análise de células unitárias com metamaterial utilizando

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando Substratos EBG para Aplicações em Estruturas Planares Nilson Henrique de Oliveira Cunha Orientador: Prof. Dr. José Patrocínio da Silva Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação da UFRN (área de concentração: Engenharia Elétrica, T eoria Eletromagnética) como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências. Número de ordem PPgEEC: M608 NATAL, RN, outubro de 2020

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Page 1: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO

Análise de Células Unitárias Com

Metamaterial Utilizando Substratos EBG

para Aplicações em Estruturas Planares

Nilson Henrique de Oliveira Cunha

Orientador: Prof. Dr. José Patrocínio da Silva

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica e de Computação da

UFRN (área de concentração: Engenharia

Elétrica, T eoria Eletromagnética) como

parte dos requisitos para obtenção do

título de Mestre em Ciências.

Número de ordem PPgEEC: M608

NATAL, RN, outubro de 2020

Page 2: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Cunha, Nilson Henrique de Oliveira.

Análise de células unitárias com metamaterial utilizando

substratos EBG para aplicações em estruturas planares / Nilson Henrique de Oliveira Cunha. - 2020.

82 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica e de Computação, Natal, RN, 2020.

Orientador: Prof. Dr. José Patrocínio da Silva.

1. Estruturas planares - Dissertação. 2. EBG - Dissertação. 3.

Metamateriais - Dissertação. 4. Teoria eletromagnética -

Dissertação. I. Silva, José Patrocínio da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.3

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinoco - CRB-15/262

Page 3: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

EPÍGRAFE

“Nunca ande por trilhas, pois assim

só irá até onde outros já foram.”

– Alexander Graham Bell

Page 4: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

Agradecimentos

Aos meus pais, Nilson e Rita, pelo amor incondicional, a minha irmã Natália, pelo

incentivo, a minha avó Francisca, pelo apoio, e a toda a minha família.

A minha esposa Bruna, pelo carinho e paciência durante estes anos, e por sempre

acreditar no meu potencial.

Ao meu orientador, José Patrocínio da Silva, pela confiança depositada, pelos

conselhos durante as pesquisas e por toda sua atenção.

Aos colegas do grupo de pesquisa, que contribuíram de forma significativa com

este trabalho.

Aos senhores membros da banca de defesa, por todas colocações e sugestões para

tornar este trabalho mais completo.

A todos integrantes do PPGEEC/UFRN pelo suporte acadêmico e a UFRN pela

estrutura disponibilizada para realização das atividades do mestrado.

E a CAPES, pelo suporte financeiro que possibilitou esta pesquisa.

Page 5: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

Resumo

Com o crescimento da área de comunicações e o intenso estudo acerca de formas

mais eficientes para transmissão e recepção de sinais eletromagnéticos, os circuitos

impressos têm ganhado um destaque cada vez maior no cenário mundial, e com base

nestes circuitos, destaca-se a aplicação de materiais artificiais, os metamateriais. A

diferença essencial entre materiais convencionais e metamateriais é que, enquanto os

materiais convencionais são definidos pelos seus átomos constituintes, os metamateriais

são caracterizados por suas células unitárias constituintes, desta forma, a engenharia da

construção destas estruturas pode criar uma resposta arbitrária, que não seria conseguido

com um material convencional. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo propor

a aplicabilidade de substratos metamateriais de baixo custo, em dispositivos planares.

Para isso, serão apresentados diversos modelos de análises para estruturas metamateriais,

desde a escolha das condições de contorno, até a aplicação da excitação adequada. Após

a seleção do modelo de análise, será realizado um estudo partindo da caracterização de

uma célula unitária metamaterial convencional, baseada em estruturas SRR (Split Ring

Resonator). Em seguida, serão propostas modificações nestas células com a mudança na

geometria do ressoador, e também com a aplicação de estruturas EBG (Electromagnetic

Band Gap), de modo a adequar as respostas em frequência da célula ao projeto desejado.

Por fim, será estudado a aplicação deste substrato em uma antena de microfita de patch

retangular, em que serão analisados o coeficiente de reflexão, a impedância da antena, o

ganho, o diagrama de radiação, o ângulo de -3dB, a distribuição de campo elétrico na

antena, a distribuição da densidade superficial de corrente nas células propostas e por fim,

o diagrama de Brillouin, para se comprovar as zonas proibidas criadas pela estrutura EBG.

Desta forma, espera-se verificar a utilidade e importância cientifica do estudo proposto

em sistemas atuais.

Palavras-chave: Estruturas planares, EBGs e Metamateriais.

Page 6: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

Abstract

With the growth of the communications area and the intense study of more efficient ways

for the transmission and reception of electromagnetic signals, printed circuits have gained

increasing prominence on the world stage, and based on these circuits, the application of

artificial materials, they are the metamaterials. The essential difference between

conventional materials and metamaterials is that, while conventional materials are

defined by their constituent atoms, metamaterials are characterized by their constituent

unit cells, in this way, the engineering of the construction of these structures can create

an arbitrary response, which would not be achieved with a conventional material. In this

context, this work aims to propose the applicability of low-cost metamaterial substrates

in planar devices. For that, several analysis models for metamaterial structures will be

presented, from the choice of boundary conditions, to the application of the appropriate

excitation. After selecting the analysis model, a study will be carried out based on the

characterization of a conventional unitary metamaterial cell, based on SRR (Split Ring

Resonator) structures. Then, modifications to these cells will be proposed with a change

in the resonator geometry, and with the application of EBG (Electromagnetic Band Gap)

structures, in order to adapt the frequency responses of the cell to the desired project.

Finally, the application of this substrate in a rectangular microstrip patch antenna will be

studied, where the reflection coefficient, antenna impedance, gain, radiation diagram,

3dB angle, electric field distribution, on the antenna, the distribution of the surface current

density, in the proposed cells, and finally, the Brillouin diagram, to prove the prohibited

zones created by the EBG structure, will be analyzed. Thus, it is expected to verify the

usefulness and scientific importance of the study proposed in current systems.

Keywords: Planar structures, EBG and Metamaterials.

Page 7: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

i

Sumário

Sumário .................................................................................................................................. i

Lista de Figuras .................................................................................................................. iii

Lista de Tabelas .................................................................................................................. vi

Lista de Símbolos e Abreviaturas ................................................................................... vii

Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1 Objetivos ................................................................................................................. 5

1.2 Organização do Trabalho ........................................................................................ 5

Metamateriais ...................................................................................................................... 6

2.1 Introdução ............................................................................................................... 6

2.2 Materiais Artificiais: LH ......................................................................................... 7

2.2.1 A Lei de Snell e as Velocidades de Fase e Grupo para Materiais LH ................. 9

2.2.2 Primeiro Experimento Prático com Estruturas LHs ......................................... 11

2.2.3 Estruturas PBG/EBG e Meios LHs ................................................................. 13

2.3 Fundamentação Teórica de Estruturas LHs ............................................................ 14

2.3.1 Equações de Maxwell ..................................................................................... 14

2.3.2 Equações de Onda e o Tripé Eletromagnético ................................................. 15

2.3.3 Teorema de Poynting ...................................................................................... 19

Estrutura Planares e Células LHs ..................................................................................21

3.1 Introdução ............................................................................................................. 21

3.2 Antenas de Microfita ............................................................................................. 22

3.3 Células Planares Metamateriais ............................................................................. 23

3.4 Técnicas de Análise para Células LHs ................................................................... 25

3.4.1 Validação da Formulação Utilizada................................................................. 28

Page 8: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

ii

3.5 Projeto de Células Unitárias e EBG ....................................................................... 34

3.5.1 Células Metamateriais Baseadas em SRR com EBG ....................................... 34

3.5.2 Células Metamateriais Baseadas em Tocos com EBG ..................................... 38

3.6 Substrato MTM/EBG Aplicado em Antena Planar................................................. 39

Substrato MTM/EBG Aplicado em Antena de Microfita Retangular .....................43

4.1. Coeficiente de Reflexão ....................................................................................... 45

4.2. Impedância ........................................................................................................... 47

4.3. Ganho e Diagrama de Radiação ............................................................................ 50

4.4. Distribuição de Campo Elétrico ............................................................................ 55

4.5. Distribuição de Corrente nas Células MTM/EBG ................................................. 58

4.6. Diagrama de Dispersão ........................................................................................ 60

Conclusões e Trabalhos Futuros .....................................................................................62

Referências Bibliográficas ...............................................................................................64

Page 9: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

iii

iii

Lista de Figuras

Figura 2.1 Diagrama de 𝜺, µ e n..................................................................................... 09

Figura 2.2 Diagrama da Lei de Snell.............................................................................. 10

Figura 2.3 Velocidades de Fase e de Grupo................................................................... 11

Figura 2.4 Primeiras Estruturas Metamateriais [25 – 27]: (a) Pequenos Fios Finos e (b)

Anéis Ressoadores Circulares.......................................................................................... 12

Figura 2.5 Primeiro Experimento Relatado da Construção de Materiais LHs com

Estrutura Bidimensional................................................................................................... 13

Figura 2.6 Ortogonalidade entre E, H, S e k: (a) Estrutura Convencional e (b) Estrutura

LH................................................................................................................... ................. 18

Figura 2.7 Teorema de Poynting..................................................................................... 20

Figura 3.1 Esquema Básico de Antena de Microfita: (a) Perspectiva Isométrica e (b)

Vista Lateral..................................................................................................................... 22

Figura 3.2 Célula Metamaterial Composta de Anéis Ressoadores................................. 24

Figura 3.3 Célula Metamaterial Composta por Arranjos de Tocos................................ 25

Figura 3.4 Condições de Contorno Periódicas Master/Slave: (a) Posicionamento das

condições de fronteira Master I e Slave I e (b) Posicionamento das condições de

fronteira Master II e Slave II............................................................................................ 29

Figura 3.5 Arranjo de Células Unitárias......................................................................... 30

Figura 3.6 Modelo de Excitação..................................................................................... 30

Figura 3.7 Reprodução das Magnitudes dos Coeficientes de Reflexão e Transmissão

de [43]: (a) Reproduzido e (b) Original........................................................................... 32

Figura 3.8 Reprodução das Fases dos Coeficientes de Reflexão e Transmissão de [43]:

(a) Reproduzido e (b) Original.......................................................................................... 32

Figura 3.9 Reprodução das Partes Reais de Permissividade e Permeabilidade de [43]:

(a) Reproduzido e (b) Original......................................................................................... 33

Figura 3.10 Reprodução das Partes Reais do Índice de Refração e da Impedância de

Onda de [43]: (a) Reproduzido e (b) Original................................................................. 33

Figura 3.11 Célula Metamaterial Baseada em SRR........................................................ 35

Figura 3.12 Parâmetros da matriz [S] : (a) Magnitude e (b) Fase.... ............................... 36

Page 10: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

iv

Figura 3.13 Partes Reais dos Índices de Refração e da Impedância de Onda................ 36

Figura 3.14 Valores Reais de Permissividade e Permeabilidade Efetivas...................... 37

Figura 3.15 Célula Metamaterial Composta por Segmentos de Tocos........................... 38

Figura 3.16 Célula Metamaterial CLL............................................................................ 39

Figura 3.17 Célula MTM/EBG....................................................................................... 39

Figura 3.18 Fluxograma de Atividades........................................................................... 40

Figura 3.19 Partes Reais da Permissividade Elétrica e Permeabilidade Magnética....... 41

Figura 3.20 Partes Reais do Índice de Refração e da Impedância de Onda.................... 41

Figura 4.1 Esquema da Antena com Substrato Metamaterial: (a) Vista Frontal e (b)

Vista Lateral..................................................................................................................... 43

Figura 4.2 Protótipo do Arranjo de Células Metamateriais: (a) Células Impressas

Diretamente no Substrato com Impressão UV, (b) Células após Processo de Corrosão

e (c) Células com Gradeamento EBG.............................................................................. 44

Figura 4.3 Protótipo da Antena MTM para 5,8 GHz: (a) Camada Superior do Substrato

com Gradeamento EBG, (b) Antena com Substrato MTM/EBG e (c) Plano de Terra da

Antena.............................................................................................................................. 44

Figura 4.4 Comparativo entre os Coeficientes de Reflexão das Antenas Padrão e

Proposta...................................................................................................................... ...... 45

Figura 4.5 Carta de Smith para as Antenas Padrão e Propostas..................................... 47

Figura 4.6 Representação em Diagrama Retangular da Carta de Smith para as Antenas

Padrão e Propostas............................................................................................................ 49

Figura 4.7 Ganho 3D da Antena Padrão........................................................................... 51

Figura 4.8 Ganho 3D da Antena Proposta: (a) Ganho em 5,8 GHz, (b) Ganho em 6,67

GHz, (c) Ganho em 7,63 GHz e (d) Ganho em 8,72 GHz.................................................. 52

Figura 4.9 Diagrama de Radiação com Ângulo de Meia Potência das Antenas Padrão

e Proposta......................................................................................................................... 53

Figura 4.10 Diagrama de Radiação dos Modos Superiores.............................................. 54

Figura 4.11 Distribuição de Campo Elétrico da Antena Padrão: (a) no Patch e (b) no

Plano de Terra................................................................................................................... 55

Figura 4.12 Distribuição de Campo Elétrico da Antena Proposta: (a) no Patch e (b) no

Plano de Terra................................................................................................................... 56

Page 11: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

v

Figura 4.13 Distribuição de Campo Elétrico dos Modos Superiores da Antena

Proposta: (a) no Patch na Frequência de 6,67 GHz, (b) no Plano de Terra na Frequência

de 6,67 GHz, (c) no Patch na Frequência de 7,63 GHz, (d) no Plano de Terra na

Frequência de 7,63 GHz, (e) no Patch na Frequência de 8.72 GHz e (f) no Plano de

Terra na Frequência de 8,72 GHz.....................................................................................

