anÁlise do desempenho da inovaÇÃo em empresas

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ANÁLISE DO DESEMPENHO DA INOVAÇÃO EM EMPRESAS PERNAMBUCANAS DE PEQUENO PORTE GUILHERME ALVES DE SANTANA (UFPB) [email protected] BRENO JOSE BURGOS PAREDES (UFPE) [email protected] O estudo visa diagnosticar e analisar a evolução do grau de inovação de Empresas de Pequeno Porte (EPPs) de diferentes segmentos empresariais localizados no estado de Pernambuco. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo com a aplicação do diagnóstico Radar da Inovação em 500 EPPs enquadradas nos segmentos de turismo, diversos, comércio varejista, gesso e confecções. Entre os setores, a Indústria de Confecções apresentou a maior evolução entre os R0-R2 (39,30%). De forma global os 500 empreendimentos obtiveram uma evolução de 38,46%, demonstrando a capacidade inovadora destes segmentos.Os resultados obtidos apontam qual é o desempenho da inovação em diferentes dimensões, permitindo verificar os principais pontos fortes e fracos de cada segmento e os aspectos que devem ser aperfeiçoado pelo empresariado Pernambucano. Palavras-chave: Inovação, Grau de Inovação, Empresas de Pequeno Porte XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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ANÁLISE DO DESEMPENHO DA

INOVAÇÃO EM EMPRESAS

PERNAMBUCANAS DE PEQUENO

PORTE

GUILHERME ALVES DE SANTANA (UFPB)

[email protected]

BRENO JOSE BURGOS PAREDES (UFPE)

[email protected]

O estudo visa diagnosticar e analisar a evolução do grau de inovação

de Empresas de Pequeno Porte (EPPs) de diferentes segmentos

empresariais localizados no estado de Pernambuco. Para tanto,

realizou-se uma pesquisa de campo com a aplicação do diagnóstico

Radar da Inovação em 500 EPPs enquadradas nos segmentos de

turismo, diversos, comércio varejista, gesso e confecções. Entre os

setores, a Indústria de Confecções apresentou a maior evolução entre

os R0-R2 (39,30%). De forma global os 500 empreendimentos

obtiveram uma evolução de 38,46%, demonstrando a capacidade

inovadora destes segmentos.Os resultados obtidos apontam qual é o

desempenho da inovação em diferentes dimensões, permitindo verificar

os principais pontos fortes e fracos de cada segmento e os aspectos que

devem ser aperfeiçoado pelo empresariado Pernambucano.

Palavras-chave: Inovação, Grau de Inovação, Empresas de Pequeno

Porte

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

Segundo estudos realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE, 2014), empreendedores brasileiros vêm se conscientizando (e sendo

sensibilizados) quanto à importância da inserção da cultura de inovação em suas

organizações, e adotando práticas inovadoras para o desenvolvimento de produtos e

processos. Esta situação se deve ao novo entendimento acerca do tema, já que a inovação não

é mais vista como predominantemente centrada em tecnologia e de alto custo, e sim, como um

fator que pode potencializar novas formas de produção e comercialização de bens e serviços.

Análises realizadas sobre o impacto da inovação em organizações (SILVA NÉTO;

TEIXEIRA, 2011; LIMA; et al., 2014; OLIVEIRA, et al., 2014) revelaram as contribuições

de mensurar e gerar indicadores sobre a inovação em Empresas de Pequeno Porte (EPPs). A

partir dos indicadores é possível identificar pontos fortes e negativos relativos à inovação,

provendo informações para tomada de decisão em âmbito organizacional. Apesar de

imprescindível para uma compreensão da dinâmica da inovação no país, a tarefa de analisar a

evolução do grau de inovação de pequenas empresas ainda deve ser aprimorada, devendo ser

realizada nos mais diversos segmentos econômicos e localidades Brasil afora. Caminhando

nesta direção, este artigo visa diagnosticar e analisar a evolução do grau de inovação (GI) de

EPP, localizadas no estado de Pernambuco, e pertencentes a diferentes segmentos

empresariais.

