem não renovável, cujo beneficiamento geralmente causa impactos ambientais. No preparo dos moldes, a areia é misturada com um ligante que pode ser bentonita e outros aditivos, para o preparo da areia verde, utilizada na produção de peças de menor peso e tamanho. Para fabricação de peças maiores, geralmente são utilizados moldes e machos, constituídos por areia misturada com resina e catalisador, que conferem maior resistência às peças. A areia com resina dificulta a sua recuperação e reutilização, gerando assim grande quantidade de descarte aos aterros industriais e conseqüentemente onerando ainda mais o custo de produção.

Modernas técnicas de gestão da produção baseiam-se na prerrogativa de um conhecimento aprofundado de todas as etapas do processo produtivo e um controle rígido dos insumos utilizados, seu fluxo e efeito no sistema produtivo; como forma de garantir repetibilidade, exatidão e qualidade dos resultados, diminuindo refugos e o custo final das peças, entre outros.

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Várias indústrias do setor mecânico/metalúrgico, que geram grandes volumes de areia de fundição, utilizam-se desse material para regularização de áreas baixas, aumentando os pátios e possibilitando ampliações futuras. Essa prática é condenável quando feita sem critério, uma vez que esse tipo de material contém, normalmente contaminantes que podem ser liberados no ambiente, atingindo o solo e as coleções hídricas superficiais e subterrâneas.

Em Pouso Redondo e nas proximidades, que ficam pertencem ao Alto Vale do Itajaí dispõe de uma grande quantidade de areia que são retiradas por empresas autorizadas, que as vendem para a construção civil das mais diversas regiões, sendo que para este setor estão extremamente qualificadas.

As empresas que necessitam da areia para moldagem de suas peças não utilizam areias da região, a partir disto tem-se como objetivo estar analisando a areia da região do Alto Vale do Itajaí, mais especificamente da extração feita pela empresa Areias Wega Ltda em Pouso Redondo. Com analises físico-químicas pode-se saber se existe a possibilidade de utilização desta areia nas fundições.

MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

As amostras de areia foram fornecidas pela empresa Areias Wega Ltda de Pouso Redondo, sendo que forneceu dois tipos de areia que são vendidos para construção civil: areia grossa e areia fina. As duas amostras de areia passaram pelo processo de lavagem simples ao qual a empresa faz.

As análises foram feitas no laboratório de Físico-Química da UNIDAVI e algumas foram feitas no laboratório Beckauser & Barros de Blumenau.

Métodos

As amostras cedidas pela empresa estavam úmidas, haviam passado pela lavagem simples que a empresa faz para sua distribuição para construção civil, desta forma as amostras foram secas em uma estufa a fim de manter um padrão de amostra coletada para dar continuidade às análises desejadas.

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Distribuição granulométrica

Com peneiras de números 4, 7, 18, 20, 30, 60, 70 e 80 da série ABNT acompanhadas de prato coletor e tampa, analisou-se em cada uma a quantidade de areia e seus resíduos que ficaram dispersos sobre a manta da peneira.

Caracterização visual dos grãos de areia

Através de uma lupa eletrônica analisou-se as formas dos grãos, esta análise foi feita com os grãos separados pelas peneiras feitas na análise anterior, para desta forma ver a diferença das formas em cada tamanho separado.

Determinação da perda ao fogo

Foram enumerados cadinhos de porcelana previamente tarados com 5 g de areia em cada um, esta análise foi feita em triplicata das duas amostras. Teve por objetivo a determinação do teor de materiais orgânicos e de água de cristalização contidos nos constituintes do material usado, a fim de prevenir defeitos causados por gases.

Análise química das areias

Estas análises foram feitas pelo laboratório Beckauser & Barros de Blumenau.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Granulometria

Através da análise granulométrica obtiveram-se os resultados expressos na tabela 1:

Tabela 1 – Resultados da análise granulométrica

Fonte: Acervo do Autor

A areia fina tem uma distribuição granulométrica mais fina e com menos impurezas, de pedras e outros agregados, de forma que a areia grossa apresenta uma quantidade mais alta quanto aos agregados nas peneiras 4, 7, 18 e 20.

Na caracterização total obtiveram-se os seguintes resultados expressos na tabela 2:

Tabela 2 – Caracterização granulométrica total

Fonte: Acervo autor.

Dessa forma nota-se uma quantia maior de areia grossa o que demonstra uma quantidade maior de impurezas para esta areia.

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Caracterização visual dos grãos

Através da lupa obtiveram-se as seguintes imagens:

Figura 1 – Areia finaFonte: Acervo autor.

Esta imagem mostra a areia fina tamanho após passada pela peneira em tamanho 60, observa-se uma conformidade dos grãos de forma a não obter tantas impurezas.

Adicionou-se ácido nesta mesma areia para observar-se a limpeza dos grãos e obteve-se:

Figura 4 - Areia fina com ácido Fonte: Acervo autor.

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Observam-se grãos cristalinos característicos de areia pura e algumas impurezas as quais estão mais aparentes após a limpeza com ácido.

A figura abaixo mostra a areia grossa após adição de ácido não conformidade nos grãos e algumas impurezas.

Figura 3 - Areia grossa com ácidoFonte: Acervo autor.

A figura abaixo mostra a areia grossa sem nenhum tipo de limpeza mostrando-se visivelmente com poucas impurezas.

Figura 4 - Areia grossaFonte: Acervo autor.

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15Revista Caminhos, On-line, “Dossiê Tecnologias”, Rio do Sul, a. 2, n. 4, p. 7-16, jul./set. 2011

Perda ao fogo

A tabela 3 mostra a perda ao fogo em base seca e úmida.

Tabela 3 - Resultados de perda ao fogo.

Fonte: Acervo do autor

Nota-se que teve uma perda ao fogo de 30% da amostra, uma quantidade alta para este tipo de amostra.

Análise química da areia

A tabela 4 apresenta os resultados das analises químicas feitas:

Tabela 4 - Resultados das analises químicas.

Fonte: Acervo autor.

Nota-se uma quantidade de Silte, que e um fragmento mineral maior que areia fina e maior que argila, em torno de 15% de 1 Kg de amostra.

Uma quantidade elevada para quanto a alumínio e ferro de forma que estes metais são ligas que podem unir-se a outros agregados prejudicando possivelmente determinados processos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados obtidos pode-se obter as conclusões necessárias quanto as características da areia da região de Pouso Redondo. Notoriamente observa-se uma areia com impurezas as quais podem prejudicar determinados processos os quais a areia é à base de produção.

A empresa que tem autoria em relação a areia dessa região fornece para construção civil a qual está indicada, porém para o uso dessa areia nos métodos de fundição encontra-se restrições, tendo em vista que um fator essencial é a presença mínima possível de metais como ferro e alumínio sendo que esta areia apresenta quantidades excessivas em relação a estes parâmetros dificultando dessa forma a viabilidade de ser utilizada em outros processos.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, J.M.G.C., Tecnologia da Fundição, Fundação Calouste. Gulbenkian: Lisboa, 1999.

GIANNINI, A. R. Resinas sintéticas para aglomeração de areia. Mineração metalurgia. Rio do Sul: Editiora xxx 1995.

RESENDE, M., Princípios de Processos de Produção, Departamento de Eng. Mecânica, Escola de Engenharia de São Carlos. São Carlos,SP: USP, 1992.

SIEGEL, M., Fundição, Editora da Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, São Paulo: Editiora xxx, 1978.

SENAI, Areias de Fundição. Departamento Regional de Minas Gerais, Centro de Fundição de Itaúna, 1987.

TORRES, J., Manual Prático de Fundição. São Paulo: Hemus Livraria Ed. Ltda, 1975.

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ADMIRÁVEL MUNDO NOVO? A CIBERCULTURA E OS APOCALÍTICOS E APOLOGÉTICOS

DO CIBERESPAÇO

Segata, Jean1

Agostini, Marcelo2

Oliveira, Giovana3

Korb, Angélica4

Resumo: Este trabalho é resultado das discussões teóricas do PGP intitulado Tempos Digitais, da UNIDAVI. Em termos sintéticos, o artigo refaz o debate constituinte dos estudos sobre ciberespaço, a especificar, entre os apocalípticos e os apologéticos da novas tecnologias. Pretende-se assim poder apresentar debates fundamentais nesse campo de estudo, em especial, como caráter introdutório aos interessados no tema.

Palavras-Chave: Ciberespaço; Apologéticos; Apocalíspticos.

Résumé: Cet article est le résultat de débats théoriques du PGP intitulé Les Temps Digitales, dans l’UNIDAVI. Dans synthétiques, le papier reconstruit la discussion du cyberespace, constitutifs des études, de préciser, entre apocalyptique et apologétique des nouvelles technologies. Cette mesure est destinée à présenter les débats clés ce champ d’étude, en particulier, comme une introduction à ceux qui s’intéressent au thème.

Mots-Clés: Cyberespace; Apocalyptiques; Apologétiques.

1 Doutorando em Antropologia Social PPGAS/UFSC - Collège de France. Professor na UNIDAVI e coordenandor e orientador do PGP Tempos Digitais.

2 Acadêmico do Curso de Psicologia - UNIDAVI.3 Acadêmica do Curso de Comunicação Social/Jornalismo - UNIDAVI.4 Acadêmica do Curso de Comunicação Social/Jornalismo - UNIDAVI.

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19Revista Caminhos, On-line, “Dossiê Tecnologias”, Rio do Sul, a. 2, n. 4, p. 17-26, jul./set. 2011

Admirável Mundo Novo, escrito em 1931 por Aldous Huxley, é uma ficção que fala sobre uma sociedade futura onde tecnologia controla a vontade, a liberdade e a felicidade das pessoas, num regime cientificamente construído de castas. A ficção de Huxley não profetiza o ciberespaço, ao menos não neste futuro-presente em que vivemos, entretanto, pode-se dele dizer um novo mundo, de fato admirável, que teorizado nos últimos anos, de forma polarizada, entre apocalípticos e apologéticos, é a menina dos olhos da chamada Cibercultura. Acredita-se que retomar todo histórico da internet seria de certa maneira enfadonho, de forma que pretende-se iniciar esta contextualização a partir das discussões dos estudos das tecnologias do imaginário e da cibercultura; discussões que partindo, quase em sua grande maioria, de áreas do saber como a comunicação, a filosofia e a sociologia, tendem a polarizar-se ora em apologias de discursos tecno-utópicos, ora em apocalipses de discursos tecnofóbicos5. Inicia-se então pelo primeiro pólo: o discurso apologético.

André Lemos, em um ensaio intitulado Cibercultura: alguns pontos para compreender a nossa época, mostra que há um certo problema em definir o que seria a cibercultura. Ele escreve:

O termo está recheado de sentidos, mas podemos compreender a Cibercultura como a forma sócio-cultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70 [...] uma relação que se estabelece pela emergência de novas formas sociais [...]. A cibercultura é a cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais. Vivemos já a cibercultura. Ela não é o futuro que vai chegar, mas nosso presente. [...] A cibercultura representa a cultura contemporânea sendo conseqüência direta da evolução da cultura técnica moderna (LEMOS, 2003, p. 11-12).

Como Lemos, defende-se aqui que a emergência das novas tecnologias digitais, e, neste caso não somente os computadores, mas a TV, os terminais bancários eletrônicos, os cartões magnéticos, os aparelhos de telefonia celular, enfim, todo este aparato “tecnológico”, hodiernamente presente em nosso 5 Trabalhos anteriores, como as dissertações de Mário Guimarães Jr. Vivendo no Palace: etnografi a de um

ambiente de sociabilidade no ciberespaço e de Maria Elisa Máximo, Compartilhando Regras de Fala: interação e sociabilidade na lista eletrônica de discussão Cibercultura, ou mesmo a dissertação de Jean Segata, Lontras e a Construção de Laços no Orkut, todasas defendidas no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina, já fazem um bom resgate histórico das redes de computadores e do surgimento da internet.