57

Figura 4.14 Densidade Superficial de Corrente nas Células: (a) na Frequência de 5,80

GHz, (b) na Frequência de 6,67 GHz, (c) na Frequência de 7,63 GHz e (d) na

Frequência de 8,72 GHz................................................................................................... 59

Figura 4.15 Caminho Realizado para Obtenção do Diagrama de Dispersão.................. 60

Figura 4.16 Diagrama de Dispersão Completo............................................................... 61

Page 12: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

vi

Lista de Tabelas

Tabela 3.1 Valores das Dimensões da Célula MTM Baseada em SRRs ....................... 35

Tabela 3.2 Valores das Dimensões da Célula MTM CLL com EBG ............................ 40

Tabela 4.1 Valores das Dimensões da Antena com Substrato MTM-EBG ................... 44

Tabela 4.2 Valores das Dimensões da Antena com Substrato MTM-EBG ................... 46

Tabela 4.3 Marcadores da Carta de Smith ..................................................................... 48

Page 13: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

vii

Lista de Símbolos e Abreviaturas

B Campo Magnético

c Velocidade da Luz no Vácuo

CLL Capacitive Loaded Loop

CSRR Complementary Split Ring Resonator

d Maior Dimensão da Célula Unitária

dB Unidade Logarítmica Decibel

DGS Defected Ground Structure

E Campo Elétrico

EBG Electromagnetic Band Gap

Ex Componente de Campo Elétrico na Direção de x

Ey Componente de Campo Elétrico na Direção de y

Ez Componente de Campo Elétrico na Direção de z

ε Permissividade Elétrica

ε0 Permissividade Elétrica no Vácuo

εr Permissividade Elétrica Relativa do Material

εeff Permissividade Elétrica Efetiva

η Impedância de Onda ou Impedância Intrínseca do Meio

GHz Giga Hertz (1E9 Hz)

H Intensidade de Campo Magnético

i Componente Imaginária para Área de Física

j Componente Imaginária para Área de Engenharias (i = - j)

Jc Corrente de Condução

�⃗� Vetor de Onda

k Número de Onda

Page 14: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

viii

�̂� Direção do Número de Onda

kx Componente do Vetor de Onda na Direção de x

ky Componente do Vetor de Onda na Direção de y

kz Componente de Vetor de Onda na Direção de z

LH Left-Handed | Estruturas do 3° Quadrante da Curva ε x μ

λ Comprimento de Onda

m Componente Relativo a Periodicidade

MHz Mega Hertz (1E6)

mm Unidade de Medida Milímetro

MTM Metamaterial

MTM/EBG Metamaterial com EBG

μ Permeabilidade Magnética

μ0 Permeabilidade Magnética do Vácuo

μm Unidade de Medida Micrômetro

μr Permeabilidade Magnética Relativa do Material

μeff Permeabilidade Magnética Efetiva

n Índice de Refração

𝛻 Operador Diferencial Nabla

Oy Eixo y

Oz Eixo z

oz Unidade de Medida Onça

Ø Função Genérica

ω Frequência Angular

p Distância entre o Centro das Estruturas

PBG Photonic Band Gap

𝑟 Vetor Posição

ρ Densidade de Carga Elétrica

s Handness

𝑆 Vetor de Poynting

Page 15: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

ix

SIW Substrate Integrated Waveguide

SRR Split Ring Resonator

SWR Standing Wave Ratio

σ Condutividade Elétrica

S11 Coeficiente de Reflexão

S12 Coeficiente de Transmissão

THz Tera Hertz (1E12 Hz)

TSA Tapered Slot Antenna

UWB Ultra Wide Band

vf Velocidade de Fase

vg Velocidade de Grupo

�̂� Direção x

�̂� Direção y

�̂� Direção z

[S] Matriz de Espalhamento

[T] Matriz de Transformação

5G Quinta Geração de Sistemas sem Fio

Page 16: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

1

Capítulo 1

Introdução

A tecnologia, de modo geral, avança de forma bastante rápida. Na área de

comunicações isso não poderia ser diferente, ainda mais em se tratando de sistemas de

comunicações sem fio. A todo momento surgem inovações na área tecnológica, que

podem ser aplicadas nestes sistemas, tornando-os ainda mais atrativos. Estudos sobre a

miniaturização de componentes, a redução de interferências externas, os novos modelos

de circuitos e seus comportamentos em relação as ondas eletromagnéticas são exemplos

desta constante evolução [1] – [3]. Nesse contexto, os sistemas de comunicação sem fio

tornaram-se imprescindíveis, e dentro deste ramo de estudo destacam-se os elementos

impressos que trabalham em frequências de micro-ondas, como, por exemplo, as antenas

e os filtros planares. Estes dispositivos, além de possuírem um perfil plano e compacto,

são facilmente integrados aos sistemas de comunicações atuais.

Apesar das muitas vantagens dos circuitos impressos, para frequências de micro-

ondas, deve-se destacar que tais dispositivos apresentam desvantagens que os tornam

inviáveis a várias aplicações, uma delas é, geralmente, associada a antenas de microfita,

e refere-se ao seu baixo ganho [4], outra dificuldade que merece ser relatada é o

aparecimento de ondas de superfícies, que diminuem a amplitude do sinal radiado, já que

parte da energia fica armazenada no substrato dielétrico. Para contornar este e outros

problemas geralmente associados a estes tipos de circuitos, pode-se utilizar diversas

técnicas, dentre elas, destacam-se o uso de EBG (Electromagnetic Bang Gap) e PBG

(Photonic Band Gap) [5], [6] e a utilização de metamateriais [7].

Inicialmente a nomenclatura PBG era empregada para circuitos impressos, devido

a sua utilização em aplicações de óptica, que consistia em criar furos de ar ao longo de

fibras para modificar a permissividade elétrica efetiva do meio (𝜀𝑒𝑓𝑓) e criar regiões onde

a propagação era proibida. Com o passar do tempo, as estruturas PBG foram utilizadas

Page 17: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

2

também em aplicações envolvendo materiais semicondutores, com frequências da ordem

de GHz. Com isso, alguns pesquisadores entenderam que o uso dessa denominação não

era mais adequado ao tipo de aplicação, pois nessas estruturas os elétrons são elementos

transportadores de energia, e não os fótons [8]. Nesse contexto, o termo EBG ganhou

força entre os pesquisadores. Todavia, esse assunto ainda gera certa confusão e conflitos

entre pesquisadores até os dias atuais, persistindo a discordância quanto a nomenclatura

a ser adotada, questão essa que se revela menos importante do que a compreensão da

técnica que será aplicada.

Na literatura, o uso de EBG para circuitos impressos, na frequência de micro-

ondas, foi proposto em [9], no ano de 1998, quando usavam-se essas estruturas com o

propósito de filtrar determinadas frequências. Nesse trabalho investigou-se a aplicação

do EBG com diversas espessuras de substrato e percebeu-se que determinadas

distribuições poderiam gerar uma rejeição significativa de determinadas faixas de

frequência. Verificou-se ainda que os níveis de rejeição gerados estavam relacionados

com a posição e o diâmetro dos furos de ar, em relação a linha de transmissão estudada.

No ano seguinte, em 1999, foi proposto em [10], a utilização de EBG com objetivo

de suprimir harmônicos. Neste artigo foram apresentadas distribuições de furos circulares

periódicos, formando uma distribuição retangular. Hoje a técnica apresentada em [10] é

denominada de DGS (Defected Ground Structures), pois os furos eram aplicados somente

ao plano de terra. Diferentemente, o EBG é aplicado no substrato dielétrico, como

proposto em [5], [6], [10], no ano de 2005, e, todavia, mostra-se eficiente para supressão

de harmônicos.

Já no ano de 2009, foi proposto em [11] o uso de um substrato dielétrico com

aplicação de EBG em uma antena dipolo dobrado impresso com o intuito de aumentar

seu ganho e verificar as zonas proibidas, isto é, onde a propagação de ondas

eletromagnéticas não é permitida.

Durante os anos, vários trabalhos sobre estruturas PBG e EBG foram apresentados

para diversos fins. Mais recentemente, em 2018, foi proposto em [12] a aplicação de

estruturas DGS e EBG para supressão de harmônicos em antenas de microfita retangular,

porém com uma otimização realizada por algoritmo genético, o que mostra a relevância

desta técnica para melhoria de desempenho de circuitos de micro-ondas. Ainda em 2018,

foi apresentado em [13] uma antena de microfita com alto ganho. Para isto, foram

Page 18: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

3

utilizados substratos EBG e superfícies com EBG em que se alcançaram ganhos de

aproximadamente 15 dB para frequências de 30 GHz.

Outra técnica que vem ganhando bastante espaço no cenário atual é o uso de

metamateriais integrados a circuitos impressos. Os metamateriais são materiais que não

são encontrados na natureza, por isso são utilizados artifícios humanos para sua

fabricação. Existem diversos efeitos causados por estruturas metamateriais, o que

possibilitou um novo leque de pesquisas na área de comunicações [7].

No ano de 1968, [14] propôs um artigo teórico sobre materiais que teriam um

comportamento eletromagnético diferente, onde os parâmetros eletromagnéticos

constitutivos 𝜺 (permissividade elétrica) e µ (permeabilidade magnética) seriam

simultaneamente negativos. Estes materiais foram denominados LH (left-handed). Com

base nisso, diversos pesquisadores voltaram suas atenções para este tema e vários

trabalhos puderam ser realizados.

No ano de 2000, foi proposta uma aplicação para metamateriais, talvez a mais

famosa das propostas, realizada por [14], que foi denominada de super lentes. Lentes

convencionais alcançam um ponto focal pois seu funcionamento acontece devido ao fato

da luz ser desacelerada no meio da lente, já nas bordas da lente, a luz também é

desacelerada, porém com menos intensidade, e é este fenômeno que cria uma frente de

onda curva que converge para o ponto focal desejado. Registre-se que isto depende

fundamentalmente das dimensões da lente, e para isso é extremamente necessário uma

curvatura precisa na sua geometria, algo que nem sempre é possível devido as limitações

de precisão dos equipamentos utilizados para fabricação de tais lentes. Com isso em

mente, foi proposto em [14], [15] a utilização de metamateriais para criar um material

que, independentemente da curvatura da geometria, pudesse gerar um ponto focal que

seria formado não devido a geometria da lente, mas sim pelo comportamento da frente de

onda ao atravessar as células unitárias metamateriais, surgindo assim o termo “super

lente” ou “lente perfeita”.

Em 2003, [16] propôs alterar o plano de terra de uma estrutura baseando-se em

metamateriais com 𝜺 e µ negativos. Neste trabalho foi possível obter uma supressão das

ondas de superfície. Já em 2008, [17] propôs a utilização de células metamateriais em um

filtro aplicado em bandas ultra largas (UWB, do inglês Ultra Wide Band) e observou-se

Page 19: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

4

que a perda de inserção foi reduzida para menos de 1 dB e obteve 22 dB de rejeição em

5.4 GHz.

Atualmente, existem trabalhos que baseiam-se em células metamateriais unitárias

para melhoria de circuitos impressos, como é o caso de [18] que, em 2019, obteve

melhoria da atenuação livre de um filtro rejeita faixa aplicando geometrias de anéis

ressoadores complementares (CSRR, do inglês Complementary Split Ring Resonator)

baseadas em metamateriais, como explanado em [7]. Ainda em 2019, [19] mostrou que

era possível obter um aumento no ganho, além de conseguir miniaturizar um arranjo de

antenas Vivaldi impressas, para possíveis aplicações em tecnologia 5G.

As ondas, em geral, podem ser descritas por suas propriedades fundamentais, uma

delas é sua amplitude, que está relacionada com a intensidade do sinal, porém, quando se

trata de metamateriais, a propriedade mais importante é o comprimento de onda, que está

ligado diretamente com a frequência de operação que se deseja. Assim, ao se utilizar

metamateriais, é necessário que a estrutura seja significantemente pequena em relação ao

comprimento de onda (𝜆). O que é comprovado em trabalhos como [17], [19], que

utilizaram células metamateriais com dimensões da ordem de 𝜆 10⁄ , com leves ajustes

para otimizar cada caso.

Devido à necessidade relativa de pequenas dimensões, as células metamateriais

operam melhor com frequências mais altas, pois os comprimentos de ondas são menores.

Já para as frequências mais baixas, é necessário um estudo mais detalhado, uma vez que,

nesse caso, a célula possui dimensões maiores.

Portanto, entendendo os benefícios e as limitações atuais para estruturas

metamateriais, este trabalho propõe realizar uma análise de células metamateriais que

possam operar em frequências menores, por meio da utilização de EBG em conjunto com

as técnicas de construção de metamateriais, para que desta forma seja possível obter

melhoria de desempenho para uma antena impressa em substrato dielétrico, sem

comprometer significantemente outros parâmetros elétricos da antena, o que espera-se ser

alcançado por meio da variação de parâmetros como diâmetro dos furos de ar, do tipo de

distribuição dos furos, do posicionamento dos furos em relação a célula metamaterial e

da variação no modelo de célula metamaterial, de modo a manter as dimensões dentro do

limite desejado.

Page 20: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

5

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é propor a criação de uma célula metamaterial que

funcione em conjunto com EBG para operar em estruturas planares.

E para atingir esse objetivo, podem ser destacados os seguintes objetivos

específicos:

Analisar novos modelos de células metamateriais;

Analisar o funcionamento de técnicas MTM e EBG;

Analisar os efeitos criados artificialmente pela célula metamaterial em

uma antena de microfita retangular;

Verificar e validar os resultados teóricos obtidos em outros trabalhos sobre

MTM na literatura.

Construir os protótipos dos estudos simulados, para validar os resultados

obtidos computacionalmente.

1.2 Organização do Trabalho

Este trabalho está organizado da seguinte maneira:

O Capítulo 2 aborda o conceito, e a fundamentação teórica dos

metamateriais descritos por [14]. Além disso, apresenta a teoria de

estruturas PBG/EBG em um tópico que inter-relaciona estas duas técnicas,

centrais neste trabalho.

O Capítulo 3 é destinado a apresentar as antenas planares, a validação da

formulação utilizada no trabalho, assim como mostrar as células estudadas

nesta dissertação.

O Capítulo 4 mostra estudos computacionais obtidos com o substrato

MTM na antena de microfita retangular.

No Capítulo 5 são expostas as conclusões e sugestões para trabalhos

futuros.

Por fim, são apresentadas as referências utilizadas no trabalho.

Page 21: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

6

Capítulo 2

Metamateriais

Neste capítulo serão apresentados os conceitos, as análises e as formulações de

estruturas metamateriais, levando em consideração o trabalho proposto em [14], além de

serem mostradas, de forma resumida, a teoria das estruturas EBGs e o seu relacionamento

com as estruturas MTMs.

2.1 Introdução

Como sabe-se, pelas equações de Maxwell, os materiais podem ser descritos de

acordo com seus parâmetros constitutivos 𝜺 e µ. Estes, são a rigor descritos como

tensores, mostrados nas Equações 2.1 e 2.2.

𝜀 = [

𝜀𝑥𝑥 𝜀𝑥𝑦 𝜀𝑥𝑧

𝜀𝑦𝑥 𝜀𝑦𝑦 𝜀𝑦𝑧

𝜀𝑧𝑥 𝜀𝑧𝑦 𝜀𝑧𝑧

] (2.1)

µ = [

µ𝑥𝑥 µ𝑥𝑦 µ𝑥𝑧

µ𝑦𝑥 µ𝑦𝑦 µ𝑦𝑧

µ𝑧𝑥 µ𝑧𝑦 µ𝑧𝑧

] (2.2)

Quando um material é dito isotrópico, as permissividades e permeabilidades fora

da diagonal principal, da Equação 2.1 e 2.2, respectivamente, possuem valor nulo, e, além

disso, todos os elementos da diagonal principal possuem valor igual. Para esta situação 𝜺

e µ são apresentados como valores escalares. Em qualquer outra situação que não seja a

citada anteriormente, o meio é dito como anisotrópico, possuindo várias classificações na

literatura.

Page 22: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

7

Além de 𝜺, µ, se destacam também as permissividades e permeabilidades relativas

intrínsecas do material 𝜀𝑟 e µ𝑟, assim como as efetivas 𝜀𝑒𝑓𝑓 e 𝜇𝑒𝑓𝑓 , que por sua vez, são

resultantes de combinações das diferentes permissividades e permeabilidades dos

distintos meios, comumente utilizados devido ao efeito de franjeamento do campo

elétrico em dispositivos planares. Por isso é mais comum apresentar permissividades e

permeabilidades por meio de valores relativos e efetivos, do que trabalhar diretamente

com tensores.

