análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Engenharia Automotiva Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos nos cubos de rodas traseiros de veículos de passeio. Autor: João Paulo Moreira Bento Orientador: Prof. Dr. Henrique Gomes de Moura Coorientador: Prof. Saleh Barbosa Khalil Brasília, DF 2014

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Page 1: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

Universidade de Brasília - UnBFaculdade UnB Gama - FGA

Engenharia Automotiva

Análise da viabilidade de adaptação de motoreselétricos nos cubos de rodas traseiros de

veículos de passeio.

Autor: João Paulo Moreira BentoOrientador: Prof. Dr. Henrique Gomes de Moura

Coorientador: Prof. Saleh Barbosa Khalil

Brasília, DF2014

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Page 3: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

João Paulo Moreira Bento

Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricosnos cubos de rodas traseiros de veículos de passeio.

Monografia submetida ao curso de graduaçãoem Engenharia Automotiva da Universidadede Brasília, como requisito parcial para ob-tenção do Título de Bacharel em EngenhariaAutomotiva.

Universidade de Brasília - UnB

Faculdade UnB Gama - FGA

Orientador: Prof. Dr. Henrique Gomes de MouraCoorientador: Prof. Saleh Barbosa Khalil

Brasília, DF2014

Page 4: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

João Paulo Moreira BentoAnálise da viabilidade de adaptação de motores elétricos nos cubos de rodas

traseiros de veículos de passeio./ João Paulo Moreira Bento. – Brasília, DF, 2014-62 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Henrique Gomes de MouraCoorientador: Prof. Saleh Barbosa Khalil

Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Brasília - UnBFaculdade UnB Gama - FGA , 2014.1. motor elétrico, motor a combustão interna, cubos de rodas, baterias. 2.

Veículo híbrido elétrico. I. Prof. Dr. Henrique Gomes de Moura. II. Prof. SalehBarbosa Khalil. III. Universidade de Brasília. IV. Faculdade UnB Gama. V.Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos nos cubos de rodastraseiros de veículos de passeio.

CDU 00:000:000.0

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João Paulo Moreira Bento

Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricosnos cubos de rodas traseiros de veículos de passeio.

Monografia submetida ao curso de graduaçãoem Engenharia Automotiva da Universidadede Brasília, como requisito parcial para ob-tenção do Título de Bacharel em EngenhariaAutomotiva.

Trabalho aprovado. Brasília, DF, em estado de avaliação:

Prof. Dr. Henrique Gomes de MouraOrientador

Prof. Saleh Barbosa KhalilCoorientador

Prof. Dr. Rudi Henri Van ElsConvidado 1

Prof. Dr. Evandro Leonardo SilvaTeixeira

Convidado 2

Brasília, DF2014

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente aos meus pais pela educação e por me ensinar que sempredevemos batalhar por aquilo que queremos. Aos meus orientadores pelo incentivo da buscaao conhecimento.

Agradeço ao programa Ciência sem Fronteiras que me proporcinou uma grandeexperiência acadêmica e pessoal.

Tenho que agradeçer aos meus amigos de Itumbiara que estiveram ao meu ladonos bons e maus momentos, sempre que precisei.

E principalmente tenho que agradecer aos amigos que fiz ao longo deste curso deengenharia pois tenho certeza que hoje estou aqui por conta do apoio de vocês.

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“Os que se encantam com a prática sem a ciênciasão como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola,

Nunca tendo certeza do seu destino.”(Leonardo da Vinci)

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ResumoVeículos híbridos elétricos são veículos que utilizam dois sistemas de propulsão, o primeirosistema tem como fonte de energia um combustível derivado do petróleo ou etanol e comoconversor o motor a combustão interna e o segundo sistema tem como fonte de energiaa energia elétrica e como conversor o motor elétrico. Este tipo de veículo visa utilizar omelhor de cada sistema fazendo com que o mesmo tenha uma bom desempenho. Estetrabalho apresenta o estudo de uma proposta de conversão de um veiculo de passeio con-vencional em um veículo híbrido de configuração em paralelo, onde serão implementadosmotores elétricos nos cubos das rodas traseiras, sendo assim nenhuma modificação seráfeita no sistema de propulsão original do veículo. Análises de custo, consumo e manutençãoserão feitas ao final do trabalho, e assim será apresentado se a proposta de implementaçãode motores elétricos nos cubos das rodas traseiras é viável ou não.

Palavras-chaves: veículo híbrido elétrico. motor no cubo da roda. motor elétrico. petró-leo. rodas traseiras.

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AbstractHybrid electric vehicles are vehicles that use two propulsion systems, the first system haveas an energy source a fuel derived from petroleum or ethanol and converter as the internalcombustion engine and the second system have as an energy source the electrical energyand converter the electric motor. This type of vehicle aims to use the best of each systemmaking it to have a good performance. This work presents the proposed conversion of aconventional vehicle in a hybrid vehicle with a parallel configuration, where electric motorsare implemented in the hubs of the rear wheels, so no one modification is made to theoriginal propulsion system of the vehicle. Cost, consumption and maintenance analyzeswill be done by the end of the work, and so will appear if the proposed implementationof electric hub motors on the rear wheels is viable or not.

Key-words: hybrid electric vehicles. hub motors. electric motor. petroleum. rear wheels.

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Lista de ilustrações

Figura 1 – O primeiro veículo elétrico produzido pela GM - EV1, retirado de(EDELSTEIN, 2013) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Figura 2 – Semper Vivus o primeiro veículo híbrido elétrico funcional da história(JANISSE; ENGELMAN, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Figura 3 – Modelo conceitual do trem de força de um veículo híbrido, adaptadode (EHSANI et al., 2005). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Figura 4 – Classificação dos VHE, adaptado de (EHSANI et al., 2005). . . . . . . 35Figura 5 – Configuração de um VHE em paralelo com dois eixos motrizes , adap-

tado de (EHSANI et al., 2005). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Figura 6 – Posição longitudinal do CG, adaptado de (NICOLAZZI; LEAL; ROSA,

2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Figura 7 – Posição vertical do CG, adaptado de (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008). 38Figura 8 – Cargas nos eixos de um veículo em uma rampa, adaptado de (NICO-

LAZZI; LEAL; ROSA, 2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Figura 9 – Cargas em um veículo em movimento, adaptado de (NICOLAZZI;

LEAL; ROSA, 2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Figura 10 – Componentes do trem de força de um veículo com tração traseira, adap-

tado de (JAZAR, 2009). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42Figura 11 – Entrada e saída de torque e velocidade angular de cada componente do

trem de força de um sistema de MCI, adaptado de (JAZAR, 2009). . . 43Figura 12 – Pneu com raio 𝑅𝑤 rolando no chão e se movendo com velocidade 𝑉𝑥 e

velocidade angular 𝜔𝑤 , adaptado de (JAZAR, 2009). . . . . . . . . . . 43Figura 13 – Interfaces de potência para escolha de um motor para VHE, adaptado

de (BOTTURA; BARRETO, 1989) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Figura 14 – Comportamento da potência e torque pela velociade de um ME, adap-

tado de (ZERAOULIA; BENBOUZID; DIALLO, 2006) . . . . . . . . . 46Figura 15 – Principais baterias utilizadas nos Ves e VHEs, adaptado de (TIE; TAN,

2013) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Figura 16 – Torque x Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Figura 17 – Potência x Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Figura 18 – Torque x Velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51Figura 19 – Cronograma de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Figura 20 – Diagrama de blocos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55Figura 21 – Diagrama QFD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Figura 22 – Modelo preliminar da adaptação feita na roda com o ME. . . . . . . . 58

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Tabela de dados do veículo utilizado, retirado de (S.A., 1996-1999). . . 49

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Lista de abreviaturas e siglas

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

VHE Veículo elétrico híbrido

MCI Motor a combustão interna

ME Motor elétrico

ABS Antilock Brake System

CD Compact Disk

GM General Motors

𝑄𝑠 Resistência ao aclive

g Aceleração gravitacional [m/𝑠2]

G Força peso total do veiculo [N=Kg·m/𝑠2]

𝛼 Aclive da pista [graus]

l Distância do entre-eixos [m]

CG Centro de Gravidade

h Altura do CG [m]

x Parcela de carga sobre o eixo traseiro

𝑎𝐼 Distância do CG ao eixo dianteiro [m]

𝑎𝐼𝐼 Distância do CG ao eixo traseiro [m]

𝑅𝑜𝐼 Reações sobre o eixo dianteiro de um veículo no plano

𝑅𝑜𝐼𝐼 Reações sobre o eixo traseiro de um veículo no plano

𝑅′𝐼 Reação vertical do eixo dianteiro medido com o carro na rampa

𝑅𝐼 Reações sobre o eixo dianteiro de um veículo parado em aclive

𝑅𝐼𝐼 Reações sobre o eixo traseiro de um veículo parado em aclive

𝑅𝐼𝑑 Reações sobre o eixo dianteiro de um veículo em movimento

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𝑅𝐼𝐼𝑑 Reações sobre o eixo traseiro de um veículo em movimento