2. Inovação Organizacional

A inovação pode ser considerada um ativo composto por diversos elementos que auxiliam e

desenvolvem a sustentação do relacionamento da empresa com seus clientes. Apesar de se

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diferenciarem quanto aos conceitos, os estudiosos de inovação apontam que uma organização

inovadora possui a habilidade de criar valor para o cliente (MACHADO; CARVALHO, 2008;

SHIEH; WANG, 2010). Essa situação resulta num diferencial frente aos concorrentes, o que

pode resultar na empresa ir migrando para posição de destaque no mercado. A qualidade deste

elo e o seu potencial para incrementar seus rendimentos dependem diretamente do

alinhamento estratégico do processo de inovação organizacional realizado nas empresas em

conjunto com seus stakeholders (VALENCIA; VALLE, 2010). Noutro ponto de vista,

Dornelas (2003, p. 17) argumenta que a inovação:

“tem a ver com a mudança, fazer coisas de forma diferente, de criar algo novo, de

transformar o ambiente onde está inserido. É algo mais abrangente que apenas a

comum relação que se faz com a criação de novos produtos ou serviços. É um termo

econômico ou social, mais do que técnico”.

Em outras palavras, a inovação é uma ação original ou aperfeiçoada que não havia sido

adotada na empresa e também pode ser percebida como uma idéia, uma prática ou um artefato

material reconhecido como novo, relevante e único, adotados em determinado processo, área

ou por toda a organização e sua rede de negócios. Portanto, mudanças no âmbito

organizacional que geram impactos e são sustentáveis podem ser consideradas ações

inovadoras.

Dentre os objetivos inerentes à busca da inovação organizacional, pode-se destacar: reduzir

custos, melhorar a qualidade do serviço, produto e/ou processo; modificar o serviço, produto

e/ou processo existente ou substituir por outro com mesma ou outra finalidade; integrar

verticalmente novos serviços, produtos e/ou processos; trazer um resultado positivo para a

organização, que seja financeiro, social ou estrutural, visível para os clientes ou acionistas em

curto ou médio espaço de tempo (LIMA; et al., 2014; OLIVEIRA, et al., 2014).

Neste contexto, as empresas que buscam ter uma cultura de inovação devem entender que a

inovação inicia com uma idéia, e que deve haver estímulos e orientação para o

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desenvolvimento de um produto, processo, estratégia de marketing ou ação de gestão

organizacional (OCDE, 2006; VALENCIA; VALLE, 2010). Em síntese, a inovação

organizacional é fundamental para o processo produtivo, pois pode ser de baixo impacto

financeiro ou de nenhum custo.

3. Procedimentos Metodológicos

Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva, pois envolve uma área que necessita de

contribuições, que é a da mensuração do grau de inovação (GI). Quanto aos meios, este

estudo foi construído a partir das seguintes etapas: i) pesquisa bibliográfica, e; ii) pesquisa de

campo, através da aplicação de um diagnóstico em 500 pequenas empresas.

A distribuição das empresas ocorreu de forma não-aleatória, sendo alocadas da seguinte

forma: 250 empresas do segmento turístico pernambucano, espalhadas pela Região

Metropolitana de Recife (RMR), Mata Norte e Mata Sul; 100 empreendimentos do segmento

diversos (tecnologia da informação, salões de beleza e academias de ginástica); 50 empresas

do segmento de confecções, na RMR; 50 indústrias de gesso, localizados em Araripina/PE, e;

50 empresas de comércio varejista também situados na cidade de Araripina/PE.

Há diversos diagnósticos desenvolvidos para mensurar a inovação, todavia, este estudo

utilizou a ferramenta Radar da Inovação (formado por 13 dimensões e por 40 construtos)

desenvolvida por Sawhney, Wolcott e Arroniz (2006) e aprimorada por Bachmann e

Destefani (2008). Os constructos são avaliados segundo escores que variam entre 1 e 5, sendo

atribuído 1 para uma organização pouco inovadora, 3 para uma organização com inovação

ocasional e 5 para uma organização inovadora sistêmica.