Nesse contexto, os metamateriais, são materiais artificiais, não encontrados na

natureza, criados a partir de arranjos de outros materiais já existentes, de forma que

podem possuir 𝜀𝑒𝑓𝑓 e 𝜇𝑒𝑓𝑓 simultaneamente negativos. Estas estruturas podem ser uni, bi

ou tridimensionais e podem possuir diversos formatos geométricos. Enquanto os

materiais convencionais possuem suas propriedades eletromagnéticas derivadas dos seus

átomos constituintes, os metamateriais possuem suas propriedades derivadas de suas

unidades constituintes, também chamadas de células unitárias, que podem ser projetadas

e modificadas de acordo com a necessidade [20].

2.2 Materiais Artificiais: LH

A ideia principal dos tipos de metamateriais apresentados neste trabalho, é

aproveitar-se da Equação 2.3 para perceber que existe mais de uma possibilidade de

propagação de ondas eletromagnéticas. De acordo com a Equação 2.3, pode-se notar que

existem basicamente quatro combinações, dependendo dos sinais de 𝜺 e µ.

Habitualmente, esses valores são positivos, e estão relacionados com os parâmetros n

(índice de refração) e ƞ (impedância de onda ou impedância intrínseca do meio), como

mostrado nas Equações 2.3 e 2.4.

𝑛 = ± √𝜀𝑟µ𝑟 (2.3)

ƞ = √𝜇

𝜀 (2.4)

Estes dois parâmetros são extremamente importantes, pois fornecem,

respectivamente, a informação do quanto a velocidade da onda incidente é reduzida no

Page 23: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

8

interior do material, e também uma razão entre os campos elétricos e magnéticos. É fato

que se 𝜺 e µ forem ambos negativos, e forem aplicados diretamente na equação 2.3, tem-

se, a rigor matemático, um valor positivo de n, conforme mostra a Equação 2.5.

𝑛 = √(−𝜀𝑟)(−𝜇𝑟) = √(−1)2√𝜀𝑟𝜇𝑟 = |−1|√𝜀𝑟𝜇𝑟 = +√𝜀𝑟𝜇𝑟 (2.5)

Portanto, a Equação 2.3 possuir dois sinais possíveis se deve ao fato de que o vetor

de onda (�⃗� ) pode ser descrito pela Equação 2.6, onde percebe-se que se 𝜺 ou µ forem

negativos, �⃗� se tornará puramente imaginário, portanto nesta situação, não haverá

propagação, ou melhor, apareceriam as chamadas ondas evanescentes, que são ondas

estacionárias que demonstram um comportamento onde a intensidade da onda decai

exponencialmente com a distância, em relação a sua fonte de origem. Analisando ainda a

Equação 2.6, é possível perceber que se 𝜺 e µ forem ambos negativos, �⃗� será real, porém

torna-se necessário escolher o valor negativo da raiz quadrada do índice de refração (n)

para ser consistente com as equações de Maxwell [14], [20]. Os materiais que possuem

ambos permissividade e permeabilidade são denominados de LH (left-handed, ou em

português, estruturas do terceiro quadrante), e foram propostos inicialmente em [14].

|𝑘|⃗⃗⃗⃗ ⃗ = 𝑛𝑘0 = 𝑛𝜔

𝑐 (2.6)

Com isso, é possível concluir que para estruturas metamateriais o valor negativo

de n, possui apenas sentido físico, e serve para afirmar que o vetor de onda e o fluxo de

energia transportada pela onda, conhecido como vetor de Poynting (S), possuem sentidos

opostos, por isto para estruturas metamateriais, as ondas são comumente tratadas como

“Backward Waves”.

Na Figura 2.1 pode ser observado um diagrama que relaciona as ondas propagadas

em um determinado meio, com seus parâmetros constitutivos, e apresenta o

comportamento da onda eletromagnética a depender do quadrante ao qual a estrutura

esteja alocada. Para casos convencionais, onde 𝜺 e µ são positivos, tem-se a propagação

convencional (Forward Waves). Quando 𝜺 e µ possuírem valores negativos, são obtidos

os materiais LH que apresentam propagação das Backward Waves, e quando nenhum

desses casos ocorrer, surgem as ondas evanescentes.

Page 24: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

9

Figura 2.1 Diagrama de 𝜺, µ e n

Fonte: Adaptado de [14], [20] (2020)

2.2.1 A Lei de Snell e as Velocidades de Fase e Grupo para Materiais LH

Devido as primeiras aplicações de metamateriais terem sido desenvolvidas para a

parte de óptica, os estudos iniciais se focaram basicamente nesta área de pesquisa, com o

estudo de super lentes [15]. Deve-se ressaltar que atualmente, a aplicação de

metamateriais em micro-ondas também tem ganhado destaque. Contudo, é dentro dos

estudos de óptica que destacam-se os efeitos ocasionados de estruturas LH na Lei de

Snell.

Como mostrado, para meios convencionais, 𝜺 e µ são positivos, com isto, o índice

de refração dado pela Equação 2.3 também é positivo. Portanto, o comportamento de uma

onda que incide de um meio em outro, é o comportamento de uma onda refratada, ou seja,

o ângulo da onda no segundo meio é positivo em relação a componente normal. Para

meios metamateriais, onde 𝜺 e µ são negativos, o comportamento da onda incidente, após

atravessar o meio, é o comportamento de uma onda refletida, ou seja, a onda no segundo

meio forma um ângulo negativo com a componente normal. Isto ocorre, devido as ondas

reversas, e a lei que rege estes comportamentos de ondas é conhecida como a Lei de Snell.

Caso 1Caso 2

Caso 3 Caso 4

Dielétricos IsotrópicosPropagação de Ondas Diretas

Metamateriais [13]Propagação de onda reversa

Metais em frequências óticasOndas Evanescentes

Materiais FerrimagnéticosOndas Evanescentes

n ℝ

n ℝ n

n

Page 25: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

10

A Lei de Snell, também conhecida como Lei da refração, afirma que a relação

entre o índice de refração entre dois meios é proporcional a razão entre ângulos formados

pelas componentes tangenciais da onda incidente e da onda que atravessa a interface em

relação a normal.

A Figura 2.2 representa um diagrama da Lei de Snell em função dos valores de 𝜺

e µ.

Figura 2.2 Diagrama de Lei de Snell

Fonte: Autor (2020)

Com esta importante propriedade, percebeu-se que aplicando a Lei de Snell seria

possível alcançar a fabricação de lentes perfeitas, onde o ponto focal criado pela lente não

teria dependência da geometria da lente, e sim dos parâmetros constitutivos projetados

previamente, o que remete a uma ideia de trabalhar controlando ondas de campo próximo

para poder controlar o ponto focal desejado.

Além da Lei de Snell, outra consequência de se utilizar estruturas MTMs é que a

velocidade de grupo e fase podem ser ambas negativas. A velocidade de fase ou

velocidade de propagação é a taxa em que a fase de uma onda se propaga no meio.

Enquanto a velocidade de grupo é na verdade a taxa com que a amplitude da onda

propagada varia. Uma boa analogia encontrada na literatura para isto seria o sistema de

ArAr

ArAr Plasma e Metais

em Frequências Ópticas

Materiais convencionais

Materiais artificiais

(LH MTMs)

Materiais ferrimagnéticos

n1 > n2

n1 < n2

|n1| < |n2|

|n1| > |n2|

Page 26: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

11

modulação, onde a velocidade de fase representaria a velocidade de portadora, enquanto

a velocidade de grupo representaria a taxa de modulação da onda, como mostrado na

Figura 2.3. Ou ainda, de modo simplificado, a velocidade de fase pode ser vista como a

velocidade em que a onda se move, enquanto a velocidade de grupo pode ser vista como

a velocidade em que a informação é entregue [22], [23].

Figura 2.3 Velocidades de Fase e de Grupo

Fonte: Adaptado de [23] (2006)

Como comentado anteriormente, as velocidades de fase e grupo em meios

metamateriais podem ser ambas negativas, contudo a magnitude, frequência e fase da

onda eletromagnética permanecem intactas [22], portanto, estas velocidades serem

negativas não violam o princípio da causalidade, e assim são fisicamente praticáveis.

Pode-se ainda citar outras consequências da aplicação de estruturas metamateriais,

como por exemplo, a reversão do efeito Doppler, da radiação de Vavilov-Čerenkov, do

efeito de Goos-Hănchen e da convergência e divergência em lentes côncavas e convexas

[7].

2.2.2 Primeiro Experimento Prático com Estruturas LHs

Após 32 anos da proposta de meios LHs, foi realizado em [24] o primeiro

protótipo, que foi capaz de confirmar e demonstrar experimentalmente os materiais

descritos em [14]. Para a obtenção do meio artificial, foi proposto um arranjo de

Page 27: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

12

elementos metálicos lineares, e elementos metálicos ressoadores, baseados nos estudos

de [25] – [27], que mostraram como cada um deles se comporta em função da frequência.

A Figura 2.4 mostra os elementos usados para construir o metamaterial no

trabalho de [24].

Figura 2.4 Primeiras Estruturas Metamateriais [25 – 27]: (a) Pequenos Fios Finos e

(b) Anéis Ressoadores Circulares.

Fonte: Reproduzido de [7] (2006)

Em ambos os casos da Figura 2.4, observou-se que o valor de p deve ser muito

inferior ao comprimento de onda guiado do sistema desejado. Notou-se ainda que estas

estruturas em separado, não criaram uma estrutura LH, enquanto a Figura 2.4 (a) cria um

meio com 𝜺 negativo e µ positivo se E||Oz, a Figura 2.4 (b) cria um meio com 𝜺 positivo

e µ negativo, se H⊥Oy. Registre-se que (a) e (b) são ditos metamateriais plasmônicos.

A estrutura da Figura 2.4 (a) atua quando o campo elétrico é paralelo ao eixo dos

fios, isto ocorre pois surgirá uma corrente elétrica induzida ao longo do fio, o que vai criar

um equivalente de momento de dipolo elétrico [23]. Com esta informação, estudos

realizados em [7], [25], [26] demonstram que a permissividade elétrica possui

dependência da frequência.

De forma análoga, a permeabilidade magnética também possui dependência com

a frequência [23], de modo que quando os anéis ressoadores estiverem dispostos

paralelamente em relação ao campo magnético, forçará a indução de um momento de

dipolo magnético que, em conjunto com os fios finos, criaram efeitos artificiais de

estruturas LH [7], [27].

Page 28: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

13

A Figura 2.5 mostra o arranjo realizado por [24].

Figura 2.5 Primeiro Experimento Relatado da Construção de Materiais LHs com

Estrutura Bidimensional

Fonte: Reproduzido de [7] (2006)

2.2.3 Estruturas PBG/EBG e Meios LHs

As estruturas PBGs e os cristais fotônicos, assim como as estruturas EBG,

possuem uma diferença fundamental em relação aos metamateriais. Estas estruturas

operam em frequências nas quais o espaçamento entre os elementos, p (do inglês pitch),

é da ordem de um múltiplo de meio comprimento de onda guiado [28].

Nessa situação, as ondas espalhadas pelas camadas adjacentes da malha de EBG

ou cristais fotônicos interferem construtivamente em alguns ângulos de incidência

específicos. Dessa forma, ocorre uma rejeição da energia recebida nesses ângulos, o que

implica ainda em velocidade de grupo nula [7], [28], ou seja, não existe passagem de

informação. Este é o princípio básico de estruturas PBG que foram aplicadas a estruturas

EBG e este é um fenômeno que é similar a difração de Bragg, por isso alguns trabalhos

na literatura citam que estas estruturas trabalham no regime de Bragg.

Portanto, pode-se extrair uma informação muito importante deste princípio.

Enquanto as principais propriedades de estruturas PBG/EBG são essencialmente

determinadas pelo espaçamento da malha (p), as estruturas LH são determinadas de

acordo com a natureza da célula unitária. Dito isso, nada impede que as duas técnicas

sejam aplicadas em conjunto, pois é possível criar um meio metamaterial e depois aplicar

técnicas de PBG ou EBG aos mesmos, sem prejudicar a funcionalidade um do outro.

Page 29: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

14

2.3 Fundamentação Teórica de Estruturas LHs

As equações de Maxwell, em suas formas diferenciais e utilizando notação

fasorial para variações senoidais, serão demonstradas a seguir.

2.3.1 Equações de Maxwell

Basicamente, todo o eletromagnetismo conhecido atualmente, baseia-se nas

quatro equações de Maxwell, que são um apanhado de leis que regem o eletromagnetismo

moderno. A Lei de Gauss, na Equação 2.7, informa que o fluxo elétrico líquido é

proporcional a carga interna de uma superfície imaginária, denominada de superfície

gaussiana. A Equação 2.8 é conhecida como a Lei de Gauss para o magnetismo e segundo

ela não existem cargas magnéticas, ou seja, monopólos magnéticos. A Lei de Ampère-

Maxwell, basicamente, demonstra que é possível a obtenção de um campo magnético por

meio de uma corrente elétrica e/ou variação temporal de campo elétrico, como é mostrado

na Equação 2.9. Por fim, na Equação 2.10 é apresentada a Lei de Faraday, que mostra que

um campo elétrico pode ser obtido por meio da variação temporal de um campo

magnético, além de também demonstrar a aplicação da Lei de Lenz.

∇. 𝑬 =𝜌

𝜀⁄ (2.7)

∇. 𝑩 = 0 (2.8)

∇𝑥𝑯 = 𝐽𝑐 + 𝑗𝜔𝜀𝑬 (2.9)

∇𝑥𝑬 = −𝑗𝜔𝜇𝑯 (2.10)

Em que, E é o campo elétrico, B é a densidade de fluxo magnético, H é a

intensidade de campo magnético, ω é a frequência angular, ρ é a densidade de cargas

elétricas e Jc é a corrente de condução.

Page 30: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

15

2.3.2 Equações de Onda e o Tripé Eletromagnético

A seguir será realizada uma análise cujo interesse principal é verificar como a

onda se propaga e não como ela foi formada, para isto é necessário a análise das equações

de onda, que são as responsáveis por descrever o comportamento da uma determinada

onda em um meio.

Considerando que a onda eletromagnética se propaga sem perdas e em um meio

livre de fontes, Jc e 𝜌 são nulos, portanto, as equações de onda são formadas a partir de

combinações das equações de Maxwell e podem ser escritas tanto para o campo elétrico

como para o campo magnético, conforme demonstrado nas Equações 2.11a e 2.11b.

∇2𝑬 − 𝜇𝜀𝑑2𝑬

𝑑𝑡2= 0 (2.11a)

∇2𝑯 − 𝜇𝜀𝑑2𝑯

𝑑𝑡2= 0 (2.11b)

Portanto, de forma genérica, pode-se escrever a equação de onda como

apresentado na Equação 2.12a, e por meio de manipulações matemáticas é possível

também escrevê-la conforme mostra a Equação 2.12b.

[∇2 − 𝜇𝜀𝑑2

𝑑𝑡2] ∅ = 0 (2.12a)

[∇2 −𝑛2

𝑐2

𝑑2

𝑑𝑡2] ∅ = 0 (2.12b)

Com base nas equações de onda transcritas, precisa-se ter em mente que o ponto

de análise está no campo distante, onde a frente de onda eletromagnética é considerada

praticamente plana. Dito isto, os campos elétricos e magnéticos podem ser descritos

genericamente como mostram as Equações 2.13 e 2.14, respectivamente.

