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ANÁLISE DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES VEGETAIS DO BAIRRO CENTRO DA CIDADE DE SÃO JOSÉ DE PIRANHAS - PB. Flávio Henrique Tavares de Albuquerque Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pelo Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande, campus Cajazeiras – PB. E-mail: [email protected] Fernando de Sousa Gonçalves Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pelo Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande, campus Cajazeiras – PB. E-mail: [email protected] 1 INTRODUÇÃO O processo de urbanização mundial tem se mantido num ritmo acelerado decrescimento. De acordo com relatórios da Organização das Nações Unidas no ano de 2008 a taxa de pessoas que vivem em cidades superou a das pessoas que habitam o campo, e a tendência é continuar ocorrendo aumento da urbanização. No Brasil, a taxa de urbanização, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atingiu 84,36% (dados do Censo Demográfico 2010). Esse processo acaba gerando uma grande valorização da cidade. Bonametti (2003, p. 52) destaca que: “A cada dia, a cidade vem ganhando mais destaque e interesse na vida de cada indivíduo, uma vez que, passo a passo, a humanidade caminha para uma vida eminentemente urbana [...]”. Com um número cada vez maior de pessoas buscando as zonas urbanas em busca de trabalho e melhores condições de vida, a cidade torna-se o centro das decisões políticas, econômicas e culturais. Em função do modo de vida urbano, a cidade tende cada vez mais a se distanciar da natureza e dos benefícios que ela traz aos seus moradores. Para Gonçalves, Camargo e Soares (2012, p. 02), “O ambiente urbano deveria ser um local onde a sensação de conforto do usuário fosse alcançada, no entanto, em muitos casos, os ambientes urbanos não oferecem condições adequadas de conforto, seja ele térmico, acústico, luminoso ou

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ANÁLISE DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES VEGETAIS DO BAIRRO CENTRO DA CIDADE DE SÃO JOSÉ DE PIRANHAS - PB.

Flávio Henrique Tavares de Albuquerque Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pelo Centro de Formação de

Professores da Universidade Federal de Campina Grande, campus Cajazeiras – PB. E-mail: [email protected]

Fernando de Sousa Gonçalves

Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pelo Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande, campus Cajazeiras – PB.

E-mail: [email protected]

1 INTRODUÇÃO

O processo de urbanização mundial tem se mantido num ritmo acelerado

decrescimento. De acordo com relatórios da Organização das Nações Unidas no ano de

2008 a taxa de pessoas que vivem em cidades superou a das pessoas que habitam o

campo, e a tendência é continuar ocorrendo aumento da urbanização. No Brasil, a taxa

de urbanização, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atingiu

84,36% (dados do Censo Demográfico 2010).

Esse processo acaba gerando uma grande valorização da cidade. Bonametti

(2003, p. 52) destaca que: “A cada dia, a cidade vem ganhando mais destaque e

interesse na vida de cada indivíduo, uma vez que, passo a passo, a humanidade caminha

para uma vida eminentemente urbana [...]”. Com um número cada vez maior de pessoas

buscando as zonas urbanas em busca de trabalho e melhores condições de vida, a cidade

torna-se o centro das decisões políticas, econômicas e culturais.

Em função do modo de vida urbano, a cidade tende cada vez mais a se distanciar

da natureza e dos benefícios que ela traz aos seus moradores. Para Gonçalves, Camargo

e Soares (2012, p. 02), “O ambiente urbano deveria ser um local onde a sensação de

conforto do usuário fosse alcançada, no entanto, em muitos casos, os ambientes urbanos

não oferecem condições adequadas de conforto, seja ele térmico, acústico, luminoso ou

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visual [...]”.As grandes construções, a poluição visual, a sonora, a atmosférica, a

pavimentação das ruas, e a consequente impermeabilização do solo,tudo isso provoca

desconforto e problemas para quem reside na cidade.

Nesse contexto, a vegetação pode ajudar a tornar o ambiente urbano um lugar

mais aprazível, com mais qualidade de vida para os moradores, contribuindo tanto na

parte estética, o embelezamento da urbe, como na ambiental, além de remeter ao modo

de vida campestre. Tudo isso mostra a importância desse elemento natural como

componente necessário ao espaço urbano.