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cotidiano, tem balizado os processos de subjetivação e constituição dos sujeitos nas suas relações com estas tecnologias e através destas tecnologias. Entretanto, não sugiro que este processo tenha dado alguma espécie de “salto evolutivo”, uma espécie de “campo completamente novo de formas: formas de percepção e ação vivendo na experiência subjetiva” (LÉVY, 2004, p. 160), mas sim, como um processo dinâmico de significação e re-significação das nossas relações com essas tecnologias, tecendo novos fios nas teias de significado. Tampouco que se essa cibercultura como uma espécie de conseqüência, em última instância, de tipo evolutiva, que surge a partir do que ele chama de relação simbiótica entre cultura, sociedade e novas tecnologias de base eletrônica, como se houvesse uma espécie de experiência laboratorial, onde, com uma boa dose homogênea de cultura contemporânea, outra de cultura técnica, outra de sociedade, fizesse-se uma mistura que resultasse a cibercultura, que nessas condições para assumir forma e substância.

Sherry Turkle, em um trabalho publicado em originalmente em 1984, já escrevia que as tecnologias catalisam alterações não somente nas coisas que fazemos, mas também na maneira como pensamos as coisas. As tecnologias, segundo ela, principalmente o computador:

Modifica a percepção que as pessoas têm de si mesmas, umas das outras, e da sua relação com o mundo. A nova máquina que está por trás do sinal digital luminoso, ao contrário do relógio, do telescópio ou do comboio, é uma máquina “pensante”. Desafia, não apenas as nossas noções de tempo e distância, mas também as de mente. [...] Os computadores despertam sentimentos fortes, mesmo em quem não está em contato direto com eles. (TURKLE, 1989, p. 14, 15).

Parece um misto de “realidade” e “ficção científica” neste imaginário da cibercultura. Os computadores e o uso da internet começam a se popularizar, e, “as pessoas sentem a presença de algo novo e excitante. Mas receiam a máquina, que consideram poderosa e ameaçadora” (id.).

Neste mesmo ano, William Gibson escreve em seu romance Neuromancer, revivido nos últimos anos como inspiração a trilogia americana Matrix, escreve sobre um espaço, o ciberespaço, que é segundo ele, uma “alucinação consensual”, que tem como útero, a Matrix, uma espécie de mãe das civilizações pós-industriais e onde os “cibernautas” podem chegar através deste ciberespaço:

Cyberspace. A consensual hallucination experienced daily by billions of legitimate operators, in every nation [...]. A graphical representation

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of data abstracted from the banks of every computer in the human system. Unthinkable complexity. Limes of light ranged in the nospace of the mind, clusters and constellations of data (GIBSON, 1984, p. 51).

O termo ciberespaço, cunhado por Gibson, começa a ser empregado com a emergência das redes de computadores e a internet, tornando-se loci privilegiado das manifestações da cibercultura, porém, diferentemente da ficção gibssoniana, como “uma entidade real, parte vital da cibercultura planetária que está crescendo sob os nossos olhos. Ele não é desconectado da realidade, mas um complexificador do real” (LEMOS, 2002, p. 137), emergente em nosso cotidiano a partir da década de 90 e foi neste sentido que “as tecnologias digitais surgiram, então, como a infra-estrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado da informação e do conhecimento” (LÉVY, 2003, p. 32), que carrega consigo em seu início de apropriação, um misto de realidade e ficção, da busca e conquista de novos mundos habitados por heróis hackers e cyberpunks.

Com o desenvolvimento das interfaces e com a popularização dos computadores e da utilização civil da internet bem como a sua expansão, e-mails, IRCs, chats, listas de discussão, comunidades virtuais, e, mais recentemente, sistemas de Msn com abertura para mensagens de voz e webcams, blogs, fotologs, sistemas de telefonia via internet, grupos proxêmicos6 como os populares Orkut, Gazzag, Hi5 ou Twitter, o ciberespaço foi ganhando mais vitalidade, tornando-se um espaço, segundo as palavras de Pierre Lévy, surreal, que pode reunir pessoas dos mais diversos lugares e culturas7:6 Espaços nos quais você precisa receber um convite via e-mail de algum participante. Ao aceitar é preciso

preencher um cadastro (profi le) que poderá ser consultado por qualquer participante do grande grupo, que pode acessar os seus dados pessoais e fotos. A “brincadeira” consiste em encontrar amigos distantes, novos amigos, antigos colegas, fl ertar, fazer negócios, trocar experiências comuns. Ao encontrar alguém de seu interesse (amigo, negócios), você pede para ser adicionado ao seu grupo pessoal de amigos, se aceito ambos estarão adicionados aos seus respectivos grupos de amigos; funciona como o popular jogo da proxemia: uma pessoa que conhece alguém, que é amiga de alguém, que conhece alguém, que é amiga de outra, formando uma grande rede que se entrecrusa de vários os lados. Estes espaços costumam mostrar a quantas pessoas você direta, ou indiretamente ligada através de seus amigos e quais amigos. Há ainda neste espaços comunidades que são criadas pelos próprios participantes e que são, se respeitadas as regras que o fundador da comunidade costuma anunciar na descrição da comunidade, livres para a participação de qualquer pessoa. Essas comunidades costumas reunir pessoas por interesses dos mais complexos aos mais banais, como comunidades para “antropólogos pós-estruturalistas”, a “adoro bife mal-passado” e “tive um pijama furado”. O Brasil lidera o número de participantes do maior desses espaços, o Orkut, que possui, até meados de novembro de 2005, cerca de 10,8 milhões de participantes em todo o mundo, sendo que mais de 70% são brasileiros.

7 Trazendo à lembrança o clássico conceito de cultura cunhado por Geertz, sob inspiração webberiana: “acreditando, como Max Weber que o homem é um animal amarrado a teias de signifi cado que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias” (GEERTZ, 1989, p. 66).

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A internet é um espaço de comunicação propriamente surrealista, do qual “nada é excluído”, nem o bem, nem o mal, nem as suas múltiplas definições, nem as discussões que tende a separá-los sem jamais conseguir. A internet encarna a presença da humanidade a ela própria, já que todas as culturas, todas as disciplinas, todas as paixões aí se entrelaçam. Já que tudo é possível, ela manifesta a conexão do homem com a sua própria essência, que é a aspiração à liberdade (LÉVY, 2002, p. 14).

Entretanto, um discurso demasiado apologético e que em certa medida parece reencarnar um pensamento da Escola Francesa de Sociologia, principalmente figurado em Durkheim e Mauss, que postulavam um inconsciente coletivo, a sua defesa em vista de uma inteligência coletiva, coloca o ciberespaço deslocado das pessoas e, não como lugar, como na passagem acima ele escreve, onde todas as paixões se entrelaçam, manifestando uma conexão do homem com a sua própria essência.

Mauss (2002), ao escrever sobre o mana e a eficácia da magia, postula que estas não podem ser dadas ao entendimento individual, já que “ela só existe na consciência dos indivíduos em razão da existência da sociedade, à maneira das idéias de justiça e de valor; diríamos de bom grado que é uma categoria do pensamento coletivo” (MAUSS, 2002, p. 152). Esse pensamento coletivo, que de alguma maneira existe externamente às pessoas, é que limita os seus saberes e fazeres e se figuram como uma espécie de estrutura pouco dinâmica, cujo interior, onde estão as pessoas, é constantemente modificado.

Pierre Lévy postula o que ele chama de inteligência coletiva, em termos próximos ao inconsciente coletivo de Mauss: a inteligência coletiva “é uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta de uma mobilização efetiva das competências” (LÉVY, 2003b, p. 28), tendo como loci o ciberespaço, que neste caso, seria segundo ele, um espaço meta-evolutivo rumo a digitalização, a virtualização e à inteligente coletiva propriamente:

A raça humana está se tornando um superorganismo a construir sua unidade através do ciberespaço. E porque este superorganismo está se tornando o principal agente de transformação e manutenção da biosfera, o ciberespaço cresce, por extensão, como se fosse o sistema nervoso dessa biosfera (LÉVY, 2004, p. 157).

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Lévy ainda sustenta seu argumento com três proposições: (1) que existe uma evolução cultural e que (2) ela é continuidade de uma evolução biológica, onde (3) o ciberespaço seria o estágio atual desse processo de evolução bio/cultural, servindo de base para futuras evoluções (id.). Sem digredir para discussões sobre o “evolucionismo”, “tecnoelistismo” e o “ego-euro-tecno-centrismo” latejantes nesse discurso apologético-ficcional, encerro o meu paralelo entre a inteligência coletiva que Lévy descreve e o inconsciente coletivo de Durkheim e Mauss, com as palavras com que Lévy encerra o seu artigo O ciberespaço como um passo metaevolutivo, as quais postulam: “a missão da raça humana: fazer crescer o cérebro do mundo. Um cérebro mais e mais poderoso e livre que incluirá o mundo em sua substância” (ibid, p. 170). O ciberespaço, como sistema nervoso da inteligência coletiva, passaria assim a ser uma estrutura substanciada, que retroalimenta essa inteligência coletiva com o sumo de nossos pequenos cérebros, fazendo crescer o grande cérebro. Esse processo, a exemplo do mana e da eficácia da magia, pode ser vivenciado, no entanto não pode ser dado no entendimento individual, apenas num todo coletivo; é a Matrix da ficção de Gibson, agora, mais sofisticada, ou, nas palavras de Lévy, metaevoluída.

Ainda neste discurso destaco as posições de Joël de Rosnay e Nicholas Negroponte. Rosnay, a exemplo de Lévy, também descreve uma possível forma de inteligência coletiva:

Nas malhas da rede informacional evoluem, de agora em diante, diversos atores simultaneamente, comunicantes e potencialmente criadores: os “neurônios” de um cérebro planetário em vias de surgimento. Estes já não são mais os “usuários” de antes, utilizadores passivos de serviços elaborados por outros, e sim, os produtores-consumidores de novos instrumentos interativos que multiplicam o poder e a eficácia de cada um (ROSNAY, 2000, p. 200).

Seria através e nestas malhas da rede informacional que nos distanciaríamos de uma rede de informações baseada no imaginário de uma inteligência eletiva das sociedades industriais e seríamos estimulados à pratica solidária de uma inteligência coletiva no seio do imaginário de uma sociedade informacional. De toda maneira, este otimismo de Turkle, Rosnay e Lévy do fim da década de 80 e anos 90, como também de Lemos, mais recentemente, de alguma forma se unem às palavras de Negroponte, que também, já na década de 80, ao escrever sobre “a vida digital”, apontava para essa espécie de simbiose entre pessoas e máquinas, cada vez mais

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entrelaçados em seu cotidiano: “não estamos esperando qualquer invenção. Ela está aí. Agora. É quase genética em sua natureza, pois cada geração vai se tornando mais digital do que a anterior” (NEGROPONTE, 1995, p. 219) e a emergência de novos espaços de relação, como o ciberespaço, de alguma forma vão sendo processados nesse contínuo movimento de subjetivar o mundo.

No outro pólo deste debate, com discursos de tom mais apocalíptico, eu destacaria, mais sucintamente, as posições de Paul Virilio e Jean Baudrillard.

A fazer saber, Virilio descreve a utilização da internet no cotidiano, como o fim da vida privada: “de fato, não se poderá compreender nada da revolução da informação sem perceber que ela alimenta, também, de maneira puramente cibernética, a revolução da delação generalizada” (VIRILIO, 1999, p. 64 – grifo no original). Neste sentido, a internet, que inicialmente foi incubada e dada à luz com propósitos militares, como estratégia de armanezamento de dados e agilidade na distribuição dos mesmos, estaria ainda ligada a fim militares, o que ele chama de militarização da ciência. Agora, ela estaria com fins próximos a uma espécie de Big Brother orwelliano que estaria a procura de informações secretas entre as pessoas e nações.