�⃗� (𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡) = 𝐸0𝑒𝑗(𝜔𝑡−�⃗� 𝑟 ) (2.13)

�⃗⃗� (𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡) = 𝐻0𝑒𝑗(𝜔𝑡−�⃗� 𝑟 ) (2.14)

Page 31: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

16

Em que o vetor 𝑟 representa o vetor posição, dependente, em coordenadas

retangulares, de x, y e z, enquanto 𝐸0 e 𝐻0 são constantes de amplitude arbitrárias

definidas pelas condições de contorno.

Neste ponto, para engenharia convencionalmente trabalha-se com a dependência

𝑒+𝑗𝜔𝑡, enquanto em referências da área de física o fasor utilizado possui a forma 𝑒−𝑖𝜔𝑡 .

Este tipo de substituição deve ser realizada de forma bastante cuidadosa, pois pode-se

perceber que, segundo os fasores apresentados, 𝑖 = −𝑗 [7]. Observou-se ainda que em

vários trabalhos existe uma confusão entre os conceitos de ondas propagadas e contra

propagadas, o que ocasiona uma formulação matemática incorreta devido a não

conformidade da direção de propagação com a resolução das equações de Maxwell.

Expandindo a lei de Faraday, considerando uma onda plana, pode-se escrever a

Equação 2.15

∇𝑥�⃗� = −𝑗[(𝑘𝑦𝐸𝑧 − 𝑘𝑧𝐸𝑦)|�̂�| + (𝑘𝑧𝐸𝑥 − 𝑘𝑥𝐸𝑧)|�̂�|+(𝑘𝑥𝐸𝑦 − 𝑘𝑦𝐸𝑥)|�̂�|] (2.15)

Com base na Equação 2.15, percebe-se que ao se realizar o produto vetorial entre

k e E, obtêm-se o resultado mostrado na Equação 2.16.

k⃗ 𝑥�⃗� = (𝑘𝑦𝐸𝑧 − 𝑘𝑧𝐸𝑦)|�̂�| + (𝑘𝑧𝐸𝑥 − 𝑘𝑥𝐸𝑧)|�̂�| + (𝑘𝑥𝐸𝑦 − 𝑘𝑦𝐸𝑥)|�̂�| (2.16)

Este resultado é muito importante, pois por meio dele pode-se criar uma relação

direta entre campo magnético, campo elétrico e vetor de onda, como descrito pela

Equação 2.17, também conhecida como tripé eletromagnético.

�⃗� 𝑥�⃗� = 𝜔𝜇�⃗⃗� (2.17)

De forma análoga, para o campo magnético, a relação expressa pela Equação 2.18

é válida.

�⃗� 𝑥�⃗⃗� = −𝜔𝜀�⃗� (2.18)

Page 32: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

17

Os resultados acima são de extrema importância, pois a partir deles, pode-se

analisar a diferença principal de estruturas metamateriais em relação a estruturas

convencionais.

Como observado, a equação de onda, descrita pela Equação 2.12, e as relações

entre campo elétrico, campo magnético e vetor de onda, das Equações 2.17 e 2.18,

respeitaram rigorosamente as quatro equações de Maxwell. Dito isto, para se validar a

fundamentação teórica de estruturas metamateriais, assume-se que |𝜀| = −𝜀 e |𝜇| = −𝜇.

Ao realizar esta operação, nota-se que a equação de onda se mantém inalterada,

como mostrado na Equação 2.19, em que, o índice de refração elevado ao quadrado

impede a mudança do sinal da equação homogênea de Helmholtz.

[∇2 − |𝜇||𝜀|𝑑2

𝑑𝑡2] ∅ = 0 (2.19a)

[∇2 −(𝑛)2

𝑐2

𝑑2

𝑑𝑡2] ∅ = 0 (2.19b)

Ao analisar as Equações 2.17 e 2.18, percebe-se um efeito interessante.

Basicamente ocorreu apenas uma inversão de sinais entre as duas expressões, como

mostram as Equações 2.20 e 2.21.

�⃗� 𝑥�⃗� = −𝜔|𝜇|�⃗⃗� (2.20)

�⃗� 𝑥�⃗⃗� = 𝜔|𝜀|�⃗� (2.21)

A Figura 2.6a ilustra o comportamento dos campos elétricos, campos magnéticos,

vetor de onda e vetor de Poynting. Pode-se perceber que além de todos estes serem

ortogonais, o vetor de onda está no mesmo sentido do vetor de Poynting. Ao analisar a

Figura 2.6b, percebe-se que o vetor de Poynting e o vetor de onda possuem sentidos

opostos. Como já foi comentado anteriormente, isto significa que o fluxo de energia está

indo em sentido contrário a onda propagada.

Page 33: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

18

(a) (b)

Figura 2.6 Ortogonalidade entre E, H, S e k: (a) Estrutura Convencional e (b) Estrutura

LH

Fonte: Autor. (2020)

Com base nas expressões das Equações 2.20 e 2.21, percebe-se que a frequência

angular 𝜔 será sempre um valor positivo. Por outro lado, a velocidade de fase será

negativa, e verifica-se que o responsável por este fato é o vetor de propagação de onda.

Portanto, pode-se assumir que para materiais convencionais o vetor k é positivo, enquanto

que para estruturas LH o vetor k é negativo. Desta maneira, é possível escrever de forma

generalizada os resultados obtidos conforme mostram as Equações 2.22 e 2.23.

�⃗� 𝑥�⃗� = 𝑠𝜔|𝜇|�⃗⃗� (2.22)

�⃗� 𝑥�⃗⃗� = −𝑠𝜔|𝜀|�⃗� (2.23)

Onde s é chamado “handness” e determina o sinal positivo ou negativo, de acordo

com o material utilizado. Pode-se ver na Equação 2.24 que s pode assumir dois valores,

um positivo quando trabalha-se em um meio convencional, e outro negativo quando o

meio for LH.

{𝑠 = 1 ; Para meio convencional

𝑠 = −1 ; Para meio metamaterial (2.24)

H

E

S

k

H

E

Sk

Page 34: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

19

O fato de k tornar a velocidade de fase negativa acarreta que a frente de onda está

em sentido oposto ao da transmissão de potência, que está relacionado com a velocidade

de grupo, criando as “backward waves”. E essa propagação de onda no sentido contrário

implica que os campos tenham dependência com espaço e tempo [7].

Portanto, para um meio LH, desde que 𝒌 < 0, pode-se extrair das Equações 2.3,

2.23 e 2.24 um índice de refração negativo. Isso demonstra que n é negativo em um meio

onde permissividade e permeabilidade são negativas [7]. Assim sendo, pode-se escrever

de forma generalizada a expressão do índice de refração, como mostrado na Equação

2.25.

𝑛 = 𝑠√𝜀𝑟𝜇𝑟 (2.25)

2.3.3 Teorema de Poynting

Como se sabe, a energia contida em uma onda eletromagnética pode ser

transportada entre dois pontos, desde que haja um transmissor e um receptor, isto ocorre

devido a possibilidade de propagação de ondas eletromagnéticas no espaço. Partindo das

Leis de Ampère-Maxwell (Equação 2.9) e de Faraday (Equação 2.10), pode-se

demonstrar a taxa de transmissão desta energia [29], [30], por meio do Teorema de

Poynting, demonstrado na Equação 2.26.

∬(�⃗� 𝑥�⃗⃗� ) 𝑑𝑠 = −𝑑

𝑑𝑡∭ (

1

2𝜀𝐸2 +

1

2𝜇𝐻2) 𝑑𝑣 − ∭𝜎𝐸2𝑑𝑣 (2.26)

A Equação 2.26 é denominada Teorema de Poynting, e cada parcela de seu corpo

é identificada pela utilização de conceitos de conservação de energia para campos

eletromagnéticos [29].

Basicamente, o Teorema de Poynting diz:

“A potência líquida que flui para fora de

um volume v é igual à taxa temporal de decréscimo

da energia armazenada em v menos as perdas por

condução.” [30]

Page 35: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

20

A Figura 2.7, ao representar a Equação 2.26 de forma didática, auxilia a

compreensão do balanço de potência para campos eletromagnéticos.

Figura 2.7 Teorema de Poynting

Fonte: Adaptado de [23]. (2020)

O vetor de Poynting é determinado pela Equação 2.27, este representa a densidade

de potência instantânea associada a um campo elétrico em determinado ponto no espaço

[29], [30], e como pode-se notar, a integral do vetor de Poynting nos remete a própria

definição do Teorema de Poynting.

𝑆 = �⃗� 𝑥�⃗⃗� (2.27)

Percebe-se que a inversão dos sinais de permissividade e permeabilidade não afeta

diretamente a direção do vetor de Poynting, com isso, pode-se concluir que, mesmo em

meio LH, o vetor de Poynting possui o mesmo comportamento que em meios

convencionais.

J

B

Energia magnética armazenada

E

Energia elétrica armazenada

Perdas ôhmicas

Potência de entrada

Potência de saída

Page 36: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

21

Capítulo 3

Estrutura Planares e Células LHs

Neste capítulo serão abordados alguns modelos de células LH, além disso, será

realizada a validação da formulação dos algoritmos utilizados para caracterização das

células. Também serão apresentadas as antenas de microfita, que são as estruturas

planares utilizadas neste trabalho.

3.1 Introdução

Dispositivos impressos podem possuir diversas finalidades, seja guiar um sinal

eletromagnético por meio de uma linha impressa, ou propagar uma onda para o espaço

por meio de antenas planares. Estes tipos de dispositivos, que possuem geralmente baixo

perfil e fácil integração com outros circuitos, são bastante estudados, com intuito de

viabilizar a obtenção de resultados melhores, a partir de modificações realizadas no

próprio componente [18], para assim, tentar manter seu perfil inalterado, ou com

mudanças mínimas.

Umas das técnicas para realizar melhorias nestes dispositivos impressos é a

utilização de metamateriais planares, que são basicamente metamateriais que possuem

valor de permissividade e permeabilidade efetivas simultaneamente negativos, apenas

utilizando perfil planar, diferente do que se propusera nos estudos pioneiros de [14], que

acreditava que a obtenção de estruturas LH só eram possíveis com combinações entre fios

finos e circuitos ressoadores, contudo, [31] apresentou uma teoria que mostra,

computacionalmente, que é possível obter estruturas LH utilizando apenas estruturas

ressoadoras.

Com isso, a proposta deste trabalho é modelar células metamateriais em conjunto

com técnicas EBG, de modo que seja possível melhorar o desempenho de uma antena de

microfita.

Page 37: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

22

A aplicação de metamateriais nestas estruturas se dá por meio da inserção de

lâminas metálicas no interior do substrato dos circuitos, formando uma espécie de circuito

em camadas. A excitação das lâminas metálicas da estrutura metamaterial será dada por

indução eletromagnética, ou seja, o arranjo metamaterial não é diretamente alimentado.

Enquanto a aplicação de EBG é dada por meio de furos de ar, localizados

estrategicamente no substrato dielétrico, de modo que se obtenha uma diminuição da

permissividade efetiva devido a inserção dos furos de ar, e ainda existe a possibilidade de

suprimir modos superiores, dependendo da distribuição e do diâmetro dos furos que irão

compor a malha.

3.2 Antenas de Microfita

Antenas de microfita, conforme mostra a Figura 3.1, também chamadas de antenas

planares, ou antenas impressas, são geralmente uma placa fina de material dielétrico, onde

em uma das suas faces é aplicada uma lâmina metálica, que servirá de elemento radiante,

enquanto na outra face é, geralmente, utilizada outra lâmina metálica, que servirá como

plano de terra [32].

(a) (b)

Figura 3.1 Esquema Básico de Antena de Microfita: (a) Perspectiva Isométrica e

(b) Vista Lateral

Fonte: Adaptado de [32] (2020)

As antenas de microfita podem possuir diversas geometrias de elementos

radiantes, chamados de “patch”, que influenciam diretamente na distribuição de corrente

elétrica que, por sua vez, afetará os campos elétricos formados. Dentre as geometrias

Substratoεr

Plano de Terra

PatchPatch

Linha de Alimentação

Substrato

Plano de Terra

εr

Campos de Franjeamento

x

y

z

Page 38: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

23

utilizadas para o patch das antenas de microfita, uma das mais utilizadas é a retangular,

apresentada ainda na Figura 3.1. Em relação aos planos de terra, eles podem possuir

defeitos, podem ser truncados e também podem não estarem presentes, como é o caso de

antenas antipodais e de outros tipos de antenas de microfita.

As antenas de microfita possuem grande versatilidade em termos de frequência de

ressonância, podendo até mesmo operar em várias bandas de frequência simultaneamente

[32]. Outro aspecto chamativo deste tipo de antena é a sua facilidade de construção,

somado a isso, a polarização gerada por este tipo de antena é normalmente linear, ainda

que também seja possível obter uma polarização circular, dependendo da forma como ela

é alimentada [33], [34] ou pela utilização de outras técnicas [35]. Pode-se ainda dizer que

antenas de microfita são relativamente baratas, leves e ocupam pouco volume no espaço,

características essas muitas vezes requisitadas por diversos sistemas.

Ainda assim, as antenas de microfita não estão imunes a desvantagens, este tipo

de antena é conhecida por apresentar baixa eficiência de radiação, largura de banda

estreita, o que pode torná-la inadequada a diversas aplicações, além de poder apresentar

modos de propagação espúrios [12]. Todavia, existem diversos estudos que mostram que

é possível melhorar o desempenho de antenas de microfita, minimizando suas

desvantagens, como por exemplo a otimização na linha de alimentação, a utilização de

planos de terra serrilhados e a própria utilização do EBG [36] – [38]. Além do mais, em

relação à largura de banda, existem as que trabalham em banda larga, como exemplo disso

podem ser citadas as antenas impressas de Vivaldi e as antenas de fenda cônica, TSA

(Tapered Slot Antenna), que podem possuir larguras de bandas da ordem de GHz [39] –

[42].

No estudo das antenas de microfita existem diversos parâmetros que podem ser

analisados, como ganho, diretividade, casamento de impedância, eficiência de radiação,

dentre outros, porém, é importante sempre ter em mente que nem todos eles precisam ser

melhorados, pois isso irá depender diretamente da aplicação para qual a antena se destina.

3.3 Células Planares Metamateriais

O funcionamento de células metamateriais planares baseia-se na teoria

apresentada no Capítulo 2, pela qual os anéis ressoadores irão criar artificialmente um

Page 39: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

24

momento de dipolo magnético devido a indução de campo elétrico em sua geometria. Isso

deve-se basicamente aos gaps da estrutura que formam capacitâncias próprias e mútuas

entre essas. Como proposto em [14], estas estruturas deveriam estar dispostas

perpendicularmente ao campo H, porém percebe-se que ao se dispor as células

perpendicularmente ao campo E, o momento de dipolo magnético não tem impedimentos,

portanto, teoricamente, também seria possível criar estruturas metamateriais. Isso foi

provado graças ao avanço das técnicas de simulações computacionais, que de fato

mostram que estruturas planares dispostas perpendicularmente ao campo E também

geram estruturas com 𝜺eff e µeff efetivos negativos [31], [43] – [45].