𝐹𝑚 Força motriz total

𝐹𝑚𝐼 Força motriz no eixo dianteiro

𝐹𝑚𝐼𝐼 Força motriz no eixo traseiro

𝐹 𝑚á𝑥𝑚𝐼 Força motriz máxima em um veículo com tração dianteira

𝐹 𝑚á𝑥𝑚𝐼𝐼 Força motriz máxima em um veículo com tração traseira

𝐹 𝑚á𝑥𝑚 Força motriz máxima em um veículo com tração integral

𝑄𝑎 Resistência aerodinâmica

𝑄𝑟 Resistência de rolamento total

𝑄𝑟𝐼 Resistência ao rolamento do eixo dianteiro

𝑄𝑟𝐼𝐼 Resistência ao rolamento do eixo traseiro

𝑄𝑖 Resistência de inércia

𝑄𝑠 Resistência ao aclive

tan 𝛼 |𝐼𝑚á𝑥 Aclive máximo para veiculo com tração dianteira

tan 𝛼 |𝐼𝐼𝑚á𝑥 Aclive máximo para veiculo com tração traseira

tan 𝛼 |𝑚𝑚á𝑥 Aclive máximo para veiculo com tração integral

𝑎𝐼𝑚á𝑥 Aceleração máxima para veiculo com tração dianteira

𝑎𝐼𝐼𝑚á𝑥 Aceleração máxima para veiculo com tração traseira

𝑎𝑚𝑚á𝑥 Aceleração máxima para veiculo com tração integral

𝛿 Inércia de translação equivalente a de rotação

𝑃𝑚 Potência Máxima do Motor [W ]

𝑇𝑚 Torque Máximo do motor [N·m]

𝜔𝑚 Máxima velocidade angular quando se tem máxima potência [rad/s]

𝜔𝑒 Máxima velocidade angular quando se atinge o torque máximo [rad/s]

𝑃𝑒 Máxima potência possível de um MCI [W ]

𝑇𝑒 Torque de condução [N·m]

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𝑃1 Coeficiente da equação Função de desempenho de potência [W·s]

𝑃2 Coeficiente da equação Função de desempenho de potência [W·s2]

𝑃3 Coeficiente da equação Função de desempenho de potência [W·s3]

𝑃𝑤 Potência na roda [W ]

𝑇𝑤 Torque na roda [N·m]

𝜂 Eficiência global do sistema de transmissão

𝑛𝑖 Relação de transmissão (1𝑎 a 5𝑎 marcha)

𝑛𝑑 Relação do diferencial

𝑉𝑥 Velocidade para frente na roda [m/s]

𝑅𝑤 Raio efetivo do conjunto roda/pneu [m]

CC Corrente contínua

CA Corrente alternada

QFD Quality Function Deployment

CAD Computer-Aided Design

HP Horse Power

CV Cavalo Vapor

Km/h Quilômetros por hora

MPH Milha por hora

V Volt

W Watt

N·m Newton·metro

RPM rotações por minuto

rad/s radianos/segundo

m metro

mm milímetro

mm2 milímetro ao quadrado

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pol polegada

m/s metros/segundo

m/𝑠2 metros/segundo ao quadrado

W·s Watt·segundo

W·s2 Watt·segundo ao quadrado

W·s3 Watt·segundo ao cubo

Wh Watt-hora

Ah Ampere-hora

KW/Kg KiloWatt/Kilogramo

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293.1 História dos veículos híbridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293.2 Arquitetura do sistema e teorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313.2.1 Veículos híbridos elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323.2.2 Arquitetura dos trens de força de um veículo híbrido elétrico . . . . . . . . 323.3 Dinâmica do veículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363.3.1 Distribuição de Forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363.3.2 Dinâmica da linha propulsora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 413.4 Motor Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 443.5 Controlador do Motor Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 463.6 Baterias e Ultracapacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4 ABORDAGEM PRÁTICA DO PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . 494.1 Veículo a Ser Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 494.2 Parâmetros a Serem Testados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 514.3 Cronograma de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5 SISTEMA PROPOSTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 555.1 Diagrama de Blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 555.2 Funcionamento do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 565.3 CAD Preliminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

6 CONCLUSÕES PARCIAIS E TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . 59

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

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23

1 Introdução

O Brasil têm uma imensa frota de veículos automotores distribuídos em 21 cate-gorias que são: automóvel, bonde, caminhão, caminhão-trator, caminhonete, camioneta,chassi plataforma, ciclomotor, microônibus, motocicleta, motoneta, ônibus, quadriciclo,reboque, semi-reboque, side-car, outros, trator-esteira, trator-rodas, triciclo e utilitário.De acordo com os dados de Agosto de 2014 que foram retirados do (DENATRAN, 2014)atualmente a frota de veículos que circulam no Brasil é de quase 85 milhões, houve umcrescimento de aproximadamente 6,5% se comparada com os dados de Agosto de 2013.Estes veículos, utilizam principalmente como combustível os derivados de petróleo, e sãoresponsáveis por grande parte das emissões de poluentes como monóxido de carbono,óxido de nitrogênio, hidrocarbonetos, que são prejudiciais para a saúde e afetam dire-tamente as mudanças climáticas que estamos vivenciando. A temperatura média globalpoderá aumentar entre 0,6 a 2,5𝑜𝐶 nos próximos cinco anos e de 1,4 a 5,8𝑜𝐶 até o pró-ximo século. Visando reduzir essa transformação climática, com consequências drásticasao meio ambiente e ao homem, essas emissões de gases poluentes devem ser reduzidas(PEREIRA, 2007). Pensando nesses fatores, é imprescindível então desenvolver veículosmenos poluentes, mais eficientes e que possam utilizar fontes de energia renovável.

Os veículos elétricos e os veículos híbridos são algumas alternativas reais que temcada dia mais aceitação dos consumidores. O primeiro veículo elétrico foi construído pelofrancês Gustave Trouvé em 1881. Era um triciclo que utilizava um motor DC e era ali-mentado por baterias chumbo-ácido. O veículo e o passageiro juntos pesavam aproxima-damente 160Kg. Nos 20 anos seguintes o interesse neste tipo de veículo aumentou, e foia partir desta época que o veículos que utilizavam motor a combustão interna começa-ram a competir com os veículos elétricos. Desde então o aprimoramento dos veículos comMCI foi crescente o que resultou em motores com maior potência e maior autonomia secomparado com os veículos elétricos, fazendo com que os veículos elétricos começassem adesaparecer. Somente nos anos 70 a preucupação com o meio ambiente reiniciou as pes-quisas sobre os veículso elétricos, porém mesmo com os avanços tecnológicos feitos sobreas baterias e a eletrônica, a autonomia e desempenho ainda eram um empecilho (EHSANIet al., 2005).

Em 1996, foi lançado um veículo elétrico que poderia mudar o cenário e colocarnovamente os veículos elétricos nas ruas. A General Motors lançou o EV1, este veículopossuía um motor elétrico de aproximadamente 137CV, que era alimentado por bateriasde chumbo-ácido, possuía autonomia de 90 a 150Km dependendo do seu uso, com desem-penho de 0 a 100Km/h era próximo de 9 segundos, e a velocidade máxima era limitadaem 130Km/h, carregava somente o motorista e um passageiro, trazia de série trio elé-

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24 Capítulo 1. Introdução

trico, ar-condicionado, CD player, ABS, controle de tração, e air bags dianteiros, todosde funcionamento 100% elétrico. Possuía o sistema de frenagem regenerativa e não emitiapoluentes (EDELSTEIN, 2013). Em 2003 a General Motors retirou todos os carros queeram cedidos via leasing do mercado e a grande maioria destes veículos foram destruídos.Há controversias sobre a verdadeira causa desde acontecimento, segundo a montadoranão havia como garantir peças sobressalentes e assistência técnica, mas de acordo com odocumentário de (PAINE, 2006) há dúvidas se não foram feitas conspirações formada pormontadoras e cia petrolíferas contra o carro elétrico.

Figura 1 – O primeiro veículo elétrico produzido pela GM - EV1, retirado de (EDELS-TEIN, 2013)

O preço médio da gasolina em Brasília em 2003 era R$ 2,09 hoje após o aumentoanunciado pela Petrobrás no último dia 06/11/14 a gasolina passou a ter um valor médiode aproximadamente R$ 3,24. Isso representa que em 11 anos a gasolina teve um aumentode 64,5%. A preocupação com o meio ambiente, os altos valores do preço dos combustíveis,estão impulsionando o desenvolvimento de tecnologias favoráveis aos veículos híbridos eelétricos.

De modo a facilitar o entendimento deste trabalho, será apresentado uma brevedescrição dos capítulos seguintes.