Segundo ele ainda, “depois da primeira bomba, a bomba atômica capaz de desintegrar a matéria pela energia da radioatividade, surge neste fim de milênio o espectro da segunda bomba, a bomba informática, capaz de desintegrar a paz das nações pela inter-atividade da informação” (ibid, p. 65 – grifos no original). Sua reflexão inconformada procura argumentar como a internet seria a baliza desequilibradora da indústria, da economia, geradora de divisões sociais entre pólos de pobreza, norte e sul, fruto do desenvolvimento irrefletido das ciências e da técnica.

Em outro trabalho, intitulado, La fin de la vie privée, Paul Virilio procura argumentar como esse desequilíbrio gerado pela emergência do ciberespaço e das tecnologias digitais, não se resume às mudanças políticas e econômicas em níveis nacionais, mas cotidianos, instaurando uma espécie de era do voyeurismo, que encarcera as pessoas em seus próprios lares. “Réinvention d’une servelité domestique de même nature, finalement, que ‘l’incacération életronique’ des détenus dans le circuit fermé d’un commissariat de police” (VIRILIO, 2000, p. 49), inaugurando o fim da vida privada.

Jean Baudrillard, sob outra ótica, mas não menos apocalíptica que Virilio, vê nesse movimento de emergência da utilização das tecnologias digitais uma doença que degenera o mundo:

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Vídeo, tela interativa, multimídia, internet, realidade virtual: a interatividade nos ameaça de toda a parte. Por tudo, mistura-se o que era separado; por tudo a distância é abolida: entre os sexos, entre os pólos opostos, entre o palco e a platéia, entre protagonistas da ação, entre o sujeito e o objeto, entre o real e o seu duplo. Essa confusão dos termos e essa colisão dos pólos fazem com que em mais nenhum lugar haja a possibilidade do juízo de valor: nem em arte, nem em moral, nem em política. Pela abolição da distância, do “pathos da distância”, tudo se torna irrefutável. [...] Por toda a parte onde opera essa promiscuidade, essa colisão dos pólos, há massificação” (BAUDRILLARD, 2002, p. 129).

Esse esvaziamento, simulacro da vida, tem no ciberespaço o seu perigo mais iminente, já que para esse autor, “as redes de comunicação constituem um imenso campo viral, e a transmissão instantânea é em si mesma perigo mortal” (ibid, p. 123), transmissor da doença do vazio.

Entretanto, como procuro mostrar adiante, a antropologia vem complexificando esse debate, com o intuito de não polarizar as suas investigações. A bem da verdade, o interesse da antropologia no ciberespaço está em refletir sobre essa dimensão da vida social que vem emergindo no ciberespaço, sem intuito de previsões apocalípticas ou apologéticas.

Admirável mundo novo, que emerge pela “apropriação da capacidade de interconexão por redes sociais de todos os tipos” utilizadas para “a vida social, em vez de praticar a tecnologia pela tecnologia” (CASTELLS, 2003, p. 53). Novo, não por inaugurar novas relações, novas pessoas, mas sim porque ele, o ciberespaço, emerge como loci privilegiado de relações, que não são necessariamente novas, mas que constroem um admirável mundo, nesta apropriação social da tecnologia.

REFERÊNCIAS

BAUDRILLARD, Jean. Tela Total: mito-ironias do virtual e da imagem. 3.ed. Porto Alegre: Sulina, 2003.

CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GIBSON, Willian. Neuromancer. New York: Ace Books, 1984.

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LÉVY, Pierre. “O ciberespaço como um passo metaevolutivo”. In: MARTINS, Francisco M.; SILVA, Juremir M. A Genealogia do Virtual: comunicação, cultura e tecnologias do imaginário. Porto Alegre: Sulina, 2004.

______. “Uma perspectiva vitalista sobre a cibercultura”. In: LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002.

______. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2003.

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MAUSS, Marcel. “Esboço sobre uma teoria geral da magia”. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1995.

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SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Educação e Realidade, vol. 16, n. 2. Porto Alegre, jul. a dez./2000, pp. 05-22.

TURKLE, Sherry. O Segundo Eu: os computadores e o espírito humano. Lisboa: Presença, 1989.

VELHO, Gilberto. Individualismo e Cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. 6. ed. Rio de Janeiro, 1999.

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_____. “La Fin de la Vie Privée”. Manière de Voir 52 – Le Monde Diplomatique – “Penser le XXIe Siècle”. France, Juillet-Août, 2000, pp. 46-49.

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TEORES DE COBRE E CHUMBO E GRAU ALCOOLICO DE AGUARDENTES COLONIAIS COMERCIALIZADAS NA

REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ1

Profª. MSc. Franciane Schoeninger2

Vanderléia de Campos3

RESUMOVárias marcas de aguardentes coloniais são comercializadas na região do Alto Vale do Itajaí. Estas bebidas podem apresentar teores de cobre, chumbo e grau alcoólico fora dos limites estabelecidos pela legislação. Sendo assim, o presente trabalho objetivou realizar uma pesquisa científica para identificar a conformidade ou não destes parâmetros. Aguardentes de cana coloniais foram analisadas mediante métodos físico-químicos e espectrofotométricos quanto aos seus padrões de qualidade. Das 19 marcas de aguardentes analisadas, todas apresentaram valores de graduação alcoólica e/ou teor de chumbo fora dos limites estabelecidos pela Instrução Normativa nº 13, de 29 de junho de 2005, do Ministério da Agricultura, que aprova o Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Aguardente de Cana e para Cachaça. Os resultados indicaram que a aguardente comercializada na região do Alto Vale do Itajaí apresenta grande variabilidade de qualidade, entre as marcas analisadas.

Palavras-chave: aguardentes, cobre, chumbo, grau alcoólico.

ABSTRACTSeveral brands of colonial sugar cane rum are dealed at Alto Vale do Itajaí region. These beverages can show up copper and lead contents, alcohol degrees out of limits established by the legislation. Therefore this work intended to accomplish a scientific search to identify the conformity or not of these parameters. Colonial sugar cane rum were analysed with physico-chemical and spectrophotometer at his standard of quality. From 19 brands of sugar cane rum analysed, all presented alcohol worth graduation an lead contents out of limits established by the 13th Normative Instruction, june 29, 2005 from the Ministry of Agriculture, who approve the Technical Regulation to Sett Rules of Measure of Identity and Quality to Sugar Cane Rum. The results showed that the sugar cane rum dealed at Alto Vale do Itajaí region show up large variability of quality between the brands analysed.

Keywords: sugar cane rum, copper, lead, alcohol degree.

1 Orientadora do projeto de pesquisa, professora da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI) e Mestre em Engenharia de Alimentos. E-mail: [email protected];

2 Acadêmica do Curso de Tecnologia em Química Industrial, bolsista do programa do Artigo 170. E-mail: [email protected].

3 Acadêmica do Curso de Tecnologia em Química Industrial, bolsista do programa do Artigo 170. E-mail: [email protected].

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INTRODUÇÃO

A aguardente de cana surgiu por acaso da produção do açúcar no início da colonização do Brasil, por volta de 1530 à 1550, e é a mais antiga e genuína bebida brasileira (DIAS, 2006).

De acordo com a Instrução Normativa nº 13, de 29 de junho de 2005, do Ministério da Agricultura, que aprova o Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Aguardente de Cana e para Cachaça, entende-se por Aguardente de Cana, a bebida com graduação alcoólica de 38 a 54% em volume a 20ºC, obtida do destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar ou pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar, podendo ser adicionada de açúcares até 6g/L, expressos em sacarose. Já “cachaça” é a denominação típica e exclusiva da Aguardente de Cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume a 20ºC obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até 6g/L, expressos em sacarose.

O Brasil destaca-se na produção de aguardente de cana-de-açúcar, sendo esta a segunda bebida alcoólica mais consumida no país. Segundo o Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça – PBDAC, a produção anual registrada é de 1,3 bilhões de litros, o que equivalente a, aproximadamente, 27% da produção mundial de destilados. Dos 1,3 bilhão cerca de 1 bilhão de litros é de cachaça de coluna, as chamadas industriais e 300 milhões de alambiques, as artesanais. Esse volume coloca a cachaça como a bebida destilada mais consumida no Brasil e a terceira no mundo, ficando atrás apenas da Vodka e do Soju.

Somente para a fabricação de cachaça são colhidas no Brasil cerca de 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, por ano, o equivalente a uma área cultivada de 125 mil hectares. O faturamento anual é da ordem de US$600 milhões e o número de empregos diretos se eleva a 400 mil pessoas. O consumo médio mundial de bebidas destiladas é 2,2 litros por habitante; enquanto que no Brasil essa média se eleva para cerca de 11 litros, somente de cachaça.

Entretanto, menos de 1% da produção total atinge o mercado externo. Um dos entraves para o aumento da exportação está relacionado ao teor de íons metálicos presente nos destilados. Os íons metálicos estão presentes em todos os alimentos e bebidas, portanto o conhecimento de suas quantidades na aguardente é relevante do ponto de vista relativo à saúde do consumidor e do tecnológico, com possíveis aplicações na diferenciação desta bebida típica dos outros destilados (JORA et al., 2007).

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Para obter produto de melhor qualidade, os alambiques devem fazer uma separação durante o processo de destilação, retirando a primeira e a última parte do destilado. A cabeça (primeiros 10% da cachaça) contem metais pesados, como o cobre e o chumbo, que são prejudiciais à saúde, e a calda (últimos 10%), contem ácidos que causam a ressaca e a dor de cabeça. O que resta é chamado de coração da cachaça e é a parte ideal para ser bebida (ROJAHN, 2002).

A Instrução Normativa nº 13 fixa o limite máximo permitido para os íons cobre em 5,0 mg/L, enquanto em outros países há um rigor mais acentuado. A legislação norte americana, por exemplo, estabelece, para o mesmo parâmetro de qualidade, o valor de 2,0 mg/L. Já a quantidade de chumbo fixada pela Instrução Normativa é de no máximo 200 μg/L.

A cachaça artesanal é, geralmente, produzida em alambiques de cobre, o qual confere melhor qualidade ao produto quando comparado aos alambiques confeccionados com outros materiais, como aço inox; porém, podem contaminar o produto quando o manejo (principalmente a higiene) da produção é inadequado (NASCIMENTO et al., 1998).

Os alambiques de cobre são amplamente utilizados, especialmente por produtores artesanais. Existem várias controvérsias sobre o uso desse metal; no entanto, muitos pesquisadores atribuem ao cobre o papel de catalisador durante o processo de destilação da aguardente. Quando a aguardente é fermentada e destilada em recipientes constituídos de outros materiais, como o aço inox, o produto final contém compostos sulfurados, sendo a bebida resultante de baixa qualidade organoléptica (LIMA NETO & FRANCO, 1994).

A utilização de equipamentos de cobre nos alambiques é favorável por reduzir a acidez e os níveis de aldeídos e compostos sulfurosos, os quais conferem à bebida, sabor e odor estranhos (CARDOSO, 2003). Porém, o cobre pode contaminar o produto quando o manejo (principalmente a higiene) da produção for inadequado (AZEVEDO et al., 2003).

A contaminação da aguardente ocorre durante o processo de destilação, no qual se forma o “azinhavre” [CuCO3Cu(OH)2] nas paredes internas dos alambiques de cobre. Esse composto é dissolvido pelos vapores alcoólicos ácidos, contaminando o destilado (LIMA NETO & FRANCO, 1994).