As células metamateriais, podem possuir diversos formatos e tamanhos, as

estruturas mais clássicas trabalham com anéis ressoadores, SRRs (Split Ring Resonator),

que podem ser circulares ou quadrados. Um exemplo dessa estrutura pode ser visualizado

na Figura 3.2.

Figura 3.2 Célula Metamaterial Composta de Anéis Ressoadores

Fonte: Adaptado de [43] (2020)

Pode-se ver ainda na Figura 3.3 outro modelo de célula metamaterial utilizada,

mostrando que é possível realizar a construção destas estruturas utilizando as mais

diversas geometrias [19].

Camada InferiorSubstrato

Camada Superior

E

Hk

Page 40: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

25

Figura 3.3 Célula Metamaterial Composta por Arranjos de Tocos

Fonte: Reproduzido de [19] (2019)

A construção de células metamateriais é de grande importância para obtenção de

estruturas metamateriais efetivas, pois a mínima variação em seu formato e/ou posição

poderá descaracterizar toda a estrutura como sendo metamaterial. Geralmente os

processos de produção com adesivos, para realizar a corrosão, não são indicados para este

tipo de estruturas, visto que, em muitos casos os adesivos impressos já acarretam bastante

na diminuição da precisão, e algumas destas estruturas mais simples chegam a exigir

precisão de 0,1 mm ou menos. Para construção deste tipo de elemento, pretende-se

realizar a impressão diretamente na placa, aumentando assim sua exatidão.

Destaca-se que o estudo de uma célula unitária é importante, pois a partir disto,

pode-se computacionalmente prever o comportamento de um arranjo de células,

ganhando assim bastante tempo computacional.

3.4 Técnicas de Análise para Células LHs

Para o estudo de estruturas metamateriais, existem alguns modelos de análise para

sua verificação, estre eles estão a utilização do modelo de Drude e a extração de

parâmetros usando software de simulação de onda completa, que foi o modelo utilizado

para realizar os estudos deste trabalho.

O modelo de Drude [46] consiste num modelo matemático que baseia-se em

utilizar as frequências plasmônicas dos laminados metálicos para poder estimar os valores

dos parâmetros constitutivos. Em adição, o modelo ainda trabalha com um coeficiente de

Page 41: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

26

atenuação de forma a tentar minimizar as discrepâncias entre as respostas calculadas e

reais.

O segundo modelo de análise é um método robusto para obter-se os parâmetros

constitutivos efetivos partindo da análise em frequência dos coeficientes de reflexão (S11)

e de transmissão (S12) da estrutura desejada. Basicamente, utilizam-se softwares para

extração dos parâmetros da matriz de espalhamento [S], a partir desses dados é possível

encontrar os parâmetros constitutivos efetivos do material. Deve-se considerar que,

dependendo do setup de simulação, é possível obter respostas dependentes de fatores

como a condutividade do laminado metálico, a espessura de substrato dielétrico, a

elasticidade e a flexibilidade do substrato, além da temperatura. Este segundo método

pode ainda ser dividido em três outros modelos encontrados na literatura [43] – [45], em

que cada um deles utiliza uma base de cálculos um pouco diferente.

Dentro do segundo modelo de análise, existe o método proposto por [43] que será

apresentado a seguir. Partindo da teoria apresentada em [31], é possível determinar

equações que relacionam os parâmetros de [S], como mostram as Equações 3.1 e 3.2.

𝑆11 =𝑅01(1−𝑒𝑗2𝑛𝑘0𝑑)

1−𝑅012 𝑒𝑗2𝑛𝑘0𝑑

(3.1)

𝑆12 =(1−𝑅01

2 )𝑒𝑗𝑛𝑘0𝑑

1−𝑅012 𝑒𝑗2𝑛𝑘0𝑑

(3.2)

Em que n é o índice de refração, k0 é o número de onda, d é a maior dimensão de

um dos lados da célula unitária e 𝑅01 =ƞ − 1

ƞ + 1⁄ .

Considerando que a estrutura metamaterial é um meio passivo, é necessário que a

parte real da impedância de onda e a parte imaginária do índice de refração sejam

positivas. Invertendo as Equações 3.1 e 3.2, pode-se determinar a impedância de onda e

o índice de refração, demonstrados pelas Equações 3.3 e 3.4 respectivamente.

Page 42: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

27

𝜂 = √(1+𝑆11)

2−𝑆122

(1−𝑆11)2−𝑆12

2 (3.3)

𝑛 =1

𝑘0𝑑{[𝐼𝑚{ln(𝑒𝑗𝑛𝑘0𝑑)} + 2𝜋𝑚] − 𝑗[𝑅𝑒{ln(𝑒𝑗𝑛𝑘0𝑑)}]} (3.4)

Em que m é um termo inteiro que está relacionado com a parte real de n dentro da

função logarítmica. Este termo m é responsável por minimizar divergências nos

resultados que apresentam a parte imaginária do índice de refração negativa. A seleção

do valor de m neste trabalho foi um valor nulo, visto que os valores obtidos para as partes

complexas de n foram todos positivos.

Com esta técnica, é possível usar simuladores computacionais para obtenção dos

parâmetros da matriz [S], e partindo deles aplicar a teoria apresentada em [31] para

alcançar os valores efetivos de 𝜺 e µ, que podem ser vistos nas Equações 3.5 e 3.6.

𝜀𝑒𝑓𝑓 = 𝑛/𝜂 (3.5)

𝜇𝑒𝑓𝑓 = 𝑛𝜂 (3.6)

Ainda dentro da segunda técnica de análise para estruturas LH existe o modelo

proposto por [44], que usando a teoria do meio efetivo com aplicação de uma matriz de

transformação [T], possui o índice de refração determinado pela Equação 3.7, a partir dos

coeficientes de reflexão e de transmissão que são representados pelas Equações 3.8 e 3.9,

respectivamente, enquanto o restante das expressões se mantém igual a [43].

𝑛 =1

𝑘0𝑑acos [

1

2𝑆12(1 − 𝑆11

2 + 𝑆122 )] (3.7)

𝑆11 = 𝑗1

2(1

𝜂− 𝜂) sin (𝑛𝑘0𝑑) (3.8)

Page 43: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

28

𝑆12 =1

cos(𝑛𝑘0𝑑)−𝑗1

2(1

𝜂+𝜂)sin (𝑛𝑘0𝑑)

(3.9)

A proposta realizada em [44] é interessante, pois apresenta uma solução para

meios não homogêneos, ou seja, meios em que 𝑆11 ≠ 𝑆22 e 𝑆12 ≠ 𝑆21, o que pode vim a

ocorrer em estruturas metamateriais, tornando assim este modelo mais realista.

Ainda dentro do segundo modelo de análise, outra técnica interessante que pode

ser destacada é o método proposto por [45], onde as permissividades e as permeabilidades

podem ser descritas pelas Equações 3.10 e 3.11.

𝜀𝑒𝑓𝑓 =2

𝑗𝑘0𝑑(1−𝑆11−𝑆12

1+𝑆11+𝑆12) (3.10)

𝜇𝑒𝑓𝑓 =2

𝑗𝑘0𝑑(1+𝑆11−𝑆12

1−𝑆11+𝑆12) (3.11)

O diferencial desta proposta é que ela possibilita a obtenção dos valores de

permissividade e permeabilidade de forma direta, sem que seja necessária a obtenção dos

parâmetros n e 𝜂.

3.4.1 Validação da Formulação Utilizada

Para validar a formulação utilizada para caracterizar as células LH deste trabalho

foram realizadas simulações com as células apresentadas em [43], ilustradas na Figura

3.2, de modo que deseja-se obter resultados coerentes e concordantes com o trabalho.

Um aspecto importante neste tipo de simulação é a análise das condições de

contorno. A ideia por trás delas é estudar o comportamento de uma célula unitária e a

partir disso prever o comportamento de um arranjo de células com menor esforço

computacional. Portanto, elas devem ser cuidadosamente aplicadas, de modo que a

simulação apresente resultados corretos. As condições de contorno aplicadas no trabalho

serão condições de contorno periódicas, baseadas em uma arquitetura Master/Slave.

Ressalta-se que a aplicação de condições de contorno convencionais (Perfect E e Perfect

Page 44: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

29

H) também seriam válidas, pois a célula analisada possui forma cúbica, contudo, a opção

pela arquitetura Master/Slave se deu pelo fato dela poder cobrir de forma adequada

estruturas de geometria mais complexa, além de também ser capaz de especificar os

vetores de reprodução de acordo com a geometria da célula [43], [44]. Para a aplicação

dessas condições de contorno, devem-se utilizar as faces da caixa de ar paralelas ao campo

elétrico, além disso é necessário aplicar as condições Slave em faces opostas as condições

Master. Portanto, para a realização correta das condições de contorno, existirão duas faces

do cubo de ar como Master e duas faces com condição Slave. Conforme esquematizado

pela Figura 3.4.

(a) (b)

Figura 3.4 Condições de Contorno Periódicas Master/Slave: (a) Posicionamento das

condições de fronteira Master I e Slave I e (b) Posicionamento das condições de

fronteira Master II e Slave II.

Fonte: Autor (2020)

O funcionamento deste tipo de condição de contorno é bastante simples,

basicamente Master e Slave servem como marcadores de posição e trabalham sempre

juntos. O Master atua como um ponto inicial, enquanto o Slave atuaria como um ponto

final, o intervalo entre eles será replicado infinitamente no eixo do conjunto. Ao introduzir

a arquitetura Master/Slave em todas faces laterais do cubo de ar, se está criando um plano

infinito, formado pela célula unitária que está dentro dos limites das condições de

contorno. Este truncamento computacional é responsável por apresentar uma resposta

aceitável de um arranjo, baseado em um elemento unitário.

Master I

Slave I

Master II

Slave II

Page 45: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

30

A Figura 3.5 representa a Figura 3.4 sem aplicação de condições de contorno,

percebe-se que o esforço computacional para simular esta estrutura seria muito maior do

que analisar um único elemento.

Figura 3.5 Arranjo de Células Unitárias

Fonte: Autor (2020)

Outro ponto importante na análise de projeto de células unitárias é o tipo de

excitação associado a ela. Para o estudo em elementos unitários comumente podem ser

utilizados dois tipos de excitações pertinentes, são elas as Wave Ports e as Floquet Ports.

Estas duas portas funcionam direcionando uma onda incidente que será propagada ao

longo da região delimitada pelas condições de contorno, como mostra a Figura 3.6.

Figura 3.6 Modelo de Excitação

Fonte: Autor (2020)

Port II

Port I

Page 46: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

31

A primeira opção de excitação, como comentado, é a Wave Port. Ela é equivalente

a um guia de ondas semi-infinito que excitará a estrutura com uma onda incidente

perpendicular à superfície da porta [43]. A segunda opção é a utilização de Floquet Ports,

que são aplicadas exclusivamente para estruturas periódicas, e que ao contrário das Wave

Ports, criam uma incidência oblíqua das ondas, e esta incidência é de extrema importância

no caso em que a direção de propagação da onda incidente está na direção da

periodicidade. Para estes casos a Wave Ports, não estará hábil para excitar corretamente

a estrutura por que os planos paralelos a estrutura estarão preenchidos com as condições

de contorno Master/Slave [43], [47]. Outra vantagem das Floquet Ports sobre as Wave

Ports é que as Wave Ports não são capazes de especificar qualquer informação sobre os

modos propagados, enquanto que as Floquet Ports fornecem a porcentagem de energia

transferida por um modo específico [47]. Dito isto, o modo de excitação escolhido para o

trabalho foi a utilização de Floquet Ports, o que permitiu garantir simulações mais

corretas. Ainda sobre as Floquet Ports, elas são especificadas por dois índices modais,

que podem possuir ambos valor zero, e polarização, o que remeteria a um modo TE00 por

exemplo. Estes tipos de modos de propagação são chamados de modos especulares, que

são basicamente duas ondas planas polarizadas ortogonalmente, propagadas normalmente

para o plano do arranjo. Para simulações, estes modos especulares são suficientes [47].

Além das condições de contorno e das excitações adequadas, deve-se levar em

consideração todos os outros parâmetros de simulação utilizados, de modo a se conseguir

convergências adequadas. Para este trabalho, foram utilizados no máximo vinte passos,

com ΔS máximo de 0,05. Além disso, foram realizados refinamentos, de 30% por passo,

na malha inicial que define a estrutura.

Após todos os ajustes realizados, foram obtidos os resultados que são apresentados

e comparados com [43] nas Figuras. 3.7 – 3.10.

Page 47: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

32

Figura 3.7 Reprodução das Magnitudes dos Coeficientes de Reflexão e

Transmissão de [43]: (a) Reproduzido e (b) Original.

Fonte: Autor (2020)

Pode-se observar na Figura 3.7, que representa a reprodução das magnitudes dos

coeficientes de reflexão e transmissão, que o formato da curva se assemelha ao do estudo

original, contudo, percebe-se que a frequência de ressonância da estrutura está levemente

defasada.

Figura 3.8 Reprodução das Fases dos Coeficientes de Reflexão e Transmissão de [43]:

(a) Reproduzido e (b) Original.

Fonte: Autor (2020)

(a) (b)

(a) (b)

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

-2,8

-2,3

-1,8

-1,3

-0,8

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

Rad

ian

os

Frequência (GHz)

fase (S11)

fase (S12)

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

0,1

0,3

0,5

0,7

0,9

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0A

mp

litu

de

Frequência (GHz)

mag (S11)

mag (S12)

Page 48: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

33

A Figura 3.8 apresenta a reprodução das fases obtidas no trabalho original, e mais

uma vez nota-se a semelhança entre as curvas.

Figura 3.9 Reprodução das Partes Reais de Permissividade e Permeabilidade de [43]:

(a) Reproduzido e (b) Original.

Fonte: Autor (2020)

Na Figura 3.9 é apresentada a reprodução das partes reais de εeff e μeff, e na Figura

3.10 são apresentadas as partes reais de n e η. Como pode-se analisar em todos os casos,

existem pequenas diferenças nas frequências de ressonância entre os dados reproduzidos

e os dados originais, contudo percebe-se que os formatos das ondas permanecem

semelhantes.

Figura 3.10 Reprodução das Partes Reais do Índice de Refração e da Impedância de

Onda de [43]: (a) Reproduzido e (b) Original.

Fonte: Autor (2020)

(a) (b)

(a) (b)

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

-15

-13

-11

-9

-7

-5

-3

-1

1

3

5

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

Am

pli

tud

e

Frequência (GHz)

Re {eeff}

Re {meff}

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

-5,3

-4,7

-3,3

-2,7

-1,3

-0,7

0,7

1,3

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

Am

pli

tude

Frequência (GHz)

Re {n}

Re {h}

Page 49: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

34

De fato, a reprodução de um trabalho é sempre difícil de ser realizada, uma vez

que existem fatores que podem levar a uma convergência diferente do que foi obtido no

trabalho original, como por exemplo, dimensões descritas incorretamente no trabalho,

versões de softwares diferentes para simulação das estruturas e também a diferença entre

os parâmetros de simulação utilizados. Contudo, percebe-se que o padrão das curvas se

assemelha bastante, confirmando então a formulação proposta por [43], desta forma, os

resultados obtidos foram satisfatórios, e a formulação utilizada no trabalho está coerente

com a apresentada, sendo esta utilizada para realizar a análise das células LH deste

trabalho.