2 OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo analisar as principais espécies vegetais

do Bairro Centro da cidade de São José de Piranhas - PB, identificando-as e

caracterizando-as. No entanto, inicialmente procuramos mostrar a importância da

vegetação para a dinâmica urbana, tanto na parte paisagística como na parte ambiental.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no município de São José de Piranhas-PB. Segundo a

CPRM (2005) está localizado no extremo oeste da Paraíba, limitando-se a Leste com

Carrapateira e Aguiar, ao Sul Monte Horebe, Serra Grande e São José de Caiana, a

Norte Cajazeiras, Nazarezinho e Cachoeira dos Índios e a Oeste com Barro no estado do

Ceará. Ocupa uma área de 697,9 km². A sede municipal possui uma altitude de 320 m e

coordenadas geográficas 38º 30’ 07” longitude Oeste e 07º 07’ 15” de latitude Sul.

A cidade está localizada no Bioma denominado Caatinga, no alto sertão

paraibano. A vegetação é caracterizada por espécies de pequeno porte, apresentando

xeromorfismo, ou seja, possui adaptações fisiológicas que permitem a sobrevivência à

época de estiagem. Nessa área se destaca a presença de cactáceas, arbustos e árvores de

pequeno a médio porte. O clima típico é o semiárido quente e seco de acordo com a

classificação de Koppen (1956). A pluviometria apresenta escassez e irregularidades na

distribuição, com médias anuais 849 mm/ano (CPRM, 2005).

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A metodologia utilizada baseou-se em uma pesquisa descritiva, pautada em um

estudo de caso, onde analisamos as principais espécies vegetais, identificando-as e

caracterizando-as nas ruas de maior movimento do bairro Centro na sede do município

de São José de Piranhas-PB.

Devido à grande extensão do bairro Centro, decidimos escolher as principais

ruas de acesso deste para a realização do presente trabalho. Inicialmente durante a

pesquisa utilizamo-nos de um levantamento bibliográfico acerca do tema em questão,

para isso buscamos um maior enriquecimento teórico em livros e artigos científicos

disponibilizados na internet, além disso, recorremos também à saída ao campo,

possibilitando a identificação das principais espécies vegetais existentes.

4 IMPORTÂNCIA ESTÉTICA E AMBIENTAL DA VEGETAÇÃO PARA O

AMBIENTE URBANO

Esteticamente a vegetação ajuda a tornar a cidade um local mais atraente para os

moradores, rompendo com a monotonia da paisagem urbana. Bonametti (2003, p. 52)

enfatiza que: “[...] Nos dias atuais, a presença da vegetação dentro dos centros urbanos

vem adquirindo extrema importância, pois quebra a artificialidade do meio [...]”. A

arborização torna o ambiente urbano mais agradável para quem nele reside.

Além do embelezamento proporcionado pelas diversas espécies vegetais, a

vegetação possibilita uma valorização econômica das construções, das propriedades,

dos arruamentos, até mesmo de determinado bairro (OLIVEIRA 1996). Para Gonçalves,

Camargo e Soares (2012), a presença da vegetação favorece a intensificação do uso e

funções do espaço urbano, das áreas de convívio social, pois a preferência para a

realização das mais diversas atividades se voltam para as áreas arborizadas.

Nos centros urbanos, a falta de vegetação pode acarretar inúmeros desconfortos

para os habitantes, especialmente de ordem climática, uma vez que a ausência da

arborização causa principalmente: “[...] maior incidência de radiação solar direta,

aumento da temperatura do ar, redução da umidade, modificação da direção dos ventos,

aumento da emissão de radiação de onda longa, alteração dos ciclos de precipitação

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[...]” (GONÇALVES; CAMARGO; SOARES 2012, p. 03).Tudo isso justifica, portanto

a importância ambiental da vegetação para a cidade.