Um processo eficiente de higienização do destilador a fim de remover o azinhavre formado, ou a presença desse metal apenas na parte ascendente dos vapores durante o processo de destilação, garante a produção de uma aguardente com teores de cobre dentro dos limites permitidos (ANDRADE et al., 2002).

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O excesso de cobre solúvel no organismo (hipercupremia) pode ser tóxico devido à afinidade do cobre com grupos SH de muitas proteínas e enzimas, causando doenças como epilepsia, melanoma, artrite reumatóide, bem como a perda do paladar. A mais conhecida enfermidade decorrente dos distúrbios do metabolismo do cobre é a doença de Wilson que, a primeira vista, parece tratar-se de um caso de hipercupremia. Os sintomas apresentados pelos pacientes são: peso do lado direito do corpo (dilatação da cápsula do fígado), dores ao correr e andar (alterações musculares), mudança na cor da pele para amarela (alteração da função bioquímica do fígado), e tremores fortes nos dedos (alterações nervosas) (SARGENTELLI et al., 1996).

Além do efeito adverso direto à saúde humana, estudos têm indicado que o cobre está associado à formação de uma substância potencialmente cancerígena, o carbamato de etila, em aguardente. De acordo com ARESTA et. al. (2001), o principal precursor do carbamato de etila em bebidas destiladas é o íon cianeto, sendo o cobre um dos fatores que afetam a formação. Segundo estes autores, a complexação do Cu II ao cianato, formado pela oxidação do cianeto, torna-o mais susceptível ao ataque nucleofílico do etanol, formando o carbamato de etila.

Poucos são os estudos relacionados à presença de teores elevados de chumbo em aguardentes, porém, alguns casos já foram relatados. A intoxicação por chumbo pode causar inicialmente falta de apetite, gosto metálico na boca, desconforto muscular, mal estar, dor de cabeça e cólicas abdominais fortes. Entretanto, na infância, os sintomas ligados a deposição de chumbo no cérebro são predominantes. Níveis moderados de chumbo afetam a memória de longo prazo e a função cognitiva na criança. Estudos onde crianças de regiões contaminadas por chumbo foram observadas por vários anos demonstraram que as crianças com níveis sangüíneos de Pb superiores a 10 mg/L apresentavam uma diminuição do QI em relação a crianças com taxas de chumbo inferiores. As crianças apresentam uma absorção intestinal de chumbo maior que a dos adultos e os efeitos tóxicos do chumbo são mais importantes na criança devido ao período de desenvolvimento cerebral (ABMC, 2004).

  Assim sendo, a quantificação de cobre e chumbo, assume grande importância na qualidade final da aguardente. Seus teores devem minimizados para prevenir a ocorrência destas doenças. Os aspectos gerais de qualidade da aguardente de cana e de seu controle, associados à sua importância, exigem, portanto, a realização de análises físico-químicas, para a quantificação de metais, como o cobre e o chumbo, podendo-se dessa forma, designar as aguardente coloniais de boa qualidade.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Primeiramente foi realizada uma pesquisa de campo, relacionando-se todas as marcas de aguardentes coloniais comercializadas na região do Alto Vale do Itajaí.

Após a aquisição das amostras foram feitas as determinações do grau alcoólico e dos teores de cobre e chumbo.

Para a determinação dos teores de cobre em aguardente foi utilizado o método espectrofotométrico, utilizando para tal o espectrofotômetro DR/2010 da HACH (método 8506, gama de concentração de cobre de 0 a 5,00 mg/L).

Para a determinação dos teores de chumbo foi utilizado o método espectrofotométrico, utilizando para tal o espectrofotômetro DR/2010 da HACH (método 8033, gama de concentração de cobre de 0 a 160 μg/L).

A determinação do grau alcoólico das amostras foi feita de acordo com a metodologia descrita em “Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos”, 4 ed., 2005, método 217/IV.

Todos os ensaios analíticos foram realizados no laboratório físico-químico da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí - UNIDAVI.

Os resultados encontrados foram comparados com a Instrução Normativa nº 13, de 29 de junho de 2005, do Ministério da Agricultura, indicando se os produtos analisados encontram-se dentro dos limites permitidos pela legislação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

• Amostras

Foram encontradas no comércio da região do Alto Vale do Itajaí 17 amostras de aguardente fabricadas artesanalmente. Foram coletadas ainda mais duas amostras produzidas industrialmente e que são as mais vendidas na região, de acordo com os supermercados locais.

• Determinação do grau alcoólico

De acordo com a Instrução Normativa nº 13, de 29 de junho de 2005, do Ministério da Agricultura, entende-se por Aguardente de Cana, a bebida com graduação alcoólica de 38% a 54% em volume a 20ºC. Já “cachaça” é a

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denominação típica e exclusiva da Aguardente de Cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume a 20ºC

As aguardentes submetidas aos ensaios analíticos apresentaram valores de grau alcoólico compreendidos entre a faixa de 26% a 38%, conforme demonstrado no Gráfico 1. As barras azuis indicam os valores de grau alcoólico identificados nos rótulo das amostras e as barras vermelhas indicam os valores encontrados na determinação em laboratório. A linha em vermelho indica o valor mínimo estabelecido na Instrução Normativa (38%). Observa-se que apenas uma amostra analisada (5,26%) apresentou graduação alcoólica mínima estabelecida pela Instrução Normativa nº 13. Todas as outras amostras (94,73%) apresentaram valores abaixo do mínimo estabelecido nesta Instrução, sendo que a graduação mais baixa encontrada foi de 26%. Comparando-se os valores encontrados na análise com os valores indicados nos rótulos das amostras, observa-se que 4 amostras (21%) indicam no seu rótulo valores abaixo do mínimo estabelecido na Instrução (38%) e portanto não poderiam ser vendidas como aguardente de cana ou cachaça. Com exceção da amostra onde o teor alcoólico está de acordo com os valores estabelecidos na Instrução Normativa, todas as outras indicaram nos seus rótulos graduações alcoólicas maiores do que os valores encontrados nas análises realizadas.

Gráfico 1 – Teor alcoólico

Fonte: acervo dos autores

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• Determinação do teor de cobre

A Instrução Normativa nº 13 estabelece o limite máximo de íons de cobre em 5,0 mg/L, para aguardentes produzidas no Brasil.

As aguardentes analisadas apresentaram valores de cobre da ordem de 0,51 mg/L a 4,46 mg/L. Portanto, 100% das amostras analisadas encontraram-se dentro dos limites estabelecidos na Instrução Normativa, conforme demonstrado no Gráfico 2. Estes valores refletem que tanto as 17 amostras de aguardente fabricadas de modo artesanal, como as duas amostras de aguardente industriais, são produzidas utilizando-se processos eficientes de higienização dos alambiques e destiladores, o que impede a contaminação por cobre.

Gráfico 2 – Teores de cobre

Fonte: acervo dos autores

• Determinação do Teor de Chumbo

A Instrução Normativa nº 13, estabelece o limite máximo de íons de chumbo em 200 μg/L, para aguardentes produzidas no Brasil.

As aguardentes analisadas apresentaram teores de chumbo da ordem de 154μg/L a 1900μg/L. Conforme demonstra o gráfico 3, apenas 4 amostras (21,05%) apresentaram valores de chumbo abaixo de 200 μg/L. As duas amostras de aguardente industrializadas ficaram fora dessa faixa, apresentando valores superiores ao que permite a Instrução Normativa.

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Gráfico 3 – Teores de chumbo

Fonte: acervo dos autores

CONCLUSÃO

Das 19 marcas de aguardentes analisadas, todas apresentaram valores de graduação alcoólica e/ou teor de chumbo fora dos limites estabelecidos pela Instrução Normativa nº 13, de 29 de junho de 2005, do Ministério da Agricultura, que aprova o Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Aguardente de Cana e para Cachaça.

Entre as amostras analisadas, 18 (94,73%) apresentaram graduação alcoólica abaixo do limite mínimo estabelecido na Instrução Normativa. Estes valores podem indicar imprecisão dos equipamentos e técnicas utilizadas pelos fabricantes na determinação após o processo produtivo, o que resulta em fraude para os consumidores.

Com relação ao teor de chumbo, 16 amostras (78,94%), apresentaram valores maiores ao limite máximo estabelecido na Instrução Normativa. Não se conseguiu detectar a causa possível da contaminação de aguardentes por chumbo, podendo advir do processo produtivo, ou também, do material utilizado na embalagem. A presença de concentrações elevadas deste metal resulta em prejuízo para a saúde humana, podendo causar inicialmente falta de apetite, gosto metálico na boca, desconforto muscular, mal estar, dor de cabeça e cólicas abdominais fortes.

Com relação ao teor de cobre, para 100% das amostras analisadas foram encontrados valores abaixo do máximo estabelecido na Instrução Normativa, o que indica processos eficientes de higienização dos alambiques e destiladores feitos pelos fabricantes, o que impede a contaminação por cobre.

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Sendo assim, justifica-se a preocupação dos pesquisadores e autoridades, considerando-se o fato de que a aguardente de cana é uma bebida bastante consumida em todas as regiões brasileiras e por diferentes classes sociais.

REFERÊNCIAS

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ELABORAÇÃO DE LEITE DE SOJA AROMATIZADO COMO ALTERNATIVA NA ALIMENTAÇÃO EM CRECHES E ESCOLAS

PÚBLICAS

Regiane Cristina Momm1

Mônica Aparecida Coelho2

RESUMOAtualmente, o programa de merenda é o maior programa de alimentação em atividade no Brasil. Esse programa teve início em 1950 e atende diariamente quase 38 milhões de crianças sendo que 4,7 milhões desse total estão na pré-escola. O apoio na compra e preparação das merendas foi descentralizado, cabendo à prefeitura administrar os recursos que são repassados pelo governo federal. O extrato hidrossolúvel é um dos derivados de soja com grande potencial de mercado, de alto valor nutritivo, de custo relativamente baixo e de fácil obtenção. O leite de soja, por ser uma bebida protéica de baixo custo, de bom valor nutritivo e de fácil obtenção, representa sem dúvida, importante alternativa para a nutrição humana. O objetivo deste trabalho foi de elaborar leite de soja aromatizado para ser utilizado como alternativa no cardápio alimentar de creches e escolas públicas. Para elaboração do leite de soja, primeiramente fez-se a imersão dos grãos de soja por 24 horas, e posterior a isso, pesou-se os grãos. A trituração ocorreu em liquidificador adicionando-se água em ebulição, e após realizou-se o cozimento e filtração. Com o leite obtido, foi realizada análise sensorial com crianças de jardim e pré-escola onde foi obtida uma aceitação do produto de 59%. Para alcançar o objetivo do projeto foi realizada análise sensorial com crianças de escolas públicas onde foi obtida uma aceitação de 67%. Pode-se concluir que o produto elaborado foi aceito e pode ser incorporado ao cardápio da merenda escolar das creches e escolas do município.

Palavras-chave: leite de soja, merenda escolar, escolas públicas.

ABSTRACTNowadays, the school-feeding program is the greatest program in activity in Brazil. This program began in 1950 and serves daily almost 38 million children, and 4,7 million of this total are in pre-school. The support on the purchase and preparation of the food was discentralized, due to the City Hall administrate the resource that are given by the federal governmentThe hidrosolube extract is one of the soy derivative with a great potential in the market, with a high nutritive value, with a relative low cost and easy to get. The goal of this work was to elaborate aromatic soymilk to be used as alternative in the food menu of kiddgardens and public schools. To elaborate this soymilk, first was done the immersion of the soy grains for 24 hours, and after that, the grains were weighted. The grinder was done in the blender adding boiling water, and then the cooking and filtration were done. With the milk obteined, was realized the sensorial analyses with

1 Orientadora, professora do Curso de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Ciência e Tecnologia – UNIDAVI – Rua Doutor Guilherme Gemballa, 13, CEP 89160-000 – Rio do Sul/SC - E-mail: [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Engenharia de Alimentos, bolsista de Iniciação Científi ca do PIBIC/UNIDAVI. E-mail: [email protected]

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children from kindgardens and pre-schools where the acceptation of the product was of 59%. To reach the sensorial analyses with children from public schools where the acceptation was of 67%. We can conclude that the elaborated product was accepted and can be used in the school-feeding menu of kindgardens and public schools.