Para cada empresa, o diagnóstico foi aplicado em três distintos momentos (que serão

chamados de “R”), sendo o primeiro (R0) em 2012, o segundo (R1) em 2013 e o terceiro (R2)

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em 2014. A partir da aplicação do Radar da Inovação foi possível calcular o GI médio de cada

dimensão, ou seja, o escore médio de todas as empresas inseridas em um segmento, e o grau

de inovação global, dado pela média aritmética das dimensões do radar.

4. Análise e Discussão dos Resultados

Esta seção apresentará uma análise sobre a evolução do GI das EPPs de cada um segmentos, a

saber: turismo, diversos, comércio varejista, e as indústrias de gesso e de confecções. Desta

forma, cada um dos segmentos terá seu grau de inovação médio e global analisado, bem como

as evoluções obtidas através da implementação de ações.

4.1 Turismo

Para iniciar a discussão, tomam-se as empresas envolvidas de turismo como foco (agências de

viagens, locadoras de veículos, organizadoras de eventos, meios de hospedagem,

transportadoras turísticas). Logo, a Tabela 1 apresenta os dados gerais referentes o GI das

empresas enquadradas no segmento turístico.

Tabela 1 – Grau de Inovação do Segmento de Turismo

DIMENSÕES R0 R1 R2 Evolução

R0-R1 %

Evolução

R1-R2 %

Evolução

R0-R2 %

Oferta 2,4 2,7 3,0 10,25 11,53 22,97

Plataforma 3,8 4,0 4,1 04,31 04,96 09,48

Marca 3,6 3,8 4,0 06,03 04,94 11,26

Clientes 2,6 3,1 3,4 18,29 10,22 30,38

Soluções 2,9 3,2 3,5 12,62 07,30 20,85

Relacionamento 3,3 3,9 4,3 20,43 08,84 31,08

Agregação de valor 2,3 2,6 2,9 15,44 09,33 26,21

Processos 1,9 2,3 2,8 23,57 22,77 51,70

Organização 2,9 3,4 3,8 15,06 12,79 29,77

Cadeia de fornecimento 2,3 2,5 2,8 08,76 10,63 20,32

Presença 1,8 2,1 2,6 15,63 24,85 44,37

Rede 2,2 3,2 4,1 47,65 28,21 89,31

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Ambiência inovadora 2,1 2,4 2,7 13,82 13,92 29,67

Grau de Inovação Global 2,6 3,0 3,4 15,23 12,28 29,38

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2012-2014)

Com base na percepção obtida através da pesquisa realizada, os empresários do segmento

buscam promover e reconhecem a importância de ações inovadoras em seus

empreendimentos, principalmente por estarem envolvidos em um segmento que necessita de

mudanças constantes para atrair ou captar novos mercados. Consequentemente, as dimensões

que obtiveram maior evolução do R0 para o R2 foram: Rede, com um aumento de 89,31%;

Processos (51,70%), e; Presença (44,37%). O impacto nestas dimensões se justifica pelo

lançamento de novas promoções e canais de comunicação com os clientes (dimensões rede e

presença) e por ações realizadas para a melhoria de processos e adequações relativas a

aspectos ambientais e gestão de resíduos (processos).

Por outro lado, as dimensões Plataforma, Marca e Relacionamento não foram tão enfatizadas

pelos empresários, por terem apresentado inicialmente escores elevados. Já as dimensões que

precisam de maior atenção e desenvolvimento são: Agregação de Valor, já que iniciou com

grau 2,3 e chegou apenas a 2,9; Ambiência Inovadora, que passou de 2,1 (no R0) para 2,7 (no

R2), e; Cadeia de Fornecimento, passando de 2,3 para 2,8. Por sua vez, o gráfico 1 apresenta o

Radar da Inovação com as médias do GI do segmento turístico.