3.5 Projeto de Células Unitárias e EBG

Para a realização do projeto das células unitárias o primeiro passo é escolher uma

frequência de operação em que deseja-se que a estrutura tenha um comportamento

metamaterial. Neste trabalho a frequência de 5.8 GHz foi a escolhida. A partir disso,

pode-se desenvolver diversos modelos de células e analisar seu comportamento em

frequência. Inicialmente será estudado o caso de células metamateriais baseadas em

estruturas SRR, pois como já comprovadas em literatura [7], [14], [31], [43] – [45] podem

fornecer um meio metamaterial.

3.5.1 Células Metamateriais Baseadas em SRR com EBG

O modelo de células unitárias metamateriais mais simples e difundido é o modelo

que utiliza a funcionalidade de estruturas ressoadoras SRR. Para a construção dessas

estruturas diversos fatores devem ser levados em consideração, como por exemplo, a

dimensão da célula, a geometria do ressoador, a frequência de operação e a espessura do

substrato. A construção desta célula tomou como referência os trabalhos apresentados em

[43], [44].

Nos primeiros projetos com metamateriais [7], [14], [43] – [45] trabalhava-se com

substratos dielétricos de FR4 com espessura ℎ = 0.25𝑚𝑚, o que é um valor muito menor

do que o comumente utilizado, que possui espessura ℎ = 1.6𝑚𝑚. Ao tentar produzir

células com espessura de 1,6mm percebeu-se que a estrutura perdia suas características

Page 50: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

35

de metamaterial. Dito isto, para contornar este problema, foram aplicadas técnicas EBG,

onde furos de ar foram introduzidos de forma periódica no substrato dielétrico, e

verificou-se que a estrutura voltou a operar como metamaterial [48], visto que os furos

do EBG diminuem a permissividade efetiva do conjunto “dielétrico-ar”, compensando

assim o aumento da espessura do substrato dielétrico.

Outra modificação proposta foi utilizar um SRR quadrado externo e um SRR

circular interno, formando uma célula assimétrica, em relação aos anéis ressoadores, pois

dessa forma existiria uma capacitância mútua variável entre os dois anéis, criando uma

flexibilidade de projeto maior [48].

Figura 3.11 Célula Metamaterial Baseada em SRR

Fonte: Autor (2020)

A Figura 3.11 ilustra o modelo de célula metamaterial proposto que possui suas

dimensões descritas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 Valores das Dimensões da Célula MTM Baseada em SRRs

Dimensão A B C g r_ext r_in d’ h H

Valor

(mm) 2,5 2,2 1,8 0,3 0,75 0,55 0,5 1,6 1,5

Fonte: Autor (2020)

g

r_ext

r_in

A

BC

d’

Page 51: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

36

Após simulação computacional, pode-se analisar na Figura 3.12 os parâmetros S11

e S12 obtidos, levando em consideração o modo fundamental obtido a partir da Floquet

Port, que é o modo que conta com maior energia [44].

(a) (b)

Figura 3.12 Parâmetros da matriz [S]: (a) Magnitude e (b) Fase.

Fonte: Autor (2020)

Aplicando o algoritmo computacional, seguindo o modelo de [43], é possível

obter as curvas do índice de refração e da impedância de onda, mostradas na Figura 3.13.

Figura 3.13 Partes Reais dos Índices de Refração e da Impedância de Onda.

Fonte: Autor (2020)

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Mag

nit

ude

Frequência (GHz)

S11

S12

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Fas

e em

Rad

ianos

Frequência (GHz)

S11

S21

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Am

pli

tude

Frequência (GHz)

Re {n}

Re {h}

Page 52: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

37

Por fim, pode-se representar as curvas de permissividade e permeabilidade,

conforme mostra a Figura 3.14.

Figura 3.14 Valores Reais de Permissividade e Permeabilidade Efetivas

Fonte: Autor (2020)

Relacionando os resultados obtidos da célula modificada, com os resultados

obtidos nas células comuns [43], [44], que foram projetadas para operar em uma única

banda estreita próxima a 10.0 GHz (10.2 a 11.0 GHz), percebe-se que, mantendo as

mesmas larguras e comprimentos, foi possível criar duas bandas em que a estrutura opera

como metamaterial, uma de 5.0 a 7.8 GHz e outra de 9.2 a 15.0 GHz. Observa-se também

que as duas bandas metamateriais produzidas possuem bandas mais largas, que podem

ser aplicadas a diversos sistemas atuais.

Outro aspecto positivo obtido por meio da célula proposta foi a criação de

estruturas metamateriais para frequências mais baixas com dimensões de frequências

altas, visto que geralmente trabalha-se com metamateriais em frequências superiores. A

questão da dimensão torna-se um aspecto positivo, pois na medida em que a inserção de

mais células ressoadoras ocorre, haverá um aumento do momento de dipolo elétrico e

magnético sobre estas estruturas, aumentando assim a amplitude negativa do arranjo

metamaterial [7], o que resultará em efeitos mais evidentes, como por exemplo a criação

de modos artificiais com energia considerável. Contudo, devido as pequenas dimensões

5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

Am

pli

tude

Frequência (GHz)

Re {eeff

}

Re {meff

}

Page 53: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

38

do SRR interno, a construção deste tipo de célula se torna inviável para uso em conjunto

com EBG.

Pelas simulações, verificou-se que a banda metamaterial de frequência inferior

está ligada diretamente a distribuição e ao diâmetro dos furos de ar inseridos, o que sugere

que esta banda possa ser melhorada ou atenuada, de acordo com o EBG inserido no

substrato dielétrico.

3.5.2 Células Metamateriais Baseadas em Tocos com EBG

Além de estruturas ressoadoras, outra forma de se obter uma estrutura

metamaterial é utilizar combinações de laminados metálicos baseados em tocos para

casamento de impedância. Para isto utilizam-se segmentos de tocos como apresenta a

Figura 3.15.

Figura 3.15 Célula Metamaterial Composta por Segmentos de Tocos

Fonte: Reproduzido de [19] (2019)

A grande vantagem deste tipo de construção, em comparação as estruturas com

ressoadores SRR, é que as dimensões físicas para a mesma frequência tornam-se

levemente maiores e mais fáceis de serem manipuladas, facilitando assim o processo de

construção, além de viabilizarem o uso em conjunto com EBG.

Dentre as células baseadas em segmentos de tocos, destacam-se as chamadas

células CLL (do inglês Capacitive Loaded Loop) [49], como mostra a Figura 3.16. Este

tipo de células se adequa ao trabalho por possibilitar perfeitamente a criação dos furos de

ar do EBG, devido ao seu formato.

Page 54: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

39

Figura 3.16 Célula Metamaterial CLL

Fonte: Adaptado de [49] (2020)

Este tipo de célula se torna atrativa pois ela permite modificar seus parâmetros,

como comprimento e largura dos braços, de forma a se ter mais opções para criar uma

estrutura metamaterial que opere na faixa de frequência desejada. Portanto, este tipo de

célula se torna mais adequada para a proposta deste trabalho.

3.6 Substrato MTM/EBG Aplicado em Antena Planar

Para caracterização do substrato, utilizou-se o método de análise que baseia-se na

extração dos coeficientes da matriz S para obtenção dos valores efetivos de

permissividade, permeabilidade, índice de refração e impedância de onda, por meio da

teoria proposta em [31].

Para a criação das células SRR foi utilizada como modelo a célula proposta em

[49], que com modificações, pode ser vista na Figura 3.17.

Figura 3.17 Célula MTM/EBG

Fonte: Autor (2020)

g

c

d

a

b

D

th

Page 55: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

40

Para o projeto considerou-se uma antena planar que opera na frequência de 5.8

GHz. Na Figura 3.18 pode-se observar um fluxograma que representa o passo a passo do

projeto e da simulação das células metamateriais.

Figura 3.18 Fluxograma de Atividades

Fonte: Autor (2020)

Seguindo o fluxograma, as seguintes dimensões para a célula, podem ser

visualizadas na Tabela 3.2, ressaltando-se que para todas as simulações e construções de

protótipos a espessura do laminado de cobre considerada foi de 1 oz, o que equivale a

aproximadamente 35 µm.

Tabela 3.2 Valores das Dimensões da Célula MTM/EBG

Dimensão a b c d t H g D

Valor (mm) 3,8 2,0 0,65 1,7 0,2 1,6 2,5 1,2

Fonte: Autor (2020)

Com as simulações computacionais da célula e aplicação do fluxograma da Figura

3.18, seguindo o modelo de [43], pode-se analisar as partes reais da permissividade

elétrica e da permeabilidade magnética, como mostra a Figura 3.19.

Não

Sim

Resultados Coerentes

e Satisfatórios

Projeto de Células Unitárias e EBG

Aplicação das Condições de

Contorno e Excitações Adequadas

Aplicação de Algoritmo

Computacional

Obtenção dos Coeficientes de Reflexão

(S11) e Transmissão (S21)

Obtenção de 𝜺, µ, n e ƞ

Fim

Page 56: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

41

Figura 3.19 Partes Reais da Permissividade Elétrica e Permeabilidade Magnética.

Fonte: Autor (2020)

A Figura 3.20 mostra os resultados obtidos referentes as partes reais do índice de

refração e da impedância de onda do arranjo de células proposto.

Figura 3.20 Partes Reais do Índice de Refração e da Impedância de Onda.

Fonte: Autor (2020)

Analisando a Figura 3.19, percebe-se que na frequência de 5,8 GHz, ambos os

valores de permissividade e permeabilidade são negativos, com -4,49 e -0,73

respectivamente. Pode-se ainda notar na Figura 3.20 que o índice de refração para

2.5 5.0 7.5 10.0

-20

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

Am

pli

tude

Frequência (GHz)

Re {eeff}

Re {meff}

Freq: 5.8 GHz

Valor: -4.49

Freq: 5.8 GHz

Valor: -0.73

2.5 5.0 7.5 10.0

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

Am

pli

tude

Frequência (GHz)

Re {n}

Re {h}

Freq: 5.8 GHz

Valor: -5.47

Freq: 5.8 GHz

Valor: 0.09

Page 57: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

42

frequência de interesse é -5.47, enquanto a impedância de onda é sempre positiva,

portanto, o arranjo de células está adequado para o projeto em estruturas que operem em

5.8 GHz.

Após a validação teórica do arranjo metamaterial proposto, e a aplicação deste

arranjo em uma estrutura planar que opera na frequência de interesse, surgem discussões

sobre os efeitos causados, que serão abordadas no capítulo seguinte.

Page 58: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

43

Capítulo 4

Substrato MTM/EBG Aplicado em Antena

de Microfita Retangular

Este capítulo é destinado a apresentar e discutir os resultados obtidos pela

aplicação da célula metamaterial CLL com EBG na antena de microfita retangular para a

frequência de 5.8 GHz.

A antena de microfita escolhida para servir de parâmetro comparativo foi a de

patch retangular em razão de ser a geometria mais difundida deste tipo de antena. A

Figura 4.1 representa o esquema da antena com substrato MTM/EBG, enquanto suas

dimensões são apresentadas na Tabela 4.1.

(a) (b)

Figura 4.1 Esquema da Antena com Substrato Metamaterial: (a) Vista Frontal e (b)

Vista Lateral.

Fonte: Autor (2020)

X

YW

L

dx

dy

f

L1

L2

Patch Retangular Furos de Ar

Células

MTM

Plano de Terra

Page 59: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

44

Tabela 4.1 Valores das Dimensões da Antena com Substrato MTM/EBG

Dimensão X Y dx dy W L f L1 L2

Valor (mm) 41,6 29,2 4,0 4,0 16,0 10,0 6,5 1,6 1,6

Fonte: Autor (2020)

Durante o processo de construção dos protótipos foi realizada a corrosão do cobre

pelo percloreto de ferro em conjunto com a utilização de uma Router CNC, o que

possibilitou o gradeamento de furos do EBG. A Figura 4.2 mostra as etapas de construção

do protótipo do arranjo metamaterial, enquanto a Figura 4.3 apresenta a antena com o

arranjo MTM inserida nela.

(a) (b) (c)

Figura 4.2 Protótipo do Arranjo de Células Metamateriais: (a) Células Impressas

Diretamente no Substrato com Impressão UV, (b) Células após Processo de Corrosão e

(c) Células com Gradeamento EBG.

Fonte: Autor (2020)

(a) (b) (c)

Figura 4.3 Protótipo da Antena MTM para 5,8 GHz: (a) Camada Superior do Substrato

com Gradeamento EBG, (b) Antena com Substrato MTM/EBG e (c) Plano de Terra da

Antena.

Fonte: Autor (2020)

Page 60: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

45

Destaca-se novamente que as antenas construídas neste trabalho utilizaram como

base de substrato o FR4 padrão, que possui constante dielétrica 4,4 e tangente de perda

igual a 0,02. Enfatiza-se ainda que a espessura de cada camada de FR4 utilizada foi de

1,6mm, totalizando assim uma antena com espessura de 3,2mm. Além disto, considera-

se a antena padrão como sendo a que possui as mesmas dimensões da antena proposta,

porém sem técnicas EBG ou MTM.

4.1. Coeficiente de Reflexão

O coeficiente de reflexão é um parâmetro muito importante em antenas de

microfita. Ele relaciona a onda refletida com a onda incidente, descrevendo a quantidade

de reflexão que ocorreu no meio de transmissão. Também descrito como (S11), o

coeficiente de reflexão permite a visualização da ressonância da antena no espectro de

frequências. A Figura 4.4 apresenta a comparação entre o coeficiente de reflexão da

antena proposta com o da antena padrão.

Figura 4.4 Comparativo entre os Coeficientes de Reflexão das Antenas Padrão e

Proposta.

Fonte: Autor (2020)

3 4 5 6 7 8 9

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

Co

efic

ien

te d

e R

efle

xão

(d

B)

Frequência (GHz)

Antena proposta

Antena padrão

Modo

espúrio Modo

fundamental

Modo

espúrio

Modo

(TM02)

BW1

BW2

BW3 BW4 BW5

Page 61: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

46

Percebe-se que a introdução do substrato MTM/EBG provocou claramente uma

melhora no casamento de impedância dos modos fundamental e TM02, além disso

observa-se o surgimento de modos espúrios entre os modos naturais da antena. Outro

efeito causado pelo substrato utilizado foi o aumento da largura de banda, que é uma das

características de células metamateriais do tipo CLL [50]. A tabela 4.2 resume alguns

dados obtidos a partir da Figura 4.4.

Tabela 4.2 Valores das Dimensões da Antena com Substrato MTM/EBG

Frequências de

ressonância

(GHz)

S11

(dB)

Larguras de banda

(MHz)

Antena Padrão 5,8 -20,45 BW1 – 440,0

Antena Proposta

5,8 -30,6 BW2 – 700,0

6,6 -13,6 BW3 – 200,0

7,6 -27,0 BW4 – 280,0

8,7 -11,6 BW5 – 100,0

Fonte: Autor (2020)

Como pode-se observar, para o modo fundamental, na frequência central de 5,8

GHz houve um aumento significativo da largura de banda. O que na antena sem substrato

MTM/EBG era de 440 MHz, passou a ser 700 MHz, com um melhor casamento de

impedância, em razão justamente da inserção do substrato metamaterial. Notou-se

também que, para o modo TM02, a antena padrão não apresentava ressonância, e ao inserir

o novo substrato este modo de propagação se mostrou presente.