O capítulo 2 tem o intuito de esclarecer quais são os objetivos deste trabalho. Ocapítulo 3 introduz uma breve revisão sobre a história dos veículos híbridos e a respeito dosprincipais conceitos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho, como a arquiteturados trens de força utilizados pelos VHE, onde será exposto os principais tipos utilizadose suas caracteristicas, sobre a dinâmica do veiculo fazendo referência a distribuição deforças em um veículo e a dinâmica da linha propulsora. O capítulo 4 vem com o escopo deexplicar quais parâmetros serão testados, quais as características do veículo que poderia

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ser implementado este sistema, quais elementos serão utilizados nesta implementação eexibe o cronograma de trabalho adotado para a realização deste projeto. O capítulo 5apresenta o diagrama de blocos que visa conceder ao leitor o melhor entendimento dosistema proposto, a descrição o funcionamento do sistema sugerido e conta ainda coma demonstração do CAD preliminar. Finalizando o capítulo 6 declara as conclusões e ostrabalhos futuros propostos.

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27

2 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o estudo teórico (prático seobtiver algum financiamento) da implementação de motores elétricos nos cubos das rodastraseiras de veículos de passeio, com a finalidade de auxiliar o consumidor brasileiro aajudar o meio ambiente reduzindo as emissões de gases poluentes, reduzir o consumode combutíveis derivados do petróleo e utilizar energia renovável. Para este estudo seráproposto aumentar o mínimo possível da massa do veículo pois quanto maior a massa maisgastos com energia será necessário, comparações entre o consumo do veículo somente como MCI e do veículo com o sistema híbrido e a comparação entre os custos relacionados amanutenção e aplicação do sistema proposto.

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3 Revisão Bibliográfica

3.1 História dos veículos híbridos

Surpreendentemente, o conceito do veículo híbrido elétrico é quase tão antigoquanto o próprio automóvel. O objetivo principal, no entanto não foi para baixar o con-sumo de combustível, mas sim para auxiliar o motor de combustão interna para fornecerum aceitável nível de desempenho. De fato no início, a engenharia do MCI foi menosavançada que a engenharia do motor elétrico (EHSANI et al., 2005).

Os primeiros protótipos de veículos híbridos relatados foram apresentados no Salãode Paris de 1899. Eles foram construídos pelos Estabelecimentos Pieper de Liège, da Bél-gica e pela companhia Vendovelli and Priestly Electric Carriage, da França. O protótipoda Pieper era um veículo de configuração híbrida paralela, com um pequeno motor a ga-solina refrigerado a ar e este era auxiliado por um ME que era alimentado por baterias dechumbo-ácido. Foi relatado que as baterias eram carregadas pelo MCI quando o veículoestava em ponto morto ou está parado. Quando a potência de acionamento necessáriaera maior do que a potência fornecida pelo MCI, o ME fornecia esta potência adicional.Além de ser um dos dois primeiros veículos híbridos, sendo o primeiro veículo híbridocom a configuração em paralela, o Pieper foi sem dúvidas o primeiro a ter o arranqueelétrico. O outro veículo híbrido introduzido no Salão de Paris de 1899 foi o primeiroveículo híbrido elétrico de configuração em série e foi derivado de um veículo elétrico purocomercialmente construído pela empresa francesa Vendovelli and Priestly. Este veículo eraum triciclo, com as duas rodas traseiras alimentadas por motores independentes. No casodo veículo francês, o projeto da híbridização foi usado para ampliar o alcance do veículoelétrico e não para fornecer potência adicional para um MCI mais fraco (WAKEFIELD,1998).

Em 1900 o professor, Ferdinand Porsche revelou seu Lohner Porsche, um veículoelétrico que possuia os MEs nos cubos das rodas dianteiras. Logo depois, o carro apre-sentava os MEs em todas as rodas e também freio nas 4 rodas , este foi primeiro veículono mundo a ter este sistema. Um dos destaques de seus primeiros anos como projetistaautomotivo foi o Lohner – Porsche Semper Vivus que entrou para a história como sendo oprimeiro veículo híbrido funcional feito a 114 anos atrás (JANISSE; ENGELMAN, 2011).

O francês Camille Jenatzy apresentou um veículo híbrido em paralelo no Salãode Paris de 1903. Este veículo tinha uma combinação de um MCI a gasolina de 6 HPcom um ME de 14 HP que poderia ou carregar as baterias do motor ou auxiliá-lo depois.Outro francês H.Krieger, construiu o segundo veículo híbrido elétrico em série que se têm

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30 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

Figura 2 – Semper Vivus o primeiro veículo híbrido elétrico funcional da história (JA-NISSE; ENGELMAN, 2011).

notícias em 1902. Seu projeto usou dois MEs CC independentes nas rodas dianteiras. Eleseram alimentados a partir de 44 células de chumbo-ácido, que eram recarregadas por ummotor de ignição por faísca a álcool de 4.5 HP acoplado a um gerador CC (EHSANI etal., 2005).

Os primeiros veículos híbridos foram construídos para auxiliar os fracos MCI, oupara melhorar a gama de veículos elétricos. Eles fizeram uso das tecnologias elétricasbásicas que estavam então disponíveis. Apesar da grande criatividade que presidiu nasua concepção, após a primeira guerra mundial os MCI melhoraram muito, e então osprimeiros veículos híbridos já não podiam mais competir com estes motores. Os MCIreceberam enormes melhorias em termos de densidade de potência, os motores se tornarammenores e mais eficientes, e não havia mais a necessidade de ajudá-los com os motoreselétricos. O custo adicional de ter um motor elétrico e os riscos associados com as bateriasácidas foram fatores-chave no desaparecimento de veículos híbridos do mercado após aprimeira guerra mundial. O maior problema que esses primeiros projetos tiveram que lidarfoi a dificuldade de controlar o ME. A eletrônica de potência não se tornou disponível atémeados dos anos 1960 e no início os motores elétricos eram controlados por interruptoresmecânicos e resistores. Eles tinham um raio de ação limitado que era incompatível comuma operação eficiente (EHSANI et al., 2005).

O projeto do veículo híbrido em série foi revivido pelo Dr. Ernest H. Wakefieldem 1967, quando trabalhava para Linear Alpha Inc.. O Dr. Victor Wouk é reconhecidocomo o moderno pesquisador do movimento do veículo híbrido elétrico. Em 1975, juntocom seus colegas, ele construiu uma versão híbrida de um Buick Skylark. O motor era ummotor rotativo da Mazda, acoplado a uma transmissão manual. Ele era auxiliado por umME DC de 15 HP, localizado na frente da transmissão. Oito baterias automotivas de 12V foram utilizadas para armazenamento de energia. Uma velocidade máxima de 80 MPH(129Km/h) foi obtida (WAKEFIELD, 1998).

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3.2. Arquitetura do sistema e teorias 31

Apesar das duas crises de petróleo em 1973 e em 1977, e das crescentes preocupa-ções ambientais, nenhum VHE chegou ao mercado. O foco dos pesquisadores foi atraídopelos VEs, dos quais muitos protótipos foram construídos na década de 1980. A faltade interesse nos VHEs, durante este período pode ser atribuída à falta de eletrônica depotência, de modernos motores elétricos e tecnologias de baterias. A década de 1980testemunhou uma redução no tamanho dos veículos convencionais movidos a MCI, a in-trodução de conversores catalíticos, e a generalização da injeção de combustível (EHSANIet al., 2005).

O conceito de veículo híbrido elétrico atraiu grande interesse durante a décadade 1990, quando ficou claro que os VE nunca iram atingir o objetivo de poupar energia.A Ford Motor Corporation iniciou o desafio Ford Hybrid Electric Vehicle, que reuniuesforços de universidades para o desenvolvimento de versões híbridas para a produção decarros (EHSANI et al., 2005). Os fabricantes de automóveis de todo o mundo construíramprotótipos que obtiveram enormes melhorias na economia de combustível comparadas aosseus respectivos sistemas movidas ao MCI. O esforço mais significativo no desenvolvimentoe comercialização dos VHEs foi feito pelos fabricantes japoneses. Em 1997, a Toyota lançouo Prius sedan no Japão. A Honda também lançou o Insight e o Civic híbrido. O ToyotaPrius e o Honda Insight tem um valor histórico, pois eles foram os primeiros VHEscomercializados na era moderna para responder ao problema do consumo de combustívelde veículos pessoais.

3.2 Arquitetura do sistema e teorias

O Comitê técnico 69 de veículos de estrada elétricos da Comissao EletrotécnicaInternacional propõe que um veículo rodoviário híbrido é aquele em que a energia depropulsão durante missões operacionais especificadas é disponível a partir de duas oumais espécies ou tipos de armazenamento de energia, fontes ou conversores, dos quaispelo menos um armazenador ou conversor deve estar a bordo (HUSAIN, 2005).