Key words: soymilk, school feeding, public schools.

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INTRODUÇÃO

Um dos fatores preponderantes ao favorecimento da aprendizagem encontra-se no bem-estar do aluno, que é proporcionado durante a sua permanência na escola, por meio da merenda que lhe é oferecida. A função precípua da alimentação escolar não é apenas oferecer alimentos saborosos mas, primordialmente, saudáveis e que sejam seguros do ponto de vista higiênico-sanitário, que supram parte das necessidades nutricionais e, dessa forma, possam manter a saúde do aluno que, como conseqüência, terá um melhor aproveitamento das experiências proporcionadas pela escola.

Atualmente, o programa de merenda é o maior programa de alimentação em atividade no Brasil. O programa da merenda teve início em 1950 e atende diariamente quase 38 milhões de crianças sendo que 4,7 milhões desse total estão na pré-escola. Recentemente, o apoio na compra e preparação das merendas foi descentralizado, cabendo à comunidade local (a partir das prefeituras) administrar os recursos que são repassados pelo governo federal.

Os cardápios oferecidos nos Programas de Alimentação Escolar observam os critérios estabelecidos pelo FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, tais como: hábitos alimentares, utilização de, no mínimo, 70% de produtos básicos (“in natura” e semi-elaborados); número de dias letivos, teor nutricional, aceitabilidade, recursos humanos e materiais disponíveis nas escolas, validade do produto. Estes cardápios são compostos de carboidratos, lipídeos e de proteínas de alto valor biológico – leite, ovos e carne – cujos produtos são adquiridos nas formas “in-natura” e industrializada, visando atender ao preconizado pelo FNDE de 15% das necessidades nutricionais diárias. O Programa se preocupa em fornecer merenda escolar equilibrada adquirindo, também, alimentos que possam completar o teor de vitaminas e minerais como suco de frutas, seleta de legumes e frutas “in natura”.

O papel da alimentação equilibrada na manutenção da saúde tem despertado interesse pela comunidade científica que tem produzido inúmeros estudos. Na década de 80, foram estudados no Japão, alimentos que além de satisfazerem às necessidades nutricionais básicas desempenhavam efeitos fisiológicos benéficos. Após um longo período de trabalho, em 1991, a categoria de alimentos foi regulamentada recebendo a denominação de “Foods for Specified Health Use” (FOSHU). A tradução da expressão para o português é Alimentos Funcionais.

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Entre os alimentos funcionais mais estudados destacam-se a soja, o tomate, o peixe, a linhaça, as crucíferas (brócolis, couve de bruxelas, repolho), o alho e a cebola, as frutas cítricas, o chá verde, a uva/vinho tinto, a aveia, entre outros.

Alguns alimentos industrializados possuem concentrações muito baixas dos componentes funcionais, sendo necessário o consumo de uma grande quantidade para a obtenção do efeito positivo mencionado no rótulo. No caso do leite enriquecido com ômega 3, por exemplo, seria mais fácil e vantajoso, o consumidor continuar ingerindo o leite convencional e optar pela fonte natural de ômega 3 que é o peixe. Primeiro, porque normalmente os produtos industrializados com ação funcional são mais caros, segundo pois o peixe tem outros nutrientes importantes a oferecer como proteínas de boa qualidade, vitaminas e minerais. Portanto, o produto contendo a substância funcional não substitui por completo, o alimento de onde foi retirado tal composto, uma vez que apresenta apenas uma característica deste.

Além de ser produzida em grande quantidade, a soja apresenta elevada qualidade de sua proteína, sendo classificada como um dos cinco principais alimentos fornecedores de proteína: carne, leite, ovos, queijo e soja.

O extrato hidrossolúvel, líquido ou em pó, é um dos derivados de soja com grande potencial de mercado, pois é um produto pronto para consumo, de alto valor nutritivo, de custo relativamente baixo e de fácil obtenção. A ausência de lactose faz do extrato uma bebida alternativa para as pessoas intolerantes a esse carboidrato.

A Tabela 01 apresenta a comparação da composição química do leite de vaca e do leite de soja.

TABELA 1 - Composição química do leite de vaca e do leite de soja.

Fonte: Franco (1986), apud CARRÃO-PANIZZI, M. C.; KITAMURA, K.; BELÉIA, A. D. P.; OLIVEIRA, M. C. N. Influence of growth locations on isoflavone contents in Brazilian soybean cultivars. Breeding Science, n. 48, p. 409-413, 1998.

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Pelo exposto, os benefícios da soja à saúde humana são claramente um ponto importante para a promoção deste alimento junto ao consumidor, desde que eficientemente informados, apontando os benefícios de sua ingestão sobre a saúde e, desta forma, desenvolvendo ou reforçando uma atitude positiva do indivíduo em relação ao produto.

Apesar do grande potencial do “leite” de soja, este obteve, no passado, baixa aceitação no Brasil, basicamente devido ao sabor e aroma desagradáveis ao paladar dos consumidores brasileiros. A ação de enzimas presentes nos grãos de soja sobre os ácidos graxos polinsaturados confere ao produto final um sabor que lembra feijão cru.

Entretanto, recentemente a indústria nacional tem feito uso de novas tecnologias na obtenção do “leite” de soja para o mercado brasileiro que apresenta melhor qualidade sensorial. Novos produtos comerciais à base de extrato hidrossolúvel em combinação com sucos de frutas têm obtido êxito no mercado, indicando que os consumidores podem estar mudando sua atitude em relação aos produtos à base de soja.

O leite de soja, por ser uma bebida protéica de baixo custo, de bom valor nutritivo e de fácil obtenção, representa sem dúvida, importante alternativa para a nutrição humana.

O presente trabalho teve como objetivo elaborar leite de soja aromatizado para ser utilizado como alternativa no cardápio alimentar de creches e escolas públicas.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram adquiridos grãos de soja crus vendidos no comércio varejista de Rio do Sul que após pesagem foram submetidos à separação de impurezas e lavagem dos mesmos. Foram separados 500g de soja para elaboração do leite. A seguir então os grãos foram colocados em imersão em água por 24 horas com a finalidade de amolecer as fibras e facilitar o processo de desintegração, como o conseqüente aumento no rendimento.

Após esse tempo de imersão os grãos foram pesados para se calcular a quantidade de água a ser utilizada durante a trituração. A trituração foi realizada em liquidificador comum (Britânia – Belagio V5), adicionando água em ebulição na proporção 10:1, descontando a água absorvida pelos grãos durante o processo

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de imersão. Com os grãos triturados adicionou-se os demais ingredientes. Foram realizados diferentes sabores do leite, porém a fórmula principal se baseava na adição de 400g de açúcar, 5g de bicarbonato de sódio, 2400ml de água, 25ml de suco concentrado e 2ml de essência.

Após adição dos ingredientes, passou-se para a etapa de cozimento, objetivando melhorar a extração do leite e pasteurizar o produto. O leite permanecia, após fervura, por mais 30 minutos em cozimento.

Posterior ao cozimento o produto então era resfriado por um período de 15 minutos e então realizada a filtração do leite, esta era feita em filtro de tecido e leite obtido era envasado em garrafas plásticas.

A elaboração do leite de soja foi realizada no Laboratório de Físico-Química da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI.

Após a elaboração do produto foram então realizadas análises microbiológicas no Laboratório de Microbiologia da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI para garantir a qualidade do leite.

Com os diversos sabores de leite de soja elaborados foram então realizadas análises sensoriais conforme a metodologia de escala hedônica facial (DUTCOSKY, 1996) com crianças da pré-escola da UNIDAVI no Laboratório de Análise Sensorial da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI. A escala hedônica facial variava em 2 pontos, em que o ponto 1 correspondia a “gostei” e o ponto 2 “não gostei”. E para aplicação do objetivo do projeto foi realizada análise sensorial com crianças de pré-escola a 4ª série em diversas escolas públicas da cidade de Rio do Sul.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises microbiológicas demonstraram que o produto estava próprio para consumo e de acordo com a Resolução RDC nº 12, 02 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.

Para realizar os testes foi utilizada escala hedônica facial conforme metodologia de Dutcosky, porém, para avaliação dos resultados foi empregado cálculo simples de média por não se ter uma amostragem relativamente alta de provadores.

A figura 1 demonstra o modelo do teste que foi empregado para análise sensorial com as crianças.

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FIGURA 1 - Modelo do teste empregado para análise sensorial com as crianças.

Os resultados da análise sensorial do suco de soja sabor abacaxi realizada com as crianças de jardim e pré-escola da UNIDAVI são demonstradas na Tabela 1.

TABELA 2 – Resultado sensorial sabor abacaxi – Unidavi.

Os resultados da análise sensorial do suco de soja sabor laranja realizada com as crianças de jardim e pré-escola da UNIDAVI são demonstradas na Tabela 2.

TABELA 3 – Resultado sensorial sabor laranja – Unidavi.

Os resultados da análise sensorial com o suco sabor abacaxi realizada nas escolas públicas da cidade de Rio do Sul encontram-se na Tabela 3.

TABELA 4 – Resultado sensorial sabor laranja – Unidavi.

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O resultado geral obtido com a análise sensorial realizada nas escolas públicas foi de 67% de aceitação e está demonstrado no Gáfi co 1.

GRÁFICO 1 – Porcentagem geral de aceitação.

CONCLUSÕES

É importante ressaltar a importância de um produto natural para ser incrementado no cardápio das escolas, sendo que o leite de soja é facilmente elaborado pelas próprias merendeiras.

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Os sucos elaborados de uma forma geral obtiveram uma boa aceitação pelos alunos, onde se pode observar que os alunos de séries iniciais tiveram uma melhor aceitação para o produto.

Os resultados obtidos com a análise sensorial das escolas públicas da cidade de Rio do Sul foram apresentados ao setor de nutrição e merenda escolar da cidade demonstrando a aceitabilidade do mesmo. Uma proposta deve ser avaliada pelo setor, estudando a viabilidade do emprego deste alimento nas merendas das escolas do município.

REFERÊNCIAS

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APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA NA UNIDAVI1

Oldemar Carvalho Junior2

Andréia PasqualiniGivanildo Silva3

Arno Adriano MuraraJoão Agnaldo MunizRoberta Schlemper4

RESUMOA água limpa está cada vez mais rara e a água de beber cada vez mais cara. Essa situação resulta da forma como a água disponível vem sendo usada, com desperdício que chega entre 50% e 70% nas cidades e sem muitos cuidados com a qualidade. Assim, parte da água no Brasil já perdeu a característica de recurso natural renovável (principalmente nas áreas densamente povoadas), em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados, mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas de saúde pública. A viabilidade do aproveitamento de água da chuva é caracterizada pela diminuição na demanda de água fornecida pelas companhias de saneamento, tendo como conseqüência a diminuição dos custos com água potável e a redução do risco de enchentes em caso de chuvas fortes. Pensar de maneira global e atuar localmente, no Brasil é responsabilidade de cada um de nós. O presente trabalho objetiva a utilização de água proveniente das chuvas para fins não potável, de forma a otimizar o uso do recurso e, ao mesmo tempo, diminuir os custos de consumo da UNIDAVI. Podemos, em um futuro próximo, estar enfrentando o problema de acesso a água saudável e segura, por isso devemos dar muita importância a esse bem natural ao qual possuímos.