A própria estrutura da cidade modifica o clima, em razão das áreas calçadas e

impermeabilizadas, o que tende a tornar a camada de ar mais quente nos centros

urbanos do que nas áreas rurais. Dessa forma, a presença da vegetação contribui de

maneira significativa para o controle da temperatura, atenuando grande parte da

radiação incidente, seja em grupo, ou mesmo indivíduos isolados (SHAMS;

GIACOMELI; SUCOMINE, 2009).

O controletérmico é a função mais importante da arborização, uma vez que o

sombreamento proporcionado pelas árvores reduz as temperaturas de superfície dos

objetos sombreados, além do que a vegetação retira calor do meio e o transforma, não o

armazenando (FURTADO, 1994 apud SHAMS; GIACOMELI; SUCOMINE, 2009).

Além do controle da temperatura, a absorção de ruídos, diminuindo a poluição

sonora, a melhoria na qualidade do ar, em razão da absorção do gás carbônico e

liberação do gás oxigênio, o fornecimento de abrigo e alimento aos animais (MELLO

FILHO, 1985 e MILANO, 1987 apud GONÇALVES; CAMARGO; SOARES 2012),

são funções que mostram a importância ambiental que a vegetação desempenha na

dinâmica urbana. Agregando todas as funções, tanto estéticas como ambientais, a

vegetação desempenha um papel fundamental na qualidade de vida urbana.

5 RESULTADOS DA PESQUISA

Os arruamentos escolhidos para análise das espécies vegetais se constituem

comoalgumas das principais vias de ligação do bairro Centro, com grande circulação de

pessoas e veículos. São elas: a Rua Prefeito Joaquim Assis, a Rua Juvêncio Andrade, a

Rua Inácio Lira, a Rua Sabino Nogueira e a Rua Sabino Cipriano, todas orientadas no

sentido oeste-leste.

Nestas ruas foi encontrada certa variedade de espécies, porém cinco em especial

se destacam:a Azadirachtaindica A. Juss (Neem Indiano), o Ficus benjamina (Figueira),

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o Peltophorum dubium (Canafístula), a Terminalia catappa (Castanhola) e

Prosopisjuliflora(Algaroba). Estas se constituem nas plantas mais utilizadas pela

população.

A Azadirachta indica A. Juss, conhecida popularmente como Nim (ou Neem nos

países de língua inglesa), é originária da Índia e pertence à família Meliaceae. O porte

da árvore pode variar de 15 a 20 m de altura, com tronco semi-reto a reto, de 30 a 80 cm

de diâmetro, relativamente curto e duro, com fissuras e escamas, de coloração marrom-

avermelhada (MOSSINI e KEMMELMEIER, 2005).

Ainda segundo Mossini e Kemmelmeier (2005), são árvores atrativas, com

grande quantidade de folhas sempre verdes; o sistema radicular é composto por uma

raiz pivotante, isso possibilita a retirada de água e nutrientes de grandes profundidades,

além de raízes laterais auxiliares; as flores são pequenas, brancas e bissexuadas e os

frutos são lisos e elipsoides. Pode ser utilizada na agricultura como pesticida, na

pecuária, como repelente e pode ser utilizada inclusive na medicina.

Essa planta cresce bem em áreas de clima tropical e subtropical. No Nordeste

brasileiro tem sido largamente utilizada na arborização urbana. Na cidade de São José

de Piranhas nos últimos anos o seu uso cresceu de forma exorbitante e hoje é umas das

espécies mais utilizadas nas ruas da urbe, especialmente devido ao seu rápido

crescimento. Nas ruas analisadas, sua presença chega a ser majoritária em relação a

outras espécies. Por se tratar de uma planta exótica, sua utilização tem gerado

discussões a respeito dos malefícios que eventualmente possa ocasionar para o clima e a

vegetação local.

Outra espécie bastante encontrada ruas do Centro é a Ficus benjamina,

popularmente chamada de Figueira. Esta árvore tem origem exótica, mais precisamente

vindo da Índia e Malásia, sendo introduzida no Brasil em meados da década de 70

(SANTOS E RAMALHO, 1997 apud SILVA, 2010). Vale salientar que o gênero fícus

abrange mais de 850 espécies, caracterizadas pela fácil adaptação aos mais variados

ambientes, no qual se distribui em áreas tropicais e sub-tropicais (PERELLÓ et al.,

2000 apudSILVA, 2010).