Basicamente, qualquer trem de força de um veículo é necessário para:

- desenvolver potência suficiente para atender as demandas de desempenho doveículo;

- carregar a energia suficiente a bordo para apoiar a condução do veículo no inter-valo dado;

- demostrar alta eficiência;

- emitir poucos poluentes ambientais;

Em termos gerais, o veículo pode ter mais do que uma fonte de energia e umconversor de energia. O veículo que possui duas ou mais fontes de energia e conversores

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32 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

de energia são chamados de veículos híbridos. Um veículo híbrido com um sistema depropulsão elétrico (fonte de energia e conversor de energia) é chamado de Veículo HíbridoElétrico (VHE). Geralmente são utilizados como conversores de energia nestes veículoso MCI e o ME. As fontes de energia para um sistema de MCI podem ser: a gasolina,o álcool ou o diesel, e as fontes de energia para um sistema de ME podem ser: célula acombustível de hidrogênio ou baterias (EHSANI et al., 2005).

3.2.1 Veículos híbridos elétricos

Os veículos convencionais com MCI fornecem um bom desempenho e uma longafaixa de operação utilizando as vantagens da alta densidade-energética dos combustíveisderivados do petróleo. Entretanto, os convencionais veículos com MCI tem uma série dedesvantagens entre elas está sua baixa economia de combustível e a alta poluição ambi-ental. Os veículos elétricos movidos a bateria, por outro lado possuem algumas vantagenssobre os veículos convencionais com MCI , tais como elevada eficiência energética e zerode poluição ambiental. Apesar disso, quanto ao desempenho, especialmente na faixa deoperação por carga das baterias, é muito menos competitivo que os veículos com MCI,devido ao índice de energia das baterias ser menor que o índice de energia da gasolina.(EHSANI et al., 2005). O VHE é um veículo no qual pelo menos uma das fontes de energiaou um dos conversores pode fornecer energia elétrica (HUSAIN, 2005). Visando então uniras vantagens dos dois sistemas de propulsão criou-se os VHE, que utilizam duas fontes deenergia – um fonte de energia primária (combustível) e uma fonte de energia secundária(eletricidade) – que vão alimentar os dois sistemas de propulsão.

3.2.2 Arquitetura dos trens de força de um veículo híbrido elétrico

A arquitetura de um VHE pode ser brevemente descrita como a ligação entre oscomponentes que definem os percursos de fluxo de energia e as portas de controle. AFigura 3 ilustra conceitualmente as possíveis formas de funcionamento do trem de forçade um VHE.

No caso, utiliza-se como trem de força 1 um sistema com MCI e como trem deforça 2 um sistema com ME. A seguir será apresentado uma breve descrição de cada modode operação do VHE (EHSANI et al., 2005).

- O trem de força 1 fornecerá sozinho potência para a carga. Pode ser utilizadoquando as baterias estão quase sem carga e o MCI não tem potência suficiente pararecarregar as baterias , ou quando as baterias foram totalmente carregadas e o MCI écapaz de fornecer potência suficiente para atender a demanda de potência do veículo.

- O trem de força 2 fornecerá sozinho potência para a carga. Este modo pode serutilizado em situações quando o MCI não pode operar de forma eficaz, tais como em

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3.2. Arquitetura do sistema e teorias 33

Figura 3 – Modelo conceitual do trem de força de um veículo híbrido, adaptado de (EH-SANI et al., 2005).

velocidades baixas, ou em áreas onde as emissões são estritamente proibidas.

- Ambos os trens de força 1 e 2 fornecerão potência para a carga. É utilizadoquando o veículo necessita de uma grande quantidade de potência, como durante umaforte aceleração ou subidas íngremes.

- O trem de força 2 obterá potência da própria carga através do freio regenerativo.Neste modo parte da energia cinética que seria convertida em calor durante a frenagemserá transformada em eletricidade pelos MEs que neste modo trabalham como geradores.A energia recuperada é armazenada nas baterias e reutilizada posteriormente.

- O trem de força 2 obterá potência do trem de força 1. O MCI carrera as bateriasenquanto o veículo está em repouso ou descendo uma ladeira, no qual nenhuma potênciaé requerida pela carga.

- O trem de força 2 obterá potência do trem de força 1 e da carga ao mesmo tempo.Modo no qual o freio regenerativo e o MCI recarregam as baterias simultaneamente.

- O trem de força 1 fornecera potência para a carga e para o trem de força 2 aomesmo tempo. Neste modo o MCI impulsiona o veículo e recarrega as baterias simulta-neamente.

Page 36: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

34 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

- O trem de força 1 fornecerá potência para o trem de força 2 e este fornecerápotência para a carga. Modo no qual o MCI fornece potência para as baterias, e asmesmas fornecem potência para a carga.

- O trem de força 1 fornecerá potência para a carga e a carga fornecerá potênciapara o trem de força 2. Neste modo a potência flui para as baterias a partir do MCIatravés carga. Uma típica configuração deste modelo são dois trens de força construídosseparadamente nos eixos dianteiro e traseiro do VHE.

A grande variedade nos modos de operação de um VHE criaram uma grande fle-xibilidade sobre um veículo de um único trem de força. Com uma configuração e controleadequados, aplicando um específico modo para cada condição de operação pode-se aper-feiçoar o desempenho global, a eficiência e as emissões de gases poluentes. Todavia, emum projeto prático decidir qual modo deve ser aplicado, deve-se levar em conta diversosfatores, tais como a configuração fisica do trem de força, as características da eficiênciado trem de força, etc. Operar cada trem de força em sua região de máxima eficiência éessencial para a eficiência global do veiculo (EHSANI et al., 2005).

No princípio, os VHEs eram classificados em dois tipos principais: em série e emparalelo. Atualmente eles são classificados em quatro tipos principais: série, paralelo, série-paralelo, complexo. Na Figura 4 o tanque de combustível do MCI e as baterias do MEsão mostradas como fontes primárias e secundárias de energia respectivamente (EHSANIet al., 2005).

Nos VHEs com a arquitetura em série, o motor de tração será sempre o ME.O que vale ressaltar é que a energia necessária para acionar este motor é o resultadoda combinação de duas ou mais fontes de energia independentes. Um reservatório decombustível (gasolina/álcool ou diesel) é utilizado para armazenar a energia química, eesta aciona o sistema de geração de energia elétrica, que é composto por um MCI queaciona o gerador elétrico. A energia elétrica produzida por este sistema de geração podeseguir dois caminhos distintos. Ela pode seguir diretamente para alimentar o controladordo ME que o aciona ou pode ir diretamente para as baterias a bordo, recarregando asmesmas (SáNCHEZ, 2012). O veículo pode ter um modo de funcionamento onde só o MCIfornece energia para o ME ou somente as baterias fornecem energia para o ME. Quandouma alta demanda de potência é necessária, utiliza-se as baterias e o MCI para fornecera potência requerida pelo ME. O MCI pode ainda enviar potência para o ME e carregaras baterias ao mesmo tempo.Vale ressaltar que os freios regenerativos também auxiliamno carregamento das baterias, a partir do momento que o freio é acionado o ME operacomo um gerador e envia a potência gerada para as baterias(EHSANI et al., 2005).

Nos VHEs com arquitetura em paralelo, os MCI e o ME atuam de forma conjuntaatravés de acoplamentos mecânicos, com a finalidade de tracionar o veículo. Tanto o motorelétrico como o MCI podem ser desconectados do acoplamento, o que dá a possibilidade

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3.2. Arquitetura do sistema e teorias 35

Figura 4 – Classificação dos VHE, adaptado de (EHSANI et al., 2005).

de tracionar o veículo usando apenas o ME ou o MCI. Nos VHEs em paralelo tambémé possível inverter o fluxo de potência fazendo com que o ME de tração passe a operarcomo gerador. Deste modo, o conjunto de baterias poderá ser recarregado a partir doMCI (SáNCHEZ, 2012). Os freios regenerativos também auxiliam no carregamento dasbaterias, a partir do momento que o freio é acionado o ME opera como um gerador e enviaa potência gerada para as baterias. A combinação mecânica do MCI e a potência do MEdeixam espaço para variadas configurações diferentes como é mostrado por (EHSANI etal., 2005) , mas que não serão detalhadas neste trabalho.

A configuração em paralelo que será aprofundada é a de quando os VHE emparalelo tem dois eixos propulsores. Em um eixo o MCI fornece a potência necessária e nooutro o ME fornece a potência necessária para impulsionar o veículo, como é apresentadona Figura 5. Os esforços de tração dos dois trens de força são adicionados através dochassis e da estrada. Este tipo de arquitetura oferece algumas vantagens sobre o veículoconvencional, ele mantém o MCI e a transmissão originais e inalterados, apenas adicionao sistema de tração com o ME no outro eixo. A partir do momento que é implantado oME no outro eixo o veículo passa a ter tração nas quatro rodas, o que melhora a tração

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36 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

em estradas escorregadias e reduz o esforço de tração em um único pneu (EHSANI etal., 2005). O sistema com um ME e transmissão pode ser substituído por dois MEs depequeno porte que podem ser implementados nos cubos das rodas, que é o tema destetrabalho.