Palavras-chave: aproveitamento, água, chuva.

ABSTRACTThe clean water is rarer and the water to drink us each more expensive. This situation results of the form as the available water comes being used, with wastefulness that arrives between 50% and 70% in the cities and without many cares with the quality. Thus, part of the water in Brazil already lost the characteristic of renewable natural resources (mainly in the densely populated areas), in

1 Projeto de Grupo de Pesquisa desenvolvido na Unidavi2 Professor coordenador do grupo de pesquisa3 Professores membros do grupo de pesquisa4 Acadêmico do curso de Engenharia de Produção da UNIDAVI

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reason of the urbanization processes, industrialization and agricultural production, that they are stimulated, but little structuralized in terms of ambient preservation and the water. Nowadays, great urban centers, industrials and areas of agricultural development with great chemical and agronomics seasoning face the lack of quality of the water, what it can generate serious problems of public health. The viability of the water exploitation of rain is characterized by the reduction in the water demand supplied for the sanitation company, having as consequence the reduction of the costs with drinking waters and the reduction of the flood risk in strong rain case. To think in global way and to act local, in Brazil it is responsibility of each one of us. The present work objective the water use proceeding from rains for ends not potable, of form to optimize the use of the resource and, at the same time, to low the costs of consumption of the UNIDAVI. We can, in a next future, to be facing the access problem the healthful water and insurance, therefore we must give much importance to this natural good which we possess.

Keywords: exploitation, water, rain.

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INTRODUÇÃO

A distribuição da água doce no planeta é muito desigual. Apenas 3% da água disponível é doce. Dessa quantidade, mais de 2% estão em geleiras e apenas 1% está ao alcance do homem. As reservas naturais de água existentes são abastecidas principalmente pelo escoamento das águas de superfícies, com distribuição extremamente desigual pelo globo terrestre. Mais da metade desse escoamento ocorre na Ásia e América do Sul.

Para agravar ainda mais o problema o custo para o abastecimento de água em áreas urbanas de algumas das principais cidades do país, dentro de algum tempo, irá duplicar ou triplicar. Assim, grande parte da população tende a ficar ainda mais distante da água potável, nossa necessidade básica primordial. Atualmente, a água encanada que os brasileiros recebem em suas residências é considerada potável, simplesmente por não se constatar a presença de coliformes fecais. No entanto os coliformes fecais podem ser eliminados pelo cloro no processo de tratamento da água. (Assis, 2002).

Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. A baixa eficiência das empresas de abastecimento se associa ao quadro de poluição, as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40% e 60%, além de 64% das empresas não coletarem o esgoto gerado.

O saneamento básico não é implementado de forma adequada, já que 90% dos esgotos domésticos e 70% dos afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas, o que tem gerado um nível de degradação nunca imaginado. O cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas, o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso, mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes.

De maneira geral, a água da chuva pode ser utilizada de várias formas, por exemplo, na irrigação, na lavação de roupas e descargas nos banheiros.

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A quantidade de água usada em banheiros é do consumo total de uma residência, aproximadamente 23%, 20% e 31% no Japão, Brasil e numa cidade americana, respectivamente, enquanto que a quantidade usada em descargas é de 19%, 5% e 47% nos correspondentes locais. Sugere-se que 50% da água da chuva pode ser coletada em um sistema de captação razoável. Por outro lado, segundo dados do Japão, um valor de 70% é o recomendado. (Azevedo Netto, 1998).

Existem previsões que alertam para o fato de que, até o ano de 2025, dois terços da população mundial irão concentrar-se nas cidades.

O Brasil possui 53% da reserva de água da América do Sul e 12% da reserva mundial. Infelizmente, a distribuição dos recursos hídricos não é uniforme. A grande parte da água doce (quase 90%) se concentra na região Amazônica, onde vivem menos de 10% da população brasileira. Desta maneira, 90% da população brasileira fica com 10% da água doce do país. Essa desigualdade da distribuição se agrava ainda mais quando alguns de nossos irmãos nordestinos têm de passar por problemas de falta de água, tendo que caminhar longas distancias para conseguir este recurso, e ao mesmo tempo, outros irmãos nordestinos, políticos, chegam a armazenar este precioso líquido em piscinas para seu lazer. (Assunção & Machado, 2001).

A concentração intensificada da população nas cidades, além da urbanização acelerada, tornam ainda mais sérios problemas de escassez de água e inundações. Da mesma forma, a contaminação dos mananciais torna mais problemática assegurar a quantidade necessária de água potável, principalmente em regiões em que há maior crescimento populacional. Por outro lado, a chuva é uma fonte de água disponível e que pode ser facilmente obtida.

É previsto para o século XXI, a falta de água para 1/3 da população mundial. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 72% das internações hospitalares no Brasil são decorrentes de problemas relacionados a água. Países industrializados, como o Japão e a Alemanha, estão seriamente empenhados no aproveitamento de água da chuva para fins não potáveis. (Segundo Tomaz, 2003).

Na busca de soluções que atenuem uma possível crise de falta de água, a definição de técnicas alternativas podem assumir papel de fundamental

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importância. Um exemplo de medida alternativa é o aproveitamento de água da chuva, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Por exemplo, o aproveitamento adequado da água da chuva, de forma a contribuir com os processos de infiltração e retenção no solo, pode contribuir para que se evitem enchentes. Pensar de maneira global e atuar localmente, é responsabilidade de cada um de nós.

OBJETIVOS

O presente trabalho objetiva estudar a possibilidade de captação e utilização de água proveniente das chuvas para fins não potáveis, de forma a otimizar o uso deste recurso.

Acredita-se que, dessa forma, seja possível diminuir os custos de consumo, auxiliar na economia de água potável e ajudar a preservar o meio ambiente. Para tanto, o prédio da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI) localizado na cidade de Rio do Sul (SC) foi utilizado como objeto de estudo.

Para que seja possível esta definição, tomamos por base alguns objetivos específicos, que são:}

• Determinação do índice pluviométrico médio mensal para a região onde se encontra instalado o campus principal da Unidavi, cidade de Rio do Sul (SC).

• Verificação da relação entre índice pluviométrico e temperatura ambiente para a região, se existe influência entre ambos.

• Determinação do consumo médio mensal de água potável da Unidavi.• Determinação da área que poderá ser utilizada para captação da água

proveniente da chuva.• Definir a quantidade de água da chuva que pode ser captada, armazenada

e utilizada.• Determinação do coeficiente de aproveitamento da água de chuva e a

taxa da quantidade da água da chuva utilizada com relação a água da chuva coletada.

• Verificar a possibilidade de implantar um sistema de captação de água da chuva no atual prédio da Unidavi.

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METODOLOGIA

Para o princípio do trabalho foi feito um estudo preliminar bibliográfico em vários livros sobre o tema para interagimos com o objetivo da pesquisa. Através desta pesquisa bibliográfica conseguimos visualizar vários itens importantes que colocaríamos em prática no decorrer do estudo bem como tecnologias utilizadas em vários lugares do mundo.

Com toda a parte bibliográfica revisada, foi a vez de partir para a prática. Elaboramos um cronograma de ações de como iria proceder o desenvolvimento da pesquisa.

Como primeiro passo, a coleta de informações foi fundamental para os bons resultados da pesquisa, através dos dados brutos obtidos no Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM), dados estes da Estação Metereológica de Ituporanga, localizada na latitude 27º25´00”S e longitude 49º38´00”O. Com esses dados brutos foram efetuadas análises estatísticas para podermos chegar a números concretos e utilizarmos nos cálculos futuros.

Na UNIDAVI, foram solicitadas todas as plantas dos prédios que compreendem o campus de Rio do Sul, com esses dados, ao qual incluíam desenhos em Auto Cad, foram retiradas todas as áreas de captação, características do telhado e demais dados que necessitaríamos mais tarde.

Na Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) foram solicitados todos os dados de consumo de água potável da UNIDAVI dos últimos dois anos. Com esses dados e através de alguns cálculos, chegamos ao consumo mensal nominal.

Através da pesquisa bibliográfica, da obtenção de todos os dados que necessitaríamos partimos para a análise detalhada de todos esses dados, cálculos necessários e o agrupamento das informações para chegarmos ao resultado da pesquisa.

RESULTADOS OBTIDOS

Apresentamos a seguir dados de precipitação e temperatura de nossa região. Os dados brutos são obtidos da Estação Metereológica de Ituporanga, localizada na latitude 27º25´00”S e longitude 49º38´00”O. A estação encontra-se a uma altitude de 475 metros. Os dados obtidos são dados médios mensais e anuais para os anos de 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005. Estes dados foram trabalhados de

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forma a resultar em uma média mensal de cada variável, no intervalo de tempo considerado. As variáveis analisadas são precipitação e temperatura.

O gráfico 1 exibe a variação da precipitação media mensal (2001 a 2005). Os dados revelam um pico máximo de precipitação para o mês de Setembro e um mínimo para o mês de Junho. Pode ser observado que a precipitação tende a aumentar de Janeiro a Fevereiro.

Fonte: CIRAMNota: Dados extraídos da Estação Metereológica de Ituporanga.Gráfico 1. Variação da precipitação média mensal de 2001 a 2005. Linha de tendência em azul.

O gráfico 2 demonstra a variação da temperatura média mensal, obtidas para o mesmo intervalo de tempo. Os dados revelam a influência da radiação solar ao longo do ano. Um pico máximo de temperatura é observado para os meses de Janeiro a Março e um mínimo para o mês de Julho.

Fonte: CIRAMNota: Dados extraídos da Estação Metereológica de Ituporanga.Gráfico 2. Variação da temperatura média mensal de 2001 a 2005. Linha de tendência em vermelho.

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O gráfico 3 apresenta a variabilidade inter-anual da precipitação para o intervalo de anos 2001 – 2005. Pode ser observado que o ano de 2003 apresentou os menores valores de precipitação. A linha de tendência (em azul) indica uma diminuição da precipitação ao longo do intervalo de anos considerado.

Fonte: CIRAMNota: Dados extraídos da Estação Metereológica de Ituporanga.Gráfico 3. Variação inter-anual da precipitação (2001-2005). Linha de tendência em azul.

O gráfico 4 exibe a variação inter-anual da temperatura de 2001 a 2005. Podem ser observadas máximas temperaturas para 2001 e 2002 e um mínimo para 2004. A linha de tendência (em vermelho) sugere que a temperatura media ao longo dos 5 anos diminuiu.

Fonte: CIRAMNota: Dados extraídos da Estação Metereológica de Ituporanga.Gráfico 4. Variação inter-anual da temperatura. Linha de tendência em vermelho.

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A correlação calculada entre a temperatura media anual e a precipitação media anual é positiva, revelando um valor de 0,7. Este valor indica que a precipitação pode ser explicada, em parte, pela temperatura. Outras variáveis podem estar influenciando, tais como evaporação e vento, entretanto não são consideradas no presente estudo.

Na UNIDAVI, contabilizamos a área de telhado para captação da água da chuva (Tabela 1). Os dados demonstram diferenças entre as estruturas de cobertura. O bloco com maior capacidade de captação de água é o A, com 1.866,23 m2 de superfície. O total de área de cobertura, considerando todos os blocos é de cerca de 9.182 m2.

Tabela 1. Distribuição de áreas de telhado dos blocos para captação.

Fonte: UNIDAVI

Com as áreas totais disponíveis para captação, mais os dados de precipitações, é possível estimar o volume de água que pode ser captado, utilizando para isso um coeficiente de escoamentos ou coeficiente de runoff. O coeficiente de escoamento (runoff ) indica as perdas de água por evaporação e limpeza do telhado, por exemplo. Desta forma, pode ser definida uma estimativa do volume real de água da chuva possível de ser captada e armazenada.