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Pudemos observar que a Ficus benjaminaapresenta características próprias, no

qual foi possível detectar árvores de porte médio entre 10 e 15 m, folhas sempre verde e

que nunca caem por completo. Neste contexto através das observações pudemos

comparar o conteúdo analisado com dados de autores, comoFachinello et al., (2005

apud SILVA, 2010), que aponta a altura máxima de 30 m que Ficus benjamina pode

chegar, claro,em ambiente ideal para o seu desenvolvimento, além das características

perenifólias de sua folhagem.

São José de Piranhas-PB não diferente de muitas cidades brasileiras, optou pelo

uso desta espécie na ornamentação urbana, pelo fato do rápido crescimento, do visual

verde durante todo ano, além da rápida adequação desta árvore ao semiárido. Porém

medidas de cuidado devem ser adotadas, uma vez que, cultivada em ambientes

residenciais fechados (quintais, muros) podem ser altamente destrutíveis para este

espaço. Santos e Ramalho (1997apud SILVA, 2010), apontam que a Ficus benjamina

possui um forte desenvolvimento da raiz, podendo ocasionar uma vez cultivada em

locais fechados a destruição de pisos, tubulações ou qualquer outra edificação

residencial, para tanto, apontam que o ideal é a sua plantação em parques.

Figura 01: Utilização do Nim Indiano na rua Figura 02: Espécie Ficus benjamina na rua

Juvêncio Andrade. Prefeito Joaquim Assis.

Fonte: acervo pessoal dos autores, 2014. Fonte: acervo pessoal dos autores, 2014.

A TerminaliacatappaLinntambém é bastante utilizada nas ruas em estudo. Trata-

se de uma planta arbórea pertencente à família Combretaceae, originária da Malásia e

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conhecida popularmente como: castanhola, amendoeira, chapeú-de-sol, guarda-chuva,

chapéu-de-praia, amêndoa-da-índia, amendoeira-do-pará, árvore-da-noz, sete-copas e

noz-da praia (LORENZI, 2003 apud SANCHES, 2009).

Lima (2012, p. 20) apresenta suas principais características:

A árvore Terminalia catappa Linn., de 6-12 metros de altura, pode chegar até 20 metros, possui copa muito característica em formato piramidal, porém com os ramos secundários dispostos horizontalmente em verticilos ao longo do tronco principal, dando a impressão de camadas. O tronco é curto e canelado, com casca áspera de cor acinzentada. Apresenta folhas coriáceas, simples, com nervuras bem visíveis, de 20-30 cm de comprimento, concentradas na extremidade dos ramos e que adquirem coloração amarelada ou avermelhada antes de caírem.

Assim como o nim, tambémse trata deuma espécie exótica que se adaptou as

condições climáticas e edáficas do nosso país, estando presente desde as áreas litorâneas

até o clima semiárido. A castanhola é uma das espécies utilizadas há mais tempo na

arborização da cidade de São José de Piranhas, porém aos poucos tem dado espaço a

outras espécies, principalmente o nim indiano.

Outra espécie muita antiga na região do estudo, e bastante encontrada nas

principais ruas centrais de São José de Piranhas-PB é a Peltophorum dubium,

popularmente chamada de Canafístula. Este tipo de árvore que é nativa, é muito

utilizada no que diz respeito à arborização de ambientes urbanos.

A Canafístula pertence a um grupo hierárquico de classificação, obedecendo a

seguinte ordem: família da Caesalpiniaceae (Leguminosae: Caesalpinioideae), a ordem

das Fabales, a classe da Magnoliopsida (Dicotiledonae) e a divisão da Magnoliophyta

(Angiospermae) (EMBRAPA, 2002). Apresenta características próprias que a definem,

como por exemplo, o porte desta espécie varia de região para região podendo atingir em

média de 10 a 20 metros na fase juvenil, já na fase adulta pode atingir até 40 m, o

diâmetro do tronco (que possui formato cilíndrico) pode variar entre 35 e 90 cm, sendo

registrada a ocorrência de espécies que atingiram 120 cm. (EMBRAPA, 2002).