Gráfico 1 – Radar da Inovação do Segmento de Turismo

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Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

O gráfico 1 permitiu verificar que as dimensões com maior evolução não foram às mesmas

que apresentaram melhor média de grau inovativo (executando a dimensão rede). Logo, as

dimensões com médias mais próximas do escore máximo durante o R2 foram Relacionamento

(4,3), Marca e Rede (ambas com 4,1). Neste sentido, ressalta-se a prioridade dada pelos

empresários da atividade turística para a captação e manutenção de clientes, corroborando

Krohling e Pelisari (2013) que argumentam que este tipo de empreendedor busca implantar

ações no sentido de personalizar as relações com seus clientes.

4.2 Diversos

O segmento de diversos foi composto por 100 empresas (Tecnologia da Informação e

Comunicação, salões de beleza e academias de ginástica), localizadas na RMR. A análise

revelou que as empresas analisadas possuem a capacidade de realizar ações rapidamente,

gerando benefícios iniciais (ver tabela 2), apresentando um GI final satisfatório.

Tabela 2 – Grau de Inovação do Segmento de Diversos

DIMENSÕES R0 R1 R2 Evolução

R0-R1 %

Evolução

R1-R2 %

Evolução

R0-R2 %

Oferta 2,7 3,0 3,2 10,90 07,29 18,98

Plataforma 3,1 3,2 3,5 03,85 07,56 11,70

Marca 3,3 3,7 3,9 13,85 04,73 19,23

Clientes 2,6 3,0 3,5 19,33 13,25 35,15

Soluções 2,7 2,9 3,1 07,92 09,62 18,30

Relacionamento 3,0 3,9 4,3 28,74 09,68 41,20

Agregação de valor 2,2 2,7 3,0 20,12 10,28 32,47

Processos 2,0 2,4 2,7 24,51 12,77 40,41

Organização 2,6 3,1 3,4 16,67 09,42 27,65

Cadeia de fornecimento 2,4 2,7 3,0 13,03 12,45 27,10

Presença 2,0 2,3 2,7 15,82 16,74 35,20

Rede 2,9 3,5 4,0 21,82 11,57 35,91

Ambiência inovadora 2,1 2,4 2,8 14,50 15,52 32,28

Grau de inovação global 2,6 3,0 3,3 16,03 10,48 28,18

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

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Ao avaliar os dados do segmento de diversos, é possível visualizar que a evolução em

inovação ocorrida se deu nas dimensões: Relacionamento (crescimento de 41,20% do R0 para

o R2); Processos (40,41%), e; Rede (35,91). Um aspecto sobressalente é de que as empresas

deste segmento direcionaram a execução de ações para um impacto inicial, devido ao fato de

que o percentual de evolução do R1 para o R2 é menor de que o do R0 para o R1 em 10 das

13 dimensões da inovação. Esta dinâmica confirma Motta e Fonseca (2007) no que diz

respeito ao imediatismo que o empresariado brasileiro possui no seu modo de gerir suas

empresas. Sendo assim, os empresários do segmento de diversos necessitam ter a implantação

de ações de inovação de forma gradativa e não apenas de caráter emergente, já que para obter

uma cultura de inovação é preciso ter continuidade nas ações inovadoras.

As dimensões Plataforma (passando de 3,0 para 4,3), Marca (3,1 para 3,5) e Relacionamento

(de 3,3 para 3,9) foram as que apresentaram altos escores inicialmente, demonstrando uma

preocupação, já existente das empresas enquadradas no segmento de diversos, para seus

sistemas de produção e versões de ofertas de produtos. Neste segmento, as dimensões que

ainda estão carentes são: Organização; Cadeia de Fornecimento; Soluções, e; Oferta. Estes

aspectos se interelacionam com a necessidade de ter mais ousadia, opções de fornecimento,

oferecimento de soluções complementares e integração de recursos, formação de parcerias e

elaboração de estratégia competitiva. A seguir, o gráfico 2 expõe as médias do grau de

inovação do segmento de diversos.