Figura 5 – Configuração de um VHE em paralelo com dois eixos motrizes , adaptado de(EHSANI et al., 2005).

Nos VHEs com arquitetura em série-paralelo, o MCI é utilizado também pararecarregar as baterias. O veículo Prius da Toyota é um exemplo deste sistema. É adi-cionado um gerador na saída do MCI, e com isto permite-se que as baterias continuemsendo recarregadas em tempos de prolongada espera, como em um semáforo ou em umengarrafamento. Estes híbridos podem ser catalogados como híbridos em paralelo, já queconservam a estrutura em paralelo (SáNCHEZ, 2012).

Como é refletido em seu nome, os VHEs com arquitetura complexa são muitocomplexos e não podem se enquadrar em nenhuma das 3 classificações acima. Ela é similara configuração série-paralelo. A principal diferença entre eles é que o fluxo de energia doME na arquitetura complexa é bidirecional e no série-paralelo é unidirecional. Este fluxode potência bidirecional pode permitir modos de operação mais versáteis (??).

3.3 Dinâmica do veículo

3.3.1 Distribuição de Forças

É importante saber qual a carga média sobre as rodas de um veículo se deslocandono plano. (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) diz que essa modelagem quase estática podeser empregada como um modelo estrutural de carregamentos, ou então como um modelode desempenho. O primeiro passo é calcular a posição do CG, pois é nele que as forçasde inércia e peso são atuantes. De acordo com a Equação 3.1 temos que o equilíbrio de

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3.3. Dinâmica do veículo 37

forças na vertical é:

𝐺 = 𝑅0𝐼 + 𝑅0𝐼𝐼 (3.1)

Definindo que:

𝑥 = 𝑅0𝐼𝐼

𝐺(3.2)

Realizando o equilibrio de forças e aplicando manipulações matemáticas, encon-tramos as equações de 𝑎𝐼 (3.3) e 𝑎𝐼𝐼 (3.4) que são respectivamente a distância do CGao eixo dianteiro e do CG ao eixo traseiro. Na Figura 6 fica claro o entendimento dasvariáveis.

𝑎𝐼 = 𝑅0𝐼𝐼

𝐺· 𝑙 (3.3)

𝑎𝐼𝐼 = (1 − 𝑥) · 𝑙 (3.4)

Figura 6 – Posição longitudinal do CG, adaptado de (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008).

Para encontrar a altura do CG em relação ao solo, deve-se calcular as reações emcada eixo em um plano com uma inclinação 𝛼 em relação ao plano horizontal, como éapresentado na Figura 7.

Resolvendo a equação de equilibrio de momentos após algumas manipulações ma-temáticas temos que:

𝑅′

𝐼 · 𝑙 = 𝐺 · [𝑎𝐼𝐼 − ℎ · tan 𝛼] (3.5)

Page 40: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

38 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

Figura 7 – Posição vertical do CG, adaptado de (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008).

Utilizando a definição de 3.2, podemos escrever a posição do CG como sendo:

ℎ = 𝑙

𝐺· cot 𝛼 · [𝑅0𝐼 − 𝑅

𝐼 ] (3.6)

É resaltado por (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) em seu livro que esta formu-lação somente é valida para veículos de pneus de mesmo tamanho, porém para veículoscom rodas de tamanhos diferentes, o problema pode ser contornado se o centro destas nãoforem usados como referência para traçar a reta AS.

Quando um veículo é estacionado em aclive, a reação normal dos pneus sobre o solovaria. Porque a força normal ao solo é na realidade uma componente de peso do veículo.De acordo com a Figura 8, podemos observar um veículo estacionado em um aclive 𝛼 (paraficar claro o entendimento a linha paralela a base da folha é a da pista inclinada, e ascomponentes 𝐺·𝑐𝑜𝑠(𝛼) e 𝐺·𝑠𝑖𝑛(𝛼) são as componentes da força G decompostas em y e x) ea partir das condições de equilibrio no plano, foi desenvolvido um modelo matemático quepossibilita o cálculo da força normal ao solo, em função do aclive (NICOLAZZI; LEAL;ROSA, 2008).

Após algumas manipulações matemáticas a partir do equilibrio de momentos emtorno do eixo traseiro e dianteiro se tem, respectivamente que:

𝑅𝐼 = 𝑅0𝐼 · cos 𝛼 − 𝐺 · ℎ

𝑙· sin 𝛼 (3.7)

𝑅𝐼𝐼 = 𝑅0𝐼𝐼 · cos 𝛼 + 𝐺 · ℎ

𝑙· sin 𝛼 (3.8)

Page 41: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

3.3. Dinâmica do veículo 39

Figura 8 – Cargas nos eixos de um veículo em uma rampa, adaptado de (NICOLAZZI;LEAL; ROSA, 2008).

A partir do momento que o veículo começa a se deslocar, surgem novas forçasatuantes, além do peso, que agem no ponto de contato pneu-pista, no CG, e no centrode pressão, ocasionando uma alteração sensível na componente da força normal do solo(NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008). Para melhor entendimento, a Figura 9 apresentaestas forças.

Figura 9 – Cargas em um veículo em movimento, adaptado de (NICOLAZZI; LEAL;ROSA, 2008).

Fazendo o equilíbrio de forças na direção do movimento do veículo teremos comoproposto por (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) que:

𝐹𝑚 = 𝑄𝑠 + 𝑄𝑟 + 𝑄𝑖 + 𝑄𝑎 (3.9)

Sabendo que 𝐹𝑚 é a força motriz e 𝑄𝑟 é a resitência ao rolamento que são respec-

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40 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

tivamente apresentadas como:

𝐹𝑚 = 𝐹𝑚𝐼 + 𝐹𝑚𝐼𝐼 (3.10)

𝑄𝑟 = 𝑄𝑟𝐼 + 𝑄𝑟𝐼𝐼 (3.11)

Sabe-se que as resistências ao movimento modificam as cargas nos eixos de umveículo. Assim, como é citado por (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) para quantificar avariação da carga normal ao solo a aplicação das condições de equilibrio no plano devemser feitas e após algumas manipulações matemáticas chega-se ao resultado das reações noeixo dianteiro e traseiro de um veículo em movimento respectivamente:

𝑅𝐼𝑑 = (1 − 𝑥) · 𝐺 · cos 𝛼 − (𝐹𝑚 − 𝑄𝑟)ℎ

𝑙(3.12)

𝑅𝐼𝐼𝑑 = 𝑥 · 𝐺 · cos 𝛼 + (𝐹𝑚 − 𝑄𝑟)ℎ

𝑙(3.13)

Sabe-se que a Equação 3.10 representa a força motriz como o somatório das forçasmotrizes dos dois eixos. Mas sabe-se também que o veículo pode ter uma tração dianteira,traseira ou integral. O VHE proposto poderá assumir estas 3 configurações (quando so-mente o MCI está ativado o veículo tem uma tração dianteira, quando somente o ME estáativado o veículo terá uma tração traseira e quando os dois motores funcionam simultane-amente o veículo assume uma configuração de veículo com tração integral). É proposto nolivro de (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) que cada uma destas configurações apresenteuma formulação diferente para o cálculo de 𝐹 𝑚á𝑥

𝑚 . As propostas para veículos com traçãodianteira, traseira e integral são respectivamente apresentadas a seguir.

𝐹 𝑚á𝑥𝑚𝐼 = 𝜇 · 𝐺 · cos 𝛼 · [

(1 − 𝑥) + 𝑓 · (ℎ𝑙)

1 + 𝜇(ℎ𝑙)

] (3.14)

𝐹 𝑚á𝑥𝑚𝐼𝐼 = 𝜇 · 𝐺 · cos 𝛼 · [

𝑥 − 𝑓 · (ℎ𝑙)

1 − 𝜇 · (ℎ𝑙)] (3.15)

𝐹 𝑚á𝑥𝑚 = 𝜇 · 𝐺 · cos 𝛼 (3.16)

Para determinar os aclives máximos, (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) nos ori-enta a considerar a velocidade do veículo como sendo baixa e constante. E como na força

Page 43: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

3.3. Dinâmica do veículo 41

motriz, como temos 3 configurações de sistemas de tração, os máximos aclives para traçãodianteira, traseira e integral são respectivamente apresentados.

tan 𝛼 |𝐼𝑚á𝑥= 𝜇 · [(1 − 𝑥) + 𝑓 · (ℎ

𝑙)

1 + 𝜇 · (ℎ𝑙)

] − 𝑓 (3.17)

tan 𝛼 |𝐼𝐼𝑚á𝑥= 𝜇 · [

𝑥 − 𝑓 · (ℎ𝑙)

1 − 𝜇 · (ℎ𝑙)] − 𝑓 (3.18)

tan 𝛼 |𝑚𝑚á𝑥= 𝜇 − 𝑓 (3.19)