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É de suma importância salientar que a altura da espécie em estudo encontrada

nas ruas centrais de São José de Piranhas-PB, é em média 10 m, típicas de formações na

região nordeste. Outro ponto que pudemos analisar é quanto à folhagem que a mesma

apresenta, em outras palavras, caducifólias, a folha desta espécie cai totalmente durante

o inverno. A casca da Canafístula possui coloração marrom, de aparência rugosa

“velha”, com cortes nos sentidos longitudinais, internamente sua estrutura é pouco

fibrosa e bastante resistente (EMBRAPA, 2002).

É bastante utilizada em razão do seu crescimento. A Canafístula cresce

rapidamente, tanto que em áreas degradadas ambientalmente o seu uso é frequente, para

uma maior recomposição da flora. Porém existe ainda a pequena parcela da população

que desaprova o cultivo da espécie, pelo fato de as folhas que caem sujarem as calçadas,

motivo pelo qual muitas vezes os moradores derrubam a Canafístula.

Figura 03: Castanholas na rua Sabino Cipriano Figura 04: Canafístulas na rua Sabino Nogueira

Fonte: acervo pessoal dos autores, 2014. Fonte: acervo pessoal dos autores, 2014.

Outra espécie que merece destaque é a Prosopisjuliflora,conhecida vulgarmente

por algaroba. Esta planta pertence à família das leguminosas (Leguminoseae, subfamília

Mimosoideae), e ao gênero Prosopis, sendo que ocorre naturalmente no México,

América Central e norte da América do Sul. No Brasil, foi introduzida em 1942, em

Serra Talhada, Pernambuco (EMBRAPA, 2009).

Ainda de acordo com a Embrapa (2009), é uma árvore espinhosa ou raras vezes

inerme, ou seja, sem espinhos, com altura de 6 a 15 metros, tronco ramificado com

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diâmetro à altura do peito de 40 a 80 centímetros e copa com 8 a 12 metros de diâmetro.

As folhas são bipinadas, com folíolos pequenos e oblongos. Os frutos são indeiscentes,

lomentos drupáceos, lineares, falcados; mesocarpo carnudo; endocarpo dividido em

compartimentos contendo uma semente em cada. As flores são pequenas, actinomorfas,

hermafroditas, de coloração branco-esverdeada, tornando-se amarela com a idade. Essa

espécie se adapta facilmente a regiões de clima pouco chuvoso.

Na cidade de São José de Piranhas também está presente na arborização das

ruas, porém, a sua utilização é bem menor do que em anos anteriores, quase

insignificante. Por se tratar de uma planta exótica, tem sido palco de discussões a

respeito do seu uso em nossa região.

Figura 05: Prosopis juliflora localizadas à rua Inácio Lira

Fonte: acervo pessoal dos autores, 2014.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo das espécies utilizadas na arborização urbana de São José de Piranhas

se mostrou de grande importância, uma vez que, a partir dele, pudemos conhecer de

forma mais profunda como ocorre essa utilização por parte dos moradores. Ficou

comprovado que, a arborização é heterogênea, tendo em vista as várias espécies que

foram encontradas nos arruamentos analisados.

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Ficou constatado também que a grande maioria das espécies em uso é exótica,

foi trazidas de outras regiões, especialmente da Ásia, sendo que, umas são utilizadas há

mais tempo, como a castanhola, e outras possuem caráter recente, a exemplo do nim.

Isso mostra o desconhecimento da população com relação à importância do plantio de

espécies nativas, do próprio bioma, ao invés de utilizar espécies que exóticas que podem

comprometer a biodiversidade local.

Além disso, mesmo a maior parte das espécies sendo exóticas, percebemos a

importância da vegetação para o embelezamento das vias públicas, como também para a

melhoria da qualidade de vida dos moradores, uma vez que, a arborização contribui

especialmente para amenizar o clima urbano, assim como para manter um hábito

bastante comum nas cidades interioranas: as conversas nas calçadas, ao fim do dia, à

sombra de uma árvore.

7 REFERÊNCIAS

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