Gráfico 2 – Radar da Inovação do Segmento de Diversos

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Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

Se comparado ao segmento de turismo, o de diversos possui um grau de inovação mais

retrátil, uma vez que o radar não se expandiu tanto. Há de se ressaltar que as dimensões mais

próximas do escore máximo foram Relacionamento (com escore 4,3 no R2), Rede (4,0) e

Marca (3,9).

4.3 Comércio Varejista

O mapeamento realizado sobre o segmento de comércio varejista foi feito na cidade de

Araripina, e demonstrou que apesar de uma forte capacidade inovadora inicial, que a evolução

poderia ser ainda maior (ver tabela 3).

Tabela 3 – Grau de Inovação do Segmento de Comércio Varejista

DIMENSÕES R0 R1 R2 Evolução

R0-R1 %

Evolução

R1-R2 %

Evolução

R0-R2 %

Oferta 3,5 4,3 4,8 23,98 11,32 38,01

Plataforma 3,1 3,9 4,3 24,84 09,42 36,60

Marca 3,4 4,1 4,7 23,03 12,32 38,18

Clientes 3,4 4,7 4,7 37,84 00,00 37,25

Soluções 3,5 4,1 4,4 16,18 07,96 25,43

Relacionamento 3,3 4,1 4,5 24,07 10,45 37,04

Agregação de valor 3,6 4,1 4,5 14,77 08,42 24,43

Processos 3,5 4,2 4,6 19,71 09,97 31,64

Organização 3,7 4,1 4,5 12,47 08,37 21,88

Cadeia de fornecimento 3,7 4,1 4,6 10,93 11,58 23,77

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Presença 3,7 4,2 4,6 13,66 07,69 22,40

Rede 3,4 4,0 4,3 15,38 09,23 26,04

Ambiência inovadora 3,6 4,1 4,4 12,14 08,03 21,14

Grau de inovação global 3,5 4,2 4,5 18,92 08,70 29,26

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

As dimensões com maior destaque foram: Oferta (com um crescimento de 38,01); Marca

(38,18), e; Clientes (37,25). Desta maneira, nota-se que os empresários do segmento dão

ênfase a aspectos voltados ao lançamento de novos produtos, a ousadia nos negócios, práticas

voltadas ao meio ambiente, design e layout da empresa, proteção e alavancagem da marca,

identificação das necessidades dos consumidores, identificação de mercados e uso das

manifestações dos clientes. Ressalva-se ainda que o grau de inovação global final (R2) foi de

4,5, estando próximo do grau máximo a ser obtido.

Assim como os segmentos anteriormente analisados, o de comércio varejista teve dimensões

que se destacaram inicialmente, demonstrando quais os aspectos já eram enfatizados pelos

empresários antes da pesquisa de campo, sendo os seguintes: Organização, que passou de

escore 3,7 para 4,5; Cadeia de Fornecimento, de 3,7 para 4,6, e; Agregação de Valor,

passando de 3,6 para 4,5. Por outro lado, as dimensões com maior necessidade de crescimento

se relacionaram a Ambiência Inovadora (com percentual final de evolução de 21,14%),

Presença (22,40%) e Organização (21,88%). No radar da inovação (gráfico 3) é possível

verificar como ocorreu a evolução do GI em cada dimensão.

Gráfico 3 – Radar da Inovação do Segmento de Comércio Varejista

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Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

A análise deste segmento revelou um estado de inovação bem amadurecido, o que demonstra

que os empreendimentos investigados vem investindo em ações inovadoras para obter

diferenciação frente seus concorrentes. Entretanto, são empresas que tem um pouco mais de

dificuldade de seguir com um padrão de mudanças em curto espaço de tempo, por isso que a

evolução geral foi baixa, tanto do R0 para o R1 (18,92%), quanto do R1 para o R2 (08,70%).