É fato que as acelerações máximas ocorrem somente com velocidades baixas. Comoocorre com as forças motrizes máximas e com os aclives máximos, há uma aceleração má-xima para cada tipo de configuração de tração. Após aplicar uma manipulação matemá-tica (NICOLAZZI; LEAL; ROSA, 2008) chega aos seguintes resultados para aceleraçõesmáximas em veículos de tração dianteira, traseira e integral respectivamente:

𝑎𝐼𝑚á𝑥 = 𝑔

(1 + 𝛿) · [𝜇 · (1 − 𝑥) − 𝑓

(1 + 𝜇 · (ℎ𝑙))

· cos 𝛼 − sin 𝛼] (3.20)

𝑎𝐼𝐼𝑚á𝑥 = 𝑔

(1 + 𝛿) · [ 𝜇 · 𝑥 − 𝑓

(1 − 𝜇 · (ℎ𝑙))

· cos 𝛼 − sin 𝛼] (3.21)

𝑎𝑚𝑚á𝑥 = 𝑔

(1 + 𝛿) · [(𝜇 − 𝑓) · cos 𝛼 − sin 𝛼] (3.22)

A partir das equações apresentadas anteriormente, pode-se calcular os esforçosque o veículo está sendo submetido quando está parado, quando está em movimento e osaclives máximos que este é capaz de superar.

3.3.2 Dinâmica da linha propulsora

A aceleração máxima alcançável de um veículo é limitada principalmente por doisfatores: o máximo torque nas rodas motrizes e pela máxima força de tração nos pneus.A máxima potência possível (𝑃𝑒) em um MCI é baseado em uma função da variação davelocidade angular do motor (𝜔𝑒). Esta função pode ser determinada experimentalmente,entretanto com o auxilio de (JAZAR, 2009) pode-se terminar esta função que é chamadade Função de desempenho de potência a partir de um polinômio de terceiro grau que éapresentado na Equação 3.23.

𝑃𝑒 = 𝑃1 · 𝜔𝑒 + 𝑃2 · 𝜔2𝑒 + 𝑃3 · 𝜔3

𝑒 (3.23)

Page 44: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

42 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

Para um MCI, os coeficientes 𝑃1,𝑃2 e 𝑃3 podem ser calculadas se utilizarmos 𝜔𝑚

para indicar a velocidade angular, que é quando o motor atinge a sua máxima potência(𝑃𝑚). Então de acordo com as manipulações matemáticas de (JAZAR, 2009) teremos que:

𝑃1 = 𝑃𝑀

𝜔𝑀

(3.24)

𝑃2 = 𝑃𝑀

𝜔2𝑀

(3.25)

𝑃3 = −𝑃𝑀

𝜔3𝑀

(3.26)

A Figura 10 exibe os componentes que então presentes no trem de força de umveículo com MCI.

Figura 10 – Componentes do trem de força de um veículo com tração traseira, adaptadode (JAZAR, 2009).

A Figura 11 apresenta como é feita a transferência de torque em cada componentedo trem de força até chegar a roda.

O torque de condução do motor (𝑇𝑒) é calculado de a partir da máxima potênciapossível (𝑃𝑒) como foi apresentado por (JAZAR, 2009), temos então que:

𝑇𝑒 = 𝑃𝑒

𝜔𝑒

(3.27)

Substituindo a Equação 3.23 na Equação 3.27, teremos então que:

𝑇𝑒 = 𝑃1 + 𝑃2 · 𝜔𝑒 + 𝑃3 · 𝜔2𝑒 (3.28)

Page 45: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

3.3. Dinâmica do veículo 43

Figura 11 – Entrada e saída de torque e velocidade angular de cada componente do tremde força de um sistema de MCI, adaptado de (JAZAR, 2009).

É muito importante saber qual o torque mínimo necessário para tirar o veículo dainercia. Este trabalho tem como idéia principal colocar os MEs nos cubos das rodas trasei-ras, e estes serão utilizados para iniciar o movimento do veículo. Então para este cálculo(JAZAR, 2009) demostra em seu livro como encontrar a formulação do torque na roda(𝑇𝑤) variando em função de cada relação de marcha . Depois de algumas manipulaçõesmatemáticas o resultado é apresentado na Equação 3.29.

𝑇𝑤 = 𝜂 · 𝑃1 · 𝑛𝑑 · 𝑛𝑖 + 𝜂 · 𝑃2

𝑅𝑤

· 𝑛2𝑑 · 𝑛2

𝑖 · 𝑣𝑥 + 𝜂 · 𝑃3

𝑅2𝑤

· 𝑛3𝑑 · 𝑛3

𝑖 · 𝑣2𝑥 (3.29)

O esquemático para mostrar como é aplicado o torque na roda, é apresentado naFigura 12.

Figura 12 – Pneu com raio 𝑅𝑤 rolando no chão e se movendo com velocidade 𝑉𝑥 e velo-cidade angular 𝜔𝑤 , adaptado de (JAZAR, 2009).

Em conformidade com as equações apresentadas neste tópico, pode-se plotar ascurvas de torque e potência do MCI e as curvas de torque na roda em função de cadamarcha. Estas curvas que nos auxiliam a entender qual o comportamento da potência edo torque com o aumento da rotação nos MCI serão apresentadas mais adiante.

Page 46: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

44 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

3.4 Motor ElétricoO sistema de propulsão elétrico é constituído pelo ME, pela bateria e pelo con-

trolador do ME. O ME tem a função de converter energia elétrica em energia mecânicapara propulsionar o veículo e quando o ME está na função de gerador ele recupera parteda energia da frenagem carregando as baterias (EHSANI et al., 2005). Os motores preci-sam ter condições mínimas para serem utilizados em tração elétrica e essa escolha não étão simples assim, ela estará associada à finalidade do VHE, ao sistema de energia e àscaracterísticas veiculares. A Figura 13 apresenta as interfaces de potência para a escolhade um motor para o VHE.

Figura 13 – Interfaces de potência para escolha de um motor para VHE, adaptado de(BOTTURA; BARRETO, 1989)

De acordo com (BOTTURA; BARRETO, 1989), além das condições apresentadasna Figura 13, o ME deverá satisfazer algumas condições práticas como: capacidade depotência constante na faixa de 25-100% da velocidade máxima, alta capacidade de torquena faixa de 0-25% da velocidade máxima, capacidade de frenagem regenerativa, rápidoe suave controle de aceleração e frenagem para toda faixa de velocidade, alta eficiênciaenergética no ciclo de percurso definido, alta razão de potência de saída para massa totaldo sistema, ser robusto, confiável e de baixo custo, além do que não deve-se esquecer quea escolha do motor deve estar associada ao tipo de controle disponível.

A partir das condições apresentadas acima, os principais MEs utilizados em umprojeto de VHE são:

- Motor de indução (CA): eles são largamente utilizados como propulsores elétricosem VHEs devido a sua construção simples, confiabilidade, robustez, baixa manutenção,baixo custo e capacidade para operar em ambientes hostis. (ZERAOULIA; BENBOUZID;

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3.4. Motor Elétrico 45

DIALLO, 2006). A ausência de atrito da escova permite que esses motores aumentem olimite de velocidade máxima e com esse limite maior de velocidade estes motores de-senvolvem maiores rendimentos. As variações da velocidade de motores de indução sãoalcançados alterando a frequência da tensão. O controle de orientação de campo do motorde indução pode separar o controle de torque do controle de campo. Isto permite queo motor se comporte da mesma maneira que um motor CC excitado separadamente, noentanto, ele não sofre das mesmas limitações de velocidade do motor de CC. Os controla-dores dos motores de indução tem um maior custo se comparado com os motores de CC(XUE; CHENG; CHEUNG, 2008).

- Motor de relutância comutada (CA): a estrutura de rotor é extremamente simples,sem qualquer enrolamento, imã, comutadores ou escovas. A tolerância a falhas do motortambém é muito boa. Devido à sua construção simples e de baixa inércia de rotor, eletem uma aceleração muito rápida e uma capacidade de operação de alta velocidade comuma região de potência constante. O motor tem um torque de partida elevado e umaalta relação de torque-inércia. As desvantagens dos motores de relutância comutada sãoque eles têm sofrem de ondulação no torque e ruído acústico. No entanto, estes não sãoproblemas potenciais que proíbem a sua utilização em VEs e VHEs (XUE; CHENG;CHEUNG, 2008).

- Motor de imã permanente sem escovas (CC): estes são especificamente conhecidospor sua elevada eficiência e densidade de potência. Usando um imã permanente o motorpode eliminar a necessidade de energia para produção de polos magnéticos. Assim eles sãocapazes de alcançar uma maior eficiência do que os motores CC com escovas, os motoresde indução e os motores de relutância comutada. Além disso, o calor é dissipado de formaeficaz para o meio (XUE; CHENG; CHEUNG, 2008). Estes motores por natureza têmuma região de potência constante menor se comparado com os outros MEs devido a suacapacidade de enfraquecimento de campo que é bastante limitada, resultante da presençado campo do imã permanente (ZERAOULIA; BENBOUZID; DIALLO, 2006).