Após a análise deste parâmetro da antena, serão apresentados a seguir os

resultados obtidos com o estudo da impedância da antena.

Page 62: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

47

4.2. Impedância

O estudo de impedância é normalmente realizado com a carta de Smith, que foi

criada por Phillip H. Smith, e é um auxilio gráfico para resolução de problemas de linhas

de transmissões de uma forma mais simples. A utilização desta carta é de extrema

importância, pois ela mostra o comportamento de uma impedância complexa ao longo de

uma linha de transmissão, isto possibilita extrair alguns parâmetros importantes de

maneira mais simplificada, como por exemplo, a introdução de um toco para casamento

de impedâncias, ou até mesmo a obtenção de SWR, da perda de retorno, dentre outros. A

Figura 4.5 mostra a carta de Smith para as antenas padrão e a proposta, considerando-se

uma impedância de normalização de 50 Ω.

Figura 4.5 Carta de Smith para as Antenas Padrão e Propostas.

Fonte: Autor (2020)

0.2 0.5 1.0 2.0 5.0

-0.2j

0.2j

-0.5j

0.5j

-1.0j

1.0j

-2.0j

2.0j

-5.0j

5.0j

1.73368 -3.32824

1.65926 -3.1996

1.59079 -3.07643

1.52768 -2.95839

1.46942 -2.84512

1.41553 -2.73632

1.36562 -2.6317

1.31934 -2.53098

1.27635 -2.43393

1.2364 -2.34029

1.19921 -2.24987

1.16458 -2.16245

1.1323 -2.07786

1.1022 -1.99593

1.07411 -1.91649

1.04791 -1.8394

1.02346 -1.76454

1.00067 -1.69178

0.97942 -1.62101

0.95966 -1.55214

0.94132 -1.48508

0.92436 -1.41977

0.90877 -1.35613

0.89457 -1.2941

0.88181 -1.2336

0.87058 -1.17452

0.86097 -1.11671

0.85308 -1.05993

0.84696 -1.0039

0.84253 -0.94826

0.83958 -0.89272

0.83782 -0.83713

0.83692 -0.78148

0.8367 -0.7259

0.83704 -0.67057

0.83797 -0.61566

0.83958 -0.5613

0.842 -0.50755

0.84535 -0.45446

0.84976 -0.40201

0.85532 -0.35022

0.86215 -0.29907

0.87033 -0.24856

0.87996 -0.1987

0.8911 -0.14951

0.90385 -0.10103

0.91828 -0.05331

0.93447 -0.00643

0.95248 0.03955

0.97238 0.08449

0.99422 0.12828

1.01804 0.17077

1.04387 0.21179

1.07172 0.25114

1.10156 0.28861

1.13336 0.32399

1.16702 0.35704

1.20242 0.3875

1.2394 0.41515

1.27775 0.43973

1.33164 0.45734

1.37841 0.46678

1.41808 0.47129

1.45134 0.47323

1.47912 0.47419

1.50239 0.47522

1.522 0.47699

1.53866 0.47994

1.553 0.48439

1.5655 0.49056

1.57662 0.49867

1.58674 0.50896

1.59623 0.52169

1.60551 0.53722

1.61507 0.55594

1.62554 0.57838

1.63778 0.60512

1.65303 0.63682

1.673 0.6741

1.70012 0.71742

1.73775 0.76677

1.79041 0.82115

1.86389 0.87769

1.96494 0.93025

2.10003 0.96747

2.27202 0.97071

2.47347 0.91375

2.67721 0.76889

2.83129 0.52473

2.87388 0.21024

2.77243 -0.10197

2.55242 -0.33328

2.27921 -0.44451

2.01584 -0.4433

1.80011 -0.36128

1.64653 -0.23271

1.55599 -0.08639

1.52206 0.05389

1.53129 0.16768

1.56041 0.24108

1.57903 0.27683

1.56627 0.2993

1.5264 0.33855

1.48077 0.40863

1.44855 0.50576

1.43886 0.61945

1.45351 0.74037

1.49128 0.86223

1.55033 0.98116

1.62916 1.09465

1.72687 1.20077

1.843 1.29765

1.97744 1.38315

2.13015 1.45461

2.30091 1.50876

2.489 1.5416

2.69285 1.54844

2.90955 1.52404

3.13443 1.46301

3.36069 1.36037

3.57916 1.21251

3.7786 1.01823

3.94647 0.77993

4.0704 0.50434

4.14002 0.20261

4.14894 -0.11063

4.09599 -0.41914

3.98548 -0.70736

3.82629 -0.96256

3.63014 -1.17615

3.40964 -1.344

3.17665 -1.46594

2.94118 -1.5447

2.71099 -1.58481

2.49158 -1.59164

2.28648 -1.57062

2.09769 -1.52683

1.92609 -1.46475

1.77179 -1.38819

1.63444 -1.30031

1.51342 -1.20366

1.40802 -1.10031

1.31754 -0.99194

1.24133 -0.87992

1.17885 -0.76545

1.12966 -0.64959

1.09343 -0.53342

1.06989 -0.41808

1.05873 -0.30485

1.05949 -0.19522

1.07139 -0.09089

1.09309 0.00632

1.12245 0.09471

1.15636 0.17315

1.19085 0.24174

1.22165 0.30253

1.24532 0.35991

1.26065 0.42019

1.26972 0.49031

1.27799 0.576

1.29332 0.68026

1.32431 0.80278

1.37907 0.94025

1.46442 1.08711

1.58574 1.23611

1.74694 1.37858

1.9504 1.50435

2.19638 1.60159

2.48212 1.6568

2.80047 1.65543

3.1385 1.58341

3.47677 1.42987

3.79463 1.18194

4.05656 0.83443

4.22038 0.41425

4.26099 -0.03905

4.17459 -0.47719

3.97998 -0.85675

3.71089 -1.14996

3.40467 -1.34765

3.09336 -1.45536

2.79981 -1.48687

2.53788 -1.45861

2.31458 -1.38622

2.13246 -1.28312

1.99158 -1.16037

1.89076 -1.02704

1.82824 -0.89091

1.80185 -0.75909

1.80884 -0.63849

1.84532 -0.53601

1.90574 -0.45827

1.98237 -0.41091

2.0653 -0.39735

2.14323 -0.41756

2.20516 -0.46719

2.24248 -0.53788

2.25068 -0.61879

2.22994 -0.6988

2.18433 -0.76861

2.12033 -0.82189

2.04514 -0.85546

1.96546 -0.8687

1.88692 -0.86275

1.81384 -0.83975

1.74949 -0.80222

1.69626 -0.75282

1.656 -0.69413

1.63023 -0.62871

1.62029 -0.55918

1.6274 -0.48843

1.65266 -0.41979

1.69676 -0.3573

1.7597 -0.30581

1.84015 -0.27104

1.93478 -0.25918

2.03757 -0.27603

2.13962 -0.32561

2.22984 -0.4084

2.29682 -0.52008

2.33149 -0.65149

2.32944 -0.79039

2.29185 -0.92426

2.22448 -1.04303

2.13561 -1.14052

2.03381 -1.21448

1.92647 -1.26565

1.81916 -1.29651

1.71561 -1.31035

1.61805 -1.31047

1.52757 -1.29991

1.44452 -1.28122

1.36879 -1.25649

1.29999 -1.22736

1.2376 -1.19511

1.18106 -1.1607

1.12981 -1.12488

1.08331 -1.0882

1.04106 -1.05107

1.00263 -1.0138

0.96761 -0.9766

0.93565 -0.93964

0.90644 -0.90302

0.87972 -0.86684

Antena padrão

Antena proposta

m1

m2

m3

m4

m5

m6

Page 63: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

48

Como complemento da carta de Smith na Figura 4.5, a Tabela 4.3 apresenta os

valores dos marcadores de frequência.

Tabela 4.3 Marcadores da Carta de Smith

Marcador Frequência

(GHz)

Impedância normalizada

(Zc – 50 Ω)

m1 5,80 0,8252 – j0,0126

m2 7,63 1,6997 – 0,6940

m3 5,80 0,9345 – j0,0064

m4 6,67 1,5560 – j0,0864

m5 7,63 1,0714 – j0,0904

m6 8,72 1,6968 – j0,3573

Fonte: Autor (2020)

Analisando-se os dados da carta de Smith juntamente com os dados prévios do

coeficiente de reflexão, percebe-se que a antena padrão não conseguiu alcançar a

ressonância na frequência de 7,63 GHz, devido ao péssimo casamento de impedância

obtido (1,6997 – j0,6940), equivalente a aproximadamente 85 – j35Ω, quando o ideal é

50 ohms. Comparando-se m1 com m3, confirma-se a melhoria no casamento de

impedância no modo fundamental (5,8 GHz) visto no coeficiente de reflexão. A

introdução do substrato metamaterial atuou melhorando a impedância da antena padrão

de 41,2 – j0,6Ω para 47 – j0,3Ω, aproximando a parte real do valor de 50Ω e diminuindo

a parte reativa que, idealmente, deve ser nula. A mesma análise pode ser realizada entre

os marcadores m2 e m5, referentes ao modo TM02 na frequência de 7,63 GHz, onde

percebe-se que a introdução do substrato MTM/EBG modificou a impedância de próximo

de 85,0 – j35,0Ω para 53,57 – j4,5Ω, justificando assim o aparecimento do modo TM02

no gráfico de coeficiente de reflexão para frequência de 7,63GHz. Em adição, os

marcadores m4 e m6 representam as impedâncias obtidas a partir dos modos espúrios

gerados nas frequências de 6,67GHz e 8,72GHz respectivamente. O marcador m4

apresentou impedância de aproximadamente 78,0 – j4,0Ω, enquanto o marcador m6

apresentou impedância de 85,0 – j18,0Ω. Registra-se que todos valores obtidos possuem

perfil capacitivo, isto é, com as partes reativas todas negativas.

Page 64: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

49

O estudo obtido a partir da carta de Smith, pode ainda ser realizado por meio do

gráfico das partes reais e imaginárias da impedância da antena. Na Figura 4.6, é

apresentado um gráfico comparativo entre as partes reais e imaginárias da impedância da

antena padrão com a da antena proposta.

Figura 4.6 Representação em Diagrama Retangular da Carta de Smith para as Antenas

Padrão e Propostas.

Fonte: Autor (2020)

A mesma análise de valores, realizada na carta de Smith, pode ser aplicada na

Figura 4.6. Os traços verticais representam as frequências de ressonância de interesse, e,

neste diagrama, percebe-se mais facilmente que a inserção do substrato metamaterial

alterou a impedância total da antena, o que resultou no surgimento de outros modos

ressonantes.

2 4 6 8 10

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

Imp

edân

cia

(W)

Frequência (GHz)

Re {Z} - SC

Im {Z} - SC

Re {Z} - SM

Im {Z} - SM

SC - Substrato Convencional

SM - Substrato Metamaterial

6,67 7,63 8,72

Page 65: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

50

4.3. Ganho e Diagrama de Radiação

O ganho de uma antena e seu diagrama de radiação são dois parâmetros inter-

relacionados. Quanto ao ganho, é importante ressaltar que ele está ligado a intensidade da

radiação emitida pela mesma.

“O ganho de uma antena (em uma

determinada direção) é definido como a razão da

intensidade, em uma determinada direção, com a

intensidade da radiação que seria obtida se a

potência recebida pela antena fosse irradiada

isotropicamente.” [32]

Já o diagrama de radiação de uma antena tem um sentido mais amplo e está

relacionado com uma representação do espalhamento do campo elétrico emitido pela

antena no espaço.

(O Diagrama de radiação é) “uma função

matemática ou uma representação gráfica das

propriedades de radiação da antena como uma

função de coordenadas espaciais. Na maioria dos

casos, o padrão de radiação é determinado na

região do campo distante e é representado em

função das coordenadas direcionais. Propriedades

de radiação incluem densidade do fluxo de

potência, intensidade de radiação, intensidade de

campo, diretividade, fase ou polarização.” [32]

Page 66: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

51

A Figura 4.7 apresenta o ganho da antena padrão utilizada neste trabalho, em que

percebe-se que o ganho máximo atingido por esta antena foi de 6,43 dB na frequência de

5,8 GHz, um valor razoável, considerando que este tipo de antena possui o ganho

relativamente baixo.

Figura 4.7 Ganho 3D da Antena Padrão.

Fonte: Autor (2020)

Para a análise dos ganhos da antena com substrato MTM/EBG torna-se

interessante estudar tais valores em todas as frequências de ressonância que a antena

apresentou. Dito isso, a Figura 4.8 ilustra os ganhos da antena proposta para as

frequências de ressonância obtidas.

Page 67: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

52

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4.8 Ganho 3D da Antena Proposta: (a) Ganho em 5,8 GHz, (b) Ganho em 6,67

GHz, (c) Ganho em 7,63 GHz e (d) Ganho em 8,72 GHz.

Fonte: Autor (2020)

Analisando-se os ganhos alcançados, percebe-se inicialmente que na Figura 4.8b,

que representa um modo espúrio, o ganho obtido foi de -2,87 dB. Este ganho, por ser

muito baixo significa que para a frequência de 6,67 GHz esta antena não é eficaz em

realizar a conversão “energia ↔ ondas”. O mesmo pode ser observado na Figura 4.8c,

que apesar de ter apresentado bons resultados nos gráficos de coeficiente de reflexão e na

carta de Smith, mostrou um ganho relativamente baixo de 0,73 dB para a frequência de

7,63 GHz. Ao estudar o caso do segundo modo espúrio na frequência de 8,72 GHz obteve-

se um ganho de 2,08 dB, este nível de ganho já demonstra que para esta frequência a

conversão “energia ↔ ondas” já se torna melhor e esta faixa de frequências pode ser de

fato utilizadas em algumas aplicações. Analisando o modo fundamental, que é o de maior

interesse devido possuir a maior concentração de energia, percebe-se que foi possível a

Page 68: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

53

obtenção de um ganho de 5,92 dB na frequência de projeto de 5,8 GHz. Comparando-se

com o ganho obtido com a antena padrão (6,49 dB), mostrado na Figura 4.7, nota-se que

houve uma leve redução no seu valor máximo. Este fato já era um fator previsível e

esperado, em virtude do substrato MTM/EBG possuir laminados metálicos, o que,

teoricamente, aumenta as perdas obtidas na mesma. De toda forma, o ganho obtido de

5,92 dB continua sendo um valor relativamente bom, em se tratando deste tipo de antena,

podendo assim ser utilizada em aplicações nesta faixa de frequências.

A Figura 4.9 ilustra um comparativo do diagrama de radiação entre a antena

padrão e a antena proposta para a frequência fundamental de 5,8 GHz.

Figura 4.9 Diagrama de Radiação com Ângulo de Meia Potência das Antenas Padrão e

Proposta

Fonte: Autor (2020)

Examinando o diagrama da Figura 4.9 é possível perceber que a antena proposta

obteve um leve aumento no espalhamento do campo elétrico. Um meio para verificação

disto é o estudo do ângulo de meia potência, que é definido como o ângulo formado pelos

pontos no diagrama de radiação em que a potência radiada é igual a metade da potência

30º

60º

90º

120º

150º

180º

210º

240º

270º

300º

330º

0 dB

5 dB

10 dB

15 dB

20 dB

25 dB

Re{E}_Antena padrão

Re{E}_Antena proposta

70.95º

74.86°

Page 69: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

54

radiada na direção principal, por isto este ângulo também é denominado ângulo de 3dB,

ou ângulo de -3dB.