Na tabela 2 podemos observar o volume de água que pode ser captado calculado a partir do somatório das áreas e da precipitação média mensal, descontando as perdas (coeficiente de runoff).

Para o caso da UNIDAVI, tomando por base o material e o ângulo de instalação do telhado, chegamos a um coeficiente de runoff de 0,8.

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Tabela 2. Volume de água que pode ser captada.

Fonte: UNIDAVI

Como podemos verificar na tabela acima, aparentemente existe um grande potencial para armazenagem de água da chuva, a partir das estruturas de cobertura dos blocos da UNIDAVI. Este potencial pode resultar numa diminuição significativa de custos relativos ao uso de água potável para utilizações em banheiros, lavação de calçadas, molhar jardins dentre outros.

A seguir, apresentamos os dados históricos de consumo de água potável em toda a UNIDAVI dos últimos dois anos. Esses dados foram conseguidos através da CASAN, existindo como se pode observar, quatro entradas de água com um medidor cada.

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Tabela 3. Consumo de água total na UNIDAVI de Agosto de 2004 a Agosto de 2006.

Fonte: CASAN

A tabela 3 nos mostra o consumo em cada medidor utilizado hoje pelo Campus principal da Unidavi, uma média mensal de consumo e uma média mensal geral.

Esses dados são utilizados para podermos verificar se a quantidade de água da chuva é suficiente para atender as necessidades da Unidavi.

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Fonte: CASANGráfico 5. Consumo mensal de água na UNIDAVI de Agosto de 2004 a Agosto de 2006.

O gráfico 5 mostra que o consumo de água na Instituição está aquém do que pode ser captado em termos de água da chuva, mesmo no mês em que a precipitação é a mais baixa, a captação é maior que o consumo. Vale ressaltar que o consumo observado no gráfico 5 é o total utilizado pela UNIDAVI onde está considerado também o consumo de água potável.

CONCLUSÃO

Um estudo mais detalhado é importante de forma a demonstrar os dados de consumo somente para água não potável. É exatamente para este tipo de água, destinada para usos menos nobres do que o para beber e cozinhar alimentos, que poderemos substituir pelo volume captado através da chuva.

Outro dado importante a ser utilizado seria o balanço entre evaporação e precipitação (E-P). Infelizmente, dados de evaporação não estão disponíveis. De qualquer forma, os dados indicam que existe um superávit de água ao longo dos anos que pode ser utilizado para usos “não nobres”. Ao mesmo tempo, apesar do curto intervalo de precipitação avaliado (apenas 5 anos), é preocupante o fato de haver uma tendência de diminuição de precipitação, fato que pode vir a causar impacto negativo nos ecossistemas e no abastecimento urbano, em um futuro próximo. Portanto, estudo de medidas alternativas de captação de água, aliadas a um consumo mais racional do recurso, são de fundamental importância.

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A utilização de água da chuva para fins não potáveis ajuda também a diminuir os gastos com tratamento de água por parte das distribuidoras, podendo assim investir em melhorias e diminuindo o custo para a população. Para que utilizarmos água tratada que passou por um processo rigoroso para ser consumida em utilidades que a água da chuva atende perfeitamente nossas necessidades?

Empresas de construção civis deveriam estar mais interessadas na utilização desta tecnologia. Condomínios residenciais e industriais, empresas, parques, escolas, enfim, toda e qualquer construção que possui uma área disponível para captação e armazenamento para posterior utilização deste recurso tão importante para o futuro da humanidade.

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AVALIAÇÃO ECONÔMICA E ZOOTÉCNICA DE LEITÕES NA FASE DE CRECHE, ATRAVÉS DO MANEJO AMBIENTAL DE

LUMINOSIDADE À NOITE1

Guillermo Ney Caprario; 2

Leopoldo Alberto Zimmermann3

ResumoConsiderando a fase de creche extremamente difícil para o leitão, além da perda do contato com a mãe, ocorrem diversos fatores estressantes, que prejudicam o bom desempenho do leitão recém-desmamado. Dependendo da duração e da severidade desses fatores estressantes, pode ocorrer redução no desenvolvimento, aparecimento da diarréia pós-desmame, causando elevadas perdas econômicas dentro de um sistema de produção de suínos na fase de creche. A tentativa de minimizar todos esses fatores pode significar a diferença entre o sucesso ou o fracasso no desempenho no período pós-desmame. O objetivo deste presente projeto é de avaliar o quanto à técnica da iluminação artificial noturna, pode interferir no desempenho dos leitões na fase de creche, em se tratando dos índices de ganho de peso diário, conversão alimentar. O experimento foi desenvolvido em uma unidade de produção de suínos na região do alto vale do Itajaí. Foram utilizados 198 leitões de origem conhecida, de ambos os sexos, distribuídos em dois tratamentos. Tratamento A ( sem luminosidade à noite ) e tratamento B ( com luminosidade à noite ). O período experimental foi de seis semanas, com o controle de pesagem individual de todos os leitões, no início do experimento e depois semanalmente também com o peso individual de todos os leitões. Os letões foram desmamados com idade entre 21 e 25 dias de vida, com um peso de 6 kg a 7.5 kg e alojados em duas salas de creche separadamente por tratamento, em condições iguais de instalações e manejo em ambos tratamento.

Palavras-chave: Leitões, Creche, Tratamento, Luz, Desmame.

Abstract:Considering the phase of extremely difficult day-care center for the pig, beyond the loss of the contact with the mother, diverse estressantes factors occur, that harm the good performance of the just-weaned pig. Depending on the duration and the severity of these estressantes factors, it can occur reduction in the development, appearance of the diarréia after-weans, causing high economic losses inside of a system of swine production in the day-care center phase. The attempt to minimize all these factors can mean the difference between the success or the failure in the performance in the period after-weans. The objective of this present project is to evaluate how much to the technique of the nocturnal artificial illumination, it can intervene with the performance of the pigs in the day-care center phase, in if treating to the indices of profit of daily weight, alimentary conversion. The experiment was developed in a unit of swine production in the region of the high valley of the Itajaí. 198 pigs of known origin had been used, of both the sexos, distributed in two treatments.

1 2 Orientador, professor do Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário para o Desenvolvimento

do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI3 Acadêmico da 7ª fase do Curso de Engenharia de Produção da UNIDAVI

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Treatment (without luminosity to the night) and treatment B (with luminosity to the night). The experimental period was of six weeks, with the control of individual pesagem of all the pigs, in the beginning of the experiment and later weekly also with the individual weight of all the pigs. The letões had been weaned with age between 21 and 25 days of life, with one 6 weight of the 7,5 kg and lodged kg in two rooms of day-care center separately for treatment, in equal conditions of installations and handling in both treatment.

Word-key: Pigs, Day-care center, Treatment, Light, Wean.

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INTRODUÇÃO

A suinocultura se caracteriza por ser uma atividade econômica complexa e de alto risco em algumas fases do processo produtivo.

A produção e a produtividade estão condicionadas a fatores ambientais e de manejo, que determinam as possibilidades de se estabelecer maior ou menor escala de produção. Como exemplo do risco desta atividade pode-se citar: no final de 2001, com a caracterização e confirmação da “ doença da vaca louca” (BSE), na Europa e o reaparecimento da Febre Aftosa, mais recentemente (2003/2004) se confirmou à doença causada pelo Vírus da Influenza ou Gripe Aviária, diminuiu o consumo de carne bovina e de aves, com maior demanda da carne suína. O Setor Industrial e Comercial da carne suína, que é a carne mais consumida no mundo, é responsável hoje por aproximadamente 200.000 empregos em SC, sendo um dos setores que mais gera ICMS e outros tributos, no estado. Destaca-se também o sistema integrado, utilizado pelas agroindústrias, como responsável direto pela manutenção do “ modelo de agricultura familiar catarinense”.

Com a tendência da redução do custo de produção, pela maior oferta de grãos como milho e soja, aliado à nossa qualidade genética e sanitária, seremos, o Brasil, um grande fornecedor de carne suína, competindo com vantagens com outros paises exportadores. Mas para manter a sustentabilidade destes índices, torna-se necessária à busca de formas de alcançar melhores eficiências no processo produtivo.

Este projeto selecionou, dentro do processo produtivo como um todo, a fase de Creche como alvo na busca desta eficiência. Esta fase é um período altamente crítico, visto que aloja leitões bruscamente desmamados, onde além da separação da mãe, perdem o consumo de leite, trocam de ambiência e passam a consumir 100% de ração. Sendo assim extremamente estressante, agravado pelas múltiplas origens alojadas num mesmo local. Com isso os fatores de risco se exacerbam e doenças do manejo, como edema, diarréias inespecíficas e encefalites, podem elevar a mortalidade em 4 a 5 vezes, quando o normal esperado seria entre 1.0 e 1.5%.

Dessa forma, fatores identificados em outros paises, como na Espanha e mesmo no Brasil, identificaram 10 fatores de risco associados com a fase de creche de múltiplas origens. A proposta de experimentar a utilização da luminosidade noturna, está especialmente relacionada com a possibilidade de redução dos fatores de risco e a melhoria no desempenho dos leitões nessa fase. Todos problemas multifatorias, ambientais, mais notórios pela manhã, daí a tentativa de minimizar fatores estressantes no período noturno.

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O processo de desmame é extremamente difícil para o leitão. Além da perda do contato com a porca, ocorrem outros fatores estressantes, tais como:

- Troca da alimentação, passando do leite a uma ração sólida;- Supressão da imunidade passiva, perda da proteção de anticorpos

proporcionada pela ingestão do leite;- Troca de ambiente, mudança da cela parideira para os boxes ou gaiolas

de creches;- Tensões sociais, resultantes do agrupamento após o desmame;- Dificuldades de adaptação com cochos e bebedouros, em geral, os modelos

usados nas creches são diferentes daqueles presentes nas celas parideiras, dificultando a adaptação dos leitões aos mesmos;

- Alojamento em instalações com deficiência no controle ambiental, são comuns nas mesmas os problemas com a manutenção de temperatura, umidade e ventilação em níveis adequados.

Dependendo da duração e da severidade desses fatores estressantes, podem ocorrer alterações patológicas, caracterizadas por diarréia e redução crônica no desenvolvimento ( Albison e Anderson, 1990 ). Na necropsia dos leitões afetados, observa-se principalmente atrofia do timo e hipertrofia da glândula supra-renal ( Martisson et alli, 1978 ).

O manejo do leitão no período imediatamente posterior ao desmame deve ser planejado, visando a minimizar situações estressantes. Por essa razão, os cuidados dedicados aos leitões, principalmente nos primeiros dias de creche, são importantes para evitar perdas e queda no desempenho, em função de problemas alimentares e ambientais que, via de regra, resultam na ocorrência de diarréias.

DESENVOLVIMENTO.

O projeto foi desenvolvido, utilizando-se de instalações de uma granja de suínos da região do Alto Vale do Itajaí, onde o setor de creche, alvo de nosso estudo está projetado para um desmame semanal, em salas separadas por semana.

Foram utilizados 198 leitões de origem conhecida, de ambos os sexos, distribuídos em dois tratamentos.

Tratamento A ( sem luminosidade à noite ) e tratamento B ( com luminosidade à noite ). O período experimental foi de seis semanas, com o controle de pesagem individual de todos os leitões, no início do experimento e depois semanalmente, também com o peso individual de todos os leitões.

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Os letões foram desmamados com idade entre 21 e 25 dias de vida, com um peso de 6 kg a 7.5 kg e alojados em duas salas de creche separadamente por tratamento, em condições iguais de instalações e manejo em ambos tratamentos. Nestas condições foram avaliados os índices de ganho de peso diário e conversão alimentar. Os leitões foram divididos em dois grupos, compondo o tratamento A e tratamento B, conforme tabela 1 e 2.