- Motor CC com escovas (CC): estes motores são utilizados em sistema com pro-pulsão elétrica, pois suas características de torque-velocidade atendem bem as exigênciasde tração do veículo e seu controle de velocidade é relativamente simples. Entretanto, osacionadores do motor de CC têm uma construção volumosa, baixa eficiência, baixa confi-abilidade e maior necessidade de manutenção principalmente devido a presença da escova(ZERAOULIA; BENBOUZID; DIALLO, 2006). Eles também são conhecidos pela capaci-dade de obter um alto torque em baixas velocidades. A velocidade deste motor é ajustadaatravés da variação de tensão. Os motores de CC com escovas podem ter dois, quatro ouseis pólos dependendo a potência de saída e da voltagem e podem ter enrolamento decampo em série ou em derivação. Uma das dificuldades encontradas na utilização destesmotores é o tamanho dos mesmo, isso faz com que eles sejam mais pesados, além disso,

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46 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

o atrito entre as escovas e o comutador restringe a velocidade máxima do motor (XUE;CHENG; CHEUNG, 2008).

Figura 14 – Comportamento da potência e torque pela velociade de um ME, adaptado de(ZERAOULIA; BENBOUZID; DIALLO, 2006)

A aplicação dos motores elétricos nos cubos das rodas pode trazer algumas vanta-gens se comparadas as outras configurações de sistemas híbridos, como por exemplo, nãohá nenhuma modificação no eixo motriz em que o MCI é ligado. A implementação destesistema faz com que não seja necessário alterações bruscas na configuração do veículo.

3.5 Controlador do Motor Elétrico

A função de um conversor de potência elétrica é converter a energia elétrica com umcerto valor de tensão, corrente ou frequência para um diferente valor de tensão, correnteou frequência. Os exemplos típicos de circuitos eletrônicos de potência elétrica tipicamenteutilizados nos VHEs são: os recortadores (CC-CC), os inversores (CC-CA), os retificadores(CA-CC) e os cicloconversores(CA-CA) (BOTTURA; BARRETO, 1989).

De acordo com (CHAN, 2007) as questões que precisam ser abordadas no projetode circuitos eletrônicos de potência de um VHE são:

- Projeto elétrico: inclui o projeto de circuito de comutação, projeto do circuitocontrolador, dispositivo de seleção de comutação, otimização da conversão de frequênciae o cálculo de perdas;

Page 49: Análise da viabilidade de adaptação de motores elétricos

3.6. Baterias e Ultracapacitores 47

- Projeto do algoritmo de controle: inclui o projeto do algoritmo de controle paraalcançar a tensão, corrente e frequência desejada na saída, e para realizar o fluxo depotência bidirecional;

- Projeto magnético: inclui o projeto de indutores, capacitores, e outros compo-nentes magnéticos necessários para a filtragem, comutação e unidades de acionamento;

- Projeto térmico e mecânico: inclui a modelagem de dispositivos de perda depotência e componentes magnéticos, projeto de sistema de arrefecimento, dissipador decalor e integração da unidade de eletrônica de potência.

Atualmente, o algoritmo de controle híbrido é projetado principalmente através desimulações e experiência. No entanto, como o controle é uma peça principal nos VHEs,é essencial que sejam feitas mais pesquisas voltadas para a teoria de controle híbrido.Existem basicamente dois tipos de controle nos VHEs, o primeiro é o controle de geren-ciamento de energia com o objetivo de aperfeiçoar a eficiência energética e de emissões, osegundo é o controle de dirigibilidade, que tem como objetivo aperfeiçoar o desempenhodo carro, conforto, segurança e desempenho. Do ponto de vista da tecnologia de controle,um sistema híbrido é um evento discreto e de dinâmica contínua. Nestas circunstâncias,qual é a especificação de desempenho, como determinar a lei de controle, como determinaro comando de torque, como distribuir o comando de torque do ME e do MCI, qual é apolítica adequada na decisão estratégica de controle, e qual é a relação entre o controlee o desempenho, são questões que devem ser abordadas. É importante assegurar que oMCI, os MEs e as baterias funcionem dentro de suas regiões de operação ideal (CHAN,2007).

3.6 Baterias e Ultracapacitores

As baterias são dispositivos de armazenamento de energia que consistem em umaou mais células eletroquímcias que convertem a energia química armazenada em ener-gia elétrica. Existem váriadas características que devem ser levadas em conta na escolhada bateria mais adequada para um VE ou VHE. A característica mais importântes dasbaterias é sua capacidade, que é medida em Ah. Além disso, a energia armazenada nasbaterias, que é medida em Wh, deve ser cuidadosamente calculada. Sabe-se que a capa-cidade é proporcional à corrente máxima de descarga. Esta corrente máxima é afetadapelas próprias reações químicas da bateria e do calor gerado (TIE; TAN, 2013). Hoje emdia, cinco grupos de bateria que são adequadas para aplicação em transporte rodoviárioestão disponíveis no mercado, elas são apresentadas na Figura 15.

Os ultracapacitores ou supercapacitores tem uma estrutura semelhante a um ca-pacitor normal, mas a diferença é que os eles tem uma alta capacitância (alta capacidadede energia com uma fator de 20 vezes). Uma das características do ultracapacitor é a ope-

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48 Capítulo 3. Revisão Bibliográfica

Figura 15 – Principais baterias utilizadas nos Ves e VHEs, adaptado de (TIE; TAN, 2013)

ração livre de manutenção, uma maior vida útil por ciclo de operação, e são insensíveis atemperatura ambiente. Atualmente existem 3 tipos de ultracapacitores utilizados nos VEse nos VHEs, os capacitores de dupla camada elétrica, pseudocapacitores e capacitores hí-bridos. A diferença entre eles está nos seus mecanismos de armazenamento de energia e osmateriais utilizados em seus eletrodos. A densidade de potência específica para estes trêstipos de ultracapacitores é de aproximadamente 1000-2000 KW/Kg com 95% de pulsoeficiente, mas nesse aspecto o capacitor de dupla camada elétrica leva vantagem sobre osoutros dois, quanto à densidade de energia específica ele leva a pior, sendo a mais baixados três. O tempo de vida de um ultracapacitor pode chegar a 40 anos (TIE; TAN, 2013).

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49

4 Abordagem Prática do Problema

4.1 Veículo a Ser UtilizadoO veículo utilizado para fins de estudo e adaptação do sistema é um Palio EX 1.0

MPI de 5 portas. Possui um motor dianteiro, transversal de 1.0 litros com 4 cilindros emlinha e 8 válvulas, a álcool. Possui injeção eletrônica multiponto, o câmbio é manual de5 marchas e a tração é dianteira. A Tabela 1 apresenta as principais características desteveículo que serão importantes para o desenvolver do trabalho.

Tabela 1 – Tabela de dados do veículo utilizado, retirado de (S.A., 1996-1999).

Características do veículoPotência máxima do motor [CV ] 61Variação da rotação do motor [RPM ] 850 - 6000Torque máximo [N·m] 79.431 Marcha 4.0912 Marcha 2.2383 Marcha 1.5204 Marcha 1.1565 Marcha 0.971Redução do diferencial 4.357Bitola dianteira [mm] 1418Bitola traseira [mm] 1378Entre- Eixos [mm] 2360Altura do veículo [mm] 1445Comprimento do veículo [mm] 3735Largura do veículo [mm] 1614Área frontal [mm2] 2332230Massa do veículo [Kg] 915Largura nominal da seção do pneu [mm] 175Série ou perfil do pneu[%] 70Diâmetro da Roda [pol] 13Coeficiente de atrito de rolamento 0.015

Os gráficos a seguir foram calculados a partir do dados fornecidos pela Tabela 1e das Equações 3.23 3.28 e 3.29 apresentadas . As Figuras 16 e 17 mostram o torque ea potência do motor respectivamente, e a Figura 18 apresenta as curvas de desempenhode cada marcha. Estes gráficos são importantes para nos dizer qual o comportamento dotorque e da potência quando aumentamos a rotação do motor.

Conforme a Figura 16 nota-se que o torque entregue pelo motor tem uma variaçãoà medida que aumenta a rotação.

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50 Capítulo 4. Abordagem Prática do Problema

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 700065

70

75

80

85

90T

orq

ue[N

.m]

Rotação[RPM]

Curvas Características do Motor - Torque/Rotação

Figura 16 – Torque x Rotação

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 70000

10

20

30

40

50

60

70

Potê

nci

a[C

V]

Rotação[RPM]

Curvas Características do Motor - Potência/Rotação

Figura 17 – Potência x Rotação

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4.2. Parâmetros a Serem Testados 51

De acordo com a Figura 17 pode-se constatar que a potência do motor aumentacom o aumento das rotações do mesmo. Perto dos 6.000RPM o motor chega a sua máximapotência e após este momento começa a decair.