Constata-se que houve um aumento de aproximadamente quatro graus no ângulo

de meia potência na antena proposta em relação a antena padrão, provando a leve abertura

da antena nos planos horizontal e vertical. Em relação a intensidade no lóbulo principal,

nota-se que ambos permaneceram semelhantes, 24 dB para a antena padrão e 23,6 dB

para a antena proposta. A maior diferença entre os dois diagramas é percebida nas

proximidades do lóbulo traseiro, em que a antena padrão demonstra um comportamento

normal enquanto a antena com substrato MTM/EBG apresenta maior espalhamento nesta

região. Isto pode estar associado ao próprio princípio de funcionamento dos

metamateriais, que baseia-se em reflexões, tornando assim o lóbulo traseiro mais

suscetível a alterações, uma vez que houve um aumento na distribuição de campo elétrico

no plano de terra. Além disso, a introdução de furos de ar no substrato dielétrico também

pode contribuir para este efeito, pois com a diminuição da permissividade efetiva do

material, ocorre um aumento no campo de franjeamento, o que pode levar ao aumento do

lóbulo traseiro.

Na Figura 4.10 é apresentado o diagrama de radiação da antena proposta para as

demais frequências de ressonância obtidas.

Figura 4.10 Diagrama de Radiação dos Modos Superiores

Fonte: Autor (2020)

0º 10º20º

30º

40º

50º

60º

70º

80º

90º

100º

110º

120º

130º

140º

150º

160º170º180º190º

200º

210º

220º

230º

240º

250º

260º

270º

280º

290º

300º

310º

320º

330º

340º350º

0 dB

5 dB

10 dB

15 dB

20 dB

Re{E}_6.67 GHz

Re{E}_7.63 GHz

Re{E}_8.72 GHz

Page 70: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

55

Pela Figura 4.10, verifica-se que o modo gerado em 6,67 GHz possui menor

intensidade, conforme esperado, após analisar-se os ganhos destes modos. Outro aspecto

interessante é que o lóbulo traseiro do segundo modo espúrio na frequência de 8,72 GHz

mostrou-se relativamente maior que os outros lóbulos traseiros dos demais modos. O

ângulo de meia potência obtido para as frequências de 6,67 GHz, 7,63 GHz e 8,72 GHz

foram 65,6°, 134,5° e 88,4° respectivamente.

4.4. Distribuição de Campo Elétrico

A distribuição de campo elétrico nos elementos da antena é um parâmetro bastante

importante, pois a partir de sua análise é possível não só determinar qual modo está sendo

propagado em tal frequência, como também verificar as influências causadas diretamente

por técnicas utilizadas, seja EBG, metamateriais, dentre outras.

A Figura 4.11 apresenta a distribuição de campo elétrico no elemento radiante e

no plano de terra da antena padrão, na frequência de 5,8 GHz.

(a) (b)

Figura 4.11 Distribuição de Campo Elétrico da Antena Padrão: (a) no Patch e (b) no

Plano de Terra.

Fonte: Autor (2020)

Page 71: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

56

Percebe-se, a partir da Figura 4.11, que a distribuição de corrente no patch e no

plano de terra possuem um mesmo padrão. Este comportamento é o esperado, uma vez

que a antena padrão não possui nenhum elemento que venha a causar variações bruscas

na distribuição de campo elétrico.

A Figura 4.12 demonstra o comportamento da distribuição de campo elétrico na

antena com substrato MTM/EBG, na frequência de 5,8 GHz.

(a) (b)

Figura 4.12 Distribuição de Campo Elétrico da Antena Proposta: (a) no Patch e (b) no

Plano de Terra.

Fonte: Autor (2020)

Verifica-se que a distribuição de campo elétrico no elemento radiante da antena

permaneceu basicamente com o mesmo padrão, este modo é identificado como o modo

TM10, devido ao número de semiciclos ao longo do patch. Por outro lado, observa-se em

relação a Figura 4.11b, uma perturbação na distribuição de campo do plano de terra,

podendo ser associada a CLL (destacados em vermelho). Este campo que é observado nas

proximidades do patch é um campo elétrico induzido pelo campo elétrico do elemento

radiante e é responsável por criar o efeito de aumento na largura de banda na frequência

fundamental [57]. Além disso, nas frequências superiores este campo elétrico é intenso o

suficiente para acarretar o surgimento dos modos espúrios nas frequências de 6,67 GHz

e 8,72 GHz. Como o aparecimento destes modos está ligado diretamente ao tipo de

substrato utilizado, estes modos são denominados de modos artificiais [57].

Page 72: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

57

Na Figura 4.13 é possível analisar a distribuição de campo elétrico para as demais

frequências de ressonância da antena proposta.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 4.13 Distribuição de Campo Elétrico dos Modos Superiores da Antena Proposta:

(a) no Patch na Frequência de 6,67 GHz, (b) no Plano de Terra na Frequência de 6,67

GHz, (c) no Patch na Frequência de 7,63 GHz, (d) no Plano de Terra na Frequência de

7,63 GHz, (e) no Patch na Frequência de 8.72 GHz e (f) no Plano de Terra na

Frequência de 8,72 GHz.

Fonte: Autor (2020)

Page 73: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

58

Percebe-se na Figura 4.13c e 4.13d, que representam o modo TM02, que o

comportamento é similar ao da Figura 4.12, porém o campo elétrico que surge nas laterais

do elemento radiante possui maior intensidade.

Ao analisar o primeiro modo artificial, na frequência de 6,67 GHz, nas Figuras

4.13a e 4.13b, nota-se que além do campo elétrico gerado nas proximidades laterais do

patch, começam a aparecer outras regiões com intensidades de campo elétrico

consideráveis. O mesmo pode ser identificado nas Figuras 4.13e e 4.13f, onde surgem

cada vez mais regiões com campos elétricos induzidos.

Finalmente, observou-se que conforme a frequência de ressonância aumenta, as

células metamateriais vão atuando como uma extensão do elemento radiante,

funcionando como pequenos patches, criando assim modos artificiais. Além disso, outro

ponto que merece ser mencionado é a importância da periodicidade das células propostas,

respeitando a teoria de estruturas metamateriais, pois pode-se perceber que os campos

artificiais formados são completamente simétricos em relação ao eixo y, como pode ser

observado na Figura 4.13.

4.5. Distribuição de Corrente nas Células MTM/EBG

O estudo da distribuição de corrente nas células propostas é importante pois serve

para comprovar que as regiões de campo elétrico comentadas na Seção 4.4 ocorrem

devido as células MTM/EBG.

Ressalta-se que é a densidade de corrente nas regiões de interesse que irá interferir

diretamente nos parâmetros da antena proposta. E a partir do estudo de densidade

superficial de corrente, pode-se averiguar que, conforme a intensidade da corrente nas

células MTM/EBG vai aumentando, as perdas também crescem, provando mais uma vez

o fato das células criarem perdas adicionais na antena.

A Figura 4.14 apresenta as distribuições de corrente na superfície das células

MTM/EBG.

Page 74: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

59

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.14 Densidade Superficial de Corrente nas Células: (a) na Frequência de 5,80

GHz, (b) na Frequência de 6,67 GHz, (c) na Frequência de 7,63 GHz e (d) na

Frequência de 8,72 GHz.

Fonte: Autor (2020)

Percebe-se que na Figura 4.14a, a densidade de corrente nas células está mais

próxima do elemento radiante da antena, confirmando o fato do campo elétrico artificial

na frequência de 5,8 GHz ser menor. Na Figura 4.14b, é possível verificar que a densidade

de corrente nas células é maior exatamente nas regiões onde identificam-se os modos

artificiais. Na frequência de 7,63 GHz, como mostra a Figura 4.14c, observa-se que ocorre

um aumento na densidade superficial de corrente ao lado do patch. Por fim, na Figura

4.14d, que representa a distribuição de corrente em 8,72 GHz, nota-se um aumento da

densidade de corrente em mais células espalhadas pelo substrato, explicando assim o

surgimento dos campos elétricos artificiais mostrados na Seção anterior. Nota-se que a

Figura 4.14a exibiu os menores valores de intensidade de corrente e em poucas regiões,

portanto, das quatro frequências, esta foi a que teve a menor perda em relação a antena

padrão. Por outro lado, a Figura 4.14b, apresentou maiores valores de intensidade, e em

várias regiões, desta forma, como esperado, a frequência de 6,67 GHz foi a que obteve

maiores perdas. Isto corrobora coerentemente os resultados dos ganhos obtidos pela

antena proposta.

Page 75: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

60

4.6. Diagrama de Dispersão

Com a utilização de substratos EBG, torna-se necessário o estudo das bandas

proibidas ocasionadas por estas estruturas. A análise destas estruturas é realizada com

auxílio do diagrama de dispersão, também conhecido como diagrama de Brillouin.

A zona de Brillouin é a região mais fundamental que permite descrever o vetor de

propagação em uma célula unitária periódica. A partir de seu estudo, se for possível se

definir todos os vetores de propagação dentro da região delimitada, então pode-se obter

todas as características da estrutura periódica [51]. Dessa forma, o diagrama de Brillouin

é uma análise do caminho realizado de Γ para X, X para M e finalizando com M para Γ,

conforme apresentado na Figura 4.15.

Figura 4.15 Caminho Realizado para Obtenção do Diagrama de Dispersão.

Fonte: Adaptado de [51] (2006)

Em outras palavras, o diagrama de Brillouin é uma representação gráfica da curva

da constante de propagação versus frequência, e a partir da sua análise é possível obter a

informação de quanto deslocamento de fase um determinado material apresenta em certa

frequência.

Como comentado, o diagrama de dispersão se divide basicamente em três curvas,

Γ para X, X para M e M para Γ, contudo este diagrama é comumente apresentado de

forma completa, em que estas três curvas são simultaneamente mostradas. A Figura 4.16

ΓX

M

kx

ky

Região de Brillouin

Page 76: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

61

mostra o diagrama de dispersão completo para a estrutura utilizada como substrato para

a antena proposta.

Figura 4.16 Diagrama de Dispersão Completo.

Fonte: Autor (2020)

Conforme mostra a Figura 4.16, foram estudados os cinco primeiros modos, não

espúrios, de propagação para construção do diagrama de dispersão. Percebe-se, que o

substrato proposto, de fato tem propriedades de EBG, pois os furos de ar introduzidos

criaram duas regiões de rejeição de ondas eletromagnéticas, a primeira faixa de 6,0 GHz

a 9,0 GHz, e a segunda faixa de 11,8 GHz a 13,1 GHz. Contudo, foi verificado que dentre

as frequências da primeira banda proibida, existem dois modos sendo propagados, o modo

espúrio na frequência de 6,67 GHz e o modo TM02 na frequência de 7,63 GHz, ou seja, o

efeito da estrutura metamaterial foi capaz de criar, por meio da perturbação do campo

elétrico nestas frequências, propagação de backward waves, mesmo em bandas proibidas.

Além disso, pode-se perceber que o diagrama de Brillouin confirma a natureza

LH do material dielétrico para os Modos 1 e 2, ou seja, a inclinação destas curvas é

negativa, e, de fato, a caracterização da célula metamaterial mostrou que ela opera como

material LH na faixa de frequências de 3,5 GHz a pouco mais de 10 GHz.

0

5

10

15

20

25

30F

req

uên

cia

(GH

z)

4,2b (rad)

Modo: 1

Modo: 2

Modo: 3

Modo: 4

Modo: 5

Modo: Ar

G X GM

Banda Proibida

Banda Proibida

Page 77: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

62

Capítulo 5

Conclusões e Trabalhos Futuros

Neste trabalho foi realizado um estudo de novos modelos de células metamateriais

que funcionam em conjunto com um arranjo EBG. Este estudo foi realizado por meio de

simulações computacionais em que foi possível analisar mais detalhadamente o

comportamento da célula, considerando os dados do coeficiente de reflexão, do

coeficiente de transmissão, do índice de refração, da impedância de onda, da

permissividade e da permeabilidade efetivas do material.

Com o avanço deste estudo, não foi notado nenhum efeito característico de

estruturas EBG, como por exemplo a supressão de modos superiores. Por outro lado, a

adição do EBG se mostrou importante no ajuste da faixa de frequência em que a estrutura

opera como metamaterial, visto que sem a aplicação desta técnica a estrutura não teria

valores negativos de permissividade.

Inicialmente, foram estudadas células modificadas do tipo SRR, compostas por

dois anéis ressoadores, um interno e outro externo, e usada a técnica EBG. Verificou-se

que este tipo de célula apresentou duas bandas que possuem características metamateriais.

Contudo, constatou-se que para as frequências mais baixas, a construção desta célula se

torna inviável, já que as suas pequenas dimensões dificultam a alocação dos furos do EBG

na posição correta.

Outro estudo realizado neste trabalho foi em relação a células do tipo CLL. Este

tipo de célula demonstrou ter apenas uma banda de frequência em que opera como

metamaterial, apesar de ser uma banda mais larga. Ela possui uma construção

razoavelmente mais simples, além de possibilitar maior facilidade da introdução do

gradeamento EBG. Após o estudo da célula, realizou-se um estudo da aplicação desta

célula em uma antena de microfita retangular, e com base nos resultados que foram

obtidos, verificou-se a ocorrência de alguns efeitos pertinentes nas respostas da antena.

Page 78: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

63

Com a introdução do substrato metamaterial, percebeu-se que, além da largura de

banda do modo fundamental ter sido incrementada, houve uma melhoria no casamento

de impedância para os modos TM10 e TM02. Além disso, é possível observar, a partir do

gráfico do coeficiente de reflexão, que também ocorreu o surgimento de dois modos

artificiais. Estes modos tiveram surgimento atribuído diretamente às células

metamateriais, conforme foi mostrado nos gráficos de distribuição de campo elétrico e

distribuição de corrente. Outro ponto de interesse sobre o estudo foi perceber que o ganho

na antena proposta foi levemente menor que o ganho da antena de referência.

Ainda que o efeito do aumento da largura de bandas provocado devido substratos

metamateriais já seja algo conhecido [50], os substratos habitualmente utilizados são mais

caros e de difícil acesso e manipulação, o que não se aplica ao substrato proposto neste

trabalho, que apresenta características metamateriais, mesmo com materiais comumente

usados, e isso deve-se a introdução de técnicas EBG em conjunto com técnicas de

construção de estruturas metamateriais.

Dito isso, surgem algumas sugestões para trabalhos e estudos futuros, dentre elas,

destacam-se:

Analisar novos modelos de células metamateriais para aplicações em

dispositivos planares;

Estudar a distribuição e periodicidade dessas células;

Utilizar algoritmo inteligente para caracterização dessas estruturas

metamateriais.

Empregar algoritmos inteligentes para antever melhor a distribuição do

EBG e das células metamateriais.

Verificar o efeito deste substrato na resposta de outros elementos planares,

tais como as linhas de microfita e os filtros planares.

Page 79: Análise de Células Unitárias Com Metamaterial Utilizando

64

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