4.4 Indústria de Gesso

Bem como a atividade de comércio varejista, as empresas analisadas do segmento de gesso

estavam localizadas no município de Araripina. De acordo com a pesquisa de campo e

percepção dos autores, o segmento de gesso apresentou pouca evolução no que diz respeito à

inovação (tabela 4)

Tabela 4 – Grau de Inovação do Segmento de Gesso

DIMENSÕES R0 R1 R2 Evolução

R0-R1 %

Evolução

R1-R2 %

Evolução

R0-R2 %

Oferta 3,0 3,1 3,2 03,49 04,16 7,80

Plataforma 3,9 4,2 4,4 05,58 05,29 11,17

Marca 3,0 3,2 3,3 05,33 03,16 8,67

Clientes 3,1 3,8 4,1 23,66 07,56 33,01

Soluções 1,8 1,9 2,1 02,17 09,57 11,96

Relacionamento 2,5 2,7 3,0 07,14 11,85 19,84

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Agregação de valor 1,9 2,0 2,2 05,38 11,22 17,20

Processos 2,1 2,3 2,4 06,98 06,73 14,17

Organização 1,9 2,3 2,9 20,62 22,65 47,94

Cadeia de fornecimento 2,2 2,4 2,7 10,91 09,84 21,82

Presença 2,0 2,1 2,2 05,00 02,86 8,00

Rede 2,8 3,2 3,6 12,86 15,19 30,00

Ambiência inovadora 1,6 2,3 2,5 42,27 10,96 57,86

Grau de inovação global 2,5 2,7 3,0 10,84 08,96 20,78

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

Apesar da pouca evolução do grau de inovação no segmento de gesso, houve dimensões que

demonstraram avanço considerável: Ambiência Inovadora (avanço de 57,86%); Organização

(47,94%), e; Clientes (33,01). Neste segmento notou-se um amplo uso de consultorias, fontes

externas de conhecimento, financiamento voltado a inovação e coleta de ideias, ratificando

Botelho, Botelho e Vendrametto (2009), por considerarem que a inovação para as empresas

que fabricam e comercializam gesso é um instrumento competitivo para o alcance de uma

liderança de custo, diferenciação do produto e um novo enfoque no mercado.

Dentre as dimensões que inicialmente se demonstraram fortalecidas, destacaram-se:

Plataforma, com escore inicial de 3,9; Oferta, devido ao início de 3,0, e; Marca, com

momento inicial de 3,0. Presença, Agregação de Valor e Soluções são dimensões que

merecem maior atenção dos empresários para que possam se desenvolver como as outras

dimensões destacadas. O radar da inovação (gráfico 4) ilustra este panorama de dimensões em

evolução, fortalecidas e que carecem de inovações.

Gráfico 4 – Radar da Inovação do Segmento de Gesso

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Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

Portanto, a evolução do grau de inovação médio das empresas pertencentes à indústria de

gesso pode ser considerada baixa. Ao observar os dados da pesquisa, nota-se que a média do

R0 foi 2,5, passando para 2,7 e em seguida para 3,0. Infere-se que esta situação pode ser

oriunda do tradicionalismo ou certo conservadorismo do empresariado deste segmento.

4.5 Indústria de Confecção

A inovação na indústria de confecção na RMR aparenta ser promissora, pois os empresários

do segmento adotaram ações em diversas dimensões, como: Cadeia de Fornecimento

(evolução de 114,29%); Relacionamento (57,14%), e; Clientes (43,96%). A evolução da

dimensão Cadeia de Fornecimento é coerente ao que Costa Neto e Gusmão (2008) observam

como importante neste segmento, uma vez que a distribuição e logística são aspectos

fundamentais para o funcionamento das indústrias de confecção. A tabela 5 apresenta os

percentuais e graus médios de inovação deste segmento.