Tabela 1 - TRATAMENTO A ( sem Luminosidade à noite )

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Tabela 2 - TRATAMENTO B ( com luminosidade a noite )

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Tabela de dados complementares referente ao Tratamento A e B

DISCUSSÃO.

Complementando o quadro delineado, pelos dados que foram obtidos, vale ressaltar que os resultados são altamente promissores, quer pela sua possibilidade de aplicação prática, quer pela possibilidade de ganhos econômicos significativos.

É conhecida a alta correlação existente entre o peso na Desmama, como o Peso de Saída da Creche e deste com o Peso Final ou Peso de Abate ( Freitas et al, 1998). Sendo assim, quantomelhor for o GPD na Fase de Creche, menor será o tempo necessário para os suínos atigirem o Peso de Abate.

Como tambem é conhecida a correlação positiva entre GPD e CA, é esperado que suínos com melhor na creche, terão, além de melhor Ganho de Peso, também melhor Conversão Alimentar, até o abate.

Lembramos que essaduas variáveis, são as de maior impacto econômico no processo criatório de suínos ( Roppa, L. Revista Pork World, 2004, p.29).

CONCLUSÃO.

Autilização da luminosidade artificial noturna para suínos na fase de creche, embora pouco explorada em grande escala, mostra ser uma prática de manejo, viável e economicamente recomendavel, especialmente quando se obtém energia elétrica a partir do gás metano produzido pelo próprios dejetos dos animais.

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O sucesso da exploração do método depende apenas de uma avaliação das variáveis de custo/benefício, do processo de iluminação utilizado.

Nas condições foram avaliados os índices de ganho de peso diário e conversão alimentar. Após efetuar a pesagem da sexta semana e a totalidade dos dados verificou-se, que o tratamento B proporcionou melhores resultados com relação ao ganho de peso diário e conversão alimentar, com valores médios de 0,477 kg GPD (ganho de peso diário) e 1:1.40 C.A (conversão alimentar), contra o tratamento A, com valores médios de 0,339 kg GPD e 1:1,78 C.A.

Os resultados indicaram que fatores ambientais como a utilização da técnica da iluminação artificial noturna, pode influenciar a melhoria do desempenho de leitões na fase de creche, tanto no ganho de peso diário como na conversão alimentar.

No entanto recomendamos, que a utilização dessa metodologia, noutras condições ambientais, merecem uma avaliação exploratória prévia, antes de seu uso numa escala maior.

RECOMENDAÇÕES ESPECIAIS.

Cuidados com os leitões logo após o desmame:

Alojar os leitões na creche no dia do desmame, formando grupos de acordo com a idade e o sexo.

Fornecer suficiente espaço para os letões, considerando o tipo de baia.Manter a temperatura interna próxima de 26º C durante os primeiros 14

dias e próxima de 24º C até a saída dos leitões da creche, controlando através de termômetro.

Fornecer ração diariamente, não deixando nos comedouros ração úmida, velha ou estragada.

Dispor de bebedouros de fácil acesso para os leitões, com altura, vazão e pressão corretamente reguladas.

Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitários.

Separar os animais doentes e tratá-los em gaiola separada.

Especificamente o presente projeto avalia o quanto à técnica da iluminação

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artificial noturna, pode interferir no desempenho dos leitões na fase de creche, em termos de :

- Mortalidade.- Ganho de peso diário.- Conversão alimentar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Em resumo, fatores ambientais como a utilização da luminosidade noturna, podem influenciar a melhoria do desempenho de leitões na fase de creche, tanto no G. P. D. ( Ganho Peso Diário ) como na C.A ( conversão alimentar).

Tais benefícios foram verificados nas condições em que foi desenvolvidos a presente pesquisa, considerando a genética utilizada, o manejo nutricional e o status sanitário dos animais envolvidos.

No entanto recomendar, que a utilização dessa metodologia, noutras condições ambientais e genéticas, merece uma avaliação exploratória prévia, antes de seu uso numa escala maior.

REFERÊNCIA

ALBINSON, D. ANDERSON, E, Pig And News Ínformation,1991.

BARCELOOS, D. et al. Manejo Sanitário de Leitões, 2002: ABRAVES.

SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.; MORÉS, N.; CARVALHO, L. F.;OLIVEIRA, S. Clínica e Patologia Suína. 2º Edição. Goiânia, 2001. p. 290 -295.

MORES, N.; BARIONI Jr, W.; SOBESTIANSKY, J. et al. Fatores de Risco Associados à Diarréia Pós-Desmame em Leitões em Santa Catarina – Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIO ESPECIALISTA EM SUÍNOS, 6, 2000, Goiana. Anais. Concórdia: EMBRAPA- CNPSA, 2000, p.80.

MADEC, F. Les Diarrhées em pops-sevrage. Les solutions sont D’ abord dans L’ élevage. Santé Anim., n 301, p. 34-35, 2000.

FIGUEREDO, Adriana Nogueira; PENZ, Júnior, Antônio Mário. A Alimentação do Leitão Recém- Desmamado, SUINEWS. NUTRON ALIMENTOS LTDA, Campinas, SP, Agosto. 2003.

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76 Revista Caminhos, On-line, “Dossiê Tecnologias”, Rio do Sul, a. 2, n. 4, p. 63-76, jul./set. 2011

FREITAS et al, Estudos de Divergências Genéticas, Pig Site – cap. 19, 1990.

ROPPA, L. Revista Pork Word, 2000,p.29.

MARTISSON et al, Pig Progress, p.23, 2001.

A HORA VETERINÁRIA. Fatores Que Afetam o Crescimento do Leitão no Período Pós-Desmame. Ano 13, nº 73, maio/ junho,1993.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIDAVI

A Revista Caminhos: revista on-line de divulgação científica da UNIDAVI é uma publicação periódica ‘Publicação Trimestral’ constituída por ‘dossiê’ que busca problematizar, divulgar e empreender reflexões relativas ao campo educacional, No Ensino Superior privilegiando artigos produzidos e elaborados pelos professores e alunos da instituição e fora dela.

Serão considerados para publicação: artigos científicos e resenhas. As publicações visam contribuir para divulgação de estudos e pesquisas bem como difundir o conhecimento resultante das diferentes atividades de pesquisa realizadas na instituição pelos professores.

1 NORMAS GERAIS PARA APRESENTAÇÃO

A Revista de Divulgação Científica da UNIDAVI publica trabalhos originais. A produção deve ser inédita, deve possuir consistência teórica e apresentar contribuição relevante para a educação e atender às normas para a publicação. Para os autores do artigo aprovados serão encaminhados um exemplar da edição.

2 APRESENTAÇÃO E ESTRUTURA DO ARTIGO

Serão aceitos textos em Português, Inglês e Espanhol. Os originais deverão conter, no mínimo 10 e no máximo, 20 páginas,

incluindo resumo, tabelas, ilustrações e referências. Quanto as resenhas deverão conter, no mínimo 03 e no máximo, 06 páginas.

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3 A COMPOSIÇÃO DO TEXTO DEVERÁ SEGUIR ÀS SEGUINTES ORIENTAÇÕES

3.1 QUANTO AO TRABALHO

Os trabalhos ou resumos deverão utilizar o processador de texto Microsoft Word, versão 6.0/95 ou superior, tamanho do papel: A4 (210 x 297mm) orientação retrato, margens, esquerda E superior 3 cm, direita e inferior 2 cm. Não enumerar as páginas.

3.2 QUANTO AO TÍTULO DO TRABALHO

O título deve vir centralizado, em Fonte Arial ou Times New Romam, tamanho de fonte 12, em negrito e maiúsculo. Após o título do trabalho (caixa alta), chamada com número elevado (nota de rodapé) ‘1’, a qual se associa a natureza do trabalho.

Exemplo: Projeto Institucional desenvolvido nos Grupos de Pesquisa da UNIDAVI.

1.3 QUANTO AOS AUTORES

Os nomes dos autores devem estar abaixo do orientador, alinhados a direita na página, seguido por extenso de nome, prenome e sobrenome em letras maiúsculas e minúsculas. Seguido do(s) nomes(s) autor(es) e titulação.

Em caso de mais de um autor, seus nomes serão escritos um abaixo do outro em fonte 12.

Ilson Paulo Ramos Blogoslawski 1

1.4 QUANTO AO(S) NOME(S) DOS ENVOLVIDOS NO TRABALHO

Escritos dois espaços abaixo do título do trabalho. É necessário novas chamadas de número elevado (notas de rodapé), ordenadas, identificando orientador e acadêmicos. Podem ser acrescentados endereço e E-mail. Tamanho da fonte deve ser 10.

1 Professor Universitário, Mestre em Educação pela UFSC.

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3.5 QUANTO AO TEXTO DO RESUMO

O resumo deve constituir-se num texto redigido de forma cursiva, concisa e objetiva. Limita-se a um parágrafo, devendo incluir palavras representativas do assunto. O texto do resumo deve vir logo abaixo do nome do(s) autor(es), após dois espaços de 1,5 entre linhas, contendo o mínimo de 100 palavras e o máximo de 250 palavras.

Reproduz apenas as informações mais significativas, como: introdução (delimitação do assunto, justificativa e objetivos), fundamentação teórica, metodologia, resultados obtidos, conclusões e referências.2

3.6 QUANTO ÀS PALAVRAS-CHAVE

Escritas dois espaços abaixo do texto do resumo, devendo ser no mínimo três e no máximo cinco, intercalados por vírgulas. A expressão Palavras-chave deve ser escrita em negrito. E os Key-words – Palavras-chave em inglês.

3.6.1 Deve ser elaborado o resumo em língua estrangeira.

3 NO CASO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

3.1 ESTRUTURA DE ARTIGO

4.1.1 Pré-textual

Título, Autoria, Resumos, palavras-chave, abstract, Key-words.

4.1.2 Textual

Introdução, objetivos, metodologia, resultados obtidos e conclusões.

4.1.3 Pós- textual

Referências, anexos.

2 NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 2)

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O corpo do artigo deve vir precedido de um resumo do conteúdo, em Português, e em outra língua estrangeira.

O resumo é constituído num único parágrafo, especificando o objetivo do trabalho, uma breve descrição da metodologia, os principais resultados e as conclusões.

As páginas deverão ser numeradas no canto superior direito a começar da página-título.

As ilustrações deverão ser numeradas seqüencialmente em algarismos arábicos na ordem que são inseridas no texto. O mesmo procedimento deverá ser observado quanto às tabelas que receberão numeração independente, devem conter Titulação no cabeçalho e a Fonte. Os números deverão aparecer também nas costas de todos os originas e cópias para melhor identificação. As fotografias, gráficos ou tabelas serão publicadas, em preto e branco, com dimensões mínimas de 10 x 7 cm. Toda arte-final deve estar pronta para publicação e as imagens em extensão JPG. NBR 12256 da ABNT.

5 NOTAS DE RODAPÉ:

Devem ser indicadas no texto com número seqüencial.

6 REFERÊNCIAS

Devem ser apresentadas em ordem alfabética, e seguir as condições exigidas para fazer referências às publicações mencionadas no trabalho será estabelecido segundo as orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), expressas na norma NBR 6023 de ago. de 2002.

Outra referência, livro: Educar para pesquisa da UNIDAVI.

7 ENDEREÇO PARA ENVIO DE ARTIGOS

Os artigos para publicação devem ser enviados em meio eletrônico para a Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (PROPPEX), [email protected]

A responsabilidade pelas afirmações e opiniões contidas nos trabalhos e a revisão ortográfica caberá inteiramente ao(s) autor(es).

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e ExtensãoCâmpus de Rio do Sul

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