0 20 40 60 80 100 120 140 16050

100

150

200

250

300

350

400

Velocidade [Km/h]

Torq

ue n

a R

oda [N

.m]

Curvas características do torque na roda em cada marcha

1ª2ª3ª4ª5ª

Figura 18 – Torque x Velocidade

Como podemos analisar na Figura 18, a 1𝑎 marcha é a que solicita maior torque,pois é ela que vai tirar o veículo da inércia. Então de acordo com a proposta inicial desteprojeto os ME deverão ser capazes de fornecer este mesmo torque fazendo com que oveículo inicie o movimento.

4.2 Parâmetros a Serem TestadosOs parâmetros que serão testados no TCC 2 são apresentados a seguir, eles têm a

função de comparar os dados do veículo convencional com os dados do veículo híbrido e apartir destes parametros será possivel afirmar se a proposta apresentada é ou não viável.

- Custos de aplicação e manutenção: o trabalho tem o ideal de propor um sis-tema que seja viável de aplicação e que tenha um custo baixo para sua implementação emanutenção;

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52 Capítulo 4. Abordagem Prática do Problema

- Relação de consumo: no final do projeto serão feitas as devidas comparações entreo consumo dos dois modelos, o veículo convencional e o veículo híbrido, para apresentarse esta proposta é ou não lucrativa para o condutor que implementar o sistema.

- Questões ambientais: se o modelo responder positivamente as análises sugeridas,então ele estará ajudando a diminuir a emissão de gases poluentes;

4.3 Cronograma de TrabalhoO cronograma de trabalho que pretendo realizar até o final do TCC 2 é apresentado

na Figura 19.

De acordo com este cronograma, está em fase de andamento os processos de ob-tenção de referências bibliográficas, sistema proposto que pode ser aprimorado a cadareferência útil encontrada e das análises e comparações que já se tem pronta as curvasde potência, torque e consumo do MCI, o próximo passo destas análises será feito nomomento em que os componentes do sistem de propulsão elétrico estiverem decididos. Jáestá concluído o CAD preliminar, no CAD final será apresentado o modelo virtual comos componentes propostos.

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4.3. Cronograma de Trabalho 53

Figura 19 – Cronograma de Trabalho

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55

5 Sistema Proposto

5.1 Diagrama de Blocos

Após verificar como era constituído a configuração dos veículos híbridos, o dia-grama de blocos abaixo foi criado. Utilizou-se da configuração de um VHE em paralelo.Como podemos observar na Figura 20 o eixo dianteiro é propulsionado pelo MCI, e nesteeixo não há nenhuma modificação. Já no eixo traseiro ocorre algumas modificações comoa implementação de um ME em cada cubo de roda traseiro. A partir do momento que éfeita esta implementação o veículo de passeio passa a ter uma tração 4x4.

Figura 20 – Diagrama de blocos.

O QFD é um requerimento de projeto bastante utilizado para identificar e priorizaros padrões dos requerimentos qualitativos e quantitativos de um projeto. Estas solicitaçõesapresentam características que influenciam no funcionamento do produto. Sendo assim, épossível determinar e priorizar os métodos utilizados para atingir cada meta do produtoe ele facilita a visualização de interação e conflito entre os mesmos.

Na Figura 21 será apresentado o QFD do sistema de propulsão elétrico propostoneste trabalho. Nele é exposto quais serão inicialmente os componentes que este sistematerá e quais seus requerimentos. São pontuados com valores entre 1 a 5 (1 como baixaimportância e 5 como alta importância) os requerimentos e os recursos de acordo comsua importância. No final uma pontuação para cada recurso é calculada, e de acordo comos requerimentos do projeto as baterias, seguido de perto pelos motores elétricos têmprioridades. Observa-se também a interação direta entre cada componente.

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56 Capítulo 5. Sistema Proposto

Figura 21 – Diagrama QFD.

5.2 Funcionamento do Sistema

O modelo utilizará a configuração em paralelo, que permite tanto o MCI quantoos ME forneçam potência em paralelo para acionar as rodas. O MCI estaria ligado aoeixo dianteiro, e os ME estariam ligados ao eixo traseiro (o ME estaria adaptado dentrode cada roda no lugar do cubo da roda). A potência pode ser fornecida tanto pelo MCIquanto pelos ME, ou por ambos ao mesmo tempo.

Fica intrínseco que o ME é um assistente para o MCI baixar as emissões de gasespoluentes e o consumo de combustível. O ME pode ser usado como gerador de energiapara carregar as baterias através dos freios regenerativos.

Esta configuração foi escolhida devido a sua simplificação na montagem comparadacom outros tipos de adaptações que modificam o sistema propulsor de fábrica do veículo.Neste modelo os MEs são implementados ao eixo traseiro, sem muitas modificações noveículo de passeio. Uma das melhorias comparado ao VHE em série é que não precisaremosmodificar nada relacionado a propulsão do MCI. Melhor que o HEV em série, o HEVem paralelo precisa somente de dois dispositivos de propulsão – o MCI e o ME. Outravantagem sobre o sistema em série é que é que menores MCI e o ME podem ser utilizadospara obter os mesmos desempenhos até que as baterias se esgotem.

Os possíveis modos de operação do sistema em paralelo proposto neste veículo são:

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5.3. CAD Preliminar 57

- ME funciona sozinho: MCI é desligado, o veículo é alimentado somente pelo ME(a ideia é de que ao sair da inércia o veículo utilize o motor elétrico ao invés da primeiramarcha do MCI);

- MCI funciona sozinho: o veículo é alimentado somente pelo MCI (quando omotorista engatar a segunda marcha o ME se desligará e o MCI irá funcionar normalmente,com isso se economizará o combustível na hora do arranque do veículo);

- Modo de freio regenerativo;

Uma preucupação que surgiu sobre a adaptação dos motores no cubos das rodasfoi a questão do aumento de massa não suspensa do veículo, quais efeitos esse acrescimode massa poderia causar na segurança e conforto do veículo.

Não há investigações reais a respeito do aumento da massa não suspensa. O que seencontra são recomendações de que essa massa não suspensa não deve ultrapassar 20% damassa suspensa. Os veículos atuais respeitam essa relação, mas não há nenhuma evidênciareal que apóie esta relação (RILEY, 1999-2005).

Um estudo inicial feito por (SCHALKWYK; KAMPER, 2006) utilizando um sis-tema de 2 graus de liberdade (2DOF) expõe que a vibrações experimentadas pela massasuspensa, e por conseguinte os ocupantes do veículo, não diminui o conforto com a adi-ção do motor no cubo da roda. As frequências naturais calculadas, mostram que com aimplementação dos motores no cubos das rodas, estão em uma faixa de limite aceitávelde conforto e segurança dos ocupantes.

5.3 CAD PreliminarO CAD tem como intuito mostrar ao leitor na forma digital como o projeto pode

vir a ser fisicamente. Utilizando o software CATIA foi modelado de forma simplificadaeste CAD, que é apresentado na Figura 22. Observa-se que nele temos apenas a adaptaçãodo ME dentro da roda e a modificação que será feita nos freios, substituindo o freio atambor de fábrica por um freio a disco, para melhor aproveitamento do espaço. O CADfinalizado com todo o conjunto implementado será apresentado no final do TCC 2.

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58 Capítulo 5. Sistema Proposto

Figura 22 – Modelo preliminar da adaptação feita na roda com o ME.

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59

6 Conclusões Parciais e Trabalhos Futuros

Os veiculos elétricos e os veículos híbridos elétricos começaram a ter uma visibi-lidade muito grande nos últimos 10 anos, principalmente por conta das altas taxas deemissões de poluentes que os veiculos a motores de combustão interna liberam. Estes veí-culos voltaram para ocupar o patamar de veículos com baixas ou nulas emissões de gasespoluentes e baixo consumo de combutíveis fósseis. Tecnologias estão sendo apresentadasa cada dia que passa para viabilizar estes projetos. Sabe-se que os motores elétricos sãomuito mais eficientes que os motores a combustão interna, o controle destes motores estáficando cada vez mais eficiêntes com o avanço da tecnlogia, mas infelizmente as bateriasainda são a maior dificuldade para estes veiculos. Infelizmente o custo de fabricação dosveiculos híbridos elétricos e dos veículos elétricos ainda é um pouco alto se comparadocom os veículos com motor a combustão interna.

Por meio deste trabalho apresentei uma proposta de uma provável solução queviabilizasse a conversão de um veículo convencional em um veículo híbrido elétrico. Aofinal do TCC 2 serei capaz de dizer se esta sugestão é viável para implementação com ocusto reduzido, se o seu consumo será muito menor se comparado ao veículo convencionale se o custo de manutenção é acessível.

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