Tabela 5 – Grau de Inovação nos empreendimentos de confecção da RMR

DIMENSÕES R0 R1 R2 Evolução

R0-R1 %

Evolução

R1-R2 %

Evolução

R0-R2 %

Oferta 2,9 3,1 3,4 9,30 8,51 18,60

Plataforma 3,7 5,0 5,0 36,36 0,00 36,36

Marca 2,3 3,7 4,0 57,14 9,09 71,43

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Clientes 3,0 3,9 4,4 28,57 11,97 43,96

Soluções 1,7 2,0 2,3 20,00 16,67 40,00

Relacionamento 2,3 2,7 3,7 14,29 37,50 57,14

Agregação de valor 1,7 1,7 1,7 0,00 0,00 0,00

Processos 2,5 2,7 3,0 9,46 11,11 21,62

Organização 2,7 3,5 3,8 31,25 9,52 43,75

Cadeia de fornecimento 2,3 4,3 5,0 85,71 15,38 114,29

Presença 2,3 3,0 3,3 28,57 11,11 42,86

Rede 3,0 3,0 3,0 0,00 0,00 0,00

Ambiência inovadora 2,8 3,2 3,6 14,29 12,50 28,57

Grau de inovação global 2,6 3,2 3,6 25,93 10,61 39,30

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

No caso do segmento de confecção, poucas dimensões se mostraram desenvolvidas

inicialmente, mas as exceções se relacionaram a Plataforma, Clientes e Rede. No entanto,

ainda é necessário trabalhar intensamente o desenvolvimento das dimensões Processos

(apenas 21,62% de avanço), Oferta (18,60%) e Agregação de Valor (0%). A melhoria nestas

dimensões pode possibilitar um aumento no grau de inovação global. No gráfico 5, pode-se

observar melhor os aspectos positivos e negativos da indústria de confecções.

Gráfico 5 – Radar da Inovação do Segmento de Confecção

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

Conforme pode ser visto no gráfico 5, houve uma considerável expansão nas dimensões

Plataforma, Cadeia de Fornecimento e Relacionamento, mas também houve um avanço

moderado em dimensões como Organização, Marca e Clientes. Por fim, as dimensões

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Agregação de Valor e Rede permaneceram inalteradas, o que permite inferir que há uma falta

de atenção dos empresários sobre os aspectos relacionados a estas dimensões.

4.6 Grau de Inovação Global

A partir da análise dos dados, constatou-se que os segmentos de Indústria de Confecções,

Comércio Varejista e Turismo obtiveram evoluções significativas no seu grau de inovação

global, seguidos pelo segmento de Diversos. Já a indústria de Gesso teve desempenho menor

se comparado aos já referidos.

Tabela 6 – Comparativo do Grau de Inovação Global dos Segmentos

Dimensão GI Global R0 GI Global R1 GI Global R2 Evolução

R0-R1 %

Evolução

R1-R2 %

Evolução

R0-R2 %

Turismo 3,3 3,8 4,2 15,15 10,53 27,27

Diversos 2,6 3,0 3,3 15,38 10,00 26,92

Comércio 3,5 4,2 4,5 20,00 07,14 28,57

Gesso 2,5 2,7 3,0 08,00 11,11 20,00

Confecção 2,6 3,2 3,6 23,08 12,50 38,46

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

Os empresários dos segmentos de gesso apresentaram certa dificuldade em inovar em

produtos e processos, assim como certo conservadorismo. A evolução dos segmentos pode ser

verificada no radar da inovação abaixo.

Gráfico 6 – Radar da Inovação comparativo entre os segmentos.

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Fonte: Dados da Pesquisa de Campo (2012-2014).

5. Considerações Finais

Como pretendido, diagnosticou-se o Grau de Inovação de 500 empreendimentos de pequeno

porte localizados do estado de Pernambuco. Constatou-se que a metodologia de aplicação do

Radar da Inovação é apropriada para mensurar a inovação em uma EPP, pois, possibilita uma

visão global no ambiente inovativo da empresa.

Entre os setores, a Indústria de Confecções apresentou a maior evolução entre os R0-R2

(39,30%). De forma global os 500 empreendimentos obtiveram uma evolução de 38,46%,

demonstrando a capacidade inovadora destes segmentos.

Desta forma, a pesquisa possibilitou a identificação dos pontos fortes, as oportunidades de

melhorias, aspectos relacionados à reorganização do trabalho, parcerias, visão externa e

estratégia competitiva.

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